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Tema II – A Terra um planeta muito especial

Universo
Universo ou Cosmos é o conjunto de toda a matéria e radiações existentes no espaço.
Admite-se que teve origem há cerca de 15 mil milhões de anos e a teoria mais aceite para
explicar a sua origem é conhecida por Big-Bang, ou Grande Explosão ou Teoria Evolutiva.

Figura 1 – Representação simbólica do Big-Bang.

De acordo com a teoria do Big-Bang, o Universo começou através de uma violenta


explosão que lançou para o espaço a matéria a partir da qual se formaram e evoluíram as
galáxias, as estrelas, os planetas e a vida que se conhece no nosso planeta.

As galáxias são as unidades básicas do Universo, são agrupamentos de milhões de


estrelas, ligadas entre si pela força da gravidade.

A nossa galáxia denomina-se Via láctea ou Estrada de Santiago, na qual se encontra o


Sistema Solar. Vista de frente tem o aspeto de uma longa faixa esbranquiçada em forma de
espiral e vista de perfil tem a forma de uma lente biconvexa.

1- Formação do Sistema Solar


1.1- Composição do Sistema Solar

O Sistema Solar é constituído por: uma Estrela – o Sol, oito planetas clássicos: Mercúrio,
Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno, muitos Satélites naturais ou luas,
planetas anões e pequenos corpos, como os asteróides, cometas e meteoróides.

Figura 2 – Sistema Solar.

Planetas Anões

Um planeta anão ou corpo menor é um corpo celeste que:

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é muito semelhante a um planeta, já que está em orbita em torno do Sol;
tem massa suficiente para que as forças da gravidade o levem assumir uma forma mais ou
menos esférica;

não é um satélite;

não possui uma órbita desimpedida, ou seja, descreve uma órbita com uma vizinhança que não
está livre de outros corpos celestes (interseta órbitas de outros planetas).

Até este momento conhecem-se poucos planetas anões, são eles: Ceres, Plutão e Éris.

Ceres

 Ceres é um planeta anão que se encontra na cintura de asteróides, entre Marte e Júpiter.
 Tem um diâmetro de cerca de 950 km e é o corpo mais maciço dessa região do Sistema Solar.

 Não possui campo magnético, tem baixa gravidade, possui recursos hídricos sob a forma de
gelo.

 Não é homogéneo, mas estruturado em camadas, com um núcleo denso de rocha coberto por
um manto de gelo de água, por sua vez coberto por uma crosta leve.

 Pensa-se que a superfície de Ceres seja quente e deva possuir uma fraca atmosfera e gelo. Um
dia em Ceres é pouco mais de nove horas.

Plutão

 Plutão foi considerado um planeta durante 76 anos e em 2006 foi reclassificado


como um planeta anão devido à questão do domínio orbital.
 A sua órbita é bastante excêntrica.
 Possui uma ténue atmosfera constituída, provavelmente, de azoto, metano e
monóxido de carbono, em equilíbrio com azoto sólido e gelos de monóxido de carbono na
superfície.
 O metano sólido indica que a temperatura de Plutão deve ser por volta de -200ºC.
 A temperatura de Plutão varia bastante com a sua posição na órbita descrita por ele.
Durante os vinte anos em que Plutão se encontra mais perto do Sol do que Neptuno, o metano e
o azoto congelados nos pólos descongelam e ascendem, formando temporariamente uma
atmosfera mais densa. Quando volta à sua posição mais distante do Sol, os gases presentes na
atmosfera condensam e caem à superfície como uma geada, tornando a sua atmosfera muito
ténue.
 Possui três satélites naturais, um maior chamado Caronte e dois menores,
descobertos em 2005: Nix e Hydra. O diâmetro de Caronte é de 1212 Km, ou seja, metade do
de Plutão (2300 Km). Hidra e Nix medem entre 48 e 165 Km de diâmetro e demoram,
respetivamente, 38 e 25 dias para dar uma volta completa a Plutão.
 A massa de Plutão equivale a menos de 0,08 hectares em relação à Lua.

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A B
Figura 3 – Comparação entre os pares Terra-Lua e Plutão-Caronte (abaixo, à direita) (A) e Plutão e
Caronte (B).
Éris

 Éris, conhecido oficialmente como 136199 Eris, é um planeta anão nos confins do Sistema
Solar, numa região conhecida como disco disperso.
 É o maior planeta-anão do sistema solar e quando foi descoberto, ficou desde logo
informalmente conhecido como o "décimo planeta", devido a ser maior que Plutão.
 Encontra-se a cerca de 97 UA do Sol e a sua órbita é bastante excêntrica.
 Tal como Plutão, é composto de uma mistura sólida de gelo e rocha. Ambos podem ser vistos
como objetos da cintura de Kuiper ou como planetas gelados, apesar de Éris ser do tipo
disperso, ou seja, terá sido formado na parte interior da cintura, mas atirado para uma órbita
mais distante devido a uma possível influência gravitacional de Neptuno.
 Possui um satélite natural – Disnomia, que foi descoberto a 10 de Setembro de 2005. Pensa-
se que seja oito vezes menor e sessenta vezes menos brilhante que Éris e que demora cerca
de catorze dias a dar a volta a Éris.

