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Capitulo XI Desenvolvimento Emocional Primitivo (1945)! DESDEO PROPRIO TITULO fica bem claro que escolhi um tema muito amplo. O de cardter pessoal, ‘Nao pretendo apresentar em pri trando 0 desenvolvimento de minhas descobrir de onde roubei o qué. Talvez este Seja um método tio bom quanto qualquer outro, ‘mos & conclusio de que jé sabemos 0 mal-entendidos através de uma discussio desse: tivos. Interessado primariamente pelos problemas emocionais da erianga e do bebé, decid estudar a q psicose na anélise. Tive cerca de doze pa- cientes adultos psicéticos, e metade deles foi analisada de modo bastante ex- tenso, Isto ocorreu duranté a guerra, e devo dizer que eu mal percebia os ‘bombardeios, ocupado que estava com a anilise de pacientes psicéticos, no- {ria eenlouquecedoramente desatentos a bombas, terremotos ¢ inundagdes. DA PEDIARIA A PSICANALISE 219 O resultado desse trabalho é que tenho muitas coisas para comunicar € tentar correlacionar is teorias atuais, e pode ser que o presente texto venha a ser um ponto de partida. ‘Ouvindo o que tenho a dizer, e criticando, vocés me ajudaro a dar 0 pas- pretendia curto a fim de dedicar o maximo de tempo possivel a diseussao. ermitam que eu descreva do paciente sobre sua organizagao interna que constitui o aspecto Imente importante, fazendo com que a anise da depresslo e das no interior de seu corpo, Torn relacionar, naan’ ‘5a qualitativa no mundo interno do individuo as suas experiénci i- vas. A qualidade dessas experiéncias instintivas da conta da natureza boa ou ‘mé do que se encontra li dentro, bem como de sua existéncia, Esse trabalho representou um progresso natural dapsicandlise, envolven- douma nova compreensio mas nao uma nova ténica. Tal progresso conduzit rapidamente ao estudo e analise de relacionamentos ainda mais primitivos,€ sd estes que eu gostaria de discutir neste momento. A existéncia ‘mais primitivos de relacionamento objetal jamais foi posta em divida. Eu havia dito que nfo foi necessério modificar a técnica freudiana para permitir quea anélise abarcasse a depressio e a hipocondria. E verdade tam- 1 Prineipalmentegragas ao trabalho de Melanie Klin 220 ©. Ww. WINNICOTT bbém, de acordo com a minha experiéncia, que a mesma técnica pode nos conduzir até elementos ai ivos, desde que levemos em conta, “obviamente, as mudangas na situagdo transferencial inerentes a um trabalho deste tipo. Com isto quero dizer que o paciente que necessita de andlise da ambiva- : : 2.e sobre-e trabalho deste que difere da fantasia de-um paciente deprimido. Neste iltimo caso, o trabalho do analista é percebido como sendo realizado a partir do amor pelo paciente, sendo's 6 wangando ao longo 0 seu relacionamento sbes de édio, assim como as boas interpretagies so a expresso do amor € 0 simboto do bom alimento e do bom cuidado dispensados ao paciente. Esta te- atica poderia ser levada adiante, com grande extensdo ¢ grande proveito. Antes de dar inicio a descrigdo do desenvolvimento emocional medida que aparecem na transferéncia, a iramente preparado para lidar com a posigdo DA PEDIATRIA A PSICANALISE 221 depressiva, as defesas contra a depressio eas idéias persecutorias quedeveriio ser interpretadas & medida que o paciente progride. ‘Tenho que mencionar ainda alguns outros pontos i observado com alguma freqéncia que entre os cit ‘esse momento, ¢ deixa claro que a seu ver o bebé mais novo esté mais inte- ressado no modo como esti sendo cuidado do que em determinadas pessoas, Bowlby declarou recentemente que na sua opiniao as criangas de menos de seis meses nio so ainda seres individualizados, de modo que o fato de se~ rem separadas de suas mies as afeta menos do que se tivessem mais de seis |, por minha vez, jé havia percebido que alguma coisa acontece as {que o bebé dard seqliéncia a esse gesto, deixando o objeto cair deliberada- ‘mente como parte do