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Profissional Documentos
Cultura Documentos
Realização
SEAG - Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca
Produção
IPEMA - Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica
APREMAVI - Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida
Organização
Miriam Prochnow
Elizete Sherring Siqueira
Apoio
Incaper - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
Idaf - Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo
Iema - Instituto Estadual de Meio Ambiente
Seama - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Novo Pedeag - Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba
Patrocínio
Fibria
1a Edição
Vitória - ES
2010
Ficha técnica
Realização
SEAG
Produção
IPEMA e APREMAVI
Organização
Miriam Prochnow
Elizete Sherring Siqueira
Textos
Adelaide de F. S. da Costa
Ana Carolina Callegario Pereira
Aureliano Nogueira da Costa
Edgar Antonio Formentini
Geovanni Ribeiro Loiola
Hans Christian Schmidt
Jayme Henrique Pacheco Henriques
Marcelo Simonelli
Marcos Moulin Teixeira
Maura Campanili
Miriam Prochnow
Pedro Carlos Cani
Wigold Bertoldo Schaffer
Fotografia
Celso Maioli
Edegold Schaffer
Fabio Antônio Ribeiro Matos
Ludovic Jean Charles Kollmann
Luiz Fernando Silva Magnago
Marcelo Simonelli
Miriam Prochnow
Rosemberg Ferreira Martins
Wigold B. Schaffer
Mapas
Carolina Catia Schaffer
Marcos Rosa
Ilustrações
Skopein
Revisão
Eliana Jorge Leite
Maria Penha Padovan
Miguel Angelo Aguiar
Pedro Luis Pereira Teixeira de Carvalho
Apresentação
3
Rosemberg Ferreira Martins
Sumário
26 Unidades de C
onservação no Espírito Santo
50 I – Sistemas Agroflorestais
54 II – A Agricultura Orgânica
62 V – Fruticultura
64 VI – Quintais Florestais
88 Bibliografia
A Mata Atlântica abrange, total ou parcial- Isso aponta um dado importante, que é a
mente, 17 Estados brasileiros e 3.411 muni- capacidade da Mata Atlântica de se rege-
cípios. No Nordeste abrange também os nerar. No entanto, não muda a situação
encraves florestais e brejos interioranos, no crítica em que se encontram os estágios
Sudeste alcança parte dos territórios de Goi- avançados e primários da floresta, que são
ás e Mato Grosso do Sul e no Sul estende-se exatamente os mais bem conservados. Os
A Mata Atlântica e pelo interior, alcançando inclusive parte dos próprios dados recentemente divulgados
Sua Importância territórios da Argentina e Paraguai. apontam que o ritmo de desmatamento
diminuiu em alguns estados, mas que ele
A Mata Atlântica cobria 15% do territó- continua existindo em outros, como Santa
Miriam Prochnow rio brasileiro, uma área aproximada de Catarina e Paraná.
1.300.000 Km2. Um mapeamento recente
feito pelo Ministério do Meio Ambiente Mesmo reduzida e muito fragmentada,
(2006) aponta um percentual de 27% de a Mata Atlântica ainda abriga mais de 20
remanescentes, incluindo os vários está- mil espécies de plantas, das quais 8 mil são
gios de regeneração em todos os remanes- endêmicas, ou seja, espécies que não exis-
centes da Mata Atlântica, sejam: florestas, tem em nenhum outro lugar do Planeta.
campos naturais, restingas e manguezais. É a floresta mais rica do mundo em diver-
Entretanto, o percentual de remanescentes sidade de árvores. No sul da Bahia foram
bem conservados, gira em torno apenas de identificadas 454 espécies distintas em um
8%, índice aferido por levantamentos feitos só hectare.
Estação Biológica de Santa Lúcia, no pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo
município de Santa Teresa. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Atualmente, mais de 110 milhões de brasileiros se beneficiam das águas que nas-
cem na Mata Atlântica e que formam diversos rios que abastecem as cidades e
metrópoles brasileiras. Além disso, existem milhares de nascentes e pequenos
cursos d’água que afloram no interior de seus remanescentes.
Rosemberg Ferreira Martins
A Mata Atlântica também abriga grande diversidade cultural,
constituída por povos indígenas, como os Guaranis, e culturas tra-
dicionais não-indígenas como o caiçara, o quilombola, o roceiro e
o caboclo ribeirinho. O processo de desenvolvimento desenfreado
fez com que muitas dessas populações fossem expulsas de seus
territórios originais.
Apesar de originalmente formar uma flo- muito maior do que se pensava, pois até ciados, bem como os encraves florestais e
resta contínua, entremeada por ecossiste- então se considerava Mata Atlântica ape- brejos de altitude interioranos que inte-
mas associados, como manguezais, restin- nas a floresta ombrófila densa. Como re- gram a Mata Atlântica: floresta ombrófila
gas e campos de altitude, até recentemente sultado do encontro, foi definido o concei- densa; floresta ombrófila mista, também
existiam diferentes denominações para a to de Domínio da Mata Atlântica para as denominada de mata de araucárias; flo-
Mata Atlântica. Essas denominações eram áreas que originalmente formavam uma resta ombrófila aberta; floresta estacional
baseadas em diversos pesquisadores, que cobertura vegetal contínua. Após algumas semidecidual; floresta estacional decidual;
agrupavam as formações florestais e ecos- reformulações, essa definição foi reconhe- campos de altitude; áreas das formações
sistemas associados de acordo com seus cida legalmente pelo Conselho Nacional pioneiras, conhecidas como manguezais,
próprios critérios. Quando a Constituição do Meio Ambiente (CONAMA), em 1992, e restingas, campos salinos e áreas aluviais;
Federal de 1988 conferiu à Mata Atlântica o incorporado ao Decreto 750, de 1993. Hoje refúgios vegetacionais; áreas de tensão
status de Patrimônio Nacional, a definição esse conceito é reconhecido pela Lei 11.428, ecológica; brejos de altitude interioranos
de quais áreas compõe o domínio da Mata sancionada em 22 de dezembro de 2006 e e encraves florestais, representados por
Atlântica passou a ser preponderante para regulamentada pelo Decreto 6660, de 21 disjunções de floresta ombrófila densa,
a política de conservação. de novembro de 2008. floresta ombrófila aberta, floresta esta-
cional semidecidual e floresta estacional
Um seminário com pesquisadores e espe- O “Mapa da Área de Aplicação da Lei no decidual; áreas de estepe, savana e sava-
cialistas nos diferentes ecossistemas, orga- 11.428, de 2006”, elaborado pelo IBGE, na-estépica; e vegetação nativa das ilhas
nizado em 1990, pela Fundação SOS Mata contempla as configurações originais das costeiras e oceânicas.
Atlântica, demonstrou que o domínio era formações florestais e ecossistemas asso-
Miriam Prochnow
Mapa da Mata Atlântica
Área de Aplicação da Lei 11.428, de 2006.
Fonte: Este mapa foi elaborado a partir do “Mapa da área de aplicação da Lei 11.428, de 2006“ (IBGE, 2008). Escala 1:5.000.000
Dentre as florestas tropicais, a Mata Atlântica é uma das
mais ameaçadas do mundo. Devido à sua localização
litorânea, esse Bioma foi o primeiro a ser colonizado e,
atualmente, nele se concentra a maior parte da popu-
lação brasileira.
Formações vegetais originais do Espírito Santo Originalmente, o Espírito Santo era praticamente todo
recoberto por florestas ou ecossistemas associados à
Mata Atlântica, como restingas, brejos, manguezais,
campos rupestres e campos de altitude.
