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SENDAS | VEREDAS GEN — Grupo de Estudos Nietzsche Dicionario Nietzsche ‘Dados internacional Cstlopaio na Pleas) (Chore Basle do ino, POs) ‘Danio Neti /edtora poral Save Maton) S50 aud | Tigo toyln 01- ends ted | 2900: GEN - Grupo de Estudos Nerche Sonorees otee2 |: Fiolon: Dinos Akeho2 Ritch, dich holm, teu 0 Dieenina.Alendol Marton Sera Sere 608398 coos Indes pars ctsloge stems: 1 Nace orf stems 19 Coagin Sends & Vere [GEN'= Grupo de Estudos Neesche editor esponasuok Scarlet Maton Universidad So Paulo USP) Foculode de Ftovoa, ata © Giincis Humonas ‘Av Prot Luciana Guba, 35 (808500 S30 Paul, SP ‘ror. gen ich vp.oe Cop: Wer isboe Retoo de Feeich Mitich, 1882: ‘ine das cco loos do latogato Gustav Schulze, Noumburg adorn nia de sero ce 1682 hit /eommons ined rg/ah Fo seit B jp Diagramagée: Ronaldo Hideo nous digs LoyolsJesuitas fa 1822, 341 Ipange (2 6000 So Palo SP 75 7185 ASO BON - 20634275 ‘edteilloyolacom te {eovdaeoyla com br ‘wonaoyla cer 150 970-6515 8388-2 LOYOLA, Sto Paul, Bra, 2016 indice dos verbetes Prefacio, Nietzsche, vida e obra Os livros publicados por Nietzsche indice das abreviagoes das obras de Nietzsche Verbetos: indice remissivo Bibliografia geral Os autores v7 97 101 429 487 Alto AFETO (Affekt) Axi cones rezete em quae ots os escrtos de Net: sche, 0 term “afeto” s6 adquite seu sentido seminal quando ds «laboragao, em sua filosofia tarda, da chamada “teoria dos afetos” designanclo uma tentativa de descrever imageticarnente a atvidade fundamental da vontade de poténcia no proprio homem, Estabele- ceendo uma relacio potssémica com expressoes tais como “intinto” {instinkt| @"impulso” (Tried) 0 ateto assumiia entao funcao de re meter a andlsefloséfica a um horionte no qual a rocao de espiito {dino poderia ser pensada a partir da ideia de uma entidade imate- fal que se opusesse a0 corpo, mas segundo um pensamento que se incumbe justamente de abolir as versOes candnicas de alma, E, pre cisamente porque a atividade exercida pelos impulsos ndo se deixa enfeixar por les que permitissem caicular, de antemio, 05 resultados «da batalha por eles travada, & que se deve abrir mao da tentativa de descrever de mado defintivo esse ou aquele estado afetivo, Qual- ‘quer significagio ditima do universo corporal precisa ser entenclita, ‘aqui, como uso ou, melhor ainda, como uma iusdo metodol6gica Do contréro,facultar-se-ia 8 teoria nietzschiana ds afelos a possibi- Fidade de descrever 0s Comiplexos instintuais em si mesos. E, se jd hap se trata de decarar 0 primada da afetividade sobre a esfera da Fepresentacao, mantendo as avessas 0 dualismo corpoialma, cum- pre explorar, doravante, as instancias mraconscientes que a concep- (20 tradicional de vontade insistia em cssimular. Uma das primeias aquisicées dessa quinada € a descoberta do papel decisério exerci Por um eto especitico junto a pluraliade de quereres esentimentos, que, segundo o fikésolo alemao, perlazem e constituem todo ato vo: Iitvo, A Nietasche parece impossivel pensar o querer sem pressupor. ‘20 mesmo tempo, sia dvisio intema, O homem que quer ¢ acredl- ta deter o comand da volicao também é condicionado por algo que, ele mesmo, tem de obedecer. Na expectativa de que sua vontade sea levade a cabo, ele apenas se identifica com um determinado ale- to que nele se tomara atuante e vtoroso, transplantando-se, para além do emaranhado insito a outros processos de subjugagio, 20 lado desse querer ben-tograd. No homer, & luz de tal orientacao, 6 afetos & impulsos tenderiam a efetivar-se tanto quanto poder, exibindo @ amplizndo um desejo incontido de vi-a-ser-mais-forte } 102 Afimagio [Assim, sem ombrear com conihecimentos que visam a encontrar ura time e absolute explicacio paras fngbes reguadras do hone, ‘a“tearia dos afetos" concedera a Nietzsche, outrossim, a possibiida~ de de descreverdeterminadasperspectivas morais de avaiado cere formas expeccamente humanas de vontade de potindscradas ‘apreciadas segundo condiciies de existéncia diferencidve's ummas das ‘outras, Fruto de um processo de selecéo e modelagem de forces ins- tintuais, a propria moral devenia ser ‘considerada, ‘sob tal dngulo de vi- sho-como un seomatlopa ds fs. NEOs rae pore, pra Nice deter ecatvar 0 ftos em prin des meses, ‘Qerced omar parte ura dda aba deus moras 0 prego de um esgotamento da matéria-prima afetiva al a da anima- Mr numana Anata os chamados "mau ets" apenas ara rion pores sroubos ov mjunes medatas equi, ra fundo, a pagar um prego irracional por um beneficio ilusdrio. sovee APETO, conor A 128 3M 51,6195 187: 0M 515, $106 ‘eete-os matron da humane” 33 snarl AVALIAGAO, CORPO FISIOPSICOLOGIA, FORA. WSoingivto wonat, PAcoLOGA SELECAD, STOMA YONTADE Derowtuen Bibliogratia MARTON, Scarlett Do dilaceramiento do sueito @ plenitude dionisiaca, Caclernas Nietzsche, v.25. p. 53-82, 2009. sama SILVA Jr. Ivo da. “Zetchensprache der Affekte™ te angnge et 13 ‘chez Nietsche. in: DENAT., Céline; WOTLING, Patrick (orgs. Nietz~ ‘sche, Un art nouveau du ciscours. Reims: Epure, 2013, 9. 159-173, Femando R. de Moraes Barros AFIRMAGAO (Bejahung) a ‘dizer-sim” do“ ‘Tributéria de uma filosfia que ndo sabe separar 0 . zero no, a nocao de afirmacge assume, em Nietsche, um sir ‘ado duplemente diverso, ora indicando um posicionamento t26rico- 10 | atemdohonen ALEM-DO-HOMEM (Ubermensch) Com o term alem-do-homem Nietzsche busca exprimir a ideia de {que o homem éalgo que deve ser superado, Nodo que surgeem seu Pensamento a partr do conceito de vontade de poténcia © do pen- ‘samento do etema retorno do mesmo, ela 6 a resposta ao problema dda “morte de Deus" e do avanco do nitismo. Compreendendo 0 ho- ‘mem como o resultado de uma constituicao fisil6gica decadente que durante milénios estabeleceu os valores, Nietzsche julga que a des- valorizacao de todos 0s valores dlecorre da perda de fundamento do "mundo suprassensivel come consequéncia do modo como o hormem avatiou 0s valores. © alkim-do-homem, assim, pelo carater intsinse cco de autossuperacdo da vontade de