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Nota da Tradução

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Capítulo 1

Dia cento e quarenta e dois na friend-zoned. Seja racional.

Russell Hart abafou um gemido quando Abby se remexeu em seu colo para gritar um pedido de bebida
para o garçom que passava, colocando um sorriso que sem dúvida lhe renderia um Martini por conta da
casa. Cada vez que seu "supergrupo" de seis pessoas saía, o que estava começando a se tornar um habito
noturno, Russell avançava para um novo e mais vicioso círculo do inferno. Esta noite, no entanto, ele
tinha certeza de que encontraria o próprio diabo. Eles estavam no estivador, comemorando o 4 de julho,
que apresentou mais do que um precioso desastre. Um, o feriado significava que o bar estava lotado de
moradores de Manhattan embriagados, criando uma escassez de cadeiras, portanto Abby se sentou bem
em cima do pau dele. Dois, a Abby geralmente conservadora estava vestida com um short justo e um
daqueles tops amarrados na nuca. Seis meses atrás, ele teria chamado de camisa, mas seus dois melhores
amigos tinham caído na toca do coelho do relacionamento, colocando-o mais próximo de conversas
femininas excessivas. Então, agora era um top. O que ele não daria para apagar esse conhecimento.
Durante a primeira rodada de bebidas, ele passou a acreditar em exercícios respiratórios. Até que ele notou
esses minúsculos cachos loiros na nuca de Abby, cachos que ele nunca tinha visto antes. E de alguma
forma, aqueles cachos beijados pelo sol foram o que o empurrou de semiereto para o status de monumento
em escala real de Washington. O cabelo do resto de sua cabeça parecia uma… Uma cor de chocolate ao
leite quente, então de onde vieram esses cachos? Essas reflexões prejudiciais levaram Russell a questionar
o que mais ele não sabia sobre Abby.

Qual era a cor de todo o resto? Ela tinha sardas? Onde?

Russell não descobriria - nunca - e não apenas porque ele estava sentado na friend-zone com seu pau
pressionado contra seu estômago - não é uma manobra fácil - então ela não sentiria. Não, havia mais do
que isso. Seus amigos Ben e Louis, estavam bem cientes dessas razões, que explicavam os olhares meio
solidários e meio penetrantes que eles estavam mandando para ele do outro lado da mesa, com as
respectivas namoradas em cima de seus colos. Abby estava fora dos limites. Não porque ela - graças a
Cristo - ou porque alguém o proibiu verbalmente de persegui-la. Não foi isso. Russell havia levado muito
tempo tentando encontrar uma explicação adequada para o por que ele simplesmente não pegou a garota
sozinha uma noite e fez sua jogada. Explique a ela que homens como ele não eram amigos adequados para
debutantes de olhos arregalados e dê a ela uma demonstração da alternativa. Era assim. Abby era como
um pacote caro que foi entregue a ele por engano. Alguém no correio trepou com o cão e deixou a mais
bela e brilhante criação na porta de sua casa no Queens e foi embora, rindo loucamente. Russell não estava
caindo no truque, no entanto. Alguém iria reclamar o pacote, eventualmente. Eles ririam do erro óbvio e
levariam Abby para longe dele porque, realmente, ele não tinha nada que ser aquele em cujo colo ela
escolheu se sentar. De jeito nenhum. Mas enquanto ele estivesse de posse do pacote - tanto quanto ele se
permitiria estar com a posse, de qualquer maneira - ele a protegeria com sua vida. Ele se certificaria de
que quando alguém percebesse o erro cósmico que ocorrera - aquele que o tornara amigo e confidente de
Abby - ela seria doce e intacta, assim como estava ao chegar. Infelizmente, o pacote não parecia satisfeito
em deixá-lo ficar de guarda à distância. Ela inocentemente o chamava de volta toda vez que ele conseguia
colocar um centímetro de espaço entre eles. Russell tinha perdido a conta das vezes que Abby tinha
adormecido sobre ele enquanto o supergrupo assistia a um filme, bebia margaritas no telhado do prédio
das meninas, dirigia para casa em táxis. Ela estava totalmente confortável perto dele, considerando que
ele batia continência contra sua braguilha toda vez que eles estavam no mesmo local.

— Por que está tão quieto, Russell?

Louis perguntou, com seu sorriso se transformando em um estremecimento quando sua namorada atriz,
Roxy, lhe deu uma cotovelada nas costelas. Sim. Todos na maldita mesa sabiam que ele tinha uma queda
pela bela e despretensiosa gênia dos números em seu colo. Todos, menos Abby. E é assim que ele planejou
manter.

— Eu sei o porquê —, disse Ben, fazendo com que o estômago de Russell desse uma cambalhota através
do bar.

Antes que ele pudesse mudar de assunto, Ben puxou sua aluna preferida trazendo-a para mais perto e
continuou.

— Ele não precisa mais nos dar conselhos sobre garotas. Seus poderes se acabaram.
— Nós matamos a besta.

Ben e Louis ergueram seus copos plásticos de cerveja em um brinde, sem um único olhar um para o outro.
Por que ele era amigo desses dois? Oh, certo. O poder da cerveja os uniu. Louvado seja a Heineken.
Presunçosos como eram, porém, Russell sabia que o humor era sua maneira de mostrar apoio. Se não
fosse humor, seria simpatia, também conhecido como kriptonita.

— Que tipo de conselho ele deu a vocês sobre nós? — Roxy quis saber, lançando olhares severos a Louis
e Ben.

— Uh-uh. — Russell balançou a cabeça. — Quê isso. Cadê a confidencialidade dos Brothers? Vocês não
podem contar meus segredos assim.

Ben ajustou seus óculos.

— Esse raciocínio, no entanto, deve dar uma idéia do que as senhoras perderam.

Honey se inclinou sobre a mesa e deu uma tapinha no braço de Russell.

— No final, tudo deu certo, grandalhão. Quem sabe? Você pode ter tido algo a ver com isso, afinal.

Russell abriu a boca para responder, mas o que quer que ele planejasse dizer fraquejou logo no início
porque Abby girou em seu colo novamente, enviando o mundo ao seu redor em câmera lenta. Um golpe
de esquerda do cheiro dela - que depois de cuidadosa consideração ele chamou de luz do sol de uva branca
- o atingiu no queixo, e ele mal conteve o desejo de gritar oh, vamos lá, no topo de seus pulmões. Seus
grandes olhos castanhos estavam indignados por ele, a boca franzida de uma forma que não deveria ser
sexy, mas era muito. Ela endireitou a coluna, o quadril batendo em sua ereção no processo.

Por favor, Deus Todo-Poderoso, mate-me agora.


— Russell é um grande conselheiro, — Abby protestou, e Russell teria sorrido se não estivesse ocupado
ganhando seu mestrado em meditação tentado se acalmar.

Ela realmente não tinha ideia de que sua indignação só a tornava mais doce porque parecia tão anormal
nela.

— Lembram do homem no primeiro andar do nosso prédio? Aquele que ficava assoviando toda vez que
passávamos? — Ela esperou que Honey e Roxy assentissem. — Russell me disse que da próxima vez que
acontecesse, eu deveria apenas gritar “Socorro tarado” na porta dele. Eu fiz. E não aconteceu mais desde
então. Um ótimo conselho.

Quando Louis e Ben começaram a rir com suas cervejas, Russell fez sinal de negativo pelas costas de
Abby. O que seus amigos sabiam que Abby não? Assim que ela lhe contou o problema, ele fez uma visita
ao vizinho do andar de baixo e explicou o problema que encontraria se ele se quer respirasse na direção
de Abby - ou de qualquer uma de suas colegas de quarto - novamente. Consequentemente, a única palavra
eficaz. Russell era um problema. Mas quando Abby deu um sorriso brilhante e encorajador para ele,
enchendo seu coração como um balão inflado, ele reconheceu que seu tipo de problema não tinha nada
com o de Abby. Ela nem sabia quão perigosa era para a saúde dele. Porque enquanto Abby era o pacote
que havia sido entregue por engano, ele foi e se apaixonou por ela, apesar de suas tentativas de
simplesmente ser seu amigo. E talvez fosse sua imaginação, mas a perda dela parecia se aproximar um
pouco mais a cada dia. Como se a qualquer minuto, ela iria olhar um pouco mais de perto e perceber que
ele era um impostor. A perda era algo com o qual Russell estava familiarizado. A perda o havia deixado
de joelhos quando era jovem, deixando-o hiper consciente de como isso podia acontecer rápido. Uau.
Cortado na altura dos joelhos. Então ele já estava no modo de controle de danos, esperando o limite das
consequências quando ela inevitavelmente se dirigisse para uma versão mais jovem de Gordon Gekko.
Por enquanto, era tudo sobre como manter um espaço confortável entre ele e Abby. Ela recostou-se em
seu colo para dar lugar à garçonete, que voltara com uma rodada de bebidas, e Russell cerrou os
dentes.OK. Confortável definitivamente não era a palavra certa.

...
Eu tenho amigos. Agora tenho amigos e é glorioso. Seis meses atrás, quando Abby Sullivan colocou o
anúncio no Craigslist, procurando duas colegas de quarto para dividir seu apartamento em Chelsea, sua
maior esperança era o barulho. Talvez parecesse bobo, mas, além do trânsito da Nona Avenida e da gritaria
ocasional na rua, sua vida tinha sido muito tranquila antes de Honey e Roxy aparecerem. Ela esperava por
secadores de cabelo pela manhã, pratos sendo jogados na pia, cantoria no chuveiro. Qualquer coisa, exceto
o silêncio em que ela vivia, sozinha naquele espaço enorme. Então, ah, então, ela fez algo ainda mais
impulsivo do que colocar um anúncio de aluguel com descontos massivos na internet. Ela deixou escapar
ao conhecê-las pela primeira vez que não precisava de ajuda para pagar o aluguel; ela apenas queria
amigas. Inacreditavelmente, não parecia um erro revelar um segredo tão lamentável para um casal de
estranhos. Quando as três ficaram paradas na mesma sala pela primeira vez, teve a sensação de que tudo
daria certo, como uma complicada equação matemática que valeria o trabalho. Agora? Ela não conseguia
imaginar um dia passando sem elas. Os caras foram um bônus inesperado com o qual ela não contava.
Principalmente Russell. Enquanto caminhavam pela cidade em direção ao rio Hudson, onde planejavam
assistir aos fogos de artifício do 4 de julho, Abby sorriu para Russell, onde ele se elevou sobre ela. Ela
recebeu um olhar desconfiado em resposta. Suspeito! Ha! Isso a fez querer rir como uma lunática. De
volta à sua memória mais distante, ela tinha sido uma Abby confiável, crédula e melosa demais para todos
e sua mãe. Até Honey e Roxy, até certo ponto, lidavam com ela com cuidado em assuntos que poderiam
ofendê-la ou ferir seus sentimentos. Ela estava muito grata pela presença deles para questioná-los,
entretanto. Às vezes, ela abria a boca, as palavras “não sou feita de vidro” pairando na ponta da língua,
mas ela sempre as engolia. Eles tinham boas intenções. Ela sabia disso de todo o coração. Talvez algum
dia, quando ela tivesse certeza de que eles não desapareceriam em uma rara demonstração de
temperamento - como sempre acontece quando ela revela uma falha - ela contaria a eles. Até que ela
reunisse coragem, entretanto, ela ficaria quieta e apreciaria seus novos melhores amigos pela positividade
colorida que eles trouxeram para sua vida. Mas Russell? Ela o apreciava ainda mais por ficar com raiva
dela. Essas ocorrências eram sua parte favorita da semana. Russell entrando no apartamento, resmungando
sobre ela não ter checado o olho mágico. Recusando-se a sair no sábado à noite até que ela mudasse para
sapatos mais confortáveis. Dando a ela aquela carranca assustadora quando ela revelou que elas tinham
um vazamento no banheiro por três semanas e ainda não tinham chamado o supervisor para consertá-lo.
Ele consertou em uma hora, mas ele não falou com ela durante esse tempo todo. Foi demais. Mas ele
sempre voltava. Toda vez. Não importa o que - não importa o que ela disse ou fez - ele nunca lavou as
mãos em respeito a ela. Nunca ficou farto com seu comportamento reconhecidamente inconstante. Ou não
respondeu a uma mensagem. Ele era a presença constante em sua vida que ela nunca teve. Ninguém falava
com Abby em seu trabalho. Ela foi contratada depois de se formar como a primeira da classe de Yale e
colocada em uma posição de poder silenciosa em um fundo de proteção de riscos. O fundo de proteção de
riscos de seu pai. Assim, ela pôde compreender a reticências de seus colegas de trabalho em convidá-la
para a happy hour. Ou até mesmo dar a ela um aceno educado no corredor. No início, ela estava preparada
para tentar de qualquer maneira. Obrigue-os a conhecê-la de alguma forma, mesmo que fosse apenas
passando o grampeador na sala de conferências. Então ela se lembrou. Quando ela impunha sua opinião
às pessoas, ou tinha uma explosão, elas iam embora e não voltavam por um longo tempo. Seus colegas
de trabalho acreditavam que ela ficava sentada em seu escritório com ar-condicionado o dia todo jogando
Minecraft ou comprando vestidos online. E por que não? Ela não fazia nada para mudar essa impressão.
Na realidade, porém, ela trabalhava duro. Aparecia antes das luzes se acenderem e ficava até mais tarde
do que todo mundo. Levava trabalho para casa com ela e muitas vezes não conseguia dormir. Ela não
tinha escolha. O estresse apertava como um cadarço em volta do estômago de Abby, mas ela respirava
através dele. Esta noite ela havia ido se divertir com seus amigos. Amanhã de manhã teria que voltar a
enfrentar suas responsabilidades.

— São os sapatos, não são? — Russell exigiu, envolvendo Abby, Roxy e Honey com um olhar sombrio.

— Isso sempre acontece depois das onze. Vocês, garotas, começam a mancar, e nós temos que cuidar de
vocês.

Ben suspirou. — Aqui vamos nós novamente.

— Não, realmente. Acho que finalmente descobri —. Russell passou os dedos impacientes sobre sua
cabeça raspada. — Você já ouviu falar de dores de simpatia? Quando minha cunhada deu à luz, meu irmão
jurou que alguém estava disparando uma pistola de pregos em seu estômago. Até hoje, o cara nunca mais
foi o mesmo —. Ele apontou para os escarpãs azuis-elétricos da Abby. — As mulheres usam essas criações
malignas por aí para nos confundir. Claro, elas fazem as pernas de uma garota parecerem boas, mas essa
é a magia negra, meus amigos. Elas querem que sintamos a dor delas e não entendam o porquê.

Louis se virou, andando de costas na calçada para poder encará-los. — Tenho que admitir, estou com
Russell nisso. — Ele sorriu com a indignação de Roxy. — Você poderia andar descalço, e isso não faria
diferença para mim.

— Vou ter que concordar também —, Ben acrescentou. — Gosto de Honey em seu all stars.
Essa declaração rendeu a Ben um beijo de Honey e um gemido de Russell.

—Estou emocionado que vocês, idiotas, tenham encontrado uma maneira de usar minha incrível lógica
para ganhar pontos.

Abby amava o argumento, simplesmente porque era familiar - uma rotina que ela tinha em comum com
os outros - mas ela tinha que admitir que seus pés estavam latejando. Depois de uma noite de dança, a
caminhada pela cidade estava deixando-a com bolhas. Ela usou saltos o dia todo no escritório, mas eram
sensatos e de salto baixo. Nada como os escarpãs que ela pegou emprestado de Roxy. Na verdade, agora
que ela reconheceu seus pés cansados, cada parte dela parecia ceder de exaustão, como se ela finalmente
tivesse dado permissão a seus ossos.

— Eu posso encerrar essa discussão aqui mesmo, — Abby interrompeu com um sorriso cansado, mas
determinado.

O grupo parou para observar enquanto ela tirava os sapatos e colocava os pés descalços de volta na calçada
fresca com um suspiro cordial. Por alguma razão, os olhares de todos se voltaram para Russell que - Deus
o ama - estava carrancudo para ela como se ela tivesse acabado de bater com seu amado caminhão.

— Uma nova tática, senhores. Tome nota.

Seus quatro amigos riram do tom ameaçador de Russell, mas Abby permaneceu presa sob sua carranca.
Embora agora, sua carranca tivesse um toque de incerteza por trás disso.

— Coloque-os de volta, Abby. Você vai pisar em algo. Vidro quebrado, ou—
Abby passou por Russell. Honestamente, ele se preocupava constantemente sem motivo. Eles estavam a
apenas alguns quarteirões do rio e as ruas eram bem iluminadas. O que tão pior que poderia acontecer.
Seus pés deixaram o chão, seu suspiro foi interrompido quando ela foi embalada contra o grande peito de
Russell. Sua expressão estava escondida, graças às luzes da rua brilhando cegamente acima de sua cabeça,
mas Abby sabia por experiência, ele ficaria irritado. Ela não pôde evitar o sorriso que se espalhou como
fogo em seu rosto, sentindo como se chegasse até o peito. Parecia impossível, mas de alguma forma ele
ganhou um lugar entre essas pessoas que se preocupavam com ela. Amigos. Bons amigos. Do tipo sem o
qual você não pode viver. Principalmente Russell. Seu favorito.

— Você foi colocada nesta terra para me deixar louco, Abby. Você sabe disso?

— Eu não sinto muito sobre isso —, ela sussurrou. — Isso faz de mim uma pessoa má?

— Não. Isso faz de você uma mulher.

Ela abafou a risada se apoiando no ombro de Russell.

— Os homens também enlouquecem as mulheres. Não é um caso unilateral.

Ele franziu a testa para ela.

— O que você sabe sobre isso?

Essa pergunta vinda de qualquer outra pessoa poderia ter envergonhado Abby, mas apesar de toda a
arrogância de Russell, ele nunca a julgou. Não por sua falta de vida amorosa, de qualquer maneira. Sapatos
eram outra questão.

— Eu sei coisas.
— Coisas, hein? Talvez Louis e Ben devessem passar mais tempo em seus próprios apartamentos.

Seus braços se flexionaram quando ele a ergueu mais alto, com esforço mínimo.

— Você realmente gosta de assistir os fogos de artifício, ou isso é apenas um costume patriótico que
estamos defendendo?

— Não, eu amo fogos de artifício.

Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para o céu.

— Todo mundo esquece ao longo do ano como os fogos de artifício são incríveis. Você sabia? Eles
esquecem até estarem sob eles novamente. Você não gosta deles?

Ele olhou para frente enquanto respondia.

— Eu gosto que você goste deles.

Abby sorriu, sabendo que Russell teria que ser mais áspero pelo resto da noite para compensar aquele
deslize. E precisava torturá-lo um pouco mais.

— É assim que me sinto quando você me faz assistir aos Yankees. — Ela colocou a mão em sua bochecha.
— Vale a pena só para ver seus adoráveis olhos de homem se iluminarem.

O suspiro dele era aguçado, mas ela pegou o canto da boca dele levantando.
— Todo esse tempo, pensei que você estava gostando.

— Os erros de gravação é o meu favorito.

A sonolência assentou mais firmemente sobre ela, e ela asfixiou um bocejo contra seu ombro.

— Também, adoro quando crianças na platéia pegam bolas sujas.

— Multidão. Chama-se multidão.

Ela bocejou novamente, as pálpebras começando a pesar.

— Eu sabia. Só queria ver se você estava prestando atenção, — ela murmurou.

Russell mordeu o lábio inferior por um momento, a preocupação estragando suas feições.

— Você está tão cansada ultimamente, Abby. Tudo bem?

— Totalmente bem, — ela mentiu. — Só vou descansar meus olhos por um minuto.

Com certeza ele a acordaria quando chegassem ao Hudson, ela passou os braços em volta do pescoço dele
e cochilou. Foi a primeira vez que ela dormiu em três dias.
Capítulo 2

RUSSELL tirou o capacete e o colocou na caçamba da caminhonete aquecida pelo sol. Sabendo que seu
irmão estaria se juntando a ele no intervalo do almoço em breve, ele abriu o refrigerador e pegou uma
segunda lata de Coca, segurando-a contra a testa. Era segunda-feira de manhã, dois dias desde que ele
carregou Abby pela cidade para os fogos de artifício, e ele estava grato pelo trabalho para distraí-lo,
mesmo que estivesse 32°C lá fora. Hart Brothers Construction era composto por ele, Alec, e meia dúzia
de caras em tempo parcial. Sediada no Queens, a empresa tinha sido iniciada quase como uma brincadeira
no verão em que Russell se formou no colegial. Tendo aprendido com seu pai alguns métodos de
remodelação e reparo - que tinha trabalhado na construção até se aposentar em seus cinquenta anos - eles
resolveram reparar o convés de um amigo quando a perna quebrada do cara o impediu de completar a
tarefa ele mesmo. Na esperança de acalmar o orgulho de seu amigo com uma dose de humor, eles tinham
feito camisetas. Hart Brothers Construction. Na semana seguinte, eles tiveram um pedido para completar
outro trabalho, desta vez de um vizinho. Os pedidos tinham continuado a rolar em um volume tão
crescente, que eles tinham sido forçados a se recompor, solicitando uma licença comercial. Nove anos
depois, Russell tinha vinte e sete anos, e eles tinham acabado de ganhar a licitação mais lucrativa de suas
vidas profissionais. Até agora, a maior parte de seu trabalho tinha vindo dos bairros periféricos, mas o
atual trabalho era em Manhattan – para renovar um prédio de escritórios vazio de cinco andares em
Tribeca - poderia efetivamente colocá-los no mapa. Se ele conseguisse convencer seu irmão a expandir.
Alec não era exatamente um fã de mudanças. Ou trabalho excessivo. Um caminhão de bombeiros passou
rugindo com sua sirene tocando, indo para o centro da cidade. Não é uma ocorrência incomum na cidade,
mas o suficiente para atrapalhar seus pensamentos e enviá-los de volta para Abby. Ele a havia questionado
sobre isso nas primeiras vezes, mas tudo o que conseguiu foi uma desculpa de estar atolada no trabalho.
Não querendo que o privilégio de a segurar fosse rescindido, ele desistiu. No sábado à noite, no entanto,
tinha visto um novo nível. A sensação do corpo dela se enrolando contra o peito dele, a respiração dela
soprando contra o pescoço dele quando os fogos de artifício explodiam acima? Essa memória não o
deixaria em paz. Várias vezes, ele repetia a ela acordada e sonolenta pedindo-lhe que a levasse para casa.
Um número um pouco maior do que várias. Provavelmente mais na vizinhança do infinito vezes infinito.
A cabeça dele também não parava de criar cenários de confusão. Ao invés de colocá-la no sofá e sair do
apartamento como ele havia feito, Russell imaginou ficar enrolado com ela a noite toda, medindo sua
reação na manhã seguinte quando ela percebesse que seus corpos estavam em posição de foder. Abby não
era o tipo de garota com quem você “fode” também. Você não empurra a calcinha dela para o lado e entra
forte, balançando com força suficiente para quebrar as molas do sofá. Você tira a roupa dela demorada e
lentamente. Beijando-a entre as estocadas. Ouvindo sua respiração. Ok, meditar sobre como Abby deveria
ser tocada não estava ajudando sua causa, também. Na verdade, quanto mais ele pensava sobre isso, piores
as imagens se tornavam. Segurando Abby. Sugando marcas em sua pele. O pescoço dela. Coisas das quais
ele tinha vergonha, impulsos que nunca experimentou antes, mas que sempre o atingiam quando Abby
estava envolvida. Ele nunca quis impressionar uma garota dizendo que ela era dele. Só dele. A única
pessoa que despertou esse instinto foi Abby. Esses desejos de dominá-la pareciam originar-se desses
sentimentos possessivos. Como se meras palavras não bastassem. Precisava haver ações. Ações firmes e
decisivas para satisfazê-lo. Mas ele continuaria a negar a necessidade de agir porque Abby não era dele.
Algo de que ele tinha muita dificuldade para se lembrar. Seu irmão, Alec, pulou na caçamba da
caminhonete ao lado dele, sacudindo a porta traseira e sua concentração ao mesmo tempo.

— Não pense muito, idiota, você vai ter uma hemorragia nasal.

Russell tomou o primeiro gole da Coca gelada, quase chorando enquanto escorria por suas entranhas
superaquecida.

— Alguém por aqui precisa pensar.

— Com licença? — Alec fez uma pausa ao desembrulhar seu sanduíche. — É uma maravilha que meu
cérebro caiba neste capacete. E eu posso ler você como um livro, cara. Você está com ciúmes.

— Ciúmes de quê? — Russell perguntou, genuinamente perplexo.

Alec bateu na lateral da caçamba da caminhonete, soltando um grito alto.

— Ninguém te contou, irmãozinho?


— Jesus. Por que você ainda me chama assim? Eu sou um pé mais alto que você.

— Você é quatro anos mais jovem, — Alec meio que gritou.

— E quando eu nasci, um nome foi dado a mim por nossos pais. Use-o.

— Deus, você está sensível hoje.

Seu irmão mordeu seu sanduíche de presunto, fez uma careta, e jogou-o na caçamba do caminhão.

— Minha esposa é quente, mas ela não deveria mexer com comida. Devíamos ter construído outro armário
para ela em vez de uma cozinha.

Russell esperou.

— Então? Qual é a grande notícia que ninguém me contou?

Alec ajustou seu capacete.

— Não vou te dizer agora, seu grande assassino de merda.

Outros dois caminhões de bombeiros passaram por eles, rasgando a luz vermelha. Um acidente no centro?
Um fogo? A mordida no sanduíche que ele deu de repente pareceu poeira em sua boca. Honey estava na
parte alta da cidade, frequentando as aulas da tarde na Columbia. Ben estava no East Side, ensinando na
NYU. Roxy tinha acabado de filmar seu primeiro piloto para televisão, então ela e Louis faltaram naquele
dia, muito provavelmente neste momento estavam na cama de Louis no Lower East Side. O único membro
do grupo trabalhando no Distrito Financeiro hoje era Abby. Preocupar-se era ridículo. Havia milhares de
prédios no centro. Ele não tinha nenhuma razão para pensar que aqueles caminhões de bombeiros estavam
indo em sua direção. Nenhum. Ao mesmo tempo, ele era exatamente como Alec. Não se preocupava com
nada no mundo. Então ele encontrou algo com o que se preocupar e se tornou o primeiro a temer o pior.
Esses malditos instintos possessivos - tão focados em Abby - não seriam abafados. Eles estavam tentando
lembrá-lo de que era seu trabalho se preocupar com ela. Se ele não fizesse, outra pessoa faria, e isso era
totalmente inaceitável. Quem sabe quanto tempo ainda faltava para ela escolher outra pessoa para se
preocupar com ela?

— Me conte as novidades, Alec. — Distraia-me da minha idiotice. — Você quer que eu implore?

— Não faria mal. — Alec sorriu enquanto tirava o capacete, passando a mão através de seu cabelo loiro
descolorido. — Ah, dane-se. Eu recebi a ligação, cara!

— Que ligação?

— American Ninja Warrior. — Ele deu um soco no ombro de Russell. — Eles me querem para competir
na próxima temporada. Na televisão, cara.

— Você está brincando comigo.

Apesar de sua irritação com a demora de dois anos para Alec entrar no programa, o orgulho e a descrença
o atingiram na cabeça do nada. Eles se cumprimentaram com suas mãos sujas e calejadas. O que se
transformou em um abraço de tapinhas nas costas. O que imediatamente se transformou em uma tosse
desconfortável e recuo.

— Quando você vai?


— Veja. O show não é ao vivo, como pensávamos. — Alec estalou o pescoço. — Admito que fiquei um
pouco desapontado ao descobrir isso, mas superei quando me lembrei que posso ganhar cem mil. Cem
mil. Vou construir para Darcy outra cozinha inútil se ganhar isso. Só para o inferno.

— Parece sábio —, murmurou Russell.

— Eles filmam em uma semana, — Alec continuou. — Eu sei que é em curto prazo, e nós temos um
grande trabalho.

Seu irmão bateu com o punho sobre o coração.

— Mas eu tenho que seguir meu sonho de toda a vida, cara.

Russell fez algumas contas rápidas.

— Esse programa está no ar há apenas cinco anos.

— Viu? — Alec balançou a cabeça. — É por isso que eu não queria te contar.

— Porque eu sei fazer contas?

Seu irmão pulou da caçamba do caminhão, e Russell seguiu o exemplo, ignorando o zumbido em seu
crânio quando outro par de caminhões de bombeiros passou voando, sirenes quase altas o suficiente para
quebrar vidros.
— Olha, estou muito feliz por você. Você sabe que eu estou. É apenas… Por que temos aquela reunião
no banco na próxima semana. É nossa última chance de conseguir o empréstimo de que precisamos para
expandir.

— Se eu vencer o American Ninja Warrior, nem precisaremos trabalhar.

Russell estreitou o olhar.

— Você sabe que cem mil tem cinco zeros e não seis. Certo?

Um momento de silêncio passou e tudo o que ele conseguiu de seu irmão foi um olhar vazio.

— Certo?

Alec coçou a nuca e riu.

— Se você sabe tanto sobre dinheiro, saberá bem como lidar com a reunião de empréstimo sozinho.

Russell começou a apontar que havia lidado sozinho com as cinco reuniões bancárias malsucedidas
anteriores. Alec não sentia a mesma urgência que ele sentia em expandir, e Russell já havia aceitado isso.
As rejeições contínuas eram difíceis de suportar sozinho. Da mesma forma, reformar a casa de sua infância
no Queens sem ajuda era difícil. Mas o trabalho árduo valeria a pena se ele fosse bem sucedido. E,
ultimamente, ele estava se sentindo cada vez menos satisfeito por se sentir estagnado. Ele precisava se
mover. Sem idéia do que esperar, Russell tinha ido à primeira reunião do banco às cegas, com pouco mais
do que seu livro contábil e um plano financeiro rudimentar. Ele pensou que o rápido crescimento da
empresa falaria por si mesmo, mas ele estava muito enganado. Ao iniciar o primeiro ciclo de
aprendizagem, ele havia agendado outra reunião e estava muito mais preparado para a segunda vez, não
esperando que a primeira rejeição o prejudicasse. Mas ele seguia de reunião em reunião, com as portas
sendo fechadas em sua cara. Ele suspeitava que seu jeito rude também não estava ajudando, mas ele não
podia fazer nada a respeito disso. Todas as opções tinham sido esgotadas, exceto uma, e ele tinha feito
pesquisas sempre que tinha tempo livre, com a intenção de fazer valer a pena. Seu irmão começou
novamente a colocar obstáculos, mas quando mais sirenes se aproximaram, Russell não conseguiu mais
se concentrar na conversa. Enquanto Alec olhava com curiosidade, Russell tirou o celular do bolso e
discou o número de Abby. Ele não obteve resposta, então discou novamente. Quando Abby atendeu no
segundo toque, ele relaxou contra o caminhão.

— Oi, Russell.

— Abby.

— Por que você está gritando?

— Tudo bem?

— Mais ou menos.

— Mais ou menos? — Ele estava gritando novamente.

Sua voz o alcançou na linha, aquecendo seu ouvido.

— Há um vazamento de gás no prédio do outro lado da rua e eles estão nos evacuando. Talvez todo o
quarteirão.

Uma comoção ao fundo, o barulho de vozes. Os saltos altos de Abby clicando. Ele conhecia aquele som
muito bem.
— Eles estão nos dizendo para ir para casa.

— OK.

Uma porta bateu ruidosamente ao fundo e ele engoliu em seco.

— Não pegue o trem. Se algo acontecer com o vazamento, você não deve ficar no subsolo. Caminhe para
o oeste e chame um táxi.

— Sobre ele.

Em comum acordo, eles permaneceram na linha. Russell saiu do local de trabalho em direção à rua,
olhando para o centro da cidade. De seu ponto de vista, ele podia ver o enorme grupo de luzes vermelhas
piscando. Várias pessoas estavam paradas na calçada ao lado dele, observando a cena distante também.
Por alguma razão, isso o deixou duas vezes mais nervoso.

— Você ainda está aí? — disse ele ao telefone.

— Eu estou.

Ele viu e ouviu a explosão simultaneamente. Como os fogos de artifício, que eles assistiram há menos de
quarenta e oito horas, uma luz branca disparou e deixou rastros de arcos extensos, movendo-se em câmera
lenta. Não, não… Abby. O medo atingiu Russell com a força de uma bala de canhão, jogando-o para trás
vários passos. Suas botas de trabalho rangeram no cascalho do local de trabalho, um zumbido ressoando
em seus ouvidos. Ele gritou ao telefone, mas nada. Não havia nada do outro lado. Eu não fiz o suficiente.
Eu a decepcionei. Não posso suportar outra perda. Não quando é ela. Ela não. Algo se enrolou em seu
braço e ele girou para encontrar Alec bem em seu rosto, a boca se movendo, mas nenhum som. Jesus, ela
estava ferida? Pior? Ele tentou respirar, mas o ar havia sido sugado para fora da atmosfera. Tendo crescido
com seu irmão, Russell deveria ter visto o gancho certo chegando, mas sua cabeça estava cheia de visões
com as quais ele não conseguia lidar, flashbacks de sua vida familiar precoce - que um dia ele queria
apagar, junto com todas as merdas que levam a isso - fundindo-se com imagens novas e ainda piores,
eliminando a lógica. Um segundo depois que o punho de Alec acertou seu rosto, o mundo voltou ao lugar.
Som e cor voltaram.

— Aí está você. — Alec o sacudiu. — Que porra é essa, cara?

— Eu preciso do caminhão —, Russell exigiu.

Quando Abby tinha 12 anos, seu pai se casou novamente após um namoro rápido com sua parceira de
negócios. A mãe de Abby desistiu da custódia no divórcio quando Abby era muito jovem para se lembrar,
voltando para a Califórnia com seu considerável acordo de divórcio. Olhando para trás, ela reconheceu
que seu pai e sua madrasta procuravam distraí-la de seus pensamentos em sua mãe, enviando Abby para
aulas de música e línguas. Aulas de dança, cursos de pintura, acampamentos. Num verão, seus pais - pai
e madrasta - a enviaram para um acampamento de verão de “talentos”. Um de seus tutores reconheceu sua
aptidão para números e sugeriu esse acampamento, e uma vez que sua madrasta estava no meio de sua
fase de redescobrir suas raízes italianas, e estava ansiosa demais por um sabático de duas semanas sem
cuidar não apenas de Abby, mas de seu próprio filho com a mesma idade. Ela e o pai de Abby foram para
Florença, e Abby foi despachada para o acampamento Einstein, enquanto seu meio-irmão ficou em casa
com a governanta. O acampamento começou bem o suficiente. Ela fez amizade com sua colega de beliche,
Patty, que não parecia se importar com a estranheza silenciosa de Abby ou que ela sempre era escolhida
por último para o kickball. A comida não era aquela cheia de calorias que era servida no Sullivan. Além
disso, ela usava camisetas e shorts cáqui todos os dias, em vez das calças e blusas bem passadas de que
consistia seu guarda-roupa usual. Três dias no acampamento, no entanto, Patty encontrou as garotas legais
que usavam a palavra com F no mínimo três vezes por frase e os meninos foram encontrados do outro
lado do acampamento. Abby ainda conseguia se lembrar de estar sentada no refeitório, abrigando a nítida
sensação de que ela não tinha ideia do que estava acontecendo ao seu redor. Segredos estavam sendo
contados em voz baixa, lugares estavam sendo salvos - ela estava no lugar salvo de alguém? - e a garota
que tinha sido sua amiga poucas horas antes nem mesmo olhava em sua direção. O acampamento Einstein
havia estabelecido o curso para os próximos doze anos. A escola particular tinha sido uma versão
concentrada do acampamento de verão, alianças sendo formadas e dissolvidas tão rapidamente que ela
não conseguia acompanhar. Qualquer tipo de passo em falso ou falha poderia lhe valer um cartão de "fique
perdida" de seu grupo de amigos. Ela poderia ter sido capaz de superar seu medo de fazer amigos e perdê-
los, mas sua vida em casa tinha apenas amplificado o único fato que ela tinha vivido durante toda sua
adolescência. Se estragasse tudo, você se encontraria comendo sozinha. Muitas vezes até mesmo vivendo
sozinha. Antes de conhecer Roxy e Honey, aquele sentimento dela sentada no refeitório sozinha parecia
nunca ter ido embora. Essa sensação foi o que a impulsionou para a confiabilidade dos números e a tentou
a arriscar e nunca tirar os pés do chão. Isso, e a responsabilidade que ela tinha para com sua família. Mas
bem naquele momento, com os paramédicos passando por ela na calçada e o caos florescendo ao seu redor,
as inseguranças que ela tentara tanto suprimir voltaram, deixando-a sem saber como proceder. Ela deveria
tentar comunicar a alguém que seu tornozelo estava doendo ou deveria apenas ir para casa? Ela seria
obrigada a dar uma declaração? Ela não conseguia ver nenhum de seus colegas de trabalho em meio à
confusão. Graças a Deus seu pai não estava no escritório. Então, novamente, seu pai não ia ao escritório
há um mês. Ah não. E se ela tivesse que responder a perguntas sobre sua ausência? Finalmente
encontrando o senso de urgência que ela precisava para agir, Abby testou seu tornozelo e estremeceu.
Provavelmente não estava quebrado, ou a sensação seria muito pior. Usando a parede em suas costas como
alavanca, ela se levantou lentamente, mas seu pé escorregou na calçada cheia de fuligens, mandando-a de
volta para o chão.

— Manache.

Uma série de outras maldições italianas - cortesia da insistência de seus pais em uma década de aulas -
estavam morrendo de vontade de se libertar de sua boca. Isso sempre a fez sentir-se melhor, sem o efeito
colateral negativo de ofender quem não falava a língua. As explosões nunca haviam sido toleradas em sua
casa. Quando Abby cedeu e permitiu que seu temperamento se mostrasse, o descontentamento de seus
pais geralmente resultava na ausência deles. Ausências que podiam se estender por semanas, dando tempo
para que sua rebeldia desaparecesse e seu arrependimento aparecesse. Mesmo referindo-se à nova esposa
de seu pai como madrasta, não era permitido. Ela era obrigada a aceitar o novo status de mãe de sua
madrasta sem fazer perguntas, desaprovação que lhe era imposta quando ela não se dirigia a ela
corretamente. A ladainha de maldições italianas de Abby foi interrompida quando uma comoção à sua
esquerda chamou sua atenção. O calor cintilou e brilhou em seu peito quando viu Russell discutindo com
um policial, tentando passar pela barreira improvisada. Estranhamente, uma parte dela o esperava, mesmo
que ela não tivesse reconhecido isso conscientemente. O oficial parecia inflexível em mantê-lo fora da
barreira, mas Abby pressionou as mãos contra o coração e deu ao homem um olhar suplicante, finalmente
conseguindo fazê-lo ceder. Russell estava ao lado dela uma fração de segundo depois, ajoelhado no
concreto e correndo os olhos por cada centímetro dela. Ele estava sujo, suando e respirando pesadamente.
Um dos pontos turísticos mais bem-vindos que ela já encontrou em seus vinte e quatro anos.

— Tornozelo? — ele gritou sobre o som de gritos e sirenes.

Ela assentiu.

— Como?

Abby estava tão ocupada pensando em como era bom ter alguém ali - só para ela - que esqueceu a
pergunta.

— O que?

Ele parecia implorar ao céu por paciência.

— Como você machucou seu tornozelo? Você estava… Você estava perto da explosão? Um paramédico
já olhou ele?

— Não para ambas as perguntas. E eu não preciso de um paramédico.

Ela colocou a mão sobre sua boca quando ele começou a discutir.

— É realmente estúpido. Tem certeza que quer ouvir isso?

— Não, mas me diga mesmo assim. — A voz dele foi abafada contra a mão dela. — Eu preciso de um
momento.
Ela queria questioná-lo sobre essa declaração, mas sua carranca cada vez mais profunda lhe disse que não
era um bom momento.

— A explosão aconteceu do outro lado da rua enquanto eu estava descendo a escada de emergência. É
onde eu estava quando você ligou. Eu deixei cair meu telefone.

Ocorreu-lhe então que Honey e Roxy provavelmente estavam preocupadas.

— Você pode…

— Ligaremos para elas em um minuto. Termine a história.

Seu tom irritado a fez sorrir. Quem precisava de aprovação contínua? Ela não. Como ela podia irritar
Russell continuamente e ainda assim ele continuava aparecendo? Nunca se afastou por longos períodos
de tempo, não importa o que acontecesse? Isso a fez sentir como se fosse mais do que apenas uma soma
de suas realizações.

— Quando me abaixei para pegar meu telefone - porque podia ouvir você gritando comigo - meu salto
alto escorregou para trás e ficou preso no espaço entre as escadas. Eu caí para frente e meu tornozelo ficou
onde estava.

Russell parecia estar contando até dez quando seus olhos se fecharam.

— Você vai fazer aquela coisa de beliscar a ponta do seu nariz para mim?

Ela inclinou a cabeça, estudando sua expressão.


— Parece um bom momento para isso.

Em vez de responder, as mãos dele dispararam e retiraram os saltos altos dos pés dela, tomando cuidado
especial para não empurrar o tornozelo machucado. Então ele arrancou o salto de cada sapato, por sua
vez, e os jogou na grade de esgoto mais próxima. O queixo de Abby caiu em um suspiro e ficou assim
enquanto Russell a erguia da calçada.

— Você é inacreditável, Abby, — ele rosnou. — Um vazamento de gás leva a uma explosão. Todo o
quarteirão da cidade está sendo evacuado e você acha que é uma boa hora para cair de uma maldita escada.
Você poderia ter quebrado o pescoço.

— Russell, esses eram os sapatos da Roxy.

— Por mim não tem problema. — Ele os virou de lado, passando pela barricada. — Contanto que você
não possa mais pegá-los emprestados.

— Ela nunca mais vai me deixar pegar nada emprestado agora.

— Está vendo isso? — Sua voz ressoou para ela, mas contra o pano de fundo dos rádios da polícia e
veículos de emergência, era um conforto. — Esses sapatos poderiam ter custado sua vida, mesmo você os
defende. Nova teoria. Quando se trata de sapatos, as mulheres têm a Síndrome de Estocolmo.

— Você está apenas tentando tirar minha mente do medo.

Ela pensou ter ouvido ele responder com estou tentando distrair minha mente disso, mas ele foi
temporariamente abafado por sirenes. Quando eles atravessaram a rua para um ambiente ligeiramente
mais silencioso, ele olhou para ela, depois para longe.
— Você estava com medo?

— Apavorado.

Abby se forçou a manter o rosto sério.

— Esqueci de fazer backup do meu trabalho no computador. Se o prédio tivesse explodido, eu teria
perdido um dia inteiro.

Isso lhe rendeu um olhar furioso. Ela sorriu e deitou a cabeça no ombro dele assim que chegaram à
caminhonete, que ele praticamente abandonou no meio de uma rua lateral.

— Foi uma boa ideia estacionar fora da zona de explosão.

— Pare de fazer piadas sobre isso, Abby.

Ele a ergueu mais alto contra o peito e abriu a porta do passageiro antes de colocá-la no assento rasgado.
O interior cheirava a tinta, suor e pinho, uma combinação tão agradável que ela respirou fundo. Ela
estendeu a mão para o cinto de segurança, mas Russell se adiantou na tarefa, passando o náilon gasto
sobre seu corpo e prendendo-a com um clique. Sem um trabalho para se ocupar, ele parecia não saber o
que fazer com as mãos, mas acabou cruzando os braços sobre o peito. Então ele apenas olhou para ela.

— Eu soube assim que ouvi as sirenes, Abby. Sabia que você de alguma forma conseguiria estar no meio
de tudo isso. Você sabe como eu soube?
— Como?

— Há uma crença de que homens e mulheres não podem ser amigos. Você já ouviu isso?

Abby balançou a cabeça. Russell mudou de posição em suas botas, um sinal revelador de que estava se
preparando para transmitir uma teoria nova e maluca. Ela apoiou os punhos sob o queixo em antecipação.

— Este é o universo nos dizendo que quebramos o código.

Ele acenou com a cabeça uma vez, como se quisesse enfatizar seu ponto.

— Fiz amizade com alguém determinada a pisar em vidros quebrados ou cair de cabeça em uma escada,
e agora tenho que correr por todo o lugar para garantir que isso não aconteça. Eu não tenho que fazer isso
com Ben ou Louis.

— Porque eles são homens.

Ele estreitou os olhos.

— Você está pensando que eu sou sexista.

— Não estou pensando, estou vendo.

— Ah, mas também não preciso me preocupar com Roxy ou Honey. — O canto de sua boca puxou.

— Está vendo? Talvez eu não seja sexista. Talvez eu seja apenas um Abbyista.
Na esperança de disfarçar a mágoa - mesmo com uma piada óbvia - ela empurrou os ombros para trás.

— Estou feliz que você veio, mas eu teria chegado em casa sozinha, Russell. Sou totalmente capaz de
cuidar de mim mesma com esses incômodos ovários.

Ela colocou a mão em seu ombro.

— Eu, por meio disto, isento você de qualquer responsabilidade extra que você acredita que minha Abby-
ness o sobrecarregou. Você está livre desse problema.

Seu ombro estremeceu sob seu toque.

— Eu nunca disse que queria ficar livre desse problema.

Murmurando sob sua respiração, ele se inclinou para inspecionar seu tornozelo.

— Por que você estava sentada sozinha? Achei que seu pai trabalhava no mesmo escritório.

Abby manteve suas feições treinadas, mas seu coração saltou em sua garganta.

— Ele tinha uma reunião na parte alta da cidade. Ele e minha madrasta provavelmente estão ligando para
meu telefone sem parar.

— Está certo.

Russell entregou a ela seu telefone com um sorriso severo.


— Ligue para todos e diga que você está viva. Vou me preocupar em te levar para casa.

Ele começou a fechar a porta do passageiro, mas ela o deteve.

— Russell?

— Sim.

— Estou muito feliz por sermos amigos.

Ela agarrou o telefone contra o peito.

— Mesmo que você seja um chauvinista horrível às vezes.


Capítulo 3

A luz vermelha ficou verde, mas o pé de Russell parecia grudado no freio. Um carro buzinou,
repetidamente lembrando-o de que ele estava operando um veículo motorizado e precisava liberar o
trânsito. Embora começar a dirigir nesse momento fosse bem-vindo para parar de imaginar Abby dando
cambalhotas escada abaixo enquanto o caos reinava ao seu redor, imaginando ela amontoada na calçada,
vendo sua tentativa de ficar de pé fracassar repetidamente. Ela tinha estado do outro lado da rua, depois
de uma explosão. Mesmo agora, veículos de emergência passaram por ele, indo em direção ao cenário
ainda fresco, enquanto ele e Abby dirigiam em direção ao Chelsea. Ele ficou grato por ela ter recebido
telefonemas para ocupá-la na viagem, principalmente porque isso a impediu de retransmitir mais filosofias
estúpidas. Está fora de perigo. Maldição, ela não tinha idéia de como ele realmente estava no meio do
problema. Ele havia encontrado ela inteira e saudável há meia hora atrás, e ainda parecia que alguém havia
levado uma serra circular para o intestino dele. Havia uma voz interior cantando você quase a perdeu,
você quase a perdeu, quando na realidade ele não a tinha. De modo algum. Não podia tê-la. Uma nova e
mais intensa batida de conscientização chegou em seu intestino agora, no entanto. Ele poderia ter colocado
uma boa fachada para Abby, mas a verdade é que ele ansiava pelo privilégio de ser seu herói. Para não
falhar com ela, a maneira como ele havia falhado naquele dia de longa data tão firmemente alojada em
sua memória. Era diferente com Abby, no entanto. Uma forma diferente. Única e… Poderosa. Cuidando
dela, levando-a para casa para aliviar suas dores… Isso fez seu sangue bombear mais rápido. Desde que
ele começou a dirigir em direção a casa dela, ele teve a mesma imagem mental várias vezes, e ela ficava
mais explícita a cada curva. Carregando Abby escada acima, deitando-a naquela colcha branca imaculada
e tirando sua mente da dor. Livrar-se de suas dores também no processo. Ele queria suas pernas abertas,
aqueles grandes olhos castanhos reconhecendo que Russell cuidava dela, enquanto ele enfiava seu pênis
em seu corpo. Jesus. Como se ele precisasse de outro motivo para ela pensar nele como um machista
furioso. Pior ainda, Russell sabia por que a necessidade de Abby estava fora do seu alcance. Ele ganhava
uma vida honesta com as mãos. Uma vida da qual ele se orgulhava como o inferno. Mas ele não tinha
nada a oferecer a Abby, cuja família poderia comprar a casa de sua família e a Hart Brothers Construction
mil vezes sem suar a camisa. Sua proteção era sua oferta, e ele tinha sido autorizado a utilizar um pouco
essa parte dele hoje. Seu instinto traidor estava tentando enganá-lo para que se sentisse digno de Abby
hoje. Ele tinha que resistir a essa falsa noção a todo custo. Abby foi feita para coisas maiores e melhores
do que ele. Alguém que pudesse discutir The Grapes of Wrath ou ouvir aquele podcast do All Things
Considered que ele viu em seu telefone. Inferno, alguém que fazia compras na Brooks Brothers em vez
de pegar roupas emprestadas de seu irmão. Mas ele poderia mantê-la segura até que essas coisas
acontecessem, e ele ficaria grato por isso. Agora ele só tinha que ignorar todos os seus instintos e manter
as mãos longe, mesmo que elas implorassem pela chance de apertar suas curvas, acariciar as partes doces
e intocadas sob suas roupas. Cristo. Por que ele não conseguia ficar longe dela? Russell sabia a resposta
para isso muito bem. Estar perto de Abby era uma tortura, mas ficar longe era um assassinato total. Eles
se aproximaram do prédio de Abby e tiveram sorte em achar um local a meio quarteirão de distância para
estacionar, no West Seventeenth Street. Ele deu a Abby um olhar que dizia fique parada, antes de contornar
o carro e tirá-la do assento. Ela tentou ficar rígida em seus braços, provavelmente à luz de sua
condescendência recente, mas cedeu depois de cerca de três metros.

— Você conseguiu falar com seu pai?

Ele franziu a testa quando ela endureceu novamente.

— Eu deixei uma mensagem de voz. Ele provavelmente não respondeu por causa do número
desconhecido.

Isso pareceu estranho a Russell. Se sua amada filha estivesse desaparecida, ele atenderia a cada ligação
que chegasse, esperando por novidades.

— De qualquer forma, nosso prédio não foi danificado, então meus pais devem saber que estou bem.
Estou mais preocupada com Honey me fazendo de cobaia quando ela chegar em casa.

Sobre seu cadáver. — Quando será isso?

— Não essa noite. Ela está realizando um treino da liga infantil em seu campo de beisebol no Queens —
, explicou Abby, referindo-se ao presente do tamanho de um quarteirão que Ben deu a ela como parte do
melhor pedido de desculpas do mundo. — E eu disse a Roxy para ficar na casa de Louis. Não há motivo
para eles correrem para casa quando não a nada de errado comigo. E você está aqui.

Estou aqui. Ele quase riu sobre como ela o achava pouco ameaçador quando ele passava horas todos os
dias imaginando-a nua. Russell parou na porta da frente de seu prédio e esperou enquanto ela procurava
as chaves em sua bolsa. Meu Deus, a quantidade de merda que essas garotas carregavam nas bolsas.
Depois de conseguir fazer com que todos usassem sapatilhas, bolsas menores seriam sua próxima missão.
Suas reflexões desapareceram quando ela voltou aqueles olhos castanhos para ele e umedeceu os lábios
rosados.

