ACUPUNTURA

(ACUS=agulha PUNCTURA=inserir)

Pontos fundamentais para um bom trabalho e bons resultados:

- Precisão na localização dos pontos (referências ósseas, muscular, vascular, tendíneas, etc)
- Diagnose (composição dos pontos adequada)

Histórico:
Quanto – 2400 anos de história
Onde – Acupuntura Sistêmica, na China
– Acupuntura Auricular, na França
Com quem – Acupuntura Sistêmica, Nei Jing
– Acupuntura Auricular, Dr. Paul Nogier

 Período paleolítico
Vestígios Arqueológicos que lembravam agulhas de pedra, osso ou bambu (BIAN).
 6000 a.C. – Medicina Ayurvédica – Conhecimento da vida.
– Achados arqueológicos (Kaw Labilla).
 Século XVI a.C. – Agulhas de bronze (puro)=fácil de moldar.
– Papiros de Ébers (Egito)-Lóbulos da orelha usados para fertilidade
feminina.
 A época Legendária, como ficou conhecido o período entre 1.852 a.C. a 1.600 a.C.,
época da fundação da Civilização Chinesa.
 Antigüidade, período entre o século XVI a.C. a 221 a.C., época em que foi criado o
ideograma, ou seja, o alfabeto chinês.
 Século V a.C. – Hipócrates (Grego) > Anatomia Ocidente.
 Século IV a.C. – Agulhas de ouro e prata=fácil de moldar.
Agulhas de Ouro > tonificação (preço hoje, muito caro, fora de cogitação)
Agulhas de Prata > sedação
Hoje Agulhas de Aço Inox > Pontos de Comando p/ tonificação, sedação, fonte, etc...
Recursos > Sentido da agulha
 400 a.C. – É uma das épocas mais importantes da Medicina Tradicional Chinesa
(MTC), período em que foi interpretado o NEI JING – Livro Clássico da Medicina
Chinesa/ Medicina Interna – “Filosofia da MTC”. 2400 anos de história registrada.
NEI JING – Dividido em 3 livros: {- So uen (semiologia / doenças comuns)
{- Ling shue (tratado de agulhas e moxa)
{- Nann jing (tratado das doenças difíceis)
 Apenas no século III d.C., quando houve a reorganização do NEI JING (de três para
dois livros), apareceram relatos da história da acupuntura no Japão.
 Em 984 o médico Tanba Yasuyori publicou o ISHINPO – o livro de medicina mais
antigo do Japão, no qual se descreve a prática da acupuntura. A MTC era chamada
KAMPO, no Japão.
 1951 – Doutor Paul Nogier (francês) – “Fase Científica”
 1958 – Frederico Spalth, começa a ensinar acupuntura no Brasil.
 1972 – A.B.A. (Associação Brasileira de Acupuntura) – Drº Evaldo Leite, médico
processado como charlatão, por querer transformar a acupuntura em profissão liberal.
 1985 – Regulamentação de Fisioterapeuta Acupunturista. Resolução nº 60 do
COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
 1986 – Conselho Federal de Biomedicina/ Acupuntura.
 1995 – Conselho Federal de Enfermagem/ Acupuntura.
e Conselho Federal de Medicina/ Acupuntura.
 1997 – Drº Jean Claude Darras – Hospital Le Clair em Paris, comprovou a existência
dos MERIDIANOS ou NADIS ou CANAIS DE ENERGIA, chamados até então de
CANAIS IMAGINÁRIOS.
Com um radioisótopo – o tecnécio – marcador químico colorido – injetado no corpo, num
ponto qualquer do antebraço, essa substância caminhava e então se esparramava,
caminhava e esparramava-se..., comprovando assim a existência de linhas por onde
migravam o tecnécio e os pontos onde essa substância esparramava-se coincidia com os
pontos de acupuntura. Somente nesses pontos há resposta do organismo.
 No Japão, experiências similares foram feitas com cristal líquido e a descrição das
características bioquímicas e bioelétricas dos pontos de acupuntura.
 Condução da Energia Através do Corpo:

