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Mariane Silva Coutinho
Mariane Silva Coutinho
VITÓRIA
2013
MARIANE SILVA COUTINHO
VITÓRIA
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Angelo Fraga Bernardino
ORIENTADOR – UFES/DOC
___________________________________________
Prof. Jean Christophe Joyeux
EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC
___________________________________________
Ms. Lucas Barreto
EXAMINADOR EXTERNO
DIVERSIDADE DA MACROFAUNA BENTÔNICA DE PRAIAS ARENOSAS NA
APA COSTA DAS ALGAS-ES, BRASIL
Por
Oceanógrafo
na
Abril de 2013
Assinatura da autora...................................................................................................
Curso de graduação em Oceanografia
Universidade Federal do Espírito Santo
23 de Abril de 2013
Certificado por............................................................................................................
Prof. Dr. Angelo Fraga Bernardino
Orientador
Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois sem sua força nunca teria chegado até
aqui.
Aos meus pais, que não mediram esforços para que meus sonhos fossem
realizados, sempre permanecendo ao meu lado e apoiando em todas as decisões,
inclusive na de ir para longe de casa.
A minha irmã, que apesar de toda implicância, sempre esteve disposta a ajudar e
aguentou a maior parte das minhas crises de estresse. A minha avó, sempre com
palavras animadoras e fazendo meus doces preferidos. A Fabrícia e Edvaldo, que
me acolheram como uma filha e sempre me socorrendo nos momentos de
desespero.
Ao meu orientador pela orientação e pelo esforço físico nas coletas. A todos os
integrantes do LabBentos e aos não integrantes que de uma forma ou de outra me
ajudaram durante o projeto.
Aos amigos que fiz na UFES muito obrigada pelos momentos de diversão,
congressos, estudos na madrugada e desespero conjunto antes das provas. Aos
amigos de fora da UFES, que mesmo longe e não presente no dia a dia, também
tiveram sua contribuição nessa caminhada. Não citarei nomes porque além de
serem um tanto bom, não correrei riscos de esquecer algum.
Figura 2 - Parte do setor 3A, de Barra do Riacho a Ponta de Tubarão, ES. Legenda:
II – Meso unidade morfológica; a – Cordão litorâneo largo; III – Unidade
Morfodinâmica; b – Praia refletiva; c – Praia intermediária; E – Exposto; SE – Semi-
exposto. ← - Retrogradação. ............................................................................... 16
Figura 5 – Esboço do equipamento, proposto por Emery (1961), utilizado para medir
perfis de praia....................................................................................................... 21
Figura 9 - Análise PCA para granulometria. Legenda: PU: Praia de Putiri. 15: Praia
dos Quinze. .......................................................................................................... 24
Figura 14: Abundância relativa dos outros grupos encontrados em ambas as praias.
Legenda: PR15- Praia dos Quinze; Put- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2;
Fx3- Faixa 3. ........................................................................................................ 28
Figura 16 – Índice de Pielou das espécies encontradas nas Praias de Putiri e Dos
Quinze. Legenda: PR15- Praia dos Quinze; PU- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2-
Faixa 2; Fx3- Faixa 3. ........................................................................................... 31
Figura 19 - Gráfico do tipo cluster das praias de Putiri e dos Quinze. Legenda:
PR15- Praia dos Quinze; PRPU- Praia de Putiri. ................................................. 32
Figura 20 - Curva de rarefação das Praias de Putiri e dos Quinze. Legenda: PR15-
Praia dos Quinze; PRPU- Praia de Putiri. ............................................................ 33
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dados abióticos coletados durante o campo nas Praias de Putiri e Dos
Quinze. 22
Tabela 3- Ranking dos 5 morfotipos mais encontrados nas Praias de Putiri e Dos
Quinze e a média da abundância relativa de cada morfotipo. 28
Tabela 4 - Ranking dos morfotipos encontrados nas Praias de Putiri e Dos Quinze
e a média da abundância relativa de cada morfotipo. 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10
2 OBJETIVO ........................................................................................................ 11
3 EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................. 12
5 RESULTADOS .................................................................................................. 22
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 35
7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO
3 EMBASAMENTO TEÓRICO
Figura 1 - Esquema de mapa geológico da região de Santa Cruz, próxima às praias da área de estudo.
