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grupos à parte. Hoje, se bem que ainda possam ser citadas, as expressões navios
de linha e navios ligeiros não devem constituir base para uma classificação geral
que possa incluir todos os navios de combate.
Aviões e mísseis tornaram ilimitadas as distâncias de combate, e não é pro-
vável que as forças navais modernas se defrontem em linha de batalha.
Na Segunda Guerra Mundial, a unidade básica de combate foi a Força-Tarefa
(FT) que, como o nome diz, é uma força especialmente organizada para cumprir
determinada tarefa. Como a tarefa pode variar, também varia a composição da FT,
que não é, portanto, uma força de constituição padronizada.
A propulsão nuclear permitiu um aumento extraordinário da velocidade dos
navios e autonomia praticamente ilimitada. Nos submarinos, isto significa que nada
(a não ser a fadiga de sua tripulação) os obrigará a vir à superfície, podendo operar
a altas velocidades e grandes profundidades por longos períodos.
Os submarinos têm aumentado em tamanho, potência propulsora, capacida-
de defensiva e poder de destruição, tornando-se verdadeiros cruzadores submersos;
podem atacar qualquer inimigo, inclusive instalações de terra, por meio de mísseis,
sem vir à superfície.
Nos navios de superfície de propulsão nuclear, a chaminé, admissões de ar
para o motor e grandes tanques de combustível foram eliminados; as superestrutu-
ras foram reduzidas, permitindo a instalação de novos equipamentos eletrônicos e
grandes antenas de radar; os navios podem se manter totalmente fechados, diminu-
indo a vulnerabilidade de sua instalação propulsora aos danos de combate e evitan-
do o perigo de contaminação por agentes biológicos e radioativos.
Os navios modernos não têm grandes canhões; quase todos são armados
com mísseis e canhões automáticos de pequeno calibre e tiro rápido, podendo
ainda transportar bombas anti-submarino, torpedos, minas e helicópteros. A bateria
principal é constituída por mísseis de superfície-superfície ou de superfície-ar.
Não se pode mais estabelecer uma classificação rígida de navios de guerra,
especificando as características essenciais de cada tipo. A inclusão de um navio
ligeiro na categoria de cruzador leve, fragata ou contratorpedeiro, depende de uma
classificação arbitrária da Marinha de cada país. Não há uma linha divisória entre
deslocamento, armamento e velocidade desses navios, e cada um deles tem hoje
funções múltiplas, misturando-se várias de suas antigas atribuições; qualquer um
daqueles navios, de modo geral, pode ser destinado à guerra anti-submarino, ou
fazer parte de uma cobertura para defesa antiaérea, ou ser destacado à frente de
uma força naval, como piquete ou saltador.
No que se refere à propulsão, todos os tipos estão sendo empregados nos
navios de guerra: turbina a vapor, turbina a gás, motores diesel de alta velocidade e
propulsão nuclear.
estando pronto para participar nas campanhas navais em quase todas as opera-
ções e ações de guerra naval. Sua importância pode ser avaliada, principalmente,
pelo enorme alcance de sua armas, ou seja, aviões e helicópteros.
Navios-aeródromos transportam diferentes tipos de aeronaves cujas tarefas
principais são as seguintes:
(1) patrulha e observação das forças navais de superfície, submarinos e aero-
naves inimigas;
(2) ataques às forças navais, a navios isolados inimigos e a instalações de
terra;
(3) proteção do próprio navio e de suas aeronaves, ou de outros navios, contra
a aviação adversária; e
(4) busca e ataque a submarinos.
