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Adequação Ambiental de Propriedades Rurais no Espírito Santo

Realização
SEAG - Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca

Produção
IPEMA - Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica
APREMAVI - Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida

Organização
Miriam Prochnow
Elizete Sherring Siqueira

Apoio
Incaper - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
Idaf - Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo
Iema - Instituto Estadual de Meio Ambiente
Seama - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Novo Pedeag - Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba

Patrocínio
Fibria

1a Edição
Vitória - ES
2010
Ficha técnica

Realização
SEAG

Produção
IPEMA e APREMAVI

Organização
Miriam Prochnow
Elizete Sherring Siqueira

Textos
Adelaide de F. S. da Costa
Ana Carolina Callegario Pereira
Aureliano Nogueira da Costa
Edgar Antonio Formentini
Geovanni Ribeiro Loiola
Hans Christian Schmidt
Jayme Henrique Pacheco Henriques
Marcelo Simonelli
Marcos Moulin Teixeira
Maura Campanili
Miriam Prochnow
Pedro Carlos Cani
Wigold Bertoldo Schaffer

Fotografia
Celso Maioli
Edegold Schaffer
Fabio Antônio Ribeiro Matos
Ludovic Jean Charles Kollmann
Luiz Fernando Silva Magnago
Marcelo Simonelli
Miriam Prochnow
Rosemberg Ferreira Martins
Wigold B. Schaffer

Mapas
Carolina Catia Schaffer
Marcos Rosa

Projeto Gráfico e Diagramação


Fábio Pili

Ilustrações
Skopein

Revisão
Eliana Jorge Leite
Maria Penha Padovan
Miguel Angelo Aguiar
Pedro Luis Pereira Teixeira de Carvalho
Apresentação

3
Rosemberg Ferreira Martins
Sumário

6 A Mata Atlântica e Sua Importância

10 A Mata Atlântica no Espírito Santo

20 A Floresta Primária e as Florestas Secundárias

22 O Que São Áreas Protegidas?

26 Unidades de C
­ onservação no Espírito Santo

32 Outras Modalidades de Áreas Protegidas

40 A Lei da Mata Atlântica

44 A Adequação Ambiental da Propriedade Rural

Atividades Sustentáveis e Tecnologias Amigas do Meio Ambiente

50 I – Sistemas Agroflorestais

54 II – A Agricultura Orgânica

58 III – Pecuária Sustentável

60 IV – Manejo Sustentável do Café

62 V – Fruticultura

64 VI – Quintais Florestais

66 VII – Plantio de Árvores Nativas com Fins Econômicos

70 VIII – Plantio de Árvores Exóticas

72 IX – Turismo Rural e Ecológico

Recuperação e Restauração Da Mata Atlântica

74 I – O Diagnóstico Preliminarde Áreas

76 II – A Recuperação de Áreas De Preservação Permanente, em Especial as Matas Ciliares

78 III – Outras Maneiras de Restaurar Áreas Degradadas

80 IV – Enriquecimento Ecológico de Florestas Secundárias

82 V – O Controle de Espécies Invasoras

84 Organizações e Setores Ligados ao Meio Ambiente e Adequação Ambiental


de Propriedades Rurais no Espírito Santo
85 Cadastro de Viveiros de Produção de Mudas de Espécies Nativas

87 Projetos e Entidades Relacionadas à Adequação Ambiental de Propriedades Rurais

88 Bibliografia
A Mata Atlântica abrange, total ou parcial- Isso aponta um dado importante, que é a
mente, 17 Estados brasileiros e 3.411 muni- capacidade da Mata Atlântica de se rege-
cípios. No Nordeste abrange também os nerar. No entanto, não muda a situação
encraves florestais e brejos interioranos, no crítica em que se encontram os estágios
Sudeste alcança parte dos territórios de Goi- avançados e primários da floresta, que são
ás e Mato Grosso do Sul e no Sul estende-se exatamente os mais bem conservados. Os
A Mata Atlântica e pelo interior, alcançando inclusive parte dos próprios dados recentemente divulgados
Sua Importância territórios da Argentina e Paraguai. apontam que o ritmo de desmatamento
diminuiu em alguns estados, mas que ele
A Mata Atlântica cobria 15% do territó- continua existindo em outros, como Santa
Miriam Prochnow rio brasileiro, uma área aproximada de Catarina e Paraná.
1.300.000 Km2. Um mapeamento recente
feito pelo Ministério do Meio Ambiente Mesmo reduzida e muito fragmentada,
(2006) aponta um percentual de 27% de a Mata Atlântica ainda abriga mais de 20
remanescentes, incluindo os vários está- mil espécies de plantas, das quais 8 mil são
gios de regeneração em todos os remanes- endêmicas, ou seja, espécies que não exis-
centes da Mata Atlântica, sejam: florestas, tem em nenhum outro lugar do Planeta.
campos naturais, restingas e manguezais. É a floresta mais rica do mundo em diver-
Entretanto, o percentual de remanescentes sidade de árvores. No sul da Bahia foram
bem conservados, gira em torno apenas de identificadas 454 espécies distintas em um
8%, índice aferido por levantamentos feitos só hectare.
Estação Biológica de Santa Lúcia, no pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo
município de Santa Teresa. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Rosemberg Ferreira Martins


Das 849 espécies de aves da Mata Atlântica,
181 são endêmicas, ou seja, só existem ali.

Rosemberg Ferreira Martins


Estima-se que na Mata Atlântica existam 1,6 milhão de espécies de
animais, incluindo os insetos. No caso dos mamíferos, por exem-
plo, estão catalogadas 270 espécies, das quais 73 são endêmicas.
São 849 espécies de aves, das quais 181 são endêmicas, os anfíbios
somam 370 espécies, sendo 253 endêmicas, enquanto os répteis so-
mam 200 espécies, das quais 60 são endêmicas. Igual ao Cerrado, a
Mata Atlântica também é considerada um hotspot, uma área com
extrema biodiversidade, mas ameaçada de extinção.

Atualmente, mais de 110 milhões de brasileiros se beneficiam das águas que nas-
cem na Mata Atlântica e que formam diversos rios que abastecem as ­cidades e
metrópoles brasileiras. Além disso, existem milhares de nascentes e pequenos
cursos d’água que afloram no interior de seus remanescentes.
Rosemberg Ferreira Martins
A Mata Atlântica também abriga grande diversidade cultural,
constituída por povos indígenas, como os Guaranis, e culturas tra-
dicionais não-indígenas como o caiçara, o quilombola, o roceiro e
o caboclo ribeirinho. O processo de desenvolvimento desenfreado
fez com que muitas dessas populações fossem expulsas de seus
territórios originais.

O desmatamento, o crescimento desordenado das cidades, a


construção de obras de infraestrutura e o avanço das atividades
agropecuárias e de plantio de exóticas sem planejamento, conti-
nuam sendo ameaças à integridade da Mata Atlântica.

A Mata Atlântica é abrigo para inúmeras


espécies de mamíferos, como a preguiça.
7
As Diferentes Vegetações da Mata Atlântica

Apesar de originalmente formar uma flo- muito maior do que se pensava, pois até ciados, bem como os encraves florestais e
resta contínua, entremeada por ecossiste- então se considerava Mata Atlântica ape- brejos de altitude interioranos que inte-
mas associados, como manguezais, restin- nas a floresta ombrófila densa. Como re- gram a Mata Atlântica: floresta ombrófila
gas e campos de altitude, até recentemente sultado do encontro, foi definido o concei- densa; floresta ombrófila mista, também
existiam diferentes denominações para a to de Domínio da Mata Atlântica para as denominada de mata de araucárias; flo-
Mata Atlântica. Essas denominações eram áreas que originalmente formavam uma resta ombrófila aberta; floresta estacional
baseadas em diversos pesquisadores, que cobertura vegetal contínua. Após algumas semidecidual; floresta estacional decidual;
agrupavam as formações florestais e ecos- reformulações, essa definição foi reconhe- campos de altitude; áreas das formações
sistemas associados de acordo com seus cida legalmente pelo Conselho Nacional pioneiras, conhecidas como manguezais,
próprios critérios. Quando a Constituição do Meio Ambiente (CONAMA), em 1992, e restingas, campos salinos e áreas aluviais;
Federal de 1988 conferiu à Mata Atlântica o incorporado ao Decreto 750, de 1993. Hoje refúgios vegetacionais; áreas de tensão
status de Patrimônio Nacional, a definição esse conceito é reconhecido pela Lei 11.428, ecológica; brejos de altitude interioranos
de quais áreas compõe o domínio da Mata sancionada em 22 de dezembro de 2006 e e encraves florestais, representados por
Atlântica passou a ser preponderante para regulamentada pelo Decreto 6660, de 21 disjunções de floresta ombrófila densa,
a política de conservação. de novembro de 2008. floresta ombrófila aberta, floresta esta-
cional semidecidual e floresta estacional
Um seminário com pesquisadores e espe- O “Mapa da Área de Aplicação da Lei no decidual; áreas de estepe, savana e sava-
cialistas nos diferentes ecossistemas, orga- 11.428, de 2006”, elaborado pelo IBGE, na-estépica; e vegetação nativa das ilhas
nizado em 1990, pela Fundação SOS Mata contempla as configurações originais das costeiras e oceânicas.
Atlântica, demonstrou que o domínio era formações florestais e ecossistemas asso-

Miriam Prochnow
Mapa da Mata Atlântica
Área de Aplicação da Lei 11.428, de 2006.

Fonte: Este mapa foi elaborado a partir do “Mapa da área de aplicação da Lei 11.428, de 2006“ (IBGE, 2008). Escala 1:5.000.000
Dentre as florestas tropicais, a Mata Atlântica é uma das
mais ameaçadas do mundo. Devido à sua localização
litorânea, esse Bioma foi o primeiro a ser colonizado e,
atualmente, nele se concentra a maior parte da popu-
lação brasileira.

A Mata Atlântica no Cinco séculos de ocupação reduziram a Mata Atlân-


Espírito Santo tica a pequenas manchas. O extrativismo que teve
início com o pau-brasil expandiu-se para outras ma-
Marcelo Simonelli deiras e, posteriormente, a agricultura e a pecuária
tiveram um papel fundamental nesse processo de
degradação do Bioma.

Formações vegetais originais do Espírito Santo Originalmente, o Espírito Santo era praticamente todo
recoberto por florestas ou ecossistemas associados à
Mata Atlântica, como restingas, brejos, manguezais,
campos rupestres e campos de altitude.

Segundo o Levantamento da Cobertura Vegetal Nativa


do Bioma Mata Atlântica (MMA/Probio), 2006, restam
hoje no estado 21,89% de remanescentes de vegetação
nativa, incluindo os vários estágios de regeneração em
todas as fisionomias. Já o levantamento realizado pela
Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2009, aponta
que os índices de remanescentes em bom estado de
conservação é bem menor e que, devido ao processo
de ocupação do solo, essa cobertura foi reduzida para
11,01%, ou 508.325 ha dos 4.616.591 ha originais, distri-
buídos em: florestas (475.600 ha), restingas (25.677 ha)
e manguezais (7.048 ha). Outro fato relevante é que,
apesar de restar pouco da Mata Atlântica o processo
de degradação ainda persiste. O mesmo levantamento
da SOS Mata Atlântica e INPE aponta que entre 2005
e 2008 houve o desmatamento de 573 ha em áreas de
florestas e 18 ha em áreas de restinga.

floresta ombrófila aberta

floresta ombrófila densa

floresta estacional semidecidual

Refúgio vegetacional

Formações pioneiras (restingas e manguezais)

0 20 40 80 12 0 Fonte de dados: IBGE - MMA


km Elaborado por Carolina Schaffer
Apesar do processo de degradação citado anterior- Unidades de Conservação e Remanescentes Florestais
mente, o Espírito Santo é tido por muitos pesquisa-
dores como um estado que detém altos valores de
biodiversidade. Isso, em parte, é devido às variações
ambientais que são encontradas no estado. Assim, em
um espaço geográfico relativamente pequeno é possi-
vel serem verificados diferentes tipos de clima, solo e
altitude que podem proporcionar diferentes tipos de
ambientes que, por sua vez, criam condições para o de-
senvolvimento de diferentes formas de vida.

UCs - Proteção integral

UCs - Uso sustentável

UCs - APAs

Lei da Mata Atlântica - Limites

Formações Florestais

Campos Naturais

Formações Pioneiras

Fonte de dados e elaboração: MMA / Probio

Aspecto geral da Mata Atlântica no Espírito Santo.

Miriam Prochnow

11
As diferentes Matas e
Paisagens no Estado
No Espírito Santo são reconhecidas as seguintes formações vegetais, que compõem variados ecossistemas e paisagens:

Floresta Ombrófila Densa

Tipo de floresta relacionada às áreas com chuvas abundantes e bem distribuídas


durante o ano. Grande parte dos municípios da região serrana do estado, como
Santa Teresa, são ocupados por estes ambientes, que se caracterizam também
por possuir solos muito rasos onde frequentemente podem ser observados os
denominados afloramentos rochosos, sobre os quais cresce a vegetação rupestre.
Com a chegada dos imigrantes europeus, abandonados estão se regenerando e se principalmente no norte do estado (como
as florestas montanhosas do Espírito tornando florestas novamente, mas em nos municípios de Linhares e Sooreta-
Santo passaram por um processo de al- outras áreas são observadas novas formas ma), onde são encontradas a Reserva da
teração, principalmente devido à prática de ocupação, como o plantio de florestas Vale do Rio Doce, com aproximadamente
de plantio de café. Em algumas áreas é de rápido crescimento. 22.000 ha e a Reserva Biológica de Soore-
possível observar fragmentos de matas tama, com aproximadamente 24.000 ha.
remanescentes, isolados em vales e nos Nas áreas de baixada a floresta ombrófila Essas duas áreas formam o maior maciço
topos de morro onde o acesso é mais di- densa é chamada de floresta de tabuleiro. florestal do Espírito Santo.
fícil. Atualmente, muitas áreas de cafezais Esse tipo florestal é bastante exuberante,

Aspecto de uma área de floresta ombrófila densa no município de Santa Teresa.

Marcelo Simonelli
Luiz Fernando Silva Magnago
Aspecto da vegetação rupestre sobre aflora-
Fabio Antônio Ribeiro Matos

mento rochoso.

Desde o início do processo de colonização


do solo espírito-santense, a floresta om-
brófila densa de terras baixas sofreu mui-
tos impactos, como a retirada de madeiras
nobres (como o jacarandá), a agricultura
(cana-de-açúcar, mamão, café, maracujá,
etc.), a silvicultura (plantio de eucalipto) e
principalmente a pecuária.

Outro aspecto interessante que é observa-


do nessas áreas é o cultivo de cacau sob a
floresta: neste tipo de atividade (matas de
Cabruca), retiram-se os indivíduos de me-
nor porte (sub-bosque) e planta-se o cacau.

Área de plantio de cacau (cabruca) onde


podemos observar um remanescente arbóreo
(Ficus sp.). 13
Marcelo Simonelli
Interior de uma floresta de tabuleiro, mostrando o porte dos indivíduos arbóreos.

Marcelo Simonelli

Fragmento de mata isolado em topo de morro no município de São Roque do Canaã.


Floresta Ombrófila Aberta
Diferencia-se da floresta ombrófila densa por possuir árvores
mais espaçadas e um período seco mais pronunciado (mais de
60 dias). Fica localizada entre os municípios de Venda Nova e Iba-
tiba e nos arredores de Domingos Martins e Santa Leopoldina. O
caráter aberto da floresta é estabelecido pela palmeira Attalea
sp., conhecida localmente por indaiá-açu e, como esta palmeira
também ocorre na outra floresta, fica difícil distinguir perfeita-
mente uma da outra.

Floresta Estacional Semidecidual


Ocorre em regiões onde os períodos chuvosos e secos são bem demarcados. Esse
fator climático limitante à vegetação faz com que parte das árvores (20 a 50%
dos indivíduos) perca as folhas no período seco.

A floresta estacional semidecidual representa a segunda mais Detalhe para a caducifólia dos indivíduos arbóreos devido às condi-
importante formação vegetacional em termos de área ocupada ções de pluviosidade em uma floresta estacional semidecidual. No
no estado do Espírito Santo, concentrando-se nas regiões sul e final da estação seca, em outubro de 2008; e na estação chuvosa, em
oeste do estado. O histórico de ocupação desse tipo de floresta janeiro 2009.
assemelha-se ao descrito para a floresta ombrófila densa.

Estação seca Estação chuvosa


Luiz Fernando Silva Magnago

Luiz Fernando Silva Magnago

15
Formações Pioneiras
Restingas Área de dunas em Itaúnas, Conceição da Barra.

Marcelo Simonelli
A restinga se desenvolve na região litorâ- observadas áreas de praias, dunas, moitas, arenoso e ácido, em alguns pontos po-
nea sobre terrenos arenosos recentes de brejos e florestas. dem ser observados plantios de algumas
origem marinha ou fluviomarinha. No es- culturas, como abacaxi, no sul do estado,
tado do Espírito Santo, a restinga ocorre No Espírito Santo, os principais impactos mandioca, coco-da-Bahia e atualmente
em quase toda a costa, sendo interrompida sobre as restingas são a expansão imo- no norte do estado podem ser observa-
em alguns trechos por foz de rios, mangue- biliária, industrial e portuária, extração das algumas experiências envolvendo o
zais ou falésias como se observa no litoral de areia, construção de estradas, turismo plantio de uma espécie nativa, a aroeira
sul, entre as cidades de Guaraparí e Mara- indiscriminado e pecuária. Apesar de na- (Schinus terebinthifolius Raddi, conhecida
taízes. A restinga é formada por ambientes turalmente possuir pouca aptidão agríco- como pimenta-rosa), cujas sementes são
bastante diversificados, assim podem ser la, principalmente devido ao solo pobre, utilizadas como condimento.
Marcelo Simonelli

Marcelo Simonelli

Moita de Restinga em Setiba, Guarapari. Floresta de Restinga.


Manguezais
O manguezal é um ecossistema costeiro (mangue-branco); Avicennia schaueriana Espírito Santo sofreram - e ainda sofrem -
que ocupa depósitos sedimentares existen- Stapf. & Leech e A. germinans Learn. (man- diversos impactos, como erosão/sedimen-
tes na faixa entremarés. Nesse ecossistema gue-preto). No apicum podem ser encon- tação, desmatamentos, aterros, invasões,
podem ser reconhecidas várias feições, tradas outras espécies associadas, como disposição de lixo, retirada da casca do
como o lavado, o bosque de franja, o bosque Acrostichum aureum L. (samambaia do mangue-vermelho para extração do tani-
de bacia e o apicum. mangue) e Hibiscus pernambucensis Arruda no, pesca predatória, despejo de poluentes
(algodoeiro da praia). como petróleo e metais pesados, etc.
Os mangues capixabas são representados
por quatro espécies vegetais típicas: Rhi- Mesmo sendo consideradas Áreas de Pre-
zophora mangle L. (mangue-vermelho); servação Permanente e sem nenhuma
Laguncularia racemosa (L.) Gaetern.f. aptidão agrícola, alguns manguezais do Bordo de um bosque de Mangue.

Marcelo Simonelli
Refúgios Ecológicos

Ludovic Jean Charles Kollmann


São áreas geralmente isoladas que estão
situadas nos pontos mais altos dos pla-
naltos. Caracterizam-se por possuir uma
cobertura vegetal herbácea (de pequeno
porte) sobre solos muito rasos (frequen-
temente sobre afloramentos rochosos),
ácidos e pobres. No Espírito Santo podem
ser encontrados em áreas acima de 1.500
metros, na Serra do Caparaó. Nessa região
existe um grande número de espécies en-
dêmicas (que só ocorrem nestes locais).
São consideradas áreas de baixa aptidão
agrícola devido às características do solo
(praticamente inexistente) e por existirem
em áreas de difícil acesso. O turismo indis-
criminado e a ação do fogo são os princi-
pais problemas enfrentados nessas áreas.

