Direito Processual Penal

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PC-SP
Polícia Civil de São Paulo

Noções de Direito
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PIRATARIA
É CRIME!
Todos os direitos autorais deste material são reservados e
protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial
ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
escrito da Nova Concursos.

Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal,


com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento
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de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado


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sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido


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com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
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Não seja prejudicado com essa prática.


Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br
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SUMÁRIO

NOÇÕES DE DIREITO...........................................................................................................5
CÓDIGO PROCESSUAL PENAL............................................................................................................ 5

DO INQUÉRITO POLICIAL....................................................................................................................................5

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL....................................................................25

DOS INDÍCIOS....................................................................................................................................................38

DOS PERITOS E INTÉRPRETES.........................................................................................................................38

LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (LEI COMPLEMENTAR N° 207,


DE 1979)............................................................................................................................................... 39

LEI COMPLEMENTAR N° 922, DE 2002............................................................................................. 78

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NOÇÕES DE DIREITO

CÓDIGO PROCESSUAL PENAL

DO INQUÉRITO POLICIAL

O Título II, do Código de Processo Penal, cuida, entre os seus arts. 4º e 23, do inquérito
policial (IP).
De forma simples, o inquérito policial consiste em uma investigação formal e devidamen-
te documentada que tem a finalidade de colher elementos para a futura proposição de uma
ação penal, seja por meio de denúncia oferecida pelo Ministério Público ou por meio de quei-
xa-crime nos casos de ação penal privada.

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

Origem e Significado do Termo

Não se sabe exatamente quando surgiu um procedimento que, de alguma forma, visava
apurar as infrações penais; no entanto, os primeiros relatos que se tem dando conta de uma
forma organizada de investigação remontam à época da Roma Antiga. É de lá que se origina
o termo inquérito, que vem da expressão em latim in + quaerere e quer dizer buscar alguma
coisa em uma determinada direção, procurar, perguntar.
Muito embora tenham existido outras normas anteriores que estabeleceram procedimen-
tos destinados a apurar a autoria e a materialidade de um crime, no Brasil, o primeiro diplo-
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ma legal a trazer expressamente o termo e a definição de inquérito policial, com esse nome,
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foi o Decreto nº 4.824, de 22 de novembro de 1871, que regulamentou a Lei nº 2.033, de 20 de


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setembro de 1871:
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Art. 42 (Decreto nº 4.824, de 1871) O inquérito policial consiste em todas as diligencias


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necessárias para o descobrimento dos factos criminosos, de suas circunstancias e dos seus
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autores e cômplices; e deve ser reduzido a instrumento escrito [...].


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NOÇÕES DE DIREITO

Com a publicação do atual Código de Processo Penal, em 3 de outubro de 1941, o inquérito


policial consolidou-se como o procedimento administrativo adequado para realizar a apura-
ção da autoria e materialidade das infrações penais, sendo realizado pela Polícia Judiciária,
sob a presidência do Delegado de Polícia (de acordo com o § 4º, art. 144, da Constituição
Federal).

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Conceito de Inquérito Policial

Inquérito policial pode ser definido como um procedimento administrativo, conduzido


pelo Delegado de Polícia, que objetiva a apuração da materialidade e autoria de uma
infração penal, visando a que o titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido)
possa ingressar em juízo.
Além de identificar a autoria e materialidade, o inquérito policial presta-se, também, a
identificar as circunstâncias que envolveram a prática da infração (modo de agir, motivos),
uma vez que estas podem servir como qualificadora, privilégio, causa de aumento ou dimi-
nuição de pena.
Dica: O inquérito policial é instaurado para apurar infrações penais cuja pena seja supe-
rior a 2 anos. As infrações penais de menor potencial ofensivo (crimes cuja pena máxima
não seja superior a 2 anos e contravenções penais) são apuradas por meio de termo circuns-
tanciado, conforme determina o art. 69, da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099, de 1995).
Excepcionalmente, em duas hipóteses as infrações de menor potencial ofensivo são apuradas
por meio de IP: quando revestirem-se de alguma complexidade e quando envolverem violên-
cia doméstica ou familiar contra a mulher.

Natureza Jurídica

Quando se pergunta a natureza jurídica de um instituído jurídico, busca-se conhecer sua


essência. Nesse sentido, o inquérito policial tem natureza jurídica de procedimento admi-
nistrativo preparatório para a ação penal.
O inquérito policial é um procedimento e não um processo administrativo. O que
caracteriza um processo é a presença de partes e a possibilidade de gerar sanção; no inquéri-
to policial, não existem partes, mas sim a figura do Delegado de Polícia (autoridade policial),
que é o responsável por apurar os fatos que constituam infrações penais, bem como sua
autoria (o indicado não é parte, mas objeto da investigação); além disso, no inquérito não há
aplicação de qualquer tipo de sanção.
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Finalidade e Destinatário
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A finalidade do inquérito policial é colher elementos de informação a respeito da autoria,


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materialidade e das circunstâncias do crime a fim de formar a convicção do titular da ação


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penal.
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A convicção do titular da ação penal de que houve um crime e sobre quem é seu autor é
chamada de opinio delicti.
O destinatário do inquérito policial é o Ministério Público, que é titular da ação penal públi-
ca, ou o ofendido, que é o titular da ação penal de iniciativa privada.

Valor Probatório

Como regra, não são produzidas provas durante o inquérito policial, mas sim são colhi-
dos elementos de informação. Para que se configure em prova, o elemento deve ser colhido
observando-se o contraditório e a ampla defesa, o que não ocorre no inquérito. Assim sendo,
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o valor probatório do inquérito é relativo, isto é, deve ser confirmado por outros elemen-
tos colhidos no curso da ação penal.
Eventuais nulidades ocorridas durante a investigação não contaminam a ação penal.1
Excepcionalmente, ocorre a produção de provas durante o inquérito policial, como no
caso da produção de provas urgentes (provas, por exemplo, que podem vir a se perder se
não forem produzidas); no entanto, durante o processo, as partes podem se manifestar sobre
essas provas (é o que se denomina contraditório diferido).

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

O inquérito policial possui algumas características próprias. Algumas estão previstas na


própria lei; outras têm origem na doutrina e nas jurisprudências. O IP é:

Escrito

Todos os atos que forem produzidos durante o inquérito policial devem ser escritos ou,
quando forem realizados de forma oral, reduzidos a termo. Tal previsão encontra-se no art.
9º, do CPP, que será estudado mais adiante.

Inquisitivo

O IP é um procedimento administrativo destinado a reunir as mínimas informações neces-


sárias para a propositura da ação penal; nele, não se aplica o princípio do contraditório.

Indisponível

De acordo com o art. 17, do CPP, uma vez instaurado o inquérito policial, a autoridade poli-
cial não poderá mais arquivá-lo.
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Dispensável
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O inquérito policial não é obrigatório. Como já mencionado, o IP possui um caráter mera-


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mente informativo e busca reunir informações a respeito do crime. Deste modo, quando o
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titular da ação já possui os elemento necessários para o oferecimento da ação penal, o inqué-
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rito será dispensável. Quanto a este tema, dispõe o § 5º, do art. 39, do Código de Processo
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Penal:
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 39 […]
§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem ofere-
cidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia
no prazo de quinze dias.

Existe uma pequena parcela da doutrina que defende ser o inquérito policial indispensável;
no entanto, para fins de prova, adote a posição da dispensabilidade.

1 (STJ - AgRg no HC 235840/SP). 7


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Discricionário

A autoridade policial pode conduzir e determinar o rumo das diligências da maneira que
entender ser mais adequada. Trata-se da inexistência de um padrão (formalidade) a seguir.
É importante destacar que a discricionariedade não está relacionada à instauração ou não
do inquérito policial, mas sim está ligada à condução das investigações. Deste modo, caso
haja elementos suficientes para a instauração do IP, este deve ser instaurado. A discriciona-
riedade reflete a liberdade da autoridade em realizar as diligências necessárias de acordo
com cada caso concreto.
A discricionariedade do Inquérito Policial não se confunde com arbitrariedade. A discri-
cionariedade diz respeito à liberdade de atuação da autoridade policial nos limites estabele-
cidos em lei. Quando a autoridade policial ultrapassa tais limites, ela passa a atuar de forma
arbitrária (contrária à lei).

Oficial

Incumbe ao delegado de polícia (civil ou federal) a presidência do inquérito policial.

Oficioso

Ao tomar conhecimento de notícia de crime de ação penal pública incondicionada, a auto-


ridade policial é sempre obrigada a agir de ofício.

Sigiloso

Segundo o art. 20, do CPP, o inquérito policial, em regra, será sigiloso às pessoas em geral.
No que concerne aos envolvidos (ofendido, indiciado, advogados etc.), esta regra não será
aplicável.
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Nesse sentido, vale observar o que diz a Súmula Vinculante nº 14:


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2.

Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


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amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório


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realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
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direito de defesa.
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Assim, não poderá ser negado ao defensor do investigado o acesso aos elementos de prova
que já constem nos autos do inquérito policial. Esse acesso aos autos não abrange aquelas
diligências investigatórias que ainda estão em andamento, tendo em vista que o acesso por
parte do defensor pode gerar prejuízos à investigação. Por exemplo, caso o advogado tivesse
acesso à interceptação telefônica de seu cliente que ainda está em curso, poderia instruí-lo
a não falar a respeito do crime investigado, o que geraria grandes prejuízos à investigação.

Dica
Utilize o mnemônico É ID²OSO para se lembrar das características do inquérito policial:
Escrito
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Inquisitorial (inquisitivo)
Indisponível
Dispensável
Discricionário
Oficioso
Sigiloso
Oficial

POLÍCIA JUDICIÁRIA E TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 4º (CPP) A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades adminis-
trativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

O inquérito policial é realizado pela polícia judiciária (Polícia Civil ou Polícia Federal). A
instauração e a presidência do IP ficam a cargo da autoridade policial (delegado da Polícia
Civil ou da Polícia Federal).
Nesse sentido, assim dispõe o § 1º, art. 2º, da Lei nº 12.830, de 2013:

Art. 2º (Lei nº 12.830, de 2013) [...]


§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da inves-
tigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que
tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das
infrações penais.

Do art. 4º, do CPP, é possível identificar a característica do inquérito de ser oficial (ofi-
cialidade), uma vez que se encontra sob o encargo de autoridades públicas (delegado de
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polícia).
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O cargo de delegado (Civil ou Federal) é de carreira (concursado) e é auxiliado em suas


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funções por investigadores de polícia, escrivães e agentes policiais, entre outros.


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O fundamento constitucional do exercício das funções de polícia judiciária pela Polícia


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Federal encontra-se no § 1º, art. 144, da CF; por sua vez, a previsão do exercício pelas Polícias
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Civis dos estados e do Distrito Federal encontra-se no § 4º, art. 144, da CF. De acordo com tais
ar

dispositivos, cabe aos órgãos da Polícia Federal e da Polícia Civil realizar as investigações
M

necessárias, colhendo provas e formando o inquérito policial, que servirá de base para futu-
NOÇÕES DE DIREITO

ra ação penal.
O parágrafo único, do art. 4º, do CPP, deixa claro que, além do inquérito policial, admitem-
-se outros meios de produzir provas com a finalidade de fundamentar a ação penal, como,
por exemplo, o inquérito policial militar, as sindicâncias e os processos administrativos e as
Comissões Parlamentares de Inquérito.

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FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

As formas de instauração (início) do inquérito policial dependem da natureza da ação


penal correspondente ao crime que se apura.
Vale lembrar que, de acordo com o art. 100, do Código Penal, ação pública é aquela cuja
iniciativa cabe ao MP. A ação pública subdivide-se em incondicionada (que não exige mani-
festação da vítima solicitando, de forma expressa, a atuação do Estado) e condicionada (que
exige a manifestação do ofendido no sentido de querer ver o fato apurado). Como regra,
quando a lei nada fala em contrário, a ação é pública.

Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:


I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimen-
to do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para
o chefe de Polícia.
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem
ela ser iniciado.
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito
a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
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Como visto, o art. 5º, do CPP, estabelece cinco formas pelas quais pode se instaurar um IP.
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O fluxograma a seguir sistematiza as informações trazidas pelo artigo:


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Ofício
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Autoridade
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judiciária
Requisição
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INSTAURAÇÃO Ministério
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DO INQUÉRITO Público
POLICIAL

Ministério
Requerimento
Público

APF — Auto
de Prisão em
Flagrante

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Instauração de Ofício

A instauração de ofício (I, art. 5º, do CPP) ocorre por ato voluntário da autoridade policial,
sem que alguém tenha feito um pedido expresso. Sempre que a autoridade policial tomar
conhecimento da ocorrência de um crime de ação pública, dentro de sua área de atuação,
deve obrigatoriamente instaurar inquérito policial, mediante a produção de um documento
denominado portaria (é usual que se utilize a expressão “baixar portaria”).
A informação (chamada de notitia criminis) pode chegar ao conhecimento do delegado
de polícia, por exemplo, mediante a lavratura de um boletim de ocorrência na delegacia, por
uma matéria publicada na imprensa ou, ainda, por meio de fatos trazidos por outros policiais
ou pessoas do povo. Veja que, conforme dispõe o § 3º, art. 5º, do CPP, qualquer pessoa — não
necessariamente a vítima — pode levar ao conhecimento do delegado a ocorrência de um
fato que consiste em infração penal (é o que se chama de delatio criminis).
Notitia criminis é o nome que se dá ao conhecimento pela autoridade policial de um fato
criminoso. A notitia crimininis de cognição imediata, direta ou espontânea é aquela em que
a autoridade toma conhecimento do fato por meio de suas atividades rotineiras (como, por
exemplo, por informações trazidas por outros policiais ou pela imprensa). Já a notitia crimi-
nis de cognição mediata, indireta ou provocada é que se dá de forma indireta (como quando
há requerimento do ofendido). Por sua vez, a notitia criminis de cognição obrigatória ou
compulsória ocorre quando o delegado toma conhecimento sobre o crime no caso da prisão
em flagrante delito. Por fim, a delatio criminis é uma espécie de notitia criminis que ocorre
quando a comunicação do crime se dá por terceiro (e não pela vítima). A denúncia anônima,
que pode dar origem às investigações, mas que não autoriza por si só a instauração do IP, é
chamada de notitia criminis inqualificável ou apócrifa.

Para facilitar a compreensão das espécies de notitia criminis, veja o esquema a seguir:

Autoridade toma
Imediata ou conhecimento do fato por
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direta meio de suas atividades


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rotineiras
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2.

É provocada
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Mediata ou
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NOTITIA Autoridade toma


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CRIMINIS indireta conhecimento de forma


indireta (requerimento)
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Casos em que autoridade


Coercitiva ou
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toma conhecimento por


obrigatória
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meio do APF
NOÇÕES DE DIREITO

Vale mencionar que o STF, ao analisar o Inquérito 1.957/PR, decidiu que a autoridade poli-
cial não pode instaurar um IP de imediato quando a notícia da prática de um crime vier de
fonte anônima e desacompanhada de qualquer elemento de prova. Nessa hipótese, a auto-
ridade policial deve determinar a realização de diligências preliminares e, somente caso se
confirme a possibilidade da ocorrência do delito, é que pode dar início ao inquérito.

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Espécie de Notitia
Criminis

Simples: comunicação
por qualquer do povo
DELATIO
CRIMINIS Postulatória:
comunicação feita pelo
ofendido

Denúncia anônima (não


Inqualificável ou
autoriza por si só a
Apócrifa
instauração do IP)

Requisição do Juiz ou do Ministério Público (1ª Parte, Inciso II, Art. 5º, do CPP)

A requisição, tanto do juiz quanto do MP, é sinônimo de ordem. Ou seja, a autoridade


policial está obrigada a dar início ao IP, baixando portaria, quando recebe requisição de um
juiz ou promotor de justiça.
Nem o juiz nem o representante do Ministério Público são superiores hierárquicos do dele-
gado; por tal motivo, não podem dar ordens à autoridade policial. Nesse sentido, ao requisi-
tar a instauração do IP, o MP ou o juiz estão apenas fazendo com que o delegado cumpra a lei.

Requerimento do Ofendido (2ª Parte, Inciso II, Art. 5º, do CPP)

Muito embora, como prevê o § 3º, art. 5º, qualquer pessoa possa levar ao conhecimento
do delegado a ocorrência de um crime (normalmente por meio da lavratura de um boletim
de ocorrência), o legislador optou por possibilitar que a vítima possa solicitar formalmente à
autoridade policial o início do inquérito.
De acordo com o § 1º, art. 5º, do CPP, o requerimento do ofendido deve conter a indicação
detalhada da ocorrência e do objeto da investigação (não cabe uma petição genérica, simples-
mente requerendo a instauração de inquérito). Muito embora o § 1º faça referência somente
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ao requerimento do ofendido, que não pode ser genérico, o entendimento é que se aplica tal
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regra também à requisição feita pelo juiz ou promotor.


1 2.

A autoridade policial pode indeferir o requerimento, conforme determina o § 3º, art. 5º,
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do CPP. Neste caso, o ofendido pode recorrer ao chefe de polícia (parte da doutrina entende
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ser o Delegado-Geral; outro entendem ser o Secretário de Segurança Pública). Caso o recurso
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seja deferido, o IP é instaurado sem a necessidade de a autoridade baixar portaria.


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O requerimento para instauração de IP pode ser feito tanto em crimes de ação pública
M

quando em crimes de ação privada (§ 5º, art. 5º, do CP).

Auto de Prisão em Flagrante

O auto de prisão em flagrante consiste no documento que contém as informações relativas à


prisão em flagrante. Uma vez lavrado o auto de prisão em flagrante, o inquérito já está instaura-
do (não requer que se baixe portaria).

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Representação do Ofendido nos Crimes de Ação Penal Pública Condicionada

Conforme dispõe o § 5º, art. 5º, do CPP, nos crime de ação privada, o IP só pode ser instaurando mediante a
apresentação de requerimento do titular da ação (ofendido ou seu representante legal, ou, no caso de morte, o
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). Veja que não se exige que seja feito por intermédio de advogado.

Por fim, para facilitar a memorização, o fluxograma a seguir reúne as formas de instauração
do inquérito policial:

Ofício

Requisição do
Crimes de ação Ministério Público
penal pública
incondicionada Requerimento da
vítima

FORMAS DE APF
INSTAURAÇÃO
DO INQUÉRITO
POLICIAL

Crimes de ação Necessária a


penal pública representação da
condicionada à vítima
representação

Necessário o
Crimes de ação
requerimento da
privada
vítima

DILIGÊNCIAS

Assim que a notitia criminis chegar ao conhecimento da autoridade policial, o delega-


do deve observar o que determinam os arts. 6º e 7º, do CPP. A seguir, analisaremos esses
dispositivos.
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Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
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I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
2.

coisas, até a chegada dos peritos criminais;


1
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O inciso I, art. 6º, cuida da preservação do local de crime, que visa impedir que se altere
s

o local dos fatos que possam prejudicar a realização da perícia.


co
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Dica
NOÇÕES DE DIREITO

A modificação dolosa de local de crime, com a finalidade de induzir a erro o juiz ou perito,
configura o delito de fraude processual, previsto no art. 347, do CP. Por sua vez, o art. 312,
do Código de Trânsito Brasileiro, define como crime a conduta de inovar artificiosamente,
em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedi-
mento policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de indu-
zir a erro o agente policial, o perito ou juiz.

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Art. 6° [...]
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;

Os objetos relacionados ao fato podem ser os mais variados, de armas de fogo até objetos
de uso comum, mas que podem contribuir para a busca da verdade sobre os fatos. Veja que
tais objetos destinam-se, em primeiro lugar, à análise por parte dos peritos e, somente após
liberados por estes, passam para a guarda da autoridade policial. Posteriormente, os objetos
que puderem ser restituídos são devolvidos aos legítimos proprietários, exceto se consistirem
em coisas cujo uso, fabrico, alienação, porte ou detenção são proibidos, conforme estabelece
a alínea “a”, inciso II, do art. 91, do CP.

Art. 6° [...]
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

O inciso III traz uma permissão genérica para que a autoridade policial colha (produza)
qualquer tipo de prova que entenda necessária para a investigação, ainda que tal não esteja
expressamente prevista nos demais incisos do art. 6º, como, por exemplo, a oitiva de testemu-
nhas e a representação ao juiz para decretação de quebra de sigilo telefônico.

Art. 6° [...]
IV - ouvir o ofendido;

Ouvir a vítima do delito é uma das mais importantes providências a serem tomadas pela
autoridade policial, uma vez que o ofendido pode fornecer dados essenciais para a descober-
ta da autoria e para a convicção sobre a materialidade.

Art. 6° [...]
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V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do
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Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que
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Ihe tenham ouvido a leitura;


12.
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O inciso V cuida do interrogatório do indiciado, que é a pessoa a quem se aponta, na fase


-3

do inquérito, como autor da infração penal (indiciar é verificar que existe a probabilidade do
s
co

até então suspeito ser o agente).


ar
M

O § 6º, art. 2º, da Lei nº 12.830, de 2013, exige que a autoridade policial, ao indiciar o sus-
peito, aponte nos autos do IP os motivos que levaram a proceder ao indiciamento, bem como
justifique a classificação feita em determinado tipo penal.
Ao interrogatório do indiciado aplicam-se as regras do interrogatório judicial, previstas
nos arts. 185 a 196, do CPP, com as devidas adaptações (uma vez que o indiciado ainda não
é réu. Nesse sentido, não é necessária a presença do defensor no interrogatório feito na
delegacia, assim como o advogado não tem direito de interferir no interrogatório a fim
de fazer perguntas. No entanto, o delegado não pode proibir o advogado de acompanhar o
interrogatório. Vale lembrar que o inciso LXIII, art. 5º, da CF, assegura ao indiciado o direito
de permanecer calado durante o interrogatório.
14
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Voltando ao art. 6º, do CP, o inciso V cuida, ainda, da chamadas testemunhas instrumen-
tárias. A autoridade policial deve assegurar que o termo de interrogatório seja assinado por
duas testemunhas que presenciaram a leitura da peça para o indiciado.

Art. 6° [...]
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

O reconhecimento de pessoa busca indicar o autor do crime e é realizado pela vítima e


pelas testemunhas que tenham presenciado a prática do crime. O procedimento adotado pela
autoridade policial é o que consta nos arts. 226 a 228, do CPP. O indiciado não pode se recu-
sar a participar do reconhecimento. O direito de não ser obrigado a produzir prova contra si
mesmo não se aplica a atos passivos, como é o caso do reconhecimento, mas somente a pro-
cedimentos ativos ou invasivos (como o fornecimento de material grafotécnico e de amostra
de sangue).
O reconhecimento de objetos, por sua vez, recai sobre os instrumentos utilizados do cri-
me (uma arma de fogo, por exemplo) e sobre os objetos materiais do crime (como os objetos
furtados).
Já a acareação consiste no ato de colocar frente a frente duas pessoas que prestaram
depoimentos divergentes sobre pontos relevantes para a investigação. A acareação segue as
regras previstas nos arts. 229 e 230, do CPP.

Art. 6° [...]
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;

O exame de corpo de delito está previsto no art. 158 e seguintes do CPP, e é indispensável
nos crimes que deixam vestígios (sua não realização gera nulidade da ação, conforme deter-
mina a alínea “b”, inciso III, do art. 564, do CPP).
São algumas perícias que devem ser realizadas, dentre outras: exame químico-toxicológi-
14
8-

co nos crimes de tráfico ou porte de droga; exame da arma de fogo nos crimes previstos no
41

Estatuto do Desarmamento; exame no documento para apurar a falsidade documental.


12.
.4
41

Art. 6° [...]
-3

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer


s
co

juntar aos autos sua folha de antecedentes;


ar
M

Apesar de o inciso VIII, art. 6º, mencionar apenas o processo datiloscópico, a identificação
NOÇÕES DE DIREITO

criminal consiste na coleta de dados físicos (fotografia, impressão datiloscópica e material


genético) com a finalidade de individualizar o indiciado.
Atualmente, a Lei nº 12.037, de 2009, dispõe sobre o assunto e regulamenta a regra cons-
titucional prevista no inciso LVIII, art. 5º, de que a pessoa civilmente identificada não será
submetida à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.

15
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica
Folha de antecedentes (FA) é o documento no qual consta a vida pregressa criminal de todas
as pessoas que já possuem identificação civil. Nessa ficha, constam, por exemplo, os indicia-
mentos e as ações penais às quais o indivíduo respondeu.

Art. 6° [...]
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social,
sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele,
e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.

Conforme visto acima, a FA traz informações sobre a vida pregressa criminal do indivíduo
(indiciamento e processos criminais aos quais respondeu). O inciso IX cuida da vida pregres-
sa e diz respeito aos dados relevantes sobre o passado da pessoa em seu contexto individual,
familiar, social e econômico. Além disso, cuida de colher seu estado de espírito antes, durante
e depois da prática criminosa e também de outros elementos que possibilitem traçar a per-
sonalidade do indiciado.

Art. 6° [...]
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.

O inciso X foi incluído no art. 6º pela Lei nº 13.257, de 2016, denominada Lei da Primeira
Infância. O dispositivo visa à proteção das crianças de até 6 anos de idade que podem sofrer
consequências decorrentes da prática de crimes por seus pais. Com base em tal conhecimen-
to, a autoridade policial pode, por exemplo, solicitar apoio de órgãos de assistência social ou
de proteção da criança.
14
8-
41

Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo,
2.

a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não
1
.4

contrarie a moralidade ou a ordem pública.


41
-3
s

O art. 7º trata da reconstituição do crime, que consiste em uma simulação dos fatos, mui-
co
ar

to comum principalmente em homicídios.


M

Não é permitida a reconstituição que contrariar a moral e a ordem pública, como, por exem-
plo, a reprodução de crimes sexuais utilizando a vítima e o indiciado.
Além das atividades que constam nos arts. 6º e 7º, do CPP, a autoridade policial tem outras
funções durante o IP, que se encontram elencadas no art. 13, do CPP, que será estudado mais
adiante.

INVESTIGAÇÃO POLICIAL INICIADA POR PRISÃO EM FLAGRANTE

Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX


deste Livro.
16
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No caso da lavratura de auto de prisão em flagrante, devem ser seguidas as disposições
constantes nos arts. 301 e seguintes, do CPP.

FORMALISMO DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

O IP é um procedimento formal, que exige peças escritas e datilografadas, rubricadas pelo


delegado de polícia. O art. 9º expressa a característica de ser o inquérito escrito.