Os porta-aviões, com suas aeronaves e a FT ao seu redor, são o coração de
uma força naval. A principal característica da estrutura dos porta-aviões é um grande
convés corrido, sem obstruções, servindo para pista e espotagem das aeronaves,
chamado convés de vôo. Todas as instalações que devem estar situadas no passa-
diço, ou nas proximidades dele, são concentradas numa superestrutura lateral, tão
estreita quanto possível, em geral a boreste, chamada ilha. As instalações
necessárias à manutenção dos aviões são encontradas cobertas abaixo. A primeira
coberta é o hangar, onde são guardados os aviões. Alojamentos do pessoal, oficinas,
paióis de sobressalentes e de material de manutenção ocupam os diferentes espaços
internos. Hangares e oficinas exigem grandes espaços livres de obstruções e, por
isso, não se encontram pés-de-carneiro, predominando a estrutura transversal, como
nos navios-tanques.
Para transporte das aeronaves há dois ou três elevadores grandes e rápidos,
que têm 1/4 a 1/3 da largura do convés, e na posição superior ficam rente a ele.
Os NAe apresentam, normalmente, um convés de vôo, reforçado para rece-
ber aviões a jato mais pesados, tornando-se o convés resistente do navio que, em
alguns casos, é encouraçado. É um convés em ângulo, permitindo que os aviões
desçam a um ângulo de 8 a 10 graus para bombordo da linha de centro do navio.
Assim, o avião pode decolar novamente caso não tenha pego o cabo do aparelho de
travamento (ou parada), sem colocar em perigo as operações de lançamento dos
outros aviões na proa. Deste modo as fainas de lançamento e recolhimento podem
ser realizadas simultaneamente. Com este dispositivo, e o advento da catapulta a
vapor, o tempo para lançar os aviões ficou reduzido à metade.
Um sistema de espelhos para orientar o pouso e um aperfeiçoado aparelho
de travamento tornam as descidas mais seguras.
Como proteção, os NAe mais modernos dispõem de couraça, compartimen-
tos estanques e um perfeito sistema de controle de avarias.
Os porta-aviões conseguem desenvolver grandes velocidades e possuem boa
estabilidade de plataforma para facilitar a decolagem e o pouso dos aviões. Nessas
operações o navio deve manter a proa na direção de onde vem o vento, ou tão
próximo a ela quanto possível, mantendo a velocidade necessária para fazer um
vento aparente no convés de cerca de 30 nós. O quadro a seguir apresenta dados
comparativos de porta-aviões:
94 ARTE NAVAL
outro de descarga. O tubo de descarga é mais curto que o de aspiração, para evitar
que os gases da combustão sejam aspirados novamente com o ar puro; isto tem
ainda a vantagem de permitir que os gases possam ser descarregados dentro d’água.
Ambos os tubos são alagados quando o submarino navega com as baterias.
Os submarinos têm seus tubos de torpedo localizados na proa e/ou na popa
(sendo uma tendência das novas classes contemplar apenas os tubos na proa). Os
torpedos são transportados dentro dos tubos e também em berços a eles destinados.
Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, a Marinha americana tinha mais
de 200 submarinos de esquadra, que haviam realizado com êxito a campanha do
Pacífico. Eles tinham notáveis equipamentos e excelentes qualidades de manobras,
1.925 toneladas de deslocamento na superfície e velocidade de 10 nós em imersão.
Adaptando a esse tipo de navio o esnorquel; retirando o canhão, apêndices e
outras projeções externas ao casco; alterando a relação boca/comprimento, de
modo a torná-lo mais curto para obter maior eficiência na navegação imersa;
modificando o desenho do casco para formas hidrodinâmicas, a Marinha americana
obteve depois da guerra um novo tipo que se libertou definitivamente da navegação
na superfície e desenvolvia maior velocidade em imersão do que na superfície. Com
a propulsão nuclear, novos progressos foram conseguidos, e um submarino moderno
difere daquele tipo, em desenho e equipamentos, nas seguintes características
principais:
O casco é em forma de gota, sendo a proa bulbosa, ao contrário dos
submarinos antigos, que tinham formas finas e a proa afilada para melhor fender o
mar na superfície; a parte horizontal do “convés” é mínima, ou não existe; a vela é
fina, assemelhando-se às nadadeiras dorsais dos peixes; o passadiço é muito
pequeno, mal alojando dois homens, permitindo aumentar as qualidades de manobras;
os timoneiros operam sentados e o equipamento de manobra dos lemes se assemelha
ao de um avião, pois as evoluções são muito rápidas; a velocidade máxima mantida
em imersão é superior a 30 nós, e o submarino pode imergir a centenas de metros
de profundidade; a capacidade de operar em imersão é limitada apenas pela
resistência física e psicológica dos tripulantes; foram obtidos novos progressos nos
equipamentos sonar e de direção do tiro; há equipamentos para navegação inercial,
navegação astronômica, e navegação por satélite (GPS); em alguns submarinos
foram instalados aparelhos de lançamento de mísseis guiados ou mísseis balísticos,
além de torpedos.