Figura 4 – A proporção da distância entre os diferentes planetas do Sistema Solar, Plutão e Éris.

Asteróides

 Os asteróides, também chamados planetas menores são corpos rochosos e metálicos (ligas
de ferro e níquel), de forma irregular, desprovidos de atmosfera e de pequenas dimensões,
não atingindo, os maiores, 1000 Km de diâmetro.
 Mais de 50 000 dos asteróides observados têm apenas 1km de diâmetro. Os de maiores
dimensões são corpos diferenciados em camadas e os mais pequenos são corpos não
diferenciados e alguns são do tamanho de pequenos grãos de areia. A massa total de todos os
asteróides é inferior à da Lua.

 Embora nunca sejam visíveis a olho nu, muitos asteróides são visíveis com binóculos ou
pequenos telescópios.

 Os maiores asteróides são 2 Pallas, 4 Vesta e 10 Hygiea cujos diâmetros estão entre 400 e
525 km. Todos os outros asteróides conhecidos têm menos de 340 km.

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 Os asteróides, normalmente, movem-se entre a órbita de Marte e a de Júpiter, constituindo a
chamada Cintura de Asteróides. Além destes asteróides existe outro grupo: Apollo-Amor,
com órbitas mais excêntricas que cruzam a órbita da Terra.

 Os asteróides descrevem órbitas muito próximas chocando, por vezes, com violência
provocando a sua fragmentação, dando assim origem aos meteoritos que correspondem a
pedaços de asteróides que ao abandonarem a sua trajectória normal foram atraídos pela Terra.

 Admitiu-se que os asteróides se teriam formado a partir da explosão de um planeta que teria
existido entre Marte e Júpiter. Hoje admite-se que se formaram ao mesmo tempo que todos
os outros astros do Sistema Solar, a partir da nébula solar primitiva, mas devido à ação
perturbadora de Marte e Júpiter, não puderam agregar-se e formar um único planeta.

 Existe um asteróide com o nome do nosso país, é chamado asteróide 3933 ou asteróide
Portugal, que foi descoberto por Richard West.

Cometas

Um cometa é o corpo menor do sistema solar, semelhante a um asteróide, mas composto


principalmente por gelo de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), amónia (NH3) e água
(H2O), misturado com poeiras e vários agregados minerais.
Pensa-se que os cometas são detritos remanescentes da condensação da nébula solar
primitiva. Os núcleos dos cometas são os corpos mais primitivos do Sistema Solar, uma vez
que não sofreram modificações químicas ou metamórficas após a sua formação. Assim a
análise da sua composição fornece-nos indicações sobre a constituição da nébula solar
primitiva que deu origem ao Sistema Solar.
São astros errantes que cruzam o espaço de tempos a tempos com velocidade superior à dos
planetas.

Giram à volta do Sol, descrevendo órbitas (que se estendem para lá da órbita de Plutão.)
muito excêntricas em forma de elipses. (ver fig.6 na pág. 66)

Quando um cometa se encontra afastado do Sol o seu aspeto é o de uma pequena mancha
luminosa e à medida que se aproxima dele mais luminoso se torna, sendo possível distinguir
três partes: núcleo, cabeleira e cauda, formando assim prolongamentos para o lado oposto
do Sol.
O núcleo e a cabeleira formam a cabeça do cometa, a qual tem apenas alguns quilómetros de
comprimento, mas a sua cauda de gelo vaporizado pode ter milhões de quilómetros.

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Figura 5 – Órbita de um cometa.

O núcleo dos cometas tem cerca de 10km de diâmetro, constitui a sua parte sólida, é formado
por partículas de silicatos, compostos orgânicos e por gases congelados: dióxido de carbono,
metano, amoníaco …
Quando o núcleo se aproxima do Sol, o gelo sublima libertando-se gases que formam uma
aura – a cabeleira, à volta do núcleo. Também se forma a cauda (formada por gases e
poeiras libertadas do núcleo), que se dirige no sentido oposto ao do Sol.
Os cometas, cada vez que passam perto do Sol perdem parte do seu material, principalmente
gelo e poeiras, acabando por se desintegrarem numa infinidade de partículas (corpúsculos)
que, podem intercetar a órbita da Terra e originar as chamadas “Estrelas Cadentes” ou
“Chuva de Estrelas” ou “Chuva de Meteoros”.