Refúgio Ecológico na Serra do Caparaó. 17


A Biodiversidade da Mata Atlântica do Espírito Santo

O estado do Espírito Santo é um dos recordistas em Áreas prioritárias para a conservação, uso sustentável e
quantidade de espécies de árvores por hectare. Na ­repartição de benefícios da biodiversidade no Espírito Santo
Estação Biológica de Santa Lucia, município de Santa
Teresa, foram identificadas 443 espécies diferentes de
árvores, em uma área de 1,02 hectares1.

A riqueza da biodiversidade e as ameaças que a cer-


cam podem ser confirmadas pela lista vermelha capi-
xaba2 que relaciona 950 espécies de animais e plantas
que estão correndo risco de extinção. Das 950 espécies
da fauna e da flora ameaçadas no Espírito Santo, 256
estão criticamente em perigo (85 fauna e 171 flora), 258
estão em perigo (36 fauna e 222 flora) e 436 são consi-
deradas vulneráveis (76 fauna e 360 flora).

No estado, o Ministério do Meio Ambiente identificou


a necessidade de intervenções em 1.487.995,23 ha, con-
siderados prioridade para ações como a criação de áre-
as protegidas, incluindo unidades de conservação de
proteção integral e uso sustentável, além do fomento
para o uso sustentável e educação ambiental, a reali-
zação de inventários, recuperação e criação de mosai-
cos e corredores de biodiversidade3.

O Estado do Espírito Santo está completamente inseri-


do na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, compon-
do em conjunto com o sul da Bahia, a zona núcleo do
Corredor Central da Mata Atlântica.

Importância Biológica

Alta

Muito Alta

Extremamente Alta

Fonte de dados: IBGE - MMA


Elaborado por Carolina Schaffer

1
Museu de Biologia Mello Leitão, Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade de São Paulo, 1997.
2
Decreto Nº 1.499-R, que homologa a Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Espírito Santo. Publicado no Diário Oficial Estadual em 14 de junho de 2005.
3
Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira: Atualização – Portaria MMA nº 09, de 23 de
janeiro de 2007.
A Conservação da Mata Atlântica

O Espírito Santo é um estado privilegiado. Consideran- 1) Preservação e manejo adequado dos remanescentes ainda existentes;
do que cada uma das fitofisionomias citadas possui
tipos diferentes de vegetação, encontra-se uma enor- 2) Trabalhos de Educação Ambiental e divulgação visando à
midade de ambientes diferentes. Nas áreas de Flores- conscientização pública;
tas de Tabuleiro, por exemplo, ocorrem fisionomias
como as Muçunungas e os campos nativos - estes são 3) Prospecção da biodiversidade de forma sustentável;
frequentemente confundidos, inclusive pelos órgãos
fiscalizadores, com áreas em estágios iniciais de rege- 4) Recuperação de áreas degradadas de forma planejada, levando-se em
neração da Mata Atlântica, sendo, por isso, necessário consideração as particularidades de cada ecossistema;
um melhor conhecimento dos ecossistemas do estado,
além de ser urgente uma legislação específica para 5) Desenvolvimento de estudos visando a um melhor conhecimento
proteger estas áreas singulares. dos ecossistemas;

Outro ponto importante a ser considerado é que apro- 6) Aumento na rede de áreas protegidas, levando-se em consideração
ximadamente 3% das áreas de Mata Atlântica do Es- ­critérios técnicos, como o estudo de análise de lacunas;
pírito Santo estão em Unidades de Conservação. Se
considerado o fato de que restam no estado 11,01% de 7) Ampliação da conectividade entre os fragmentos existentes, através de
Mata Atlântica, então aproximadamente 8% dos re- corredores ecológicos;
manescentes estão fora das Unidades de Conservação,
principalmente em áreas particulares. Esse fato sugere 8) Implantação, de fato, das áreas de reserva legais, levando-se em
que a preservação da Mata Atlântica no Espírito Santo ­consideração critérios técnicos ligados à biologia da conservação;
passa, necessariamente, pelas mãos dos proprietários
rurais durante a adequação de suas áreas. Nesse sen- 9) Recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente;
tido, algumas ações são necessárias e urgentes, dentre
as quais podemos citar: 10) Uma melhor aplicação da legislação, visando à prática de mecanismos
eficientes de acordo com as realidades regionais.

11) Ampliação da parceria e colaboração com os proprietários rurais.

Rosemberg Ferreira Martins

19
A floresta primária, também conhecida por exploração madeireira irracional ou por
como floresta clímax ou mata virgem, é a causas naturais, mesmo que nunca tenha
floresta intocada ou aquela em que a ação havido corte raso e que ainda ocorram árvo-
humana não provocou significativas alte- res remanescentes da vegetação primária.
rações das suas características originais
de estrutura e de espécies. A grande maioria dos remanescentes de
A floresta Mata Atlântica ainda existente nas peque-
Primária e as A Mata Atlântica primária caracteriza-se
pela grande diversidade biológica, pela
nas e médias propriedades é composta de
florestas secundárias em diferentes está-
Florestas Secundárias presença de árvores altas e grossas, pelo gios de regeneração.
equilíbrio entre as espécies pioneiras, se-
Miriam Prochnow cundárias e climáticas, pela presença de É importante lembrar que os remanes-
grande número de bromélias, orquídeas, centes da vegetação dos ecossistemas
cactos e outras plantas ornamentais em associados à Mata Atlântica: campos de
cima das árvores. altitude, restingas, manguezais e áreas de
contato entre estas, também são classifi-
As florestas secundárias são aquelas re- cados da mesma forma, ou seja, vegetação
sultantes de um processo natural de re- primária e vegetação secundária nos está-
generação da vegetação, em áreas onde, gios inicial, médio ou avançado de regene-
no passado, houve corte raso da floresta ração. No entanto, os parâmetros técnicos
primária. Nesses casos, quase sempre as utilizados na classificação não são os mes-
terras foram temporariamente usadas mos aplicados às florestas.
para agricultura ou pastagem e a floresta
ressurge espontaneamente após o aban- Para exemplificar, são descritas as princi-
dono destas atividades. pais características da vegetação secundá-
ria de ambientes florestais para o estado
Também podem ser consideradas secun- do Espírito Santo.
Floresta primária. dárias as florestas muito descaracterizadas

Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer

Miriam Prochnow

Miriam Prochnow
Estágio inicial Estágio médio Estágio avançado
de regeneração de regeneração de regeneração
Esse estágio surge logo após o abandono A vegetação em regeneração natural ge- Inicia-se geralmente depois dos 15 anos de
de uma área agrícola ou de uma pasta- ralmente alcança o estágio médio depois regeneração natural da vegetação, poden-
gem. Geralmente vai até seis anos, poden- dos seis anos de idade, durante até os 15 do levar de 60 a 200 anos para alcançar
do em alguns casos durar até dez anos, anos. Nesse estágio, as árvores atingem novamente as características semelhantes
em função do grau de degradação do solo altura média de 5 a 13 metros e diâmetro à floresta primária. A diversidade biológica
ou da escassez de sementes. Geralmente de 10 a 20 centímetros. No estágio médio aumenta gradualmente à medida que o
existem grandes quantidades de capins e a diversidade biológica aumenta, mas tempo passa, e desde que existam rema-
samambaias de chão. Predominam tam- ainda há predominância de espécies de nescentes primários para fornecer semen-
bém grandes quantidades de exemplares árvores pioneiras, como ingás e aroeiras. tes. A altura média das árvores é superior a
de árvores pioneiras de poucas espécies. A presença de capins e samambaias di- 10 metros e o diâmetro médio é superior a
A altura média das árvores geralmente minui, mas em muitos casos resta grande 18 centímetros.
não passa dos 7 metros e o diâmetro de presença de cipós e taquaras.
13 centímetros. Nesse estágio os capins e samambaias de
As espécies vegetais que caracterizam chão não são mais característicos. Come-
As espécies vegetais que caracterizam esse estágio sucessional são, principal- çam a emergir espécies de árvores nobres,
esse estágio sucessional são, principal- mente: cinco-folhas (Sparattosperma como cedros, sapucaias e óleos. Nas regiões
mente: embaúba (Cecropia sp.), jacaré vernicosum), boleira (Joanesia princeps), abaixo de 600 metros do nível do mar os
(Piptadenia communis), goiabeira (Psi- pau-d’alho (Gallesia gorazema), goiabei- palmiteiros aparecem com frequência. Os
dium guajava), assa-peixe (Vernonia ra (Psidium guajava), jacaré (Piptadenia cipós e taquaras passam a crescer em equi-
polyanthes), pindaúva-vermelha (Xylopia communis), quaresmeira-roxa (Tibou- líbrio com as árvores.
seriacea), camará (Moquina polymorpha), china grandiflora), ipê-felpudo (Zeyhera
ipê-felpudo (Zeyhera tuberculosa), aro- tuberculosa), araribá (Centrolobium sp.), As espécies vegetais que caracterizam esse
eira (Schinus terebenthifolius), alecrim caixeta (Tabebuia spp.), jenipapo (Genipa estágio sucessional são, principalmen-
(Rosmarinus officinalis), fedegoso (Cassia americana), guapuruvu (Schizolobium pa- te: guapuruvu (Schizolobium parahyba),
spp.), araçá (Psidium cattleyanum), oitizei- rahyba), cajueiro (Anacardium sp.), oitizei- cinco-folhas (Sparattosperma vernicosum),
ro (Licania tomentosa), corindiba (Trema ro (Licania tomentosa), quaresma (Anno- boleira (Joanesia princeps), pau-d’alho
micranta), pindaíba (Xylopia emarginata), na cacans), ipê-roxo (Tecoma heptaphila). (Gallesia gorazema), jacaré (Piptadenia
caviúna (Dalbergia villosa). communis), quaresmeira-roxa (Tibouchina
grandiflora), cedro (Cedrela fissilis), fari-
nha-seca (Pterigota brasiliensis), ipê-roxo
(Tecoma heptaphilla), pau-ferro (Caesalpi-
nia ferrea), óleo-de-copaíba (Copaifera lan-
gsdorffii), araribá-vermelho (Centrolobium
robustum), sapucaia-vermelha (Lecythis pi-
sonis), pau-sangue (Pterocarpus violaceus),
caviúna (Dalbergia villosa). 21
O que são
Áreas Protegidas?
Miriam Prochnow

As Áreas Protegidas são criadas para ga-


rantir a sobrevivência de todas as espécies
de animais e plantas, a chamada biodiver-
sidade, e também para proteger locais de
grande beleza cênica, como montanhas,
serras, cachoeiras, cânions, rios ou lagos.
Além de permitir a sobrevivência dos ani-
mais e plantas, essas áreas contribuem
para regular o clima, abastecer os manan-
ciais de água proporcionando qualidade
de vida às populações humanas. No Brasil,
existem dois tipos de áreas protegidas: as
públicas e as privadas ou particulares.

Existem áreas protegidas particulares devi-


do à impossibilidade de criação de reservas
públicas em todos os lugares e também
porque existem certas áreas que devem

Wigold B. Schaffer
sempre ser protegidas, independentemen-
te de sua localização, como, por exemplo, as
margens de rios, nascentes e topos de mor-
ros. Nesse sentido, os dois tipos de áreas
protegidas são complementares. Bromélia em área de restinga.

Phyllomedusa Rodei
Criar e implantar Unidades de Conservação é fundamental para garantir a sobrevivência das espécies animais e vegetais.

Rosemberg Ferreira Martins


Unidades de Conservação

Unidades de Conservação, como o Parque Nacional do


Caparaó e a Reserva Biológica de Duas Bocas, são áreas

Rosemberg Ferreira Martins


protegidas públicas. As Unidades de Conservação são
divididas em diferentes categorias, de acordo com seus
objetivos. As categorias e os objetivos estão definidos
na Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Entre os objetivos das Unidades de Conservação, destacam-se:


• Manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos • Proteção das
espécies ameaçadas de ­extinção • Preservação e restauração da diversidade de
ecossistemas naturais e degradados • Promoção do desenvolvimento sustentá-
vel a partir dos recursos naturais • Valorização econômica e social da diversidade
biológica • Proteção de paisagens naturais pouco alteradas e de notável beleza
cênica • Proteção e recuperação dos recursos hídricos • Promoção da educação
ambiental e do ecoturismo • Incentivo à pesquisa científica • Proteção dos recur-
sos naturais necessários à sobrevivência das populações tradicionais.

Pico da Bandeira. Parque Nacional do Caparaó.

Wigold B. Schaffer

23
Rosemberg Ferreira Martins
O SNUC instituiu duas categorias de unidades de conservação: Apesar de não estar inserida no Sistema ofi-
cial de Unidades de Conservação, a Estação
Unidades de Proteção Integral Biológica de Santa Lúcia é uma importante
unidade de pesquisa e conservação, com 440
Entende-se por proteção integral a manutenção dos ecossistemas ha, aos cuidados do Museu de Biologia Prof.
livres de alterações causadas por interferência humana, admitin- Mello Leitão.
do apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Nesse grupo
incluem-se as Estações Ecológicas (ESEC), Reservas Biológicas (RE-
BIO), Parques Nacionais (PARNA), Refúgios de Vida Silvestre (RVS) e
Monumentos Naturais.

Unidades de Uso Sustentável


Entende-se como uso sustentável a exploração do ambiente de A criação de unidades de conservação é uma ferramenta muito
maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais reno- importante para a conservação da biodiversidade, em especial
váveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e a conservação in situ, ou seja, no local onde as espécies estão. O
os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e eco- Brasil tem como meta da Convenção Internacional da Biodiversi-
nomicamente viável. Nesse grupo estão as Áreas de Proteção Am- dade criar Unidades de Conservação em pelo menos 10% da área
biental (APA), Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Flores- de cada Bioma. Apesar da existência dessa meta, um percentual
tas Nacionais (FLONA), Reservas Extrativistas (RESEX), Reservas de ainda muito pequeno da Mata Atlântica está sob essa proteção
Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reservas de Fauna e Reservas e é fundamental que cada vez mais sejam bem cuidadas as uni-
Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). dades já existentes e que novas sejam criadas.
Em resumo, as Unidades de Conservação
servem para proteger a diversidade bioló-
gica, mas elas também contribuem espe-
cialmente para os seres humanos com os
seguintes serviços ambientais:

• Regulação da quantidade e qualidade de água para consumo • Fertilidade dos


solos e estabilidade das encostas • Equilíbrio climático e manutenção da quali-
dade do ar • Alimentos saudáveis e diversificados • Base para produção de me-
dicamentos para doenças • Áreas verdes para lazer, educação, cultura e religião.

Outro aspecto importantíssimo das Uni-

Rosemberg Ferreira Martins


dades de Conservação é o fato de que elas
promovem a geração de renda e estimu-
lam o desenvolvimento regional e local,
apoiando programas de ecoturismo, cria-
ção de cooperativas de ecoprodutos, entre
outros, além de incentivarem atividades de
pesquisa científica e processos educativos.

Ou seja, as Unidades de Conservação tra-


zem benefícios para muito além das suas
fronteiras, e é preciso que o poder público
e a sociedade tenham clareza de que ecos-
sistemas saudáveis são vitais para a exis-
tência de pessoas sadias, empresas susten-
táveis e economias sólidas.

25
Rosemberg Ferreira Martins
Unidades de
­Conservação no
Espírito Santo
Geovanni Ribeiro Loiola

A maior parte dos remanescentes flo-


restais no Espírito Santo encontra-se em
propriedades privadas, principalmente
em propriedades com pequena extensão.
Levando em conta que menos de 2% do
território espírito-santense está protegido
sob a forma de Unidades de Conservação
de Proteção Integral e que menos de 1,5%
do território estadual consiste em Unida-
des de Uso Sustentável, a responsabilidade
dos proprietários como parceiros na pre-
servação e recuperação do meio ambiente
torna-se de fundamental importância. O
estado do Espírito Santo possui uma área
de 46.077,5 km2 e 51 áreas protegidas, to-
talizando uma área de conservação de
1.523,05 km2 ou 152.305,29 hectares.

As Unidades de Conservação compõem o


Sistema Nacional de Unidades de Conser-
vação da Natureza (SNUC), que se divide
em dois grupos com características dife-
renciadas: o primeiro grupo visa à preser-
vação da natureza, admitindo apenas o
uso indireto dos recursos naturais, e é de-
nominado Unidades de Proteção Integral;
o segundo tem por função a conservação
da natureza permitindo o uso sustentável
de parte de seus recursos naturais, sendo
denominado de Unidades de Uso Susten-
tável. As duas categorias podem apresen-
tar representantes federais, estaduais ou
municipais.

Apesar da criação legal de áreas protegidas,


cada proprietário rural é responsável pela
manutenção da Reserva Legal em sua pro-
priedade, além das Áreas de Preservação
Permanente, podendo inclusive optar pela
criação de Reservas Particulares do Patri-
mônio Natural (RPPNs).

Somente cerca de 3% do território do ES encon-


tra-se protegido em Unidades de Conservação.
Unidades de Conservação Federais do Estado do Espírito Santo
As Unidades de Conservação Federais representam
48,55% dos territórios protegidos no estado, divididas
em 10 Unidades de Proteção Integral sob a responsa-
bilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio). A categoria de Reserva Bioló-
gica é a de maior representatividade estadual.

Unidades de Conservação Federais (N=10) Criação Município Área (ha) (%) a Grupo b Responsável c

Floresta Nacional de Goytacazes 2002 Linhares 1.350 0,88 US ICMBio

Floresta Nacional de Pacotuba 2002 Cachoeiro de Itapemirim 450 0,29 US ICMBio

Floresta Nacional do Rio Preto 1990 Conceição da Barra 2.830,64 1,85 US ICMBio

Monumento Natural dos Pontões Capixabas 2006 Águia Branca e Pancas 17.496 11,48 PI ICMBio

Parque Nacional do Caparaó d 1961 Divino de São Lourenço, 18.200 11,94 PI ICMBio
Dores do Rio Preto, Iúna,
Irupí e Ibitirama
Reserva Biológica Augusto Ruschi 1982 Santa Teresa 4.733,75 3,1 PI ICMBio

Reserva Biológica de Comboios 1984 Linhares 836,39 0,54 PI ICMBio

Reserva Biológica de Sooretama 1949 Linhares e Jaguaré 24.250 15,92 PI ICMBio

Reserva Biológica do Córrego do Veado 1982 Pinheiros 2.392 1,57 PI ICMBio

Reserva Biológica do Córrego Grande 1989 Conceição da Barra 1.504,81 0,98 PI ICMBio
Miriam Prochnow

a. Porcentagem sobre a área total de


152.305,29 hectares que integram as Uni-
dades de Conservação do estado do Espí-
rito Santo.

b. Grupo de Unidades de Conservação de


Proteção Integral (PI) e de Uso Sustentável
(US), de acordo com o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC).

c. ICMBio = Instituto Chico Mendes de Con-


servação da Biodiversidade.

d. A área total do Parque Nacional do Ca-


paraó corresponde a 31.853 hectares, sendo
que 18.200 hectares integram o estado do
Espírito Santo e os 13.653 hectares restan-
tes pertencem ao estado de Minas Gerais.