Pode-se dizer que esses submarinos modernos resultaram da combinação
dos desenhos de dois submarinos experimentais: o Nautilus, o primeiro de propulsão
nuclear, e o Albacore, de casco hidrodinâmico em forma de gota.
Os mais recentes submarinos nucleares de mísseis balísticos são os da
classe Ohio (fig. 3-6). Esses submarinos deslocam 16.600 toneladas, na superfície,
e 18.700 toneladas, submersos. Seus mísseis são do tipo Trident-I, que têm um
alcance de mais de 4.000 milhas. Além de 24 tubos para lançamento de mísseis,
esses submarinos possuem 4 tubos de torpedo MK-68.
Convém acentuar as qualidades típicas dos submarinos, que se aplicam a
todos eles, qualquer que seja o desenho, método de propulsão ou funções específicas.
A característica básica é a ocultação. Se esta não for necessária a determinada
missão, o submarino torna-se então o meio mais difícil e mais caro de executá-la.
100 ARTE NAVAL
3.5. Cruzadores
a. Funções – Os cruzadores são navios de tamanho médio, grande
velocidade, proteção de casco moderada, grande raio de ação, excelente mobilidade
e armamento de médio calibre rápido. Mísseis de longo alcance são as principais
102 ARTE NAVAL
3.6. Contratorpedeiros
a. Funções e características – Além de serem navios bastante versáteis,
os contratorpedeiros são também os mais numerosos navios de guerra do mundo.
São navios de grande velocidade, podendo desenvolver até mais de 30 nós, possuem
grande mobilidade, pequena autonomia, tamanho moderado e pequena proteção
estrutural. Seu armamento principal consta de mísseis de curto e longo alcance,
torpedos, canhões e helicópteros.
Os contratorpedeiros executam todos os tipos de tarefas. São empregados
principalmente em:
(1) proteção de um grupo de batalha nucleado em um NAe;
(2) guerra anti-submarino;
(3) ataques contra navios de superfície e alvos em terra;
(4) defesa antiaérea e antimíssil;
(5) apoio a operações anfíbias;
(6) operações de esclarecimento e como piquete radar; e
(7) escolta de comboios.
b. Armamento – Os contratorpedeiros modernos possuem mísseis de
cruzeiro de longo alcance, canhões de 4,5 ou 5 polegadas de tiro rápido, mísseis
antinavio, lançadores de torpedo, mísseis para defesa antiaérea a curta, média e
longa distâncias, helicópteros capazes de levar torpedos e mísseis e grande
capacidade de trocar informações com os navios da força por meio de link de dados.
A Marinha americana possui ainda contratorpedeiros com grande capacidade de
defesa nuclear e utilização de tecnologia stealth, a qual dificulta a identificação do
mesmo pelo inimigo, utilizando para isso diferentes tecnologias, como o uso de
superfícies e bordas em ângulo (evitando-se os ângulos retos), para diminuir sua
CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS 105
Os contratorpedei-
ros mais modernos da
Marinha americana são os
da Classe Arleigh Burke
(fig. 3-9), que possuem
uma gama de equipamen-
tos, armas e tecnologias
de última geração, poden-
do ser aplicados em qual-
quer ambiente da guerra
naval.