Figura 6 – “Estrelas Cadentes”.


Como perdem parte de seus materiais voláteis diz-se que os comentas tem vida curta, na
escala de tempo cosmológico. Muitos cientistas acreditam que alguns asteróides são núcleos
de cometas extintos; cometas que perderam todo o seu material volátil.
Existem milhões de cometas, sendo os mais conhecidos o: Halley, Hale-Bopp, Kohoutek,
Mueller, West e Borrely.

A B C
Figura 7 – Imagens dos cometas Hale-Bopp (A), West (B) e Halley (C).

Meteoróides: Meteoros e Meteoritos

 Meteoróides são fragmentos de material extraterrestre, geralmente, provenientes da cintura


de asteróides ou de cometas que estão em rota de colisão com o nosso planeta e quando
entram na atmosfera terrestre, devido à velocidade e à fricção com o ar, acabam por se

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inflamar e deixar um rasto luminoso chamado de meteoro. Este fenómeno é conhecido como
chuva de meteoros ou “estrelas cadentes”
 Os meteoróides são corpos rochosos provenientes do espaço interplanetário, de dimensões
variáveis e que se tornam incandescentes (luminosos) ao atravessarem a atmosfera.

 Os meteoróides dividem-se em dois grupos: os meteoros - que são de pequenas dimensões e


que ao entrarem na atmosfera terrestre vaporizam, deixando apenas um rasto luminoso e o
meteoritos – estes são meteoróides de grandes dimensões e, que ainda que parcialmente
vaporizados, atingem a superfície terrestre (ou a de outros planetas) abrindo, por vezes,
crateras de impacto.

Figura 8 – Meteoróides, meteoros e meteoritos.

 Os meteoritos deslocam-se a elevadas velocidades, entre os 20 a 70 km/s, daí que as suas


quedas sejam acompanhadas de efeitos sonoros e luminosos e provoquem crateras de
impacto no solo.
 A cratera meteorítica mais conhecida é a de Barringer, no Arizona e admite-se que tenha sido
provocada há cerca de 25 000 anos e apresenta mais de 50 km de diâmetro. A cratera mais
jovem situa-se no Gana, excede 10 km e está preenchida pelo lago Bosumtwi.

Figura 9 – Cratera de Barringer.

 Quando um meteorito é descoberto, geralmente, atribui-se a designação do acidente


topográfico mais próximo ou o nome da povoação onde caiu. Em Portugal, caíram vários
meteoritos, sendo os mais importantes os de: Ponte de Lima, Chaves, Alandroal e Monte das
Fadas.
 Os meteoritos são muito importantes, pois informam os geólogos sobre os diferentes tipos de
rochas existentes no Sistema Solar. A maior parte dos minerais que existem nos meteoritos,
também existem nas rochas terrestres, no entanto, nos primeiros predominam os minerais
ferromagnesianos ou máficos (ricos em ferro e magnésio), como as olivinas e as piroxenas, e
nas rochas da Terra predominam os minerais félsicos (claros), ricos em sílicio e alumínio,
como os feldspatos e o quartzo.

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Classificação e composição dos Meteoritos

Os meteoritos são classificados com base na textura e na composição química e


mineralógica. Então classificam-se em aerólitos, siderólitos e sideritos.

Aerólitos

Os aerólitos são meteoritos também designados pétreos ou líticos, nos quais estão
incluídos os condritos ordinários, os condritos carbonáceos e os acondritos.

Figura 10 – Aerólito condrito.

Aerólitos condritos ordinários

 Apresentam côndrulos (pequenos agregados minerais esféricos, com cerca de 1 mm de


diâmetro, constituídos por uma parte vítrea e uma parte cristalina de olivina e piroxena);
 Possuem cerca de 40% de olivinas, 30% de piroxenas, 10% de plagioclases, 10 a 20% de liga
de ferro e níquel e 6% de troilite (sulfureto de ferro e abundante na Lua);

 São os que mais atingem a superfície terrestre e representam mais de 80% do total das
quedas.

 Têm baixa densidade (cerca de 3,4).

Aerólitos condritos carbonáceos

- São em tudo idênticos aos condritos ordinários, mas possuem compostos orgânicos de origem
extraterrestre e água. Certos cientistas admitem que, por este motivo, podem ter estado na origem
da vida no nosso planeta.

Aerólitos acondritos

 Apresentam uma composição mineralógica idêntica à dos condritos mas sem côndrulos;
 Possuem uma textura mais grosseira em relação à dos condritos, isto é, têm uma maior
granularidade;

 Apresentam grande semelhança com as rochas da superfície terrestre, em composição e


textura;

 Representam cerca de 8% do total caídos na Terra;

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 Têm baixa densidade, tal como os anteriores (cerca de 3,4).