— Você provavelmente precisa voltar ao trabalho também, certo?

— Trabalho —, ele murmurou. — Sim.

Por que ela estava olhando para o pescoço dele? O local que ela olhou parecia quente, e ele mal conteve
a vontade de esfregá-lo.

— Se você quiser, pode ficar e assistir a um filme.

A pior ideia da história. — Qual filme?

— The Notebook. — Abby riu de qualquer expressão involuntária de desgosto que ele fez. — Estou
brincando. Magic Mike.

— Abby.

— Brincando de novo. — O sorriso dela o cegou. — Eu poderia fazer isso o dia todo.
Ela destrancou a porta frontal e a segunda porta interior, encontrando a chave de seu apartamento no anel
enquanto ele a levava para o terceiro andar. Russell fez o melhor que pôde para ignorar a satisfação
primordial e sombria de retornar a salvo para casa, mas ela bateu dentro dele, um punho num tambor. Ele
deve sair agora. Não, ele deveria partir agora. Essa resolução foi deixada na poeira quando ela se
desvencilhou de seu aperto, não lhe dando escolha a não ser colocá-la no chão… E assistir impotente
enquanto ela mancava em direção ao seu quarto. Lá se vai o primitivo. Russell passou a mão pelo rosto,
sobre a barba áspera que se formava em sua mandíbula. Ele preferia acertar o tornozelo com uma marreta
do que deixá-la sozinha com um ferimento. As próximas horas doeriam. Russell foi até o freezer e
vasculhou em busca de um saco de ervilhas congeladas, jogando-o uma vez na mão. Então, como um
homem marchando para a forca, ele seguiu Abby em direção a seu quarto e pairou do lado de fora de sua
porta.

— Você está decente?

— Totalmente vestida. — Seu bocejo o alcançou. — Sua virtude está segura.

Tentando não se engasgar com a ironia disso, Russell entrou em seu quarto e parou rapidamente. Papelada
em todos os lugares; no chão, na cômoda… Todas as superfícies planas e semi-planas. Pilhas deles. Três
laptops. Dois quadros brancos estavam apoiados contra o armário dela, palavras e números escritos neles
que o lembraram o suficiente da álgebra do colégio para enviar um arrepio na espinha. A última vez que
ele esteve em seu quarto foi para matar uma aranha, mas isso tinha sido meses atrás. Ele fez tudo ao seu
alcance para manter suas interações o mais longe possível da cama. Mas ele se lembrava de cada detalhe
do quarto dela, e definitivamente não parecia um centro de comando da NASA da última vez que ele
esteve lá. Ele gesticulou para um dos quadros brancos.

— O que é tudo isso?

Abby se sentou em sua cama, examinando a bagunça com o que parecia ser distanciamento, mas havia
tensão em seus olhos. Ainda assim, ela encolheu os ombros.
— Coisas de trabalho.

Algo em seu tom, menos otimista do que o normal, o incomodou.

— Fazendo hora extra ultimamente?

— Um pouco.

Por que ela estava sendo tão vaga? Uma série de flashbacks das últimas semanas o atingiu um por um.
Abby adormecendo sob os fogos de artifício, Abby não é capaz de assistir um filme de duas horas sem
desmaiar em seu ombro. Abby apareceu atrasada para no estivador, ainda em suas roupas de trabalho.

— Quantas horas extras você tem trabalhado, exatamente?

Seu tom ligeiramente mais áspero pareceu tirá-la de um transe.

— Russell, adoro que você esteja sempre com raiva de mim, mas isso pode esperar até amanhã?

Muito para processar de uma vez.

— Sempre com raiva de você?

Isso não era verdade. Era? Russell sentiu a necessidade repentina de se sentar. Parecia que sua vida estava
piscando diante de seus olhos esta noite, porque ele folheou todas as memórias de Abby e não conseguia
se lembrar de uma única vez que não tinha sido duro com ela. Claro, sua atitude foi apenas uma forma de
esconder sua frustração sexual. Ele nunca tinha ficado com raiva dela, mas ela não sabia disso.
— Por que você adora que eu fique com raiva de você?

Ela tirou o blazer de trabalho, deixando-o cair atrás dela na cama. Simplesmente assim, ele era um animal
preso, sentindo a mesma necessidade de atacar e explodir baseado em uma corrida a toda velocidade.

— Todo mundo está sempre feliz comigo. — Seus olhos se fecharam por um momento. — Isso soa obvio,
não é? Mas é verdade. Eu faço o que é esperado de mim. O que me pedirem. Digo a coisa certa e me visto
de maneira adequada para todas as ocasiões, apesar da sua opinião sobre meus calçados. Sou previsível.
As pessoas não têm nenhum motivo para ficar com raiva do previsível. Mas você… Faz. Você fica bravo.

Russell estava tão concentrado nas palavras que saíam de sua boca que não percebeu que ela estava
desabotoando a blusa até que ela tirou… Revelando um top branco. Graças a Deus. Olhos para cima,
idiota. Ela está te dizendo algo importante. Russell se ouviu engolir em seco.

— Pessoas previsíveis não aceitaria duas estranhas para serem companheiras de quarto, permitindo que
elas se mudem no mesmo dia. Pessoas previsíveis quase não explodem. Ou você esqueceu essa parte do
seu dia?

Seus lábios se contraíram.

— Tenho a sensação de que você não vai me deixar esquecer.

— Não gosto que você pense que estou sempre bravo com você, Abby. Isso faz me sentir um idiota.

Ela bocejou novamente, inclinando-se para o lado.

— Sim, mas você é meu idiota.


Ah, merda. Ele sabia - ele sabia - que ela quis dizer isso da maneira mais inocente possível, mas isso não
impediu os músculos de seu estômago de se atar em uma série de padrões de embaraço e puxar com força.
O que o tornava uma ferramenta completa, porque a garota estava claramente exausta, os olhos tremendo
com a necessidade de fechar. A preocupação venceu a maioria de seus desejos enquanto ele inspecionava
o quarto desordenado mais uma vez. Era normal que alguém em sua posição trabalhasse tanto? Ela não
tinha conseguido uma promoção?

— Russell, pare de pensar tanto e ponha um filme.

Ela avançou para trás nos cotovelos e desabou sobre um travesseiro, fazendo seus seios balançarem.
Vamos lá. O que ele fez para ser testado assim? Agarrando a distração mais próxima como uma tábua de
salvação, Russell se abaixou e colocou o saco de ervilhas congeladas em seu tornozelo, ajustando-o para
que permanecesse no lugar. Ela estava usando meias de náilon, mas de jeito nenhum ele iria tirá-las, então
o gelo teria que fazer seu trabalho através do material transparente. Quando ele olhou para Abby, ela
estava sorrindo. Isso deixaria a porra do sol com vergonha.

— O verão americano quente e úmido está sob demanda —, disse ela com um bocejo repentino.

— Vamos assistir aqui? E o sofá?

Código vermelho, porra. Invente uma desculpa para tirá-la daqui.

— Olhe para mim. — Ele gesticulou para suas roupas de construção sujas. — Eu não posso encostar em
sua colcha branca assim. Vou sujar tudo.

— Eu não me importo se você está sujo, mas se você quiser tomar um banho rápido, há toalhas extras no
armário do corredor. No entanto, não use a roxa.
— Por que não?

— O presente de aniversário de Louis que Roxy comprou está enrolado dentro dele. Você não vai querer
saber.

— Garanto a você, eu quero saber.

Os olhos dela brilharam e ele sentiu um grande alívio ao ver algo além do cansaço nela.

— Roupa íntima comestível. Para ele usar, não Roxy.

Russell executou sua primeira gargalhada do dia.

— Todas as preocupações que você me fez passar hoje acabaram de valer a pena, Abby.

A risada sonolenta dela o seguiu para fora da sala, acertando-o no peito. Assim que se fechou no banheiro,
ele começou com os exercícios respiratórios familiares. Algumas horas. Ele poderia aguentar algumas
horas, miseráveis.
Capítulo 4

Lembrando-se que eram apenas três horas da tarde, Abby se forçou a sentar-se antes de entrar em coma.
Russell havia perdido o resto do dia de trabalho para fazer companhia a ela, e seria rude adormecer agora.
Ela podia ouvir o barulho do jato do chuveiro no banheiro adjacente e o imaginou fazendo uma careta
para sua bucha rosa e gel corporal de uva branca. Sorrindo para si mesma, Abby deixou de lado o saco de
ervilhas e ficou de pé antes de mancar para a cozinha. Seu tornozelo começou a latejar e, sem nenhum
analgésico em casa, ela teria de usar o antigo remédio alcoólico conhecido como tequila. E uau, suas
colegas de quarto estavam realmente contagiando ela. Ela nunca tinha bebido muito e ainda era
considerada a residente leve entre o supergrupo, mas gostou da agitação que algumas doses lhe deram.
Talvez isso afastasse sua mente da avalanche de trabalho que ela teria que concluir quando Russell
partisse. Trabalho que provavelmente a levaria até o amanhecer. Determinada a ignorar qualquer coisa,
exceto algumas horas de risada com seu amigo, Abby pegou dois copos e a garrafa de Patron que sobrou
de seu último churrasco de verão interno. Quando ela voltou para o quarto, o jato do chuveiro havia
diminuído, então ela despejou duas doses, antecipando a chegada de Russell, e as deixou na mesa de
cabeceira. Usando o móvel como apoio, ela tirou as meias e se jogou de volta na cama. Abby não percebeu
que tinha fechado os olhos até que os passos pesados de Russell os forçaram a abrir, e ela o viu parado
em sua porta. Sem camisa. Úmido. Jeans abaixo de seus quadris. Um punho em brasa formou-se sob seu
umbigo. Russell? Ela tentou se sentar tão rápido que a parte de trás de sua cabeça bateu contra a cabeceira
da cama, o que realmente não ajudou sua confusão. Nem um pouco. Ela não deveria notar Russell dessa
forma, certo? Mas quando uma gota de água rolou pelo centro de seu abdômen e desapareceu no cós da
calça jeans, ela notou. E ela notou bem. Hoje foi a primeira vez que ela o viu sem camisa. Também marcou
a primeira vez que eles estiveram sozinhos, sem seus amigos por perto. Ambos os fatos ocorreram a ela
simultaneamente e do nada, ela não estava mais apenas assistindo a um filme com um amigo, mais. Ela
estava assistindo a um filme em sua cama. Com um homem extremamente bem constituído. Um homem
com pelos no peito. Um homem com o seu sobrenome - Hart - tatuado no peito. Russell largou a toalha
que segurava e veio em sua direção.

— Sobre o que foi essa reação? Você esqueceu que eu estava aqui?
De certa forma.

— Não. Eu só…

Ela respirou fundo silenciosamente quando ele parou ao lado da cama, estendeu a mão e esfregou
gentilmente o topo de sua cabeça machucada. Um toque que a teria confortado dois minutos atrás, mas
agora parecia muito íntimo.

— Eu trouxe tequila.

Ele já devia ter notado os copos cheios, porque pegou um sem olhar e o levou aos lábios dela.

— Eu deveria ter comprado analgésicos.

Precisando ganhar algum tempo antes de falar, Abby inclinou a cabeça para trás e deixou que ele lhe desse
a dose, outro gesto que parecia… Preliminares. Ou como ela sempre imaginou as preliminares. Ela estava
grata pela tequila descer rasgando seu esôfago porque a distraiu, mas assim que o fogo atingiu sua barriga,
ela desejou ter ido tomar um chá gelado. Isso apenas intensificou o problema ainda indefinido.

— Obrigada, — ela sussurrou.

Russell a observou com desconfiança enquanto contornava a cama e subia ao lado dela, os músculos
flexionando sob o brilho da televisão enquanto ele se acomodava. Sério, por que ela não sabia sobre os
pelos do peito dele? Por que ela gostou tanto? Isso o fazia parecer tão viril e masculino. Mais velho que o
resto do grupo.

— Desisto. Por que você está olhando assim para mim?


Filme. Ela realizou uma busca imaginária pelo controle remoto.

— Eu não sabia que você tinha uma tatuagem. Ou pelos no peito. Quem é você?

Sua piada aliviou um pouco a tensão. Até que ele colocou as mãos sob a cabeça e se esticou, como um
grande animal feroz, fazendo sua cama queen-size parecer minúscula.

— Tenho certeza de que há coisas que não sei sobre você também.

Ela duvidava que houvesse algo por baixo de suas roupas tão excitante quanto tatuagens e pelos no peito,
mas se recusou a expressar essa opinião. Algo totalmente diferente saiu de sua boca em vez disso. Algo
que ela queria laçar e arrastar de volta imediatamente para sua grande boca.

— Por que você nunca traz garotas aqui, Russell?

Ele se sentou sem avisar, empurrando-a na cama.

— Me dê aquela dose de tequila.

— O que? Oh. — Ela estendeu a mão e entregou-lhe o copo. — Esqueça que perguntei sobre garotas. Não
é da minha conta.

Por alguma razão, isso o fez rir, mas parecia tenso. Os músculos da garganta dele deslizaram para cima e
para baixo enquanto ele tomava o shot.

— Você gostaria que eu trouxesse garotas?


Não. A palavra foi entoada dentro de sua cabeça, ecoando como se estivesse ao redor dos Alpes suíços.

— Se você trouxesse uma garota, ainda poderíamos ser amigos do jeito que somos agora?

— Não, Abby. — Ele se aproximou? — Provavelmente não.

— Então, não, — ela sussurrou.

Horrorizada, por ter revelado falta de desejo de ver Russell com outra pessoa, confusa até mesmo ao se
sentir assim, Abby se ocupou derramando outra rodada de doses. Ela sentiu o olhar de Russell permanecer
em sua cabeça virada um momento antes de ele pegar o controle remoto e começar o filme. Deus, ela não
gostava de se sentir estranha perto dele. Este era Russell. Talvez ela tenha sido afetada pela explosão?
Eles só precisavam de uma boa mudança de assunto para voltar à terra firme.

— Como vai o trabalho do Tribeca?

Ele parecia meio chocado por ela se lembrar.

— Muito bem. Devemos encerrar em algumas semanas, a menos que tenhamos alguma chuva inesperada.

— Então, eu deveria parar minhas sessões matinais de dança da chuva no telhado?

Seus lábios se curvaram. — Sim. Pare com isso.

Apenas quando ela pensou que eles estavam de volta ao normal, ele começou a parecer desconfortável
novamente.
— Na verdade, estamos procurando expandir em breve. Aceitar mais contratos.

Ela entregou-lhe uma dose. — Mesmo? Isso é ótimo.

— Mais contratos significa mais equipamentos, um escritório real, um excedente de suprimentos. Todas
essas coisas legais.

A tequila desceu, quase como se precisasse de coragem líquida para terminar o que queria dizer.

— Tenho uma reunião no banco na próxima semana para discutir um empréstimo comercial.

O shot de Abby ficou esquecido em sua mão. Quantas coisas novas ela aprenderia sobre Russell esta
noite? Seu orgulho e entusiasmo sempre foram visíveis ao falar sobre novos contratos. Ela presumiu que
ele estava satisfeito com a trajetória atual da Hart Brothers, mas não estava procurando ativamente
expandir ou tornar a empresa mais lucrativa, mesmo que ocasionalmente houvesse tensão não expressa
quando surgisse dinheiro na conversa. Ela se sentia culpada agora por subestimá- lo.

— Você precisa de ajuda?

Quando sua cabeça se ergueu, e ele a prendeu com um olhar sombrio, Abby percebeu que ele interpretou
mal sua oferta e se sentiu ficar vermelha.

— N-não com dinheiro. Eu quis dizer ajuda na preparação para a reunião.

Ela pressionou a mão na bochecha, tentando esfriar a pele aquecida.


— Números é o meu trabalho.

— Sim. — A tensão diminuiu de seu grande corpo. — Acho que preciso de ajuda, enquanto meu irmão
prefere ser filmado usando spandex enquanto conclui uma pista de obstáculos.

— Hã?

— Exatamente. — Russell roubou a tequila de sua mão e a esvaziou. — Obrigado pela oferta. Aposto que
você não achou que eu diria sim, hein? — Ele se inclinou e pressionou suas testas juntas. — Esse sou eu
tentando não ser um idiota. Por favor tome nota.

— Anotação feita, — Abby murmurou, se perguntando quando seus pulmões pararam de funcionar.

Oh irmão. Ela precisava de algum tempo para se climatizar a essa nova consciência sobre Russell. Ele
nunca pareceu tão grande ou… Cheirava tão bem. Mesmo com o cheiro de seu sabonete flutuando em sua
pele nua, sua masculinidade usual estava tornando seriamente difícil se afastar. Mas ela precisava. Quase
todas as vezes que eles saíam como um grupo, Russell falava sobre mulheres com tal conhecimento, ele
era experiente, enquanto ela só tinha sido beijada duas vezes em sua vida - uma vez por seu meio-irmão
embriagado e que imediatamente se desculpou - e ambas as vezes profundamente decepcionantes. O bom
senso dizia que se Russell não tivesse mostrado nenhum interesse romântico por ela depois de seis meses,
ele não tinha nenhum, e se ela deixasse sua nova consciência por ele aparecer agora, ela arriscava perder
um amigo. Além de cair em uma pilha recém-caída de rejeição. Abby se afastou, a garganta apertando
com o medo dessa possibilidade.

— Ajudar é o mínimo que posso fazer depois de forçar você a sair com uma doida. — Ela ergueu o queixo.
— E fazer você usar a bucha dela.

— Eu não usei, — ele respondeu muito rapidamente.


Ela o cutucou no peito. — Você sabe que sim.

Russell agarrou seu pulso e puxou-a contra o seu lado. Quando a cabeça de Abby pousou em seu ombro,
tudo dentro dela relaxou, da mesma forma que sempre acontecia quando ela colocava a cabeça lá. Seu
braço forte enrolou em torno dela, e a papelada empilhada ao redor da sala desapareceu no nada. Ter o
rosto dela pressionado diretamente em sua pele era uma nova experiência. Uma em que ela provavelmente
pensaria mais tarde. Muito. Mas então, enquanto o filme passava em segundo plano, ela se sentiu segura
suficiente para deixar a pressão que carregava cair como pedras pesadas… E permitir que a exaustão a
dominasse. Abby acordou aos poucos. Sua cabeça estava pesada, mas à medida que o peso do sono ia
passando, e permitindo que ela abrisse os olhos na escuridão parcial, ela percebeu a antecipação. No fundo
de sua barriga, entre as coxas… A expectativa zumbia como um motor. Por toda parte, sua carne estava
sensibilizada e quente, de uma forma que dizia que o mínimo esforço seria necessário para aliviar o
desconforto. Ela tinha acordado assim antes, geralmente depois de assistir a um filme picante ou pegar
Honey ou Roxy beijando seus namorados, como os casais carregados de hormônios que eram. Como ela
não poderia ser afetada por vê-los indo para lá, como se eles não tivessem um orgasmo? Ela poderia se
tocar. Foi como ela se sentiu naquele momento. Havia uma fina camada de suor em sua testa, uma pulsação
baixa abaixo de sua cintura, provocando sua mão para se aproximar. Sua saia de trabalho estava
emaranhada em torno de suas coxas, pressionando suas pernas juntas, e ela apertou ainda mais forte, um
gemido suave passando por seus lábios. Abby se mexeu com a intenção de puxar a saia mais alto,
alcançando a calcinha… E congelou. Puta merda. A mão de outra pessoa já estava lá. Não apenas qualquer
mão, no entanto. A mão de um homem calejado e de dedos grossos moldou-se à junção de suas coxas.
Agarrando-a com força… Como se ele a possuísse. Isso simplesmente não parecia mais uma de suas
fantasias. Um daqueles sonhos suados, muitas vezes confusos, em que ela se imaginava sendo abraçada
por alguém com tal… Possessão. Às vezes, acontecia mais do que apenas segurar. Seus membros sendo
presos. Boca sendo beijada com força. Uma voz profunda ordenando que ela fizesse… Coisas. Atos
íntimos que ela conhecia, mas nunca havia tentado. Nunca teve oportunidade. Espera. Russell. Oh Deus.
Ela adormeceu ao lado de Russell. Abby ouviu sua respiração fina e rápida e se forçou a se acalmar.
Acalmar-se era outra história. Em vez de sua necessidade de esfriar ao descobrir quem havia infligido
isto? Oh, estava em um caminho de guerra agora, brilhando em sua cintura com uma vingança. A umidade
correu para o local onde sua mão a segurava com força, seu corpo implorando sem palavras por seus
dedos, sua palma, qualquer coisa para fornecer atrito.
Isso estava errado. Errado, errado, errado.

Ele nem estava acordado, provavelmente ficaria horrorizado se acordasse e encontrasse a mão sob a saia
dela. Ela deveria acordá-lo agora, rir disso, esperar até que ele fosse embora e acabar como uma boa
senhora solteira. Seu instinto não deveria ser o de se mover contra ele, tentá-lo e esperar como o inferno
que ele acordasse precisando de sexo o suficiente para seguir em frente, não se importando que eles
deveriam ser amigos. Só amigos. Melhores amigos. O aperto de Russell na junção de suas coxas
aumentou, aquela mão puxando-a de volta para seu corpo rígido, liberando um grunhido retumbante em
seu cabelo ao mesmo tempo. O pulso de Abby ficou descontrolado, tornando-se evidente em cada
extremidade, cada região privada de seu corpo. E isso foi antes mesmo de seu corpo se mover. Começou
como um giro lento e sem pressa de seus quadris, mas foi muito mais do que isso. O movimento introduziu
seu traseiro em sua ereção, completa e longa. Desejo por ela? Uau… Sim. Desejo por ela. Ela nunca teve
um homem a querendo assim. Ou se ela tinha, nenhum deles nunca tinha feito nada sobre isso. Russell
também nunca fez nada a respeito, sussurrou uma voz severa. Pare com isso agora. Abby deslizou a mão
por sua barriga, com total intenção de remover sua mão, por mais que isso fosse matá-la. Antes que ela
pudesse chegar ao seu destino, no entanto, a mão de Russell arrastou para cima a frente de sua calcinha,
sobre seu clitóris latejante - oh Deus - e deslizou para dentro do material. Pele áspera contra lisa. Seu dedo
médio pressionou contra sua entrada, e Abby estremeceu, hiper consciente da umidade que ele encontraria,
mas seu gemido gutural na parte de trás de sua cabeça assegurou-lhe que não era algo ruim. Não para
Russell. Ele usou o desejo revestindo seu dedo para deslizar mais alto, mais alto e encontrar seu clitóris,
provocando-o com círculos preguiçosos. Abby virou o rosto e gemeu no travesseiro. Ela já estava
começando a ter espasmos, seu toque tão completamente diferente do dela. Inesperado e perfeito.

— Como você chegou aqui, anjo? — Ele murmurou em um tom áspero, alimentando seu corpo em chamas
ainda mais, quando perguntou sem perceber que estava em seu quarto, não estava totalmente acordado.
Não estava ciente de suas próprias ações.

Seu corpo sacudiu para frente quando os quadris de Russell resistiram atrás dela - uma, duas vezes - então
começaram a se mover em conjunto com os movimentos de seus dedos. Um golpe apertado de sua
protuberância sensível, um arrastar sensual de sua excitação para cima e para baixo na curva de sua bunda.
Não havia fim nisso, de jeito nenhum. A razão se enredou na névoa luxuriosa que envolvia a cama. Suas
coxas eram uma bagunça inquieta em cada lado de sua mão, sua barriga estremecendo, suas costas
curvando-se contra seu peito. Ela se engasgou e chorou no travesseiro enquanto seu corpo corria em
direção à linha de chegada. Sim, sim. Quando o orgasmo atingiu o auge, os calcanhares de Abby cavaram
no colchão para empurrar-se de volta para a força de boas-vindas de seu corpo, apoiando-se em sua mão
que dá prazer ao mesmo tempo. E Deus, mesmo com o clímax perverso virando-a do avesso, ela queria
sentir sua ereção contra seu traseiro. Queria tentá-lo a fazer algo para aliviar a fome que ela sentia nele.
Seus movimentos já estavam ficando desiguais, cambaleantes, sua respiração irregular na nuca dela.

— Sim — , ele murmurou. — É assim que eu faço você gozar. Forte pra caralho quando você está na
minha cama. É assim que eu faço.

Ainda abalada, Abby se encontrou balançando a cabeça, porque puta merda, ele estava certo. Ela nunca
gozou tão forte em sua vida. Mas esta não era sua cama, como ele disse. Era dela. Russell ainda não estava
totalmente acordado e ela já havia deixado essa situação durar muito tempo.

— Russell, — ela respirou, mordendo o lábio quando ele começou a dedilhar seu clitóris com o polegar e
seus músculos se contraíram com antecipação mais uma vez.

— Russell, nós não podemos-

— Eu sei, anjo. Eu sei.

Ele parecia infeliz, dando-lhe uma pausa imediata. Quando Russell soou assim?

— Não posso ter o que preciso na vida real. Porra, eu nem me deixo levar quando estou sonhando.

— Você não está só-

Russell rolou Abby de barriga para baixo com um movimento de proteção. Então ele . . . subiu em cima
dela, colocou um braço sob seus quadris e puxou-os para o seu colo. Ohhh. Suas entranhas clamavam com
a nova e repentina posição. Foi mal. E incrível. Ela não conseguiu obter apoio com os braços, deixando a
bochecha pressionada no travesseiro onde sua respiração áspera foi absorvida. O que ele vai fazer? Ela
deveria pará-lo agora, mas se o fizesse, ela sempre se perguntaria o que viria a seguir. Vinte e quatro anos
e virgem. Demorou tanto para chegar, e ela sonhou com isso tantas vezes. A carne entre suas pernas
ansiava pela sensação de plenitude, não se importava se doesse. Deus, neste ponto, ela receberia o flash
de dor prometido apenas para sentir alguma coisa. Russell segurou a bainha da saia dela e a levantou,
deixando o material enrolado em sua cintura. O braço sob seus quadris flexionou e apertou quando seus
quadris começaram a se mover, sua excitação vestida de jeans usando a fricção úmida para bombear
entre suas coxas, fazendo amor com Abby através da barreira de sua calcinha. A luz piscou atrás de seus
olhos quando um novo tipo de desejo pervertido se enterrou sob sua pele, arrepiando enquanto passava.

— Mais, Russell, — ela gritou, estremecendo enquanto ele dirigia contra ela mais rápido. — Por favor.

— Não posso ter essa boceta. Não posso ter. Pare de tentar me dar.

Ela sentiu sua testa pressionar a curva de seu pescoço e se virar, sua boca encontrando seu ouvido.

— Este é o meu sonho, não é, anjo? Sempre a porra de um sonho.

Sua mão trabalhou entre seus corpos, seus grandes dedos enganchando no topo de sua calcinha e puxando-
a para baixo, expondo-a.

— Talvez eu trabalhe em seu traseiro apertado esta noite.

Então ele deu um tapa em seu traseiro. Difícil.

— Russell, — Abby gritou, pasma com o que ela tinha acabado de ouvir. Sentido.
O inesperado disso, pelo geralmente super protetor Russell, fazendo sua carne arder. Principalmente sua
mente girava sobre o fato de que ela ainda não queria que ele parasse. Um dos principais motivos pelos
quais ela se sentiu atraída pela personalidade de Russell foi sua irreverência. A maneira como ele a tratou
como se ela não cedesse a um pouco de desaprovação. . . e sua palma estalando contra seu traseiro levou
esses sentimentos e os transformou em plena explosão. Os pensamentos de Abby a distraíram da súbita
imobilidade de Russell, mas ela percebeu agora. Notou sua respiração ofegante ecoando no quarto escuro.
Sua dureza ainda estava aninhada no vale de seu traseiro, mas ele não se moveu. Com cada grama de sua
vontade, ela silenciosamente implorou que ele continuasse, mas sabia que, no fundo, ele não o faria. Ela
gritou o nome dele exatamente por esse motivo. Ou talvez sua consciência a tivesse forçado. A situação
tinha ficado além dela. Ela já tinha deixado ir longe demais, e qualquer coisa mais séria catastrófico.
Talvez já tenha sido.

— Que diabos foi isso, Abby?


Capítulo 5

Russell estava tendo o melhor sonho. Quando você não pode ter uma virgem, sonhos são tudo o que você
tem, então ele sonhava muito. Fantasiou mais do que provavelmente era saudável. Na cama, no chuveiro,
ao operar máquinas pesadas. Nunca foi ninguém além de Abby. Cristo, a verdade patética era, ele não
conseguia nem levantar seu pau para mais ninguém. Tinha havido oportunidades em bares com garotas
paqueradas, chances de um possível engate, e cada vez que ele se afastava, ia para casa, sonhava em ter
Abby. Com suas mãos e boca, quase todas as vezes. Outro triste detalhe de sua condição fodida. Seus
sonhos eram fazer com que ela viesse, sempre deixando intacta a virgindade dela. Fantasias que eram
mais satisfatórias do que uma noite qualquer com uma estranha. Às vezes, porém, ele perdia a capacidade
de conectar Abby em sua imaginação. Uma vez, depois de passar um dia inteiro na companhia dela, ele
nem tinha chegado em casa antes de encostar seu caminhão e encontrar uma foto dela em seu telefone.
Ele a havia tirado naquele dia, tentando capturar o sorriso dela enquanto ela voltava a cair sobre a grama
no Washington Square Park. Mas o vestido dela tinha a traído no último minuto, e ele tinha conseguido
um flash da tanga fio-dental entre as coxas dela, imortalizando a imagem em seu telefone. Tinha se sentido
tão mal ao se tocar olhando aquela imagem, mas o errado era tão bom, e ele continuava. E continuou. Até
que ele estava mentalmente em cima dela na grama, preenchendo cada centímetro dela, levando-a
grosseiramente para que todos pudessem vê-la. Tão errado. Ele tinha levado três semanas até se desfazer
em fantasias sobre ir tão longe com ela novamente. Isso? Isso não era fantasia. Ele deveria saber muito
bem, também, porque explodiu qualquer coisa que sua imaginação já havia conjurado para fora da água.
A luxúria o tinha pela garganta, e manter seu foco em não foder Abby era tudo que ele conseguia. Em
algum ponto, ele precisava remover seu pau dolorido que estava entre as nádegas perfeitas dela e puxar a
maldita saia de volta para baixo. Como isso aconteceu? Como ele chegou tão longe? Tudo voltou em sua
mente com pressa. Abby estava dormindo, com sua mão eventualmente pousada em sua barriga, dando-
lhe imaginação por dias. Ele estendeu a mão para a garrafa de tequila, esperando que isso aliviasse sua
condição e afastasse o medo residual que sobrou do quase desastre de hoje, mas a bebida só conseguiu
derrubá-lo. Em seguida, ele acordou com Abby de joelhos, ele transando com sua linda bunda fora dos
limites. Não, havia mais. Mais. Mais, Russell. Por favor. Ele não a tinha imaginado gemendo essas
palavras. Não tinha imaginado ela gozando em sua mão. Ele tinha? Porra. A memória fez com que o
oxigênio saísse de seus pulmões - seu pênis se movesse com mais força contra sua braguilha - e ele caiu
de costas. Foi real dessa vez. Ele tocou sua boceta. Seu clitóris. Poderia ter ido mais longe se ele não
tivesse . . . se ele não tivesse. . .

Os olhos de Russell se abriram e ele pulou da cama, longe de Abby. A visão dela ajoelhada com sua bunda
para cima era demais, então ele se virou e encarou a parede. Mas não antes de a imagem ficar marcada em
seu cérebro pelo resto de sua vida. Ele nunca se recuperaria. Nunca. Especialmente pela marca de mão
vermelha e raivosa em sua pele imaculada.

— Jesus, Abby. Eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo.

Ele passou as duas mãos pelo rosto, imaginando sua expressão traumatizada. Inacreditável. Ele espancou
uma virgem e sugeriu um ato com o qual ela não tinha familiaridade. Ótimo trabalho, idiota. Se ela nunca
mais falasse com ele, ele teria sorte. Cada vez que ela olhava para ele agora, haveria um conhecimento
irrevogável. Ele nunca tinha antecipado Abby sabendo que ele preferia que sexo fosse forte. Agressivo.
Por que ela precisa saber? Ele nunca planejou tocá-la.

— Eu pensei que estava sonhando. Eu não acredito. . . eu coloquei as mãos em você assim. Você está
machucada?

— Não. Estou bem.

Ele ouviu o que parecia Abby consertando suas roupas, se mexendo na cama.

— Eu é que deveria estar me desculpando. . .

Russell se virou para encontrar Abby sentada com as pernas cruzadas, as mãos no colo. Seu orgulho
masculino rejeitou sua confissão até que ele se lembrou da maneira como ela o encorajou. Mais, Russell.
Por favor. Ele não tinha imaginado a bunda dela se contorcendo em seu colo, também. Isso tinha sido real.
— Você me pediu para parar em algum ponto, Abby? A qualquer momento. Me diga a verdade.

Ele prendeu a respiração, ciente de que se ela dissesse sim, ele iria querer morrer, mas precisava saber
mesmo assim. Quando ela tremeu sua cabeça, a cor rosa correndo sobre seu pescoço e bochechas, ele caiu
de costas contra a parede.

— Eu sabia que você estava sonhando e deixei acontecer, — ela sussurrou.

Ele engoliu o rosnado tentando estourar de sua garganta. Ela tinha acabado de confirmar sua participação
ativa, e seu corpo insatisfeito exigiu que ele se aproximasse da cama, virasse-a de costas e retomasse o
que haviam começado. Lute, cara. Essa é a Abby. Ainda assim, ele não podia deixar sua curiosidade passar
sem controle.

— Por que você deixou isso acontecer?

Uma ligeira hesitação.

— Estava bom. Muito bom.

Ela molhou os lábios, como se sua confissão honesta não fosse tentação o suficiente para resistir. Ele a fez
se sentir bem. Foda-se, sim. Se necessário, ele poderia viver desse conhecimento pelo resto de sua vida.

— Eu sei que isso não é uma desculpa, no entanto. Eu tirei vantagem de você.

Seu orgulho despencou.


— Tudo bem —, ele zombou. — Não vamos enlouquecer.

Seu aceno foi firme.

— É verdade.

— Abby, você poderia tentar não esmagar completamente meu ego, aqui? Tenho o dobro do seu tamanho.
— Ele estalou o pescoço. — Sem mencionar que eu - você sabe o que eu fiz.

— Você me chamou de anjo. Você nunca me chamou assim antes.

— Não era disso que eu estava falando.

Sua garganta doía de uma maneira que ele não conseguia explicar. Ele deu um tapa na bunda dela - deixou
uma marca maldita - e ela estava obcecada por ele chamá-la de Anjo. Um apelido secreto que ele nunca
usava em voz alta, mas que se encaixava perfeitamente nela. Parecia que ele estava escondendo algo
importante dela. Apenas uma palavra. A direção que seus pensamentos estavam tomando era perigosa.
Foi assim que as montanhas foram erodidas. Uma pequena rachadura na base, e a coisa toda vinha ao
chão, achatada em uma nuvem de poeira épica, obscurecendo o que estava lá em primeiro lugar. Você
não pode ter essa garota. Ele sabia disso desde que pôs os olhos nela, desde que ela abriu a boca, e uma
bela inocência flutuou para fora, tão em desacordo com o show de horrores em sua mente. As lembranças
nebulosas, mas brutais de seu passado, juntamente com a onda de domínio sexual que ela trouxe à
superfície. Isso tinha sido antes de ele descobrir sobre o suprimento infinito de dinheiro dela, que selou o
acordo. Ele não podia sustentar Abby e, portanto, não podia tentar. O fracasso em fazê-la feliz seria,
simplesmente, a morte dele. Ele falhou uma vez antes. Assisti a um ente querido desvanecer-se sendo
incapaz de pará-lo. Incapaz de reparar o descontentamento dessa pessoa. Ele não poderia fazer isso de
novo. Agora, neste momento, quando ela estava sendo tão aberta com ele, sendo tão Abby, quando a
maioria das garotas estaria jogando ou o culpando por causa daquela marca de mão nas costas dela e o
que ele disse - algo que ele mereceria completamente - Russell sabia que se ele fosse até ela, ela abriria
os braços. Ele poderia beijá-la com cada gota de sentimento dentro dele, sentindo que só tinha por ela.
Mas se ele fizesse isso, não haveria como respirar. Ele roubaria sua virgindade em sua colcha branca como
lírio , e se isso acontecesse. . . Deus ajude todos eles. Como ele poderia deixá-la ir depois disso? Ela seria
inequivocamente sua - e em pouco tempo, a história se repetiria, só que desta vez, Abby poderia ser a
vítima. Russell não poderia fazer isso. Não podia roubar sua chance no futuro que havia sido traçado para
uma garota como Abby. Um futuro tão certo que não envolveria um rude colarinho azul que nem mesmo
frequentou a faculdade. Ele podia ver agora. A licença de contratante suja dele pendurada ao lado do
diploma dela em Yale. Não vai acontecer. Então foi aqui que ele se levantou pelos dois, culpando esta
noite como um erro causado por muita tequila e os forçou de volta à normalidade. Ela o agradeceria algum
dia.

— Eu nunca chamei você de anjo antes? Tenho certeza que chamo todo mundo assim.

A expressão em que se transformou o rosto dela depois de seu pronunciamento o lembrou de alguém
caminhando do lado de fora em um tempo gelado. Seus olhos ficaram vidrados e ela respirou fundo, seu
corpo se fechando como se tentasse conservar o calor. Se Russell não tivesse ficado paralisado por essa
reação, ele teria caído de joelhos e enterrado o objeto pontiagudo mais próximo entre as costelas. Um
momento de dor era melhor do que uma vida inteira de infelicidade, ele lembrou a si mesmo. Viver de
salário em salário, juntando cupons. Por que ele não se sentia seguro?

— Oh. Acho que nunca percebi. — Ela olhou para a cama. — Então você poderia estar dormindo ao lado
de qualquer pessoa, e a mesma coisa teria acontecido, eu acho.

— Provavelmente.

A palavra foi uma espada sendo enfiada em sua garganta.

— Eu sou um homem, Abby. Acordei com você pressionado contra mim e reagi. Sinto muito se você
pensou –
— Não. Eu não pensei.

Ela saiu da cama e desapareceu no armário, mancando um pouco menos do que antes. Quando ela voltou
para fora, ela tinha uma manta enrolada em torno dela. Como um escudo. Contra ele. Deus, ele queria
morrer. Especialmente quando ela sorriu aquele sorriso de Abby para ele porque era quem ela era. A
garota que sorriu quando deveria estar gritando.

— A Honey deve chegar em casa em breve.

— Certo.

Em outras palavras, se sua colega de quarto chegasse em casa e os encontrasse no quarto de Abby,
perguntas seriam feitas, e Abby nem era uma boa mentirosa.

— Você vai ficar bem?

— Já estou me sentindo melhor, — ela disse apressada. — Lição aprendida.

Russell sabia que ela não estava falando sobre usar salto alto enquanto descia as escadas, mas não podia
comentar sobre isso. Teve que engolir e sair.

— Tchau, Abby.

Ela não disse nada, apenas assentiu. A porta do quarto dela se fechou antes mesmo de ele sair do
apartamento. Soou como uma explosão dentro de sua cabeça.

Russell desabou em um balcão no Estivador, em frente a Ben e Louis. No momento, o colapso


basicamente esgotou suas capacidades. Ele sentiu como se as formigas de fogo estivessem fazendo um lar
permanente dentro de seu esôfago. Ele era, ou o homem mais nobre do planeta ou o maior e mais burro
palhaço já nascido. A algumas quadras dali uma garota que vivia para agradar as pessoas estava se
sentindo o oposto de especial. Nada notável, mesmo. E estava na porra da cabeça dele. Como? Como isso
aconteceu quando ele só queria exatamente o oposto? “Eu nunca chamei você de anjo antes? Tenho certeza
de que chamo todo mundo assim”. Ele bateu com a testa na mesa, com força suficiente para deixar uma
marca. Se ele não achasse que um comportamento insano o faria ser puxado para fora do bar e amarrado
a uma cama para seu próprio bem, ele teria continuado. Batendo e batendo até que perdesse sua
consciência. Qualquer coisa para não ver Abby parecendo ter caminhado para uma inesperada tempestade
de neve.

— Ei, Russell —, disse Ben. — Estamos apenas alguns meses na temporada regular. Tenho plena fé de
que os Yankees vão se recompor

Como era incapaz de responder a piadas - provavelmente para sempre - ele enfiou a mão no bolso, tirou
uma nota de um dólar e a deslizou sobre a mesa na direção de Louis.

Louis ergueu as duas mãos. — Uau. O que está acontecendo aqui, cara?

— Estou contratando você.

— Por quê?

— Privilégio advogado-cliente.

— Ah, merda. O que você fez?

— Ah não.

Ben finalmente interrompeu, dando um gole em sua garrafa de cerveja.


— Como professor de inglês, eu não tenho esse privilégio. Se isto vai me colocar em apuros, me diga
agora mesmo para que eu possa optar por não participar.

Russell cruzou os braços e se inclinou para trás, esperando. Um deles acabaria por ceder. Normalmente,
Louis cedia primeiro e Ben era arrastado em virtude da proximidade. Como esperado, Louis passou a mão
pelo cabelo.

— Você realmente não vai nos contar a menos que eu aceite essa porra de dólar, certo?

Russell ficou quieto. Seria mais fácil do que o normal segurar a língua desde a última vez que ele abriu a
boca, ele machucou a única pessoa que jurou nunca machucar. Será que os dentistas fechavam a boca dos
pacientes mesmo que eles não estivessem feridos? Algo para se investigar.

— Não ceda, — Ben avisou Louis. — Pense nisso. Se ele está nos pedindo segredo, tem a ver com uma
das garotas. Ele não quer que passemos esta revelação aparentemente monumental para Honey e Roxy. E
elas descobrirão. As meninas sempre descobrem.

— Sim, — Louis murmurou, claramente ainda em cima do muro. — Mas não tem nada a ver com Roxy,
porque eu a tenho mantida bem e verdadeiramente ocupada nas últimas quarenta e oito horas. E Honey
está na escola, certo? Isso deixa Abby.

Foi quando Ben se juntou a Louis no muro. Russell percebeu pela maneira de como ele ajustou os óculos
e o examinou como faria com um de seus alunos.
— Seja o que for, ele não está feliz com isso.

— Exatamente. — Louis bateu com a base do copo em cima da mesa. — Conhecimento é poder, cara. Se
ele fez algo estúpido que vai irritar as meninas, precisamos saber ...

— ... para que possamos contornar as consequências, — Ben finalizou.

— Vocês terminaram? — Russell perguntou. — Vocês estão me dando uma erupção cutânea aqui.

Louis pegou o dólar da mesa. — Bom. Isso fica entre nós.

Ben gemeu.

— Você é o advogado dele. Qual vai ser minha razão para ficar em silêncio quando isto inevitavelmente
nos fizer tomar no rabo?

— O código do irmão —, Louis e Russell responderam ao mesmo tempo.

— Isso não é uma coisa real. — Ben olhou para eles. — Pare de fingir que é uma coisa real.

— Eu fiquei com Abby —, Russell forçou os lábios secos. — Ela quase explodiu hoje, pelo amor de Deus.
Seu tornozelo estava machucado, então eu fiquei e ... coisas aconteceram. Coisas de natureza adulta.
Tequila estava envolvida.

— Finalmente.
— Já estava demorando.

Russell olhou carrancudo para seus amigos. — Vocês sabem como me sinto sobre isso. Nada deveria
acontecer com ela. É por isso que eu cuidei disso.

— Como assim? — O medo estava estampado no rosto de Louis. — Como você fez isso?

— Não importa como.

A dor surgiu na parte de trás do crânio de Russell, e ele a acolheu bem. Esperou que ela se espalhasse e
piorasse.

— O resultado é Abby na friend-zoned.

Ben se recostou na cadeira, parecendo pensativo.

— Não. Cartão amarelo para você. Você já está na friend-zoned. Quem já está na friend-zoned não pode
sair da friend-zoned de volta para friend-zoned.

Louis estava acenando com a cabeça antes mesmo de Ben terminar. — Ele está certo. Tanto quanto sei,
nunca foi tentado, nem realizado.

— Eu concordo. Mas eu não me importaria de consultar o livro de regras para estar seguro.

Antes que Louis pudesse responder a Ben, Russell ergueu a mão.

— Vocês dois são uma raça rara de idiotas. Vocês sabiam disso?
— Por que você está nos contando isso? — Ben se inclinou para perguntar. — Isso não é apenas para
desabafar, é?

Russell desejava que fosse apenas isso. Se ele fosse capaz de manter Abby à distância sem a ajuda deles,
ele faria isso. Mas não era uma opção viável agora. Ele ainda podia vê-la nua, senti-la se contorcendo
contra sua virilha. Ele sabia que ela gozava com todo o corpo, tremendo, soluçando e se contorcendo. Pelo
amor de Deus, ele precisava de ajuda para ficar longe agora. Ajuda séria.

— Olha, ela vai contar para suas colegas de quarto. Elas provavelmente estão fazendo uma reunião agora
mesmo para tramar minha morte precoce.

Doeu só de pensar nisso. Ela colocou a cabeça em seu ombro com tanta confiança e adormeceu hoje, mas
esta noite? Ela provavelmente não chegaria perto dele nem se ele implorasse, mas ele não iria correr
nenhum risco.

— Quando Honey e Roxy contarem a vocês o que aconteceu, apenas. . . assegure-as de que era o melhor.
Diga a elas que sou um idiota, um mentiroso. . . um trapaceiro. O que vocês tiverem a dizer. Eu só preciso
que Abby fique longe de mim.

— Não. Não vou mentir para minha namorada. Isso está fora do limite.

Louis colocou o dólar de volta na mesa.

— Você não precisa de um advogado; você precisa de um terapeuta.


— De novo, eu concordo —, disse Ben, mexendo-se na cadeira. — Russell, todos nós sabemos como você
se sente sobre Abby. Você poderia muito bem ter escrito no céu no dia em que os dois se conheceram.
Por que você está tentando se sabotar?

Russell arqueou uma sobrancelha.

— Oh, olá, erva. Conheça a chaleira.

— Sim, eu estraguei tudo com Honey. Louis fez o mesmo com Roxy. Você está vendo uma porra de um
padrão aqui?

Ben realmente parecia zangado com ele. Entre na fila.

— Que tal aprender com nossos erros?

— Isso não é a mesma coisa.

Deus, ele odiava falar sobre suas inseguranças. Saber que elas estavam lá era difícil o suficiente sem
arrastá-las para fora.

— Vocês dois têm educação, empregos de longo prazo, até o jeito que vocês falam soam diferente do que
eu. Eu seria uma novidade para ela e, eventualmente, o brilho iria passar.

Louis soltou um assobio baixo.

— Que jeito de dar crédito a ela, cara.


Russell estava cansado de tentar explicar sua posição. A definição de inútil era tentar convencer dois
idiotas apaixonados por suas namoradas que a merda nem sempre funcionava perfeitamente. Nem toda
situação tem um final feliz.

— Certo. Vou deixar vocês dois voltarem a planejar seus casamentos duplo. Estou encerrando a noite.

Quando ele se afastou da mesa e se levantou, Louis agarrou seu antebraço.

— Ouça. Qualquer dano que você tenha feito provavelmente pode ser corrigido neste estágio. Não
amontoe tanta merda em cima da situação em que um pedido de desculpas não seja suficiente.

Russell saiu do estivador com essas palavras ressoando em seus ouvidos.


Capítulo 6

Abby esfregou os olhos embaçados e piscou algumas vezes, esperando que a tela do laptop voltasse ao
foco. Sem sucesso. Ela oficialmente bateu na parede. O problema hoje em dia era que, mesmo quando ela
se deitava e tentava dormir, os números passavam por dentro de suas pálpebras. Números importantes.
Ela adorava brincar com fórmulas e manipular valores, mas não teve mais descanso. Números se
transformaram em seu inimigo. Ela podia ouvir Honey e Roxy na sala de estar, colheres tilintando em
tigelas enquanto comiam sorvete e assistiam Finding Bigfoot. Elas tentaram várias vezes desde segunda-
feira à noite convencê-la a sair, mas ela continuou a se esconder em seu quarto, fingindo que o trabalho
era a única coisa que a mantinha lá. Covarde. Dois dias se passaram desde que ela adormeceu com Russell
e acordou com um orgasmo de ver estrelas. Dois dias desde que ela abriu os olhos e viu Russell de uma
forma diferente. Dois dias desde que ela ergueu um espelho, se refletiu e a luz de volta a cegou.
Sinceramente, ela estava envergonhada. Por muitos motivos, ela não conseguia nem começar a enumerá-
los. Como uma típica virgem de olhos estrelados, ela projetou sentimentos que não existiam. Viu e sentiu
algo de Russell que não existia, muito provavelmente prejudicando sua amizade no processo. Se ela fosse
mais confiante no que se dizia respeito ao sexo oposto, ela poderia simplesmente ignorar a rejeição dele.

E daí? Eu não sou o tipo dele.

Em seguida, vá encontrar alguém que possa apreciar uma nerd da matemática desajeitada, de seios
pequenos, que ainda está de posse de sua virgindade. Abby bateu com a mão na testa. Mais do que tudo,
ela queria contar a Honey e Roxy o que tinha acontecido e ouvir a opinião delas, mas não tinha mais
certeza de como elas reagiriam. Afinal, ela não tinha estado cem por cento certa de que Russell nunca
machucaria seus sentimentos? Ele com certeza rasgou essa crença ao meio com um rasgo retumbante.
Roxy e Honey enfrentaram obstáculos no início de seus relacionamentos, mas definitivamente nunca
tiveram que lidar com um homem que não as achem atraentes. Sim, ela tinha muito pouca experiência
com homens, mas tinha quase certeza de que, se Russell tivesse achado sua aparência agradável, não teria
saído correndo. Os homens eram capazes de recusar uma mulher sexy e obviamente disposta? Pelo que
ela tinha ouvido, os namorados de suas colegas de quarto definitivamente não. Roxy e Honey reagiriam
com pena? Ou pior . . . talvez o problema de Abby fosse um conceito tão estranho para elas, que nem
saberiam o que dizer. Aos vinte e quatro anos, sem nenhuma experiência sexual, ela já se sentia uma
aberração sem a aberração adicional.

— Ei, Einstein.

Roxy apareceu em sua porta, esfregando um pé calçado com meia na perna oposta.

— Honey encontrou Weekend in Bernie's na lata de lixo da Rite Aid. Vamos assitir.

— Eu fiz cupcakes boba —, Honey gritou da sala de estar. — Fiz com cobertura de morango porque é a
sua preferida, e fazer sexo regularmente me tornou seriamente carinhosa.

Não havia nenhuma maneira de Abby não poder rir disso, então ela o fez.

— Tudo bem, certo. Eu preciso de uma pausa de qualquer maneira. Estou começando a ter visão dupla.

Roxy bateu nela com um quadril afiado quando elas deixaram o quarto de Abby.

— Quando esse projeto vai ser concluído? Você está nisso há semanas.

Projeto? Foi isso que ela disse a elas?

— Uh. . . em breve, eu acho. Preciso pesar o risco de mais algumas oportunidades de investimento –
— Abby, você está fazendo minha cabeça doer. Sou atriz por uma razão. — Roxy piscou para ela. — O
que eu sei é como manter seu corpo afinado, e o seu cansado. O que quer que você esteja fazendo aí. . .
eu — nós — achamos que você precisa reduzir isso.

Quando chegaram à sala de estar, Abby olhou por cima do ombro para encontrar Honey com os braços
cruzados com um olhar maldoso. Reconhecendo uma emboscada quando viu uma, Abby começou a recuar
em direção a seu quarto.

