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Poemas

Boca

Dialética

É claro que a vida é boa


E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda

Em ti bendigo o amor das coisas simples


É claro que te amo

E tenho tudo para ser feliz


Mas acontece que eu sou triste...

Vinicius de Moraes

Lagrimas

na face que não quer se mostrar


Agora não está mais só

Na trilha por ela deixada

seguem réplicas sem dó


irrigando a paisagem ressecada

Poemas 1
Em terra pelo tempo esquecida
esta irrigação é matéria prima

da semente nela embevecida

pelo escorrer da lágrima

Roberto Sides

Busco a devida explicação,


Mas meu frio interno é confortável,

E ao mesmo tempo inexplicável.

O isolamento é meu conforto,

Como um feto no útero materno,

Alheio ao mundo externo,


Como se fugisse do inferno.

Não há motivo aparente,

Só a duvida crescente,

Onde está o verdadeiro inferno,

Dentro ou fora de mim?

Crystiane Bagatelli

Ela tem que ter alguém de confiança

Para lhe dar esperança

Poemas 2
E o ajudar a resistir

Para o caminho da depressão sair

O preconceito é contra eles

E isso piora a vida deles

Sávio Duarte Lemes

Nas noites em que o choro é abafado no travesseiro

E as lágrimas se misturam com a água do chuveiro

Cada minuto que se passa traz consigo o seu torpor

A existência é em si um momento de intensa dor

As palavras são vazias e nada mais faz sentido

O interior está todo oco e precisa ser preenchido


Justamente nessa hora de lamento e solidão

Faz diferença um ombro amigo, de alguém que estenda a mão

Não é preciso nenhuma palavras nesse momento

Não se deve tentar achar culpado ou fazer julgamento

É hora do olhar acolhedor que diz: vem cá,

me abraça!

E de maneira silenciosa mostrar que a vida é bela e que tudo isso passa

Hoje eu sou o retrato do fracasso

Inquilina da solidão
Íntima da tristeza e amiga da depressão

Poemas 3
Veja, oh, bela moça; olhe onde você chegou, veja onde sua sede por felicidade te
levou, estás agora presa em uma dimensão de fingimento. Cuide de tua depressão
antes que termine em morte.

Não fique assim, bela moça,


Não fique triste, por favor.
Recupere suas forças,

Floresça no amor.
Erga tua cabeça,

Lute! Sempre em frente!

Mas nunca se esqueça,


Ainda existe "a gente"!
Sorria e seja gentil,

Ame e seja amada.


Mostre pra quem ainda não viu...

Que a guerreira está armada!

humberto M.P. siqueira e gabriela rodrigues

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Medo, tudo se resume em um medo.

Medo de perder, medo de ser analisado.


Medo de viver, medo de ser rejeitado

Medo de sair, medo de ser humilhado


É um sofrimento inexplicável
De um medo exagerado

Situação Desconfortável
O que vai dar errado?

Poemas 4
Não é vergonha nem timidez

Ato inconsciente, talvez


Ansiedade, doença da vez

Sair de casa nem pensar


Todos vão me observar
O que os outros vão falar?

Não tenho nada pra contar.


Estou mais sensível

Público, impossível
Conversar é terrível

Desconforto visível
Pra você pode ser tudo fácil simples e natural
Superar obstáculos comuns da vida,

Pra mim é uma angustia sem saída.


Bem-vindo ao meu mundo da fobia social.

Felipe mesquita

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Cabelos brancos! dai-me, enfim a calma
A esta tortura de homem e de artista:
Desdém pelo que encerra a minha palma,
E ambição pelo mais que não exista;
Esta febre, que o espírito me encalma
E logo me enregela; esta conquista
De ideias, ao nascer, morrendo na alma,
De mundos, ao raiar, murchando à vista:

Esta melancolia sem remédio,


Saudade sem razão, louca esperança
ardendo em choros e findando em tédios;

Poemas 5
Esta ansiedade absurda, esta corrida
Para fugir o que o meu sonho alcança,
Para querer o que não há na vida!

Fogo-fátuo, de Olavo Bilac

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ANSIEDADE

Sinto abraçar-me

Apertar-me os órgãos
Sufocar a garganta

Dar nó no peito
Engasgo com o silencio
Atropelado por sentimentos incompletos

Arrepio de suor
Que escorre frio pela pele gasta

Cresce de dentro pra fora


Ri do meu desespero

E não me solta
Cordas puxando para o fundo
Escondo-me em quartos escuros

Repito os dias
Tocando feridas abertas

Até que os fantasmas de minha criação esqueçam-me

DOUGLAS: faz poesia

Poemas 6
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Odeio sair de casa


E encontrar casais felizes

Eu nunca serei como eles

Odeio sair de casa

E encontrar pessoas garotas bonitas


Eu nunca ficarei com elas

Odeio sair de casa

Por que todos parecem tão bem


Enquanto eu estou tão mal

Isso me deprime mais

Isso me entristece mais

Todos parecem tão vivos


Enquanto em me sinto morto

Minha alma já não brilha mais

Meu coração não canta mais


Vou deitar em minha cama

Ouvindo Radiohead no radio

E dali não saio mais

Não saio nunca mais

Maicon Tomaz

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eu disse que pararia de fumar

mas continuo fumando

eu disse que pararia de amar


mas continuo te esperando

prometi que este seria o último cigarro

Poemas 7
e que aquele seria o último beijo

continuo mentindo pra mim

e fingindo não desejar o que desejo


vivo à base de drogas entorpecentes

algumas substâncias me são substanciais

nicotina, endorfina, serotonina


exerço minha dependência química e psíquica

viverei muito e pouco

é o que dizemos eu e a medicina

ansiedade, gastrite, depressão


mais próximas a cada trago e a cada paixão

se cada maço e cada amasso

me deixam mais perto de mim


e ainda mais de meu fim

me trague e me ame neste exato momento

enquanto ainda estou aqui

com meus hormônios e demônios


pois a única hora que temos é o agora

e quando acabar

ao sair, não se esqueça de fechar a porta

Jean Carlo Barusso: fazia poesia

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Automutilação

Hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo

Ninguém sabe pelo que estou a passar

Poemas 8
Ninguém sabe o que eu estou pensando

Mas então, quem sou eu, para estar a pensar

Cortar, sangrar, esperar, respirar e voltar


São estes meus preciosos passos, para acalmar

Fingindo sorrisos para não preocupar

Sempre com desejo, de nunca mais voltar a despertar

Dos meus cortes, sangue escorre


E assim percorre

Caindo no chão

Parecendo meu coração


Frágil e pequeno

Gritando comigo

Quer ser meu amigo

Mas para mim ele já morreu


Mas ele ainda não percebeu

Ele continua lutando

Uma luta em vão


Cheia de ódio, dor e desilusão

E eu cortando

Para minha mente aliviar

Porque sei que não voltarei a amar

Cris: sitedepoesia

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Poemas 9

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