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Eneas Francisco

JUVENTUDE QUE PREVALECE 2

As túnicas de José

Itapira, 2014
Copyright © 2014 Eneas Francisco

Francisco, Eneas
Juventude que prevalece 2 - As túnicas de José

Itapira, 2014
120 páginas

Todos os textos bíblicos foram extraídos da Bíblia NVI

Coordenação editorial Pedro Henrique Cunha


Revisão Wellington Mariano
Colaboração Vand Pires Silva
Preparação e diagramação BFK
Capa IDDEIA SIMPLES - Charles dos Santos

1ª Edição: 2014

ISBN: 978-85-66941-06-7

2014

Todos os direitos reservados à


Casa Publicadora Bereana
Rua Luis Otaviano Queluz, 103
13976-000 - Itapira, SP
Tel (19) 3843-6389

www.upbooks.net.br
Aos meus queridos pais, que me ensinaram
o temor do Senhor.
SUMÁRIO

Agradecimentos............................................................07

Apresentação.................................................................11

Introdução.....................................................................13

PARTE 1
A primeira túnica.........................................................19

A perda da primeira túnica.........................................27


O sofrimento.................................................................29
Valores escondidos na perda......................................30
Imagina comigo............................................................34
Poupe-me dos detalhes................................................37
O favor de Deus............................................................40
A excelência de José.....................................................41
Abraçando desafios......................................................43

PARTE II
A segunda túnica..........................................................51

A excelência de José II.................................................52


Desafios na casa de Potifar..........................................55
Lidando com a tentação..............................................56
Reputação versus relacionamento..............................59
Fugindo da tentação.....................................................63
As consequencias de agradar a Deus.........................67
O propósito da prisão..................................................68
Trabalhando no sonho alheio.....................................69
Faz parte ser esquecido................................................71
O favor de Deus II........................................................73
O que fazer com a chave de sua prisão......................74
Este uniforme não é meu............................................77

PARTE III
A terceira túnica...........................................................83

De frente com a autoridade.........................................85


Preparado para um tempo como este........................87
Há mais em mim do que parece.................................88
Posicionando-se para o próximo nível......................89
A exaltação de José.......................................................92
Isso aqui parece um sonho..........................................97

Lições da terceira túnica..............................................103


O cronograma de Deus................................................104
Juventude que prevalece - posicionados para ..........109
as transições da vida

Bibliografia....................................................................113
Agradecimentos
Sem sombra de dúvidas, esta é uma porção do livro das mais
ingratas. Especialmente pelo fato de não poder listar o nome
de tanta gente que constantemente agrega valor à minha vida e
história, através de cada experiência compartilhada.
Todavia, procurarei fazer o correto.
Sou grato a Deus por todos os que de perto e de longe me
apoiaram no primeiro livro do projeto Juventude que Prevalece.
Pastores, líderes de jovens, familiares e companheiros de
ministério. Meu muito obrigado a todos.
A cada pastor aque abriu sua igreja para que eu pudesse
compartilhar o que Deus me deu com os jovens de sua
congregação. De Porto Alegre a Maringá; de Curitiba a Campo
Grande; de Limeira a Vitória. E ainda: Guarulhos, Campinas,
São Paulo, Brasília entre muitos outros lugares.
A amigos, discípulos e parceiros de ministério que tem feito
diferença nesta caminhada: Ozael Júnior e família, Cleiton
Santos, Pedro Henrique e Ismael Bueno e respectivas famílias; a
diretoria da COGIC Vida. Obrigado pelo apoio incondicional.
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

