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Nível de Consciência, Sedação e Delirium
Nível de Consciência, Sedação e Delirium
Ao longo desta primeira unidade, as seguintes perguntas serão elucidadas: como avaliar o
nível de consciência de um paciente e quais ferramentas utilizar? Como avaliar os níveis de sedação e
agitação de um paciente? Como monitorar o delirium de um paciente na UTI? Para tanto, a unidade
abordará a Escala de Coma de Glasgow (ECG) e a Escala de Coma de Glasgow Pupilar (ECG-P), bem
como a Richmond Agitation-Sedation Scale (RASS).
ABERTURA OCULAR
Primeiramente, o profissional observa os comportamentos espontâneos do cliente em relação
aos olhos, movimentos e comunicação. Para cada um desses aspectos há uma pontuação que, quanto
maior, mais próximo à normalidade. Caso não ocorra abertura ocular espontânea, uma ordem verbal
deve ser realizada, se ainda assim o paciente não abrir os olhos, um estímulo físico deve ser realizado
por até 10 segundos. De acordo com a resposta, a abertura ocular é classificada, conforme a tabela a
seguir.
RESPOSTA VERBAL
Pode ser verificada perguntando o nome, o local e o mês atual para o cliente. Se for incapaz de
dar respostas em relação à orientação, considere-o confuso. Se o paciente falar palavras isoladas e
desconexas, classifique como palavras inapropriadas e assim por diante. E lembre-se: algumas
condições impedem o paciente de se comunicar, por exemplo, com a presença de tubo endotraqueal.
Neste caso, considere a resposta verbal como NT (não testado).
RESPOSTA MOTORA
Para avaliar a resposta motora, primeiro, peça para o paciente segurar e apertar sua mão e
colocar a língua para fora da boca. Caso o paciente não atenda ao comando verbal, um estímulo físico
pode ser realizado (pressão no trapézio) por até 10 segundos. Observe a resposta e avalie segundo a
escala na tabela a seguir.
ESCALA DE COMA DE GLASGOW PUPILAR (ECG-P)
Em 2018, a análise da reatividade pupilar foi adicionada como uma etapa da RCG, devendo o
valor ser subtraído da conta geral, com o objetivo de fornecer resultados importantes para o
prognóstico do paciente. A pontuação da ECG-P varia de 1 a 15. A pontuação da pupila resume as
informações sobre a perda da reatividade da pupila à e é calculada da seguinte forma:
A ECG é muito utilizada em departamentos que cuidam de pacientes com lesão encefálica
aguda por traumas e outras causas. A utilização da escala de forma estruturada facilita a padronização
entre os avaliadores e pode contribuir com o monitoramento clínico do paciente. O momento e a
frequência da avaliação fica a critério do enfermeiro, podendo realizá-la a cada 30 minutos a partir da
admissão na UTI. Caso haja estabilidade de Glasgow 15 no período de duas horas, o enfermeiro pode
aumentar os intervalos. Alterações importantes devem ser comunicadas à equipe multiprofissional.
Fatores como déficit cognitivo prévio do paciente e diferença idiomática são obstáculos para a
aplicação da ECG.
Os sedativos em UTI são utilizados para aliviar a ansiedade, reduzir o estresse durante a
ventilação mecânica e prevenir danos relacionados à agitação. Considerando que esses medicamentos
podem aumentar a morbidade e o risco de eventos adversos, os profissionais de saúde precisam estar
atentos em relação à indicação específica de cada sedativo, bem como avaliar frequentemente o nível
de sedação utilizando escalas validadas e confiáveis. As diretrizes clínicas para tratamento de sedação
e agitação de pacientes adultos em UTI recomendam o uso de escalas e protocolos que visem
minimizar o uso de sedativos, pois inúmeros estudos mostraram que essa prática melhora os
resultados dos pacientes, resultando em menor duração da ventilação mecânica, menor tempo de
internação em UTI e menores incidências de delirium e disfunção cognitiva a longo prazo.
3 Delirium
SCORE CLASSIFICAÇÃO
0 Normal
4a8 Delirium
PREVENÇÃO DO DELIRIUM
● Reorientação contínua de paciente;
● Atividades cognitivamente estimulantes;
● Higiene do sono;
● Remoção oportuna de cateteres e restrições físicas;
● Proteção auditiva e visual;
● Gerenciamento de dor;
● Minimização de ruídos e estímulos desnecessários;
● Conhecer os medicamentos de uso contínuo do paciente para evitar interrupções
desnecessárias;
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