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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO MARAVILHA

Merenda escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da


Escola Primária BG nº 3383, Comuna do Dombe-Grande, município da
Baia-Farta

TRABALHO APRESENTADO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADA EM


CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO OPÇÃO ENSINO DE PSICOLOGIA

Autora: Dina Natália Chingumbinda

Benguela, 2022
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO MARAVILHA

Merenda escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da


Escola Primária BG nº 3383, Comuna do Dombe-Grande, município da
Baia-Farta

TRABALHO APRESENTADO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADA EM


CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO OPÇÃO ENSINO DE PSICOLOGIA

Autora: Dina Natália Chingumbinda

Orientador: Joaquim do Rosário Kulembe, MsC.

Benguela, 2022
DECLARAÇÃO JURADA DA AUTORA

Por meio da presente, declaro para a Comissão Científica do Instituto Superior Politécnico
Maravilha, que a monografia apresentada é da minha autoria, não contém material escrito por
outra pessoa, a não ser o referenciado devidamente no texto, parte dela ou em sua totalidade
não foi aceite para a outorga de qualquer outro diploma de uma instituição nacional ou
estrangeira.

Benguela, aos 20 de Dezembro de 2022

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Dina Natália Chingumbinda

ii
CERTIFICAÇÃO DO TUTOR

Por meio da presente, aprovo que a monografia titulada “Merenda escolar e sua influência no
rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG nº 3383, Comuna do Dombe-
Grande, município da Baia-Farta”, da autora: Dina Natália Chingumbinda, em opção ao título
de Licenciatura em Ciências da Educação na especialidade de ensino da psicologia, seja
apresentada ao acto de defesa.

Benguela, aos 20 de Dezembro de 2022

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Joaquim do Rosário Kulembe, Msc

iii
DEDICATÓRIA

Ao meu lídimo filho Niklaus, votos de boa leitura.

iv
AGRADECIMENTOS

Com elevada prioridade, agradeço a Deus Todo-Poderoso;

Aos meus pais, João Chingumbinda e Clarice Maurício, fonte do meu conforto, pela ajuda
moral, coragem e confiança transmitida até aos dias de hoje;

Ao meu amado esposo, Firmino Huambo, pelo incansável trabalho, atenção, muita
compressão e amor;

Ao estimado Tutor, Joaquim do Rosário Kulembe, pela sábia orientação transmitida durante a
elaboração do presente trabalho;

Aos meus companheiros e amigos.

A todos os colegas de caminhada curricular pelo carinho beneficiado durante a convivência


académica e todo apoio recebido;

Aos professores do Instituto Superior, pela partilha de conhecimentos configurados no


processo de ensino-aprendizagem, traduzidos no fortalecimento de competências gerais e
aperfeiçoamento da nossa personalidade.

v
RESUMO

A merenda escolar é um projecto de âmbito nacional que visa combater o insucesso escolar,
diminuir as taxas de reprovação, permitindo que as crianças em idade escolar se sintam
capazes de cumprir as suas responsabilidades escolares em condições nutricionais adequadas,
assim o nosso trabalho aborda sobre a merenda escolar e sua influência no rendimento dos
alunos da 2ª classe da Escola Primária BG nº 3383, Comuna do Dombe-Grande, município da
Baia-Farta, tema que emergiu do seguinte problema de investigação: Que influência tem a
merenda escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe da Escola Primária BG nº 3383,
Comuna do Dombe-Grande, município da Baia-Farta? Assim do ponto de vista geral
objectivamos: analisar a influência da merenda escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe
da Escola Primária BG nº 3383, Comuna do Dombe-Grande, município da Baia-Farta. No
entanto, quanto aos objectivos a pesquisa é de tipo descritiva como uma abordagem mista
(qualitativa e quantitativa), metodologicamente recorremos aos métodos de nível teóricos,
entre eles a pesquisa bibliográfica, a indução-dedução, á análise – síntese, aos métodos de
nível empíricos usamos o inquérito por questionário e o inquérito por entrevista, e ainda
recorremos ao procedimento matemático- estatístico. Os resultados apontam que a merenda
escolar tem uma influência positiva no rendimento escolar dos alunos da 2ª classe da escola
em referência, porque quando há distribuição da merenda escolar, os resultados dos alunos
são satisfatórios, já quando não há distribuição da merenda escolar, os resultados são baixos,
no entanto, é importante a implementação da merenda escolar nos alunos da 2ª classe da
referida escola.

Palavras-chave: merenda escolar; influencia; rendimento; aluno

vi
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Gostas de estudar?.....................................................................................................46

Tabela 2: Antes de ir a escola tens tomado o pequeno-almoço?..............................................47

Tabela 3: A sua escola distribui a merenda escolar?................................................................47

Tabela 4: Como consideras o seu rendimento escolar este ano?..............................................48

Tabela 5: Achas que a merenda escolar influencia no seu rendimento escolar?......................49

Tabela 6: Os seus pais te dão lanche para comeres na escola?.................................................49

Tabela 7: Como te sentes durante as aulas quando não levas lanche na escola?......................50

Tabela 8: Consideras importante a distribuição da merenda escolar?......................................51

Tabela 9: Gostas que seu filho estude?.....................................................................................52

Tabela 10: Antes de ir a escola o seu filho toma o pequeno-almoço?......................................52

Tabela 11: A escola do seu filho distribui merenda escolar?....................................................53

Tabela 12: Como considera o rendimento escolar do seu filho?..............................................53

Tabela 13: Achas que a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos alunos?.........54

Tabela 14: Costuma dar lanche ao seu filho quando vai a escola?...........................................55

Tabela 15: O seu filho vai motivado quando não leva lanche a escola?...................................55

vii
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA.........................................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS..............................................................................................................iii

RESUMO...................................................................................................................................iv

ÍNDICE DE TABELAS..............................................................................................................v

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................8

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................11

1.1. Definições de termos-chave...............................................................................................11

1.2. Caracterização do ensino primário.................................................................................11

1.3. Análise global sobre a merenda escolar.............................................................................15

1.4. A implementação da merenda escolar em Angola.............................................................16

1.4.1. Objectivos da merenda escolar e sua importância na aprendizagem dos alunos do ensino
primário.........................................................................................................................19

1.4.2. Critério de distribuição da merenda escolar....................................................................20

1.5. Merenda escolar de acordo com o Decreto Presidencial n.º 138/13 de 24 de Setembro...21

1.5.1. Tipos de Merenda Escolar de acordo com o Decreto Presidencial n.º 138/2013...........24

1.6. A merenda escolar como fonte da motivação e do bom rendimento escolar dos alunos do
ensino primário.............................................................................................................26

CAPÍTULO II: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO.......................................................32

2.1. Tipo de investigação..........................................................................................................32

2.2. Métodos, técnicas e instrumentos de recolha de dados.................................................33

2.3. Caracterização da escola....................................................................................................34

2.4. População e amostra..........................................................................................................35

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS


.......................................................................................................................................36

viii
3.1. Apresentação, análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida aos membros
da direcção....................................................................................................................36

3.2. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida aos


professores....................................................................................................................38

3.3. Apresentação e análise e interpretação dos resultados do inquérito por questionário


aplicado aos alunos.......................................................................................................39

3.4. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida aos


pais/encarregados de educação.....................................................................................42

CONCLUSÕES........................................................................................................................44

SUGESTÕES............................................................................................................................45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................46

Apêndice A: Roteiro de entrevista dirigida aos membros da direcção da Escola....................49

Apêndice B: Roteiro de entrevista dirigida aos professores.....................................................50

Apêndice C: Boletim de inquérito por questionário aplicado aos alunos.................................51

Apêndice D: Boletim de inquérito por questionário aplicado aos encarregados de educação. 52

ix
INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda o tema Merenda escolar e sua influência no rendimento dos alunos
da 2ª classe da escola primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município da Baia-
Farta. A merenda escolar é concebida com base ao Decreto Presidencial n.º 138/13 de 24 de
Setembro, pois, nos termos do referido Decreto Presidencial, a Merenda Escolar:

É um projecto de âmbito nacional que visa combater o insucesso da aprendizagem,


diminuir as taxas de retenção, permitindo que as crianças em idade escolar se sintam
capazes de cumprir as suas responsabilidades escolares em condições nutricionais
adequadas, garantindo-se assim o seu bem-estar, o seu crescimento e
desenvolvimento, (Chiquemba, 2013, p. 14).

A partir desta articulação normativa, compreende-se que a merenda escolar ou alimentação


escolar (conforme outra parte da literatura entende) constitui um elemento fundamental para
um bom rendimento dos alunos, mostrando-se nesta lógica como uma política e/ ou estratégia
importante para motivar muitos alunos a ir para escolas e a não abandoná-las, justificando
mostrando a fome como razão fundamental, principalmente, as crianças que ousamos dizer
“miseráveis” – aquelas que nas suas casas passam fome, (Basaglia, Marques & Benatti
(2015).

Como fundamentam Basaglia, Marques & Benatti (2015, p. 128), que a merenda escolar “é
um elemento motivador da frequência na escola, pois por falta de alimentação em casa, uma
boa parte dos alunos frequenta o ensino público em busca de saciar a fome através da
merenda”, até porque, para muitas crianças, “a merenda representa a única refeição diária”.

É importante sublinhar que, o programa de merenda escolar é de âmbito nacional e dele se


beneficiam os alunos matriculados em escolas públicas do Ensino Primário e, também aqueles
de escolas privadas em regime de comparticipação, não abrangendo aos estudantes do
Subsistema de Adultos, (Decreto 138/13).

O programa tem como um dos objectivos contribuir para a formação de hábitos alimentares
saudáveis, e como um dos princípios, o tratamento preferencial aos alimentos produzidos
localmente (Angola, 2013).

Com base nos referidos fundamentos, “os programas de alimentação escolar não somente
assistem ao desenvolvimento biopsicossocial da criança, reduzindo a evasão escolar e

10
privilegiando o aprendizado, como também, auxilia na formação de hábitos alimentares
saudáveis e promoção do desenvolvimento social” (Martins & Ferreira (s/d), p. 11).

Embora com os fundamentos acima invocados, Samuel (2011) citado por A. Costa & A.
Barreto (2011, p. 107) sublinha que, em Angola, “apesar dos inúmeros progressos alcançados
no sector educativo, a situação das crianças angolanas ainda é preocupante, sobretudo do
ponto de vista económico, a julgar pela íntima relação entre o nível de pobreza e de
escolaridade das crianças e as taxas de abandono e repetência das crianças em idade escolar”.

O tema escolhido justifica-se pelo facto de, a merenda escolar configurar-se num importante
papel para o bom rendimento escolar dos alunos e, olhando pela escola escolhida, a merenda
escolar já não se constata actualmente. Assim, estamos precisamente a falar dos alunos da 2.ª
classe da escola em questão, crianças que, tendo fome, não prestam atenção naquilo que o
professor estiver a transmitir, até porque muitas delas acabam chorando, ficando inquietas
pedem para sair e outras choram mesmo fome diante do professor.

O tema é bastante pertinente, actual e actuante, pois trará contributos de vários autores de
nível académico-social, com a possibilidade de os estudantes, professores, investigadores e
políticos, aprofundarem sobre o assunto e trazerem explicações sobre a ausência da merenda
escolar na escola em questão, lembrando que o programa merenda escolar é de âmbito
Nacional. É mais um desafio, apesar da carência bibliográfica a nível local.

Com base ao acima exposto, constitui problema de investigação o seguinte:

 Que influencia tem a merenda escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe da


Escola Primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município da Baia-
Farta?

Assim, o objecto de investigação recai sobre o processo de ensino-aprendizagem e, o campo


de acção, para merenda escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da
Escola Primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município da Baia-Farta, porém
todo trabalho tem sempre objectivos, assim para direcionarmos o nosso trabalho formulamos
os seguintes objectivos:

Geral:

 Analisar a influência da merenda escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe da


Escola Primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município da Baia-Farta.

11
Específicos:

 Apresentar os fundamentos teóricos que abordam sobre a merenda escolar e sua


influência no rendimento escolar dos alunos;

 Caracterizar a influência da merenda escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe


da Escola Primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município da Baia-
Farta;

 Sugerir acções educativas que visam demonstrar a importância da merenda escolar


no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG nº 3383, comuna do
Dombe-Grande, município da Baia-Farta.

Em função das linhas orientadoras da investigação levantou-se as seguintes perguntas


científicas:

 Que fundamentos teóricos abordam sobre a merenda escolar e sua influência no


rendimento escolar dos alunos?

 Como se caracteriza a influencia da merenda escolar no rendimento dos alunos da


2ª classe da Escola Primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município da
Baia-Farta?