Na Marinha do
Brasil os contratorpedeiros
mais modernos são os da
Classe Pará (fig. 3-10).
Fig. 3-9 – Contratorpedeiro Classe Arleigh Burke
3.7. Fragatas
a. Funções e características – Intimamente ligadas aos contratorpedeiros
estão as fragatas. Cumprindo os mesmos tipos de tarefas e com características
semelhantes, estes navios se confundem. Pode-se dizer no entanto que, em geral,
as fragatas têm menor deslocamento, menor velocidade e menor quantidade de
armamento que os contratorpedeiros, mas isso está longe de ser uma regra geral e
varia de marinha para marinha. Podem atuar em qualquer ambiente da guerra naval,
sendo principalmente empregadas em:
(1) ataques contra navios de superfície;
(2) guerra anti-submarino;
(3) defesa antiaérea e antimíssil;
(4) apoio a operações anfíbias;
(5) operações de esclarecimento e como piquete radar;
(6) escolta de comboios; e
(7) guerra de corso contra a navegação mercante e combate ao narcotráfico.
Seu principal emprego é em operações de superfície e anti-submarino. As fragatas
americanas da Classe Oliver Hazard Perry (fig. 3-11) utilizam mísseis guiados na
defesa antiaérea, antimíssil e para ataque a navios de superfície. A primeira unidade
desta classe foi comissionada em 1977. Os navios da classe têm propulsão a turbina
a gás e são equipados com mísseis Standard e Harpoon, armamento de 76 e 20 mm
e dois tubos triplos de torpedo (MK-32), além de vários equipamentos utilizados na
guerra eletrônica. Elas também podem operar com dois helicópteros orgânicos.
lançam ao mar junto à praia e podem prosseguir operando em terra (com exceção
dos hovercrafts modernos que, apesar de serem embarcações de desembarque,
também prosseguem operando em terra).
c. Características principais – De modo geral, qualquer que seja o tipo, os
navios de desembarque (ND) e embarcações de desembarque (ED) têm
características que os distinguem dos demais meios das Forças Navais, quais sejam:
(1) pequeno calado – Nos navios, para possibilitar maior aproximação das
praias; e nos navios que abicam, fundo chato (para não adernarem) e hélices acima
da quilha (para não tocarem o fundo);
(2) âncoras na popa – Principalmente nos navios e embarcações maiores
que abicam, a fim de auxiliar na manutenção de posição durante a abicagem e na
manobra de retração da praia;
(3) lemes voltados para vante – Somente nas embarcações que abicam; servem
para auxiliar a manobrabilidade na retração e manutenção da posição quando
abicadas; e
(4) grande capacidade de realização de operações aéreas – Visando a
possibilitar o emprego conjunto do desembarque utilizando o movimento navio-terra
(MNT), por mar, e o movimento helitransportado (MHT), pelo ar.
As embarcações anfíbias, devido às reduzidas dimensões e fundo chato, são
normalmente bastante sujeitas à ação das vagas e de difícil manobrabilidade.
Caracterizam-se por possuir armamento defensivo de armas automáticas antiaéreas.
Modernamente, as embarcações de desembarque não têm sido empregadas
nas primeiras vagas devido a sua vulnerabilidade quando abicadas. Primeiramente,
têm sido empregadas viaturas anfíbias (e hovercrafts), que garantem mobilidade no
solo hostil, sendo as embarcações utilizadas nas vagas subseqüentes, para o
desembarque de maior quantidade de tropas e material.
A seguir são enunciados os principais tipos de navios, embarcações e viaturas
anfíbias em utilização.