— Ah não. O que é isso? Uma intervenção?

Honey bloqueou sua entrada para o corredor.

— Estilo de colega de quarto, vadia.

— Venha. — Roxy agarrou-a pelo braço e arrastou-a de volta para a sala de estar. — Cupcakes e uma
conversa nunca mataram ninguém.

— Não há weekend in Bernie's, né? — Abby gemeu. — Eu realmente não preciso ser. . . Intervencionada.
Existe uma palavra para isso?

— Preocupadas. — Honey a guiou para o sofá. — Estamos seriamente preocupadas, ok? Você já estava
trabalhando muito e não dormia o suficiente, mas nos últimos dias piorou. Fale conosco.

— Sim —, disse Roxy. — Você nos ouve reclamar o tempo todo. Queremos a nossa vez de ser boas
amigas.

Já que Roxy era geralmente a mais fechada emocionalmente de seu trio, Abby ficou surpresa ao ver um
toque de vulnerabilidade em sua expressão.
— Eu só aprendi recentemente o que uma boa amizade significa, e com certeza nós não vamos deixar
você definhar em seu quarto enquanto assistimos a uma montagem musical de um cara morto sendo
carregado.

Abby engoliu um sorriso. — Então . . . há o Weekend in Bernie’s?

— Ah com certeza. Faça piadas durante o meu momento Full House.

— Esta intervenção parece estar fugindo de nós, — Honey interrompeu. — Diga-nos como podemos
ajudar, Abby. Os produtos de padaria vão até certo ponto.

Abby pegou um cupcake com cobertura rosa, deixando seu fôlego escapar. Abrir-se parecia a coisa certa
a fazer. Ela estava carregando muitos segredos, o suficiente para eventualmente derrubá-la se ela
continuasse nessa linha. Mas quando ela abriu a boca para contar a elas sobre Russell, sobre os novos e
assustadores sentimentos por ele que surgiram apenas para serem abatidos, algo totalmente diferente saiu.
Talvez ela não estivesse pronta para deixar seu único momento voar embora ainda. Ou talvez fosse sua
autoconsciência. Seja qual for o motivo, ela o empurrou profundamente em uma caverna interna para
mantê-lo seguro, permitindo que um segredo ainda maior finalmente se libertasse.

— Meu pai não dirige mais o fundo de investimentos.

Assim que as palavras passaram por seus lábios, uma pilha de jornais molhados deslizou de seus ombros.

— Ele. . . não pode. É por isso que tenho trabalhado tanto.

Suas amigas ficaram em silêncio por um momento antes de Honey falar.


— Eu não entendo. Por que ele não pode dirigir sua própria empresa?

Abby mordeu o cupcake e mastigou lentamente, para que ela tivesse tempo para decidir as palavras certas.
Ela não esperava contar a ninguém sobre isso esta noite, então não havia uma explicação pronta. Havia
apenas a verdade. Uma verdade que ela foi avisada para manter para si mesma.

— Há pouco mais de um mês, meu pai fez uma viagem de golfe para a Escócia. Sozinho. Foi um momento
muito estranho, mas o primeiro trimestre foi estressante, então minha madrasta e eu não fizemos questão
de acompanhá-lo.

Roxy e Abby trocaram um olhar. Obviamente, isso não era o que elas estavam esperando. Bem, elas
poderiam se juntar à festa porque ela também não esperava.

— Enquanto ele estava na Escócia, ele. . . se trancou em seu quarto de hotel e se recusou sair.

Ela pegou uma almofada e a enfiou atrás da cabeça, o pescoço de repente cansado demais para funcionar.

— A equipe finalmente entrou e o encontrou. . . eles o encontraram encolhido na banheira. Ele teve algum
tipo de colapso mental. Foi a pressão. Aquilo o afetou, e também havia drogas envolvidas. Ele não
aguentou.

— Oh, meu Deus —, disse Roxy. — Abby. . .

— Minha madrasta foi com um terapeuta e Mitchell, o advogado da empresa, para trazê-lo para casa. Ele
está ficando melhor - muito melhor, mas ele precisa de mais tempo.

Ela tranquilizou cada uma delas com um olhar.


— Estou apenas mantendo as coisas à tona até que ele volte.

Honey parecia estar paralisada de terror.

— Não há ninguém que possa ajudá- la?

— Ninguém pode saber. Os investidores retirariam suas contas, estaríamos falidos dentro de uma semana.

Embora suas pernas tivessem relaxadas, Abby se levantou, precisando enfatizar a importância da
discrição com suas colegas de quarto.

— Tenho agido como meu pai. Respondendo sua correspondência, tomando decisões com base no que
ele fez no passado. Mitchell divulgou uma história sobre sua busca por possibilidades de investimento no
exterior, e tudo está funcionando normalmente.

— Exceto você —, Roxy apontou. — Você está morta.

— Estou bem. — Sua voz era firme. — Estou trabalhando na base do Red Bull, mas posso cair a qualquer
momento.

— Isso não é engraçado —, disse Honey. — Você está minimizando.

Sim, ela estava. E ela devia a elas mais do que isso, depois de toda a felicidade que elas trouxeram para
sua vida. Deus, ela estava viva antes delas aparecerem?

— Ok, estou aguentando firme. — Seus ombros caíram. — Mas não há outras opções. Não vou deixar o
sustento da minha família sofrer por oito horas de sono.
— Russell sabe disso?

Roxy perguntou, efetivamente fazendo o estômago de Abby cair no chão.

— P-por que Russell saberia?

Apenas dizer seu nome fez seus lábios ficarem dormentes. Quando Honey e Roxy trocaram olhares
ilegíveis, Abby franziu a testa.

— O que?

— Nada —, disse Honey. — É apenas que . . . vocês dois estão próximos. E você sabe como Russell é. .
. ele é protetor com você.

— Ele iria pirar, é o que Honey está tentando dizer.

— Isso não é verdade.

Especialmente agora. Depois que ela o enganou para dar a ela um orgasmo enquanto ele não estava
totalmente consciente, então a fez saber que ele não tinha nenhum desejo de um relacionamento físico
com ela. Roxy e Honey estavam certas sobre Russell ser protetor, no entanto. Ela pensou na maneira como
ele a carregou para os fogos de artifício, como ele sempre verificava as fechaduras das janelas e matava
aranhas para ela. Como sempre que as meninas saíam sozinhas, ele a repreendia sobre não deixar sua
bebida sozinha. Como ele insistia em uma mensagem de texto clara e concisa no segundo em que
entrassem no apartamento. Russell era realmente um bom amigo, e ela perdeu isso de vista em troca de
um orgasmo. Não admira que ela não tivesse ouvido falar dele há dois dias. De alguma forma, a partir de
amanhã, ela iria consertar isso. Ela não estava disposta a perdê-lo como amigo por causa de alguma paixão
tola e passageira. Mesmo que não parecesse uma simples paixão. Não como os que ela teve antes com
colegas de classe ou tutores. Paixões não faz você estremecer direto em suas partes íntimas com o simples
pensamento de seus nomes. Uma paixão não faz você bater em seu próprio traseiro tarde da noite, tentando
recriar a mesma sensação quente perversa que ele fez você sentir com aquele belo golpe, sem sucesso.

— Você está pensando muito aí. — Honey parecia quase esperançosa. Que estranho. — Chegou a alguma
conclusão?

— Sim. — Abby sorriu. — Vocês duas estão certas.

Roxy juntou as mãos sob o queixo, os olhos se arregalando.

— Estamos?

— Sim. Eu preciso dormir um pouco.

Sentindo-se melhor depois de revelar seu segredo e de ter um plano para fazer Russell perdoá-la, Abby
foi para o quarto.

— Boa noite.
Capítulo 7

Usar ferramentas elétricas provavelmente era a pior maneira de comemorar uma ressaca, mas, como
Russell estava nessa condição há três dias, essa não era mais uma desculpa viável. A Mãe Natureza
mandou chuva para a cidade de Nova York, então ele e Alec protegeram o local de trabalho em Manhattan
naquela manhã, dando a ele as horas restantes do dia para trabalhar na casa do Queens. Russell inclinou-
se sobre a mesa de trabalho e anotou uma medida, depois consultou o relógio. Duas e quinze.

Jesus, ele pensava - esperava - que fosse mais tarde.

O tempo parecia estar se movendo tão lentamente, rastejando como uma lesma após uma tempestade. Ou
talvez fosse ele. A lesma que estava evitando Abby. Eles não se falavam há três dias - nem mesmo uma
mensagem de texto - o que era altamente incomum para eles. Como estava seu tornozelo? Ela o odiava?
O suficiente para nunca mais cair no sono sobre ele? Na esperança de se distrair do ciclo interminável de
pensamentos, Russell se afastou da mesa e examinou a sala. Ele havia feito grandes progressos no espaço
de um ano, desde que seu pai se mudou para a Califórnia, deixando a casa de sua família e as memórias
que ela representava para trás. Como Alec se contentava em continuar no aluguel, Russell havia começado
as reformas da casa, com o entendimento de que moraria lá assim que estivessem concluídas. Engraçado,
ele nunca se imaginou morando em uma casa, mas recentemente, consertar o lugar havia absorvido uma
grande parte de seu tempo livre. Ele destruiu a maioria dos cômodos, colocou um novo isolamento e
paredes de gesso, conseguiu negócios cruciais por meio de fornecedores leais da Hart Brothers
Construction em novas janelas, suprimentos para telhados e madeira. Demorou um pouco para fazer tudo
acontecer, mas vendo o que seu trabalho duro tinha rendido, maldição se ele não fosse um pouco. . .
orgulhoso. Russell bufou na direção piegas de seus pensamentos, lembrando-se de que uma pilha de tijolos
de dois andares no Queens não era motivo de orgulho. Sua mãe certamente não se orgulhava da casa em
que seu pai a construiu com tanto esforço. Ela não se orgulhava de nada dentro de suas paredes, então
diferente da casa de classe média alta de sua educação, seguida por quatro anos em uma universidade
respeitável. Ela estava noiva de um estudante de direito quando conheceu o pai e cancelou o casamento.
Em certa época, ele era robusto - uma grande personalidade que era otimista quanto a subir na hierarquia
em seu trabalho de construção . . . mas com o tempo, ele parou de rir sob o peso de sua decepção. Parou
de tentar. A memória de sua mãe chorando na mesa da cozinha em uma nuvem de fumaça de cigarro o
forçou a ir para outra sala. Mas havia visões esperando para se manifestar em todos eles. Seus pais
brigando por dinheiro - nunca tendo o suficiente, para ser preciso. A mãe dele voltando para casa
embriagada de uma festa do bairro e contando a Russell e Alec sobre todos os homens com quem ela
poderia ter se casado se não tivesse resolvido. Resolvido. Resolvido. Essa palavra nunca esteve longe
enquanto crescia. Ele tinha ouvido isso tantas vezes, o termo definia sua infância. Talvez tentar viver aqui
tenha sido um erro. Ele pensou que o passado desapareceria com novas paredes, novos pisos e acessórios,
mas, ultimamente, elas tinham passado de lembranças nebulosas para flashbacks completos. Quando ele
ouviu uma batida na porta da frente, ele pensou que era isso que estava acontecendo. Outro flashback
vívido, mas a batida veio novamente. Enquanto caminhava em direção à porta, Russell empurrou o lápis
atrás da orelha, presumindo que fosse Alec. Seu irmão não tinha se interessado muito pela casa, mas havia
uma primeira vez para tudo. Ele abriu a porta que revelou Abby. Se Derek Jeter estivesse lá com um
cheque gigante da Publisher's Clearing House, ele teria ficado menos surpreso. Abby no bairro dele? Ela
nem sabia sobre a casa, então como ela a encontrou? E então, oh Deus, depois que o choque inicial passou,
tudo o que ele viu foi ela. Abby em um vestido de verão amarelo e botas Wellingtons roxas, segurando
um guarda-chuva em uma mão e cupcakes filhos da puta na outra. Ele estava alucinando? Ela parecia tão
doce e linda e tudo mais, ele queria cair de joelhos e chorar. Droga, ele tinha sentido falta dela. Em vez
disso, ele gritou com ela.

— O que você está fazendo aqui?

Onde ela normalmente sorria para ele, apesar de sua saudação nada cavalheiresca, ela estremeceu um
pouco, mas manteve as costas eretas como uma vara.

— Estou aqui para fazermos as pazes. — Ela estendeu uma Tupperware. — Eu não vou fingir que foi eu
quem fez esses cupcakes - isso é coisa da Honey - mas eu os carreguei aqui no trem. E por que você não
me disse que estava construindo uma casa?

— Não estou construindo uma casa. Estou reformando uma.


— Oh. — Ela molhou os lábios. — Posso entrar?

Não. Não, você não está segura perto de mim parecendo uma tentação recém-assada.

— Se você não se importa que seu vestido fique sujo, — ele disse, dando um passo para trás.

— Eu não me importo, — ela murmurou, passando por ele, obviamente fazendo um esforço concentrado
para não fazer qualquer forma de contato, mesmo com suas roupas.

Ele odiava isso. Detestava.

— Existem ferramentas em todos os lugares. Você vai machucar seu tornozelo ainda mais do que já está.

— Meu tornozelo está bom. — Seus olhos dançaram para cada canto da sala. — Deve ter sido apenas
uma torção, porque só está sensível agora.

Russell cantarolou em sua garganta, olhando o tornozelo em questão com dúvida.

— Como você me achou?

Ela sacudiu o guarda-chuva e o colocou ao lado da porta.

— Eu fui na casa do seu irmão, onde pensei que você estava hospedado.

— Eu estou. Estou dormindo no sofá.


Por enquanto. Na hora de lembrá-la de suas vastas diferenças econômicas, ele sentiu um soco de
nervosismo por ela ver o que ele havia conquistado. Dois propósitos conflitantes, mas eram igualmente
fortes. Afaste-a enquanto se pergunta se ele poderia puxá-la para mais perto. Talvez Louis estivesse certo
e ele precisasse de um terapeuta.

— Uh, a cozinha é à direita. Sala de estar à esquerda. Há um quarto nos fundos e mais dois no andar de
cima, junto com um escritório. É um layout bastante padrão. A maioria das casas neste quarteirão são
iguais.

Ela apoiou os cupcakes no quadril e colocou uma das mãos no corrimão da escada.

— Talvez tenha sido a mesma antes, mas você está indo muito bem. . . fazendo todas essas coisas nela.

Seus lábios se contraíram. — Coisa?

— Sim.

Finalmente, uma sugestão de seu sorriso.

— Coisas ótimas.

Foi embora tão rápido quanto apareceu.

— De qualquer forma, Darcy me disse onde você estava. Estou feliz que ela disse. Eu não posso acreditar
que ninguém sabe sobre este lugar. — Seu olhar varreu a entrada. — Você vai morar aqui?

Russell assentiu, embora não tivesse certeza de nada.


— Já que você está aqui, eu posso muito bem te mostrar o lugar. Vamos lá em cima.

No caminho para a escada, ele manteve a cabeça focada no tornozelo dela. Não mais alto. Somente o
suficiente para ter certeza de que ela não estava mancando. Se ele tivesse um vislumbre de sua bunda ou
um flash de sua coxa, ele estaria mostrando a ela muito mais do que os quartos no andar de cima. Seu
pênis já estava pesado, reconhecendo-a em um milhão de sonhos febris. Ela era o combustível que tinha
fornecido ao cara lá embaixo horas e horas de carícias frenéticas, e o cara queria dizer um obrigado
pessoal. Mas isso não iria acontecer. Isso era uma coisa boa. Ela veio aqui querendo que as coisas
voltassem ao normal. Russell queria isso também. Certo? Certo. Quando ele chegou ao andar, o vestido
amarelo dela o chamou para o pequeno escritório, adjacente ao quarto principal.

— Escritório —, disse ele, afirmando o óbvio, como um idiota.

— Uau. Como é iluminado aqui. — Ela ficou na ponta dos pés para olhar pela janela. — Isso é uma coisa
que falta no meu escritório de trabalho. Pode ser noite, e eu nem saberia se não tivesse um relógio.

Ele sentiu suas feições se organizarem em uma carranca ao pensar nela em um local sem ar e sem janelas,
mas lembrando o que ela disse na segunda à noite sobre ele estar sempre bravo com ela, ele apagou a
expressão antes que ela pudesse se virar.

— Pelos trabalhos que realizamos, muitos clientes não gostam de muita luz em seus escritórios porque
ela cria um reflexo em suas telas de computador.

— Oh. Eu não. Eu quero que pareça que estou trabalhando do lado de fora. Talvez até uma grande e velha
claraboia.

Ela colocou uma mecha perdida de seu rico cabelo castanho atrás da orelha.
— Todo mundo tem seus próprios gostos, no entanto. É perfeito do jeito que está.

Ainda carregando os cupcakes, ela passou por ele e saiu da sala. Russell considerou o pequeno espaço por
um momento, reconsiderando sobre os méritos da luz do sol adicional, antes de seguir. Era ridículo, mas
ele realmente hesitou no limiar do quarto principal. Neste momento, não era um quarto ainda. Ele
conseguiu colocar Sheetrock em todas as quatro paredes, mas além disso era principalmente serragem,
ferramentas e outra mesa de trabalho. Não era o lugar em que possivelmente planejava dormir o resto de
sua vida. Mas assim que ele visse Abby dentro daquelas paredes, ele seria capaz de retirá-la? Ou ela estaria
lá toda vez que ele adormecesse, mesmo daqui a cinquenta anos? Espiando pela janela em seu vestido de
verão amarelo, delineado pela chuva? Russell respirou fundo e entrou no quarto. Abby tinha colocado os
cupcakes na mesa de trabalho para que ela pudesse pegar sua furadeira. Ah Jesus, Abby segurando uma
ferramenta elétrica. Suas duas coisas favoritas em uma. Código vermelho, porra.

— Por que você não está no trabalho? — ele perguntou, chutando um pouco de serragem no chão.

— Fiz uma pausa prolongada para o almoço.

Ela colocou a furadeira no peitoril da janela, como se tivesse ficado muito pesado.

— Eu tenho que voltar mais tarde, entretanto. Eu só—

— O que? Você só o quê?

Deus, por que ele não conseguia parar de ser um idiota com ela? Talvez porque cada segundo que passava
respirando a luz do sol de uva branca causava um acúmulo em seu peito, comprimindo suas entranhas e
ameaçando se derramar. Não era tanto ser um idiota, mas sim tentar esconder seu pânico. Abby alisou a
mão pela saia de seu vestido, grandes olhos castanhos fixos nele.
— Eu só não gosto de ter excluído cerca de cem mensagens de texto para você desde segunda-feira, ok?
Ou não saber se você vai querer sair comigo novamente.

Ela rolou o ombro direito para trás.

— Eu sei que tirei vantagem de você. Mas eu me desculpei, Russell. E para ser totalmente honesta, acho
que você está levando esse tratamento de silêncio um pouco longe demais. E agora eu descobri que você
tem toda uma outra vida—

Ela escreveu e apagou mensagens para ele. Mensagens que nunca alcançariam seu telefone. Esse
conhecimento foi uma bala de espingarda bem no estômago.

— Qual foi a primeira parte, de novo?

— Eu tirei vantagem de—

— Sim. Essa parte. — Seus passos com botas criaram um eco quando ele se aproximou dela. — Nunca
mais diga ou pense essa merda novamente. Estamos entendidos?

Suas costas pressionadas contra a parede quando ele se aproximou o suficiente para tocá-la, franzindo a
testa.

— Mas é verdade, eu-

Russell colocou as palmas das mãos sobre a cabeça dela, o pulso batendo descontroladamente por todo o
corpo. Suas têmporas, seu peito, abaixo do cinto.
— Estou avisando, Abby.

Esse foi o momento exato em que ele mostrou sua mão. E ele não sabia se segurava ases ou um terno de
dois sete fora. Ele só sabia, com base na curiosa expressão de Abby, que ele tinha acabado de alertá-la
para o fato de que uma decisão estava em suspenso. Era dela, e o resultado era o seu recuo ou o seu avanço.
Ou talvez não houvesse nenhuma decisão. Teria tudo sido decidido na segunda-feira à noite em seu
quarto? A primeira vez que ela saiu para a bancada de seu prédio e ele afundou como uma pedra debaixo
de uma onda estrondosa? Ele não sabia. Mas ouvi-la se culpar por eles se terem tornado físicos
simplesmente não sumiria. Não quando ele tinha torcido o seu pau durante a noite nos últimos seis meses,
fingindo que ela estava vendo isso acontecer, ofegando em aprovação e beijando seu pescoço. Cristo. Sua
Abby havia sido profanada por ele tantas vezes, que um número não existia. Ela assumiria a culpa pelo
que aconteceu entre eles por cima de seu cadáver. Longos segundos do estudo do rosto de Abby haviam
passado, como se ela pudesse discernir o que estava acontecendo em sua cabeça quando nem mesmo ele
tinha a mínima idéia. Aqueles olhos foram obscurecidos por um momento pelos cílios dela, e Russell
podia sentir aquele olhar se mover sobre seu pau duro, onde ele amarrava seus jeans, e depois atirava de
volta para cima. Ele esperava surpresa, talvez mais confusão. Ao invés disso, ele sentiu alívio e excitação.
Não. Isso não. Ele não conseguia lidar com isso. Seus seios doces e maduros subiram e desceram com um
estremecimento.

— Lamento ter usado a situação a meu favor, Russell. Estava errada de m—

Ele beijou Abby. Abby. Ele. . . beijou Abby. A sensação explodiu em sua cabeça como uma bomba
atômica, incinerando tudo em seu caminho. Não, nem tudo. Apenas o negativo, substituindo-o por
otimismo, alívio, elevando-o acima de qualquer coisa que pudesse tocá-lo ao lado dela. Isso é o quão bom
- quão certo - ela provou. Como uma besta acorrentada por séculos, e no segundo em que essas correntes
imaginárias caíssem, ele atacou sem hesitação. Parar agora era uma noção histérica porque os braços dela
estavam em volta do pescoço dele, seu corpo achatado contra a parede. . . por ele. Sim, era ele moendo
cada centímetro de si mesmo para ela, marcando-a, imprimindo o padrão de seus músculos e carne em
Abby. Ele estava beijando Abby. A ressonância de seu nome abriu um caminho através do zumbido em
seu crânio. Se ele continuasse beijando-a assim, sua virgindade logo não existiria. Mesmo agora, sua
inexperiência aparecia, sua língua testando-se contra a dele. Uma lambida hesitante que quase o fez
ejacular contra a braguilha de sua calça jeans. Ele gemeu em sua boca, dizendo a si mesmo mais um
minuto, apenas mais um. Melhor fazer valer. Russell agarrou um punhado de seu cabelo e o girou,
envolvendo as longas mechas com força e forçando sua cabeça para trás. Com a outra mão, ele empurrou
seu queixo para baixo para que ele pudesse invadir sua boca mais profundamente, obter outro daqueles
toques autoconscientes de sua língua porque porra eles eram perfeição e miséria, tudo em um. Ela deu
um a ele - sim, Deus - e ele sentiu a carícia em seu pau, como se aquela parte pulsante dele estivesse
dentro de sua boca, ao invés de sua língua. A visão de Abby de joelhos não lhe deu escolha a não ser
pressioná-la com mais força contra a parede, para que ele não a jogasse no chão. Ele queria. . . ele era um
caso perdido. Ele sentiu a mão dela achatar contra seu peito e empurrar, então dar tapinhas. Respirar.
Merda, ela precisava respirar. O alarme conseguiu romper a luxúria de Russell, e ele se soltou com um
gemido áspero, examinando seu rosto para se certificar de que não a tinha matado. Apenas um olhar e ela
matou-o em seu lugar. Lábios úmidos e inchados, rosto rosado. . . dolorosamente linda. Como uma donzela
intocada enviada para a floresta para colher maçãs que, em vez disso, foi devastada por um lobo. Abby,
neste momento, nunca iria desaparecer. Ela se mexeu, e sua barriga arrastou sobre seu pênis duro,
rasgando um grunhido de sua garganta. A boca dela se abriu como se atordoada pela reação dele, fazendo-
o frenético para beijá-la novamente, então ele bateu a testa contra a parede e a manteve lá.

— Você sente atração por mim, — ela murmurou, a voz rouca de uma forma que ele nunca tinha ouvido.
. . e tingido com o mesmo alívio que ele vislumbrou em sua expressão antes.

Por que diabos ela estava surpresa por ele a querer? Ela não percebeu que ele saiu de seu quarto porque
era o melhor? Bater em sua bunda não foi uma dica suficiente de que ele não sabia absolutamente nada
sobre estar com uma virgem? Ou . . fazendo amor? Ele não era o tipo de homem que ela merecia. Seus
gostos na cama eram apenas uma parte do motivo pelo qual ele não podia fazê-la feliz. Então, talvez ela
precisasse de um lembrete. Um que não deixaria nenhuma pergunta sem resposta.

— Abby, atração é um termo fraco para o que está acontecendo aqui. Nem começa a descrever o que eu
gostaria de fazer com você.

— O q-que seria?

Ele colocou a boca contra o ouvido dela, a verdade saindo em uma respiração rápida.
— Eu gostaria de foder sua pequena boceta virgem.
Capítulo 8

OH. OH, BOY.

A saudade? Se moveu como fumaça no meio de Abby, vagando mais baixo e crescendo intensamente. Ela
deveria tê-lo esbofeteado no rosto por dizer aquelas palavras, mas alguma intuição feminina que lhe faltara
até este ponto permaneceu em sua vida, dizendo-lhe que um tapa era exatamente o que Russell queria. Ele
esperava que ela ficasse horrorizada e fugisse de lá como uma menina escandalizada da igreja. Pena que
ela não estava se mexendo. Porque da mesma forma que ela sempre apreciou a atitude rude de Russell em
relação a ela - a maneira como ele a tratava como ninguém jamais ousaria - ela gostou do jeito que ele
acabou de falar com ela. Muito. A evidência de que Russell a queria cravada em sua barriga, não menos
e inchada do que quando eles se beijaram. Sério, o que eles acabaram de fazer poderia ser considerado
um beijo? Bocas participaram de um beijo, enquanto Russell o tornara um esporte de contato total,
esfregando seus corpos como se pretendesse acender um fogo com a fricção, explorando sua boca como
se estivesse faminto por isso. Ele tinha? Sua respiração quente e rápida contra seu pescoço disse a ela. . .
sim. Este homem por quem ela tinha tantos sentimentos confusos, mas emocionantes, a queria de volta.
Uma profusão de bolhas brilhantes percorreu seu peito. Esta foi uma boa notícia, certo? Por que ele parou
de beijá-la? Ela prendeu a respiração e queria mais, droga. Mas sua postura era a de quem vai para a forca.
Se ele precisava de incentivo, ela estava muito pronta para fornecê-lo. Quando ele a deixou na segunda à
noite, seu corpo não estava pronto para dizer adeus. Nem sua mente. Ambos estavam cansados de ficar no
escuro sobre o desconhecido, tanto que a dor não satisfeita piorava a cada dia que passava. Então, incentive
ele. E se Russell pensava que ele era o único que poderia chocar alguém, ele estava enganado.

— Russell.

Abby passou a mão pelas costas dele, deixando-a moldar ao inchaço apertado de sua bunda, o ato ousado
aumentando sua excitação em mais dez graus.

— Você quer foder minha pequena boceta virgem no chão ou contra a parede?
Sua respiração parou - ele não se moveu - pelo que pareceram horas. Sua ereção permaneceu enrugada
entre eles, entretanto, então ela não cedeu ao desejo de começar a divagar. Não voltar atrás agora, certo?
Boa. Ela não queria. Finalmente, ele se afastou e a perfurou com um olhar.

— É melhor você não me deixar escapar por dizer isso a você, Abby. É melhor você ficar chateada, ou
então –

— Ou então o quê?

Seu olhar escureceu de uma forma que ela nunca tinha visto. Isso não a assustou, no entanto. Não, eles
estavam à beira de ultrapassar algo, e ela queria correr direto para o centro da tempestade.

— O que você vai fazer? Franzir a testa até a morte?

Ela deliberadamente deixou sua atenção cair em sua boca.

— Ou algo mais interessante?

Seus punhos bateram na parede acima de sua cabeça.

— Você está se metendo em problemas aqui, anjo.

O apelido enviou outra onda de bolhas girando dentro dela, mas ela esmagou cada uma delas até o nada.
Não foi especial. Ela era uma adulta com expectativas realistas e esse encontro não precisava ser um conto
de fadas. No momento, seu único desejo era que Russell parasse de se conter.
— O que significa problema? Me mostre…

Suas palavras terminaram em um suspiro quando Russell tirou a mão da parede e enfiou a mão embaixo
do vestido. A sensação de seu toque grande e áspero apertando seu traseiro - apertado, tão apertado -
queimou todas as dúvidas restantes de que ela queria ir mais longe, mas a expressão sombria de Russell
disse a Abby que ela tinha trabalho a fazer.

— Você merece um homem que pedirá permissão antes de fazer isso.

Ele puxou o tecido de sua calcinha apertada contra seu centro, os dentes afundando em seu lábio inferior
enquanto ele executava o movimento de tirar o fôlego.

— Isto também.

— Eu dou para você. — Sua voz tremeu, suas coxas se contraíram enquanto a umidade corria entre elas.
— Pare de me tratar como se eu não conhecesse minha própria mente.

Algo parecido com o pânico brilhou em sua expressão antes de desaparecer.

— Veja. O que fizemos na outra noite, o que você está me pedindo agora. . . você fará isso com seu
marido. Ou . . um namorado algum dia. Eu não. Agora não.

Ela estendeu a mão e correu as unhas sobre a cabeça raspada, sentindo-se encorajada pelo arrepio que
passou por ele, fechando os olhos.

— Russell-
— Não.

Ele agarrou os pulsos dela e os prendeu na parede, mas pareceu perceber imediatamente a nova posição
tinha sido um erro, porque apenas deixou seus corpos mais quentes. Determinada a usar todas as
vantagens, ela empurrou os seios mais para cima, inclinou os quadris e absorveu o gemido que retumbou
em seu peito.

— Abby, por favor. Gosto de coisas às quais você não está acostumada.

Seu olhar se desviou para seus seios, e eles incharam sob sua atenção.

— Você vai acabar com alguém que sabe o que uma garota como você precisa. Alguém que te trata bem.

— Ninguém me trata melhor do que você, — ela sussurrou contra sua boca. — Você apenas finge o
contrário. Eu confio em você.

Um som quebrado o deixou, mas ele ainda balançou a cabeça.

— Pense nisso. Você quer me apresentar a seu pai? Hã?

A única coisa que ela não estava preparada para ele dizer a impactou como uma bola de neve no rosto.
Não porque ela sentiria um pingo de vergonha de apresentar Russell à sua família - como ele ousava
sugerir isso -, mas porque, pela última meia hora, ela havia se esquecido da difícil situação com sua
família, a responsabilidade sobre seus ombros. Deus, ela não poderia apresentar ninguém a seu pai, mesmo
que quisesse. Uma imagem de sua mesa, sua caixa de entrada lotada apareceu para dizer olá e a polarizou.
O estresse atingiu seu estômago como uma banda marcial da faculdade.
— Isso é o que eu pensei —, disse Russell, se afastando, o rosto sério. — É uma coisa boa, certo? Acredite
em mim, a última coisa que estou procurando é uma namorada.

Abby cedeu contra a parede na ausência de seu peso, sua mente executando uma dança frenética para
alcançá-la. Russell realmente achava que sua reação havia sido sobre a ideia de ele conhecer seu pai? Um
nó se torceu em seu estômago com a realização. Ele estava indo embora sem dar a ela uma chance de
explicar - e de repente ela não queria. Esse amigo que a conhecia melhor do que ninguém pensava que ela
não era nada mais do que uma garota rica e materialista que se importava com as aparências. Como todo
mundo no escritório. Pela segunda vez naquela tarde, ela provavelmente deveria ter saído correndo de lá
sem sequer olhar para trás. Mas isso teria sido fácil demais. Ela queria - precisava - para recuperar esse
sentimento de perda que multiplicou cada passo que Russell levou para longe dela. Mais do que isso, ela
estava cansada de ser controlada pelas expectativas dos outros. ‘Você vai acabar com alguém que sabe o
que uma garota como você precisa’. Como ele poderia falar tal absurdo quando ela nem sabia? Bem. Ela
sabia de uma coisa. Seu corpo se sentiu. . . quente e negligenciado. Mesmo depois que ele a reduziu a uma
garota rica e mesquinha, ela ainda queria que ele a tocasse. O suficiente para fazer sua carne esquentar
sobre a maneira como seu corpo se movia. Os músculos dos ombros se contraíram, as costas delineadas
por seus jeans desbotados. Arrogante. Sempre arrogante. Ela queria livrá-lo daquela autoconfiança -
aquela segurança de tudo - e torná-lo tão necessitado quanto ela se sentia. Quando Russell alcançou a
porta, ele colocou a mão grande no batente e se virou, as feições tensas enquanto olhava para todos os
lados, menos para ela.

— Vamos, vou acompanhá-la até o trem.

Sti cazza. Em outro termo mais apropriado, dane-se. Com uma oração silenciosa por coragem, Abby
encontrou a bainha de seu vestido de verão e tirou a roupa sobre a cabeça, deixando-a cair no chão.

— Não estou pronta para sair ainda.

Houve uma fração de segundo em que ela quase pegou o vestido do chão e se cobriu de volta. Russell
pode ter visto sua bunda nua na segunda à noite, mas ela nunca foi vista com menos do que um maiô. Não
por um homem. Graças à cor clara de seu vestido sem alças, ela usava um sutiã branco sem alças e uma
calcinha combinando e - merda - isso era sexy? Ela não tinha nenhuma ideia terrena. As dúvidas caíram
de sua consciência como um copo de clipes de papel virados quando Russell avançou, rondando pela sala
e mudando o ar ao seu redor. Este impulso impulsivo começou como um ato de rebelião, mas agora uma
explosão de fornalha atingiu de sua cabeça aos pés. As gotas de chuva atingiram a janela em sincronia
com sua pulsação acelerada. A ferocidade em seus olhos disse a ela para esperar ser presa contra a parede
novamente, mas isso nunca aconteceu. Em vez disso, ele caiu de joelhos na frente dela, agarrando seu
traseiro. . . E enterrou o rosto entre suas coxas. Uma multidão de novas sensações oprimiu Abby, fazendo-
a cair de costas contra a parede. Sua barba por fazer raspou sobre sua pele lisa, suas mãos ásperas puxando
seus quadris mais perto para que ele pudesse esfregar a boca para frente e para trás sobre seu ponto mais
sensível. Amaldiçoando uma e outra vez em voz baixa, ele pressionou a testa com força contra seu núcleo,
cutucando e arrastando, tudo através de sua calcinha de algodão. Não havia uma parte de seu rosto que
não a tocasse, que não a queimasse através do material. Muito lentamente, ele se levantou, arrastando a
língua por sua barriga até chegar aos seios. Enquanto ele olhava fixamente, seu olhar era voraz, seus
mamilos ficaram tão tensos que doeu mantê-los presos. Antes que ela pudesse remover o sutiã, a voz de
Russell irritou ao longo de suas terminações nervosas.

— Depois de tudo isso, tudo o que eu disse e você ainda me quer, anjo?

A sugestão de dor em seu tom a fez estender a mão para ele, mas ele agarrou seus pulsos.

— Você vai se arrepender.

— Pare de agir como se você fosse me machucar. Você não poderia.

Russell soltou um suspiro trêmulo.

— Você perdeu sua fé em mim.

Ele libertou suas mãos, apenas para abrir o fecho frontal de seu sutiã.
— Eu deveria estar colocando você de volta em seu vestido de garota da porta ao lado e mandando você
para casa com aqueles cupcakes.

Ambos os lados de seu sutiã foram empurrados para o lado, expondo seus seios pontiagudos. Russell
murmurou algo que parecia pequenos pêssegos, antes de suas mãos se fecharem em torno deles e os
levantar, apertar e massagear.

— Ao invez de mandar você para casa, vou descobrir qual é o gosto de uma virgem.

Seus pés deixaram o chão enquanto Russell te levantou nos braços, se virou e a colocou em sua mesa de
trabalho. Apesar da superfície abrasiva, Abby só conseguiu repetir suas palavras. Só podia sentir a enorme
antecipação quando Russell tirou a camiseta para revelar o peito tatuado e coberto de pelos que ela vinha
fantasiando desde segunda-feira à noite.

— Você gosta da minha aparência?

Com as mãos apoiadas em cada lado de seus quadris, ele se inclinou e sugou seu mamilo esquerdo em
sua boca.

— Isso é bom, anjo. Você está olhando para o primeiro homem a foder com a língua sua boceta rica.

O sangue rugia em seus ouvidos, acompanhando a tempestade lá fora. Uma explosão de irritação tentou
passar por sua necessidade, mas ela lutou contra isso. Tão perto. Ela estava tão perto de sentir algo que
sempre se perguntou.

— Adoro a sua aparência —, disse ela. — Eu gostaria de poder ver você por inteiro.
Sua mandíbula flexionou.

— Se eu te mostrasse tudo de mim agora, teria que te dar tudo de mim.

Ele lambeu seu seio direito e sacudiu seu mamilo com a língua.

— E se você quer saber a verdade, eu não me toquei desde a noite passada. Seria muito forte e muito
rápido. Você andaria engraçada por uma semana.

— Oh. Isso não seria bom, — ela murmurou, suas palavras terminando em um soluço quando ele abriu
mais seus joelhos.

Como se ele estivesse bravo com ela por não tê-lo criticado por causa de seu discurso direto. Mesmo
agora, ele esperava que ela desistisse? Ela não entendeu a repentina pontada de ternura por ele, só sabia
que tinha perdido algo ao longo do caminho. Algo que ele estava experimentando sozinho. Antes que ela
pudesse controlar o impulso, Abby estendeu a mão e segurou seu rosto barbudo.

— Eu não me acariciei desde a noite passada, também, se isso faz você se sentir melhor.

Uma risada explodiu dele antes que ele a interrompesse com um único aceno de cabeça.

— Foda-se, Abby —, disse ele, com a voz rouca. — Eu não deveria estar fazendo isso, mas não sou bom
o suficiente para parar agora. Você é meu sonho molhado de merda sentado aí com essa calcinha branca.

— Você sonha comigo?


Desta vez, sua risada foi toda dor, sem humor. Como resposta, ele enrolou os dedos ao redor da virilha de
sua calcinha, cutucando seu clitóris no processo, e os despiu por seu corpo.

— Deite suas malditas costas, Abby.

Ela ainda não tinha terminado de se recostar na superfície áspera quando a boca de Russell a encontrou.
No início, apenas a explicitação de ter outra pessoa tocando-a tão intimamente enviou uma emoção
explodindo em sua espinha. Como antes, quando ela usava a calcinha, ele irritou seu centro com o rosto.
Bochechas, queixo, boca. Fazendo-a se sentir querida de uma forma que talvez ele não soubesse como
falar? Não. Pare de pensar. Concentre-se no ... Prazer. O corpo de Abby convulsionou com um gemido.
Puta merda. Suas mãos lutaram por algo para ancorá-la à mesa quando o equivalente físico de um grito
saiu abaixo de seu umbigo. Sua barriga afundou como se ela tivesse acabado de virar de cabeça para baixo
em uma montanha-russa. Ela se tocou no mesmo lugar muitas vezes, mas o deslizar suave da língua de
Russell arruinaria para sempre a autopromoção para ela. Com a mão esquerda, ele traçou um padrão de
seu torso arqueado para espalhar seu seio, sua língua ocupada em seu clitóris. Automaticamente, ela correu
para segurar o outro, esfregar o polegar sobre o mamilo dolorido para que ela pudesse sentir o puxão de
resposta entre as pernas. Russell se afastou com um grunhido para pegar o traseiro dela em suas mãos.
Abby olhou com admiração para a transformação nele. Seus olhos brilhavam, como se ele estivesse com
febre.

— Se você não fosse virgem, eu teria enfiado dois dedos bonitos e profundos em você.

Ele deu um beijo em seu clitóris.

— Nós vamos manter este bebê inocente hoje, no entanto. Não é nada de inocente suas pernas enroladas
em volta da minha cabeça, não é mesmo?

Abby verificou novamente através da visão turva e viu que suas pernas ainda estavam abertas.

— Pernas enroladas em ...


Ele chupou seu clitóris em sua boca e Abby gritou, as pernas fechando em torno dele, as coxas
pressionando contra suas orelhas.

— Oh meu Deus. Oh meu Deus.

As mãos em seu traseiro se apertaram, punindo sua carne com força contundente enquanto ele chupava e
soltava, passava a língua contra o botão torturado dela, depois chupava novamente. Ela amava tanto a
mistura de prazer e dor que implorou por suas mãos de volta quando de repente desapareceram. De longe,
ela ouviu o zing metálico de um zíper e o grunhido que se seguiu. Seus lábios tremeram em torno de seu
clitóris por um momento, antes de firmarem novamente e darem um puxão final, atirando Abby sobre a
linha de chegada.

— Russell —, ela gritou, estendendo a mão para puxar sua cabeça para mais perto, sem vergonha.

Ela não tinha capacidade de sentir nada além de um belo e ardente alívio enquanto cada músculo que
possuía se fechava como um punho de ferro.

— Eu não consigo respirar.

Abby não percebeu que seus olhos estavam fechados até que se abriram para encontrar Russell de pé sobre
ela. . . com seu pau na mão. Parecia pesado e doloroso quando seu toque mudou de base para ponta em
movimentos apressados, seu abdômen enrugado flexionando enquanto ele acariciava.

— Jesus, eu sinto muito. É demais. Você sabe o quão doce você é?

— O que você precisa?


As palavras saíram antes que ela soubesse o que significavam. O gemido agonizante de Russell a atingiu
com um soco brutal, forçando-a a se sentar.

— Você quer que eu-

Ele largou sua ereção. Abby só teve um segundo para assistir com fascinação enquanto ele balançava
contra sua barriga, antes que ele a puxasse para fora da mesa, girasse e a inclinasse para frente.

— Diga o que você ia dizer, — ele exigiu, colocando sua excitação em seu traseiro e bombeando seu
punho em torno dela mais uma vez. — Eu quero que você faça o quê?

Uma mistura de choque e calor renovado a percorreu. Ela se concentrou no último, maravilhada com o
quanto isso a fazia se sentir desejada. Quão ruim.

— Você quer que eu te chupe, Russell?

Seu nome soou estrangulado quando ele gritou, pouco antes de ela sentir a umidade quente cobrindo seu
traseiro.

— Ah, meu Deus. Cristo. Essa bunda está me provocando há meses. Porra, eu adoraria dar uma bela tapa
nela.

— Faça, — ela se engasgou, desejando o novo, o inesperado. Querendo aliviar a miséria que ela viu
gravada em seu rosto, mesmo que ela não entendesse completamente como isso poderia ajudar. — Por
favor.

O corpo de Abby sacudiu contra a mesa, quadris batendo na borda dura quando a palma de Russell
conectou com seu traseiro oferecido. Sua boca se abriu em um grito silencioso, os dedos arranhando a
superfície da mesa. Oh. Eu quero mais disso. Um prazer novo, quase um prazer mais pegajoso marcava o
interior de suas coxas, penetrava por dentro de sua barriga. Ela queria que Russell fizesse de novo para
que ela pudesse explorar o novo desenvolvimento, mas seu traseiro estava coberto com um material macio
- uma camiseta? - a evidência do que eles fizeram sendo enxugados. Quando Russell terminou, ela se
virou para encontrá-lo voltado para a outra direção, fechando a calça jeans. Seus ombros e músculos das
costas estavam tensos, movimentos bruscos. A autoconsciência de Abby não apenas rastejou - rugiu - até
que ele olhou para ela por cima do ombro e ela viu vergonha em seu olhar enquanto se movia sobre ela.

— Puta merda. — Suas mãos encontraram seus quadris, a cabeça caindo para frente. — Eu disse a você,
Abby. Eu te disse, e você não quis ouvir. — Em seguida, mais baixo: — Sinto muito, anjo.

Abby foi até o vestido descartado e o colocou, puxando-o de volta ao seu redor, sentindo-se como se
estivesse se preparando para a batalha. Não . . . não foi uma batalha ali, bem na frente dela. A intuição
não permitiria que ela negasse. A batalha pode não terminar hoje ou em um futuro próximo. Ela não sabia
qual seria o resultado caso perdesse ou ganhasse. Mas ela não teve escolha a não ser lutar. Começando
agora.

— Eu não sinto muito.

— Sério? — Suas botas arranharam o chão quando ele se virou, visivelmente irritado. — Você tem alguma
idéia de onde estas . . . coisas que quero fazer com você terminam? Eu não faço. Eu não sei —. O pombo
de Adão dele subiu e caiu. — Como posso querer protegê-la e querer fazer essas coisas ao mesmo tempo?

O coração de Abby deu um salto.

— Você só quer fazer elas comigo?

Sua respiração disparou. Uma resposta parecia estar na ponta da língua, mas ele se virou e não encontrou
os olhos dela.
— Isso não pode ser permanente, Abby. Sinto muito se era isso que você esperava, mas—

— Você não está procurando uma namorada. Eu me lembro dessa parte.

Dor e constrangimento ameaçaram, mas ela manteve suas feições educadas. Mais uma vez, ela teve a
sensação de que algo a estava escapando. Claro, seus relacionamentos físicos com homens tinham se
limitado a danças estranhas do colégio e o beijo raro, mas ela não conseguia se lembrar de nenhum deles
se comportando como Russell quando se tocavam. Ele trataria alguma garota da mesma maneira? Sua
intuição dizia que não, mas se ela pressionasse e descobrisse que estava errada, a humilhação resultante
seria terrível. Então ele não queria uma namorada. Ela queria que Russell fosse seu namorado? Ela não se
permitiu considerar isso, mas agora que sua mente apresentou a questão? Sim. Sim, se isso significasse
passar mais tempo com ele. Tê-lo tocando-a sempre que ela quisesse. No mínimo, ela queria tentar, mas
apenas se Russell também quisesse. Ele não queria. Ela deveria partir, então? Esquecer o que aconteceu
hoje? Ou confiar em seu instinto, confiar nele e ter fé que a peça perdida do quebra-cabeça acabaria por
se encaixar? A alternativa era ir embora agora, deixar Russell continuar acreditando que ela merecia
alguém melhor e perder a chance de explorar esse novo lado ousado de si mesma. E uau, foi bom deixar
suas inibições irem e apenas sentir.

— Não preciso de namorado —, disse ela, embora parecesse desonesto. Mesmo que isso tenha feito sua
garganta apertar. Então ela temperou com honestidade. — Mas eu preciso disso.

Russell empalideceu. — Por favor, não faça isso comigo.

— O que estou fazendo com você?

Abby esperou, mas ele não respondeu, apenas a observou como se ela tivesse enterrado um furador de
gelo em seu peito. Não fazia sentido. Ele estava atraído por ela, mas não queria um relacionamento. A
oferta dela não deveria deixá-lo feliz?
— Você, uh. . . você não tem que responder agora. Eu preciso voltar ao trabalho, de qualquer maneira.
Então . . .

Ela se dirigiu na direção da porta, tendo que contornar Russell para chegar lá. Sua energia tensa a alertou
para dar-lhe espaço, mas ela não queria se acostumar a evitá-lo, então ela parou e deu um beijo em sua
bochecha.

— Tchau, Russell.

Ele não disse uma palavra ou moveu um músculo quando ela saiu da sala.
Capítulo 9

Russell tinha certeza de que ninguém estava olhando enquanto ele abria o livro de bolso surrado e
continuava lendo. Se Alec o pegasse lendo um romance na hora do almoço, a zoação que ele receberia
seria o material de seus pesadelos. Honestamente, ele mereceria cada segundo doloroso disso, mas nada
poderia forçá-lo a abaixar o maldito livro. Tinha começado como uma exploração culpada, ou
possivelmente sua tendência masoquista recém - revelada, mas quando ele notou Darcy lendo A Noiva
Virgem do Duque das Trevas no café da manhã, ele comprou sem pensar duas vezes. Infelizmente, quanto
mais Russell lia, a certeza de que estava ferrado com Abby só aumentava. Com outro olhar furtivo por
cima do ombro, ele leu. “Temendo a dor inevitável que ele causaria a Violet, Sebastian fez uma pausa na
barreira de sua virgindade, prendendo a respiração na beleza de seu corpo nu. A forma como seus seios
tremiam com respirações excitadas, embora seus olhos tivessem um toque de nervosismo”. Certo. OK.
Russell estava com o duque até agora. Virgem quente. Verifica. Balançando os seios. Dupla verificação.
“Violet mordeu o lábio quando Sebastian avançou, falando sobre um desconforto que não podia ser
evitado. Ele tentou se consolar com o conhecimento de que a dor dela seria apenas temporária. Que ela
finalmente seria sua”. Foi aqui que o tremor de cabeça começou. O duque era um filho da puta egoísta,
não era? Pelo que Russell poderia dizer, Violet não queria fazer parte do casamento com algum recluso
esquisito e bundão em primeiro lugar. Ela só concordou em se casar com o cara para salvar sua família da
desgraça da falência. O duque não dava a mínima por estar tirando sua liberdade? Ela ficaria presa a ele
para o resto da vida. “Sebastian apoiou as mãos em cada lado dos quadris de Violet e sussurrou um pedido
de desculpas sincero ao lado de sua têmpora. Com um impulso único e medido, ele reivindicou sua noiva
como sua esposa em todos os sentidos da palavra. O corpo dela ficou tenso sob o dele um muito maior,
um grito de surpresa passando por seus lábios. “Sinto muito”. Sebastian murmurou, o suor começando a
aparecer em sua testa. “A dor vai passar em apenas um momento. Eu não vou me mover até então, mas. .
. ah, você é tão perfeita, Violet”. Russell enfiou o livro no porta-luvas, perguntando-se por que diabos ele
esperou para ler a cena de sexo enquanto estava no trabalho. Operar uma serra circular com ereção
provavelmente não foi a jogada mais sábia.