Siderólitos

 São também chamados petroférricos ou litoférricos;


 São os menos abundantes;

 Apresentam uma composição intermédia entre os aerólitos e os sideritos. São, portanto,


simultaneamente metálicos e líticos em proporções equivalentes;

 A sua composição é 50% de ligas de ferro e níquel e 50% de olivinas, piroxenas e


plagioclases (minerais silicatados);

 Têm densidade intermédia (cerca de 5,5). Figura 11 – Siderólito.

Sideritos

São também conhecidos por meteoritos férricos ou metálicos, porque possuem,


aproximadamente, 90% de ligas de ferro e níquel e ainda pequenas quantidades de cobalto,
platina, irídio, troilite, grafite e fosfatos.
Possuem densidade elevada (maior que 7);

Geralmente são fortemente magnéticos;

Apesar de não serem os que caem em maior número, são os que mais facilmente se
encontram, pelo facto de serem: metálicos, fortemente magnéticos e conservarem-se melhor.

Figura 12 – Siderito.

1.2 - Provável origem do Sol e dos planetas

Para explicar a origem do Sistema Solar existiram várias teorias, sendo as mais
importantes a de Buffon (1749), a de Chamberlain e Moulton (1900), a teoria nebular proposta
por Kant e Laplace (1776) e a atualmente mais aceite: a teoria nebular reformulada (ver manual
das páginas 70 à 73).

Teoria Nebular Reformulada

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Hoje considera-se que o Sol e todos os outros Corpos Celestes do Sistema Solar
evoluíram pelos mesmos processos e ao mesmo tempo, há cerca de 4600 milhões de anos. A
teoria mais aceite para explicar a sua origem é a Teoria Nebular Reformulada.

 Segundo esta teoria, no enorme espaço que separa as diferentes estrelas da nossa
galáxia, havia uma nébula de gases e poeiras muito difusa que, teria sido o ponto de partida
para a origem do Sistema Solar.
 Inicialmente a nébula ter-se-ia contraído devido à existência de forças de atração
gravítica entre as diferentes partículas que a constituíam.

 A contração da nébula provocaria o aumento da sua velocidade de rotação.

 Lentamente a nébula teria começado a arrefecer e a adquirir a forma de disco


muito achatado, em torno de uma massa de gás densa e luminosa em posição central, que
seria o proto-sol.

 Durante o arrefecimento do disco nebular, gases e poeiras condensaram-se


formando partículas sólidas. As regiões situadas na periferia, em contacto com o espaço
intersideral, eram rapidamente arrefecidas e as que estavam próximas do proto-sol eram
aquecidas. Ora, a cada temperatura corresponde à condensação de um tipo de material com
determinada composição química, o que leva a uma zonação mineralógica de acordo com a
distância ao Sol.

 No referido disco, a força da gravidade provocaria a aglutinação de poeiras


constituídas por diferentes minerais, que formariam pequenos corpos chamados
planetesimais. Os maiores atraíram os mais pequenos, verificando-se a colisão e o aumento
progressivo das dimensões, o que levou à formação de planetesimais com alguns
quilómetros.

 Todo este processo, denominado acreção desencadeou um bombardeamento cada


vez maior, formando-se corpos chamados protoplanetas, e estes por acreção de novos
materiais, teriam dado lugar aos planetas e a outros astros, como os cometas e asteróides.

 Processos de fusão e separação dos materiais devido à gravidade resultaram na


formação das diferentes camadas constituintes dos planetas – fase de diferenciação.

Assim:

 Nas zonas mais próximas do Sol ter-se-ão formado os planetas telúricos


ou interiores ou menores (Mercúrio, Vénus, Terra e Marte) que são pequenos e
rochosos, formados essencialmente por silicatos e ferro e com atmosferas pouco densas e
sem hidrogénio.
 Nas zonas mais afastadas do Sol ter-se-ão formado, os planetas
longínquos ou exteriores ou gigantes ou gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno).
Estes condensaram a temperaturas mais baixas, são ricos em elementos voláteis, como o
hidrogénio e o hélio e são pobres em metais e silicatos.

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Figura 13 – Etapas da formação do Sistema Solar.

Dados que apoiam a teoria Nebular Reformulada

 Todos os corpos do Sistema Solar têm idade idêntica;


 Todos os planetas descrevem órbitas elipsóides, quase circulares;

 Todos os planetas têm movimento de rotação no sentido direto, exceto Vénus e Urano que
giram em sentido retrógrado;

 Todas as órbitas são quase complanares;

 Há uma acentuada descontinuidade entre os planetas telúricos e os gigantes, nomeadamente,


na distância ao Sol, massa, densidade (a dos planetas mais próximos do Sol é superior à dos
planetas mais afastados) e composição química;

 Existe uma grande discrepância entre a massa do Sol e a dos planetas (a massa do Sol é
330.000 vezes maior que a da Terra).

