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O Emprego Do Esquadrão de Fuzileiros Mecanizado de Força de Paz em Apoio Às Vítimas Do Furacão
O Emprego Do Esquadrão de Fuzileiros Mecanizado de Força de Paz em Apoio Às Vítimas Do Furacão
Rio de Janeiro
2017
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
Rio de Janeiro
2017
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DECEx - DESMil
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
(EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
Membro Menção Atribuída
_______________________________________________
_
LUCIANO LARRI CHAMORRA QUEVEDO - Ten Cel
Cmt Curso e Presidente da Comissão
_____________________________
ELTON PADILHA TORRES - Cap
1º Membro
_____________________________
MATHEUS PACHECO DO NASCIMENTO - Cap
2º Membro e Orientador
_________________________________________
RICARDO SPADER – Cap
Aluno
O EMPREGO DO ESQUADRÃO DE FUZILEIROS MECANIZADO DE FORÇA DE
PAZ EM APOIO ÀS VÍTIMAS DO FURACÃO MATTHEW NO HAITI:
CONTRIBUIÇÕES PARA A TROPA MECANIZADA
Ricardo Spader*
Matheus Pacheco do Nascimento**
Resumo
Em outubro de 2016, o furacão Matthew atingiu a região sul do Haiti, resultando na segunda maior
catástrofe natural vivida pela tropa brasileira em Operações de Pacificação (Op Pac) na Missão das
Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Em resposta à catástrofe natural, foram
enviados mais de 570 militares do Contingente Militar Brasileiro para as principais áreas afetadas
pelo furacão, com a finalidade de garantir as atividades de ajuda humanitária inseridas em um
ambiente interagências. Diante disso, o Esquadrão de Fuzileiros Mecanizado (Esqd Fuz Mec F Paz)
se tornou uma fração indispensável para o sucesso das operações em função da sua composição
de meios distinta de qualquer tropa de Cavalaria do Exército. Concebido para atuar como força de
choque do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (BRABAT), participou ativamente no apoio às
vítimas do furacão, atuando em todas as áreas de responsabilidade da tropa brasileira. Neste
sentido, o presente trabalho tem por finalidade reunir os ensinamentos e experiências vivenciadas
pelos militares que participaram do emprego das tropas de Cavalaria Mecanizada que compuseram
as diversas ações militares no sul do país, concluindo sobre sua possível contribuição para o
conhecimento acerca das Op Pac envolvendo calamidades de grandes proporções provocadas pela
natureza com o emprego da Cavalaria. Foram realizados pesquisa bibliográfica, três questionários
distintos e quatro entrevistas. Os resultados indicam que a participação do Esqd Fuz Mec F Paz
contribuiu para a evolução do adestramento das tropas mecanizada, da capacitação profissional e
da liderança de seus comandantes de frações.
Resumen
En octubre de 2016, el huracán Matthew alcanzó la región sur de Haití, resultando la segunda
mayor catástrofe natural vivida por la tropa brasileña en Operaciones de Pacificación (Op Pac) en la
Misión de las Naciones Unidas para la Estabilización de Haití (MINUSTAH). En respuesta a la
catástrofe natural, fueron enviados más de 570 militares del Contingente Militar Brasileño a las
principales áreas afectadas por el huracán, con la finalidad de garantizar las actividades de ayuda
humanitaria insertas en un ambiente de interagencia. El Escuadrón de Fusileros Mecanizados (Esc
Fus Mec F Paz) se constituyó en una fracción indispensable para el éxito de las operaciones en
función de su composición de medios distinta de cualquier tropa de Caballería del Ejército.
Concebido para actuar como fuerza de choque del Batallón Brasileño de Fuerza de Paz (BRABAT),
participó activamente en el apoyo a las víctimas del huracán, actuando en todas las áreas de
responsabilidad de la tropa brasileña. En este sentido, el presente trabajo tiene por finalidad reunir
las enseñanzas y experiencias vividas por los militares que participaron del empleo de las tropas de
Caballería Mecanizada que integraron las diversas acciones militares en el sur del país,
concluyendo sobre su posible contribución al conocimiento acerca de las Op Pac involucrando
calamidades de grandes proporciones provocadas por la naturaleza con el empleo de la Caballería.