— Malditos livros deveriam vir com um aviso, — ele murmurou, ajustando seu pênis através de suas
calças de trabalho.
Nada poderia impedi-lo de se substituir pelo duque e Violet Mordaz por Abby, no entanto. O que estava
completamente fora dos limites. Antes de ontem, ele apenas sonhava em ir até o fim com Abby em
momentos de fraqueza total. Desde que ela apareceu com cupcakes e se ofereceu para ficar de joelhos por
ele? Ele tinha fodido mentalmente a doce, a pequena Abby de um lado e do outro, em várias posições, em
cada cômodo de sua casa. Imediatamente após ele ter feito - sempre solteiro, ele renovava seu voto de
nunca dormir com ela na vida real. Nunca. Ele não podia deixar isso acontecer. Mas nada menos que uma
lobotomia poderia impedi-lo de imaginá-la. Repetidamente e de novo. Abby choraria de dor assim quando
ele entrasse nela? O duque era um idiota de classe A na avaliação de Russell, mas cara, o jeito como ele
ficou parado enquanto Violet se acostumava com ele? Admirável. Russell tinha certeza de que iria falhar
naquele momento. Quando ele fosse fisicamente com Abby, algo dentro dele assumiria. Ele nunca foi
gentil na cama, mas nunca bateu em uma garota. Ele nunca quis prender uma garota, o impulso foi tão
intenso que o sufocou. O assustou. Se ele machucasse Abby, continuar com sua vida seria uma tortura.
Cada minuto de vigília doeria. Mas era exatamente isso que ele estava considerando, não era? ‘Não preciso
de um namorado, mas preciso disso’. Necessidade. Abby precisava de algo dele, e todos os seus instintos,
em todos os momentos, exigiam que ele lhe desse qualquer coisa e tudo que ela precisava. Foi uma
compulsão. Uma honra. Sua intenção ontem tinha sido afastá-la, mostrar a ela o quão indigno ele era, que
idiota ele poderia ser. Em vez de xingá-lo em italiano como ele esperava, ela. . . ela beijou sua bochecha.
Russell percebeu que sua palma estava pressionada ao lado do rosto e forçou a mão a cair. Se ela apenas
tivesse saído furiosa, chamando-o de todos os nomes do livro. Isso ele poderia ter sido capaz de lidar. Mas
ela ofereceu a ele sexo sem compromisso, e ele não sabia se existia nobreza suficiente no mundo para ele
para deixar isso passar. Não com Abby. Talvez ele pudesse dizer não naquele momento, mas colocá-la na
frente dele sem o vestido de novo? Ele seria um caso perdido. Ter um relacionamento físico com Abby
sem rotulá-la como sua namorada era baixo. Tão baixo. Chame o duque Sebastian, há um novo idiota na
cidade. Mas Russell tinha acordado esta manhã com um vislumbre de esperança alojado em suas costelas,
recusando-se a ceder. E se. E se. E se. Ele tinha a reunião do banco na próxima semana. Se por algum
milagre ele conseguisse o empréstimo, a Hart Brothers Construction poderia passar para o próximo nível.
Seria preciso uma tonelada de trabalho duro, mas seria o suficiente para dar uma vida confortável para
Abby. Mais confortável do que aquela que seu pai dera à sua mãe. E se Russell pudesse ter Abby em sua
vida, ele trabalharia em quinze empregos e ainda teria trabalhos paralelos. Então, a partir de agora, ele
tinha um plano. Um plano para ficar com Abby se tudo desse certo. Se ele conseguisse colocar um terno
e convencer o agente de crédito de que era um homem responsável com uma visão para expandir seus
negócios, ele pediria a ela que tivesse paciência enquanto ele transformava a empresa na melhor
construtora de Nova York. Ele não podia acreditar que estava se permitindo considerar um futuro com
ela, mas depois de ontem, a resistência era inútil. Ele precisava de Abby. Agora ele só tinha que evitá-la
até então, para não foder com tudo. Ele não podia permitir que eles se tornassem amigos com benefícios,
algo que estaria abaixo dela. Deus, ela realmente acreditava que era tudo o que ele queria oferecer a ela?
Achou que ele não sentia o suficiente para dar a ela algo real? Saber daquela dor depois de quão próximos
eles se tornaram, mas ele consertaria. Ele consertaria tudo logo. Uma batida na janela de seu caminhão o
mandou para o banco do motorista, com a cabeça batendo no teto com um estrondo.

— O que ...

Ele se virou para encontrar Ben olhando para ele pela janela, bebendo café e parecendo muito divertido.
Ele deu um passo para trás quando Russell empurrou a porta.

— O que você está fazendo por aqui, está em uma viagem de campo ou algo assim, professor?

— Não. — Ben examinou o canteiro de obras. — Embora não tenha dúvidas de que meus alunos de inglês
aprenderiam um idioma diferente por aqui.

— Porra. — Russell fechou a porta do motorista e encostou-se no lado aquecido pelo sol. — O que traz
você e seus mocassins brilhantes a este fim de mundo?

— Você não atendeu o seu telefone celular, e eu preciso fazer uma contagem de cabeças.

— Para?

— Uma viagem para os Hamptons. Amanhã até domingo.


Ben deu de ombros e jogou seu copo agora vazio na lata de lixo próxima.

— Honey e Roxy tiveram a ideia e, como não desejo morrer, aqui estou.

Russell franziu a testa. — Não deseja morrer?

— Tirar Abby da cidade sem avisar você? Eu gostaria de manter minha anatomia intacta.

— Abby. — Russell se endireitou.

Claro que ela estava indo. Essas três meninas não faziam mais nada separadas. Exceto em viagens surpresa
ao Queens, aparentemente. E ele queria rir da suposição de Ben de que ele explodiria se ela saísse da
cidade sem seu conhecimento. . . tinha sido preciso. Pela primeira vez naquele dia, ele se perguntou onde
diabos essa proteção com Abby terminava. Isso acabou? Iria crescer? A nuca dele já começava a suar,
apenas imaginando-a em um carro indo cada vez mais longe.

— De onde elas tiveram essa ideia?

A maneira como Ben o olhou deixou Russell nervoso com o que estava por vir.

— Entre você e eu, Honey mencionou que Abby está estressada. Eles pensaram que a viagem poderia
ajudar—

— Estressada com o quê?

Com base na sobrancelha levantada de Ben, Russell sabia que tinha gritado a pergunta. Cristo, por favor,
não deixe ser por causa dele. Não pode ser. Poderia? Ela parecia cansada ontem, mas não mais do que no
mês anterior. Mas isso foi devido ao trabalho. Certo? Ela estava trabalhando muito. Por que ele não pensou
em tirá-la da cidade? Ben deu um empurrão no ombro.
— Suponho que pela fumaça saindo de seus ouvidos que você decidiu se juntar?

Ele deveria estar evitando ela, caramba. O momento não poderia ter sido pior. Quando percebeu que Ben
o observava com curiosidade, ele parou.

— Uh. Onde todos ficarão hospedados? — Onde Abby vai ficar? Ela estará segura?

— Essa é a parte meio maluca. — Ben ajustou seus óculos. — Honey estava pronta para reservar um
motel acessível até que Abby casualmente mencionou que sua família é dona de uma propriedade em
Southampton. Uma grande. Nós vamos ficar lá.

O estômago de Russell afundou no chão. Uma propriedade em Southampton. Ele poderia trabalhar sete
dias por semana pelo resto de sua vida e nunca dar isso a ela. Havia alguma razão em tentar? Sim. Foda-
se, sim, havia. . . era Abby. Mas ele precisava de mais tempo. Ele tinha um plano maldito até um minuto
atrás. Agora ele estava enfrentando dois dias na mesma casa com Abby, sabendo que ela estava dormindo
no corredor e querendo continuar o que eles começaram. Um pesadelo e um sonho se tornando realidade,
enrolados juntos em uma bola de total foda-se.

— Olha, eu verifiquei, e há quartos suficientes para você manter Abby na friend-zoned. Se é o que você
quer.

Quando Russell apenas ficou quieto, Ben riu.

— Não sei o que está acontecendo com você, cara, mas se Honey fosse estar de biquíni na praia, a única
garota solteira do grupo, eu ficaria preocupado.
— Eu vou —, Russell disse. — Eu vou.

Era sábado de manhã. Abby deveria ter feito as malas de viagem para um fim de semana preguiçoso e
ensolarado com suas amigas. Em vez disso, ela estava olhando por cima da tela do computador Mac para
o advogado da empresa, Mitchell, e uma madrasta visivelmente irritada. Sua madrasta, para ser exata.
Abby tinha acordado cedo, pensando em passar no escritório para amarrar algumas pontas soltas para que
ela pudesse relaxar no fim de semana, mas ela topou com um encontro entre sua madrasta e Mitchell, que
não estavam nada entusiasmados com suas férias improvisadas.

— Você ficará de plantão, não é? — sua madrasta perguntou, puxando sua carteira e recolocando-a
segundos depois. — Não me entenda mal, estou emocionada por você finalmente tirar vantagem da
propriedade. Há anos imploro que você me acompanhe em uma visita. Mas, Abigail—

— A situação aqui é temporaria —, interrompeu Mitchell. — Agradecemos o tempo e o esforço que você
está investindo, assim como seu pai.

Abby não ergueu os olhos do teclado. — Como vou saber se ele não vai me ver?

— Querida, ele não quer que você o veja assim. Você sabe como seu pai é orgulhoso. Em breve, eu
prometo. Tudo vai voltar ao normal.

Abby inalou profundamente, lembrando-se de ficar calma. Eles não estavam em Southampton ainda, mas
ela decidiu respirar neste fim de semana. Ao longo da última semana, a pressão havia aumentado a ponto
de, além de esta viagem ser para se divertir, pode até ser necessária para sua saúde. Um pensamento que
a apavorou, sabendo o que seu pai havia passado no comando da empresa.

— Sim eu conheço. E eu tenho tudo sob controle. Se isso te faz sentir melhor, terei meu telefone e laptop
comigo enquanto estiver lá.
Seus dedos voaram sobre o teclado, inserindo lembretes no calendário da próxima semana antes de mudar
de tela para responder a um e-mail de cliente.

— Não é incomum meu pai ficar inacessível por telefone no fim de semana. Nossos clientes sabem que
podem se comunicar com ele por e-mail, e eu estarei lá para cuidar de qualquer dúvida.

— Há uma teleconferência com a Venezuela na segunda-feira de manhã —, disse Mitchell, consultando


a agenda em sua mão. — Você estará de volta até lá, não é? É a conta do seu pai, e ninguém mais a
conhece.

— Sim. Volto no domingo à noite.

Ela girou na cadeira e abriu uma gaveta do arquivo, retirando as informações do cliente. — Vou levar o
arquivo comigo, então estarei atualizada. Mais alguma coisa?

Sua madrasta começou a falar, mas uma voz familiar gritando no corredor a interrompeu.

— Mayday, Mayday. Estamos perdendo uma festeira. Repito, a garota festeira se tornou rebelde. Deve
ser recuperada. — Roxy.

— Roger, veja, aquele, helicóptero. — Honey. — Nós temos nossos olhos abertos para uma garota festeira
fora da grade. Fomos informadas de que suas pernas assassinas são armas registradas e continuaremos
com cautela. Fim de transmissão.

Quando Roxy e Honey entraram em seu escritório usando óculos de proteção e boias em forma de pato
em volta da cintura, Abby caiu na gargalhada, ignorando a cara de horror de sua madrasta. Não é
exatamente uma maneira tradicional de apresentar suas melhores amigas à sua madrasta, mas ela não teria
feito de outra maneira. Droga. Havia um aperto no peito, dizendo-lhe que este fim de semana poderia estar
dando certo demais para ser verdade. Na noite anterior, ela estava deitada em sua cama, fórmulas e
avaliações de risco transbordando de cada fenda de seu cérebro, quando Roxy e Honey entraram em seu
quarto como dois demônios da Tasmânia. Assim que ela parou de gritar com o choque, Honey se lançou
sobre ela, segurando seus ombros enquanto Roxy montava em sua cintura.

— Pensou que essa intervenção tivesse acabado, não é? — Honey sussurrou.

Cada centímetro da atriz, Roxy soltou uma gargalhada verdadeiramente arrepiante de casa mal-
assombrada.

— Oh, apenas começou. Iremos fazer uma viagem, baby.

Abby tentou se levantar, mas Honey a segurou firme.

— Vocês têm andado com as irmãs gêmeas de Louis ou algo assim?

— Diga o que quiser, mas as gêmeas terroristas só fazem bagunça —, Roxy respondeu.

— Assim como estamos prestes a fazer.

O rosto de Honey estava a centímetros do de Abby.

— Estamos saindo desta cidade no fim de semana. Você vai relaxar nem se tivermos que amarrá-la e joga-
la em uma piscina sem camisa – alimenta-lá com salsichas e chocolate.

— Honey Perribow, você realmente é boa nisso, — Roxy elogiou. — Está tudo no pacote.
Abby fez um protesto simbólico porque sua carga de trabalho parecia triplicar cada vez que ela piscava,
mas suas amigas fingiram surdez de verdade até que ela disse sim. E no minuto em que o fez, as pontas
mais agudas de sua ansiedade começaram a diminuir. Ansiedade provocada não apenas por sua carga de
trabalho, mas pelo silêncio de Russell. Talvez fosse ingênuo da parte dela, mas ela esperava que ele a
impedisse antes mesmo de ela entrar no metrô depois de sair de sua casa ontem. Então, novamente, quando
ela voltasse para casa, ela tinha certeza de que ele ligaria, dizendo que ele queria prosseguir com o
relacionamento físico que ela propôs. Mas . . . nada. Nada. De repente, a única pessoa que sempre pareceu
decidida a fazer com que ela não se machucasse estava machucando. Como resultado, sua confiança estava
diminuindo significativamente em um momento em que ela realmente não precisava de nenhuma merda
adicional amontoada em cima dela.

— Terra para Abby —, disse Roxy, acenando com a mão na frente do rosto, lembrando-a de outras quatro
pessoas que estavam no escritório. Olhando para ela. Há quanto tempo ela estava desmaiada?

— Desculpa.

Abby prendeu alguns fios de cabelo atrás da orelha e se levantou, empurrando um punhado de arquivos
essenciais em sua pasta de laptop.

— Hum. Mãe, conheça Honey e Roxy. Minhas colegas de quarto e melhores amigas.

O sorriso de sua madrasta foi tenso quando ela apertou a mão das meninas.

— Você está planejando usar esses. . . patos enquanto estão em Southampton?

— Não se preocupe, prometemos não deixar sua filha ser vista em um. — Roxy piscou para a madrasta
de Abby. — Nós trouxemos um sapo para ela.

Mitchell quebrou o silêncio horrorizado com uma risada nervosa.


— Espero que haja um bolso para o seu celular naquele sapo.

Quando Honey e Roxy abriram a boca - sem dúvida para informar Mitchell e sua madrasta que nenhum
trabalho seria feito ou concluído no fim de semana - Abby saltou para interceder.

— Vamos. Não queremos deixar os caras esperando.

Os nós dos dedos de sua madrasta ficaram brancos quando ela agarrou a bolsa.

— Rapazes?

Abby não diminuiu o passo enquanto navegava em direção à porta.

— Sim. Rapazes. Eu tenho vinte e quatro anos, e já está na hora.

E santo inferno. Não fazer o que era esperado dela foi muito bom. Ela precisava fazer disso um hábito.
Começando neste fim de semana.
Capítulo 10

Quando Abby apareceu foi visto na Nona Avenida, Russell fez uma pausa em seus passos, encostando
sua mochila mais alta contra seu ombro. Aquela primeira vista dela sempre deu um soco, mas agora teve
o efeito de um nocaute completo. Ela se sentou do lado de fora de seu prédio, empoleirada em uma mala
de grife que provavelmente poderia pagar o aluguel de seu irmão por seis meses. Honey e Roxy sentaram-
se uma de cada lado dela, bebericando xícaras da Starbucks entre conversas e gargalhadas. Abby tinha o
hábito de colocar a mão no ombro de alguém e rir quando eles diziam algo engraçado, e ela fez isso
naquele momento com Honey, fazendo sua garganta doer. Deus o ajude neste fim de semana quando se
trata de manter suas mãos longe dela. Ela parecia angelical, com sua fina camiseta branca enfiada em uma
saia curta florida. O que dizia sobre ele que só queria ter aquele anjo nas costas, sempre amorosa? Nua e
gemendo, como se estivesse na tarde de quinta-feira no Queens. Não. Talvez sua lógica fosse distorcida,
mas ele precisava manter Abby. . . intocada. Pelo menos da maneira final era o que importava. Se ele
conseguisse aquele feito poderoso por mais um tempo, apenas até que soubesse que um futuro entre eles
era possível, que ele pudesse dar a ela uma vida feliz, ele seria um candidato à santidade. Russell inclinou
a cabeça para trás e respirou pelo nariz.

— Eu não sou meu pau. Meu pau não toma decisões por mim.

Uma mulher que passava começou a andar mais rápido e Russell suspirou. Melhor manter seu novo mantra
interno da próxima vez que sentisse necessidade de repeti-lo em público. E ele tinha a sensação de que o
cantaria como um filho da puta antes que o fim de semana acabasse.

— Russell —, Roxy gritou do outro lado da rua. — Você se esqueceu de onde moramos?

— Dica, — Honey entrou na conversa, gesticulando com sua xícara de café. — Estamos sentadas em
frente a ela.
Russell sorriu para elas ao cruzar a Nona Avenida, suficientemente lembrando que embora seu pau
estivesse tendo um fim de semana difícil, o resto dele se divertiria. Embora seu foco sempre estivesse em
Abby, ele desenvolveu um ponto fraco muito sério pelas namoradas de seus amigos. Não que ele fosse
louco o suficiente para deixá-las saber disso. Depois que as mulheres sabiam que podiam sorrir e conseguir
um favor de você, elas se transformavam em armas carregadas. Algumas mulheres, pelo menos. Abby
esperou até que ele oferecesse, então sorriu. Um dos primeiros sinais de alerta de que ele estava perdido
por causa de Abby havia sido há um mês. Louis deu uma festa surpresa para Roxy uma noite depois que
ela conseguiu seu primeiro grande papel como atriz. Ele notou Abby entrando no apartamento com
garrafas de bebida, colocando-as no balcão e voltando para o corredor. Ela tinha feito isso duas vezes
antes que ele ficasse frustrado o suficiente para perguntar se ela precisava de ajuda para carregar algo.
Acontece que havia três caixas pesadas de bebida para a festa no andar de baixo, e ela planejava carregar
o conteúdo todo sozinha, duas garrafas por vez. Em vez de pedir ajuda. Russell empilhou as três caixas
uma em cima da outra e as trouxe para o apartamento, reclamando de mulheres teimosas durante todo o
caminho. Mas quando ele os colocou na cozinha, ele se virou para encontrar Abby sorrindo para ele como
um herói certificado. Deus, se ela tivesse pedido a ele para pular da janela naquele momento, ele teria
pulado sem pensar. Enquanto ele se aproximava das meninas, no entanto, Abby não estava olhando para
ele como um herói. Ela não estava olhando para ele de maneira alguma, e isso imediatamente fodeu com
ele. Se ele não suspeitasse que mostraria a verdade, Russell teria se jogado na calçada e implorado a Abby
que pedisse um favor a ele. Qualquer coisa. Qualquer coisa no mundo para que ele pudesse pegar para
ela. Um tatu rosa. Uma flor do pico mais alto dos Alpes suíços. Um cabrito. Tanto faz. Ele só queria que
ela olhasse para ele do jeito que sempre fez. Antes que ele desse um tapa na bunda dela e a mandasse de
volta para Manhattan. Jesus, ele era um idiota premiado. Você vai consertar isso. Apenas aguente firme.

— Ei, — ele disse, com sua voz rouca. — Onde está sua velha bola com correntes?

Roxy pareceu registrar a falta de cumprimento de Abby, mas não fez comentários, graças a Deus.

— Louis está pegando o Zipcar - ou a van Zip, na verdade. Ben está—

— Bem aqui —, disse Ben por trás de Russell, abrindo os braços a tempo de Honey se lançar neles.
Ele beijou a testa de sua namorada e colocou ela ao seu lado com um sorriso que tinha contentamento
estampado nele.

— Louis está a caminho. Roxy? Tente não surtar.

— Por quê? — a atriz inclinou a cabeça, mas Ben ficou quieto. — Merda. O que ele ...

Uma série de buzinadas altas interrompeu Roxy, seu rosto nem mesmo se incomodou em registrar o
choque quando uma limusine branca deslizou até parar no meio-fio. Louis apareceu pelo teto solar e abriu
os braços.

— Alguém pediu uma carona?

— Louis McNally II. — Roxy bateu o pé. — Você não fez isso.

— Eu fiz.

Quando Roxy cruzou os braços e não fez menção de entrar na limusine, Louis suspirou.

— Eu prefiro segurar minha garota do que um volante por três horas. Não fique com raiva de mim, Rox.
Fiquei superexcitado com a perspectiva de vê-la em um maiô.

Quando os lábios de Roxy se contraíram, Russell sabia que a briga terminaria da mesma forma que todas
as brigas entre seu melhor amigo ex-playboy e Roxy. Então ele desligou e deixou seu olhar vagar pela
limusine, imaginando quanto Louis havia gastado nessa maldita coisa. Mais do que ele poderia pagar,
provavelmente, o que deixou um gosto ruim em sua boca. Ele não culpava o amigo - o cara era
extremamente generoso -, mas Russell preferia pagar seu preço. Abby rolou sua mala para a parte de trás
da limusine, como se ela tivesse feito o mesmo, centenas de vezes. Bem experiente neste mundo de
limusines e viagens de fim de semana para os Hamptons. O motorista apareceu, provavelmente para ajudar
Abby a colocar sua bagagem no porta-malas, mas antes que Russell registrasse seu próprio movimento,
ele se lançou para frente para realizar a tarefa sozinho. Bem, pelo menos ela está olhando para você agora,
idiota.

— Obrigada, — ela murmurou.

Russell engoliu um caroço do tamanho de uma bola de beisebol.

— Aposto que você trouxe um monte de saltos altos só para me deixar louco.

Sua expressão esquentou. — Alguém tem que fazer isso.

— Com licença —, disse o motorista atrás deles, forçando Russell a se afastar de Abby para que o cara
pudesse carregar as outras malas.

Francamente, ele não estava animado com o fato de que algum estranho seria responsável pela segurança
de Abby nas próximas três horas, mas ele percebeu que todo mundo iria reclamar se ele pedisse para ver
uma licença. Abby parecia se lembrar de algo no último segundo, alcançando a mala para puxar um item
antes de subir no veículo em execução. Russell terminou de ajudar o motorista a carregar a bagagem e o
seguiu. Ao passar pela porta, ele manteve o rosto neutro, para que ninguém percebesse que era sua
primeira vez em uma limusine. Jesus, o interior era enorme. Ali poderia caber mais oito pessoas
confortavelmente. Ben e Honey estavam aninhados logo após a porta, Roxy e Louis se beijando, como
esperado, alguns metros abaixo na fileira do meio. Abby se sentou mais perto do motorista, tentando não
parecer desconfortável por estar sozinha. Claro, todos presumiram que ele se sentaria ao lado dela. E por
que não? É onde ele sempre se sentou. No apartamento dela. No bar. Em toda parte. Desta vez não deveria
ser diferente. Foi, entretanto. Depois do que eles fizeram juntos, sentar-se na escuridão em couro liso e
caro era uma tentação de que ele não precisava. Também não precisa que Ben, Louis, ou suas mais
acentuada do que o inferno namoradas o interrogasse. Quem diabos ele estava enganando? Não havia
escolha. Apenas dez segundos vendo-a sozinha o estava transformando em um doente mental certificado.
Russell se agachou em direção a Abby e se jogou no assento ao lado dela, assim que a limusine começou
a se mover.

— Não dou nem dez minutos até você dormir.

Ela pareceu afrontada, mas ele percebeu uma nota de alívio também.

— Estou bem acordada. Eu até trouxe uma atividade.

— Uma atividade.

— Fichas de lançamento. — Ela balançava um saquinho plástico na frente dela. — Você disse que eu
poderia ajudar em sua reunião de empréstimo comercial no banco. Você achou que eu esqueceria a chance
de discutir números?

Seria possível que um coração explodisse na cavidade torácica de um homem?

— Você, uh. Você ainda quer me ajudar com isso?

— Claro, — ela disse, muito rapidamente. — Por que não?

Tenho sido um idiota e ela é muito doce para me punir por isso. O que ele não teria dado naquele momento
para ter a mesma liberdade de seus amigos. Para puxar Abby para seu colo e beijá-la o quanto ele quisesse.
Para desligar a consciência ofuscante de que ele se sentia como um impostor neste carro gigante com
esteróides, enquanto todos os outros pareciam completamente confortáveis. Uma pena que o passeio
extravagante e o licor aparentemente grátis que veio com ele só fizeram a divisão entre ele e Abby parecer
mais pronunciada. Ele odiava. Ele odiava. Mas lá estava, como um daqueles lasers de néon em um filme
de espionagem que dispararia um alarme.
— O que há nesses cartões? — Seus ombros relaxaram.

— Existem oito perguntas que um agente de crédito normalmente –

A música começou a bombar dos alto-falantes ao redor deles - lenta e com graves pesados - abafando a
voz de Abby. Russell lançou um olhar irritado para o lado oposto do carro, mas Ben apenas ergueu o
polegar e voltou a olhar para Honey. Russell levou um segundo para entender por que a música alta
apresentava mais problemas do que simplesmente não ser capaz de ouvir Abby falar. Quando a respiração
dela acariciou sua orelha e a luxúria se espalhou para sua virilha, no entanto, as nuvens se dissiparam e
revelaram a porra da mente. "Hum." Jesus, ela estava falando a uma polegada de seu pescoço, tendo se
aproximado mais no assento.

— A primeira coisa que qualquer funcionário do banco vai querer saber é como você usará os recursos do
empréstimo, onde exatamente os fundos serão alocados para ajudá-los a fazer seu dinheiro de volta o mais
rápido.

Ela fez uma pausa para lamber os lábios e ele quase morreu.

— Alguns executivos sugerem um modelo de negócios de dez anos, mas a maioria prefere ver um plano
forte de cinco anos do que um fraco e de longo prazo.

Hã. Ele vinha usando o modelo de dez anos nas reuniões, mas talvez devesse reavaliar. Esta foi a abertura
de Russell para informá-la que estava trabalhando em apresentações bancárias há meses. Apresentações
que acabaram falhando. Ela não tinha como saber o quão importante era para ele garantir o empréstimo -
ele nunca o compartilhou com ela ou qualquer um de seus amigos por um bom motivo. Se ninguém sabia
que seu futuro ideal dependia de ser aprovado, ninguém teria pena dele se o banco carimbasse um grande
e vermelho NEGADO em sua testa. Além disso, se ele revelasse qualquer coisa para Abby, ela não sentiria
necessidade de treiná-lo. E agora, com suas coxas nuas anguladas em direção a ele, dando-lhe a esperança
de um flash de sua calcinha, ele estava mantendo a boca fechada. Em seu desfavor. Porque ele era um
masoquista de Abby. Um Abbychist. Russell virou a cabeça, de modo que suas bochechas estavam
pressionadas uma contra a outra.

— Temos um espaço para o escritório escolhido em Hollis. É pequeno, mas há muito espaço para guardar
equipamentos e suprimentos —. Expressar seu plano, mesmo parcialmente, parecia estranho. Mas bom.
— Ao invez de pagar aluguel a um proprietário, usaríamos metade do empréstimo para comprar o prédio.
Alugamos os dois andares superiores para cobrir a hipoteca, então a maior parte do nosso lucro vai voltar
para o negócio.

— Isso é ótimo, — ela respirou, movendo-se contra o seu lado. — Você vai contratar mais funcionários?

— Alguns.

Jesus, estava quente como o inferno lá e ela cheirava tão bem e aquela saia tinha subido um pouco alto
demais.

— Em primeiro lugar, queremos dar aos nossos rapazes de meio período um trabalho de tempo integral.
Provavelmente contrataremos uma secretária para procurar projetos solicitando propostas e enviando-as
para nós. Alec e eu preferimos sujar as mãos do que sentar em um computador.

— Uma secretária? — Abby inclinou a cabeça para trás e encontrou seu olhar. — Como uma garota?

— Agora quem é o machista?

Seus olhos brilharam para ele na escuridão, e respirar tornou-se um desafio.

— Vou te encarregar de contratar a secretária.


— Que tal? — Sua boca se curvou em um sorriso. — Estou pensando em uma alegre vovó de 70 anos
chamada Martha. Ou Deloris.

— Martha ou Deloris cozinham?

— A sim. Ela é uma confeiteira aposentada.

— Contrate a mulher.

Abby riu, e Russell sentiu isso contra seus lábios, mas ela ficou séria antes que ele se enchesse.

— Você gosta tanto de comer, mas ignorou completamente os cupcakes que levei na quinta-feira.

Ele mal teve tempo de registrar surpresa por ela ter tocado na tarde juntos, antes que ela continuasse.

— Eu sei. Abby não deixa as pessoas desconfortáveis nem discute assuntos delicados. Mas eu
simplesmente desafiei minha madrasta pela primeira vez desde que eu era adolescente, então estou meio
que no ar. Eu acho . . . você apenas tem que lidar com isso.

— Ok —, ele murmurou, o orgulho lutando contra o choque.

De alguma forma, este novo desenvolvimento sinalizou um desastre iminente, mas a determinação em
seu rosto era tão impressionante que ele não conseguiu reunir motivação suficiente para levantar um
obstáculo.
— Eu nunca percebi que você estava se segurando.

O olhar dela caiu por um momento antes de se levantar novamente.

— Eu não quero mais.

A mudança rouca na voz dela fez seu pau ficar duro. Ele se sentia como o coiote esperando a bigorna cair
em sua cabeça. Apenas Abby estava mais quente do que o cão, com seus seios subindo e descendo em
respirações superficiais.

— Diga o que você quer dizer, anjo.

Algo cintilou em seus olhos com o apelido. Porra, ele precisava ter cuidado aqui, mas a escuridão e a
música pulsante os envolveram em um cobertor de lã onde a realidade não poderia se intrometer. O som
absorvente engoliu seu gemido quando ela molhou os lábios, seu adorável traseiro se mexendo no assento.

— Eu quero que você me foda, Russell.

— Maldição, — ele respirou, sentindo como se tivesse acabado de correr 24km sob o sol escaldante.

O arame farpado danificou suas entranhas, do pescoço ao estômago. Mas Jesus, sob a dor aguda, seu pau
endureceu ao ponto da agonia. Suas mãos puniram o assento de couro, para que ele não a alcançasse, a
acomodasse em seu colo e entrasse em sua boceta sob aquela saia frágil. Ela soluçaria e se viraria, tentando
sair? Ou ela o deixaria ser sua primeira vez? E se ele danificou a confiança que ela depositou nele ao lhe
causar dor? Deus, isso o mataria. Apenas o ato de sentar ao lado dela, sabendo o que ela queria e não agir,
era uma tortura que ele mal podia suportar. Ele queria acabar com a tortura. Queria tanto mostrar a ela o
que a palavra foder realmente significava. . . O que isso significava para ele.
— Diga alguma coisa, — ela disse ao lado de sua orelha, angústia evidente em sua voz, cortando-o em
pedaços. — Preciso saber o que você está pensando.

— Você não quer saber.

— Sim. — Sua voz era firme. — Eu quero.

A parte de Russell que ansiava por autopreservação o encorajou a contar a ela. Isso a afastaria até que ele
pudesse resolver sua vida, resolver esses desejos. Mas ele a traria de volta se ela soubesse? Não havia
garantias. Ainda assim, ela não merecia saber a quem ela queria presentear com sua virgindade?

— Abby, eu. . . — Ele engoliu um punhado de pregos. — Você gostou quando eu bati em você?

Ela pressionou os lábios contra a orelha dele. — Eu gostei muito disso.

Cristo. Ela não conseguia perceber o que estava dizendo. Não conhecia nada melhor.

— Há outras coisas que penso em fazer. Não tenho certeza que . . . um cara normal, um cara bom iria
querer fazer essas coisas com você, Abby.

— O que significa normal? Algumas pessoas diriam que uma virgem de 24 anos não é normal.

Por um momento, ele jurou que ela iria beijá-la. Seus lábios estavam a menos de um centímetro dos dele,
as pálpebras a meio mastro. Ele a teria deixado também. Não teria força de vontade para impedi-la.

— O que quer que você seja, Russell. Isso é o que eu quero.


Seu coração batia tão violentamente que uma resposta estava fora de questão. Seu amor teria
simplesmente derramado como água de uma mangueira de incêndio. Ele estava grato por ela ter
continuado, até que suas palavras fossem totalmente registradas.

— Eu sei que você não quer nada sério, e tudo bem. Éramos amigos antes. . . — Sua coluna se endireitou
em graus. — . . . e seremos amigos depois.
Capítulo 11

Talvez a bravura veio em fragmentos. De volta ao escritório e na limusine, ela teve uma explosão brilhante
de independência. Ela ainda não conseguia acreditar no que disse a Russell. Ou o que ele disse em
resposta. O que foi feito, foi feito. Não poderia ser retirado, e ela não queria que fosse. Em vez disso, ela
mal podia esperar para reafirmar novamente. Talvez isso explicasse por que ela fingiu dormir
imediatamente após propor a seu melhor amigo e permaneceu assim durante toda a viagem. Ela estava
descansando para falar mais sobre o assunto. Certo. Ou pode ter sido uma tentativa de ignorar os
telefonemas e e-mails que ela já sentia em seu telefone, vibrando o dispositivo em sua bolsa. Ela não teve
que verificar a tela para saber que era sua mãe. Mitchell. Mas ela não estava jogando essa bola hoje. Abby
puxou a chave da propriedade para fora de sua bolsa, incapaz de resistir a sorrir sobre a conversa animada
de suas amigas enquanto elas empurravam suas malas atrás dela na garagem. A maioria deles estavam
animados, de qualquer maneira. A expressão de Russell era esculpida em pedra quando ele olhou para a
casa de férias de trinta mil pés quadrados que o pai de Abby comprou como presente de casamento para
sua madrasta. Muitas de suas memórias de infância foram formadas dentro dessas paredes, embora nem
todas fossem agradáveis. Se ela pudesse projetá-los contra uma parede em branco, um observador diria
que as memórias eram bonitas. Linda, até. Cortinas brancas e onduladas. Mulheres bonitas em vestidos
pastel, seus bronzeados de verão brilhando. Copos de um líquido dourado e cintilante sendo passados ao
redor. Música de piano à deriva. O cheiro perfumado do Atlântico levantando os cabelos de seu pescoço.
Abby abriu a porta da frente e deu um passo para o lado para deixar todos entrarem na casa. Louis jogou
uma sorridente Roxy por cima do ombro e caminhou até o saguão de mármore branco, sua expressão era
de familiaridade, já que o dinheiro de sua família era igual ao dela. Eles falaram sobre seus verões em
Southampton apenas brevemente, mas riram do fato de que poderiam ter estado em algumas das mesmas
festas quando crianças. Honey entrou, seu queixo caindo. Ben a puxou de volta com um único dedo e se
inclinou para beijar sua nuca. Abby se virou para encontrar Russell pairando do lado de fora da porta,
como se decidisse se deveria ou não entrar. A inquietação tomou conta de sua barriga. Russell nunca
expressou desconforto com a abundância de dinheiro de sua família, mas ela sempre percebeu isso sob a
superfície, o viu ficar tenso quando outra pessoa pagou a conta no jantar. Agora, porém, vendo sua
hesitação até mesmo em ultrapassar o limite, ela se perguntou o quão profundo ele o afetava. Durante a
última semana, ela começou a questionar o quanto Russell mantinha escondido. Vê-lo tão indeciso para
dar aquele único passo em direção a ela foi difícil, então Abby se virou e seguiu suas amigas até a cozinha.
Fiel à tradição, Louis e Roxy já estavam avaliando as bebidas em todos os armários, alinhando as garrafas
no balcão. Ben estava com os braços em volta de Honey enquanto eles olhavam para a vista do oceano.
A excitação deles deu a Abby um momento para se orientar. Ela não se aventurou em Southampton desde
o colégio por um motivo. O tempo que ela passou aqui crescendo foi solitário. Misturando-se às paredes
incolores enquanto as festas giravam pelos quartos. Não saber como se incluir nas conversas ou mesmo
se sentir interessante o suficiente para tentar. Então, “o incidente” aconteceu. Algo parecia diferente
quando ela acordou naquela manhã. Ela teve um sonho em que corria gritando pela praia imaculada de
Southampton, todos olhando para ela e sussurrando por trás de suas mãos. Ela girou e girou e chutou a
areia, sem se importar nem um pouco. Gostando das críticas deles e de seus pais. Quando ela acordou do
sonho vívido, seu pulso ainda estava acelerado com a emoção. Ela não queria deixar ir, queria aguentar o
máximo possível. Se ela evocasse a imagem da rebelde Abby, ela descobriria que podia respirar no
gigantesco mausoléu de uma casa. Então, quando sua madrasta exigiu que ela comparecesse a um almoço
abafado para adultos no country club local - uma atividade em que seria estimulada sobre seu futuro, seu
peso, suas roupas - ela quase teve urticária. O rosto de sua madrasta quando ela disse não ainda estava
perfeitamente detalhado em sua mente. E como ficou depois, quando Abby começou a jogar os pratos do
café da manhã na cozinha, esmagando porcelana sob suas sapatilhas sensatas, gritando em uma voz que
ela não conseguia reconhecer, mas era tão bom. Até a manhã seguinte, quando ela acordou e descobriu
que seus pais haviam partido. Férias de suas férias, o que ela sabia significava que eles precisavam de uma
pausa dela. Foi naquela manhã que ela percebeu como as pessoas partiam facilmente. Amigos do
acampamento de verão, colegas de classe, pais. Depois que você quebrou e revelou uma peça que não
estava funcionando, eles desistiram. Dias se passaram durante aqueles verões em que ela não tinha que
falar uma única palavra. O silêncio foi um tema recorrente que a acompanhou até a idade adulta. Até
recentemente. Mas não mais. Quando ela falava agora, seus amigos ouviam. A mãe dela. Russell. Ela não
era aquela garota tímida e desajeitada que aprendeu a manter sua opinião ou qualquer forma de protesto
para si mesma. Neste fim de semana, ela iria substituir as memórias bege dentro dessas paredes por outras
de que ela poderia se orgulhar. Abby empurrou a alça de sua mala para baixo e jogou a chave da casa no
balcão.

— Então. Vamos para praia ou ficar na piscina nos fundos hoje?

— Podemos beber na praia? — Roxy perguntou por cima do ombro.


— Não.

— A piscina tem meu voto.

Honey pulou em um dos banquinhos ao redor da bancada.

— Apoiado. Eu só tenho que colocar meu maiô.

— E eu só tenho que ajudá-la, — Ben brincou.

— Você é tão gentil, cara. — Louis pegou uma pilha de taças vermelhas na mão. — Quem vai querer
margarita?

Cinco mãos se ergueram no momento em que Russell entrou na cozinha.

— O que estamos votando?

Abby tentou não deixar transparecer seu alívio com a aparência dele.

— Álcool. O quê mais?

— Conte comigo, mas para mim quero fraco. Não gostaria de me perder neste lugar.

Havia um tom agudo o suficiente na voz de Russell para fazer todos hesitarem. Abby observou uma
comunicação silenciosa passar entre Ben e Louis, mas aconteceu tão rápido que Abby se perguntou se
teria sido dentro de sua cabeça. Isso a deixou louca; a sensação de que ela não estava envolvida em algum
segredo. Ela não gostou de ser deixada de fora. Não dentro desta casa, de todos os lugares. E havia mais
em sua raiva. Muito mais. Ela foi alienada por seus colegas de trabalho por ser filha do chefe. Foi a garota
rica cujo silêncio foi confundido com superioridade. Tinha sido horrível todas aquelas vezes, mas ter
Russell se inclinando para o mesmo ridículo quando ela nunca tinha sido ninguém além dela mesma perto
dele? A dor a deixou sem fôlego. Ou tentou, de qualquer maneira. Abby caminhou em direção a Louis,
tirou uma taça de sua mão e se serviu de tequila.

— Se você está tão preocupado em se perder, deixe um rastro de migalhas de pão, João.

Ela engoliu um gole de bebida, seu nariz queimando enquanto descia.

— Há dois quartos no andar de cima, três no andar de baixo e um na casa da piscina. Faça sua escolha.

O resto da tequila caiu.

— Vejo você na piscina.

Abby olhou para a seleção de maiôs em sua cama, com as mãos na cintura. Ouro, biquíni cintilante ou
preto, uma peça modesta? O canto de sua boca se ergueu quando ela deixou cair a saia floral e tirou a
camiseta pela cabeça. Ouro cintilante. Sem dúvida. Pode ser um pouco chocante para ela, tudo bem, forma
ultrajante, mas ela tinha visto os que Roxy e Honey tinham embalado, portanto, pelo menos ela não estaria
sozinha em sua ousadia. Ela murmurou um agradecimento a qualquer visitante anterior que tivesse
deixado a peça de roupa na escrivaninha do quarto de hóspedes e colocado o biquíni. Uma olhada no
espelho de corpo inteiro a fez estremecer, no entanto. Essa coisa pertencera a uma criança de dez anos?
Quase não cobria. . . qualquer coisa. Os finos triângulos inflavam seus seios, separando-os e empurrando-
os para o alto. O ouro entre suas pernas apareceu, cobrindo apenas onde necessário. Nossa, de jeito
nenhum ela poderia usar isso em público. Seu olhar se voltou para o maiô preto básico zombando dela na
cama. Colocá-lo seria como desistir. Mas o quarto de sua mãe ficava do outro lado do corredor. Talvez
ela tivesse uma saia ou casaco que pudesse usar sobre o biquíni dourado. . . tipo de advertência de
modéstia? Abby deu a seu reflexo um aceno encorajador e se dirigiu para a porta, na esperança de entrar
sorrateiramente no outro quarto sem ser vista e realizar uma busca rápida. Mas quando ela abriu a porta e
colocou a cabeça para fora, Russell estava na porta oposta, com um pé já dentro.

— Você está bem? — ele perguntou, com uma sobrancelha baixa.

— Sim.

Ela começou a voltar para o quarto, com a intenção de esperar até Russell sair para a piscina antes de
vasculhar o armário.

— Te vejo no . . . andar de baixo. Eu não queria ... — Ele se interrompeu. — Por que você está se
escondendo atrás da porta?

— Não estou vestida.

— Mmm.

Quente, a carência alimentou o fogo sob o umbigo de Abby. Aquele que nunca mais parecia parar de
brilhar. E sim, algo sobre usar o biquíni explícito estava apenas ampliando o calor sexual. O material
envolvendo-a entre as pernas parecia uma carícia, mas não tinha a fricção satisfatória das mãos ásperas
de trabalho de Russell. Abby estava tão ocupada processando seu desejo insano de ser tocada - agora, por
favor - ela não percebeu Russell olhando para algo além de seu ombro. Ela seguiu sua linha de visão e se
engasgou, pegando seu reflexo no espelho. Oh Deus, ela nem tinha visto o quão pouco o biquíni cobria
seu traseiro. A resposta foi, quase nada disso. Abby se virou para encontrar os olhos de Russell vidrados,
sua voz com uma mera aspereza quando ele falou.

— Você não vai usar isso. Você vai ter que me matar primeiro.
Havia ocasiões em que a atitude proprietária de Russell em relação a ela era excitante. Este não foi um
desses momentos.

— Oh sim, eu vou.

Ele jogou sua mochila no chão. — Porra, nenhuma.

A necessidade abrasadora abriu um caminho até os dedos dos pés, sua irritação não fazendo nada para
esfriá-la. Em uma torção confusa, no entanto, ela tentou fechar a porta quando Russell caminhou em
direção à entrada. Nenhuma de suas ações fazia sentido para ela, mas ela não se importava. Se rebelar era
bom. Consequências tentadoras pareciam ainda melhores. Seu antebraço bloqueou a porta, impedindo seu
fechamento com facilidade. Abby não teve escolha a não ser dar um passo para trás e se expor ou ser
jogada de lado pela madeira pesada. Russell fez um barulho sombrio e passou a mão pela boca aberta.

— Jesus Cristo. — Suas mãos flexionaram ao lado do corpo. — Eu não acho que você entendeu. Usar
essa coisa perto de qualquer um, que não seja eu . . . me faria perder a cabeça, Abby. Seria algo assustador.

Ela ficou abalada com sua intensidade, mas se recusou a perder terreno.

— Isso é uma pena. Não vou tirar e ser a chata da velha Abby só para que você se sinta melhor.

Ele beliscou a pele entre os olhos.

— Por favor. Por favor, meu anjo. Vá se trocar.

Abby não entendeu a simpatia que passou por seu desafio. Ele olhou a ponto de implodir por causa de
um biquíni idiota. Seus ombros largos tremeram quando ele respirou fundo. No limite. Ela o colocou a
ponto de quebrar, e embora ela não tivesse ideia do que aconteceria quando eles cruzassem a linha, o
inferno lambendo suas coxas e estômago precisava de uma resposta.

— Me faça tirar —, ela forçou os lábios trêmulos.

Suas palavras sugaram todo o oxigênio da sala. O medo guerreou contra o impulso sexual no rosto de
Russell por um momento, mas o sexo venceu, e venceu com força. Suas feições se tornaram esculpidas
em granito quando ele estalou o pescoço uma vez. . . e atacou em direção a ela. Uma onda de desejo caiu
em Abby, tão concentrada que ela só podia assistir enquanto as mãos de Russell agarraram a frente de seu
biquíni e rasgaram o cordão entre seus seios em dois. ‘Snap’. A liberação do material a fez cambalear um
passo para trás, seu traseiro encontrando o colchão, mas sua proximidade com a cama só foi registrada de
uma maneira vaga e distante, porque o olhar de Russell passando por seus seios era de repente tudo.

— Se você quiser mostrar seus seios bonitos, mostre-os para mim.

Ele plantou seus punhos em cada lado de seus quadris. Inclinou-se tão perto que ela não teve escolha a
não ser reclinar-se.

— Vá em frente, então, garota teimosa. Dê uma sacudida neles. Dê-me algo em que pensar enquanto me
acaricio esta noite no corredor.

Cheia de indignação, Abby se levantou e acertou o rosto dele.

— Oh, você está me chamando de teimosa? Eu te disse no caminho para cá ...

— Você não diga novamente.

Seus olhos se desviaram para o triângulo dourado entre suas pernas.


— Deus, você ia andar por aí só com esse pedaço de nada na sua boceta?

Ele usou seus joelhos para empurrar suas coxas mais para o lado, rosnando quando o tecido se esticou
sobre seu centro.

— Ninguém jamais a lambeu, exceto eu. Ninguém olha para ela, exceto eu.

Sua cabeça caiu, sua boca pairando um pouco acima de seus mamilos.

— Isso vale para você toda. Cada centímetro deste corpo de provocação do meu pau.

— Eu não sou uma provocadora.

Abby respirou, absorvendo cada palavra sua como uma esponja gananciosa, mas se recusando a aceitá-
las completamente. Ela não tinha sido nada além de honesta com ele e se ressentia de seus jogos mentais.
Diga a ela para ficar longe por um minuto, reivindicando a propriedade no próximo.

— Você é o provocador, e estou cansada disso. Pare de falar e comece a agir.

Quando Russell apenas fechou os olhos e lançou o nome dela com os dentes cerrados, Abby já tinha
escutado o suficiente. As lágrimas queimaram em sua garganta quando ela o empurrou e escapou da cama.
Desesperada por uma distração da dor aguda em seu lado, Abby se abaixou e agarrou a parte superior do
biquíni rasgado. Com dedos trêmulos, ela tentou amarrá-lo novamente.
— O que você está fazendo?

— Estou colocando.

O biquíni foi arrancado das mãos de Abby por trás, mas quando ela girou nos calcanhares para gritar com
Russell, as palavras morreram em seus lábios. Sem camisa. Ele tirou a camisa e aqueles músculos se
moveram a cada passo em sua direção. Com a mão livre, ele abriu o botão da calça jeans e abriu o zíper
com uma careta.

— Você está me chamando de provocador, Abby? Olha o que você faz. O que você sempre faz.

Ele alcançou sua braguilha e tirou sua ereção para fora. Enorme.

— Seis meses sentado no meu colo. Balançando-se e rindo, não fazia ideia de que queria te foder através
de uma parede. Não se atreva a me chamar de provocador. Eu fui provocado. Estou tão fodido que, não
consigo ouvir seu nome sem ficar duro.

A carne entre as coxas de Abby parecia pesada. . . pronto. Uma eletrecidade chiou, conectando seus
mamilos àquele ponto sensível que Russell uma vez lambeu com tanta habilidade. Ela queria que ele
fizesse de novo… mas algum pedaço inexplorado dela foi atingido por sua dor. Mais do que ela queria
prazer, ela queria dar. Quanto mais perto ele chegava, mais sua raiva por ele diminuía em um distante
segundo lugar atrás da ânsia de aliviá-lo. Ele realmente tinha se sentido tão infeliz na presença dela por
tanto tempo? Russell roçou contra ela, parecendo tão grande que ela se sentiu intimidada. . . e ela gostou?
Não, ela amava ele olhando de cima, decidindo o que fazer com ela. Para ela. Adorava saber que Russell
decidiria seu destino. Através da antecipação ardente, entretanto, ela viu a preocupação fervilhando por
trás de sua expressão feroz. Sabia que ele precisava ser empurrado. Só um pouco mais. Ele se inclinou e
falou, seus lábios se movendo em sua testa.
— Peça desculpas por me provocar.

Eu sinto muito. Sinto muito. — Não.

Seu grunhido vibrou contra seu crânio.

— Não sei o que você está querendo aqui. — A tortura em seu tom rasgou seu coração, mas ela
permaneceu em silêncio, esperando que ele falasse. — E se isso te assustar, anjo?

Abby inclinou a cabeça para trás para encontrar seus olhos ardentes.

— E se não me assustar?

Um músculo saltou na face dele, e ela testemunhou uma mudança nele. Viu sua energia mudar e mudar
de forma, endurecendo em alguns lugares, suavizando em outros. Mas isso não a alarmou. Não, parecia
que ela estava esperando que este lado dele chegasse. Movendo-se tão rápido, Abby mal teve tempo para
registrar o que estava acontecendo, Russell agarrou seus pulsos, posicionou-os no pequeno de suas costas
e - oh Deus - amarrou-os junto com a parte superior do biquíni rasgado. Sua falta de gentileza e seu foco
absoluto na tarefa transformou a necessidade de Abby em sua cabeça, chicoteando o inferno já em fúria
em um queimador de cinco alarmes de celeiro. Preciso disto. Adoro isto.

— Você pediu isso.

Ele puxou uma das amarras, fazendo com que o material se apertasse ao redor de seus pulsos.

— Eu poderia ter sido capaz de lidar com isso. Deixando você me provocar. Contanto que eu pudesse
olhar para você, falar com você, observar você dormir. Agora eu sinto você por toda parte. Está em toda
parte e nunca irá embora.
— Eu posso resolver isso.

A lógica não se aplicava a esta conversa, apenas à intuição. Uma comunicação única que só fluía entre ela
e Russell.

— Me mostre como.

Terminada a tarefa de prender suas mãos, o toque de Russell encontrou novamente sua ereção e agarrou
a base.

— Maldito inferno, Abby. Olhe para você. Estou farto de ser nobre.

Ele chupou seu lábio inferior para dentro da boca, e o deixou ir com um estalo lento.

— A dor está em baixo. Se você quer consertá-la, ajoelhe-se e vá procurá-la.

Como se suas cordas tivessem sido cortadas, Abby caiu de joelhos, projetando seus seios para ele olhar.
Uma onda de excitação e poder sufocou todos os nervos remanescentes. Essa era sua fantasia secreta
ganhando vida. . . e ela podia admitir agora que o rosto de Russell sempre fora obscurecido por aqueles
devaneios. Mas ela sabia que seria ele. Ela sabia. Ele se aproximou mais, segurando a ponta de sua
excitação logo acima de sua boca.

— O que eu quero ouvir?

— Sinto muito por te provocar, — ela sussurrou.

Sua mão esquerda se enfiou no cabelo dela, a ação era irregular e desesperada.
— Você sabe que não há absolutamente nada que você possa fazer que esteja errado, não é?

Mordendo o lábio, ele correu a cabeça lisa de seu pau pela costura dos lábios dela.

— Você poderia lamber como um gatinho, e eu gozaria como o filho da puta sujo que sou.