N 1 O que é? / CONCEITO: CHI (na China), QI (ocidente), PRANA (na Índia),

O SHI (no Japão).
Ç (Chi cun, Qi gong, Tai chi chuan, Shiatsu, ...)
Õ
E
S 2 De onde vem? / FONTES:

G
E 3 Como circula? / TRAJETOS:
R
A
I 4 Conseqüências? / Saúde:
S / Doença:

1 CONCEITOS (Física):
“ENERGIA” = é a capacidade de produzir trabalho > ou disposição, vida, força,
dinamismo, criação, etc...
EINSTEIN > “A matéria é energia congelada que quando se desfaz, a dissipa.”
HELMOTZ > “Glóbulos de vitalidade” – No nível do mar – acima da água –
maneira de visualizar a energia.
KIRLIAN (cientista russo) > Fotos Kirlian = Foto da AURA (energia do corpo). -
maneira de visualizar a energia vinda do corpo.

2 FONTES:
>Alimentos
> Respiração - Ar
> Energia Ancestral (genética) – Rim=nossa “bateria” vital -->
doenças auto-imunes.

3 TRAJETOS:
3 a -> “Circuito Primário” - Meridianos= Nadis= Canais de Energia=Jing Luo:
São canais energéticos por onde circula o QI= Energia Vital:
 Principais, Maravilhosos (Curiosos, Extraordinários ou Irregulares) e Distintos ou
Divergentes. Há ainda as ramificações e os Canais Secundários.