Refúgio vegetacional
UCs - APAs
Formações Florestais
Campos Naturais
Formações Pioneiras
Miriam Prochnow
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As diferentes Matas e
Paisagens no Estado
No Espírito Santo são reconhecidas as seguintes formações vegetais, que compõem variados ecossistemas e paisagens:
Marcelo Simonelli
Luiz Fernando Silva Magnago
Aspecto da vegetação rupestre sobre aflora-
Fabio Antônio Ribeiro Matos
mento rochoso.
Marcelo Simonelli
A floresta estacional semidecidual representa a segunda mais Detalhe para a caducifólia dos indivíduos arbóreos devido às condi-
importante formação vegetacional em termos de área ocupada ções de pluviosidade em uma floresta estacional semidecidual. No
no estado do Espírito Santo, concentrando-se nas regiões sul e final da estação seca, em outubro de 2008; e na estação chuvosa, em
oeste do estado. O histórico de ocupação desse tipo de floresta janeiro 2009.
assemelha-se ao descrito para a floresta ombrófila densa.
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Formações Pioneiras
Restingas Área de dunas em Itaúnas, Conceição da Barra.
Marcelo Simonelli
A restinga se desenvolve na região litorâ- observadas áreas de praias, dunas, moitas, arenoso e ácido, em alguns pontos po-
nea sobre terrenos arenosos recentes de brejos e florestas. dem ser observados plantios de algumas
origem marinha ou fluviomarinha. No es- culturas, como abacaxi, no sul do estado,
tado do Espírito Santo, a restinga ocorre No Espírito Santo, os principais impactos mandioca, coco-da-Bahia e atualmente
em quase toda a costa, sendo interrompida sobre as restingas são a expansão imo- no norte do estado podem ser observa-
em alguns trechos por foz de rios, mangue- biliária, industrial e portuária, extração das algumas experiências envolvendo o
zais ou falésias como se observa no litoral de areia, construção de estradas, turismo plantio de uma espécie nativa, a aroeira
sul, entre as cidades de Guaraparí e Mara- indiscriminado e pecuária. Apesar de na- (Schinus terebinthifolius Raddi, conhecida
taízes. A restinga é formada por ambientes turalmente possuir pouca aptidão agríco- como pimenta-rosa), cujas sementes são
bastante diversificados, assim podem ser la, principalmente devido ao solo pobre, utilizadas como condimento.
Marcelo Simonelli
Marcelo Simonelli
Marcelo Simonelli
Refúgios Ecológicos
O estado do Espírito Santo é um dos recordistas em Áreas prioritárias para a conservação, uso sustentável e
quantidade de espécies de árvores por hectare. Na repartição de benefícios da biodiversidade no Espírito Santo
Estação Biológica de Santa Lucia, município de Santa
Teresa, foram identificadas 443 espécies diferentes de
árvores, em uma área de 1,02 hectares1.
Importância Biológica
Alta
Muito Alta
Extremamente Alta
1
Museu de Biologia Mello Leitão, Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade de São Paulo, 1997.
2
Decreto Nº 1.499-R, que homologa a Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Espírito Santo. Publicado no Diário Oficial Estadual em 14 de junho de 2005.
3
Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira: Atualização – Portaria MMA nº 09, de 23 de
janeiro de 2007.
A Conservação da Mata Atlântica
O Espírito Santo é um estado privilegiado. Consideran- 1) Preservação e manejo adequado dos remanescentes ainda existentes;
do que cada uma das fitofisionomias citadas possui
tipos diferentes de vegetação, encontra-se uma enor- 2) Trabalhos de Educação Ambiental e divulgação visando à
midade de ambientes diferentes. Nas áreas de Flores- conscientização pública;
tas de Tabuleiro, por exemplo, ocorrem fisionomias
como as Muçunungas e os campos nativos - estes são 3) Prospecção da biodiversidade de forma sustentável;
frequentemente confundidos, inclusive pelos órgãos
fiscalizadores, com áreas em estágios iniciais de rege- 4) Recuperação de áreas degradadas de forma planejada, levando-se em
neração da Mata Atlântica, sendo, por isso, necessário consideração as particularidades de cada ecossistema;
um melhor conhecimento dos ecossistemas do estado,
além de ser urgente uma legislação específica para 5) Desenvolvimento de estudos visando a um melhor conhecimento
proteger estas áreas singulares. dos ecossistemas;
Outro ponto importante a ser considerado é que apro- 6) Aumento na rede de áreas protegidas, levando-se em consideração
ximadamente 3% das áreas de Mata Atlântica do Es- critérios técnicos, como o estudo de análise de lacunas;
pírito Santo estão em Unidades de Conservação. Se
considerado o fato de que restam no estado 11,01% de 7) Ampliação da conectividade entre os fragmentos existentes, através de
Mata Atlântica, então aproximadamente 8% dos re- corredores ecológicos;
manescentes estão fora das Unidades de Conservação,
principalmente em áreas particulares. Esse fato sugere 8) Implantação, de fato, das áreas de reserva legais, levando-se em
que a preservação da Mata Atlântica no Espírito Santo consideração critérios técnicos ligados à biologia da conservação;
passa, necessariamente, pelas mãos dos proprietários
rurais durante a adequação de suas áreas. Nesse sen- 9) Recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente;
tido, algumas ações são necessárias e urgentes, dentre
as quais podemos citar: 10) Uma melhor aplicação da legislação, visando à prática de mecanismos
eficientes de acordo com as realidades regionais.
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A floresta primária, também conhecida por exploração madeireira irracional ou por
como floresta clímax ou mata virgem, é a causas naturais, mesmo que nunca tenha
floresta intocada ou aquela em que a ação havido corte raso e que ainda ocorram árvo-
humana não provocou significativas alte- res remanescentes da vegetação primária.
rações das suas características originais
de estrutura e de espécies. A grande maioria dos remanescentes de
A floresta Mata Atlântica ainda existente nas peque-
Primária e as A Mata Atlântica primária caracteriza-se
pela grande diversidade biológica, pela
nas e médias propriedades é composta de
florestas secundárias em diferentes está-
Florestas Secundárias presença de árvores altas e grossas, pelo gios de regeneração.
equilíbrio entre as espécies pioneiras, se-
Miriam Prochnow cundárias e climáticas, pela presença de É importante lembrar que os remanes-
grande número de bromélias, orquídeas, centes da vegetação dos ecossistemas
cactos e outras plantas ornamentais em associados à Mata Atlântica: campos de
cima das árvores. altitude, restingas, manguezais e áreas de
contato entre estas, também são classifi-
As florestas secundárias são aquelas re- cados da mesma forma, ou seja, vegetação
sultantes de um processo natural de re- primária e vegetação secundária nos está-
generação da vegetação, em áreas onde, gios inicial, médio ou avançado de regene-
no passado, houve corte raso da floresta ração. No entanto, os parâmetros técnicos
primária. Nesses casos, quase sempre as utilizados na classificação não são os mes-
terras foram temporariamente usadas mos aplicados às florestas.
para agricultura ou pastagem e a floresta
ressurge espontaneamente após o aban- Para exemplificar, são descritas as princi-
dono destas atividades. pais características da vegetação secundá-
ria de ambientes florestais para o estado
Também podem ser consideradas secun- do Espírito Santo.
