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Resgate dos conceitos clássicos na


utilização dos pontos Shu Antigos -
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MAYRA MORENO CARVALHO
Artigo elaborado baseado em partes do Trabalho de
Conclusão de Curso; Autora do artigo: Profa. Larissa A.
Bachir Polloni – CETN

Os cinco pontos de transporte (Shu Antigos) possuem ação


energética mais dinâmica do que os demais, são facilmente
influenciados pelo clima e os fatores patogênicos exteriores e o Qi
do canal nessas regiões é mais instável, o que facilita seu uso na
prática clínica.

Os cinco órgãos têm cada um Cinco Pontos Antigos: Poço (Ting),


Manancial (Ying), Riacho (Shu), Rio (Jing) e Mar (He), em cada
um de seus canais. Os pontos Nascente são utilizados para tratar
“plenitude sob o coração”, os pontos Manancial, para tratar
“sensação de calor do corpo”, os pontos Riacho para tratar
“sensação de peso e dor nas articulações”, os pontos Rio para
tratar “tosse e sensações de frio e calor” e os pontos Mar para
tratar “rebelião do Qi e diarréia”.

Técnica convencional do uso dos pontos shu antigos


A técnica aplicada atualmente usa os Cinco Pontos de Transporte
(Shu Antigos) de acordo com os Cinco Elementos (Nan Jing).
Cada um dos cinco Pontos de Transporte, que coincidem com
pontos dos Elementos, possui localização específica.

O ponto Nascente nos Canais Yin correspondem ao elemento


Madeira e os pontos Nascente nos Canais Yang pertencem ao
elemento Metal. Assim, teremos que, nos canais Yin, os pontos
Nascente são: F1, C9, CS9, BP1, P11 e R1; os pontos Manancial
são: F2, C8, CS8, BP2, P10 e R2; os pontos Riacho são: F3, C7,
CS7, BP3, P9 e R3; os pontos Rio são: F4, C4, CS5, BP5, P8 e
R7; e os pontos Mar são: F8, C3, CS3, BP9, P5 e R10.

Nos Canais Yang, os pontos Nascente são: VB44, ID1, TA1, E45,
IG1 e B67; os pontos Manancial são: VB43, ID2, TA2, E44, IG2 e
B66; os pontos Riacho são: VB41, ID3, TA3, E43, IG3 e B65; os
pontos Rio são: VB38, ID5, TA6, E41, IG5 e B60; e os pontos Mar
são: VB34, ID8, TA10, E36, IG11 e B40.

Seguindo o princípio dos Cinco Elementos, no Ciclo de Geração,


no caso de Deficiência do Canal, escolhe-se o ponto
correspondente ao Elemento “Mãe” para tonificá-lo. No caso de
Excesso, escolhe-se o ponto correspondente ao Elemento “Filho”
para sedá-lo. Como exemplo, podemos citar uma Deficiência no
Canal do Fígado, que pertence ao Elemento Madeira, deve-se
tonificar o ponto correspondente a esse Elemento na Água (que é
a mãe de Madeira), ou seja, o ponto F8. No caso de Excesso
desse mesmo canal, escolhe-se o ponto correspondente a esse
Elemento no Fogo (que é Filho de Madeira), ou seja, seda-se o
ponto F2.

Teoria clássica na utilização dos cinco pontos shu antigos


Na Teoria Clássica para utilização dos pontos Shu Antigos, os
pontos são selecionados conforme localização das doenças,
sintomas, causas e os 5 Movimentos.

Os chineses antigos comparavam os canais dos pontos Shu


Antigos entre os dedos das mãos e dos pés e cotovelos e joelhos
a um rio. Essa seqüência de pontos se inicia nos dedos dos pés e
das mãos, tornando-se maiores e mais profundos em direção aos
cotovelos e joelhos. Com isso os pontos nos dedos das mãos e
dos pés são mais estreitos e superficiais, enquanto nos cotovelos
e joelhos os pontos são mais largos e profundos.