No entanto, existem alguns dados ainda por esclarecer, como por exemplo, a baixa
velocidade de rotação do Sol e a razão do movimento retrógrado de Vénus e Urano.

1.3 - A Terra – Acreção e Diferenciação

A Terra, tal como os outros corpos do Sistema Solar teve origem há 4600 M.a. a partir da
acreção de materiais da nébula solar (tendo continuado a crescer durante mais 150 M.a.), por
ação da força gravítica, seguida de um processo de diferenciação, da qual resultaram as várias
camadas: crosta, manto, núcleo, atmosfera e hidrosfera.

Acreção – corresponde à aglutinação, pela força da gravidade, de poeiras e grãos sólidos


constituindo corpos cada vez maiores. (condensação em grãos sólidos – formação dos
planetesimais (de 100m até alguns km) – formação de protoplanetas e – formação de planetas).

Originalmente a Terra teria uma estrutura homogénea, com uma distribuição regular de
compostos de ferro, silicatos e água a temperaturas baixas.

 Durante a acreção, a temperatura da Terra vai aumentando devido ao calor resultante:


 do impacto dos planetesimais;

 da compressão dos materiais constituintes;

 da desintegração radioativa.

Diferenciação – corresponde à migração de materiais mais densos para o centro do


planeta e os menos densos para a superfície.

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 Durante a diferenciação, a Terra passou de um corpo mais ou menos homogéneo para um
corpo zonado, onde os:

 materiais mais densos afundam e fundem (Fe e Ni) ficando no


interior do planeta, formando o núcleo denso;

 materiais menos densos ficam à superfície e arrefecem formando a


crosta;

 materiais de densidade intermédia, fica entre a crosta e o núcleo,


formando o manto.

Figura 14 – Diferenciação do planeta Terra.

 Desta diferenciação resultou que a Terra ficasse dividida em várias camadas concêntricas.
distintas física e quimicamente.
 Em consequência da diferenciação os fenómenos de vulcanismo tornaram-se frequentes na
crosta, libertando-se grandes quantidades de gases, formando-se assim a atmosfera
primitiva, e vapor de água que condensou por arrefecimento e originou chuvas abundantes,
formando-se assim os oceanos primitivos – hidrosfera.

2- A Terra e os outros planetas telúricos


Os planetas telúricos apresentam características comuns (devido, provavelmente, a uma
origem semelhante) mas também possuem diferenças (relacionadas com as diversas
características que eles apresentam – massa, volume, distância em relação ao Sol e a sua
atividade – o que resultou em percursos evolutivos diferentes.

2.1- Manifestações da atividade geológica

Os planetas telúricos podem classificar-se em geologicamente ativo e inativos:

 Os planetas GEOLOGICAMENTE ATIVOS – são aqueles em que é possível observar ou


detetar sinais de geodinâmica externa e/ou interna, tais como: vulcões, sismos, tectónica de
placas, escorrência de água, meteorização, erosão e formação de crateras de impacto. Ex:
Vénus e Terra.
 Os planetas GEOLOGICAMENTE INATIVOS ou MORTOS – são aqueles em que não é
possível observar ou detetar sinais de geodinâmica externa e/ou interna. Ex: Mercúrio,
Marte e o satélite Lua.

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Figura 15 – Exemplos de atividade geológica dos planetas telúricos.

Mercúrio – surgiu há 4600 M.a. e terminou a sua evolução há cerca de 3000 M.a, é desprovido
de atmosfera, hidrosfera e biosfera, é geologicamente inativo ou morto e apresenta uma
superfície crivada de crateras de impacto.

Vénus – surgiu há 4600 M.a., toda a sua superfície parece ter a mesma idade, tal como a Terra, é
geologicamente ativo, onde o vulcanismo domina toda a sua superfície (alguns vulcões estão
relacionados com sistemas de falhas), a sua atmosfera é muito densa, rica em dióxido de
carbono, o que provoca o efeito de estufa e consequentemente aumento de temperatura, não
possui hidrosfera e apresenta algumas crateras de impacto.

Terra – surgiu há 4600 M.a., é geologicamente ativa, tem algumas crateras de impacto, possui
características especiais e únicas, porque apresenta temperatura equilibrada, hidrosfera (água nos
três estados físicos), biosfera (grande diversidade de seres vivos), geosfera (todos a possuem) e
atmosfera com oxigénio.

Marte – surgiu há 4600 M.a. e terminou a sua atividade há cerca de 2000 M.a, a sua atmosfera é
muito rarefeita devido à fraca força da gravidade, possui água apenas no estado sólido, é
geologicamente inativo, mas com vestígios de atividade vulcânica, por ex: Monte Olimpo e tem
crateras de impacto achatadas devido à ação do vento.