Floresta primária. dárias as florestas muito descaracterizadas
Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Estágio inicial Estágio médio Estágio avançado
de regeneração de regeneração de regeneração
Esse estágio surge logo após o abandono A vegetação em regeneração natural ge- Inicia-se geralmente depois dos 15 anos de
de uma área agrícola ou de uma pasta- ralmente alcança o estágio médio depois regeneração natural da vegetação, poden-
gem. Geralmente vai até seis anos, poden- dos seis anos de idade, durante até os 15 do levar de 60 a 200 anos para alcançar
do em alguns casos durar até dez anos, anos. Nesse estágio, as árvores atingem novamente as características semelhantes
em função do grau de degradação do solo altura média de 5 a 13 metros e diâmetro à floresta primária. A diversidade biológica
ou da escassez de sementes. Geralmente de 10 a 20 centímetros. No estágio médio aumenta gradualmente à medida que o
existem grandes quantidades de capins e a diversidade biológica aumenta, mas tempo passa, e desde que existam rema-
samambaias de chão. Predominam tam- ainda há predominância de espécies de nescentes primários para fornecer semen-
bém grandes quantidades de exemplares árvores pioneiras, como ingás e aroeiras. tes. A altura média das árvores é superior a
de árvores pioneiras de poucas espécies. A presença de capins e samambaias di- 10 metros e o diâmetro médio é superior a
A altura média das árvores geralmente minui, mas em muitos casos resta grande 18 centímetros.
não passa dos 7 metros e o diâmetro de presença de cipós e taquaras.
13 centímetros. Nesse estágio os capins e samambaias de
As espécies vegetais que caracterizam chão não são mais característicos. Come-
As espécies vegetais que caracterizam esse estágio sucessional são, principal- çam a emergir espécies de árvores nobres,
esse estágio sucessional são, principal- mente: cinco-folhas (Sparattosperma como cedros, sapucaias e óleos. Nas regiões
mente: embaúba (Cecropia sp.), jacaré vernicosum), boleira (Joanesia princeps), abaixo de 600 metros do nível do mar os
(Piptadenia communis), goiabeira (Psi- pau-d’alho (Gallesia gorazema), goiabei- palmiteiros aparecem com frequência. Os
dium guajava), assa-peixe (Vernonia ra (Psidium guajava), jacaré (Piptadenia cipós e taquaras passam a crescer em equi-
polyanthes), pindaúva-vermelha (Xylopia communis), quaresmeira-roxa (Tibou- líbrio com as árvores.
seriacea), camará (Moquina polymorpha), china grandiflora), ipê-felpudo (Zeyhera
ipê-felpudo (Zeyhera tuberculosa), aro- tuberculosa), araribá (Centrolobium sp.), As espécies vegetais que caracterizam esse
eira (Schinus terebenthifolius), alecrim caixeta (Tabebuia spp.), jenipapo (Genipa estágio sucessional são, principalmen-
(Rosmarinus officinalis), fedegoso (Cassia americana), guapuruvu (Schizolobium pa- te: guapuruvu (Schizolobium parahyba),
spp.), araçá (Psidium cattleyanum), oitizei- rahyba), cajueiro (Anacardium sp.), oitizei- cinco-folhas (Sparattosperma vernicosum),
ro (Licania tomentosa), corindiba (Trema ro (Licania tomentosa), quaresma (Anno- boleira (Joanesia princeps), pau-d’alho
micranta), pindaíba (Xylopia emarginata), na cacans), ipê-roxo (Tecoma heptaphila). (Gallesia gorazema), jacaré (Piptadenia
caviúna (Dalbergia villosa). communis), quaresmeira-roxa (Tibouchina
grandiflora), cedro (Cedrela fissilis), fari-
nha-seca (Pterigota brasiliensis), ipê-roxo
(Tecoma heptaphilla), pau-ferro (Caesalpi-
nia ferrea), óleo-de-copaíba (Copaifera lan-
gsdorffii), araribá-vermelho (Centrolobium
robustum), sapucaia-vermelha (Lecythis pi-
sonis), pau-sangue (Pterocarpus violaceus),
caviúna (Dalbergia villosa). 21
O que são
Áreas Protegidas?
Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer
sempre ser protegidas, independentemen-
te de sua localização, como, por exemplo, as
margens de rios, nascentes e topos de mor-
ros. Nesse sentido, os dois tipos de áreas
protegidas são complementares. Bromélia em área de restinga.
Phyllomedusa Rodei
Criar e implantar Unidades de Conservação é fundamental para garantir a sobrevivência das espécies animais e vegetais.
Wigold B. Schaffer
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Rosemberg Ferreira Martins
O SNUC instituiu duas categorias de unidades de conservação: Apesar de não estar inserida no Sistema ofi-
cial de Unidades de Conservação, a Estação
Unidades de Proteção Integral Biológica de Santa Lúcia é uma importante
unidade de pesquisa e conservação, com 440
Entende-se por proteção integral a manutenção dos ecossistemas ha, aos cuidados do Museu de Biologia Prof.
livres de alterações causadas por interferência humana, admitin- Mello Leitão.
do apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Nesse grupo
incluem-se as Estações Ecológicas (ESEC), Reservas Biológicas (RE-
BIO), Parques Nacionais (PARNA), Refúgios de Vida Silvestre (RVS) e
Monumentos Naturais.
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Rosemberg Ferreira Martins
Unidades de
Conservação no
Espírito Santo
Geovanni Ribeiro Loiola
Unidades de Conservação Federais (N=10) Criação Município Área (ha) (%) a Grupo b Responsável c
Floresta Nacional do Rio Preto 1990 Conceição da Barra 2.830,64 1,85 US ICMBio
Monumento Natural dos Pontões Capixabas 2006 Águia Branca e Pancas 17.496 11,48 PI ICMBio
Parque Nacional do Caparaó d 1961 Divino de São Lourenço, 18.200 11,94 PI ICMBio
Dores do Rio Preto, Iúna,
Irupí e Ibitirama
Reserva Biológica Augusto Ruschi 1982 Santa Teresa 4.733,75 3,1 PI ICMBio
Reserva Biológica do Córrego Grande 1989 Conceição da Barra 1.504,81 0,98 PI ICMBio
Miriam Prochnow
Pico do Cristal, no
Parque Nacional do Caparaó.
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Unidades de Conservação Estaduais
As Unidades de Conservação Estaduais re- de Defesa Agropecuária e Florestal do Es-
presentam 48,92% de extensão das áreas pírito Santo (IDAF), responsável por uma
protegidas, distribuídas em 26 territórios área; diversas prefeituras, com a gestão de
delimitados pelo Estado, contando com um sete áreas, além da empresa Vale, respon-
gerenciamento diversificado. As seguintes sável pela gestão de uma área. A categoria
entidades são responsáveis pela gestão de Unidade de Conservação Estadual com
dessas diferentes áreas: Instituto Estadu- maior representatividade consiste na Área
al do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Proteção Ambiental.