Se realizaron investigaciones bibliográficas, tres cuestionarios distintos y cuatro entrevistas. Los
resultados indican que la participación del Esc Fus Mec F Paz contribuyó a la evolución del
adiestramiento de las tropas mecanizadas, en la capacitación profesional y en el liderazgo de sus
comandantes de fracciones.
___________________________
*
Capitão da Arma de Cavalaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 2008.
**
Capitão da Arma de Cavalaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas
Negras (AMAN) em 2005. Pós-graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais (AMAN) em 2014.
1 INTRODUÇÃO
A realidade do emprego da Força Terrestre (F Ter) em operações no amplo
espectro dos conflitos, concomitantemente com a atual tendência mundial, ocorre
dentro de um contexto conjunto ou conjunto-combinado entre os vetores militares e
civis e, na quase totalidade, no ambiente interagências (BRASIL, 2014).
Inserido no quadro de Operações de Pacificação (Op Pac), nas quais o
Brasil é partícipe desde 1947 (BRASIL, 2016), o emprego da F Ter no exterior sob
a égide da Organização das Nações Unidas (ONU) resulta de operações militares
visando à defesa dos interesses nacionais, por meio de uma combinação de
atitudes coercitivas limitadas e de atitudes construtivas (BRASIL, 2015).
1.1 PROBLEMA
O combate moderno vem evidenciando cada vez mais a situação do
emprego de forças militares em ambiente interagências no amplo espectro dos
conflitos, apresentando novas demandas legais e morais que recaem sob os
comandantes em todos os níveis. Consequentemente, somente os ganhos
auferidos pelas Operações Ofensivas e Defensivas demonstram ser insuficientes
para assegurar o êxito das operações e atingir o Estado Final Desejado (EFD)
(BRASIL, 2015).
Em paralelo, o atual Conceito Operativo do Exército exige que as forças
terrestres se adaptem para atender às necessidades específicas das operações
terrestres como parte de uma força conjunta submetida a qualquer ambiente
operacional, concretizado pelo amplo emprego da F Ter em Op Pac sob a égide
da ONU no Haiti (BRASIL, 2014).
Nesse sentido, a fim de operacionalizar parte da contribuição militar
realizada pelo Exército Brasileiro (EB) para a pacificação do Haiti no que se refere
a tarefas específicas de apoio a vítimas de desastres no nível tático, são atribuídas
missões ao Esqd Fuz Mec F Paz que, por muitas vezes, não estão discriminadas
nos manuais doutrinários, exigindo flexibilidade e adaptação dos fundamentos de
emprego e dos seus meios para cooperar com a obtenção do EFD das operações.
Sendo assim, quais foram as lições aprendidas que podem contribuir para
mudanças na forma de emprego da tropa mecanizada em Op Pac nos desafios
modernos, fruto das experiências vivenciadas na catástrofe causada pelo furacão
Matthew na costa haitiana?
1.2 OBJETIVOS
A fim de analisar o emprego do Esquadrão de Cavalaria Mecanizado nas
Operações Militares advindas do desastre natural provocado pelo furacão Matthew
no Haiti em outubro de 2016, o presente trabalho tem por finalidade reunir os
ensinamentos e experiências vivenciadas pelos militares que integraram ou
participaram das ações de emprego das tropas de Cavalaria Mecanizada que
compuseram as diversas ações militares no sul do país, concluindo sobre sua
possível contribuição para o conhecimento acerca das Op Pac envolvendo
calamidades de grandes proporções provocadas pela natureza com o emprego de
tropas mecanizadas.