3.8.1. Navio de Desembarque e Assalto Anfíbio (NDAA) – É o maior tipo
de navio destinado à guerra anfíbia, com deslocamento variando entre 15.000 e
40.000 toneladas. Possui
todos os recursos de um
navio destinado ao assal-
to anfíbio, sendo capaz
de desembarcar tropas e
seus equipamentos de
combate, por meio de
aeronaves, helicópteros,
embarcações de desem-
barque e veículos anfí-
bios. Como exemplo,
podemos destacar as
Classes Tarawa (LHA) e
Wasp (LHD) da Marinha
americana (fig. 3-14). Fig. 3-14 – NDAA Classe Wasp
CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS 111
3.8.7. Embar-
cação de Desem-
barque de Carga
Geral (EDCG) – Inici-
almente classificada
como embarcação de
desembarque de carros
de combate, foi re-
classificada como em-
barcação de desembar-
que de carga geral,
devido ao seu emprego Fig. 3-19 – Embarcação de Desembarque
variado no transporte de de Carga Geral
material (fig. 3-19).
É uma embarcação com propulsão própria, de cerca de 40 metros de
comprimento, possuindo uma proa quadrada, a qual se pode abrir formando uma
prancha para embarque e desembarque de tropas e viaturas. Possui hélices
protegidos, lemes a vante dos mesmos para facilitar a retração e uma âncora na
popa para fundeio na abicagem.
As EDCG foram desenhadas para o transporte de carros de combate e veículos
pesados, mas têm executado outras tarefas, como o transporte e desembarque de
tropas de infantaria com seu equipamento. Hoje, há diversos tipos de EDCG, conforme
o uso particular a que se destinam.
Devido às suas dimensões e recursos podem tanto ser transportadas no
interior de navios com docas quanto navegarem por distância razoável até a abicagem.
São as maiores embarcações de desembarque de casco rígido.
3.8.8. Embarcação de Desembarque de Viaturas e Material (EDVM)–
Existem atualmente dois tipos, EDVM 6 e EDVM 8, que se distinguem pelos
tamanhos e capacidades de transporte. Ambas podem ser transportadas no interior
dos navios com docas e são, em síntese, um batelão aberto, de fundo chato
retangular, de proa quadrada e retrátil, que é utilizado como prancha para o
desembarque (fig. 3-20). Em geral, participam das vagas anteriores às das EDCG.
Transportam pessoal
e viaturas pequenas
(de até 1/4 de tonela-
da) e possuem a pe-
culiaridade de não
possuírem fundo cha-
to, o que não as capa-
cita a serem transpor-
tadas nos conveses-
doca de navios. Em
geral, são transporta-
das sobre berços em
navios anfíbios e
arriadas por meio de
aparelhos de força
nas proximidades do Fig. 3-21 – EDVP
objetivo. Semelhantes às EDVM, porém com dimensões e recursos bem menores,
são muito influenciadas pelo estado do mar, o que, às vezes, dificulta uma abicagem
com vagas altas.
3.8.10. Embarcação de Desembarque Guincho Rebocador (EDGR) – As
EDGR são empregadas nos desembarques anfíbios para instalação dos pontões e
desencalhe das demais embarcações de desembarque.
3.8.11. Carro de Combate Anfíbio (CCAnf) – Tem um casco estanque
montado sobre lagartas, como os carros de combate terrestres. Quando a embarcação
está na água, as lagartas agem como pás de roda, para propulsão; além disso
servem para o governo da embarcação, pois são independentes, podendo diminuir a
velocidade em um dos bordos, como os carros de combate de terra. O casco é
levemente blindado e transporta metralhadora ou um pequeno canhão. Tem pouca
velocidade, mas pode mover-se em águas rasas, ou sobre praias, recifes e pântanos,
sem necessidade de mudar o meio de propulsão. Sua grande vantagem é poder
atingir uma praia defendida, provendo maior segurança às tropas de infantaria que
teriam que desembarcar e andar a pé.