Cléber Luiz dos Santos, seu apoio no desenvolvimento do


canal Juventude que Prevalece - entre outros projetos - são
valiosos demais. Que o Senhor te abençoe sempre.
Ao apoio constante do Pastor Ivo Mariano e da sua esposa
Dagmar Mariano. Tanto pela abertura da igreja que o Senhor
lhe confiou, como a abertura da casa, das panelas e pelas horas
de conversas edificantes nas madrugadas que passo contigo.
De coração, obrigado.
Aos amigos que por mais que o tempo passe, a validade
da amizade não vence: a todos da família Mariano, ao Pastor
Eduardo Micossi, ao brother Paulinho Garcia e aos queridões
do coração, Paulo Assis, sua esposa Fátima, e as filhas Anny
(Ana) e Aline.
Aos meus irmãos Elias e Ester e suas famílias pelas orações
que sei que são constantes.
Ao meu querido bispo Terence Rhone e sua amável esposa,
Elizabeth Rhone, pelo carinho de sempre.
Ao parceiro e editor Pedro Henrique Cunha, juntamente
com sua esposa Juliana e filha Heloísa. Obrigado pela parceria
que com a permissão de Deus, ainda vai muito longe.
A cada leitor que acreditou no potencial do primeiro livro e
teve coragem para adquirir o segundo. Deus abençoe a todos.
Aos grandes companheiros no trabalho de interpretação,
Pastores Wellington Mariano e Josué Eduardo e à querida
irmã Hadassa de Almeida. What a pleasure to call you my
friends!
9
ENEAS FRANCISCO

Em especial ao Pastor Wellington Mariano por suas


valiosas críticas e pela leitura deste livro antes de sua
publicação.
Ao Pastor Nelson Júnior pelo endosso e pelo modelo de
influência, que nos inspira a dar o melhor para nossa geração.
Ao Pastor Maurício Marchini pelo encorajamento de
sempre, mesmo não nos encontrando com a frequencia que
gostaríamos.
Aos pastores da COGIC no Brasil e em especial, aos
companheiros do 10º Distrito. Pastor Mário, Wilton,
Herbert, Joelson e Daniel e suas respectivas famílias.
Por último, mas de uma importância gigantesca, registro
minha gratidão à minha esposa: Vand, eu te amo mais que
a abelha ama a flor!
Às minhas lindas filhas, Victoria e Lorena, presentes de
Deus para alegrar minha vida. Amo muito vocês.

10
Apresentação
Não foi muito depois de ter lançado o primeiro livro que
comecei a pensar que seria necessário continuar escrevendo
para jovens.
O primeiro livro não foi exaustivo em suas possibilidades
de abordagens aos jovens que passam por mudanças
significativas, são confrontados diariamente pelas mais
diversas situações e que precisam lidar consigo e com as
diferenças entre eles e as demais pessoas (leia-se o mundo
todo).
Nesta obra, abordarei assuntos um pouco mais sensíveis
como sexualidade, exposição do corpo, como lidar com
desafios e ajustes em novos ambientes, etc.
Boa parte do primeiro livro focava em relacionamento
com Deus, domínio próprio, habilidades e relacionamentos,
mas pouco abordamos sobre sexualidade e cumprimento
de propósito.
Já neste volume, usando a jornada de José no Egito
e todos os eventos relacionados ao povo de Israel
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

relacionados à realização do seu propósito, abordarei com


certa dose de romance, detalhes que a Bíblia não menciona
nos capítulos de Gênesis que relatam a história de José, mas
que subjetivamente podemos dizer que José vivenciou.
Vamos nessa?

13
Introdução
Poucos personagens bíblicos tem mais espaço nas igrejas
que José. Especialmente quando o assunto é juventude,
mocidade, congressos, conferências e pregações voltadas
ao público jovem. Todavia, muito do assunto tratado
é superficial por manter o foco somente no quanto ele
precisou resistir à esposa de Potifar e sua resiliência até o
maravilhoso momento em que ele interpreta o sonho de
Faraó e se revela aos seus irmãos.
Com um pouco mais de atenção, podemos extrair
da história de José um exemplo não somente no que diz
respeito aos desafios enfrentados por todo e qualquer
jovem, como também é possível o entendimento sobre
as fases, transições e posicionamento necessário para
todos que são confrontados pela necessidade de tomar
uma decisão muitíssimo importante neste momento, mas
também de mensurar o quanto cada decisão pode afetar o
futuro, o propósito no todo e até mesmo gerações futuras.
Como minha proposta não é fazer nenhum estudo
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