PRAZO DO INQUÉRITO

Art. 10 O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.

O art. 10, do CPP, estabelece prazo para a conclusão do inquérito. A regra geral é que o
prazo de conclusão é de 10 dias, caso o indivíduo esteja preso, e de 30 dias, se estiver solto
(para fins de memorização, utilize o famoso 10:30).
A Lei nº 13.964, de 2019, denominada Lei Anticrime, trouxe a possibilidade de o juiz das
garantias prorrogar o prazo de conclusão no caso do inquérito com investigado preso por
15 dias, uma única vez. Para tanto, o delegado deve representar ao juiz e o MP deve ser
ouvido:

Art. 3-B […]


§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da
14

autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do
8-

inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída,
41

a prisão será imediatamente relaxada.


12.
.4
41

Em que pese haver a previsão de prorrogação do prazo do inquérito, esse artigo está sus-
-3

penso por prazo indeterminado; embora não aplicável, ainda está previsto no texto do CPP.
s
co

Deste modo, a regra prevista no CPP é que o prazo do inquérito policial é de 10 dias (pre-
ar
M

so) e 30 dias (solto), com possibilidade de prorrogação de 15 dias (preso) por uma única vez
(lembre-se: esta possibilidade está suspensa). Porém, existem outros prazos, conforme se vê
NOÇÕES DE DIREITO

na tabela a seguir:

PRESO SOLTO
10 dias (prorrogável por
JUSTIÇA ESTADUAL 30 dias
mais 15 dias)
15 dias (prorrogável por
JUSTIÇA FEDERAL 30 dias
mais 15 dias)

17
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PRESO SOLTO
30 dias (pode ser 90 dias (pode ser
CRIMES DA LEI DE DROGAS
duplicada) duplicada)
CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 10 dias 10 dias
40 dias (prorrogável
CRIMES MILITARES 20 dias
por mais 20 dias)
PRISÃO TEMPORÁRIA DECRETADA EM
30 dias (prorrogável por
INQUÉRITO POLICIAL RELATIVO A CRI-
mais 30 dias) -
MES HEDIONDO E EQUIPARADOS

É de suma importância destacar que, estando o indiciado solto, a violação do limite estabe-
lecido no art. 10, do CPP, não possui repercussão, pois não gera prejuízos ao insidiado. O STJ
entende que tal prazo é considerado como prazo impróprio (seu desatendimento não gera
consequências).

RELATÓRIO FINAL

Art. 10 [...]
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão rea-
lizadas no prazo marcado pelo juiz.

O inquérito deve encerrado por minucioso relatório dando conta de tudo o que foi apura-
do (materialidade e autoria da infração ou sua ausência), relatando as diligências efetuadas,
14

como regra, em ordem cronológica.


8-

Uma vez relatado, o IP é remetido ao juiz competente, que é identificado segundo os crité-
41
2.

rios de competência jurisdicional estabelecidos nos arts. 69 e seguintes, do CPP.


1
.4

O § 2º, art. 10, do CPP, menciona a hipótese de indicação de testemunhas não inquiridas, o
41

que deve ser excepcional, cabível somente no caso de investigado preso cujo prazo para ter-
-3

minar o inquérito é de 10 dias. No caso de investigado solto, o delegado pode pedir a dilação
s
co

do prazo do IP, prevista no § 3º.


ar
M

INSTRUMENTOS DO CRIME E OBJETOS DE PROVA

Art. 11 Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acom-
panharão os autos do inquérito.

Os instrumentos do crime, assim como os objetos de interesse da prova, devem ser enca-
minhados ao fórum, juntamente com o IP, para apreciação pelo juiz ou pelos jurados ou, ain-
da, para que neles possa ser feita contraprova caso haja contestação pela defesa.

18
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Instrumentos do crime são os objetos usados pelo agente para cometer crime, tais como
armas e documentos falsos. Objetos de interesse da prova, por sua vez, são coisas que servem
para demonstrar a verdade do ocorrido, tais como telefone celular, computador, objeto da
vítima com marcas de violência, entre outros.

INQUÉRITO COMO BASE DA DENÚNCIA OU QUEIXA

Art. 12 O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a
uma ou outra.

O inquérito não é imprescindível para o oferecimento da denúncia (peça acusatória inicial


apresentada pelo Ministério Público nos casos de ação penal pública) nem da queixa (peça
acusatória inicial apresentada por meio do advogado do ofendido quando a ação for de ini-
ciativa privada). No entanto, de acordo com o art. 12, do CPP, quando o IP servir de base para
a denúncia ou queixa, deve obrigatoriamente acompanhar uma ou outra.

OUTRAS INCUMBÊNCIAS DA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 13 Incumbirá ainda à autoridade policial:


I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julga-
mento dos processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.

O art. 13, do CPP, elenca uma série de atribuições do delegado de polícia. Vale lembrar que
o delegado exerce atividade de polícia judiciária, que é auxiliar do Poder Judiciário em sua
atividade investigatória.
14

No inciso IV, “representar” significa dar razões para que alguém seja preso cautelarmente
8-

pela autoridade judiciária.


41

Além das funções previstas no art. 13, o delegado de polícia possui outras funções pre-
12.
.4

vistas no CPP e em outras leis e que são ligadas, de forma direta ou indireta, à instrução do
41

processo, como, por exemplo, o arbitramento de fiança nos crimes cuja pena cominada não
-3

seja superior a 4 anos, de acordo com o art. 322, do CPP, e a representação para instauração
s
co

de incidente de insanidade mental, conforme prevê o § 1º, art. 149, entre outras atividades.
ar
M

PODER DE REQUISIÇÃO DE DADOS E INFORMAÇÕES CADASTRAIS PELO MINISTÉRIO


NOÇÕES DE DIREITO

PÚBLICO E AUTORIDADE POLICIAL

Art. 13-A Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante 19
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II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação
Art. 13-B Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante
autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, seto-
rização e intensidade de radiofrequência.
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a
30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação
de ordem judicial.
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que dis-
ponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros
– que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata
comunicação ao juiz.

A Lei nº 13.444, de 2016, Lei de Prevenção e Repressão ao Tráfico de Pessoas, acrescentou


ao Código de Processo Penal os arts. 13-A e 13-B.
O art. 13-A, do CPP, passou a permitir ao representante do MP ou à autoridade policial,
em certos crimes, tais como sequestro e cárcere privado e tráfico de pessoas, requisitarem
diretamente a órgãos públicos ou empresas privadas informações e dados cadastrais de
14

vítimas e de suspeitos. Veja que se trata da inovação (antes, tanto o MP quanto o delegado
8-
41

de polícia tinham que pedir ao juiz) da solicitação de dados cadastrais para fins de investiga-
2.

ção. Os dados e informações devem ser meramente cadastrais, como nome e endereço de um
1
.4

correntista de banco ou cliente de uma operadora de telefonia: nunca poderá ser solicitada
41
-3

diretamente por eles a quebra de sigilo bancário ou telefônico (estas, sim, somente o juiz
s

pode determinar). O prazo para cumprimento da requisição é curto: 24 horas (parágrafo úni-
co
ar

co, art. 11, da Lei nº 13.444, de 2016).


M

Por sua vez, o art. 13-B passou a tratar do que se chama genericamente de informação
ERB — Estações de Rádio Base. De acordo com o que dispõe o art. 13-B, o membro do MP ou
o delegado de polícia podem requisitar, mediante autorização judicial, às empresas de tele-
fonia/telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos que possam permitir a
localização da vítima ou dos suspeitos de crime de tráfico de pessoas. Dentre esses meios, um
de grande eficácia é o que utiliza as informações das Estações de Rádio Base (ERB), que são
os equipamentos (antenas) que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia
telefônica; por meio desses equipamentos, é feita a localização das coordenadas de GPS dos
aparelhos de celular da vítima ou dos autores do crime.

20
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Veja que não se trata de realizar a interceptação das comunicações (que é tratada por lei
específica) mas sim de acesso a dados de coordenadas. Observe, também, a diferença entre o
disposto no art. 13-A, do CPP, situação que não requer autorização judicial, para o que prevê
o art. 13-B, opção que só pode ser feita com ordem do juiz.

REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL

Art. 14 O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer


diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

A vítima, pessoalmente ou por meio de seu representante legal, assim como o indiciado,
podem requerer ao delegado a realização de alguma diligência (como a oitiva de uma teste-
munha, por exemplo) que considerem útil para a elucidação dos fatos.
A autoridade policial pode deferir ou indeferir tal pedido, sem necessidade de
fundamentação.

PRESENÇA DO DEFENSOR TÉCNICO DO INVESTIGADO NOS CASOS DE LETALIDADE


POLICIAL

Art. 14-A Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos poli-
ciais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos
relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma con-
sumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da ins-
tauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor
14
8-

pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a


41

que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo
12.

de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado.


.4
41

§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa


-3

caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não estiver instalada, a
s
co

União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva competência territorial do pro-


ar

cedimento instaurado deverá disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de


M

todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado.


NOÇÕES DE DIREITO

§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de mani-
festação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e
com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado profissional que não inte-
gre os quadros próprios da Administração.
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos inte-
resses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão por conta do
orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos
investigados.

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§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados
às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados
digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.

A Lei nº 13.964, de 2019 (Lei Anticrime), acrescentou ao CPP o art. 14-A, que prevê pro-
cedimento a ser adotado sempre que o objeto do inquérito policial for a apuração de fatos
relacionados ao uso de força legal praticados no exercício profissional por integrantes das
forças de segurança pública.
A partir de tal alteração, o integrante das forças de segurança pública que figurar como
investigado em caso de letalidade policial (morte de civil causada por ação das forças de
segurança) deve ser cientificado (a lei usa a expressão “citado”, que, apesar de impropria-
mente utilizada, deve ser observada para fins de prova) da existência de procedimento
investigatório (entre os quais, o IP) e poderá nomear defensor técnico. Vale mencionar que
o mesmo procedimento foi incluído no Código de Processo Penal Militar, no art. 16-A.
A citação prevista no art. 14-A deve ser observada tanto nos casos consumados quanto nos
tentados e, também, nas hipóteses em que se configura excludente de ilicitude.
A Garantia da Lei e da Ordem (GLO) a que se refere o § 6º consiste em autorização para que as
Forças Armadas atuem em situações de grave perturbação da ordem ou em eventos de grandes
proporções (como a Copa do Mundo). As operações de GLO são previstas no art. 142, da Constitui-
ção Federal, e regulamentadas pela Lei Complementar nº 97, de 1999, e pelo Decreto nº 3.897, de
2001.

CURADOR

Art. 15 Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

O curador é a pessoa que, tanto no interrogatório prestado na fase policial, quanto no


interrogatório em juízo, tem a função de proteger ou orientar o menor de 21 anos, suprindo-
-lhe a imaturidade. No entanto, após a redução da maioridade civil de 21 para 18 anos, trazi-
14
8-

da pelo Código Civil de 2002, não se deve mais considerar que a pessoa menor de 21 necessite
41

de curador, uma vez que alguém que atingiu a maioridade aos 18 anos é plenamente capaz
12.
.4

de exercer qualquer atividade pública.


41

Vale sempre lembrar que os menores de 18 não podem ser indiciados em inquérito, tendo
-3

em vista sua inimputabilidade penal.


s
co

Muito embora não tenha mais aplicação, é interessante mencionar que não é qualquer
ar

pessoa que poderia ser nomeada como curador: a pessoa deveria ser maior de 21 anos, em
M

pleno gozo da capacidade civil, alfabetizada e não poderia ser subordinada administrativa-
mente ao juiz, promotor ou delegado.

DEVOLUÇÃO DO INQUÉRITO PARA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 16 O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade poli-
cial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

O art. 16 cuida de situação em que o promotor, ao receber o IP devidamente concluído e rela-


22 tado, por entender que falta alguma diligência fundamental para a formação de sua convicção,
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requer ao juiz que os autos retornem à autoridade policial para que esta dê continuidade às
investigações. Fora de tal hipótese, o MP não pode requerer a devolução do IP ao delegado.

ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 17 A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

O arquivamento do inquérito policial é tratado no art. 28, do CPP, e será estudado com
detalhes mais adiante. Desde já vale alertar, no entanto, que a Lei Anticrime promoveu
importante alteração nas regras de arquivamento do IP.
O art. 17, por sua vez, indica que o inquérito é indisponível, isto é, uma vez instaurado,
não pode ser arquivado pelo delegado de polícia.

Desarquivamento do Inquérito

Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia.

O art. 18 dispõe que, uma vez arquivado o IP, é possível seu desarquivamento caso surjam
novas provas (novas pesquisas).
Nesse sentido, vale trazer o teor da Súmula 524, do STF: Arquivado o inquérito policial, por
despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada,
sem novas provas.

Importante!
De acordo com o art. 18, do CPP, e com o teor da Súmula 524, do STF, somente é possí-
14

vel o desarquivamento do IP pelo surgimento de provas novas quando o fundamento do


8-

arquivamento foi a insuficiência de provas (indícios de autoria e prova do crime). Assim


41
2.

sendo, inquéritos arquivados por atipicidade (não constituir o fato um crime), excludente
1
.4

de ilicitude, excludente de culpabilidade ou extinção da punibilidade não podem ser desar-


41

quivados.
-3
s
co

Por fim, vale mencionar que, em relação ao arquivamento fundamentado em excludente


ar
M

da ilicitude, existe certa polêmica tendo em vista alguns julgados do próprio STF (por exem-
plo, o HC 87395). Para o STJ, o desarquivamento somente é possível no caso de insuficiência
NOÇÕES DE DIREITO

de provas. Para fins de concurso, vale o entendimento da Súmula 524, do STF.

INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PRIVADA

Art. 19 Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos
ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante
legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

23
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 19, do CPP, indica que, uma vez concluído o inquérito que apurou crime que se
procede mediante ação penal privada, este deve ser remetido ao juízo competente, aguar-
dando em cartório o ajuizamento da queixa-crime por parte do ofendido, ou, caso este deseje
melhor analisar os autos, poderá levar consigo (o que se denomina “fazer carga”) o IP, deven-
do ficar cópia integral no cartório (a cópia é chamada traslado).

SIGILO DO INQUÉRITO

Art. 20 A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exi-


gido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade poli-
cial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra
os requerentes.

O inquérito é sigiloso, conforme indica o art. 20, do CPP. Isso significa que o acesso aos
autos do IP não é livre a qualquer pessoa do povo, nem mesmo ao indiciado, pessoalmente.
No entanto, tal restrição não se aplica ao advogado, tendo em vista o que o inciso XIV, art.
7º, da Lei nº 8.906, de 1994 (Estatuto da Advocacia), estabelece que:

Art. 7º (Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994) São direitos do advogado:


[...]
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração,autos de flagrante
e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar
peças e tomar apontamento

Nesse sentido, já decidiu o STF, no julgamento do HC 82.354, que o advogado do indiciado


tem pleno acessos aos autos do inquérito policial.

INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO
14
8-
41

Art. 21 A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somen-


12.
.4

te será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.


41

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho
-3

fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público,


s
co

respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advo-
ar

gados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)
M

O art. 21, do CPP, não foi recepcionado pela Constituição de 1988, não tendo, pois, apli-
cação. A incomunicabilidade consiste na hipótese de se prender alguém sem que se permita
a comunicação externa e o direito de contato com o advogado e com a família.
De acordo com o inciso LXII, art. 5º, da CF, a prisão de qualquer pessoa e o local onde ela se
encontra devem ser imediatamente comunicados ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada. Por sua vez, o inciso IV, § 3º, do art. 136, da CF, veda a incomunicabilidade
do preso até mesmo na vigência do estado de defesa, que é uma situação excepcional de crise.

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CIRCUNSCRIÇÃO POLICIAL

Art. 22 No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição poli-
cial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo,
ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisi-
ções, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer
fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição.

Circunscrição policial é a divisão territorial que existe em determinadas cidades e no DF


na qual o delegado de polícia exerce suas funções (equivale à competência do juiz).
O art. 22 autoriza que um delegado que preside um IP ou seus policiais subordinados
ingressem na circunscrição de outra autoridade policial para efetuar diligências, sem que
haja necessidade de expedir ofícios ou requisições para a realização do ato.

COMUNICAÇÃO AO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO E ESTATÍSTICA

Art. 23 Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial
oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencio-
nando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à
pessoa do indiciado.

Atualmente, por conta da informatização, tais dados são lançados em sistemas e acessados
diretamente pelos institutos de identificação e estatística. Em cada Estado, o instituto tem
uma nomenclatura diferente; em São Paulo, por exemplo, é o Instituto de Identificação Ricar-
do Gumbleton Daunt o responsável por concentrar todas as informações criminais sobre
qualquer indivíduo.

DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL


14
8-

Disposições Gerais
41
12.
.4

A prova, em processo penal, possui significados diversos:


41
-3

z É o ato de provar: a atividade realizada, normalmente pelas partes, visando demonstrar


s
co

a verdade ou a certeza do que se alega (como o reconhecimento pessoal do infrator, feito


ar
M

pela vítima);
z É meio: são as formas ou os instrumentos usados para demonstrar a verdade de algo que
NOÇÕES DE DIREITO

se afirma ou a existência de um fato (por exemplo, um atestado médico que comprova que
a pessoa foi submetida a um procedimento cirúrgico em determinada data);
z É o resultado da ação de provar: a convicção que surge no juiz a partir da análise dos
instrumentos e provas que constam nos autos.

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Sistemas de Avaliação de Prova

Art. 155 O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em con-
traditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos ele-
mentos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições esta-
belecidas na lei civil.

No processo penal brasileiro vigora o princípio do livre convencimento motivado. De


acordo com tal princípio, o juiz é livre para atribuir valor às provas produzidas no processo,
desde que adote critérios racionais e apresente os motivos que o levaram à determinada
decisão.
Nos termos do art. 155, do CPP, o juiz, para chegar à conclusão de um fato afirmado é
verdadeiro ou falso (resultado da prova), utiliza elementos de provas produzidas sob o con-
traditório (obtidas na fase processual) quando de informações produzidas durante a fase
de investigação (vale lembrar que, na fase pré-processual as provas são produzidas sem a
observância do contraditório).
O que não pode ocorrer, como afirma o art. 158, é o juiz basear sua decisão exclusivamente
em dados obtidos na investigação (informações obtidas exclusivamente durante o inquéri-
to policial). Com exceção das provas cautelares (que são as provas produzidas antes do
momento adequado, tendo em vista uma situação de urgência, como no caso de se ouvir
antecipadamente uma testemunha que se encontra muito doente ou na iminência de deixar
o país); das provas irrepetíveis (que não podem ser repetidas na fase processual, como a
reconstituição do crime); e das provas antecipadas (provas realizadas antes da ação penal,
por determinação do juiz, tendo em vista sua urgência e relevância.
Assim sendo, a regra trazida pelo art. 155, do CPP, é que o juiz não pode basear sua deci-
são exclusivamente em provas produzidas durante a investigação. As provas produzidas
durante a fase pré-processual precisam ser repetidas durante o processo penal, observan-
14
8-

do-se o contraditório. No entanto existem provas que não precisam ser repetidas em juí-
41

zo: as provas cautelares; as provas irrepetíveis; e as provas antecipadas.


12.
.4
41

Ônus da Prova
-3
s
co

Art. 156 A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz
ar

de ofício:
M

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consi-
deradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligên-
cias para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 157 São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não eviden-
ciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primeiras.
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§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto
da prova.
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inu-
tilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
§ 4º (VETADO)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a
sentença ou acórdão.

O caput do art. 156, do CPP, cuida do ônus da prova no processo penal.

Importante!
Ônus vem do latim onus, e significa fardo, peso, encargo. Como regra, no processo penal,
o ônus da prova é da acusação (deve provar a materialidade e a autoria). No entanto, o réu
pode produzir prova quando alega, em seu benefício, algum fato que pode levar a exclusão
da ilicitude ou da culpabilidade.

Nesse sentido, vale mencionar o seguinte julgado:

O órgão acusador tem a obrigação jurídica de provar o alegado e não o réu demonstrar sua
inocência. É característica inafastável do sistema processual penal acusatório o ônus da prova
da acusação, sendo vedado, nessa linha de raciocínio, a inversão do ônus da prova. Inteligên-
cia do art. 156 do CPP (STJ: HC 27684/AM, 6ª T., Rel. Paulo Medina, j.15.3.2007, DJ 9.4.2007).

O art. 157, por sua vez, menciona que não são admitidas no processo penal:

� Provas ilícitas: São aquelas obtidas a partir da violação de princípios constitucionais ou


preceitos legais (com a confissão obtida mediante tortura);
14
8-

z Provas ilegítimas: São as provas obtidas infringindo normas processuais (confissão que
41

supre a falta de exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios).
12.
.4
41

As provas inadmissíveis devem ser desentranhadas (retiradas dos autos do processo).


-3

A partir do art. 158, o CPP passa a tratar dos meios de prova, que podem ser entendidos
s
co

como os instrumentos que tem como finalidade levar ao processo um elemento que o juiz irá
ar
M

utilizar para formar sua convicção.


Entre os arts. 158 e 184, o CPP cuida do exame de corpo de delito (perícia feita sobre os ele-
NOÇÕES DE DIREITO

mentos materiais ou vestígios da infração) e de outras perícias (exames diversos que resul-
tam em um laudo documental produzido pelos peritos). Além disso, é disciplinada a questão
da cadeia de custódia.
Vale mencionar que uma parte significativa dos dispositivos de que trata este capítulo,
foram modificados ou incluídos pela Lei nº 13.964, de 2019 (Pacote Anticrime).

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Indispensabilidade do Exame de Corpo de Delito

Art. 158 Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se
tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

Existem infrações penais que deixam vestígios reais (rastros que podem ser visualizados).
Nesses casos, quando a infração deixar vestígios materiais, será indispensável o exame
de corpo de delito.
A ausência do exame de corpo de delito nas infrações que deixam vestígios (homicídio e
dano, por exemplo) gera nulidade do processo.
Diz-se exame de corpo de delito direto, quando os peritos analisam diretamente o objeto
da perícia.
Em situações que se torna impossível a realização do exame direto (quando há o desapa-
recimento de vestígios, por exemplo), tem-se o exame de corpo de delito indireto, realizado
geralmente através de prova testemunhal ou documental. Essa forma de exame será estuda-
da em momento posterior.

Cadeia de Custódia

Art. 158-A Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utiliza-


dos para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou
em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimen-
to até o descarte.

A Lei Anticrime introduziu a figura da cadeia de custódia no CPP. A cadeia de custódia


14
8-

pode ser definida como o conjunto de procedimentos adotados para manter e documen-
41

tar a sequencia cronológica dos vestígios coletados em locais de crime ou nas próprias
12.

vítimas.
.4
41

A finalidade da cadeia de custódia é assegurar a idoneidade dos vestígios coletados, evi-


-3

tando eventuais dúvidas quanto à origem ou manipulação destes durante a investigação e o


s
co

processo criminal.
ar
M

Início da Cadeia de Custódia

Art. 158-A [...]


§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com
procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produ-
ção da prova pericial fica responsável por sua preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que
se relaciona à infração penal.

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Etapas da Cadeia de Custódia

Art. 158-B A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes


etapas:
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produ-
ção da prova pericial;
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no cor-
po de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens
ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito respon-
sável pelo atendimento;
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza;
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado
de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas,
para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento;
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manuten-
ção de suas características originais, bem como o controle de sua posse;
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documenta-
do com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia
judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de ras-
treamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem
o recebeu;
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a meto-
dologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o
resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
14

IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do mate-


8-
41

rial a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transporta-


2.

do, com vinculação ao número do laudo correspondente;


1
.4

X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente


41
-3

e, quando pertinente, mediante autorização judicial.


s
co

Esquematicamente, as etapas da cadeia de custódia são as seguintes:


ar
M

ETAPAS EXTERNAS À CENTRAL DE


NOÇÕES DE DIREITO

ETAPAS INTERNAS
CUSTÓDIA
1º reconhecimento
2° isolamento 7° recebimento
3° fixação 8° processamento
4° coleta 9° armazenamento
5° acondicionamento 10° descarte
6° transporte

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Art. 158-C A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial,
que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for neces-
sária a realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como
descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável
por detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestí-
gios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipifica-
da como fraude processual a sua realização.

A coleta de vestígios é feita preferencialmente por perito oficial (não se trata de exclusi-
vidade, pode ser feita por outro não perito). A entrada em local de crime isolado, antes da
liberação pelo perito oficial configura o crime previsto no art. 347, do CP.

Procedimentos de Acondicionamento

Art. 158-D O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza
do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir con-
taminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informa-
ções sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente,
por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de
vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as infor-
mações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.
14
8-
41

Central da Custódia
12.
.4
41

Art. 158-E Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
-3

destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao
s
co

órgão central de perícia oficial de natureza criminal.


ar

§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferên-
M

cia, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e


a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais
que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consig-
nando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e
deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registra-
das, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e
horário da ação.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 158-F Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia,
devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de
depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão
central de perícia oficial de natureza criminal.

O pacote anticrime criou, também, a figura da central de custódia, que tem a finalidade de
guardar e controlar os vestígios coletados.

Do Perito

Art. 159 O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, por-
tadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o
encargo.

A regra é que as perícias devem ser realizadas por peritos oficiais (admitidos em concurso
público) portadores de diploma de curso superior. Na falta destes, excepcionalmente, podem
ser nomeados peritos não oficiais, que devem demostrar compromisso ao assumir a função.

Dica
É recorrente a cobrança do § 1º, do art. 159, do CPP, nas provas de concurso público, por-
tanto, lembre-se que na falta de perito oficial, o exame poderá ser realizado:
� Por 2 pessoas idôneas;
14

� Portadoras de diploma de curso superior preferencialmente (e não necessariamente)


8-

na área específica;
41
2.

� Que possuam habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.


1
.4
41
-3

Do Assistente Técnico
s
co
ar

Art. 159 [...]


M

§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao que-


relante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
NOÇÕES DE DIREITO

§ 4° O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
§ 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos,
desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam enca-
minhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em
laudo complementar;

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II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo
juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença
de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 7º Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especia-
lizado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de
um assistente técnico.