poténcia, & aquele que pode ir alm ce ising © de sua ponsibidade de repetigio eter, Pla importaneta que esta nox ler em sua articulagay cont ‘outros temas centrais da rellexao nielzsctwana, emboFa 0 TsO fi tuizasse 0 terme em obras anteriores, © semente nas arakagGes de 188? que the dara contomos preeisas para, em sag, apresnlin le mas pegs inicio do pleco Assn aka Zareetra, Equi kdb enio, lago no primwite contato de Zaratustra cont, 0s homens, « protagonista anuncia que Deus © 0s deuses esi “Maortos", prece za que © hotrern 6 algo quae nessa ser superadda ks 0 aka do-fronren deve ser 0 seni da terri nas anuagins de HBR, 0 alr-du-tiomern & Caracterizad como un dipo que se assemelharia ‘um “deus de Epicta”. Esse lentasepyae senda iralado ean alums fpoucas anotaoes de 188 /;nelaso fasta almeja qua sara ia es pects thay Fate, ut “Epo Superior”, “alimadar da vida”, “fons 0". Do mesmo modo, news anolagoes, ele tamiacm avalia que er diversos momentos da histéria sempre exist lipos superiores, mas que, se alé entdo eles surgiram ao acavo, a pastir de agora de vyem ser culivados. Em consonincia com las reflexties, na Genel gaa dea Moral Nietzsche vé Napoteao come uma “sintose entre inuma- no ¢ akém-do-homem” e, em O Amicrista, explicia que um tipo su- petior sempre iompeunos mais diversos lugares da Lea. ine He {quando comparado a humanidiade em seu conjunto significara algo proximo de sua concepgao do akimn-do-homem, Se no contexto de muitas He suas reflexdes Nietzsche parece pensar o além-co-homem a partir da vontade de poteéncia, em Ecce 106 ‘Hono ele retoma a relaga com o etemo retomo do mesimo ao pen sar oalgim-do-homem pela via do imoralsmo. € quando, ento, es- clarece que colocou tal expressao na boca de Zaratustra, 0 aniquila- {dor da moral, para designar um tipo antagénico aos homens moder- 105, 205 bons, aus crstaos © a “outros nists” Sobre ALEM-DO-HOMER, consultar 2A "Proficio’| "Da vitude que I “Nas ihas bem-aventuraddas”; GM 18 16;AC 54; EH “Por que excrevo tao bos livros” 1; FP3 [1] 386 do outono de 1882; FP 475) (81,194), [121] © [132] do novemro de 1882-fevercro co 83; FP 10 [47] de junhofjutho de 1882; P27 [5 do versofoutana de 14; FP 10[17| [47] do outono de 1887: FP 11 [413] de novemivr de 187imargo de 1888. Ver também DECADENCE, DEUS, DIONISIACO. ETERNO RETORNO DO [MESNO,FiSIOPSICDLOGIA, HUMANIDADE, IMORALISTA, NILISMO, TIPO, "TRANSVALORACAO DETODOS OS VALORES, ULTIMO HOMEM, VONTADE DEPOTENCIA Bibliogratia MARION, Seareth ire flava Zarununtra. A obra a meso tempo consaaxht © ene I Nietetere a Arte de dice niga. Sas Pato: Fqoes Lagoa, 2014, p, 10/1, Cad Sew Ha & Veni) MARION, Seale, Metso Bae Forgas ines, 41 Belo Harivonte: UEMG, 2010) MARTON, Scarlett, A torte de Des ea tae ds valores. tn Pcavinn is Eevee tte de Ndr. 3 ‘San Pani acatolla, 9009, p, 69-84, (Col. Series ered) once as Vanes ae Luis Rubira ALMA (Seele} \Vocatulo bastante uiizado por Nietzsche. aparece cm das formas mais frequentes em sua obra, Ha uma perspectiva mab usual e am pla, em que aka esta ligada aos estados intexnos, ao carder, 1raKos de personalidad, ou mesmo aquils que pode identifcar cults, 107 'pov0s © épocas, como, por exemplo, a alma alema, a alma do artists ua alma madera. O outro sentido assume uma perspectiva critics, pois Nietzsche contrapde-se 4 nocao que julga tradicional, na filo fia e na religio, da alma como algo separado do corp, aquilo que the di vida e, a0 contedrio do carder temporal e perecivel da corpo- ralidade, sera eterno e imorial, Critica também a deta de alta como uma substncia, una e indivisivel, ou ainda associads ao pensamen to, que estaria em contraposicin as sensaghes, afetos e paises. No frimeiro case, Nietesche adota uma nocd de alma etn que analisa lragas de cariter, formas. de produgae artsticas ¢ todo um ethos 2 fas relacionado, e, em Hlumario, demasiado Hannan, aoreta utr Capitulo "Da alma dos artistas ¢ escritores", No segundo caso, Niel sche combate o dogmatisma hinsdlicae reighose porque este cone bbe a alma a partir de uma perspectiva que despreza 0 como ea ee tividade. Apesar de a ciéncia, na modemidade, ler contrbuide para suplantar muitos dogmas atavicos, & crema na alma nos altibuttos ‘que se ligam a ela ainda resistiarn. Nao apenas continian 2 ext lir, um ambito flos6tico ¢rekose, a crenca nia alma com tatsbens fom Sua imortalidade, etemidade e indivisiblidade. Ou ainda persis tira aideia de alma como midnada ou ator. Todava, eterente dey que ocorre com muitas concepgnes que combate, Nieasche nde ppretende supnmniraicrenga rival, visto que a pakssennic co ten, ‘guard uma riqueva de possibidades cu sipnifcadi esti akin a uso dogmiiticn, Por fss0, er Asia falaver Zaraustr, a alma So4a compreendida como uma palavra para designar algo no cure. enn Para alein de Bem e Mar, enureiannese novas tipSleses para 0 con cceito, coma de aima marl, alma como pluralidade: de sets ou alma como estrutura social dos impuisos e afetos, Essas novia hipo teses liam se & nogae de isiopsicologia; nla, o compo é uma mul Ricidade com um s6 sentido, cuje processo revela como os aletos & impulsos atuam. Em todo ato da vontade, como 0 pensar © as mul tiplas formas ite querer, ha uma pluraidarie de afetos, tanto de uma Perspectiva afetiva quanto corporal, coma é 0 caso de uma sensa- (cdo muscular, Nietzsche denomina almas esse grupo de afetus que Se retinem e so constitutivos dos ates de vontade. Gragas a meca- hismos préoprios da linguagem e da gramatica, essa multiplicidade ser uniicarla em concepcoes de alma como substancia, espitto ou eu. Todavia, nao se pode falar em unidade, mas em mutisicidade, 08 | | Amor ft Dai a concepqao da alma come pluralidade de suje'tas ov como &- Initura social guardar uma analogia com um sujet plural ou com ‘uma soriedade composia dle virios individuos reunidos, Alem dis- ‘so, senido apenas expresso dos processos corparais, esas multas flmas seriam mortals, Aqueks tracos de personalidad, de carver, F que compiem um tipo psicokigco, expressam esses alos de vonta- de que ilemiicamos por querer, send, pensar, e que sao Iutos do ‘complexe le actos que se arranjam na corpo, 4 tc $0541 Pls” ALMA cova NTE toa " Sigottesise os ues Ate’ te Sh coREeST ‘| 1 $20,522, $45, 854, enon cn" BSW 312,919.52082. 