OK. Abby não vivia com duas companheiras de quarto loucas por sexo por meio ano sem ouvir algumas
coisas. Ela sabia o que deveria fazer, mesmo que não tivesse feito o ato fisicamente. Profundo. Mais
profundo. Tudo isso. Por favor. Ela tinha ouvido essas mesmas palavras sendo rosnadas através das portas
fechadas do apartamento, quando ela não deveria ter ouvido além do gemido inicial. Mas aquelas
instruções frenéticas a haviam informado sobre a maneira certa de agradar a um homem. E ela planejou
fazer certo da primeira vez. Abby esfregou a bochecha contra o aperto de Russell. Quando até mesmo
aquela ação simples quase dobrou seus joelhos, o calor líquido se acumulou entre suas coxas. Uma surra
começou por todo seu corpo. Um bombeamento simultâneo e rítmico de sangue. Incapaz de esperar mais
um segundo, Abby avançou de joelhos, pegou Russell entre os lábios e chupou a cabeça redonda e grossa.
Reduzido mais baixo com um deslizamento fácil. Em seguida, desceu o mais longe que pôde levá-lo.

— Abby. — A mão em seu cabelo se fechou. — Maldição. Essa boca é uma provocação, não é? Quer me
satisfazer. Bom. Boa boquinha.

Sabendo que sua boca tinha promovido aquela reação, aquelas palavras rasas, a mandaram escorregar para
um lugar de realidade embaçada. Quanto mais duro ele puxava os fios de cabelo dela, mais acentuado se
tornava o puxão na barriga dela, forçando Abby a esfregar as coxas juntas, procurando fricção. Oh Deus,
era possível ter um orgasmo ao ouvir um homem gemer seu nome? Não um homem qualquer. Russell.

— Eu guardei para você, Abby. Tudo para você.


Sua mão começou a acariciar junto com a boca de Abby e impossivelmente, sua ereção engrossou ainda
mais. A circunferência adicionada apenas a deixou mais determinada a levá-lo mais fundo. Então ela o
fez, forçando sua garganta a relaxar e permitir que ele entrasse.

— Ahhh, Caralho. Você está recuperando o tempo perdido, anjo? Todas aquelas provocações que você
causou?

Ele deslizou mais fundo e soltou um rosnado baixo.

— Maldição, você está. Valeu a pena a dor, não foi? Vale a pena ver suas bochechas enrugadas, sentir
aquele rugido no fundo da garganta. Estou adorando fazer sexo com essa boca virgem.

Sua voz falhou na palavra final, seu comprimento duro empurrando em sua boca. Ela não teve tempo para
se preparar quando Russell puxou, caiu no chão e a girou. Depois do que aconteceu em sua casa naquela
tarde durante a semana, ela esperava que ele soltasse em seu traseiro, mas ele não fez. Em vez disso, um
braço forte envolveu seus ombros e puxou-a para trás, em uma posição inclinada, então ela se deitou em
cima dele, com as costas contra o peito dele, as mãos amarradas achatadas entre seus corpos.

— R-Russell-

— Abra suas pernas, — ele disse.

Seu corpo se moveu para obedecer a seu comando, os calcanhares cravando-se no chão de cada lado dele.
Ela sentiu o antebraço dele flexionar sob sua coxa direita enquanto se movia entre suas pernas, trabalhando
a ereção que ela tão recentemente deu prazer com sua boca. Para cima e para baixo em um movimento
borrado até que o calor líquido pousou sobre sua barriga, mais baixo. Abaixo dela, ela podia sentir os
músculos de Russell protuberantes contra suas costas e nádegas, sua respiração entrecortada e áspera em
seu ouvido.
— Você chupou tão bem, Abby. Me fez gozar tão forte em cima de você. — Seus quadris resistiram sob
os dela. — Deixar qualquer um além de mim ver seu corpo? Eu não posso. Eu não posso.

— OK . . . está tudo bem, — ela se engasgou, tentando recuperar o fôlego.

Ela nunca teve a chance. Os dedos de Russell mergulharam entre suas coxas, usando a umidade de seu
próprio corpo para cobrir seu centro, deixando-a escorregadia. As costas de Abby arquearam em um grito
abafado, a sensação de toque áspero soprando em sua mente. Ela esteve tão focada no prazer de Russell,
ela perdeu de vista suas próprias necessidades, mas elas não seriam ignoradas agora. Seus pés arranharam
o chão quando dois dedos ásperos se tornaram seu universo inteiro. Eles circundaram seu clitóris,
pressionaram e seguraram, deslizaram pelos lados e beliscaram, circulando novamente. Mais rápido. O
corpo de Abby se contorceu em cima do mais forte e poderoso de Russell, mas o braço que envolvia seus
ombros apenas apertou para mantê-la imóvel.

— Ahhh. Agora eu sei, não é? — A voz dele bateu no pescoço dela, fazendo-a tremer. — Eu sei que
quando você fala e me empurra, você precisa de sua buceta cuidada. Esse é o meu trabalho. É meu
privilégio. Da próxima vez é só pedir como uma boa garota.

Seu orgasmo foi intenso, o acúmulo de frustração que ela só tinha consciência agora, rolou dela em uma
onda. A carne estremeceu, as mãos lutaram por apoio, enquanto a tensão dentro dela era aulada.

— Russell, Russell, Russell . . .

— Estou aqui —, ele murmurou. — Se você está perto de gozar, anjo, isso significa que eu estou aqui a
cada minuto. Entendeu?

— Sim, — ela soluçou, caindo de volta em seu peito. — Toda vez.


Russell beijou o lado de seu rosto, segurando-a perto enquanto os movia para uma posição sentada, Abby
entre suas pernas estendidas. Seu coração trovejou contra suas costas, trazendo um sorriso sonolento a seu
rosto. Quaisquer que fossem as perguntas entre eles, seus batimentos cardíacos igualmente falhando não
era a resposta mais importante? Russell tinha um lado dominante - era esse o motivo de ele a manter à
distância? Ela mal podia esperar para dizer a ele o quão ridículo isso era. Tudo ficou claro desde que ele
entrou na sala. Desde o início, aquela parte dele - a parte rude, autoritária e freqüentemente com raiva - a
atraía. Seus modos severos, sua natureza protetora. Tudo isso. Saber que era mais escuro e ainda mais
exigente não a assustou nem um pouco. Ah não. Pelo contrário. Ela queria ser atraída para o olho da
tempestade e girar loucamente. O contraponto à sua natureza estava bem ali dentro dela, ela estava apenas
esperando que ele agisse. Esperando para dar um nome aos desejos e imagens sensuais em sua cabeça,
mas sem saber se eram normais. Elas eram. E as próprias necessidades de Russell as cruzaram. Graças a
Deus, ela não teve que esperar mais por respostas.

— Russell-

Uma batida soou na porta, seguida pela voz abafada de Honey.

— Ei, Abby. Você adormeceu ou algo assim? Não ficaria surpresa depois daquele surto de tequila.

Uma batida se passou.

— Você viu Russell? Ben disse que está percorrendo o perímetro, procurando por perigos específicos para
cuidar de você.

Outra rodada de silêncio, esta infinitamente mais incômoda que a anterior.

— Ok, última chance de ficar decente, estou entrando.


Abby começou a gritar que não havia necessidade, ela desceria em um segundo. Mas Russell começou a
desamarrar as mãos dela, seus movimentos eram bruscos. Quando a tarefa foi concluída, ele se levantou
e caminhou em direção ao banheiro, a súbita distância que ela sentiu entre eles a pegou desprevenida.
Quando ele fechou a porta atrás dele, sem nem mesmo olhar para trás ou fazer um pingo de som, Abby só
pode se sentar encolhida no chão, com certeza seu coração tinha acabado de ser achatado.
Capítulo 12

Russell fechou os punhos na pia de mármore branco e respirou através da compulsão de quebrar o espelho
do banheiro. Olhar para seu reflexo era insuportável, mas era um grau pequeno de miséria comparado ao
que se seguiu quando a voz suave de Abby entrou pela porta, dizendo a Honey que ela estava bem e que
estaria lá embaixo em alguns minutos. Ela parecia tudo menos, bem, e estava na cabeça dele. Sentado lá
como um elefante de oito toneladas. Uma imagem de Abby sentada no chão do quarto sozinha veio em
sua mente, e Russell vomitou, murchando na pia. Ele entrou em pânico lá dentro. Apenas entrou em
pânico. Ele ouviu Honey do lado de fora da porta e pensou…

É isso, assim que nossos amigos souberem, ela vai ficar presa.

Ele ainda acreditava nisso de todo o coração. Abby era tão leal. Ela nunca deixaria seu lado uma vez que
seu relacionamento fosse reconhecido, mesmo que fosse a coisa certa a fazer. Havia um cenário ainda
mais repugnante, porém, isso o arremessou em direção ao banheiro como um homem disparado de um
canhão. Se ele não conseguisse o empréstimo comercial, se o gerente desse uma olhada em sua bunda de
sem diploma, não realizado, sem-poupança e risse na cara dele, ele faria a coisa certa e se afastaria de
Abby. De jeito nenhum ele iria deixá-la desprezada aos olhos de suas melhores amigas. Jesus, ir embora
já seria difícil o suficiente sem envergonhá-la no processo. E pelo amor de Deus, a pressão para ter
sucesso, uma vez que eles fossem oficialmente namorado e namorada, poderia matá-lo. Ele já se sentia
meio morto, apenas sabendo que ela estava sentada a alguns metros de distância, provavelmente se
perguntando se ela tinha feito algo errado, quando ela fez tudo tão fodidamente certo. Mas seus pés
estavam pesados, recusando-se a carregá-lo por aqueles poucos metros para reivindicar permanentemente
o futuro que ele não poderia ter, mas esteve muito perto de roubar. Ele nunca faria isso por um dia sem
querer repitir pelo resto de sua vida o que eles fizeram. Abby, de mãos amarradas atrás das costas, aquela
boca entusiasmada perfeita nele. Tão perfeita. Olhos grandes de avelã colados nele, as costas arqueadas,
os seios balançando enquanto ela se movia. Sugando. Arruinou ele. A maneira como ela aceitou seus
impulsos sem questionar, a maneira como ela parecia ligada por eles. . . resistir à compulsão de explorar
ficava mais difícil a cada minuto. ‘E se te assustar, anjo? E se não der certo?’ Ele a estava corrompendo e
machucando ao mesmo tempo? Haveria um fim para o dano que ele era capaz aqui? Ele tinha memórias
do casamento de seus pais, desde quando ele era uma criança. Sua mãe deitando a cabeça no ombro de
seu pai na mesa de jantar. Seus pais os deixando com uma babá por algumas horas, depois voltando pela
porta da frente rindo. Mas em algum lugar ao longo da linha, tudo deu em merda. Ele se lembrava
perfeitamente. Houve uma mudança completa no ar, por volta de seu nono aniversário. O trabalho de
reforma desacelerou para seu pai. Sua mãe começou a beber. Linhas de expressão se formaram ao redor
de sua boca. Linhas zangadas. A família havia parado de se reunir no jantar, comendo tudo o que
conseguiam recolher individualmente na geladeira. Às vezes, sua mãe nem voltava para casa, enviando
seu pai para uma bebedeira. Uma dor aguda atingiu Russell bem no meio dos olhos com o simples
pensamento de Abby estar com ele, mas desejando alguém melhor. Abby nunca poderia ser infiel; ela
simplesmente não tinha isso no sangue. Mas ela tinha potencial para se casar com alguém que não
precisava trabalhar. Nunca. Alguém como ela, que não precisava trabalhar, a menos que tivesse vontade.
Abby e esse babaca rico e imaginário poderiam viajar e ter babás. Crianças superdotadas. Festas na merda
de Southampton. Até que ele viu a propriedade, a riqueza de Abby tinha sido como um guarda-chuva
aberto que ele estava carregando, mas entrar nesta casa o fechou em sua cabeça. Ele não conseguia nem
ver para onde estava indo agora, era muito em seu rosto. O que diabos ela queria com ele? Um imbecil
pobre e ignorante do Queens que - em uma reviravolta deliciosa - também gostava de amarrá-la. Segurá-
la. Fazê-la implorar. Coisas que ele sempre quis fazer com Abby. Antes do dia em que ela saiu para a
varanda de seu prédio, ele esteve com garotas e nunca sentiu o desejo por mais do que sexo forte e rápido.
Não houve necessidade de controle - não como o tipo que Abby o fazia desejar. A bondade nela, a
confiança total quando ela ergueu os olhos para ele, despertou algo poderoso e continuou a crescer e se
fortalecer. Ele queria essa confiança em todos os lugares. Na cama e fora dela. Sempre focado nele. O
surpreendeu inacreditavelmente que agora ela parecia gostar do que eles faziam, mas ela poderia parar de
gostar um dia. Perceber que ela merece ser valorizada. Não maltratada ou colocada de joelhos para
encontrar a dor. Russell se afastou da pia com um som de desgosto. Uma coisa era certa. Eles precisavam
conversar. Ele precisava encontrar uma maneira de garantir a Abby que ele era o fodido nessa situação.
Ela não. Ela nunca. Sim . . . ela precisava saber disso agora. Ele respirou fundo para se preparar, apenas
no caso de encontrá-la ainda sentada no chão. Mas quando ele abriu a porta, o quarto estava vazio.

— Porra.

Uma parte de Russell da qual ele não se orgulhava se acalmou um pouco quando viu o biquíni dourado
rasgado na lata de lixo, mas ainda existia a urgência de colocar os olhos em Abby. Fazê-la olhar nos olhos
dele quando ele se desculpar por ir embora sem dizer uma palavra. Depois da confiança que ela deu a ele,
seu comportamento era um dez no medidor de merda. Em breve. Ela vai entender logo. Russell atravessou
o corredor e vestiu rapidamente uma velha bermuda e uma camiseta dos Yankes, bufando com sua escolha
de traje para os Hamptons. Ele não ganharia nenhum concurso de moda hoje, graças a Deus. Depois de
parar várias vezes no caminho para baixo da escada para olhar as fotos de Abby crescendo, Russell
finalmente saiu para o pátio dos fundos, onde Louis já estava assando cachorros-quentes. Seu olhar
procurou Abby, onde ela relaxava ao lado da piscina com Honey e Roxy, ele observou cada detalhe sobre
ela fazendo uma verificação completa da cabeça aos pés. Seu cabelo estava mais despenteado do que o
normal, seus lábios ligeiramente inchados.

Linda.

Doeu quando ela não olhou para cima, o ignorou, mas ele mais do que mereceu aquele tratamento.

— Você está com fome? — Louis perguntou, parecendo completamente em casa em um par de Ray-Bans
e algumas sapatilhas. — Que tal uma salsicha bem passada?

— O quê? — Russell ouviu seu tom defensivo e retrocedeu em sua atitude. Algo sobre conversa de
salsicha grelhada logo após um boquete não agradava a um homem. — Uh. Sim . . . bem passado.

Ben conseguiu desviar sua atenção de Honey vestida com maiô.

— Encontrou alguma armadilha em torno da propriedade?

— Tenho certeza de que não fui eu quem caiu em uma armadilha, mano.

— Culpado pela acusação —, disse Ben, e voltou a encarar a namorada.


Sentindo a antena do advogado perceptivo de Louis apontada em sua direção, Russell conseguiu não
devorar com os olhos Abby em um maiô preto sexy. Modesto pelos padrões da maioria das pessoas, mas
não pelos dele. Suas mãos coçaram com a necessidade de envolvê-la em uma toalha de praia e carregá-la
de volta para cima, mas ele se forçou a relaxar o máximo possível. Seus amigos não eram capazes de olhar
para qualquer lugar além de suas namoradas, então eles estavam em terreno neutro. Agora, se o supergrupo
decidir ir á praia amanhã como destino, ele terá uma batalha nova e brilhante nas mãos, não é?

— Ei, uh. Russell—

— Eu só quero antecipar tudo o que você vai dizer com isso, — Russell disse a Louis. — Você parece um
anúncio da Abercrombie & Fitch. De uma forma muito real.

Louis gesticulou com sua espatula.

— Você está sendo defensivo. Isso significa que você fez algo estúpido. Diga-me o que é enquanto
estamos sozinhos.

— Eu também estou aqui, — Ben entrou na conversa

— Isso é discutível. — Louis deu as costas para as meninas e baixou a voz. — Como seu advogado, farei
o meu melhor para aconselhá-lo.

— E protejer sua própria bunda —, acrescentou Russell. — De qualquer forma, você me deu um
reembolso, caso tenha esquecido.

— Foi um reembolso simbólico. Posso alegar negação plausível se houver necessidade, mas ainda estamos
protegidos pelo código dos irmãos. — Louis deu a ele um olhar significativo. — Chegou a hora de dar
um. . . empurrão?
— Não sei mais do que estamos falando.

— Eu também. — Ben deu um suspiro em direção ao céu. — Basta nos dizer por que Abby veio aqui
parecendo que alguém atropelou seu cachorro.

— Ela parecia? — Russell ofegou a pergunta, sentindo-se como se tivesse levado um soco no estômago
por um gigante. — Ah, meu Deus, este fim de semana foi uma má ideia. Eu só precisava esperar até
quarta-feira. Menos de uma maldita semana.

Seus amigos trocaram um olhar perplexo. — O que?

— Não importa —, murmurou Russell.

Eles não entenderiam. Ambos têm dinheiro. Louis abraçou seu papel como herdeiro aparente da fortuna
dos McNally. Ben pode ter evitado seu status, mas sua conta bancária estava lá o tempo todo para recorrer.
Russell Hart não tinha nada. Nenhum acolchoamento para amortecê-lo. Não pela primeira vez, Russell
questionou seu papel no grupo. Ele era o mais velho, o menos bem-sucedido, o que não tinha um caminho
de vida definido. Merda, aqui estava ele, a horas de tudo o que sabia, certificando-se de que ninguém
olhasse de lado para Abby. Uma garota que ele não devia desejar. O que diabos havia de errado com ele?

— E aí cara. — Louis entregou-lhe um cachorro-quente em um prato de plástico. — Eu prefiro que você


fique na defensiva do que quieto.

Ben recostou-se na grade e cruzou os braços. — Russell, vou falar com a minha voz de professor. Você
está ouvindo?
Russell ergueu uma sobrancelha, recusando-se a admitir que o tom severo de Ben acabara de enviá-lo de
volta ao escritório do diretor do ensino fundamental guardado em sua memória.

— Louis e eu sempre reclamamos de seus conselhos muitas vezes bizarros, mas a verdade é que isso nos
ajudou no passado a perceber que estávamos sendo idiotas. Principalmente ouvindo sua sabedoria anterior
e fazendo o oposto.

— Obrigado —, Russell se espreguiçou. — Eu acho?

— Vá em frente, cara —, disse Louis, enquanto piscava para Roxy.

— Você conhece as sereias da mitologia grega? — Ben perguntou, tirando os óculos para poli-los com a
bainha de sua camiseta preta. — Elas enviavam marinheiros contra as rochas, atraindo-os com belas vozes
cantantes.

— Estou com você até agora —, falou Russell, perguntando-se para onde diabos essa aula estava indo.
Seus amigos sempre foram tão estranhos? — Mas se apresse, professor. Estou atrasado para a aula de
saúde.

— Esta é a lição que eles não ensinam na escola. — Ben recolocou os óculos. — As sereias estavam
tentando dizer algo aos marinheiros, e os idiotas não quiseram ouvir. Descubra o que é esse algo, Russell,
e não se choque contra as rochas.

Abby tomou um gole saudável de sua terceira margarita, esperando que esta pudesse ter algum efeito.
Talvez ela já estivesse entorpecida demais para a tequila fazer seu trabalho. A noite começou a avançar,
escurecendo o céu em longos graus. Ela se sentou em uma espreguiçadeira ao lado de Honey e Roxy,
ouvindo-as trocar histórias de terror das férias de verão, rindo quando parecia apropriado. Não estava
certo. Ela deveria estar se divertindo, absorvendo cada segundo com suas melhores amigas, apagando as
memórias negativas que persistiam na casa. Isso era impossível, pois, seu telefone celular continuava
vibrando onde ela havia o enfiado sob a coxa. Mitchell. Sua madrasta. Ela parou de verificar. Um fim de
semana. Ela só queria um fim de semana. Abby sentiu Russell observando-a firmemente do convés, onde
os caras estavam limpando depois de sua incursão no churrasco. Realmente, ele não tinha parado de
observá-la desde que desceu as escadas - e o desejo de mostrar o dedo para ele era tão intenso que
realmente a alarmou. Ela não faz gestos rudes. Não ignora ligações. Estava fazendo um grande esforço
apenas em se sentar ali e parecer normal. Cada vez que ela sentia a vibração contra sua coxa, uma raiz
retorcida de árvore crescia dentro de sua garganta, estendendo-se mais profundamente até atingir seu
estômago. Foi isso que seu pai passou? Esse estresse que roubou sua capacidade de funcionar? Ao
descobrir que eles encontraram seu pai encolhido em uma banheira, ela ficou horrorizada com a imagem.
Seu pai capaz e com visão de futuro excluindo as pessoas ao seu redor, incapaz de enfrentar o mundo
exterior. Agora? Sim, ela podia se ver escondida em uma banheira. Se o maldito telefone a deixasse em
paz. Se Russell parasse de olhar para ela. Além da carga de trabalho, ela podia sentir que se acumulava a
cada minuto, tentando discernir os pensamentos e intenções de Russell, analisando suas ações, estava
começando a parecer a palha que iria quebrar a nerd da matemática. Ela não se sentia ela mesma, e isso a
assustava. Tudo doía, seus músculos protestavam por estar tensos por tanto tempo. Pior de tudo, seu
coração tropeçava a cada batida, como se estivesse fazendo seu trabalho em um tanque vazio de gasolina.
Por muito tempo, ela teve sentimentos por Russell; ela simplesmente não sabia como defini-los. A maneira
horrível como ela sentia falta dele quando ele não estava por perto. A alegria e o alívio absolutos que
explodiram em seu peito quando o viu chegando. No andar de cima, tudo havia entrado em foco, apenas
para ficar embaçado novamente. Em todos os aspectos de sua vida, o sucesso não parecia possível. Para
cada trabalho que ela completava, ele se dividia em dois. Cada vez que ela jurava que ela e Russell estavam
na mesma página, ele virava. Bem, ela estava acabada. Abby se assustou quando Louis se sentou ao lado
dela na cadeira, jogando um braço fraternal em seus ombros. Foi só então que ela percebeu que Ben e
Russell se juntaram a eles também, ocupando as cadeiras ao redor. Há quanto tempo eles estão sentados
lá? Ela se recusou a olhar para Russell, mas podia sentir seu descontentamento envolvendo-a em duas
cadeiras de distância. Ou talvez fosse dirigido a Louis. Felizmente, sua capacidade de atenção havia
desaparecido junto com sua terceira Margarita. Que - louvado seja o Senhor - finalmente subiu à sua
cabeça.

— Ei, aí —, disse Louis, sacudindo-a um pouco. — Ainda não ouvimos sua história de merda de férias
de verão.
Ela sentiu uma onda de gratidão por Louis por incluí-la na conversa e redirecionar seus pensamentos de
Russell para onde deveriam estar. Amigos. Este fim de semana longe do trabalho. Fazendo novas
memórias.

— Hum. — Ela respirou fundo para se acalmar. — Passei meus verões aqui, então não acho que eles
podem ser classificados como de merda.

— Vamos. — Honey sorriu para ela. — Todo mundo tem algo. Beijos ruins, uma onda roubando seu
biquíni. Acampar do lado de fora da bilheteria para comprar os ingressos para Garth Brooks apenas para
descobrir que ele está jogando na próxima cidade. — Ela acariciou seu cabelo loiro. — Não que eu já
tenha feito aquele último.

História de férias de verão de merda. Talvez limpar as velhas memórias tornaria mais fácil para as novas
tomarem seu lugar.

— Num verão, meus pais me deixaram aqui com a babá e foram passar um mês na Itália. Isso conta?

Ninguém disse nada. Ela ouviu Russell xingar atrás dela e franziu a testa. Não era a reação que ela
esperava. Honestamente, a história dela não foi tão ruim quanto as outras, foi? Suas expressões diziam a
Abby que se sentiam mal por ela, e isso realmente não caiu bem. Não quando ela já se sentia mal o
suficiente para si mesma para afundar um petroleiro. Não quando ela queria desesperadamente seguir em
frente com essas memórias.

— Desculpe, Abby, — Louis murmurou. — Eu não deveria ter-

— Na verdade, — ela interrompeu, esforçando-se por um tom alegre, — foi muito divertido. A babá
trouxe sua filha e nós inventamos algumas danças. Eu ainda me lembro. — Alcançando o fundo de sua
coragem, Abby se levantou, movendo o braço de Louis. — Quer ver? Na verdade, tenho a música no meu
telefone.
Roxy gritou. Honey colocou dois dedos na boca e assobiou alto o suficiente para ecoar pela área da piscina.

— Inferno, sim, nós queremos ver isso. DJ, largue essa batida.

— Eu não posso acreditar que estou fazendo isso, — Abby murmurou, posicionando-se em um espaço
aberto que ficava de frente para seu círculo de amigos.

Novamente, ela sentiu Russell olhando, mas desviou sua atenção como um inseto. Seus nervos estavam
misteriosamente ausentes. Qualquer tipo de discurso ou apresentação em público - o que havia sido
comprovado durante um desastroso recital de piano na quarta série - normalmente a deixava com urticária.
Mas agora? Recapturar parte da intimidação que descobrira esta manhã no escritório parecia o único curso
de ação. Que Abby tinha começado a escapar, e ela precisava agarrar com as duas mãos, puxá-la de volta.
Ela encontrou a música em seu telefone, apertou play e jogou o telefone para Ben, que colocou o
dispositivo no alto-falante portátil e aumentou o volume, enviando "Everybody Dance Now" pelos alto-
falantes. Simplesmente ouvir qual música ela dançaria fez seus amigos terem um ataque de riso, mas o
riso não fez nada para diminuir sua coragem. Não, ela estava rindo também, quando invadiu o homem
correndo, acompanhando a batida. Quando a voz masculina começou a cantar, ela de alguma forma se
lembrou de cada palavra de sua infância, fechou os olhos e sincronizou os lábios com um entusiasmo
exagerado. Quando ela abriu os olhos novamente e viu como todos pareciam entretidos e felizes, a
satisfação levantou seu espírito. Então ela olhou para Russell, testemunhou seu sorriso quebrado, e aqueles
espíritos elevados despencaram sob a superfície da piscina. Ele parecia feliz… Mas a felicidade estava
causando-lhe dor. Isso acalmou sua raiva. Dane-se ele por confundi-la. Por enviar sinais confusos. Abby
parou de dançar, palavras subindo em sua garganta das quais ela certamente se arrependeria, mas não era
capaz de se conter.

O que você quer de mim? Você me destrói e fica triste quando eu recolho minhas peças?

Essas palavras morreram no início, quando a atenção de Russell a deixou e pousou em seu celular
iluminado, vibrando onde estava conectado ao alto-falante, uma chamada interrompendo a música.
Quando Russell se levantou e pegou o telefone de Abby, ela se lançou para pegá-lo, mas ele chegou lá
antes dela, desligando e atendendo antes que a música estridente pudesse começar a tocar novamente.

— Quem é Mitchell, e por que você tem quarenta e duas chamadas perdidas dele?

— Me dê o telefone, — Abby exigiu, não se importando com seu tom frio.

De modo nenhum. No entanto, havia uma contrapartida para sua angústia. Ela não tinha contado a Russell
sobre seu pai e a carga de trabalho subsequente, mas não tinha certeza do motivo da omissão. Agora,
enquanto esperava teimosamente por uma resposta, com telefone na mão, Abby sabia. Ela queria que
Russell a visse como mais do que uma abelha operária obediente. Era pedir muito? Para ser desejável em
vez de confiável? Essa chance se foi agora. Talvez nunca tivesse existido de verdade. Não do jeito que ela
queria. Russell entrou em seu espaço.

— Me responda.

— Sti cazza. A fanabla!

— Uh-oh. . . ela está soltando o italiano — sussurrou Roxy.

Aproveitando a onda de desafio e irritação, Abby arrancou o telefone celular da mão de Russell e o jogou
- ainda tocando - na piscina. A redução da pressão empurrando para baixo em seu peito foi tão extrema
que ela se curvou na cintura, plantando as mãos nos joelhos.

— Oh meu Deus. — O oxigênio vazou de seus pulmões. — Isso foi muito bom.
A voz de Abby quebrou na última palavra. Ela sentiu suas amigas se aproximarem dela, apoiando as mãos
em suas costas.

— Ei, vamos subir —, disse Roxy. — Vou mandar Louis buscar um pouco de sorvete.

— Alguém precisa me dizer o que está acontecendo aqui. — A voz de Russell veio de trás de Abby, mais
forte do que ela já tinha ouvido. — Agora, por favor.

Ela se endireitou e girou nos calcanhares, começando a dizer a Russell que nenhuma explicação era devida
a ele, mas sua expressão a deteve. Depois do que ele continuou a fazê-la passar, ela não deveria se importar
que ele parecesse assombrado. Não deveria se importar que seu rosto tenha ficado branco como um
fantasma. Quando ela iria parar?

— EU-

— Abby.

A nova voz masculina interrompeu todos os seis. O pulso de Abby ficou fraco por alguns segundos, depois
ficou irregular junto com sua respiração. Mitchell, o advogado da firma, estava no convés, olhando para
eles. Ela piscou, esperando que ele desaparecesse, mas lá permaneceu, vestido como se tivesse acabado
de sair de uma sala de reuniões.

— O que você está fazendo aqui? — Roxy perguntou, seu reconhecimento óbvio do advogado atraindo
olhares questionadores dos rapazes.

— Tenho ligado sem parar para Abby e ela não atendia. Eu não tive escolha a não ser dirigir até aqui.
Mitchell semicerrou os olhos para a piscina, que ainda estava ondulando por causa do celular jogado.

— Acho que sei por que minhas ligações foram ignoradas.

A visão de Abby foi cortada quando Russell tirou a camisa e a puxou sobre sua cabeça. O material gasto
caiu até os joelhos. Até então, ela havia se esquecido completamente da falta de roupas, exceto o maiô,
mas aparentemente Russell não tinha. O braço dele envolveu a cintura dela, puxando-a contra seu lado,
antes de se dirigir a Mitchell.

— Quem diabos é você?

Mitchell tossiu em seu punho. — Eu sou Mitchell. Abby e eu trabalhamos juntos. Há um assunto de
negócios que não podia esperar até segunda-feira. — Ele acenou com a cabeça em direção à casa. — Não
vai demorar muito.

Russell deu uma risada sem humor. — Eu não me importo do que se trata. Ela não vai a lugar algum. —
Ele balançou sua cabeça. — O pai dela não estava disponível para isso?

O queixo do advogado subiu um pouco. — Não estou em posição de discutir isso com vocês. Embora eu
esteja surpreso que Abby não tenha. Você parece ser . . .

Quando Mitchell deixou a pergunta balançar, Russell falou, o desconforto transformando suas feições.

— Eu sou seu . . .

O silêncio caiu. Até Abby começar a rir. O som histérico borbulhou de sua boca, impossível de controlar.
Não havia nada de engraçado nisso. Não o fato de que o trabalho a acompanhou até os Hamptons. Ou
Russell - alguém tão importante em sua vida - nem mesmo sabendo como chamá-la. Mas a alternativa era
soluçar e soluçar e nunca parar. Então ela riu.

— Estarei lá dentro quando você estiver pronta, — Mitchell disse antes de escapar do constrangimento
que ela criou ao voltar para dentro de casa.

— Devemos dar a vocês dois um minuto? — Ben perguntou, claramente ciente de que seria necessária
uma escavadeira para mover Russell.

Seu braço estava em volta dela com tanta força, respirar era um desafio, especialmente depois de sua crise
de risada.

— Sim —, foi tudo que Russell disse, sua respiração levantando o cabelo de sua testa.

— Dane-se isso. — Honey cruzou os braços. — Que tal perguntar o que Abby quer?

— Está tudo bem, — Abby forçou os lábios dormentes. — Mesmo. Entre e se sinta confortavél. Estarei
lá em breve, assinarei qualquer papelada que Mitchell precise que eu assine e voltaremos a relaxar.

Roxy parecia inclinada a discutir mais, mas não o fez. — Você tem instintos assassinos, colega. Você está
escondendo de nós.

Abby deu um sorriso que se solidificou quando ouviu Honey sussurrando no caminho de volta para a casa:
— Você sabia que Russell tinha pelos no peito?

Ben estreitou os olhos para a namorada quando ela passou, mas a loira apenas ergueu as mãos.
— Parece algo que deveríamos saber.

Então ela e Russell ficaram sozinhos, e o sorriso em seu rosto cintilou antes de desmoronar. Era difícil
reunir otimismo quando uma discussão com um trabalhador da construção civil muito irritado estava no
horizonte. E não perdeu tempo para começar. Ainda bem que ela nunca se sentiu tão preparada.
Capítulo 13

Russell caminhou até a beira da piscina, sentindo-se ferido, enjaulado. Como se tivesse acordado de um
coma de dois anos e tudo o que conhecia não fosse mais verdadeiro. Algo estava errado com Abby - sua
Abby que tinha perdido. Isso é tudo que ele sabia. Lampejos de memórias das últimas semanas o
bombardearam, amaldiçoando-o com uma visão retrospectiva perfeita. Agora ele não conseguia olhar para
ela sem ver o cansaço em seus lindos traços. Onde diabos sua cabeça estava? Ele falhou com ela. Mesmo
sem saber a história completa, isso era óbvio. Não só ele falhou com ela, ele poderia ter tornado tudo o
que ela estava passando pior. Todo esse tempo ele havia tentado evitar que seu pior pesadelo se tornasse
realidade quando já estava acontecendo bem debaixo de seu nariz. O brilho que ela costumava ter nos
olhos ao olhar para ele se foi. Desaparecido, como aconteceu com sua mãe ao longo do tempo. A história
se repetiu. Talvez nunca houvesse realmente uma maneira de evitá-la. Droga. Droga. Uma britadeira
perfurou seu crânio e ele massageou o local para que pudesse pensar com clareza, mas não ajudou, então
ele o golpeou com o punho fechado. Uma vez duas vezes.

— Russell, pare.

Deus, ele era um bastardo. Abby parecia prestes a cair, e sua mente continuava se voltando para o
advogado que dirigiu desde Manhattan para vê-la. Um homem fez isso apenas por uma papelada de
merda? Alguém poderia passar um tempo com Abby e não a cobiçar? Não. É com ele que ele sempre a
imaginou terminando, não era? Algum idiota usando terno e gravata? A imagem dela dançando e rindo
surgiu em sua mente, fazendo sua garganta fechar. Jesus. Sua garota inacreditável pode acabar com outra
pessoa. Todo o ser de Russell revoltou-se com a possibilidade.

— Me diga que ele é apenas um colega de trabalho.


Ele apoiou a cabeça com as duas mãos, certo de que estava prestes a explodir em pedaços. Sua pergunta
era irracional e, em algum lugar dentro do caos, ele sabia disso. Esta era Abby. Ela não namoraria outra
pessoa e o deixaria tocá-la ao mesmo tempo. Mas mesmo a ideia de um advogado convidando-a para
desabafar o fez suar frio.

— Me diga. Por favor, anjo.

— Essa é a sua principal preocupação?

— É o que eu preciso esclarecer para que eu possa pensar direito. — Ele baixou as mãos e deu alguns
passos em sua direção. — Acredite em mim, há mais.

Ela olhou para a praia por um minuto, sessenta segundos que se estenderam até o mais longo de sua vida,
como se debatendo se ele merecia ou não saber a verdade. E ele ganhou cada segundo de agonia que veio
antes de sua resposta. Eles não estavam juntos. Seu relacionamento era obscuro e indefinido. Ele se
certificou disso. Finalmente, ela respondeu.

— Ele é apenas um colega de trabalho, Russell. Eu nem gosto dele. — Ela puxou a barra da camiseta dos
Yankees com a qual ele a cobria. — Ele é apenas um porta-voz da minha madrasta, dando más notícias
para que ela não tenha que se sentir culpada.

— OK. — Ele sussurrou a palavra, alívio derramando sobre ele como uma tempestade épica.

Ele era egoísta por se sentir aliviado quando os problemas dela ainda existiam, mas vê-la com outro
homem o teria quebrado, tornando-o inútil para ajudá-la. Pelo menos agora ele podia respirar.

— Conte-me o resto.
Ela se deixou cair em uma das espreguiçadeiras, envolvendo dois braços em volta das pernas levantadas.

— Meu pai está em tratamento psiquiátrico. O estresse o atingiu há cerca de um mês, e ele não pode dirigir
a empresa agora. — Ela encolheu os ombros com cansaço. — Estou apenas no lugar dele até que ele se
recupere.

Russell demorou um pouco para processar as implicações disso. — Você está administrando um fundo de
investimentos multimilionário?

— Não, estou administrando um fundo de investimento multimilionário.

— Você está brincando?

— Não. — Suas sobrancelhas se juntaram. — Não, eu não estou brincando. Meu pai não está bem. Eu
realmente não sei até que ponto, porque ele nem mesmo me vê. Estou a um toque de tecla do computador
de perder bilhões de dólares a cada segundo do dia. Então não. Não estou brincando.

— Por que você não me contou?

Sua voz estava rouca de segurar um grito.Um grito geral de que porra isso ecoaria por um ano. Ele queria
nivelar a aversão a si mesmo por subestimá-la, por ter pensado que ela estava trabalhando em algum
trabalho confortável de escritório que fornecia almoço e pagava caro a seus funcionários por ficarem
sentados no ar-condicionado o dia todo. Ele sempre soube que Abby tinha uma mente brilhante, mas
presumiu que trabalhar era opcional para ela. Parecia ser tudo menos isso.

— Você me conta tudo. O que foi diferente dessa vez? Eu teria encontrado uma maneira de ajudar.
Abby ficou de pé com uma risada suave. — Você acabou de responder sua própria pergunta. Você não
pode ajudar desta vez. E isso o teria deixado louco.

— Não se preocupe, estou recuperando o tempo perdido no departamento de loucuras.

Ela olhou para a casa. — Olha o que aconteceu quando eu contei a Roxy e Honey. Agora meu problema
é delas. Agora nenhum de nós pode aproveitar o fim de semana. Eu estava bem com isso sendo apenas
meu problema.

— É claro, elas estão preocupadas, Abby. — Ele fechou a distância entre eles e agarrou seus ombros,
sacudindo-a um pouco. — Você é digna da preocupação de todos. Se a mesma coisa que aconteceu com
seu pai acontecesse com você, eu. . .

— Você o quê? Ficaria bravo comigo? Pisaria e gritaria com todos? Você acha que isso ajudaria?

Ela se desvencilhou de seu aperto, o temperamento fazendo seus olhos brilharem na escuridão parcial.

—E eu sou digna? Digna de quê? Ficando de joelhos para você… Mas não sou para ser sua namorada,
certo? — Suas palavras cravaram em seu peito como uma rodada de balas. — Manache! Suas palavras
não significam nada para mim agora.

Russell não tinha ideia de quanto tempo ele ficou ali, olhando para o local onde Abby estava, seu contorno
ainda visível. Uma serra elétrica foi passada em seu meio, fazendo com que seus órgãos vitais caíssem no
chão. Suas pernas não queriam segurá-lo, mas o colapso exigiria movimento, e isso doía muito para tentar.
Abby pensou que ele a estava usando. Essa era a verdade doentia que sua desonestidade havia gerado.
Essa garota que ele sonhava fazer com sua esposa pensava que ele queria algo temporário - e por que não?
‘Não estou procurando uma namorada’. Ele não havia dito essas palavras, possivelmente até mais de uma
vez? Ela ficou por perto de qualquer maneira, e a única razão que ele poderia inventar era… Ela confiou
nele para fazer a coisa certa por ela. E de uma maneira fodidamente fantástica, ele cumpriu a profecia
originada por seu pai e fez o oposto. Ele poderia dizer a ela a verdade? Que ele só queria ter certeza,
certeza de que poderia prover para ela antes de dar aquele passo importante que estava morrendo de
vontade de dar. Perguntando a ela, implorando a ela, para ser sua para sempre. Agora, para sempre com
Abby parecia ainda mais difícil do que esta manhã. Agora ele estava trabalhando contra mais do que seu
status de surfista de sofá. Ele teve que superar a ferida que ele infligiu, deixando-a se sentir usada. Russell
praguejou, a britadeira em sua cabeça girando mais uma vez, pronta para terminar o trabalho. Agora, ele
só podia seguir seus instintos. Eles estavam dizendo a ele para entrar e fazer algo para ajudá-la. E sim,
talvez isso o tornasse um bastardo, mas Abby perto de outro homem não caia bem. Nunca. Mas quando
ele entrou, encontrou Mitchell sentado sozinho à mesa da cozinha, colocando os documentos de volta em
uma pasta.

— Onde está Abby?

Quando o cara olhou para ele, Russell se lembrou de sua falta de camisa. Lide com isso, cara.

— Ela saiu pela porta da frente. Disse que queria um pouco de ar fresco. — O sorriso do advogado era
tenso. — Talvez você devesse deixá-la e respeitar sua vontade.

— Talvez você não devesse falar comigo sobre Abby. Nunca. Como soa?

Mitchell riu e parecia falso como o diabo. — Sra. Sullivan ficará interessada em saber quem Abby decidiu
trazer para sua casa. — Ele fechou a pasta. — Claro, os outros parecem perfeitamente bem.

Russell se recusou a mostrar um pouco de constrangimento. Mas doeu. Talvez esse cara não fosse o drone
corporativo que parecia ser. Havia uma nitidez em Mitchell que não tinha sido aparente quando ele falou
com Abby lá fora. Mas ele pensaria nisso mais tarde. Agora, ele queria ir encontrar Abby. Ele não gostou
da ideia dela andando sozinha de noite. Ela ainda estava vestindo apenas um maldito maiô e a camiseta
dele? Russell passou pelo advogado e saiu da cozinha. Ele podia ouvir todos lá em cima, falando em voz
baixa, mas não ouviu Abby. A porta da frente estava entreaberta, o que fez pensar que Mitchell estava
dizendo a verdade sobre para onde ela tinha ido. A noite estava quente, mas ele só registrou a temperatura
vagamente, totalmente focado em descobrir para onde Abby tinha ido. Quando ele a alcançasse, ele se
desculparia até que sua voz sumisse. Ele seria o mais honesto possível, tirando apenas a parte da reunião.
Se ela soubesse que tudo dependia de uma reunião no banco, diria que ele estava sendo ridículo. Essa foi
Abby. Mas ela não tinha visto como o futuro poderia ser sem o benefício da segurança financeira. Ele
tinha. Ele se lembrava de cada segundo, e ela não estaria sujeita a isso. Uma curta escada à sua esquerda
conduzia à praia. Como não havia sinal de Abby no caminho, ele aceitou, recusando-se a ceder à sensação
de formigamento na nuca. Acalme-se. As ondas chegaram à praia, as ondas brancas se espalhando até
embeber na areia. A cada 5 metros havia uma cabana listrada de verde e branco para os banhistas fugirem
do sol. O que aconteceu com os bons guarda-chuvas à moda antiga? Ele só tinha estado em Rockaway
Beach, no Queens, mas apreciaria a vasta diferença entre os dois locais amanhã. Agora mesmo, ele -
Russell parou de repente, um alarme soando em sua cabeça. O frio o atingiu. Sua camiseta havia sido
jogada na areia, bem na beira da água. Movendo-se no piloto automático, ele se abaixou para recuperá-la
e notou as pegadas indo direto para o oceano. Abby estava sentada no topo de uma rocha plana, os joelhos
puxados contra o peito, olhando para a água. A papelada que Mitchell trouxera era bastante direta,
autorizando a movimentação de fundos e transferências para o exterior. Um novo contrato de locação. E
embaralhado entre todos eles, um documento de procuração, dando-lhe permissão para tomar decisões em
nome de seu pai. Ela assinou algo semelhante quando seu pai foi incapacitado pela primeira vez, para
cobri-los se soubessem que ele não estava comandando ativamente a empresa, mas não tinha sido tão
extenso. Mitchell continuou a dizer que a condição do pai era estável, mas ela não sabia em que acreditar.
Uma coisa era certa. Ela não iria mais sentar e esperar que seu pai pedisse sua presença. Assim que voltasse
para Nova York, ela veria a condição dele por si mesma. Outro detalhe interessante prendeu sua atenção
enquanto revisava a papelada. Ela pessoalmente possuía uma participação de 2% na empresa. Algo que
ela não tinha percebido até esta noite e nem tinha certeza de que deveria saber. Por que ela nunca foi
informada? A descoberta gerou uma ideia. Uma ideia que exigia mais reflexão. Uma bola de neve. Os
pensamentos acelerados de Abby foram interrompidos quando Russell apareceu na praia. Sua reação
inicial ao vê-lo, como sempre, foi uma mistura de calor e contentamento. Mas agora estava temperado
com decepção. Tristeza. E, infelizmente, alguma consciência sexual significativa que provavelmente
nunca desapareceria, agora que ela sabia o que seus corpos podiam fazer juntos. Ela viu quando ele pegou
a camiseta que ela tinha tirado no que tinha sido um movimento reconhecidamente infantil. Só porque ela
estava com raiva dele e não sabia em qual nível eles estavam, não significava que ela deveria abandonar
suas roupas em locais aleatórios. Ela odiava se sentir culpada por ter se despedido na piscina. Realmente,
ela deveria reconhecer a declaração que ela fez porque ela quis dizer isso. Agora, porém, ela não podia
deixar de desejar a proximidade de antes. Antes eles eram íntimos. Quando ela podia deitar a cabeça em
seu ombro e contar-lhe tudo em sua mente. As entranhas de Abby sacudiram quando Russell gritou seu
nome. Ele a tinha visto? Ele nem estava olhando na direção dela. Quando ele entrou de cabeça na água,
sua confusão afundou na boca aberta de seu estômago. Sua voz soou estrangulada quando ele chamou seu
nome repetidamente, mergulhando sob a superfície. Procurando por ela? Sim. Ele pensou que ela tinha
entrado na água. O mais rápido possível, Abby levantou-se e saltou da rocha para a areia. Seu tornozelo
ainda sensível protestou, mas ela não prestou atenção, correndo em direção à água.

— Russell.

O som das ondas quebrando parcialmente engoliu sua voz, mas ele a teria ouvido, se ele não tivesse
mergulhado abaixo da superfície mais uma vez. Abby tinha acabado de chegar à costa e mergulhado no
oceano quando Russell se levantou com uma maldição estrangulada, a água escorrendo por suas costas.
Ele girou em um círculo, obviamente ainda procurando as ondas escuras, as mãos movendo-se
furiosamente na água como se ele pudesse retirá-la e encontrá-la.

— Maldição! — Ele gritou. — Anjo, por favor.

— Russell, — disse ela novamente, sem fôlego.

Ele a ouviu desta vez - graças a Deus - seu corpo inteiro enrijeceu, antes de virar lentamente para encará-
la. A turbulência em seu rosto fez Abby tropeçar em suas tentativas desajeitadas de alcançá-lo, mas ela
empurrou para frente e se jogou nele sem pensar. Seu grande corpo era um bloco de gelo imóvel, então
ela agarrou seus ombros e subiu, envolvendo as pernas em volta de sua cintura e segurando firme.

— Eu sinto muito. Eu estava na praia. Eu sinto muito.

Ainda assim, ele não fez nenhuma tentativa de contê-la. Tremores começaram a se mover por ele,
sacudindo os dois onde estavam na água agitada.

Abby enterrou o rosto em seu pescoço. — Diga algo. Você está me assustando.
— Estou assustando você. — As palavras eram sem tom, mas ela podia sentir seu pulso trovejando contra
seus lábios. — Você estava debaixo d'água.

— Não, eu não estava.

O corpo inteiro de Russell soltou uma respiração trêmula, então dois braços poderosos a esmagaram contra
seu peito. Não importava que ela não pudesse rspirar; pelo menos ele voltaria para ela de onde quer que
ele tivesse ido.

— Continue fazendo isso comigo. — Seu sussurro era furioso em seu cabelo. — Continue quase se
levando embora. O que eu teria feito, Abby? O que?

Outro arrepio passou por Russell, e isso enviou a compreensão através de Abby. Uma compreensão de
que este homem cometeu erros, talvez cometeria ainda mais, mas seus sentimentos por ela eram reais. Tão
real quanto os dela por ele. Não havia espaço para uma barreira entre eles naquele momento, e ela
precisava aproveitar. Descubra por que Russell entraria em um oceano por ela, mas não queria um
relacionamento sério. Pelo amor de Deus, de onde ela vem, seu relacionamento era mais sério do que a
maioria dos casamentos que ela encontrou entre seus pais e seus amigos.

— Você não chama ninguém de anjo. — Ela se inclinou para trás para encontrar seu olhar. — Eu pensei
desde o nosso primeiro encontro. Nenhuma garçonete, nem minhas colegas de quarto. Ninguém. Você só
me chama dessa forma.

Ela o pegou em um momento de fraqueza, quando ele ainda estava voltando da tragédia imaginária. Era
evidente na forma como seus olhos se fecharam, sua cabeça inclinada para frente para descansar contra a
dela.

— Sim. Eu sei.
— Por que você me diria o contrário? — Ela engoliu o que parecia ser um punhado de pedras. — Você
quer me afastar?

— Você acha que há uma resposta fácil para isso? — A pergunta explodiu fora dele com a força de um
vendaval, aquecendo seu rosto. — Sim e não. Aí está a sua resposta.

— Por que sim?

Russell não falou por um longo tempo, apenas continuando a abraçá-la com força, como se ela pudesse
tentar escapar. Eles respiraram juntos, os corpos se movendo como um só de uma forma que parecia
natural. Como deveria ser. Abby não percebeu que tinha fechado os olhos até Russell finalmente falar,
forçando-os a abrir.

— Olhe para mim, anjo.

Ela se inclinou para trás e fez o que ele pediu, engolindo em seco diante de tanta intensidade.

— Olhe como sou fodido. Você não pode nem mesmo dar um passeio sem que eu esteja convencido de
que o mundo vai engoli-la. Não é normal.

Abby tentou intervir - com o quê, ela não tinha certeza - mas ele a interrompeu.

— Há uma razão. — Seus músculos ficaram tensos contra ela. — Não sou bom o suficiente. Nada desculpa
a maneira como eu ajo quando se trata de você. Lembre-se disso, ok? — Ele prendeu a respiração. — Eu
perdi alguém. Minha mãe. Ela. . . morreu. Foi há muito tempo, mas me lembro como era. Poderia ter sido
evitado se apenas tivéssemos encontrado uma maneira de fazê-la se sentir melhor. E não está certo, Abby,
não está certo, mas tenho que ter certeza de que não irei me sintir assim nunca mais. Você é a única que
poderia fazer isso. A única.
O gosto de sal invadiu a boca de Abby, uma mistura de lágrimas e do oceano circundante. A dor de
Russell atingiu suas costelas e atingiu profundamente. Ela não era a única guardando um segredo, e isso
a matou. Matou-a sabendo que ele o estava abrigando sozinho. Ela queria perguntar como sua mãe morreu,
mas a dor que irradiava dele já era tão profunda que ela não conseguia encontrar as palavras. Em vez
disso, ela se agarrou a ele como se sua vida dependesse disso, colocando beijos em sua clavícula e pescoço,
sussurrando um conforto que só fazia sentido para eles.

— Tem mais, Abby. Ela - minha mãe - ainda estaria por perto se. . . se talvez ela tivesse um herói. Eu não
sei . . .