 Que acções educativas visam demonstrar a importância da merenda escolar no


rendimento dos alunos da 2ª classe da Escola Primária BG nº 3383, comuna do
Dombe-Grande, município da Baia-Farta?

No entanto, o nosso trabalho está estruturado da seguinte forma: no capítulo # I-


Fundamentação teórica, reservado para a revisão bibliográfica, com ideias de autores que se
dedicam ao estudo de questões relacionadas ao papel da memorização como factor
determinante na aprendizagem dos alunos, no capítulo # II- Metodologia, consiste em
apresentar fundamentalmente todo o embasamento metodológico de investigação científica
que darão sustento ao nosso trabalho, já no capítulo # III- Este , destina-se no tratamento,
apresentação, análise e interpretação dos dados estatísticos. No final deste trabalho,
apresentam-se as conclusões, sugestões, bibliografia, e um corpo de apêndices.

12
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

13
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo faz referência a fundamentação teórica relativamente a merenda escolar e sua
influencia no rendimento escolar dos alunos, espelhando os aspectos mais relevantes com
vista a melhor compreensão do tema em estudo. Para melhor compreensão deste trabalho de
investigação consideramos importante definir alguns termos e conceitos que entendemos
serem fundamentais.

Definições de termos-chave

Merenda escolar: “o suplemento alimentar e nutricional distribuído gratuitamente a todas as


escolas do ensino primário público e privadas em regime de comparticipação, durante as
actividades curriculares e extracurriculares” (Angola, Lei 138/2013, artigo 2.º).

Entendemos que a merenda escolar é uma refeição que é feita na escola no intervalo durante
as aulas que visa estimular a frequência dos alunos a escola.

Influência: Para Doron e Parot (2001, p. 15) fala-se de “influência quando um sujeito crê
estar submetido a uma força interna ou externa que dirige os seus pensamentos, moldura os
seus sentimentos e comanda os seus actos ou comportamentos”.

Em nosso pensar, influência é a capacidade que um indivíduo tem de impactar sobre um


outro.

Rendimento escolar: segundo Santos e Almeida, (2001, p. 205) diz respeito ao resultado das
competências académicas dos alunos quando avaliados em diferentes campos
da aprendizagem”, bem como pode ser “verificado com maior ou menor capacidade para
aprender e depende de diferentes tópicos, como o da inteligência, que se mostra como sendo
um dos mais importantes.

Na nossa perspectiva, o rendimento escolar é uma medida das capacidades do aluno, que
expressa o que este tem aprendido ao longo do processo formativo ou, em responder aos
estímulos educativos.

Aluno: Segundo Pacheco (2001, p. 45) “é o indivíduo que recebe instruções ou ensinamentos
de um ou vários mestres com fim de construir-se.”

Entendemos que é a pessoa que aprende algo sob orientação de um ou mais professores, numa
formação.

14
1.1. Caracterização do ensino primário

O ensino primário é o fundamento do ensino geral constituindo a sua conclusão com sucesso,
condição indispensável para a frequência do ensino secundário. O ensino primário tem
duração de 6 (seis) anos e têm acesso ao mesmo, as crianças que completam 6 (seis) anos de
idade até 31 de Maio do ano da matrícula, (artigo 27.º da Lei n.º 17/16).

O ensino primário reveste uma modalidade consagrada nos termos do artigo 27.º da Lei n.º
32/20 de 12 de Agosto, Lei que altera a Lei n.º 17/16 de 7 de Outubro – Lei de bases do
sistema de educação e ensino, sendo que nos termos do n.º 3 do referido artigo, o ensino
primário é feito nas seguintes condições:

a) Da 1.ª à 4.ª classe, em regime de monodocência;

b) Da 5.ª à 6.ª classe, nos termos regulamentares em diploma próprio.

O ensino primário é um nível de ensino obrigatório na escola pública, unitário, com duração
de 6 (seis) anos, compreendendo as classes da 1.ª à 6.ª classes, cujo objectivo é a formação
básica do cidadão.

A gratuitidade no sistema de educação e ensino neste nível traduz-se na isenção de qualquer


pagamento pela inscrição, na assistência às aulas, no material escolar e no apoio social, onde
se inclui a merenda para todos os indivíduos que frequentam o ensino primário nas
Instituições Públicas de Ensino (artigo 11.º).

Quanto à obrigatoriedade, a Educação traduz-se no dever do Estado, da sociedade, das


famílias e das empresas, de assegurar e promover o acesso e a frequência ao Sistema de
Educação e Ensino a todos os indivíduos em idade escolar.

O ensino primário tem como função social baseada nos seguintes aspectos (INIDE/MED,
2019, p. 29):

Proporcionar conhecimentos necessários com a qualidade requerida;


Desenvolver capacidades e aptidões;
Consciencializar para a aquisição de valores para a vida social e para o
prosseguimento de estudos.

O carácter da função social do Ensino Primário impõe o prosseguimento de metas mais


exigentes de desenvolvimento, tendo em vista a realidade sociocultural dos alunos.

15
Para o Ensino Primário, definiu-se um conjunto de dez disciplinas consideradas fundamentais
para o desenvolvimento harmonioso e multifacetado das crianças, distribuídas em função do
nível de escolaridade e que de seguida apresentamos:

Horário semanal
Disciplinas
1.ª 2.ª 3.ª Classe 4.ª Classe 5.ª Classe 6.ª Classe
Classe Classe
Língua Portuguesa 9 9 9 9 8 8
Matemática 7 7 7 7 6 6
Estudo do Meio 3 3 3 3 - -
Ciências da Natureza - - - - 4 4
História - - - - 2 2
Geografia - - - - 2 2
Ed. Moral e Cívica. - - - - 2 2
Ed. Manual Plástica 2 2 2 2 2 2
Ed. Musical 1 1 1 1 1 1
Ed. Física 2 2 2 2 2 2
Fonte: elaboração própria com base ao INIDE e MED, (2019, p. 33).

Os principais objectivos específicos estão consagrados nos termos do artigo 29.º da Lei n.º
32/20 de 12 de Agosto, tais como:

- Desenvolver a capacidade de aprendizagem, tendo como meios básicos o domínio da leitura,


da escrita e do cálculo;

- Desenvolver e aperfeiçoar o domínio da comunicação e da expressão oral e escrita;

- Aperfeiçoar hábitos, habilidades, capacidades e atitudes tendentes à socialização;

- Proporcionar conhecimentos e oportunidades para o desenvolvimento das faculdades


mentais;

- Estimular o desenvolvimento de capacidades, habilidades e valores patrióticos, laborais,


artísticos, cívicos, culturais, morais, éticos, estáticos e físicos;

- Garantir a prática sistemática de expressão motora e de actividades desportivas para o


aperfeiçoamento das habilidades psicomotoras.

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Os objectivos já referidos permitem, depois de ampliadas as suas dimensões complementares,
o perfil de saída dos alunos deste ciclo com os pontos que se seguem (INIDE/MED, 2019, p.
30):

 Conhece e aplica instrumentos básicos de comunicação e expressão oral e escrita;


 Revela ter adquirido conhecimentos e desenvolvido capacidades de trabalho, pesquisa,
organização, estudo, memorização e raciocínio adequadas às tarefas;
 Conhece o meio natural e social que o circunda;
 Conhece o corpo nas suas funções e a importância da higiene e da conservação da
saúde.
 Aplica técnicas de trabalho (estudo, pesquisa, memorização e raciocínio) às novas
situações;
 Manifesta o espírito estético com base nas novas destrezas, conhecimentos e
competências adquiridas (física, técnica e de criação artística).
 Demonstra atitudes correctas de regras e normas de conduta;
 Revela atitudes de apreço e respeito pela realidade cultural angolana;
 Revela atitudes de respeito pelo meio-ambiente, pela saúde e pela higiene.

De acordo com o INIDE (2003), o grupo alvo a que se destina o ensino primário em Angola é
constituído por aquelas crianças que completem 6 anos até ao dia 31 de Maio do ano da
matrícula. Considera-se que o seu desenvolvimento intelectual ocorre na confluência de duas
dimensões: a dimensão sócio-afectiva e a dimensão intelectual.

Do ponto de vista sócio emocional – o aluno organiza-se em função da sua escala de valores.
Inicia a sua socialização para a entrada no mundo dos adultos, com aprendizagem de
habilidades que lhe serão úteis no futuro. Um aspecto importante da socialização desta etapa é
o desenvolvimento da cooperação. No entanto, a competição aparece como um impulso
intenso. Ao competir, a criança pode descobrir capacidades que, de outra forma, não teria
percebido. A cooperação leva acriança a abandonar o egocentrismo e a buscar o diálogo e o
respeito a regras estabelecidas (idem).

Do ponto de vista intelectual, o aluno desenvolve sistemas logicamente organizados, entre os


quais, a classificação e a seriação. A criança nesta fase domina os conceitos de distância, de
tempo, de classes, de relações e de número (idem). Finamente é preciso enfatizar que “neste
período a criança já possui grande parte das habilidades dos adultos, algumas das quais

17
bastante especializadas. No entanto, o seu desenvolvimento, de maneira geral, é mais lento e
uniforme quando comparado àquele das etapas anterior e superior” (INIDE, 2003, p. 7).

Nesta ordem de ideias, urge os professores, no seu âmbito e competências, desenvolverem em


sala de aulas processos coerentes e conducentes aos quesitos supra aludidos e assim ajudar a
desenvolver essas duas grandes dimensões da vida do aluno. Se as escolas de formação dos
professores não acautelaram esses pressupostos basilares para o desenvolvimento integral das
crianças, para além da qualidade da acção educativa ficar condicionada, os indivíduos não
terão uma inserção social airosa.

Em suma, o aprendiz precisa da informação, do apoio, do incentivo e dos desafios


proporcionados pelo professor ou pelo especialista na matéria em questão. Para despertar e
estimular no aluno o hábito da leitura e escrita, de fazer cálculos através da disciplina de
matemática e a dominar as tecnologias, a fim de despertar na criança a curiosidade, o prazer e
o interesse pela aprendizagem permitindo o desenvolvimento das competências e habilidades
(Rubin & Dalva, 2010).

1.2. Análise global sobre a merenda escolar

O direito à Educação é fundamental, principalmente quando se refere ao Ensino Primário, por


ser uma etapa na qual a criança tem a oportunidade de aprender a ler e escrever
correctamente, num ambiente apropriado e com profissionais adequados. É nesta fase inicial,
no seu primeiro contacto com a educação formal, que se pode desenvolver muitas habilidades
na criança, incluindo a socialização, contribuindo para o seu sucesso escolar e académico,
incluindo a sua formação como indivíduo e cidadão (Chiquemba, 2021).

A situação de má nutrição e de abandono escolar das crianças em Angola continua a


representar uma dificuldade relevante que em nada contribui para uma aprendizagem eficiente
na aula, nem consequentemente, para a criação massiva de saberes e competências. Estas
razões fizeram com que fossem criadas pelo governo de Angola políticas viradas as escolas
públicas e comparticipadas. Dentre essas políticas, destaca-se o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PAE), denominada Merenda Escolar, o qual possui o objectivo de
fornecer alimentação adequada aos alunos, durante sua permanência em sala de aula,
contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a melhoria da aprendizagem, o
rendimento escolar, diminuir o índice de desnutrição, reprovação e desistência (Catarina,
2021).

18
Neste sentido, de acordo com o relatório de diagnóstico da Fundação Nacional de
Desenvolvimento da Educação o programa de alimentação escolar de Angola, o governo
procurou garantir recursos financeiros para aquisição da merenda escolar, […] o montante de
trinta e cinco milhões de dólares, distribuídos de acordo com uma previsão de atendimento
baseado em números de alunos em conformidade com o projecto de Resolução de 2006, […]”
(Muvuma, 2021, p. 16).

A Merenda Escolar teve a sua origem em Nova Iorque em 1908, e representou um


esforço para suplementar a dieta de crianças subnutridas. Era oferecida uma merenda
quente, às 12h, para as crianças pobres. Estudos realizados em 1917 estimaram que
21% das crianças das escolas da cidade de Nova York sofriam de subnutrição. Em
1935, a Corporação Federal das Mercadorias Excedentes aproveitou a existência do
programa de merenda escolar para reduzir os excedentes agrícolas. Ao fim de 1938, 45
Estados norte-americanos participavam do programa de distribuição da merenda
escola, (Muvuma, 2021, p. 13).