Pico do Cristal, no
Parque Nacional do Caparaó.
27
Unidades de Conservação Estaduais
As Unidades de Conservação Estaduais re- de Defesa Agropecuária e Florestal do Es-
presentam 48,92% de extensão das áreas pírito Santo (IDAF), responsável por uma
protegidas, distribuídas em 26 territórios área; diversas prefeituras, com a gestão de
delimitados pelo Estado, contando com um sete áreas, além da empresa Vale, respon-
gerenciamento diversificado. As seguintes sável pela gestão de uma área. A categoria
entidades são responsáveis pela gestão de Unidade de Conservação Estadual com
dessas diferentes áreas: Instituto Estadu- maior representatividade consiste na Área
al do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Proteção Ambiental.
(IEMA), com a gestão de 17 áreas; Instituto

Unidades de Conservação Estaduais (N=26) Criação Município Área (ha) (%) a Grupo b Responsável c
Área de Proteção Ambiental de Conceição da Barra 1998 Conceição da Barra 7.728 5,07 US IEMA
Área de Proteção Ambiental de Goiapaba-Açu 1994 Fundão 3.740 2,45 US IEMA

Área de Proteção Ambiental de Guanandy 1994 Piúma, Itapemirim 5.242 3,44 US IEMA
e Marataízes

Área de Proteção Ambiental de Mestre Álvaro 1976 Serra 2.461 1,61 US IDAF
Área de Proteção Ambiental de Praia Mole 1994 Serra 400 0,26 US IEMA

Área de Proteção Ambiental do Maciço Central 1992 Vitória 666,55 0,43 US Prefeitura
Área de Proteção Ambiental do Monte Mochuara 2007 Cariacica 2.600 1,7 US Prefeitura
Área de Proteção Ambiental Ilha do Frade 1994 Vitória 35,32 0,02 US Prefeitura
Área de Proteção Ambiental Paulo César Vinha d
1994 Guarapari 11.460 7,52 US IEMA
Área de Proteção Ambiental Pedra do Elefante 2001 Nova Venécia 2.562,31 1,68 US IEMA

Área de Relevante Interesse 2005 Ibiraçu 573 0,37 US IEMA


Ecológico Morro da Vargem
Estação Ecológica Ilha do Lameirão 1986 Vitória 871,92 0,57 PI Prefeitura

Monumento Natural do Itabira 2008 Cachoeiro de 158 0,1 PI Prefeitura


Itapemirim
Monumento Natural O Frade e a Freira 2007 Itapemirim 861,4 0,56 PI IEMA

Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça 1984 Alegre 24,2 0,01 PI IEMA

Parque Estadual da Fonte Grande 1986 Vitória 218 0,14 PI Prefeitura

Parque Estadual da Pedra Azul 1991 Domingos Martins 1.240 0,81 PI IEMA

Parque Estadual de Itaúnas 1991 Conceição da Barra 3.650 2,39 PI IEMA

Parque Estadual de Mata das Flores 1986 Castelo 800 0,52 PI IEMA

Parque Estadual do Forno Grande 1960 Castelo 730 0,47 PI IEMA

Parque Estadual Paulo César Vinha 1990 Guarapari 1.500 0,98 PI IEMA

Reserva Biológica de Duas Bocas 1965 Cariacica 2.910 1,91 PI IEMA

Reserva de Desenvolvimento 2007 Guarapari 1.036 0,68 US IEMA


Sustentável Concha D’Ostra
Reserva Ecológica de Jacarenema 1989 Vila Velha 247,36 0,16 PI IEMA

Reserva Ecológica Municipal das Ilhas Oceânicas 1989 Vitória 1.178 0,77 PI Prefeitura
de Trindade e Arquipélago de Martim Vaz

Reserva Natural Vale 1951 Linhares 21.787 14,31 US Vale


Wigold B. Schaffer
O Parque Estadual Paulo César Vinha, que
preserva uma grande área de restingas, e
o Parque Estadual da Pedra Azul, com uma
bela paisagem, são importantes Unidades de
Conservação criadas pelo governo do estado
do Espírito Santo.

a. Porcentagem sobre a área total de


152.305,29 hectares que integram as Uni-
dades de Conservação do estado do Espí-
rito Santo.

b. Grupo de Unidades de Conservação de


Proteção Integral (PI) e de Uso Sustentá-
vel (US) de acordo com o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC).

c. IDAF = Instituto de Defesa Agropecuária


e Florestal do Espírito Santo e IEMA = Insti-
tuto Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos.

d. A área delimitada pelo Parque Estadual


Paulo César Vinha correspondente a 1.500
hectares e encontra-se localizada no in-
terior do território delimitado pela Área
de Proteção Ambiental Paulo César Vinha,
com 11.460 hectares. A integração dessas
duas Unidades de Conservação correspon-
de a um território de 12.960 hectares.

Miriam Prochnow

29
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)
As Reservas Particulares do Patrimônio Na- cartório, à margem do registro do imóvel. cêndios e invasão por parte da sociedade
tural (RPPNs) são Unidades de Conservação Diferente da Reserva Legal, onde pode ser e do Estado e conta com a preferência na
privadas e criadas em terrenos particula- feito o uso sustentável dos recursos natu- obtenção de créditos rurais e na mecaniza-
res por iniciativa do proprietário, mediante rais, na RPPN só podem ser desenvolvidas ção agrícola. O proprietário pode inclusive
o reconhecimento do órgão governamen- atividades de pesquisa científica, ecoturis- solicitar o auxílio do poder público para a
tal de meio ambiente, e tem por objetivo mo, recreação e educação ambiental. elaboração de um plano de manejo, prote-
auxiliar na conservação da diversidade ção e gestão da área.
biológica, paisagística e dos demais recur- Ao transformar sua propriedade ou parte
sos naturais. A iniciativa de criação deve dela em RPPN, o produtor passa a ter al- O estado do Espírito Santo apresenta cerca
ser solicitada pelo proprietário ao órgão gumas vantagens, tais como a isenção do de 2,35% de sua área protegida composta
ambiental, que poderá reconhecer o imó- Imposto Territorial Rural (ITR), conforme por RPPNs, que são criadas sob orientação
vel ou parte dele como uma RPPN. A RPPN é dispõe a Lei nº 9.393, de 19 de dezembro das diferentes esferas do poder público.
perpétua e também deve ser averbada no de 1996; conta com a proteção contra in-

Unidades de Conservação (N=15) Criação Município Área (ha) (%) a Grupo b Responsável c
RPPN Cafundó 1998 Cachoeiro de Itapemirim 517 0,33 US IBAMA
RPPN Fazenda Santa Cristina 2001 Montanha 28 0,01 US IBAMA
RPPN Fazenda Sayonara 2001 Conceição da Barra 29,22 0,01 US IBAMA
RPPN Mutum Preto 2007 Linhares 379 0,24 US IDAF
RPPN Oiutrem 2006 Alfredo chaves 58,1 0,03 US IEMA
RPPN Recanto das Antas 2007 Linhares 2.202 1,44 US IDAF
RPPN Restinga de Aracruz 2007 Aracruz 296 0,19 US IDAF
RPPN Três Pontões 2004 Afonso Cláudio 12 <0,01 US IBAMA
RPPN Florindo Vidas 2008 Iúna 1,08 <0,01 US IEMA
RPPN Cachoeira Alta 2008 Divino de São Lourenço 10,55 <0,01 US ICMBio
RPPN Córrego da Floresta 2008 Afonso Cláudio 23,86 0,01 US ICMBio
RPPN Mata da Serra 2008 Vargem Alta 14,54 <0,01 US ICMBio
RPPN Águas do Caparaó 2008 Dores do Rio Preto 0,8 <0,01 US IEMA
RPPN Linda Laís 2009 Santa Teresa 3,48 <0,01 US IEMA
RPPN Alimercino Gomes de Carvalho 2009 Guaçuí 6,01 <0,01 US Federal
Rosemberg Ferreira Martins

a. Porcentagem sobre a área total de 152.305,29 hectares


que integram as Unidades de Conservação do estado do
Espírito Santo.

b. Grupo de Unidades de Conservação de Proteção Inte-


gral (PI) e de Uso Sustentável (US) de acordo com o Siste-
ma Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC).

c. ICMBio = Instituto Chico Mendes de Conservação da


Biodiversidade, IDAF = Instituto de Defesa Agropecuária
e Florestal do Espírito Santo e IEMA = Instituto Estadual
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

A criação de RPPNs é uma estratégia importante para a


conservação da biodiversidade.
Rosemberg Ferreira Martins

31
Rosemberg Ferreira Martins
Outras Modalidades
de Áreas Protegidas
Miriam Prochnow

Segundo a Constituição Federal, a conservação e preservação da


natureza é obrigação conjunta do poder público e dos cidadãos:

“Art. 225 - Todos têm direito ao meio


ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e à coletividade o de-
ver de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.”
Isso também alcança as florestas existentes nas propriedades pri-
vadas, as quais, segundo o Art. 1º do Código Florestal Brasileiro (Lei
nº 4.771, de 15 de setembro de 1965), são bens de interesse comum
a todos os habitantes do País.

“Art. 1º - As florestas existentes no ter-


ritório nacional e as demais formas de
vegetação, reconhecidas de utilidade
às terras que revestem, são bens de in-
teresse comum a todos os habitantes
do País, exercendo-se os direitos de pro-
priedade com as limitações que a legis-
lação em geral e especialmente esta Lei
estabelecem.”
Segundo o Código Florestal, todas as propriedades privadas de-
vem manter uma área de Reserva Legal e preservar as Áreas de
Preservação Permanente.

Manter as Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal é funda-


mental para a produtividade e equilíbrio ecológico das propriedades.
Área de Preservação Permanente
A Área de Preservação Permanente (APP) é um espaço territorial
especialmente protegido, e o seu conceito está definido no Art. 1º
da Lei Federal no 4.771/1965:

Área de Preservação Permanente é uma área com a função ambiental de (1) pre-
servar os recursos hídricos, (2) a paisagem, (3) a estabilidade geológica, (4) a bio-
diversidade, (5) o fluxo gênico de fauna e flora, (6) proteger o solo e (7) assegurar
o bem-estar das populações humanas.

As APPs não têm apenas a função de preservar a vegetação ou a A Área de Preservação Permanente (APP) é área de “preservação” e
biodiversidade. São áreas com atributos e características ambien- não permite exploração econômica direta (madeireira, agricultura
tais especiais, cobertas ou não por vegetação nativa que tem uma ou pecuária), nem através de manejo. Mesmo assim, alguns usos
função ambiental muito mais abrangente, voltada, em última e intervenções em APPs são admitidos pela legislação em casos
instância, a proteger espaços de relevante importância para a de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental.
conservação da qualidade ambiental, e assim também garantir o
bem-estar das populações humanas.

APPs não preservadas prejudicam a qualidade e quantidade de água nas propriedades.


Miriam Prochnow

Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Celso Maioli

Nas áreas onde a mata ciliar não estiver preservada, ela deve ser recuperada.
33
Limites e parâmetros das
APPs - área situada:

I - ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água, me-


dida desde o seu nível mais alto em faixa marginal, em
projeção horizontal, com largura mínima de:

II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que in-


termitente, com raio mínimo de cinquenta metros, de
tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográ-
fica contribuinte;

Largura do rio
ou curso d’água Faixa mínima APP

Miriam Prochnow
inferior a 10 metros 30 metros

de 10 a 50 metros 50 metros

de 50 a 200 metros 100 metros A mata ciliar deve ter no mínimo 30 metros de cada lado do curso d’água.
de 200 a 600 metros 200 metros

superior a 600 metros 500 metros

III – ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com


metragem mínima de:

Localização do lago ou lagoa Faixa mínima APP

30 metros
situados em áreas urbanas
consolidadas

100 metros
situados em áreas rurais,
exceto os corpos d`água com
até vinte hectares de superfí-

Miriam Prochnow
cie, cuja faixa marginal será de
cinquenta metros

IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção ho-


rizontal, com largura mínima de cinquenta metros, a Topos de morro e encostas são APPs que garantem o abastecimento
partir do limite do espaço brejoso e encharcado; d’água e a estabilidade do solo.

V - no topo de morros e montanhas, em áreas deli-


mitadas a partir da curva de nível correspondente a
dois terços da altura mínima da elevação em relação
à base;

VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a par-


tir da curva de nível correspondente a dois terços da
altura em relação à base do pico mais baixo da cumea-
da, fixando-se a curva de nível para cada segmento da
linha de cumeada equivalente a mil metros;

VII - em encosta ou parte desta, com declividade su-


perior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na
linha de maior declive;
Miriam Prochnow

VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapa-


das, a partir da linha de ruptura, em faixa nunca infe-
rior a cem metros, em projeção horizontal no sentido
do reverso da escarpa; Nas nascentes a APP é um círculo de 50 metros.
IX - nas restingas:

a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a par-


tir da linha de preamar máxima;

b) em qualquer localização ou extensão, quando reco-


berta por vegetação com função fixadora de dunas ou
estabilizadora de mangues;

X - em manguezal, em toda a sua extensão;

XI - em duna;

XII - em altitude superior a mil e oitocentos metros ou,

Miriam Prochnow
em Estados que não tenham tais elevações, a critério
do órgão ambiental competente;

XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves mi-


gratórias;

XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exempla-


res da fauna ameaçados de extinção, que constem de
lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou
Municipal;

XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução


da fauna silvestre.

No caso de áreas urbanas, assim entendidas as com-


preendidas nos perímetros urbanos definidos por
lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglo-
merações urbanas, em todo o território abrangido,
Miriam Prochnow

Miriam Prochnow
observar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os prin-
cípios e limites fixados no Código Florestal e nas
­Resoluções do Conama.
As restingas fixadoras de dunas e estabilizadores de mangue, os manguezais e as
O Conama também definiu as faixas de APPs para re- áreas situadas em altitudes superiores a 1.800m são algumas das categorias de APPs.
servatórios de água artificiais:

Segundo o Art. 3º da Resolução 302, de 2002, constitui


Área de Preservação Permanente a área com largura
mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reser-
vatórios artificiais, medida a partir do nível máximo
normal de:

I - trinta metros para os reservatórios artificiais situa-


dos em áreas urbanas consolidadas e cem metros para
áreas rurais;

II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios


artificiais de geração de energia elétrica com até dez
hectares, sem prejuízo da compensação ambiental;

III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios ar-


Miriam Prochnow

tificiais não utilizados em abastecimento público ou


geração de energia elétrica, com até vinte hectares de
superfície e localizados em área rural.

Reservatórios artificiais também precisam de vegetação em seu entorno, de acordo


com o tamanho e uso. 35
Desmatamento ou Ocupação de APPs com
Agricultura ou Pecuária Causam Problemas Ambientais

A retirada da vegetação de APPs provoca a inversão do fluxo da água. O escoa-


mento superficial torna-se rápido, passando de 5 para 80%. A infiltração diminui
drasticamente. Resultado = erosão do solo e assoreamento dos rios
A preservação das APPs de nascentes, margens de rios, encostas com declive acen-
tuado e topos de morro, garante melhor infiltração da água das chuvas e dimi-
nui o escoamento superficial, evitando a erosão do solo, os desbarrancamentos
e deslizamentos de terra.

Tipo de Densidade do solo Densidade do solo a 30cm Infiltração de água Infiltração de água a 30cm
cobertura vegetal na superfície g/mm3 de profundidade g/mm3 na superfície mm/min de profundidade mm/min

Mata primária 0,98 1,15 310 200

Mata secundária 1,09 1,18 204 180


Cultura de cana 1,29 1,45 26 10
Cultura de abacaxi 1,29 1,48 17 8
Cafezal 1,28 1,46 12 8
Solo exposto 1,31 1,51 10 1
Pasto degradado 1,37 1,41 4 2
Pasto em encosta 1,50 1,51 1 1

Fonte: Adaptado de “Mata Ciliar – Impor-


tância, Conservação e Recuperação” – Marcos
Gamberine – 2006 Instituto Socioambiental – ISA.
Fonte dos dados citada por Gamberine: In: Ciência Hoje,
Rio de Janeiro, vol. 25, no 146, jan-fev/1999. Antonio Paulo Fa-
ria e Jorge Soares Marques - Laboratório de Geomorfologia Fluvial,
Costeira e Submarina, do Departamento de Geografia da Universida-
de Federal do Rio de Janeiro. Fonte: Sítio Barsa 37
Reserva Legal

Miriam Prochnow
Na Mata Atlântica a Reserva Legal de cada propriedade é de 20%, que pode ser utilizada de forma sustentável.

É a área de cada propriedade particular pode ser manejada para uso de produtos compensação também pode ser feita den-
onde não é permitido o desmatamento não madeireiros. tro de Unidades de Conservação. Para pe-
(corte raso), mas que pode ser utilizada de quenas propriedades, menores de 30 hec-
outras formas. Na Mata Atlântica podem A Reserva Legal é permanente e deve ser tares, também existe a possibilidade de
ser utilizados produtos não madeireiros, averbada em cartório, à margem do re- sobreposição da Reserva Legal com Áreas
lenha e a exploração eventual de algu- gistro do imóvel. Há algumas situações de Preservação Permanente, dentro de um
mas árvores. A Reserva Legal é uma área em que os proprietários que já estão utili- determinado percentual.
necessária ao uso sustentável dos recur- zando todo o imóvel para fins agrícolas ou
sos naturais, à conservação e reabilitação pecuários podem compensar a Reserva Le- A compensação é uma alternativa que pode
dos processos ecológicos, à conservação da gal em outras propriedades. A lei permite ser adotada de forma conjunta por diversos
biodiversidade e ao abrigo da fauna e flora que a compensação da Reserva Legal seja proprietários de uma microbacia. Permite
nativas. Nas regiões Sul, Sudeste e Nordes- feita em outra área, própria ou de tercei- a criação de áreas contínuas e maiores de
te, onde ocorre a Mata Atlântica, a Reserva ros, de igual valor ecológico, localizada na Reserva Legal e possibilita melhores condi-
Legal é de 20% de cada propriedade; na mesma microbacia e dentro do mesmo ções para a sobrevivência da fauna e flora e
Amazônia é de 80% para as áreas onde estado, desde que observado o percen- para a proteção de ­mananciais.
ocorre floresta, e de 35% onde ocorre o cer- tual mínimo exigido para aquela região.
rado. Na Mata Atlântica a Reserva Legal só De acordo com a Lei da Mata Atlântica, a
Corredores Ecológicos
Corredores Ecológicos são áreas que nos e médios fragmentos florestais. Esses ção das matas ciliares, consideradas áreas
unem os remanescentes florestais, possi- fragmentos são ilhas de biodiversidade que de preservação permanente, que ultrapas-
bilitando o livre trânsito de animais e a guardam as informações biológicas neces- sam as fronteiras das propriedades e dos
dispersão de sementes das espécies vege- sárias para a restauração dos diversos ecos- municípios. Através das matas ciliares é
tais. Isso permite o fluxo gênico entre as sistemas que integram o Bioma. possível estabelecer conexão com as reser-
espécies da fauna e flora e a conservação vas legais e outras áreas florestais dentro
da biodiversidade. Também garantem a Nesse sentido, sempre que não existe liga- das propriedades.
conservação dos recursos hídricos e do ção entre um fragmento florestal e outro,
solo, além de contribuir para o equilíbrio é importante que seja estabelecido um A aplicação correta do Código Florestal
do clima e da paisagem. Os corredores corredor entre estes fragmentos e que a quanto à manutenção ou recuperação das

As matas ciliares, encostas e topos de morros são ideais para a formação de corredores ecológicos entre propriedades.

Miriam Prochnow

podem unir unidades de conservação, re- área seja recuperada com o plantio de es- áreas de preservação permanente e reser-
servas particulares, reservas legais, áreas pécies nativas ou através da regeneração vas legais permite que se faça um planeja-
de preservação permanente ou quaisquer natural. Os corredores ecológicos podem mento da paisagem por microbacia ou por
outras áreas de florestas naturais. ser criados para estabelecer ou para man- município, mantendo todas as florestas
ter a ligação de grandes fragmentos flores- interligadas. O planejamento da paisagem
O conceito de corredor ecológico é novo no tais, como as unidades de conservação, e pode ser feito de maneira participativa en-
Brasil, mas sua aplicação é de extrema im- também para ligar pequenos fragmentos tre os proprietários, autoridades públicas e
portância para a recuperação e preservação dentro de uma mesma propriedade ou mi- organizações não ­governamentais.
da Mata Atlântica, já que os remanescentes crobacia. Um meio fácil de criar corredores
estão espalhados por milhares de peque- é através da manutenção ou da recupera- 39
Miriam Prochnow
A Lei da
Mata Atlântica
Maura Campanili
Wigold B. Schaffer

A primeira norma legal especificamente


para a Mata Atlântica foi o Decreto Fede-
ral no 99.547, de 1990, que proibiu toda e
qualquer supressão de vegetação nativa.
Essa norma foi substituída pelo Decreto
Federal no 750, de 1993, que definiu legal-
mente o seu domínio, incluindo as dife-
rentes formações florestais e ecossiste-
mas associados, e determinou a proteção
dos remanescentes da vegetação nativa
primária, bem como da vegetação nativa
secundária em seus diferentes estágios
de regeneração.