Russell parou e Abby esperou, mas ele não concluiu seu pensamento. Ela não queria que ele fizesse isso.
Ela praticamente podia sentir as feridas abertas em sua carne, onde pressionava contra ela. Ele se abriu o
suficiente por uma noite. A necessidade de cura-lo e distrai-lo crescendo dentro dela era tão poderosa que
era quase visível no ar que os rodeava. Ela tinha a habilidade de fazê-lo esquecer sua dor esta noite. Para
sempre, se ele deixasse. Cada segredo que não tinha sido compartilhado, cada toque trocado, levando a
este momento? O calor fez cócegas em sua barriga, pensando em como Russell estivera no quarto de
hóspedes, como estivera no controle. . . e o tempo todo, apenas uma coisa fora de controle. Almejando a
experiência mais uma vez, a necessidade de aliviar as memórias que tinha desenterrado, Abby não sabia
como ela arrastou a língua para cima ao lado do pescoço de Russell, respirando contra seu ouvido.

— Agora me diga por que você não quer me afastar.


Capítulo 14

Russell deslizou uma mão pelas costas de Abby, sobre seu maiô liso. Ele queria tirar o náilon apertado e
ver sua garota nua ao luar, sentir sua bunda nua em seu aperto, mas ele forçou a mão em um punho na
base de sua espinha. E respirou. O que foi um erro, porque ela cheirava a uvas brancas com um toque de
tequila. Desobediente e simpática, enrolada em seu corpo, pronta para dar tudo a ele. Ela estava dando a
ele uma chance, essa doce e linda garota que ele amava. Ele realmente não deveria aceitar. Deve esclarecer
tudo. Sua insegurança em relação ao dinheiro dela, suas tentativas fracassadas de fechar aquela lacuna
financeira, seu plano de tentar uma última vez. A realidade de sua vida familiar. . . como aquela família
se separou. Inferno, ele já havia cortado a represa, dizendo a ela algo que ele não tinha contado a seus
amigos. Foi bom. Certo. Ele se sentiria melhor por falar tudo?

— Russell —, ela murmurou em sua boca, tirando sua concentração. — Diga-me o motivo pelo qual você
não pode me afastar.

Seu coração batia cada vez mais rápido, combinando com sua respiração. Jesus Cristo. Ele sabia o que
estava por vir, sabia que ela se ofereceria a ele esta noite. Normalmente, ele se sentia indigno de Abby,
mas agora? Agora, ela parecia uma sereia exótica, brilhando sob o céu noturno, o oceano como pano de
fundo. Ela não era algo que um homem como ele pudesse experimentar. Uma virgem dolorosamente sexy,
tentando-o a transar com ela na praia de algum homem rico. Era como um cartão postal pornográfico. Ou
seria, se ele não estivesse preparado para morrer por essa garota com a sugestão de uma única palavra de
sua boca.

— Você sabe porque eu não posso ficar longe, anjo. Mexa seus quadris para cima e você sentirá isso.

Com os olhos faiscando de excitação, Abby flexionou as coxas ao redor de sua cintura, levantou e rolou
seu corpo no dele, ofegando com a espessura pronunciada dentro de seu short molhado. Droooga. Quando
ela começou a se mover assim? Ela sabia exatamente onde ele precisava sentir sua boceta, sabia dar um
pequeno movimento que invocava pensamentos de seus próprios quadris fazendo o mesmo. Só ela estaria
embaixo dele com as coxas abertas. Cristo, ele precisava ir devagar. Precisava de uma tentativa para
merecer isso. Merecer ela.

— Ei. Deixe-me ver seus olhos, Abby.

Seu olhar avelã estava nebuloso quando se elevou e o encarou. Demorou um pouco antes que ele pudesse
falar normalmente.

— Eu quero seu corpo. Quero muito isso. Mas não posso ficar longe de você, Abby, porque você é você.
Entende?

— Sim, — Abby respirou.

Ela foi para sua boca com uma ansiedade inesperada, o impacto de seu sabor o mandou de volta um passo
na água. Seu gemido quando suas línguas se encontraram teve o efeito de uma mão suave envolvendo seu
pau. A voz familiar que rosnava, que sempre que ele tocava Abby aumentava de volume, competindo com
o oceano. Suas coxas começaram a se mover inquietamente em cada lado dele, subindo em sua cintura e
esfregando para baixo, o tempo todo choramingando e gemendo em quanto seu ponto doce ia de encontro
com seu pau. Suas bocas competiam pelo melhor sabor um do outro, lábios ávidos e desesperados. Mais
perto. Precisa dela o mais perto possível. Com um braço enfiado sob sua bunda, Russell usou a mão oposta
para puxar para baixo as alças de seu maiô. Assim que ele colocou o material elástico em volta de sua
cintura, ele beijou seu pescoço e chupou cada um dos mamilos por vez.

— Eu não posso acreditar que você vai me deixar entrar neste corpo. Tão quente . . . tão suave. Eu não
pertenço a este lugar, mas é meu mesmo assim. Não é?

As unhas dela cravaram em seus ombros enquanto ela se inclinava para trás para dar a ele uma visão
perfeita de seus seios.
— Eu não quero ninguém além de você. De quantas maneiras posso dizer isso?

Maldição. Se ele não a tirasse da água e a colocasse em algum lugar privado, ele a foderia em pé. O que
parecia incrível para seu cérebro faminto por Abby, mas de jeito nenhum ele iria causar a ela mais dor do
que o necessário. Mantendo um controle apertado sobre ela, Russell começou a andar em direção à costa,
parando a cada poucos metros para colocar a boca em seus mamilos ou dar um beijo, arrancando um
gemido dela. No escuro, pressionado tão perto da garota que ele desejava, segredos contidos em sua
cabeça por tanto tempo levaram à saída.

— O que eu disse . . . sobre como eu me preocupo com você. Há uma grande parte de mim que te adora,
Abby. — Suas mãos encontraram sua bunda e a massagearam. — Eu amo cobrir seu corpo com minhas
roupas. Ser aquele que leva você para casa em segurança. Eu amo isso. É meu trabalho.

Ela roçou os lábios em sua orelha, fazendo-o estremecer. — Eu estava com raiva de você antes por rasgar
meu biquini. . . mas eu também não estava brava.

— O que você quer dizer?

Eles chegaram à costa quando ela respondeu, os passos de Russell comendo a areia em seu caminho para
a cabana mais próxima.

— Eu ainda estou descobrindo. Mas . . . eu sei que quando você me amarrou, percebi que era o que eu
sempre quis. — Ela encostou a testa na dele. — Isso faz sentido?
Seu coração se apertou e depois disparou mais alto. Mais rápido. Alguma parte dele sempre soube que ela
foi feita para ele. Esses impulsos desconhecidos que ela despertou dentro dele correspondiam aos dela.
Eles não poderiam estar errados se ela também precisasse deles, certo?

— Sim . . . acho que faz sentido, anjo. Espero como o inferno que sim.

Eles chegaram à cabana, e Russell passou pela lona suspensa que mantinha o interior privado. As cadeiras
de praia lado a lado, reclinadas em sua posição plana, que estavam lá dentro, e ele rapidamente pegou a
da esquerda, deitando Abby. Quando ela manteve seus braços envoltos nele, ele não teve escolha a não
ser descer com ela. Suas posições permaneciam as mesmas, mas, quando colocado na vertical, seu pau
empurrou entre as coxas dela com cinco vezes a pressão e o atrito.

— Ahhh, foda-se. — Ele capturou seus pulsos e os prendeu sobre sua cabeça, dando-lhe uma torção firme
de seus quadris. — Eu não sou um duque, Abby.

Seus olhos se abriram com um gemido. — O quê?

De jeito nenhum. De jeito nenhum ele disse isso em voz alta. Russell baixou a cabeça na curva do pescoço
dela, usando a oportunidade de sentir a pulsação dela contra seus lábios. Porque a qualquer segundo agora,
ela perceberia que tinha confiado sua virgindade a um cara que pegava dicas de nobres imaginários.

— Eu, uh.

Ela correu as pontas dos dedos por sua espinha, e nada nunca foi tão incrível em sua vida.

— A esposa do meu irmão deixa esses livros espalhados. Livros de romance. E este duque - seu nome é
Sebastian, mas isso não é importante - ele. . . foi o primeiro de sua garota. Ele foi tão lento, deixando-a se
acostumar com a sua. . . masculinidade. — Russell alcançou entre seus corpos e espalmou os seios de
Abby. — Não sei se consigo fazer isso.
— Masculinidade? — Seu corpo vibrou de tanto rir. — Você leu um romance pensando em mim?

Lentamente, ele balançou a cabeça. — Eu mataria por você, Abby.

Quando o sorriso dela desapareceu, Russell desejou poder agarrar as palavras, enterrá-las de volta onde
pertenciam. Pelo menos, ele desejou até que ela se apoiasse nos cotovelos e o beijasse. A língua dela
lambeu a dele, lenta e doce, a ação provocante fazendo seu pau engrossar, um efeito que ela sentiu bem
entre suas coxas, se o ronronar sexy que ela soltou fosse qualquer indicação.

— Russell ——, disse ela, em um sussurro trêmulo, — também pode haver algo como ir devagar demais.

— Vou me lembrar disso em alguns minutos. — Ele deslizou as mãos por suas costelas, agarrando as
pontas de seu maiô. — Eu preciso lamber essa boceta primeiro. Isso me deixou nervoso a porra do dia
todo, me perguntando quando iria me deliciar.

Russell mudou para uma posição ajoelhada, rosnando com a forma como o material de seu maiô se
ajustou em sua boceta. Era possível ter ciúme de uma peça de roupa? Sim. Quando se tratava dela, tudo
era possível. Russell tirou o maiô preto pelas pernas dela e o jogou de lado, cada grama de seu sangue
correndo para o sul, onde ela estava. Nua e esperando.

— Vamos, anjo. Quero esses joelhos apontados para extremidades opostas da praia.

Seu discurso áspero fez com que seus peitos subissem e descessem com a respiração profunda. Uma visão
nua, linda e maldita que ele podia sentir marcando-se em sua memória. Mas ela hesitou.

— Eu estou . . . você deveria colocar sua boca aí quando eu já estou tão molhada?
Rezando como o inferno para não gozar de bermuda, Russell empurrou suas coxas e caiu sobre ela com
um gemido. Um gemido que não parou quando ele lambeu Abby, mergulhando sua língua dentro de seu
calor e adorou aquele pequeno botão com seus lábios. Ele jurou que podia sentir o gosto de sua timidez,
e isso aumentou sua luxúria para um estado febril, não lhe dando escolha a não ser liberar seu pênis, o
peso faminto dele caindo sobre a cadeira reclinada.

— Droga. Talvez eu não devesse ter caído em cima de você.

Ele lambeu sua barriga, sobre a carne tensa entre seus seios. Quando ele alcançou o pescoço de Abby, ele
raspou os dentes para cima e para baixo na pele sensível, sua maneira de confortá-la enquanto seus nós
dos dedos arrastavam sobre sua vagina.

— Como vou me controlar em não te foder com força sabendo que posso te saborear o quanto eu quiser?

— Eu não sei. — Ela arqueou as costas. — P-por favor, continue fazendo isso.

Russell se preparou para colocar os dedos dentro de Abby pela primeira vez.

— Você sabe quantas vezes eu fantasiei sobre deslizar minha mão em sua calcinha e te dar um orgasmo?

Ele girou o dedo e acrescentou outro, empurrando em sua entrada apertada com uma maldição.

— O que sempre me irrita é imaginar você no meu colo no bar, enquanto acaricio seu clitóris por baixo
da mesa. — Ele seguiu suas palavras com um polegar áspero, rangendo os dentes quando ela sacudiu a
cadeira. — Você teria jogado junto, Abby? Deixaria eu te dedar sob uma daquelas saias soltas?

— Sim. — Sua barriga se encolheu e tremia, suas mãos agarrando seu pulso, pressionando seu toque mais
perto. — Eu teria feito qualquer coisa. Eu farei qualquer coisa.
— Faria qualquer coisa para quê?

Como se ela tivesse sido transportada diretamente de seu subconsciente mais sujo, ela jogou os dois braços
sobre a cabeça e implorou por baixo de suas pálpebras pesadas.

— Você sabe do que eu preciso, Russell. Você sempre sabe.

Esse foi o fim de ir devagar. Ele deslizou os dois dedos de dentro dela, usando-os para circular seu clitóris,
cada vez mais rápido.

— Venha. Venha para que eu possa dar a você o que quer.

Como sempre, quando ela chegava ao clímax, seus calcanhares cravaram, os quadris levantando. Ele
amava saber isso sobre ela. Amava saber que ninguém mais saberia além dele. A umidade encontrou seus
dedos quando ela girou na cadeira.

— Russell. É tão bom.

Uma batida de tambor atingiu diretamente em seu crânio. Ele nem mesmo registrou se posicionando entre
suas coxas até que ele estava lá, passando a cabeça de seu pau por sua umidade. Necessidade, necessidade,
necessidade. Com uma mão, ele empurrou o short para baixo e sentiu um tapa forte contra sua coxa. Sua
carteira. Preservativo. Preservativo. Jesus, e se ele tivesse esquecido? Esperando que Abby não tivesse
notado seu quase deslize, Russell tirou a carteira de couro e arrancou o único preservativo, abrindo-o com
os dentes. Ela se mexeu embaixo dele.

— Você sempre carrega isso com você?


Ele ficou maravilhado com o toque de constrangimento em sua voz. Ele não tinha deixado claro como
cristal que todas as outras garotas eram invisíveis por toda a atenção que ele lhes dava? Se ela não tivesse
recebido a mensagem, eles não seguiriam em frente até que ela o fizesse.

— Dê-me sua mão, — ele exigiu, levantando-se sobre ela.

Quando ela fez o que ele pediu sem questionar, ele enrolou os dedos em torno de seu pau.

— Eu comprei na noite em que você machucou o tornozelo. — Ele observou aquilo ser absorvido. — Eu
sabia que nunca seria capaz de dizer não se chegássemos aqui. E qual é o meu trabalho, anjo?

— Preocupar-se comigo, — ela murmurou na escuridão próxima. — Me proteger.

— Está certa. — Lentamente, ele empurrou seu pênis em seu aperto. — É da Abby. Isso é da Abby.

Olhos desfocados, ela roçou seus lados com os joelhos. — Me mostre.

Russell enrolou o látex, então cerrou os punhos em sua dureza. Ele empurrou a ponta para dentro dela,
parando quando um estremecimento o atingiu.

— Tenho medo de ouvir você gritar. Não quero saber como soa um grito ruim vindo de você. — Ele
alinhou seus corpos, ambas as peles ficando escorregadias no calor do verão. — Se você precisar, coloque
a boca no meu ombro.

Abby acenou com a cabeça e colocou os lábios onde ele indicou. Eles caíram contra seu ombro,
lembrando-o de que estavam em seu pau apenas algumas horas antes. Nem pense em um replay, ou você
nunca durará. A antecipação, a excitação em seus olhos, a necessidade turbulenta de liberação para sair
tornou-se demais, e ele empurrou mais fundo, estremecendo com o ajuste apertado. Outra coisa estava
acontecendo também. Um impulso profundo de entrar com força e reivindicá-la de forma irreversível.
Droga, era disso que ele tinha medo. Este conflito sempre presente quando se tratava de Abby. Nunca -
nunca - querendo machucá-la enquanto experimentava a sensação de que ela queria uma quantidade
desconhecida de. . . força.

— Russell, mais forte-

Ele colocou seus centímetros restantes dentro de Abby, seu grito sufocado dividindo o ar entre eles. Seus
instintos a impulsionaram a cortá-lo com a boca. Palavras reconfortantes tentaram encontrar o caminho
até sua garganta, mas o prazer o sufocou, tornando impossível falar. Ele não estava pronto. Nunca estaria
pronto para o aperto de sua vagina, a sensação de seus pés cavando em sua bunda. Ela estava lutando ou
tentando se mover, para se aproximar? Ele não conseguia ouvir ou discernir nada por causa do barulho
entre suas orelhas. Acorde, idiota.

— Eu não vou me mover. Eu não vou. Apenas me diga quando ...

— Agora. Agora, por favor.

— Obrigado porra, — ele rosnou, recuando com os quadris e fodendo nela com um tapa satisfatório de
carne úmida. — Ahhh Deus. Estou machucando você?

Como ele pararia se estivesse? Seria pior do que perder um membro. Ficando impaciente por uma resposta,
ele empurrou os joelhos dela em direção aos cotovelos e se abaixou.

— Uma resposta, Abby.

— Um pouco. Dói um pouco. — Seus dentes arranharam seu lábio inferior. — Mas se você parar, vai
doer ainda mais. Por favor.
Não está ajudando. Ela estava tão conflituosa quanto ele.

— Eu esperei muito tempo. Deixei acumular muito. Toda essa porra de desejo.

Outra corda dentro dele se soltou, liberando a necessidade envolvente de sacudir a confusão de ambos,
forçar uma decisão. Russell perdeu o controle, ou talvez o tenha feito voluntariamente. Em uma mão, ele
prendeu os pulsos de Abby sobre sua cabeça, trazendo-os cara a cara. Uma faisca de alívio e
encorajamento fez seus olhos brilharem. Por favor, não me deixe imaginar. Com a mão oposta, ele agarrou
sua mandíbula e inclinou a cabeça para trás em um único movimento áspero. Quando ele falou, foi bem
perto de seu ouvido.

— O que eu disse a você na minha casa naquele dia, Abby? O que eu quero fazer com você?

Ele podia sentir o pulso em seu pescoço acelerado, batendo contra a base de sua mão. Presa. Ele a prendeu,
mas ela gostou. Seus quadris se moviam em inquietantes formas de oito abaixo dele, suplicando-lhe que
empurrasse. Aqueles saltos estavam fazendo seu trabalho, tentando encontrar apoio na parte de trás de
suas coxas.

— Você . . . — Ela respirou fundo, empurrando seus seios pontudos em seu peito. — Você disse que quer
explodir meu pequeno cérebro virgem.

— Eu quis dizer isso.

Tentando sair do êxtase insano de ouvir aquelas palavras proibidas da boca inocente de Abby, Russell
lambeu seus lábios e lhe deu um beijo ardente. Não funcionou. Tudo o que ele podia sentir era a sensação
quente de sua vagina se contraindo ao redor dele. Pulsando. Pulsando.
— Você está fazendo isso? Você está . . . pare.

— Não.

Era possível sentir ela engolindo por causa do ângulo que ele ainda segurava sua mandíbula.

— Você está pensando muito. Nós dois sabemos o quê. . . o que você precisa. Eu preciso ser aquele que
dá isso a você. Não tire isso de mim.

Ela se contorceu na cadeira, ofegando quando ele a apertou automaticamente.

— Fique parada.

Ele odiava a escuridão quase total e a amava ao mesmo tempo. Queria ver o rosto dela na luz, mas não
queria que ela visse o dele. Quando ele soltou sua mandíbula e usou as duas mãos para imobilizá-la, ele
teve que parecer um animal. Ele se sentia como um. Ele empurrou seus quadris para trás e bateu para
frente, gemendo com a maciez de boas-vindas. A perfeição estreita dela. O grito de Abby foi absorvido
por seu peito, e porra, ele amava isso. Amava olhar para baixo e vê-la embaixo dele, sentindo a vibração
de seu nome quando passava por seus lábios.

— Sim, — ela gemeu. — De novo.

Se ainda houvesse reservas, elas escorregaram pela encosta na qual ele estava tentando desesperadamente
se equilibrar. Ele não reconheceu as palavras ou sons que deixaram sua boca enquanto fodia Abby, a
garota que ele amava. Seus corpos deslizaram para cima e para baixo um contra o outro, movendo-se em
um ritmo frenético. O pau dele já parecia cheio, pronto para derramar, e Abby não fazia nada para ajudar
a adiar o inevitável, envolvendo suas longas pernas ao redor dele e implorando, implorando. Deus, ela era
tão linda que ele não conseguia suportar. Não conseguia lidar com sua beleza em cima da demanda de
condução para reivindicar seu corpo. Satisfazê-la. A si mesmo. Sabendo que ele só tinha uma pequena
janela para tirá-la, Russell soltou suas mãos amarradas e colocou um antebraço sob seus quadris.
— Incline-os para cima, anjo. Da mesma forma que você fez quando usei minha boca. Vamos encontrar
esse ponto ideal, não vamos? Posso estar transando com minha virgem, mas vou fazê-la gozar também.
Sempre. Esse é mais um dos meus trabalhos e eu adoro isso. Seu orgasmo é meu.

Ele quebrou em um gemido quando Abby angulou seus quadris com a ajuda de seu antebraço. O novo
ângulo trouxe a base de seu comprimento em contato com seu clitóris e foda-se. . . o gemido instável de
seu nome quase o fez estourar. Ela jogou a cabeça para trás na cadeira e começou a rolar seu corpo,
encontrando suas bombadas com incrível precisão. Prescisava estar com ela. Isso tudo fazia parte de algum
plano. Seus pensamentos colidiram com seu coração, deixando-o fora de controle. Abby enterrou as unhas
em sua bunda, suas coxas começando a tremer em torno dele.

— Eu vou . . . oh meu Deus, não pare. Eu estou . . .

Russell baixou a cabeça e fechou os olhos, colocando todo o seu foco em ficar onde diabos ele estava, não
se desviando do que a estava empurrando em direção ao clímax. Só mais um pouco. Só um pouco-

— Russell.

Puta merda. Seus olhos se abriram a tempo de testemunhar os seios de Abby tremendo entre eles, seus
dentes enterrados em seu lábio inferior enquanto ela se arqueava na cadeira. Seus calcanhares seguraram
firmemente a parte inferior de suas costas enquanto ela cavalgava, sua boceta apertando-o em minúsculos
espasmos que ele desejaria como o ar pelo resto de seu tempo na terra. Ele estava dolorido e inchado
dentro dela, segundos antes de explodir. Não havia explicação para o que ele fez a seguir, apenas sabia
que parecia uma farsa lançar em um preservativo. Um desperdício do que ela fez com ele. Ele queria
marcá-la, marcá-la de uma forma que ela não pudesse entender ou pudesse achar confusa, mas quando ele
saiu de seu corpo ainda em convulsão, arrancou a camisinha e expeliu seu prazer em seus seios, seu
cérebro registrou como algo lindo. Ver Abby usando a evidência do quanto ele a desejou por tanto tempo,
o quanto ele a desejou para sempre. Depois disso, seus músculos não o sustentariam mais. Ele caiu sobre
um cotovelo ao lado de Abby, beijando seu ombro até que ela se virasse de lado. Seus olhos procuraram
na escuridão por algo para limpá-la, identificando uma pilha de toalhas logo acima de suas cabeças. Ele
agarrou o tecido atoalhado e correu pela frente de Abby, pescoço à barriga, enquanto esfregava os lábios
sobre sua pele aquecida.

— Russell? — Sua doce voz cintilou na escuridão.

Ele colocou a toalha sobre o corpo dela. — O que é, anjo? — Por um longo momento, ele só podia contar
suas respirações.

— Temos muito o que conversar, não é?

Seu pulso disparou quando ele a puxou para perto, curvando seu corpo ao redor do dela.

Eu vou dormir com minha garota ao meu lado.

— Sim. Acho que sim.

Eufemismo do ano. A lista de coisas que eles precisavam discutir parecia interminável. O status de seu
relacionamento. Por que ele a estava afastando. Como ele planejou parar de fazer isso e nunca deixá-la ir.
Nunca. Havia também a natureza de sua atração sexual, como agia sobre ela. Ele sentiu uma urgência em
garantir que sua necessidade. . . de dominar Abby sempre fosse feito com segurança, porque se ele a
machucasse - Não. Ele nunca a machucaria novamente. Não se ele pudesse evitar.
Capítulo 15

Abby acordou sentindo-se um pouco pegajosa. E muito incrível. Ela ficou imóvel sem abrir os olhos por
longos minutos, prendendo todos os sons e sensações dentro de uma rede de lembranças cobiçadas.
Russell aquecia suas costas, com um braço pesado jogado sobre seus quadris. Claro, ele roncou. Assim
como ele tinha pelos no peito, roncar parecia algo que ela deveria saber. Mas não foi sempre ela quem
adormeceu em cima dele? Talvez ela roncasse e nem soubesse. Ela teria que perguntar a ele quando ele
acordasse. A antecipação ronronou em sua corrente sanguínea com a ideia de falar com Russell enquanto
os dois estavam nus. Ouvir como sua voz soava ao acordar. O cheiro de oceano e protetor solar encheu
seu nariz enquanto os acontecimentos da noite anterior se projetavam no fundo de suas pálpebras. Cada
imagem era nítida, seus contornos esculpidos com um estilete. E cada um tinha o subtítulo, Amo Russell.
Ela o amava. Ela o amou de diferentes maneiras por muito tempo. Mas reconhecer isso - definir o que ela
estava abrigando por ele o tempo todo - fez o sentimento se expandir como uma frota de balões. Grandes
e coloridos com a capacidade de carregá-la pela praia e pelo oceano. . . em qualquer lugar que ela quisesse
ir. Abby pressionou os dedos contra os lábios e sentiu o sorriso ali. Sua boca se abriu em uma inspiração
quando a sensibilidade entre suas coxas foi registrada. Finalmente, seus olhos se abriram e imediatamente
caíram sobre as contusões leves que cercavam seus pulsos. Por que ver as marcas sombreadas pareceu
com uma pena fazendo cócegas no centro de sua barriga? Não, ela sabia agora. Sabia a razão pela qual
imaginar sexo delicado e gentil nunca a excitava. Por que ela sempre se sentiu mais segura com suas
fantasias confusas de ser pega forte. Elas não eram mais confusas. Pelo menos, elas estavam começando
a se definir com cada experiência entre ela e Russell. Suas preferências sexuais eram a razão pela qual a
mantinha à distância? Abby roçou os lábios sobre uma contusão do tamanho de um polegar em seu pulso.
Claro, um homem que passava uma quantidade excessiva de tempo se preocupando com sua segurança
odiaria a ideia de ser agressivo com ela. Ou odeie a ideia de que gostou, mais precisamente. Abby soltou
um suspiro de alívio. Agora que ela sabia contra o que ele estava lutando, ela poderia jogar na defesa.
Testando seus músculos bem usados, Abby sentiu um rubor em seu pescoço quando ela encontrou a
sensação pegajosa mais uma vez. Outra pena maior lambeu sua cintura. Russell pairando sobre ela,
rosnando enquanto a marcava. Ela mal podia esperar para fazer isso de novo. Hoje. Esta manhã. Agora.
Ela ergueu o braço de Russell de seu corpo e se sentou, notando vestígios de sangue na parte interna das
coxas. Antes que eles conversassem ou se tocassem novamente, ela precisava de um banho. Talvez fosse
ridículo sentir -se constrangida perto do homem que estivera presente pela causa. Ela teria que trabalhar
nisso, mas não se sentia à vontade para realizar mais nenhum marco no momento, tendo alcançado um
grande na noite passada. Abby colocou a toalha sobre Russell, abafando uma risada quando seu ronco se
ampliou. Ela pegou outra toalha e enrolou-se em torno de si, esperando que ninguém a espionasse na curta
caminhada de volta para casa. Os residentes de Southampton normalmente não se levantavam tão cedo,
então ela provavelmente estava segura. Ela tomaria banho, se trocaria, pegaria um conjunto de roupas
para Russell e voltaria com o café antes mesmo que ele acordasse. Se recusando a diminuir o tamanho de
seu sorriso, Abby saiu da cabana e caminhou em alta velocidade ao longo da praia, subindo a escada como
se tivesse molas nos pés. Ela teria que ficar em silêncio em casa. Suas amigas, sem dúvida, ainda estavam
dormindo, se preparando para acordar com ressaca em algumas horas. Uma grande parte dela estava feliz
por ter a chance de falar com Russell antes de ver Honey ou Roxy novamente. Elas sem dúvida teriam
perguntas, e ela mal podia esperar para ter respostas, pela primeira vez. Ela alcançou o portão na
extremidade da propriedade, abriu e pisou na calçada pavimentada, mas parou quando viu Mitchell,
encostado no porta-malas de seu carro. A toalha ao redor dela de repente parecia frágil, transparente. Não
havia nada de sexual na maneira como ele a examinou, apenas profissional. Prático. Mas isso não a fez se
sentir menos exposta.

— O que você ainda está fazendo aqui? — Ela ficou satisfeita com a força de sua voz, apesar da situação
embaraçosa. — Deixei de assinar alguma página?

Quando ele permaneceu calado, ela pensou que ele não iria responder. Finalmente, seus lábios se ergueram
em um sorriso que não chegou perto de seus olhos.

— Problemas com o carro, na verdade. A empresa de reparos acabou de sair. Eu estava prestes a voltar
para Manhattan.

Ela balançou a cabeça, olhando para a Mercedes novinha em folha. — Problemas com o carro. — Seus
dedos se enrolaram no topo da toalha, grata por cobri-la além do joelho. — Você dormiu no seu carro?

— Sim. — Ele caminhou em direção a ela. — Tive um pressentimento engraçado de que seus amigos não
iriam me deixar entrar na casa.
— Você provavelmente está certo. — Um buraco se formou em seu estômago quando a atenção de
Mitchell se prendeu em seus pulsos. — Eu vou entrar agora.

Aquele sorriso assustador permaneceu no lugar enquanto ele assentia.

— Provavelmente é uma boa ideia. — Ele inclinou a cabeça. — Vamos manter isso entre você e eu. Não
precisa se preocupar com sua mãe, certo?

Um gosto amargo entranhou a boca de Abby. Ela queria amaldiçoá-lo direto para o inferno, mas entrar na
casa era o que ela mais desejava. Um vai e vem entre eles impediria isso. Deus, ela odiava que ele tivesse
arruinado sua manhã. Ela só queria esquecer que esse encontro havia acontecido e voltar para a praia.

— Obrigada, Mitchell — murmurou ela, passando por ele em direção à casa.

Ela esperou na porta da frente até ouvir o carro dele se afastar antes de subir as escadas na ponta dos pés.

Russell disparou para a frente em pânico, procurando na cabana com olhos frenéticos. Ele não deveria
estar sozinho. O corpo doce e quente de Abby esteve dobrado contra ele a noite toda. Ele sabia disso
porque havia acordado várias vezes, convencido de que estivera sonhando. Mas não. Não, ela estava lá,
suspirando em seu sono, deixando-o cheirar seu cabelo, passar as mãos para cima e para baixo em suas
coxas, ombros e barriga. Foi a melhor noite de seus vinte e sete anos, e ele nem imaginou isso. Quando
ele avistou seu maiô no chão, ele pressionou dois dedos contra sua testa e respirou. Para onde ela foi? Por
que ela não o acordou? Ela não sabia como ele reagiria ao seu desaparecimento? Acalme-se e vá procurá-
la. Esse medo que ameaçava não era apenas produto de seu pânico. Abby não se machucou na noite
passada. Se ela tivesse, ela poderia ter dormido ao lado dele tão confiante e em paz? A memória de seus
pés encolhidos entre suas panturrilhas enviava calor para dentro de seu peito, salvando-o de congelar em
um bloco de gelo. OK. Assim que ele a visse, beijasse sua testa, tudo ficaria bem. Eles conversariam sobre
tudo. Não havia espaço para segredos quando ele se sentia tão perto dela. Ela acalmou seus medos sobre
seus impulsos físicos, mas a questão do dinheiro não seria diferente. E ele acreditaria que quando ela
inevitavelmente dissesse a ele que o futuro deles seria decidido porque ela acreditava nele. Ela confiou
nele com seu corpo, e ele implorou que ela fizesse o mesmo com seu coração. Louco como uma noite
poderia mudar tudo. Mas aconteceu. Uma clareza invadiu sua consciência, forjada por sua conexão com
Abby. Nada era insuperável, contanto que eles pudessem fazer um ao outro se sentir tão vivos quanto na
noite anterior. Ele viveria sua vida para fazer isso acontecer. Russell tirou do chão os shorts descartados,
levantou-se e os colocou, a meio caminho para fora da cabana, antes de amarrá-los totalmente. Ele viu a
camisa dos Yankees, amassada na areia e decidiu deixá-la lá, gostando da lembrança do que finalmente
os uniu ficando onde estavam. Quando chegou ao topo da escada, sua mente já estava no que faria para
Abby para o café da manhã. Ela gostava de coisas doces, como torradas francesas –

— Senhor. Hart.

Russell parou na estrada, tão imerso em pensamentos sobre Abby que levou um momento para localizar
o homem, parado na porta de sua Mercedes ligada. Mitchell, o advogado. O que diabos ele ainda estava
fazendo aqui? Ele deve ter feito a pergunta em voz alta porque o cara sorriu.

— Você sabe por que a família Sullivan me paga tão bem? — Ele tamborilou com os dedos no teto do
carro. — Eu me certifico de que os problemas não se apresentem. E quando o fazem, eu os faço ir embora.
Eu sou muito bom nisso também.

Não mostrando nenhuma reação externa, Russell não pôde deixar de ficar surpreso com o seu nome vindo
do advogado engravatado. Ou talvez ele não devesse estar surpreso.

— Existe uma razão para você pensar que eu dou a mínima?

— Há uma boa razão para tudo o que digo e faço.

Russell quase ergueu os olhos, certo de que veria um machado se materializar no ar. A intuição era como
espinhos fluindo em suas veias. Ele olhou por cima do ombro de Mitchell em direção à casa, rezando para
ver Abby, mas não havia ninguém. Jesus, para onde ela foi?
— Se o que você tem a dizer é tão importante, vá em frente.

O olhar que cruzou o rosto do advogado dizia que ele estava gostando disso.

— Encontrei Abby por acaso alguns minutos atrás.

Com essas palavras, o pavor de Russell mudou e se transformou em raiva. Ela tinha ido para a praia na
noite passada vestida com nada além de um maiô. Um maiô que ele viu no chão da cabana. O que significa
que este filho da puta a tinha visto. . . o que? As possibilidades fizeram seus olhos arderem. Russell lutou
para manter a compostura, mas o esforço foi inútil.

— Se você ao menos falar com ela, eu ficaria preocupado.

— Eu fiz. Falei com ela. — Uma pausa muito longa se seguiu. — Você machuca muitas garotas, Hart?

Ele ficou instantaneamente sem fôlego, incapaz de respirar. Aquele machado acima dele não apenas caiu,
mas o cortou seus órgãos internos sem piedade. De alguma forma, o cara sabia seu sobrenome, mas foi
apenas uma compreensão vaga, engolida pela declaração anterior.

— O que . . . do que você está falando?

— Olha, amigo. — Mitchell ergueu as duas mãos, como se eles pudessem ter uma troca honesta depois
da bomba que ele acabara de lançar sobre a própria existência de Russell. — Estou aqui como um
conciliador. Por mais compreensivelmente chateada como ela estava, Abby obviamente precisa de um –

— Ela estava chateada?


As palavras saíram da boca de Russell e se estilhaçaram em fragmentos no chão, ao lado de seu coração.
Ele estava errado sobre a conexão. . . o entendimento entre eles? Ela gostou do que eles fizeram, não
gostou? Ele vasculhou sua mente, tentando se lembrar do que ela disse na escuridão, antes de
adormecerem. Temos muito que conversar, não é? Cristo, isso pode significar qualquer coisa. Imagens o
bombardearam. A mandíbula de Abby em seu aperto. Suas mãos presas sobre sua cabeça. A maneira
como ele saiu e a banhou em sua liberação. Seus joelhos estavam fracos com a necessidade de ceder.
Houve um homem de mente sã neste planeta que faria essas coisas a uma virgem? Não. Não . . . ele tinha
feito tudo errado. Ele a machucou. Machucou Abby.

Deus, meu Deus, meu Deus.

— Onde ela foi? — Russell perguntou.

— Provavelmente em algum lugar que você não possa machucá-la novamente. — Mitchell deu a volta no
carro em um ritmo casual, enfiando a mão no bolso e tirando uma carteira. — E vou garantir que continue
assim.

Russell sentiu-se horrorizado até os dedos dos pés quando o homem o presenteou com o punho cheio do
que parecia ser notas de cem dólares.

— Que porra é essa?

Mitchell tentou parecer simpático, mas a satisfação estava estampada em seu rosto.

— Nós dois sabemos que Abby é uma boa pessoa. Ela queria que você ficasse com isso. Para aquela
empresa de construção que você está tentando fazer decolar.
As notas verdes foram jogadas em sua direção. Como se ele fosse pegá-las. Cristo, ele mal conseguia
suportar a visão delas. Ou o conhecimento de que ele havia perdido. Ele não tinha sido bom o suficiente
para ela. Não, era pior do que isso. Ele . . . a machucou. Arruinou uma noite que deveria ter sido especial.
Talvez a traumatizou para sempre. Ele merecia sentir como se seu estômago estivesse sendo pisoteado
por chuteiras de beisebol. Merecia muito pior. Fiel à forma, ela ainda estava tentando o seu melhor para
ajudá-lo, tentando ajudá-lo a ter sucesso, mesmo que ele a tivesse ofendido. É por isso que ela era a
melhor. Isso é o que a tornou Abby. E ele precisava ficar o mais longe possível dela, pelo bem dela. É o
que o homem que a amava deveria fazer - e ele a amava tanto que estava lutando para não se deitar na
estrada e exigir que esse idiota o atropelasse com aquela merda de Mercedes. O símbolo de tudo que ele
nunca seria capaz de dar a Abby.

— Eu não quero o seu dinheiro —, Russell engasgou. — Ou o dinheiro de Abby, pelo amor de Deus.

O outro homem encolheu os ombros. — Justo. — Ele embolsou as notas. — Que tal uma carona de volta
para a cidade?

— Vá se foder. Eu vou pegar o ônibus.

Russell ficou congelado na estrada até que o Mercedes sumiu de vista. Então ele se curvou pela cintura e
se jogou na estrada arenosa.

...

Abby correu para as escadas, subindo dois degraus de cada vez. No espaço de vinte minutos, ela tomou
banho, trocou de roupa e respondeu a cinco e-mails. Maravilha das maravilhas, eles nem mesmo a
estressaram. Alguma coisa a estressaria novamente? Seu corpo parecia tão deliciosamente utilizado, suas
cordas vocais apenas cruas o suficiente para lhe dar uma voz sexy e esfumaçada, uma descoberta que ela
fez enquanto tentava cantar no chuveiro. Um roupão de banho de mangas compridas escondia com
facilidade os hematomas em seus pulsos, mas ela gostava de saber que eles estavam lá. Como um segredo
travesso, lembrando-a do quanto ela foi desejada. Ela nunca teve uma dessas antes. Seu progresso parou
abruptamente na base da escada. Tendo entrado o mais silenciosamente possível, ela esperava que todos
ainda estivessem dormindo. Mas lá estava o supergrupo, de pé na sala de estar, parecendo como se
tivessem sido pegos falando sobre algo desagradável. A maioria deles, pelo menos. Honey e Roxy ainda
estavam de pijama, cabelo sem escovar. Ben e Louis nem olharam para ela. Tentando ignorar o início do
alarme, Abby passou a mão pelo rabo de cavalo e procurou Russell, mas não o viu.

— Ei. — Abby se dirigiu para a cozinha, bem ciente de que estava fugindo. Por quê, ela não sabia. Não
queria saber. — Eu estava prestes a fazer um café.

Honey a seguiu até a cozinha iluminada pelo sol, Roxy logo atrás. Os caras não estavam à vista, o que só
aumentou sua preocupação. Ben e Louis não andavam meio metro sem as meninas se pudessem, o que
significa que suas colegas de quarto queriam privacidade. Honey subiu em uma das banquetas do balcão
da cozinha.

— Onde você dormiu noite passada?

— Hum.

Ela queria contar tudo a elas. Talvez não todos os detalhes de sua noite com Russell, mas o suficiente
para retribuir todos os segredos que eles revelaram nos últimos seis meses. Porém, algo a segurou. Quer
fossem as expressões idênticas de simpatia nos rostos de suas amigas ou o fato de que ela ainda não tinha
falado com Russell, mas segurar de repente parecia favorável à sobrevivência.

— Eu tinha um trabalho a fazer e sabia que vocês duas iriam me causar dificuldades, então levei meu
laptop para a casa da piscina. Adormeci lá.

Ambos ficaram em silêncio por um momento até que Roxy finalmente quebrou a tensão que a mentira de
Abby havia criado.

— Certo . . . Russell dormiu lá também?


Quando sua pele se arrepiou, ela ficou duas vezes mais grata pelas mangas compridas.

— Porque perguntas?

Roxy pegou a lata de Maxwell House da mão de Abby e executou a tarefa de fazer café, já que a de Abby
havia parado antes mesmo de começar.

— Estamos apenas tentando descobrir por que Russell saiu com tanta pressa.

O tom de sua amiga foi mais suave do que o normal, mas explodiu como uma bomba na cozinha silenciosa.
Sem falar no estômago de Abby.

— Ele nem mesmo entrou. Louis teve que trazer sua bolsa.

— Ele estava agindo muito estranho. Até mesmo para o Russell. — A piada de Honey acabou com sua
tentativa de sorrir. — Achamos que talvez vocês dois tivessem brigado.

— Não. Nós não brigamos.

Abby tentou diminuir seu tom algumas oitavas, mas era impossível. Seu coração estava achatado como
um castelo de areia em uma tempestade.

Ele foi embora?

Ela criou uma lista mental das razões pelas quais ele iria embora depois da noite que eles tiveram, a
confiança que eles compartilharam, mas nada era bom o suficiente. Nada fazia sentido. Ela alcançou o
armário para pegar três xícaras de café, cedendo ao desejo de esconder o rosto.
— Houve uma emergência no canteiro de obras ou algo assim?

Mesmo enquanto fazia a pergunta esperançosa, ela descartou a possibilidade. Ele tinha ido embora sem
se despedir, e isso significava algo infinitamente pior.

— Ben disse que ele não estava com humor para falar. — Honey trocou um olhar pesado com Roxy,
acenou com a cabeça e enfiou a mão no bolso. — Ele deixou um bilhete para você.

Abby tentou não se atirar para arrancar o papel dos dedos de Honey. Em vez disso, ela organizou
cuidadosamente as canecas e casualmente pegou o pedaço de papel dobrado. Ela podia sentir suas colegas
de quarto olhando para ela, então ela se preparou para dar zero reação. Uma façanha quase impossível
quando o papel continha apenas três palavras.

“Eu sinto muito”.

Ela largou o papel como se estivesse pegando fogo, mas se abaixou rapidamente para pegá-lo de volta,
enfiando-o no bolso de trás de seu short jeans. Parecia que outra pessoa estava executando a organização
do café. Definitivamente não poderia ser ela quando se sentiu paralisada. Uma cratera estava se abrindo
em seu peito, queimando nas bordas, mas ela não conseguia levantar os braços para apagar o fogo. Russell
estava arrependido. Russell se foi. Ele se arrependeu ontem à noite. . . de estar com ela. O que eles fizeram.
Havia alguma outra explicação? Sua ausência falou mais alto do que qualquer nota jamais poderia. Ele
disse a ela, não foi? Desde o início, ele disse a ela que não estava procurando por um relacionamento
sério, mas ela não tinha escutado, avançando como uma idiota ingênua e confiando que tudo daria certo.
Depois do que ele disse ontem à noite na água, ela sabia que ele se importava com ela, mas obviamente
acabou aí.

Oh Deus, Russell metiu por pena?


Ela queria rastejar para um buraco e nunca mais sair. Pelo menos manteria o órgão triturado em seu peito
em um lugar em vez de derramar no chão como estava tentando fazer agora.

— Abby. — Honey atravessou a cozinha para colocar a mão nas costas de Abby. — Você sabe que pode
falar conosco sobre qualquer coisa, certo? Podemos ajudar em tudo o que está acontecendo.

— A maneira como você ajudou planejando este fim de semana longe? Porque não aconteceu. — A raiva
explodiu de sua boca antes que ela pudesse controlá-la, mas a culpa a fez querer enfiar tudo de volta. —
Sinto muito. Eu não quis dizer isso.

Roxy deitou a cabeça no ombro de Abby. — Ei, está tudo bem ficar chateada de vez em quando. E você
está certa, nós forçamos este fim de semana sem considerar que isso poderia piorar as coisas.

— Não. Foi fofo. Muito doce.

Abby tentou engolir o aperto na garganta. Essas eram suas melhores amigas. O comportamento normal
aqui era ter uma boa conversa de menina à moda antiga. Havia até uma chance de que ela se sentisse um
pouco melhor depois, se tal coisa fosse possível, quando parecia que uma guerra havia sido travada dentro
de sua caixa torácica. E lá estava novamente, aquele medo fiel da humilhação. Ela foi dispensada. Como
elas poderiam se relacionar com algo tão doloroso? Seus namorados provavelmente já sentiam falta delas,
enquanto Russell conseguia se afastar dela rápido o suficiente.

— Eu não quero falar sobre isso, — ela terminou em um sussurro.

— Tudo bem —, disse Honey, esfregando círculos nas costas de Abby. — Estaremos aqui quando você
estiver pronta.

Eu nunca estarei pronta. Nunca vou esquecer o quão horrível me sinto agora, neste momento. E, neste
momento, nunca mais quero ver Russell novamente.
Capítulo 16

Russell sentiu-se como um impostor. Não porque estivesse usando um terno de pinguim e mocassins,
esperando sua reunião com o gerente de crédito, marcada para começar em quinze minutos. E não porque
ele colocou o melhor relógio de seu pai pela primeira vez desde que lhe fora concedido. Não, ele se sentia
um impostor por existir. Tomando café da manhã, dirigindo seu caminhão, respirando. Era tudo uma farsa
gigante, porque ele queria morrer. Desde a manhã de domingo, ele vinha alternando entre auto-aversão e
entorpecimento, intercalado com acessos de miséria, principalmente porque ele queria ver Abby. Queria
beijar qualquer marca que ele tivesse deixado em seu corpo e se desculpar até que suas cordas vocais
cedessem. Então ele se lembrava de que ela provavelmente o odiava e o queria fora de sua vida, o que
inevitavelmente o faria voltar ao entorpecimento. Por que ele estava se incomodando com essa maldita
reunião de banco? Por que ele passou os últimos dias reformulando todo o seu plano de negócios de dez
anos, reduzindo-o a cinco sólidos como Abby havia sugerido? Porque qualquer um de seus objetivos
importava agora já que o último havia sido removido de suas mãos? Foi possivelmente a pior punição que
ele poderia planejar para si mesmo, porque se o céu sorrisse para ele e ele recebesse o empréstimo
comercial, ele ainda não poderia ter Abby, mas ele saberia o quão perto estaria. E isso iria ferrá-lo pelo
resto de sua vida. Boa. Pelo menos a dor iria lembrá-lo dela. Agora que ele não a veria mais, ele precisava
de todos os lembretes que pudesse obter. Russell franziu a testa quando - do nada - Alec sentou na cadeira
ao lado dele, puxando a gola de sua camisa.

— Quem diabos desenha uma camisa com papelão enfiado na gola? Você poderia me dizer?

— Você deveria trocar. —, respondeu Russell, mal reconhecendo sua própria voz. — O que você está
fazendo aqui? Achei que você estava em Vegas filmando o show ninja.

— American Ninja Warrior —, enunciou seu irmão. — E um homem tem que ter suas prioridades, certo?
Fiz todo o caminho para Vegas, preparado para a pista de obstáculos e tudo. Mas no final, eu não poderia
deixar você fazer isso sozinho. Eu sabia onde precisava estar. Bem aqui. Com meu irmão não tão pequeno.
— Mesmo?

Alec soltou um suspiro olhando para o teto. — Nah, cara. Eu fui nocauteado no primeiro round.

Russell teve vontade de rir. Ou dar um tapa nas costas de Alec. Qualquer coisa, mas ele não tinha energia.
Poderia nunca ter de novo. — Lamento ouvir isso.

— Ah, não é grande coisa. Vegas era. . . muito grande ou algo assim. — Alec apoiou os cotovelos nos
joelhos e se inclinou para frente. — Mas Nova York é maior, eu sei disso. Ela me conhece. — Ele parecia
desconfortável por ter expressado seus sentimentos. — Não via a hora de voltar aqui o mais rápido
possível, sabe?

Engraçado, Russell sabia. Ele se sentiu da mesma maneira na viagem de ônibus de Southampton para
casa. Só que havia um puxão conflitante quanto mais ele se afastava de Abby, implacável em sua
lembrança de que sua casa ficava na outra direção. Ela estava em casa. Russell esfregou os olhos.

— Acredite ou não, estou feliz por você estar aqui. Eu não trouxe exatamente meu plano A.

— Não me diga. Você nem quebrou minhas bolas por ter sido nocauteado no primeiro round.

— Muitos homens terminam prematuramente, cara. Acontece o tempo todo.

— Vá se foder —, disse Alec com uma gargalhada, ganhando uma carranca do funcionário do banco mais
próximo. — Sério, no entanto. Você não dormiu no meu sofá enquanto eu estava fora, então, onde você
esteve?
Quando Russell balançou a cabeça em vez de responder, Alec pressionou. — Ouvi dizer que uma garota
bonita passou no apartamento procurando por você na semana passada.

Algo se contraiu em seu estômago com a menção daquele dia. Jesus, ela estava tão bonita em sua varanda,
segurando cupcakes. Tão doce e imaculada até que ele a arruinou tudo.

— Tenho dormido em casa —, disse Russell com voz rouca.

O que não era uma mentira total, mesmo que ele tivesse trabalhado quase sem parar desde que voltou dos
Hamptons. Apenas outra forma de tortura autoinfligida. Construindo a casa, garantindo o empréstimo.
Tudo por nada, além de garantir sua miséria.

— Você acha que vou deixar você pular a parte da menina bonita?

Negar sua existência parecia infinitamente errado. Assim como contar mais uma mentira no que dizia
respeito a Abby.

— Eu perdi a garota bonita.

A perplexidade apareceu no rosto de Alec. — Então, o que você fez para recuperá-la?

— Eu não posso recupera-lá. — Doeu dizer as palavras. Inacreditável. — Não há como te-la de volta.

— O que? — Alec parecia estar rezando por paciência. — Você tem ideia de quantas vezes Darcy me
disse para dar uma caminhada quando estávamos namorando? Se eu tivesse ouvido ela, eu teria caminhado
para a Europa e voltado agora.

— Isso é diferente. — Eu agi como um animal. Eu não a tratei do jeito que ela merece. — Ela não teria
sido feliz comigo, de qualquer maneira. Teria sido como ...
— Como mamãe. É disso que se trata? — Uma simpatia atípica surgiu nos olhos de seu irmão. — Você
acha que ninguém tem chance por causa do que aconteceu? Vamos, Russell. Você deveria ser o irmão
inteligente.

Era bom sentir irritação. Pelo menos era algo diferente de tormento.

— Você vê este banco em que estamos dentro? Ela poderia entrar aqui e sacar dinheiro suficiente para
corresponder ao teto salarial dos Yankees.

Alec recostou-se na cadeira. — Uau. Estamos falando de quatro zeros aqui?

— Quatro zer ... — Russell beliscou a ponte do nariz. — Deixe-me falar nesta reunião, ok? Sério.

— Por mim tudo bem. — Alec tirou o encarte de papelão de dentro da gola e jogou-o na pequena lata de
lixo de metal. — Escute, Russell. Eu, uh. . .

— O que?

— Como eu poderia saber que essa coisa com a mamãe estava bagunçando você? Você nunca diz nada
sobre isso. — Alec baixou a voz. — Você era o único que estava em casa com ela, foi você quem a
encontrou. Faz sentido que esteja mais em sua mente. Mas você não pode deixar isso mudar o seu destino,
cara. Seu destino é divino.

Russell suspirou. — Você não é um ninja de verdade, Alec.