teológico aprofundado, ouso dizer que se navegarmos na


história de José podemos perceber quão relevante foi o
papel de José para a vinda do Messias, por sua capacidade
administrativa ao lidar com os sete anos de abundância e os
sete anos de fome subsequentes, que poupou não somente a
vida de Jacó seu pai, mas também a vida de Judá, seu quarto
irmão, de cuja família origina o Senhor Jesus Cristo.
Em 2013, o irmão Ronaldo Ramos, líder de jovens da
COGIC Vida – igreja que pastoreio em Itapira, no interior de
São Paulo – me pediu que eu pregasse na segunda conferência
de jovens. Como meu prazer é pregar, não pensei duas vezes
em ser o preletor da conferência. O tema era basicamente
relacionado a como lidar com o passado.
Na segunda noite, minutos antes de subir ao púlpito para
pregar, dando uma olhadela nas páginas de Gênesis, meus
olhos recaíram sobre o capítulo trinta e sete e depois sobre o
quarenta e um. Em ambos, encontrei a palavra túnica.
Intrigado com isso, li a história de José novamente e
encontrei a palavra capa, no episódio de sua fuga da mulher
de Potifar. Descobri então que havia um forte significado por
trás de cada capa/túnica que José vestiu e que elas não somente
representavam o momento que ele estava vivendo, mas que
numa dimensão do propósito de Deus para sua vida, cada
túnica também exigia dele um posicionamento adequado,
alinhado à sua realidade presente que o alavancasse para o
seu futuro.
15
ENEAS FRANCISCO

A partir de então, tenho reestudado a história de José


e reavaliado como também experimentamos diferentes
túnicas em nossa experiência de vida e como cada uma
delas requer de nós atitudes como as de José.
Ao embarcar comigo nesta jornada sobre as túnicas de
José, peço que você avalie seu comportamento e atitudes
em meios às transições que você tem experimentado em
sua vida. Você terá tempo para refletir e avaliar como tem
vivido em comparação ao que o Pai espera de você.
Peço licença aos teólogos de plantão para abusar – e
muito – da criatividade e contextualizar a história de José
em favor de cada leitor – cristão ou não – que vai pegar este
livro para procurar a partir dele, aprender alguma coisa de
valor.
Mesmo que o livro fique com cara de ficção religiosa, não
vou me sentir mal - absolutamente. A ideia é compartilhar
os princípios e mostrar que é possível atravessar esta fase e
prevalecer, assim como foi possível para José.

16
PARTE 1

A PRIMEIRA TÚNICA
A Primeira Túnica
Estou certo de que muitos de nós, ao ler a Bíblia, criamos
uma ideia um pouco absurda sobre a santidade, capacidade
e sobrenaturalidade - se posso dizer assim - de cada
personagem sobre os quais lemos.
Certamente, dentro do plano eterno de Deus, Ele
capacitou a cada um deles com habilidades, personalidades
e sensibilidade espiritual que certamente estavam alinhadas
com o que Ele realizaria através de suas vidas; mas como
Paulo fala sobre o profeta Elias, todos eram sujeitos às
mesmas paixões que nós. Isso, por si já é razão mais que
suficiente para deixar claro que todo o “sobrenatural” de
cada personagem bíblico, estava também relacionado à sua
consagração pessoal, temor a Deus e disponibilidade para
o serviço para o qual foi chamado.
José era mais um desses comuns. Se olharmos para
o contexto no qual ele estava inserido, ele se torna ainda
mais comum. Sei lá. Ele era incomum também. Uma
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