54 ron sepnas ent rte’ 57698525 AC E96 SAB EH Pore Ronee” 57 ¢ 48; FP9 [63] do outono de 1887; FP 11 163) 339) ¢ 1302] a ornare ay 417d aH. jer ISIOPSICOLOGIA, rtanbinAFETO, HENNA, CONCETO, CULTURA ver uso, INTERPRETAGAG, LNGUAGEM, METAFORA, MO Dentanade von Biogate m Jetidode ern Nictzsctie tn: MARTON, Scale BRANCO, Mati Joan ra €neia ¢ inconsciente In; rset vay Cone en aan mat tiesebnea ata deniinche 5S er 8p. 16118) Kot Seas Yok) ‘Marcio Jose Silveira Lima AMOR FATI(Amor fati) Por amor fal, antiga expressan latina cy sentido tera € amor ao fad {destino} ou amor a fatalidade, Nietzsche compreende 0 arnor 109 | 190 que & necessdrio, Em suas anotagbes ele passa a utilizar a expres, 80 no outono de 1881, pouco depois de ter o pensamenta do eter: ‘No retorno clo mesmo. Trata-se, como ele explicitard anos depois em Ecce Homo, de unva formula para medir a grandeza da vontadte _afirmativa do homem, sua capacidade de aquiescéneia incondicional Giante de todas as coisas insentas na ordem do tempo. Ou sea, nao ‘querer ada de outro moda: sea em relacdo ao passado (amar tudo aquito que ja ocorreu e que nao poderia ter acorride de outra mane'- a) ou a0 futuro {amar tudo © que a de vir), seja em relacdo a eter dade (amar o instante, pasto que cada momento pode repetir-se de forma idéntica, o etemo retomo do mesmo) E importante observar que Jno primeiro momento em que uti liza @ expressao, Nietzsche considera o amor fai como um imperati- ‘Yo que ele mesmo define em sua anotagan coma: amet cata que é ‘necesstria, Nas obras publicadas, apresenta o amor fati apenas em ‘A gaia Ciéncia & em Ecce Homa, Nesses dois momentos separates por umn intervalo de seis anos, é de modo diferente que ele se refere ‘20 amor fati em 1882 ¢ 0 aborda em 1888, EmA gaia Ciéncia, quanda vem diagnosticar a “morte de Deus” apresentar 0 pensamento do etemo retorno do mesmo, NieLsche inttoduz © amor foti na abertura do Livro Y na forma de ur pedido dante do ano que inicia: gostaria de, dali em dante, amar as coisas tal como elas se apresentam, sem julgar e abstendo-se de condenar ‘© que ocorre, desejando ser apenas “aleuém que dir Sima!” J era Ecce Homo, ee vincula ocunor folio perssamento do eterna retonia do tnesmo @ considera 0 amor fa 1ido como algo que sua vontade {2ostaria de conquistar, mas sim como aquilo que the é mais imaner te, Formula que possui um vincuo estreito com a possibilidade de Fepetigdo ciclica de todos os acontecimentas, amar 6 que é neces: sario implica, em sua radicelidade, em amar a possibidade etema de retorno da proprio nlismo, Concepcaa que anula as nogdes de “cans”, “contingéncia',“ibetdade da vontade”. “fialidade”,o amar oti é um dionisiaco dizer Sim ao mundo, tal como ele é, sem des- conto, exceciio ou selecto. Sobre AMOR FAT, consultar GC 5276; NW Epilogo" §1:EH “Por que sou 'o saibio” 5 10,“O Caso Wagner” 54; FP 15 [20] do outono de 1881: FP 16 0 Aarqusmo 1500 4a paver ce dzone 18a do 105 0 25 roe rast naa pmverovers do 188 F257 dred © 1888/inicio de 1889. (00 MEMO, FORA. IDEA asm AVAACAO.TERNOREIORN uo mals neoesSoa MSO, REALORDE TEMPO TRANS tatonnenoperO0005 OS VALORES VONTAGE DE POTENC Bibliogratio. AZEREDO, Vinia Dutta de, Mewsce ea Aurora de una neva Elica, SoPavo. hi Homans, app. Uap 2008 MARTON, Scat. Notch cletragin ca dh. be SANTOS, Ma tio Vio for}. Perse. So Pak Cars do Sab & Reale Livtos, 2016, ». 26-229. “pupae RUBIA Ls, Nave lr fata do es Tem (ale todos os Veh, Sn Pa: Barer, HSNO {Col Sewn 8 Vere Luis Rubira ANARQUISMO (Anarchismus} sss. Nunes ae mm a Srexhlooque certnrna mn rcnkte NSH 3 tos aan em mo pode ter uma organizagdo interna deficiente, caracierizando- 1 por uma via declinante. Neste caso, haverta urna anarque das ae Pare ane dems que ca area Sava do organo, Newsthe tra con ea cere eScrtes, que, em sua dagen, toe delinoa igure de Ser . separ odeelin ds antiga Atenas, Masai, tle odes m EE | citzagao Culdades, préprias de todo povoe de toda época, seam um estimate para a superacao e para a elevagio da cultura, pois, na cwilizaca0, to «los 05esforgs esto aplicados no alastramento da décatence 3 uma contradgao radical entre a civiizacio e a elevacao do hhomem. A nogo de progresso a lao de outrasieias modernas (a ieualdade de dretos.a humanidade, a compaixao, a democracia, tolerénca, a emancipagao feminina, 2 fermacdo popular, nda snl {de elevaco do hiomem, mas sintoma de mortidade, de enfraque- acompaixas, longe de cesar o solrimento, tende a propaga. tine ttt cura tase npn co peared © cadence. No contexto da filosofia nietzschiana, compaixao tambem ~ que éusada como autadelesa do fraco, NBosento' capazde se defen- frente Neeson sme ce traserip qu prong ofa ca pest go 147 | | comes Sofer como sonst aa cet um doses can 6a mora ct, Todov, psa Meth, a sto decomp foes. Cormeen crc nae dia cota es, os Fao cen ua anche por ma de un Gl, Aras da expos 6 eu pro sore, mpinge ans fortes. Bess fom, aga ls compan sem eagor tet em quem nao ste e, presse, ean andes Ganga faoreseikn create: Nao te hse esata sea rave, me de sate om deo cele ae nig pe seat de mona anes yo eso de rude os tae oer ess ante yas da cemmpaisao, Metzce preende marifestaro carter cntradtors essa vee crs, pris mesa la dra deserts, lado a lio com odsprem cco osatiento de spent, Sobre COMPAKAO, cons 5800 ona HH 0 48 52 * 9138; GC 4118, $271 e $345, 8M § 202; AC 47 seen nner Ver também ASCETISMO, CRISTIANISMO, CRt » ). CRUELDADE, DECADENCE, FORTE, GENEALOGIA. MORAL, PRATER, RESSENT sf i ten ENTIMENTO, SAUDE, Vion, Bibliografia AAEREDO, Vina Dita de Aesche o4 Ds dM ‘Sa0 Paulo, jul: Discurso Editorial, Editora Ur me i 0 era tre Uo, NOY el So das & Veredas} " ous hi Een UM 010 ‘Joao Evangelista Tucle de Melo Neto 1a Concete | INCEITO (Bearith \sanalises de Nietzsche sobre o papel do conceto esto fortemen “te marcas pla inluéncia que recebeu do legado