Os assistentes técnicos, indicados pelos interessados e uma vez admitidos pelo juiz, atuam
somente depois de concluídos os trabalhos do perito oficial. Não há possibilidade de exame
conjunto.

Laudo Pericial

Art. 160 Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

O laudo pericial é o documento no qual o perito apresenta suas conclusões, depois de


analisar os elementos colhidos. Apesar de o art. 160 utilizar o plural, o laudo é elaborado por
apenas um perito, conforme determina o art. 159, do CPP.
O prazo para conclusão do laudo é de 10 (dez) dias, prorrogáveis em situações excepcio-
nais, a pedido do perito.

Art. 161 O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
14
8-

Tendo em vista o período do desaparecimento dos vestígios, o exame de corpo de delito


41

deve ser feito o mais breve possível, podendo ser realizado em qualquer dia (incluindo feria-
12.

dos e fins de semana) e a qualquer momento (madrugadas etc.).


.4
41
-3

Art. 162 A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
s
co

pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que decla-
ar

rarão no auto.
M

Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver,
quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem preci-
sar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma
circunstância relevante.

A regra é que a autópsia (necropsia ou tanatopsia, que é o exame externo e interno do


cadáver ) deve ser realizado pelo menos 6 horas depois da morte, salvo se julgado pelos peri-
tos que deve ser feita antes.

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No entanto, o exame interno do cadáver pode ser dispensado em duas situações:

z Caso de morte violenta, sem que haja crime a apurar;


z Quando as lesões externas permitirem, por si só, verificar a causa da morte.

Art. 163 Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para
que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto
circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepul-
tura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura,
ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às
pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.

Exumação é o ato de desenterrar o cadáver para a realização da perícia.

Art. 164 Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados,
bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do
crime
Art. 165 Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, jun-
tarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente
rubricados.

Os arts. 164 e 165, do CPP, tratam das formas de como ilustrar melhor a conduta criminosa
para o juiz, que é o destinatário da prova.

Art. 166 Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao


reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no
qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
14
8-

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encon-
41

trados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.


12.

Art. 167 Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
.4
41

vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.


-3
s
co

Os arts. 166 e 167, do CPP, cuidam da possibilidade da realização de exame de corpo de


ar

delito indireto, isto é, aquele que é realizado não nos vestígios, mas por meio do depoimento
M

de testemunhas.
NOÇÕES DE DIREITO

Exame Complementar nos Casos de Lesão Corporal

Art. 168 Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto,
proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária,
de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu
defensor.
§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de
suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1°, I, do Código
Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.

No crime de lesão corporal (art. 129, do CP) é essencial que se conheça não só a natureza,
mas a gravidade das lesões sofridas pela vítima (dependendo de tais informações, a lesão é
classificada como leve, grave ou gravíssima). Diante disso, é necessário a realização de exame
complementar nos crimes de lesão corporal em duas situações:

z Se o primeiro exame for realizado de forma incompleta;


z Se o exame complementar tiver a finalidade de identificar a classificação da lesão (leve,
grave ou gravíssima).

Preservação do Local do Crime

Art. 169 Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chega-
da dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discu-
tirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

Dica
Existe uma exceção ao que prevê o art. 169, do CPP, ela se encontra prevista no art. 1º, da
Lei nº 5.970, de 1973:
Art. 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar
conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata
remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos,
14

se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.


8-
41

Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim
2.

da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as


1
.4

demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.


41
-3
s

Perícias de Laboratório
co
ar
M

Art. 170 Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.

Nas perícias de laboratório deve ser guardado material para eventual contraprova. O peri-
to deve, ainda, ilustrar o laudo sempre que achar conveniente.

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Perícia Cometida nos Crimes Cometidos com Destruição ou Rompimento de Obstáculo à
Subtração da Coisa, ou Por Meio de Escalada

Art. 171 Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da
coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com
que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.

Tais medidas se justificam, sobretudo para avaliar a incidência de qualificadoras no crime


de furto (art. 155, do CP).

Avaliação de Coisas

Art. 172 Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deteriora-


das ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio
dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.

Em certos crimes (como dano e estelionato), é importante conhecer o valor das coisas ou
do prejuízo sofrido pela vítima, uma vez que podem implicar na dosagem da pena e na fixa-
ção do valor de reparação dos danos.

Perícia no Crime de Incêndio

Art. 173 No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver come-
çado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão
do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.

O art. 173, do CPP, aplica-se à perícia no crime de incêndio, previsto no art. 250, do Código
14

Penal, ele possui certas particularidades que podem consistir em causas de aumento de pena
8-

(colocar fogo em casa habitada, por exemplo).


41
2.

A perícia pode determinar, ainda, se o agente queria causar incêndio ou praticar homicí-
1
.4

dio, utilizando-se do fogo como meio.


41
-3

Exame Grafotécnico
s
co
ar
M

Art. 174 No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-
-se-á o seguinte:
NOÇÕES DE DIREITO

I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for
encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer
ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade
não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem
em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não pude-
rem ser retirados;
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IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a auto-
ridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as
palavras que a pessoa será intimada a escrever.

O exame para reconhecimento de escritos, conhecido como grafotécnico ou caligráfico,


tem a finalidade de identificar se a letra que consta em determinado documento pertence ao
investigado.

Perícia dos Instrumentos do Crime

Art. 175 Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração,
a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência.

Pode ser qualquer tipo de instrumento mecânico usado na prática, como uma pistola, uma
faca ou pedaço de ferro. Determinar a natureza, por exemplo, é dizer que se trata de uma pis-
tola 9mm; já determinar a eficácia, significa dizer se o objeto é hábil a produzir determinado
resultado (por exemplo, se a pistola está apta a disparar).

Oportunidade para Oferecimento de Quesitos

Art. 176 A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.

Os quesitos são perguntas formuladas pelas partes ou pela autoridade. São dirigidas aos
peritos e são fundamentais para esclarecer a verdade.

Exame por Precatória


14

Art. 177 No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Haven-
8-

do, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo
41
2.

juiz deprecante.
1
.4

Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.


41
-3

Todo exame pericial cujo objeto material se encontre em comarca diferente daquela onde
s
co

se encontra o delegado de polícia ou juiz, pode ser realizada por meio de precatória.
ar
M

Órgão Oficial de Perícia

Art. 178 No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da reparti-
ção, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.

O mencionado art. 159 cuida da obrigatoriedade do exame de corpo de delito nos casos em
que a infração deixar vestígios.

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 178 estabelece que os exames serão requisitados pela autoridade competente ao
diretor da repartição, além disso, deverá ser juntado ao processo o laudo assinado pelos
peritos.

Auto de Exame Realizado por Peritos Não Oficiais

Art. 179 No caso do § 1º do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assina-
do pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado,
será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Art. 180 Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as
declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a
autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
proceder a novo exame por outros peritos.

Os arts. 179 e 180, do CPP cuidam de regras relativas ao exame pericial realizado por 2
peritos não oficiais (conforme visto anteriormente, caso haja falta do perito oficial).
Da perícia é lavrado auto pelo escrivão e, havendo divergência entre os dois peritos não
oficiais, permite-se que eles apresentem as respostas aos quesitos com as declarações separa-
das ou então, que cada um elabore seu próprio laudo.
O juiz pode, ainda, nomear um terceiro perito para “desempatar”. Caso este terceiro peri-
to divergir dos demais, a autoridade poderá mandar realizar um novo exame com novos
peritos.

Inobservância de Formalidade no Laudo

Art. 181 No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscurida-


des ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complemen-
tar ou esclarecer o laudo.
14
8-

Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por
41

outros peritos, se julgar conveniente.


12.
.4
41

Caso ocorra a inobservância de formalidade por parte do perito ou peritos, ou haven-


-3

do omissões, obscuridades ou contradições no laudo, a regra é que o juiz mande supri-las.


s
co

Excepcionalmente, pode mandar realizar nova perícia.


ar
M

Vinculação do Juiz ao Laudo Pericial


NOÇÕES DE DIREITO

Art. 182 O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em
parte.

O CPP adota o sistema da livre convicção motivada, segundo o qual o juiz pode aceitar ou
rejeitar o laudo, no todo ou em parte, mas desde que o faça de forma motivada.

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Iniciativa do Ofendido

Art. 183 Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19.

Uma vez feitas as perícias, nos termos do art. 19, do CPP, nos casos de ação penal privada,
ficam junto com os autos aguardando a manifestação da vítima ou de seu representante legal.

Requerimento das Partes

Art. 184 Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial nega-
rá a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
verdade.

O juiz não é obrigado a aceitar o pedido de perícia feito pelas partes, exceto se tratar-se de
requerimento de exame de corpo de delito.

DOS INDÍCIOS

Art. 239 Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo rela-
ção com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.

DOS PERITOS E INTÉRPRETES

Art. 275 O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.
Art. 276 As partes não intervirão na nomeação do perito.
Art. 277 O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de
multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
14

Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
8-

imediatamente:
41
2.

a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;


1
.4

b) não comparecer no dia e local designados para o exame;


41

c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.
-3

Art. 278 No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá
s
co

determinar a sua condução.


ar
M

Art. 279 Não poderão ser peritos:


I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do
Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto
da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
Art. 280 É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos
juízes.
Art. 281 Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (LEI
COMPLEMENTAR N° 207, DE 1979)

LEI COMPLEMENTAR Nº 207, DE 1979 — LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA DO ESTADO DE SÃO


PAULO

Os policiais civis de São Paulo são considerados, para todos efeitos, uma forma especial de
servidor público. São especiais no sentido de que eles são regidos por uma Lei Orgânica pró-
pria, ao contrário de outros servidores, que são regidos pelo Estatuto dos Servidores Públicos
Civis do Estado de São Paulo. Por isso, vamos analisar, em maiores detalhes, o conteúdo dessa
lei orgânica, que é a Lei Complementar nº 207, de 05 de janeiro de 1979.
Os dispositivos trazidos neste material dizem respeito, grosso modo, à estrutura da Polícia
Civil, ao regime de cargos públicos e a sua forma de provimento e vacância, aos direitos e
garantias gerais, aos deveres, responsabilidades, e ao procedimento de apuração de condutas
ilícitas de natureza disciplinar.
Faremos menções a outras normas jurídicas, como a Constituição Federal, ou até mesmo a
Lei Federal nº 8.112, de 1990, quando for absolutamente necessário.

Dica
Dada a multiplicidade de leis, em âmbitos diferentes da Federação, é comum ao candidato
questionar qual lei ele deve utilizar para responder questões de provas. Primeiramente, é
importante ressaltar que lei federal não se sobrepõe a lei estadual, e vice-versa.
Durante a prova, o candidato deve se ater ao que a pergunta diz. A grande maioria das
questões de provas delineia a legislação que deve ser utilizada para responder à questão.
Procure por expressões como “nos termos da Constituição Federal”, “segundo a Lei nº
8.112, de 1990”, e “com base no Estatuto dos Servidores estaduais [...]”, entre outras.
14

Da Polícia do Estado de São Paulo


8-
41
2.

Preliminarmente, o art. 1º apresenta o ente responsável pela criação/manutenção dos


1
.4

órgãos da Polícia Civil.


41
-3
s

Art. 1º A Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública responsável pela manuten-
co
ar

ção, em todo o Estado, da ordem e da segurança pública internas, executará o serviço policial
M

por intermédio dos órgãos policiais que a integram.


Parágrafo único. Abrange o serviço policial a prevenção e investigação criminais, o policiamen-
NOÇÕES DE DIREITO

to ostensivo, o trânsito e a proteção em casos de calamidade pública, incêndio e salvamento.

A Secretaria de Estado é o ente responsável pela promoção de segurança pública dentro do


Estado, sendo composta por órgãos pertencentes ou à Polícia Civil, ou à Polícia Militar, não
podendo as duas serem confundidas. São órgãos independentes, com atribuições exclusivas
para cada um.

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Art. 2º São órgãos policiais, subordinados hierárquica, administrativa e funcionalmente ao
Secretário da Segurança Pública:
I - Polícia Civil;
II - Polícia Militar.
§ 1º Integrarão também a Secretaria da Segurança Pública os órgãos de assessoramento do
Secretário da Segurança, que constituem a administração superior da Pasta.
§ 2º A organização, estrutura, atribuições e competência pormenorizada dos órgãos de que
trata este artigo serão estabelecidos por decreto, nos termos desta lei e da legislação federal
pertinente.
Art. 3º São atribuições básicas:
I - Da Polícia Civil - o exercício da Polícia Judiciária, administrativa e preventiva especializada;
II - Da Polícia Militar - o planejamento, a coordenação e a execução do policiamento ostensivo,
fardado e a prevenção e extinção de incêndios.

A Polícia Civil é a responsável pela apuração de delitos penais (crimes), realizando todo o
trabalho investigativo em torno dos mesmos. Nos termos da Constituição Federal de 1988, às
polícias civis incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e
a apuração de infrações penais, exceto as militares.
A Polícia Militar, por sua vez, tem como atribuições básicas o planejamento, a coordena-
ção e a execução do policiamento ostensivo, fardado e a prevenção e extinção de incêndios
(I e II, art. 3º).

Polícia Civil: exercício da polícia judiciária, administrativa e preventiva especializada.


14
8-
41
12.
.4
41
-3
s
co
ar
M

Polícia Militar: Planejamento, coordenação e execução do policiamento ostensivo, farda-


do e a prevenção e extinção de incêndios.

Art. 4º Para efeito de entrosamento dos órgãos policiais contará a administração superior
com mecanismos de planejamento, coordenação e controle, pelos quais se assegurem, tanto
a eficiência, quanto a complementaridade das ações, quando necessárias a consecução dos
objetivos policiais.

Por fim, o art. 8º faz uma breve menção aos serviços de segurança e guardas municipais.
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Art. 8º As guardas municipais, guardas noturnas e os serviços de segurança e vigilância,
autorizados por lei, ficam sujeitos à orientação, condução e fiscalização da Secretaria da
Segurança Pública, na forma de regulamentada específica.

DA POLÍCIA CIVIL

Disposições Preliminares e Estrutura da Carreira

Vamos adentrar ao estudo do regime jurídico dos policiais civis do Estado de São Paulo.
Trata-se de um dos temas mais importantes para sua prova!
Segundo o disposto no art. 9º, a Lei Complementar nº 207, de 05 de janeiro de 1979, é a lei
que estabelece as normas, os direitos, os deveres e as vantagens dos titulares de cargos dos
policiais civis do Estado.
O art. 10 trata de alguns conceitos iniciais importantes para uma melhor compreensão da
matéria. Vejamos quais são esses conceitos:

Art. 10 Consideram-se para os fins desta lei complementar:


I - classe: conjunto de cargos públicos de natureza policial da mesma denominação e amplitu-
de de vencimentos;
II - série de classes: conjunto de classes da mesma natureza de trabalho policial, hierar-
quicamente escalonadas de acordo com o grau de complexidade das atribuições e nível de
responsabilidade;
III - carreira policial: conjunto de cargos de natureza policial civil, de provimento efetivo.

A carreira policial é o grupo maior, dividindo-se nas diversas séries de classes, que repre-
sentam o conjunto de cargos que o agente policial ocupa.
As classes e as séries de classes policiais civis que integram o Quadro da Secretaria da
Segurança Pública estão estruturadas da seguinte maneira, nos termos do art. 12:
14
8-

Art. 12 As classes e as séries de classes policiais civis integram o Quadro da Secretaria da


41

Segurança Pública na seguinte conformidade:


12.

I - na Tabela I (SQC-I):
.4
41

a) Delegado Geral de Polícia;


-3

b) Diretor Geral de Polícia (Departamento Policial);


s
co

c) Assistente Técnico de Polícia;


ar

d) Delegado Regional de Polícia;


M

e) Diretor de Divisão Policial;


NOÇÕES DE DIREITO

h) Assistente de Planejamento e Controle Policial;


j) Delegado de Polícia Substituto;
l) Escrivão de Polícia Chefe II;
m) Investigador de Polícia Chefe II;
n) Escrivão de Polícia Chefe I;
o) Investigador de Polícia Chefe I;
II - na Tabela II (SQC-II):
a) Chefe de Seção (Telecomunicação Policial);
b) Encarregado de Setor (Telecomunicação Policial);
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c) Chefe de Seção (Pesquisador Dactiloscópico Policial);
d) Encarregado de Setor (Pesquisador Dactiloscópico Policial)
e) Encarregado de Setor (Carceragem);
f) Chefe de Seção (Dactiloscopista Policial);
g) Encarregado de Setor (Dactiloscopista Policial);
h) Perito Criminal Chefe; (NR)
i) Perito Criminal Encarregado. (NR)
III - na Tabela III (SQC-III)
a) os das séries de classe de:
1. Delegado de Polícia;
2. Escrivão de Polícia;
3. Investigador de Polícia;
b) os das seguintes classes:
1. Perito Criminal;
2. Técnico em Telecomunicações Policial;
3. Operador de Telecomunicações Policial;
4. Fotógrafo (Técnica Policial);
5. Inspetor de Diversões Públicas;
6. Auxiliar de Necrópsia;
7. Pesquisador Dactiloscópico Policial;
8. Carcereiro;
9. Dactiloscopista Policial;
10. Agente Policial; (NR)
11. Atendente de Necrotério Policial.

Para facilitar os seus estudos, segue uma tabela contendo os principais títulos de cargos
policiais dentro de cada série de classes, começando com a série da Tabela I (SQC-I), até a
Tabela III (ou SQC-III).
14

SQC-I SQC-II SQC-III


8-
41

Delegado Geral Chefes de Seção Delegado


2.

Diretor Geral Datiloscopistas Escrivão


1
.4

Delegado Regional Encarregados de Setores Investigador


41

Diretor de Divisão de Pesquisa Perito Criminal


-3

Delegado Substituto Carceragem Agente Policial


s

Assistente de Necrotério
co
ar
M

Os cargos da tabela da SQC-I são os mais altos dentro da carreira e geralmente começam
com a letra D (Delegado, Diretor).
Os cargos da tabela da SQC-II estão no meio da classe, são os cargos de Chefes de Seção, e os
encarregados das atividades acessórias à de polícia judiciária, como Pesquisa, Carceragem.
Os cargos da tabela da SQC-III são os cargos iniciais nos quais o agente policial ingressa na
Polícia Civil. São as funções típicas de polícia judiciária: Agente Policial, Escrivão, Investiga-
dor, Perito, Delegado, Assistente de Necrotério, entre outros.

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Do Provimento dos Cargos de Polícia Civil

Os cargos da Polícia Civil, como podemos analisar, são diversos, podendo ser de provimen-
to efetivo, ou em comissão. Os cargos de caráter efetivo têm o seu provimento condicionado
a uma prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos.
Segundo o art. 16, o concurso público possui três fases distintas:

Art. 16 O provimento mediante nomeação para cargos policiais civis, de caráter efetivo, será
precedido de concurso público, realizado em 3 (três) fases eliminatórias e sucessivas:
I - a de prova escrita ou, quando se tratar de provimento de cargos em relação aos quais a lei
exija formação de nível universitário, de prova escrita e títulos;
II - a de prova oral;
III - a de freqüência e aproveitamento em curso de formação técnico-profissional na
Academia de Polícia.

Cabe ressaltar também que os concursos terão validade máxima de 2 anos, nos termos do
art. 17:

Art. 17 Os concursos públicos terão validade máxima de 2 (dois) anos e reger-se-ão por instru-
ções especiais que estabelecerão, em função da natureza do cargo:
I - tipo e conteúdo das provas e as categorias dos títulos;
II - a forma de julgamento das provas e dos títulos;
III - cursos de formação a que ficam sujeitos os candidatos classificados;
IV - os critérios de habilitação e classificação final para fins de nomeação;
V - as condições para provimento do cargo, referentes a:
a) capacidade, física e mental;
b) conduta na vida pública e privada e a forma de sua apuração;
c) diplomas e certificados.
14
8-

Mas não são todos que podem prestar o referido concurso público. É preciso que o candi-
41

dato, quando se inscrever, preencha os seguintes requisitos básicos, todos eles dispostos no
12.

art. 18:
.4
41
-3

Art. 18 São requisitos para a inscrição nos concursos:


s
co

I - ser brasileiro;
ar

II - ter no mínimo 18 (dezoito) anos, e no máximo 45 (quarenta e cinco) anos incomple-


M

tos, à data do encerramento das inscrições;


NOÇÕES DE DIREITO

III - não registrar antecedentes criminais;


IV - estar em gozo dos direitos políticos;
V - estar quite com o serviço militar;

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Importante!
O texto do inciso VI tratava como requisito essencial que o candidato tivesse altura míni-
ma de 1,60 m, para candidatos aos cargos de Delegado de Polícia, Investigador de Polícia,
Carcereiro e Motorista Policial. Atualmente, esse requisito referente à altura não é mais
exigido.

Art. 19 Observada a ordem de classificação pela média aritmética das notas obtidas nas pro-
vas escrita e oral (incisos I e II do artigo 16), os candidatos, em número equivalente ao de
cargos vagos, serão matriculados no curso de formação técnico-profissional específico. (NR)
Art. 20 Os candidatos a que se refere o artigo anterior serão admitidos, pelo Secretário da Segu-
rança Pública, em caráter experimental e transitório para a formação técnico-profissional.
§ 1º A admissão de que trata este artigo far-se-á com retribuição equivalente a do vencimento
e demais vantagens do cargo vago a que se candidatar o concursando.

Atenção especial para o conteúdo do § 2º, do art. 20:

Art. 20 [...]
§ 2º Sendo funcionário ou servidor, o candidato matriculado ficará afastado do seu car-
go ou função-atividade, até o término do concurso junto à Academia de Polícia de São
Paulo, sem prejuízo do vencimento ou salário e demais vantagens, contando-se-lhe o
tempo de serviço para todos os efeitos legais.

Se o indivíduo, antes de entrar na carreira policial, já era servidor público ou funcioná-


rio, ele deve ser afastado até que termine o concurso. O importante desse dispositivo é que,
mesmo afastado, ele continua recebendo como se estivesse trabalhando, abrangendo o ven-
cimento e todas as vantagens que tem direito. Também será contado como tempo de serviço
o período que ficou afastado.
14

Art. 20 [...]
8-
41

§ 3º É facultado ao funcionário ou servidor, afastado nos termos do parágrafo anterior, optar


2.

pela retribuição prevista no § 1.º.


1
.4
41
-3

O § 3º, do art. 20, dispõe que o funcionário ou servidor pode optar por receber a retribui-
s

ção do § 1º, qual seja, o vencimento e demais vantagens do cargo que está concorrendo.
co

Até aqui, vimos o que ocorre quando o candidato é aprovado no concurso. Mas a Lei Com-
ar
M

plementar também apresenta situações em que o candidato pode ser reprovado durante esse
período de curso profissional, tendo sua matrícula cancelada, sendo dispensado do curso de
formação. Para o candidato ser reprovado, deve ocorrer uma das hipóteses do art. 21:

Art. 21 O candidato terá sua matricula cancelada e será dispensado do curso de formação,
nas hipóteses em que:
I - não atingir o mínimo de frequência estabelecida para o curso;
II - não revelar aproveitamento no curso;
III – não obtenha conduta irrepreensível na vida pública ou privada.

44
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ademais, dispõe o art. 23 que a nomeação obedecerá a ordem de classificação no concurso.
Uma vez terminada toda a fase do concurso, e sendo o candidato aprovado, ele deve seguir
o mesmo caminho que os demais servidores públicos: assinar termo de posse e entrar em
efetivo exercício.

Da Posse

A posse é o ato que investe o cidadão, é o ato que formaliza a investidura do cargo de poli-
cial civil, mediante aceitação expressa das atribuições, deveres e responsabilidades do cargo.
Nos termos do art. 24:

Art. 24 Posse é o ato que investe o cidadão em cargo público polícia civil.

O art. 25, por sua vez, dispõe quem são os competentes para dar posse. Vejamos:

Art. 25 São competentes para dar posse:


I - O Secretário da Segurança Pública, ao Delegado Geral de Polícia;
II - O Delegado Geral de Polícia, aos Delegados de Polícia;
III - O Diretor do Departamento de Administração da Polícia Civil, nos demais casos.

Secretário da Segurança
Delegado Geral de Polícia
Pública

COMPETENTES PARA DAR


Delegado Geral de Polícia Delegados de polícia
POSSE
14

Diretor do Departamento de
Nos demais casos
8-

Adm. da Polícia Civil


41
12.
.4
41

É importante ressaltar também que a autoridade competente para dar a posse deve, obri-
-3

gatoriamente, verificar se foram satisfeitas as condições para investidura no cargo. A inob-


s
co

servância dessas condições pode gerar responsabilidade ao ente.


ar
M

Art. 26 A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena de responsabilidade, se foram
NOÇÕES DE DIREITO

satisfeitas as condições estabelecidas em lei ou regulamento para a investidura no cargo poli-


cial civil.

45
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O que difere o regime dos policiais civis dos demais servidores estaduais diz respeito ao pra-
zo para assinar termo de posse. A posse, nesse caso, será feita no prazo de quinze dias, contados
da publicação do ato de provimento, no órgão oficial, podendo ser prorrogado por mais quinze
dias, a requerimento do interessado.

Art. 28 A posse deverá verificar-se no prazo de 15 (quinze) dias, contados da publicação do ato
de provimento, no órgão oficial.
§ 1º O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado por mais 15 (quinze) dias, a requeri-
mento do interessado.
§ 2º Se a posse não se der dentro do prazo será tornado sem efeito o ato de provimento.
Art. 29 A contagem do prazo a que se refere o artigo anterior poderá ser suspensa até o máxi-
mo de 120 (cento e vinte) dias, a critério do órgão médico encarregado da inspeção respectiva,
sempre que este estabelecer exigência para a expedição de certificado de sanidade.
Parágrafo único. O prazo a que se refere este artigo recomeçara a fluir sempre que o candida-
to, sem motivo justificado, deixar de cumprir as exigências do órgão médico.

Do Exercício

Uma vez tomado posse, deve o policial civil entrar em efetivo exercício, passando a exer-
cer as atribuições impostas a ele pelo cargo que passou a ocupar. Em outras palavras, o exer-
cício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo ou função.

Art. 30 O exercício terá início dentro de 15 (quinze) dias, contados


I - da data da posse,
II - da data da publicação do ato no caso de remoção.

É interessante o conteúdo do § 2º, do art. 30:

Art. 30 [...]
14
8-

§ 2º No interesse do serviço policial, o Delegado Geral de Polícia poderá determinar que os


41

policiais civis assumam imediatamente o exercício do cargo.