1.3. A implementação da merenda escolar em Angola

“Angola viveu vários anos de guerra civil que consequentemente afectaram a economia do
país bem como seu desenvolvimento nas várias áreas, existindo assim um elevado grau de
pobreza” (Samuel, 2011, cit. Tuliende, 2018, p. 35). Por muitos anos e em diversas
localidades do país, constata-se por diversos meios informativos, problemas relacionados ao
fenómeno «abandono escolar», tendo como causa a «fome», ou seja, crianças cujas famílias
passam por necessidades económicas, famílias que não conseguem dar aos filhos, um
pequeno-almoço antes de irem à escola. Esta tem sido uma realidade fática de angola.

Atendendo o acima exposto, que por maior de razão influencia nos fenómenos abandono
escolar, dificuldades de aprendizagem e repetências por parte dos alunos, “o Governo adoptou
o Programa de Merenda Escolar como estratégia para melhoria do estado nutricional e de
saúde das crianças, e também para o aumento do rendimento escolar […]” (Angola, 2016, cit.
Tuliende, 2018, p. 35).

Com a implementação deste programa pretendia-se, numa primeira fase, abranger as


crianças em idade escolar (4-5 aos 12-15 anos) que frequentam o primeiro nível do
ensino público, por serem as mais vulneráveis à má nutrição e porque este nível
representa 76% dos efectivos escolares (Samuel, 2011, p. 149).

19
O projecto da merenda escolar, teve seu início em 1990, mediante a assinatura de um acordo
com o Ministério da Educação. Este acordo previa o estabelecimento de um programa piloto
de nutrição na capital do País, que ocasionou um aumento significativo de matrículas, do
rendimento escolar e diminuição na taxa de desistência dos alunos (Samuel, 2011). O projecto
da merenda escolar, possui uma gestão descentralizada e foi então estendido para as demais
províncias de Angola em 2006” (Samuel, 2011, cit. Tuliende, 2018, p. 36).

Neste sentido, Samuel (2011), sublinha que o acordo Piloto celebrado em 1990, resultou da
“situação nutricional da criança angolana escolarizada das zonas peri-urbanas e rurais, fruto
da guerra, tendo nestes termos, o Programa Piloto de Nutrição integrado 1600 crianças, sendo
200 da Escola da Paz no km 9 de Viana e 1400 da Escola Especial da província de Luanda”
(p. 148).

Segundo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2007) o programa da


merenda escolar apoiado pelo Programa Mundial de Alimentação (PMA) começou em 1999 e
estendeu-se até 2007, conforme acordo operacional do programa de merenda escolar para o
ensino primário, firmado entre o Ministério de Educação e Cultural do Governo de Angola e o
Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, que definiu o tipo de colaboração e
responsabilidade das duas partes na implementação do programa de merenda escolar para o
ensino primário do país (Muvuma, 2021, p. 14).

Em 2000 foi assinada a Adenda 2000 entre o Ministério da Educação e o programa da


merenda escolar, que previa a introdução da província de Malange, que contemplava de 28 a
89 alunos. O impacto mostrou um aumento significativo de matrículas, rendimento escolar e
uma baixa na taxa de desistência. No ano 2006 o atendimento alargou-se para as dezoito
províncias do país. Só para dar um exemplo, o número de alunos assistidos pelo Programa de
Merenda Escolar em 2007 pelo PAM foi de 410.000 alunos, e pelo Governo foi de 590.000,
pago com uma verba unicamente respeitante à execução directa do governo de Angola,
calculada em 35.046.000 dólares americanos (Samuel, 2011, p. 150).

“No ano de 2008, o PAM reduziu sua assistência a oito províncias, e o Governo assistiu todas
as províncias, num total de 1.080.000 crianças, com uma verba de execução directa do
Governo num montante de 61.182.000 dólares americanos” (idem).

No plano de Acção elaborado pelo Governo Central para os anos de 2006 a 2008, as crianças
abrangidas pelo PAM são de 4 a 15 anos de idade que frequentam o primeiro nível de ensino,

20
totalizando o atendimento cerca de 470.000 alunos de 8 províncias (Muvuma, 2021). Segundo
dados da FNDE (2007) o PAM atendeu até o término de 2007 a apenas duas Províncias Bié e
Huambo, devido à decisão de retirada, motivada pela incapacidade de Angola poder assumir o
Programa de Merenda escolar (Muvuma, 2021, p. 15).

Apesar de a merenda escolar reflectir objectivamente às crianças com idades de 4 e 15 anos,


as que frequentam o ensino primário, o programa não definiu com exactidão o tipo de
alimentos a ser distribuídos nas escolas, porém, maioritariamente, verifica-se com frequência,
podendo variar de escolas e fornecedoras, a distribuição de “biscoitos, sucos de caixinha, pão,
iogurte e leite” (ANGOLA, 2016, cit. Tuliende, 2018, p. 36). Assim, na escola que incidiu o
nosso estudo, por exemplo, dava-se, numa primeira vista “um pão com ovo”, em seguida,
sensivelmente, até entre os anos de 2008 e 2009, dava-se como “papa de soja”.

Assim, de acordo com Samuel (2011, p. 150),

nos últimos anos, a situação da sua implementação é crítica, porque muitos dos
produtos distribuídos não obedecem aos padrões recomendados pela Organização
Mundial da Saúde. As condições de armazenamento e conservação não são as mais
adequadas e alguns produtos expirados são consumidos pelas crianças, como iogurtes,
leite e sumos.

1.3.1. Objectivos da merenda escolar e sua importância na aprendizagem dos alunos do


ensino primário

Os objectivos imediatos assumidos pelo PAM para o programa de merenda escolar foram
(Muvuma, 2021, p. 14):

 Aumentar as taxas de matrículas e da permanência dos alunos em sala de aulas,


 Melhorar as capacidades de concentração e de assimilação das crianças através do
alívio da fome;
 Reduzir a prevalência das deficiências de micronutrientes, por meio da distribuição
de alimentos fortificados.

O Programa da Merenda Escolar visa não só combater o insucesso escolar, como também
melhorar o estado nutricional das crianças. Neste sentido, em 2016, o UNICEF alertava que
“a falta de um orçamento claro para as escolas primárias cria um fosso no ensino que se torna
ainda mais exacerbado com a falta de um corpo docente e de pessoal administrativo
qualificado” (UNICEF, 2016, p. 28).
21
A merenda escolar flui de capital importância na aprendizagem dos alunos, isto é, na inserção,
retenção e sucesso escolar. Esta importância é justificada por Samuel (2011) e Menezes
(2010), a implementação do Programa Merenda Escolar garante um nível de aproveitamento
dos alunos estável e evita as desistências e abandonos escolares. Assim, “estudos realizados
em Angola demonstraram aumento significativo de matrículas, rendimento escolar e uma
baixa na taxa de desistência” (Triches, Schneider & Simões, 2013, p. 64).

Neste sentido a literatura aponta a implementação do programa:

como estratégia de segurança alimentar (aprovada pelo próprio governo Angolano), a


necessidade de dar continuidade ao programa de merenda escolar e também
complementar com outros programas, envolvendo os agentes educativos municipais e
comunais na utilização dos recursos da terra para a produção de géneros alimentícios
regionais, no sentido de adequar os alimentos aos hábitos alimentares das populações
respectivas (idem).

A finalidade do programa da merenda escolar, consiste em contribuir para o crescimento e o


desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de
práticas alimentares saudáveis dos alunos. “Essa contribuição consiste em acções de educação
alimentar e nutricionais e da oferta de refeições que cubram as necessidades nutricionais,
durante o período lectivo” (Brasil, 2009, cit., p. 34).

A merenda é um suplemento de alimentação concedido aos alunos do ensino primário na


forma de refeição ou de lanche. Pretende-se que a merenda tenha uma composição equilibrada
e forneça um terço das necessidades energéticas diárias. O regulamento da merenda escolar
necessita de ser revisto para assegurar a sua coerência relativamente à nova Lei de Bases da
Educação, a qual define que a merenda escolar deve ser distribuída apenas nas escolas
primárias públicas (UNICEF, 2018).

1.3.2. Critério de distribuição da merenda escolar

A distribuição da merenda escolar, no entanto, não se limitou apenas aos países acima
mencionados, deu seguimento também em outros países como é o caso de Angola visto que
muitas crianças de escolas públicas e comparticipadas passaram a beneficiar da ajuda de
muitas ONGs e do próprio Governo de Angolano
(https://journals.openedition.org/mulemba/2037,2015).

22
Como critério de selecção das escolas o PAM levou em consideração aspectos
estruturantes como: existência de água potável, cozinha, refectório, armazém e casas
de banho; e organizacional, como é o caso da formação do programa do comité de
monitoramento, formada pelo Director da escola, um líder comunitário e por um
representante da comissão de país (Muvuma, 2021, p. 15).

Em Angola, a Merenda Escolar é coordenada pela Direcção Nacional para a Acção Social
Escolar, Órgão do Ministério da Educação a quem compete a execução administrativa do
Programa de Merenda Escolar, que tem, entre várias competências, estabelecer a política que
rege o Programa de Merenda Escolar, normas e regulamentos (Samuel, 2011, p. 148).

Quanto à distribuição de género alimentício o PAM trabalhou em Angola com 6 itens


fortificados arroz, farinha de soja (CSB), carne bovina ao molho (produto enlatado), óleo
vegetal, açúcar e sal. Esses géneros permitiram às escolas a confecção de dois pratos básicos,
papa de soja ou milho e arroz com carne, servido no início e término das aulas. Nas duas
primeiras escolas visitadas pelo PAM em Bié, constatou-se a ausência de carne, sendo servido
aos alunos somente arroz cozido (Muvuma, 2021, p. 16).

De acordo com Samuel (idem, p. 149), como acima já referenciamos, a composição da


merenda obedece aos seguintes princípios: “idade dos alunos; quantidade de comida e
momento de a administrar e hábitos alimentares predominantes na região”. É por isso que em
Angola, a merenda é distribuída de acordo com a realidade de cada província. Assim, apesar
de a merenda escolar visar diminuir as diferenças no acesso à instrução entre o meio rural e o
meio urbano e contribuir para melhoria da assistência à escola nas áreas mais afectadas pela
pobreza, de acordo com Samuel (2011), “tendo em conta a complexa situação económica e
financeira mundial, o país não está em condições de fazer a cobertura total de todas as
crianças em condições de vulnerabilidade nutricional nas escolas do ensino primário […]”, (p.
149).

Neste sentido, a distribuição obedece o critério das necessidades e vulnerabilidades “o PME


prioriza as escolas localizadas nas zonas rurais bem como as zonas de maior vulnerabilidade
em que as crianças precisam percorrer longas distancias para ter acesso à escola” (ANGOLA,
2016, cit. Tuliende, 2018, p. 36). Segundo Samuel (2011, p. 149), a prioridade de escolha das
escolas a serem objecto de assistência ou alvo do Programa de Merenda é apoiada numa base
geográfica e tendo em conta os seguintes objectivos: áreas mais vulneráveis e de maior

23
incidência de insegurança alimentar; rurais; difícil acesso, que obrigue as crianças a andar
vários quilómetros para chegarem à escola.

1.4. Merenda escolar de acordo com o Decreto Presidencial n.º 138/13 de


24 de Setembro

O Decreto Presidencial n.º 138/13 de 24 de Setembro de 2013, considerando que o Programa


da Merenda Escolar é um projecto de âmbito nacional que visa combater o insucesso da
aprendizagem, diminuir as taxas de retenção, permitindo que as crianças em idade escolar se
sintam capazes de cumprir as suas responsabilidades escolares em condições nutricionais
adequadas, garantindo-se assim o seu bem-estar, o seu crescimento e desenvolvimento. O
referido diploma legal é de extrema importância pois reflecte a estrutura e funcionamento do
sistema de merenda escolar no Ensino Primário em Angola.

O presente diploma estabelece as normas sobre a preparação, atribuição e fiscalização da


merenda escolar e define as responsabilidades dos órgãos do Estado e das Comissões de Pais
e Encarregados de Educação, na implementação do Programa de Merenda Escolar,
(ANGOLA, Decreto 138/2013, artigo 1.º). Desta forma, para que se tenha maior
entendimento do mesmo decreto é necessário que se definam alguns conceitos que são
empregados na descrição do referido texto legal. Assim, no artigo 2.º apresentada algumas
definições:

 Alimentos construtores: as proteínas que constroem e reparam os tecidos e órgãos


e aumentam a resistência do organismo contra infecções;

 Alimentos reguladores: as vitaminas que defendem o organismo de infecções e


actuam em vários processos do corpo humano, assim como os minerais que
regulam as funções das células;

 Alimentos energéticos: os hidratos de carbono que fornecem energia para


realização das actividades do dia-a-dia e os lípidos que fornecem energia e servem
para transportar algumas vitaminas para o corpo humano;

 Merenda escolar: o suplemento alimentar e nutricional distribuído gratuitamente a


todas as escolas do ensino primário público e privadas em regime de
comparticipação, durante as actividades curriculares e extracurriculares.