kantiano. O'seu “esto Sobze Verdade e Menta ro Serio extramoral tax uma sé- Syede reflexdes sobre o ugar do conceit para oconhecimentoe sua “bonstituicdo na tinguagem, Nesse texto, Nietzsche parte da visao Santana do concato como unficador da enuliphcdade dada na es _periénea, negands em sepuida tanto sua purezalaeKa quanto epis- mica, Ess visio esta relacionada com a Leora relic da tng "gemem quea meta ocupa umtugr cena Nietzsche concede a Tnuagen a patir de seu desenvohimentoe transtormacoes, numa perspeciva ewtiva que mostra que cia est a servo do coneci- “inento para firs de sobroviéncia, Por 830, 6 conceto é 0 produto ardio desse gxecesso, uma vez que, endo un componente da i uagem integia a mesma finnidade moral que exige a aigao da dissimulain ¢ da mentta para fn de pu stl, Para ating essa ‘neta, 0 priiciny ps foi a designacio ursformenente valida para proceso de estabizaio de valores moras, Supr- tmindo os tren ndividais elas cosas a fim de estanca af ez etransformagio propria da realilade eletiva, 0 conceto surge > da iguatan co no igual. As flu qu sto despntadas pelo com et Folland so quats, no entanto alinguagem concetual as ia © ta como sera a inobservéncia da incvdualidade de cada cosa due torna psiveto concen, Notsche afrmua que os signs permi= © tem ao toncin cosiauir 0 mundo da linguagem e com ele dominor ‘mundo da efetvidade,criand a iuseo de que esse mundo estab ado efado da nguager seja constitu pela verdad, Decisivo para esa fixacao,o conceit esta senaco de um dogmatism epi {émico, Kigio v ontoligico que desconsidera aqua queo caracteri 7 04 ej, de que cle & muito mais um resin da metatora do que um veils para a verdad. Se toda para representa o culminar de 1 umprocesso de tansposigao fsiokigica, dat sua condigio mean © cainescapavel, a nocao de que a conceto contém uma homogenct- dade entre palava e coisa ¢ meramente uma crenca attra, pos 6 uma metafora apagada que se esqueceu disso, Nos seus esertos | Modoincade a antiguidade grega, tentando desvendar os estratagemas 0 letica, permite que seu lado saudavel predomine e fornega af» \denadas necessérias para a manutencao de sua hierarquia inst) Allis, considera que a situagao da Europa hodierna, de muita t: de esgotamento vital, avorece essa tarefa, qual seja, a de uli pasar @ época modemna, tnibutaria dos ardis da dialética socti Dito de outro mado, Nietzsche acredita que a modernidade atin Ponto maximo da exigéncia pela igualdade, democracia, liber! etc., ndo podendo mais dar respostas as suas demandas ¢ ques! Ramentos. A expresséo “vontade de verdade” clemonstra bem ideia, qual seja, a de que a exigéncia cada vez maior de verdade mina por implodira nocdo mesma de verdade na medida etn exaure a busca pelo veraz e explicita u que o move: ma vontade Supremacia e de dominacio que se traveste de valores mietafisic ‘eligiosos ou cientifcos. Tal estado permite ao flésofo viskumb Ultrapassamento da modemidade inauguradh na antiguidade cli 3, No Lemendo adotar um ponto de vista anacrénico, ele volt para o passado em busca de um modelo de mundo bem constitu © mundo grego, pois considera que a magnificéneia da arte gre pode proporcionar um methorarnento dos valores morals ¢ politi ‘NG0 v8, portanto, nenhurn anacronismo em ter de recorrer a ume: #0 de mundo que se refere, ou credit sua constituigdo, a cone ‘adicalmente diferentes daquelas do soculo XIX europeus Se assim considera. ¢ em ravdo de sua visio de mundo, expr pelo conceito de vontade de poténcia, que esté em pleno acordo as tnhas mestras do que ele julga encontrar no mundo rego, nis brecisamente, no pre-secratico, Tras para ele de recuperar 31 neira de pensar, agir@ sentir presente no mundo pré-socratica qu Sunlantado peta dialética intreduzida por Sécrates; trata-se de se ‘ocar para além de bem e mal e nstaurar uma flosotia do futuro ‘Sobre MODERNIDADE, consultar BM $252 @ § 283; “Incurséies deus ‘extempordneo” §38; EH “Para alem de Hern ea!” 82. ‘Yer tambem ARISTOCRACIA, CRISTIANISMO, DECADENCE, DENIOC\ CIA, FORTE, HIERARQUIA, IGUALDADE, PROGRESSO, SOCRATISHA VERDADE, VONTADE DE POTENCIA, VONTADE DF VERDADE, 08 Moral Bibliogratia JAZEREDO. Vina Dutra de, Netsche a modemidade: porto de vat Coders Nerrsche, v.27, p. 14:68, 2010, IAPARICA, Arc Ls Moa. Crce da modeidade © coesto de subi thidade em etzsche I. MARTON, Scart: BRANCO, Nari io Mayer,CONSTANCI, lores). Sto, Deratncia ete: Me sche ec Moderne. shoo; Ta da Chi, 2014, 39-60, RRTON, Searett, Conta modertase pds macernos. Nietasche © as hinsaias de fachada, tn; MARTINS, André, SANTIAGO, Homer: LWA, LusCesar longs | As tudes do Eu, Meteo Spinoza, Rio de lanwiro: Cilzagdo eesira, 2011, p. 183-201 Ivo da Siva J MORAL (Moral) O termo moral, nos textos de Nietsche, aplica-se, an mesmo tem= po, ao dmbite fsiokgico c social, a regulammentagao vigente entre as Infimas partes que compdem o organism ¢ a hierarquia estabelec a entre 0 homens, Enquanto se destitia 2 regulagao entre os in © pulsos. « filbsolo confere-the a significagao de moral coma ua es pécie dle elemento qque reputana o comportamenta dos impulsos en= tie eles, As morals Seriam, assim, do ponto de vista fisioldgtco, t30 somente formas de expnessar a hierarquia presente entre os impul= ‘9, a interpretacoes que se da0 nas profunddezas, Os estaxdos mo- rais s2o entendidos, nesse sentido, como estados de perspectivas fi Solégicas. Sob outre aspecta, a moral aparece, na dtica do fikisot, como @ forma a partir da qual os homens se hierarquizam. As hie rarquias entre os homens # a avaliacdo de Ludo © que concern a0 humano san remetidas & moral enquanto uma doutrina referente 2 tudo 0 que conceme ao humano, Nesse caso, as interpretagbes con: eptualizadas expressam as avaliagdes que se processam em prc: fundidade como estimagbes para 0 que faz alusada an humana, Ops tando, aparenteriente, ent uin duplo egistro, Nietzsche entende por um lado, 2 moral como a regulamentacao que se processa ts Fer Profundidade enquanto ordenacdo fsiolbgica entre os impulsos or outro, como regulacao das valoragdes humanas no