Ponto Ting (Poço): Os pontos Ting localizam-se nos ângulos


ungueais dos dedos e dos artelhos (com exceção de R1 e CS9,
que se situam na sola dos pés e ponta do dedo médio das mãos,
respectivamente). São pontos de partida ou chegada do Qi, ou
seja, local onde o Qi descende e ascende. Nos canais Yin
correspondem ao Movimento Madeira e nos canais Yang ao
Movimento Metal. Nesses pontos o Qi penetra no canal. São eles:
F1, C9, CS9, BP1, P11, R1, VB44, ID1, TA1, E45, IG1, B67.

São indicados para regularização do Qi em situações de:


plenitude ou distensão na região infra-cardíaca, neuropatias
(doença do espírito e da vontade), transbordamento do Qi,
distúrbios dos canais tendino-musculares, ponto auxiliar na
reanimação de emergência, parestesias e paralisias e afecções
de vento-frio.

Pontos de tratamento contra fatores externos (etiopatogenia).

Ponto Ying (Manancial): Os pontos Ying localizam-se próximo


aos dedos e artelhos.

Local onde o Qi se concentra antes de passar ao ponto seguinte.


Nos canais Yin correspondem ao Elemento Fogo e nos canais
Yang correspondem ao Elemento Água. São eles: F2, C8, CS8,
BP2, P10, R2, VB23, ID2, TA2, E44, IG2, B66.

São indicados para: doenças febris, enfermidades que repercutem


na cor da pele, ativar a circulação de Qi no canal, tratar
enfermidades de frio ou calor (a estimulação nos canais Yin
provoca calor e a estimulação nos canais Yang provoca frio),
vento-frio e afecções locais (mãos ou pés).

Pontos de tratamento para síndromes de deficiência de Yin


(calor).

Ponto Shu (Riacho): Os pontos Shu estão localizados nas


falanges metacarpianas e metatarsianas.

É o local onde a energia nociva (Xie Qi) penetra no canal para


alcançar outras regiões do corpo. Nos canais Yin correspondem
ao Elemento Terra e nos canais Yang correspondem ao Elemento
Madeira. São eles: F3, C7, CS7, BP3, P9, R3, VB41, ID3, TA3,
E43, IG3, B65.

São indicados para: estimular os pontos Shu dos canais Ying a fim
de evitar a entrada de energias nocivas, atrair energia de defesa
(Wei Qi), nas sensações de corpo pesado e articulações
dolorosas, nos ataques às camadas superficiais ou aos vasos
colaterais (usa-se os pontos Shu ou Fonte em combinação com o
ponto Lo do mesmo canal afetado), nas afecções que atingem
músculos e ossos (estimula-se os pontos Shu e Jing dos
respectivos canais) e ataques de frio.
Pontos de tratamento para disfunções de movimento/móveis
(Yang).

Ponto Jing (Rio): Os pontos Jing localizam-se nas pernas e nos


antebraços.

Nos canais Yin a energia Wei Qi (defesa) encontra-se debilitada,


por isso quando ocorre alguma enfermidade a energia perversa
(Wei Qi) pode desviar para regiões próximas provocando doenças
em ossos e músculos ou seguir em direção aos órgãos.
Correspondem no canal Yin ao Elemento Metal e no canal Yang
ao Elemento Fogo. São eles: F4, C4, CS5, BP5, P8, R7, VB38,
ID5, TA6, E41, IG5, B60.

Dentre as indicações pode-se citar: possuem caráter profilático,


ou seja, o Wei Qi (energia de defesa) é ativado para combater o
Xie Qi (energia perversa); usados para dispersar vento, frio e
umidade, se o canal afetado for Yin; nas afecções que afetam a
voz; para tratar afecções de calor-secura ou vento-secura que
atingem músculos e ossos (combinar-se Jing e Shu); dispnéias
com calafrio e febre.

Pontos para tratar meridiano (situações de dor).

Ponto He (Mar): Os pontos He estão localizados nos joelhos e


cotovelos.

É o local de convergência do Qi do Canal, onde este torna-se


profundo ou vice-versa, dependendo do sentido do trajeto.

Nos canais Yang a energia Wei Qi (de defesa) encontra-se


concentrada, por isso na presença de enfermidades o Xie Qi
desvia-se para regiões próximas causando distúrbios em ossos e
músculos ou pode alcançar as vísceras. Correspondem nos
canais Yin ao Elemento Água e nos canais Yang ao Elemento
Terra. São eles: F8, C3, CS3, BP9, P5, R10, VB34, ID8, TA10,
E36, IG11, B40.