(IEMA), com a gestão de 17 áreas; Instituto
Unidades de Conservação Estaduais (N=26) Criação Município Área (ha) (%) a Grupo b Responsável c
Área de Proteção Ambiental de Conceição da Barra 1998 Conceição da Barra 7.728 5,07 US IEMA
Área de Proteção Ambiental de Goiapaba-Açu 1994 Fundão 3.740 2,45 US IEMA
Área de Proteção Ambiental de Guanandy 1994 Piúma, Itapemirim 5.242 3,44 US IEMA
e Marataízes
Área de Proteção Ambiental de Mestre Álvaro 1976 Serra 2.461 1,61 US IDAF
Área de Proteção Ambiental de Praia Mole 1994 Serra 400 0,26 US IEMA
Área de Proteção Ambiental do Maciço Central 1992 Vitória 666,55 0,43 US Prefeitura
Área de Proteção Ambiental do Monte Mochuara 2007 Cariacica 2.600 1,7 US Prefeitura
Área de Proteção Ambiental Ilha do Frade 1994 Vitória 35,32 0,02 US Prefeitura
Área de Proteção Ambiental Paulo César Vinha d
1994 Guarapari 11.460 7,52 US IEMA
Área de Proteção Ambiental Pedra do Elefante 2001 Nova Venécia 2.562,31 1,68 US IEMA
Parque Estadual da Pedra Azul 1991 Domingos Martins 1.240 0,81 PI IEMA
Parque Estadual de Mata das Flores 1986 Castelo 800 0,52 PI IEMA
Parque Estadual Paulo César Vinha 1990 Guarapari 1.500 0,98 PI IEMA
Reserva Ecológica Municipal das Ilhas Oceânicas 1989 Vitória 1.178 0,77 PI Prefeitura
de Trindade e Arquipélago de Martim Vaz
Miriam Prochnow
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Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)
As Reservas Particulares do Patrimônio Na- cartório, à margem do registro do imóvel. cêndios e invasão por parte da sociedade
tural (RPPNs) são Unidades de Conservação Diferente da Reserva Legal, onde pode ser e do Estado e conta com a preferência na
privadas e criadas em terrenos particula- feito o uso sustentável dos recursos natu- obtenção de créditos rurais e na mecaniza-
res por iniciativa do proprietário, mediante rais, na RPPN só podem ser desenvolvidas ção agrícola. O proprietário pode inclusive
o reconhecimento do órgão governamen- atividades de pesquisa científica, ecoturis- solicitar o auxílio do poder público para a
tal de meio ambiente, e tem por objetivo mo, recreação e educação ambiental. elaboração de um plano de manejo, prote-
auxiliar na conservação da diversidade ção e gestão da área.
biológica, paisagística e dos demais recur- Ao transformar sua propriedade ou parte
sos naturais. A iniciativa de criação deve dela em RPPN, o produtor passa a ter al- O estado do Espírito Santo apresenta cerca
ser solicitada pelo proprietário ao órgão gumas vantagens, tais como a isenção do de 2,35% de sua área protegida composta
ambiental, que poderá reconhecer o imó- Imposto Territorial Rural (ITR), conforme por RPPNs, que são criadas sob orientação
vel ou parte dele como uma RPPN. A RPPN é dispõe a Lei nº 9.393, de 19 de dezembro das diferentes esferas do poder público.
perpétua e também deve ser averbada no de 1996; conta com a proteção contra in-
Unidades de Conservação (N=15) Criação Município Área (ha) (%) a Grupo b Responsável c
RPPN Cafundó 1998 Cachoeiro de Itapemirim 517 0,33 US IBAMA
RPPN Fazenda Santa Cristina 2001 Montanha 28 0,01 US IBAMA
RPPN Fazenda Sayonara 2001 Conceição da Barra 29,22 0,01 US IBAMA
RPPN Mutum Preto 2007 Linhares 379 0,24 US IDAF
RPPN Oiutrem 2006 Alfredo chaves 58,1 0,03 US IEMA
RPPN Recanto das Antas 2007 Linhares 2.202 1,44 US IDAF
RPPN Restinga de Aracruz 2007 Aracruz 296 0,19 US IDAF
RPPN Três Pontões 2004 Afonso Cláudio 12 <0,01 US IBAMA
RPPN Florindo Vidas 2008 Iúna 1,08 <0,01 US IEMA
RPPN Cachoeira Alta 2008 Divino de São Lourenço 10,55 <0,01 US ICMBio
RPPN Córrego da Floresta 2008 Afonso Cláudio 23,86 0,01 US ICMBio
RPPN Mata da Serra 2008 Vargem Alta 14,54 <0,01 US ICMBio
RPPN Águas do Caparaó 2008 Dores do Rio Preto 0,8 <0,01 US IEMA
RPPN Linda Laís 2009 Santa Teresa 3,48 <0,01 US IEMA
RPPN Alimercino Gomes de Carvalho 2009 Guaçuí 6,01 <0,01 US Federal
Rosemberg Ferreira Martins
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Rosemberg Ferreira Martins
Outras Modalidades
de Áreas Protegidas
Miriam Prochnow
Área de Preservação Permanente é uma área com a função ambiental de (1) pre-
servar os recursos hídricos, (2) a paisagem, (3) a estabilidade geológica, (4) a bio-
diversidade, (5) o fluxo gênico de fauna e flora, (6) proteger o solo e (7) assegurar
o bem-estar das populações humanas.
As APPs não têm apenas a função de preservar a vegetação ou a A Área de Preservação Permanente (APP) é área de “preservação” e
biodiversidade. São áreas com atributos e características ambien- não permite exploração econômica direta (madeireira, agricultura
tais especiais, cobertas ou não por vegetação nativa que tem uma ou pecuária), nem através de manejo. Mesmo assim, alguns usos
função ambiental muito mais abrangente, voltada, em última e intervenções em APPs são admitidos pela legislação em casos
instância, a proteger espaços de relevante importância para a de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental.
conservação da qualidade ambiental, e assim também garantir o
bem-estar das populações humanas.
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Celso Maioli
Nas áreas onde a mata ciliar não estiver preservada, ela deve ser recuperada.
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Limites e parâmetros das
APPs - área situada:
Largura do rio
ou curso d’água Faixa mínima APP
Miriam Prochnow
inferior a 10 metros 30 metros
de 10 a 50 metros 50 metros
de 50 a 200 metros 100 metros A mata ciliar deve ter no mínimo 30 metros de cada lado do curso d’água.
de 200 a 600 metros 200 metros
30 metros
situados em áreas urbanas
consolidadas
100 metros
situados em áreas rurais,
exceto os corpos d`água com
até vinte hectares de superfí-
Miriam Prochnow
cie, cuja faixa marginal será de
cinquenta metros
XI - em duna;
Miriam Prochnow
em Estados que não tenham tais elevações, a critério
do órgão ambiental competente;
Miriam Prochnow
observar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os prin-
cípios e limites fixados no Código Florestal e nas
Resoluções do Conama.
As restingas fixadoras de dunas e estabilizadores de mangue, os manguezais e as
O Conama também definiu as faixas de APPs para re- áreas situadas em altitudes superiores a 1.800m são algumas das categorias de APPs.
servatórios de água artificiais:
Tipo de Densidade do solo Densidade do solo a 30cm Infiltração de água Infiltração de água a 30cm
cobertura vegetal na superfície g/mm3 de profundidade g/mm3 na superfície mm/min de profundidade mm/min
Miriam Prochnow
Na Mata Atlântica a Reserva Legal de cada propriedade é de 20%, que pode ser utilizada de forma sustentável.
