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Manual para

Gestão de
Resíduos em
Construções
Escolares

A escola em primeiro lugar


GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Governador
Alberto Goldman

Secretário da Educação
Paulo Renato Souza

Secretário-Adjunto
Fernando Padula

FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FDE

Presidente
Fábio Bonini Simões de Lima

Diretor Administrativo e Financeiro


Ary Pissinatto

Diretora de Projetos Especiais


Claudia Rosenberg Aratangy

Diretor de Tecnologia da Informação


João Thiago de Oliveira Poço

Diretor de Obras e Serviços


Pedro Huet de Oliveira Castro

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo


Praça da República, 53 – Centro
01045-903 – São Paulo – SP
Telefone: 11 3218-2000
www.educacao.sp.gov.br

Fundação para o Desenvolvimento da Educação


Avenida São Luís, 99 – República
01046-001 – São Paulo – SP
Telefone: 11 3158-4000
www.fde.sp.gov.br
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria da Educação
Fundação para o Desenvolvimento da Educação

Manual para
Gestão de
Resíduos em
Construções
Escolares

São Paulo, 2010


Índice

5 Introdução

7 Resíduos da Construção Civil


– definição e classificação
9 Gestão de resíduos
em obras escolares
31 Considerações Finais
33 Bibliografia, normas e legislação
35 Anexo 1
Introdução

A magnitude dos impactos ambientais gerados pela construção civil,


onde são intensos o consumo de recursos naturais e a geração de resí-
duos, constituem-se em fatores que provocam alteração na paisagem.

O grande volume de obras e a quantidade de recursos envolvidos na


construção e manutenção dos prédios escolares impõem ao Estado a
responsabilidade pela destinação compromissada dos resíduos ge-
rados e pela criação dos procedimentos a serem disseminados entre
todos os participantes da cadeia produtiva.

Esse manual tem por objetivo estabelecer condições para o manejo e


destinação adequados de resíduos gerados em obras escolares e orien-
tar gestores, construtores e outros agentes envolvidos com o tema.

Essa iniciativa equipara-se com ações já tomadas pelo setor formal


da construção civil na gestão de resíduos e contribui para a consolida-
ção de boas práticas de manejo e destinação ambientalmente compro-
missada.

É premente o cumprimento das obrigações estabelecidas pela legis-


lação vigente aplicável aos resíduos da construção civil para minimizar
impactos ambientais. Simultaneamente, a gestão dos resíduos nos
canteiros propiciará melhor organização e limpeza, aumentando a
produtividade da mão-de-obra e minimizando desperdícios, riscos e
acidentes de trabalho.

A Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE por inter-


médio de sua Diretoria de Obras têm implantado gradativamente
procedimentos e técnicas alinhadas com as condutas ambientalmente
sustentáveis na construção dos edifícios escolares, estimulando for-
necedores de materiais e serviços, setores da indústria, projetistas e
construtores à adoção destas práticas.

Entre fevereiro e novembro de 2007 foram implantadas duas experi-


ências piloto de gestão de resíduos em obras localizadas nos municí-
pios de Guarulhos e Ferraz de Vasconcelos.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


5
Estes experimentos forneceram subsídios para a elaboração deste
Manual permitindo estabelecer condições para gestão; disseminar
as informações para o manejo e destinação adequados dos resíduos
gerados em construções escolares; e envolver profissionais de projeto,
construtoras contratadas, equipes de fiscalização e até os processado-
res e destinatários destes resíduos.

6 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


1
Resíduos da construção civil – definição e classificação

Resíduos da
construção civil
– definição e classificação

O conceito de resíduos da construção civil presente na


Resolução n° 307 do Conselho Nacional de Meio Am-
biente - CONAMA distingue as atividades tipicamente
geradoras englobando construção; demolição; reformas;
reparos; escavação e preparação de terrenos. Caracteriza-
-se como origem destes resíduos uma atividade que, no
Brasil, é fortemente marcada pela informalidade, o que
se evidencia ao observar a ocupação dos espaços urba-
nos por construções irregulares (loteamentos clandesti-
nos, favelas e cortiços), notadamente nas regiões metro-
politanas.
Deste modo, improvisadamente, resolve-se o problema dos assenta-
mentos humanos, com um processo de urba-
nização e ocupação territorial de significativo LEI DE CRIMES
impacto ambiental. A repercussão destes im- AMBIENTAIS
pactos é ampliada quando se observa a cadeia
da construção civil e as atividades de extração Nº 9605 de 12/02/1998
mineral e de industrialização de insumos. »» A Lei de Crimes Ambientais
(n° 9605 de 12/02/1998) es-
Nesta perspectiva situam-se, por exemplo, as tabelece que seja considerado
emissões atmosféricas provenientes da fabri- crime ambiental o lançamento
cação de cimento, associadas ao aquecimento
de resíduos em desacordo
com as exigências estabeleci-
global. das em leis ou regulamentos.
A Resolução CONAMA Nº 307
veda a disposição final dos
Quanto à classificação dos resíduos da resíduos da construção civil
construção civil, a Resolução CONAMA nº 307 em locais inadequados como
aterros sanitários, bota-foras,
faz referência a uma extensa lista composta lotes vagos, corpos d’água,
por tijolos, blocos cerâmicos, concreto, solos, encostas e áreas protegidas
por lei.
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras,

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


7
Resíduos da construção civil – definição e classificação

forros, argamassas, gesso, telhas, pavimentos, vidros, plásticos, tubula-


ções, fiação elétrica, entre outros.

Seu agrupamento em classes considera a distinção relativa à possi-


bilidade de sua valorização. Deste modo, as classes A e B agrupam os
resíduos valorizáveis e as classes C e D os não valorizáveis, conforme a
figura 1.

Classe A Classe B
Alvenaria, concreto, argamassas e solos Madeira, metal, plástico e papel

Valorização associada à possibilidade de Valorização associada à possibilidade de


aproveitamento pela atividade da construção aproveitamento em outras atividades econômicas
civil através da produção de agregados para através de reutilização para geração de energia
argamassas, guias, aterros na própria obra ou (madeira) ou de reinserção na forma de matéria-
disposição em aterros licenciados. prima em processos específicos para cada material.

Classe C Classe D
Produtos sem tecnologia disponível para Resíduos perigosos (tintas, óleos, solventes,
recuperação (oriundos do gesso) telhas de amianto, etc), conforme NBR 10004
– Resíduos Sólidos

Impossibilidade de valorização por inexistência de Impossibilidade de valorização por tratar-se


tecnologia. Os resíduos de gesso já são passíveis de de resíduos perigosos, caracterizados como
reaproveitamento pela indústria de cimento como classe I pela NBR 10004. A destinação desses
insumo. Sua destinação deve atender às normas resíduos deve atender o disposto nas normas
específicas. específicas.