3.8.12. Carro La-
garta Anfíbio (CLAnf) –
Tem uma carroceria
estanque e com pequena
blindagem, montada so-
bre lagartas (fig. 3-22),
como os CCAnf. É
utilizado para desembar-
que de tropas, armas,
munição e suprimentos,
levando-os a pontos mais
interiores da praia-
objetivo Pode atravessar
arrebentações e trafegar Fig. 3-22 – CLAnf
CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS 115
nos mais variados tipos de terreno, sem, no entanto, ter capacidade para ultrapassar
recifes tão bem quanto os CCAnf. Possuem a vantagem, sobre os CCAnf, de
contarem com propulsão hidrojato (quando no mar) para incremento da velocidade e
da manobrabilidade.
3.8.13. Embarcação de
Desembarque Pneumática – É
uma balsa de borracha, cuja câmara
de ar é dividida em vários com-
partimentos. Para manter a forma de
bote, tem um vigamento interno leve.
Como quase não tem calado, pode
ser empregada em águas muito
rasas. Pode ter um motor externo,
de popa, mas usam-se remos, em
geral, por não fazer barulho.
Capacidade: 10 homens, com Fig. 3-23 – Embarcação de Desembarque
armamento portátil e equipamento Pneumática
(fig. 3-23).
Devido ao seu pequeno tamanho e silêncio (quando utilizando remos) é muito
utilizada para o desembarque de grupos precursores (operações especiais) anteriores
ao desembarque anfíbio propriamente dito.
3.8.14. Hovercraft – É uma embarcação com razoável capacidade de carga
de pessoal, material e viaturas que se desloca sobre colchão de ar, trafegando tanto
sobre a terra plana como sobre o mar (fig. 3-24). Desenvolve velocidades superiores
a 40 nós, atingindo até 70 nós em algumas classes da Marinha russa.
É equipada tanto para o desembarque anfíbio como para patrulha, e pode
possuir armamento tanto ofensivo como defensivo, incluindo lançadores de mísseis.
Utilizam a mesma propulsão para deslocamento sobre a água e sobre terra, que
são turboventiladores de alto desempenho, o que lhes garante rapidez na transição
mar-terra e grande manobrabili-
dade.
São as embarcações mais
modernas utilizadas para o desem-
barque anfíbio devido à rapidez e
à segurança oferecidas à tropa e
ao material desembarcados. Os
hovercrafts serão tratados mais
detalhadamente na seção D deste
capítulo.
Fig. 3-24 – Hovercraft
3.9. Navios-Mineiros
3.9.1. Navios-Mineiros ou lança-minas (NM) – São navios empregados
para semear campos de minas quer ofensivamente em águas usadas pelo inimigo,
quer defensivamente em águas próprias. Navios-mineiros destinados a operar em
águas inimigas devem ser velozes, mas seu tamanho pode variar muito; alguns são
navios especialmente desenhados para este fim.
116 ARTE NAVAL
3.10. Corvetas (CV) – As corvetas apareceram nos fins do século XVIII para
substituir a fragata e o brigue em missões de reconhecimento ofensivo, para as
quais o brigue era demasiado fraco e a fragata, forte demais. Durante a Segunda
Guerra Mundial foram empregadas pelos aliados para patrulha anti-submarina e
escolta de comboios. As corvetas construídas após a guerra eram basicamente
navios de patrulha adaptados a diversas finalidades, inclusive salvamento e reboque.
Eram navios pequenos, de 500 a 1.100 toneladas, e velocidade de 12 a 18 nós (fig.
3-26). Atualmente, principalmente devido aos altos custos das fragatas e
contratorpedeiros, as corvetas estão readquirindo sua importância, com várias
marinhas envolvidas em programas de construção de navios desta classe. As
modernas corvetas da Marinha brasileira (fig. 3-27) são dotadas de boa capacidade
A/S, mísseis antinavio, canhão de duplo emprego, sistemas de defesa antiaérea e
antimíssil de curta distância e podem operar um helicóptero. Devido a sua
complexidade e armamento, algumas marinhas as classificam como fragatas leves.
CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS 117
transportam gás natural liquefeito a 259° F. Outros carregam vinho, suco de laranja
ou amônia líquida. Alguns tipos transportam produtos químicos a granel, através de
compartimentagem especial; e
(8) navios de pesca – São aparelhados especialmente para a pesca; possuem
câmaras frigoríficas para acondicionamento do pescado.
b. Quanto às águas em que navegam:
(1) navios de longo curso – São destinados à navegação em longos percursos
através dos oceanos. Podem ser de passageiros ou de carga;
(2) navios de cabotagem – São destinados à navegação costeira ou em áreas
marítimas limitadas; e
(3) navios fluviais e de lagos – Desenhados para a navegação em rios ou
lagos. São navios de pequeno calado e superestruturas relativamente altas.
c. Quanto ao tipo de construção: os armadores classificam os navios
mercantes de acordo com o tipo de construção do casco, que depende muito do
tamanho do navio e do comércio a que se destina.
É muito difícil, à primeira vista, dizer se um navio mercante pertence a
determinado tipo, pois a classificação é feita de acordo com diferentes requisitos,
como robustez da estrutura, forma do casco, número de pavimentos, ou depende de
particularidades relativas às superestruturas.
Há inúmeros modelos de navios em serviço, de variados aspectos, dentro de
um mesmo tipo de construção. Contudo, a propensão é padronizar a construção
dos navios mercantes, adotando-se certos tipos já reconhecidos como os mais
adequados a cada comércio em particular.
Nos cargueiros modernos, há uma tendência em aumentar o número de porões,
o que significa um maior número de escotilhas possíveis de operar simultaneamente;
geralmente, há quatro ou cinco porões, podendo esse número chegar até sete nos
navios maiores.
um tipo especial, que retira a pedra anteriormente quebrada por explosivo ou por
martelos especiais. As dragas podem ser de propulsão mecânica ou sem propulsão,
as maiores sendo, em geral, do primeiro tipo. Também podem ter porão para receber
o material escavado, ou se fazem acompanhar de lameiros, batelões com ou sem
propulsão empregados nesse serviço;
d. Rebocadores (fig. 3-37) –
Pequenos navios de grande robustez, alta
potência de máquina e boa mobilidade,
destinados principalmente para reboque,
podendo em alguns casos prestar outros
socorros, tais como combate a incêndio
e serviços de esgoto. Podem ser rebo-
cadores de alto-mar ou rebocadores de
porto;
e. Embarcações quebra-gelos
(ice-breakers) – Executam o serviço
indicado pelo próprio nome; não há
embarcações deste tipo no Brasil;
f. Barcas – Destinam-se ao trans- Fig. 3-37 – Rebocador
porte marítimo de uma a outra margem
de um rio, baía etc.;
g. Embarcações de práticos – São geralmente a motor, mas nos portos
menores podem ser a remo. Construídas de casco robusto a fim de resistir aos
embates das ondas e à atracação aos navios em qualquer condição de tempo e
mar; e
h. Embarcações de porto – Sob este nome designam-se todas as
embarcações que executam os serviços normais no porto, como fiscalização
alfandegária e de polícia marítima, auxílio à atracação, carga, descarga e
abastecimento dos navios; tais embarcações não são construídas para a navegação
no mar, não lhes sendo permitido sair barra a fora, tanto pelas Capitanias dos Portos
como pelas companhias seguradoras, exceto em casos especiais.
madeira para os de aço; hoje, entretanto, a grande maioria dos navios é de aço, pois
este é mais resistente que o ferro, permitindo uma economia no peso do casco para
as mesmas condições de resistência.
3.23. Navios a vela ou veleiros – São movidos pela ação do vento em suas
velas. Há veleiros que dispõem de motor de pequena potência destinado a assegurar
o deslocamento em caso de calmaria ou para entrada e saída dos portos.