24
 Cantinas escolares: as dependências dentro do estabelecimento de ensino
destinadas a prestação de alimentos aos alunos;

 Refeitórios escolares: os espaços destinados à confecção e atribuição da


alimentação de acordo as necessidades alimentares de toda a comunidade que a ele
tem acesso;

 Cozinhas comunitárias: as estruturas modestas instaladas nas comunidades rurais


geridas por um comité de professores, pais e encarregados de educação.
(ANGOLA, Decreto 138/2013, artigo 2.º).

Pode-se constatar diante do acima descrito grande responsabilidade e preocupação por parte
do governo angolano, pois o referido decreto reflecte a intenção de “reduzir o insucesso
escolar, diminuir as taxas de retenção e evasão escolar e, assim contribuir para o bem-estar,
crescimento e desenvolvimento do aluno do ensino primário” (Chiquemba, 2021, p. 16). De
realçar que do PME beneficiam os alunos das escolas públicas do Ensino Primário e das
escolas privadas em regime de comparticipação, porém, o programa não se aplica aos alunos
do Subsistema de Adultos, conforme previsto no artigo 3.º do Decreto 138/2013.

O governo angolano na base da preocupação com o sucesso dos alunos no Ensino Primário
aprovou a Lei 138/2013, que estabeleceu um conjunto de objectivos sobre o Programa de
Merenda Escolar, os quais são citados no artigo 4.º, tais como:

 Estimular a capacidade de apreensão de conhecimentos das crianças;

 Favorecer a formação e desenvolvimento equilibrado de todas as potencialidades


das crianças;

 Prevenir situações de insucesso e de abandono escolar;

 Suplementar as necessidades nutricionais dos alunos;

 Contribuir para a formação de hábitos alimentares saudáveis;

 Promover a assiduidade e o efectivo cumprimento da escolaridade.

Neste sentido, o artigo 5.º da Lei 138/2013 estabelece os princípios que norteia o a
distribuição de alimentos aos alunos com base no programa merenda escolar, nomeadamente:
“Igualdade; respeito pelas diferenças biológicas das crianças; respeito pela idade do aluno;
Atenção especial aos alunos que necessitam de alimentação; tratamento preferencial aos

25
alimentos produzidos localmente.” (ANGOLA, Lei 138/2013, art.5.º). No mesmo sentido
afirma Muvuma (2021, p. 25) que “para atribuição da merenda escolar deve-se levar em
consideração os seguintes princípios: igualdade e respeito pelas diferenças biológicas das
crianças”.

1.4.1. Tipos de Merenda Escolar de acordo com o Decreto Presidencial n.º 138/2013

O artigo 6.º do regulamento apresenta dois tipos de merenda escolar a atribuir, que são: “Um
lanche constituído por uma ração seca. Uma refeição húmida ou semi-líquida, confeccionada
em cantinas escolares ou em cozinhas comunitárias”. Ainda no mesmo artigo é estabelecido o
seguinte:

 A merenda escolar deve incluir preferencialmente alimentos produzidos nas


localidades onde é atribuída, normalmente, milho, ginguba, mandioca, bombó,
inhame, banana, pão, cikwanga, abacate e outros frutos locais, devendo cumprir
com as normas de suplementação e nutrição alimentar.

 A refeição húmida deve incluir os nutrientes dos três grupos alimentares,


designadamente os alimentos construtores, reguladores e energéticos;

 A merenda escolar também pode ser fornecida por fábricas regionais a serem
instalados para o efeito (Angola, Lei 138/2013, artigo 6.º).

Com a tipificação da merenda escolar é considerável que se pode contribuir para o


desenvolvimento socioeconómico da localidade onde se fornece a merenda escolar, por outro
lado valoriza-se o trabalho dos camponeses, visto que, com as condições criadas e com a
produção local suficiente, os valores alocados para o programa da merenda escolar ficam
mesmo na devida localidade. Tal facto concorre ainda para facilitar a adaptação alimentar por
parte dos alunos, que não verão produtos estranhos no momento da alimentação enquanto se
tratar da merenda escolar (Chiquemba, 2021, p. 18).

De acordo com Silveira (2015, p.18):

Além da família, a escola exerce papel relevante na vida infantil para a formação de
hábitos saudáveis. É no ambiente escolar que ela vai entrar em contacto, pela primeira
vez, com alimentos fora do lar. Nesse novo espaço, a criança recebe forte influência
do ambiente: da lanchonete, com as guloseimas atraentes, dos colegas e dos
professores, que são vistos pelas crianças como modelos.

26
Por isso, é importante que a família e a escola entrem em sintonia para fornecer aos escolares
cardápios nutritivos que apresentem semelhanças. O intuito é a melhoria do rendimento
escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis, que tenham influência, em curto,
médio e longo prazo, sobre a saúde da criança. Espera-se, com isso, que a criança atinja o
desenvolvimento esperado e que seja efectiva a prevenção de doenças crónicas, como
diabetes, obesidade e doenças cardíacas.

Para Maria Silveira (2015) a faixa etária escolar, principalmente, entre os sete e nove anos de
idade é um dos períodos mais críticos para o desenvolvimento da obesidade infantil, devido a
um conjunto de motivos que serão citados em seguida:

 Nessa fase, há aumento do apetite e na escola tem a oportunidade de experimentar


uma alimentação mais diversificada, consumindo alimentos que, até então, não
faziam parte de seu cardápio.
 Torna-se muito grande a escolha por parte das crianças de alimentos muito
calóricos e de fácil acesso, tais como (salgadinhos, frituras, refrigerantes, doces
etc.) e, em contrapartida, a rejeição por alimentos naturais como frutas e legumes.
 Sabe-se que é difícil para os pais e educadores, nessa fase, o controle de ingestão
de alimentos calóricos. O aluno, no ambiente escolar, recebe influência do grupo,
começa a ter apreço por sua independência e já usufrui de maior autonomia para
escolher o que prefere comer.
 Também devido à influência da nova era digital, aumenta-se o risco das
actividades físicas serem substituídas cada vez mais pelo sedentarismo, que é um
outro factor que concorre para a obesidade.

Apela-se, portanto, para os dois lados: tantos os pais e encarregados de educação, através da
instituição escolar que façam tudo para que haja boa coordenação para um melhor controlo
das crianças do ensino primário no que refere a dieta alimentar, especialmente estimulando a
prática de actividades físicas, que representa um grande interferente na saúde das mesmas
(Chiquemba, 2021, p. 19).

Nesta ordem de pensamento, faz-se presente novamente a Lei 138/2013, no seu artigo 7.º,
discorrendo sobre componentes da merenda escolar, com o seguinte:

Sempre que possível as componentes do Programa da Merda Escolar devem ser


orientadas por pessoal da saúde capacitado na área de nutrição, tendo em especial

27
atenção os hábitos alimentares de cada localidade, a sua vocação agrícola e as
necessidades nutricionais das crianças.

Na elaboração das componentes da merenda escolar deve-se ter em conta o seguinte:


fornecimento de 1,3 das calorias necessárias diariamente isto é 700 Kcal dia conforme
recomendado pela Organização Mundial da Saúde; O fornecimento de carboidratos proteínas
gorduras e micronutrientes (minerais e vitaminas); as regras de boa higiene alimentar devem
ser rigorosamente observadas ao longo de toda cadeia de distribuição alimentar de modo a
garantir a oferta de refeição segura; tratando-se de refeição húmida devem redobrar os
cuidados de higiene alimentar. (Angola, Lei 138/2013, artigo 7.º).

A Merenda escolar de acordo com a Lei 138/2013, no seu artigo 8.º, estabelece a prioridade,
afirmando o seguinte:

 Os alunos beneficiários usufruem da merenda escolar diariamente e de forma


gratuita;

 A merenda escolar é fornecida diariamente, durante o intervalo maior de cada


período lectivo e depois das actividades lectivas;

 A execução do Programa de Merenda Escolar decorre ao longo do ano lectivo,


sendo suspenso durante as pausas pedagógicas e as férias;

 A merenda escolar pode ser distribuída mais do que uma vez. (Angola, Lei 138/
2013, artigo 8.º).

A merenda escolar é distribuída gratuitamente aos alunos do Ensino Primário nas cantinas das
escolas públicas e privadas em regime de comparticipação, dependendo das condições dos
estabelecimentos de Ensino e das necessidades nutricionais dos alunos as Administrações
Municipais podem criar refeitórios e cozinhas comunitárias para a distribuição da merenda
escolar (Angola, Lei 138/2013, artigo 9.º).

1.5. A merenda escolar como fonte da motivação e do bom rendimento


escolar dos alunos do ensino primário

A motivação "deve ser entendida como um meio para alcançar o sucesso escolar, e para
cumprir tal premissa o aluno deve sentir em casa e na escola um ambiente favorável ao seu
interesse pessoal" (Simão, 2005, p. 10). É nesta vertente que o professor e a escola encontram
uma tarefa árdua em desenvolver no aluno primeiramente a motivação e depois a
28
aprendizagem. A motivação é uma dimensão fundamental, que deverá estar, associada ao
processo de ensino e aprendizagem, o que significa que a aprendizagem dos alunos,
principalmente os do ensino primário, deverá ser acompanhada com a motivação.

O rendimento deve reflectir “tanto a aquisição de conhecimentos e informações decorrentes


dos conteúdos curriculares quanto às habilidades, interesses, atitudes, hábitos de estudo e
ajustamento pessoal e social” (Haydt, 1997, p. 10). Dessa forma, mais que notas e conceitos
expressos pelo professor, o rendimento escolar, realizado à base de um sistema de valores,
critérios e indicadores, pode referir-se a uma mudança de comportamento e,
consequentemente, à aprendizagem de um indivíduo ou de uma colectividade (Mascarenhas,
Parreira e Silva, 2015).

O rendimento escolar refere-se à avaliação do conhecimento adquirido no âmbito


escolar, considerando o aluno com bom rendimento, aqueles que obtenham
qualificações positivas nos exames, ou seja, é uma medida das capacidades do aluno,
que expressa que este tem aprendido ao longo do processo formativo (Infopédia, 2007,
p. 5).

Segundo Lourenço e Paiva (2010, p. 22), “verifica-se que existe uma relação entre a
aprendizagem e a motivação, constatando uma relação de reciprocidade entre ambas”. Isto
faz-nos perceber que a aprendizagem está interligada com a motivação, ou seja, para que haja
uma aprendizagem significativa, é necessário que antes o aluno esteja motivado, por isso, a
motivação é um factor preponderante da aprendizagem.

Na verdade, não se pode esperar nem exigir resultados positivos a alunos desmotivados, o que
faz com que a motivação anteceda a aprendizagem ou, deve-se criar antes condições
necessárias ao aluno de modo a estar motivado, para depois ensina-lo. Nesta medida, autores
entendem que “a motivação deve ser compreendida, apoiando o desenvolvimento de
actividades que sejam consideráveis para o desenvolvimento do indivíduo que nelas se
envolve. Em termos educativos, um aluno motivado encontra-se disposto para aprender,
autonomamente” (Pereira, 2010, p. 26).

Segundo Bonavante (1976, cit. Alves 2010, p. 10), o baixo rendimento escolar está
relacionado com “as dificuldades de aprendizagem, reprovações, atrasos, etc., e, na maioria
dos casos, as crianças que têm mais dificuldades pertencem às famílias de grupos sociais
desfavorecidos do ponto de vista económico-cultural”.

29
Na opinião de Cabral (1995, cit. Alves, 2010, p. 7), esta problemática “é, muitas vezes, vista
como um problema do aluno, jamais, ou muito raramente como um fenómeno que possa
envolver a organização e as práticas escolares”. O autor afirma que a “adequação do
currículo, das metodologias, da própria estrutura organizativa às características do aluno,
raramente são discutidas ou postas em causa” (idem).

Assim, focalizando o fenómeno em apenas ao aluno pode restringir o campo de abordagem da


questão, sendo que há que reconhecer, a partida, que os factores influenciadores das
aprendizagens transcendem o aluno.

Segundo Bonavante (1976) citado por Sil (2004, p. 16) “cada criança é considerada boa ou má
aluna em função dos resultados obtidos e dos progressos efectivados no cumprimento dos
programas de ensino”. Na mesma lógica, Sil (idem) pode se dizer que “as situações de
repetências e de abandonos prematuros do sistema educativo são exemplos que tipificam a
forma como institucionalmente se exprime o insucesso escolar dos alunos”.