É a área de cada propriedade particular pode ser manejada para uso de produtos compensação também pode ser feita den-
onde não é permitido o desmatamento não madeireiros. tro de Unidades de Conservação. Para pe-
(corte raso), mas que pode ser utilizada de quenas propriedades, menores de 30 hec-
outras formas. Na Mata Atlântica podem A Reserva Legal é permanente e deve ser tares, também existe a possibilidade de
ser utilizados produtos não madeireiros, averbada em cartório, à margem do re- sobreposição da Reserva Legal com Áreas
lenha e a exploração eventual de algu- gistro do imóvel. Há algumas situações de Preservação Permanente, dentro de um
mas árvores. A Reserva Legal é uma área em que os proprietários que já estão utili- determinado percentual.
necessária ao uso sustentável dos recur- zando todo o imóvel para fins agrícolas ou
sos naturais, à conservação e reabilitação pecuários podem compensar a Reserva Le- A compensação é uma alternativa que pode
dos processos ecológicos, à conservação da gal em outras propriedades. A lei permite ser adotada de forma conjunta por diversos
biodiversidade e ao abrigo da fauna e flora que a compensação da Reserva Legal seja proprietários de uma microbacia. Permite
nativas. Nas regiões Sul, Sudeste e Nordes- feita em outra área, própria ou de tercei- a criação de áreas contínuas e maiores de
te, onde ocorre a Mata Atlântica, a Reserva ros, de igual valor ecológico, localizada na Reserva Legal e possibilita melhores condi-
Legal é de 20% de cada propriedade; na mesma microbacia e dentro do mesmo ções para a sobrevivência da fauna e flora e
Amazônia é de 80% para as áreas onde estado, desde que observado o percen- para a proteção de mananciais.
ocorre floresta, e de 35% onde ocorre o cer- tual mínimo exigido para aquela região.
rado. Na Mata Atlântica a Reserva Legal só De acordo com a Lei da Mata Atlântica, a
Corredores Ecológicos
Corredores Ecológicos são áreas que nos e médios fragmentos florestais. Esses ção das matas ciliares, consideradas áreas
unem os remanescentes florestais, possi- fragmentos são ilhas de biodiversidade que de preservação permanente, que ultrapas-
bilitando o livre trânsito de animais e a guardam as informações biológicas neces- sam as fronteiras das propriedades e dos
dispersão de sementes das espécies vege- sárias para a restauração dos diversos ecos- municípios. Através das matas ciliares é
tais. Isso permite o fluxo gênico entre as sistemas que integram o Bioma. possível estabelecer conexão com as reser-
espécies da fauna e flora e a conservação vas legais e outras áreas florestais dentro
da biodiversidade. Também garantem a Nesse sentido, sempre que não existe liga- das propriedades.
conservação dos recursos hídricos e do ção entre um fragmento florestal e outro,
solo, além de contribuir para o equilíbrio é importante que seja estabelecido um A aplicação correta do Código Florestal
do clima e da paisagem. Os corredores corredor entre estes fragmentos e que a quanto à manutenção ou recuperação das
As matas ciliares, encostas e topos de morros são ideais para a formação de corredores ecológicos entre propriedades.
Miriam Prochnow
podem unir unidades de conservação, re- área seja recuperada com o plantio de es- áreas de preservação permanente e reser-
servas particulares, reservas legais, áreas pécies nativas ou através da regeneração vas legais permite que se faça um planeja-
de preservação permanente ou quaisquer natural. Os corredores ecológicos podem mento da paisagem por microbacia ou por
outras áreas de florestas naturais. ser criados para estabelecer ou para man- município, mantendo todas as florestas
ter a ligação de grandes fragmentos flores- interligadas. O planejamento da paisagem
O conceito de corredor ecológico é novo no tais, como as unidades de conservação, e pode ser feito de maneira participativa en-
Brasil, mas sua aplicação é de extrema im- também para ligar pequenos fragmentos tre os proprietários, autoridades públicas e
portância para a recuperação e preservação dentro de uma mesma propriedade ou mi- organizações não governamentais.
da Mata Atlântica, já que os remanescentes crobacia. Um meio fácil de criar corredores
estão espalhados por milhares de peque- é através da manutenção ou da recupera- 39
Miriam Prochnow
A Lei da
Mata Atlântica
Maura Campanili
Wigold B. Schaffer
Miriam Prochnow
É importante que os proprietários rurais saibam o que é permitido fazer nas áreas remanescentes de Mata Atlântica. 41
O que é proibido na Mata Atlântica?
É proibida a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração quando:
Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer
A coleta de frutos, folhas e sementes é livre, desde que alguns critérios sejam seguidos. É permitida a exploração eventual de lenha
e madeira, desde que sejam seguidos alguns
critérios e não for em mata primária ou de
espécies ameaçadas de extinção.
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Propriedade Rural
Miriam Prochnow
Wigold B. Schaffer
Miriam Prochnow
45
Aspectos de uma Propriedade Adequada Ambientalmente
Os principais aspectos a serem observados na adequação ambiental de uma propriedade rural são:
Casas e ranchos
Agricultura
Devem ser construídos fora das APPs e afastados dos
Deve ser praticada fora da Reserva Legal e das APPs. rios, para evitar prejuízos com enchentes, e das encos-
tas, para evitar prejuízos com deslizamentos.
Lixo Estradas internas
- Os restos orgânicos dos alimentos podem ser aproveitados para Devem ser planejadas e construídas de acordo com as
alimentação de animais domésticos ou para a fabricação de com- curvas de nível do terreno, evitando áreas de maior de-
posto orgânico. clividade e fragilidade de solo.
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Programa Campo
Miriam Prochnow
Sustentável
Miriam Prochnow
49
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente
I . Sistemas Agroflorestais
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são uma combinação integra- Podemos caracterizar os Sistemas Agroflorestais
da de árvores, arbustos, culturas agrícolas e/ou, animais, com em diversos tipos:
enfoque no sistema como um todo, e se caracterizam pela exis-
tência de interações ecológicas e econômicas significativas entre Sistemas simples
os componentes. Representam um novo enfoque de desenvolvi- Consórcio entre espécies arbóreas, culturas anuais (milho, fei-
mento rural, uma nova perspectiva de modelo de uso da terra, e jão, mandioca, etc.), perenes (café, frutas, etc.) e/ou pastagem,
não uma simples técnica agrícola ou florestal que objetiva ape- no mesmo espaço físico e temporal – geralmente usando menos
nas o aumento de produção. Surgem para melhorar as condições de 3 espécies no sistema ao longo do tempo. Exemplo: Café com
atuais, podendo fornecer bens e serviços integrados a outras ati- seringueira ou cedro, pastagem com eucalipto, cerca viva, quebra
vidades produtivas da propriedade e da região. vento, aléias.
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A implantação de um sistema agroflores- Assim, podemos afirmar que os SAFs apresentam as seguintes vantagens:
tal pode-se iniciar pela limpeza do terre-
no, aração, calagem e gradeação (quando • Otimizam o uso do solo e dos insumos (absor-
necessária) e abertura de covas e aduba-
ção (orgânica e/ou química) para o plan- ção de nutrientes e água) • Promovem ciclagem de
tio de mudas e sementes. Alguns sistemas
podem ser iniciados já com algumas cul- nutrientes eficientes mantendo a fertilidade e ca-
turas arbustivas ou florestais ou árvores
nativas já existentes na área, havendo um pacidade produtiva da terra ao longo do tempo •
enriquecimento, uma diversificação deste
sistema. Nesses casos algumas vezes é ne- Oferecem diversidade de produtos, gerando fontes
cessário fazer um raleamento de algumas
plantas ou podas. de renda alternativa para os produtores, contribuin-
Numa fase inicial, enquanto forem cul- do para minimizar os prejuízos e os riscos causados
tivadas culturas anuais ou de ciclo curto
(milho, feijão, mandioca, cana, etc.), devem pela perda de algumas safras e pelas oscilações de
ocorrer os tratos culturais normais para es-
tes cultivos, como adubação orgânica e/ou preços de mercado. • A maior diversidade e a distri-
química, capinas, roçadas e colheita, sem-
pre retornando os resíduos de colheita (pa- buição de trabalho no campo durante o ano podem
lhada, ramas, folhas e bagaço) para a área
e mantendo o solo coberto (palha, folhedo, ocupar melhor a mão-de-obra familiar • Promovem
mato roçado), protegendo, assim, o solo da
insolação e da erosão da chuva, mantendo melhorias ambientais (controle de erosão, manu-
a umidade junto às raízes superficiais e
ciclando nutrientes. Numa fase posterior, tenção de água, aumento de biodiversidade, etc.),
com o predomínio de plantas de ciclo mé-
dio e longo, gradativamente haverá maior podendo gerar renda adicional através de pagamen-
preocupação com o manejo do sistema, ha-
vendo um predomínio de roçada, manejo to por serviços ambientais • Possibilitam produção
de poda, adubação e colheita.