12.
.4
41

Deve ocorrer uma situação muito grave, de caráter emergencial, para que o policial assu-
-3

ma o exercício de seu cargo imediatamente.


s
co
ar
M

Da data da posse

INÍCIO DO EXERCÍCIO 15 dias


Da data de publicação do ato
de remoção

Quanto ao prazo para início do exercício, cabe adiantar que, se a remoção não importar
mudança de município, o policial civil deverá entrar em exercício no prazo de 5 dias, e não
de 15 dias. Estudaremos esse tópico em momento posterior.
Sobre as demais hipóteses de provimento nos cargos da polícia civil, a Lei Complementar
faz menção apenas à reversão e à remoção.
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Da Reversão “ex officio”

A reversão é uma forma de provimento derivado, diferentemente da nomeação, e consiste


no retorno à ativa do servido aposentado quando os motivos que geraram sua aposentadoria
são insubsistentes.
O art. 34 estabelece o que é a reversão ex officio:

Art. 34 Reversão “ex offício” é o ato pelo qual o aposentado reingressa no serviço policial
quando insubsistentes as razões que determinaram a aposentadoria por invalidez.
§ 1º A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspeção médica, ficar comprovada à
capacidade para o exercício do cargo.
§ 2º Será tornada sem efeito a reversão «ex offício” e cassada a aposentadoria do policial civil
que reverter e não tomar posse ou não entrar em exercício injustificadamente, dentro do prazo
legal.

A reversão só pode ser concedida após uma inspeção médica comprovar que o policial
está apto a reingressar ao seu antigo cargo. Será tornada sem efeito a reversão “ex offício” e
cassada a aposentadoria do policial civil que reverter e não tomar posse ou não entrar em
exercício injustificadamente, dentro do prazo legal (§§ 1º e 2º, art. 34). A reversão será feita
para o mesmo cargo que o agente policial civil ocupava.

Art. 35 A reversão far-se-á no mesmo cargo.

Dica
A reversão só pode ser concedida quando comprovada, por inspeção médica, a capaci-
dade para o exercício do cargo (aptidão para o retorno). A reversão ocorrerá no mesmo
cargo.
14

Da Remoção
8-
41
2.

A remoção, por sua vez, pode ocorrer com diversos agentes policiais. Para os Delegados da
1
.4
41

Polícia Civil, eles são removidos de um município para outro, por uma das seguintes formas:
-3
s
co

Art. 36 [...]
ar

I - a pedido;
M

II - por permuta;
NOÇÕES DE DIREITO

III - com seu assentimento, após consulta.

Para os demais integrantes das demais séries de classes e cargos de polícia civil, a remoção
será feita:

Art. 37 [...]
I - a pedido;
II - por permuta ou ainda;
III - no interesse do serviço policial.
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Art. 38 A remoção só poderá ser feita, respeitada a lotação cada unidade policial.

O art. 39 trata de uma vedação importante para a remoção, notemos:

Art. 39 O policial civil não poderá, ser removido no interesse serviço, para município diverso
do de sua sede de exercício, no período de 6 (seis) meses antes e até 3 (três) meses após
a data das eleições.
Parágrafo único. Esta proibição vigorará no caso de eleições federal estaduais ou municipais,
realizadas de forma isolada ou simultaneamente.

A intenção dessa vedação é justamente não impedir que o servidor policial civil possa
exercer o seu direito de voto.

DOS DIREITOS, GARANTIAS E VANTAGENS

Da Remuneração do Agente Policial: Estrutura Básica

O principal motivo pelo qual as pessoas desejam ingressar em cargos públicos é em razão
do regime estatutário, que apresenta uma série de direitos, benefícios, prerrogativas e diver-
sas outras vantagens que geralmente não se adquirem tão facilmente na vida privada.
Os direitos, benefícios e vantagens dos policiais civis são divididos em dois grandes gru-
pos: o primeiro é o grupo dos benefícios de natureza pecuniária (que incidem sobre a sua
remuneração). O segundo grupo são os benefícios de natureza não pecuniária.
Sobre os direitos e benefícios pecuniários, é importante, primeiro, determinar como fun-
ciona a remuneração do policial civil.

Do Vencimento
14

O vencimento é a retribuição pecuniária mensal devida ao servidor, correspondente ao


8-

padrão fixado em lei.


41
12.
.4

Art. 41 Aos cargos policiais civis aplicam-se os valores dos graus das referências numéricas
41

fixados na Tabela I da escala de vencimentos do funcionalismo público civil do Estado.


-3

Art. 42 O enquadramento das classes na escala de vencimentos bem como a amplitude de


s
co

vencimentos, e a velocidade evolutiva correspondente, cada classe policial, são estabelecidos


ar
M

na conformidade do Anexo que faz parte Integrante desta lei complementar.

Podemos concluir, então, que o vencimento é o que o servidor ganha pelo serviço presta-
do, algo similar ao saldo de salário do empregado.

Das Vantagens de Ordem Pecuniária

Além do valor do padrão do cargo e sem prejuízo das vantagens previstas no Estatuto dos
Servidores Estaduais (Lei nº 10.261, de 28 de outubro de 1978), e demais benefícios previstos

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em legislação pertinente, o policial civil fará jus às vantagens pecuniárias de gratificação por
regime especial de trabalho policial e ajuda de custo em casos de remoção.

Gratificação por regime especial


de trabalho policial

VANTAGENS PECUNIÁRIAS

Ajuda de custo, em caso de


remoção

z Da Gratificação pelo Regime Especial de Trabalho Policial

A gratificação por regime especial de trabalho policial é um benefício bastante caracte-


rístico dos policiais civis, pois o trabalho de um agente da Polícia Civil apresenta diversas
situações que põem em risco a vida do agente.
Sobre o tema, o art. 44 salienta que o exercício dos cargos policiais civis dar-se-á, necessa-
riamente, em Regime Especial de Trabalho Policial (RETP), que é caracterizado:

Art. 44 […]
I - pela prestação de serviços em condições precárias de segurança, cumprimento de horá-
rio irregular, sujeito a plantões noturnos e a chamadas a qualquer hora;
II - pela proibição do exercício de atividade remunerada, exceto aquelas:
a) relativas ao ensino e à difusão cultural; e
b) aquelas decorrentes de convênio firmado entre Estado e municípios ou com associações e
entidades privadas para gestão associada de serviços públicos, cuja execução possa ser atri-
buída à Polícia Civil;
III - pelo risco de o policial tornar-se vítima de crime no exercício ou em razão de suas
atribuições.
14

O exercício, pelo policial civil, de atividades decorrentes do convênio firmado entre Esta-
8-
41

do e municípios ou com associações e entidades privadas para gestão associada de serviços


2.

públicos, nos termos da alínea “b”, II, do art. 44, dependerá de:
1
.4
41
-3

z Inscrição voluntária do interessado, revestindo-se de obrigatoriedade depois de publicadas


s
co

as escalas;
ar

z Observância, nas escalas, do direito ao descanso mínimo previsto.


M

NOÇÕES DE DIREITO

Como podemos ver, o regime especial de trabalho policial é caracterizado por atividades
perigosas, que põem em risco a própria vida do agente. Pela sujeição a esse Regime Especial
de Trabalho Policial, os titulares de cargos policiais civis fazem jus à gratificação especial de
trabalho policial, calculada sobre o respectivo padrão de vencimento, na seguinte conformi-
dade, de acordo com o art. 45:

Art. 45 […]
I - de 140% (cento e quarenta por cento), os titulares de cargos da série de classes de Delegado
de Polícia, bem como titular do cargo de Delegado Geral de Polícia;
49
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II - de 200% (duzentos por cento), os titulares de cargos das demais classes policiais
civis.

z Ajuda de Custo em Casos de Remoção

O art. 46 trata da ajuda de custo, um benefício devido ao servidor, quando removido, no inte-
resse do serviço policial, de um município para outro. O valor da ajuda de custo será equivalente
a um mês de vencimento. A ajuda de custo será paga à vista da publicação do ato de remoção no
Diário Oficial (§ 1º, do art. 46). Observemos:

Art. 46 Ao policial civil removido no interesse do serviço policial de um para outro município, será concedida
ajuda de custo correspondente a um mês de vencimento.
§ 1º A ajuda de custo será paga à vista da publicação do ato de remoção no Diário Oficial.
§ 2º A ajuda de custo de que trata este decreto não será devida, quando a remoção se processar a pedido ou
por permuta.

A ajuda de custo é devida somente nos casos de remoção ex officio, isso é, quando o agente
policial é obrigado a se alocar a outro local de trabalho. Ela não será devida se a remoção
for feita a pedido do próprio policial, ou por permuta (de comum acordo entre ambos os
policiais).

Dica
A ajuda de custo não será devida quando a remoção se processar a pedido ou por permuta.

Das Outras Concessões

Os arts. 47 e seguintes tratam de outras concessões devidas ao policial civil.

Art. 47 Ao policial civil licenciado para tratamento de saúde, em razão de moléstia pro-
14
8-

fissional ou lesão recebida em serviço, será concedido transporte por conta do Estado para
41

instituição onde deva ser atendido.


12.

Art. 48 À família do policial civil que falecer fora da sede de exercício e dentro do território
.4
41

nacional no desempenho de serviço, será concedido transporte para, no máximo, 3 (três)


-3

pessoas do local de domicílio ao do óbito, tanto para a ida como para a volta.
s
co
ar

Os arts. 47 e 48 tratam das formas de transporte nos casos em que o policial civil é licen-
M

ciado para tratamento de saúde e em casos de falecimento fora da sede de exercício. Nesta
última hipótese, cabe ressaltar que o transporte será concedido para no máximo 3 pessoas do
local de domicílio ao local do óbito (ida e volta).

Art. 49 O Secretário da Segurança Pública, por proposta do Delegado Geral de Polícia, ouvido
o Conselho da Polícia Civil, poderá conceder honrarias ou prêmios aos policiais autores de
trabalhos de relevante interesse policial ou por atos de bravura, na forma em que for
regulamentado.

50
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O art. 49, por sua vez, trata das honrarias e dos prêmios que serão concedidos pelo Secretá-
rio da Segurança Pública, ouvido o Conselho da Polícia Civil. A proposta quanto às honrarias
parte do Delegado Geral de Polícia.

Art. 50 O policial civil que ficar inválido ou que vier a falecer em conseqüência de lesões
recebidas ou de doenças contraídas em razão do serviço será promovido à classe ime-
diatamente superior.
§ 1º Se o policial civil estiver enquadrado na última classe da carreira, ser-lhe-á atribuída a
diferença entre o valor do padrão de vencimento do seu cargo e o da classe imediatamente
inferior. (NR)
§ 2º A concessão do benefício será precedida da competente apuração, retroagindo seus efeitos
à data da invalidez ou da morte. (NR)
§ 3º O policial inválido nos termos deste artigo será aposentado com proventos decorrentes da
promoção, observado o disposto no parágrafo anterior. (NR)
§ 4º Aos beneficiários do policial civil falecido nos termos deste artigo será deferida pensão
mensal correspondente aos vencimentos integrais, observado o disposto nos parágrafos
anteriores.

A ideia dessa promoção após tornar-se inválido ou falecimento é, justamente, aumentar o


valor da remuneração (ou de sua pensão por morte) que será desfrutada pelo mesmo ou pela
sua família.
Percebemos que essas concessões possuem uma forte relação com a própria atividade
policial. Se o agente policial se acidenta em serviço, ou até mesmo acaba falecendo, a legis-
lação entende que será mais justo que o Estado arque com as despesas para transporte do
agente ao hospital, bem como para o transporte da família até o local do domicílio ao óbito,
na hipótese de o agente viver em localidade diversa da sua família.
O auxílio-funeral é tratado pelo art. 51:

Art. 51 Ao cônjuge, companheiro ou companheira ou, na falta destes, à pessoa que provar
14
8-

ter feito despesas em virtude do falecimento do policial civil, ativo ou inativo, será concedido
41

auxílio-funeral, a título de benefício assistencial, de valor correspondente a 1 (um) mês da


12.

respectiva remuneração. (NR)


.4
41

§ 1º O pagamento será efetuado pelo órgão competente, mediante apresentação de atestado de


-3

óbito pelas pessoas indicadas no “caput” deste artigo, ou procurador legalmente habilitado,
s
co

feita a prova de identidade. (NR)


ar

§ 2º No caso de ficar comprovado, por meio de competente apuração que o óbito do policial
M

civil decorreu de lesões recebidas no exercício de suas funções ou doenças delas decorrentes, o
NOÇÕES DE DIREITO

benefício será acrescido do valor correspondente a mais 1 (um) mês da respectiva remunera-
ção, cujo pagamento será efetivado mediante apresentação de alvará judicial. (NR)
§ 3º O pagamento do benefício previsto neste artigo, caso as despesas tenham sido custeadas
por terceiros, em virtude da contratação de planos funerários, somente será efetivado median-
te apresentação de alvará judicial. (NR)

O auxílio-funeral é devido independentemente se o falecimento se der a serviço ou não.

51
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Atenção especial ao que dispõe o § 2º, do art. 51, que diz respeito ao óbito decorrente de
lesões recebidas no exercício ou por doenças da função, casos em que o valor será acrescido
de mais 1 mês da remuneração.
Os arts. 52 e 53 tratam sobre alguns benefícios de natureza não pecuniária. Vejamos:

Art. 52 O policial civil que sofrer lesões no exercício de suas funções deverá ser encaminhado
a qualquer hospital, público ou particular às expensas do Estado.

Não seria justo que o próprio policial tivesse que arcar com despesas médico-hospitalares,
considerando que ele se feriu durante o horário de serviço.

Art. 53 Ao policial civil processado por ato praticado no desempenho de função policial, será
prestada assistência judiciária na forma que dispuser o regulamento.

Ao policial civil processado por ato praticado no desempenho de função policial, será
prestada assistência judiciária na forma que dispuser o regulamento. O policial não pode se
encontrar desprovido de assistência judiciária quando alguém entra com uma ação contra
ele, devido ao exercício de suas funções.
Outro benefício não pecuniário muito importante é o elogio. Entende-se por elogio, nos
termos do art. 58:

Art. 58 Entende-se por elogio, para os fins desta lei, a menção nominal ou coletiva que deva
constar dos assentamentos funcionais do policial civil por atos meritórios que haja praticado.
Art. 59 O elogio destina-se a ressaltar:
I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza grave, no cumprimento do dever;
II - ato que traduza dedicação excepcional no cumprimento do dever, transcendendo ao
que e normalmente exigível do policial civil por disposição legal ou regulamentar e que
importe ou possa importar risco da própria segurança pessoal;
III - execução de serviços que, pela sua relevância e pelo que representam para a insti-
14
8-

tuição ou para a coletividade, mereçam ser enaltecidos como reconhecimento pela ativida-
41

de desempenhada.
12.
.4
41

Os elogios são importantes, sobretudo aqueles previstos nos incisos II e III, do art. 59, pois
-3

são obrigatoriamente considerados para efeito de avaliação de desempenho. Por exemplo:


s
co

se um agente policial consegue atuar em serviço de forma a impedir que o sequestro de uma
ar

jovem se prolongue por muito mais tempo (mediante emboscada contra o sequestrador), ele
M

pode receber um elogio. O elogio será utilizado como critério na sua avaliação de desempe-
nho, que influencia diretamente em o quanto ele ganha a título de gratificação por desempe-
nho. Não constitui motivo para elogio o cumprimento dos deveres impostos ao policial civil.
Posto isso, vejamos quem são competentes para determinar a inscrição de elogios nos
assentamentos policiais:

Art. 61 São competentes para determinar a inscrição de elogios nos assentamentos do policial
o Secretário da Segurança e o Delegado Geral de Polícia, ouvido, no caso deste, o Conselho da
Polícia Civil.

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Parágrafo único. Os elogios nos casos dos incisos II e III do artigo 59 serão obrigatoriamente
considerados para efeito de avaliação de desempenho.

Secretário de
Segurança Pública
COMPETÊNCIA
PARA CONCEDER
ELOGIOS
Desde que ouvido
Delegado Geral de
o Conselho da
Polícia
Polícia Civil

Direito de Petição

Por fim, a lei também faz menção ao direito de petição, disposto no art. 55. Vejamos:

Art. 55 É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente de pagamen-


to, o direito de petição contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
Parágrafo único. Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-se a protoco-
lar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena de responsabilidade do agente. (NR)

A Administração Pública é obrigada a responder todos os requerimentos encaminhados a ela.


O direito de petição é uma garantia constitucional, sendo aplicável tanto no processo
administrativo como no processo judicial. É absolutamente vedado exigir uma contrapresta-
ção quando um cidadão resolve peticionar contra o Estado, exigindo que ele apresente uma
resposta ao seu requerimento.
Tratando mais especificamente do servidor policial, a ele é assegurado o direito de reque-
rer ou representar, bem como o direito de pedir reconsideração e recorrer de decisões.

Art. 57 Ao policial civil é assegurado o direito de requerer ou representar, bem como, nos ter-
mos desta lei complementar, pedir reconsideração e recorrer de decisões. (NR)
14
8-
41

Apesar de a Lei Complementar somente fazer menção aos recursos mais adiante, é impor-
2.

tante conhecer as principais peças que são utilizadas dentro do processo administrativo:
1
.4
41
-3

z O direito de peticionar abrange o requerimento, a reconsideração e o recurso;


s

z O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidir sobre ele e encami-
co
ar

nhá-lo à que estiver imediatamente subordinado o requerente;


M

z O direito de pedir reconsideração será exercido perante a autoridade que houver expedi-
NOÇÕES DE DIREITO

do o ato, ou proferido a primeira decisão;


z Caberá recurso, quando do indeferimento do pedido de reconsideração, bem como das
decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.

DOS DEVERES, DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES E DAS RESPONSABILIDADES

Se os servidores públicos, em geral, possuem uma gama de direitos e benefícios, por outro
lado, a eles se aplica um rigoroso regime disciplinar, que apura quais são os deveres prin-
cipais que todo servidor tem, e também tipifica condutas que o servidor deve se abster de
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praticar, porque são incompatíveis com o exercício do funcionalismo público e mancham a
reputação da Administração Pública. Se um servidor pratica uma dessas condutas proibidas,
será severamente punido.
Os servidores policiais civis, dada a sua grande importância para as funções estatais, tam-
bém possuem uma grande gama de deveres e de vedações, isto é, de condutas que eles
devem fazer e de condutas que eles estão proibidos de fazer.

Dica
O que fundamenta esse regime de deveres e de vedações é o poder disciplinar. Esse poder
confere à Administração Pública a faculdade de punir os seus próprios agentes, sem a
necessidade de ingressar na via judiciária para tanto.

z Deveres dos Policiais Civis

Os deveres dos policiais civis estão previstos no art. 62. A melhor forma de memorizá-los
é pela leitura da Lei seca, in verbis:

Art. 62 São deveres do policial civil:


I - ser assíduo e pontual;
II - ser leal às instituições;
III - cumprir as normas legais e regulamentares;
IV - zelar pela economia e conservação dos bens do Estado, especialmente daqueles cuja
guarda ou utilização lhe for confiada;
V - desempenhar com zelo e presteza as missões que lhe forem contidas, usando modera-
damente de força ou outro meio adequado de que dispõe, para esse fim;
VI - informar incontinente toda e qualquer alteração de endereço da residência e número
de telefone, se houver;
VII - prestar informações corretas ou encaminhar o solicitante a quem possa prestá-las;
14

VIII - comunicar o endereço onde possa ser encontrado, quando dos afastamentos
8-
41

regulamentares;
2.

IX - proceder na vida pública e particular de modo a dignificar a função policial;


1
.4

X - residir na sede do município onde exerça o cargo ou função, ou onde autorizado;


41
-3

XI - frequentar, com assiduidade, para fins de aperfeiçoamento e atualização de conheci-


s

mentos profissionais, cursos instituídos periodicamente pela Academia de Polícia;


co

XII - portar a carteira funcional;


ar
M

XIII - promover as comemorações do “Dia da Polícia” a 21 de abril, ou delas participar, exal-


tando o vulto de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono da Polícia;
XIV - ser leal para com os companheiros de trabalho e com eles cooperar e manter espí-
rito de solidariedade;
XV - estar em dia com as normas de interesse policial;
XVI - divulgar para conhecimento dos subordinados as normas referidas no inciso anterior;
XVII - manter discrição sobre os assuntos da repartição e, especialmente, sobre despa-
chos, decisões e providências.

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z Transgressões Disciplinares

Por outro lado, temos as transgressões disciplinares, previstas no art. 63. São condutas
tipificadas pela Lei Complementar que o policial deve se abster de fazer (por isso, são veda-
ções). Novamente, é importante a leitura da Lei seca:

Art. 63 São transgressões disciplinares:


I - manter relações de amizade ou exibir-se em público com pessoas de notórios e desabonado-
res antecedentes criminais, salvo por motivo de serviço;
II - constituir-se procurador de partes ou servir de intermediário, perante qualquer repartição
pública, salvo quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
III - descumprir ordem superior, salvo quando manifestamente ilegal, representando neste
caso;
IV - não tomar as providências necessárias ou deixar de comunicar, imediatamente, à autori-
dade competente, faltas ou irregularidades de que tenha conhecimento;
V - deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes que lhe forem encaminhados;
VI - negligenciar na execução de ordem legítima;
VII - interceder maliciosamente em favor de parte;
VIII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de obrigação;
IX - faltar, chegar atrasado ou abandonar escala de serviço ou plantões, ou deixar de comuni-
car, com antecedência, à autoridade a que estiver subordinado, a impossibilidade de compare-
cer à repartição, salvo por motivo justo;
X - permutar horário de serviço ou execução de tarefa sem expressa permissão da autori-
dade competente;
XI - usar vestuário incompatível com o decoro da função;
XII - descurar de sua aparência física ou do asseio;
XIII - apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob efeito de substância que determine depen-
dência física ou psíquica;
XIV - lançar intencionalmente, em registros oficiais, papeis ou quaisquer expedientes, dados errô-
14

neos, incompletos ou que possam induzir a erro, bem como inserir neles anotações indevidas;
8-
41

XV - faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado por escrito no primeiro dia em
2.

que comparecer à sua sede de exercício, a ato processual, judiciário ou administrativo,


1
.4

do qual tenha sido previamente cientificado;


41
-3

XVI - utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o pretexto, material pertencente ao
s

Estado;
co
ar

XVII - interferir indevidamente em assunto de natureza policial, que não seja de sua
M

competência;
XVIII - fazer uso indevido de bens ou valores que lhe cheguem as mãos, em decorrência da
NOÇÕES DE DIREITO

função, ou não os entregar, com a brevidade possível, a quem de direito;


XIX - exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou algema;
XX - deixar de ostentar distintivo quando exigido para o serviço;
XXI - deixar de identificar-se, quando solicitado ou quando as circunstâncias o exigirem;
XXII - divulgar ou propiciar a divulgação, sem autorização da autoridade competente, através
da imprensa escrita, falada ou televisada, de fato ocorrido na repartição;
XXIII - promover manifestações contra atos da administração ou movimentos de apreço ou
desapreço a qualquer autoridade;
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XXIV - referir-se de modo depreciativo às autoridades e a atos da administração pública, qual-
quer que seja o meio empregado para esse fim;
XXV - retirar, sem prévia autorização da autoridade competente, qualquer objeto ou documen-
tos da repartição;
XXVI - tecer comentários que possam gerar descrédito da instituição policial;
XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de obter proveito de qualquer natu-
reza para si ou para terceiros;
XXVIII - deixar de reassumir exercício sem motivo justo, ao final dos afastamentos regula-
res ou, ainda depois de saber que qualquer deste foi interrompido por ordem superior;
XXIX - atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo ou função que exerce;
XXX - fazer uso indevido de documento funcional, arma, algema ou bens da reparti-
ção ou cedê-los a terceiro;
XXXI - maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a preso sob sua guarda;
XXXII - negligenciar na revista a preso;
XXXIII - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão ou ordem judicial;
XXXIV - tratar o superior hierárquico, subordinado ou colega sem o devido respeito
ou deferência;
XXXV - faltar à verdade no exercício de suas funções;
XXXVI - deixar de comunicar incontinente à autoridade competente informação que tiver
sobre perturbação da ordem pública ou qualquer fato que exija intervenção policial;
XXXVII - dificultar ou deixar de encaminhar expediente à autoridade competente, se não esti-
ver na sua alçada resolvê-lo;
XXXVIII - concorrer para o não cumprimento ou retardamento de ordem de autoridade
competente;
XXXIX - deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção médica determinada por lei ou
pela autoridade competente;
XL - deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo justo, procedimento de polícia judiciária,
administrativos ou disciplinares;
XLI - cobrar taxas ou emolumentos não previstos em lei;
14

XLII - expedir identidade funcional ou qualquer tipo de credencial a quem não exerça cargo ou
8-

função policial civil;


41
2.

XLIII - deixar de encaminhar ao órgão competente, para tratamento ou inspeção médica,


1
.4

subordinado que apresentar sintomas de intoxicação habitual por álcool, entorpecente ou


41

outra substância que determine dependência física ou psíquica, ou de comunicar tal fato, se
-3

incompetente, à autoridade que o for;


s
co

XLIV - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, negligência ou sem habilitação;
ar
M

XLV - manter transação ou relacionamento indevido com preso, pessoa em custódia ou res-
pectivos familiares;
XLVI - criar animosidade, velada ou ostensivamente, entre subalternos e superiores ou
entre colegas, ou indispô-los de qualquer forma;
XLVII - atribuir ou permitir que se atribua a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
vistos em lei, o desempenho de encargos policiais;
XLVIII - praticar a usura em qualquer de suas formas;
XLIX - praticar ato definido em lei como abuso de poder;

56
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L - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autorização do Presidente da República;
LI - tratar de interesses particulares na repartição;
LII - exercer comércio entre colegas, promover ou subscrever listas de donativos dentro da
repartição;
LIII - exercer comércio ou participar de sociedade comercial salvo como acionista, cotista ou
comanditário;
LIV - exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer outro emprego ou função, exceto
atividade relativa ao ensino e à difusão cultural, quando compatível com a atividade
policial;
LV - exercer pressão ou influir junto a subordinado para forçar determinada solução
ou resultado.