Figura 1: Classificação de resíduos segundo a Resolução CONAMA Nº 307

8 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


2
Gestão de resíduos em obras escolares

Gestão de resíduos
em obras escolares

A atividade do gerenciamento de resíduos deve permear


todas as intervenções e tomadas de decisão, da fase de
planejamento à implantação do canteiro, e durante todo
o período de execução. O planejamento destas ações
deve considerar a singularidade do empreendimento, no
que diz respeito à diversidade de materiais e processos,
dimensões do canteiro, proximidade de destinatários
regulares, possibilidade de reutilização de resíduos na
própria obra, identificação de parcerias com recebedores
e empresas de reciclagem, desde que o compromisso da
destinação adequada esteja assegurado.
A construção pública escolar no Estado de São Paulo diferencia-se em
diversos aspectos das tipologias de outros grandes geradores de resí-
duos, pelo volume de obras e contratos firmados simultaneamente; por
construções predominantemente em áreas urbanas periféricas; pela
atuação em diversos municípios; e pela padronização de seus compo-
nentes e processos construtivos.

O conhecimento sobre a composição e volume dos resíduos e sobre as


alternativas para seu manejo e destinação de forma sustentável permi-
te uma minimização de riscos. Nesse sentido a cooperação das empre-
sas contratadas para a execução das obras é fundamental.

Projetos de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil - PGRCC: elaboração e implantação
O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC)
é essencial para o planejamento das ações que se efetivarão durante o

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


9
Gestão de resíduos em obras escolares

empreendimento, numa seqüência de etapas singular em virtude da


necessidade de ajustar as condições de gestão interna dos resíduos à
realidade do ambiente urbano e às soluções disponíveis para sua des-
tinação. Antes do início da obra, considerando o projeto arquitetônico
e o conjunto de insumos e materiais especificados, deve-se estimar a
geração dos respectivos resíduos, identificar alternativas de reutilização
na própria obra e reconhecer as possibilidades existentes no ambien-
te urbano para sua destinação, privilegiando sempre que possível a
reciclagem. O diagrama da figura 2 ilustra o processo de elaboração e
implantação dos PGRCC distinguindo 06 passos:

PGRCC


PGRCC
Estimativa da geração de
resíduos a partir dos projetos e
especificações construtivas

6º 2º
mencionando volumes, tipos e
CTR
classes de resíduos
DESTINAÇÃO DESTINAÇÃO
E REGISTRO Levantamento das
Coleta e destinação dos possibilidades para
Resíduo de Construção PLANEJAMENTO destinação dos resíduos,
e Demolição - RCD com o considerando alternativas
respectivo registro em para reutilização na
Controle de Transporte própria obra ou a agentes
de Resíduos - CTR externos qualificados
GESTÃO DE para reciclagem ou
RESÍDUOS disposição final
Informações retroalimentadas


TRIAGEM E

LOGÍSTICA
ACONDICONAMENTO IMPLANTAÇÃO Adequação da movimen-
Diferenciado dos Resíduo tação, acondicionamento
de Construção e e retirada dos resíduos
Demolição - RCD


CAPACITAÇÃO
Das equipes de produção
para viabilizar efetiva
implantação

Figura 2: Planejamento e implatação da gestão de resíduos

Para se ajustar a tais condições é necessário preparar o canteiro para


facilitar a triagem e o acondicionamento diferenciado dos resíduos.
Uma vez adequado o canteiro, deverá ser realizado o treinamento das
equipes de produção, permitindo a conscientização dos colaboradores
com a consequente implantação desses procedimentos durante todo
o período de execução. O compartilhamento de responsabilidades e a
atribuição de papéis é representada na figura 3.

10 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Contratada entrega o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) à FDE

Aprovado Contratada faz a


Análise do PGRCC FDE faz o
implantação física e
pela FDE monitoramento
operacionaliza
avaliando as obras
procedimentos

Não aprovado

Contratada procede
alterações necessárias
no PGRCC
Figura 3: Fluxograma representativo da interface entre FDE e empresas contratadas

Caracterização É condição fundamental para a elaboração do projeto de gerencia-


dos resíduos mento a identificação prévia dos resíduos que poderão ser gerados
partindo das informações sobre a execução da obra.

Ao longo do tempo, a tabulação dos dados das obras escolares permi-


tirá estimativas mais precisas, com a identificação das especificidades
inerentes aos projetos e aos processos construtivos. Deste modo pode-
rão ser criados indicadores que possibilitarão melhor apropriação de
custos e o estabelecimento de metas para redução da geração.

As atividades de demolição, terraplanagem, limpeza de terreno e


escavação geram excedentes não quantificáveis por meio do estabe-
lecimento de indicadores, uma vez que dependem unicamente das
características intrínsecas do empreendimento (topografia do terreno,
dimensões das construções pré-existentes, etc.).

Em relação às construções, há uma série de atividades que permitem


alguma padronização quando do estabelecimento de indicadores de
geração de resíduos. A partir da tabulação de alguns dados mais rele-
vantes podemos extrair indicadores que são apresentados na tabela 1.

Tabela 1: Indicadores e parâmetros


Tipos de resíduos Parâmetro de referência Indicador
Alvenaria, concreto, Área em m2 de vedações internas Resíduos em m3/ m2 de vedações
argamassas e cerâmicos e externas
Madeira Consumo total de concreto em m3 Resíduos em m3/ m3 de concreto
Gesso Área em m2 de revestimento em Resíduos em m3/ m2 de
gesso revestimento em gesso
Metal (armaduras) Consumo total de concreto em m3 Resíduos em m3/ m3 de concreto
Papel (embalagens) Área total de construção em m2 Resíduos em m3/ m2 de construção
Plástico (embalagens) Área total de construção em m2
Resíduos em m3/ m2 de construção

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


11
Gestão de resíduos em obras escolares

Nas reformas e eventualmente nas novas construções poderão ser


estimados os volumes provenientes de demolições de paredes, pisos
e outros elementos construtivos. Nas obras piloto foi possível apurar
indicadores da geração dos resíduos de alvenaria e concreto, conforme
a figura 4.
Parque Dourado V Geração dos resíduos Indicador
Ferraz de Vasconcelos / SP de alvenaria em m3 (m3 de resíduos de alvenaria/
(exceto demolições) m2 de vedações)
Jardim Santa Emília
150 0,05
Guarulhos / SP
120 0,04
0,0499
129,8 0,0452
90 0,03

60
89,0 0,02

30 0,01

0 0,00

O conjunto de resíduos gerados


no período é representado abaixo

115 m3 (28%)
Madeira

Parque Dourado V
264 m3 (64%) Ferraz de Vasconcelos / SP
Alvenaria e
contreto 16,3 m3 (4%)
Papel
9,6 m3 (2%)
Plástico
7,7 m3 (2%)
Gesso

22,5m3 (18%)
Madeira

90m3 (70 %) Jardim Santa Emília


Alvenaria e Guarulhos / SP
contreto 5,8 m3 (5%)
Papel
4,5 m3 (2%)
Metal
3,8 m3 (2%)
Plástico
Figura 4: Composição dos resíduos gerados

12 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Destinação Prioritariamente deverão ser examinadas as possibilidades de reuti-


lização de materiais ou resíduos no próprio canteiro de obras em que
forem gerados. Algumas delas são mostradas na tabela 2.

