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| | | 2 | hc teow cm Gems Baa Este livro & composto de nove capituls, ineluindo esta Introdusao. 0 Capitulo 2 aborda os modelos antecessore, do modelo estaal até a refr- rma dos anos 1990, concluindo com a descrigo da crise de racionamento de 2001 0 diagndstico dessa crise, que respaldou grande parte das medidas adotadas no Novo Modelo. © capitulo 3 descreve a génese do Novo Modelo, da concepcio & regula- mentagio, passando peas etapas de discussio no émbito governamental ¢ legis- Iativo, concluindo com os deereios que regulamentaram o Novo Modo, 0 Capitulo 4 desereve @ nova esirutura institucional eos agentes que atuam no setr elétrico, estacando aqueles que foram afetados, de alguma forma, pelo Novo Modelo. Conceituam-se eespecificam-se os papéis,atibuigdese limitagoes dos agentes insttucionais e econdmicos. No Capitulo 5 abordamse a bases fisicas do setor, os aspectos metodolégi- os do planejamento da opera do sistema, bem como as fungbes e interfaces dos agentes institucionas responsivels pelo planejamento da expansio, pela coperagao do sistema e pela gestio dos contratos de compra e vena de energia. No Capitulo 6 descrevem-se ¢analisam-se 0s fundamentos, métodos © me~ ‘anfsmos de comercializagao de energia no Novo Modelo, com enfase nas vétias rmodalidades de contratago de energia para o mercado regulado, ‘No Capitulo 7 apresentar-se os aspectos de implantagdo eos resultados do Novo Modelo, com destaque para os Ieiées de compra de energia no Ambiente de Contratayio Regulada e de energia de reserva. © Capitulo 8 apresenta as ages de vibilizagio dos eventos de contratagio de energia nova, no Novo Modelo, descrevendo a atuagdo do Estado para eini~ nar barerastéenieas e econémicas que impediam a contatagio de energa,es- pecialmente @ de fontes renovaveis. Finalizando, © Captulo'9 apresenta algunas conclusbes eas consideragdes fina. 0 Anexo detalha os eventos de contratagio no Ambiente de Contratagéo Regulads. A génese do Novo Modelo do Setor Sletric ‘uma perspectivahistéric, da década de 1930 até a crise eneigética de 2001, des- tacando: 1. 0 dominio estatal do setorelétrico no period de 1930 a 1990; 2. A abertura do setor elétrico & iniciativa privada, em meados da década de 1990, face & crise financeira setorial e a0 contexto politico-econdimi- © eo mundial; 3. A necessidade de reforma do setor, asim como a transigdo entre o mo- delo estatal € 0 que 0 sucedeu nos anos 1990; 4, As deficiéncias da reforma dos anos 1990, que resultaram na crise de abastecimento do ano de 2001, Com esses antecedentes, almeja-se cer minimamente contextualizadas e explica- das as razbes das modificagdes mais substanciais ocortidas no setor elétrico bra- sileio, a partir do inicio de 2003, que deram origem ao assim denomiinado Novo Modelo do Setor Elétrico (NMSE}. 2.1 Modelo Estatal Do inicio do séeulo XX até meados da década de 1940, a indistria elétrica no Brasil era explorada, majoritariamente, por empresas privadas estrangeiras, com destague para as empresas Light, de origem canadense, e a Amforp, de origem norte-americana, Novo Mono o Seo Ftraco Brass Essa fase inicial da indistria de energia elétrica brasileira se caracteriza, institucionalmente, pela auséncia de uma legislagto especifica." De fato, no periodo que antecedeu a Constituigdo de 1934 e a publicagao do igo de Aguas, a regulagdo dos servicos era feta, em grande medida, por meio de contratos celebrados entre os municipios ¢ os empreendedores. Ess contratos tinham par base a ocupagio de bens piiblicos e, por vezes, do potencial hidréull- co. Nesse petiodo, a participasao politico-insitucional da Unio era timid, ape- nas cuidando de outorgar potenciais hidréulicos de rios federais* Com a publicacto do Cédigo de Aguas ¢ da Constitugio de 1934, a Unio passou a centralizar a outorga de todas as fases da indistria de energia cltrica: {eragao, transmissio e dstribuigio, Para isso, vrios atos normativos foram edi- tados, consolidando o “dominio regulatrio" da Unio nesse segiento da ativi- dade econdmica. Dai em diante, o Estado faqui includos, além da Unido, os es- tados-membros e 05 municipios) passou a ser, além de regulador, um Estado empreendedor. Em face das eircunstancias do pensamento da época, foram adotadas al- ‘gumas medidas para a planificagio da economia brasileira. Fato relevante, no setorelétrco, fo a criagdo da Compania Hidro Flétrica do Sto Francisco (hes!) fem 1945, que sinalizou para uma “nova ordem”: a dissociagio entre geragio e Aistribuigéo, A Unido assumiu a construgio de grandes usinas e do sistema de transmissio. Os estados membros, com algumas excesbes,fcaram responsivels pela