Figura 16 – Planetas geologicamente ativos e inativos.

2.2- Sistema Terra – Lua

 A Lua forma com Terra o Sistema Terra-Lua, que é relativamente estável, exercendo
ambas uma influência recíproca, em consequência das forças gravitacionais.

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 A Lua é o único satélite da Terra, e a sua superfície não é afetada pelos agentes erosivos, pois
não possui atmosfera. Por isso a sua superfície atual é muito semelhante à que apresentava
quando se formou há 4600 M.a.

 Pensa-se que a Terra se formou quando a Lua, no entanto as rochas terrestres mais antigas
têm 3900M.a. assim, existe um período de 700 M.a. em que não há qualquer registo. Então as
rochas e a estrutura da Lua permitem saber o que se passou nesses 700 M.a. por isso este
astro constitui o “fóssil” mais importante do Sistema Solar a que o Homem tem acesso e que
permite compreender e reconstituir a história do nosso planeta.

 As marés terrestres são causadas pelas atrações gravitacionais tanto da Lua como do Sol.
Formam-se as marés vivas quando o Sol, a Lua e a Terra se encontram alinhadas e formam-
se as marés mortas, quando os efeitos do Sol e da Lua se anulam parcialmente.

Características da Lua

 A densidade é de 3,3 (e a da Terra é 5,5) e é geologicamente inativo (há 200 M.a.).


 A Lua não possui atmosfera devido à sua reduzida massa e fraca gravidade (a atração
gravitacional da lua é seis vezes menor do que a da Terra) nem hidrosfera, não ocorre
erosão nem hidráulica nem eólica e a alteração da superfície lunar é pouco significativa.

 Os movimentos de rotação e de translação são iguais – 27 dias, 7 horas e 43 minutos (mês


sideral) e por isso a Lua apresenta sempre a mesma face virada para a Terra – fase visível –
(a outra face designa-se face oculta).

 A superfície lunar é formada pelos “continentes” e “mares”.

 Os “continentes” são zonas de relevo escarpado ou acidentado (montanhoso), refletem 18%


da luz incidente proveniente do Sol, ocupam a maior extensão da superfície lunar, são
constituídos por rochas claras, ricas em feldspato – anortositos (gabros ricos em plagioclase)
e apresentam um grande nº de crateras de impacto.

 Os “mares” são zonas de relevo baixo e plano, refletem apenas 6 a 7 % da luz incidente
proveniente do Sol, são constituídos por rochas escuras, nomeadamente basaltos e
apresentam algumas crateras de impacto.

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Figura 17 – “Mares” e “Continentes” lunares.

 A superfície lunar é marcada por inúmeras crateras resultantes de impactos meteoríticos,


sendo os “mares” formados a partir do preenchimento das depressões, após a
solidificação do magma basáltico, quando desses impactos resultam fenómenos de
vulcanismo.
 A temperatura junto ao solo varia entre os – 180 a 120ºC o que pode provocar a desagregação
das rochas em fragmentos menores e facilitar a sua movimentação das superfícies inclinadas
para zonas inferiores.

 A superfície lunar apresenta fragmentos rochosos desde muitos metros de diâmetro até a um
pó muito fino. Também é possível encontrar esférulas vitrificadas (resultantes da rápida
solidificação do magma após o impacto meteorítico) e rególito lunar (materiais
pulverulentos, soltos e de cor acinzentada mais as esférulas vitrificadas).

3- A Terra, um planeta a proteger


A Terra tem características únicas que permitem a existência de vida. É um sistema quase
fechado, que possui subsistemas abertos dinâmicos, interdependentes e que se influenciam
mutuamente. O aumento da população mundial provoca graves desequilíbrios, como as relações
existentes entre os seres vivos e a crosta terrestre.

3.1- Face da Terra – Continentes e fundos oceânicos

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3.1.1 - Áreas continentais

Figura 18 – Áreas continentais.

3.1.2 - Fundos Oceânicos

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Figura 19 – Unidades morfológicas terrestres.

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3.2- Intervenções do Homem nos subsistemas terrestres

O Homem, ao fazer parte da biosfera, interage com os restantes subsistemas terrestres e,


deste modo, qualquer ação que ele desenvolva, para o bem e para o mal, irá afetar qualquer um
deles.

A espécie humana tem vindo a aumentar e esse aumento demográfico implica uma maior
pressão sobre os subsistemas terrestres, produz efeitos cada vez mais vastos e com impactos
ambientais cada vez mais profundos.