Neste sentido, tratando-se de alunos do ensino primário, para que haja sucesso escolar, a
merenda escolar configura-se um factor determinante, sobretudo às crianças que saem das
suas casas para escola sem tomar pequeno-almoço. Pois a literatura fundamenta que “a
infância é a fase da vida em que se solidificam os hábitos alimentares. É nessa fase que o
acesso a uma alimentação saudável e balanceada pode criar bons hábitos que perdurarão pela
vida” (Muvuma, 2021, p. 20).

“Além disso, é do senso comum que as necessidades calóricas das crianças em fase de
crescimento são maiores do que as dos adultos” (Tiago, 2009), citado por Muvuma (2021, p.
21). Assim, alimentação escolar visa potenciar não só um aproveitamento positivo dos alunos,
como também impulsionar nas crianças desde a tenra idade um organismo com excelente
desempenho, pois o corpo necessita diariamente de vitaminas e minerais para que funcione
perfeitamente, uma alimentação saudável e equilibrada traz vários benefícios físicos e mentais
aumentados assim a sua capacidade na realização das actividades domésticas, laborais e
escolares.

Para Tiago (2009), citado por Muvuma (2021, p. 22), a “má alimentação causa impactos
negativos na concentração da criança ao longo da sua aprendizagem. E para que tenhamos
crianças proactivas é essencial adoptar uma alimentação rica em nutrientes e proteínas de
modo que a doença menos e falte menos às aulas”. Assim, podemos considerar a importância

30
da merenda escolar nas aprendizagens dos alunos do ensino primário, pois é consensual na
literatura moderna que a educação alimentar pode ter resultados extremamente positivos
(Emilia & João, 2009).

“Alimentação saudável é igual à mente e corpo saudável. Os bons hábitos alimentares


reflectem positivamente no nosso organismo” (Muvuma, 2021, p. 22), “O aluno de baixa
renda pode ter dificuldades para frequentar a escola, pois precisa, às vezes, por força de um
biscate, faltar às aulas” (Carvalho, 2010, p. 7).

De realçar que, em Angola, especialmente na escola que incidiu o nosso estudo, muitas
crianças têm optado por abandonar as escolas, outras com fraco rendimento escolar por razões
por causa das condições precárias revertidas à fome, algumas preferem realizar actividades
comerciais para suprir as necessidades básicas.

Estas razões evidenciam fundamentos suficientes para distribuição da merenda escolar, sendo
que esta reveste o valor fundamental, visando “amenizar a necessidade alimentar das crianças
em fase escolar e prevenir a saúde do aluno, na medida em que a saúde do aluno influencia de
forma directa o seu processo de aprendizagem” (Muvuma, 2021, p. 23).

A alimentação oferecida nas escolas é preponderante ao desenvolvimento psicofísico


do aluno, auxiliando-o em todos os aspectos: físico motor, intelectual, afectivo
emocional, económico e social. Esses aspectos de bem-estar contribuem para que o
sujeito tenha condições satisfatórias para aprender, pois existe um número
considerável de estudantes que precisam dessa merenda escolar, para complementar
sua refeição principal (Fonseca & Carlos, 2015, p. 29923).

A merenda escolar impulsiona o rendimento escolar do aluno pois serve para o máximo
incentivo da criança sendo que os seus benefícios vão além de saciar a fome. Ela contribui
para a nutrição de crianças das escolas públicas visto que a maior parte destas crianças em
suas casas têm precariedade no acesso à alimentação saudável. Portanto as escolas públicas ao
distribuir merenda estariam a contribuir de forma salutar para o desenvolvimento físico e
mental destas crianças (Muvuma, 2021, pp. 19-20).

Por essa razão, a merenda escolar, como espaço pedagógico na escola, voltar-se-á ao
incremento das responsabilidades educacionais diante da afirmação de modos da cidadania
criadores e activos (Ceccim, 1995, p. 70). Portanto, no âmbito das políticas públicas a
merenda escolar deve ser vista como prioridade no ambiente estudantil das escolas públicas.

31
Visto que é tanto relevante às sensações de saúde como plena manifestação do modo de
afirmar a vida e potencializar a democracia.

Segundo Zaluar (1985, cit., Bezerra, 2009, p. 103),

Alimentação é a categoria principal de articulação do pensamento dos pobres urbanos


sobre sua condição. Além de poderoso símbolo de prestígio social e riqueza, emerge
como uma categoria que estabelece fronteiras entre os pobres e os que não são pobres,
bem como favorece a identidade social de classe.

A merenda escolar é um factor determinante na aprendizagem dos alunos, sobretudo, os que


vão a escola sem tomar um pequeno-almoço. Assim, a falta da merenda escolar faz com que
os alunos sintam a necessidade de voltar para casa cedo por causa da fome.

Neste sentido, as pesquisas afirmam que a comida reveste-se de capital importância para a ida
do aluno à escola, estando, porém, em igualdade de importância com o estudo, com a vontade
de aprender. Assim, de acordo com Bezerra (2009, p. 112) “os alunos, por serem carentes,
compareceriam à escola motivados tanto pelo estudo quanto pela busca de alimento”.

Há alunos que frequentam a escola para aproveitar comer, sendo que, para estes alunos,
merenda aparece como a única alimentação do dia, o que de alguma forma influencia o fluxo
de alunos na escola. Ainda assim, para muitos alunos, o cardápio, o tipo de alimento servido,
a forma, o cheiro e a higiene no tratamento dos alimentos é fundamental (Bezerra, 2009).

Diante dos argumentos acima, percebe-se que, a merenda escolar reveste-se como fonte da
motivação dos alunos do ensino primário; a motivação é um factor preponderante que
configura o bom aproveitamento e, consequentemente, o bom rendimento escolar, o que
significa que, sem a motivação não há aprendizagem significativa. O rendimento escolar é
uma realidade notável, que incide em vários aspectos, entre vários, a qualidade de vida das
famílias, bem como alimentação dos alunos em casa e os lanches na escola.

32
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

33
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

No presente capítulo apresentamos de forma minuciosa os procedimentos metodológicos


adoptados para a realização desta pesquisa, a partir das abordagens, os métodos e as técnicas
que foram utilizadas para a concretização, como também descrever a população e amostra
detalhando os critérios para selecção da amostra em causa.

2.1. Tipo de investigação

A presente investigação, quanto aos objectivos é de tipo descritivo que segundo Cervo e
Bervian (2005, p. 27) baseiam-se na observação, registo, análise e correlação de factos, neste
caso sobre a interacção do professor/aluno, sem manipular variáveis, para tal priviligiamos a
abordagem mista isto é qualitativo e quantitativo. Segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 269)
“abordagem qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos
descrevendo a complexidade do comportamento humano”. Nesta perspectiva, analisamos as
opiniões e percepções dos membros da escola, dos alunos, professores e encarregados de
educação, para descrever os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar.

Abordagem quantitativa “preocupa-se com os resultados, assumindo a quantificação com o


símbolo de abordagem científica identificada a este modelo como abordagem positiva”
(Martín, ap. Mendes & Manuel, 2016, p. 70).Assim, a utilização da abordagem quantitativa
refere-se aos números quantificados a partir dos resultados que são obtidos na pesquisa, feito
na escola primária BG n.º 3383, comuna do Dombe-Grande, município da Baia-Farta.

2.2. Métodos, técnicas de investigação

Os métodos indicam as vias utilizadas para alcançar os objectivos traçados. Partindo da ideia
de que os métodos e as técnicas a serem utilizados na pesquisa são seleccionados a partir do
problema, da delimitação da amostra ou do universo e relembrando os renomados autores
Cervo e Bervian (2005, p. 25) de que método entende-se “o dispositivo ordenado, o
procedimento sistemático em plano geral”. No presente trabalho foi utilizado com maior
relevância os seguintes métodos de nível teórico e empírico:

 De nível teórico:

Analítico-Sintético: para Marconi e Lakatos (2002, p. 36) “a análise ou explicação, é a


tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenómeno estudado e outros factores”.
34
Essas relações podem ser estabelecidas em função das suas propriedades relacionais de causa
- efeito, produtor-produto ou de correlações de análise de conteúdos, entre outras. Com a
utilização deste método foi possível analisar vários aspectos entre eles os dados e conteúdos
colhidos sobre a merenda escolar e sua influencia no rendimento escolar dos alunos da 2ª
classe da escola em referencia.

Indutivo-Dedutivo: Segundo Carvalho (2009, p. 86), “indução é uma operação lógica que
vai do particular ao geral. O método indutivo caminha, na aproximação aos fenómenos, para
planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias
(conexão ascendente) ”.

Para Carvalho (2009, p. 84), “dedução parte do conhecimento geral para o particular. Parte
das teorias e leis para predizer a ocorrência de fenómenos particulares (conexão descendente)
”. Por conseguinte, o método indutivo-dedutivo é um procedimento lógico através do qual a
percepção de um objecto ou fenómeno é obtida por inferência, isto é, partindo de dados
particulares para uma verdade geral ou universal, e vice-versa.

Utilizou-se estes métodos porque ajudaram na identificação das leis ou teorias que
constituirão ponto de partida para o desenvolvimento da pesquisa e na explicação dos
fenómenos particulares pelas generalizações.

Pesquisa bibliográfica: na visão de Marconi e Lakatos (2002, p. 36), este método “permite
abrangência da bibliografia já tornada pública em relação ao tema desde as publicações
avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisa de monografias, teses, material
cartográfico, Internet entre outros, até meio de comunicação oral, rádio, gravações e
audiovisuais: filmes, televisão”.

O mesmo método permitiu fazer uma comparação sobre opiniões de diferentes autores em
relação ao tema em estudo, no sentido de especificar determinados conceitos, concepções e
posicionamentos de diversos autores sobre a merenda escolar.

 De nível empírico:

Inquérito por questionário: Para Gil (2008, p. 102)“é uma técnica de investigação
composta por um determinado número de questões apresentadas por escrito as pessoas, tendo
por objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e
situações vivenciadas”.

35
Por meio de um boletim de inquérito, por questionário dirigido aos alunos e encarregados da
educação sobre a Merenda Escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola em
questão.

Inquérito por entrevista: “é uma técnica de compilação de informação mediante uma


conversa profissional com que, além disso, se adquire informação acerca do que se investiga”
(Ramos e Naranjo, 2014, p. 141). Por meio de um diálogo aberto com os membros da
direcção, professoras e encarregados da educação.

Esta técnica permitiu a recolha de informações aos membros da direcção da escola na


aplicabilidade da merenda escolar no rendimento dos alunos na escola em questão.

Procedimento Matemático-Estatístico: Este método cumpre uma função de investigação


educacional que contribui para precisar os dados empíricos obtidos e esclarecer as
generalizações apropriadas a partir deles. A manipulação estatística permitiu comparar as
relações dos fenómenos entre si e obter generalizações sobre a sua natureza, ocorrência ou
significado, (Mesquita e Rodrigues, 2004, p. 20).

2.3. População e amostra

População

Para Fortin (2009), ap. Mendes e Manuel (2016, p. 117) a população “é um grupo de pessoas
ou elementos que têm características comuns, sobre o qual se faz o estudo”. Na opinião dos
autores, é toda componente da Instituição, contando com professores, alunos, encarregados
dos alunos e direcção da escola. Quanto a população da investigação contar-se-á com o total
de 120 alunos da 2.ª classe, 2 professores e 2 membros da direcção da escola, totalizando 124
sujeitos.

Amostra

De acordo com Fortin (2009), apud. Mendes e Manuel (idem), amostra “é a fracção ou a
porção de uma população junto da qual são recolhidas as informações necessárias ao estudo”.
Assim sendo, a amostra do nosso trabalho é não probabilística, com selecão aleatória simples
para os alunos e pais e encarregados de educação, selecionando assim 20 alunos e 20 de pais e
encarregados de educação, e não probabilística de selecção intencional para os professores e
membros de direcção, selecionado assim 2 professores e 2 membros de direcção, totalizando
44 sujeitos.

36
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DOS RESULTADOS

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO


DOS RESULTADOS

Este capítulo reserva-se a apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos por
meio de inquéritos por questionário e inquéritos por entrevista aplicados aos professores,
37
membros de direcção, pais e encarregados de educação e alunos da escola primária BG 2025,
no município do Lobito.

Os dados foram analisados de forma descritiva, incluindo a abordagem quantitativa e


qualitativa. Em seguida, seguem-se, os resultados obtidos na escola em causa, mediante o
tema a margem.

3.1. Apresentação, análise e interpretação dos resultados da entrevista


dirigida aos membros da direcção

A entrevista teve por objectivo obter informações aos membros da direcção da escola em
relação a temática Merenda Escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da
escola em questão.