distribuiglo, Esse acordo ticito também teve suas excegoes, em relagio & construgio de grandes usinas por empresas estaduais,tais como Cemig, Cesp, Copel, CEEE, entre outas. Em 1952, foi findado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econdmico € Social {BNDES), posteriormente designado administrador do Fundo Federal de Eletrificagfo (FFE) e do Imposto Unico de Energia Elétrica (IUEE), ambos criados pela Lei n° 2,308/1954. Essas medidas, que constituem um marco ma bistéria do sefor, foram fundamentals para financiar a expansio da oferta na década de 1950 "PINTO Jr, HO. ora. Economia da ener: fundamentos ecandmicos, evolu histrica¢or- ‘gonizaséo industrol Rede Janeiro: Campus 2007p. 201. * KAERCHER LOUREIRO, L GA indistri elévicae o Céigo de Aguas Porto Alegre: Fabs, 2007, press * ko art. 28 do Decreto-Lsin 952, de 1988 (uniiar20 de frequénc), Decrto-ei ne 838, de 1838 (autaricagio para constitugio de pessoa juris, Deceto-e a 1.285, de 1999 (etiagfo 0 Corset Nacional de Aguas e Energia —CNAE) Deceto-Ln 3.28, de 1941 (poli taii- tia de servigo peo custo para gerayio hil), Decreto-Lel ne 4259, de 1942 «seu requla- ‘mento, 0 Decreton* 10.56, de 1942 (dlegaéo para CNAEE interi no stor pata utongo mas raionaleeconbica da enegi era ; } i iE i ' 10s EEO A criagdo da Eletrobras, em 1962, ¢ do empréstimo compulsério, em 1964, consolidou o dominio do Estado na expansdo da oferta no setr elétrico, A letrobras centralizou o planejamento, o financiamento e a expansio da oferta, Esse model foi muito bem-sucedido, aumentando a oferta de enengiaelétrica a taxas de quase 9% so ano no perioda 1955-1960 e acta de 8% ao ano no periodo 1960-1965." No Ambito da politica tarifirs, o regime de servigo pelo custo assum no ‘vos contomos no inicio da década de 1970. Foi garantida a remuneragto de 10% 2 1296 instituida a equallzagio tcrffria para as concessiondtias de servigo pri- blico de energia elétrica. A equalizagdo das tarifas consistia no ajuste da remu- neragao das concessionzrias, por meio da transferéncia de recursos excedentes de ‘empresas superavitirias para deficitérias No modelo estatal, portanto, os recursos do Imposto Unico, do empréstimo compulsério e da receita garantida consttuiram uma sélida base financeira para 2 expansio do sistema elétrico. Esse modelo funcionou bem até o fim da década de 1970, quando a Unido passou a usar as tarfas das empresas do setor elétrieo como instrumento de politica monetéria, a fim de conter a inflaclo.? Na década de 1980, eclodiu a grande crise do setor eltrico, motivada pela extingo do Imposto Unico € pelo uso das tarifas como instrumento de politica ‘monetaria para controlar a inflasde, que interromperam o floxo de financiamen- todo setor, e agravada pelasineficiéncias oriundas da remuneragdo garantida das concessionarias, 0 Estado, assolado pela crise econdmica ¢ fiscal da década, tor- nou-se incapaz de financiar a expansto do sistema, Na mesma época, tinha inicio, em diversos paises, um movimento de revisio do papel do Estado. Segundo a nova concepcao, ¢ especificamente no caso das inchistrias de rede, o Estado passaria ater a fungdo inicae exclusiva de regulador a atividade econdmica, incentivando a iniciativa privada a assumir a atividade ‘empresarial nessas indistsia , até entdo sob a responsabilidade do Estado, No Brasil, em cousondncia com esse pensamento, tendo como pane de fun- do a nova concepgao do papel do Estado e, como catalisadoras, as crises da dé cada de 1980, teve inicio uma ampia reforma do setorelétrico, adiante abordada 2.2 Reforma dos Anos 1990 (0 modelo de monopétio estatal prevaleceu até o comego da década de 1990 e fot responsivel pela expansto e a consolidagdo da indistra elétrica brasileira. No entanto, como jé mencionado, grazas as diversas mudangas ocorridas nos anos “LEE, A.D. A eneria do Bras 2. ree aus io de nero; Eker 2007, p 124 © Lehn S655 de 1971, Decreto-ei 133, de 1574 6 sw Meo Sot umes st anteriores ¢ & crise financeira, nao sé do setor elétrico, mas tarobém da Unido © dos estados-membros, esse modelo mostrou-se insustentavel e ineficiente frente ‘As novas demandas econdmicas ¢ sociais No debate econdrnico € politico, no final da década de 1980, matizado por tendéncias liberais, o papel do Estado era extremamente questionado. Tal discusséo passou taribém para o Ambito dos servigos piblicos e de sua prestagio. Desejava-se ‘a menor intervengio possivel do Estado na atividade econémica, inclusive naquela ligada & prestaglo de servigos pilicos. No caso do setor elétrco, a experiéncia de diversos paises sugeria a necessidade de se introduair um regime de mercado com- petitivo, como forma de aumentar a eficiéncia das empresas de