Canais de Energia

No período fetal, a parte Yang dos Órgãos e das Vísceras procura exteriorizar-se
formando verdadeiros Canais de Energia (Jing Luo) que, após a incorporação da Matéria,
irão constituir a forma física dos membros e do tronco.
Os Canais de Energia ou Meridianos (Jing Luo) passam a constituir um meio de
ligação entre o Interior e o Exterior, e vice-versa, transmitindo e recebendo as diversas
formas de Energia (Qi) destes meios.
Os Canais de Energia são classificados conforme o tipo de Qi (Energia) que por
eles transita, das funções energéticas que exercem dentro do corpo e da situação
topográfica. Divide-se em três categorias: Principais, Maravilhosos (conhecidos também
como Curiosos, Extraordinários ou Irregulares) e Distintos ou Divergentes. Há ainda as
ramificações e os Canais Secundários.
Os Canais de Energia ou Meridianos Principais são os mais importantes dentre os
Sistemas de Canais de Energia, por onde circulam o Qi e o Xue (Sangue), promovendo a
ligação Interior/Exterior e vice-versa e fazendo a união Alto/Baixo e vice-versa;
distribuídos ao longo do corpo, são diretamente oriundos dos Cinco Órgãos (Zang) e das
Seis Vísceras (Fu), apresentando uma parte profunda que corresponde ao trajeto dentro das
cavidades torácica e abdominal, onde se promovem conexões energéticas internas entre
Órgãos e Vísceras acoplados. Uma vez que emergem das cavidades, os Meridianos
Principais percorrem por entre os ossos e os músculos, ou por entre os músculos, do tronco
e dos membros, até atingir as extremidades dos dedos das mãos e dos pés; constituindo, em
relação ao meio exterior, um Canal de Energia profundo.
Assim como os Órgãos e as Vísceras (Zang Fu) correspondem aos Cinco
Elementos/Movimentos que geram a Vida, também dentro dos Canais de Energia estão
presentes os Cinco Movimentos.
Os Canais de Energia ou Meridianos Principais são constituídos de 12 Canais,
compostos de:
Seis Canais de Energia Yin, que correspondem aos órgãos (Zang), sendo:
Três Canais de Energia Yin da mão, que são:
a) Meridiano do Pulmão (P);
b) Meridiano do Coração (C); e
c) Meridiano da Circulação-Sexo ou Pericárdio (CS ou PC).
Três Canais de Energia Yin do pé, que são:
a) Meridiano do Fígado (F);
b) Meridiano do Baço/Pâncreas (BP); e
c) Meridiano dos Rins (R).
Seis Canais de Energia Yang, que correspondem as Vísceras (Fu), sendo:
Três Canais de Energia Yang da Mão, que são:
a) Meridiano do Intestino Grosso (IG);
b) Meridiano do Intestino Delgado (ID); e
c) Meridiano do Triplo Aquecedor (TA).
Três Canais de Energia Yang do Pé, que são:
a) Meridiano da Vesícula Biliar (VB);
b) Meridiano do Estômago (E); e
c) Meridiano da Bexiga (B).
Os Canais de Energia da mão relacionam-se com os Órgãos (Zang) e suas
correspondentes Vísceras (Fu) situados acima do músculo diafragma, enquanto que os
Canais de Energia do pé relacionam-se com os situados abaixo deste músculo.
Os 12 Canais de Energia Principais mantêm ligação direta com os Órgãos e as
Vísceras, constituindo um conjunto único. Por isso, a fisiologia e a fisiopatologia dos
Órgãos e Vísceras (Zang Fu) e dos Canais de Energia (Jing Luo) são interdependentes.
A Energia (Qi) dos Zang Fu promovem a formação e a dinâmica dos Meridianos
Principais, e estes, por sua vez, geram e ativam os Meridianos Secundários, formados e
constituídos pelos sistemas de Meridianos ou Canais Maravilhosos, Distintos, Colaterais,
Luo e Tendíneo-Musculares, sendo que este gera os pequenos Canais de Energia
Subcutâneos e os Capilares. Os dois últimos constituem um Canal de Energia Superficial,
necessário para a manutenção da relação Interior/Exterior.
Nos 12 Canais de Energia Principais e nos Secundários, normalmente circulam
diversas formas de Energia (Yong, Wei, Yuan) e o Sangue (Xue), levando nutrição
energética e proteção aos Órgãos e Vísceras (Zang Fu) e aos Tecidos, ajudando-os a
manter a sua fisiologia, fazendo uma verdadeira ligação e transmutação do Yin e do Yang.
 Zang Fu Acuponto Mo Ventral Acuponto Shu
Dorsal
Pulmão (P) P1 Bexiga 13
Intestino Grosso (IG) E25 Bexiga 25
Estômago (E) VC12 Bexiga 21
Baço/Pâncreas (BP) F13 Bexiga 20
Coração (C) VC14 Bexiga 15
Intestino Delgado (ID) VC4 Bexiga 27
Bexiga (B) VC3 Bexiga 28
Rim (R) VB25 Bexiga 23
Circulação/Sexo (CS) ou VC17 Bexiga 14
Pericárdio (PC) VC6(circul.) VC15(sexual.)
Triplo Aquecedor (TA) VC15 VC5(geral) Bexiga 22
VC17(sup.) VC12(méd.)
VC7(inf.)
Vesícula Biliar (VB) VB24(circul.) Bexiga 19
Fígado (F) F14 Bexiga 18

3 b -> “Circuito Secundário” – CHACRAS:

São centros bioenergéticos de captação e/ou emanação da energia vital (QI),
formados pelo cruzamento dos meridianos. São centros de energia do corpo por
onde absorvemos a energia vital.
3 c -> “Circuito Terciário” – AURA:
É um campo (bioenergético) de energia eletromagnética que envolve o corpo
humano, cuja “qualidade” é resultante dos estados energéticos (meridianos +
chacras), emocional, físico, mental, e “espiritual”.

4 CONSEQÜÊNCIAS:
A soma dos três circuitos, resulta em doença ou saúde.
Saúde = Equilíbrio Energético.
Doença = Desequilíbrio Energético. O que fecha nossos registros de
energia: Ansiedade, Depressão, Medo, Raiva, Preocupação (excessiva), Alimentação
(inadequada), Sedentarismo, Drogas (fumo, álcool, drogas, medicamentos >
contraceptivos, calmantes, etc).
“REGISTRO FECHADO” > BLOQUEIO ENERGÉTICO.
 Mecanismos de Ação da Acupuntura