Foram entrevistados dois membros de Direcção com as idades entre 35 e 37 anos de idade, 1
do sexo feminino e outro do sexo masculino, os mesmos têm um tempo superior a 18 anos de
serviço. O que significa que os mesmos têm uma experiência de trabalho aceitável.

Para garantir o anonimato dos entrevistados, ocultamos suas funções e designamo-los de


membros A e B.

Sobre o que entendem por merenda escolar, os membros responderam, respectivamente:

Membro A: é uma alimentação oferecida aos alunos do ensino primário;

Membro B: é a comida distribuída aos alunos na escola para acautelar a sua fome.

Os entrevistados, embora não tenham definido tecnicamente, percebem que a merenda escolar
é um suplemento distribuído na escola aos alunos do ensino primário com vista a acautelar a
fome e garantir condições nutricionais dos mesmos no período escolar, sendo que nem todas
as crianças têm condições de tomar um pequeno-almoço antes de ir à escola, atendendo as
condições socioeconómicas.

Questionamos aos membros se a escola em que administram está contemplada com a


merenda escolar este ano, os entrevistados responderam, respectivamente:

Membro A: este ano não se contempla a merenda escolar;

Membro B: não há merenda escolar na nossa escola faz anos.

38
De acordo as respostas dos membros da direcção da escola, denota-se uma preocupação, ou
seja, os resultados não são satisfatórios às aprendizagens dos alunos, sendo que o Decreto
Presidencial n.º 138/13 de 24 de Setembro de 2013 foi concebido para combater o insucesso
da aprendizagem, diminuir as taxas de retenção, permitindo que as crianças em idade escolar
se sintam capazes de cumprir as suas responsabilidades escolares em condições nutricionais
adequadas, garantindo-se assim o seu bem-estar, o seu crescimento e desenvolvimento, sendo
comprovado pela literatura que os alunos com fome não absolvem como deviam os
conhecimentos.

Em suma, consideramos que há uma necessidade urgente da reimplementação do programa


Merenda escolar, pois, com as refeições diárias na escola, haverá maior estímulo dos alunos
às aprendizagens, sendo certo que, muitas famílias vivem em situação económicas
desfavorecidas e, consequentemente, muitos alunos vão à escola sem tomar pequeno-almoço.

Questionados se a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos alunos, os


membros responderam:

Membro A: sim, influencia no rendimento escolar dos alunos;

Membro B: influencia sim no desempenho dos alunos, pois os alunos com fome não
aprendem.

Os entrevistados são unânimes em confirmar que a merenda escolar influencia no rendimento


escolar dos alunos, pois é uma posição da qual subscrevemos, sendo que, os alunos com fome
não absorvem os conhecimentos da forma que os deviam se estivessem saciados, ou seja,
alunos bem nutridos têm mais facilidade para aprender e ter o melhor desempenho escolar.

Relativamente como caracterizam a merenda escolar e o rendimento escolar dos alunos,


os entrevistados responderam:

Membro A: a nossa escola não contempla, actualmente, a merenda escolar, por isso,
constata-se um grau notável de absentismo escolar, desistência e reprovações, o que revela
um baixo rendimento escolar;

Membro B: durante o processo de matrículas e o começo do ensino do primeiro trimestre,


verifica-se muitos alunos, mas com o tempo vão desaparecendo e muitos faltam na escola
alegando a fome. Na verdade, o rendimento escolar na nossa escola é razoável, pois há
sempre alunos que se destacam.

39
Em suma, os entrevistados caracterizam a merenda escolar e o rendimento escolar dos alunos
da escola em causa, como baixo e razoável, na medida em que, por falta da merenda escolar
muitos alunos se ausentam, desistem e faltam, sendo que a moldura de alunos no primeiro
trimestre e elevado, mas com o tempo, o número vai reduzindo.

Na verdade, isto constitui para nós uma preocupação relevante, sendo que a Lei que altera a
Lei n.º 17/16 de 7 de Outubro, nos termos do n.º 3, o Ensino Primário é um nível de ensino
obrigatório, cujo objectivo é a formação básica do cidadão, por isso, é importante que haja
merenda escola, sendo que, a finalidade do PME é contribuir para o crescimento e o
desenvolvimento biopsicossocial, da aprendizagem e da formação de práticas alimentares
saudáveis dos alunos. “Essa contribuição consiste em acções de educação alimentar e
nutricionais e da oferta de refeições que cubram as necessidades nutricionais, durante o
período lectivo” (Brasil, 2009, p. 34).

Perguntados sobre quais são os níveis motivacionais dos alunos quando há merenda
escolar, os mesmos responderam:

Membro A: com a merenda escolar os alunos têm um aproveitamento excelente.

Membro B: havendo merenda escolar, os alunos ficam motivados e aprendizagem será


favorável.

Subscrevemos as respostas dos entrevistados, pois as crianças não suportam a fome. Neste
sentido, a merenda constitui uma prioridade para que haja um aproveitamento excelente,
sendo que, tal como fundamenta Muvuma (2021, p. 14), o PAM tem como objectivos:
aumentar as taxas de matrículas e da permanência dos alunos em sala de aulas; melhorar as
capacidades de concentração e de assimilação das crianças através do alívio da fome; e
reduzir a prevalência das deficiências de micronutrientes, por meio da distribuição de
alimentos fortificados. Por isso, concordamos que é importante que haja merenda escolar na
escola para que o aproveitamento dos mesmos seja favorável.

Sobre como avaliam o rendimento escolar dos alunos, para este ano, os entrevistados
responderam:

Membro A: verifica na nossa escola, um aprendizado razoável, na medida em que é a


minoria que se destaca.

40
Membro B: verifica-se que, alguns alunos com condições económicas favoráveis têm um
excelente aproveitamento, já os de baixa renda apresentam resultados razoáveis, ficam
durante as aulas chorando e lamentando a fome.

Os resultados revelam que há alunos que apresentam excelentes resultados, os que têm uma
renda regular, sendo que os de renda baixa apresentam resultados menos favoráveis. Neste
sentido, podemos fundamentar a necessidade da reimplementação da merenda escolar para
acautelar, principalmente, os alunos com condições socioeconomicamente desfavoráveis, para
que a merenda distribuída lhes sirva como refeição do pequeno-almoço.

Questionados se consideram importante o retorno da merenda escolar na sua escola, os


membros responderam:

Membro A: é bastante importante o retorno da merenda escolar, pois nos tempos em que a
merenda escolar vigorou, verificou-se um aproveitamento notável por parte dos alunos;

Membro B: é importante sim, pelo menos, haverá poucas desistências dos alunos.

Os entrevistados percebem a importância da merenda escolar, por isso, consideram


importantíssimo o retomar do programa na escola. De facto, nós subscrevemos a opinião dos
membros da escola para que, a merenda sirva como incentivo às aprendizagens dos alunos,
auxiliando assim, nas condições satisfatórias para aprender, sendo que, tal como realçam
Fonseca & Carlos (2015, p. 29923) que “existe um número considerável de estudantes que
precisam dessa merenda escolar, para complementar sua refeição principal”.

Questionamos sobre o que estão a fazer para que se retome a merenda escolar na sua
escola, os entrevistados responderam:

Membro A: a escola já apresentou várias vezes a preocupação ao órgão competente, porém,


até agora não há nenhuma resposta a respeito;

Membro B: a preocupação é conhecida pelo Ministério e o Governo, mas até agora a


direcção da escola não tem nenhuma resposta a respeito.

A direcção da escola atribui responsabilidade aos órgãos de competência própria, tais como
direcção provincial da Educação e o Governo provincial de Benguela. Nestes termos,
consideramos que os órgãos de direito devem procurar mecanismos para o retorno da merenda
escolar, já que a responsabilidade não é da escola, conforme afirmaram os membros de
direcção.

41
3.2. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista
dirigida aos professores

A entrevista dirigiu-se aos dois professores com idades compreendidas entre 25 e 35 anos,
respectivamente, para obter respostas sobre a temática objecto da nossa investigação. Como
se pode ver, os professores possuem idade aceitável para o exercício das suas funções.
Também possuem formação e grau académico de licenciados.

Assim das respostas obtidas dos professores segue-se a descrição, cuja para garantir o
anonimato das entrevistadas, designamo-los por A e B.

Questionamos aos professores sobre o que entendem por merenda escolar, responderam:

Professor A: a merenda escolar é o complemento de alimentação oferecido aos alunos do


ensino primário na escola pública.

Professor B: a merenda escolar é a refeição oferecida nos estabelecimentos de ensino.

As respostas revelam que os professores, embora não tenham apresentado uma definição
técnica, têm domínio da merenda escolar, o que demonstra um resultado favorável. Pois, nos
termos da Lei 138/2013, no seu artigo 2.º a merenda escolar é “suplemento alimentar e
nutricional distribuído gratuitamente a todas as escolas do ensino primário público e privadas
em regime de comparticipação, durante as actividades curriculares e extracurriculares”.

Perguntados se a escola já beneficiou-se da merenda escolar nos anos anteriores, os


entrevistados responderam:

Professor A: sim, já se beneficiou.

Professor B: trabalho nesta escola há menos de 8 anos, por isso não presenciei, mas conta-
se que já havia merenda escolar.

Os dados revelam que a escola em estudo já se beneficiou da merenda escolar nos anos
anteriores, facto que constituiu um factor bastante positivo. Neste sentido, é importante que
este programa retome para o bem das famílias e alunos do Dombe Grande.

Relativamente se a sua escola distribuiu merenda escolar este ano, responderam:

Professor A: não houve merenda escolar.

Professor B: já faz muito tempo que a escola não faz distribuição da merenda escola.

42
Os resultados convergem com os da direcção da escola, quando alegam que este ano não se
verificou a distribuição da merenda escola, sendo que, já passam anos sem os efeitos desse
programa. Na verdade, os dados constituem uma preocupação, na medida em que a merenda
constitui para os alunos uma alimentação necessária que contribui para o bom rendimento
escolar.

Questionados se como caracterizam a merenda escolar e o rendimento dos alunos, os


professores responderam:

Professor A: não existe na escola a merenda escolar. Os alunos apresentam bom


rendimento, apesar das desistências e ausências injustificadas de certos alunos;

Professsor B: os alunos apresentam um fraco rendimento por falta mesmo da merenda


escolar. Até porque muitos fugam as aulas, alguns dorme enquanto o professor explica e
outros choram por fome.

Apesar de houver respostas adversas entre professores, o certo é que a merenda escolar é
necessária e a falta dela verifica-se alterações substanciais do ponto de vista do rendimento
escolar, por isso é que, sobre a mesma questão, os membros da direcção da escola
caracterizaram de forma razoável o rendimento dos alunos, assim como um dos professores
fez. Deve, na verdade, ser uma preocupação de todos intervenientes no processo de ensino
aprendizagem.

Interrogados se como avaliam o rendimento dos alunos no período em que vigorou a


merenda escolar e nos dias de hoje, responderam:

Professor A: não tenho muito por dizer, sendo que, o tempo em que vigorou o programa
merenda escolar não fazia parte desta instituição, mas posso crer que foi proveitoso.

Professor B: nos tempos que vigorou a merenda escolar em comparação com os dias actuais,
digo que há muita diferença, pois antigamente tínhamos mais alunos a frequentar a escola,
muitos alunos com famílias carentes aproveitavam as refeições da escola.

Os resultados convergem com os da direcção da escola, na medida em que, os professores


também assumem que aquando da merenda escolar, o aproveitamento era notável e as
ausência e desistência não se verificam com bastante realce, até porque muitos alunos fossem
a escola para aproveitar alimentação e, com isso, acabavam frequentando a escola e obtendo
bons resultados. Assim, consideramos a necessidade do retorno do programa merenda escolar

43
na escola em referência, sendo a merenda escolar um suplemento fundamental no
desenvolvimento social da educação.

Questionados se acham que a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos


alunos, os professores responderam:

Professor A: sim, a merenda escola influencia no rendimento escolar dos alunos, sendo que
o aluno que comeu presta maior atenção em relação ao aluno que esta com fome;

Professor B: sim, porque o aluno com fome não aprende.

Os resultados revelam o grande domínio dos professores da necessidade da merenda escolar,


pois esta é também a concepção da literatura, quando revela que “a merenda escolar
impulsiona o rendimento escolar do aluno pois serve para o máximo incentivo da criança
sendo que os seus benefícios vão além de saciar a fome […]” (Muvuma, 2021, p. 19). Assim
sendo, os professores foram objectivos ao assumir que a merenda escolar influencia no
rendimento dos alunos.