em APP e RL, respeitando as restrições da legislação. 53
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente
II – A Agricultura Orgânica
57
No estado do Espírito Santo a pecuária bovina vem perdendo es-
paço entre as atividades agrícolas. Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE - 2006) mostram que a área de pas-
tagem ocupada por bovinos, equinos, asininos, muares, bubalinos,
caprinos e ovinos, em 2006 era de 1.340.171 hectares. Até então se
considerava uma área de 440.000 hectares. A redução de área foi
Atividades Sustentáveis significativa, muito embora os rebanhos de herbívoros tenham
e Tecnologias Amigas do aumentado principalmente o bovino.
Meio Ambiente Por outro lado, tem ocorrido intensificação dos sistemas de produ-
ção, promovida por um conjunto de tecnologias inovadoras e impac-
tantes que objetivam a melhoria da qualidade do solo e o manejo
intensivo das pastagens, com consequente aumento da capacidade
III - Pecuária Sustentável de suporte das pastagens. Esse fato é muito importante, pois o au-
mento da capacidade de suporte das pastagens permite liberar
áreas nas propriedades para restaurar a infraestrutura ambiental
Pedro Carlos Cani exigida por lei, como matas ciliares, reservas legais e proteção dos
mananciais. Como resultado, o impacto ambiental fica minimizado.
Miriam Prochnow
A pecuária sustentável ainda não é uma realidade no Investir recursos em recuperação de pastagens e adotar adequa-
Brasil, mas com algumas medidas de melhoramento das das tecnologias de manejo é a resposta mais eficaz para neutrali-
pastagens a situação pode melhorar muito. zar os impactos ambientais provocados pelas mudanças climáti-
cas e os efeitos da emissão de gases efeito estufa (GEE) do rebanho
bovino brasileiro (CRUZ, 2008), já que os aumentos das produtivi-
dades do rebanho bovino e das pastagens, como vem ocorrendo
nos últimos anos, permitiria reduzir o rebanho e a pastagem, con-
sequentemente reduziria o impacto negativo da atividade.
A irrigação é a tecnologia que permite in- redução do impacto ambiental virão da silvipastoril produziu 1.687 litros de leite
tensificar a exploração das pastagens. A associação dos fatores anteriores com a a mais, quando comparado com pasta-
tonelada de matéria seca mais barata é melhoria da alimentação e da eficiência gem adubada com nitrogênio. Além dis-
obtida com irrigação e manejo intensivo do manejo do rebanho. so, o consumo de água foi 4.000 m³3/ha/
da pastagem. ano menor. Esse simples exemplo mostra
Pesquisas têm mostrado que várias es- o enorme potencial de se trabalhar com
O Centro de Estudos Avançados em Eco- pécies de gramíneas são mais produtivas pastagens em sistemas silvipastoris, ob-
nomia Aplicada (Cepea) sugere ações de quando cultivadas em áreas sombreadas, jetivando reduzir o impacto ambiental
melhoramento genético, como o desen- podendo formar os chamados Sistemas causado pela exploração pecuária. Sem
volvimento de raças que realizam uma Silvipastorais. Há indicações de que se sombra de dúvida, os sistemas silvipas-
melhor conversão do alimento, uma vez pode plantar mais de 100 árvores por toris são um grande aliado da adequação
que o animal pode ganhar mais peso com hectare em áreas de pastagem. Se essas ambiental de propriedades.
ingestão menor de alimento e torna a árvores são leguminosas, com o tempo
produção mais eficiente sob o ponto de haveria significativa redução de aplica-
vista da quantidade de metano produzi- ção de adubos. Pesquisa feita por Mur-
da. Entretanto, os melhores avanços na queito (2000) mostrou que um sistema
Miriam Prochnow
59
A produção sustentável do café será conseguida atra-
vés da adoção de um conjunto de tecnologias, de prá-
ticas, de processos e procedimentos que contemplem
simultaneamente três bases de sustentação: econô-
mica, social e ambiental.
A manutenção de cobertura do solo, restos Escolher espécies e variedades a plantar, Pequenos cuidados adicionais, como a manu-
culturais e controle de vegetação espontâ- com base na sua adaptabilidade e resis- tenção da cobertura do solo e a implantação
nea são essenciais para aumentar a reten- tência às pragas e às doenças de ocorrên- de quebra-ventos podem aumentar a produ-
ção de água no solo e minimizar as perdas cia local – isso propiciará redução no uso tividade da cultura do café. O café também é
de água para a atmosfera. Plantas quebra- de agroquímicos. excelente para a composição de SAFs.
Miriam Prochnow
61
A fruticultura é uma das principais atividades econô-
micas no Espírito Santo, respondendo por quase 16%
da receita agrícola do estado. É responsável pela diver-
sificação da produção agrícola de vários municípios,
principalmente os da região norte.
Miriam Prochnow
No contexto de utilização de espécies Num projeto de plantio de espécies fru- Quanto maior a variedade de frutos, maior
frutíferas como alternativa para a recu- tíferas visando à recuperação de áreas o número de espécies de animais atraídos,
peração de áreas degradadas, são indica- degradadas é importante que sejam utili- cada um pelo fruto de sua preferência.
das espécies adaptadas às condições de zadas espécies variadas, de comportamen-
mata atlântica, como a manga, o cacau, a tos distintos e em proporções semelhan- A diversidade de espécies também aumen-
banana, o cajá mirim, o açaí, bem como o tes, garantindo uma heterogeneidade no ta as possibilidades de comercialização das
abacate, o mamão e o abacaxi e também plantio. A diversidade de espécies, além frutas produzidas, além de contribuir posi-
espécies nativas, como o araçá, o maracujá de proporcionar uma maior riqueza em tivamente para a melhoria das condições
silvestre, a jabuticaba, a pitanga e outras termos de altura das plantas, tamanho ambientais da propriedade e da região.
que apresentem um histórico de cultivo na e morfologia das copas, ainda contribui
região. O amplo mercado consumidor de com a oferta de frutos palatáveis à fauna,
frutas garante um estímulo ao convenci- que naturalmente é atraída para a região.
mento dos produtores em recuperar essas
Miriam Prochnow
áreas utilizando como uma alternativa vi-
ável algumas frutíferas de cultivo tradicio-
nal e também frutíferas nativas.