As praias de Putiri dos Quinze são praias que apresentam uma retrogradação devido
ao pequeno aporte fluvial e vulnerabilidade abrasiva das areias carbonáticas, sendo
caracterizadas quanto ao grau de exposição como expostas e semi-expostas. Quanto
a classificação morfológica é formada pela meso unidade de cordão litorâneo largo,
enquanto que sua morfodinâmica é de praias refletivas (Albino et al., 2006).
16
Figura 2 - Parte do setor 3A, de Barra do Riacho a Ponta de Tubarão, ES. Legenda: II – Meso unidade
morfológica; a – Cordão litorâneo largo; III – Unidade Morfodinâmica; b – Praia refletiva; c – Praia
intermediária; E – Exposto; SE – Semi-exposto. ← - Retrogradação.
por critérios filogenéticos, portanto, pode ocorrer casos de uma única família ter
representantes larvais na meiofauna e representantes adultos na macrofauna. Muitos
gêneros da macrofauna são tipicamente de zona entre-marés, mas existem outros
característicos de bancos de areia, lama ou estuários, sendo menos encontrados em
praias arenosas abertas (McLachlan & Brown, 2006).
ou pouco mais abaixo na superfície da areia, o que não leva ao risco de ocorrer hipóxia
(McLachlan & Brown, 2006).
4 MATERIAIS E MÉTODOS
A coleta foi realizada durante o mês de julho de 2011 nas Praias de Putiri (19°54'20"S,
40°5'54"W) e dos Quinze (19°53′45.6″S 40°05′31.3″W), localizadas em Aracruz-ES.
Cada praia foi dividida em três faixas (Fx1, Fx2 e Fx3), separadas por 20-30 metros e
cada uma contendo três transectos aleatórios (TR1, TR2 E TR3 (Figura 3- Delineamento
amostral da praia.Figura 3). Cada transecto foi amostrado em 8-9 pontos distribuídos a
cada 4 metros na faixa entre-marés entre a linha d’água (maré baixa de sizígia) e a
restinga, totalizando 149 amostras. Para evitar a autocorrelação espacial entre os 8-9
pontos amostrais de cada transecto, este será considerado como uma unidade
amostral, ou seja, cada faixa irá possuir 3 réplicas. A macrofauna foi amostrada nos
20 cm superficiais com um corer (tubo de PVC de 20 cm de diâmetro), e amostragens
de sedimento para análises granulométricas e matéria orgânica foram realizadas em
um transecto por faixa, utilizando-se um corer de 7 cm de diâmetro e 10 cm de
profundidade (5 cm superficiais para matéria orgânica total).
Para a análise de granulometria o sedimento foi lavado com água destilada, o número
de vezes necessárias para a retirada de sal, colocado na estufa à 60°C para secagem
e posteriormente pesado, peneirado a seco e classificado de acordo com a escala de
Wentworth (Suguio, 1973), representada na Figura 4 abaixo.
Fonte: APRH
O perfil topográfico das praias foi determinado através de uma simples técnica
proposta por Emery (1961). Esta técnica utiliza duas balizas de madeira com 1,5
metros de comprimento, posicionados perpendicularmente à linha d’água. A diferença
de altura entre eles, medida em vários pontos, formará o perfil topográfico, como pode
ser visualizado na Figura 5. O estágio morfodinâmico (Ω) das praias será determinado
de acordo com parâmetros granulométricos e hidrodinâmicos (Wright & Short, 1984).
Também conhecido como Parâmetro de Dean, o estágio é aplicado para classificar as
praias, sendo que (Ω>6) indicam praias muito erodidas por ondas e por isso planas,
conhecidas como dissipativas, por outro lado, valores (Ω<1) indicam capacidade
limitada das ondas em erodir, ou seja, praias refletivas, e valores (1< Ω<6) indicam o
estágio intermediário. Este estágio é calculado pela fórmula:
Ω= Hb /W s x T
Figura 5 – Esboço do equipamento, proposto por Emery (1961), utilizado para medir perfis de praia.
5 RESULTADOS
Tabela 1 – Dados abióticos coletados durante o campo nas Praias de Putiri e Dos Quinze.
Comparando os perfis nota-se que a praia de Putiri possui uma faixa de areia de maior
comprimento (32m) entre a restinga e a linha d’água que a praia dos Quinze (25m).
Essa diferença de comprimento não apresentou uma diferença significativa na
inclinação, podendo ser devido a diferença de maré durante as amostragens (Figura
6; Erro! Fonte de referência não encontrada.).