Com as mesmas diretrizes desse decreto,


foi formulado um Projeto de Lei da Mata
Atlântica, apresentado em 1992. O projeto
tramitou durante 14 anos, até a sua apro-
vação como Lei Federal no 11.428, sanciona-
da em 22 de dezembro de 2006. Durante
esse período, o Decreto no 750/1993 conti-
nuou em vigor.

O objetivo da Lei é preservar o que resta


de remanescentes de vegetação nativa A Lei no 11.428, de 2006, estabelece as regras para a conservação e uso sustentável da Mata Atlântica.
da Mata Atlântica no País e criar meios
para que a floresta e os ecossistemas as-
sociados voltem a crescer onde hoje estão O Decreto no 6.660, de 21 de novembro der público deverá criar incentivos econô-
praticamente extintos. Assim, regula a de 2008, regulamentou a Lei no 11.428, de micos para aqueles que desejam proteger
conservação, proteção, regeneração e uti- 2006, e é mais um passo na consolidação ou usar sustentavelmente os remanescen-
lização não apenas dos remanescentes de da legislação protetora da Mata Atlântica, tes de vegetação nativa da Mata Atlântica.
vegetação nativa no estágio primário mas estabelecendo “o que”, “como” e “onde”
também nos estágios secundário inicial, pode haver intervenção ou uso sustentável O Decreto também detalha os tipos de
médio e avançado de regeneração. nos remanescentes de vegetação nativa. vegetação protegidos pela Lei da Mata
Atlântica, os quais estão delimitados no
A Lei não proíbe definitivamente o corte de Qualquer um que queira desmatar ou su- “Mapa da Área de Aplicação da Lei 11.428,
vegetação ou ocupação de áreas, mas cria primir alguma área de vegetação nativa da de 2006”, elaborado pelo Instituto Brasi-
critérios rígidos para tanto. O princípio por Mata Atlântica deve pedir autorização para leiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse
ela adotado é de que as áreas mais conser- o órgão ambiental competente, que só au- mapa contempla as configurações origi-
vadas devem ser mais protegidas, as áreas torizará em casos excepcionais, verificado o nais das Formações Florestais e Ecossis-
degradadas devem ser enriquecidas e as interesse social ou utilidade pública, e des- temas Associados, bem como os encraves
áreas abertas devem ter seu uso intensifi- de que não exista outro local para a obra ou florestais e brejos interioranos que inte-
cado, para evitar o avanço sobre os rema- empreendimento. Para contrabalançar as gram a Mata Atlântica.
nescentes de ­vegetação nativa. restrições estabelecidas, a Lei diz que o po-
O que diz a Lei da Mata Atlântica?
A Lei no 11.428, de 2006, regulamentada Vegetação primária – o corte e a supres- Vegetação secundária em estágio médio
pelo Decreto no 6.660, de 2008, dispõe são somente serão autorizados em cará- de regeneração – vale o mesmo que para
sobre a utilização e proteção da vegeta- ter excepcional, quando necessários à re- o estágio avançado, mas também é autori-
ção nativa, tanto das formações florestais alização de obras, projetos ou atividades zado corte quando necessário ao pequeno
como dos ecossistemas associados que in- de utilidade pública (desde que destinada produtor rural e populações tradicionais
tegram a Mata Atlântica. Ou seja, não es- área equivalente à desmatada para con- para o exercício de atividades ou usos agrí-
tabelece restrições adicionais para as áreas servação), e para pesquisas científicas e colas, pecuários ou silviculturais impres-
anteriormente ocupadas legalmente e que práticas preservacionistas. cindíveis à sua subsistência e de sua fa-
já estão desprovidas de vegetação nativa. mília, ressalvadas as Áreas de Preservação
Vegetação secundária em estágio avan- Permanente e Reserva Legal.
A Lei não revoga o Código Florestal, assim çado de regeneração – o corte, a supres-
continuam valendo todos os dispositivos são e a exploração somente serão auto- Vegetação em estágio inicial de regene-
que dizem respeito a Reserva Legal e Áreas rizados em caráter excepcional, quando ração – O corte, a supressão e a explora-
de Preservação Permanente. A utilização necessários à realização de obras, projetos ção poderão ser autorizados pelo órgão
ou supressão da vegetação nativa se fará ou atividades de utilidade pública, mine- estadual competente, nos estados em que
de forma diferenciada quando se tratar de ração, loteamentos e edificações (desde houver mais de 5% de cobertura vegetal
vegetação primária ou secundária, levan- que destinada área equivalente à desma- nativa da Mata Atlântica remanescente.
do-se em conta os estágios de regeneração: tada para conservação), e para pesquisas
inicial, médio ou avançado. científicas e práticas preservacionistas.

Miriam Prochnow

É importante que os proprietários rurais saibam o que é permitido fazer nas áreas remanescentes de Mata Atlântica. 41
O que é proibido na Mata Atlântica?
É proibida a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração quando:

• Abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção e a inter-


venção puser em risco a sobrevivência dessas espécies • Exercer a função de pro-
teção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão • Formar corredores
entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado
de regeneração. • Proteger o entorno das unidades de conservação • Possuir ex-
cepcional valor paisagístico.

O que pode ser feito com a Mata Atlântica?


Mais do que determinar restrições, o De- O plantio e reflorestamento com espécies frutos ou sementes, visando à produção e
creto nº 6.660, de 2008, descreve o que nativas pode ser feito sem necessidade de comercialização.
pode ser feito nos remanescentes de vege- autorização dos órgãos ambientais.
tação nativa de Mata Atlântica. Um conjunto de atividades de uso indi-
É permitido o corte e exploração de espé- reto não necessitam de autorização dos
Entre as principais regras de uso sustentá- cies nativas comprovadamente plantadas, órgãos ambientais, tais como: abertura de
vel da Mata Atlântica estão: desde que estejam cadastradas e tenham pequenas vias e corredores de acesso; im-
autorização do órgão ambiental. plantação de trilhas para desenvolvimen-
É livre a exploração eventual, sem propósi- to de ecoturismo; implantação de aceiros
to comercial direto ou indireto, de espécies O procedimento para autorização do cor- para prevenção e combate a incêndios
da flora nativa provenientes de formações te ou supressão de vegetação em estágio florestais; construção e manutenção de
naturais, para consumo nas propriedades inicial de regeneração, e para o pousio em cercas ou picadas de divisa de proprieda-
rurais, posses das populações tradicionais áreas de até dois hectares por ano, foi sim- des; e pastoreio extensivo tradicional em
ou de pequenos produtores rurais, respei- plificado para pequenos produtores rurais remanescentes de campos de altitude,
tadas a vegetação primária, as espécies e população tradicional. nos estágios secundários de regeneração,
ameaçadas de extinção e os seguintes li- desde que não promova supressão da ve-
mites: 15 m³ de lenha por ano por proprie- Foram estabelecidos critérios para a livre getação nativa ou introdução de espécies
dade ou posse; 20 m³ de madeira a cada coleta de folhas, frutos e sementes, tais vegetais exóticas.
três anos por propriedade ou posse. como períodos de coleta e época de matu-
ração dos frutos e sementes.
É estimulado o enriquecimento ecológico
com espécies nativas visando à recupera- A prática do extrativismo sustentável é
ção da biodiversidade nos remanescentes permitida, por intermédio da condução
de vegetação secundária. de espécies nativas produtoras de folhas,
Miriam Prochnow

Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer

A coleta de frutos, folhas e sementes é livre, desde que alguns critérios sejam seguidos. É permitida a exploração eventual de lenha
e madeira, desde que sejam seguidos alguns
critérios e não for em mata primária ou de
espécies ameaçadas de extinção.
Miriam Prochnow

É preciso integrar a produção agrícola com a conservação ambiental. 43


A Adequação
Ambiental da

Miriam Prochnow
Propriedade Rural

Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer

A questão da qualidade e quantidade de água deve


ser o principal motivo para que um proprietário rural
promova a adequação ambiental de sua proprieda-
de. Aspectos como o esgotamento e a erosão do solo
também devem ser levados em conta. Atualmente, os
proprietários rurais, precisam usar muita criatividade
e empenho para sobreviver das agropecuárias. A diver-
sificação da produção e o respeito ao meio ambiente
são os principais pilares da sustentabilidade econô-
mica e ambiental da propriedade. A monocultura e
o uso excessivo de agrotóxicos e adubos solúveis são
medidas que podem prejudicar a sustentabilidade da
propriedade no médio e longo prazo.

Já está provado que as propriedades se tornam muito


mais produtivas quando o meio ambiente é respeita-
do. Existem no Brasil inúmeros exemplos de proprie-
dades ambientalmente adequadas, onde os proprie-
tários respeitam a legislação ambiental e ao mesmo
tempo conseguem ter alta produtividade e ótima
qualidade de vida. No Espírito Santo, a organização
Chão Vivo tem várias experiências com certificação de
propriedades rurais.

Os proprietários rurais também são importantes par-


ceiros na preservação da Mata Atlântica. O desenvol-
vimento de modelos de propriedades que levem em
conta o processo produtivo e a conservação dos ecos-
sistemas é de extrema importância para permitir o
uso sustentado dos recursos naturais de uma região.

Ao planejar as atividades a serem desenvolvidas em


uma propriedade rural é importante levar em conside-
ração a paisagem e as características da propriedade e
da microbacia onde ela está inserida, uma vez que ne-
nhuma propriedade está isolada no mundo. Os rios, os
animais, o ar, e inclusive as sementes das árvores e ou-
tras plantas, ultrapassam as divisas das propriedades e
até as fronteiras de estados e países sem pedir licença.
Miriam Prochnow
A adequação ambiental de propriedades rurais é fundamental para o aumento
da produtividade agrícola, pois recupera a qualidade do solo e da água, essen-
ciais para uma boa produção econômica.

Miriam Prochnow

45
Aspectos de uma Propriedade Adequada Ambientalmente

Uma propriedade rural adequada ambientalmente é aquela que cumpre a


­legislação ambiental e ao mesmo tempo tem alta produtividade agropecuária e
ótima qualidade de vida para seus moradores.

Os principais aspectos a serem observados na adequação ambiental de uma propriedade rural são:

Mata ciliar nas margens de nascentes, Silvicultura


­riachos, rios e lagos
Deve ser implantada fora das APPs. Se for feita com es-
As áreas no entorno de nascentes e nas margens de riachos, rios e pécies nativas pode ser feita para restaurar a Reserva
lagos (naturais ou artificiais) são Áreas de Preservação Permanen- Legal, mas não poderá sofrer corte raso no futuro. É
te (APPs), locais onde não é permitida a exploração de madeira. importante ocupar apenas um percentual da proprie-
São áreas ideais para a formação de corredores ecológicos para dade com essa atividade e não torná-la uma atividade
plantas e animais nativos e têm a função de garantir a qualida- única, em especial na pequena propriedade.
de e quantidade de água necessária ao abastecimento público e
também para as atividades agropecuárias.
Piscicultura
Encostas com mais de 45º e topos de Açudes e tanques de criação de peixes devem ser cons-
morro e de montanhas truídos fora dos leitos dos rios e fora das APPs e da Re-
serva Legal.
As áreas com mais de 45º de declividade também são Áreas de
Preservação Permanente e devem permanecer com a vegetação
nativa preservada, assim como as áreas de topos de morro, mon- Apicultura
tes e montanhas devem manter a vegetação nativa preservada no
seu terço superior. A atividade apícola pode ser desenvolvida em toda a
área do imóvel, inclusive na Reserva Legal, nas APPs e
nas RPPNs.
Reserva Legal
Na região da Mata Atlântica, todos os imóveis rurais devem ter Ecoturismo Rural
uma Reserva Legal de 20% (averbada em cartório), área que pode
ser utilizada de forma sustentável para obtenção de alguns pro- Preservar as belezas cênicas como cachoeiras, serras,
dutos e subprodutos florestais e para apicultura e outros usos, nascentes e rios gera oportunidades de lazer e turis-
desde que não promovam a supressão da vegetação. Na Mata mo, aumentando a renda do produtor rural.
Atlântica, a utilização dos recursos naturais da Reserva Legal deve
observar o Decreto no 6.660, de 2008, que regulamenta a Lei no
11.428, de 2006 – Lei da Mata Atlântica. Sistemas agroflorestais
Na pequena propriedade rural ou posse rural familiar,
Pecuária a adoção de sistemas agroflorestais é uma ótima al-
ternativa para auxiliar na sustentabilidade do imóvel
Deve ser praticada fora das áreas da Reserva Legal e APPs. É impor- e pode ainda ser utilizada para recuperar APPs e Re-
tante fazer cercas para evitar que os animais entrem nessas áreas serva Legal.
de vegetação nativa.

Casas e ranchos
Agricultura
Devem ser construídos fora das APPs e afastados dos
Deve ser praticada fora da Reserva Legal e das APPs. rios, para evitar prejuízos com enchentes, e das encos-
tas, para evitar prejuízos com deslizamentos.
Lixo Estradas internas
- Os restos orgânicos dos alimentos podem ser aproveitados para Devem ser planejadas e construídas de acordo com as
alimentação de animais domésticos ou para a fabricação de com- curvas de nível do terreno, evitando áreas de maior de-
posto orgânico. clividade e fragilidade de solo.

- Os restos de vidro, metal, plástico e outros, devem ser separados


e destinados para a reciclagem. RPPN
- Os materiais contaminados ou perigosos (pilhas e baterias, em- Os proprietários podem solicitar ao ICMBio ou órgãos
balagens de agrotóxicos etc.) devem ser armazenados em local ambientais estaduais e municipais (quando houver a
seguro até serem destinados para depósitos ou locais de coleta e figura legal) a criação de Reservas Particulares do Pa-
destinação final. trimônio Natural (RPPNs) do total ou de parte de suas
propriedades, especialmente das áreas com vegetação
nativa ainda preservadas e que tenham beleza cênica
Efluentes e dejetos de animais ou importância biológica.

- O sistema de tratamento dos efluentes domésticos deve ser ins-


talado em locais seguros, sem risco de infiltração para o lençol fre-
ático ou vazamento para os cursos d’água.

- Os dejetos de animais (suínos, bovinos, aves etc.), se corretamen-


te armazenados e tratados, podem servir para produção de bio-
gás ou para fabricação de composto orgânico para ser utilizado na
agricultura ou silvicultura.

Miriam Prochnow

É possível conciliar a conservação e a produção agrícola. 47


Programas Governamentais que apóiam a Adequação Ambiental

É fundamental que os produtores rurais recebam apoio e assistência na adequa-


ção ambiental de suas propriedades. Nesse sentido já existem várias iniciativas
em andamento, como os programas “Campo Sustentável” e “Mais Ambiente”.

Programa Campo

Miriam Prochnow
Sustentável

O programa Campo Sustentável1 é um


programa de adequação ambiental de pro-
priedades agrícolas do Governo do Estado
do Espírito Santo, editado pela Portaria
conjunta SEAG/SEAMA no 001-R, de 2009,
para apoiar os produtores rurais interessa-
dos em realizar suas atividades de forma
planejada, visando assegurar níveis sa-
tisfatórios de produtividade e, ao mesmo
tempo, conservar e recuperar os recursos
naturais.

Para imóveis rurais com área superior a


10 hectares, os benefícios para o produtor
são: elaboração de planta cartográfica ge-
oreferenciada da propriedade, com o ma-
peamento detalhado do uso atual do solo
e o planejamento do uso futuro. Para área
inferior a 10 hectares, planta simplificada
com foto-interpertação, indicando e deli-
mitando as áreas de intervenção.

Além disso, são doados mourões e arames


para a construção de cercas de isolamento
para áreas que precisam ser recuperadas,
mudas de espécies nativas e exóticas para
recomposição florestal de até 13% da pro-
priedade e mudas de espécies florestais
para fins econômicos, espécies agrícolas
e sementes, para o plantio de até 10% da
área da propriedade.

Em contrapartida, o produtor assina um


tempo de compromisso e se responsa-
biliza em cumprir algumas ações como:
executar e monitorar o projeto elaborado
com os técnicos responsáveis pelo pro-
grama, promover ações de recuperação e
adequação ambiental em escala não in-
ferior a 10% da área total da propriedade,
zelar pelas áreas destinadas à preserva-
ção e cuidar da sua manutenção e regula-
rizar a área de Reserva Legal.

A assistência técnica é muito importante para os produtores rurais.


1 http://www.seag.es.gov.br/?p=11317
Programa Mais Ambiente
O Governo Federal, através do Decreto nº 7.029, de Através deste Decreto, também foi criado o Cadas-
2009, criou o Programa Federal de Apoio à Regula- tro Ambiental Rural (CAR), um sistema eletrônico de
rização Ambiental de Imóveis Rurais, denominado identificação georreferenciada da propriedade rural
“Programa Mais Ambiente”, cujo objetivo é promover ou posse rural, contendo a delimitação das Áreas de
e apoiar a regularização ambiental de imóveis, com Preservação Permanente, da Reserva Legal e remanes-
prazo de até três anos para a adesão dos beneficiários. centes de vegetação nativa localizados no interior do
imóvel, para fins de controle e monitoramento.
A adesão ao “Programa Mais Ambiente” é feita através
de Termo de Adesão e Compromisso, o qual será sim- O “Programa Mais Ambiente” contempla ações de
plificado para o agricultor familiar, o empreendedor educação ambiental, assistência técnica rural, produ-
familiar rural e os povos e comunidades tradicionais, ção e distribuição de mudas e sementes e de capacita-
considerados beneficiários especiais do programa. Ao ção dos beneficiários especiais.
assinar o Termo de Adesão e Compromisso, o interes-
sado assume o compromisso de recuperar, recompor
ou manter as Áreas de Preservação Permanente, bem
como de averbar a Reserva Legal do imóvel.

Miriam Prochnow

49
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente

I . Sistemas Agroflorestais

Hans Christian Schmidt

A implantação de SAFs é uma ótima alternativa para o


aumento da produção numa propriedade rural familiar.

Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são uma combinação integra- Podemos caracterizar os Sistemas Agroflorestais
da de árvores, arbustos, culturas agrícolas e/ou, animais, com em diversos tipos:
enfoque no sistema como um todo, e se caracterizam pela exis-
tência de interações ecológicas e econômicas significativas entre Sistemas simples
os componentes. Representam um novo enfoque de desenvolvi- Consórcio entre espécies arbóreas, culturas anuais (milho, fei-
mento rural, uma nova perspectiva de modelo de uso da terra, e jão, mandioca, etc.), perenes (café, frutas, etc.) e/ou pastagem,
não uma simples técnica agrícola ou florestal que objetiva ape- no mesmo espaço físico e temporal – geralmente usando menos
nas o aumento de produção. Surgem para melhorar as condições de 3 espécies no sistema ao longo do tempo. Exemplo: Café com
atuais, podendo fornecer bens e serviços integrados a outras ati- seringueira ou cedro, pastagem com eucalipto, cerca viva, quebra
vidades produtivas da propriedade e da região. vento, aléias.