Tabela 2: Possibilidades de reutilização de resíduos na obra


Materiais Procedimento
Painéis de madeira ou Qualificar as peças aproveitáveis.
madeiras serradas Organizar por tamanho e tipo nos locais de
armazenamento temporário

Blocos de concreto e Durante o processo de assentamento


cerâmicos quebrados ou selecionar os materiais passíveis de
em partes reutilização daqueles que serão moídos e
utilizados na própria obra, ou ainda destinados
para aterros licenciados

Solo No planejamento da obra avaliar a possibilidade


de reutilização de solos resultantes de
escavação em reaterros na própria obra

Na elaboração dos PGRCC deve ser considerada a possibilidade de


normas para
Consumo de utilização de agregados reciclados que poderão ser provenientes da
agregados reciclagem, em empreendimentos licenciados para esta finalidade
ou dos resíduos gerados pela própria obra. Esta ação poderá resultar
NBR 15115-04 na redução de custos pela substituição de agregados naturais com a
»Agregados
» reciclados consequente redução de impactos causados pela atividade de extração
mineral. As normas técnicas que servem como referência e que devem
de resíduos sólidos da
construção civil Execução de
camadas de pavimentação – ser consultadas para viabilizar o consumo de agregados reciclados pela
Procedimentos
atividade da construção civil são as NBR 15115-04 e NBR 15116-04 (veja
NBR 15116-04 quadro ao lado)
»Agregados
» reciclados
de resíduos sólidos da
construção civil – Utilização Na impossibilidade da reutilização dos resíduos nos respectivos
em pavimentação e preparo
de concreto sem função
canteiros, deve-se enviá-los à destinatários em condições regulares de
estrutural – Requisitos operação.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


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Gestão de resíduos em obras escolares

As normas técnicas que estabelecem critérios para o licenciamento e


normas para operação de áreas de manejo, reciclagem e disposição final de resídu-
licenciamento
e manejo os da construção civil são as NBR 15112-04, NBR 15113-04 e NBR 15114-04
(veja quadro ao lado)
NBR 15112-04
»Resíduos
» da construção A existência dessas normas tem possibilitado o licenciamento, em
civil e resíduos volumosos -
Áreas de transbordo e triagem vários municípios no Estado de SP, de Áreas de Transbordo e Triagem
- Diretrizes para projeto, – ATTs, de Áreas de Reciclagem de Resíduo de Construção e Demolição -
implantação e operação -
devem cumprir o papel de RCD e de Aterros de Resíduos da Construção Civil, tanto privados quan-
receber e realizar a triagem to públicos.
dos resíduos. São importan-
tes na logística da destinação
dos resíduos e poderão, A possibilidade de utilização desses empreendimentos privados e
se licenciadas para esta
finalidade, processar resíduos equipamentos públicos para a destinação de RCD deve ser indicada nos
para valorização e aproveita- projetos de gerenciamento.
mento (vide referência a NBR
15114-04).
Em relação aos resíduos classe B (reutilizáveis ou recicláveis em outras
NBR 15113-04
»
»Resíduos sólidos da atividades econômicas, excluída a construção civil), poderão ser quali-
construção civil e resíduos ficadas empresas ou instituições que comercializam aparas de papel,
inertes – Aterros – Diretrizes
para projeto, implantação e resíduos de plástico, sucatas metálicas, além de empresas que utilizam
operação - solução adequada madeira como combustível em fornos ou caldeiras. A condição para
para disposição dos resíduos
classe A, conforme Resolução qualificação desses destinatários é a regularidade relativa a seu funcio-
CONAMA 307, considerando namento junto aos órgãos competentes nas esferas pertinentes (muni-
critérios para reservação dos
resíduos para uso futuro ou cipal e/ ou estadual).
disposição adequada que pos-
Quanto aos resíduos classe C ou D, sua destinação deverá considerar o
sibilite o posterior aproveita-
mento da área.
estabelecido na norma técnica ABNT NBR 10004, lançando-se mão das
NBR 15114-04
»
»Resíduos sólidos da soluções disponíveis de aterro, co-processamento em fornos de cimen-
construção civil - Áreas to, incineração, licenciadas pelos respectivos órgãos ambientais compe-
de reciclagem - Diretrizes
para projeto, implantação
tentes.
e operação - possibilitam a
transformação dos resíduos
da construção classe A em
Quando da elaboração e implantação dos PGRCC nas obras piloto,
agregados reciclados destina- foram qualificados e utilizados alguns destinatários de resíduos licen-
dos a reinserção na atividade
da construção.
ciados para o recebimento de RCD, os quais aparecem no quadro 1.

Classes A e B - ATT Base Ambiental (São Paulo / SP) Madeira - Cerâmica Villatex (Itu / SP)
Quadro 1: Destinatários de resíduos das obras-piloto

14 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares
Fotos: I&T - Obra Limpa

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3 4

Quadro 2: Exemplos de descarte irregular de resíduos


1 Degradação da paisagem
urbana e obstrução de vias
para circulação de veículos
e pedestres A escolha dos transportadores de resíduos deverá levar em conta a
regularidade de sua atuação no município onde se situa a obra (licen-
ciamento junto ao órgão municipal competente).
2 Potencial proliferação de
vetores facilitada pela
dispersão de pneus em
“bota-fora” (esq.) e pela No entanto, deve ser feita apreciação das condições de operação, ve-
disposição irregular de rificando suas práticas corriqueiras para minimizar riscos decorrentes
resíduos domiciliares
de seu eventual descompromisso. Assim, será útil apurar informações
em área licenciada para
recebimento exclusivo de sobre quantos veículos e quantas caçambas estacionárias dispõem,
RCD (dir.) quais as regiões atendidas, além dos locais comumente utilizados para
a destinação.
3 Obstrução dos sistemas de
drenagem por disposição
irregular dos resíduos Em alguns municípios há transportadores que possuem licença e
dispersos gerados por obras
nas imediações decorrente operam áreas de manejo e destinação de resíduos, o que é bastante
da falta de cuidado no uso de promissor em relação à possibilidade de melhorar as condições de ras-
caçambas estacionárias treamento dos resíduos.