Perguntados se acham que a fome influencia no rendimento escolar do aluno,


responderam:

Professor A: sim, a fome influencia substancialmente no rendimento escolar do aluno;

Professor B: sim, pois tem se dito que quem tem fome não pensa, e assim não é capaz de
reter o conhecimento transmitido pelo professor, ou seja, o aluno que estiver com fome só
deseja que a hora de saída chegue rapidamente para ir à casa.

Os entrevistados demostram, em bono da verdade, que a fome é, naturalmente, uma condição


influenciadora das aprendizagens dos alunos, visto que, quem tem fome nem condições para
prestar atenção e absorver conhecimento tem, por isso que, a merenda escolar é um factor
determinante na aprendizagem dos alunos, sobretudo, os que vão a escola sem tomar um
pequeno-almoço, pois tal como afirma Bezerra (2009) que uma pesquisa realizada no Brasil,
fez concluir que, os professores liberavam mais cedo os alunos por vontade e insistência dos
mesmos por causa da fome, visto que a escola não dispunha da merenda escolar, pois os
alunos ficam distraídos, sem disposição e não prestam a devida atenção na explicação do
professor na sala de aula. Por isso, a fome é uma condição determinante para o baixo
rendimento escolar. E mais, um dos objectivos principais do PAM, afirma Muvuma (2021),

44
que foi melhorar as capacidades de concentração e de assimilação das crianças através do
alívio da fome.

Interrogados se consideram importante o retorno da merenda escolar na sua escola,


responderam:

Professor A: é sem dúvida nenhuma, uma necessidade;

Professor B: é de facto importante.

Na verdade, quer os professores, quer os membros da direcção da escola, consideram


importante o regresso da merenda escola, na escola em questão. Assim, subscrevemos esta
necessidade pelas razões já fundamentadas anteriormente, numa perspectiva de que, a comida
para as crianças do ensino primário, constitui uma prioridade se quisermos esperar resultados
positivos dos alunos.

Questionados se o que têm a dizer sobre o programa da merenda escolar, responderam,


respectivamente:

Professor A: para mim é um programa ambicioso pois vem mitigar algumas dificuldades
observadas nos alunos do ensino primário, bem como auxiliar as famílias mais carenciadas,
que muitas da vezes, por falta de condições económicas e financeiras, mandam os seus filhos
à escola sem lanche, pensando que a merenda escolar vai compensar;

Professor B: retirando as tais falhas no terreno, o programa é excelente pois visa suprimir o
insucesso escolar, as desistências, as ausências e as constantes reprovações, contando que os
alunos participem e retenham os conhecimentos.

Quanto as considerações dos professores, achamo-las importantes, pois os mesmos


demostram maturidade e conhecedores do programa merenda escolar, por isso, subscrevemos
na íntegra as afirmações dos professores.

45
3.3. Apresentação e análise e interpretação dos resultados do inquérito por
questionário aplicado aos alunos

O inquérito por questionário foi aplicado aos alunos com o objectivo de obter dados sobre o
tema objecto de estudo. Em termos de estrutura o questionário foi integrado por um total de
seis questões, cujos resultados são descritos em termos de frequência e percentual, incluindo
uma análise descritiva dos mesmos.

Tabela 1: Gostas de estudar?

Opções Frequência %

Sim 12 60%

Não 5 25%

Um pouco 3 15%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 alunos inquiridos, 12 equivalentes a 60% responderam que gostam de estudar; 5


equivalentes a 25% responderam que não e 3 equivalentes a 15% responderam que gostam de
estudar pouco.

A maioria dos estudantes afirma que gosta de ir a escola. É na verdade um sinal bastante
positivo, pois os alunos motivados a ir a escola podem aprender facilmente. Porém,
preocupam-nos, embora minoria, a situação dos alunos que não gostam e gostam pouco de ir a
escola, pois este é um dos factores determinantes do insucesso escolar.

É preciso que haja vontade de ir a escola para que os mesmos possam aprender facilmente, tal
como defende Simão (2005) que a motivação é meio para alcançar o sucesso escolar, e para
cumprir tal premissa o aluno deve sentir na escola um ambiente favorável ao seu interesse
pessoal, pois, na perspectiva de Lourenço e Paiva (2010) existe uma relação entre a
aprendizagem e a motivação.

Tabela 2: Antes de ir a escola tens tomado o pequeno-almoço?

46
Opções Frequência %

Sim 8 40%

Não 7 35%

As vezes 5 25%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 alunos inquiridos, 8 correspondentes a 40% responderam que têm tomado o pequeno-
almoço; 7 que perfazem 35% responderam que não e 5 na ordem de 15% responderam que as
vezes.

Os dados mostram que a maior parte dos alunos tomam pequeno-almoço antes de ir a escola.
Porém, apesar de configurar a maioria os que tomam o pequeno-almoço, os resultados
revelam-se, para nós, bastante preocupantes, na medida em que o número de crianças que vai
a escola sem tomar pequeno-almoço ou que as vezes não comem é substancialmente
considerável, o que denota que muitas famílias do Dombe Grande que cujos alunos frequenta
a escola em questão, vivem em condições desfavoráveis, por isso, há necessidade urgente da
retoma da merenda escolar, para se acautelar os alunos que vão à escola sem comer.

Tabela 3: A sua escola distribui a merenda escolar?

Opções Frequência %

Sim 0 0%

Não 16 80%

As vezes 4 20%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 alunos inquiridos, 16 na ordem de 80% responderam que não e 4 correspondentes a


20% responderam que as vezes.

Assim, diante dos resultados podemos sustentar que na escola em questão não se verifica
actualmente, a distribuição da merenda escolar, pois, podemos denotar que os alunos podem
estar a confundir a alimentação que trazem de casa como se fosse merenda escolar, atendendo
47
a sua capacidade de compreensão das coisas, na medida em que, os membros da direcção da
escola, os professores e os pais e encarregados de educação concordam que a escola não faz a
distribuição da merenda escolar. É na verdade, uma situação preocupante às aprendizagens
dos alunos.

Tabela 4: Como consideras o seu rendimento escolar este ano?

Opções Frequência %

Excelente 3 15%

Muito bom 5 25%

Bom 10 50%

Regular 2 10%

Mau 0 0%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 alunos inquiridos, 10 na ordem de 50% responderam bom, 5 que corresponde a 25%
responderam muito bom, 3 equivalentes a 15% responderam excelente e 2 na ordem de 10%
responderam regular.

Os resultados dos alunos entram em contradição com as respostas da direcção da escola e dos
professores, na medida em que, aqueles qualificam de forma razoável o aproveitamento dos
alunos, embora tenham assumido que há alunos que se destacam. Aqui, os alunos
responderam maioritariamente que o rendimento é bom, muito bom e excelente, havendo uma
percentagem diminuta dos que consideram regular.

Neste sentido, subscrevemos as respostas dos professores e membros da direcção, primeiro


pela idoneidade dos sujeitos e segundo porque o rendimento abrange tanto as dificuldades de
aprendizagem, reprovações, atrasos, absentismo, entre outros (Alves, 2010), pois são
elementos que, pela idade dos alunos e o seu nível académico, ignoram.

Tabela 5: Achas que a merenda escolar influencia no seu rendimento escolar?

48
Opções Frequência %

Sim 8 40%

Não 9 45%

Um pouco 3 15%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 alunos inquiridos, 8 que perfazem 40% responderam que a merenda escolar influencia
no seu rendimento escolar; 9 correspondentes a 45% responderam que não e 3 na ordem de
15% responderam um pouco.

Como é possível observar através da tabela em questão, os alunos revelam por maioria que a
merenda escolar não influencia a sua aprendizagem. Entretanto, há ainda alunos que afirmam
que a merenda influencia o seu rendimento escolar. De realçar que os dados dos alunos
revelam a falta de domínio e, como já dissemos na tabela anterior, a razão desta fraca
percepção deve-se a idade e o nível académico dos alunos, pelos que as suas respostam,
embora importante devem ser interpretadas na sua lógica de compreensão sobre as coisas. O
certo é que, a merenda escolar constitui um elemento fundamental para o rendimento dos
alunos.

Tabela 6: Os seus pais te dão lanche para comeres na escola?

Opções Frequência %

Sim 6 30%

Não 9 45%

As vezes 5 25%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 alunos inquiridos, 6 que perfazem 30% responderam que os seus pais dão lanche para
comer na escola; 9 na ordem de 45% responderam que não e 5 correspondentes a 25%
responderam que as vezes.

49
Os dados na tabela em questão são menos favoráveis às aprendizagens por duas razões: 1 –
escola não distribui merenda escolar e 2 – maior parte dos pais não dão lanche para os alunos
comer na escola. Estes resultados denotam que muitas famílias cujos alunos frequentam
aquela escola, carecem de alimentação equilibrada, por conta disto, maior parte dos alunos vai
a escola à fome, termos em que a reimplementação da merenda escolar é urgente para
acautelar a situação e provocar um bom rendimento escolar dos alunos.

Tabela 7: Como te sentes durante as aulas quando não levas lanche na escola?

Opções Frequência %

Bem 4 20%

Normal 10 50%

Mal 6 30%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 inquiridos correspondentes a 100%, 4 que perfazem 20% responderam que se sentem
bem; 10 que correspondem a 50% responderam que normal e 6 na ordem de 30%
responderam mal.

Na óptica dos resultados na tabela, podemos aferir uma preocupação maior, na medida em
que, maior parte dos alunos diz sentir-se normal mesmo quando não leva lanche, outra
percentagem diz sentir-se bem, porém, só 30% o que constitui minoria diz sentir-se mal sem
lanche. É importante salientar que, a comida constitui um elemento fundamental para as
crianças, talqualmente acima ficou aludido que, as crianças com fome perdem a motivação de
aprender, contando que, estando com fome, tudo que querem é voltar para casa. Ainda que
queiram permanecer na escola, o certo é que não poderão absorver os conhecimentos,
conforme deviam se estivessem lanchadas, por isso, não é verdade quando dizem sentir-se
bem, talvez pode ser apenas uma questão de hábito porque já têm ido a escola sem lanchar,
mas não

Tabela 8: Consideras importante a distribuição da merenda escolar?

50
Opções Frequência %

Sim 20 100%

Não 0 0%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Os dados da tabela mostram que todos alunos consideram importante a distribuição da


merenda escolar. Pois é um sinal positivo, na medida em que os alunos demonstram que a
merenda escolar é importante, contrariando parcialmente as suas respostas nas tabelas 5 e 7,
quando por maioria, assinalaram, respectivamente, na ordem de 45% e 59% que a merenda
escolar não influencia no rendimento escolar e que sentem-se motivados quando não levam
lanche a escola. Por tanto, a merenda escolar exerce um papel fundamental para o
asseguramento do bom rendimento dos alunos, condições nutricionais, o bem-estar, bem
como para o crescimento e desenvolvimento.

Neste sentido, acolhemos a posição de Martins e Ferreira (s/d), quando realçam que a
merenda escolar contribui para o desenvolvimento biopsicossocial da criança, reduz a evasão
escolar, privilegia o aprendizado e auxilia na formação de hábitos alimentares saudáveis, bem
como promovem o desenvolvimento social.

3.4. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida aos


pais/encarregados de educação

A entrevista teve por objectivo, obter informações sobre a percepção dos entrevistados em
relação ao tema. Foram inqueridos vinte pais ou encarregados de educação, com as idades
entre 23 a 43 anos, habilitações literárias de 8.ª classe a licenciados, dos quais 13 do sexo
feminino e 7 do sexo masculino.

Tabela 9: Gostas que seu filho estude?

Opções Frequência %

Sim 20 100%

Não 0 0%

Um pouco 0 0%

51
Opções Frequência %

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Os dados da tabela mostram que todos pais/encarregados de educação gostam que seus filhos
estudem.

Neste sentido, os resultados revelam um sinal muito positivo, na medida em que, permite
depreender que os pais incentivem os filhos a irem a escola. Assim, se os pais não garantem
condições adequadas ou se não garantem lanche aos filhos é por falta de condições
socioeconómicas e financeiras.

Tabela 10: Antes de ir a escola o seu filho toma o pequeno-almoço?

Opções Frequência %

Sim 9 45%

Não 7 35%

As vezes 4 20%

Total 20 100

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 pais/encarregados de educação inquiridos, 9 correspondentes a 45% responderam que


seus filhos têm tomado o pequeno-almoço; 7 na ordem de 35% responderam que não e 20%
responderam que as vezes.

