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Especies Arboreas Brasileiras Vol 1 Cassia Rosea
Especies Arboreas Brasileiras Vol 1 Cassia Rosea
Cassia grandis
Cássia-Rósea
Cassia grandis
Arborização urbana (Carlópolis, PR)
Foto: Eduardo B. Fernandes
Folhas
Foto: Paulo Ernani R. Carvalho
Casca externa
Foto: Paulo Ernani R. Carvalho
Sementes
Fruto Foto: Carlos Eduardo F. Barbeiro
Foto: Paulo Ernani R. Carvalho
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Cássia-Rósea
Cassia grandis
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áspera a levemente fissurada e com pouca Variação altitudinal: de 10 m, no Pará a 400 m
escamação. A casca interna é vermelha-amarelada. de altitude, no Estado do Rio de Janeiro, no
Brasil. A espécie atinge até 1.200 m de altitude na
Folhas: compostas, paripinadas, com 8 a 20 América Central, em Honduras (Benitez Ramos &
pares de folíolos oblongos, de 3 a 6 cm de Montesinos Lagos, 1988).
comprimento, finamente pilosos, arredondados Distribuição geográfica: Cassia grandis ocorre
ou obtusos no ápice. de forma natural no sul do México, na Costa Rica
Flores: exuberantes, de coloração (Holdridge & Poveda, 1975), em Honduras
(Benitez Ramos & Montesinos Lagos, 1988),
róseo-amarelada, raramente brancas, vistosas,
no Panamá, em Porto Rico (Little Junior &
agrupadas em racemos axilares, até 11 cm de Wadsworth, 1964), na Colômbia (Duarte &
comprimento, cobrindo totalmente a copa, ainda Montenegro, 1987), na Guiana, na Guiana
quando está sem folhas. Francesa, no Peru, no Suriname, e na Venezuela.
Fruto: legume lenhoso indeiscente, cilíndrico, No Brasil, essa espécie ocorre nos seguintes
irregular, geralmente com 11 a 60 cm de Estados (Mapa 40).
comprimento e 36 a 50 mm de diâmetro, de duas • Amazonas (Ducke, 1949; Silva et al., 1989).
suturas longitudinais e nervuras salientes, grossas, • Amapá (Silva et al., 1989).
que ligam as suturas.
• Bahia (Lewis, 1987).
Quebrando o pericarpo, aparecem os septos • Maranhão (Ducke, 1953).
circulares que separam as sementes, e uma massa
• Mato Grosso (Guarim Neto, 1991; Maciel
preta, pegajosa e adocicada. O fruto maduro é et al., 1991; Guarim Neto et al., 1996).
marrom-escuro externamente, e contém muitas
• Mato Grosso do Sul (Pott & Pott, 1994).
sementes.
• Pará (Ducke, 1949; Paula, 1982; Silva et al.,
Semente: dura, oval ou obovóide, aplainada de 1989).
um lado e carinada do outro, brilhante,
• Paraíba (Ducke, 1953).
castanho-amarelo-claro, com excisão no hilo,
com até 1 cm de comprimento. • Pernambuco (Lima, 1956).
• Estado do Rio de Janeiro (Carauta & Rocha,
1988; Guimarães et al., 1988; Piña-Rodrigues
Biologia Reprodutiva et al., 1997).
e Fenologia • Roraima (Silva et al., 1989).
Sistema sexual: planta hermafrodita. • Sergipe (Lima et al., 1979).
• Tocantins (Ducke, 1953).
Vetor de polinização: principalmente as abelhas,
destacando-se na Região de Manaus, AM,
Melipona compressipes manaosensis Aspectos Ecológicos
(Marques-Souza et al., 1998).
Grupo sucessional: espécie pioneira
Floração: de agosto a outubro, no Estado de (Piña-Rodrigues et al., 1997) a secundária inicial.
São Paulo; de outubro a novembro, na Bahia, no
Estado do Rio de Janeiro e em Sergipe e, de Características sociológicas: a cássia-rósea é
comum em locais úmidos e em pastagem.
novembro a dezembro, em Mato Grosso do Sul.
Regiões fitoecológicas: Cassia grandis ocorre
Frutificação: frutos imaturos o ano todo e frutos
principalmente na Floresta Ombrófila Densa
maduros ocorrem de outubro a novembro, no (Floresta Amazônica) Aluvial, ao longo dos rios
Estado de São Paulo e, de novembro a dezembro, Amazonas e Tocantins e na Floresta Estacional
em Mato Grosso do Sul. O processo reprodutivo Semidecidual Aluvial.
inicia por volta dos 10 anos de idade, em plantio.