energiaelétrica, No Brasil, em sintonia com © pensamento dominant, entendeu-se como necessirio impor limites & atwagao das estatais, por meio de privatizagbes, a fim de Ihes reduzir 0 poder cle mercado ¢, assim, viabilizar 0 regime competitivo no setorelétrico, 0 processo de reestruturaglo do setor elétrico brasileiro Foi, portanto, orien {ado para o aumento da participagio privada, com trés objetivo: 1. Equacionar 0 déficit fiscal, por meio da venda de ativos; 2, Restaurar fluxo de investimentos para um programa de investimentos; 3, Aumentar a eficiéncia das empresas de energia* Embora a maior parte das empresas de energia elétrica estivesse sob controle fe deral, a Unido concedeu incentives para que os Estados privatizassem suas em presas de energia, distibuidoras em sua maioria. Como 0s Estados estavam des~ capitalizados, insttuiu-se 0 Programa de Estimulo as Privatizagdes Estaduais (PEPE), um programa especifico para recompor as finangas estaduais. Com viés privatizants, previu-se mator valorizagio dos ativos estatais com a concessio de novos prazos de outorga, Para aumentar as receltas de privatiza- flo, o preco nfo seria baseado no valor contébil dos ativos, muitos dos quais ja amortizados, mas sim pelo que representariam em termos de recitas ao longo do novo prazo de concessio, que podria atingir 35 anos. Outro importante objetivo da reforma entfo executada foi a desverticaliza- Ho das empresas que atuavam nas areas de geragao, transmissao e distribuigao, coma introdusio de competigao nas atividades de geragio e de comercializacio, ‘ambas mediante livre contratago, mantendo-se a regulagdo de tarifas na trans- missio ¢ distribuigio, consideradas monopélios naturais. "PINTO Jr H.. (og) conomio do ener: fundamentosecondmicos, evolu histvew e or- ‘genizagé industri Rode Jeni: Campus, 207, p. 220. | i | : ; i ] i i i Moons Amecesones | 7 2.2.1 Preparagao da Reforma No inicio dos anos 1990, incentivado pela onda privatizante, em diversos pases, ‘cimpetido pela necessidade de aumentar a arrecadagao, o governo deu partida no proceso de privatizagao das empresas de energia elétrica, antes mesmo de estar definido © novo marco regulatori setorial, Em 1990, a primeira medida fot instituir 0 Plano Nacional de Desestatizagiio (PND), fundamentado na concepeao de Estado ento vigente. O PND preparou a base para a privaticagao das empresas de energia elétrica, catalisada pela crise financelra que assolava o stor” A partir dé entao, a Lei Elseu Rezende. de 1993, toca em pontos importan- tes para o saneamento financeiro do setor elétrico, sem, contudo, modificar 0 modelo de organizagio vigent 1. Extingue a equalizacdo tarfria e institu o servigo pelo custo da propria 2. Encerra a deficitéria Conta de Resultados a Compensar (CRO), com recur- 808 do Tesouro; 3. Toma obrigatérios os contratos de suprimento entre geradores e disti- bbuidores. No inicio de 1995, foi editada a Lei Geral de Concesses, que defini algumas regrasgeras para aprestagio dos servos pblicos, tas como os direitos e obri- gages dos concessiondrios e uswiros, a instituigdo do servigo pelo prego (em sulsituigo ao servigo pelo custo) para concessbese permissbes de servo publi co, com reajustes ¢ revisdes tarts, a fim de preservar 0 equilibrio econémi- co-finaneiro das concesstes. "Na data mesma da edigdo da ei Geral de Concesstes, foi eitada a Media Provisbia 890 de 1995, depois convertida na Lei n° 8.074, do mesmio ano. Essa Meda Proviséra tratou, princpalmente, de criarregras especiicas par a pror- rogagio de concessdes de energia elétrica. Ji a lei convertia trouxe algumas rodificagées significative, sinlizando claramente que se desenhava sina nost- truturaggo mais profunda do seter. Entre as modificagies mais importantes? destaca-se a criaglo de duas novas figuras no seorelétrco: Lain c31fi980, * Line n63ifi983, * De inci, oP apesar de comersatizariverent 2 ener, esta suet a conto de reas lo Poder Concent. BI nowt St mc Bes 1. ProdutorIndependente de Energia (PIE), que comercaliza a energiaclé- ‘tiea por sua contac rsco, ou sj, sem garania de equlrio econdmico- Financeiro; 2, Consurmidor livre, que pode eelebrar contratos de compra e venda de cenergia com 0 PIF. ‘Ainda em 1995, em mcio a essas modificagdes no setorelétrico, 0 yoverno propos uma ampla reforma do Estado, 0 documento emblemtitico dessa reformlagao foi Intitulada Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). 