Os SAFs funcionam como estratégia de união dos objetivos da Sistemas intermediários


produção agropecuária e florestal com a conservação do solo, da Consórcio entre espécies arbóreas, culturas anuais (milho, feijão,
água, do clima local e da biodiversidade, ajudando a minimizar mandioca, etc.), perenes (café, frutas) e/ou pastagem, no mesmo
os impactos das mudanças climáticas. Associados a outras prá- espaço físico e temporal – usando mais de 5 espécies no siste-
ticas agroecológicas podem contribuir com a implementação ma ao longo do tempo. Exemplo: Café com banana, palmeiras,
de corredores ecológicos e restauração de Áreas de Preservação frutíferas e adubação verde, frutíferas com banana, palmeiras e
Permanente e Reserva Legal, principalmente em propriedades essências florestais.
da agricultura familiar, promovendo a sustentabilidade socio-
ambiental desses locais. Sistemas complexos - agrofloresta
Consórcio entre espécies arbóreas, culturas anuais (milho, fei-
Os Sistemas Agroflorestais vêm sendo desenvolvidos historica- jão, mandioca, etc.), perenes (café, frutas) e/ou pastagem com
mente por muitos povos indígenas e populações tradicionais grande diversidade de espécies. Quando há distribuição espacial
em todo o mundo, sendo que diversas experiências têm sido de- (multiestrato/andares - desenvolvidos em processo sucessional)
senvolvidas e propagadas por produtores e técnicos nas últimas são chamados de agrofloresta. Exemplo: quintais agroflorestais
décadas, no Brasil. Com base em experiências de produção orgâ- com pequenos animais, cacau em sistema de cabruca, sistemas
nica e agroecologia, não se deve ver os SAFs como mais uma tec- diversificados a partir de mata raleada ou em regeneração.
nologia salvadora da pátria, mas sim um repensar do sistema de
produção e do planejamento da propriedade e da sua integração
na paisagem. Sugere-se uma transição gradual e que o produtor
busque o acúmulo e o intercâmbio de experiências, visto eu são
sistemas mais complexos.
Wigold B. Schaffer
A reunião de diferentes culturas em um solo local. Além disso, deve ser considera- espaço vertical, porque nesses sistemas
mesmo sistema de produção exige um do o efeito de cada espécie no crescimento plantas crescendo lado a lado podem ocu-
planejamento da distribuição espacial e produção das demais espécies do siste- par alturas diferentes. Utilizando-se uma
das plantas e da sua evolução no tempo. ma ao longo do tempo e dentro do espaço analogia com a construção de um prédio,
O planejamento de sistemas biodiversos disponível. Esse processo denomina-se de- as plantas vão ocupar diferentes “anda-
(com muitas espécies) tem que levar em senho de um sistema agroflorestal. Assim, res” no sistema, e estes andares serão
conta a necessidades de luz, o porte, a for- no desenho da agrofloresta pensa-se no ocupados por diferentes espécies ao longo
ma do sistema radicular de cada espécie e espaço horizontal (distância entre duas do tempo, da mesma forma que em uma
seu comportamento no tipo de clima e de plantas medida pelo chão) e também no floresta natural.

Para o processo de planejamento de um SAF, deve se levar em consideração os seguintes aspectos:

• Objetivo do SAF (econômico, segurança alimentar, adequação ambiental, etc.)


• Características e adequação da área e da região (tipo de solo, fertilidade, de-
clividade, precipitação, clima, etc.) • Características das plantas e sua interação
(demanda por água, luz e nutrientes, tipo de raiz, copa, época de frutificação/
colheita) e dos animais • Demanda e disponibilidade de insumos do sistema
(sementes, mudas, adubo, etc.) • Demanda e disponibilidade de mão-de-obra
do sistema ao longo do tempo (evitar acúmulo/concentração de mão-de-obra) •
Canais de comercialização e mercado dos produtos • Características de armaze-
namento e beneficiamento dos produtos do sistema.
51
Miriam Prochnow
Quanto mais diversificado o SAF, maior a produtividade.

Miriam Prochnow
A implantação de um sistema agroflores- Assim, podemos afirmar que os SAFs apresentam as seguintes vantagens:
tal pode-se iniciar pela limpeza do terre-
no, aração, calagem e gradeação (quando • Otimizam o uso do solo e dos insumos (absor-
necessária) e abertura de covas e aduba-
ção (orgânica e/ou química) para o plan- ção de nutrientes e água) • Promovem ciclagem de
tio de mudas e sementes. Alguns sistemas
podem ser iniciados já com algumas cul- nutrientes eficientes mantendo a fertilidade e ca-
turas arbustivas ou florestais ou árvores
nativas já existentes na área, havendo um pacidade produtiva da terra ao longo do tempo •
enriquecimento, uma diversificação deste
sistema. Nesses casos algumas vezes é ne- ­Oferecem diversidade de produtos, gerando fontes
cessário fazer um raleamento de algumas
plantas ou podas. de renda alternativa para os produtores, contribuin-
Numa fase inicial, enquanto forem cul- do para minimizar os prejuízos e os riscos causados
tivadas culturas anuais ou de ciclo curto
(milho, feijão, mandioca, cana, etc.), devem pela perda de algumas safras e pelas oscilações de
ocorrer os tratos culturais normais para es-
tes cultivos, como adubação orgânica e/ou preços de mercado. • A maior diversidade e a distri-
química, capinas, roçadas e colheita, sem-
pre retornando os resíduos de colheita (pa- buição de trabalho no campo durante o ano podem
lhada, ramas, folhas e bagaço) para a área
e mantendo o solo coberto (palha, folhedo, ocupar melhor a mão-de-obra familiar • Promovem
mato roçado), protegendo, assim, o solo da
insolação e da erosão da chuva, mantendo melhorias ambientais (controle de erosão, manu-
a umidade junto às raízes superficiais e
ciclando nutrientes. Numa fase posterior, tenção de água, aumento de biodiversidade, etc.),
com o predomínio de plantas de ciclo mé-
dio e longo, gradativamente haverá maior podendo gerar renda adicional através de pagamen-
preocupação com o manejo do sistema, ha-
vendo um predomínio de roçada, manejo to por serviços ambientais • Possibilitam produção
de poda, adubação e colheita.
em APP e RL, respeitando as restrições da legislação. 53
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente

II – A Agricultura Orgânica

Edegar Antonio Formentini


Miriam Prochnow

Ainda na primeira metade do século XX, surgiram


idéias que defendiam alternativas naturais para se
contraporem à agricultura, então praticada, de uso
intensivo de insumos químicos e de mecanização.
Dentre elas estão a Agricultura Orgânica, a Natural, a
Biodinâmica e a Permacultura, que se desenvolveram
a partir da década de 1920. Nos anos de 1970 a 1980,
a agroecologia se insere como ciência, propondo uma
série de princípios ecológicos para desenvolver uma
agricultura sustentável, socialmente mais justa e me-
nos dependente de insumos não renováveis.

A história da agricultura orgânica/agroecológica no


Espírito Santo passou por vários momentos: as Escolas
Famílias do Movimento de Educação Promocional do
Espírito Santo (MEPES) surgiram nos anos 70, com a
valorização do saber local e com a pedagogia da alter-
nância. Nos anos 80 começa o apoio público e surge o
trabalho dos Projetos de Agricultura Alternativa (PTA-
FASE) junto a Igreja Luterana formando grupos de
agricultores alternativos em Santa Maria Jetibá. Ainda
nesse período os Centros Estaduais Integrados de Edu-
cação Rural (CEIER) no norte do estado e o Hortão de
Cachoeiro de Itapemirim começam a utilizar métodos
alternativos de produção. Em 1990 tem início os traba-
lhos de pesquisa em olericultura orgânica no Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão
Rural (Incaper), além de movimentos de agricultura
alternativa em São Domingos do Norte, Iconha, Laran-
ja da Terra (Projeto Guandu), Rio Bananal e em outros
municípios do norte do estado.

A produção orgânica/agroecológica trabalha integrada


a um desenvolvimento que considera a harmonia e o
equilíbrio do ecossistema, no ambiente que gere satis-
fação econômica, bem-estar e qualidade de vida para
todos, além da garantia da perpetuidade dos recursos
naturais em boas condições de uso. A troca de experi-
Miriam Prochnow
ências entre agricultores e técnicos é uma
prática muito utilizada e tem ajudado no
avanço do movimento orgânico/agroecoló-
gico no estado do Espírito Santo.

Estado potencialmente agrícola, o Espíri-


to Santo possui 84% dos municípios cuja
fonte de renda está baseada na agricultu-
ra, sendo que aproximadamente 92% das
­propriedades rurais possuem áreas de até
100 hectares, caracterizando uma agricul-
tura familiar forte e com maior capacidade
de se ajustar às exigências da agricultura
orgânica/agroecológica.

Existem muitas experiências interessantes


na área da agricultura orgânica/agroeco-
lógica sendo desenvolvidas por grupos de
agricultores capixabas. O estado possui
hoje 430 propriedades certificadas ou em
processo de certificação, com uma área
de 8.000 ha e uma produção ao redor de
7.000 toneladas/ano (banana, mamão, ole-
ricultura, café e outras).

Por outro lado, cada vez mais governantes,


técnicos, consumidores e agricultores se
convencem da necessidade da produção
aliada à preservação e recuperação dos re-
cursos naturais. A produção de forma sus-
tentável, garantindo água e terra para as fu-
turas gerações, deverá ser desenvolvida com
cuidado especial a esses dois fatores indis-
pensáveis à vida. Quando se faz produção
sobre solo e água conservados, o alimento
ali produzido é de qualidade. Isso torna a
produção cada vez mais fácil, uma vez que o
solo equilibrado proporciona maior produ-
tividade e maior resistência das plantas ao
ataque de pragas e doenças. A preservação
das florestas e o cumprimento de toda a
legislação ambiental são pré-requisitos da
agricultura orgânica/agroecológica.

A produção orgânica/agroecológica está se


tornando uma prática cada vez mais fácil
em função da experiência adquirida pelos
agricultores e de pesquisas desenvolvi-
das tanto por iniciativas governamentais,
como as da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) que conta com
cerca de 260 pesquisadores desenvolvendo
algum tipo de pesquisa na área; como de
iniciativas da sociedade civil. O cultivo de
todas as culturas em períodos com clima
adequado tem sido relativamente produtivo.

Praticar agricultura orgânica não é apenas


não utilizar agrotóxicos, mas sim produzir em
harmonia com o meio ambiente. 55
Miriam Prochnow
Uma das grandes vantagens da agricultura orgânica é a qualidade de vida da família do agricultor.

­ produtividade dos cultivos varia de 20% a


A A opção por uma produção agroecológica como fertilizantes, pesticidas, regulado-
100 % em relação à produtividade dos culti- extrapola o foco de apenas não usar agro- res de crescimento e aditivos alimentares
vos convencionais, dependendo da cultura tóxicos, mas sim de ser um modo de vida para os animais.
e da estação do ano. Como média pode-se integrado com a natureza, reaproveitando
pensar no alcance de 70 a 80% da produção os recursos naturais de forma a preservá- Como princípios fundamentais da agri-
obtida com o cultivo convencional. O custo los, procurando alternativas que tornem a cultura orgânica/agroecológica, desta-
de produção também varia muito, mas em propriedade sustentável, não apenas em cam-se: harmonia ecológica, teoria da
média gira em torno de 30% acima da pro- um primeiro momento mas também para trofobiose, diversificação, reciclagem da
dução convencional. as futuras gerações que a utilizarão. matéria orgânica e, mais recentemente,
certificação da produção e formas alter-
O mercado orgânico vem crescendo entre A base para o sucesso do sistema orgâni- nativas de comércio.
10 e 20% ao ano e já é bastante atraente. co é um solo sadio, bem estruturado, fértil,
Os preços têm sido extremamente diferen- com bom teor de húmus, água e ar, boa Algumas vantagens destacam-se na agri-
tes nos diversos locais de comercialização. atividade biológica e cobertura permanen- cultura orgânica. A diversificação implica
Nas feiras livres os produtos orgânicos/ te do solo, pois é o solo e não o adubo que em menores riscos de produção e mer-
agroecológicos têm sido comercializados a deve nutrir as plantas. cado, possibilita a produção de um pro-
preços bastante razoáveis (20 a 30% acima duto final diferenciado, aumenta a sua
do mercado convencional para os produtos Utiliza-se também a reciclagem de resí­ qualidade, melhora a sua conservação,
de mais fácil produção e 100 a 150 % acima duos sólidos, adubos verdes e restos de cul- produz alimentos mais nutritivos e livres
do mercado convencional para os produ- turas, rochas minerais, manejo e controle de contaminação, permite uma melhor
tos de mais difícil produção). Nos merca- biológico de insetos, mantendo-se assim comercialização, promove a sustentabi-
dos tradicionais a logística ainda tem sido a sanidade e fertilidade do solo, para su- lidade agroeconômica, garante preços
muito cara, em função da pequena escala, prir as plantas de nutrientes e controlar os mais estáveis devido ao baixo custo, reduz
e os preços estão em patamares um pouco insetos-praga, moléstias e ervas invasoras. a intermediação e promove uma melhor
mais altos. O aumento da escala de produ- cotação. Além disto, amplia uma série de
ção já acena com possibilidades de sensí- É uma tecnologia de processo, em contra- vantagens ambientais como: a redução e
veis baixas nos preços nesses mercados. posição à tecnologia de produtos (agri- eliminação de poluentes, o aumento da
cultura convencional), gerando indepen- fertilidade e conservação do solo, da fau-
Para o agricultor o sobrepreço tem com- dência, poder de decisão, conhecimento na e flora e promove a melhoria na saúde,
pensado a aumento do custo de produção. e controle dos meios de produção, produ- eliminando o contato de produtos agro-
O agricultor orgânico/agroecológico traba- zindo e reciclando seus insumos. tóxicos com agricultores e consumidores.
lha num ambiente sadio e se alimenta de
produtos sem resíduos de agrotóxicos, o Na agricultura orgânica/agroecológica É possível praticar agricultura orgânica
que favorece, em muito, a sua saúde. não são usados compostos sintéticos, também em larga escala.
Miriam Prochnow

57
No estado do Espírito Santo a pecuária bovina vem perdendo es-
paço entre as atividades agrícolas. Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE - 2006) mostram que a área de pas-
tagem ocupada por bovinos, equinos, asininos, muares, bubalinos,
caprinos e ovinos, em 2006 era de 1.340.171 hectares. Até então se
considerava uma área de 440.000 hectares. A redução de área foi
Atividades Sustentáveis significativa, muito embora os rebanhos de herbívoros tenham
e Tecnologias Amigas do aumentado principalmente o bovino.

Meio Ambiente Por outro lado, tem ocorrido intensificação dos sistemas de produ-
ção, promovida por um conjunto de tecnologias inovadoras e impac-
tantes que objetivam a melhoria da qualidade do solo e o manejo
intensivo das pastagens, com consequente aumento da ­capacidade
III - Pecuária Sustentável de suporte das pastagens. Esse fato é muito importante, pois o au-
mento da capacidade de suporte das pastagens permite liberar
áreas nas propriedades para restaurar a infraestrutura ambiental
Pedro Carlos Cani exigida por lei, como matas ciliares, reservas legais e proteção dos
mananciais. Como resultado, o impacto ambiental fica minimizado.

Miriam Prochnow

A pecuária sustentável ainda não é uma realidade no Investir recursos em recuperação de pastagens e adotar adequa-
Brasil, mas com algumas medidas de melhoramento das das tecnologias de manejo é a resposta mais eficaz para neutrali-
pastagens a situação pode melhorar muito. zar os impactos ambientais provocados pelas mudanças climáti-
cas e os efeitos da emissão de gases efeito estufa (GEE) do rebanho
bovino brasileiro (CRUZ, 2008), já que os aumentos das produtivi-
dades do rebanho bovino e das pastagens, como vem ocorrendo
nos últimos anos, permitiria reduzir o rebanho e a pastagem, con-
sequentemente reduziria o impacto negativo da atividade.
A irrigação é a tecnologia que permite in- redução do impacto ambiental virão da silvipastoril produziu 1.687 litros de leite
tensificar a exploração das pastagens. A associação dos fatores anteriores com a a mais, quando comparado com pasta-
tonelada de matéria seca mais barata é melhoria da alimentação e da eficiência gem adubada com nitrogênio. Além dis-
obtida com irrigação e manejo intensivo do manejo do rebanho. so, o consumo de água foi 4.000 m³3/ha/
da pastagem. ano menor. Esse simples exemplo mostra
Pesquisas têm mostrado que várias es- o enorme potencial de se trabalhar com
O Centro de Estudos Avançados em Eco- pécies de gramíneas são mais produtivas pastagens em sistemas silvipastoris, ob-
nomia Aplicada (Cepea) sugere ações de quando cultivadas em áreas sombreadas, jetivando reduzir o impacto ambiental
melhoramento genético, como o desen- podendo formar os chamados Sistemas causado pela exploração pecuária. Sem
volvimento de raças que realizam uma Silvipastorais. Há indicações de que se sombra de dúvida, os sistemas silvipas-
melhor conversão do alimento, uma vez pode plantar mais de 100 árvores por toris são um grande aliado da adequação
que o animal pode ganhar mais peso com hectare em áreas de pastagem. Se essas ambiental de propriedades.
ingestão menor de alimento e torna a árvores são leguminosas, com o tempo
produção mais eficiente sob o ponto de haveria significativa redução de aplica-
vista da quantidade de metano produzi- ção de adubos. Pesquisa feita por Mur-
da. Entretanto, os melhores avanços na queito (2000) mostrou que um sistema

As alternativas e oportunidades que a adequação ambiental pode propiciar às proprieda-


des ­rurais que exploram pecuária passam necessariamente pelos:

• Sistemas silvipastoris • Recuperação de pastagens degradadas e sua posterior


intensificação na exploração • Suplementação com cana forrageira, corrigida
com uréia na época seca • Controle da erosão nas pastagens e nas estradas inter-
nas da propriedade • Adequação da capacidade de suporte das pastagens ao sis-
tema de manejo utilizado em cada propriedade • Aperfeiçoamento do processo
de gestão das unidades de produção da pecuária bovina.
Pastagens degradadas e erodidas contribuem para uma pecuária insustentável e de baixíssima produção.

Miriam Prochnow

59
A produção sustentável do café será conseguida atra-
vés da adoção de um conjunto de tecnologias, de prá-
ticas, de processos e procedimentos que contemplem
simultaneamente três bases de sustentação: econô-
mica, social e ambiental.

Atividades Sustentáveis A base de sustentação econômica é, a priori, a ga-


e Tecnologias Amigas do rantia de rentabilidade ao cafeicultor, para isso, é
preciso aperfeiçoar os recursos utilizados para pro-
Meio Ambiente duzir. Devem-se escolher áreas para cultivo que se-
jam de fácil acesso, protegidas de ventos fortes, com
boa drenagem, sem compactação e sem declividade
acentuada, segundo as leis ambientais. Usar práticas
IV - Manejo Sustentável do Café corretas de amostragem do solo; correção de solo e
adubação racionais; de conservação de solo e água,
a exemplo de plantio em nível, manejo correto de
Marcos Moulin Teixeira plantas espontâneas nas lavouras. A densidade de
plantio no café arábica deve ser de 5.000 plantas
por hectare e para o conilon de 3.000 plantas por
Miriam Prochnow

hectare. Também, o bom preparo do solo e plantio


de mudas sadias, aliados às outras boas práticas, a
exemplo de: podas, vigilância fitossanitária e forne-
cimento adequado de água às plantas irão garantir
longevidade à lavoura, permitindo boas colheitas por
até 15 safras consecutivas. Primar por colheita bem
feita, com alta percentagem de frutos maduros, que
seja caprichosa em todo o processo de colheita e pós-
colheita, permitindo a manutenção da boa qualidade
dos frutos. Racionalizar mão-de-obra empregada em
todas as etapas da produção de café, devido a pouca
disponibilidade de recursos humanos no meio rural,
incorporando novos equipamentos ao manejo das la-
vouras, como roçadeiras, derriçadeiras, sistemas fixos
de irrigação e outros, sempre visando à eficiência e o
aumento de produtividade da mão-de-obra.

A base de sustentação social é o respeito às pessoas que


trabalham na cafeicultura, resguardando-lhes os direi-
tos previstos em lei; garantindo-lhes condições dignas
de trabalho; remuneração e capacitação adequadas ao
desempenho de suas funções no processo produtivo. O
uso desses princípios levará à valorização do ser huma-
no, em particular dos meeiros, dos trabalhadores rurais
e dos agricultores que utilizam a mão-de-obra familiar,
garantindo-lhes empregos permanentes e estabilidade
de renda.