Ambito soci CContudo, da compreensdo das condies fisiokigicas ds imu ‘no homem, emerge, para o filésofo, o entendimento de seu mur valorativo enquanto promocéo ou obstrugao da vida, Eletivamen: 1o ha ume oposigdo entre as dimensées fisioligica social da nin ‘al, Porque a moral conceptualizada expressa a hierarquia ent "multiplos impulsos e a tentativa de manter ou ultrapassar essa hv Farquia, desde uma condigdo moral enquanto imposicao de per. Pectva. Convém mencionar. que ao propor uma metafsica de or ‘a.em O Nascimento da Tragédia, Nietzsche termina por elabora Pela primera vez, uma contravaloracao, que afm a vida e nega 2 Vigéncia da moral, uma contradoutrinaartstca e antrista, Perec hraver. de um lado, a interpretagao moral da existéncia que consisie fa negacao da vida, e, de outro, a afirmagao que ele introdtuz com iso atstica denominada dionisiaca que ultrapassa a moral. pe is ainda estabetecer a distincdo entre o que ele denomina eticicex) 0 costume e moral judaico-crista A primeira & percebida como aca Pacidade ou mesmo a condigao do humano de obedecer ales, cc relerencial regulador se encontra em uma superioridade imanen xbressa ne figura da tradicao que a0 invés ce mandar fazer 0a ui, simplesmente, manda. De outra parte e de forma complet mente diferente, moral judaco-cista labora una explcacao qu Suplanta o dominio comum e afirma a pesscalidade como dlimensi imperante, introduzindo una nova dimenssio do agit. A individuen ade © 0 interesse pessoal, relativas 2 questoes moval, passam 9 igorar a partir da interpretacdo socrtica e constituer-se como e Ceq30 que confita com o sentido anterior de moralidade. Assim, hui luma cisdo radical entre, de um lado, um ordenamento, adestramer ‘0, obediéncia a tradigao e. de outro, uma acao proveniente ca retk x80 sobre a possiblidade da feicidade vinculada 8 escolha da ac Pessoal. Com iso, inicia-se 0 processo que fixa o dever como const: {utivo do ser: primeira, tomando o interesse pesscal como mével 1 <2valiaca0 moral em termos de beneticios e prejuzosligados a0 agen {@: Segundo, através da defesa da autonomia da vontade como fun arent da moraidade. A moral udaico-crista constituio objeto ca | 310 Moral dos serhores@ dos escraves fica de etc amoral bem como dapopsta de seu rapes tamento desde O Nascimento da Tragédia. Emaque pese essa critica lravessar 0s textos do fildsofo como um todo, Geneatagia da Moral “nstitui o ensaio em que ele se dedica a dissolver a moral judaico- tristd desde o estudo da proveniéncia dos valores moras. Sobre MORAL, coreutar 15 17;A “Pits” $2089, 510 618,819, i> «£48: 14:2 "De olga des pavte” “Doe itu BF bu bee 27s G63 9c" Mom omocorrnaen 7 [20] do outono de 1851; FP 19 [1] da primavera de 182; FP 15 stot 1858 aot hire a TED abriljunho de 1885; FP 1 [238] do outono de te3Bprimavers de FP 11 [96] de novembro de 18B7imarco de 1888, Ver também AVALIAGAO, CRISTIANISMO, DIONISIACO, ETICIDADE DO COSTUME, FISIOPSICOLOGIA, HIERARQUIA, IMPULSO, ERE MORAL DOS SENHORES € DOS ESCRAVOS, PERSPECTIVISM( ia Dutra de, Nietascite va Auora ce uma nova Etc 0 esp, Uni, 2008, Paulo, ui: Humanitas, Fapesi, Unik an Spi is tn Hci gr ch Ne ‘io Paulo, ju: Discurso torial, Edita Uni, 2001. (Co. Sens & Veredas} ; SILVA Je. Woda, “Zeicherssprache der Alektee fan Niousche. In: DENAT, Céline: WOTLING, Patrick (orgs). Nieto mn pure, 2015,p), 159-175, ago et la morale chez Un art noavecn du liscours. Reims: Vania Dutra de Azeredo MORAL DOS SENHORES E DOS ESCRAVOS (Herren-Moral und Sklaven-Moral Pes cae rm ses ai anil ae tagos comuns que he permitram dstingi dis pos bsicos: moral dos senhores e a moral dos escravos. Ha diferencas marcantes, | rage no ser vivente com o qual o hommem poderia alegremente se consclir © jovem Nietzsche entende, portanto, o tragico como uma espe de efeito tonificante gerado pela tragédia atica. Um efeito que leva, ‘© homem grego a afirmar a vida apesar de todo sofrimento e pei Cimento que é mostrado pelos sentidos. Enfim, o sentimento rag Perma 20 homem grego acolher a dor e a morte que permeiam mundo aparente, pois apesar do aniquilamento dos casos individuas le saberia que a vida do ser eterno continuatia itocada, Na filosofia do jovern Nietzsche. €, portanto, 0 dualism meta fisico que permite compreender o trigico como consolo frente a fin tude. Ou seja, seria por poder desvelar a existéncia de um mbit indestrutivel por trés do fendmeno, que a tragédia produ o efeit {rdgico. Contudo, na fase final de sua obra, o filisolo abandona ess, ‘metalisica © passa a conceber a totalidade. cdismica como um tnic € etemo fluxo organico. Un perpiétuo fur uno-mciiplo em que los 05 entes individuais sa0 entendidos como partes nocessaias co totalidade. Nesse contexto, a vida do tado 56 se mantém eterna mente viva através da vida e da inorte das; casos particular, poi "ems um Hhixo que se nutre da dare da morte de suas propria par tes e que, apesar disso, e por isso, se mantém vivo em sua totalida de, Dioniso ¢, aqui, assuniclo como simbolo dessa nova cosmovis ‘Agora, 0 deus niio 6 mais um polo de uma dualidade, pois passa a Figurar comoa totalidade que etemamente morte e renasce em suas partes. Morte, vida, dor e gozo seria mutuamente condicionados ® condicionantes da totalidade dionisiaca. Levando em conta esse "newo contexto, 0 trigico se distancia da nogao de consolo metatsie passa a ser entendido como alirmagaio dese unico mundo dons: 20, Ein ouitras polavras, nao é mais um amibito transcendente que {dé sentido ao sofrimento c possibilitaa afirmagao da vida. Ea noco de uma eternidade imanente, em que todas as dores estarian ne- Cessariarente encadeadas a todos 0s gazes, que promoveria o sim dionisiaco a vida. Portanto, quem de fato amessea vida tera de afr mar todos os momentos dolorosos, porque estes se consttuitiar como necessitios & propria vida, Sera ustamente na afirmagio da {dor que também se afimmaria o prazer, pois adore. prazer estariam soluvelmente int figados. Nesse sentido, o trigico agora con iste na afirmacdo amorosa do fado que permeia a totalidade 