Durante milênios acreditou-se que o mecanismo de ação da Acupuntura fosse

puramente energético, ou seja, era aceita apenas a concepção dos Canais de Energia. No
entanto, com a difusão da Medicina Chinesa no Ocidente, muitos pesquisadores
começaram a questionar sobre a participação de estruturas orgânicas no mecanismo da
ação da Acupuntura, e o desenvolvimento de pesquisas científicas nesta área,
principalmente nas últimas décadas, evidenciou uma intrínseca correlação dos efeitos da
Acupuntura com o Sistema Nervoso e com vários neuro-hormônios.
Este novo conhecimento da Medicina Chinesa permite que, hoje, se aceitem três
mecanismos para explicar a ação da Acupuntura: o Mecanismo Energético, Humoral e
Neural.

Mecanismo Energético

Esse corresponde às clássicas concepções milenares de Zang Fu e Canais de

Energia, enquanto os outros dois mecanismos, Neural e Humoral, correlacionam-se direta e
indiretamente, respectivamente, com o sistema nervoso central (SNC).
Os mecanismos de ação da Acupuntura estão intimamente relacionados com a
origem de nosso corpo energético e de nossa forma física.
Para compreendermos esse mecanismo, devemos nos reportar a duas formas
energéticas básicas, o Yin e o Yang; e à evolução destes na sua transmutação, que passa
sucessivamente por fases intermediárias destas duas forças energéticas, representadas pelo
Yin do Yang e pelo Yang do Yin.
Quando estas formas de Energia são aplicadas na fisiologia do mecanismo de ação
da Acupuntura, temos:
a) Yang do Yang: que representa os estímulos que promovem a ação da Acupuntura e que
estão relacionados com os Canais de Energia (Jing Luo);
b) Yin do Yang: que representa o substrato anatomofisiológico da condução dos estímulos
da Acupuntura (Canais de Energia/Jing Luo/Meridianos=denominação ocidental); está
relacionado com a célula de Schwann (bainha de mielina). Esta manifestação do
sistema nervoso frente aos estímulos da Acupuntura constitui a via neural do
mecanismo de ação da Acupuntura;
c) Yang do Yin: que representa os estímulos de Acupuntura que chegam aos Zang Fu e
promovem a formação ou a ativação do Qi destes, que é circulado pelo corpo através
de duas vias: a dos Canais de Energia e a do Sangue (Xue), sendo que, nesta, o Qi
circula sob a forma de Energia do Sangue (Wei Qi, Zhong Qi, Yong Qi, Jin Ye, Yuan
Qi, Qi dos Zang Fu,...). Esta via constitui a via humoral do mecanismo de ação da
Acupuntura e já é conseqüente aos efeitos energéticos da Acupuntura produzidos nos
Zang Fu;
d) Yin do Yin: que representa os estímulos da Acupuntura chegando aos órgãos e às
vísceras, além de constituírem a Energia dessas estruturas (Zang Fu), promove as suas
atividades funcionais, cujo resultado é a produção de substâncias químicas de ação
local ou sistêmica. É o que ocorre, por exemplo, na formação da retina, atriopeptina,
prostaglandinas, hormônios, hormônios cerebrais (endorfinas, encefalina...). Estas
substâncias, produzidas sob o estímulo energético, percorrem o corpo através da
circulação sangüínea, constituindo, também, a via humoral do mecanismo de ação de
Acupuntura.

Mecanismo Humoral

O mecanismo humoral diz respeito à produção de substâncias, geralmente neuro-

hormônios e neurotransmissores (cortisol, substância P, bradicina, endorfinas encefálicas),
hormônios e neurotransmissores, que são secretadas no sangue, por ação da Acupuntura, e
que podem, por exemplo, determinar a observação do mesmo efeito da Acupuntura em
dois animais que, experimentalmente, tenham sido submetidos à circulação sangüínea
cruzada.
O efeito humoral depende também, indiretamente, do sistema nervoso central, que
determina a liberação, ao nível endócrino, das substâncias encontradas no sangue.
A transmissão dos efeitos da Acupuntura da gestante ao feto representa um
exemplo claro do mecanismo humoral da Acupuntura.