Os cafeicultores terão maior competitividade e poder


de barganha quando ligados a uma cooperativa e/ou
associação. O café é classificado por tipo e bebida, tan-
to o arábica quanto o conilon, e, para se agregar valor
ao produto, o mercado interno exige a formação de
lotes de 250 sacas beneficiadas e o mercado externo
exige 320 sacas. De forma individual, dificilmente con-
seguirão formar esses volumes exigidos.

A base de sustentação ambiental é a utilização de tec-


nologias e práticas de manejo na cafeicultura e uma
série de iniciativas que resultem em um mínimo de
impacto possível ao ambiente. Deve-se restabelecer
o equilíbrio ambiental do espaço rural. O refloresta-
mento estratégico da propriedade deverá vento são fundamentais para minimização Frisa-se que é o uso do conjunto de boas
ser cuidadosamente planejado, de forma de estresses ao cafezal, pela proteção con- práticas agrícolas que proporcionará pro-
a garantir os usos múltiplos da floresta, tra danos mecânicos, doenças e perdas de dução de café de qualidade superior para
principalmente como fonte renovável de água pelo efeito evaporante dos ventos. A atender um mercado cada vez mais exi-
energia; produção de madeira; abrigo para arborização dos cafezais com espécies que gente, e que também garantirá a susten-
fauna silvestre e proteção de topo dos mor- proporcionem retorno econômico para o tabilidade econômica, social e ambiental
ros, visando a garantir maior infiltração de cafeicultor deve ser uma prática obriga- da cafeicultura.
água no solo e maior disponibilidade de tória, pois estas plantas têm importante
água para abastecimento dos recursos hí- função na ciclagem de nutrientes e trazem
dricos. As nascentes devem ser protegidas para a superfície do solo os elementos quí-
da entrada de animais e jamais plantadas micos que se encontravam abaixo da zona
com espécies exóticas. radicular do cafeeiro.

A manutenção de cobertura do solo, restos Escolher espécies e variedades a plantar, Pequenos cuidados adicionais, como a manu-
culturais e controle de vegetação espontâ- com base na sua adaptabilidade e resis- tenção da cobertura do solo e a implantação
nea são essenciais para aumentar a reten- tência às pragas e às doenças de ocorrên- de quebra-ventos podem aumentar a produ-
ção de água no solo e minimizar as perdas cia local – isso propiciará redução no uso tividade da cultura do café. O café também é
de água para a atmosfera. Plantas quebra- de agroquímicos. excelente para a composição de SAFs.

Miriam Prochnow

61
A fruticultura é uma das principais atividades econô-
micas no Espírito Santo, respondendo por quase 16%
da receita agrícola do estado. É responsável pela diver-
sificação da produção agrícola de vários municípios,
principalmente os da região norte.

Atividades Sustentáveis Em se tratando de área plantada, a fruticultura é a ati-


e Tecnologias Amigas vidade que está em terceira posição logo após o café e
as florestas plantadas. A maior produção fica por con-
do Meio Ambiente ta do mamão e do coco, seguido pela banana. As ou-
tras frutas com produção significativa são: o abacaxi,
a laranja, o maracujá, o limão, a tangerina e o cacau.

V - Fruticultura A consolidação do estado do Espírito Santo como impor-


tante produtor de frutas, aumenta o potencial de mer-
cado e com isso as oportunidades de diversificação da
Adelaide de F. S. da Costa produção nas propriedades rurais. O aumento do consu-
mo de frutas “in natura” e de sucos prontos para beber
Aureliano Nogueira da Costa potencializa o agronegócio da fruticultura em todo o es-
tado, aumentando a demanda do plantio de frutas tanto
Ana Carolina Callegario Pereira em áreas sub-utlizadas das propriedades e até mesmo
para projetos de recuperação de áreas degradadas.

Miriam Prochnow
No contexto de utilização de espécies Num projeto de plantio de espécies fru- Quanto maior a variedade de frutos, maior
frutíferas como alternativa para a recu- tíferas visando à recuperação de áreas o número de espécies de animais atraídos,
peração de áreas degradadas, são indica- degradadas é importante que sejam utili- cada um pelo fruto de sua preferência.
das espécies adaptadas às condições de zadas espécies variadas, de comportamen-
mata atlântica, como a manga, o cacau, a tos distintos e em proporções semelhan- A diversidade de espécies também aumen-
banana, o cajá mirim, o açaí, bem como o tes, garantindo uma heterogeneidade no ta as possibilidades de comercialização das
abacate, o mamão e o abacaxi e também plantio. A diversidade de espécies, além frutas produzidas, além de contribuir posi-
espécies nativas, como o araçá, o maracujá de proporcionar uma maior riqueza em tivamente para a melhoria das condições
silvestre, a jabuticaba, a pitanga e outras termos de altura das plantas, tamanho ambientais da propriedade e da região.
que apresentem um histórico de cultivo na e morfologia das copas, ainda contribui
região. O amplo mercado consumidor de com a oferta de frutos palatáveis à fauna,
frutas garante um estímulo ao convenci- que naturalmente é atraída para a região.
mento dos produtores em recuperar essas

Miriam Prochnow
áreas utilizando como uma alternativa vi-
ável algumas frutíferas de cultivo tradicio-
nal e também frutíferas nativas.

É importante que o plantio das espécies


frutíferas seja feito de forma planejada e
que sejam considerados alguns aspectos
como: época de plantio, escolha da varieda-
de mais adequada a ser utilizada em cada
região, resistência a doenças e pragas. Os
níveis adequados de fertilização depen-
dem da espécie utilizada e das caracterís-
ticas específicas de cada região e, em situ-
ações emergenciais, possibilitam o rápido
estabelecimento da vegetação, facilitando
a estabilização da superfície e a melhoria
das condições do substrato.

A fruticultura pode ser desenvolvida com espécies já plantadas ­tradicionalmente,


bem como com espécies nativas com potencial para comercialização.

Wigold B. Schaffer

63
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente

VI – Quintais Florestais

Miriam Prochnow

Os quintais existem em todas as propriedades rurais,


em especial nas que desenvolvem atividades agrope-
cuárias. Quando esses quintais mostram uma mistura
de horta com floresta, temos os chamados quintais
florestais. Normalmente são de fácil acesso, localiza-
dos atrás da casa, em área plana, com metragem má-
xima de 100 x 100 metros. Ali cultivam-se hortaliças,
árvores frutíferas, plantas medicinais, temperos, árvo-
res nativas, etc.

Destinados prioritariamente à produção variada de


alimentos para consumo familiar, os quintais flores-
tais também podem fornecer diversos produtos, como
ervas medicinais, alguma lenha, complemento de ali-
mento para o gado e para animais de pequeno porte
e inclusive flores. Ao lado dos quintais, e muitas vezes
dentro do próprio quintal, são criados galinhas e patos
para consumo próprio. As vaquinhas de leite também
costumam ficar próximas a essa área, bem como ou-
tros animais, como os porcos. Em algumas proprieda-
des, ao lado do quintal florestal também fica um pe-
queno açude para peixes.

Em sua maioria, esses quintais, apesar de serem ma-


nipulados com baixo nível tecnológico, são orgânicos,
o que faz uma grande diferença na qualidade dos pro-
dutos. Pelo fato de estarem localizados perto da casa,
a responsabilidade pela sua manutenção, em geral, é
das mulheres da família.

Nas propriedades onde se pratica a agricultura fami-


liar, os quintais florestais são muito importantes para
a garantia da segurança alimentar, oferecendo tam-
bém uma grande variedade. Em um quintal florestal
podem ser encontradas até 100 espécies diferentes de Os quintais florestais apresentam uma grande variedade de espécies,
plantas, utilizáveis para os mais variados fins. utilizáveis para os mais variados fins.
Miriam Prochnow
Os quintais florestais cumprem uma importante função na propriedade rural, que é garantir a segurança alimentar familiar.
Miriam Prochnow

Miriam Prochnow

Animais de pequeno porte como galinhas, utilizadas para consumo Uma das funções dos quintais é fornecer ervas medicinais e temperos
próprio, são frequentes nos quintais florestais. para a família. 65
Wigold B. Schaffer
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente

VII - Plantio de
Árvores Nativas
com Fins Econômicos
Miriam Prochnow

O desenvolvimento da silvicultura tem demonstrado

Miriam Prochnow
que plantar árvores é um bom negócio, gerando uma
boa alternativa de renda a pequenos proprietários. As
principais espécies cultivadas são exóticas, como o Pi-
nus e o Eucalipto, mas atualmente já são observadas
algumas iniciativas com relação ao plantio de espécies
nativas para fins econômicos.

A madeira proveniente de florestas plantadas é um


produto que será cada vez mais valorizada no mercado
e o plantio de espécies florestais nativas com potencial
madeireiro se justifica no sentido de agregar maior va-
lor econômico em função da qualidade da madeira. Se
considerarmos que o ciclo final de algumas espécies
exóticas pode chegar até 30 anos, nesse período é pos-
sível utilizarmos economicamente algumas espécies
nativas. Como exemplos destacam-se o jequitibá-rosa,
o cedro, o louro-pardo, o pau-brasil, a juerana-verme-
lha, a peroba-amarela e o jacarandá-da-bahia.

É importante planejar o plantio com relação a quais


espécies utilizar, espaçamento entre plantas e os futu-
ros tratos silviculturais, tais como desrama e desbastes,
para garantir uma melhor qualidade e incremento no
produto final. Um bom planejamento no plantio de A espécie nativa a ser plantada depende do uso que se quer dela no futuro.
árvores nativas deve incluir espécies com as quais o
agricultor possa ter, já no médio prazo, algum retorno. uma pouco mais longo. Isso se justifica pela facilidade de operacionalização
É importante para o sucesso do plantio incluir árvores do corte das espécies pioneiras para fins energéticos.
de rápido crescimento, uma vez que são fundamentais
para o desenvolvimento de espécies de ciclo um pouco É importante também lembrarmos que as florestas nativas não possuem sim-
mais longo, bem como pela capacidade rápida de gerar plesmente potencialidades econômicas madeireiras. As florestas nos prestam
produtos. Espécies pioneiras podem fornecer lenha para outros serviços importantes, como a regulação da disponibilidade da água,
suprir as necessidades energéticas na propriedade. manutenção da biodiversidade, promovem o equilíbrio dos ecossistemas, o
sequestro de carbono, e são estes os motivos pelos quais não podemos deixar
Na montagem do modelo é necessário definir uma de lado, nesse processo, o plantio de espécies frutíferas nativas que servem de
sistemática, a fim de facilitar a colheita florestal no fu- alimento à fauna. Podemos “apelidar” esse plantio diversificado com nativas
turo, como, por exemplo, plantar linhas com espécies dentro dessa modelagem como “faixas de biodiversidade”.
pioneiras intercaladas com outras espécies de ciclo
Miriam Prochnow

67
Espécies nativas com potencial de plantio para diferentes usos *

Nome Científico Nome Popular Densidade Usos


Alchornea triplinervia Tapiá 0,40 a 0,58 RA1

Amburana cearensis Cumaru 0,55 a 0,60 Madeireiro


Anadenanthera colubrina var. cebil Angico-vermelho 0,84 a 1,10 Energia; RAD2
Annona cacans Ariticum-cagão 0,50 a 0,60 RA
Apuleia leiocarpa Grápia 0,75 a 1,00 Madeireiro
Balfourodendron riedelianum Pau-marfim 0,80 a 0,90 Madeireiro
Caesalpinia leiostachya Pau-ferro 0,99 a 1,27 Madeireiro
Calophyllum brasilliense Guanandi 0,60 a 0,79 Madeireiro
Cariniana estrellensis Jequitibá-branco 0,70 a 0,78 Madeireiro
Cariniana legallis Jequitibá-rosa 0,50 a 0,65 Madeireiro
Casearia sylvestris Cafezeiro-do-mato Medicinal
Cassia grandis Cássia-rósea 0,65 a 0,77 Paisagístico; RA
Cecropia hololeuca Imbaúba-prateada 0,43 RA
Cedrela fissilis Cedro 0,47 a 0,60 Madeireiro
Centrolobium tomentosum Araruva 0,70 a 0,80 Madeireiro; SAF3
Centrolobium robustum Araribá-rosa 0,70 a 0,80 Madeireiro
Colubrina glandulosa var. reitzii Sobrasil 0,80 a 1,00 Madeireiro; SAF
Copaifera langsdorffli Copaíba 0,64 a 0,86 Madeireiro; pouco tradicional
Cordia trichotoma Louro-pardo 0,57 a 0,78 Madeireiro; SAF
Dalbergia nigra Jacarandá-da-bahia 0,75 a 1,22 Madeireiro
Enterolobium contortisiliquum Timbaúva 0,37 a 0,60 RA
Euterpe edulis Palmito-juçara Alimentação humana; RA
Gallesia integrifólia Pau-d'alho 0,58 a 0,66 RA
Genipa americana Jenipapeiro 0,66 a 0,68 RA
Gochnatia polymorpha Cambará 0,60 a 0,77 RA
Guazuma ulmifolia Mutamba
Hymenaea courbaril var. stilbocarpa Jatobá 0,90 a 1,10 Apícola; Madeireiro; RA
Inga sessilis Ingá-ferradura 0,41 a 0,59 RA
Jacaratia spinosa Mamão-jacatiá
Joannesia princeps Boleira 0,40 a 0,55 Madeireiro; RA
Lecythis pisonis Sapucaia 0,88
Miconia cinnamomifolia Jacatirão-açu 0,70 a 0,76 Energia; RA
Myrsine ferruginea Capororoca 0,50 a 0,60 RA
Parapiptadenia rígida Angico-gurucaia 0,75 a 1,00 Madeireiro
Paratecoma peroba Peroba-do-campo 0,73 Madeireiro
Peltophorum dubium Canafístula 0,75 a 0,90 Madeireiro; Paisagístico; RAD

* Espécies experimentadas no ES.


1 - RA - Restauração Ambiental. 2 - RAD - Recuperação de áreas degradadas. 3 - SAF - Sistema Agroflorestal.
Piptadenia gonoacantha Pau-jacaré 0,75 a 0,78 Energia; RA
Piptadenia paniculata Angico 0,55 a 0,70 Energia; RA
Pterigota brasiliensis Pau-rei
Sapindus saponaria Saboneteira
Schefflera morototoni Mandiocão / morototó 0,53 a 0,60 Madeireiro; Celulose e Papel; RA
Schinus terebinthifolius Aroeira-vermelha 0,49 a 0,80 Apícola; Energia; RA
Schizolobium paraybae Guapuruvu 0,32 a 0,58 RA; SAF
Senna multijuga Pau-cigarra 0,45 a 0,51 RA
Simarouba amara Caixeta 0,38 Madeireiro
Symphonia globulifera Guanandi 0,74 Madeireiro
Tabebuia heptaphylla Ipê-roxo 0,91 a 1,05 Paisagístico
Talauma ovata Baguaçu 0,56 a 0,65 Madeireiro
Zeyheria tuberculosa Ipê-felpudo 0,75 a 0,80 Madeireiro; RAD

Miriam Prochnow

69
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente

VIII - Plantio de
Árvores Exóticas
Miriam Prochnow

Os plantios florestais com espécies exóticas


tiveram grande incentivo no Brasil na déca-
da de 70, sendo que grandes empresas do
setor de base florestal foram as principais
responsáveis pelo desenvolvimento da sil-
vicultura em nosso país.

As principais espécies introduzidas e


atualmente mais cultivadas são o Pinus
elliottii, Pinus taeda e algumas espécies do
gênero Eucalyptus. Os plantios realizados
com estas espécies têm como objetivos
principais a produção de celulose, o abas-
tecimento do setor energético e o forne-
cimento de matéria-prima para o setor
moveleiro. É grande também o número
de atividades industriais e agrícolas que
geram uma demanda significativa por eu-
calipto, uma espécie exótica que vem de-
monstrando potencialidades para suprir
a demanda por madeira proveniente de
florestas plantadas.

Há alguns anos atrás, o plantio com Pinus


e Eucalyptus era quase que exclusivamen-
te realizado por grandes empresas; o inte-
resse por parte de proprietários rurais era
pequeno, até mesmo pelo fato dos agricul-
tores não terem uma tradição silvicultural.
Nos dias atuais, a silvicultura com plantios
de exóticas tem conquistado uma grande
parcela de proprietários rurais, que estão
vislumbrando a viabilidade econômica da
atividade. Grandes empresas do setor es-
tão formalizando parcerias através de fo-
mento florestal com agricultores e proprie-
tários de terras em geral. O atual panorama
da situação florestal aponta o plantio de Pi-
nus e Eucalyptus como uma oportunidade
economicamente atrativa, em virtude da
demanda por produtos florestais.
Miriam Prochnow
É importante salientar que os plantios flo-
restais devem receber atenção em termos
de tratos silviculturais adequados, pois
só assim as árvores ganharão qualidade,
contribuindo para uma melhor geração
de renda ao proprietário. Desbastes e des-
ramas no momento certo garantirão um
melhor incremento volumétrico e conse-
quentemente um aumento na qualidade
da madeira serrada, o que é ideal para a
indústria moveleira. Geralmente o retor-
no financeiro do investimento aplicado
em plantios florestais ocorre em médio e
longo prazo, sendo justificável o adequado
manejo para uma boa agregação ao valor
do produto final.

Um aspecto muito importante, que deve ser observado no momento da implan-


tação dos plantios florestais com exóticas, é não plantar em APPs, principalmen-
te em beiras de rios, nascentes e áreas muito íngremes, pois são áreas onde, de
acordo com a legislação florestal, as florestas, mesmo que plantadas, não podem
ser cortadas. Da mesma forma devem ser observados os 20% de reserva legal,
que devem ser mantidos com vegetação nativa.

Miriam Prochnow
Além disso, é importante também fazer o
controle da reprodução e dispersão natu-
ral de espécies exóticas, já que algumas
delas se reproduzem com muita facilida-
de, colonizando áreas que deveriam estar
com florestas nativas ou até mesmo com
agricultura.

O plantio de espécies exóticas com fins


comerciais deve ser feito com critérios que
permitam a boa convivência com o meio
ambiente. 71
O turismo rural e ecológico são atividades que utilizam
de forma sustentável o patrimônio natural e cultural.
Ambas podem promover a conservação, a apreciação
dos ecossistemas em seu estado natural, a apreciação
da vida selvagem e valorizar atividades e tradições
mantidas por populações nativas. Além disso, colabo-
Atividades Sustentáveis ram na estabilização da economia local e criam empre-
e Tecnologias Amigas do gos nas atividades ligadas ao meio rural, comércio de
mercadorias, serviços auxiliares, de hospedagem, lazer
Meio Ambiente e recreação. Outros benefícios incluem a promoção do
crescimento e desenvolvimento das atividades rurais,
fortalecimento do corporativismo local, promoção do
desenvolvimento e implementação de projetos, auxílio
IX - Turismo Rural e Ecológico na adequação ambiental das propriedades rurais e for-
necimento de subsídios para a prática de agricultura
sustentável.
Geovanni Ribeiro Loiola
Para utilizar com sucesso as vantagens promovidas
Jayme Henrique Pacheco Henriques pela prática do turismo sustentável, tanto os forne-

Rosemberg Ferreira Martins

Remanescentes de vegetação natural cedores quanto os praticantes devem garantir que a


preservados são um grande potencial para relação entre o turismo e o meio socioambiental seja
atividades turísticas. baseada nos seguintes princípios: apoio aos direitos
humanos e acordos trabalhistas, desenvolvimento de
consciência e respeito ambiental e cultural, forneci-
mento de experiências positivas, beneficiamento fi-
Miriam Prochnow
nanceiro para a conservação ambiental, fornecimen-
to de renda e garantia do poder legal de decisão para
o povo local, redução de impactos ambientais e cum-
primento legal dos limites e possibilidades de presta-
ção de serviços e construções em propriedades rurais,
Áreas de Proteção Permanente (APPs) e Reserva Legal.

Se esses princípios forem praticados de forma correta,


haverá uma agregação de valor aos produtos agrícolas
e indústrias artesanais, formação de uma consciên-
cia ambiental a partir da interpretação do ambiente
e promoção do bem-estar e melhoria da qualidade de
vida, tanto das populações locais envolvidas quanto
dos usuários de seus serviços e benefícios.