0 PDRAE trazia 0s seguintes objetivas finais para os setores que envolviam a produgao de bens e servigos para 0 mercada: a continuidade da privatizagio através do Con- selho de Desestatizagio, a reorganizagao € o fortalecimento de regulagdo dos monopélios naturais que fossem privatizados a implantagéo de contratos de {gestio nas empresas que ndo pudessem ser privatizadas. No fim de 1996, dando execusdo as ditetizes do PDRAE e continuidade iss rmodificagées do setor elétrico, foi editada a Let n® 9.427, que insttuiu a Agencia Nacional de Energia Elétrca (ANEEL), autarquia sob regime especial, vinculada ‘0 Ministerio de Minas e Energia, com a finalidade de regular efiscalizar a pro~ dugio, transmiss2o, distribuicgo e comercializagto de energia elétrica, em con- formidade com as politicase diretrizes do governo federal. Paralelamente a essas medidas, dew-se inicio ao processo de privatizagio no setor elétrico, com o incentive do governo federal & privatizagao das distribuidoras ‘estaduais, Esse incentivo ocorreu por melo do referido Programa de Estimulo as Privatizagies Estaduais (PEPE). Pelo PEPE, o BNDES antecipava recursos financei- tos aos Estados por conta das receitas que seriam obtidas nos leildes, ap6s aprova~ ‘Glo do plano de privatizagio pelas respectivas Assembleias Legislativas estas." No bojo desse Programa, foram privatizadas diversas distibuidoras, tis como Escelsa, Light, Cer, RGE, AES Sul, CPFL, Enersul, Cemat, Metropolitana, Flektro, Bandeirante, Coelba, Enengipe, Coser, Coelee, Celpa e Celpe. ‘Assim, preparou-se o terreno para a grande reforma do setorelétrico, que viria em seguida 222 Concepgdo e Implementagao No inicio de 1996, antes mesmo de insituir a ANEEL, o governo detemminou que a Eletrobras contratasse o consércio Coopers & Lybrand (C&L) a fim de desenhar * PRES, J.C Dsafis da estrutuagio do setoretrico bras. Testo para Discusion 76, ioe Janeiro: BNDES, 2000, Moocas Anreesses | 9 uum novo modelo para 0 setoreltrco, a partir de experitncias intemacionais © reformas do inicio da década de 1990." Essa modetagem era considerada crucial para executar a privatizagio dos ativos de geragio e estimular 0 investimento privado em projetos de geragfo. A regulagio a ser estabelecida tinha como premissa a competigéo onde possivel {geragio e comercalizagao) ea reguiaglo onde nfo Fosse possivel(transmissio € distribuigio). Dessa forma, o ponto fuleral da reforma seria & livre comercializa~ gio de energiaelétrica no mbito do Sistema Interligado Nacional (SI jé que se considerava possivel a competigio entre agentes no segmento de geragao © comercializagéo, ao contritio do que ocorria na transmissao e dstibuigao, con- sideradas monopélios naturas, Como resultado do projeto RE-SEB, desenhou-se um novo arranjo institu- cionale regulatério, apresentado no relatsro final do projeto, em 1997, com as seguintes recomendagées principais: + Livre comereializagio da energia elétrica no Sistema Interligado Na~ cional; * Estabelecimento de “contrat iniciais” para a transigao de modelos; + Criagio de um Mercado Atavadista de Enengia (MAE), para operacionali- zara compra ¢ venda de energialivremente negociada; + Desmembramento de ativos de geragdo © transmissio (desvericalizagao), desvinculando a contratagio da transmisso da compra e venda de energia; ‘+ Criagdo de um Operador Independente do Sistema (01S) ‘© Organizacdo das atividades financeiras ¢ de planejamento. re comerc A recomendagio de lzaglo de energia enfrentou iniimeros desa- fos, 0 primeiro, inclusive, elacionado & continuidade ou & extingdo do sistema de despacho central, insttuido para explorar de forma étima os recursos energé- ticos. Enquanto a consultoria, inspirada no modelo inglés, recomendava o fim do despacho centralizado das usinas geradoras, os téenicos da Eletrobras, em sua maforia, se opunam, ao argumento de que a descentralizacao reduzira a capa- cidade de produgio hidrelétrica, aurmentaria os custos de produsio e s riscos de deficit. Outra preocupagto era que uma-operagéo descentralizada poderia preju- dicar © despacho coordenado de centenas de plantas hidroelétricas em cascata com diferentes proprietirios, cujas decisBes de despacho deveria ter em conta ™ se consrco hava partipado do deseo do novo modelo setral da Inglaterra, fortemente desregulamentado, 100 | how nes on Se Fan Bas. tmiltiplos usos da égua ¢ restrigdes tais como irrigagao e controle de enchentes concomitantemente a maximizagio da produgio de cletricidade. Felizmente, pre- valeceu a posigdo dos téenicos.