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ESCUTEM O SUICIDA
Autores:
Aristide Contente, Caveira Capoeira & Palmira AG
Digitalização e organização:
Editora Letras d´Ouro
Ilustração de capa:
Aristide Contente
Correção ortográfica:
Dr. Venâncio de Jesus Pascoal & Fanciis Pintal
ISBN:
978-989-536-708-5
Cuito, Rua Cidade de Luanda
AGRADECIMENTOS
“Isaías Zua”
Poeta, escritor e romancista.
AUTORES:
“Não seja o motivo da sua morte e nem da morte de
alguém” (dos Milagres, 2023)
Fala-me de seus medos
Suas dores, seus segredos
Fala-me da depressão
Aquela que dá cabo da sua emoção.
Carente
De personalidade
Descrente
Por não creres em estabilidade
Dê o melhor de si
Seja tu
Ou seja eu
Seja alguém ou seja o isqueiro
Estou de ouvidos, sou seu amigo.
Sorri, preferi fingir
Caí, preferiram rir
Oh! Povo pouco hospitaleiro
Riam e não viam lágrimas de desespero
O Suicida falou (…)
Vocês não o entenderam
Me cortei
Disseram ser frescura
Africano não sofre depressão
Isso é coisa dos tugas
Então me calei
Não adianta, falei
Chamaram-me egoísta
Foste, por que não pediste ajuda?
Lembrei
Cada lágrima que eu derramei
Era eu pedindo socorro
A vocês eu clamei
Me ignoraram
Me chamaram tolo
Despi a alma
Despi minha pele
Esfreguei-me na lama
Afoguei-me na tese:
Poetiza-me!
Com versos e prosas
Com o teu cheiro noturno à rosas
E com esse ser estranho que amo
Poetiza-me!
Até abraçar o que não vejo
Até, doar-me aos percevejos
Por causa da intolerância dos erros
E medos meus
Pele despida
Alma cansada
Lágrimas ficaram artistas
Compositam minha desgraça
Choro em mim
Choro por mim
Pelo presente
E choro pelo fim
Que desconheço
Mas a desejo.
Há 5 anos
Falavas fora das escritas
Sentias
Tinhas planos
E por eles, davas a vida
Havia em ti sorriso
A maior das artes
Tinhas consigo
No corpo, na alma e no céu
Pintado nos teus olhos
Vias no espelho
A dança do seu reflexo
Sobre cada conquista
Sobre cada Victória
Tinhas um nome
Já foste enorme
Mas, quem tu és agora?
- Eu sou...
Parte das flores
Das dores que sinto
Parte dos designs que pinto
Eu mudei
Tornei-me prisioneiro
Não foi o que sonhei
Mas, tudo é passageiro
Só não sei...
Se esse lado passa
Ou permanece
Se Deus se ausenta ou me alcança
Nessa noite. Para não partir longe d'Ele.
Talvez viver não seja ter vida
Talvez não seja sentir
Não seja absolutamente nada
Além de partir
Sem cura
Sem Ternura nenhuma
Sem saber se é pura
A essência do céu e o do inferno
Fiquemos na incerteza
E se
Tal incerteza for a certeza
De que
Viver não seja ter vida
Talvez eu morra hoje
Talvez eu reze para que me perdoem
Caso seja errado
Ser diferente.
Meu rosto é choro
Meu rosto é tristeza
Meu viver é morto
Meu ser é sem vida
Não é só poesia
É dor sentida
Sem dores
É nela onde me plantei
Não é só poesia
São lutas vencidas
Feridas sem cura
São artes e solidão profunda
Toco-me sem me sentir
Sinto-me sem me tocar
Ouço-me sem falar
E falo sem me ouvir
Tirei o Eu de mim
Pus o estranho
Porque nunca fui eu
Dentro de mim
Se não mais um estranho
Amarrado ao desespero
E sobretudo indefinido
Pensem
Que alguém está sempre sorrindo
Que alguém está ultrapassando tudo
Que não precisa de amigos
Porque multiplica-se a cada segundo
Pensem
Que todos são
Fortes
Que nunca perderam o norte
Que nunca estão no chão
Simples tristeza
Simples medo
Parte da natureza
Humana
Simples choros
Simples tédio
Pela vida
O que pensava
Nunca foi
O que nunca pensei
Sempre foi
Cárcere, prisão
Sem identificação
Conheci quando me perdi
Quando já havia sombras em mim
Quando pus fim
Ao que seria
E o que temia
Apareceu
O que não disse nas minhas eufemias
Em mim envelheceu
Socorro!