mistura disso tudo, com um caráter inquestionável e uma


capacidade de crer e suportar o que fosse sem colocar em
risco seu futuro e propósito.
No tempo de seus primeiro desafios, ele é o filho caçula
de Jacó. Como o povo judeu ainda não está formado, não
vou dizer que era da cultura judaica dar prioridade aos
irmãos mais velhos. Mas já era notório que os mais novos
não tinham tanta atenção. Se quando o povo já está formado
lemos sobre a ênfase colocada sobre a primogenitura de
Esaú e Rúben, e o pouco de importância dada à posição
de menor e mais novo - como fica claro na conversa que
o próprio Gideão tem com o anjo que lhe visita - não
podemos arriscar que isso não era assim antes.
Ele não era só o mais novo. Ele também tinha um monte
de irmãos que o precediam na chegada à família.
A primogenitura era algo importante e por certo concedia
um status especial a qualquer filho. Não é de se admirar o
investimento de Jacó em se aproveitar da fraqueza de Esaú
pra lhe tirar a primogenitura.
Bem, se você é o mais novo em sua casa – como eu – ou
tem irmãos mais novos, sabe bem como é isso. Sobra tudo
para o mais novo. Tanto a culpa, como responsabilidades.
“Vá comprar isso! Vá comprar aquilo! Pegue o sapato do
papai! Não lavou a louça ainda?”
Na verdade, o que ele sofria com os irmãos era mais efeito
21
ENEAS FRANCISCO

colateral da [super]atenção dedicada a ele por Jacó, do que


exatamente um “preço” por ser o mais novo até então.
Imagina o rapaz sendo criado por um pai avançado em
idade, junto com meio irmãos e suas respectivas mães!
Pense num barulho! Pense numa bagunça tão grande
que dificilmente lhe sobrava silêncio para colocar seus
pensamentos em ordem.
Para deixar a coisa mais complicada no relacionamento
com os manos, o pai o amava de forma especial pelo fato
dele ser filho de sua velhice.
Jacó veio a ser pai de José com idade de ser avô. Agora,
guenta! Se o fato de ser caçula já é problema suficiente
para muitos de nós, imagina quando você tem dez irmãos
mais velhos que percebem o tratamento diferente que você
recebe do pai! Isso piora consideravelmente quando o
“velho” não está por perto.
Pode ser que as coisas mudassem um pouco (mas ia
demorar) depois da chegada do irmão mais novo, Benjamin.
Imagina o quanto eles zuavam José quando estavam
somente eles, sem o pai por perto. Pense nos cascudos,
paulistinhas, “peitinhos” e pés à frente para o menino
tropeçar. Só de pensar, fico com pena de José!
Agora, de repente, num domingão aparece José de
túnica nova. – “Ah moleque! Roupa nova é? Filhinho do
papai!” (geralmente quem puxava a zueira era o Simeão).

22
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

Certamente a túnica era resultado do amor especial de


Jacó, mas sabe como é, às vezes procurando fazer bem
exageramos um pouco. Talvez, sem perceber, Jacó tenha
“salientado” José entre seus irmãos num jogo de “preferido
do papai”.
A cada trombada num dos irmãos, ele tem que engolir
um sapo e aguentar a forma como eles o encaram e o medem
de cima em baixo. As piadinhas. Os cochichos. Fácil, não! E
pelo jeito, nem de longe as coisas parecem melhorar.
Como se fosse necessário aumentar a perseguição dentro
de casa, o garoto ainda abre a boca para contar – na hora
do almoço – os sonhos que ele andou tendo ultimamente.
Bocudo, começa dizendo: - “Pessoal, tive um sonho
muito loco essa noite! ”
“Senta que lá vem a história, disse Simeão”.
“Não é história, não. Parecia muito real, Simão!” (Simeão
odiava quando José mudava o nome dele).
“Estávamos todos juntos no campo amarrando trigo.
Aí o meu molho ficou de pé e todos os molhos de vocês
vinham para perto, ficavam ao redor dele e se curvavam!
Foi uma parada muito da hora!”
Começou a gritaria! “Que papo é esse, moleque. Tá
achando que vai liderar a gente, é? Vai sonhando... pirralho!
Se prepara hein! Se eu fosse você ia dormir com o pai hoje...
vai tomar cascudo!”
23
ENEAS FRANCISCO