* Outra questio crucial era 0 tratamento a ser dispensado, em um futuro mercado competitivo, & energia de usinas ji amortizadas, em comparagdo com 1 energia de novos projetos. Em outras palavras, haveria de ser solucionado 0 problema de competigéo entre empresas de geragdo com estruturas de custos diferentes, A recomendacao dada foi a previsfo de um modelo de transigo, traduzido na contratag2o compulséria, por meio dos elamados “contratos incials": as em presas mais eficientes assinariam contratos com pregos mals baixos do que as rmenos eficientes (com altos custos iliquidos). Como todos os compratores esta riam obrigados a assinar contratos “baratos e caros", 0 custo médio resultante seria similar ao custo médio praticado antes desses contratos. Assim, os fornece- ores *baratos” no teriam de racionar a demanda por prego, nem os "caros” se- iam forgados a assumir eventuais sobras de contrato. A C&L sugerin que tals contratos vigorassem por 15 anos (20 no Norte e Nordeste). Apés seis anos (11 para Norte ¢ Nordeste), haveria uma redugio gradual de taiscontratos,liberando ‘energia para o mercado livre, por meio de contratos bilateais, ou para o mercado Avista, [Na visio da C&L, isso daria tempo aos produtores “caros” para reduzir seu ‘custo, concluir ou dar baixa contabil em projetos inacabados. De acordo com Feldman: “O modelo no propoe uma jnica enorme explosdo, mas uma série de detonagdes controladas através das quais ird introduzir progressivamente un mercado de enengia elétrica competitive’ ‘A energia adquirida através dos contratos iniciais inclufa @ energia de Itai- ‘pu, das nucleares e das termeléricas existentes, que receblam subsidios da CCC. Para que Copel e Cemig, empresas verticalmente integradas, no auferissem van- tagens de custo, limitou-se em 50% o chamado self-dealing (autossuprimento). 0 remanescente das respectivas geragdes préprias deveria ser vendido no mercado, Por meio de contratos blaterais, ou no MAE." Naquele momento ol considera que a ide, atulmente adotada em alguns psses, podera condutir a ineFieiznca no sistema hidroeetric baie, FELDMAN, A. Brat Deregulation and the future of projet France The Joural of Projet Franc, lstitutional eestor In, Spring 1998, p. 45. {sa forma de trasiio causou um problema de explosio tara, que ocrreria no fin dos contraos iis Como sever ns péximoseaptulos, para evita ss so, o Novo Modelo dot os eles separadosdeenegia existent e nova. | i | Mooios Axmecesones A recomendacao seguinte, criagdo do MAE, em decorréncia da livre comer- cializagio, nos moldes propostos pela C&L, substitultia 0 antigo sistema de co- mando regutatdrio na fixacio de tarifas e termos dos contratos existentes. O MAE seria o foro adequado para fixar un prego de referéncia para a energia vendida por meio de contratos bilaterais entre geradoras e distribuldoras ou entre PIES ¢ consumidores livres. O MAE também estabeleceria o prego a vista da energia, ‘com base no custo marginal de curto prazo de geragio. Os custos de transmisséo seriam pagos em separado dos custos de geracdo. ‘A maior parte da energia continuaria a ser negociadn através de contratos bilaterais, a fim de reduzie a volatilidade do prego de mercado, iso, contudo, inibia a competigao, dada a possibildae de sel-dealing. Adceas,seiam neces- sitios contratos de longo prazo entre PIES ¢ distribuidoras ou consumidores livres para viablizar novos projetos de gerasao. Estimava-se que o mercado & vista atingitia 10% a 15% do MAE.” ‘A entrega fsica especificada aos contrat bilaterais seria garantida pelo Operador Independente do Sistema (IS), uma nova entidade, com papel similar 20 do Grupo de Coordenagio para Operacdo Interigada (GCO1) no modelo cen- tralzado, no que seria a prixima recomendagdo do consércio. ‘A CEL. recomendou gue o OLS fosseestruturado como érgo independent, sem fins lucrativos, atuando com aeutralidade sob a supervisio da ANEEL. A ggovernanga do OIS englobaria cinco classes: geradoras, transmissoras, dstibui- doras,consurmdores livres eset plc. 0 OS foi concebido para pernitr a descentralizagio da propriedade dos ativos de gerasao, sem perda dos beneficios do despacho centralizado.* 0 OI teria conttole sobre todos os fuxos de energi, tanto as negociados no mercado bilateral como no mercado A vista deforma a otimizar a produto hidrotérmica, Se houvesse necessidae de racionarenergia,o OIS alocaria, de forma unilateral, a energia disponivel entre os participantes do mercado, substituindo os termos dos contrat bilterais obrigando as empresas a compartilharem 0 deficit, de forma proporcional aos montantes contratados. Em relagio & contratagio seximentada entre eneria eléticae uso da rede, outra recomendacio, sugert-se tanibém que o OLS fosse responsével pela adn nistragéo da Rede Bésica, que inclisia as inkas de transmisso em tenséo de 230 KV ou superior, PARES, CL; PICININ, MS. Mecarismos de regula taritriadosetor erica: experi Internacional eo ato bras, io dene: BNDES (1D 6), 1998p. 4, "A proposta erga da CAL no contemylaa oO, que o despacho sre dodo por oferta de ros. i 12.