3.2.1 – Impactes na geosfera

A explosão demográfica (aumento da população mundial) tem consequências dramáticas,


tais como:

A- Exploração excessiva de recursos geológicos naturais, o que provoca o seu esgotamento;


B- Crescente produção e acumulação de resíduos que poluem o ambiente;

C- Desastres naturais e ocupação de áreas de risco (perda de espaços naturais, o que provoca
degradação ambiental e o que leva a população a ocupar áreas de risco, tais como zonas
de vertentes, zonas costeiras e margens de rios aumentando, assim, as catástrofes ou
desastres naturais).

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A – Exploração de recursos geológicos naturais

Os recursos naturais são depósitos de materiais com utilidade para o desenvolvimento,


sobrevivência e bem-estar da sociedade.

Os recursos geológicos naturais podem ser: perpétuos, energéticos renováveis, energéticos


não renováveis, recursos minerais metálicos, recursos minerais não metálicos e recursos
hidrológicos.

 Recursos perpétuos - São recursos eternos, logo não se gastam. Exemplos: energia solar e
eólica.

 Recursos energéticos – são recursos que produzem energia. Existem os recursos energéticos
renováveis e os não renováveis.

 Recursos energéticos renováveis – são recursos em que a taxa de renovação é igual ou


superior à velocidade a que o Homem é capaz de os consumir. Exemplos: energia hídrica
(água), energia das marés e das ondas, biomassa, biogás, energia geotérmica (que é
obtida do calor interno da Terra)…
 Recursos energéticos não renováveis – são recursos em que a taxa de renovação é muito
inferior à velocidade a que o Homem é capaz de os consumir. Estes recursos tornam-se
cada vez mais raros e a sua posse é causadora de conflitos sociais, locais e mundiais.
Exemplos: Combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) e energia nuclear a qual
é obtida da cisão de urânio.

 Recursos minerais são também recursos não renováveis e podem ser metálicos e não
metálicos.

 Os recursos minerais metálicos - são recursos que se exploram para deles se


obter um metal. Exemplos: cobre, ferro (em Moncorvo), prata, platina, volframite (na mina
da Borralha), hematite, pirite, galena, arsenopirite, ouro (extraiu-se nas minas de Jales). (A
mina de Neves-Corvo é, atualmente, a maior mina portuguesa em laboração).

 Os recursos minerais não metálicos – são aqueles cuja exploração é feita para a
obtenção de materiais não metálicos. Exemplos: Rochas, como o mármore (nas pedreiras de
Estremoz), o granito (nas pedreiras de Alpendurada), a ardósia, o basalto, o xisto, o caulino
(em Barqueiros), as argilas (em Barcelos), as areias, o quartzo, pedras preciosas como os
diamantes (nas minas de África do Sul), pedras semipreciosas (no Brasil), etc.

 Recursos hidrológicos – são recursos que constituem as águas subterrâneas que se localizam
em aquíferos.

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- A extração de recursos energéticos não renováveis (combustíveis fósseis: carvão, gás natural
e petróleo e a energia nuclear) e dos recursos minerais metálicos e não metálicos provoca
graves problemas ambientais e humanos, tais como:

 Poluição: atmosférica, dos solos e das águas (que leva à formação das chuvas ácidas,
aumento do efeito de estufa, destruição da camada de ozono, etc.)

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 Marés negras que provocam: a morte a milhares de seres vivos, a destruição de habitats, a
destruição das praias, etc.

 Degradação da paisagem devido ao amontoado de terras - escombreiras;

 Perda de espaços verdes (desflorestação), por abate e incêndios;

 Destruição de património geológico;

 Desastres, como por exemplo, desabamento de minas, explosões em minas e pedreiras que
deixam muitos trabalhadores feridos, incapacitados ou mortos;

 Doenças pulmonares, como a silicose ou “pulmão de pedra” (devido à inalação de sílica nas
minas);

 Cancro e mal formações e atrasos mentais nos fetos em desenvolvimento, devido à libertação
de substâncias radioativas que pode acontecer quando se extrai a energia nuclear;

 Conflitos e guerras entre países.

B – Produção e acumulação de resíduos

A crescente industrialização e o aumento demográfico, associados a uma sociedade cada


vez mais consumista, têm provocado o aumento de produção de resíduos, colocando-se o
problema do seu tratamento às populações.

Os resíduos – são materiais que aparentemente não têm utilidade e que se vão deitando
fora. A maioria não são biodegradáveis ou demoram muito tempo a ser reciclados na Natureza, e
por isso vão acumulando-se.

Nos últimos anos, as populações e as autarquias têm feito um esforço para diminuir o
problema dos resíduos. No esquema seguinte estão representados algumas técnicas para
tratarmos os nossos resíduos.

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C – Desastres naturais e ocupação de áreas de risco

A pressão do Homem sobre a Natureza, quer devido ao aumento demográfico, quer


devido à sua atitude, tem vindo a aumentar progressivamente ao logo dos anos.