seu jogo com ele. Ao especificarmos ‘entre cinco e seis meses’, nfo é necessario que se- jjamos muito precisos, Se um bebé de trés ou dois meses, ou mesmo menos, aleanga o estigio que numa descrigdo adequada localizamos por volta dos cinco meses, nenhumn mal advira di 6 estigio que estamos desereven e creio que se trata de tos progressos fisicos — tal como a capacidade de andar 2es tolhidos até que o desenvolvimento emocional li- 222 ©.W. WINNICOTT O corolatio disto é que agora o bebé assume que sua mie também tem le espirito, Em muitas criancas ocorre o relacionamento entre, 5 aos seis meses de idade Portanto, quando um ser humano se ‘uma pessoa relaci s,m | nalidade do bebé antes d os cinco € os seis, iigio que reconhecemos como atingido entre que pode ser alcangado antes ou depois Ha também a seguinte questo: Quando comegam a ocorrer coisas impor- tantes? Por exemplo, teriamos que considerar aqui também a crianga ainda ‘no nascida? E assim sendo, em que momento apés a concepgio a psicologia entra em cena? Eu diria que se existe um estigio importante aos cinco ou seis ‘meses, hd um outro que ocorre por volta do nascimento. Minha opiniio baseia-sena grande diferenga que pode ser observada entre os nascidos de par- ‘o prematuro ou pésmaduro, Sug que ao final dos nove mess de gravidez Speed cs santa opus tases nine eee uitas coisas importantissimas até alcangar a época em as semanas apos 0 parto, Seja como for, hi deste trabalho ¢ 0 de apresentara tese de que o desen- ‘0 do bebé — antes que ele reconhega a si mesmo (¢ portanto aos outros) como a pessoa inteira que ele & (e que 0s ou- {ros sao) —é vitalmente importante, e é neste perfodo que serio encontradas as chaves para compreendermos a psicopatologia da psicose. volvimento emocional cedo: 1 —integragao; 2 — personalizago; 3 — em seguida a estes, a apre- [DA PEDIATRIA A PSICANALISE 223 ciagdo do tempo e do espaco e de outros aspectos da realidade! —numa pa- lavra, a realizagio2 Ume grande parte do que tendemos a considerar bvioteve um comego ‘que gostava de brincar com novo bebé esperado pela mae. nascer antes de Ann? Para ele a percepgtio do tempo & muito instvel. E sstica, nfo conseguia adaptar-se a nenhuma rotina, porque se ela 0 jamais saberia, numa terga-feira, se estivamos na semana passada, nesta semana ou na semana que vern. A localizagao do eu no préprio corpo é muitas vezes tida como dbvia, mas uma paciente psicdtica em anélise deu-se conta de que, achava que sua irma gémea no assento ao lado do carrinho er até se surpreendia quando alguém pegava a sua irma no colo ¢ ela ficava pa- rada onde estava. Sua percepedo do eu e do outro-que-nilo-0-eu nfo tinha se era sentida como localizada no corpo, que por sua vez parecia uma maquina complexa que ela tinha de operar com habilidade e cuidado conscientes. Ou- tra paciente vivia, as vezes, numa caixa uns dez:metros acima, conectada 80 seu corpo unicamente por um frégil fio. Em nossos consul dia inimeros exemplos dessas falhas do desenvolvimento pr ‘vés deles somos lembrados da importincia de processes, tais como integra~ ‘glo, personalizagao ¢ realizagao. 224 0. W. WINNICOTT A desintegragdo da personalidade é um fendmeno psiquiatrico bem co- tnhecido, e sua psicopatologia & muitissimo complexa. O exame desses fend- menos na ands, todavia, mostra que oesado-alosinegrao primo formes da desintegragio, e que 0 a 3 detalhes por uma pessoa, 0 grado a0 menos na pessoa do an: lobebé, eo bebé que nao teve uma tinica pe dagos comega com desvantagem a sua tarefa dk técnica pela qual alguém mantém a crianga aquecida, segura-a e rho, balanga-a e a chama pelo nome, ¢ também as agudas experiéncia: as de vida. Em outras 0 processo é adiado, i¢do precoce do ataqué voraz. Na vida sgragdo é assustadora enquanto a ndo-integragao ndo 0 6. Quanto ao ambiente, pedagos da técnica do cuidar, de rostos vistos & 1m Unico ser, que s cde um paciente ps chamado