| ne Wao Sf Basu Para remunerar 0s servigos das transmissoras, os encargos de transmissio seriam unificados sob a gesto do OIS. Seriam celebrados contratos de uso de servigos de transmissio entre os agentes usuarios (geradores, distribuidoras e cconsumidores livres) ¢ as transiissoras, coma interveniéncia do OIS. As trans- rissoras continuariam responsiveis pela manutengio de seus ativos e poderiam investir na expansio do sistema, com os devidos pagamentos adicionais, por solieitagio do OIS. Alternativamente, 0 OIS poderia solicitar & ANEEL que realizasse Iieitagdes para novas concessbes de transmissdo. Com base nesse acordo, a tatifa de trans~ miss refletria 0 custo adicional da lilizagdo da rede em diferentes locais, com base na metodologia do custo marginal de longo prazo, de maneira a garantir a viabilidade de novos investimentos, A quinta recomendagdo atingia o planejamento da expansio, Sugeriu-se aque esse planejamento, entao coordenada pelo GCPS, permanecesse centralizado, porém sob a forma de “planejamento indicativo". 0 érgio responsével pelo pla rnejamento seria uma nova entidade, o Instituto para o Desenvolvimento do Setor Elétrico (IDESE), com estrutura similar & do OIS. 0 planejamento indicativo teria ‘um horizonte de 25 anos e envolveria estudo dos recursos hidrelétricos, de seus impactos ambientais equestées relacionadas. 0 objetivo do IDESE seria encontrar ‘05 melhores projetos para viabilizar os investimentos privados. Para o papel ile Agente Financeiro Setorial (AFS), a C&L props manter a Eletrobras, contando com os retomas de seus empréstimos a empresas elétricas, inclusive Itaipu, empréstimos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros. 0 AFS contribuiria com empréstimos subordina- os, assumindo riscos amblentais e regulatsrios (0 ailtimo passo na conclusdo da estrutura para privatizar os ativos de geragio foi dado pela Lei n° 9.648, de 27/05/1998. 0 ponto central dessa lei no que se re- {ere reforma setorial, € 0 art. 10, que estabelece o regime de livre negociago na ‘compra e venda de energia entre concessionirios, permissionarios e autorizados. AC&L desenhou também o processo de transigdo, até a almejada livre ne- {ociagio, como segue. Para tanto, todas as empresas de energia elétrica foram obrigadas a assinar novos contratos, 0s assim designados “contratos iniciais", vilidos para o periodo de 1998 2 2005, com montantes definidos pelo GCOI para ‘ano de 1998 ¢ pelo GCPS para os anos de 1999 a 2002. Em cada ano do perio ddo de 2003 a 2005, os montantes de energia dos contratosinicias seriam reduzt- dos em 25% do montante vontratado em 2002. Dessa forma, os “contratos ini- ciais* vigorariam por um periodo de sete anos, bastant originalmente recomendados peta C&L. Vows tna | 13 Esperava-se que, a0 término dos contratos inicais, @reforma estaria com- pletamente implantada, e toda energia seria livremente comercializaa, Essa ex- pectativa nao levava em conta a pessibilidade de uma explosio tarifiria no ven- cimento desses contratos. Outra das recomendagées da C&L foi criar um ambiente para viabilizar os contratoslivremente negociados. Nesse sentido, a lei criou o Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAB), insttuico mediante Acondo de Mercado, que também ira prever as regras para determinar os pregos no pactuados via contmatos bila- terms.” Vale dizer que 0 MAE, tal como criado ¢ implementa, nao se caracte- rirava como um mercado regulado, mas sim como um mercado livre, eujasregras de participagdo’eram previstas pelos proprios agentes no Acordo de Mercado, contrato multilateral a ser homologado pela ANEEL. Posteriormente, com a mu- danga de regime do MAE, que passou a ter personalidade juidica propria, suce- endo a ASMAB, 0 Acordo de Mercado deixou de ser um instrumento contratual voluntario e passow a ser uma norma regulatéria da ANEEL." Em relagdo a operagdo do sistema, a lei criou o Operador Nacional do Siste- 1ma Eletrico (ONS), pesoa jurica de direto privado que executaria as atividades de coordenagio ¢ controle da operagio da geragio ¢ da transmissao de encrgia clética no ambito do Sistema Interigado Nacional (SIN). Entre as suas competén- cias especificas, estavam 0 planejamento © a programagio da operacio do sistema 0 despacho centraizado, com o objetivo de otimizar 0 uso dos recursos hidricos. Em resumo, prevaleceu a proposta dos téccos da Eletrobras, preservandoo des- pacho 6timo centralizado, em dissonéncia com a proposta original da C&L. Para separar as atvidades de geragio e transmissdo, a lei tratou de determi nar que o ato de compra ¢ venda de energia elétrica fosse contratado separada- mente do acesso e uso das sistemas de transmissdo e distribuigdo, cabendo & ANEEL estabelecer as