298 | Transvaloragio de todos os valores. | Por fim, podemos dizer que aquele que afirma incondicional- mente a existéncia teria a capacidade de dizer sim 20 etemo retorno do mesmo. Ou seja, a afirmagao presente na doutrina do eterno re- torno do mesmo é uma afirmagao tragica, SetreTRAGICO contr NT47 88.5 1608 7:60 $2780 53 201A tigos” §5, “A ‘razdo' na filoso- cancdo babada” 10; Cl “O que devo aos artigos” 55," fo 86e"Incurses de urn exemporinas”$24/EH°O Nascimento da Ta gétio” 52.0 Por que sou tao inoigunte” 810; FP7 [2] do fina de 18061 primavera de 1287; FP 17 [2] de maisunto do 188. IINEO, DIONISIACO, ETER- Yer também AFIRMAGAO, AMOR FAT, APOLINEO, ‘ NO RETORNO D0 MESMO, FATALISMO, METAFISICA, MORTE, MUSICA, NATUREZA, PRAZER, VIDA. Bibliogratia LUMA, Marcio Jos Stira, As Mascaras Dian: Fes Traga ‘mn Nietzsche. So Paul, ul: Discurso, Uni, 2006. (Col, Sendas Veredas) ragédia, Da superagio dos opo: MARTON, Scarlett. 0 Nerscimemto da Trage tos a filosotia das antagonism, tn Nietzsche e a Arte de decitrar Enigmas. S20 Paulo; Edicées Loyola, 2014, p. 17-52. (Col Senda & Verextas) ; MARTON, Scat, Por uma lasofia dns eitores esas tars, Sao Paulo: Bacall, 2010, p. 143-156, MeLONETO. Joi ranean de, eer etoro do dens? Sobre a wterpretagio de Deleuze acerca da coutrina nietzschiana do etemno retorno do mesmo, Perspectiva Filostica, v1. p. 95- 116, 2012. Nictsche, seus Joao Evangelista Tude de Melo Neto ‘TRANSVALORAGAO DETODOS OS VALORES (Umwerthung aller Werthe} A transvaloragéo & compreendida por Nietzsche como uma tarefa ‘que visa & destruigao do valor a partir do qual todos os valores fo- | transveleracio de todos os valores ram engendrados, a férmula “Deus na Cruz", que conduziu & desva lorizagao de todos 0s valores, ao nilsmo. Essa compreensao pix ser verificada em trés momentos de seu pensamento: (1) Em 18 ‘quando cria o termo transvaloragao apés conclura terceira parte « Assim falava Zaratustra, registrando em suas anotagoes que 0 et ‘no retorno do mesmo € o pensamento que possibilta uma tenta va (Versuch) de transvaloragao de todos os valores; (2) Em 1886, quanco utiliza 0 termo no § 203 de Para alémn de Bem @ Mal, cxr preendendo a transvaloracao como tarefa dos fildsofos do futur (3) Em 1888, quando assume, em Ecce Homo, que a tarefa de si filosofia se desdobra em duas partes: uma afirmativa (a tarefa diz Sim, a doutrina do eterno retorno do mesmo, presente em Assi flava Zaratusira) e a outra negativa (a tarefa que diz Néo e que la © Nao, a transvaloragao de todos 0s valores existentes, tarefa qu tornando-se operatéria a partir de Para além de Bern e Mal, gant ‘aprofundamento em O Anticristo) Embora, inicamente no verdo de 1884 e depois a partic d agosto de 1888, Nietasche vincule sua tentativa de transvaloracéo. Pensamento do etemo retomo do mesmo, entre esses dois momen tos le associa a transvaloragao a vontade de poténcia nas anotacce do veriio de 1886. Tal mudanga em relagao a0 nicleo axiologi ansvaloracao ganha fora no pensamento do flésolo, levando-0 anunciar na terceira dissertagao da Genediogia da Maral em 188 ue esiava preparando uma obra intitulada A Vontace de Potenct Ensaio de uma Transvatorugdo de todos os Valores — obra em cui terceiro capitulo trataria corn racicalidade da histéria do nilismo ex ‘opeu. Todavia, no final de agosto de 1888, em Sis-Maria, no me mo lugar onde em 1881 tivera 0 pensamnento do eterno retamno ci ‘mesmo, filésofo reloma seu ponto de vista incia e realiza 0 plat definitivo de uma obra com o titulo A Tronsvalorago de tadas 0s V lores, na qual estava prevista a elaboragao de trés livros critics (@ tica do cristianismo, da flosofia e da moral] e a redacao de um quar livro chamado Dioniso: Filosofia do eterno retomo. Em Ecce Homo, obra em que busca dizer como tornar-se 0 qu 806, ofil6sofo afirma que em breve apresentara a humanidade al {que considera como a mais dificil exigér ppensa enido a tansy loracao como o machado que servi para cortar pela raiza neces 400 Tiansialoragio de todos os valores dade metalisca do ser humano. Considera que essa tarefa dard inicio ‘uma grande guerra, que divi ahistéria da humanidade em duas partes ¢ permitiré 0 surgimento da grande politica, Trata-se, portan- to, no somente de uma pratica de destruigdo e ultrapassamento dos ‘valores oriundos do cristianismo, 0 platonisino para o pov, @ da flo- sofia, compreendida em seu conjunto como movimento nilsta, mas de todos as valores humanos, posto que Nietasche visa a destruigao e 20 ultrapassamento do ppréprio fendmeno que sempre se manifestou fem todas as épokass, povos e lugares: a moral — razao pela qual ele se compreende como o primero imoralsta da historia, ou seja, como aquele que, simultaneamente ao ato ca destruigao, também propoe uma nova perspectiva para a criagio de valores a partir do pensa mento do eterno retomo do mesmo, ‘A transvaloragao de todos os valores @ a tarefa central da floso- fia de Nietwsche, Sua compreensio requer ido apenas a reconsttu- ‘go conceitual da parte afirmativa de sua flasofiacontida em Assim falava Zaratustra, mas tarnbém da parte negativa presente nas obras finais. Esta Gitima oferece desatios, pois, dos quatro livros pensados + para o projeto, somente © primero foi levad a terma: O Anticrsto, finalizado em 30 de seternbro de 1888. Considerad pelo proprio filbsofo, durante certo period, como a obra que representa a tota- lidade da transvaloragio, seu titulo chegou a ser concebido como O- Anticristo: transvatoragdo dle todos os vaiores. Tal subttulo, todavia, 6 substituido pouco tempo depois por maligao ao cristianisria, Mu- dncas finais que sinalizam a complexidade do tema da transvalora (@0de todos os valores no pensamento nietaschiano, SobreTRANSVALORAGAO DETODOS OS VALORES, consultar NT *En- io de autoeitica”; BM 5-46 6 5208; GMI 524 ol 27; C\“Prefacio; “0 {que devo aos antigos" § 5; EH “Pretacio’ “Para além de Berne Mal" 51 *“Genealogia da Moral” © “Crepusculo dos idolos” $3; AC 561 ¢ $62; FP 26 250] do verdoloutono do 1884; FP 2 [100] do verdo de 1886; FP 5 [71) 6 de 10 de junho 1887; FP 16 [51] 10 da primavera/verdo de 1885; FP 19 [8] ‘desetembro de 1888. Vor também: AVALIACAO, CRISTIANISMO, DIONISIACO, ETERNO RE ‘TORNO DO MESMO, FILOSOFOS DO FUTURO, GRANDE POLITICA, ME- ‘TAFISICA, MORAL, NIILISMO, VALOR, VONTADE DE POTENCIA. aor | 1 Vontade omno a imaginacéo, 0 entendimento ou.a razio. Ao ser humano nao 6 facultado exercer ou nao a vontade; ela ndo apresenta caréterin- tencional algum. $6 é pertinente falar em “liberdade da vontade” ‘quando se chega a encaré-ia enquanto afeto de mando: a vontade & live, ndo porque pode escolher, mas porque implica um sentiment de superioridade, Este & 0 ponto de partida dos ataques de Nietzsche a duas con ccepcdes distintas da vontade: a psicaligica e a metatisica. No seu entender, a“teoria psicoligica” compneende o ato como consequen- cca necessaria da vontade, povs basta querer para agi. Com isso, & levada a postular unt sujeito por tris da aqio: a eke cabetia exercer ‘Ou nao a vontaue e, por conseguinte, realizar ou naa 0 ato, Ao cone Urdirio do que supse a “teotia psicolbica". 0 sujeto naw & o execute «da acao e sin o seu “eleito”, A yoniade, aluanclo em todo 0 org: hismo, ganha adeptos e esbarra ern opositores, depara soicitacies que Ihe S40 confornes e outras antaginicas, conjug-se com oscle 'mentos de disposicio concordate e vente 0s, que the opdem resise Tencias, prodarnina, enfin, pracas ao concerto de uma pluralidade de impulsos. Pensar oagir comm decortente do quieter & postular um sueito por ics da ago 54 & possivel quando se-cdesyrea o processo ‘que Teva uma vontade a tomar-se yencedora, kazer-se prevlontinan te, Do sucess da vontade, det vontade bent-succdikt, ene sein Fere uma caus: 0 sujeito a quem sera facullado exercé- la. A “looia Picolipica” nepligencia o kato de a yontade agir no home c no ser vivo cin pera ou, mais precisannente, nos muneroxas sees viv mie toscOpieos que constituct 6 organism. ‘Niesc he combate tamben a concepxa meals eka vont ide. No set entender do ¢ possivel conceber a vontade coma o “om Si das coisas”; pressuporia negtigenciara lula que se Lrava entre 0 Varios elementos quando eles se ef vam vontades, Jaem A gui Ciéncia, Nietusche alaca Schopentiauer por sustentar ques fenime ‘nos nao passam de uma cega vonlade de viver e que esta, absurda, sem ra7A0 ou finaliiade, constituia a essénicia do mundo, Eleaproxi- ma, ent, a concepxaa schopentiaveriana da vontade © a ngdo que dela teria o homem do senso comum, que cré na existencia de forces atuando magicamente, Para criticd-la, adota como referencia te rico a critica positvista & metalisica, Nao se pode encarar a vontade 422 Vontade de poten como facia Schopenhauer, enquanto ur et vid etiet mecanismo passivel de ser analisado' ear, Ts gues vec astancia 00 antigo mestre. AO um dbspnesesercis na yer” schopenhauera a vida nose acha além dos fora do ser vivo. contrario do “querer viv léncia ndo so principios transcendentess Fendaicnos, a voniadte de poten 10 ago do si"; 8M 5 18; Sobre VONTADE, consutr Gs 127:2A “Do superaea oes Ait Ae AAC 14; FP 25 426) da primavera de en ein evono 1085; FP 40 [371 « 142] de agostorsetembro de 1885: FP Il Ho Berane do 1888/primavera do 1806; FP 14 [1211 © (2191 63 P (631) 11 [73] de novembre de 1ai7margo do 1888 {afiSICh, ORGANISMO, PS! iste Yeramém CAUSALIDADE.IPULSO META LOGIA, SUJEITO, VIDA, VONTADE DE POTE! Bibliogratia ices os Valores hua MARION, Seat, Mitt, clas Fer stmt 0 UpMG. 2010.6 ts, ed, Bolo Horizonte Scarlett Marton VONTADE DE POTENCIA (Wille zur Mach®) snp pit ve hub bic cay do wt TC NEED mento, & com ela que passa a identificar a via Concebe ee ‘ia de poténcia como vontade organica: 2 € propria ndo uN camente do homem, mas de too ser vivo, a8 anda: CxS NOS Gros, tecides clas, nos nurerees sees WES iOS que constituem o organismo. Atuando em cada een " 42 Vota de poténcia Lempecithos nos que o rodeiam, mas tenta submeter 0s que a ela se ‘opbeI € colocé-los a seu servico. E por encontrar resisténcias que se exerce: & por exercer-se que tomna a lutainevitavel. Efetivando-se, a ‘vontacle de poténcia faz com que a célulaesbatre em outras que a ela ‘esistem; 0 obstéculo, porém, constitui um estimulo, Como combate luma cella passa a obedecer a outra mais forte, um tecido submete se @ outro que predomina, uma parte do organise toma-se fungao de outra que vence — durante algumi tempo, A luta desencadeta-sc de tal forma que nao ha pausa ou fim possives; mais ainda, ela pro bicia que se estabelecam hierarquias — jamais defintivas. ‘Na tentativa de resolver un dos problemas candentes da cién cia da época, Nietzsche se dedica a examinar como se dé a passa- ot da matéra inerte 4 vida. Em escritos posteriores a Assi falava Zaratusira. ele elabora a teoria das forgas. Com ela, é levado a am pla dmibito cle atuacao do conceito de vontade de poténcia: quan. [oi introdurido, ele operava apenas no dominio orgdnico; a partir de agora, passa a atuar em relacdo a Ludo 0 que existe. A vontade de poténcia aparece entao como forca eficente. Querendo-vir-a-ser- ‘mais-forte, a forga esbarra em outras que a ela resister; é incvitdvel 2 lula — por mais poténcia, A carla momento, as forgas rlacionam ‘se de modo diferente, dispocin- se de outra taneira; a todo instante a vontade de poténcia, vencencdo resistencias, se autessupera e, nes sa superagao de si, faz surpir novas formas, Enquanto forca eficien te, € pois orca plastica, criadora, E 6 que revela a pripria expressi« vontade de poténcia (Wille zur Macht: 0 termo Wille entendido en: ‘Quanto disposigao, tendéncia, impulso e Macht associado ao verte ‘machen, fazer, produ, formar, efetuar, crit. A vontade de potén cia 6 0 impulso de toda forga a efetivar-se e, com isso, criar nove: Cconfiguracoes em sua relacao com as demais, Ela n2o impbe, porém uma le: nstigando as transformacoes, no podera coagir as orcas: se relacionarem seguindo sempre o mesmo padrao, Tampouco ter uma finalidade; superando-se a si mesma, ndo poderia ter em vist ‘nenhuma configuracao especifica das forcas Nos trabalhos