mae. Na situagao transferencial “0 temos a mais clara prova de que o natural num estigio pri- mnitivo do desenvolvimento emocional do individuo. DA PEDIATRIA A PSICANALISE 228 E freqiiente presumir-se que, na saide, 0 individuo encontra-se sempre integrado, vivendo dentro do préprio corpo e sentindo que o mundo é real. ‘Noentanto, muito - gando dentro de.si a medo ou.a negagio da loucura, o medo ouanegacio.da ‘capacidade inata de todo individuo de estarnao-integrado, despersonalizado e sentinde-que.omundo nao ¢ seal falta de sono em quantidade suficiente produz tais efeitos em qualquer pessoa." Igualmente importante, além da integrago, é o desenvolvimento do sentimento de estar dentro do proprio corpo. Novamente, é a experiéncia instintiva ea repetida esilenciosa experiéncia de estar sendo cuidado fisica- ‘mente que constroem, gradualmente, o que poderiamos chamar de persona- -niirios na inffincia. Nao se trata de simples construges da fantasia. O estudo do futuro desses companheiros imaginarios (na andlise) mostra que por ve- ituidos por um outro eu, muitissimo primitivo. Nao tenho ‘momento, formular com preciso o que estou tentando dizer, te o momento para uma explicagdo detalhada. Proponho, no en- Dissociagao O problema da ndo-integragao acarreta outro, 0 dadissociagio. A disso- ciago pode ser estudada com muito proveito em suas formas iniciais ou naturais. Proponho que a partir. so qu os torturadores fazer dese fendmeno, NT.) m6 ©. Ww. WiNNicorT _sendo parcial. Por exemple ‘Acredito que nfo se pode di ue, enquanto senteistoea fo de sua pele no banho, el fe quietude e de exc Siagbes, devidas a0 fato dea integragdo nfo sedarcompletamente, permane- ‘o mesmo que ainda hé pouco berrava por sa- la urgéncia de agarrar e destruir algo ano ser lica em que ele nao sabe, a principio, que a mae por ele construida durante os seus momentos de quietude & a0 ‘mesmo tempo a forga por tris do seio que ele esti decidido a destruir, Creio, também, que nao ha necessariamente uma integragdo entre a crianga que dorme e a crianga acor: ‘ntegragdo aconteceri no de- certamedida desfeita. Masha pessoas que claramente de seus sonhos, e as criangas dependem muito dos adultos para tomarem conhecimento de seus sonhos, E normal que as criangas pequenas tenham sonhos angust terrorizantes. Nesses momentos elas precisam que alguém as ajude a lembrar 0 que so- nnharam. Quando um sonho éndo apenas sonhado mas também relembrado, 1 experiéneia de grande valor exatamente pelo fato de que assim -se na alterndncia natur no nascimento. Na verdade, a vigilia do bebé talvez possa ser descrita como uma gra- * dual dissociagdo em relagio ao sono. A ciagdo artistica aos poucos vai tomando o lugar do sonho, ou suple- mentando-o, sendo de importancia vital para o bem-estar do individuo e por- tanto da poe ‘¢%0, de grande importineia para Assi ‘Conhecemos também os extremos da doenga mer ‘¢80 surge, por exemplo, em condigdes comuns ta fendmeno passe despercebido quando se avalia uma personalidade, DA PEDIATRIA A PSICANALISE 227 Adaptago a realidade Vejamos agora 0 fendmeno da integragdo. Quando o fazemos aleanga- cionamento primério com a realidade externa. Numa andlise normal podemos aceitar como ébvio, ede fato o fazemos, esse patamar altamente complexono, desenvolvimento emocional que, quando alcangado, representa um enorme ‘avango no desenvolvimento por mais que nunca se possa dizer que se chegou a0 seu ponto final. Muits casos considerados inadequados para a andlise sto realmente inadequados, se no souberm realidade externa. Quando aceitamos analisar psicéticos, descobrimos que em alguns casos essa falta essencial de uma verdadeira relagio com o mundo ex- terno é quase a histéria toda, Tentarei descrever nos termos mais simples de que modo vejo esse fe- rnémeno, No contexto do relacionamento do bebé com o seio materno (eno ial como vefculo do amor da mae), 0 ‘Amie tem 0 sei0 € 0 po- ser atacada por um bebé mente eapaz, deve seta parte que tolea e compreende, sendo ela, prtanto, rte, pode resultar no primeiro vinculo externo, um objeto que é externo a0 ‘quem produzuma situagao que, estabelecido pelo bebé com umn ol eu do ponto de vista do bebé. Imagino esse processo como se duas linhas viessem de diregBes opos- tas, podendo aproximar-se uma da outra, Se elas se superpdem, ocorre um. ‘momento de ilusdio — uma particula de experiéncia que 0 bebé pode consi- derar ou como uma alucinagdo sua, ou como um objeto pertencente a reali- dade extema. Em outras palavras, o bebé vem ao seio, quando faminto, pronto para alucinar alguma coisa que pode ser atacada, Nesse momento aparece 0 bico real, ¢ ele pode entto sentir que esse bico era exatamente o que ele estava Oprocessoé enormem: pessoa e uma iinica técnica. Pi ia dizer que 03 bebés 28 ©. W.WINNICOTT silo construidos de modo a serem cuidados desde o nascimento por sua pr6- pria mae ou, na falta desta, por uma mie adotiva, e nfo por uma série de en- fermeiras. E especialmente no inicio que as maes sto vitahente importantes, e de Freqtientemente ouvimos falar das frustrages m realidade externa, mas com muito menos freq vio € a satisfagio que ela proporciona. Oleite real é mais satisfatério que 0 te imaginario, mas este nao é 0 problema. O problema é que na fantasia as coisas funcionam de um modo magico: ndo ha freios na fantasia, e 0 amore 0 6dio tém conseqiéncias alarmantes. A realidade externa tem freios, ¢ pode ser ‘estudada e conhecida, ea verdade ¢ que o impacto total da fantasia pode ser to- lerado somente quando arealidade externa ésuficientemente levadaem conta. ‘mento e sofisticago nesse mundo assim criado, de acordo com a quant de ilusto experimentada, e portanto de acordo com o quanto esse mundo cria- do pelo proprio individuo foi ou nao capaz de usar objetos percebidos no mun- do externo como matéria-prima, Esta idéia requer, obviamente, um estudo bem mais detalhado em outro contexto, No estado mais primitivo, que pode existir numa situagio de doenga, ¢ 0 qual a regresstio pode voltar, o objeto comporta-se de acordo com leis. migicas, ou seja, existe quando desejado, aproxima-se quando nos aproxi- ‘mamos ¢ fere quando o ferimos. Por fim, desaparece quando niio mais o de- sejamos. DA PEDIATR A PSICANALISE 229 Esa tiltima possibilidade é profundamente aterrorizante ¢ é tinica ani- quilagdo verdadeira, Nao querer, em conseqUéncia da satisfagdo, éaniquilar ‘objeto. Esta é uma das razies pelas quais os bebés nem. fe uma boa refeigdo. Um dos meus paci ¢amadureceu para além dele somente através da anilise, mento da relagdo com a real wo entre a fantasia e a realidade. Logo teremos que acrescentar a idéia da incorporaga0. Mas no ‘um simples contaro com arealidade externa ou compartilhada precisa em que o bebé alucina e 0 mundo apresenta, com momentos de ilu- slo do beb@ em que as duas coisas so vistas como idénticas, o que de fato ja- mais so. Para que essa ilusio se dé na mente do bebé, um ser humano precisa dar-se ao trabalho permanente de trazero mundo para cle num formato com interesse pela respiragdo, que nunca decide se vem primariamente de dentro ‘ou de fora, e que fornece a base para a concep¢do do que chamamos espirito, alma, anima. Auséncia primitiva de compaixio ao concernimento? Podemos agora passar a falar dos tipos mais primitivos de relaciona- ‘mento entre 0 bebé e sua mie. 2. Ver nota 2 da pigina 389 = 0. W. WINNICOTT i920, ainda ‘a uma tonge caminhada antes de pasar a relacioar-s como pessoa total com uma ‘ic total, e passar a importar-se com as conseqiiéncias de se i samentos ¢ atos sobre el. artes aa E preciso postulara exis piedoso (ruthless).! Novamen a tinica de quem se pode (ruthlessness) mesmo por brincadeira, pois isto na verd Sema possibilidade de brincar sem com ‘Neste ponto eu poderia mencionaro terror da desi : c ion: sintegracao