Droga, havia uma razão pela qual eles nunca falaram sobre isso. Nunca era uma boa hora para lembrar o
dia em que sua mãe - já viciada em analgésicos prescritos - os tomara com um pouco de gim a mais. Um
acidente, eles o chamavam. Mas Russell sabia a verdade. Tinha testemunhado sua depressão, dia após dia.
Trazia para ela a caixa de lenços de papel em qualquer quarto que ela tivesse escolhido para chorar. O
acidente não teria acontecido se seu casamento fosse feliz. Se ela tivesse se contentado com sua casa no
Queens. Os filhos dela. Russell. Ele respirou fundo, trabalhando a memória em etapas. Só agora, as
imagens perturbadoras que ele guardava desde a infância eram misturadas com visões de Abby, fugindo
dele. A compreensão em seu rosto de que tinha ido para a cama com o homem errado. Alguém que nunca
poderia fazê-la feliz. Deixá-la sozinha foi a coisa certa a fazer. Mas, Deus, parecia errado. Tudo parecia
errado.

— Senhor. Hart? — Uma secretária se aproximou da sala de espera. — Siga-me por favor.

...

Abby estava do lado de fora da porta de seus pais no arranha-céus Residencial Park Avenue, os saltos de
suas sandálias afundando no corredor de carpetes de pelúcia. Era sexta-feira de manhã e ela deveria estar
no escritório, mas isso teria sido um desperdício de toda a força com que ela acordou. Tarde da noite, ela
finalmente chegou a uma solução que faria o trabalho da vida de seu pai valer a pena. Muita coisa. Sem
mencionar que sua ideia salvaria sua própria sanidade no processo. A ideia de se sentar atrás de sua mesa
no escritório silencioso fez seu estômago revirar. Não, era hora de ir ver seu pai. Sua confiança vacilou
um pouco no andar de baixo quando o porteiro nem mesmo reconheceu seu rosto. Ou nome. Com razão,
já que ela só tinha ido à cooperativa uma vez para uma festa de inauguração. Mas não era normal se sentir
uma estranha indo ver seus próprios pais. Desde que voltou dos Hamptons, ela se sentia uma estranha
onde quer que fosse. Mesmo em seu próprio apartamento, apesar das tentativas de Honey e Roxy de
levantar seu ânimo. Ela se encontrou na praia em Southampton - encontrou sua voz - e agora se sentia
despojada dela. Como se nunca tivesse existido. Hoje, ela iria receber de volta, embora de maneira
diferente. Ela não seria mais o apoio para os pés da empresa de seu pai. Um banquinho que já havia
perdido uma perna, graças a Russell. Os outros estavam começando a ranger, o tecido estava ficando fino.
Se ela não fizesse algo proativo agora, ela não tinha certeza de por quanto tempo aquelas pernas a
sustentariam. Ela levantou a mão para bater, perguntando-se por que sua madrasta ainda não tinha aberto
a porta desde que o porteiro ligou para o apartamento para verificar se Abby era bem-vinda. Mas ele
acabou em seus pensamentos. Por que ela tinha ido e pensou em Russell? Ela conseguiu não pensar nele
por toda a manhã, colocando ele em um canto distante de sua mente, onde ele poderia não ser tão eficaz.
Cada vez que ela se libertava por alguns minutos, um lembrete dele a arrastava de volta para a armadilha.
Se preparando para dormir na noite anterior, ela se recusou a passar por sua rotina noturna de verificar
todas as fechaduras. Do jeito que Russell sempre a lembrava de fazer. Então ela ficou ali deitada acordada
por horas, até que alguma responsabilidade a forçou a sair da cama para completar a tarefa, ouvindo sua
voz o tempo todo. Puxe a trava, anjo. Leva apenas um segundo. Faça isso por mim, sim? Como alguém
que se importava tanto poderia deixá-la presa em uma dor assim? Ela o odiava por isso, mesmo enquanto
sua mente tentava localizar uma razão para ela não ter sido boa o suficiente. Por que elas não foram o
suficiente para fazê-lo feliz. Hoje, ela seria o suficiente para si mesma. Ela pode ter uma necessidade
enraizada de agradar aos outros, mas ela se tornou um perigo para sua própria paz de espírito. Não mais.
Esta era a vida dela, e ela estava cansada de vivê-la para outras pessoas. Pessoas que deveriam se
preocupar com ela. Amá-la. Abby bateu na porta, o som ecoando no corredor chique. Alguns segundos
depois, uma mulher com uniforme de empregada abriu a porta.

— Olá. Senhorita Sullivan?

— Sim.

A mulher deu um passo para o lado e Abby entrou no apartamento, maravilhada com o quão pouco ela
reconhecia o espaço. Nenhuma peça familiar de mobília ou foto de família à vista.

— Minha mãe está em casa?

— Abby.

Ela se virou a tempo de ver sua madrasta entrar na sala, elegantemente vestida como de costume e prestes
a encerrar uma ligação no celular.

— Eu não sabia que você estava vindo.

— Sinto muito, Sra. Sullivan —, disse a empregada, olhando entre mãe e filha. — O porteiro interfonou,
mas você não queria ser incomodada. Eu apenas pensei –
— Ela só pensou que já que sou sua filha, a minha presença não faria você parecer que viu um fantasma.
Embora isso apenas resuma como eu me sinto. — Abby engoliu a fraqueza em sua voz. — Vim ver meu
pai.

A mulher mais velha alisou a saia. — Você conhece os desejos dele, Abby.

— Com todo respeito, mãe? Cada momento do meu tempo no mês passado foi dedicado à sua empresa.
A empresa da nossa família. Então, talvez ele não queira me ver, mas estou cansada de me importar.

Satisfeita com o queixo caído de sua madrasta, Abby caminhou em direção à escada, subindo dois degraus
de cada vez, sem ter certeza em qual quarto encontraria seu pai. Ela nunca tinha estado lá em cima. Quão
patético era isso? A triste constatação apenas reforçou o quanto ela tinha feito um verdadeiro lar com
Roxy e Honey, por mais não convencional que pudesse ser. Era dela. A culpa por não confiar em suas
colegas de quarto aumentou sua determinação, mas ela a deixou de lado por enquanto. Conserte uma coisa
de cada vez. Ela podia ouvir sua madrasta no andar de baixo em outro telefonema, então ela começou a
abrir as portas. Quarto vazio. Banheiro. Na porta final, seus dedos pararam na maçaneta uma batida
enquanto ela se preparava, antes de empurrá-la para abri-la. E lá estava seu pai, sentado em sua mesa sem
computador, jogando paciência. . . com cartas reais. Ele não ergueu os olhos quando ela entrou,
terminando silenciosamente seu jogo e juntando as cartas em uma pilha organizada. Ele não encontrou
seu olhar até que ele as recolocou na caixa, colocando a tampa na fenda com mãos cuidadosas.

— Não fui capaz de olhar para a tela do computador novamente —, disse ele, sua voz geralmente robusta
lembrando-a de um balão vazio. — Demora mais desse jeito, mas você aprecia mais as vitórias. O médico
diz que é importante reconhecer pequenas vitórias. Aprender a se contentar com elas.

Abby sentou na cadeira em frente a seu pai, percebendo mudanças não tão sutis nele. Ele havia perdido
peso. Deixou seu cabelo crescer além do colarinho. Mas o estresse que normalmente era visível ao redor
de seus olhos e boca havia sumido.
— Isso é bom. Está funcionando?

— As vezes.

Ela assentiu, mas ele não continuou. — Por que você não queria me ver?

Sua pergunta saltou como uma pedra no escritório, perturbando o ar. Na semana passada, ela teria se
desculpado por ser tão indelicada e retirado as palavras deixadas escapar, mas ela não tinha mais energia
ou desejo de evitar. De qualquer coisa. Seu pai bateu a caixa de cartas contra a superfície da mesa.

— Estou envergonhado, Abby. Todos os dias eu acordo e me visto, com certeza hoje será o dia em que
deixarei de depender da minha filha. De fazê-la passar pelo que eu passei. — Ele largou a caixa de cartas
e cruzou as mãos. — A verdade é que estou com muito medo. Não é uma coisa fácil para um homem
admitir.

— Obrigada por ser honesto. — Um nó se formou em sua garganta. — Está tudo bem ter medo.

Ele voltou sua atenção para a janela. — Não quando está prejudicando sua família, do jeito que estou
fazendo. — Sua respiração saiu em uma exalação lenta. — Se houvesse outra maneira de manter o motor
funcionando enquanto eu descobro como lidar com isso. . . Eu faria isso. Nada disso é justo com você,
Abby, mas. . .

— Mas você e a mamãe têm participações iguais na empresa. — Ela esperou que ele encontrasse seu
olhar. — Ela quer me manter em seu lugar porque mantém a companhia na família. Trazer ajuda pode
comprometer isso.

Seu pai se recostou na cadeira. — Semanas se passaram em que eu mal conseguia decidir o que queria
para o café da manhã. Foi difícil recuperar o terreno que perdi depois disso.
A simpatia diminuiu significativamente o fogo com que ela acordou esta manhã, mas ela empurrou para
frente, esperando que seu estômago a tivesse guiado na direção certa.

— Esqueça todas as pressões e expectativas. Esqueça o que todo mundo quer. — Ela ergueu um ombro.
— Você quer voltar a trabalhar?

— Não. — Ele fechou os olhos. — Não.

— Bom.

Abby enfiou a mão na bolsa e removeu cópias dos documentos que ela assinou nos Hamptons. Os que ela
pediu ao assistente de Mitchell, alegando que ele precisava que ela os revisse para uma reunião. Ela passou
a última semana debruçada sobre eles em seu tempo livre.

— Eu não sabia disso até recentemente, mas tenho uma participação de 2% na empresa. Você nunca me
contou.

Um pouco da astúcia pela qual ele era conhecido penetrou na expressão de seu pai. Foi um alívio ver uma
pista do homem de quem ela se lembrava.

— Foi feito há muito tempo. — Suas sobrancelhas se ergueram. — Honestamente, eu tinha esquecido.

Ela virou algumas páginas, dobrou-as. — Mitchell me pediu para assinar uma procuração no fim de
semana passado, me dando a capacidade de tomar decisões em seu nome. — Abby o observou. — Junto
com meus 2% na empresa, tenho o controle acionário. E estou pronta para usá-lo.
Abby estremeceu quando seu pai jogou a cabeça para trás e riu. Fora da sala, ela podia ouvir os saltos de
sua mãe clicando no corredor em um ritmo rápido. Ela apareceu na porta, uma mão pressionada em seu
peito enquanto cobiçava o pai de Abby.

— Aquele era você . . . rindo?

— Correto. — Ele enxugou as lágrimas de alegria. — Deus ajude qualquer um que subestime minha filha.
Certamente nunca cometerei esse erro.

Sua mãe entrou na sala, com os braços cruzados. — O que isso significa?

Abby voltou para a página final do documento e deslizou-a sobre a mesa em direção a seu pai.

— Aqui está uma lista de fundos de invesimentos de Nova York no mercado para absorver fundos de
tamanho igual ou menor. Eu destaquei os candidatos que parecem mais viáveis, com base nos últimos
quatro trimestres e sua lista de clientes. — Quando sua mãe começou a interromper, Abby levantou um
dedo. — Se vendermos pelo valor que acredito que valemos a pena, é isso que você ganhará e ainda poderá
dar uma indenização de dois anos para cada funcionário.

— Isso é muito generoso —, murmurou seu pai, estudando o documento.

— Sim, muito. — Abby sorriu. — Todos eles me odeiam, e esta é minha maneira de fazer eles se
arrependerem.

A mãe de Abby se inclinou sobre a papelada, um dedo bem cuidado alisando o número que Abby havia
circulado. Um número que garantiria que nenhum deles nunca tivesse que trabalhar novamente e os
manteria no estilo de vida a que se acostumaram. Seus pais, na verdade. Ela preferia seus três quartos na
Nona Avenida. O alívio de seu pai era palpável em toda a mesa, a tensão diminuindo de seus ombros a
cada segundo que passava.
— EU . . . acho que consigo a partir daqui Abby.

— Que bom. Porque acho que é aqui que eu salto do navio. — O estresse caiu de seu corpo em grupos
pesados. — Adoro números, mas não adoro somar e subtrair durante o sono.

— Muito justo —, disse seu pai, observando-a de perto enquanto ela recuava em direção à porta. — Abby?

— Sim?

— Obrigado. Por tudo.

— De nada. — Ela pousou a mão na maçaneta. — Hum. Quando estiver se sentindo melhor. . . talvez
vocês dois possam vir à minha casa para jantar?

Sua madrasta parecia assustada - mas cautelosamente satisfeita - e seu pai orgulhoso. — Nós adoraríamos
ir.

Abby saiu do prédio para a Park Avenue, respirando fundo o ar ensolarado da cidade. . . e deu uma pirueta
desajeitada, mas enérgica.
Capítulo 17

Russell inclinou-se contra a entrada do metrô no centro, do outro lado da rua do estivador. A tarde de
sexta-feira clara e arejada permitiu que o bar deixasse as portas e janelas abertas, dando a Russell uma
visão do interior. Seus amigos estavam lá na mesa de costume, menos Abby. O incomodava que ela não
estivesse lá. Muito. Ela estava doente? Ele estava checando ela por meio de Ben, que obteve suas
informações de Honey. A princípio, seu suposto amigo recusou-se a transmitir um único detalhe, dizendo-
lhe para se levantar e ir ver Abby pessoalmente. Ben finalmente teve pena dele depois de uma pergunta
desesperada e bêbada para saber como Abby havia usado o cabelo naquele dia. Sim, ele não estaria
vivendo essa situação para sempre. Porra, ele não deveria se importar. Ele foi informado que a carga de
trabalho de Abby iria diminuir em breve, foi o que ela disse a suas colegas de quarto. Seu alívio ao ouvir
isso foi enorme. A ideia de Abby ficar grudada em um laptop com oito toneladas de pressão sobre ela o
fazia ficar louco para caralho. As pontas ásperas de suas unhas se cravaram em sua palma. Ele disse a si
mesmo que iria parar depois do trabalho encerrado, apenas para dar uma olhada nela. A decepção de não
vê-la era o equivalente a ser enterrado sob uma avalanche. Cristo, quanto tempo fazia? Cinco dias?
Pareciam cinco décadas.

— Dane-se, — Russell rosnou, atravessando a avenida em direção ao estivador.

Se ele voltasse para o Queens agora, a insatisfação seria insuportável. Inferno, ele provavelmente voltaria
para a casa, onde estivera trabalhando sem parar, pegaria a ferramenta elétrica mais próxima e destruiria
todo o seu progresso. Seria apenas uma distração temporária, no entanto, e ele voltaria a pensar em Abby.
Repetindo cada palavra que ela já havia falado, cada segredo que ela confidenciou, cada sorriso que ela já
o presenteara. Quando Russell entrou no estivador, ele se perguntou se já havia prestado atenção ao
interior antes. Nada registrado como familiar. Ou talvez ele se acostumou a se concentrar em Abby quando
ele entrava, todo o resto geralmente desaparecia. Jesus, até seus pensamentos eram lamentáveis. Pare de
pensar. Essa era a única opção. Parar de pensar e perguntar aos amigos dele sobre Abby. É como arrancar
um Band-Aid. Ele pensaria mais tarde, quando pudesse beber ao mesmo tempo e silenciar as imagens que
o assombravam. Quatro pares de sobrancelhas se ergueram quando ele se sentou à mesa. Uma reação que
ele esperava desde que ele deixou Southampton como se estivesse pegando fogo. Imaginando que daria a
eles um minuto para se acostumarem com sua presença, Russell cruzou os braços e esperou. Roxy falou
primeiro, como se houvesse alguma dúvida.

— Podemos te ajudar?

— Onde ela está?

A cadeira de Honey arrastou-se para trás, sua intenção de ir para a garganta de Russell faiscando em seus
olhos. Ben enganchou um braço em volta da cintura dela bem a tempo, puxando-a para baixo em seu colo.

— Calma, Honey. — Ele olhou para Russell. — É melhor que seja bem.

— Bem? — Ele baixou a cabeça entre as mãos. — Não tenho mais nada de bom. Eu só preciso saber
como Abby está, por favor.

— O que te dá o direito de querer saber? — Honey perguntou, ainda atirando adagas nele do outro lado
da mesa. — O que quer que você tenha feito deve ter sido horrível, Russell. Ela nem fala conosco sobre
isso.

Ele se sentiu vazio. Tão malditamente vazio. — Ela não disse por que ela estava chateada?

Uma grande parte dele desejava que ela tivesse contado. Quando um homem a machuca, ela deve contar
a alguém. Oh Deus, aquele homem tinha sido ele.

Você machuca muitas garotas, Hart?


Roxy trocou um olhar com sua colega de quarto. — Ela não estava chateada até que leu seu papel e
descobriu que você partiu. Na verdade, ela estava cantando o Hino Nacional no chuveiro. E eu amo essa
garota até a morte, mas se ela tentasse cantar uma melodia em um balde, o balde iria brotar orelhas. Só
para que pudesse cobri-las. — Honey estalou a língua para Roxy. — Achamos que você finalmente
confessou como se sente ...

— Espera. Abby não estava chateada antes disso? — Russell balançou a cabeça com força. — O advogado
disse que sim. . . disse que ela. . .

Louis falou pela primeira vez. — Mitchell? Ele partiu na noite anterior.

— Não, ele não partiu. — Um buraco estava se abrindo no estômago de Russell. — Ele estava na estrada
quando cheguei da praia. Ele me ofereceu dinheiro para ir embora. . . disse que era melhor para Abby. —
— Uma dor estilhaçou sua concentração. — Ele disse que o dinheiro era de Abby.

— Dãhh. E agora? — Roxy olhou para ele. — Você não tem usado seu capacete em áreas perigosas?

— Isso não parece nada com Abby, cara —, disse Ben. — Você tem certeza?

— O cara sabia sobre a Hart Brothers Construction. E a reunião do empréstimo comercial com o banco.
Eu só contei a Abby sobre a reunião. — Os protestos soaram fúteis aos ouvidos de Russell, mas ele se
sentiu obrigado a continuar. Se não fizesse, isso significaria que ele estava errado. Terrivelmente errado.
— Eu não a culpei por isso. Eu nem mesmo. . .

Foi a última coisa em sua mente, em comparação com machucá-la. Qualquer coisa que ela fez para se
afastar dele parecia inteiramente justificada, então ele não tinha examinado muito de perto. Mesmo se ela
tivesse oferecido dinheiro a ele por meio do advogado, ele presumiu que ela o fizera por causa de qualquer
que fosse a generosidade que restava para com ele. Nunca por desrespeito. Não sua Abby. Mas . . . e se
ela nunca tivesse feito isso? Louis pigarreou.
— Eu imagino que não seria muito difícil obter informações básicas sobre você. Não para alguém que
tem conexões no mundo financeiro. E se ele for o advogado corporativo de um fundo de investimentos
desse tamanho. . . — Louis encolheu os ombros. — É o ramo dele.

O cérebro de Russell estava lutando para recuperar o atraso. Através da névoa que ele viveu nos últimos
cinco dias, buracos começaram a se formar, deixando entrar uma luz ofuscante. Mitchell sabia seu
sobrenome. Na época, ele mal tinha sido capaz de registrar isso como estranho, mas agora isso dizia a ele
como a noite do advogado tinha sido passada. Protegendo seu patrimônio, ou seja, Abby, livrando-se do
homem que poderia arrastá-la para baixo. Ou arrastá-la para longe do mundo em que vivia. A empresa
que o manteve dirigindo a Mercedes mais atual. Sim, aquele filho da puta pegou o número de Russell na
piscina e novamente na cozinha. Uma dessas coisas não é igual as outras. . . Mitchell havia decidido
separá-los? Se ele tivesse feito isso, seria justificado? Se Russell realmente machucou Abby, então sim,
foi. Mas ele não sabia porque tinha ido embora sem nem falar com ela. Descobrindo como ela se sentia.

— Por que você não nos contou sobre a reunião do banco? — Ben perguntou, o olhar se estreitando em
Russell. — Por que manter isso para você?

— Eu tive cinco reuniões do caralho com bancos, Ben. — A frustração explodiu em Russell. Por que eles
estavam fazendo perguntas quando sua cabeça estava se partindo pela metade? — Você me conhece há
um tempo. Listar minhas falhas parece adequado para mim? — Ele pressionou a mão no olho direito, na
esperança de evitar que seu crânio quebrasse. — Eu estava tentando por ela. Venho tentando há tanto
tempo.

— Por Abby, — Louis disse lentamente, entendendo clareando a confusão em seu rosto. — Enquanto
você estava tentando tanto, você a empurrou, cara. Ela teria te amado ainda mais por isso.

Honey se inclinou para frente no colo de Ben. — Do que você está falando?

— Eu fiz amizade com Abby —, disse Russell.


Roxy balançou a cabeça decisivamente. — Você não pode fazer amizade com alguém que já é seu amigo.

— Eu estou apaixonado por você. — Louis encostou a cabeça no ombro de Roxy. — Eu já disse isso para
você na última hora?

Ben e Russell trocaram um olhar de Jesus Cristo.

— Roxy está certa, mas não explica o que há de errado com Abby. — Honey olhou para Russell com um
olhar desconfiado. — A menos que tenha havido contato ilegal na friend-zoned.

Russell bateu a testa contra a mesa - e com aquela reação condenatória - o caos estourou ao seu redor.

— Você sabia sobre isso?

Roxy perguntou a Louis, empurrando seu ombro para longe, enquanto Honey dirigia um olhar acusador
para Ben exatamente ao mesmo tempo.

Ben tirou os óculos. — Conserte isso, Russell. Conserte agora.

— Ela nem nos contou. — Honey trocou um olhar preocupado com Roxy. — Vocês dois estão sempre
juntos. Não havia nada de estranho nisso. . . mas deveríamos ter tentado mais para tirar isso dela.

Russell ergueu a cabeça para encontrar Roxy olhando para ele.

— Você sabe por que ela não nos contou, Russell? Suas melhores amigas?
— Por quê? — ele resmungou.

— Ela provavelmente estava com vergonha.

As palavras de Roxy foram como um atiçador ardente empalando sua barriga. Eles foram o suficiente por
conta própria para deixá-lo cair, mas ela não havia terminado. E ele queria sentar lá e pegá-lo. Merecia
cada palavra dolorosa.

— E ela não estava envergonhada por causa de qualquer complexo que você tenha. . . dinheiro ou sua
empresa. A propósito, resolva essa merda. Eu certamente faria isso. — Roxy apunhalou a mesa com o
dedo. — Ela ficou com vergonha porque você desvalorizou algo que poderia ser muito bonito. Você fez
da Abby uma amiga com benefícios.

Russell se forçou a engolir a angústia tentando virá-la porque aquela bala final teria feito isso. Se ele se
deixasse morrer de um ferimento agora, ele não teria chance de vê-la novamente. E sua sanidade dependia
disso.

— Abby não poderia se importar menos com dinheiro, Russell —, observou Honey.

— Isso é fácil de dizer quando você tem. — Russell ignorou os movimentos frenéticos de Ben e Louis
cortando na frente de seus pescoços. — E é diferente para um homem—

Roxy e Honey ergueram as mãos, lançando maldições no teto.

— Ele não fez isso — Honey gemeu. — Ele não disse isso.

— Seu túmulo é tão profundo, cara, você pode ver a China —, Louis murmurou, balançando a cabeça. —
— Pare de cavar. Você está nos arrastando com você.
Russell endireitou-se e colocou as mãos espalmadas sobre a mesa.

— Eu preciso vê-la. Eu - posso ser capaz de consertar isso agora. — Ele engoliu com dificuldade. — No
mínimo, eu preciso ter certeza de que ela não se sente. . . — Ele não poderia dizer o resto.

— Envergonhada —, Honey respondeu. — Usada. Deixada de lado.

— Por favor. — Ele se sentiu destruído. — Eu só queria que ela fosse feliz.

Roxy e Honey murcharam um pouco.

— Ela está mais feliz com você, Russell. Sempre foi assim. Nem mesmo nós podemos competir — disse
Roxy, tirando a chave do apartamento do chaveiro e deslizando-a sobre a mesa. — Não me faça lamentar
isso.

A cadeira de Russell ainda estava balançando quando ele desapareceu pela saída.

...

Abby puxou o vestido de verão branco sobre a cabeça enquanto o vapor enchia o banheiro. Pela primeira
vez, o silêncio no apartamento era bem-vindo. Combinou com a paz e o silêncio finalmente permeando
sua cabeça após semanas de números zumbindo e medo do fracasso. O saca-rolhas torcendo em suas
têmporas de ambos os lados tinha sumido. . . e ela foi a única a destorcê-lo. Ela se sentiu . . . orgulhosa de
si mesma. Como naquele momento, ela poderia lutar uma guerra e sair vitoriosa. Se seu novo espaço de
cabeça permitisse que seus outros problemas se tornassem maiores, isso mudaria. Não é? O abandono de
Russell e o silêncio de cinco dias compartilhavam a capacidade do cérebro de encontrar uma maneira de
se livrar da empresa, ao mesmo tempo em que mantinha o status no escritório para não alertar ninguém
sobre as mudanças futuras. Agora, as lembranças gritantes de sua ausência correram para reclamar todos
os bens imóveis gratuitos em sua consciência. Determinada a comemorar o que havia conquistado naquela
manhã, Abby ergueu o queixo e começou a trabalhar desabotoando o sutiã, deixando-o cair a seus pés o
calor do vapor do chuveiro tentando aliviar a dor no pescoço e nas costas, provocada por semanas no
computador. Ela inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, respirando profundamente. A coluna de
Abby estalou reta quando ela ouviu um rangido fora da porta do banheiro. O vapor passou de reconfortante
a uma visão dissuasiva em uma fração de segundo, seu coração martelando enquanto ela dirigia sua
atenção para a porta parcialmente aberta. Ela tinha trancado a porta da frente? Droga. Ela não conseguia
se lembrar. E suas companheiras de quarto só deveriam estar em casa muito mais tarde. Sem mencionar
que elas gritariam para informá-la de sua presença, para salvá-la do ataque cardíaco. Ela começou a pegar
uma toalha.

— Olá? — A porta se moveu?

— Abby. Podemos conversar?

Sua respiração engatou, várias emoções a inundando de uma vez. Surpresa. Consciênte. Russell estava do
lado de fora do banheiro, onde ela ficou nua. Ela odiava que um punhado de palavras ásperas de sua boca
fizesse seus mamilos se contraírem. O que ele estava fazendo aqui? A frustração cresceu. . . e subiu forte.
A raiva de Russell que ela apenas começara a processar juntou forças com a energia sexual criada por sua
presença. Seja qual for o motivo, por que ele estava aqui? Ela não queria saber. Assim como ela fez esta
manhã, ela queria controlar isso. Para vencer a guerra. Ele não poderia vir aqui e colocá-la de volta assim.
Ela não o deixaria.

Eu sinto muito.

Abby viu a nota que ele deixou em sua mente. Ela não queria sua pena. Ela queria que ele soubesse como
ser deixado para trás doía. Então ela mostraria a ele. Um frisson de alarme se desenrolou em sua barriga
quando ela se viu no espelho. Havia determinação, tristeza, luxúria. Ela poderia empurrar a porta e correr
para os braços de Russell, como seus instintos mandavam. Poderia, se ele não a tivesse machucado tanto.
Mas não. Ela se recusou a se abrir dessa maneira novamente. Com uma respiração profunda, Abby abriu
a porta, sentindo o vapor se enroscar em torno dela quando Russell apareceu. Ele recuou um passo, a
chave em sua mão caindo no chão.
— Oh Deus, anjo. — Seu olhar desceu por seu corpo, ficando mais faminto com cada centímetro de carne
que cobria. — Por favor. Volte para o banheiro. Vou esperar até que você termine.

A reação dele a tornou uma sedutora pela primeira vez na vida. . . e esse poder era um vício imediato. Ele
apagou as chamas duplas de medo e dúvida, substituindo-as por uma labareda de desejo. Queria que ela
pudesse amenizar em seus próprios termos.

— Venha comigo, — ela murmurou, o convite misturado com o vapor. — Caso contrário, você vai esperar
um pouco. — Emocionada com sua própria ousadia, Abby passou a mão pela barriga. — Vou tomar um
banho completo.

O corpo inteiro de Russell tremeu visivelmente.

— Você tem todo o direito de me punir, mas estou muito fraco agora para lidar com isso. — Seu tom a
lembrou de concreto rasgado. — Cinco dias é muito tempo sem você. Eu precisava ver como você está. .
. se você ainda está cansada. Ainda trabalhando muito. Vim aqui para ouvir a sua voz.

Deus, ela amava este homem. Estranho que seu coração escolhesse este momento de afirmar sua
independência para lembrá-la. Estranho e inaceitável. Mas aí estava. Este conhecimento profundo de que
se ela pudesse estar tão furiosa com ele enquanto ainda doía para abraçá-lo e acalmar sua tristeza. . . era
um amor real, profundo. O tipo que nunca iria embora a menos que ela fizesse algo a respeito. Seu coração
disse-lhe para recuar e examinar a situação de todos os ângulos antes de tentar exorcizar o domínio de
Russell sobre ela, mas a teimosia recém-descoberta que lhe servira tão bem ultimamente sufocou a
inclinação. Abby jogou o cabelo e andou em direção a Russell, que recuou com uma expressão que dizia
que ele sabia que a resistência era inútil. Quando ela deslizou a mão no cós da frente da calça jeans e
caminhou para trás, em direção ao banheiro, ele travou como se estivesse em transe.

— Precisamos conversar, Abby.


Eles entraram no banheiro, ambos imediatamente envoltos em vapor. Ela usou a mão livre para fechar a
porta, então empurrou o grande corpo de Russell contra ela.

— Vamos aproveitar primeiro a parte divertida.

Ela deslizou as mãos por baixo da camiseta dele e arranhou seu abdômen com as unhas antes de arrastá-
las para baixo, mais para baixo e desatar o cinto. Sua ereção era protuberante sob suas mãos, e ela se
deleitou em saber que a atração era profunda, mesmo que fosse onde seu relacionamento terminasse.

— Cinco dias é muito tempo. — Ela interiormente amaldiçoou o tremor em sua voz. — Como você vai
compensar isso?

— Da maneira que você quiser. Assim que você me deixar explicar tudo.

— Não.

— Sim.

Ela ficou na ponta dos pés e acertou o rosto dele. — Não -

Russell agarrou seus pulsos e os puxou para trás, arrancando um suspiro de sua boca. A luta saiu dela
instantaneamente. Ela cedeu contra ele, como se seus ossos tivessem se liquefeito, seu corpo sustentado
entre seu aperto e corpo musculoso. Ela ficou chocada com a rapidez com que cada nuance de seu ser
respondia à demonstração de autoridade. O sangue zuniu por suas veias, regozijando-se, antecipando uma
saída para a energia reprimida e a tensão que ela não sabia que mantinha como refém. A respiração de
Russell estava difícil, o olhar desfocado.

— Estou tentando controlar isso, anjo. Você tem que me ajudar. — Olhos torturados caíram em sua boca
entreaberta. — Me mostre onde machuquei você, então eu vou parar.
Seus dedos se contraíram atrás das costas com a necessidade de indicar o centro de seu peito.

— O que você quer dizer?

— As contusões. — Ele soltou as mãos de Abby, empilhando as suas no topo da cabeça, caindo contra a
porta. — Me mostre o quão ruim eu sou para você, como se eu já não soubesse. Como se eu não pensasse
nisso a cada hora do dia.

— Hematomas, — ela sussurrou, uma dor surda se formando em seu lado. — Quem. . . quem te disse ...

Sua boca se fechou com a lembrança do olhar astuto e aparentemente inócuo de Mitchell para seus pulsos
na manhã seguinte que passaram a noite na praia.

— O advogado disse que você estava chateada. Ele me perguntou se eu machucava as garotas. Estou
doente há dias, Abby. Fodidamente doente.

Seus joelhos quase dobraram sob o peso do alívio. Tudo faz sentido agora. Por que ele saiu sem se
despedir. Por que ele ficou longe. Seu grande protetor pensou que tinha te machucado. Ele foi submetido
a cinco dias de tortura sem motivo. Ambos tinham.

— Russell. — Ela alisou as mãos nas laterais do rosto dele. — Você não me machucou. Ou, quando você
fez, mudou para algo que parecia bom. — O vapor flutuou entre eles, obscurecendo seu rosto, então ela
se aproximou. — Eu estava voltando para a praia para que pudéssemos fazer tudo de novo.

Sua longa exalação mudou o vapor.


— Isso é verdade? Você não ficou chateada? — Ele deixou cair as mãos para os lados, e ela podia sentir
o esforço que ele fazia para não a alcançar. — Eu fui tão duro pela sua primeira vez. . . há marcas de unhas
em minhas costas. Eu nem me lembro de você deixá-las.

Isso a excitou ao ouvir isso. A fez se sentir possessiva em um novo e importante caminho.

— Deixamos marcas um no outro, então. — Ela afastou o cabelo rapidamente umedecido do rosto. — É
errado eu gostar disso?

— Eu não sei —, ele falou. — Mas eu estou fazendo uma promessa para você, Abby. Se você me der uma
chance, descobriremos juntos. Descubra tudo sobre essas coisas que sinto e certifique-se de que não são
ruins para você.

— Para nós. Ruim para nós. — Ela lambeu seus lábios. — E eu as sinto também, de uma maneira diferente.
Ao ... Contrário.

Sua voz soou mais fraca na batida de seu pulso. Estava chegando. Eles iriam ficar juntos novamente, e
ela mal conseguia respirar por causa da ansiedade. Rezando para que ele não protestasse ou insistisse para
que conversassem mais, Abby ficou na ponta dos pés e levantou a camisa de Russell pela cabeça,
deixando-a cair no chão. Oh garoto. Ele tinha ficado maior, mais definido? O calor dentro do banheiro o
fez suar, fazendo seu peito subir e descer brilhar com o suor masculino.

— Você vai tomar banho comigo?

Seu pomo de Adão subiu e desceu. — Há mais o que conversar.

Não. Ela não estava aceitando isso. A antecipação bombeava muito intensamente, consumindo-a do meio
e irradiando para fora. Mantendo seu olhar fixo no de Russell, ela abriu o zíper de sua calça jeans e o
empurrou para baixo, deixando-o com uma cueca boxer branca. Ela não pôde deixar de examinar o corpo
que ela revelou. O suor escorrendo por seu abdômen, absorvendo na bainha de sua cueca, deixou sua
língua com ciúme.

— Eu tenho essa fantasia onde você. . .

— O que? — ele perguntou com uma voz áspera.

— Você me lava no chuveiro.


Capítulo 18

Até agora, ele estava tentando manter sua atenção grudada acima do pescoço de Abby, mas com a
pronúncia dessas palavras, Russell quebrou. Ele gemeu e balançou em direção a ela, atacando seus seios
com olhos famintos pela visão de sua carne. Ela sabia que ele teria o desejo correspondente. Estava lá em
sua expressão conhecedora, a maneira como ela abaixou o queixo e olhou para ele através dos cílios
longos. Sim, ela sabia que o ato de cuidar dela seria a tentação final. Cuidando de sua Abby. Fazendo por
ela. Seu pênis se esticou por mais tempo dentro da cueca boxer úmida, sentindo- se estrangulado. Ele se
abaixou e rasgou um preservativo do bolso da calça, impaciênte o impulsionando em direção a Abby e
foda-se, de alguma forma a maneira como ela recuou com isso. . . a expressão obediente o fez se sentir
um rei. Seu rei. E seu rei estava se sentindo grosso abaixo da cintura e pronto para explodir.

— O jeito que você está olhando para mim é uma porra de perigo, Abby.

— Devo parar?

Cristo, com cada palavra, cada movimento, ela entregou a ele mais e mais controle. Depois de uma semana
de confinamento solitário, ele estava correndo pelas paredes da prisão. Não vou voltar. Eu não posso
voltar.

— Eu vou te dizer se eu quiser que você pare.

Suas costas bateram na porta de vidro do chuveiro, sacudindo-a.

— OK.
Ela se virou e começou a entrar no chuveiro, mas a visão dela escorregando fez Russell se lançar para a
frente para ajudar. Depois disso, tocando sua pele úmida e nua, ele estava totalmente fodido. Com Abby
de costas para sua frente, ele os caminhou sob o jato, gemendo mais alto a cada passo. Não pode evitar
com a forma como a polpa de sua bunda levantaram e caíram contra seu pau.

— Estava se preparando para se tocar, não é? — Ele puxou sua cabeça para o lado e beliscou com força
sua orelha. — Você ia se acariciar onde meus dedos te acariciaram? Empurrar seus dedos naquela pequena
buceta apertada onde meu pau vai entrar? — Seu aceno foi espasmódico. — Se vire e veja o que você irá
receber.

Ele não esperou que ela se movesse, e a girou ele mesmo. Gotículas de água tiveram o privilégio de
manchar seu rosto, seu pescoço, seus seios, lembrando-o de onde ele tinha estado pela primeira vez. Como
ela parecia vestindo-o sob o luar filtrado.

— Irei gozar entre suas coxas desta vez, entendeu? — Russell cutucou sua barriga com seu pau pulsante.
— Ah porra, o que eu tenho armazenado para você. . . — Ele raspou a ponta da embalagem do preservativo
pela espinha de Abby e a sentiu tremer, ouviu o gemido que ele perdeu como o inferno. Desejado. —
Vamos usar isso agora, mas algum dia, não haverá uma maldita coisa entre nós.

Ela assentiu com a cabeça, seu olhar caindo para sua cueca boxer e a carne que mal se continham.
Observando-a de perto, Russell puxou o cós até a metade de seu comprimento, deixando o elástico segurá-
lo contra seu abdômen. Sua língua patinou para fora, seu corpo mergulhando, como se ela quisesse servi-
lo de joelhos. Com um ruído áspero, Russell agarrou seu braço e puxou-a para cima.

— Não, Abby. — Ele se firmou com uma respiração forte. — Quando eu disse que tenho guardado para
você, eu quis dizer que eu não me toquei desde que estivemos juntos. Eu não duraria um segundo na sua
boca.

Ela traçou um dedo pelo peito dele, terminando em seu umbigo, circulando-o uma vez. Duas vezes.
— Mais tarde?

Sua garganta secou. — Você está me perguntando se você pode chupar meu pau mais tarde, Abby?

— Sim —, ela respirou, espreitando por baixo de seus cílios. — Eu estou perguntando para você.

A maneira como ela o fez se sentir no comando estava novamente liberando os impulsos poderosos que
ele permitiu para correr livre naquela noite na praia. Ele lembrou a si mesmo que ela não tinha ficado
chateada ou magoada. Que ela queria mais. Mais. Russell alcançou atrás de Abby e juntou um punhado
do jato de banho, trazendo a água entre seus corpos e deixando escorrer sobre sua ereção.

— Olhe para mim. — Ele empurrou o cós para baixo um pouco mais, revelando mais um centímetro de
si mesmo. — Isso faz você querer tocar sua boceta?

— Não. Isso me faz querer que você toque.

Seu gemido ecoou nas telhas molhadas. — Você tem aquele sabonete que te deixa cheirando a luz do sol
de uva branca? Vou esfregar em cada centímetro de você.

Como se magnetizadas, suas bocas pairaram mais perto quando Abby alcançou cegamente a garrafa de
plástico.

— Posso lavar você também?

— Mais tarde. — Ele roçou seus lábios revestidos de vapor juntos. — Muitas coisas terão que esperar até
mais tarde, anjo. No momento, estou apenas tentando não gozar ao ver você. — Quando seus olhos ficaram
vidrados, Russell riu apesar da dor. — Isso te excita, não é? Minha garota não é mais tão inocente.
Ela estava olhando para os lábios dele, não lhe dando escolha a não ser beijá-la. . . e beijá-la e beijá-la até
que suas coxas ficassem inquietas contra as dele, seu abdômen pressionando e levantando onde encontrava
seu pênis. Mamilos tensos arrastavam seus pelos do peito, fazendo-o se sentir grande demais para sua pele
toda. Ele rolou o preservativo e largou a embalagem, liberando a mão para espalhar a palma em seu
traseiro molhado, massageando as bochechas tensas no tempo com a língua passando por seus lábios. As
pontas de seu cabelo faziam cócegas em seus pulsos e antebraços, sua cabeça caida para trás para receber
o beijo rapidamente intensificado. Se ele não se separasse de sua boca, ele a levantaria sobre sua ereção e
a tomaria com força. Mas não. Ele queria tomar seu tempo. Tinha acabado muito rápido na praia. Ele tinha
vindo aqui para consertar tudo, para tranquilizá-la. Ele tinha conseguido isso? Não, ainda não. Com um
gemido baixo, Russell se afastou.

— Tudo vai ficar bem agora, Abby. Sem mais jogos, ok? Tudo está consertado agora, ok?

Ela deslizou a garrafa de sabonete líquido em sua mão.

— Fale depois.

Russell queria apertar os dois lados do rosto e falar, falar, falar até que tudo estivesse dito. . . mas seu
corpo concordou com depois. Depois que ele superasse o pior de sua luxúria e pudesse se concentrar. Ela
também precisava disso. Como se para provar que seus pensamentos eram verdadeiros, ela empurrou sua
cueca para baixo, fazendo seu pau cair pesadamente entre suas coxas umedecidas pelo banho. Foda-se.

— Pare de pensar, ok? A maneira como você olha. . . está me deixando tão excitada.

— Parei.

Russell alisou sua barriga com a mão, cutucou sua boceta com os nós dos dedos.

— Não consigo me concentrar quando você diz coisas assim.


— Bom.

Recuando para obter uma visão completa de suas curvas molhadas, Russell despejou um pouco de
sabonete líquido nas mãos e colocou a garrafa de lado.

— É assim que termina a sua fantasia? Sendo lavada por mim?

Abby balançou a cabeça, fazendo seus peitos sensuais do tamanho da palma da mão balançarem.

— Não.

— Bom —, disse ele, ecoando o sentimento dela.

Suas mãos subiram para aqueles montes bonitos primeiro, apertando e levantando, esfregando seus
mamilos com as palmas. Quanto mais ele esfregava, mais ela gemia, então ele seguiu seus instintos e os
beliscou entre o indicador e o dedo médio. Ele sentiu os joelhos dela dispararem juntos, o toque áspero
afetando-a onde passava.

— Vou aprender cada pequena coisa que te excita. Eu quero saber de cem maneiras diferentes.

Ele pegou a garrafa e despejou mais sabonete líquido em sua mão. Ela deve ter sabido o que estava por
vir, porque prendeu a respiração quando ele se abaixou e segurou sua boceta.

— É aqui que termina a sua fantasia, não é? — Ele se ajoelhou na frente dela, trabalhando em sua carne
sensível, banqueteando-se com os olhos. — Eu nunca vou te foder até que eu te saboreie aqui, anjo. É
uma regra pessoal. Preciso te chupar, antes de te comer.
— Eu posso viver com isso, — ela engasgou.

Ele a colocou embaixo do jato do chuveiro para tirar o sabonete, seu pau estremecendo ao ver a água
correndo sobre sua boceta. Impulsionado, ele deu apenas uma lambida suave em seu clitóris. E que merda.
Aquele cheiro de uva branca que o deixava louco agora era um sabor, entrando em sua garganta. Suas
mãos se moveram por conta própria, cavando em sua bunda e a puxando para frente, esfregando sua boceta
contra sua boca. Ele mergulhou com a língua e chupou, os gritos dela continuaram totalmente
desnecessários. Fazê-lo parar seria como tirar um alcoólatra de sua primeira bebida matinal.

— Russell, eu estou. . . quase...

Quando ela gritou, a perfeição molhada e trêmula contra seus lábios o teria feito cair de joelhos se ele já
não estivesse lá. Sua mão caiu de sua bunda para acariciar seu pau, rápido e áspero, a mente girando em
círculos com o sabor de Abby. Mas quando o pé dela escorregou no chão da banheira, e ela cambaleou,
Russell disparou para frente com um grito, envolvendo os braços em volta da cintura dela. De alguma
forma, o medo residual de Abby se machucar só fez aumentar sua urgência de entrar nela.

— Preciso tirar você desta banheira. . . você poderia escorregar...

— Não. Por favor, eu preciso—

— Não posso arriscar.

Ele já estava fora do chuveiro, arrastando Abby em seus braços e levando-a para a pia. E Jesus, Abby
toda molhada, parecendo bem satisfeita e ligeiramente irritada, era a coisa mais sexy que ele já tinha visto
em sua vida. Sentindo uma onda de amor e proteção tão forte que ele mal conseguia respirar, Russell
pressionou suas testas juntas.
— Eu preciso te lembrar que eu perderia minha cabeça se algo acontecesse com você? Eu preciso?

— Não, — ela sussurrou, a irritação desaparecendo de seus olhos, mais uma vez sendo substituída por
calor. — Mesmo que eu não entenda. . . é você. Meu Russell.

— Diga isso de novo, — ele implorou, apertando seus quadris em suas mãos.

Ela o surpreendeu ao se virar, fixando o olhar em seu reflexo no espelho embaçado. Então ela pressionou
sua bunda em seu colo e torceu os quadris, arruinando-o para qualquer outra experiência que a vida
estivesse a oferecer.

— Meu Russell.

Seu pênis subiu sob sua declaração de propriedade - propriedade que ele não sabia que estava desejando
- soprando sua restrição para fora da água. Ele agarrou seus palpitantes centímetros e enfiou a cabeça entre
suas coxas lisas.

— É assim que você quer, anjo? Um pouco sujo? Você quer me ver tentando me conter e falhar?

Ele empurrou a metade superior de seu corpo para frente, olhou para sua bunda doce e animada.

— Ah, meu Deus. Isso vai acabar com você gritando.

Ela estendeu a mão para trás e impulsionou seus quadris para frente. — Eu quero gritar.

Maldição. Russell prendeu o antebraço entre a barriga e a penteadeira, recusando-se a deixar uma única
marca em seu corpo desta vez. Ele agarrou seu queixo com a mão oposta, inclinando seu rosto para cima.
— Eu nunca quero estar dentro de ninguém, Abby. Eu quero que você abra o zíper da minha calça sempre
que estiver molhada e saiba que estive esperando - apenas esperando porra - para entrar na buceta da
minha garota. Eu quero que você esqueça como é sentar em qualquer lugar, menos no meu colo, bem em
cima do meu pau. Seu. É seu. Sou seu.

Seus olhos escureceram com cada palavra, sua respiração se juntando ao vapor para embaçar o espelho.

— Eu quero isso também. Tudo isso.

— Você tem isso. — Ele pressionou a boca em seu ouvido, deu uma rápida bombada contra sua bunda
ainda escorregadia. — Você está apertada o suficiente, não precisa apertar suas coxas também. Abra-as
para mim, Abby.

Ela só abriu um pequeno espaço entre as pernas quando Russell empurrou todo o seu comprimento dentro
dela. A mão dele caiu de seu queixo para pegá-la quando ela caiu para frente com um grito abafado.

— Oh meu Deus. Tão grande . . . tão grande.

— Jesus. — Ele falou com os dentes cerrados. — Não diga isso.

Sua respiração saiu soando mais como soluços. — V-você não gosta de ouvir isso?

— Todo cara gosta de ouvir isso, Abby. — Ele correu os dentes pela lateral do pescoço dela, lutando
como o inferno para manter algum senso de controle. Sobre seu corpo. Sobre suas emoções. — Apenas
guarde para a próxima vez, ok? Quando eu não tenho o equivalente a cinco dias precisando foder você
pesando em minhas bolas. — Ele recuou e empurrou profundamente, sentindo sua vagina esticar ao redor
dele. — Você sente isso?

— Sim. Eu sinto isso, eu sinto isso.


Sabendo que ele tinha apenas alguns minutos antes de perder a batalha contra sua luxúria, Russell colocou
a testa no ombro de Abby e estabeleceu um ritmo lento.

— Tenho que estar dentro de você neste momento. Eu não vou me livrar de todo esse aperto.

— Eu não quero que você faça isso, — ela respirou. — Por favor, não.

Ah Deus, os pequenos músculos em sua vagina o estavam agarrando, tornando cada golpe alucinante. Tão
fodidamente quente que seu ritmo disparou, como ele sabia que aconteceria. A carne pesada pendurada
entre suas coxas a esbofeteava com cada impulso em busca de prazer, ecoando nos ladrilhos do banheiro.
Ele estava grunhindo como um maldito animal, e ele não dava a mínima, era tão bom. Abby afastou as
pernas mais alguns centímetros e uma luz branca brilhou em sua visão. De jeito nenhum ele tinha afundado
ainda mais fundo. De jeito nenhum. Ele ergueu a cabeça para ver os olhos dela bem fechados, a boca
aberta, os seios saltando quando ele a interrompeu. E sentiu seu controle começar a escorregar.

— Quadris inclinados para trás. Do jeito que você faz quando estou lhe dando minha boca. Eu quero sua
bunda na minha barriga. Faça isso.

Sua mão encontrou seu traseiro, a palma formigando com a necessidade de dar um tapa. Mas ele reprimiu
o impulso e afundou mais forte dentro dela. Mais forte, mais forte.

— Peça-me por isso, Abby. Peça-me para lhe dar o que venho armazenando.

Sua voz vibrou quando ela saltou. — Por favor?

— Assim? — Ele estendeu a mão e encontrou seu clitóris, provocando o botão com o dedo médio. —
Você quer isso?
— Sim, — ela choramingou, implorando a seu reflexo. — Mas eu quero . . . eu quero que você use sua
mão em mim. Eu posso dizer. . . eu sei que você quer.

Russell amaldiçoou ao perceber que sua mão esquerda segurava sua bunda em um aperto punitivo, para
evitar que ele batesse naquela carne flexível. Porra, a visão, o pedido dela, o fez empurrar ainda mais forte.

— Não. Não até que eu saiba como não te machucar.

Ela caiu para a frente na pia, apoiando-se em dois cotovelos. — Por favor.

Tapa. Slapslapslap. As pontadas de decepção em sua falta de controle foram eclipsadas pela resposta de
Abby. Ela gemeu, o corpo se contorcendo quando a carne que o mantinha cativo apertou seu pênis,
sacudindo o clímax para fora dele. Exigindo que ele a seguisse no esquecimento que ela criou. Russell
enterrou a testa na parte superior das costas dela e rosnou quando a pressão dolorida foi drenada abaixo
de sua cintura. Seus braços envolveram Abby, puxando-a para cima. Absorva ela. Rasteje dentro dela.
Minha. Minha. Não consigo chegar perto o suficiente. Amá-la. Amo muito ela.

...