Entretanto, caso não sejam trabalhados adequada-


mente, os recursos naturais e culturais locais podem
sofrer uma série de impactos negativos. Esses im-
pactos, por sua vez, afetarão de forma prejudicial as
propriedades, comunidades envolvidas e consequen-
temente o próprio turismo, desencadeando a redução
ou cancelamento de renda.

O estado do Espírito Santo apresenta destaque no ce-


nário nacional devido à sua diversidade de espécies da
fauna e flora pertencentes à Mata Atlântica, relevos
e paisagens, gastronomia, produtos da terra, rique-
za étnica e aspectos culturais. Essas características o
tornam privilegiado para a prestação dos seguintes
serviços e alternativas ligadas ao turismo sustentável: Para o desenvolvimento do turismo rural, é importante levar em conta
(1) fruticultura; (2) horticultura; (3) realização de ativi- os aspectos arquitetônicos e também a culinária regional.
dades de lazer e recreação para crianças; (4) realização

Miriam Prochnow
de atividades educacionais extraclasse; (5) atividades
ligadas à Educação Ambiental; (6) artesanato susten-
tável; (7) apicultura; (8) agroecologia e sistemas agro-
florestais, como o plantio de café sombreado; (9) pis-
cicultura, como a criação de trutas; (10) utilização de
trilhas ambientalmente adequadas para caminhadas
(hiking); (11) caminhadas com pernoite (trekking); (12)
observação de flora e fauna, como a visualização de
aves; (13) visitas programadas a Unidades de Conser-
vação; (14) incursões a ambientes naturais com obje-
tivo ecopedagógico, utilizando trilhas interpretativas;
(15) fornecimento de hospedagem e alimentação em
locais que seguem uma gestão sustentável; (16) turis-
mo geológico e (17) prática de atividades esportivas de
aventura, como técnicas verticais, mergulho e flutua-
ção, cavalgada, canoagem, utilização de tirolesa, ciclis-
mo, parapente e asa-delta.

Algumas atividades de turismo rural que podem ser


praticadas em Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPNs) incluem a hospedagem rural, forneci-
mento de alimentação, normalmente típica da região
visitada; recepção e visitação em propriedades rurais,
recreação e entretenimento, como banhos de cachoei-
ras, lagos e rios; atividades pedagógicas vinculadas ao
contexto rural e o acompanhamento na produção de
produtos e atividades realizadas nas propriedades.

73
Recuperação e Restauração
da Mata Atlântica
Miriam Prochnow

I – O Diagnóstico Preliminar de Áreas

Para identificar qual a melhor metodo- é muito interessante para o planejamen- De forma geral, os melhores métodos para
logia a ser aplicada na recuperação ou to da restauração, especialmente pela restauração são: a regeneração natural, o
restauração de uma área é preciso reali- possibilidade da implantação de corredo- enriquecimento ecológico de florestas se-
zar um diagnóstico prévio, para se ter um res ecológicos entre as propriedades e os cundárias e o plantio de mudas de árvores
bom conhecimento sobre a área a ser tra- remanescentes já existentes. nativas. Na pequena propriedade é permi-
balhada, bem como do seu entorno. Nesse tido inclusive o plantio disperso de espécies
contato prévio com a área verificam-se, Na maioria dos casos a priorização da res- frutíferas exóticas na recomposição de Áre-
basicamente: as características ambien- tauração numa propriedade ou numa de- as de Preservação Permanente e de espé-
tais da região e a capacidade e potencial terminada região está voltada para as Áreas cies exóticas em geral, também de forma
de auto-recuperação. de Preservação Permanente e para a Reser- dispersa, na recomposição da Reserva Legal.
va Legal, buscando-se sempre resultados
Se a área não tiver um solo muito degra- rápidos e o incremento da biodiversidade.
dado e nela ou no seu entorno existirem
remanescentes florestais que possam for- Nos primeiros anos, a restauração pode ser consorciada com o plantio de espécies agrícolas.
necer sementes, propágulos ou plântulas,
maior será a capacidade de regeneração

Edegold Schaffer
dessa área e, consequentemente, menor
a necessidade de intervenção e menores
os custos da restauração. Nesses casos, os
métodos mais comuns são: a condução da
rebrota de troncos ou raízes, a condução
da regeneração natural das sementes ger-
minadas e das plantinhas existentes e a
condução das plantas que nascem através
da dispersão natural.

Entretanto, se a área estiver degradada


devido ao uso agrícola intensivo, queima-
das e erosão, uma das alternativas mais
indicadas para a sua restauração será
o plantio de mudas de espécies nativas.
Eventualmente, dependendo do grau de
degradação do solo, poderá também ser
realizada a semeadura direta.

Para a realização do diagnóstico em ­áreas


maiores ou áreas que envolvam várias
propriedades, podem ser utilizadas foto-
grafias aéreas ou imagens de satélite, que
devidamente analisadas e transformadas
em mapas, e com a devida checagem de
campo, fornecerão os dados necessários
para a priorização das ações de restau-
ração, bem como os melhores métodos. A
análise integrada de várias propriedades
Miriam Prochnow
No diagnóstico preliminar são verificadas as condições ambientais da área, como o grau de
degradação e o efetivo potencial de regeneração da mesma.

Miriam Prochnow

Este é um dos piores cenários para uma propriedade rural. A APP está degradada e ocupada
com plantio agrícola, processo ainda agravado pela erosão. 75
II - A Restauração de Áreas de Preservação Permanente,
Em Especial as Matas Ciliares

Miriam Prochnow
As florestas, em especial as que margeiam os rios e nascentes, desempenham
um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas e proporcionam qua-
lidade de vida às pessoas. Entretanto, historicamente, a colonização começou
exatamente com a ocupação dessas terras, quer seja pelo acesso ou por serem
áreas consideradas mais férteis para as práticas agrícolas.

Os efeitos negativos nos rios que não possuem cobertura florestal são fáceis
de verificar. Nos períodos de estiagem corre pouca água em seus leitos. Em
contrapartida, nas épocas das chuvas ocorrem enchentes e enxurradas. Po-
demos então dizer que as florestas desempenham um efeito “esponja”, ab-
sorvendo e liberando aos poucos as águas das chuvas, alimentando o lençol
freático e, por conseqüência, os cursos d’água.

As áreas existentes ao redor das nascentes e margens dos rios são Áreas de
Preservação Permanente (APPs) e a sua vegetação recebe um nome especial:
são as matas ciliares, que possuem a importante função de garantir a manu-
tenção da qualidade e quantidade da água. Existem também outras moda-

Miriam Prochnow
lidades de Áreas de Preservação Permanente, que são os topos de morros e
as encostas, cuja preservação e recuperação também são muito importantes.

Para revertermos o atual processo de degradação em que se encontram as


APPs, em especial as matas ciliares, podemos lançar mão de duas estratégias:

1 – o abandono das áreas, mediante isolamento (construção de cercas) – este


procedimento só é eficaz se próximo às áreas abandonadas existirem matas
nativas, que serão fontes de sementes para a dispersão natural. Caso existam
essas condições, poderá ser constatado, em médio prazo, o aparecimento de
uma pequena mata que desempenhará as funções de proteção das águas.

2– a recomposição da floresta através do plantio com mudas nativas. Nesse


caso poderemos acelerar o processo de recuperação em alguns anos. No plan-
tio das mudas é importante observar a diversificação de espécies, para que se
obtenha uma boa diversidade no futuro.

Na restauração das APPs é importante A produção de mudas de qualidade é essencial para o su-
observar as seguintes recomendações: cesso de projetos de recuperação e restauração ambiental.

• Isolamento da área • Usar espécies nativas locais • Aproximadamente 50% das


espécies florestais devem ser de rápido crescimento (pioneiras) • Diversificar ao
máximo as espécies, utilizando frutíferas e ornamentais • Proceder ao replantio
das mudas mortas a partir dos 6 meses • Realizar limpezas de manutenção das
mudas (coroamento), no mínimo duas vezes ao ano, durante os 3 primeiros anos.

Através dessas pequenas, simples e eficazes ações será possível


reverter a atual degradação daquele que é o mais precioso e vital
recurso que a natureza nos oferece: a água.
Antes e depois
Celso Maioli

Miriam Prochnow
Área no município de Santa Teresa - no ano de 1997 - e depois da res-
tauração, em 2009. Este projeto foi desenvolvido pela Associação dos
Bombeiros Voluntários de Santa Teresa.
Edegold Schaffer

Miriam Prochnow
Miriam Prochnow

Miriam Prochnow

Restauração da mata ciliar em Atalanta (SC), mesma área em 2004, 2005, 2008 e 2009. 77
III - Outras Maneiras de Restaurar Áreas Degradadas

Existem várias metodologias que podem mento da área plantada. No grupo de diver- 7i - Enriquecimento
ser utilizadas para a recuperação de áreas sidade devem ser plantadas espécies que
degradadas. Para decidir sobre qual a me- irão garantir a perpetuação da área plan- Esse método é usado nas áreas ocupadas
lhor estratégia a ser adotada, é essencial tada, uma vez que irão proporcionalmente com vegetação nativa, mas que apresen-
o conhecimento prévio da área, onde se substituir as do grupo de preenchimento, à tam baixa diversidade de árvores. O enri-
verificam basicamente as características medida que estas forem morrendo. No gru- quecimento se faz através do plantio em
ambientais da região e a capacidade e po- po de diversidade também podem ser inclu- meio à vegetação secundária de mudas de
tencial de auto-recuperação. Quanto maior ídas espécies não arbó­reas como arvoretas, espécies climácicas e de outras formas de
for a capacidade de regeneração da área, arbustos, herbáceas e também epífitas. vegetação. O espaçamento utilizado pode
menor será a necessidade de intervenção e ser o 6x6m.
menores os custos da recuperação. Com relação ao número de mudas por es-
pécie e à proporção de espécies entre os 7j – Implantação de zona tampão
Entretanto, um fator é crucial em qualquer grupos, considera-se que metade das mu-
situação, que é o isolamento da área e a re- das utilizadas no plantio deve conter no Zona tampão é a implantação de uma fai-
tirada do(s) fator(es) de degradação, como: mínimo 10 espécies do grupo de preenchi- xa no entorno de fragmentos florestais,
fogo, invasão de gado, extração seletiva, mento (pioneiras) e a outra metade deve para evitar a interferência de atividades
desmatamento, erosão, etc. conter no mínimo 70 espécies do grupo da que possam prejudicar a vegetação nativa,
diversidade, sendo que as mudas devem tais como: uso do fogo, aplicação de herbi-
O Laboratório de Ecologia e Restauração ser plantadas o mais misturado possível, cidas, processo erosivos, etc. A largura des-
Florestal (LERF/ESALQ/USP) elaborou uma num espaçamento de 3x2m. sa faixa é variável, mas em média possui 30
chave de procedimentos e metodologias metros de largura.
que representam de forma geral as várias 7g – Condução da regeneração natural
situações possíveis, sugerindo para cada 8a – Implantação de corredores ecológicos
realidade e situação uma ação específica. A condução da regeneração natural é obti-
da através do controle periódico dos com- Os corredores permitem a interligação de
A chave indica as ações que devem ser reali- petidores, tais como as plantas invasoras fragmentos florestais isolados na paisa-
zadas para cada tipo de situação encontrada. (capins) e as lianas (cipós) em desequilí- gem, possibilitando o fluxo gênico vegetal e
Por exemplo: se na área em questão o solo brio. Esse controle é feito pelo coroamento animal entre as diferentes áreas da região.
estiver degradado (item 1a), deve-se proceder dos indivíduos que estão em regeneração
primeiro a ação sugerida no item 7a, que é a ou através do controle do mato em área to- 8b – Introdução de elementos
recuperação desse solo, antes de partir para tal. Uma adubação correta também pode atrativos da fauna
o item 2, onde se verifica a ocupação da área. ajudar nesse processo.
Após seguir o que está indicado no item 2, de A implantação de fontes de alimentação
acordo com a situação encontrada, se parte 7h – Adensamento que atraiam animais dispersores, princi-
para o item 3 e assim por diante. palmente aves e morcegos de remanescen-
O adensamento representa ocupar espaços tes florestais próximos, é uma importante
A seguir são detalhadas algumas das ações vazios, não cobertos pela regeneração natu- forma de acelerar o processo de regene-
de restauração florestal, segundo o LERF. ral, com o plantio de mudas de espécies pio- ração da floresta, pois aumenta a “chuva”
neiras. Esse procedimento é recomendado de sementes e a diversidade de espécies
7f – Introdução de espécies sempre que houver falhas da regeneração ou na área. Além da dispersão de sementes,
nativas em área total para o plantio de áreas de borda de fragmen- outro papel fundamental desempenhado
tos e grandes clareiras. O espaçamento a ser pela fauna é o da polinização, que permite
Pode ser realizada por meio da transferên- utilizado nesses casos pode ser 3x2 ou 2x2m. o fluxo dos genes de uma área para a outra.
cia de banco de sementes, da semeadura
Miriam Prochnow

direta ou do plantio de mudas.

No plantio em área total são realizadas


combinações das espécies em módulos ou
grupos de plantio, visando o plantio de es-
pécies pioneiras, secundárias e/ou climáci-
cas, de forma a caracterizar o processo de
sucessão natural. Para a combinação dessas
diferentes espécies são utilizados dois gru-
pos: o de preenchimento e o de diversidade.

O grupo de preenchimento é constituído por


espécies que possuem crescimento rápido e
boa cobertura de copa, para o rápido fecha-
Chave de Procedimentos do Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF / ESALQ)
No Situação Ação
1 Condições do solo local
1a Solo degradado Vai para o item 7a
1b Solo não degradado Vai para o item 2
2 Ocupação da área
2a Campos úmidos antrópicos Vai para o item 7j
2b Áreas abandonadas Vai para o item 3
2c Pastagens Vai para o item 3
2d Áreas agrícolas Vai para o item 3
2e Florestas comerciais Vai para o item 5
2f Formações naturais Vai para o item 6
3 Espécies exóticas invasoras
3a Presença de espécies exóticas invasoras Vai para o item 7e
3b Ausência de espécies exóticas invasoras Vai para o item 4
4 Estado de desenvolvimento da regeneração natural (áreas abertas ou sub-bosque)
4a Ausência de regeneração natural Vai para o item 7f
4b Baixa expressão da regeneração natural Vai para itens 7g, 7h e 7i
4c Alta expressão de regeneração natural, com baixa diversidade florística Vai para itens 7g e 7i
4d Alta expressão de regeneração natural, com alta diversidade florística Vai para o item 7g
5 Florestas comerciais
5a Sem regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque Vai para o item 7b
5b Com regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque, em áreas de difícil acesso Vai para o item 7c
5c Com regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque, em áreas de fácil acesso Vai para o item 7d
6 Estado de conservação da vegetação nativa
6a Fragmentos de vegetação nativa muito degradados Vai para o item 7g
6b Fragmentos de vegetação nativa degradados Vai para o item 7j
6c Fragmentos de vegetação nativa conservados
7 Ações de restauração florestal
7a Recuperação do solo Vai para o item 2
7b Colheita da madeira por meio de técnicas tradicionais Vai para o item 7e
7c Morte das árvores em pé Vai para o item 4
7d Retirada da madeira com técnicas de baixo impacto Vai para o item 4
7e Eliminação de espécies exóticas invasoras Vai para o item 4
7f Introdução de espécies nativas em área total
7g Condução da regeneração natural
7h Adensamento
7i Enriquecimento
7j Controle de processos erosivos e restauração florestal do entorno (zona tampão)
8 Ações gerais
8a Implantação de corredores ecológicos
8b Introdução de elementos atrativos da fauna 79
IV – Enriquecimento

Miriam Prochnow
Ecológico de Florestas
Secundárias

O enriquecimento de florestas secundárias é uma idéia pioneira


da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apre-
mavi) e tem sido utilizado como uma forma de acelerar os pro-
cessos naturais de regeneração destas florestas que se encontram
presentes na maioria das propriedades rurais. Enriquecer flores-
tas secundárias é aumentar, através do plantio, a quantidade de
espécies de árvores e outras plantas em determinada área, contri-
buindo para o incremento da biodiversidade e para a aceleração
na regeneração da floresta.

O enriquecimento das florestas secundárias, além de trazer vanta-


gens com relação ao incremento da biodiversidade e à aceleração
da regeneração da floresta, pode trazer também inúmeras vanta-
gens, como o retorno econômico através da retirada de lenha e uso
de espécies como o palmito e a erva-mate.

Um resultado de curto prazo, verificado para a região do Alto Vale


do Itajaí, em Santa Catarina, é a produção de até 60 mst de lenha
por hectare. Essa lenha é resultante do processo de melhoria da
qualidade da floresta, ou seja, a retirada de árvores tortas, danifi-
cadas ou mortas. Essa retirada de lenha pode ser repetida a cada
cinco anos, como resultado do incremento da floresta. Mesmo
que esse montante não seja vendido, ele representa a produção
de uma matéria-prima importante para a manutenção de uma
propriedade agrícola.

Como resultados de médio prazo das atividades de enriquecimen-


to de florestas secundárias, existem várias espécies com potencial
de uso, entre elas o palmito e a pimenta-rosa, bem como árvores
nobres como o cedro, o pau-marfim, o jequitibá-branco, o jequiti-
bá-rosa, o jatobá e outras. O modelo a ser utilizado em cada pro-
priedade dependerá das características da região.

A geração de renda pode ser incrementada com a cultura do pal-


mito. O palmiteiro deve ser plantado em espaçamento 2x2 e é
ideal realizar manejo com definição de ciclos de corte e reposição.
Espécies exploradas para utilização da madeira, como o pau-mar-
fim, o cedro, o jequitibá-branco, o jequitibá-rosa e o jatobá, podem
ser plantadas com densidade em torno de 200 plantas por ha.

O enriquecimento de florestas secundárias prevê, em um primei-


ro momento, a realização de corte seletivo de cipós, samambaias
e taquaras, a fim de proporcionar condições para posterior corte
seletivo de árvores. Preferencialmente, o corte de árvores é de es-
pécies pioneiras, árvores secas, quebradas e aquelas que ocorrem
em toiças. Na sequência são plantadas árvores de acordo com o in-
teresse futuro para a floresta. No caso do plantio de espécies ame-
açadas de extinção, devem ser observadas normas específicas.

O enriquecimento ecológico de florestas secundárias também pode ser


feito com espécies ornamentais nativas.
Miriam Prochnow
O primeiro momento para o enriquecimento de florestas secundárias é fazer o corte seletivo de cipós e taquaras.

Miriam Prochnow
Aqui o enriquecimento foi realizado com a introdução de palmitos (Euterpe edulis).

Miriam Prochnow

Aspecto de uma floresta secundária após a realização do enriquecimento ecológico. 81


V – O Controle de Espécies Invasoras

Miriam Prochnow
No começo pode ser só uma árvore ou um sejam introduzidas e fazer o controle das
capim, mas aos poucos elas se multiplicam que já estão estabelecidas.
e tomam conta do ambiente. São as espé-
cies exóticas invasoras. Algumas das espécies que mais infestam
o Brasil são o Pinus spp, o capim annoni, o
Espécies exóticas invasoras podem ser capim crotalária, o caramujo gigante, o me-
plantas, animais ou representantes de ou- xilhão dourado e o javali. Conhecido como
tros organismos que, uma vez colocados pinheiro americano, o Pinus spp está entre
em novos ambientes, se estabelecem, re- os 100 piores invasores do planeta. É uma
produzem-se e passam a dominar o espaço espécie importante para a economia, mas
e a expulsar as espécies nativas, levando à precisa ser controlado. Já o capim annoni
perda da biodiversidade e à quebra de pro- tem um poder devastador enorme. Segun-
cessos ecológicos naturais, como os ciclos do pesquisadores, ele já invadiu mais de
da água e a fertilidade dos solos. A invasão 500 mil hectares no estado do Rio Grande
biológica de espécies exóticas é hoje con- do Sul e avança para os estados do Paraná e
siderada uma das principais causas da ex- Santa Catarina.
tinção das nativas.
Outra espécie que compete por recursos
Nem todas as espécies exóticas se tornam com espécies brasileiras é o javali, um
invasoras. O problema é que, longe de pre- animal muito agressivo que chegou ao
dadores naturais de seu ambiente nativo Brasil a partir de indivíduos provenien-
e em climas amenos como o do Brasil, al- tes de fazendas de caça do Uruguai e im-
gumas espécies adquirem alta capacidade portados da Europa. Os grupos de javali
reprodutiva, tornando-se invasoras e se deixam rastros de prejuízos por consumi-
alastrando de forma rápida e devastadora. rem plantações, destruírem rebanhos e
É fundamental evitar que essas espécies ­espécies florestais nativas.