O art. 64, por sua vez, trata de uma vedação bastante única e distinta das demais dispostas
no art. 63:

Art. 64 É vedado ao policial civil trabalhar sob as ordens imediatas de parentes, até segundo
grau, salvo quando se tratar de função de confiança e livre escolha, não podendo exceder de 2
(dois) o número de auxiliares nestas condições.

Das Responsabilidades

Já o art. 65 trata do tema das responsabilidades do policial civil. É algo bastante similar à
responsabilidade do servidor público em geral. O policial civil apresenta tríplice responsabi-
lidade, uma vez que ele responde civil, penal e administrativamente.

Art. 65 O policial responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de


suas atribuições, ficando sujeito, cumulativamente, às respectivas cominações.
§ 1º A responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal.
§ 2º Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e van-
14
8-

tagens devidas, o servidor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito
41

em julgado de decisão que negue a existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua
12.

demissão.
.4
41

§ 3º O processo administrativo só poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por
-3

despacho motivado da autoridade competente para aplicar a pena.


s
co

Art. 66 A responsabilidade civil decorre de conduta funcional, comissiva ou omissiva, dolosa


ar

ou culposa, que acarrete prejuízo para o patrimônio da Fazenda Pública ou de terceiros.


M

NOÇÕES DE DIREITO

A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados, por lei, ao poli-


cial civil, nesta qualidade. A responsabilidade administrativa, por outro lado, consiste na
instauração de processo disciplinar pelo qual haverá a verificação da conduta delituosa do
agente, bem como a aplicação da pena mais adequada.
É imprescindível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao servidor público pressupõe
um processo administrativo, sendo assegurado ao acusado direito ao contraditório e à ampla
defesa, sendo obrigatória, inclusive, a presença do advogado em todas as fases do referido
processo (Súmula nº 343, do STJ). Todavia, tal entendimento vem sofrendo alteração, pois o

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STF já reconheceu na Súmula Vinculante nº 5 entendimento de que a falta de defesa técnica
no Processo Administrativo Disciplinar não é inconstitucional.
Segundo o § 1º, do art. 65, a responsabilidade administrativa é independente da civil e
da criminal. Essas três esferas de responsabilidade são independentes e não se comunicam
entre si. Contudo, essa regra apresenta uma importante exceção: a responsabilidade patri-
monial e administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que dê
como provada a inexistência do fato ou que negue a sua autoria.
Esquematicamente, podemos dividir as três esferas de responsabilidade, destacando-se a
sua natureza, os tipos de sanções que são impostas e a possibilidade de elas comunicarem-se
entre si:

RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE


CIVIL ADMINISTRATIVA CRIMINAL
Natureza indenizatória (re- Natureza disciplinar (apurar trans- Natureza penal (apurar cri-
paração de danos) gressões disciplinares) mes e contravenções)
Sanção: advertência, repreensão,
Sanção: restituição de valo- Sanção: decretação de pri-
suspensão, demissão, cassação
res ao erário são, restrição de direitos
de aposentadoria
Não se comunica, exceto
quando não se configura
Não se comunica Não se comunica
crime, ou seja, negada auto-
ria do agente

DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Na hipótese de o policial civil ter cometido umas das transgressões mencionadas anterior-
mente, ele estará sujeito a uma das seguintes sanções disciplinares, todas elas dispostas no
art. 67:

Art. 67 São penas disciplinares principais:


14
8-

I - advertência;
41

II - repreensão;
12.

III - multa;
.4
41

IV - suspensão;
-3

V - demissão;
s
co

VI - demissão a bem do serviço público;


ar

VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade.


M

O art. 68 trata da remoção compulsória. Analisemos:

Art. 68 Constitui pena disciplinar a remoção compulsória, que poderá ser aplicada
cumulativamente com as penas previstas nos incisos II, III e IV do artigo anterior quando
em razão da falta cometida houver conveniência nesse afastamento para o serviço policial.
Parágrafo único. Quando se tratar de Delegado de Polícia, para a aplicação da pena prevista
neste artigo deverá ser observado o disposto no artigo 36, inciso IV.

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Importante!
O conteúdo do art. 68 caiu em algumas questões de prova. Ele trata da remoção com-
pulsória, que poderá ser aplicada cumulativamente com as penas de repreensão, multa
e suspensão do art. 67, quando em razão da falta cometida houver conveniência nesse
afastamento para o serviço policial.

O art. 70 trata das pessoas competentes para aplicar as respectivas sanções disciplinares.
São as seguintes:

Art. 70 […]
I - o Governador;
II - o Secretário da Segurança Pública;
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão;
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a sanção de suspensão limitada a
60 (sessenta) dias;
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de repreensão.
§ 1º Compete exclusivamente ao Governador do Estado, a aplicação das penas de demissão,
demissão a bem do serviço público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Delegado
de Polícia.
§ 2º Compete às autoridades enumeradas neste artigo, até o inciso III, inclusive, a aplicação
de pena a Delegado de Polícia

A pena de advertência é uma das mais brandas, sendo aplicada verbalmente, no caso de
falta de cumprimento dos deveres, ao infrator primário. Importante o texto do parágrafo
único, do art. 71:

Art. 71 […]
Parágrafo único. A pena de advertência não acarreta perda de vencimentos ou de qualquer
14

vantagem de ordem funcional, mas contará pontos negativos na avaliação de desempenho.


8-
41
2.

A pena de repreensão é bem similar à de advertência, com a diferença de que ela será apli-
1
.4

cada por escrito.


41
-3
s

Art. 72 A pena de repreensão será aplicada por escrito, no caso de transgressão disciplinar,
co

sendo o infrator primário e na reincidência de falta de cumprimento dos deveres.


ar
M

Parágrafo único. A pena de repreensão poderá ser transformada em advertência, aplicada por
escrito e sem publicidade.
NOÇÕES DE DIREITO

A pena de suspensão, por sua vez, está prevista no art. 73. Cabe destacar que esta pena não
excederá 90 dias!

Art. 73 A pena de suspensão, que não excederá de 90 (noventa) dias, será aplicada nos casos
de:
I - descumprimento dos deveres e transgressão disciplinar, ocorrendo dolo ou má fé;
II - reincidência em falta já punida com repreensão.
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§ 1º O policial suspenso perderá, durante o período da suspensão, todos os direitos e vanta-
gens decorrentes do exercício do cargo.
§ 2º A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá convertê-la em multa, na base de
50% (cinquenta por cento), por dia, do vencimento e demais vantagens, sendo o policial, neste
caso, obrigado a permanecer em serviço.

Um aspecto único da suspensão é que ela poderá ser convertida em multa, na base de 50%
por dia, do vencimento e demais vantagens. Nesse caso, o policial fica obrigado a permanecer
em serviço.
Será aplicada a pena de demissão, de acordo com o art. 74, nos casos de:

Art. 74 Será aplicada a pena de demissão nos casos de:


I - abandono de cargo;
II - procedimento irregular, de natureza grave;
III - ineficiência intencional e reiterada no serviço;
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos;
V - insubordinação grave;
VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 (quarenta e cinco) dias,
interpoladamente, durante um ano.

Dica
Um pequeno macete para decorar as hipóteses de demissão simples: ao pegar a primeira
letra de cada inciso, forma-se a expressão “A PIA IA”
Abandono de cargo
Procedimento irregular
Ineficiência intencional e reiterada no serviço
Aplicação indevida de dinheiros públicos
Insubordinação Grave
14

Ausência ao serviço
8-
41
2.

O art. 75 trata dos casos de demissão a bem do serviço público. Não se confunde com
1
.4

a demissão simples, porque aqui o policial civil não precisa necessariamente causar algum
41
-3

prejuízo para a Administração Pública: a sua conduta, mesmo que não possua relação com o
s

exercício da função pública, é causa para que ocorra o seu desligamento forçado.
co
ar
M

Art. 75 Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço público, nos casos de:
I - conduzir-se com incontinência pública e escandalosa e praticar jogos proibidos;
II - praticar ato definido como crime contra a Administração Pública, a Fé Pública e a Fazenda
Pública ou previsto na Lei de Segurança Nacional;
III - revelar dolosamente segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo ou função,
com prejuízo para o Estado ou particulares;
IV - praticar ofensas físicas contra funcionários, servidores ou particulares, salvo em legítima
defesa;
V - causar lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres públicos;
VI - exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, diretamente ou por intermédio de outrem,
60 ainda que fora de suas funções, mas em razão destas;
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
VII - provocar movimento de paralisação total ou parcial do serviço policial ou outro qualquer
serviço, ou dele participar;
VIII - pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor de pessoas que tratem de interesses ou
os tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
IX - exercer advocacia administrativa;
X - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
gas afins e terrorismo;
XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema Financeiro, ou de lavagem ou ocultação
de bens, direitos ou valores;
XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.

A cassação de aposentadoria é tratada pelo art. 77. É a sanção aplicável ao policial civil
que não está mais a serviço, mas percebe proventos a título de aposentadoria (ele não pode
ser demitido, já que não trabalha mais).

Art. 77 Será aplicada a pena de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, se ficar prova-


do que o inativo:
I - praticou, quando em atividade, falta para a qual é cominada nesta lei a pena de demissão
ou de demissão a bem do serviço público;
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia autorização do Presidente da
República.

Extinção da Punibilidade

Apesar de a Secretaria de Justiça poder punir seus policiais, essa punibilidade pode se
extinguir pelo advento de algumas hipóteses: com o falecimento do próprio agente policial,
pela anistia administrativa ou pela retroatividade da lei que não considere o fato como falta
(I, II e III, art. 81).
14
8-
41

Art. 81 Extingue-se, ainda, a punibilidade:


12.

I - Pela morte do agente;


.4
41

II - Pela anistia administrativa;


-3

III - Pela retroatividade da lei que não considere o fato como falta
s
co
ar

O mais importante é mencionar que a pretensão punitiva também pode se extinguir pela
M

prescrição. Sobre o tema, o art. 80 dispõe que prescreve:


NOÇÕES DE DIREITO

z Em 2 anos, a falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa ou suspensão;


z Em 5 anos, a falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do serviço público e de cas-
sação da aposentadoria ou disponibilidade;
z No prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 anos, a falta
prevista em lei como infração penal.

A prescrição começa a correr do dia em que a falta for cometida, ou do dia em que tenha
cessado a continuação ou a permanência, nas faltas continuadas ou permanentes. 61
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A prescrição será interrompida quando houver portaria que instaura sindicância e/ou do
processo administrativo.

Art. 80 Extingue-se a punibilidade pela prescrição:


I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa ou suspensão, em 2 (dois) anos;
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do serviço público e de cassação da
aposentadoria ou disponibilidade, em 5 (cinco) anos;
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de prescrição em abstrato da pena
criminal, se for superior a 5 (cinco) anos.
§ 1º A prescrição começa a correr:
1 - do dia em que a falta for cometida;
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanência, nas faltas continuadas
ou permanentes.
§ 2º Interrompe a prescrição a portaria que instaura sindicância e a que instaura
processo administrativo.
§ 3º O lapso prescricional corresponde:
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efetivamente aplicada;
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese cabível.
§ 4º A prescrição não corre:
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para aguardar decisão judicial, na
forma do § 3º do artigo 65;
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabelecido.
§ 5º A decisão que reconhecer a existência de prescrição deverá determinar, desde logo,
as providências necessárias à apuração da responsabilidade pela sua ocorrência.

Do dia que a falta for cometida

A PRESCRIÇÃO COMEÇA A
14

CORRER
8-

Do dia que tenha cessado a


41

continuação ou permanência,
2.

nas faltas continuadas ou


1
.4

permanentes
41
-3
s
co

Processo Administrativo
ar

aguardando decisão judicial


M

A PRESCRIÇÃO NÃO CORRE

Enquanto insubsistente o vínculo


funcional que venha a ser
reestabelecido

62
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DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR: PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES, DA
SINDICÂNCIA E DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Providências Preliminares

Antes mesmo de adentramos nos temas da sindicância e do procedimento disciplinar (Pro-


cesso Administrativo Disciplinar), há um momento anterior no qual ocorrem as apurações
preliminares. As providências preliminares estão dispostas nos arts. 84 a 86, nos termos:

Art. 84 A autoridade policial que, por qualquer meio, tiver conhecimento de irregularida-
de praticada por policial civil, comunicará imediatamente o fato ao órgão corregedor,
sem prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir. (NR)
Parágrafo único. Ao instaurar procedimento administrativo ou de polícia judiciária contra
policial civil, a autoridade que o presidir comunicará o fato ao Delegado de Polícia Diretor da
Corregedoria.

Tendo ciência da irregularidade praticada por policial civil, a autoridade policial comu-
nicará de imediato o fato ao órgão corregedor (Corregedoria), que irá realizar a apuração
preliminar, na hipótese do art. 85.

Art. 85 A autoridade corregedora realizará apuração preliminar, de natureza simples-


mente investigativa, quando a infração não estiver suficientemente caracterizada ou
definida autoria. (NR)
§ 1º O início da apuração será comunicado ao Delegado de Polícia Diretor da Correge-
doria, devendo ser concluída e a este encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias. (NR)
§ 2º Não concluída no prazo a apuração, a autoridade deverá imediatamente encami-
nhar ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório das diligências reali-
zadas e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos. (NR)
§ 3º Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar fundamentada-
14
8-

mente pelo arquivamento ou pela instauração de sindicância ou processo adminis-


41

trativo. (NR)
12.

Art. 86 Determinada a instauração de sindicância ou processo administrativo, ou no seu cur-


.4
41

so, havendo conveniência para a instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado Geral
-3

de Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências:


s
co

I - afastamento preventivo do policial civil, quando o recomendar a moralidade administra-


ar

tiva ou a repercussão do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e
M

oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR)
NOÇÕES DE DIREITO

II - designação do policial acusado para o exercício de atividades exclusivamente burocráticas


até decisão final do procedimento; (NR)
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas; (NR)
IV - proibição do porte de armas; (NR)
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabelecida, para tomar ciência dos
atos do procedimento. (NR)
§ 1º O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, ou qualquer autoridade que deter-
minar a instauração ou presidir sindicância ou processo administrativo, poderá

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
representar ao Delegado Geral de Polícia para propor a aplicação das medidas pre-
vistas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração. (NR)
§ 2º O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer momento, por despacho fundamentado,
fazer cessar ou alterar as medidas previstas neste artigo. (NR)
§ 3º O período de afastamento preventivo computa- se como de efetivo exercício, não
sendo descontado da pena de suspensão eventualmente aplicada. (NR)

Procedimento Disciplinar

Já vimos que o agente policial está sujeito à aplicação de diversas penas, devido ao seu rigo-
roso regime disciplinar. Resta-nos ver agora como essa sanção é imposta. Para isso, temos o
Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD).
O Processo Administrativo Disciplinar é o meio perante o qual a autoridade competente
apura as transgressões cometidas pelos agentes públicos, aplicando a eles as respectivas san-
ções. É garantido a todos os servidores públicos, inclusive para os policiais civis do Estado de
São Paulo.
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover
a sua apuração imediata, mediante sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar, asse-
gurada ao acusado ampla defesa.

Art. 87 A apuração das infrações será feita mediante sindicância ou processo administra-
tivo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

Segue um fluxograma sobre o funcionamento do Processo Administrativo Disciplinar:

Procedimento
SINDICÂNCIA Recursos
Administrativo
14
8-

Dispõe o art. 87 que a apuração será realizada por sindicância ou processo administrativo,
41

mas quando se aplicará cada um deles?


12.

De modo geral, será instaurada a sindicância quando a falta disciplinar determinar as


.4
41

penas de: advertência, repreensão, multa e suspensão. Por outro lado, será obrigatório o
-3

processo administrativo quando a falta determinar as penas de: demissão, demissão a bem
s
co

do serviço público, cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Iremos estudar cada uma


ar

dessas hipóteses a seguir.


M

Da Sindicância

A sindicância é o procedimento instaurado quando a falta disciplinar, por sua natureza,


possa determinar as penas de advertência, repreensão, multa e suspensão. É instaurada para
apurar faltas e transgressões mais leves, isso é, transgressões que não podem ensejar na
demissão do policial, ou da cassação de sua aposentadoria.
Comparando com o processo penal, pode-se afirmar que a sindicância é como se fosse a “fase
investigativa”, pois o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão: ela serve primordial-
64 mente para apurar o que ocorreu, e se é necessário instaurar o processo posteriormente. Apesar
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disso, é possível que a sindicância resulte na aplicação de pena de repreensão ou de suspensão
(mas nunca de demissão ou de cassação de aposentadoria).
Atenção: a sindicância é uma etapa que pode ocorrer antes do curso do procedimento ordiná-
rio, mas não é, necessariamente, uma etapa obrigatória do processo ordinário. A sindicância não
é essencial para o curso do procedimento ordinário; se a transgressão for considerada gravíssi-
ma, sujeita a uma pena que é incompatível com a sindicância, ou se a transgressão se configura
automaticamente, não há necessidade de sua investigação.

Importante!
A sindicância não é uma etapa do PAD. Pode-se iniciar a apuração de uma infração sem a
necessidade de se instaurar um PAD.

Todas as autoridades mencionadas no art. 70 são competentes para instaurar a sindicância,


quais sejam: Governador, Secretário da Segurança Pública, Delegado Geral de Polícia, Delegado
de Polícia Diretor da Corregedoria, Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares.
O art. 92 apresenta algumas regras específicas da sindicância, sem excluir as demais regras
gerais sobre o processo disciplinar dispostas dentro da referida Lei Complementar. Vejamos
essas regras especiais:

� A autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar um número máximo de até três
testemunhas;
z A sindicância deve ser concluída no prazo de sessenta dias;
z A sindicância também produz um relatório, que não tem poder de vincular a decisão final,
feito pela autoridade competente. O relatório será enviado à autoridade competente, para,
se quiser, basear-se nele para elaborar a decisão.

Da sindicância, poderá resultar um dos seguintes caminhos: o arquivamento do processo; a


14

aplicação de penalidade de advertência, multa, repreensão ou suspensão, ou, ainda, a instaura-


8-

ção de processo disciplinar.


41
12.
.4

Do Procedimento Administrativo Ordinário


41
-3

Segundo o art. 89, será obrigatório o processo administrativo (pode aparecer também como
s
co

procedimento ordinário) quando a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar a pena
ar
M

de demissão, demissão a bem do serviço público, cassação de aposentadoria ou disponibilidade.


De modo geral, ele serve para apurar transgressões mais graves, motivo pelo qual ele apresen-
NOÇÕES DE DIREITO

ta um prazo maior para se encerrar e permite haver uma maior colheita de provas do que a
sindicância.

Art. 95 O processo administrativo será presidido por Delegado de Polícia, que designa-
rá como secretário um Escrivão de Polícia.
Parágrafo único. Havendo imputação contra Delegado de Polícia, a autoridade que presidir a
apuração será de classe igual ou superior à do acusado.

65
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Dica
O processo disciplinar é dividido em três fases:
� Instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
� Instrução, em que temos o inquérito administrativo, a defesa do acusado e relatório;
� Julgamento, que envolve a peça decisória e os eventuais recursos.

Art. 96 Não poderá ser encarregado da apuração, nem atuar como secretário, amigo íntimo
ou inimigo, parente consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau inclu-
sive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo familiar do denunciante ou do
acusado, bem assim o subordinado deste.
Parágrafo único. A autoridade ou o funcionário designado deverão comunicar, desde logo, à
autoridade competente, o impedimento que houver.

Sobre a instauração, dispõe o art. 97 que o processo administrativo:

Art. 97 O processo administrativo deverá ser instaurado por portaria, no prazo impror-
rogável de 8 (oito) dias do recebimento da determinação, e concluído no de 90 (noventa)
dias da citação do acusado.
§ 1º Da portaria deverá constar o nome e a identificação do acusado, a infração que lhe
é atribuída, com descrição sucinta dos fatos e indicação das normas infringidas. (NR)
§ 2º Vencido o prazo, caso não concluído o processo, a autoridade deverá imediatamente enca-
minhar ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando as providências
faltantes e o tempo necessário para término dos trabalhos. (NR)
§ 3º Caso o processo não esteja concluído no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, o Delegado
de Polícia Diretor da Corregedoria deverá justificar o fato circunstanciadamente ao Delegado
Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública.

O art. 98, por sua vez, trata da citação do acusado, nos termos:
14
8-

Art. 98 Autuada a portaria e demais peças preexistentes, o presidente deve designar dia e
41
2.

hora para audiência de interrogatório, determinando a citação do acusado e a notificação do


1
.4

denunciante, se houver. [...]


41

§ 2º A citação do acusado será feita pessoalmente, no mínimo 2 (dois) dias antes do interro-
-3

gatório, por intermédio do respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa ser
s
co

encontrado.
ar
M

§ 3º Não sendo encontrado, a citação será feita por edital, publicado uma vez no Diário Oficial
do Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório.

Se, mesmo citado, o acusado não comparecer ao interrogatório, será, por despacho, decre-
tada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e termos do processo. De acordo com o art.
101, ao acusado revel será nomeado advogado dativo.
O art. 103 trata da colheita de provas, feita na fase instrutória.

Art. 103 Comparecendo ou não o acusado ao interrogatório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias
para requerer a produção de provas, ou apresenta-las.
66 § 1º Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) testemunhas.
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§ 2º A prova de antecedentes do acusado será feita exclusivamente por documentos, até as
alegações finais.
§ 3º Até a data do interrogatório, será designada a audiência de instrução.

Observe que, pela leitura do § 1º, do art. 103, o número de testemunhas levadas para o proce-
dimento ordinário é maior do que o da sindicância. Isso condiz com a natureza da apuração da
transgressão, que é mais grave do que as transgressões apuradas em sindicância. Por isso, a parte
referente à instrução é um pouco maior.
Na audiência de instrução, segundo o art. 104, serão ouvidas, pela ordem, as testemunhas
arroladas pelo presidente, em número não superior a cinco, e pelo acusado. Tratando-se de
servidor público, seu comparecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato
com as indicações necessárias.
Em regra, a testemunha não poderá se eximir de depor, salvo as exceções relacionadas ao
parentesco, nos termos do art. 105:

Art. 105 A testemunha não poderá eximir-se de depor, salvo se for ascendente, descendente,
cônjuge, ainda que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou
filho adotivo do acusado, exceto quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte-
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR)
§ 1º Se o parentesco das pessoas referidas for com o denunciante, ficam elas proibidas de
depor, observada a exceção deste artigo. (NR)
§ 2º Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa causa, será pela autoridade competente
aplicada a sanção a que se refere o artigo 82, mediante comunicação do presidente. (NR)
§ 3º O policial civil que tiver de depor como testemunha fora da sede de seu exercício, terá direi-
to a transporte e diárias na forma da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se precatória
para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. (NR)
§ 4º São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
testemunho. (NR)
14
8-
41

Em qualquer fase do processo o presidente pode ordenar outras diligências que entenda
12.

ser convenientes.
.4
41

Pode ser que seja necessário requerer assistência de técnicos ou de peritos oficiais para a
-3

produção de uma prova em específico. Deste modo, é permitido ao presidente requisitar esse
s
co

perito ou técnico, observado os impedimentos previstos no art. 105.


ar
M

Art. 108 Em qualquer fase do processo, poderá o presidente, de ofício ou a requerimento da


NOÇÕES DE DIREITO

defesa, ordenar diligências que entenda convenientes. (NR)


§ 1º As informações necessárias à instrução do processo serão solicitadas diretamente, sem
observância de vinculação hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos autos.
(NR)
§ 2º Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos oficiais, o presidente os requisitará,
observados os impedimentos do artigo 105. (NR)

Finda a fase probatória, abrirá vista dos autos à defesa, que, querendo, poderá apresentar
alegações finais, no prazo de 7 dias. Vejamos:
67
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 112 Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos autos à defesa, que poderá apresentar
alegações finais, no prazo de 7 (sete) dias. (NR)
Parágrafo único. Não apresentadas no prazo as alegações finais, o presidente designará advo-
gado dativo, assinando-lhe novo prazo

Uma vez encerradas as alegações finais, será encerrado o relatório contendo todas as
provas produzidas na fase instrutória, devendo ser apresentado, no prazo de dez dias, à
autoridade julgadora.

Art. 113 […]


§ 1º O relatório deverá descrever, em relação a cada acusado, separadamente, as irregularida-
des imputadas, as provas colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou punição e
indicando, nesse caso, a pena que entender cabível.
§ 2º O relatório deverá conter, também, a sugestão de quaisquer outras providências de inte-
resse do serviço público

O relatório não é a decisão final, ele será usado apenas como base para o julgamento final.

Art. 115 Terão forma processual resumida, quando possível, todos os termos lavrados pelo secretá-
rio, quais sejam: autuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, bem como certidões e
compromissos.

O art. 118 traz um conteúdo muito importante em relação à prescrição da reincidência.


Decorridos cinco anos de efetivo exercício, contados do cumprimento da sanção disciplinar,
sem cometimento de nova infração, não mais poderá aquela ser considerada em prejuízo do
infrator, inclusive para efeito de reincidência.

Dos Recursos e da Revisão no Processo Administrativo


14
8-

z Dos Recursos
41
12.
.4

O processo não precisa se encerrar com apenas uma decisão: é admitido interpor recurso
41

ou pedido de reconsideração. O recurso poderá ser interposto, por uma única vez, contra
-3

decisão que aplicar penalidade, nos termos do art. 119. O prazo para recorrer é de trinta
s
co

dias, contados da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do Estado. Notemos o


ar
M

dispositivo legal:

Art. 119 Caberá recurso, por uma única vez, da decisão que aplicar penalidade.
§ 1º O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados da publicação da decisão impugnada
no Diário Oficial do Estado.
§ 2º Tratando-se de pena de advertência, sem publicidade, o prazo será contado da data em
que o policial civil for pessoalmente intimado da decisão.
§ 3º Do recurso deverá constar, além do nome e qualificação do recorrente, a exposição das
razões de inconformismo.
§ 4º O recurso será apresentado à autoridade que aplicou a pena, que terá o prazo de 10 (dez)
68 dias para, motivadamente, manter sua decisão ou reformá-la.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 5º Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será imediatamente encaminhada a ree-
xame pelo superior hierárquico.
§ 6º O recurso será apreciado pela autoridade competente ainda que incorretamente denomi-
nado ou endereçado.