4 Degradação de área
urbana pela deposição de A falta de compromisso dos grandes geradores de resíduos e de seus
grande volume de resíduos respectivos subcontratados (transportadores) e parceiros (destinatá-
por transportadores
(caçambeiros) sem rios) cria situação de risco decorrente do manejo e disposição irregula-
qualquer segregação – res e conseqüente geração de impactos ambientais urbanos significati-
típico “bota-fora” vos. O quadro 2, acima, apresenta algumas dessas situações.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


15
Gestão de resíduos em obras escolares

Logística Há interfaces a serem estabelecidas entre o ambiente urbano e os


canteiros onde se pretende realizar a gestão dos resíduos. Deste modo,
após a caracterização e o reconhecimento das possíveis soluções de
destinação, o PGRCC deverá apontar as recomendações em relação a
seu manejo, considerando a triagem, o acondicionamento diferenciado
e o transporte, de modo a compatibilizar interesses e necessidades de
geradores e destinatários de resíduos. A observância de tais recomen-
dações abrirá espaço para a adequação do canteiro e para a capacitação
das equipes, condição necessária à execução dos procedimentos de
gestão.

A definição de fluxos para o acondicionamento inicial, transporte


interno, acondicionamento final, coleta e remoção dos resíduos da obra
faz-se necessária. A conexão com o ambiente externo se dará por meio
dos transportadores que coletarão os resíduos, fazendo sua destinação.

Acondicionamento
Disponibilizar dispositivos de acondicionamento próximos dos locais
de geração de resíduos será útil para evitar sua dispersão.

Os espaços disponíveis, a acessibilidade para coleta, a segurança dos


usuários, a intensidade da geração, a preservação da qualidade, as di-
mensões e a densidade dos resíduos considerados serão determinantes
na definição da quantidade e posicionamento dos respectivos dispositi-
vos de acondicionamento. Desta forma, é necessário distinguir disposi-
tivos para guarda inicial e final a fim de facilitar tanto a triagem como a
remoção diferenciada dos resíduos da obra.

O dinamismo da obra poderá requerer redefinição de espaços para o


EQUIPAMENTOS acondicionamento final nas suas diferentes fases de execução. Alguns
Normalmente dos dispositivos que poderão ser utilizados para acondicionamento de
utilizados resíduos são discriminados na tabela 3, na página seguinte.

POLI-GUINDASTES Transporte interno


»Simples,
» duplo ou triplo, Os próprios operários que fazem a coleta dos resíduos nos pavimen-
considerando o número de
caçambas estacionárias que tos poderão ser responsáveis pela troca dos sacos de ráfia cheios conti-
tem capacidade para carregar. dos nos dispositivos de acondicionamento inicial (bombonas) por sacos
CAÇAMBAS BASCULANTES vazios, transportando os resíduos até os locais de acomodação final.
»De
» 5 a 30 m3, com quanti-
dade de eixos variando entre
um e três. O transporte horizontal poderá ser feito com o auxílio de carrinhos e
giricas ou mesmo manualmente, e o transporte vertical com elevador
CARROCERIA DE MADEIRA
»De
» 8 a 12 m3, com um ou de carga, grua ou condutor de entulho. É recomendável estabelecer
dois eixos, por vezes equipado rotinas de coleta, ajustadas à disponibilidade dos equipamentos para
com “munck” para facilitar
içamento das cargas. transporte vertical (grua e elevador de carga, por exemplo). Os garga-
los nessa movimentação poderão ser minimizados com a utilização
CAIXAS “ROLL ON ROLL OFF”
»Capacidade
» variando de 22 a de equipamentos específicos para a descida de determinados tipos de
40 m3, com um ou dois eixos. resíduos, como é o caso dos condutores de entulho.

16 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Tabela 3: Dipositivos para acondicionamento


Dispositivos/finalidades Descrição Acessórios
Bombonas Recipiente plástico com capacidade para 50 1-Sacos de ráfia

Acondicionamento
litros. Originalmente utilizado para conter 2-Sacos de lixo simples (para resíduos
substâncias líquidas. Reutilizável como orgânicos)

inicial
dispositivo para coleta após lavagem. 3-Adesivos de sinalização

Bags Saco de ráfia reforçado, dotado de quatro 1-Suporte de madeira ou metálico para
alças, revestimento interno para melhor encaixe e o uso contínuo dos big-bags
acondicionamento dos resíduos e fita 2-Adesivos de sinalização
para amarração. Têm capacidade para 3-Plaquetas para fixação dos adesivos
armazenamento em torno de um m3.
Acondicionamento final

Baias Geralmente construída em madeira, e com 1-Adesivos de sinalização


dimensões compatíveis com a necessidade de 2-Plaquetas para fixação dos adesivos de
armazenamento e com o espaço disponível em sinalização, se necessário
canteiro.

Caçambas Recipiente metálico com capacidade volumétrica Recomendável o uso de dispositivo de


estacionárias de três a cinco m3. cobertura (lona plástica, por exemplo)
quando disposta em via pública.

Coleta e remoção dos resíduos


Na escolha das alternativas para coleta e remoção dos resíduos de-
verão ser compatibilizados o acondicionamento final e a destinação,
considerando a necessidade de minimizar custos, de agilizar a coleta, de
preservar a organização dos espaços internos no canteiro, de executar
de modo seguro operações de carregamento e transporte e de possibili-
tar a valorização destes resíduos.

Antes da contratação do transportador é fundamental reconhecer


qual veículo deverá ser utilizado para que se avalie a compatibilidade
da solução de coleta com a realidade da obra, tendo em vista o tempo
de carregamento, os espaços disponíveis, a mão-de-obra necessária e a
segurança durante o carregamento.

Fluxos consolidados Do instante da geração até sua destinação é possível sintetizar um


quadro diferenciador (tabela 4, na página seguinte) das alternativas
compatíveis com cada tipo de resíduo. Definem-se como etapas mais
relevantes e que merecem destaque o acondicionamento inicial, o final,
a remoção e, finalmente, a destinação dos resíduos.