Que complicado, pensava José. Só contei um sonho e o


pessoal mal me deixa ser feliz. Imagina se fosse verdade!
Mas o tal do José não aprendia. Em outro dia, com todo
mundo sentado à mesa, ele abre seu bocão de novo e manda:
“tive outro sonho esta noite.”
“Cala a boca pivete!” Desta vez quem gritou foi quem ele
menos esperava. Rúben não era de falar assim com ele. Mas
com certeza os demais jogaram lenha na fogueira.
“Deixa o menino falar, Rúben”, disse Jacó de onde estava.
“Eu sonhei que o sol, a lua e onze estrelas se curvavam a
mim. Foi bem interessante.”
“Ah! Lá vem você de novo com esse papo! Você nunca vai
ser líder entre nós, José!”
E agora, para surpresa de José, até Jacó entrou na conversa:
“Por acaso você acha que eu, tua mãe e teus irmãos vamos
nos curvar a você? Que história é essa, José?”
“Só pode estar viajando”, disse Judá maneando a cabeça.
Assim era o dia a dia de José. Um ambiente hostil, dentro
da própria casa. Ele sabia que não era perfeito. É claro que
ficava feliz com o tratamento que Jacó lhe dava, mas muitas
vezes até preferia que não fosse assim, porque sabia que os
irmãos sempre davam um jeito de retaliar. E na sua mente,
não sabia do que eles eram capazes, mas certamente cedo ou
tarde, eles aprontariam uma “daquelas” com ele.
Bem, o texto está parecendo um conto, mas acredito que
era bem isso que José vivia na pele a cada dia.
24
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

Era hostilizado pelos seus irmãos a ponto de nem poder


celebrar o lugar especial que tinha no coração de Jacó.
Em Gênesis 37:4 a bíblia diz:

“Quando os seus irmãos viram que o pai gostava


mais dele do que de qualquer outro filho, odiaram-no e
não conseguiam falar com ele amigavelmente”.

Isso quer dizer exatamente o que você pode estar


pensando: era sempre na gritaria, na base da ameaça e
maus tratos.
A pergunta que não cala é: como é que José conseguia
viver em meio a tanto barulho? Barulho de barulho, mesmo.
E barulho emocional. Muito barulho.
Lidando com seus meio irmãos, um pai que o amava
muito, mas seu tratamento diferenciado o destacava em
meio a seus irmãos, fica difícil alguém conseguir se colocar
no lugar de José.
Ele tinha orgulho daquela túnica que seu pai lhe havia
feito, mas sempre que batia o desejo de vesti-la, ele sabia
que seu emocional tinha que estar preparado para ouvir as
piadas que seus irmãos fariam. De alguma forma, aquela
túnica pesava mais que todas as suas outras roupas.
E então, começa sua longa jornada rumo ao topo.
Gênesis relata que certo dia Jacó enviou José para ver
como estavam seus irmãos que foram apascentar. Ao

25
ENEAS FRANCISCO

chegar a Siquém ele não encontrou seus irmãos. Ficou


dando voltas no local e procurando um sinal da turma.
Um homem que ali estava percebeu sua ansiedade e
questionou o que ele procurava por aquelas bandas. Ele
disse que procurava por seus irmãos e quis saber se o
homem sabia para onde eles poderiam ter ido.
Por incrível que pareça, o homem sabia. Ele disse que
tinha ouvido os rapazes dizerem que desceriam para um
lugar chamado Dotã. E como José não queria voltar sem
cumprir a ordem de seu pai, ele decidiu descer a Dotã para
ver como estavam seus irmãos e dar notícias deles a seu pai,
Jacó.
Enquanto ele se aproximava de seus irmãos, a uma
distância que eles podiam vê-lo de longe, a trama começava
a ser planejada na cabeça de seus algozes.
A frase que se ouvia entre eles enquanto José se
aproximava - com sua linda túnica de várias cores - era, “lá
vem aquele sonhador”.