23
6
5
Altura (m)
4
3
2
1
0
-5 5 15 25 35
Distância (m)
6
5
Altura (m)
4
3
2
1
0
-5 5 15 25 35
Distância (m)
O tamanho médio dos grãos na praia de Putiri é de areia média (29%) a fina (43%),
com grau de selecionamento baixo (Figura 8). Na praia dos Quinze também ocorreu
uma predominância de areia fina e média (38 e 21%, respectivamente), com um leve
aumento no teor de areia muito grossa e cascalho fino em comparação à praia de
Putiri (Figura 8).
24
100%
Lama
80%
areia muito fina
60%
areia fina
%
40%
areia média
20%
areia grossa
0%
areia muito grossa
Putiri Dos Quinze
Praias cascalho fino
Figura 8 – Comparação das classes granulométricas, por Wentworth (Suguio, 1973), das Praias de
Putiri e Dos Quinze.
Figura 9 - Análise PCA para granulometria. Legenda: PU: Praia de Putiri. 15: Praia dos Quinze.
25
2,5
% matéria orgânica
1,5
0,5
0
Putiri Dos Quinze
Praias
Figura 10 – Porcentagem média de matéria orgânica encontrada nas praias de Putiri e Dos Quinze.
20
15
% Umidade
10
0
Putiri Dos Quinze
Praias
A classe polychaeta foi a mais abundante em ambas as praias (>76%), seguida pela
ordem isopoda (>13%). Putiri apresentou uma maior abundância de polychaeta e
isopoda em relação a praia Dos Quinze, mas a ordem amphipoda foi mais abundante
na praia Dos Quinze (H= 10,8, p=0,06; Figura 12).
100%
Abundância relativa (%)
80%
60%
Outros
40%
Isopoda
20%
Amphipoda
0%
Polychaeta
Put Fx1Put Fx2Put Fx3 PR 15 PR 15 PR 15
Fx1 Fx2 Fx3
Praias/ Faixa
Figura 12 – Abundância relativa dos grupos mais encontrados em ambas as praias. Legenda: PR15-
Praia dos Quinze; Put- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2; Fx3- Faixa 3.
100%
Polichaetas
90% indeterminados
Spionidae
80%
Pisionidae
Abundância relativa (%)
70%
Phyllodocidae
60%
Opheliidae
50%
40% Lumbrineridae
30% Iospilidae
20% Goniadidae
10% Glyceridae
0% Capitellidae
PRPU Fx1 PRPU Fx2 PRPU Fx3 PR 15 Fx1 PR 15 Fx2 PR 15 Fx3
Praias/Faixa
Figura 13 – Abundância relativa dos poliquetas encontrados em ambas as praias. Legenda: PR15- Praia
dos Quinze; PRPU- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2; Fx3- Faixa 3.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Put Fx1 Put Fx2 Put Fx3 PR 15 Fx1 PR 15 Fx2 PR 15 Fx3
Figura 14: Abundância relativa dos outros grupos encontrados em ambas as praias. Legenda: PR15-
Praia dos Quinze; Put- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2; Fx3- Faixa 3.
O ranking dos 5 morfotipos mais encontrados nas praias de Putiri e Dos Quinze segue
abaixo de acordo com a abundância média encontrada (Tabela 3). Os polychaetas
indeterminados foram os mais abundantes nas praias, com abundância mínima de
38% na faixa 2 da Praia de Putiri e de 52% na faixa 1 da praia Dos Quinze. Isópodos
cirolanidae foram abundantes em ambas as praias, com 16% para Putiri e 12% para
Dos Quinze. Dentre os polychaetas identificados a família Spionidae e Pisionidae,
foram as mais abundantes. Os spionidae ocorreram em maior quantidade na faixa 1,
com 20% para Putiri e 27% para praia Dos Quinze, enquanto que os pisionidae foi
mais abundante na faixa 2 em Putiri com 20% e na faixa 3 na praia Dos Quinze com
3%. A diferença entre as praias foi na quinta posição do ranking na classe
malacostraca, onde a praia de Putiri apresentou os emeritas como mais abundantes
e a Dos Quinze os talitridaes, a presença desta última família indica a maior
abundância de amphipodas encontradas na praia Dos Quinze.