Fisicamente, o canteiro de obra deverá ser preparado para que o fluxo


dos resíduos ocorra de modo efetivo, com a preparação de um projeto

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


17
Gestão de resíduos em obras escolares

Tabela 4: Fluxo diferenciado dos resíduos


Tipos de resíduos Acondicionamento inicial Acondicionamento final
Blocos de concreto,blocos Em pilhas próximas aos locais de geração. Em caçambas estacionárias. Nos casos em que
cerâmicos, argamassas, outros houver grande volume de resíduo associado à
componentes cerâmicos, concreto, disponibilidade de espaços em canteiro poderão ser
tijolos e assemelhados. feitas pilhas para carregamento com pá mecânica em
caminhões de maior capacidade de carga (situação
comum em demolições)
Madeira Em bombonas revestidas internamente por sacos Preferencialmente em baias sinalizadas podendo
de ráfia sinalizadas (pequenas dimensões) ou em estar sua utilização associada a caçambas
pilhas formadas nas proximidades do dispositivo estacionárias ou a caixas “roll on roll off” se a
ou do equipamento utilizados para o transporte remoção for executada com a utilização dos
vertical (grandes dimensões). respectivos veículos compatíveis com estes
equipamentos.
Plásticos – polímeros diversos Em bombonas sinalizadas e revestidas Em “big-bags” sinalizados e cobertos, protegidos
tais como PP, PEAD, PEBD, PS entre internamente por sacos de ráfia. de intempéries. Deverá ser formado estoque dos
outros sob a forma de sacaria de “big-bags” cheios e fechados para aguardar coleta.
embalagens, tambores, aparas de Deverão permanecer disponíveis e abertos para
tubulações. acondicionamento dos resíduos dois “big-bags”
Papelão (sacos e caixas nos quais Pequenos volumes acondicionados em bombonas um para papel e outro para plástico, devidamente
são acondicionados insumos) e sinalizadas e revestidas internamente por saco de sinalizados.
papéis (escritório) ráfia e grandes volumes em “bags” ou fardos.
Metal (ferro, aço, fiação revestida, Em bombonas sinalizadas e revestidas Em baias sinalizadas em fardos e pilhas.
arame, latas, tambores) internamente por saco de ráfia.

Serragem Em sacos de ráfia próximos aos locais de geração. Baia para acúmulo dos sacos contendo o resíduo.

Gesso de revestimento, placas Em pilhas formadas próximas aos locais de geração Em caçambas estacionárias e de uso exclusivo para
acartonadas e artefatos. dos resíduos, nos respectivos pavimentos. este tipo de resíduo.

Solos Em pilhas para imediata remoção (carregamento Em caçambas estacionárias, preferencialmente


dos caminhões ou caçambas estacionárias logo separado dos resíduos de alvenaria e concreto
após a transferência dos resíduos de seu local de (geração discreta e descontínua). No caso de
origem). grandes volumes provenientes, por exemplo,
de serviços de escavação mecanizada durante
terraplanagem, acondicionar diretamente em
caminhões basculantes (trucado ou carreta).
Telas de fachada e de proteção Recolher após o uso e dispor em local adequado. Dispor em local de fácil acesso, solicitando sua
imediata retirada.

EPS (poliestireno expandido). Quando em pequenos pedaços colocar em sacos de Em “bags” sinalizados ou em fardos, mantidos ambos
ráfia. Em placas, formar fardos. em local coberto e protegido de intempéries

Resíduos impregnados por cimento, Transferir diretamente para o acondicionamento Em baias devidamente cobertas e sinalizadas para
argamassa e outros materiais final. resíduos não recicláveis (classe C)
não perigosos de modo que não
permita sua valorização, restos de
uniformes, botas, panos e trapos
não contaminados por produtos
químicos.
Resíduos perigosos presentes em Manuseio com os cuidados observados pelo Em baias devidamente cobertas e sinalizadas, para
embalagens plásticas e de metal, fabricante do insumo na ficha de segurança da uso restrito das pessoas que, durante suas tarefas,
instrumentos de aplicação como embalagem ou do elemento contaminante do manuseiam estes resíduos.
brochas, pincéis, trinchas e outros instrumento de trabalho. Imediato transporte pelo
materiais auxiliares como panos, usuário para o local de acondicionamento final.
trapos, estopas etc.
Fonte: Gestão ambiental de resíduos da construção civil: a experiência do Sinduscon-SP (2005)

18 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Coleta e remoção Destinação


Caminhões com poliguindaste ou com caçambas basculantes. É Áreas de Transbordo e Triagem, Áreas para Reciclagem ou Aterros de resíduos
necessária a cobertura da carga por lona durante o transporte. da construção civil licenciados pelos órgãos competentes. Os resíduos
classificados como classe A (blocos, telhas, argamassa e concreto em geral)
posem ser reciclados para uso em pavimentações.

Caminhões com poliguindaste, com caçambas basculantes, Atividades econômicas que possibilitem a reciclagem destes resíduos (produção
com carroceria de madeira ou equipado com caixa “roll on roll de cavacos para posterior queima e geração de energia), a reutilização de peças
off”. Devem ser respeitadas as condições de segurança para ou o uso sem processamento como combustível em fornos ou caldeiras.
não haver dispersão da carga durante o transporte.

Caminhões ou outro veículo de carga, desde que os “big-bags”


sejam retirados fechados impedindo mistura com outros
resíduos na carroceria e dispersão durante o transporte.

Empresas regularmente estabelecidas ou instituições responsáveis pela coleta


seletiva no respectivo município que comercializem ou reciclem estes resíduos.

Caminhão preferencialmente equipado com guindaste para


elevação de cargas pesadas (grandes volumes). Para pequenos
volumes, com possibilidade de carregamento manual, poderá
ser dispensado o guindaste.
Caminhão ou outro veículo de carga. Devem ser respeitadas as Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam
condições de segurança para não dispersão da carga durante ou reciclam estes residuos ou reutilização dos resíduos em superfícies
o transporte. impregnadas com óleo para absorção e secagem.
Caminhão com poliguindaste ou com caçambas basculantes, Reaproveitamento das aparas de placas acartonadas pelos fabricantes ou
sempre cobertos por lona. Devem ser respeitadas as condições destinação para áreas de Transbordo e Triagem que tenham contrato firmado
de segurança para não dispersão da carga durante o com cimenteiras para a destinação destes resíduos para reutilização na
transporte. produção de cimento.
Caminhão com equipamentos poliguindaste (se Desde que não contaminados, reutilizar em pequenas áreas de aterramento ou
acondicionados em caçambas estacionárias) ou caminhão com em aterros de resíduos da construção civil, desde que devidamente licenciados
caçambas basculantes, sempre cobertos com lona. pelos órgãos competentes

Caminhão ou outro veículo de carga. Devem ser respeitadas as Possível reaproveitamento por fabricantes de “big-bags” e sacos. Consultar Áreas
condições de segurança para não dispersão da carga durante de Transbordo e Triagem e empresas que comercializam resíduos de plástico
o transporte. sobre possibilidade de atuarem como destinatário.
Caminhão ou outro veículo de carga. Devem ser respeitadas as Empresas regularmente estabelecidas ou instituições responsáveis pela coleta
condições de segurança para não dispersão da carga durante seletiva no respectivo município que comercializem ou reciclem estes resíduos
o transporte. (possível uso para enchimento)
Caminhão ou outro veículo de carga, sempre cobertos com lona. Encaminhar para aterros licenciados para resíduos não inertes (classe II A) ou
Devem ser respeitadas as condições de segurança para não Áreas de Transbordo e Triagem desde que vinculem sua destinação final aos
dispersão da carga durante o transporte. referidos aterros.