ciemtiticos de sua época, Nietzsche buscou sul sidios para elaborar 0 ¢ nceito de vontade de poténcia e, tambén: para construira teoria poderia muito t fas orcas. De posse da nogao de forca, el ‘abrir mao do conceito de vontade de poténcia Ventade de verdad Se o mantém, é porque acredita que o mecanicismo nao da conta do que existe: quer, entao, juntar 20s quanta dindmicos urna quali dade. Isso nao quer dizer que a vontade de poréncia seja uma subs tancia ou uma espécie de sujeito: tampouco significa que constitua ‘um ente metafisico ou um principio transcendente. Qualidade de todo acontecer, ela diz respeito ao efetivar-se das forgas. Mais pro- ximo da arché dos pré-socraticos que da entelechéia de Aristotele © conceito nietzschiano de vontade de poténcia constitu um dos, principais pontos de ruptura em relacao a tradicio filoséfica, Sobre VONTADE DE POTENCIA, consullar ZAI “Da superagio de si": 522 036; FP.26(31] 638 [12 dejunhofuiho de 1886; FP 2 (281 do outono {de 1885/outono de 1885; FP-35 [15] de maiofulho de 1885; FP 37 (4 de ju ‘nhofutho do 1885; FP 40 [21] e [42] de agostolsotembro de 1885: FP (104) 91181] do outono de 1887; FP 14{78] da primavera de 1888. ‘Ver também FORGA, HIERARQUIA, METAFISICA, SUBSTANCIA, SUJEL 10, VIDA. Bi iogratia MARION, Scarlet, “La nuova concezione del mando”: volont di po- lenza, pluralta di forze, etemo itor deWidentco In: BUSELLATO, Stefano (org). Metesche dat Brasile: Contrbuti alla Ricerca con emporamea, Trad. Giancarlo Micheli, Federico Nacci, Stefano Bu- sulato, Pisa: ETS, 2014, p, 21-39, MARTON, Scarlett. Nitasche, das Forgas edsmicas aos Valores i os, 3 ed, Belo Horizonte, UFMG, 2010, Capitulo ‘Scarlett Marton \VONTADE DEVERDADE (Wille zur Wahrheit) No entender de Nietzsche, a civilizacao ocidental teve como um dos seus elementos formadores uma “educacio para a verdade". Com sa expresso, 0 hildsofo tem em mente um tipo de doutrina: moral de origem platdnico-crist que adotou a verdade como um valor i questiondivel e que, por esse motivo, ensinou o exercicio de ura vine veges | f WOTLING, Pak (orgs). Les hétrodaxies de Nite, Lectures cu Créuscile desc, Rems: Ere, 2014 9, 521-362. MARTON, Salt. Una cuestin de vida muerte. La losofia de Net- sche ye problema dels eutands, In: RAFFIN, Marcel; PODESTA Boat (ores. roblemasy Debates del Troan yl Actual dd de a Fiesfa Poca, San. Juan: Unvesiad Nacional de San Jan Argertina 2012, p. 19-55 MARTON, Sart, Netasche, dos Forgas fsmicas as Valores huma- 1s, 3*ed, Belo Horizonte: UFMG, 2010, Capito racio € incorporagso psiquica desta Gia, @ ponderayso critica nietz- schiana trataré de considerar a vinganga como uma das figuras decot- rentes do trabalho pré-historco de forriagao da meméria, opondo-se. esse caso, 20 esquecimento como capacidade ativa de impedir pos sivels assécios do sentimento de culpa. Fruto do crue! e doloroso cul- tivo de uma “meméria da vontade", processo também descrito como a formagio de uma mnemotécnica por parte de um animal capaz de fazer promessas, a dela de retaiacéo deixa-se incorporar, num pri reiro momento, 2 relagdo contratual entre credor e devedor: depois, ‘num segundo momento, a noco ganha um relevo vinculado 20 ho- rem do ressentimento propramente dito, ou, mais precisamente, 3 sua atavica incapacidade de se esquecer e, por conseguinte, de per= doar. Mas, no terreno reativo atinente & segunda dissertacao da obra ‘supramencionada, a vinganga ver ainda & baila sob o manto de ume: teoria da justia, cujo cumprimento resulta, fundamentaimente, num rivelamento das diferencas e numa padronizagao acintosa dos com plexos cisiuntivos de poder que cruzam e constituem a coletvidade ‘em geral, Fiando-se na parcialidade e no pathos reativo da vinganga, 2a justiga assume-se entao como fie! depositria da igualdade de direi- tos, pregando que toda vontade tem de levar em conta toda outra vontade como algo que the é essencialmente igual Scarlett Marton VINGANGA (Rache) Mais do que a legtima defesa praticada a qualquer custo ou a reposl- ‘0 cega da justica denegada, 0 termo vinganga adquire, em Niet sche, um sentido ligado& relagdo que um determinado tipo cultura de homem estabelece com o tempo, ou, mais precisamente, com o irre- ‘cuperdvel passar do tempo, Ineficaz face ao fluxo polmérfico da tran- sitoriedade, aquilo que, 20 vt-a-ser. nao se deixa mais capturar ou f- ar, 0 universo volvo humano tenderia, em geral,a tomar sobre sia perspectiva de um padrao reativo, relacionando-se de um modo cis- ruptivo com 0 passado. Sob tal ética, a vingancaconsistira, antes de ‘mais nada, uma forma especiica de repuisa contra a existéncia w+ vida etranscorrida. Jactando-se em aversdo, a vontade se tornaria vingativa desde a raz, enaltecendo e trazendo a0 primeiro plano a ne eativdade que caracteriza o proprio sentimento de rancor ou édio elo passad; demitindo-se da tarefa de interpreta este timo, pare, ai entéo, afirmar 0 que jé passou sob a égide da prépria fnitude, 2 vontade se comprazeria em sua prépria impoténcia. Com isso, aprox- rmamo-nos da acep¢ao, por assim dizer, mais “técnica” de vinganca em Nietasche desenvoWvda e exposta, em especial, nos primeiros pa- rgrafos da segunda dissertacao de Geneatogia da Moral. ntroduzida, ‘ero, num registro que vis arefazerheursticamente 0 tornar-se hur ‘mano do nial homem, a nocéo de vinganca passa aassumir um sig- rificadoligado ao fenémeno da ma consciéncia. Remontand a elabo- ‘Sobre VINGANGA, consultar A $202, §205, $228 « $923; GC $49, 569, $127, § 2906 $950; A I!“Da Redencio” &“Das tarntules: GMI 1. Ver também CASTIGO, CRUELDADE, CULPA, ESQUECIMENTO, IGUAL DE, JUSTIGA, MA CONSCIENCIA, MEMORIA, RESSENTIMENTO, TEMPO, TIPO, VIF-A-SER, VONTADE. Bibliografia [AZEREDO, Vina Dutra de. Nietesche e a Dissolugéo da Moral. 2 ed. ‘So Paulo, lu: Discurso Editorial, Editora Unijui, 2003. (Col. Sen- as 6 Veredas) MARTON, Scarlett. Netesche, das Fargas cdsmicas aos Valores hurma- nos, $# ed, Belo Horizonte: URMG, 2010. Fernando R. de Moraes Barros

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