Os desastres naturais mais vulgares são: sismos, vulcões, inundações, furacões,


tornados, trombas-d’água, incêndios naturais, derrocadas ou deslizamento de terras. Estas
catástrofes provocam a morte de milhares de pessoas e ainda a perda dos seus bens materiais.

O Homem cada vez mais ocupa áreas de risco, como por exemplo: constrói em cima de
dunas e muito próximo do mar, em cima de linhas de água, no leito de inundação dos rios, em
zonas de vertente (o que pode provocar deslizamentos de terras), etc. Estas situações põem em
causa a sobrevivência de quem ocupa estas áreas.

3.2.2 – Proteção ambiental e Desenvolvimento Sustentável (estratégias de preservação do


ambiente)

A proteção do ambiente passa pela mudança de atitude da sociedade e pelo respeito da


Natureza e do próprio Homem.

O comportamento humano pode contribuir para uma melhor gestão dos recursos do nosso
planeta, de modo a permitir um desenvolvimento sustentável das sociedades. Isto implica que o
solo, o ar e a água não sejam poluídos e exige uma gestão racional dos recursos geológicos e
biológicos. Para isso é necessário educar a sociedade em que vivemos, de forma a que deixe
de ser uma sociedade consumista e investir na investigação de novas tecnologias que não
agridam o ambiente.

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Princípios básicos para que não ocorra o colapso da nossa sociedade:

 Ordenamento do território – é a gestão da intervenção homem/espaço natural e consiste no


planeamento das ocupações, no potenciar do aproveitamento das infraestruturas existentes e
no assegurar da preservação de recursos limitados. O ordenamento do território tem como
objetivos:

- valorizar o território, assegurando uma adequada organização e utilização do território


nacional;

- ter em conta a harmonia com o meio e a sustentabilidade;

- contribuir para o desenvolvimento sociocultural da região.

O ordenamento do território será possível se:

- Criarem zonas: - Evitarem a construção em:


 Habitacionais;  Linhas de água;

 Agrícolas;  Zonas de vertente (solos deslizantes);

 De lazer;  Áreas protegidas;

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 Industriais;  Dunas;

  Zonas sísmicas e vulcânicas;


Prestação de serviços;

 …  Zonas costeiras;

 Locais com lençóis de água subterrânea;

 no leito de inundação dos rios.

Em Portugal existem Programas para promover o ordenamento do território, são eles: o


Programa Polis e o Programa Natura – que visam a melhoria da qualidade ambiental e
citadina, tentando, deste modo, efetuar um ordenamento do território nacional, o Plano Diretor
Municipal (PDM) que visa ordenar e gerir os recurso dos municípios e o Plano de
Ordenamento da Orla Costeira que visa desenvolver e ordenar a orla costeira.

 Recuperação de áreas degradadas – consiste na reabilitação de certas áreas que foram


sujeitas a intervenções humanas. Exemplos: o Parque das Nações foi construído a partir do
antigo porto de Lisboa, o Estádio Municipal de Braga foi construído no local de uma antiga
pedreira e muitos jardins e parques foram feitos a partir de minas e pedreiras abandonadas de
forma a recuperar estas áreas);
 Conservação do património geológico ou geomonumentos – Consiste na implementação
de estratégias que permitem a conservação de elementos geológicos de grande valor
científico, pedagógico, cultural ou turístico. É muito importante conservar o património
geológico e essa geoconservação tem como objetivo utilizar e gerir, de uma forma
sustentável, toda a geodiversidade, ou seja a variedade de ambientes, fenómenos e processos
geológicos que originam paisagens, rochas, minerais, solo, etc.

Exemplos: pegadas de dinossauros, pinturas rupestres em Vila Nova de Foz Côa, pedras
parideiras da Serra da Freita, as grutas, “Cabeça do Velho” da Serra da Estrela, Arriba fóssil
na Costa da Caparica, as amonites do Cabo Mondego, as três minas romanas na Serra de
Valongo, as fumarolas de S. Miguel, o Grand Canyon nos EUA, as cataratas do Niágara, etc..

 Conservação do património biológico – consiste em preservar os seres vivos e os seus


habitats;
 Redução de impactes ambientais negativos – consiste em reduzir (ao máximo) os impactes
ambientais negativos. Para isso, o Homem tem que agir de várias formas, fazendo:

 o tratamento de resíduos sólidos (aterros sanitários, incineração, compostagem e


reciclagem);

 o tratamento de águas residuais (ETAR)

 a preservação de zonas frágeis (zonas costeiras)

 o controlo da extração de areias e de rochas (de forma a evitar, por exemplo a queda de
pontes).

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Bom Estudo!

A professora: Ilda Costa

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