Atenção para o fato de que, uma vez interposto o recurso, este será apresentado à auto-
ridade que aplicou a pena que, por sua vez, terá o prazo de 10 dias para manter sua decisão
ou reformá-la, devendo inclusive motivá-la. Mantida a decisão, ou reformada parcialmente,
será imediatamente encaminhada a reexame pelo superior hierárquico (art. 119). Já o pedido
de reconsideração, nos termos do art. 120, será interposto contra decisão tomada pelo Gover-
nador do Estado em única instância, no prazo de trinta dias.

Art. 120 Caberá pedido de reconsideração, que não poderá ser renovado, de decisão tomada
pelo Governador do Estado em única instância, no prazo de 30 (trinta) dias.

Segundo o texto do art. 121, os recursos não têm efeito suspensivo; os que forem providos
darão lugar às retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo.
Todavia, o texto desse dispositivo não é totalmente verdadeiro: pode o recorrente, desde
que esteja expresso e o recurso seja interposto dentro do prazo corretamente (tempestivo),
requerer a suspensão da decisão que corre contra ele.
O que o texto do dispositivo expõe é que os recursos não têm efeito suspensivo de ofício. O
efeito suspensivo deve ser concedido toda vez que houver justo receio de prejuízo, de repa-
ração difícil ou incerta. Apenas o pedido de reconsideração não pode ser concedido com
efeito suspensivo.

z Da Revisão

A revisão não é um recurso, pois, segundo o próprio dispositivo, ela será admitida, a qual-
quer tempo, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios insanáveis
14
8-

de procedimento, que possam justificar redução ou anulação da pena aplicada. Vejamos:


41
12.
.4

Art. 122 Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de punição disciplinar, se surgirem fatos
41

ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, que possam


-3

justificar redução ou anulação da pena aplicada.


s
co

§ 1º A simples alegação da injustiça da decisão não constitui fundamento o pedido.


ar
M

§ 2º Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo fundamento.


§ 3º Os pedidos formulados em desacordo com este artigo serão indeferidos.
NOÇÕES DE DIREITO

§ 4º O ônus da prova cabe ao requerente.

O art. 123 apresenta um conteúdo importante: a pena imposta não poderá ser agrava-
da pela revisão. É o que se costuma chamar de proibição da reformatio in pejus, pois, se a
revisão foi solicitada pelo próprio servidor transgressor, seria injusto que da revisão resul-
tasse um agravamento de sua pena.

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A revisão não precisa ser requerida pessoalmente pelo funcionário. Nos casos de fale-
cimento ou incapacidade do interessado, seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente,
descendente ou irmão, por intermédio de advogado, poderá requerer a instauração de um
processo revisional. Vejamos:

Art. 124 A instauração de processo revisional poderá ser requerida fundamentadamente pelo
interessado ou, se falecido ou incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente,
descendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado.
Parágrafo único. O pedido será instruído com as provas que o requerente possuir ou com indi-
cação daquelas que pretenda produzir.

Recebido o pedido, o presidente tomará providências e notificará o requerente para, no


prazo de 8 dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer outras provas que pretenda produ-
zir. Vejamos:

Art. 127 Recebido o pedido, o presidente providenciará o apensamento dos autos originais e
notificará o requerente para, no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou reque-
rer outras provas que pretenda produzir. (NR)
Parágrafo único. No processamento da revisão serão observadas as normas previstas nesta
lei complementar para o processo administrativo. (NR)

Por fim, cabe destacar que a decisão que julgar procedente a revisão poderá alterar a
classificação da infração, modificar a pena, anular o processo e inclusive absolver o punido.
Percebamos:

Art. 128 A decisão que julgar procedente a revisão poderá alterar a classificação da infração,
absolver o punido, modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos atingidos
pela decisão reformada.
14
8-

Da revisão não pode resultar agravamento da pena, algo que a doutrina costuma denomi-
41

nar de vedação à reformatio in pejus. Se a revisão foi requerida pelo próprio agente policial,
12.

ele não pode sair prejudicado com, por exemplo, aumento da pena da decisão administrativa.
.4
41
-3

DECRETO ESTADUAL Nº 60.449, DE 2014 — DO PROCEDIMENTO RELATIVO À


s
co

REALIZAÇÃO DE CONCURSOS PÚBLICOS NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA E


ar
M

AUTÁRQUICA DO ESTADO E DÁ PROVIDÊNCIAS CORRELATAS

O Decreto Estadual nº 60.449, de 15 de maio de 2014, regulamenta os procedimentos rela-


tivos à realização de concursos públicos, no âmbito da Administração direta e autárquica do
Estado de São Paulo.
É uma norma muito importante para a Administração Pública Estadual, uma vez que a
grande maioria de seus agentes, servidores e/ou empregados são admitidos dentro de seus
órgãos e repartições mediante aprovação em concurso público. Considerando também que é
um decreto relativamente pequeno, é imprescindível conhecer e analisar os seus principais
dispositivos.
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Da Autorização para Abertura do Concurso Público

O Decreto trata, de modo geral, de todo o processo em que deve ser feito para a abertura
do concurso público dentro da Polícia Civil de São Paulo.
O concurso público é um ato administrativo e, assim como todo ato, tem prazo para come-
çar a surtir efeitos, e depois se dá por encerrado. Vamos ver todo esse caminho, desde sua
criação até a extinção do concurso público.
Preliminarmente, o art. 2º salienta que:

Art. 2° O concurso público é o procedimento pelo qual se dá a seleção de indivíduos mais capa-
citados para a investidura em cargo público de caráter efetivo ou emprego público de caráter
permanente, norteado pelos princípios da:
I - legalidade;
II - impessoalidade;
III - moralidade;
IV – publicidade; e
V - eficiência.

Não há nenhuma grande novidade no texto do art. 2º, ainda mais para quem já estudou a
matéria de Direito Administrativo. Os princípios elencados pelo dispositivo são, praticamen-
te, os mesmos princípios constitucionais e fundamentais da Administração Pública Federal,
previstos no caput do art. 37 da CF, de 1988. Para relembrar:

z Princípio da Legalidade: fruto da própria noção de Estado de Direito, as atividades do


gestor público estão submissas à forma da lei. A legalidade promove maior segurança
jurídica para os administrados, na medida em que proíbe que a Administração Pública
pratique atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo que
a lei não proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe é expressamente autorizado
por lei;
14
8-

z Princípio da Impessoalidade: a atividade da Administração Pública deve ser imparcial,


41

de modo que é vedado haver qualquer forma de tratamento diferenciado entre os admi-
12.

nistrados. Há uma forte relação entre a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem
.4
41

age por interesse próprio não condiz com a finalidade do interesse público. A própria
-3

razão de ser da abertura de concurso público é, justamente, para tratar os candidatos em


s
co

condições iguais e objetivas;


ar

z Princípio da Moralidade: a Administração impõe a seus agentes o dever de zelar por uma
M

“boa-administração”, buscando atuar com base nos valores da moral comum, isso é, pela
NOÇÕES DE DIREITO

ética, decoro, boa-fé e lealdade. A moralidade não é somente um princípio, mas também
requisito de validade dos atos administrativos;
z Princípio da Publicidade: a publicação dos atos da Administração promove maior trans-
parência e garante eficácia erga omnes. Além disso, também diz respeito ao direito funda-
mental que toda pessoa tem de obter acesso às informações de seu interesse pelos órgãos
estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha em risco a vida dos particulares ou
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos;
z Princípio da Eficiência: implementado pela reforma administrativa promovida pela
Emenda Constitucional nº 19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Administração 71
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
de alcançar os seus resultados de uma forma célere, promovendo melhor produtividade e
rendimento, evitando gastos desnecessários no exercício de suas funções. A eficiência fez
com que a Administração brasileira adquirisse caráter gerencial, tendo maior preocupa-
ção na execução de serviços com perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos e
outras burocracias. A adoção da eficiência, todavia, não permite à Administração agir fora
da lei, isso é, não se sobrepõe ao princípio da legalidade.

Dica
Um método que facilita a memorização desses princípios é a palavra “limpe”, que engloba
os princípios da:
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência

Para a realização de concurso público, é imprescindível que haja autorização governa-


mental para realizar tal ato. Segundo o art. 4º, a solicitação de autorização para abertura de
concurso público deverá ser instruída, obrigatoriamente, com:

Art. 4° [...]
I - uma justificativa fundamentada, indicando:
a) o perfil profissional esperado, indicando as principais funções a serem exercidas pelos futu-
ros servidores ou empregados públicos;
b) a pretendida alocação da força de trabalho, especificando as unidades de lotação; e
c) as necessidades das áreas que buscam suprir com a medida;
II - denominação e quantidade de cargos ou empregos públicos a serem providos ou preenchi-
dos, com a indicação dos respectivos vencimentos ou salários, e a jornada de trabalho;
14

III - cálculo do acréscimo da despesa mensal e anual que a medida acarretará;


8-
41

IV - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no ano em que os aprovados devem entrar


2.

em exercício e nos 2 (dois) anos subsequentes;


1
.4

V - indicação da origem das vagas oferecidas no certame, com respectivas datas de criação ou
41
-3

de vacância, e motivo da vacância;


s

VI - reserva das vagas devidamente realizada no Sistema Único de Cadastro de Cargos e Fun-
co

ções-Atividades - SICAD, instituído pelo Decreto nº 50.881, de 14 de junho de 2006; e


ar
M

VII - cópia da previsão de pedidos de abertura de concurso público ou aproveitamento de


remanescentes, a que se refere o artigo 47 deste decreto.

Essa solicitação será enviada à Secretaria de Gestão Pública, por intermédio dos Secretá-
rios de Estado ou do Procurador Geral do Estado, para análise técnica da Unidade Central de
Recursos Humanos. Após essas análises técnicas, o pedido de autorização para abertura de
concurso público será submetido à apreciação governamental, por intermédio da Casa Civil,
possuindo prazo de um ano, contado da data de sua publicação (arts. 5º, 7º e 8º).

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Do Concurso Público: Edital, Provas, Aprovação, Recursos e Homologação

O art. 9º trata da abertura do concurso público, que se dá por meio de publicação de edital
contendo instruções especiais disciplinando o certame.
O concurso público possui prazo de validade, entre seis meses até o máximo de dois anos,
contados a partir da data de homologação do certame, e poderá ser prorrogado uma única
vez por igual período. A prorrogação desse prazo é possível, e será efetuada por ato do Titular
do órgão ou entidade, com pelo menos um mês de antecedência do encerramento do prazo
de validade do concurso público (parágrafo único do art. 10).
A abertura de concurso público é precedida por uma Comissão Especial de Concurso
Público, responsável por orientar e acompanhar o planejamento, a organização e a execução
de cada concurso público, em todas as fases, exceto os casos de competência legal específica
de outro órgão. O § 3º do art. 11 apresenta algumas regras específicas sobre essas Comissões
Especiais, a saber:

z A Comissão deve ser constituída por número ímpar de membros;


z A Comissão deve contar com a representação de pelo menos um servidor da área de recur-
sos humanos;
z A Comissão deve contar com um presidente;
z A Comissão deve contar com um suplente para cada membro da comissão;
z A Comissão deve acompanhar a execução do concurso público em todas as atividades;
z A Comissão deve fazer publicar os editais referentes ao concurso público;
z A Comissão deve traçar as diretrizes do concurso público, orientando o órgão responsável
pela sua execução.

Do Edital do Concurso

Os arts. 13 e 14 tratam do edital do concurso público com fundamento na obediência ao


14

princípio da publicidade. O edital de abertura de concurso público deverá ter ampla divulga-
8-

ção, sendo veiculado, ao menos, pelos seguintes meios: pelo Diário Oficial do Estado (DOE),
41

pelo site da Pasta ou Autarquia detentora do concurso, ou pelo portal de concursos públicos
12.
.4

do Estado de que trata o art. 44 (art. 13).


41

Sobre as inscrições, dispõe o art. 15 que a inscrição para o concurso público deverá, pre-
-3

ferencialmente, ser disponibilizada para realização por meio da internet. O período disponi-
s
co

bilizado para a inscrição não pode ser inferior a quinze dias. A inscrição do candidato:
ar
M

Art. 17 poderá ser condicionada ao pagamento da taxa de inscrição fixada no edital, ressalva-
NOÇÕES DE DIREITO

das as hipóteses de isenção ou redução previstas em lei ou nas instruções especiais do edital
de abertura do concurso público.

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Das Provas do Concurso

As provas podem ser de diversos tipos, segundo o art. 19:

PROVAS
Objetiva
Dissertativa
Títulos
Oral
Física
Psicotécnica ou psicológica
Investigação Social e Comprovação de idoneidade

Nada impede que o concurso público envolva a aplicação de mais de uma modalidade de
prova. As provas objetivas poderão ser de dois tipos:

Art. 19 [...]
I - prova de múltipla escolha;
II - prova prática de habilidades operacionais ou técnicas.

A prova de múltipla escolha é a prova objetiva mais simples, é a prova para a qual você está
estudando neste exato momento. As instruções especiais do edital de abertura de concurso
público deverão indicar o formato, os critérios de avaliação e aprovação da prova de habilida-
des técnicas (caput, parágrafo único, art. 20,).
Segundo o art. 21, são formas de provas dissertativas:

Art. 21 [...]
I - provas de questões com respostas abertas;
14

II - provas de redação.
8-
41
2.

É algo bastante similar com a prova da 2ª fase do Exame da Ordem dos Advogados do
1
.4

Brasil (OAB), exigindo que o candidato conheça previamente o conteúdo pedido pela ques-
41
-3

tão para que ele possa dar uma resposta completa, bem como escrever uma redação sobre
s

o tema apresentado pela prova. As instruções especiais do edital de abertura do concurso


co

público deverão informar, claramente, o tipo de prova dissertativa, e os respectivos critérios


ar
M

de avaliação.
A prova de títulos, disposta no art. 22, é composta por pontuação de títulos relacionados à for-
mação e experiência profissional do candidato e deverá especificar:

Art. 22 [...]
I - os critérios da pontuação a ser obtida pela apresentação de cada título;
II - o número máximo de pontos a ser obtido nas provas de títulos.

A avaliação dos títulos deverá seguir critérios objetivos e razoáveis, expressamente descri-
tos no edital, de acordo com as atribuições e responsabilidades do cargo ou emprego público.
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Por ser uma avaliação em que não se mede a capacidade do candidato, ela não pode ser
usada com peso maior do que as provas objetivas ou de dissertação. A nota da avaliação de
títulos não poderá ter peso superior a 30% da nota total do concurso público (§§ 1º, 2º e 3º,
do art. 22).
A prova oral, como o próprio nome aduz, exige que o candidato responda as perguntas feitas
oralmente pelo avaliador. Segundo o art. 24, a realização de prova oral só será admitida em casos
específicos que esse tipo de prova seja essencial para a boa seleção de candidatos aptos à assun-
ção do cargo ou emprego público em questão. Deve ser devidamente fundamentada demostran-
do, inequivocamente, a necessidade de sua realização.
A prova oral será gravada em áudio e vídeo, com obrigatória entrega de cópia da respectiva
prova ao candidato que a solicitar, mediante o pagamento das despesas de confecção da cópia,
se exigido (§ 2º, do art. 24).
A prova física, por sua vez, encontra-se disposta no art. 25. É uma prova de técnica e envol-
ve atividades físicas, como o próprio nome aduz.
A prova física exige a indicação no edital do tipo de prova, das técnicas admitidas e dos
índices mínimos, especificados para candidatos e candidatas, necessários para aprovação.

Art. 25 [...]
§ 1º Os candidatos deverão apresentar, no momento da realização da prova física, laudo médi-
co atestando as condições de saúde do candidato, autorizando a realização dos testes físicos
elencados no edital.

O art. 26 trata das provas psicotécnicas e/ou psicológicas, que serão aceitas para cargos ou
empregos públicos.

Art. 26 Quando a lei assim exigir, com o intuito de identificar e inabilitar indivíduos cujas
características psicológicas se mostrem incompatíveis com o desempenho das atividades ine-
rentes ao posto em disputa.
14
8-

O exame será realizado por profissionais devidamente habilitados e com registro válido
41

no Conselho Regional de Psicologia (CRP-SP).


12.

Finalmente, o art. 27 trata das provas de investigação social e comprovação de idoneidade


.4
41

e conduta ilibada na vida pública e na vida privada, sendo essenciais para cargos ou empre-
-3

gos públicos.
s
co
ar
M

Art. 26 Quando a lei assim exigir, com o intuito de identificar e inabilitar indivíduos cujas
características se mostrem incompatíveis com o desempenho das atividades inerentes ao pos-
NOÇÕES DE DIREITO

to em disputa.

Da Aprovação, Homologação, e dos Remanescentes

A aprovação no concurso público será feita com base em critérios relacionados ao desem-
penho mínimo nas provas, ou ao desempenho mínimo nas provas e número máximo de
aprovados, por fase ou no resultado final do certame (I e II, art. 30).

75
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No caso de estabelecimento de número máximo de aprovados para fases intermediárias
do concurso público, deve-se prever o percentual legal de reserva de vagas para candida-
tos com deficiência. Geralmente, esse percentual varia entre 5% a 20% do número de vagas
totais.
O art. 32 trata de um direito muito importante: o candidato aprovado no concurso públi-
co, dentro do limite de vagas disponibilizado nas instruções especiais do edital de abertura
do concurso público, terá garantida sua nomeação ou admissão dentro do prazo de vali-
dade do referido concurso. O conteúdo desse artigo é muito importante, pois estabelece o
direito público subjetivo que o candidato possui de ser admitido e nomeado para um cargo
público, desde que ele tenha sido aprovado em classificação geral dentro do limite de vagas
disponíveis.
Aqueles aprovados além do número de vagas disponibilizadas no edital de abertura do con-
curso público, durante o prazo de validade do respectivo concurso, passarão a compor a lista
de candidatos remanescentes. Estes não têm direito à nomeação ou admissão em cargo públi-
co, uma vez que podem até terem sido aprovados, mas existem outros candidatos que estão à
sua frente, segundo a classificação dos mesmos.
É importante frisar que o concurso público é, sobretudo, um ato administrativo, e, como
tal, é passível de recurso.
Nos termos do art. 34, a instituição promotora do concurso público deverá disponibilizar,
preferencialmente, sem prejuízo de outros meios que julgar pertinentes, sistema de elabora-
ção de recursos pela internet que permita ao candidato redigir e enviar seu recurso, com a
funcionalidade de anexar arquivos magnéticos de texto ou figuras.
Lembre-se do direito de petição: para todo requerimento dirigido a uma autoridade públi-
ca, ela não pode se escusar em responder tal requerimento. Sobre o tema, dispõe o art. 35 que
a resposta ao recurso do candidato deverá conter:

Art. 35 Justificativa clara e objetiva, em relação aos principais argumentos utilizados pelo
candidato recorrente, com fundamentação técnica da razão de provimento ou rejeição dos
recursos.
14
8-
41

O resultado do julgamento do recurso pode acarretar em anulação de questão, caso em


12.

que será promovido novo cálculo da nota de todos os candidatos que realizaram a prova,
.4
41

independentemente de terem recorrido da questão.


-3

Segundo o art. 37,


s
co
ar

Art. 37 Deverão ser anuladas as questões:


M

I - objetivas de múltipla escolha com nenhuma ou mais de uma resposta correta;


II - com enunciado redigido de maneira obscura ou dúbia;
III - com erro gramatical substancial, desde que tal erro possa induzir o candidato a erro em
sua resposta;
IV - que exigirem conteúdo programático não previsto no edital.

Homologação é o ato que convalida os efeitos do concurso público, tornando-o perfeito e


eficaz. Segundo o art. 38, o concurso público será homologado por ato do Titular das Secreta-
rias de Estado, da Procuradoria Geral do Estado ou da Autarquia responsável pelo certame.
76
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 39 Homologado o concurso público, o órgão ou entidade promotor convocará, quando
for o caso, os candidatos para a escolha de vagas ou para anuência à nomeação, respeitada
sempre a ordem de classificação.

O candidato terá exauridos os direitos decorrentes da sua habilitação no concurso público


quando verificada qualquer das seguintes hipóteses:

Art. 39 [...]
§ 1º [...]
1. Se não escolher vaga;
2. Se não anuir à nomeação no cargo ou admissão no emprego público;
3. Se recusar expressamente a nomeação ao cargo ou admissão no emprego público;
4. Se, efetuada a escolha de vaga ou manifestada a anuência à nomeação, for nomeado e dei-
xar de tomar posse no cargo.

Remanescentes, segundo o art. 40, são os candidatos aprovados em concurso público que,
por conta de sua classificação, não foram convocados para nomeação ou admissão até o pro-
vimento ou preenchimento de todas as vagas indicadas no edital de abertura, durante o pra-
zo de validade do respectivo concurso.
Como já mencionado, os candidatos remanescentes não têm direito público subjetivo a
serem nomeados para um cargo público. Todavia, eles possuem direito de preferência sobre
os demais candidatos aprovados em exames posteriores. Sobre o tema, dispõe o art. 41 que
os candidatos remanescentes

Art. 41 Os candidatos remanescentes têm prioridade sobre candidatos de concursos superve-


nientes, desde que seja no âmbito do mesmo órgão ou entidade, na convocação para nomeação
ou admissão para o mesmo cargo ou emprego público, observadas as especificidades requeri-
das no edital de abertura do concurso público.
14
8-

Fica autorizado o aproveitamento de remanescentes de concursos públicos, com prazo de


41

validade em vigor, para provimento de cargos entre órgãos da Administração Direta. O apro-
12.

veitamento deverá observar os seguintes critérios:


.4
41
-3

Art. 42
s
co

Parágrafo único [...]


ar

1. Maior tempo da homologação do concurso público;


M

2. Aderência das especificidades requeridas no edital de abertura do concurso público;


NOÇÕES DE DIREITO

3. Autorização do órgão detentor do concurso público para a convocação dos candidatos.

Do Portal de Concursos Públicos do Estado

Os arts. 44 e 45 tratam do denominado Portal de Concursos Públicos do Estado de São


Paulo. É um portal disponibilizado na internet, mantido pela Unidade Central de Recursos
Humanos, da Secretaria de Gestão Pública.
A utilização de meios eletrônicos para divulgar de uma forma mais ampla os concursos públi-
cos realizados pela Administração Estadual condiz com o seu atual modelo de Administração 77
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Gerencial, que tem por base a celeridade, a eficiência, e menos gastos com matéria prima. O meio
eletrônico é muito importante não apenas pelo fato de que todo brasileiro pode acessar esses
dados rapidamente, mas também porque é um meio muito mais ecológico do que a publicação
em papel.
A leitura do art. 45, que trata sobre o conteúdo disponibilizado no Portal de Concursos
Públicos, é bastante recomendada:

Art. 45 O Portal de Concursos Públicos do Estado deverá contar com a relação de todos os
concursos públicos, no âmbito da Administração Direta e Autárquica, disponibilizando:
I - a relação dos concursos públicos com prazo de validade em vigor;
II - os editais referentes aos concursos públicos;
III - informações detalhadas de prazos e etapas dos concursos públicos;
IV - outras informações relevantes que forneçam total transparência e facilidade de acesso aos
dados aos cidadãos interessados em ingressar na Administração Pública Estadual.
Parágrafo único. A Unidade Central de Recursos Humanos expedirá instruções para orientar
sobre os procedimentos necessários para a implantação e manutenção do Portal de Concursos
Públicos do Estado.

LEI COMPLEMENTAR N° 922, DE 2002

A prestação da segurança pública é um dos deveres do Estado brasileiro. Por esta razão,
a Constituição Federal (CF) reservou capítulo próprio para tratar do tema e disciplinar os
órgãos encarregados de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, que são:

z Polícia Federal;
z Polícia Rodoviária Federal;
14

z Polícia Ferroviária Federal;


8-

Polícias Civis;
41

z
2.

z Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares;


1
.4

z Polícias Penais federal, estaduais e distrital.


41
-3
s

Cumpre esclarecer, que as atribuições de cada um destes órgãos são distintas e que dentro
co
ar

do âmbito do Estado de São Paulo fazem parte as Polícias Civil, Militar e Penal.
M

Enquanto compete a Polícia Civil as funções de polícia judiciária e apuração de infrações


penais, exceto as infrações militares, ou seja, investigar as infrações penais (crime e con-
travenções) após a sua ocorrência, cabe a Polícia Militar a polícia ostensiva e a preser-
vação da ordem pública, isto é, atuar preventivamente (por isso ostensivo) para que as
infrações penais não ocorram.
Já aos Corpos de Bombeiros Militares compete a execução de atividades de defesa
civil e a Polícia Penal incumbe à segurança dos estabelecimentos penais2.

2 A Polícia Penal é uma criação legislativa recente. Ela foi introduzida pela Emenda Constitucional nº 104, de
2019 para atuar nos estabelecimentos penais em funções antes executadas pelas Polícias Civil e Militar, como, por
78 exemplo, a condução do preso à audiência.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para traçar as regras mais importantes e a estrutura funcional das Polícias Civil e Militar
foi elaborada a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979, denominada de “Lei Orgâ-
nica da Polícia do Estado de São Paulo”, ficando a cargo da Secretaria de Estado dos Negócios
da Segurança Pública a responsabilidade pela manutenção interna da ordem e da segurança.
Além disso, as Polícias Civil e Militar passaram a ser subordinadas hierárquica, administrati-
va e funcionalmente ao Secretário da Segurança Pública.
Importante mencionar que como a Lei Orgânica é anterior a Constituição Federal de 1988,
ela precisou passar por um processo de atualização por meio de outras leis complementares,
entre as quais se destaca a Lei Complementar nº 922, de 2 de julho de 2002.
Antes de iniciar o estudo da Lei Complementar nº 922, de 2002, é preciso ter em mente que,
para melhor compreendê-la, é primordial entender sua estrutura e identificar as ideias
mais importantes da legislação, uma vez que as bancas tendem a cobrar o que se denomina
“literalidade das ideias”, ou seja, os pontos principais de cada artigo com base em sua estru-
tura, não havendo, para tanto, a necessidade de decorá-los.
O primeiro ponto a ser entendido é que o objetivo da Lei Complementar nº 922, de 2002
foi alterar parte da Lei Orgânica (LC nº 207, de 1979), ou seja, de realizar uma modificação
parcial e pontual na norma.
Por esta razão, a Lei Complementar nº 922, de 2002 não é norma autônoma. Ela faz parte
da Lei Orgânica e deve assim ser mencionada.
Outro ponto a ser compreendido é o conteúdo modificado. A Lei Complementar nº 922,
de 2002 modificou os artigos 55, 56, 57, 70, 80; IV e artigos 84 a 128 da Lei Orgânica. Deste
modo, os conteúdos alterados foram os seguintes:

z Direito de petição;
z Extinção da punibilidade (prescrição);
z Providências preliminares;
z Procedimento disciplinar;
z Revisão do procedimento disciplinar.
14
8-

Além das alterações citadas, a Lei Complementar nº 922, de 2002 acrescentou conteúdo
41

a norma por meio dos parágrafos 1º, 2º e 3º ao artigo 65; do inciso VI ao artigo 74; III e dos
12.

incisos X, XI e XII ao artigo 75. Assim sendo, acrescentou novas hipóteses relativas à res-
.4
41

ponsabilidade; competência; pena de demissão; pena de demissão a bem do serviço público;


-3

Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!


s
co
ar
M

DIREITO DE PETIÇÃO
NOÇÕES DE DIREITO

A primeira alteração feita pela a Lei Complementar nº 922, de 2002 na Lei Orgânica da
Polícia do Estado de São Paulo diz respeito ao direito de petição e encontra-se previso no
artigo 1º. Trata-se da garantia que dispõe qualquer pessoa, física ou jurídica3, de peticionar
contra ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos, independentemente de qual-
quer pagamento.