Caminhão ou outro veículo de carga, sempre cobertos por lona. Encaminhar para aterros licenciados ou empresas que prestam serviços de
Devem ser respeitadas as condições de segurança para não tratamento destes resíduos (co-processamento, incineração etc)
dispersão da carga durante o transporte.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


19
Gestão de resíduos em obras escolares

de canteiro em que os espaços para acondicionamento sejam demar-


cados, considerando a compatibilidade entre a guarda dos insumos, a
movimentação de cargas e a circulação de pessoas, além dos condicio-
nantes inerentes ao manejo e destinação dos resíduos propriamente
ditos.

Implantação Uma vez elaborado o PGRCC, observando-se suas indicações relativas


à logística para circulação e acondicionamento dos resíduos, deverão
ser tomadas as providências para a implantação física do projeto, com
aquisição de dispositivos e preparação do canteiro.

Simultaneamente, contratos e parcerias com transportadores e desti-


natários também indicados nos projetos deverão ser concretizados.

Capacitação das equipes


A preparação do canteiro com a distribuição dos dispositivos sina-
lizados e a participação dos próprios operários neste processo inicia
a etapa que se denomina Educação Ambiental com a mobilização de
toda a equipe em torno do objetivo comum de implantar o PGRCC, exe-
cutando os procedimentos de triagem, acondicionamento e destinação
diferenciada dos resíduos, com ênfase na necessidade de cooperação
em relação à boa organização e limpeza da obra.

Foto: I&T - Obra Limpa

Capacitação de operários destacando as instruções para o manejo diferenciado dos resíduos no canteiro

Também devem ser capacitadas as equipes administrativas em rela-


ção ao registro da destinação dos resíduos, para possibilitar comprova-
ção documental. Cada coleta deverá implicar na emissão do documento
Controle de Transporte de Resíduos - CTR que registrará a destinação
do material coletado. Os CTRs deverão ser arquivados para apresentar à
fiscalização e servir como referência na realização das medições relati-
vas à coleta dos resíduos (figura 5).

20 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Figura 5
Neste documento
deverão constar,
necessariamente,
as seguintes
informações:

Dados do gerador
(Razão Social
/ Nome, CNPJ /
CPF, Endereço
para retirada e
Identificação da
obra)

Resíduos
destinados
com volume ou
peso e unidades
correspondentes

modelo
Dados do
transportador
(Razão Social
/ Nome, CNPJ /
CPF, Inscrição
Municipal, Tipo de
veículo e Placa)

Dados do
destinatário
(Razão Social
/ Nome, CNPJ /
CPF, Endereço da
destinação)

Assinaturas e carimbos
(gerador, transportador e
destinatário)
O modelo de formulário acima atende às Normas NBR 15112:2004 e NBR 15114:2004
e deve ser emitido em 03 (três) vias, sendo a 1ª via para o gerador, a 2ª via para o
transportador e a 3ª via para o destinatário.

4 Você pode baixar esse formulário no formato XLS em www.fde.sp.gov.br


Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares
21
Gestão de resíduos em obras escolares

Organização e limpeza do canteiro


O cuidado com a organização dos espaços do canteiro tem efeito di-
reto sobre a geração dos resíduos propiciando a redução do desperdício
de materiais; sobre a necessidade de aquisição das matérias-primas; e
até mesmo sobre o custo da mão-de-obra.

Bombonas Bombonas
Plástico e papel Plástico, papel e orgânico

Almoxarifado* Escritório* Refeitório Sanitário/vestiário

Armazenamento

Central de
argamassa
(betoneira)

ÁREA DA Pedra
EDIFICAÇÃO
Pedrisco
Areia

Madeira
PÁTIO DE MANOBRA

Estrutura

Carpintaria/
serralheria

*Prever espaço para


guardar equipamentos
de proteção (EPI)

Big bags Baias cobertas Caçamba Baias descobertas


Papel e Resíduos não permanente Madeira e metal
plástico perigosos/não Alvenaria, concreto
recicláveis, e solos
resíduos perigosos
e madeira Caçamba eventual
Gesso e madeira ENTRADA/SAÍDA
Figura 6: Exemplo de organização do Canteiro de Obras

22 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Deve ser evitado o acondicionamento indistinto dos materiais e suas


sobras (reaproveitáveis) com os resíduos gerados pela obra. É comum,
porém injustificável, a ocorrência de situações em que a dinâmica dos
serviços transforma a obra num grande almoxarifado, com insumos
espalhados e prestes a serem considerados como sobras.

Portanto, o acondicionamento dos insumos deve ser feito de modo


cuidadoso sem a dispersão destes pelo canteiro. A limpeza dos espaços
no canteiro deverá ser associada à execução dos respectivos serviços
e integrada à rotina de cada um dos operários que trabalha na obra.
Preferencialmente, o colaborador que gerar o resíduo deve executar a
limpeza do espaço correspondente.

Varrição e coleta dos resíduos deverão ser realizadas com a máxima


freqüência, evitando sua dispersão, possibilitando a triagem de modo
adequado e contribuindo para uma melhor organização dos espaços no
canteiro. Em relação ao estado geral de limpeza e organização, percebe-
-se um evidente contraste entre as obras piloto nas quais se implantou
a gestão de resíduos e outras obras sem essa iniciativa, conforme o
quadro 3.
Fotos: I&T - Obra Limpa

Obras da FDE sem gerenciamento de resíduos – out / 2005

Obras piloto da FDE com gerenciamento de resíduos – jul / 2007)


Quadro 3: Efeitos positivos da gestão de resíduos em relação à limpeza e organização.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


23
Gestão de resíduos em obras escolares

Triagem dos resíduos


Entende-se por triagem o processo de separação, escolha ou seleção.