como opos- to A simples aceitag2o da ndo-integragdo primiria, Quando o individue 2 Namitologia exist uma personagem: Namtole Petsonagem nits ~ Lith —eujorigem seria muitoinen (DA PEDIATRIA A PSICANALISE 23) aleanga o estigio do concermimento, ele nao pode mais esquecer as conse- {iiéncias de seus impulsos ou das partes de seu eu, tais como a boca que mor- no hé enriquecimento a partir da realidade externa, Para ilustrar a aplicagdo destas idéias, acrescento uma nota sobre 0 ato de chuparo dedo (ou é portamento desde uum sentido que vi uma atividade nor ‘A boca é uma zona erdgena especialmente organizada na infincia, ¢acrian- ‘5a que chupa o dedo tem prazer com isso, ¢ também idéias prazerosas. (0 édio também pode ser expresso desta forma, quando a cris ddano a0 dedo por chupi-lo com demasiado vigor ou freqiéncia, E {que ela cause dano também & boca. No entanto, no ha certeza de que todo 0 ‘dano que pode ser causado deste modo ao dedo ou a boca resulte do édio. ‘Aparentemente hi nisso um elemento que consiste em que algo deve softer ™ D.W. WINNICOTT sea crianga tem prazer: 0 objeto do amor primitivo softe por ser amado, no apenas quando ¢ odiado. Podemos ver no ato de chupar o dedo, ¢ principalmente no de roer as ‘unhas, um voltar-se para dentro tanto do amor quanto do édio, pormotivos tais ‘como a necessidade de preservar o objeto extemo. Ai vemos também um vol- {ar-se para oeu como resultado da frustragdo no amor por um objeto externo, A questio ndo fica resolvida por estas formulagdes, e merece um estudo adicional ‘Suponho que todos concordardo coma idéia de que chupar o dedo signi: ica consolo, e nio apenas prazer. O punho ou o dedo esto ali, em vez. do seio ou da mde, ou de alguém. Por exemplo, um bebé de uns quatro meses reagiu a perda da mae com a tendéncia a enfiar o punho garganta abaixo ete- ria morrido caso nao fosse fisicamente impedido de Enquanto o habito de chupar o dedo é normal e universal, estendendo-se ‘20 uso da chupeta e também a diversas atividades de adultos nommais,é i ‘mente verdade que o habito persiste em personalidades esquizdides, e casos ele se revela extremamente compulsivo. Numa das minhas pacientes, le se transformou aos dez anos na compulsio de estar sempre lendo. Tais fendmenos nao podem los sem que consideremos a idgia de que eles consistem na tentativa de localizar 0 objeto (seio ete.), man- tendo-o a meio caminho entre o dentro e o fora, Esta é uma defesa contra a pperda do objeto ouno mundo externo ou no interior do corpo, ou seja, contra a perda do controle sobre o objeto, ‘Nao tenho diividas de que 0 ato normal de chupar o dedo também tem esta mesma fungao, © elemento auto-erdtico nem sempre tem a suprema importin Certeza o uso da chupeta ou do dedo rapidamente se transforma n fesa contra sentimentos de inseguranga ou contra outra ‘Concluindo: todo chupar de dedo fornece uma I primitivo, onde o objeto ¢ tanto 0 individuo quanto 0 é o desejo pelo objeto, pois este é criado pelo desejo, ou é alucinado, eno ini= cio nao depende da cooperagao da realidade externa. Alguns bebés pdem um dedo na boca enquanto sugam o seio, conse- ‘guindo assim (de certo modo) preservar a realidade criada por eles 20 mes- mo tempo que usam a realidade externa, Sumario Foi feita uma tentativa de formular os processos emocionais primitivos ‘ormais a primeira infincia, e que aparecem regressivamente nas psicoses, Capitulo XL Pediatria e Psiquiatria (1948)' -za do meu trabalho, Sou um pediatra que migrou para a psiquiatria, e um anata ‘que nfo se desvinculou da pediatria. Num discurso do Presidente épermitido,e até mesmo costumeiro, que o oador busque o seu tema numa experiencia pe fissional inevitavelmente sacrifica um certo grau de competéncia em cada uum dos campos. criangas, criangas, Demorou igualmente pouco para que se comegasse a pensar em até que ponto as doengas

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