A Abby voltou à realidade gradativamente. Desde aquela noite na praia, ela estava bloqueando a memória
de como seu corpo parecia pós-sexo. Bem utilizado. Repleto. Saciado. Foi quase tão bom quanto o ato em
si, porque o alívio cobriu sua mente, o prazer de se satisfazer, satisfazer um homem fazendo seus membros
pesados. Um sorriso curvou sua boca. E havia o conhecimento de que outro acúmulo começaria
imediatamente, levando a mais. Mais de Russell dentro dela. Uma emoção que ela não bloqueou com
sucesso nos últimos cinco dias? Amor. Esse amor por Russell se manifestou pela raiva. Dirija para se
libertar do ciclo de trabalho debilitante. Mas estava lá, empurrando a parte de trás de suas pálpebras,
nadando em seu estômago. O amor era tão tangível que girava em torno de seus tornozelos, subindo e
subindo como uma corrente quente até que ela começou a girar com ele em círculos lentos. Ela queria
jogar as mãos para o céu e exigir chuva. Não fazia sentido, e também a fez querer rir. Mas havia algo.
Uma resistência. . . algo, andando em segundo plano. As palavras de Russell ecoaram como haviam feito
no chuveiro, pingando no interior de seu crânio antes de finalmente grudar. “Tudo vai ficar bem agora,
Abby. Sem mais jogos, ok? Tudo está consertado agora, ok?” Antes de hoje, ela sabia que Russell estava
escondendo algo dela. Ela sabia. Foi uma sensação familiar. E ela estava cansada disso. Ressentida. Esta
manhã foi seu primeiro passo para nunca mais se sentir no escuro. Assumindo o controle de seu futuro.
Possuindo suas ações em vez de outras pessoas possuindo-as para ela. Ouvir que Russell tinha
“consertado” tudo e tudo ficaria bem. . . Deus, ela estava com medo de ouvir o resto. Eles não tinham
escolha a não ser falar sobre isso, no entanto. O pavor iminente fez o banheiro parecer mais escuro, o
vapor mais denso. Abby queria ficar envolvida em seus braços para sempre, mas quanto mais tempo ela
ficava, suas chances de permanecer forte começaram a diminuir. Ela deu um beijo em seu bíceps e se
afastou, envolvendo uma toalha em volta do corpo no caminho para desligar a água do chuveiro. Sentindo
os olhos de Russell nela, ela abriu a janela de vidro embaçado para deixar o vapor sair e se virou para
encará-lo.

— Estou pronta para conversar agora.

— OK.

Ele ficou muito quieto, obviamente não se importando com sua nudez. Realmente, sua confiança era
inteiramente justificada. Foi necessário um esforço considerável da parte de Abby para não olhar para
suas coxas esculpidas, seu abdômen enrugado. Ele era incrível, mas sua expressão era tudo menos
arrogante. Não, ele parecia desconfiado.

— Você vai ficar do outro lado da porta enquanto conversamos, Abby? Porque eu tenho que te dizer, isso
me deixa nervoso. Me faz pensar se você vai ouvir.

— Estou ouvindo. — Ela empurrou o cabelo molhado para trás, uma tentativa de se distrair do
pressentimento usando seu coração como um trampolim. — Mas se você me abraçar enquanto
conversamos, pode ser diferente.

— É disso que tenho medo.


Ele se abaixou e agarrou sua cueca boxer, amaldiçoando ao encontrá-la ainda úmida, e arrastou seu jeans
sem cueca. Sua testa estava marcada enquanto ele completava as ações involuntariamente, como se
estivesse se preparando mentalmente. Quando a tarefa foi concluída, ele a encarou, com o peito nu.

— Consegui o empréstimo comercial. Aceitei sua sugestão e reformulei meu plano de dez anos em cinco
- e consegui.

— Oh meu Deus. — Asas de pássaro gigante bateram em seu peito. Feliz por seu amigo e homem que ela
amava. — Isso é incrível. Por que você não disse ... — Ela pressionou as duas mãos nas bochechas. —
Você deve estar muito animado. Todas as maneiras de melhorar e expandir. EU-

— Abby. — Ele parecia quase aflito com o entusiasmo dela. — Eu fiz isso por nós. Talvez isso me torne
um fracasso, mas o negócio é um distante segundo lugar para você. Tudo é para você.

— Eu não entendi, — ela murmurou, embora a imagem estivesse começando a clarear, assim como a
névoa no banheiro. — Para nós?

Seu peito subia e descia com uma inspiração pesada. Uma respiração revigorante.

— Eu sei a que tipo de vida você está acostumada, anjo. Confortável. Feliz. Eu posso dar para você agora,
ok? Eu não conseguia antes, então me afastei. Mantive você longe. Só até ter certeza. Eu precisava ter
certeza. — Ele deu um passo à frente. — Mas eu consertei tudo. Vou trabalhar duro e dar a você tudo o
que você poderia pedir. Se você apenas confiar em mim e me dar uma chance.

Era quase demais para processar de uma vez, mas alguma parte dela estava preparada. A cada percepção
que surgia, ela se repreendia por não ter visto. Sem saber.
— Russell. . . Não preciso do tipo de vida que meus pais têm. Eu não quero isso—

— Você diz isso agora, — ele interrompeu, dando um passo em direção a ela. — E sei que você também
acredita. Mas eu vi o que acontece quando alguém se acomoda. Quando alguém fica preso. Eu não queria
que fosse você. Eu não poderia suportar isso.

— Então, esse tempo todo, você queria ficar comigo. . . mas o dinheiro te impediu?

Ele acenou com a cabeça, a intensidade em seus olhos roubando seu oxigênio. Uma mão masculina
estendeu-se para ela, mas ela recuou.

— Foi a sua falta de dinheiro. . . ou o fato de eu ter muito?

Sua hesitação disse a ela a resposta. — Ambos. — Ele tentou encolher os ombros, mas seus ombros
pareciam tão tensos que saiu estranho. — Aquela manhã na praia. . . eu pensei que poderia superar isso.
Eu poderia superar qualquer coisa se você dormir ao meu lado, certo? — Sua mão flexionou ao lado do
corpo. — Aí o advogado me ofereceu o dinheiro e eu sabia que estava na minha cara, a cada segundo do
dia. Seus pais, as pessoas com quem você trabalha, nunca parariam de lembrá-la de como você poderia se
sair muito melhor. Melhor que eu.

— Que dinheiro—

— Então eu fui embora, Abby. E eu consegui. — Sua voz profunda vibrou através do pequeno espaço. —
Eu nunca vou ser bom o suficiente para você, mas vou tentar mais do que qualquer um.

— De que dinheiro você está falando?

Visivelmente levou um segundo para se concentrar.


— Mitchell mostrou um monte de notas de cem dólares, me disse que você queria que eu fosse embora.
Que você queria ajudar a financiar a Hart Brothers Construction. Um presente de despedida.

Ela se abaixou na borda da banheira, seus joelhos fraquejando. — E você acreditou nele?

— Depois que pensei que tinha te machucado, eu queria continuar me sentindo um merda, Abby. Eu não
merecia me sentir de outra maneira. Então eu acreditei em qualquer coisa que me faria sentir um merda.

Seus olhos estavam assombrados enquanto a percorriam, da cabeça aos pés.

— Me desculpe por ter acreditado nisso por um segundo.

Sua risada não tinha nenhum traço de humor.

— Você está tão preocupado em não me machucar. Você sabe o quão horrível eu me senti nas últimas
semanas? Você? Não sabendo porque você não poderia simplesmente me querer permanentemente? Por
que você continuou desaparecendo?

Um ruído áspero saiu de sua boca. — Deus, eu não queria que você se sentisse assim. Eu nunca vou
desaparecer novamente. Eu nunca quero ficar longe de você. — Ele passou a mão pela cabeça raspada. —
Eu precisava saber que poderia te fazer feliz antes de fazer você minha.

Abby ficou de pé. — Eu era sua! Nós pertencemos um ao outro desde que nos conhecemos. — Ela juntou
sua toalha mais perto. — Ou eu imaginei isso?

— Não —, Russell ralou, sua voz tremendo. — Você não imaginou nada. Tenho vivido para você desde
que te conheci.
— Só que você realmente não me queria, Russell. Você queria Abby sem o dinheiro e como o dinheiro
fazia você se sentir. — Ela sentiu as lágrimas ameaçarem e as forçou a voltar. — O dinheiro faz parte de
quem eu sou, de onde vim. Isso não me define, no entanto. Mas você deixou isso nos definir.

Ela caiu de lado na pia. Ela se sentiu exultante apenas alguns momentos atrás? Como tudo desabou ao
redor dela tão rapidamente?

— E você não me disse nada, Russell. Essa é a pior parte. Você me manobrou por trás das cenas como
todo mundo em minha vida, me colocando onde você poderia se sentir confortável comigo. Uma Abby
que seu ego poderia suportar.

— Não. — Ele cruzou o banheiro com um único e longo passo, segurando seu rosto como um tesouro
estimado. Isso a fez querer se jogar no chão e se quebrar em um milhão de pedaços, apenas para provar
que ela não era algo para ser colocado em uma prateleira, fora do alcance. — Eu não mudaria nada sobre
você. Como você pode dizer isso?

— Você me fez mudar. — Ela se afastou, afastando-o com a mão quando ele a seguiu. — Talvez o mês
passado tenha me mudado. Não tenho certeza ainda, mas preciso acreditar que a mudança é para melhor.
Estou muito chateada por você ter tomado decisões sobre nós sem mim. Droga, Russell. Eu queria você
como você é—

— Não faça isso. Não diga que queria como aconteceu no passado—

— Mas você quer uma versão diferente de mim. Sou capaz de tomar decisões relacionadas à minha vida,
e você tirou isso. Não preciso de você para me dar uma vida confortável. Eu posso fazer isso sozinha. O
que eu precisava era de alguém para amar. Alguém que me ame de volta. O que teria importância além
disso?
Ela não viu mais o Russell que conhecia. Ele se retirou para dentro de si mesmo, olhando para ela sem
expressão. Uma dolorosa ruptura ocorreu dentro dela, ódio de si mesma por ferir o homem que ela amava,
guerreando com orgulho por ela ter se defendido. Mas esse orgulho foi rapidamente engolido pela
necessidade gritante de pegar tudo de volta e sacudir Russell até que ele voltasse de onde quer que ele
tivesse ido. Se ela retirasse sua opinião, se o desculpasse por fazê-la se sentir menos - do que por semanas,
porém, havia todas as chances de que pudesse acontecer novamente. Sem mencionar que, ela perderia
uma quantidade saudável de respeito por si mesma.

— O que você está dizendo?

Ela foi fundo e encontrou o resto de coragem. — Eu estou dizendo, que você deveria ir. Não acho que
haja mais nada a dizer agora.

— Não há mais nada a dizer agora, — ele repetiu estupidamente. — Não quero te perder como amiga.

Oh Deus, a pressão atrás de suas pálpebras estava crescendo tão tremendamente, toda a sua concentração
foi para garantir que as lágrimas não caíssem. Russell se sentiria obrigado a confortá-la, e ela nunca
sobreviveria a isso.

— Pode demorar um pouco.

— Amigos. — Ele recuou lentamente, seu olhar pesando sobre ela como uma rocha. Pouco antes de chegar
à porta, ele se abaixou para pegar sua camiseta e recolher os sapatos com movimentos metódicos. Ela
pensou que ele pretendia ir embora sem dizer mais nada, mas ele parou. Sem olhar para ela, disse ele. —
Eu não quero ser seu amigo, Abby. Eu quero ser seu marido.

As lagrimas escorreram por suas bochechas, mas Russell não percebeu porque saiu do apartamento
descalço, sem olhar para trás uma única vez. Assim que a porta se fechou atrás dele, Abby afundou no
chão do banheiro com um soluço de partir o coração, com a certeza de que seus pulmões estavam
afundando. Ela não se levantou novamente até que escureceu, e foi apenas para rastejar para a cama.
Capítulo 19

Russell voltou para o Queens. Ele dirigiu para a parte alta da cidade no piloto automático, cruzando a
ponte Queensboro enquanto escurecia. Exceto pelo estranho ciclista passando zunindo em direção a
Manhattan, a ponte estava quase vazia de pedestres, mas uma banda marcial poderia ter passado por ele,
e ele não teria recuado. Ele tinha perdido Abby. A perdeu completamente. Antes de ir e foder seu
relacionamento, ele pelo menos tinha o privilégio de ser seu amigo. Era o cara que sentava ao lado dela
em restaurantes ou passeios de carro. O primeiro para quem ela sorria ao entrar em qualquer lugar. Na
época, ele pensava que estar tão perto sem acabar na cama era pura tortura. Agora, parecia o nível mais
alto do céu que alguém poderia alcançar. E ele nunca iria, em sua vida patética, alcançá-la novamente.
Ele ainda não estava em um lugar onde pudesse envolver sua mente em torno da catástrofe do que tinha
acontecido no apartamento de Abby. Tudo o que sabia era que a frieza não o deixaria sozinho. O gelo
cobriu suas veias, fazendo seus músculos ficarem rígidos e difíceis de mover. Seu coração . . . ele gostaria
que simplesmente cedesse e parasse de funcionar. Por que simplesmente não parava de funcionar? Cada
batida era inútil. Cada merda era inútil sem ela. Esse ditado, retrospectiva é vinte e vinte, estava zombando
dele, soando em sua cabeça como um sino de luta. Sua experiência foi um pouco diferente, no entanto. O
segundo - o maldito segundo - que Abby atravessou o banheiro e se afastou dele, ele viu tudo virar fumaça.
Ela também tinha visto. Não. Ele estava cansado de mentir para si mesmo. Ele tinha visto as chamas antes
mesmo de entrar no banheiro, mas estava tão faminto por ela que nada poderia tê-lo impedido. Exceto o
conhecimento de que ele iria perdê-la, e a ideia o apavorou tanto que ele fingiu que não existia. Cada coisa
que ela disse estava certa. Ele ficou lá absorvendo cada golpe como um boxeador com as mãos amarradas
atrás das costas. Alguma parte doente dele tinha até saudado a rejeição porque ele merecia por mantê-la
no escuro por tanto tempo. “Eu era sua!” Essas palavras podem muito bem ser uma tatuagem em sua
consciência, porque elas nunca iriam embora, aparecendo para lembrá-lo de seu pior fracasso até sua
morte. O que aconteceria antes mesmo dele chegar em casa se a sensação de dilaceração em seu peito
fosse qualquer indicação. Russell tornou-se ciente de seus arredores lentamente. Há quanto tempo ele
estava parado do lado de fora de sua casa? Tirar o telefone do bolso para verificar a hora parecia muito
esforço, então ele apenas olhou para a casa de dois andares, uma risada nauseante percorrendo sua
garganta. Ele realmente imaginou carregar Abby além da soleira deste lugar? O lugar que guardava as
próprias memórias de infância que o levaram a foder tudo? Sim, ele imaginou. Seu subconsciente não
tinha acreditado em sua besteira sobre Abby ser um pacote entregue na porta errada. Ele pode ter se
alimentado da verdade sobre não ser digno, mas ele estava se preparando para ela desde que se
conheceram. O maldito todo tempo.

— Ei, idiota.

Ele nem mesmo precisou virar a cabeça para saber que seu irmão havia falado. Poucas pessoas chamam
uma pessoa do tamanho dele de idiota.

— Vá embora, Alec.

— O que? — Alec parou na frente dele, segurando uma embalagem com doze Budweiser em seu ombro
direito. — Darcy está assistindo The Bachelor, então estou em casa livre por uma ou duas horas. Não
quero saber quem ganha uma rosa, então vamos comemorar esse empréstimo bancário, filho da puta.

As palavras de seu irmão eram pequenas flechas cravadas em seus ouvidos.

— Tudo bem —, Russell se ouviu dizer. — Mas eu não vou entrar lá.

Alec dividiu um olhar curioso entre Russell e a casa. — Você passou todas as horas de vigília lá na última
semana. Seu contorno gigantesco sumiu do meu sofá.

Deus. Russell enterrou os dedos nas têmporas. Ele estava dormindo em um sofá, e Abby sabia disso. Ela
tinha viajado em sua caminhonete frágil. “Eu era sua. Eu era sua”. O anjo o queria exatamente como ele
era, e ele estava tão interessado em ser o grande e mau provedor que sentiu falta do peso por trás de cada
palavra dela. Cada gesto. Ela o aceitou, mas ele não lhe deu o mesmo presente. Ele projetou a necessidade
de um certo estilo de vida nela, quando ela apenas provou a cada passo que as pessoas eram o que
importava para ela. Honey. Roxy. Ele. Ele tinha sido importante para ela. Mas no final, ele apenas a
decepcionou. Com a frieza consumindo suas entranhas, aquela visão retrospectiva confiável era mais
poderosa do que nunca. Abby era uma em um milhão. Ele sempre soube disso, mas seu medo de que ela
tivesse o mesmo destino de sua mãe o impediu de agir como tal. Se Abby não estivesse feliz, ela não
culparia outras pessoas. Ela simplesmente encontraria uma maneira de melhorá-la. Isso era quem ela era.
Ninguém mais. E a louca verdade era? Até o mundo cair, antes que ele tentasse afastá-la, ele era uma das
coisas que a fazia feliz. Ele tinha a habilidade de fazer isso. Mas ele a desperdiçou.

Se foi. Tudo se foi agora. Tudo por causa de dinheiro. Jesus, quem se importava com quem pagava as
coisas, ou se seus parentes o consideravam impróprio? Eles teriam resolvido isso juntos. Nada teria sido
ruim o suficiente para que eles não pudessem superar com o bem. Mas o bem se foi. Ele o destruiu. Russell
se virou e caiu no gramado, mal notando quando Alec o seguiu, até que uma lata de cerveja gelada foi
colocada em sua mão.

— Russell, você aceita esta Budweiser?

— Eu sei que você assiste The Bachelor quando Darcy não está em casa. — Russell agarrou a lata e abriu
a tampa, surpreso ao descobrir que suas mãos estavam trabalhando. — Eu peguei você configurando o
TiVo uma vez.

— Cale a boca e beba.

— É um plano —, murmurou Russell, virando a lata de volta.

Sua garganta rejeitou o líquido, mas ele a forçou para dentro. Deus sabia que ele teria que encontrar uma
maneira de ficar extremamente bêbado, não importa o quanto seu corpo quisesse existir na ferida, rolar
como um masoquista. Sua dor não merecia ser entorpecida tão facilmente. Abby. Ele tinha perdido Abby,
em todos os aspectos. Puta merda. Puta merda. Não. Alec observou Russell virar a cerveja.

— Outra?
— Vou vender a casa —, Russell administrou. — Eu nunca mais vou entrar lá novamente. Achei que
poderia apagar o mal com . . . com Abby, mas é venenoso pra caralho. Me atingiu, e agora também sou
venenoso.

— Ei, cara-

— Por favor. Eu não quero falar sobre isso. — Ele ficou horrorizado ao ouvir a rachadura em sua voz,
então ele respirou pelo nariz por um minuto. — Não há nada a dizer. É tarde demais. Só não lute contra
mim com relação a venda.

Alec suspirou, girando a lata de cerveja em sua mão. — A decisão é sua.

Os dois irmãos ficaram sentados em silêncio, zerando o pacote de doze com os familiares sons de sua
vizinhança de infância que decoravam o ar ao seu redor. Não estava claro em que ponto Russell caiu de
costas na grama e deixou a inconsciência substituir seu arrependimento, pelo menos até amanhã. A
imagem de Abby foi a última coisa que ele viu.

...

Abby sentou-se na escada de seu prédio na tarde de domingo, passando uma garrafa de plástico secreta
de mimosa entre ela, Roxy e Honey. Honey tinha acabado de preparar o brunch no andar de cima, mas
Abby só engoliu dois pedaços de torrada francesa antes de arrastar o garfo pelo prato sem rumo. Depois
de um período desconhecido de tempo, ela olhou para cima para encontrar suas colegas de quarto olhando
para ela na cozinha. Ela nem mesmo lutou quando cada uma pegou um braço e a levou para baixo para
tomar um pouco de ar fresco pela primeira vez em mais de uma semana. A conversa com suas colegas de
quarto já deveria ter acontecido há muito tempo, e ela sabia disso, então, no novo espírito um tanto
destrutivo de não evitar conversas desagradáveis, ela deu o pontapé inicial.

— Lamento não ter contado a vocês sobre Russell. — Ai. O nome dele deixou sua boca parecendo a ponta
de um ancinho. — Eu nem sabia. . . o que era. O que éramos. — Ela tomou um gole de mimosa. — Não
importa agora, de qualquer maneira. Agora, não é nada.
Era agonizante dizer as palavras. Elas não sentiam que poderiam ser verdadeiras. Ela passou os últimos
dez dias moderando uma luta entre sua cabeça e coração. Um sentimento se agarrou à crença de que ela
tinha feito a coisa certa, que se tivesse cedido a Russell, ela teria perdido o respeito recém-adquirido que
ganhou por si mesma. Mas o órgão trêmulo em seu peito discordou veementemente. Queria de volta sua
contraparte.

— Abby. . . — Roxy soltou um longo suspiro. — Eu não estou tentando chamar de blefe. . . mas não
tenho certeza se você pode chamar o que está acontecendo entre você e Russell de nada. Ele te ama desde
que te conheceu. Todos nós sabemos disso.

Abby olhou para a Nona Avenida, esperando a dor em seu estômago passar, mas isso nunca passou. “Não
quero ser seu amigo, Abby. Eu quero ser seu marido.” Palavras que deveriam tê-la feito chorar lágrimas
de felicidade, não amargas.

— Russell não fez nada. Tudo o que ele precisava fazer era ser honesto comigo. — Ela voltou sua atenção
para Honey, depois para Roxy. — E já que estamos falando em honestidade, por que vocês simplesmente
não me contaram? Vocês me deixaram flutuar no escuro, assim como ele. Vocês acharam engraçado?

Honey parecia horrorizada. — Não. Deus, Abby. Não é nada disso. — Ela parecia estar procurando as
palavras certas. — Queríamos que você tivesse a experiência de ter Russell lhe contando. Toda garota
deveria ter isso. Não teria sentido se nós tivessimos te contado.

Roxy agarrou a garrafa de plástico. — Se soubéssemos que ele se faria de idiota e te machucaria no
processo, teríamos te contado meses atrás.

Elas falavam sério. Abby sabia que suas amigas não machucariam intencionalmente seus sentimentos e,
honestamente, ela não tinha a capacidade de ficar com raiva de mais ninguém.
— Tudo está perdoado. Apenas me digam da próxima vez que alguém estiver apaixonado por mim e
decidir que me tornar amiga é uma ideia melhor do que confessar tudo.

Honey abriu um sorriso triste. — É uma promessa. — Ela puxou sua saia jeans para baixo. — Então todas
nós concordamos que Russell agiu como um idiota, mas. . .

— Mas isso é realmente definitivo? — Roxy perguntou, apertando os olhos para o sol. — Não consigo
imaginar vocês dois separados. Você é . . . Russell e Abby. Rabby.

— Esse apelido nunca teria acontecido.

— Diz isso você.

Abby massageou a nuca, perguntando-se quando todo o seu corpo iria parar de se sentir pisoteado.

— É definitivo, — ela empurrou. — Ele não quer ser meu amigo, e eu não posso estar com alguém que
está ameaçado pelo que minha família tem. Ou me move em categorias diferentes quando ele sente
vontade. — Ela cruzou os braços sobre a cintura. — Ele me fez sentir realmente horrível, ok? Eu sei que
ele não queria, mas ele fez. E ainda não superei.

Roxy colocou a mão em seu ombro. — Entendi. Ninguém sabe o que você está sentindo, exceto você.
Nós a apoiaremos de qualquer maneira.

Ela acenou com a cabeça uma vez. — Obrigada.

— Ei, uh. . . Abby?


Todas as três garotas se viraram para encontrar um homem de jeans e uma camiseta American Ninja
Warrior na base de sua varanda. Embora eles nunca tivessem se conhecido, Abby soube quem ele era
imediatamente. Sua semelhança com Russell não era perceptível, mas estava ali na posição de seus
ombros, no formato quadrado de sua mandíbula. O irmão de Russell, Alec. De repente, a preocupação
desabou sobre sua cabeça. A expressão no rosto de Russell quando ele saiu do apartamento duas sextas-
feiras atrás foi tudo o que ela pôde ver. Por que seu irmão estava aqui e não ele? Algo aconteceu com ele?
Quando Roxy limpou a garganta, Abby percebeu que ela não tinha falado. Acorde. Ela sacudiu-se
mentalmente e endireitou-se na cadeira.

— Sim. Eu sou Abby.

Alec coçou a nuca, parecendo ter dificuldade em olhá-la nos olhos.

— Jesus. Meu irmão mirou alto.

— Ohhhh —, Honey e Roxy disseram ao mesmo tempo, obviamente discernindo a identidade do estranho.

— Você se importaria se conversássemos sozinhos por um minuto? — Alec perguntou.

Abby se sentiu colada ao degrau. Ela não queria ouvir o que o irmão de Russell tinha a dizer, mas ansiava
por isso ao mesmo tempo. Como ele estava? Onde ele estava?

— Sim. Ok, — ela disse, ficando com as pernas trêmulas.

Honey e Roxy estavam com ela, ambas se inclinando para perto. — Você quer que a gente fique com
você? — Honey ofereceu. — Ou peça para que ele vá embora?

— Não. — Ela deu a elas um olhar agradecido. — Está tudo bem. Estarei lá em cima em alguns minutos.
— Vamos guardar um pouco de champanhe para você. — Disse Roxy por cima do ombro, enquanto
subiam as escadas e desapareciam dentro.

Abby ficou olhando suas amigas por um momento, se preparando, antes de descer a escada para se juntar
a Alec. Sua educação a fez estender a mão sem pensar, e sua respiração ficou presa quando o aperto de
mão de Alec a lembrou tanto de Russell.

— Como você sabia onde me encontrar?

— Você mandou um cartão de aniversário para Russell alguns meses atrás. . . ele o guardou, com envelope
e tudo. Ele ficaria chateado se soubesse que eu mexi em suas coisas, mas eu não tive escolha.

— Oh. — Ótimo. Eles mal haviam se conhecido e ela já queria correr escada acima, enterrar o rosto em
um travesseiro e chorar. Quem guarda um envelope? — É um prazer conhecê-lo, finalmente.

— Sim. — Alec mudou de lado. — Meu irmão teria levado você para jantar, só que nossa casa é pequena,
e minha Darcy não sabe cozinhar nada.

Um soluço inesperado escapou dos lábios de Abby, deixando os dois horrorizados. — Desculpe, não sei
por quê. . . você me lembra seu irmão, e—

— Se você não se importa que eu diga, estou muito aliviado por você estar chateada. — Ele fez um barulho
frustrado. — Isso está errado. É que, se eu viesse aqui e visse você rindo disso, teria que quebrar a cara
de Russell por ficar deprimido por causa de uma garota que nem mesmo está interessada. E então eu teria
que me sentir mal com isso, certo? Eu me sinto péssimo na maioria das vezes, do jeito que ele está. Mas
estou desconversando.
Uma onda de irritação atingiu Abby por Russell nunca a ter apresentado a Alec. Cinco minutos em sua
companhia, e ela já se sentia como se eles fossem amigos há anos. Eu também nunca o apresentei aos
meus pais. A compreensão a atingiu como uma escavadeira, mas ela lutou para responder.

— O que, hum . . . te trouxe aqui? Russell está bem?

— Não, eu diria que ele está muito longe de estar bem. — Alec ficou sério. — Olha, eu não sei os detalhes
do que aconteceu entre vocês dois, mas nem sempre estive ao lado do meu irmão como deveria. Eu estou
tentando corrigir isso.

— Ok, — Abby sussurrou, de alguma forma já sabendo que ela estava frita.

Alec ficou em silêncio por um momento. — Nossa mãe estava deprimida. Era muito grave. Nosso pai não
entendia, não conseguia ajuda-la da forma que ela precisava. Ele trabalhava o dia todo. Eu matava aula e
ficava de bobeira por aí, então não precisava voltar para casa. — Ele prendeu a respiração. — Era Russell
que estava com ela a maior parte do tempo. Ouvindo seu choro. Certificando-se de que ela se alimentava
o suficiente antes de começar a beber. . . foi ele quem a encontrou após o acidente. E isso o afetou. Nós
também não conseguimos ser a ajuda de que ele precisava. — Ele desviou o olhar. — Ele era o mais
corajoso de nós três, mas isso não significa que não estivesse com medo. Com medo de que isso
acontecesse novamente.

O sol de verão não aqueceu enquanto Abby processava as palavras de Alec. Suas mãos se ergueram
sozinhas, abraçando os cotovelos opostos para evitar que se espatifasse. Ele contou a ela apenas metade
da história naquela noite na água. Por quê? Ela teria entendido tudo se ele tivesse sido honesto. Suas
inseguranças faziam sentido agora. Nunca tinha sido inteiramente sobre o dinheiro dela, mesmo que ele
tivesse dado esse motivo para si mesmo. Tinha sido principalmente sobre sua felicidade. E ela o expulsou
antes que ele pudesse explicar completamente. Oh Deus, ela precisava vê-lo. Abby percebeu que ela disse
as palavras em voz alta, quando Alec assentiu.

— Se você não se importa que eu seja mandão, ir agora pode ser a melhor coisa a fazer.
Seu pulso saltou uma batida. — Por quê?

— Ele está vendendo a casa. Esse idiota age rápido. — Ele olhou para o relógio, como se não tivesse
acabado de rasgar o peito de Abby e puxar seu coração batendo. — Haverá uma exposição da casa em 45
minutos.

Através da urgência, Abby sentiu uma sensação de clareza enquanto corria ao lado de Alec em direção à
caminhonete que ele indicou. Ela sabia exatamente o que tinha que fazer. Assim que Alec entrou na Nona
Avenida, ela pegou o telefone e começou a discar.
Capítulo 20

Russell sentou-se na varanda da frente de sua casa, desejando que estivesse chovendo. O fato de estar a
40ºC sem uma nuvem no céu, era uma espécie de negócio fodido que estava o deixando abatido. Ele
destrancou a porta da frente para a corretora de imóveis para que ela pudesse colocar flores para a visitação
pública, embora a razão das flores convencerem alguém a comprar uma casa estivesse além dele. Deveria
ter incomodado quando a corretora só tinha balbuciado algo sem querer quando ele mencionou sobre o
corrimão personalizado, a moldagem restaurada da coroa. Deveria ter, mas não o incomodou. Ele só tinha
feito essas coisas para uma pessoa, então se a corretora pensou que um pacote de margaridas venderia o
maldito lugar ao invés de seu trabalho duro, ele não conseguia encontrar forças para se importar.Os
últimos dez dias foram passados pintando, fazendo alguns ajustes finais no interior e assinando a papelada
para colocar a casa no mercado. Essas coisas deveriam tê-lo distraído de pensamentos sobre Abby, mas
ela estava lá, empoleirada em seu ombro durante cada tarefa. Às vezes ela tinha misericórdia dele e falava
em seu ouvido como costumava fazer, perguntando por que ele escolheu certos tons de tinta ou fazendo
observações adoráveis sobre sua técnica. Outras vezes, ele só podia vê-la como ela estava no banheiro,
decepcionada com ele. Ele conhecia muito esse aspecto em sua vida, mas vindo dela, parecia uma bala
deespingarda entrando em seu esterno. Jesus, ele sentia falta dela. Nenhum dia em sua vida passaria onde
ele não sentiria. Mesmo que por algum milagre, eles pudessem sair novamente como amigos, a falta dela
só iria se intensificar. Porque ele a veria e saberia o que poderia ter acontecido se tivesse dado a Abby
crédito suficiente para fazer suas próprias escolhas. Se ele não tivesse estado tão focado em não perdê-la
ao invés de mantê-la. Segurando-a perto de onde ela deveria estar. Ele registrou o som familiar da
caminhonete de Alec gritando até parar no meio- fio, mas não olhou para cima. Alec tinha ficado muito
tempo perto dele desde a noite de sexta-feira passada e francamente, Russell estava ficando cansado disso.
Eles não eram exatamente adeptos de expressar seus sentimentos, então havia basicamente bebido muita
cerveja e feito especulações desconfortáveis sobre o novo lançador canhoto dos Yankees . Abby esteve lá
durante tudo isso, lembrando-o das vezes que ela tomou o primeiro gole de sua cerveja. Ou a vez que ele
arremessou para ela no campo de beisebol de Honey, e ela correu na direção errada ao redor das bases.
Tudo o lembrava dela. Tudo.

— Russell?
Lá estava ela de novo, falando em seu ouvido. Ela parecia irritada desta vez, mas ele aceitaria tudo o que
ela servisse.

— Russell.

Seu queixo se ergueu e . . . lá estava Abby. Parada no final de sua passagem de pedra. Oh Deus, ele esta
tendo alucinações. Talvez cerveja no café da manhã não tivesse sido uma boa ideia, afinal. Isso acelerou
seu caminho à loucura total. Ainda assim, ele captou cada detalhe da miragem com olhos gananciosos,
começando pelas sandálias brancas que mostravam seus dedos dos pés e escalando suas pernas. Ela usava
um vestido xadrez vermelho e branco que ele nunca tinha visto antes, o que era estranho. Normalmente,
ele a imaginava toda de branco ou amarelo.

— Não acredito que você está vendendo esta casa. Depois de todo o trabalho duro que você fez. — Abby,
a alucinação, veio em direção a Russell no caminho, e ele prendeu a respiração, temendo que, se ele se
mexesse, ela desapareceria. Pouco antes de alcançá-lo, sua atenção foi atraída pela placa de “Vende-se”
postada no quintal. Russell observou com espanto enquanto ela marchava em direção à placa. . . e chutou
a placa branca segurando-a na vertical. Ela chutou e chutou até que caiu. Puta merda, ela é real. Ela está
aqui. Russell ficou de pé lentamente e observou a Abby real - sua doce Abby - bater o inferno fora da
placa, xingando em italiano enquanto caminhava.

— Eu não vou deixar você perder esta casa, Russell. Você vai ficar com ela. Portanto, apenas lide com
isso.

Quando Russell finalmente encontrou sua voz, ela parecia enferrujada. — Eu não quero a casa.

— Sim, você quer. Eu vi o quão orgulhoso você estava dela. Eu vi. — Ela finalmente conseguiu derrubar
a placa. Então ela soltou um suspiro, alisou a saia e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — E
você deve se orgulhar disso. Todo aquele trabalho. . . o escritório, o corrimão personalizado ...
— Você notou o corrimão?

— Não sou tão distraida quanto todos pensam que sou. Mesmo se eu fosse quando se tratasse de você. "

Ela se virou e trocou um aceno de cabeça com Alec, que se virou e voltou para o carro com um sorriso de
merda que Russell estava muito distraído para analisar. Abby. Ela estava bem ali . E ela com certeza não
estava lá para uma conversa amigável.

— Por que você está vendendo a casa? Por quê?

A honestidade explodiu para fora dele. Ele nunca pensou que teria a chance de ser sincero com ela
novamente e não perderia a oportunidade. Qualquer coisa para mantê-la parada na frente dele um pouco
mais.

— Sem você, Abby, esta casa é apenas uma porra de madeira que preguei. Não tem sentido. — Ele engoliu
em seco. — Você sabe quando comecei a reformar este lugar?

Seus braços descruzaram e caíram para os lados.

— Quando? — ela sussurrou.

— Um dia depois de nos conhecermos, anjo. No maldito dia seguinte. — Ele deu um passo na direção
dela, dando um suspiro de alívio quando ela ficou parada. — Depois que meu pai foi embora, ele ficou
sentado aqui, esperando que a vendêssemos. Mas, de repente, não consegui. Talvez fosse uma ilusão, mas
eu poderia nos imaginar nestes quartos. Pude ver você descendo as escadas com aquele robe pendurado
no seu quarto. Aquele com as flores.

— É um quimono, — ela disse, tão baixinho que ele mal a ouviu.


— OK. — Ele queria estender a mão e agarrá-la, mas conseguiu se conter. Ela precisava ouvir tudo.
Merecia tudo que ele estava segurando por dentro. — Eu te amo, Abby. Eu sempre te amei. Não sabia que
dizer isso era tudo o que você precisava ouvir, porque só entendia que tinha que agir. Se eu fosse um
homem mais inteligente, teria dito essas palavras um milhão de vezes. Eu amo você. Eu amo você. Eu
amo você. E esta casa é inútil a menos que você esteja dentro dela para fazer memórias comigo. — Ele
colocou o punho sobre o coração. — Minhas memórias deveriam ser com você.

Ela não se mexeu. Ou falou. Por muito tempo. E isso foi uma bênção para Russell, porque significava que
ele aproveitaria para ficar olhando para Abby. Se ele se esforçasse mais um pouco, ele poderia até mesmo
sentir seu cheiro de luz do sol de uva branca na brisa de verão. Suas mãos tremiam de desejo de tocá-la,
então ele as enfiou nos bolsos da calça jeans. Ele mal tinha começado a catalogar cada detalhe de seu rosto
quando ela passou correndo por ele, subiu as escadas e entrou na casa. Um flash se passou onde ele só
podia olhar para o lugar onde Abby estava. Ele rapidamente se virou e seguiu, no entanto, ansiando por
vê-la dentro das quatro paredes solitárias. Russell parou na soleira, porque, caramba, ele nunca quis
colocar os pés lá dentro novamente. Mas ela estava lá dentro. Ela estava lá . Então, quando ele viu o
vestido vermelho dela brilhar no topo da escada, ele foi atrás dela. Russell passou pela confusa corretora
de imóveis e subiu as escadas, virando à direita em direção ao escritório quando chegou ao patamar.
Quando ele se aproximou do escritório, sua boca ficou seca, o pulso trovejando com o conhecimento do
que Abby iria encontrar. Ele se moveu para a porta e lá estava ela. . . banhada pelo brilho produzido por
oito claraboias de grandes dimensões. As que ele passou a última semana instalando. Inferno, quase não
havia teto sobrando, mas o pouco que estava lá, ele pintou de azul para combinar com o céu. As paredes
eram cor de ouro rose brilhantes, para que pudessem capturar a luz do sol, transformá-la em um brilho e
envolvê-la com ela. Como se ela precisasse de ajuda para parecer mágica enquanto ela girava em um
círculo lento no centro do escritório. Ele observou enquanto ela notava as rosas vermelhas e amarelas que
ele colocou no decorrer da janela e ao redor da sala. Então aqueles olhos castanhos estavam sobre ele,
eclipsando a luz do sol.

— Você fez isso por mim?

— Você disse . . . — Ele limpou a ferrugem da garganta. — Você disse que queria sentir que estava
trabalhando ao ar livre.
Lágrimas rolaram por seu rosto, e Russell deu um passo involuntário para secá-las, mas a voz dela o
deteve.

— É o escritótio mais lindo que já vi em toda a minha vida.

Russell teve que desviar o olhar porque a emoção que o percorreu era tão potente que ele teve medo de
direcioná-la a ela. Não, a menos que ela quisesse.

— Russell. Você não pode vender esta casa.

— Abby-

— Onde nós viveríamos?

Um choque elétrico o atingiu bem no peito, tão poderoso que ele não conseguia respirar. Ou falar. Era tão
óbvio que seu destino era com Abby, ele podia vê-lo suspenso entre eles no ar.

— Não podemos ter um homem morando no apartamento. Se você se mudasse, Ben e Louis insistiriam
em se mudar também, e o lugar ficaria superlotado. E como preciso estar com você, a única opção é me
mudar para cá. Então você não pode vender. Ninguém pode ter este escritório, apenas eu. Ninguém fica
com esta casa, exceto nós. — Ela enxugou os olhos quando mais lágrimas caíram. — Vamos nos casar ou
viver em pecado? Porque, enquanto eu tiver você, Russell, estou em qualquer um dos caminhos. De
qualquer maneira.

Ele caiu de joelhos e rastejou a distância restante até Abby. Ela agarrou seus ombros e tentou puxá-lo para
cima, mas ele se recusou, envolvendo os braços em volta de sua cintura e inalando o cheiro que se agarrava
a suas roupas.
— Como é que eu estraguei tudo quando te amo tanto? Como isso é possível?

Ela se ajoelhou no chão à sua frente e segurou seu rosto com as mãos. — Eu também te amo. — Seus
lábios vagaram sobre sua testa, bochechas. — Eu te amo. Você me ama. E nada mais é mais importante
do que isso.

Ele a apertou contra seu corpo, sentindo-se vivo pela primeira vez em dias. O oxigênio que ele sugou foi
misturado com Abby, o alívio impressionante que ele não teria que viver sem ela. Graças a Deus. Graças
a Deus.

— Nós vamos dizer a corretora de imóveis que você não está vendendo, ok? — Ele acenou com a cabeça
na curva de seu pescoço. — Logo depois que ela rejeitar a oferta que fiz.

A cabeça de Russell apareceu. — Você fez uma oferta?

— Eu estava com medo de não chegar aqui a tempo e você aceitar a oferta de outra pessoa. — Ela procurou
seu rosto. — Se eu tivesse comprado a casa, o que você diria?

Sua resposta foi importante para ela. Importante para eles. Depois da maneira como ele a empurrou até se
sentir estável o suficiente para lhe dar coisas que só poderiam ser compradas com dinheiro, ela precisava
saber que sua insegurança havia sido obliterada pela realidade de perdê-la. Russell ergueu o rosto dela.

— Se você tivesse comprado minha casa, eu teria perguntado quando poderia me mudar, anjo. De qualquer
forma, teria sido nossa. — O sorriso que se espalhou por seu rosto era tão bonito que ele sussurrou o nome
dela. — Você quis dizer o que disse sobre se casar? Posso ter um padre aqui em meia hora.

A risada dela envolveu Russell enquanto ela o colocava sentado no chão, envolvendo as pernas em volta
da cintura dele. — Eu quis dizer isso. Claro, que quis dizer isso. Não há mais ninguém para mim no
mundo.
— Cristo, eu também, anjo ... — Ela revirou os quadris e Russell viu faíscas atrás de seus olhos, mas de
alguma forma encontrou os meios para estender a mão e bater a porta do escritório. — Você precisa de
mim agora? Deus sabe que preciso tanto de você.

— Sim. — Ela puxou para baixo as alças de seu vestido para revelar sua falta de sutiã. A visão enviou a
ereção de Russell surgindo entre suas pernas, fazendo-a ofegar. — Eu não posso esperar.

Os dois alcançaram seu zíper ao mesmo tempo com as mãos trêmulas, abaixando-o com cuidado para tirar
a excitação que ela inspirou. Russell gemeu contra sua boca enquanto corria para remover um preservativo
de sua carteira, rolando-o rapidamente. A calcinha de Abby foi empurrada para o lado segundos depois,
e, caralho, ele estava dentro dela. Nenhum deles se moveu, simplesmente respirando na boca um do outro.

— Me diga que você . . . me ama de novo enquanto. . . Estou dentro de você.

— Eu te amo, Russell —, ela murmurou, olhando-o nos olhos. — Eu nunca vou deixar de te amar. Eu não
poderia.

— Se case comigo, Abby. — Sua voz era urgente, quebrando quando ela começou a se mover, seu corpo
ondulando em seu colo. A sensação perfeita dela tornava difícil se concentrar, mas ele lutou para ficar
presente. — Diga que você vai se casar comigo.

A maneira como ela olhou para ele falava de amor, mais do que palavras jamais poderiam. — Me
convença.

Ele a convenceu.
Epílogo

— Veja, existem percursos de obstáculos, como o que o Exército usa para treinamento. — Alec fez uma
pausa para fazer contato visual com Ben, Louis e Russell. — E então você tem o verdadeiro negócio.
Poucos homens tentaram a corrida de obstáculos American Ninja Warrior e sobreviveram para ser o
padrinho no casamento de seu irmão. — Ele abriu as mãos, puxando as lapelas de seu smoking. — Dê
uma boa olhada. Sou uma raça rara, senhores.

— Eu não acho que ninguém possa discutir isso —, disse Russell, seu tom seco, mas bem-humorado.

Não havia nada que pudesse derrubá-lo. Ele se casaria com Abby hoje. Fazendo dela sua esposa. Inferno,
ele tinha certeza de que nenhuma única coisa - até mesmo seu irmão - iria irritá-lo pelo resto de sua vida.
Do que havia para reclamar quando ele estava com Abby em casa? Casa. Russell não sabia o que o termo
significava até que eles foram morar juntos. A primeira semana acordando na mesma cama, tomando café
da manhã em sua própria cozinha. . . ele pensou que eventualmente eles parariam de sorrir como loucos
quando seus olhos se encontrassem do outro lado da mesa da sala de jantar. Ou enquanto dobrava a roupa
limpa no chão da sala. Mas ainda não tinha acontecido. Nunca iria, porém. Eles iriam se certificar disso.
Os quatro homens estavam esperando vestidos em smokings na base da entrada da Nona Avenida, onde
ele viu Abby pela primeira vez e se apaixonou forte e permanentemente por ela. Eles passaram os últimos
quatro meses desde que Abby lhe deu outra chance de olhar as igrejas no Queens e em Manhattan, mas
nenhuma delas parecia certa. Certa manhã, eles haviam atravessado a ponte para tomar café da manhã e
isso os atingiu ao mesmo tempo em que subiam os degraus. A varanda era o local. Vinte minutos depois,
Louis desceu as escadas para interromper sua crise de beijo e arrastou-os até o apartamento para comer
panquecas. Ben, parecendo perfeitamente em casa em seu smoking, acenou com a cabeça em sua direção.

— Como vão as coisas no escritório? Não saímos desde a grande inauguração.


— Ótimo. Melhor do que ótimo — Russell respondeu, sem se preocupar em esconder seu sorriso bobo.

Como se ter Abby em casa não fosse inacreditável o suficiente, ela assumiu o papel de gerente
administrativa da Hart Brothers Construction. Em questão de meses, ela os transformou em um grande
candidato aos contratos da cidade e empreendimentos que eles nunca teriam tentado sem sua confiança
firme na empresa. Nele.

— Eu não sei o que faríamos sem Abby. Ela mantém o lugar funcionando.

— Sim —, Alec entrou na conversa, dando uma cotovelada em Russell na lateral. — Ela nos dá um
trabalho um pouco mais difícil do que estou acostumado, mas mantém esse babaca feliz. Assim que o
sinal do almoço toca, ele sai do local para ficar uma hora com ela.

— Malditamente certo —, disse Russell.

Era verdade. No começo, ele se preocupou que o fato de Abby ser exposta à sua necessidade avassaladora
por ela dia e noite pudesse ser demais. Para ela, não para ele. Ele nunca se cansaria de Abby. Felizmente,
toda vez que ele entrava no escritório na hora do almoço, ela estava em cima dele como arroz branco,
implorando por uma viagem ao estoque. E não havia palavras para descrever como isso o fazia se sentir.
Fiel à sua palavra, ele explorou alguns dos impulsos de Abby que tentavam vir à superfície, e eles
aprenderam juntos como satisfazer as necessidades de ambos com segurança. Ele ficou aliviado ao
descobrir que sua natureza não o tornava uma ameaça para Abby, mas sim a contraparte dominante de seu
espírito mais suave. Ela amava a maneira como ele controlava o que acontecia no quarto. . . necessário,
algumas vezs, sim. Dar a ela o que ela precisava era um privilégio que ele nunca consideraria garantido.
Nem por um único momento. No final das contas, o quarto deles era o único lugar onde Abby gostava de
ser controlada. Nos últimos quatro meses, ele a viu se transformar em uma mulher que não aceitava não
como resposta. Ela era . . . dinâmica no trabalho. Mais de uma vez, ele se atrasou para um trabalho porque
não conseguia parar de ouvir Abby negociar pelo telefone. Ou pechinchar com um fornecedor. Deus, ela
era incrível. Ele não podia acreditar que ela estava prestes a se tornar sua esposa, mas de jeito nenhum ele
questionaria sua decisão de ficar com ele novamente. Eles precisavam um do outro. Louis estreitou os
olhos para a entrada do prédio, como se quisesse que elas se abrissem.
— Dizem que os casamentos colocam as mulheres no estado de espírito para o casamento. — Ele ergueu
o queixo na direção de Russell. — Você acha que pode convencer Abby a jogar o buquê para Roxy?

— Você está muito atrasado —, disse Ben, parecendo presunçoso. — Eu pedi a Abby semanas atrás. Ela
vai jogar para Honey.

— Seu filho da puta astuto. — Louis riu e deu um soco no ombro de Ben. — Acho que mereço isso por
não estar com a bola toda. Pelo menos Roxy concordou em morar comigo. Vou ter que enganá-la para se
casar comigo de outra maneira. Talvez hipnose. . .

— Honey e eu estamos procurando nossa própria casa também. Em algum lugar entre a Columbia e a
NYU, então temos um deslocamento igual. — Ben deslizou as mãos nos bolsos do smoking. — Eu não
posso acreditar que não teremos mais este lugar para vir. Esse lugar é onde eu e Honey. . . você sabe . . .
beijamos pela primeira vez.

Alec gemeu em direção ao céu. — Isso está prestes a ficar piegas, não é?

Russell limpou o aperto na garganta. — Eu carreguei Abby por esses degraus mais vezes do que eu posso
contar. Vou sentir falta disso.

— Eu peguei Roxy para nosso primeiro encontro oficial lá em cima. — Louis passou a mão pelo cabelo.

— Ah, ouça. Vamos apenas nos revezar para visitar uns aos outros. Provavelmente onde quer que Honey
esteja, no entanto. Ela é a melhor cozinheira. — Um sorriso se espalhou pelo rosto de Ben. — Ela vai
adorar isso.

— Tem sido um ano louco —, disse Russell baixinho. — O melhor ano.


Os três amigos assentiram, assim que a porta do prédio se abriu para revelar Abby em um vestido branco
simples de mangas compridas, uma coroa de flores na cabeça. As pernas de Russell se transformaram em
cola no local, o ar desaparecendo de seus pulmões. Seu apelido nunca tinha sido mais adequado naquele
momento, elevado acima dele como ela era como um anjo, sorrindo para a pura luz do outono. O pai de
Abby estava à sua esquerda, a mão de sua filha enfiada na dobra de seu cotovelo. Atrás dela, usando
vestidos vermelhos brilhantes, estavam Honey e Roxy, sorrindo de orelha a orelha. A madrasta de Abby
estava reservada como sempre, mas Russell percebeu uma sugestão de lágrimas brilhando em seus olhos
antes que ele rapidamente voltasse sua atenção para Abby. Deus, ele a amava. Ele sempre a amou. Vê-la
no mesmo lugar em que testemunhara sua beleza pela primeira vez, sabendo que ela havia concordado
em se tornar sua esposa, o encheu de tanto contentamento e gratidão que ele ficou surpreso por não tombar
e virar. Sem tirar o olhar de Abby, Russell falou com o padre que estava o seu lado.

— Faça dela minha esposa o mais rápido que for humanamente possível, por favor.

Abby riu, um som brilhante e bonito que flutuou para baixo e agarrou Russell, forçando-o a encontrá-la
no meio do caminho enquanto ela descia as escadas, recuperando-a de seu pai. Ele o conheceu nos meses
anteriores ao casamento, e o fato era que o pai de Abby nem sempre foi mais rico do que o pecado. Ele
começou com quase nada, dando a eles mais em comum do que Russell esperava. O alívio de ter a
aprovação do pai de Abby era enorme, mesmo que ele ainda estivesse trabalhando com a mãe. Cada vez
que eles jantavam juntos. Ele até arrancou um sorriso dela da última vez. Russell olhou para Abby e se
perdeu nela, seus arredores se confundindo em ruído de fundo.

— Todos os dias eu acordo pensando que não posso mais te amar. — Ele beijou sua testa. — E então você
olha para mim. . . e me prova que estou errado.

Seus olhos ficaram ainda mais suaves quando ela pressionou sua bochecha contra a dele.

— Você não está sozinho. — Ele sentiu o hálito dela aquecer seu ouvido. — Estou tão feliz. Você me faz
tão feliz.
O prazer de ouvir isso o fez fechar os olhos. — Eu nunca vou parar. Case comigo para que eu nunca tenha
que parar.

Russell e Abby se casaram na base da escada da Nona Avenida, cercados por amigos e pela brisa nebulosa
de outono, após Abby jogou dois buquês. Um foi pego por Honey, o outro por Roxy, para deleite excessivo
dos namorados. E todos eles viveram, delirantemente felizes, para todo o sempre.

FIM

Sobre o autor

TESSA BAILEY, autora do best-seller do New York Times e do USA Today, mora no Brooklyn, em
Nova York, com o marido e a filha. Quando não está escrevendo ou lendo romance, Tessa gosta de uma
boa discussão e receitas de trinta minutos.

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