Os pontos He são indicados principalmente para: doenças das


vísceras (Fu), diarréia, dispersar energia nociva nos canais Yang e
nas afecções reumáticas provocadas por vento-frio-umidade, em
joelhos e cotovelos.

Pontos para tratar órgãos e vísceras (Yin).

PONTOS FONTE (YUAN)

A utilização dos pontos Fonte (Yuan) está descrita no Eixo


Espiritual (Ling Shu) e no Clássico das Dificuldades (Nan Jing).

Seu uso está relacionado principalmente aos órgãos Yin, para


diagnóstico e tratamento, ou seja, quando os órgãos Yin estiverem
afetados aparecerão reações anormais nos pontos Fonte.
(MACIOCIA).

Os pontos Fonte são P9, IG4, E42, BP3, C7, ID4, B64, R3, CS7,
TA4, VB40 e F3. Eles são usados principalmente para tonificar os
órgãos Yin, pois o Qi dos pontos Fonte origina-se do Qi original
(ancestral), que está relacionado aos órgãos Yin e Rins.
(MACIOCIA).

COMPARAÇÃO ENTRE A TÉCNICA CONVENCIONAL E


TÉCNICA CLÁSSICA NA UTILIZAÇÃO DOS PONTOS SHU
ANTIGOS

Para comparar a Técnica Convencional na utilização dos pontos


Shu Antigos (5 Pontos de Transporte) com a Técnica Clássica,
pode-se citar alguns transtornos energéticos, e seus respectivos
tratamentos usando-se as duas técnicas. Também pode-se citar o
uso dos pontos Fonte (Yuan) a fim de analisar as incoerências
que podem ocorrer para tratamento de determinados
desequilíbrios energéticos.

A tabela a seguir mostra alguns exemplos de disfunções


energéticas, tratamento segundo a Técnica Convencional, a qual
utiliza método de tonificação e sedação de acordo com os 5
Elementos (“mãe-filho” e “avô-neto”), os pontos escolhidos
conforme Técnica Convencional e pontos escolhidos com uso dos
pontos Fonte.

Analisando a tabela acima, pode-se observar que existem


algumas incompatibilidades relacionadas ao uso de alguns pontos
da Técnica Convencional com os pontos Fonte de escolha. No
caso de deficiência de Yin do Rim e deficiência de Yang do Rim,
podemos observar que na Técnica Convencional, usa-se sedação
de R3 e BP3, que são pontos Fonte (os quais deveriam ser
tonificados). Já na Técnica Clássica não se observa essa
incoerência, além de fazer uso de menos pontos com maior
especificidade e simplicidade.

Essa incompatibilidade também ocorre em excesso de Yang do


Coração. Da mesma maneira, na Técnica Convencional devem-se
sedar os pontos C7 e BP3, que por serem pontos Fonte deveriam
ser tonificados.

Com tudo isso, observa-se que a Técnica Convencional se


apresenta muito complexa em termos de teoria, com pouca
especificidade em relação à tonificação e sedação e em termos de
Yin e Yang e incompatibilidade em relação aos pontos Fonte e
pouco prática. Já a Técnica Clássica faz uso de menor número de
pontos, com melhor especificidade e de teoria mais simples.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir com esse trabalho que o uso dos pontos Shu
Antigos escolhidos pela Técnica Convencional apresentou
incompatibilidades se comparado às funções de alguns pontos
Fonte, como R3 e BP3, por exemplo, os quais na Técnica
Convencional são sedados, nos casos de deficiência de Rim, mas
como pontos Fonte devem ser tonificados, pois se utilizam de
energia ancestral.

Além disso, a Técnica Clássica apresenta-se simples na sua


utilização, ou seja, a escolha dos pontos se faz de maneira
prática, com maior especificidade se comparada à Técnica
Convencional. Não ocorrem incompatibilidades na escolha dos
pontos para sedação e tonificação e o número de pontos
utilizados pode ser menor.

A intenção desse trabalho foi divulgar essa técnica através de


levantamentos bibliográficos e analisar as duas formas de
utilização dos Cinco Pontos de Transporte, Técnica Clássica e
Convencional, relacionando-as com o uso dos pontos Fonte na
escolha dos pontos.

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