Nos canteiros de obra, deve-se cuidar para que, logo após a limpeza
dos ambientes, seja feita a triagem dos materiais reutilizáveis, distin-
guindo-os dos resíduos e possibilitando o seu reaproveitamento. Cada
material triado e passível de reaproveitamento deve ser reinserido num
processo específico de aplicação, que poderá ser precedido pela estoca-
gem no almoxarifado.

A triagem deverá ser feita com o uso dos dispositivos de acondicio-


namento, atribuindo-se a responsabilidade às equipes de operários de
transferi-los entre os dispositivos de acondicionamento inicial e final
evitando sua dispersão.

A separação precária dos resíduos e seu respectivo acondicionamento


desordenado podem comprometer sua qualidade resultando, numa
condição descompromissada de destinação.

Destaca-se no quadro 4 o contraste relativo ao compromisso das


equipes na triagem dos resíduos nas obras piloto em oposição a obras
sem processo de gestão de resíduos:
Fotos: I&T - Obra Limpa

Obras da FDE sem gerenciamento de resíduos – out / 2005

Obras piloto da FDE com gerenciamento de resíduos – jul / 2007)


Quadro 4: Efeitos positivos da gestão de resíduos em relação à triagem

24 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Monitoramento

O objetivo de melhoria contínua na implantação do gerenciamento


de resíduos só poderá ser alcançado com avaliação exaustiva e disse-
minação das boas práticas de gestão, o que pode ser representado pelo
seguinte diagrama (figura 7):

GESTÃO DE PROJETOS

PGRCC
Pela gestão de projetos por meio da reavalia-
ção da especificação de materiais e processos
e na escolha de terrenos, buscando as
condições para soluções mais ambientalmen-
te comprometidas.

1 Processos
construtivos

2 Insumos
empregados

3 Seleção
de terrenos

Pelo planejamento de obras futuras com base


nos índices acumulados por experiências de
gestão de resíduos e no conhecimento prático
adquirido no canteiro.

Elaboração do PGRCC Implantação do PGRCC Monitoramento

Pelo reconhecimento dos aspectos críticos


que permitam melhorias, e buscando ações e
procedimentos de maior desempenho
valendo-se da prática de construtores e
Figura 7: Monitoramento para melhoria contínua engenheiros .

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


25
Gestão de resíduos em obras escolares

Modelo A – Avaliação O conjunto de elementos presente nesta planilha de avaliação ge-


da limpeza e triagem rará uma síntese das condições de limpeza da obra e da triagem dos
resíduos, evidenciando boas práticas e aspectos merecedores de maior
atenção. Para tal finalidade será atribuída pontuação, associada ou não
a conceitos.
A divisão em blocos permite
melhor compreensão do modo
como deverá ser utilizada esta
ferramenta de avaliação
1
2
3

4
4 Você pode baixar esse formulário
no formato XLS
www.fde.sp.gov.br

Bloco 1 espaços avaliados

a
c d e f g

b
modelo
a) Obra e b)Definição c)Os d) as notas a e) A identificação da f)Imagens g)As ocorrências dos
a data de dos espaços fatores de serem atribuídas existência de dispositivos associadas às eventos codificados
avaliação avaliados e as ponderação relativas à de acondicionamento inicial ocorrências e identificados como
respectivas áreas resultantes limpeza e triagem nos respectivos setores indicadas observações gerais e que
de construção na fonte avaliados com indicação das explicitam os problemas
observações pertinentes identificados nos espaços
a cada um dos setores em avaliados
relação ao acondicionamento
inicial dos resíduos (vide
Bloco três)

26 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Bloco 2 acondicionamento final

a b c d e f g

h
modelo
a) Descrição b)Indicação c)Notas d) Espaço para e) Observações f) Imagens g)Outras h)Na linha
dos tipos de da intensidade atribuídas assinalar que tipos relacionadas associadas as observações inferior do Bloco
dispositivos de uso dos a utilização de dispositivos são ao modo ocorrências pertinentes que dois serão
utilizados dispositivos de cada utilizados para o como é feito o indicadas deverão ser apresentadas
(somatório = um dos acondicionamento acondicionamento preenchidas no as respectivas
100%) dispositivos de cada tipo de final dos resíduos, Bloco três e cujo médias
descritos resíduos devidamente código deverá resultantes da
codificadas (vide constar do Bloco avaliação de
bloco três) dois limpeza e triagem
dos resíduos

Bloco 3 observações gerais - códigos

a b c

modelo
a) tabuladas e codificadas b) serão c) Na parte direita
as ocorrências mais codificadas as do quadro de
comuns relativas a ocorrências observações gerais
limpeza e triagem dos relativas ao há espaço para o
resíduos (parte esquerda acondicionamento preenchimento de
do quadro), com indicação inicial e final dos outras observações,
de qual a freqüência em resíduos com códigos
que se verifica a incidência já previamente
deste problema determinados

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


27
Gestão de resíduos em obras escolares

Bloco 4 relatório fotográfico

modelo

a) No Bloco quatro,
Foto: I&T - Obra Limpa

serão exibidas as
fotos que, associadas
aos aspectos
positivos ou negativos
apresentados no
relatório, respaldarão
a avaliação realizada

28 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Gestão de resíduos em obras escolares

Modelo B – Avaliação Cumpre destacar que a efetiva destinação dos resíduos só será com-
da destinação compro- provada pela apresentação dos CTRs, cabendo a apreciação conjunta
missada dos resíduos deste documento com as notas fiscais emitidas pelos transportadores.

Nesta planilha será avaliada


a qualidade do conjunto de
procedimentos relativos
à destinação dos resíduos,
permitindo a identificação
DO grau de compromisso.

Informações sobre as
medições realizadas por
transportadores (dados
explicitados em notas fiscais),
além da identificação da obra,
do período de avaliação e da
quantidade de CTRs avaliados

modelo
Informações contidas
nos CTRs a respeito
dos resíduos retirados
das obras, apontando-
se as inconsistências
no preenchimento da
documentação e as
respectivas recomendações
que forem pertinentes

a
No bloco três são
apresentados
os resultados da
avaliação a partir b
de atribuição de
notas em 3 níveis
c
d

4 Você pode baixar esse


formulário no formato XLS
a) Para cada uma das soluções
de destinação utilizadas,
b) Para o registro
da destinação
c) Para a consistência da
medição realizada
d) A média final
resultará da
www.fde.sp.gov.br relativas a seu compromisso de resíduos, (peso = 30%);, considerando ponderação de cada
ambiental (última coluna), considerando o a confrontação dos CTRs com nota utilizando-se
considerando o par resíduo- preenchimento dos os documentos relativos às os respectivos
destinação (somatório dos respectivos CTRs medições (notas fiscais de pesos (média
pesos de cada par = 30%) (peso = 40%) transportadores, por exemplo) ponderada)

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


29
Gestão de resíduos em obras escolares

30 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


3
Considerações finais

Considerações finais

Com a elaboração dos projetos de gerenciamento e sua


implantação, amplia-se a possibilidade de exercício da
responsabilidade por parte da FDE na execução de suas
obras, mesmo considerando as restrições locais e limi-
tações existentes nos municípios nos quais as obras se
inserem.