Wigold B. Schaffer
63
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Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente
VI – Quintais Florestais
Miriam Prochnow
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Animais de pequeno porte como galinhas, utilizadas para consumo Uma das funções dos quintais é fornecer ervas medicinais e temperos
próprio, são frequentes nos quintais florestais. para a família. 65
Wigold B. Schaffer
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente
VII - Plantio de
Árvores Nativas
com Fins Econômicos
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
que plantar árvores é um bom negócio, gerando uma
boa alternativa de renda a pequenos proprietários. As
principais espécies cultivadas são exóticas, como o Pi-
nus e o Eucalipto, mas atualmente já são observadas
algumas iniciativas com relação ao plantio de espécies
nativas para fins econômicos.
67
Espécies nativas com potencial de plantio para diferentes usos *
Miriam Prochnow
69
Miriam Prochnow
Atividades Sustentáveis
e Tecnologias Amigas do
Meio Ambiente
VIII - Plantio de
Árvores Exóticas
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Além disso, é importante também fazer o
controle da reprodução e dispersão natu-
ral de espécies exóticas, já que algumas
delas se reproduzem com muita facilida-
de, colonizando áreas que deveriam estar
com florestas nativas ou até mesmo com
agricultura.
Miriam Prochnow
de atividades educacionais extraclasse; (5) atividades
ligadas à Educação Ambiental; (6) artesanato susten-
tável; (7) apicultura; (8) agroecologia e sistemas agro-
florestais, como o plantio de café sombreado; (9) pis-
cicultura, como a criação de trutas; (10) utilização de
trilhas ambientalmente adequadas para caminhadas
(hiking); (11) caminhadas com pernoite (trekking); (12)
observação de flora e fauna, como a visualização de
aves; (13) visitas programadas a Unidades de Conser-
vação; (14) incursões a ambientes naturais com obje-
tivo ecopedagógico, utilizando trilhas interpretativas;
(15) fornecimento de hospedagem e alimentação em
locais que seguem uma gestão sustentável; (16) turis-
mo geológico e (17) prática de atividades esportivas de
aventura, como técnicas verticais, mergulho e flutua-
ção, cavalgada, canoagem, utilização de tirolesa, ciclis-
mo, parapente e asa-delta.
73
Recuperação e Restauração
da Mata Atlântica
Miriam Prochnow
Para identificar qual a melhor metodo- é muito interessante para o planejamen- De forma geral, os melhores métodos para
logia a ser aplicada na recuperação ou to da restauração, especialmente pela restauração são: a regeneração natural, o
restauração de uma área é preciso reali- possibilidade da implantação de corredo- enriquecimento ecológico de florestas se-
zar um diagnóstico prévio, para se ter um res ecológicos entre as propriedades e os cundárias e o plantio de mudas de árvores
bom conhecimento sobre a área a ser tra- remanescentes já existentes. nativas. Na pequena propriedade é permi-
balhada, bem como do seu entorno. Nesse tido inclusive o plantio disperso de espécies
contato prévio com a área verificam-se, Na maioria dos casos a priorização da res- frutíferas exóticas na recomposição de Áre-
basicamente: as características ambien- tauração numa propriedade ou numa de- as de Preservação Permanente e de espé-
tais da região e a capacidade e potencial terminada região está voltada para as Áreas cies exóticas em geral, também de forma
de auto-recuperação. de Preservação Permanente e para a Reser- dispersa, na recomposição da Reserva Legal.
va Legal, buscando-se sempre resultados
Se a área não tiver um solo muito degra- rápidos e o incremento da biodiversidade.
dado e nela ou no seu entorno existirem
remanescentes florestais que possam for- Nos primeiros anos, a restauração pode ser consorciada com o plantio de espécies agrícolas.
necer sementes, propágulos ou plântulas,
maior será a capacidade de regeneração
Edegold Schaffer
dessa área e, consequentemente, menor
a necessidade de intervenção e menores
os custos da restauração. Nesses casos, os
métodos mais comuns são: a condução da
rebrota de troncos ou raízes, a condução
da regeneração natural das sementes ger-
minadas e das plantinhas existentes e a
condução das plantas que nascem através
da dispersão natural.
Miriam Prochnow
Este é um dos piores cenários para uma propriedade rural. A APP está degradada e ocupada
com plantio agrícola, processo ainda agravado pela erosão. 75
II - A Restauração de Áreas de Preservação Permanente,
Em Especial as Matas Ciliares
Miriam Prochnow
As florestas, em especial as que margeiam os rios e nascentes, desempenham
um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas e proporcionam qua-
lidade de vida às pessoas. Entretanto, historicamente, a colonização começou
exatamente com a ocupação dessas terras, quer seja pelo acesso ou por serem
áreas consideradas mais férteis para as práticas agrícolas.
Os efeitos negativos nos rios que não possuem cobertura florestal são fáceis
de verificar. Nos períodos de estiagem corre pouca água em seus leitos. Em
contrapartida, nas épocas das chuvas ocorrem enchentes e enxurradas. Po-
demos então dizer que as florestas desempenham um efeito “esponja”, ab-
sorvendo e liberando aos poucos as águas das chuvas, alimentando o lençol
freático e, por conseqüência, os cursos d’água.
As áreas existentes ao redor das nascentes e margens dos rios são Áreas de
Preservação Permanente (APPs) e a sua vegetação recebe um nome especial:
são as matas ciliares, que possuem a importante função de garantir a manu-
tenção da qualidade e quantidade da água. Existem também outras moda-
Miriam Prochnow
lidades de Áreas de Preservação Permanente, que são os topos de morros e
as encostas, cuja preservação e recuperação também são muito importantes.
Na restauração das APPs é importante A produção de mudas de qualidade é essencial para o su-
observar as seguintes recomendações: cesso de projetos de recuperação e restauração ambiental.
Miriam Prochnow
Área no município de Santa Teresa - no ano de 1997 - e depois da res-
tauração, em 2009. Este projeto foi desenvolvido pela Associação dos
Bombeiros Voluntários de Santa Teresa.
Edegold Schaffer
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Miriam Prochnow
Restauração da mata ciliar em Atalanta (SC), mesma área em 2004, 2005, 2008 e 2009. 77
III - Outras Maneiras de Restaurar Áreas Degradadas
Existem várias metodologias que podem mento da área plantada. No grupo de diver- 7i - Enriquecimento
ser utilizadas para a recuperação de áreas sidade devem ser plantadas espécies que
degradadas. Para decidir sobre qual a me- irão garantir a perpetuação da área plan- Esse método é usado nas áreas ocupadas
lhor estratégia a ser adotada, é essencial tada, uma vez que irão proporcionalmente com vegetação nativa, mas que apresen-
o conhecimento prévio da área, onde se substituir as do grupo de preenchimento, à tam baixa diversidade de árvores. O enri-
verificam basicamente as características medida que estas forem morrendo. No gru- quecimento se faz através do plantio em
ambientais da região e a capacidade e po- po de diversidade também podem ser inclu- meio à vegetação secundária de mudas de
tencial de auto-recuperação. Quanto maior ídas espécies não arbóreas como arvoretas, espécies climácicas e de outras formas de
for a capacidade de regeneração da área, arbustos, herbáceas e também epífitas. vegetação. O espaçamento utilizado pode
menor será a necessidade de intervenção e ser o 6x6m.