Mecanismo Neural

Os pontos de Acupuntura, quando comparados com regiões adjacentes, apresentam

um arranjo estrutural anatômico diverso e descrevem, entre outras peculiaridades, uma
maior concentração de terminações nervosas livres e encapsuladas, correspondência com
local de penetração de nervos em massa muscular (“Motor Points”), correlação com área
de divisão do nervo em seus ramos, exteriorização de nervos através de forâmenes ósseos
ou fáscias musculares e concentrações aumentada de capilares e de células, como
mastócitos.
Estas características criam no ponto de Acupuntura um potencial elétrico diferente
das regiões adjacentes e favorecem a uma maior contusão dos estímulos efetuados nestes
pontos, facilitando a formação de potencial de ação nas fibras nervosas locais as quais
conduzem estes estímulos ao sistema nervoso central.
A inserção da agulha nos pontos de Acupuntura tem dois efeitos imediatos:
a) mudança do potencial elétrico local, determinado pelas cargas elétricas que existem do
ponto da agulha;
b) lesão tissular – promovendo um estímulo de ordem mecânica.
O efeito elétrico da agulha assegura a formação imediata de um potencial de ação
ao nível do sistema nervoso, explicando as reações conhecidas na Medicina Chinesa como
“Te Qi” enquanto o efeito mecânico da agulha, em função de no ponto de Acupuntura
existir grande concentração de mastócitos, determina uma reação orgânica mais lenta e
duradoura, que é a expressão da regeneração cicatricial dos tecidos lesionados a qual
assegura o efeito da Acupuntura no período de até 15 dias após cada inserção, período este
coincidente com o processo cicatricial orgânico.
Os estímulos, originados ao nível dos pontos de Acupuntura, são conduzidos pelo
sistema nervoso periférico até a medula espinhal e daí ao encéfalo, promovendo sua ação
local ou sistêmica através de arcos reflexos medulares ou respostas determinadas ao nível
encefálico que podem ser motor, autonômico ou psíquico.
O mecanismo neural da Acupuntura é considerado, atualmente, como o mais
importante, em virtude da correlação existente com o sistema nervoso.
Inserindo-se uma agulha em um ponto de Acupuntura, sempre se está
desencadeando uma ação que se faz ao nível energético, humoral e neural. Dependendo da
função de cada ponto de Acupuntura, um destes mecanismos prevalece sobre os demais e,
deste modo, entende-se a concepção da indicação dos diversos pontos de Acupuntura para
as mais diversas patologias.