tarifs eas condigbes de comratagt. Em meio a tudo iss0, a lei autorizou a reestruturagio da Eletrobras e suas subsidirias, com objetivo de privatizé-as. A reestruturagdo da Eletrobras co- ‘megou com a cisio da Eletrosul, dando orem & Gerasul, titular de diversas ust~ nas de geragio (depois comprada pela Tractebel, a Eletrosul, que manteve 0 nome ¢ deteve os ativos de transmissio da antiga Eletrosl em agosto de 1996, os pariipantes d> MAE (geadores,dstribuidorese consumiore res) raifiaram oacordo que regulamentavao MAE eassnaram os cantatas nics, dando partda 20 mercado competiv de enegia elie. Lei 10432002, que modifcou 2 ei mt 9.646[1996, abordou a sucesso entre 0 MAE € 3 ASAE eestabeeceu també entre outros asuntes que Convengio de Mercado disipinasse 3 tegras de comercalaaglo, em sbstituigdo ao Aeorda de Mercado. 14 | now veo Sece Eno Bsus Iniciou-se, assis, a implantagdo do Projeto RE-SEB. Porém, antes mesmo de concluido 0 processo de transiglo, marcado pelo término dos contratos iniciais, 6 setorelétrico passou por grave crise de racionamento, como se vera a seguir 2.2.3 Crise de Racionamento de 2001 e Instabilidade Regulatéria ‘A Figura 2.1 mostra a defasagem ocorrda, nos anos 1990, entre a evolugio da capacidade instalada e o crescimento da dentanda de energiaelétrica no Sistema Interigado Nacional. Em abril de 2001, o nivel dos reservatérios se encontrava em tomo de 32% da capacidade de armazenamento, ¢ 0 risco de deficit superava 158%, dex pontos percentuais acima do nivel de riseo de deficit aceitve (5%) Capacidade e Consumo no SIN (%) 20 1 z m0 160 a 2 g 1991 g 198 a 100 1196 1099 2002 ca 0 08 ar — Capaciots — consna Fgura 21 Evcluo da Copacitae edo Consumo no SW 19602007. Evidenciava-se, assim, a necessidade de se adotarem medidas urgentes para evitara crise de abastecimento. Para agravar a situagdo, 2 inadimpléncia no MAE era crescente: na apresentagio da liquidagdo, os agentes simplesmente ndo adim- pliam, Outra importante falha observada & que as garantias fisicas estavam superestimadas,” o que assegurava a cobertura contratual para as distibuidoras, Supostamente para melnorar as eclas de prvalagto. Moats Astressoees sem a contrapartida de uma nova contratacdo de energi, Isto impedia a entrada de nova capacidade de geracao de forma a cobrir 0 hiato entre a oferta € a de- manda firme de energia ‘Tudo isso levou, poucos meses depois, 4 criagdo da Cimara de Gestio da Crise de Energia Elétrca (GCE), por meio da Medida Proviséria n° 2.147, de 15/05/2001. Em 01 de junho de 20¢1, 0 governo foi obrigado a decretar 0 racio- rnamento de energiaelétrica nas reyides Sudeste € Centro-Oeste, Norte e Norteste do Brasil. Além de gerir o racionamento, a GCE conduziu, de fato, as politicas € 9s programas setoriais,tais como: ‘+ Programa estrutural de aumento da oferta de enesgla; + Programa emengencial de aumento da oferta de energia; ‘© Programa de conservagio ¢ uso eficiente de energia; * Revitalizasio do modelo do setor elétrico; '* Medidas para atenuar os efeitos econdmicos ¢ sociais do racionamento, Entre as estratégias cogitadas para mitigar os efeitos da crise de energia, destacavam-se: * Interconexdo com Argentina e Paragual; © Reduso de consumo nas rgies Sudeste e Nordeste; + Penalidades por ultrapassagem de metas de consumo; © Cortes programados em dias da semana; * Incentivos & autogeragio e cogerasio. Como medidas de racionamento, 0 governo estabeleceu, além das cotas de con sumo, o aumento taifirio, os bonus ¢ os cortes programados. ‘As cotas de consumo foram fixadas com base na média de consumo dos meses de maio a julho de 2000. Os consumidores do grupo A (alta tensa) tiveram. cotas fixadas entre 75% e 854%, enquanto os demals consumidores industiais Liveram cota tinica de 90%, 0 consimador residencial de balxa renda (abalxo de 100 KWh/més) ficou isento de cotas. Para os demais consumidores, a cota foi definida pelo GCE, com meta de redugéo limitada a 35% do consumo de referén- cia, Consumidores industriais e comerciais com consumo inferior & respectiva cota poderiam vender seus excedentes no MAE ou acumuli-los para uso futuro. Se ultrapassassem suas metas, deveciam adquirir energia no MAE ou utilizar seus cexcedentes acumulados. 