menores os custos da recuperação. Com relação ao número de mudas por es-
pécie e à proporção de espécies entre os 7j – Implantação de zona tampão
Entretanto, um fator é crucial em qualquer grupos, considera-se que metade das mu-
situação, que é o isolamento da área e a re- das utilizadas no plantio deve conter no Zona tampão é a implantação de uma fai-
tirada do(s) fator(es) de degradação, como: mínimo 10 espécies do grupo de preenchi- xa no entorno de fragmentos florestais,
fogo, invasão de gado, extração seletiva, mento (pioneiras) e a outra metade deve para evitar a interferência de atividades
desmatamento, erosão, etc. conter no mínimo 70 espécies do grupo da que possam prejudicar a vegetação nativa,
diversidade, sendo que as mudas devem tais como: uso do fogo, aplicação de herbi-
O Laboratório de Ecologia e Restauração ser plantadas o mais misturado possível, cidas, processo erosivos, etc. A largura des-
Florestal (LERF/ESALQ/USP) elaborou uma num espaçamento de 3x2m. sa faixa é variável, mas em média possui 30
chave de procedimentos e metodologias metros de largura.
que representam de forma geral as várias 7g – Condução da regeneração natural
situações possíveis, sugerindo para cada 8a – Implantação de corredores ecológicos
realidade e situação uma ação específica. A condução da regeneração natural é obti-
da através do controle periódico dos com- Os corredores permitem a interligação de
A chave indica as ações que devem ser reali- petidores, tais como as plantas invasoras fragmentos florestais isolados na paisa-
zadas para cada tipo de situação encontrada. (capins) e as lianas (cipós) em desequilí- gem, possibilitando o fluxo gênico vegetal e
Por exemplo: se na área em questão o solo brio. Esse controle é feito pelo coroamento animal entre as diferentes áreas da região.
estiver degradado (item 1a), deve-se proceder dos indivíduos que estão em regeneração
primeiro a ação sugerida no item 7a, que é a ou através do controle do mato em área to- 8b – Introdução de elementos
recuperação desse solo, antes de partir para tal. Uma adubação correta também pode atrativos da fauna
o item 2, onde se verifica a ocupação da área. ajudar nesse processo.
Após seguir o que está indicado no item 2, de A implantação de fontes de alimentação
acordo com a situação encontrada, se parte 7h – Adensamento que atraiam animais dispersores, princi-
para o item 3 e assim por diante. palmente aves e morcegos de remanescen-
O adensamento representa ocupar espaços tes florestais próximos, é uma importante
A seguir são detalhadas algumas das ações vazios, não cobertos pela regeneração natu- forma de acelerar o processo de regene-
de restauração florestal, segundo o LERF. ral, com o plantio de mudas de espécies pio- ração da floresta, pois aumenta a “chuva”
neiras. Esse procedimento é recomendado de sementes e a diversidade de espécies
7f – Introdução de espécies sempre que houver falhas da regeneração ou na área. Além da dispersão de sementes,
nativas em área total para o plantio de áreas de borda de fragmen- outro papel fundamental desempenhado
tos e grandes clareiras. O espaçamento a ser pela fauna é o da polinização, que permite
Pode ser realizada por meio da transferên- utilizado nesses casos pode ser 3x2 ou 2x2m. o fluxo dos genes de uma área para a outra.
cia de banco de sementes, da semeadura
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Ecológico de Florestas
Secundárias
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Aqui o enriquecimento foi realizado com a introdução de palmitos (Euterpe edulis).
Miriam Prochnow
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No começo pode ser só uma árvore ou um sejam introduzidas e fazer o controle das
capim, mas aos poucos elas se multiplicam que já estão estabelecidas.
e tomam conta do ambiente. São as espé-
cies exóticas invasoras. Algumas das espécies que mais infestam
o Brasil são o Pinus spp, o capim annoni, o
Espécies exóticas invasoras podem ser capim crotalária, o caramujo gigante, o me-
plantas, animais ou representantes de ou- xilhão dourado e o javali. Conhecido como
tros organismos que, uma vez colocados pinheiro americano, o Pinus spp está entre
em novos ambientes, se estabelecem, re- os 100 piores invasores do planeta. É uma
produzem-se e passam a dominar o espaço espécie importante para a economia, mas
e a expulsar as espécies nativas, levando à precisa ser controlado. Já o capim annoni
perda da biodiversidade e à quebra de pro- tem um poder devastador enorme. Segun-
cessos ecológicos naturais, como os ciclos do pesquisadores, ele já invadiu mais de
da água e a fertilidade dos solos. A invasão 500 mil hectares no estado do Rio Grande
biológica de espécies exóticas é hoje con- do Sul e avança para os estados do Paraná e
siderada uma das principais causas da ex- Santa Catarina.
tinção das nativas.
Outra espécie que compete por recursos
Nem todas as espécies exóticas se tornam com espécies brasileiras é o javali, um
invasoras. O problema é que, longe de pre- animal muito agressivo que chegou ao
dadores naturais de seu ambiente nativo Brasil a partir de indivíduos provenien-
e em climas amenos como o do Brasil, al- tes de fazendas de caça do Uruguai e im-
gumas espécies adquirem alta capacidade portados da Europa. Os grupos de javali
reprodutiva, tornando-se invasoras e se deixam rastros de prejuízos por consumi-
alastrando de forma rápida e devastadora. rem plantações, destruírem rebanhos e
É fundamental evitar que essas espécies espécies florestais nativas.
Fauna Origem
Caramujo gigante africano (Achatina fulica) África
Carpa (Cyprinus carpio) Japão, China e Ásia Central
Tilápia (Oreochromis mossambicus) África
Rã-touro (Rana catesbiana) Estados Unidos
Javali (Sus scrofa) Europa
Mosquito da dengue (Aedes aegypti) Áreas tropicais do mundo
Mexilhão dourado (Limnoperma fortunei) China e sudeste da Ásia
Camarão gigante (Macrobrachium rosenbergii) Malásia
Bagre-Africano (Clarias Gariepinus) África
Flora Origem
Pinus (Pinus spp.) Estados Unidos
Acácia negra (Acácia mearnsii) Austrália
Tojo (Ulex europaeus) Europa Ocidental
Leucena (Leucaena leucocephala) México, América Central
Capim Annoni (Eragrostis plana) África
Uva do Japão (Hovenia dulcis) China e Japão
Como prevenir e controlar invasões
Segundo o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, que tem como objetivo principal o combate e o controle das
espécies invasoras, cada pessoa pode contribuir com a prevenção e controle dessas espécies.
• Manter espécies cultivadas para fins eco- • Não comercializar plantas já consagradas • Impedir a importação e o fomento de es-
nômicos em locais próprios para seu culti- como invasoras no Brasil. pécies com histórico de invasão em outros
vo e eliminar os exemplares que nascem locais.
fora destes espaços, impedindo que se es- • Informar aos seus clientes sobre o risco
palhem e atinjam áreas vizinhas ou áreas das espécies se tornarem invasoras e sobre • Elaborar regras específicas para espécies
naturais. a necessidade de serem mantidas dentro invasoras, com medidas preventivas de
dos limites da propriedade de cada um. controle e erradicação.
• Dar preferências à utilização de espécies
nativas para a ornamentação e sempre
que possível plantá-las como fonte de pro-
Miriam Prochnow
dutos como lenha e forragem.
Empresas florestais
• Manter as espécies florestais que utiliza
confinadas a talhões plantados.
Programa de adequação ambiental de Instituto Capixaba de Pesquisa, Programa Nacional para a Agricultura
propriedades agrícolas (Programa Campo Assistência Técnica e Extensão Rural Familiar (PRONAF) Turismo Rural
Sustentável) (Incaper)
Coordenador: Pedro Luis Pereira PRONAF Agroindústria
Teixeira de Carvalho Departamento de Operações Técnicas
E-mail: pedrocarvalho@seag.es.gov.br (DOT) - Coordenação de Meio Ambiente PRONAF Mulher
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