3 Pessoa física é a pessoa natural, ou seja, todo ser humano que nasce com vida. Por outro lado, pessoa jurídica
são aquelas criadas pelas pessoas físicas, como por exemplo, os entes da Federação (União, Estados-Membros,
Municípios e Distrito Federal), as empresas, públicas ou privadas, as associações, entre outras. 79
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É importante saber que o direito de petição faz parte do rol dos direitos e garantias
individuais e coletivos, estando previsto no artigo 5º, XXXIV, a, da CF:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberda-
de, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;

Importante consignar que, a Lei Orgânica estabelece que a Administração Pública4 não
poderá, em nenhuma hipótese, recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição,
sob pena de responsabilidade do agente.
O direito de petição abrange, ainda, a possibilidade que qualquer pessoa, física ou jurídica,
tem de reclamar sobre abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial.
Com relação aos policiais civis, a eles também é assegurado o direito de petição na moda-
lidade requerimento ou representação. Também lhes é assegurado o direito de pedir recon-
sideração e recorrer de decisões.

Dica
Pedido de reconsideração e recurso são modalidades de pedido de reexame em razão de
legalidade (discutir se a lei foi aplicada corretamente ou não) ou de mérito (discutir o que
fundamentou a decisão). No pedido de reconsideração, o pedido de anulação ou modifica-
ção é direcionado à mesma autoridade que produziu o ato/fato. Já no recurso, o pedido de
reexame é direcionado à autoridade superior àquela que produziu o ato/fato que se tenta
modificar ou anular. Aqui há uma hierarquia no pedido de reexame, por isso é também
denominado de recurso hierárquico.
14

Trata-se, portanto, de uma garantia para defender direitos ou agir contra ilegalidade ou
8-
41

abuso de poder que abranger todas as pessoas, inclusive os próprios policiais quando na
2.

defesa de seus próprios direitos. Importante frisar que a lei diz expressamente policial civil.
1
.4

No entanto, a título de conhecimento, tal direito é também garantido ao policial militar.


41
-3
s

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
co
ar
M

Antes de adentrar em outra alteração trazida pela Lei Complementar 922, de 2002 na Lei
Orgânica, faz-se necessário entender que a legislação estabelece uma série de condutas tidas
como transgressões disciplinares. Neste sentido dispõe o artigo 63 da Lei Orgânica:

Art. 63 - São transgressões disciplinares:


I - manter relações de amizade ou exibir-se em público com pessoas de notórios e desabonado-
res antecedentes criminais, salvo por motivo de serviço;

4 Administração Pública (em maiúsculo) significa o conjunto de órgãos, entidades e agentes que exercem as
funções essenciais do Estado, como, por exemplo, a segurança pública. Já administração pública (em minúsculo)
designa a própria função ou atividade prestada. Para nunca errar: À Administração Pública compete à administração
80 pública.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - constituir-se procurador de partes ou servir de intermediário, perante qualquer repartição
pública, salvo quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
III - descumprir ordem superior salvo quando manifestamente ilegal, representando neste
caso;
IV – não tomar as providências necessárias ou deixar de comunicar, imediatamente, à
autoridade competente, faltas ou irregularidades de que tenha conhecimento;
V – deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes que lhe forem encaminhados;
VI – negligenciar na execução de ordem legítima;
VII – interceder maliciosamente em favor de parte;
VIII – simular doença para esquivar-se ao cumprimento de obrigação;
IX – faltar, chegar atrasado ou abandonar escala de serviço ou plantões, ou deixar de
comunicar, com antecedência, à autoridade a que estiver subordinado, a impossibilidade de
comparecer à repartição, salvo por motivo justo;
X – permutar horário de serviço ou execução de tarefa sem expressa permissão da autoridade
competente;
XI – usar vestuário incompatível com o decoro da função;
XII – descurar de sua aparência física ou do asseio;
XIII – apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob efeito de substância que determine
dependência física ou psíquica;
XIV – lançar intencionalmente, em registros oficiais, papeis ou quaisquer expedientes,
dados errôneos, incompletos ou que possam induzir a erro, bem como inserir neles anotações
indevidas;
XV – faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado por escrito no primeiro dia em que com-
parecer à sua sede de exercício, a ato processual, judiciário ou administrativo, do qual tenha
sido previamente cientificado;
XVI – utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o pretexto, material pertencente
ao Estado;
XVII – interferir indevidamente em assunto de natureza policial, que não seja de sua
competência;
14

XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de obter proveito de qualquer natu-
8-

reza para si ou para terceiros;


41
2.

XVIII – fazer uso indevido de bens ou valores que lhe cheguem as mãos, em decorrência da
1
.4

função, ou não entregá-los, com a brevidade possível, a quem de direito;


41

XIX – exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou algema;


-3

XX – deixar de ostentar distintivo quando exigido para o serviço;


s
co

XXI – deixar de identificar-se, quando solicitado ou quando as circunstâncias o exigirem;


ar
M

XXII – divulgar ou propiciar a divulgação, sem autorização da autoridade competente,


através da imprensa escrita, falada ou televisada, de fato ocorrido na repartição.
NOÇÕES DE DIREITO

XXIII – promover manifestações contra atos da administração ou movimentos de apreço


ou desapreço a qualquer autoridade;
XXIV – referir-se de modo depreciativo às autoridades e a atos da administração
pública, qualquer que seja o meio empregado para esse fim;
XXV – retirar, sem prévia autorização da autoridade competente, qualquer objeto ou docu-
mentos da repartição;
XXVI – tecer comentários que possam gerar descrédito da instituição policial;
XXVII – valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de obter proveito de qualquer
natureza para si ou para terceiros; 81
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XXVIII – deixar de reassumir exercício sem motivo justo, ao final dos afastamentos regula-
res ou, ainda depois de saber que qualquer deste foi interrompido por ordem superior;
XXIX – atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo ou função que exerce;
XXX – fazer uso indevido de documento funcional, arma, algema ou bens da repartição
ou cedê-los a terceiro;
XXXI – maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a preso sob sua guarda;
XXXII – negligenciar na revista a preso;
XXXIII – desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de decisão ou ordem judicial;
XXXIV – tratar o superior hierárquico, subordinado ou colega sem o devido respeito ou deferência;
XXXV – faltar à verdade no exercício de suas funções;
XXXVI – deixar de comunicar incontinente à autoridade competente informação que tiver
sobre perturbação da ordem pública ou qualquer fato que exija intervenção policial;
XXXVII – dificultar ou deixar de encaminhar expediente à autoridade competente, se não esti-
ver na sua alçada resolvê-lo;
XXXVIII – concorrer para o não cumprimento ou retardamento de ordem de autorida-
de competente;
XXXIX – deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção médica determinada por lei ou
pela autoridade competente;
XL – deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo justo, procedimento de polícia judiciá-
ria, administrativos ou disciplinares;
XLI – cobrar taxas ou emolumentos não previstos em lei;
XLII – expedir identidade funcional ou qualquer tipo de credencial a quem não exerça
cargo ou função policial civil;
XLIII – deixar de encaminhar ao órgão competente, para tratamento ou inspeção médica,
subordinado que apresentar sintomas de intoxicação habitual por álcool, entorpecente ou
outra substância que determine dependência física ou psíquica, ou de comunicar tal fato, se
incompetente, à autoridade que o for;
XLIV – dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, negligência ou sem habilitação;
XLV – manter transação ou relacionamento indevido com preso, pessoa em custódia ou
14

respectivos familiares;
8-

XLVI – criar animosidade, velada ou ostensivamente, entre subalternos e superiores ou


41
2.

entre colegas, ou indispô-los de qualquer forma;


1
.4

XLVII – atribuir ou permitir que se atribua a pessoa estranha à repartição, fora dos
41

casos previstos em lei, o desempenho de encargos policiais;


-3

XLVIII – praticar a usura em qualquer de suas formas;


s
co

XLIX – praticar ato definido em lei como abuso de poder;


ar
M

L – aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autorização do Presidente da República;


LI – tratar de interesses particulares na repartição;
LII – exercer comércio entre colegas, promover ou subscrever listas de donativos dentro da
repartição;
LIII – exercer comércio ou participar de sociedade comercial salvo como acionista,
cotista ou comanditário;
LIV – exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer outro emprego ou função, exceto
atividade relativa ao ensino e à difusão cultural, quando compatível com a atividade
policial;
LV – exercer pressão ou influir junto a subordinado para forçar determinada solução ou
82
resultado.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica
O artigo 63 não faz parte das alterações trazidas pela Lei Complementar 922, de 2002. No
entanto, ele é muito importante. Por esta razão, leia atentamente o dispositivo legal e, para
facilitar o estudo, o texto em destaque refere-se aos principais pontos e as transgressões
cobradas pelas bancas.

A título de conhecimento, é proibido ao policial civil trabalhar sob as ordens imediatas de


parentes, até segundo grau (pai, mãe, padrasto, madrasta, sogro, sogra, filho, filha, enteado e
enteada), salvo quando se tratar de função de confiança e livre escolha, não podendo exceder
de 2 (dois) o número de auxiliares nestas condições.
É possível observar que alguns destes dispositivos ditos como transgressão disciplinar
podem surtir efeitos em outras esferas, ou seja, na esfera penal e civil. Por esta razão, é
importante ter em mente que o fato de a conduta ser considerado transgressão disciplinar
não impede, por exemplo, de gerar a obrigação do agente de indenizar civilmente no caso de
dano ou de responder criminalmente no caso da prática de um crime. Exemplo: uma pessoa
que dirige em alta velocidade e acaba batendo o veículo, causando dano e a morte do outro
condutor, pode ser responsabilizada administrativamente (infração de trânsito), responsabi-
lizada civilmente (reparação do dano) e responsabilizada penalmente (crime de homicídio).
Isto significa dizer que, o policial pode ser responsabilizado concomitantemente nas esfe-
ras civil, penal e administrativa.
Em regra, uma esfera não influencia a outra, o que significa dizer que uma condenação
na esfera administrativa não gera necessariamente condenação na esfera civil ou penal. No
entanto, existe exceção: quando o agente é absolvido criminalmente por inexistência do fato
ou de sua autoria. Neste caso, vinculam-se as esferas, de modo a excluir a responsabilidade
administrativa e civil.
Praticada a transgressão disciplinar, gera para a Administração Pública o dever de apurar
e punir a conduta. Por esta razão, a Lei Orgânica estabelece as penas aplicáveis. De acordo
com o artigo 67, as penas disciplinares principais são:
14
8-
41

z Advertência;
2.

z Repreensão;
1
.4

z Multa;
41
-3

z Suspensão;
s

z Demissão;
co
ar

z Demissão a bem do serviço público;


M

z Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.


NOÇÕES DE DIREITO

O artigo 68 traz, ainda, a pena de remoção5 compulsória, quando houver a necessidade/


conveniência de afastar o policial do seu local de trabalho, que poderá ser aplicada conjunta-
mente com as penas de repreensão, multa e suspensão.
Importante mencionar que a Lei Complementar 922, de 2002 acrescentou à Lei Orgânica
uma nova hipótese de demissão e outra de demissão a bem do serviço público. Assim, além
das hipóteses de abandono de cargo, procedimento irregular de natureza grave, ineficiência
5 Remoção é movimentar o policial da repartição pública em que ele atua para outra localidade/repartição. É
conhecida popularmente como “transferência” (popularmente porque para o Direito Administrativo a palavra
transferência possui outro significado). 83
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Marcos - 341.412.418-14, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua
reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
intencional e reiterada no serviço, aplicação indevida de dinheiros públicos e insubordina-
ção grave, também é causa de demissão a ausência ao serviço, sem causa justificável, por
mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente (intercalado), durante um ano.
Já a prática de ato definido em lei como de improbidade (Lei nº 8.429, de 1992) passa a
gerar demissão a bem do serviço público, juntamente com as seguintes condutas:

z Condução com incontinência pública e escandalosa, prática de jogos proibidos;


z Prática de ato definido como crime contra a administração pública, a fé pública e a fazen-
da pública ou previsto na lei de segurança nacional;
z Revelação dolosamente de segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo ou
função, com prejuízo para o estado ou particulares;
z Prática de ofensas físicas contra funcionários, servidores ou particulares, salvo em legíti-
ma defesa;
z Lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres públicos;
z Exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, diretamente ou por intermédio de outrem,
ainda que fora de suas funções, mas em razão destas;
z Provocar movimento de paralisação total ou parcial do serviço policial ou outro qualquer
serviço, ou dele participar;
z Pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor de pessoas que tratem de interesses ou
os tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização;
z Exercer advocacia administrativa.

Agora, para saber qual a punição a ser aplicada, deve-se considerar a natureza, a gravida-
de, o motivo determinante, a repercussão da infração, os danos causados à personalidade,
os antecedentes de quem praticou a conduta e a intensidade do dolo ou culpa. Assim sendo,
a punição pode variar da simples admoestação (advertência) à perda do cargo (demissão ou
cassação de aposentadoria).
Neste ponto, a alteração trazida pela Lei Complementar 922, de 2002 à Lei Orgânica refere-
se aos sujeitos competentes para a aplicação da autoridade. São competentes para a aplicação
14
8-

de todas as penalidades principais, ouvido o órgão de consultoria jurídica, o Governador do


41

Estado.
12.

O Secretário de Segurança Pública e o Delegado Geral de Polícia poderão aplicar as


.4
41

penalidades de advertência, repreensão, multa e suspensão, inclusive para os Delegados de


-3

Polícia. O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria poderá aplicar as penalidade de


s
co

advertência, repreensão, multa e suspensão, limitada esta a 60 (sessenta) dias. Já os Delega-


ar

dos de Polícia Corregedores Auxiliares poderão aplicar as penalidades de advertência e


M

repreensão e os Delegados de Polícia apenas a penalidade de remoção compulsória.


Em síntese:

PENALIDADES COMPETÊNCIA
Secretá-
Governa- Delegado Delegado Delegado Delegado
rio Seg.
dor Geral Diretor C. Auxiliar Polícia
Pública
Sim Sim Sim
Advertência Inclusive Inclusive Inclusive Sim Sim Não
Delegado Delegado Delegado
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PENALIDADES COMPETÊNCIA
Sim Sim Sim
Repreensão Inclusive Inclusive Inclusive Sim Sim Não
Delegado Delegado Delegado
Sim Sim Sim
Multa Inclusive Inclusive Inclusive Sim Não Não
Delegado Delegado Delegado
Sim Sim Sim Sim
Suspensão Inclusive Inclusive Inclusive Até 60 Não Não
Delegado Delegado Delegado dias
Sim
Demissão Inclusive Não Não Não Não Não
Delegado
Sim
Demissão a
Inclusive Não Não Não Não Não
bem do serviço
Delegado
Cassação
Sim
da aposen-
Inclusive Não Não Não Não Não
tadoria ou
Delegado
disponibilidade
Remoção
Não Não Não Não Não Sim
compulsória

Para aplicação destas penalidades, a Administração Pública não dispõe de tempo ilimita-
do. Após a prática da transgressão disciplinar, a autoridade possui um lapso temporal deter-
minado para apurar e punir a conduta praticada pelo agente. Caso isso não ocorra, incidirá
a conduta a chamada prescrição (perda do direito de punir). Como o agente não poderá mais
ser punido devido à inercia da Administração, a sua punibilidade será extinta. Cada prazo é
estabelecido em conformidade com a infração praticada. Assim:
14
8-
41

PENALIDADES PRAZO PARA APURAR E PUNIR A CONDUTA


2.

Advertência 2 anos
1
.4

Repreensão 2 anos
41
-3

Multa 2 anos
s
co

Suspensão 2 anos
ar

Demissão 5 anos
M

Demissão a bem do serviço 5 anos


NOÇÕES DE DIREITO

Cassação da aposentadoria ou disponibilidade 5 anos

Uma questão importante: a partir de que momento se inicia o prazo prescricional? A regra
para contagem do prazo é do dia em que a conduta for cometida. No entanto, no caso das
datas continuadas ou permanentes, isto é, aquelas que se prolongam no tempo, a prescrição
começa a correr no dia em que cessou a continuação ou permanência.
Iniciada a prescrição, este prazo é interrompido com a portaria que instaura a sindi-
cância ou o processo administrativo.
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Importante!
A portaria que instaura a sindicância e a que instaura o processo administrativo interrom-
pem a prescrição. Interromper significa parar o prazo e iniciar novamente a contagem a
partir da data da portaria. Cuidado para não confundir com suspensão. Na suspensão o
prazo para com a causa suspensiva, porém volta a contar de onde parou.

Cumpre esclarecer que, na hipótese de desclassificação da infração (novo enquadramen-


to), o prazo prescricional corresponderá ao da pena efetivamente aplicada e não da pena em
tese cabível. Em contrapartida, ocorrendo mitigação ou atenuação o lapso prescricional será
o da pena em tese cabível.
É importante mencionar que a prescrição não correrá em duas hipóteses:

z Enquanto o processo administrativo estiver sobrestado aguardando decisão judicial;


z Enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabelecido.

Por fim, a decisão que reconhecer a ocorrência de prescrição determinará as providências


necessárias para apuração da responsabilidade por sua ocorrência.

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

A Lei Complementar nº 922, de 2002 também modificou a parte relativa às providências pre-
liminares da Lei Orgânica, previstos nos artigos 84 ao 86, ou seja, das providências que devem
ser adotadas pela autoridade policial quando essa tiver ciência de irregularidade praticada por
policial civil. Ressalta-se que a ciência pode se dar por qualquer meio, uma vez que a norma não
explicita uma forma padrão de conhecimento da infração.
A primeira providência a ser adotada pela autoridade é a comunicação imediatamente do
fato ao órgão corregedor, podendo, no entanto, realizar medidas urgentes se o caso exigir,
como, por exemplo, determinar exame pericial para constatar embriaguez.
14

Outra providência preliminar refere-se à comunicação ao Delegado de Polícia Diretor


8-
41

da Corregedoria da instauração do procedimento administrativo ou de polícia judiciá-


2.

ria contra o policial civil.


1
.4
41

A alteração legislativa acrescentou a possibilidade de a autoridade corregedora realizar


-3

apuração preliminar no caso de a infração não estar suficientemente caracterizada ou defi-


s

nida a sua autoria, ressaltando que tal apuração é de natureza simplesmente investigativa.
co
ar

No caso desta investigação preliminar, a Lei Orgânica passa a exigir a comunicação do início
M

da apuração ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria e estabeleceu como lapso tempo-


ral para a sua conclusão e encaminhamento o prazo de 30 (trinta) dias. Caso a apuração não
tenha sido concluída neste prazo, a autoridade deverá encaminhar imediatamente relatório
das diligências realizadas ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, bem como definir
o tempo que será necessário para o término dos trabalhos.
Ao finalizar a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar de forma fundamentada
pelo arquivamento, pela instauração de sindicância ou processo administrativo.
No caso de instauração de procedimento administrativo (sindicância ou processo admi-
nistrativo), poderá o Delegado de Polícia determinar (de forma fundamentada) as seguintes
providências de acordo com a necessidade do caso:
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z Afastamento preventivo do policial civil, quando necessário a moralidade administrativa
ou a repercussão do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens (continua receben-
do). O afastamento será de até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por
igual período, sendo este tempo de afastamento computável como efetivo exercício do
serviço, de modo a não ser descontado da pena de suspensão eventualmente aplicada;
z Designação do policial acusado para o exercício de atividades exclusivamente burocráti-
cas até decisão final do procedimento;
z Recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas;
z Proibição do porte de armas;
z Comparecimento obrigatório, em periodicidade determinada, para tomar ciência dos atos
do procedimento.

Salienta-se, por fim, que a autoridade que determinar ou presidir a sindicância ou o pro-
cesso administrativo poderá representar ao Delegado Geral de Polícia para propor a aplica-
ção de qualquer uma destas medidas, bem como de sua cessação ou alteração. Poderá, ainda,
fazer cessar ou alterar tais medidas por meio de despacho fundamentado.

PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

São instrumentos para apuração das infrações disciplinares a sindicância e o processo admi-
nistrativo. A escolha do procedimento utilizado levará em conta a pena a ser aplicada, ou seja,
para as penas de advertência, repreensão, multa e suspensão, utiliza-se a Sindicância por
ser um procedimento mais simplificado. Já para as penas de demissão comum, demissão a
bem do serviço público, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, utiliza-se o Processo
Administrativo.
Independente da escolha entre Sindicância ou Processo Administrativo, é assegurado ao
policial civil o exercício do direito do contraditório e da ampla defesa.

INSTRUMENTOS DE APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES


14
8-

SINDICÂNCIA PROCESSO ADMINISTRATIVO


41

Para penas de: Para penas de:


12.

z Advertência; z Demissão;
.4
41

z Repreensão; z Demissão a bem do serviço público


-3

z Multa; z Cassação de aposentadoria


s
co

z Suspensão.
ar
M

No caso de acumulação não permitida de cargos públicos e de abandono de cargo, o pro-


NOÇÕES DE DIREITO

cesso utilizado é mais simples (sumário) por existir prova documental pré-constituída. Nes-
tes casos, o processo será extinto com o pedido de exoneração do servidor.
Demissão e exoneração não se confundem. Enquanto demissão é penalidade, a exoneração
não constitui pena. Ela pode se dar a pedido do próprio agente ou nos casos em que a legisla-
ção estabelece, como, por exemplo, daquele servidor público que não é aprovado em estágio
probatório. Além disso, se a demissão é a bem do serviço público, sua consequência é maior
e mais grave do que a demissão comum, pois impede, em regra, o reingresso do servidor ao
serviço público.
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A Sindicância é um procedimento investigativo destinado a constatar a existência ou
não de determinada irregularidade no serviço público, bem como de sua autoria. Ela não
constitui etapa preparatória para o processo disciplinar, sendo que a escolha por este pro-
cedimento leva em consideração as possíveis penalidades a serem aplicadas.
Para a sua instauração, é preciso considerar o agente transgressor, uma vez que a Lei Orgâ-
nica fixa as autoridades competentes de acordo com o agente e as penalidades aplicadas, con-
forme explanado anteriormente. No caso de a determinação incluir Delegado de Polícia, são
competentes para instaurar a Sindicância: o Governador, o Secretário de Segurança Pública, o
Delegado Geral de Polícia e o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria. O Delegado de Polí-
cia Diretor da Corregedoria poderá instaurar sindicância contra Delegado de Polícia, porém
não poderá aplicar punição.
Ao instaurar a Sindicância, a autoridade responsável por presidi-la, deverá comunicar o
fato à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao órgão setorial de pessoal, sendo que a ela se
aplicam as mesmas regras do processo administrativo, exceto:

z Testemunhas: cada acusado e a autoridade sindicante podem arrolar até 3 (três)


testemunhas;
z Prazo de conclusão: 60 (sessenta) dias;
z Relatório: enviado à autoridade competente para a decisão.

Caso a autoridade competente seja o Delegado Geral de Polícia, ele poderá, de acordo com
sua conveniência, solicitar manifestação do Conselho da Polícia Civil, antes de opinar ou pro-
ferir decisão em sindicância.
Assim como a Sindicância, o Processo Administrativo também é procedimento investigativo
para apurar a existência ou não de irregularidade no serviço público e sua autoria. Ele irá
recair sobre as penalidades mais graves: demissão comum, demissão a bem do serviço público,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
Da mesma maneira com que ocorre na Sindicância, para a sua instauração, é necessário
considerar o agente transgressor, pois a Lei Orgânica fixa as autoridade competente levando
14
8-

em conta o agente e as penalidades aplicadas (conteúdo já explanado). No caso do procedi-


41

mento recair sobre Delegado de Polícia, serão competentes para instaurar do Processo Admi-
12.

nistrativo o Governador, o Secretário de Segurança Pública e o Delegado Geral de Polícia.


.4
41

É importante saber que o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria poderá instau-


-3

rar sindicância, mas não o Processo Administrativo.


s
co

Instaurado o processo administrativo, ele passa a ser presidido por Delegado de Polícia,
ar

auxiliado por um Escrivão de Polícia, que atuará como secretário. No caso de o agente trans-
M

gressor ser Delegado de Polícia, a autoridade que irá presidi-lo deve ser de classe igual ou
superior ao acusado.
Deve-se ter em mente que para manter a lisura do processo, o encarregado da apuração
assim como o secretário não poderão ser: amigo íntimo ou inimigo, parente consanguíneo
ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau inclusive, cônjuge, companheiro ou
qualquer integrante do núcleo familiar do denunciante ou do acusado ou subordinado deste.
Se houver um destes impedimentos, a autoridade responsável por presidi-la ou o secretário
designado deverão comunicar desde logo.