ENGRENAGEM TURBINA
EIXO DO MANCAL DE DE REDUÇÃO
HÉLICE ESCORA
HÉLICE
MOTOR
ELÉTRICO
GERADOR ELÉTRICO
MANCAL TURBINA
DE ESCORA
HÉLICE
helicópteros. Esse tipo de navio do futuro, poderá ser um VCA não anfíbio, aqui
batizado de NES (Navio de Efeito de Superfície, como tradução de Surface Effect
Ship, ou SES). Existem estudos de NES em diversos países, chegando ao porte de
corvetas e fragatas.
Fig. 3-43 – Durante as décadas de 1960 e 1970, cerca de 300 aerobarcos da classe
Raketa, primeira a utilizar hidrofólios com estabilização natural por proximidade da
superfície, foram empregados com grande sucesso como meio de transporte nos
rios, lagos e canais da Rússia.
Os hidrofólios com estabilização natural por equilíbrio de área imersa (surface
piercing foils) são os utilizados nos aerobarcos conhecidos no Brasil. Com parte de
seus hidrofólios acima da superfície da água, o aerobarco é naturalmente estável
após a decolagem, pois, para cada velocidade, existe uma linha-d’água do arranjo
de hidrofólios que possibilita equilibrar o peso da embarcação com a sustentação
dinâmica provida pela área de hidrofólio que permanece submersa. Qualquer
perturbação em altitude é também corrigida por variação natural desta área submersa.
Infelizmente, os aerobarcos com arranjos de hidrofólios com estabilização
natural por equilíbrio de área imersa se tornam extremamente desconfortáveis,
quando existem ondas além de um certo tamanho relativo ao do aerobarco. Manter
velocidade suficiente para a sustentação pelos hidrofólios, em certas situações de
mar, leva a acelerações insuportáveis para as pessoas a bordo e à possibilidade de
danos materiais. Nessas ocasiões, o aerobarco é obrigado a pousar na superfície
da água e agüentar a tempestade como qualquer embarcação convencional.
A grande maioria dos aerobarcos operando no Ocidente utiliza esse sistema
de estabilização. Tem sua eficácia comprovada em águas abrigadas de baías, lagos
e rios, como meio de transporte para passageiros e algumas cargas especiais. Sob
o ponto de vista militar, aerobarcos com esse sistema são utilizados com sucesso,
como embarcações de patrulha, em águas restritas. Um exemplo é da Marinha da
CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS 143
China, que emprega aerobarcos desse tipo, desde o final da década de 1960, chegando
a possuir, no início da década de 90, cerca de 150 unidades das classes Hu Chuan
e Rena. Suportam atingir velocidades da ordem de 45 a 55 nós, com mar calmo.
Outro exemplo é o da Marinha da Rússia, com diversos tipos e classes de aerobarcos
para emprego militar.
Impróprios para utilização em mar agitado, os tipos mencionados até aqui
têm emprego militar restrito. As tentativas de obtenção de aerobarcos de emprego
oceânico se concretizaram ao final da década de 1960 nos Estados Unidos da
América, com o desenvolvimento do sistema de hidrofólios totalmente submersos,
com estabilização por dispositivos de controle (fully submerged foiIs). Construíram-
se então dois protótipos de embarcação de patrulha, o Tucumcari e o
FIagstaff.
O sistema totalmente submerso depende de dispositivos de controle para
prover sua estabilização. Esse controle se assemelha, em complexidade, aos pilotos
automáticos de aeronaves.É necessário prever as ondas com certa antecedência e
comandar automaticamente superfícies móveis (tipo flap) que controlam o movimento
no plano vertical do aerobarco. É possível, assim, obter uma plataforma quase
totalmente estável, até um certo limite de mar. Pode-se também, a partir desse
limite, com ondas maiores, obter-se comportamentos em que o aerobarco tem seu
movimento amortecido em relação ao mar, ou acompanha as grandes ondas,
descendo nos cavados e galgando as cristas (fig. 3-44).