26
A perda da primeira túnica
Como já informei anteriormente, não vou me ater a
símbolos ou à teologia para compartilhar o que Deus
colocou em meu coração.
Acredito, todavia, que haja significados profundos para
cada capa ou túnica que José vestiu. Até mesmo por que
José é uma sombra de Jesus no Antigo Testamento.
Ele compartilha com Jesus vários fatores que o
estabelecem como uma figura de Cristo. Ele foi amado
pelo pai, vendido por irmãos, teve suas vestes rasgadas e foi
considerado salvador do mundo. Ambos foram acusados
injustamente e sofreram em silêncio.
Mas há outros fatores que devemos considerar quanto à
primeira túnica.
Ela representa uma fase na vida de José. E pode ser uma
fase na sua vida também.
A primeira túnica é uma fase de transição entre infância
e juventude. É adolescência mas por favor, não se atenha à
questão da idade.
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

José é o mais novo entre seus irmãos – até o nascimento


de Benjamin – e muito amado por seu pai. O presente que ele
ganhou de seu pai, apesar do “mico” de ser destacado entre
os irmãos, o colocando numa categoria à parte, faz dele um
ícone na família, tanto da diferença, por ser especial quanto
do insulto àqueles que chegaram antes dele.
Aquela túnica foi o selo de uma aliança entre ele e Jacó,
algo que talvez nem eles imaginassem o seu efeito nas
gerações futuras. Foi o que separou José dentre seus irmãos.
Aquela túnica de várias cores (ou longa) era o ideal de um
príncipe e de como Jacó pode ter desejado que José fosse seu
primogênito.
Quanta alegria aquela túnica não trouxe a José? E quantas
decepções? Sim, decepções. Fico a imaginar a vida de José
indo totalmente contra ao evangelho triunfalista pregado
nos dias de hoje, ou da ideia promovida de que quando o
irmão está no sofrimento, só pode estar em pecado e Deus o
está castigando!
José com sua túnica desce a Siquém em busca de
informação sobre seus irmãos em obediência a uma ordem
de Jacó. E é justamente na obediência que ele é tratado
injustamente.
Seus irmãos, ao avistarem-no de longe, logo conspiraram
contra ele, pois era a chance que tinham na ausência de Jacó
de mostrarem ao garoto o que dá ficar se mostrando com
aquela túnica e compartilhando aqueles sonhos que, “para
eles”, jamais se concretizariam.
29
ENEAS FRANCISCO

O Sofrimento
Os rapazes não perderam tempo. Assim que José se
aproximou deles, o atacaram e o lançaram num poço. A
intenção deles era matar o rapaz e enterrá-lo com todos os
seus sonhos malucos.
Rúben, seu irmão mais velho, teve um pouco de bom senso
e entrou numa discussão com os demais para não fazerem
tamanho mal contra ele. Tendo seus irmãos lançado José
num poço, Rúben até tinha a intenção de resgatá-lo depois,
mas o garoto acabou sendo vendido para uma caravana de
ismaelitas que desciam para o Egito.
Sinceramente, não sei se José foi levado arrastado por
um camelo, com suas mãos atadas, ou se por compaixão, foi
levado nas costas do animal.
Imagino que a cada passo dado rumo ao Egito, ele olhava
para trás e via seus irmãos ficando cada vez mais longe,
juntamente com seu passado – e sua tão querida túnica. A
tristeza tornou-se ainda maior ao pensar que sequer teve
chance de dizer adeus ao seu pai e à sua mãe.
Eu não fui vendido por meus irmãos. E quero crer que
você também não tenha sido. Mas maltratados todos já
fomos e também já vimos um passado de boas lembranças
ficar para trás e talvez, para nunca mais voltar.