Algumas espécies não brasileiras consideradas invasoras


(Fonte: International Union for Conservation of Nature - IUCN e Ministério do Meio Ambiente)

Fauna Origem
Caramujo gigante africano (Achatina fulica) África
Carpa (Cyprinus carpio) Japão, China e Ásia Central
Tilápia (Oreochromis mossambicus) África
Rã-touro (Rana catesbiana) Estados Unidos
Javali (Sus scrofa) Europa
Mosquito da dengue (Aedes aegypti) Áreas tropicais do mundo
Mexilhão dourado (Limnoperma fortunei) China e sudeste da Ásia
Camarão gigante (Macrobrachium rosenbergii) Malásia
Bagre-Africano (Clarias Gariepinus) África

Flora Origem
Pinus (Pinus spp.) Estados Unidos
Acácia negra (Acácia mearnsii) Austrália
Tojo (Ulex europaeus) Europa Ocidental
Leucena (Leucaena leucocephala) México, América Central
Capim Annoni (Eragrostis plana) África
Uva do Japão (Hovenia dulcis) China e Japão
Como prevenir e controlar invasões
Segundo o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, que tem como objetivo principal o combate e o controle das
espécies invasoras, cada pessoa pode contribuir com a prevenção e controle dessas espécies.

Proprietários de terra Produtores e comerciantes Órgãos governamentais


de espécies ornamentais
• Evitar o cultivo de espécies exóticas inva- • Estimular o uso de espécies nativas em
soras, não fazendo sua utilização para fins • Preferencialmente comercializar espécies contraste com o uso de espécies exóticas
ornamentais ou sombreamento, pois são ornamentais nativas. invasoras.
difíceis de controlar e expulsam ou subs-
tituem espécies nativas, diminuindo a dis- • Avaliar o histórico e o potencial de inva- • Incentivar atividades educativas, de preven-
ponibilidade de alimentos para os animais. são das plantas que comercializa. ção e controle de espécies exóticas invasoras.

• Manter espécies cultivadas para fins eco- • Não comercializar plantas já consagradas • Impedir a importação e o fomento de es-
nômicos em locais próprios para seu culti- como invasoras no Brasil. pécies com histórico de invasão em outros
vo e eliminar os exemplares que nascem locais.
fora destes espaços, impedindo que se es- • Informar aos seus clientes sobre o risco
palhem e atinjam áreas vizinhas ou áreas das espécies se tornarem invasoras e sobre • Elaborar regras específicas para espécies
naturais. a necessidade de serem mantidas dentro invasoras, com medidas preventivas de
dos limites da propriedade de cada um. controle e erradicação.
• Dar preferências à utilização de espécies
nativas para a ornamentação e sempre
que possível plantá-las como fonte de pro-

Miriam Prochnow
dutos como lenha e forragem.

• Não liberar peixes e outros animais exó-


ticos na natureza. Peixes exóticos como a
tilápia, a carpa e o bagre-africano, muitas
vezes “escapam” dos tanques e criadouros
e caem nos rios, eliminando espécies na-
tivas como a piava e o cará. Removê-los é
praticamente impossível. A elaboração de
projetos para a criação de peixes com a
participação de engenheiros habilitados
é de fundamental importância para evitar
tais situações.

Empresas florestais
• Manter as espécies florestais que utiliza
confinadas a talhões plantados.

• Traçar e executar estratégias de manejo


para eliminar invasões a partir de núcleos
florestais.

• Estabelecer e executar planos de limpeza


de rotas de dispersão de plântulas, como
estradas e margens de rios.

• Adotar estratégias de fomento florestal


em talhões, fornecendo assistência técnica
que inclua controle de invasoras.

O javali é uma das espécies que mais têm


causado infestação nos ambientes naturais
brasileiros. 83
Organizações e Setores Ligados ao Meio Ambiente e
Adequação Ambiental de Propriedades Rurais no Espírito Santo

Secretaria de Estado da Agricultura, Conselho Estadual de Projeto ProdutorES de Água


Abastecimento, Aquicultura e Pesca Meio Ambiente (CONSEMA) E-mail: grh@iema.es.gov.br
(SEAG) Presidente: Maria da Gloria Brito Abaurre Telefone: (27) 3136-3519
Homepage: http://www.seag.es.gov.br Secretário Executivo:
E-mail: comunicacao@seag.es.gov.br Luiz Cláudio Vianna Fraga Projeto Florestas para a Vida
Telefones: (27) 3132-1425 / (27) 3132-1468 Coordenadora Jurídica: E-mail: florestasparavida@iema.es.gov.br
Responsável: Ricardo Santos Andreia Pereira Carvalho
Coordenadora Técnica: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Instituto Capixaba de Valdete Vargas Motta Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
Pesquisa, Assistência Técnica E-mail: consema@seama.es.gov.br Superintendência do Espírito Santo
e Extensão Rural (Incaper) Telefones: (27) 3136-3508 / (27) 3136-3510 Telefone: (27) 3089-1150
E-mail: incaper@incaper.es.gov.br
Telefone: (27) 3137-9888 Conselho Estadual de Superintendência do Espírito Santo
Recursos Hídricos (CERH) E-mail: reginaldo.costa@ibama.gov.br
Instituto de Defesa Agropecuária Presidente: Maria da Gloria Brito Abaurre Telefones: (27) 3089-1071 / (27) 3089-1072
e Florestal do Espírito Santo (IDAF) Secretária Executiva: Fax: (27) 3089-1056
E-mail: http://www.idaf.es.gov.br Maria Alice Soares Linhares Responsável: Reginaldo Anaissi Costa
E-mail: dipre@idaf.es.gov.br Coordenadora Jurídica:
Telefone: (27) 3132-1514 Andreia Pereira Carvalho Assessoria de Comunicação
Coordenadora Técnica: E-mail: ascom.es@ibama.gov.br
Departamento de Recursos Valdete Vargas Motta Telefone: (27) 3089-1073
Naturais Renováveis (DRNRE) E-mail: cerh@seama.es.gov.br Responsável: Luciana Carvalho
E-mail: drnre@idaf.es.gov.br Telefones: (27) 3136-3508 / (27) 3136-3509
Telefone: (27) 3132-1543 Divisão de Proteção Ambiental (DIPRAM)
Instituto Estadual de E-mail: patricia.salomao@ibama.gov.br
Seção de Unidade de Conservação Meio Ambiente e Recursos (IEMA) Telefone: (27) 3089-1159
E-mail: seuc@idaf.es.gov.br Homepage: Responsável: Patrícia Gomes Salomão
http://www.meioambiente.es.gov.br
Seção de Licenciamento Florestal Telefones: (27) 3136-3484 / (27) 3136-3430 / Núcleo de Flora
E-mail: self@idaf.es.gov.br (27) 3136-3502 E-mail: lazlo.carvalho@ibama.gov.br
Diretora-Presidente Telefone: (27) 3089-1191
Seção de Recursos Hídricos e Solos Sueli Passoni Tonini Responsável: Lazlo Macedo de Carvalho
E-mail: srhs@idaf.es.gov.br E-mail: presidente@iema.es.gov.br
Núcleo de Fauna
Departamento de Terras e Projeto Corredores Ecológicos E-mail: jaques.passamani@ibama.gov.br
Cartografia (DTCAR) Homepage: www.mma.gov.br/corredore- Telefone: (27) 3089-1195
E-mail: dtcar@idaf.es.gov.br secologicos Responsável: Jaques Augusto Passamani
Telefone: (27) 3132-1564 Coordenadora: Gerusa Bueno Rocha
E-mail: corredorecologico@iema.es.gov.br Núcleo deFiscalização
Secretaria de Estado de Meio Ambiente Telefones: (27) 3136-3475 / (27) 3136-3476 E-mail: arnaldo.uliana@ibama.gov.br
e Recursos Hídricos (SEAMA) Telefone: (27) 3089-1181
Homepage: Zoneamento Ecológico Econômico Fax: (27) 3089-1055
http://www.meioambiente.es.gov.br Coordenadora: Aline Nunes Garcia Responsável: Arnaldo Uliana
E-mail: secretaria@seama.es.gov.br E-mail: zee@es.gov.br
Telefones: (27) 3136-3438 / (27) 3136-3436 Telefones: (27) 3136-3474 / (27) 3136-3469
Responsável: Maria da Gloria Brito Abaurre
Combate à Desertificação
Responsável: Andressa Bacchetti Pinto
Telefone: (27) 3136-3516
Cadastro de Viveiros de Produção
de Mudas de Espécies Nativas
Levantamento realizado pelo Instituto B
­ ioAtlântica (IBio)

Viveiro Angelim Chácara da Serra


Responsável: Luciana Martins Responsável: Romeu Souza Nascimento
Tel: (27) 9826-9465 Tel (28) 3552-2683; (28) 9986-1987
E-mail: lm.esber@aracruz.com.br Local de produção: Rua do Norte, s/n
Local de produção: Estrada Velha da Barra, Município: Alegre (ES)
Comunidade Angelim Mudas para reflorestamento, em saquinhos.
Município: Conceição da Barra (ES)
Produção de mudas nativas para reflorestamento, em Viveiro Florestal dos Centros de Ciências Agrárias
saquinhos. (UFES)
Responsável: Joceli José Petri
Viverde Tel (28) 3558-1565
Responsável: Vidalci Junior Local de produção: Av. Lindemberg, s/n
Tel: (27) 81395-860 Governador Gerônimo Monteiro
E-mail: viverde@uai.com.br Município: Alegre (ES)
Local de produção: Rodovia do Sol, km 05, s/n – Nova Mudas para reflorestamento, em saquinhos.
Guaradi
Município: Guarapari (ES) Viveiro MADA
Produção de mudas para reflorestamento, Responsável: José Guilherme Doerl
arborização e paisagismo, em saquinhos e vasos. Tel (27) 3259-1842; (27) 9974-6179
E-mail: josegdoerl@hotmail.com
Núcleo de Produção de Mudas de Restinga Endereço: Rua São Lourenço, 619 – Bairro São Lourenço
Reverendo Jaime Wright Município: Santa Tereza (ES)
Responsável: Licínio dos Santos Neves Mudas de espécies nativas para reflorestamento,
Tel (27) 3347-1341 arborização e paisagismo, em saquinhos e tubetes.
Local de produção:
Rodovia Norte Sul, km 1,5 – Jardim Camburi APROMAI – Rebio Augusto Ruschi
Município: Vitória (ES) Responsável: André Morcira de Assis
Produção de mudas de restinga para reflorestamento, Tel (27) 3259-1941; (27) 9984-9064
arborização e paisagismo, em saquinhos. E-mail: apromai@netst.com.br
Site: www.apromai.org.br
Horto Florestal Artur Dias Martins Filho Local de produção: Rodovia Josil Espíndola Agostini,
Responsável: José Maria Campos s/n – Bairro Penha
Tel (27) 3136-2239 Município: Santa Tereza (ES)
Local de produção: Rodovia José Sete, km 7,5 – Bairro Mudas para reflorestamento, em saquinhos.
Tabajara
Município: Cariacica (ES) Viveiro Cereza
Mudas de espécies nativas para reflorestamento, Responsável: Valter Luis Cereza
arborização e jardinagem, em saquinhos e vasos. Tel (28) 3528-1054
Endereço: Estrada da Vargem Alta – São José de
Viveiro Paineiras Fruteiras, km 4
Responsável: Rui Vital Brasil Filho Município: Vargem Alta (ES)
Tel (28) 3532-9233; (28) 3532-9200; (28) 3532-9277 Mudas para paisagismo, arborização e
E-mail: rita@usinapaineiras.com.br reflorestamento, em saquinhos.
Local de produção: Usina Paineira, Distrito do rio
Muqui, Município: Itapemirim (ES) Viveiro Verde Flora
Mudas de espécies nativas para reflorestamento, em Responsável: Danilo José
saquinhos. Tel (27) 3754-2927
E-mail: viveiroverdeflora@hotmail.com
Escola Agrotécnica Federal Alegre Endereço: Rua Djalma Coutinho, 500 – Centro
Responsável: Raul Mesquita dos Santos Município: Montanha (ES)
Tel (28) 3552-8200
E-mail: coop-cafa@terra.com.br
Site: www.eafa.com.br
Endereço: Fazenda Caixa D’Água, s/n - Distrito Rive
Município: Alegre (ES)
Mudas para reflorestamento, em saquinhos. 85
Mudas para reflorestamento, arborização Mudas para reflorestamento e
urbana e paisagismo, em saquinhos. arborização urbana, em saquinhos.

Viveiro Dalton Temporim Viveiro do Projeto Meninos da Terra


Responsável: Dalton R.S. Temporim Responsável: Raglos Ribeiro dos Santos
Tel (28) 3522-7132; (28) 3522-8052 Tel (27) 3371-7160
Endereço: Av. José Rosa Machado, 21 – Alto Local de produção: Av. Sabiá, s/n – Bairro
Novo – Parque Cachoeiro de Itapemirim Boa Esperança
Município: Cachoeiro de Itapemirim (ES) Município: Linhares (ES)
Mudas para reflorestamento, em Mudas para reflorestamento, em
saquinhos. saquinhos.

Viveiro Sítio São José Viveiro Frucafé


Responsável: Cláudia Aguiar Almeida Responsável: Erli Röpke
Tel (28) 3522-3807 Tel (27) 3373-8422; (27) 9974-2491
E-mail: pastoraldaecologia@bol.com.br E-mail: frucaf@frucafé.com.br
Local de produção: Rua Raulinho de Local de produção: Rodovia BR 101 Norte,
Oliveira, 14 – Centro s/n – km 139 – Bairro Canivete
Município: Cachoeiro de Itapemirim (ES) Município: Linhares (ES)
Mudas para reflorestamento e
jardinagem, em saquinhos. Viveiro de Mudas da Reserva Natural Vale
Responsável: Alessando Simplicio dos
Viveiro Cuca Legal Santos
Responsável: Sebastião Araújo Filho Tel: (27) 3371-9714
Tel (27) 9908-6246 E-mail: alesandro.simplicio@cvrd.com.br
Local de produção: Sítio São Pedro – Município: Linhares (ES)
Córrego São Pedro, Distrito Santo Antônio Produção de mudas nativas de 800
Município: Barra de São Francisco (ES) espécies de mata atlântica.
Mudas para reflorestamento, em
saquinhos. Viveiro ASA Ambiental
Responsável: Pinaro
Viveiro da Pastoral da Ecologia I E-mail: pinaro.cysneq@hotmail.com
Responsável: Natalino Marquezine Local de produção: Parque de Exposição de
Tel (28) 3525-1142 Mimoso do Sul
Local de produção: Estrada Vicinal, Boa Município: Mimoso do Sul (ES)
Esperança Mudas para reflorestamento, em
Município: Rio Novo do Sul (ES) saquinhos.
Mudas para reflorestamento, em
saquinhos. Fundação Bionativa
Responsável: Jair Retz
Viveiro da Pastoral Ecológica II Tel (27) 9974-4736
Responsável: José Tarcísio Diirr Local de produção: Estrada do Centro a
Tel (28) 3529-2006 Vicinal Patrimônio Lagoa
Local de produção: Estrada Vicinal, Boa Município: Sooretama (ES)
Esperança Mudas para reflorestamento, em
Município: Rio Novo do Sul (ES) saquinhos.
Mudas para reflorestamento, em
saquinhos. Viveiro Instituto Verde Brasil
Responsáveis: Marco Raposo e Alexandre
Berço das Árvores Machado
Responsável: Midizente José Garozi Tel: (27) 32682068; (27) 3268-1904
Tel (27) 9903-5715 Local de produção: Trevo de Parajú, Km 51,
Local de produção: BR 259, Povoação de BR-262, Santa Maria
Baunilha-Boapaba Município: Marechal Floriano
Município: Colatina (ES) Mudas (saquinhos) para reflorestamento
Projetos e entidades relacionadas à
adequação ambiental de propriedades rurais

Programa de adequação ambiental de Instituto Capixaba de Pesquisa, Programa Nacional para a Agricultura
propriedades agrícolas (Programa Campo Assistência Técnica e Extensão Rural Familiar (PRONAF) Turismo Rural
Sustentável) (Incaper)
Coordenador: Pedro Luis Pereira PRONAF Agroindústria
Teixeira de Carvalho Departamento de Operações Técnicas
E-mail: pedrocarvalho@seag.es.gov.br (DOT) - Coordenação de Meio Ambiente PRONAF Mulher

Secretaria de Estado da Agricultura, Instituto de Defesa Agropecuária e PRONAF Jovem Rural


Abastecimento, Aquicultura e Pesca Florestal do Espírito Santo (IDAF)
(SEAG) PRONAF Agroecologia
E-mail: comunicacao@seag.es.gov.br Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Site: http://www.seag.es.gov.br/ Recursos Hídricos (IEMA) Fundo Nacional do Meio Ambiente
ambiental/index.html (FNMA)
Projeto Corredores Ecológicos
Programa Florestas-Piloto Editais de organizações não
Projeto Desenvolvimento Local governamentais (ONGs) na área do
Programa Extensão Ambiental Sustentável (DLS-PRORENDA) Corredor Ecológico

Projeto Guandu Sustentável Empresa Brasileira de Pesquisa Conservação Internacional do Brasil


Instituto BioAtlântica Agropecuária (EMBRAPA) (CI-Brasil)
E-mail: thiago@bioatlantica.org.br
Agência de Apoio ao Empreendedor e Instituto de Estudos Socioambientais do
Planejamento participativo de Pequeno Empresário (SEBRAE) Sul da Bahia (IESB)
propriedades rurais e paisagens para
restauração florestal e conservação da Instituto Capixaba de Ecoturismo (ICE) Aliança Internacional para a Conservação
biodiversidade da Natureza (IUCN).
Movimento dos Pequenos Agricultores
Instituto de Pesquisas (MPA)
da Mata Atlântica (Ipema)
E-mail: ipema@ipema-es.org.br Associação de Certificação de Produtos
Rurais do Espírito Santo Chão Vivo
Restauração solidária de floresta
atlântica no corredor prioritário Associação de Programas em Tecnologias
Sooretama-Goytacazes/Comboios Alternativas (APTA)

Fundação Bionativa Federação dos Trabalhadores na


E-mail: garay@biologia.ufrj.br Agricultura do Estado do Espírito Santo
(FETAES)
Órgãos e entidades que podem
auxiliar na adequação ambiental das Associação dos Servidores da Agricultura
propriedades visando às práticas de (ASA) e Fundação Luterana de Sementes.
ecoturismo e agroturismo:
Secretarias Municipais de Turismo, Meio As propriedades rurais interessadas
Ambiente e Agricultura em realizar atividades de ecoturismo e
agroturismo podem conseguir recursos
Secretaria de Estado de Desenvolvimento nas seguintes entidades:
Econômico, Trabalho, Tecnologia e Turismo Banco de Desenvolvimento do Espírito
(SEDETUR) Santo (BANDES) Turismo

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e BANESTES


Recursos Hídricos (SEAMA)
Banco do Nordeste
Secretaria de Estado da Agricultura,
Abastecimento, Aquicultura e Pesca Banco do Brasil
(SEAG)
87
Bibliografia

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SIMONELLI, M.; SOUZA, A. L.; PEIXOTO, A. L.; SILVA, A. F. Floristic Com-
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