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O Processo Administrativo é iniciado mediante Portaria no prazo improrrogável de 8 (oito)
dias contados do recebimento da determinação. O prazo para conclusão do procedimento é
de 90 (noventa) dias após a citação do acusado.
Devem constar na Portaria de instauração o nome e a identificação do acusado, bem
como a infração que lhe é atribuída, com descrição sucinta dos fatos e indicação das normas
violadas.
Finalizado o prazo sem que a investigação tenha sido concluída, a autoridade deverá enca-
minhar imediatamente ao Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando
as providências não realizadas e o tempo necessário para o seu término. Caso ocorra a pror-
rogação, porém o processo administrativo não tenha sido finalizado em 180 (cento e oitenta)
dias, deverá o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria justificar tal fato ao Delegado
Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública.
Após a Portaria e as peças preexistentes serem autuadas (reunidas em forma de processo),
a autoridade responsável por presidi-la designará dia e hora para audiência de interrogató-
rio, determinando a citação do acusado e a notificação do denunciante, se houver. No man-
dado de citação, em conformidade com o artigo 98, §1º, devem conter:

z Cópia da portaria;
z Data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acompanhado pelo advogado do
acusado;
z Data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que poderá ser acompanhada pelo
advogado do acusado;
z Esclarecimento de que o acusado será defendido por advogado dativo (nomeado pela
autoridade), caso não constitua advogado próprio;
z Informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas e requerer provas, no prazo de
3 (três) dias após a data designada para seu interrogatório;
z Advertência de que o processo será extinto se o acusado pedir exoneração até o interrogató-
rio, quando se tratar exclusivamente de abandono de cargo.
14
8-

A citação do acusado é feita pessoalmente, por intermédio do respectivo superior hierárqui-


41

co, ou diretamente, com, no mínimo, 2 (dois) dias de antecedência do interrogatório. No caso


12.

de o agente não ser encontrado (paradeiro ignorado), a citação será feita por edital, publicado
.4
41

uma vez no Diário Oficial do Estado, com, no mínimo, 10 (dez) dias antes do interrogatório.
-3

No caso de existir denunciante, este prestará declarações entre a data da citação e a do


s
co

interrogatório do acusado, sendo notificado para tal fim. O advogado do acusado poderá
ar

acompanhar a oitiva do denunciante, ao contrário do acusado que não pode assisti-la. Obser-
M

va-se, entretanto, que o acusado pode ter declarações prestadas pelo denunciante antes de seu
NOÇÕES DE DIREITO

interrogatório.
Não comparecendo o acusado (citado pessoalmente ou por edital), será decretada (por
despacho da autoridade que preside) a sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e ter-
mos do processo. Para o acusado revel será nomeado advogado dativo. Comparecendo ao
interrogatório, o acusado poderá constituir advogado para representá-lo em todos os atos e
termos do processo. Caso não possua recursos financeiros ou se negue a constituir advoga-
do, a autoridade que preside o processo nomeará advogado dativo, podendo o acusado, no
entanto, constituir a qualquer tempo advogado para prosseguir na sua defesa. O advogado
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constituído será intimado por publicação no Diário Oficial do Estado. É faculdade do acusa-
do tomar ciência ou assistir aos atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer
notificação.
Comparecendo ou não o acusado ao interrogatório, tem-se início ao prazo de 3 (três) dias
para requerer a produção de provas, ou apresentá-las. É possível, também, que o acusado
arrole (indique) até 5 (cinco) testemunhas, que deverão comparecer independente de notifi-
cação. Com relação as prova de antecedentes do acusado, está será feita exclusivamente por
documentos e até a apresentação das alegações finais.
Até a data do interrogatório, deverá ser designada a audiência de instrução para a oitiva
das testemunhas arroladas pelo presidente, em número não superior a 5 (cinco), assim como
aquelas arroladas pelo acusado. Caso a testemunha seja servidor público, seu comparecimen-
to poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato com as indicações necessárias ao seu
comparecimento.
Todas as testemunhas são obrigadas a depor, não podendo se eximir desta obrigação,
exceto no caso de ascendente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente separado,
companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado ou do
denunciante. O depoimento deverá ser realizado, no entanto, quando não for possível, por
outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. No caso do
policial civil que se recuse, sem justa causa, a depor, ele terá suspenso o pagamento de seu
vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exigência.
São proibidas de depor as pessoas que devam guardar segredo em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, salvo se, desobrigadas pela parte interessada e quiserem dar
o seu testemunho.
No caso de a testemunha residir em local diverso daquele em que o ocorre o processo
administrativo, ela poderá ser inquirida por autoridade do lugar de sua residência, por meio
de Carta Precatória com prazo razoável, devendo intimar a defesa do depoimento a ser
prestado fora da sede de seu exercício. No caso do policial civil que exerce funções em loca-
lidade diversa, ele também poderá ser ouvido por Carta Precatória ou, no caso de ter que se
deslocar a outra sede, fará jus ao transporte e diárias na forma da legislação em vigor.
14
8-
41
2.

Importante!
1
.4
41

A precatória deve constar a síntese da imputação e os esclarecimentos pretendidos e a


-3

sua expedição não suspenderá a instrução do procedimento, ou seja, o prazo e o procedi-


s
co

mento continuam correndo normalmente.


ar
M

A testemunha que não comparecer espontaneamente ou cujo depoimento for relevante


deverá ser notificada. Se ela não for localizada, é facultado à defesa substituí-la, comparecen-
do essa na mesma data designada para a audiência independente de notificação.
É possível em qualquer fase do processo, que a autoridade que preside o processo, de
ofício ou a requerimento da defesa, ordene outras diligências que entenda convenientes. As
informações necessárias à instrução do processo poderão ser solicitadas diretamente (sem
necessidade de observância de vinculação hierárquica), mediante ofício, que deverá ser jun-
tada aos autos. Caso seja necessário o concurso de técnicos ou peritos oficiais, a autoridade
presidente procederá à requisição, observado os mesmos procedimentos daqueles para as
90 testemunhas de defesa e de acusação.
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No curso da instrução, os autos do processo permanecerão na repartição, concedendo ao
acusado vista dos autos mediante simples solicitação e sempre que não prejudicar o curso
do procedimento. Observa-se, entretanto, que a concessão de vista será obrigatória, no prazo
para manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, mediante publicação no
Diário Oficial do Estado. Durante este prazo para manifestação, é assegurado ao advogado do
acusado retirar os autos da repartição, mediante recibo, salvo nas seguintes hipóteses: prazo
comum, processo sob regime de segredo de justiça, quando existirem nos autos documentos
originais de difícil restauração, circunstância relevante que justifique a permanência dos
autos na repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado.
Os requerimentos tidos como irrelevantes para o processo, assim como as provas ilícitas,
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias poderão ser indeferidos pelo presidente,
mediante decisão fundamentada.
Caso surgirem no curso do processo novos fatos imputáveis ao acusado, o presidente
poderá promover a instauração de novo procedimento para sua apuração ou aditada à
portaria, se entender conveniente, reabrindo neste caso a oportunidade de defesa.
Finalizada a fase probatória, será concedido vista dos autos à defesa para apresentação
das alegações finais, no prazo de 7 (sete) dias. Se esta não for apresentada no prazo, o presi-
dente designará advogado dativo, concedendo-lhe novo prazo.
Apresentada as alegações finais, o presidente deverá elaborar relatório no prazo de 10
(dez) dias a contar da sua apresentação. O relatório deverá descrever as irregularidades
imputadas, as provas colhidas e as razões de defesa, em relação a cada acusado, separada-
mente. Por fim, ela deverá propor a absolvição ou punição, indicando, nesse caso, a pena que
entender cabível. O relatório poderá conter sugestão de quaisquer outras providências de
interesse do serviço público.
O processo será encaminhado ao Delegado Geral de Polícia, que o submeterá no prazo de
48 (quarenta e oito) horas ao Conselho da Polícia Civil. Caso entenda necessário, o Presidente
do Conselho da Polícia Civil poderá determinar a realização de diligência, sempre que neces-
sário ao esclarecimento dos fatos no prazo de 20 (vinte) dias.
Determinada a diligência, a autoridade encarregada do processo administrativo terá que
14
8-

cumpri-la no prazo de 15 (quinze) dias, abrindo-se vista à defesa para manifestação em 5


41

(cinco) dias.
12.

Cumpridas todas as diligências, o Conselho da Polícia Civil emitirá parecer conclusivo


.4
41

no prazo de 20 (vinte) dias e encaminhará os autos ao Delegado Geral de Polícia, que, no


-3

prazo de 10 (dez) dias, emitirá manifestação conclusiva e encaminhará o processo admi-


s
co

nistrativo à autoridade competente para decisão. A autoridade que proferir a decisão deter-
ar

minará os atos dela decorrentes e as providências necessárias à sua execução.


M

NOÇÕES DE DIREITO

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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica
Nenhum ato processual que não houver influenciado na apuração da verdade (substan-
cial) ou influenciado diretamente na decisão do processo ou sindicância poderá ser decla-
rado nulo.

Quando possível, os termos lavrados pelo secretário adotarão forma processual resumida,
englobando autuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, além de certi-
dões e compromissos. Toda e qualquer juntada aos autos será feita em ordem cronológica da
apresentação, com a rubrica do presidente nas folhas acrescidas. Será proibido fornecer à
14

imprensa ou a outros meios de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse
8-

da Administração, a juízo do Delegado Geral de Polícia.


41
2.

Após o decurso de 5 (cinco) anos de efetivo exercício, contados do cumprimento da sanção


1
.4

disciplinar, sem o cometimento de nova infração, a punição não mais poderá mais ser consi-
41

derada em prejuízo do infrator, inclusive para efeito de reincidência.


-3
s
co

REVISÃO DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR


ar
M

Da decisão que aplicar a penalidade será cabível, por uma única vez, recurso, no prazo de
30 (trinta) dias, contado da publicação em Diário Oficial do Estado da decisão impugnada. No
caso de a punição ser de advertência e, portanto, sem a publicidade, o prazo será contado da
data em que o policial for pessoalmente intimado da decisão.
Quanto ao recurso, este deverá conter nome e qualificação do recorrente e a exposição
das razões de inconformismo. Ele será apresentado à autoridade que aplicou a pena, que,
por sua vez, terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, manter sua decisão ou refor-
má-la. No caso de manutenção da decisão ou de reformada parcialmente, esta será imediata-
mente encaminhada a reexame pelo superior hierárquico.
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Ressalta-se que mesmo que o recurso seja incorretamente denominado ou endereçado ele
será objeto de apreciação pela autoridade competente.
Não obstante, é cabível, no prazo de 30 (trinta) dias, pedido de reconsideração de deci-
são tomada pelo Governador do Estado em única instância. Tal pedido não poderá ser
renovado.
Os recursos disciplinados pela Lei Orgânica não têm efeito suspensivo, ou seja, a puni-
ção será executada independentemente do recurso por não existir paralisação do processo
durante a sua apuração. No caso de o recurso ser acatado (provido), deverão ser promovidas
as retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato punitivo.
Importante mencionar que será admitido, a qualquer tempo, a revisão de punição disci-
plinar se surgirem fatos ou circunstâncias, ainda, não apreciados ou com vícios insanáveis
de procedimento. A revisão pode dar ensejo à redução ou anulação da pena aplicada. Em
hipótese alguma a pena será agravada pela revisão. Ressalta-se que a mera alegação da injus-
tiça da decisão não constitui fundamento do pedido de revisão. Além disso, não será permi-
tida a reiteração de pedido pelo mesmo fundamento. Os pedidos formulados em desacordo
com a legislação serão indeferidos.
Quanto ao ônus da prova (dever de apresentar as provas), este incumbe ao requerente.
A instauração de processo revisional poderá ser requerida fundamentadamente e sempre
por intermédio de advogado, pelo interessado ou, no caso de seu falecimento ou incapaci-
dade, por seu cônjuge, companheiro, ascendente, descendente, irmão ou curador. O pedido
será instruído pelas provas que o requerente possuir ou com a indicação daquelas que ele
pretende produzir.
A autoridade que aplicou a penalidade ou que a confirmou em grau de recurso será a
responsável pelo exame da admissibilidade do pedido de revisão. Aceito (deferido) o pedido
de processamento da revisão, este será realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou
superior ao acusado, que não tenha funcionado no procedimento disciplinar de que resultou
a punição do requerente.
Após o recebimento do pedido, a autoridade presidente do processo irá providenciar o
apensamento dos autos originais e notificará o requerente para, no prazo de 8 (oito) dias,
14
8-

oferecer rol de testemunhas ou requerer as provas que pretende produzir.


41

No curso da revisão serão observadas as normas previstas para o processo administrativo.


12.

Caso o processo seja julgado procedente, a revisão poderá: alterar a classificação da infração,
.4
41

absolver o punido, modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo-os direitos atingi-


-3

dos pela decisão reformada.


s
co
ar
M

HORA DE PRATICAR!
NOÇÕES DE DIREITO

1. (VUNESP — 2022) Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, segundo a


Constituição Federal de 1988, dentre outros:

a) solução pacífica dos conflitos.


b) independência nacional.
c) a dignidade da pessoa humana.
d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação. 93
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reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
e) repúdio ao terrorismo e ao racismo.

2. (VUNESP — 2022) Nos termos da Constituição Federal, é correto afirmar que a República Fede-
rativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem, entre outros, como fundamento:

a) a erradicação da pobreza e da marginalização.


b) a dignidade da pessoa humana.
c) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
d) a garantia do desenvolvimento nacional.
e) a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e idade.

3. (VUNESP — 2022) Júpiter está arrumando a ligação elétrica de sua casa, com ajuda de Jano, seu
amigo, que lhe segura a escada. Deixando de observar um dever objetivo de cuidado, Júpiter faz
uma ligação equivocada e recebe uma alta descarga de energia, sofrendo inutilização perma-
nente de membro. No mesmo incidente, Jano sofre uma lesão corporal leve. Em outro cenário,
Saturno, pai dedicado e amoroso, está dando banho em seu filho, Nemestrino. Imprudentemente,
Saturno deixa Nemestrino cair no chão, o que causa a morte imediata do bebê. No que concer-
ne à lesão corporal sofrida por Jano e ao homicídio praticado por Saturno, o perdão judicial, ao
menos em tese:

a) aplica-se ao primeiro caso e depende de concordância da mãe de Nemestrino para aplicação ao


segundo.
b) aplica-se ao segundo caso, mas não ao primeiro.
c) não se aplica a nenhum dos casos.
d) aplica-se a ambos os casos.
e) aplica-se ao primeiro caso, mas não ao segundo.
14

4. (VUNESP — 2022) Considere o seguinte caso hipotético: Matífanis induz Kiitemis, criança de 11
8-

anos, a se automutilar. Kiitemis se automutila tão gravemente que vem a falecer em razão das
41
2.

inúmeras lesões perpetradas.


1
.4

Diante desta situação e nos termos do Código Penal, é correto afirmar que Matífanis ao induzir
41
-3

Kiitemis, resultando em sua morte,


s
co

a) responderá pelo crime de lesão corporal dolosa com resultado morte.


ar
M

b) responderá pelo crime de homicídio.


c) responderá pelo crime de suicídio.
d) responderá pelo crime de lesão corporal culposa com resultado morte.
e) não responderá por qualquer crime.

5. (VUNESP — 2022) Tício, técnico em manutenção de equipamentos, de forma imperita, instalou,


em sua própria casa, suporte de ar-condicionado não compatível com o peso do aparelho que,
passados poucos dias da instalação, desprendeu-se da parede, vindo a atingir seu próprio filho,
que brincava no quintal. A criança, atingida na cabeça, teve traumatismo craniano, com sequela
de convulsões periódicas.
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Haja vista a situação hipotética, assinale a alternativa correta.

a) Ticio praticou o crime de lesão corporal, nos exatos termos do “caput”, do artigo 129, do CP.
b) Tício praticou o crime de lesão corporal culposa, de natureza grave, nos exatos termos do artigo
129, parágrafo 6o, do CP.
c) A Tício, dadas as circunstâncias, é possível a aplicação de perdão judicial, nos exatos termos do
parágrafo 8o, do artigo 129, CP.
d) Tício praticou o crime de lesão corporal culposa, com causa de aumento em razão de a vítima ser
criança, nos exatos termos do parágrafo 7o, do artigo 129, CP.
e) Tício praticou o crime de lesão corporal, de natureza grave, nos termos do parágrafo 1o, do artigo
129, CP.

6. (VUNESP — 2021) O crime de furto tem pena aumentada de 1/3 (um terço), nos expressos ter-
mos do art. 155, § 1º do CP, se o crime é praticado

a) durante o repouso noturno.


b) mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas.
c) com emprego de chave falsa.
d) com destruição ou rompimento de obstáculo à sub tração da coisa.
e) com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca lada ou destreza.

7. (VUNESP — 2020) O crime de roubo tem pena aumentada (CP, art. 157, § 2º e 2º A) se

a) o bem subtraído é de propriedade de ente público Municipal, Estadual ou Federal.


b) a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
c) praticado em transporte público ou coletivo.
d) cometido por quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun-
ção pública.
14

e) cometido por quem for ocupante de cargos em comissão ou de função de direção ou assessora-
8-

mento de órgão de empresa pública.


41
12.
.4

8. (VUNESP — 2022) Considere a seguinte hipótese: Petrônio e Cesarino são estudantes e colegas de
41

faculdade. Em um almoço em que os dois e outros colegas estão sentados à mesma mesa, Petrô-
-3

nio, com intenção de causar prejuízo econômico a Cesarino, derrama água de uma jarra inteira
s
co

sobre o computador pessoal que ele pensa ser de Cesarino. A ação é motivada por uma discussão
ar
M

sobre futebol. Ocorre que Petrônio, já obnubilado pela bebida alcoólica que havia ingerido, acaba se
confundindo e derrama água somente sobre o próprio computador pessoal – o que efetivamente o
NOÇÕES DE DIREITO

danifica. Em face do exposto, é correto afirmar que

a) Petrônio cometeu crime de dano na modalidade tentada, com agravante da embriaguez.


b) o fato é típico, mas não ilícito.
c) o fato é atípico.
d) Petrônio cometeu crime de dano consumado, uma vez que o erro sobre a pessoa não o isenta de
pena.
e) Petrônio cometeu crime de dano qualificado, tendo em vista o motivo egoístico.
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9. (VUNESP — 2021) A respeito do crime de petrechos de falsificação, previsto no artigo 294, do
Código Penal, é correto dizer que

a) É crime próprio de funcionário público.


b) Admite a modalidade culposa.
c) É crime material.
d) É instantâneo.
e) É tipo misto alternativo.

10. (VUNESP — 2021) Considere o seguinte caso hipotético: “A”, servidor público, ao término do
expediente, fecha sua seção, mas, inadvertidamente, esquece uma das janelas aberta. “B”, ao
constatar que a janela está aberta, aproveita- -se da situação, adentra à seção onde “A” trabalha
e subtrai um computador.

Diante apenas das informações contidas no enunciado e nos termos do previsto no Código Penal,
é correto afirmar que

a) “A” cometeu o crime de peculato culposo.


b) “B” cometeu o crime de peculato furto.
c) “A” e “B” cometeram o crime de peculato culposo em coautoria.
d) “A” e “B” cometeram o crime de peculato furto em coautoria.
e) “A” não cometeu qualquer crime.

11. (VUNESP — 2020) Considere a seguinte situação hipotética: o servidor municipal X tem sob sua
responsabilidade R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais destinados ao abastecimento de cinco
veículos oficiais do setor que coordena; entretanto, em janeiro último, utilizou, parte desse mon-
tante, R$ 300,00 (trezentos reais), para o conserto de duas impressoras a laser, um computador
e o bebedouro, utilizados por todos que ali exercem suas funções. Diante disso, a conduta do
14

servidor municipal X configura


8-
41
2.

a) peculato culposo.
1
.4

b) excesso de exação.
41

c) peculato.
-3

d) emprego irregular de verbas ou rendas públicas.


s
co

e) advocacia administrativa.
ar
M

12. (VUNESP — 2022) A ausência de violência na ação daquele que, sem expressa permissão legal,
faz justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima,

a) torna o fato atípico.


b) é causa de diminuição de pena.
c) torna o fato lícito.
d) torna a ação penal privada.
e) possibilita a aplicação de perdão judicial.

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13. (VUNESP — 2022) Tendo em conta as disposições do Código de Processo Penal, a respeito do
inquérito policial, assinale a alternativa correta.

a) Instaurado o Inquérito Policial, tanto o investigado quanto a vítima poderão requerer diligências,
que deverão ser realizadas pela Autoridade Policial.
b) Nos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, a Autoridade Policial poderá requisitar direta-
mente às empresas prestadoras de serviço de telecomunicação que disponibilizem os meios
técnicos adequados que permitam a localização da vítima.
c) A Autoridade Policial não pode determinar o arquivamento do Inquérito Policial, sendo certo que
uma vez arquivado por determinação da Autoridade Judicial, somente poderá iniciar novas pes-
quisas se houver notícias de provas novas.
d) Instaurado o inquérito policial, a Autoridade Policial poderá requisitar de quaisquer órgãos do
poder público ou de empresas da iniciativa privada dados e informações cadastrais da vítima e
de suspeitos, independentemente do crime investigado.
e) Sempre que tomar conhecimento de fato criminoso, a Autoridade Policial determinará, de ofício, a
instauração de inquérito policial, restando, no entanto, a continuidade da investigação condicionada
à manifestação da vítima, em se tratando de crime de ação penal privada.

14. (VUNESP — 2020) Assinale a alternativa cujas informações preenchem, correta e respectiva-
mente, as lacunas, nos termos do caput do art. 4º do CPP.

“A polícia judiciária será exercida no território de suas respectivas circunscrições


e terá por fim a apuração ”.

a) pelos Delegados de Polícia ... dos fatos que impliquem em crime de ação pública incondicionada
b) pelos Delegados de Polícia ... das infrações penais, mediante autorização judicial
c) pelas autoridades policiais ... das infrações penais e da sua autoria
d) pelas autoridades policiais ... das infrações penais, mediante autorização judicial
14

e) pelos Juízes Corregedores ... das infrações penais e da sua autoria


8-
41
2.

15. (VUNESP — 2022) Tendo em vista os dispositivos penais relacionados à prova, constantes do
1
.4

Código de Processo Penal, é correto dizer que o sistema processual penal adotado pelo ordena-
41

mento brasileiro é
-3
s
co

a) acusatório, em que a iniciativa da prova é exclusiva das partes, sendo vedado ao Juiz determinar,
ar
M

de ofício, a produção de qualquer prova.


b) acusatório, em que a prova é incumbência das partes, sendo permitido ao Juiz, contudo, ativi-
NOÇÕES DE DIREITO

dade suplementar, como, por exemplo, a oitiva de testemunha não arrolada, imprescindível para
elucidação de ponto relevante.
c) misto, em que há uma fase investigatória conduzida por um Juiz, que pode determinar a produ-
ção de provas, de ofício, seguida de uma fase acusatória, presidida por Juiz diverso da primeira
fase, em que a iniciativa da prova compete às partes.
d) acusatório, em que a iniciativa da prova incumbe exclusivamente às partes, excepcionado o pro-
cesso de apuração e julgamento das contravenções penais, em que a gestão da prova fica a
cargo do Juiz.
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e) inquisitivo, já que, a despeito de incumbir às partes a prova das alegações feitas, o Juiz pode
ordenar, de ofício, a produção de provas para dirimir dúvidas sobre ponto relevante.

16. (VUNESP — 2022) É correto afirmar que, hodiernamente, a prova digital:

a) apesar de se tratar de meio de prova ilegítimo, admite- se a sua utilização na defesa do acusado.
b) apesar de se tratar de meio de prova ilícito, admite-se a sua utilização na defesa do acusado.
c) consiste em meio ilegítimo de prova, sendo vedada a sua utilização.
d) consiste em meio lícito e legítimo de prova e seu uso encontra alicerce na legislação.
e) consiste em meio ilícito de prova, sendo vedada a sua utilização.

17. (VUNESP — 2022) A respeito do exame de corpo de delito, tendo em conta as disposições do
Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.

a) Tratando-se de autopsia, o exame não poderá ser realizado antes de passadas seis horas da data
do óbito.
b) A coleta de vestígios relacionados à infração penal deverá ser realizada por perito oficial.
c) A indicação de assistente técnico e a apresentação de quesitos pela vítima só têm cabimento na
fase judicial, não sendo possíveis na fase de inquérito.
d) Tratando-se de crime que envolva violência doméstica ou pessoa com deficiência, o exame de
corpo de delito terá prioridade de realização.
e) As etapas e ordem da cadeia de custódia de vestígios relacionados à infração penal são reconhe-
cimento, isolamento, coleta, processamento e descarte.

18. (VUNESP — 2022) Nos que concerne à cadeia de custódia e das perícias previstas no Código de
Processo Penal, é correto afirmar:

a) vestígio é todo material encontrado e recolhido no local da infração, que se relaciona ou não com
14

a infração penal, mas que poderá receber essa denominação pelo Delegado de Polícia.
8-

b) após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido ao Delegado de Polícia, que poderá
41
2.

determinar a remessa à central de custódia, quando então deverá nela permanecer.


1
.4

c) caso a central de custódia não possua espaço para armazenar determinado material, deverá o
41

Ministério Público determinar as condições de depósito do referido material em local diverso,


-3

mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.


s
co

d) o início da cadeia de custódia dá-se com a apreensão dos objetos pela autoridade policial, assim
ar
M

como com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.
e) considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

19. (VUNESP — 2022) Tendo em conta as disposições relativas aos peritos e intérpretes, constantes
do Código de Processo Penal, é correto dizer que

a) uma vez nomeado pela autoridade, o perito é obrigado a aceitar o cargo.

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b) não se aplicam aos intérpretes as causas de suspeição dos juízes, aplicando-se, contudo, aos
peritos.
c) tanto o perito quanto o intérprete são passíveis de condução determinada pela autoridade, caso
não atendam à intimação, sem justa causa.
d) não se aplicam aos peritos as causas de suspeição dos juízes.
e) podem figurar como peritos os maiores de 18 anos, sendo vedados, no entanto, os analfabetos.

20. (VUNESP — 2022) De acordo com a Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Lei
Complementar no 207/79), o Delegado Geral de Polícia poderá aplicar, como punição disciplinar,
a pena de

a) cassação de aposentadoria.
b) demissão a bem do serviço público.
c) suspensão.
d) demissão.
e) disponibilidade.

9 GABARITO

1 D

2 B

3 D

4 B

5 C

6 A

7 B

8 C
14

9 E
8-

10 A
41
2.

11 D
1
.4

12 D
41
-3

13 C
s
co

14 C
ar

15 B
M

16 D
NOÇÕES DE DIREITO

17 D

18 E

19 C

20 C

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ANOTAÇÕES

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12.
.4
41
-3
s
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100
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