Com a finalidade de cumprir o objetivo geral da presente pesquisa, foram
levantados os seguintes objetivos específicos abaixo relacionados, que viabilizarão
o entendimento claro do pressuposto no presente estudo:
a) Citar a organização do Esqd Fuz Mec F Paz no 24º CONTBRAS.
b) Apresentar dados sobre a experiência dos militares que exerceram
funções de comando de pequenas frações, tais como comandante de pelotão (Cmt
Pel), adjunto de pelotão (Adj Pel) e comandante de grupo de combate (Cmt GC),
dentro do Esqd Fuz Mec F Paz nas operações de ajuda humanitária e apoio às
vítimas do desastre provocado pelo furacão Matthew.
c) Analisar os dados da experiência dos militares que exerceram funções de
comando de pequenas frações supracitadas sob os critérios julgados importantes
pelos Oficiais de Operações (Of Op) das Unidades de Cavalaria e Infantaria que
contribuíram com material e efetivo, apontando possíveis contribuições para a
instrução militar (IM) da tropa de Cavalaria Mecanizada.
d) Apresentar uma análise das informações sobre a organização e o
emprego do Esqd Fuz Mec F Paz coletadas do comandante (Cmt) e
subcomandante (S Cmt) do Esqd F Mec F Paz do 24º CONTBRAS.
e) Estudar se a atuação do Esqd Fuz Mec F Paz nas Operações Militares
em apoio às vítimas de desastres naturais inseridas na MINUSTAH contribuiu para
alcançar o EFD devido a utilização de seus meios nas operações militares
relacionando os possíveis procedimentos do emprego que possam ser
aproveitados nos diversos tipos de operações no amplo espectro dos conflitos.
f) Estudar os ensinamentos advindos do emprego da tropa de Cavalaria do
EB nas Operações Militares em apoio às vítimas de desastres naturais.
2 METODOLOGIA
Para coletar dados que permitissem formular uma solução para o problema,
delineamento da presente pesquisa abrangeu revisão teórica do assunto, através
da consulta bibliográfica a trabalhos científicos (artigos, trabalhos de conclusão de
curso e dissertações), publicações em periódicos e revistas a qual prosseguiu até a
fase de análise dos dados coletados neste processo (discussão de resultados). Em
paralelo à revisão bibliográfica, foram realizados questionários e entrevistas junto
aos militares que participaram da missão da Paz dos 24º ou 25º CONTBRAS no
Haiti, como comandantes de pequenas frações do Esqd Fuz Mec F Paz (Cmt Pel,
Adj Pel e Cmt GC), Oficiais responsáveis pelo emprego do Esqd Fuz Mec F Paz
(Cmt/SCmt) e Of Op das OM de Cavalaria e Infantaria que enviaram militares para
a missão integrando o Esqd Fuz Mec F Paz no 24º CONTBRAS.
2.2.1 Entrevistas
2.2.2 Questionário
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 2: Considerações dos antigos Cmt e S Cmt do Esqd Fuz Mec F Paz do 24 CONTBRAS
sobre o uso da força
Procedimentos
Considerações sobre o uso da força
Grupos
1) O Esqd agia seguindo sempre as ROE, empregando o uso
progressivo da força. Não precisamos usar a força letal nenhuma vez.
2) O uso do gás lacrimogêneo e dos tiros de borracha foram
suficientes para contornar todas as situações, segundo as ROE da
ONU.
3) O uso da força para autodefesa ou de outrem vinha em primeiro
lugar. Os principais incidentes, que eram as tentativas de saques em
comboios e na distribuição de alimentos, eram evitados com a
AMOSTRA C munição menos que letal. Assim, se preservava também a vida da
população haitiana. Infelizmente, dois militares se feriram sem
gravidade em tentativas de saque de material escoltado. A tropa
seguiu fielmente o escalonamento do uso da força.
4) Desde o início da missão, foi determinado a cada pelotão que cada
CG portasse duas espingarda Cal . 12, aumentando, dessa forma, a
segurança dos seus integrantes devido a maior probabilidade do uso
da força menos que letal. Foi uma medida essencial para o sucesso
das operações.
Fonte: O autor
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRAGA, Carlos Chagas Vianna. Desafios Futuros para as Operações de Paz brasileiras. Revista
da Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, n. 15, p. 11-23, 2010. Disponível em:
<http://docplayer.com.br/10346320-Desafios-futuros-para-as-operacoes-de-paz-brasileiras-1.html>
Acesso em 25 de junho de 2017.
Ano: 2017
1. INSTRUÇÃO COMUM