Pretende-se com a inserção destas rotinas disseminar boas práticas


de sustentabilidade na execução de obras escolares, com repercussões
positivas junto à cadeia produtiva, extensivas às populações locais e à
comunidade escolar.

O planejamento e implantação da gestão dos resíduos permite a


obtenção de resultados positivos em relação à qualidade ambiental, à
produtividade dos operários, à redução dos custos de manejo e tam-
bém ao desperdício nas obras.

Não só a FDE apropria-se destes resultados positivos, mas também


seus contratados, na medida em que passam a se diferenciar em re-
lação à concorrência, conferindo à sua atuação o caráter de sustenta-
bilidade que cada vez mais é considerado relevante para a atividade
empresarial.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


31
Considerações finais

32 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Bibliografia, normas e legislação

Bibliografia,
normas e legislação

CIB; UNEP-IETC. Agenda 21 for sustainable construction in developing


Bibliografia countries – a discussion document. Pretoria, South África. 2002.

PINTO, Tarcísio de Paula. Metodologia para gestão diferenciada de


resíduos sólidos da construção urbana. 1999. 189 p. Tese (Doutorado).
Departamento de Engenharia de Construção Civil. Universidade de São
Paulo. São Paulo.

PINTO, Tarcísio de Paula (coord.). Gestão ambiental de resíduos da


construção civil: a experiência do SindusCon-SP. São Paulo: Obra Limpa:
I&T: SindusCon-SP, 2005.

PINTO, Tarcísio de Paula; GONZALES, Juan (coord.). Guia Profissional


para uma gestão correta dos resíduos da construção civil. São Paulo:
CREA-SP Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do
Estado de São Paulo, 2005.

FERREIRA, Avany de Francisco e Mello, Mirela Geiger de (coord.). Ar-


quitetura Escolar Paulista – Estruturas pré-fabricadas – São Paulo : FDE,
2006.

FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FDE. Cata-


logo de Ambientes: Especificações da Edificação Escolar. São Paulo: FDE
2010 (site: www.fde.sp.gov.br).

___. Catalogo de Componentes: Especificações da Edificação Escolar.


São Paulo: FDE 2010 (site: www.fde.sp.gov.br).

___. Catalogo de Serviços: Especificações da Edificação Escolar. São


Paulo: FDE 2010
(site: www.fde.sp.gov.br).

___. Canteiro de Obras. São Paulo: FDE 2010 (site: www.fde.sp.gov.br).

I&T/Obra Limpa. Projeto de gestão de resíduos do Parque Dourado IV.


São Paulo: FDE, 2007. Mimeo.

___. Projeto de gestão de resíduos do Jardim Santa Emília. São Paulo:


FDE, 2007. Mimeo.

Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


33
Bibliografia, normas e legislação

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resídu-


Normas técnicas os Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15112: Resíduos da construção civil e resíduos volumosos


– Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação
e operação. Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos iner-


tes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de
Janeiro, 2004.

______. NBR 15114: Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de


reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. Rio de
Janeiro, 2004.

______. NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da cons-


trução civil – Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos.
Rio de Janeiro, 2004.

______. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da cons-


trução civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem
função estrutural - Requisitos. Rio de Janeiro, 2004.

Norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego - NR


18 – Condições e Meio ambiente do Trabalho na Indústria da Constru-
ção.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama. Ministério


Leis e decretos do Meio Ambiente. Resolução n.307: Estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Dispo-
nível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30702.
html. Acesso em: 08 nov. 2007.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Lei de Crimes Ambientais n.


9605 , de 12/02/1998: Estabelece que seja considerado crime ambiental
o lançamento de resíduos em desacordo com as exigências estabeleci-
das em leis ou regulamentos.

SÃO PAULO (Estado). Lei n.12684, de 26 de julho de 2007: Proíbe o uso,


no Estado de São Paulo de produtos, materiais ou artefatos que conte-
nham quaisquer tipos de amianto ou asbesto ou outros minerais que,
acidentalmente, tenham fibras de amianto na sua composição.

34 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


Anexo

Anexo 1

modelo

4 Você pode baixar esse


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Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


35
Anexo

Anexo 1

modelo

4 Você pode baixar esse


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36 Manual para Gestão de Resíduos em Construções Escolares


FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FDE

Diretoria de Obras e Serviços

Assessores
Maria Tereza Sampaio
Mario Eduardo Colla Francisco

Gerência de Orçamentos e Especificações


Selene Augusta de Souza Barreiros

Departamento de Especificações Técnicas


Ricardo Grisolia Esteves
Equipe Técnica
Claudiney Higa
José Pedro Fonseca Guimarães
Leila Carolina Arissa Vargas (estagiária)
Lucilene Yayoi Oyamada Tachibana
Paula Neiva Neves Thomazi (estagiária)
Sara Rosa da Silva (estagiária)
Thiago Penteado Heradão (estágiário)
Thiago Phelippe Costa Rodrigues Salmeron
Wilson de Freitas

Departamento de Mobiliário
Mônica Geraes Duran
Equipe Técnica
Bianca Araújo Dias (estagiária)
Daniele Mancz
Regina Helena Cardarelli

Departamento de Orçamentos e Custos


Valeriano Marcante
Equipe Técnica
Albino Ferraz de Abreu
Dirceu Blanco Jesus (coord. de Custos)
Ivo Giolito
José Antônio Mateus (coor. de Orçamentos)
Maria Regina Senna
Rafael Rodrigues Romero
Sônia Rocha Martini
Tânia Regina Menossi

Apoio Técnico-Administrativo
Amélia Barbosa
Rodrigo Nunes Ribeiro (estagiário)
Shirley Gomes de Aquino

Coordenação
Mônica Geraes Duran
Ricardo Grisolia Esteves

Elaboração
I&T / Obra Limpa

Revisão técnica
Daniele Mancz
Regina Helena Cardarelli

Projeto gráfico e Ilustração


Paralelepípedo Serviços Gráficos Ltda

CTP, impressão e acabamento


Esdeva Indústria Gráfica S/A

Tiragem
1.500 exemplares

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