Tabela 3- Ranking dos 5 morfotipos mais encontrados nas Praias de Putiri e Dos Quinze e a média da
abundância relativa de cada morfotipo.
Média da abundância
Média da abundância
Morfotipo Morfotipo relativa da Praia dos
relativa de Putiri (%)
Quinze (%)
Polychaetas Polychaetas
indeterminados 43,36 indeterminados 60,01
Cirolanidae 16,07 Spionidae 13,10
Spionidae 14,43 Cirolanidae 12,41
Pisionidae 13,80 Pisionidae 2,83
29
O ranking com todos os morfotipos encontrados nas duas praias foi classificado de
acordo com a abundância de cada um. Foram observados 48 diferentes morfotipos.
Como esperado os poliquetas assumem as primeiras posições
Tabela 4 - Ranking dos morfotipos encontrados nas Praias de Putiri e Dos Quinze e a média da
abundância relativa de cada morfotipos.
2 Poliqueta sp 3 11,53
6 Poliqueta sp 10 7,09
7 Poliqueta sp 6 6,37
9 Poliqueta sp 4 4,26
10 Poliqueta sp 9 4,25
11 Poliqueta sp 7 3,23
16 Lumbrineridae 0,87
19 Poliqueta sp 1 0,80
21 Goniadidae 0,62
22 Melitidae sp1 0,61
28 Poliqueta sp 8 0,45
29 Glyceridae 0,39
30 Iospilidae 0,36
31 Poliqueta sp 2 0,31
38 Nemertea 0,15
39 Opheliidae 0,12
41 Platyhelminthes 0,09
A riqueza de espécies foi similar entre as faixas amostradas na praia do Putiri e Dos
Quine (Figura 16). A equitatividade e diversidade de espécies também não
apresentaram diferenças significativas entre as faixas e entre as praias estudadas
(Figura 17; Figura 17).
31
Riqueza de espécies
30
20
S
10
0
Praia/Faixa
Figura 15 – Índice de riqueza de espécies encontradas nas Praias de Putiri e Dos Quinze. Legenda:
PR15- Praia dos Quinze; PRPU- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2; Fx3- Faixa 3.
Índice de Pielou
1
0,8
0,6
J'
0,4
0,2
0
PR15 FX1PR15 FX2PR15 FX3PRPUFX1 PRPUFX2 PRPUFX3
Praia/Faixa
Figura 16 – Índice de Pielou das espécies encontradas nas Praias de Putiri e Dos Quinze. Legenda:
PR15- Praia dos Quinze; PU- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2; Fx3- Faixa 3.
Diversidade
4
3
2
H'
1
0
Praia/Faixa
Figura 17 – Índice de Shannon das espécies encontradas nas Praias de Putiri e Dos Quinze. Legenda:
PR15- Praia dos Quinze; PU- Praia de Putiri; Fx1- Faixa 1; Fx2- Faixa 2; Fx3- Faixa 3.
Figura 18 – Gráfico Multi-Dimensional Scaling (MDS) das praias de Putiri e dos Quinze, evidenciando
os transectos. Legenda: PR15- Praia dos Quinze; PRPU- Praia de Putiri.
Figura 19 - Gráfico do tipo cluster das praias de Putiri e dos Quinze. Legenda: PR15- Praia dos Quinze;
PRPU- Praia de Putiri.
33
A análise de rarefação de espécies para uma amostra padrão de 100 indivíduos indica
que que existem diferenças locais (entre faixas) na diversidade em ambas as praias,
mas em geral as praias possuem diversidade similar (Figura 20).
30
25
20 PR15FX1
15 PR15FX2
10 PR15FX3
PRPUFX1
5
PRPUFX2
0
ES(49)
ES(1)
ES(7)
ES(13)
ES(19)
ES(25)
ES(31)
ES(37)
ES(43)
ES(55)
ES(61)
ES(67)
ES(73)
ES(79)
ES(85)
ES(91)
ES(97)
PRPUFX3
Número de indivíduos
Figura 20 - Curva de rarefação das Praias de Putiri e dos Quinze. Legenda: PR15- Praia dos Quinze;
PRPU- Praia de Putiri.
A análise SIMPER da praia dos Quinze mostra os 10 morfotipos que mais contribuíram
para a similaridade entre suas amostras, possuindo uma similaridade média de 67,92.
É possível visualizar que mais de 40% desta similaridade é devido aos polychaetas
(Tabela 5).