Estes dados são quase correspondentes com os da tabela 2, onde os alunos assumem por
maioria que antes de irem a escola tomam pequeno-almoço. Assim, podemos depreender que
apesar de a maioria dos pais/encarregados ou encarregado de educação assumir que seus
filhos tomam pequeno-almoço antes de irem a escola, preocupa-nos os dados que, embora
minoria, revelam que os filhos não comem nada antes de ir a escola. É importante que a
criança coma antes de ir a escola para que possa apresentar maior concentração e desempenho
escolar na sala de aulas.

Tabela 11: A escola do seu filho distribui merenda escolar?

52
Opções Frequência %

Sim 0 0%

Não 20 100%

As vezes 0 0%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Os pais/encarregados de educação foram unânimes em afirmar que a escola não tem


distribuído a merenda escolar. A resposta é coincidente com as dos membros da direcção e
dos professores, contradizendo parcialmente a tabela 2, onde os alunos que embora minoria,
dizem que as vezes a escola distribui merenda escolar. Por tanto, sendo que maior parte das
famílias onde se localiza a escola, apresenta condições desfavoráveis, é fundamental a
reintegração da merenda escolar, pois o programa foi concebido, principalmente, para atender
as famílias mais vulneráveis, (Tuliende, 2018 & Samuel, 2011).

Tabela 12: Como considera o rendimento escolar do seu filho?

Opções Frequência %

Excelente 0 0%

Muito bom 5 25%

Bom 7 35%

Regular 4 20%

Mau 4 20%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos 20 pais/encarregados de educação inquiridos que correspondem a 100%, 5 equivalente a


25%, consideram muito bom o rendimento escolar; 7 na ordem de 35%, consideram bom e 4
correspondentes a 20% consideram regular e 20% consideram mau.

Os pais/encarregados de educação consideram, por maioria, que o rendimento escolar de seus


filhos é bom e muito bom, o que denota um sinal bastante positivo, porém, é preocupante a
situação dos pais/encarregados de educação que entendem que o aproveitamento dos seus
53
filhos é regular e mau. Assim sendo, apesar de envolver outros factores, é importante
considerar que o elemento merenda escolar é influenciador.

Tabela 13: Achas que a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos alunos?

Opções Frequência %

Sim 20 100%

Não 0 %

As vezes 0 0%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Os pais/encarregados de educação foram unânimes em afirmar que a merenda escolar


influencia no rendimento escolar, facto que demonstra um sinal positivo de cujos pais
dominam os factores influenciadores para o bom aproveitamento dos alunos. Assim sendo, os
pais podem contribuir positivamente nas aprendizagens dos alunos, pois, podem ajudar com
alimentação nutritiva para o êxito dos filhos.

Tabela 14: Costuma dar lanche ao seu filho quando vai a escola?

Opções Frequência %

Sim 10 50%

Não 3 15%

As vezes 7 35%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Dos dados podemos depreender que, dos 20 pais e encarregados de educação inquiridos, 10
na ordem de 50% costumam dar lanche, 3 correspondentes a 15% responderam que não e 7
equivalentes a 35% responderam que as vezes.

Assim, apesar de a maioria referencia que dá lanche aos filhos, u sinal bastante positivo,
revela-se preocupação a condição económica dos pais que não dão lanche e os que dão lanche
algumas vezes, sendo certo que, a comida revela-se preponderante para o bom êxito dos

54
alunos. Assim, reiteramos mais uma vez a urgência de reimplementação da merenda escolar
de modo a facilitar os alunos em condições desfavoráveis.

Tabela 15: O seu filho vai motivado quando não leva lanche a escola?

Opções Frequência %

Sim 0 0%

Não 13 65%

Um pouco 7 35%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração própria, 2022.

Os inquiridos, na ordem dos 20 pais e encarregados de educação, 13 que perfazem 50%


responderam não e 7 correspondentes a 35% um pouco.

Os resultados acima descritos revelam uma necessidade da merenda escolar porquanto, os


pais/encarregados de educação assumem, por maioria, que os seus filhos quando vão a escola
sem comer ficam desmotivados e outros que constituem minoria dizem que ficam pouco
motivados. Assim, se na escola houvesse merenda escolar os alunos, mesmo não tendo levado
comida, ficariam motivados contando que na escola há comida para eles.

55
CONCLUSÕES

Depois de percorrida diversificadas ideias, com base ao problema e objectivos que orientaram
a investigação e os resultados obtidos a partir da análise dos dados colhidos, permitiu concluir
que:

Os fundamentos teóricos que abordam sobre a merenda escolar e sua influência no


rendimento escolar dos alunos defendem que a merenda escolar é um projecto de âmbito
nacional que visa combater o insucesso da aprendizagem, diminuir as taxas de reprovação,
garantindo assim o seu bem-estar, o seu crescimento e desenvolvimento, com objectivo de
aumentar as taxas de matrículas e da permanência dos alunos em sala de aulas, melhorar as
capacidades de concentração e de assimilação das crianças através do alívio da fome; reduzir
a prevalência das deficiências de micronutrientes, por meio da distribuição de alimentos
fortificados.

A influência da merenda escolar no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG


nº 3383, Comuna do Dombe-Grande, município da Baia-Farta, é caracterizada como negativa,
porquanto que a escola não foi contemplada como programa da merenda escolar neste ano
lectivo, e como consequências o rendimento escolar deste alunos é considerado baixo.

As acções educativas que visam demonstrar a importância da merenda escolar no rendimento


dos alunos da 2ª classe da Escola Primária BG nº 3383, comuna do Dombe-Grande, município
da Baia-Farta são: elaborar um relatório de aproveitamento dos alunos quando havia merenda
escolar e comparar com o actual quadro, falar da importância da alimentação na
aprendizagem dos alunos nas reuniões de direção das escolas; descrever os nutrientes ou
vitaminas que concorrem para efectivar a aprendizagem, fazer chegar o relatório comparativo
as autoridades competentes.

56
57
SUGESTÕES

De acordo com os resultados obtidos e seguida das conclusões, urge a necessidade de haver
por parte do Estado, Direcção da escola, família e professores a intervenção, no sentido de:

Que a direção da escola elabore um relatório que espelhe o rendimento escolar na época em
que havia merenda escolar, e compará-los com os resultados actuais e fazer chegar as
autoridades competentes;

Que nas reuniões de direcção com os Directores Municipais e Provinciais, se aborde sobre a
importância da merenda escolar no processo de aprendizagem dos alunos, principalmente para
escolas frequentadas pelos alunos considerados vulneráveis.

Que os professores, durante as aulas e não só, falem sobre a importância da alimentação na
aprendizagem dos alunos, por outra incutir aos pais e encarregados de educação hábitos
alimentícios saudáveis.

58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Merenda Escolar. Luanda.

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2014 (Tese de Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade
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merenda escolar, dicas para o preparo da lancheira, prevenção da obesidade.
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60
UNICEF. (2018). Orçamento Geral do Estado: Educação, Luanda.

LEI n.º 17/16, de 7 de Outubro de 2016. I Série nº 170. Lei de Bases do Sistema de Educação
e Ensino, que estabelece os princípios e as bases gerais do sistema de educação e
ensino. Diário da República, Órgão Oficial da República de Angola, Luanda, 7 de
Outubro de 2016.

LEI n.º 32/20 de 12 de Agosto de 2020. I Série nº 170. Lei de Bases do Sistema de Educação
e Ensino, que estabelece os princípios e as bases gerais do sistema de educação e
ensino. Diário da República, Órgão Oficial da República de Angola, Luanda, 12 de
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CARVALHO, J. E. (2009). Metodologia do Trabalho Científico. Lisboa: Escolar.

FORTIN, M. F., CÔTÉ, J., & FILION, F. (2009). Fundamentos e etapas do processo de
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Execução de Pesquisas, Amostragens e técnicas de Pesquisas, Elaboração, Análise e
Interpretação de dados. 5ª Edição, São Paulo: Atlas.

61
Apêndice I

Inquérito por Entrevista dirigido aos membros de direcção.


O objectivo deste inquérito consiste em obter informações válidas sobre a Importância da merenda
escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG 3383, da comuna
do Dombe Grande, município da Baia Farta.
Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração respondendo as nossas questões e, de acordo com
o seu conhecimento.

BLOCO I- DADOS PESSOAIS

Masculino

Sexo Feminino

Idade __ Anos

Tempo de serviço __ Anos

Habilitações literárias:

Licenciado(a)

Mestre

Doutor

Nº Bloco II- Questões

1 O que entende por merenda escolar?

2 A vossa escola está contemplada com a merenda escolar este ano?

3 Acha que a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos alunos?

4 Como caracteriza a merenda escolar e o rendimento escolar dos alunos?

5 Quais são os níveis motivacionais dos alunos quando há merenda escolar?

6 Como avalia o rendimento escolar dos alunos, para este ano?

7 Considera importante o retorno da merenda escolar na sua escola?

8 O que estão a fazer para que se retome a merenda escolar na vossa escola?

62
Muito obrigada pela colaboração

Apêndice II
Inquérito por Entrevista dirigido aos professores da 2ª classe.
O objectivo deste inquérito consiste em obter informações válidas sobre a Importância da merenda
escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG 3383, da comuna
do Dombe Grande, município da Baia Farta.
Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração respondendo as nossas questões e, de acordo com
o seu conhecimento.

BLOCO I- DADOS PESSOAIS

Masculino

Sexo Feminino

Idade __ Anos

Tempo de serviço __ Anos

Habilitações literárias:

Licenciado(a)

Mestre

Doutor

Nº Bloco II- Questões


1 O que entende por merenda escolar?
2 A vossa escola já beneficiou-se da merenda escolar nos anos anteriores?
3 A sua escola distribui merenda escolar este ano?
4 Como caracteriza a merenda escolar, e o rendimento dos alunos?
5 Como avalias o rendimento dos alunos no período em que vigorou a merenda escolar e
nos dias de hoje?
6 Acha que a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos alunos?
7 Considera importante o retorno da merenda escolar na sua escola?
8 O que tem a dizer sobre o programa da merenda escolar?

63
Muito obrigada pela colaboração

Apêndice III

Inquérito por questionário dirigido aos alunos da 2ª classe


O objectivo deste inquérito consiste em obter informações válidas sobre a importância da merenda
escolar e sua influência no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG nº 3383, da
Comuna do Dombe Grande, município da Baia Farta.

Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração respondendo as nossas questões e, de acordo com


as perguntas, marca com X o que achares conveniente em conformidade com as possíveis respostas.

 Identificação dos inquiridos

Idade_______; Género: F___M___;


Nº Indicadores X
01 Gostas de estudar?
Sim
Não
Um pouco

Nº Indicadores X
02 Antes de ir a escola tens tomado o pequeno-almoço?
Sim
Não
As vezes

Nº Indicadores X
03 A sua escola distribui merenda escolar?
Sim
Não
As vezes

64
Nº Indicadores X
07 Como consideras o seu rendimento escolar este ano?
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
Mau

Nº Indicadores X
04 Achas que a merenda escolar influencia no seu rendimento escolar?
Sim
Não
Um pouco

Nº Indicadores X
05 Os seus pais te dão lanche para comeres na escola?
Sim
Não
As vezes

Nº Indicadores X
06 Como te sentes durante as aulas quando não levas lanche na escola?
Bem
Normal
Mal

Nº Indicadores X
08 Consideras importante a distribuição da merenda escolar?

Muito obrigada pela colaboração

65
Apêndice IV

Inquérito por questionário dirigido aos pais e encarregados de


educação
O objectivo deste inquérito consiste em obter informações válidas sobre a importância da merenda
escolar e sua influencia no rendimento dos alunos da 2ª classe da escola primária BG nº 3383, da
Comuna do Dombe Grande, município da Baia Farta .
Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração respondendo as nossas questões e, de acordo com
as perguntas, marca com X o que achares conveniente em conformidade com as possíveis respostas.
Identificação dos inquiridos

Idade_______; Género: F__M__; Habilitações literárias: ____;


Nº Indicadores X
01 Gostas que seu filho estude?
Sim
Não
Um pouco

Nº Indicadores X
02 Antes de ir a escola o seu filho toma o pequeno-almoço?
Sim
Não
As vezes

Nº Indicadores X
03 A escola do seu filho distribui merenda escolar?
Sim
Não
As vezes

Nº Indicadores X

66
04 Como considera o rendimento escolar do seu filho?
Excelente
Muito bom
Bom
Regular
Mau

Nº Indicadores X
05 Acha que a merenda escolar influencia no rendimento escolar dos alunos?
Sim
Não
As vezes

Nº Indicadores X
06 Costuma dar lanche ao seu filho quando vai a escola?
Sim
Não
As vezes

Nº Indicadores X
07 O seu filho vai motivado quando não leva lanche a escola?
Sim
Não
Um pouco

Muito obrigada pela colaboração

67

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