30
#JQP2 > AS TÚNICAS DE JOSÉ

Valores escondidos na perda


Aquela túnica tinha um significado especial tanto para
Jacó quanto para José. De certa forma, significava alguma
coisa para seus irmãos também. Mas, por incrível que pareça,
havia um significado ainda maior em perdê-la.
Perder a primeira túnica é fundamental para quem precisa
ser provado por Deus e lapidado para seu propósito.
Ganhar a primeira túnica para José, foi o que lhe tornou
diferente diante de seus irmãos e reconhecido por seu pai.
Perdê-la era receber de Deus uma janela de possibilidades
rumo ao novo, que só experimenta quem confia a Deus
aquilo que até pouco tempo, acreditava que não se podia
perder.
Eu não sei como José estava vestido depois de ter sido
tirado do poço e vendido por vinte peças de prata aos
ismaelitas. Sei que agora ele se sente humilhado. Mas algo
em seu coração dizia para continuar sonhando.
Em minha opinião, a primeira túnica era a ligação de
José com o hoje. O momento presente quando ele ainda era
muito potencial, material humano de grandiosa qualidade,
porém ainda sem a lapidação necessária. Seus maiores testes
ainda estavam por vir e ele não fazia ideia dos detalhes. José
quando foi vendido tinha apenas dezessete anos.
Imagine-se aos dezessete. Talvez você já tenha passado essa
marca ou ainda está se preparando para ela. Mas imagine-se.
31
Uma idade às margens da transição para a maioridade.
Quantos sonhos, projetos e ideias não passam em sua cabeça.
Pensamentos sobre com quem ele deveria se casar, impulsos
sexuais muito fortes, somados à saudade de sua mãe. Milhares
de pensamentos, em sua cabeça juvenil.
Mas agora, seu mundo estava ruindo, pois seus irmãos foram
ao extremo de vendê-lo para uma caravana de desconhecidos.
E agora? Será que já voltaram para casa? O que disseram ao
meu pai? Como será que ele está?
A cabeça de José girava em torno de tantas perguntas e
dúvidas, mas ele se mantinha firme, pois um sonho ainda
gritava dentro de sua alma!
Mas afinal, por quê tudo isso?
Aquela túnica tinha muito significado, inclusive alguns que
José desconhecia.
Ele não fazia ideia que aquela túnica representava uma
aliança patriarcal que seria a chave para a proteção de um
povo; ele não fazia ideia que aquela túnica era o instrumento
de Deus para tirá-lo de um ambiente hostil com potencial de
remover seu caráter bondoso devido à competitividade acirrada
entre seus irmãos; não fazia ideia que aquela túnica manchada
de sangue não mataria seu pai de desgosto, mas somente
aumentaria a medida de injustiça de seus irmãos e os levaria a
viver a realização dos sonhos dos quais eles mesmos zombaram.
Não. José não sabia nada disso. Ele não tinha ideia do que
mais tarde, Paulo escreveria aos irmãos de Roma:

“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem


daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo
com o seu propósito” Romanos 8:28.

Ele também não sabia que a chave para seu futuro, estava em
perder a túnica e não em mantê-la.
Olhe para si mesmo. Lembre-se de quantas vezes você já
chorou por túnicas que Deus lhe deu, você se alegrou e, de
repente, Ele mesmo permitiu que elas fossem removidas. Você
se questionou muito – e quem sabe ainda se questiona – sobre
as razões de Deus lhe entregar tantas coisas e sem fazer nenhum
sentido aparente, permite que lhes sejam tiradas.
Talvez isso lhe tenha acontecido em relação a empregos,
bolsas de estudos, namoros que você acreditava que jamais
terminariam, entes queridos que se foram ou montantes de
dinheiro que pareciam jamais acabar. Pode ser qualquer coisa
que você tenha ganhado, se apegado e amado ao extremo. E
como é só o começo da sua jornada rumo ao seu propósito, teve
que durar pouco para levar você para mais perto da próxima
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