Cassia grandis é encontrada como espécie
Dispersão de frutos e sementes: autocórica, alienígena nos capoeirões da Floresta Ombrófila
principalmente barocórica, por gravidade; Densa (Floresta Atlântica) na formação
zoocórica, notadamente por mamíferos terrestres, Baixo-Montana (Guimarães et al., 1988). É muito
e hidrocórica, devido a sua ocorrência freqüente comum nas barrancas dos rios no Pantanal
junto aos cursos de água. Mato-Grossense em área inundável (Conceição
& Paula, 1986).
Na Região Nordeste, essa espécie tem sua
Ocorrência Natural dispersão relacionada a cursos d’água e a
baixadas úmidas, suportando ambientes que se
Latitude: 20ºN no México a 23ºS no Brasil, no tornam gradativamente mais secos, sendo comum
Estado do Rio de Janeiro. nos lagos e depressões da Caatinga litorânea.
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Mapa 40. Locais identificados
de ocorrência natural de
cássia-rósea (Cassia grandis),
no Brasil.
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Produção de Mudas No Pantanal Mato-Grossense, ela é deixada nas
pastagens, pois o gado aprecia muito seus frutos,
Semeadura: recomenda-se semear em que são adocicados.
sementeiras, para posterior repicagem, ou duas
sementes em sacos de polietileno com dimensões
mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro,
Crescimento e Produção
ou em tubetes de polipropileno grande. A cássia-rósea apresenta crescimento rápido
As sementes dessa espécie devem ser semeadas a (Tabela 36). Em Foz do Iguaçu, PR, com os dados
uma profundidade máxima de 2 cm (Duarte, da Tabela 36, há estimativa de incremento
1978). A repicagem pode ser feita 2 a 3 semanas volumétrico de 15,45 m3.ha-1.ano-1, com casca,
após a germinação. calculado com valores médios e altura e de DAP.
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principalmente em acabamentos internos, Paisagístico: espécie ornamental, principalmente
carpintaria, serraria, desdobro, forro, móveis pela beleza das flores róseas (que lembram as do
rústicos, tabuado, vigas, postes, pequenas pontes, pessegueiro), que aparecem logo após a queda
embarcações e cabo para ferramenta pesada. total das folhas, dando à árvore um belíssimo
Energia: lenha de qualidade aceitável. A madeira aspecto (Braga, 1960). É usada em paisagismo e
dessa espécie é considerada boa para produção de em arborização urbana nas regiões tropicais das
carvão, álcool e coque, apresentando teor médio Américas, bem como em outros continentes
de lignina (Paula, 1980; 1982). (Lorenzi, 1992).
Celulose e papel: espécie inadequada para São restrições para seu uso: não suportar bem as
este uso. podas, sofrendo podridões e entrando em
Constituintes químicos: das sementes dessa decadência cedo; e o tamanho de suas vagens
espécie extrai-se a galactomanana, com produção lenhosas, que chegam a pesar quase 1 kg.
de 37,5% e relação de manose/galactomanana de A espécie está perfeitamente adaptada a todas as
1.7 (Buckeridge et al., 1995 regiões quentes do País, onde já é muito
Resina: extraída da casca. empregada na arborização urbana de grandes
avenidas (Cesp, 1988; Soares, 1982; Costa &
Alimentação animal: a forragem da cássia-rósea
Hihuschi, 1999). Em Recife, PE, é uma das dez
apresenta 13,3% de proteína bruta e 12,4% de
espécies mais usadas na arborização de ruas
tanino (Leme et al., 1994).
(Biondi, 1985).
Alimentação humana: na América Central,
especialmente na Costa Rica, extrai-se dos septos Reflorestamento para recuperação
que envolvem a semente dentro da vagem, um ambiental: espécie recomendada para restauração
produto sucedâneo do chocolate. de mata ciliar em locais com inundações
periódicas de rápida duração e com período curto
Apícola: as flores dessa espécie são melíferas,
de encharcamento.
com produção de pólen.
Artesanato: suas grandes vagens são usadas para
arranjos decorativos (Árvores..., 1992). Espécies Afins
Medicinal: a polpa do fruto da cássia-rósea
é amarga, tem cheiro e sabor desagradáveis, Ocorrem 15 espécies nativas ou espontâneas do
mas é usada em medicina popular por ser gênero Cassia L., nas Américas (Irwin, 1982).
laxativa, purgativa e até mesmo depurativa em Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC, com
certas enfermidades da pele (Correa, 1926). ocorrência do Ceará ao Paraná, é bastante
O café das sementes é estimulante, abortivo conhecida por canafístula, separando-se de
e tônico (Berg, 1986). Cassia grandis, por apresentar flores amarelas.
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Referências Bibliográficas
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