Se não me ouve a terra
Ouça-me Ho céu.
...
...
...
...
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...
...
...
Essas são as minhas
Últimas palavras
Palmira Nalunda Chilongafeca, nascida aos 06 de Maio de
2003, natural do Huambo, município do Bailundo.
Começou a escrever aos 13 anos de idade, mas
profissionalmente em 2020 durante o período de
confinamento, Já conta com um livro lançado, isto em 2021, o
mesmo foi publicado pela Fada Editora. Participou das
Coletâneas: 28 Amores Pintado de Esperança (Mukongo
Magazine). & Fadistas (Fada Editora)
Tem como sua fonte de inspiração Fernando Pessoa e Augusto
Cury.
Atualmente é a chefe de Marketing da Editora Letras d´Ouro.
Antes que eu parta
Fale que me amas
Independentemente de suas falhas
Você em mim acreditavas
Quis desaparecer
E deixar a culpa da minha partida lhe corroer
Que ele me visse a padecer
E perante a mim
Ver seu rosto entristecer
Já quis morrer
Com dor no coração, tentei suicidar-me
Já que minha existência não o fazia mudar
Então com minha morte lhe quis presentear
Sim, já quis morrer
Por ele eu já quis padecer.
Vejo-me sufocada
Toda trémula e assustada
Com dor, minha garganta rasgava
Choro da alma
De Frescura
À depressão profunda
Foi se tornando cada vez mais confusa
(mente)
Nossas palavras não foram grande ajuda
Mate-se!
Elas dizem…
És inútil
Ao suicídio me conduzem
No adormecer do homem
A lâmina ganha vida
Parece mentira
Os cortes que ela me faz aliviam
Atormentam a minha mente
Sou psicopata!
Para muitos, o demente.
Escrevi poemas recheados de dor
Por conta da culpa que até hoje a mim corrói
A cada estrofe, uma parte minha se constrói
Nesse processo sou o eterno sofredor
E quando morri
Suas lágrimas não paravam de cair
Se me tivessem ajudado
Talvez eu ainda hoje estivesse a sorrir.
A cada crise, a depressão abafava
A cada grito, minha garganta despedaçava
Doía tanto
Que preferi ficar calado.
Daniel Said.
Aquele sorriso eloquente
Que agrada a toda gente
Esconde uma mente débil
Risadas de tristeza
Dor e fraquezas
Risos que escondem minha profunda dor lenta
Sorrisos rasgados
Choros ofuscados
Sorrindo eu escondo
Dores com que todos os dias eu me defronto
Dou risadas
Sociedade tem-me como palhaça
Não sabem que com isso escondo minha
alma
Que há muito tempo está cansada
E cheia de mágoas
Não é fuleiragem
Ouçam-me homens
Que só julgam
Não ria
Minha dor é real
Ela dói e machuca como se fosse para matar
Já tentei me acostumar
Tentei de tudo
Mas, ela insiste em me procurar
Estou cansado de falar para o mundo
Em meio a turgescência
Mais uma gota, sai em mim mais lágrimas de
tristeza
Então por favor me ajude!
Pegue na minha mão e fale: "Vamos, Lute"
Não me chame de fraco
Pois só estou cansado
Energia a se acabar
Não aguento brigar
Sinto-me a me sufocar
Meus transtornos estão a me bloquear
Desfaleço
Vivo horrores
Tudo dói
Tudo machuca
De forma enorme
Depressão é coisa de gente mole
Por isso já me cortei e me queimei com o
cigarro
Pois é difícil se sentir pior que um inseto
Vezes acho que tudo que estou vivendo
nunca vai passar
Parece que a dor e sofrimento nunca me vão
deixar