Tabela 5 – Análise SIMPER da Praia dos Quinze com os 10 morfotipos mais contribuintes.
visualizar que a maioria dos morfotipos são os mesmos entre as praias, existindo
apenas 2 morfotipos, entre os que mais contribuíram, diferentes nas praias. Nesta
praia, os polychaetas também foram os principais contribuintes, mas os isopodas
tiveram uma maior contribuição do que na praia dos Quinze (Tabela 6).
Tabela 7 – Ranking de dissimilaridade entre as praias de Putiri e Dos Quinze com os 10 morfotipos
mais contribuintes.
6 DISCUSSÃO
se que as praias possuem uma tendência ao estágio dissipativo (McLachlan & Brown,
2006). A praia de Putiri que apresenta tendência a uma granulometria mais fina e uma
menor ação das ondas, possui uma maior abundância de polychaetas que a praia dos
Quinze. Apesar das praias possuírem o mesmo estágio morfodinâmico é possível
observar uma composição um pouco distinta entre elas, com a praia de Putiri
apresentando dominância dos polychaetas e isopodas, enquanto que a praia dos
Quinze possui dominância de amphipodas, sendo que nesta praia foi observado uma
maior presença de algas. O mau selecionamento dos grãos e a presença de matéria
orgânica, condições encontradas nas duas praias, são favoráveis a uma maior
diversidade de polychaetas, o que corrobora para que esta classe seja a mais
abundante (Villora-Moreno et al. 1991; Villora-Moreno 1997).
intermediárias, encontrado por Dugan et al. (2003), e muito acima do encontrado por
Hacking (1998), em praias intermediárias da Austrália, que foi uma riqueza de 5 a 19
espécies. O resultado encontrado na Califórnia é considerado um índice muito alto em
comparação com outras praias intermediárias do mundo (Dugan et al. (?)), então não
pode ser usado como um resultado de comparação para inferir a qualidade da praia.
Era de se esperar, que o resultado encontrado por Hacking (1998) fosse parecido com
o encontrado nas praias de Putiri e Dos Quinze, pois, tanto as praias da Austrália
quanto as do presente estudo estão em uma mesma zona climática, que deveria
responder aos padrões latitudinais de que a região tropical, na teoria, deveria suportar
uma maior riqueza que praias temperadas (Schlacher et al., 2008).
Os resultados obtidos neste estudo servem como uma base de dados primária sobre
as praias de Putiri e Dos Quinze e também sobre a APA Costa das Algas, que devido
a sua recente criação, ainda não possui estudos sobre seu estado de conservação.
As praias não podem ser consideradas totalmente preservadas devido a presença de
castanheiras, que além de não serem plantas nativas impedem o crescimento da
restinga ao seu redor, e a uma leve urbanização presente. Mas de acordo com os
resultados obtidos neste estudo preliminar os grupos da macrofauna encontrados,
como anfípodes talitrídeos, que são vulneráveis ao pisoteamento, são característicos
de praias preservadas como foi encontrado por Veloso et al. (2006) em praias do Rio
de Janeiro. Também foi observado que estes grupos respondem principalmente ao
estágio morfodinâmico das praias, tornando nossa hipótese, de que a biodiversidade
bentônica de praias arenosas está associada aos regimes morfodinâmicos locais e
regionais, verdadeira já que a fauna respondeu principalmente ao gradiente
morfodinâmico. É possível visualizar que a comunidade bentônica responde de forma
inversa a alguns fatores físicos, o que indica que há outros fatores, provavelmente
químicos-biológicos, influenciando em seus padrões de distribuição.
7 CONCLUSÃO
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bascom, W. Waves and beaches: the dynamics of the ocean surface. Anchor
Press, Garden City, New York, 1980.
BLOTT, S. J;. GRANSTAT v.6.0: A Grain Size Distribution and Statistics Package for
the Analysis of Unconsolidated Sediments by Sieving or Laser Granulometer. 2008.
40
CLARKE, K.R. & GORLEY, R.N. PRIMER v.6: User manual/Tutorial, Plymouth. 2006.
MARTIN, L. et al. Coastal quaternary formations of the southern part of the State
of Espírito Santo (Brazil). Anais da Academia Brasileira de Ciências. 1996.
41
MCLACHLAN, A.; BROWN, A. C. The Ecology of Sandy shores. New York. Elsevier.
2006. 373 p.