O mais antigo estudo sobre os canais de energia, pontos de acupuntura e

metodologia da aplicação de acupuntura é encontrada no NEI CHING- Tratado de
medicina interna do imperador Amarelo (século II a.C) na qual mostra que a acupuntura
controla o fluxo de energia através dos canais de energia e dos órgãos, remove bloqueios
bem como fortalece a energia, uma vez que para a medicina chinesa o corpo é formado por
matéria e energia (yang e yin) aonde a doença é um reflexo de uma perda da harmonia.
Os estudos atuais de neurofisiologia comprovam que as áreas da pele
correspondentes aos pontos de acupuntura apresentam uma maior concentração de
terminações de fibras nervosas livres e encapsuladas, principalmente A-delta e C, que são
os principais tipos de fibras relacionados com a condução do estímulo da agulha de
acupuntura.
O potencial elétrico das agulhas de acupuntura constitui um estímulo que age sobre
as terminações nervosas livres e condução do estímulo nervoso. Os efeitos da agulha de
acupuntura dependem da profundidade de inserção. A inserção superficial atingirá,
predominantemente, os receptores nervosos associados às fibras A-delta, que fazem a
mediação das dores agudas e termocepção, enquanto a inserção profunda estimulará as
fibras nervosas do fuso muscular e as fibras A-delta e C, devem ser utilizadas nas doenças
de instalação mais consolidada (crônicas) ou "doenças profundas". A inserção e
manipulação das agulhas de acupuntura causam lesões celulares que provocam, em nível
local, o aparecimento de substâncias como a substância P, leucotrienos, tromboxano e
prostaglandinas E2 e D2.
Essas substâncias algógenas estimulam os quimiorreceptores, e a substância P, em
especial, ativa os mastócitos a liberarem histamina, estimulando as fibras C e promovendo
vasodilatação a nível capilar. Além da histamina são liberados a bradicinina,
serotonina,íons potássio e prostaglandinas que também vão estimular os quimiorreceptores,
diminuindo o limiar de excitabilidade. Conduzidos por fibras aferentes somáticas, os
efeitos analgésicos e anestésicos da ACP são, hoje, concebidos a partir de pesquisas
científicas, como um processo de excitação que libera endorfinas em resposta a estímulos
intensos e vigorosos sob a agulha inserida nos pontos de ACP, que agem no nível das
fibras A-delta, situadas em nível mais superficial. As respostas corticais aos estímulos de
ACP são projetadas, principalmente, por meio da via serotoninérgica e da via
encefalinérgica; esta, na sua porção terminal no nível posterior da medula espinal, libera
encefalina, excitando o interneurônio inibitório da substância P no nível da lâmina II de
Rexed, bloqueando a condução do estímulo da dor e promovendo o estado de analgesia a
nível medular.
O efeito analgésico da ACP abole, também, os arcos reflexos patológicos que
promovem contraturas musculares causadoras de alterações dinâmicas intra e extra
articulares, que constituem estímulos para um ciclo vicioso de perpetuação da dor.
Em razão das propriedades da ACP de promover a analgesia através da estimulação
do sistema serotoninérgico vários trabalhos foram realizados no sentido de avaliar a
eficácia do tratamento por acupuntura na fibromialgia e dores crônicas.
Em 1998 foi realizado um encontro de consenso no Instituto Nacional de Saúde dos
Estados Unidos da América que incluía informações a respeito do uso apropriado,
conclusões, recomendações e identificações de áreas que necessitavam estudos futuros em
ACP. Concluiu-se que a ACP é amplamente utilizada nos Estados Unidos e que apesar de
haverem vários estudos sobre a sua utilização, os mesmos apresentam resultados
controversos devido à diferença na metodologia, tamanho de amostras, utilização de
controles apropriados, placebos e os grupos "sham". Porém a partir de sua utilização
surgiram indicações promissoras em algumas situações tais como cefaléia, tensão pré-
menstrual, asma, epicondilite, fibromialgia, dor lombar baixa, síndrome miofascial e
síndrome do túnel do carpo onde a acupuntura pode ser utilizada como tratamento
principal ou como terapia coadjuvante.
Goldenberg, E.M.M.C. e cols., 2002 realizaram um estudo como tema de tese de
doutorado feito na UNIFESP- Escola paulista de Medicina para avaliar a eficácia da
acupuntura no tratamento coadjuvante da fibromialgia. Foram randomizados 60 pacientes,
que preenchiam os critérios de classificação para fibromialgia do A.C.R., em três grupos:
acupuntura+amitriptilina, 20 pacientes (grupo A), placebo-acupuntura+amitriptilina, 20
pacientes (grupo B), amitripltilina, 20 pacientes (grupo C). Todos os pacientes,
independemente do grupo, recebiam amitriptilina na dose única de 25 mg/dia ao deitar. Os
pacientes que pertenciam aos grupos A ou B realizaram placebo-acupuntura ou acupuntura,
uma vez por semana por 16 semanas consecutivas. A avaliação dos pacientes foi realizada
no início e mensalmente por uma examinador cego quanto ao grupo terapêutico por meio
dos seguintes instrumentos: escala visual analógica de dor (EVA), questionário SF-36 de
qualidade de vida e inventário de depressão de Beck.
(Análise estatística foi realizada por ANOVA)
Os resultados mostraram que o grupo tratado com acupuntura obteve uma melhora
estatisticamente significante da dor através do EVA quando comparada aos demais grupos,
bem como uma melhora estatisticamente significante da depressão avaliada através do
inventário de Beck.
A acupuntura é um método terapêutico coadjuvante eficaz na redução da dor, e
melhora da depressão em pacientes portadores de fibromialgia, quando comparada ao
placebo acupuntura e apenas terapia farmacológica.