15 Now Mooto o Son Eigen Basten 0 aumento tarifirio atingiu consumidoresresidencais, industria € comer- ciais 0 consumo resdencial na faixa de 200 & 500 kWh teria sobretaxa de 50% sobre excelente na faixa de 201 a 500 kWh, € dle 2008 sobre exceentes pa tir de 501 kWh, Consumidores comercisis ¢ industriais com consumo acima da cota paga- riam sobretaxas calculadas com base nos precos do MAE, 0 programa de bonus foi divigido a consumidores residencials com consumo abaixo da meta, que receberiam RS 1,00 para cada RS 1,00 economizado. Consu- ‘midores residenciais de baixa renda receberiam R$ 2,00 para cada RS 1,00 eco- nomizado, O corte de energia estabelecido para o setorresidencial seria de tres dia, 20 superar a cota pela primeira vez. Na segunda vez, o corte seria por seis dias. Os demas consumidores estariam sujetos a corte se superassem a meta, Por recomendagfio do ONS, o racionamento nas regides Sudeste-Centro Oes- ‘tee Nordeste foi encerrado em 28 de Fevereiro de 2002. 0 corte de 20% a 25% no consumo de energia clétrica produziu impacto negativo na economia, com queda real da produgio industrial.” ‘Apés 0 racionamento, a ANEEL estabeleceu regras para o repasse dos custos das distribuidoras, relacionados ao racionamento, para as tarifas." 22.4 Diagndstico da Crise de Racionamento Em 201, através de Decreto Presdenil de 2 de mato, crou-s a Comissio de Anilise do Sistema Hidrotérmico de Energia Elétrica, com 0 objetivo de avaliar a Dolitea de producto de energie dentine as causasestruturase eonjunturais do desequilrio entre dentanda e oferta de energla no prazo de 60 dias. Essa comissio, coordenada pelo enifo dielor-presdente da Agéncia Nacional de ‘Aguas (ANA), Profesor Jerson Kelman, eaboros um rear apresentndo 0 ingnéstico da cise Com constatady pela comissdo, x vuluerabilidade do sistema etriew pode ria ter sido prevista, pois o sistema estava em desequilibrio desde 1999. A hidro- logia adversa apenas precipitou a crise energética, o que era previsivel frente as im 2001, o cescimento do PB fol de 131% inferior ao erescimento de 436% de 2000.0 18 industrial de 2001 fo negativo, Por meio da Meda rovisxan 2.227001 eda PortariaInterminsterial re 236/200) ® Dispose em: htpvarnteimanconebrpieatoro_da_comssanpt.Acesso em 02 de t- tembro de 210 Mooaos Aur ircunstdncias da época. 0 fator prelominante para a ocorréncia da crise de su- primento seria 0 atraso da entrada em operagio de obras de geragio de trans- nissio ea auséncia de novos empreendimentes de eragio. Como verficado pela conissio, « demanda cresceu de acordo com as expectativas, mas no houve aumento da oferta, A comissio iertificu também o superdimensionarnento do rmontante de energa assegurada que respaldou os contrat iniciis, os quais substitiram os contratos entre geradores €distribuidores a partir de 1998. Esses contratos, com validade de 1999 a 2006, cobriam praticamente 100% dos requi- sitos das distbuidoras no periodo ée 1999 a 2001, ou sej, no havia incentives econdmicos para que as distibuidoras contratassem uma oferta adicional em volume sufciente para compensar 0 desequilibrio estrutural entre oferta © de- manda. A falta de expansio da oferta Fisica levou ao uso excessivo dos estoques de gua nas hidreltrcase ao racionamento 0 Relatéri Kelman analisou também a atuagdo dos gos institucional do setorelétrico frente crise. Apurou-se que o Ministéio de Mina e Energia, cente da necessdad urgente de geragio aicional, promove, a partir de 1999, una série dle medias para aliviar a situagdo energtica no pis. Destacam-se,nesseperodo, 0 Programa Estratgico Emergencal de Energia Erica e Lili de Capacidade. Entretanto, nenhuma dessasinicntvas sutu os efeitos esperados, como constatado pela comissio, que apontou como o “Tator principal para insucesso «as inicitivas governamentais para amenizar a crise, em particular o Programa Prioritrio de Termeletrcidade (PPD, a inficacia da gesto intagovernamental. Houve falhas de percepcio da rea! gravidade do problema ¢ de coordenagio, comunicagio e controle’ ‘A comissto verficou que o fxo de infomagées entre 0 ONS, o MME, a ANEEL e a Presidéncia da Replica mostrara-se inadequado, pos as insttuigies agiram de acordo com sua lgica interna, que ni evidenciava os riscose a di- mensio da crise. Nesse sentido, a etica feta pela comissi € de que nfo havia nenbum ér- so encarregado de verficar a ligica global do funcionamento do setor eletrico « coordenar a implementacéo da politica energética. 0 processo de tomada de ecisdes fora descentralizado, negigenciando a coordenacio interinsttucional> © MAE, 0 ONS © @ ANEEL, plares do modelo, é estavam constitudos operando, mas inexsta um efetvo planejamento e monitoramento da estrutura como um todo. Houve eerta demora no inicio de funcionamento do Conselho ® PINTO J, HO. org). Economia do enema: fundomentosecondicos,evolto htc €or goniaeo industrial lode Janeito: Campus 2007p 220. 7 18 | Wom Mess vo Seo Extwen Beste Nacional de Politica Energética (CNPE) e do Comité Coondenador de Planejamen- to da Expansdo dos Sistemas Elétricos (CCPE}, vistos pelo governo como érgios secundarios no arranjo institucional ora em implantagio.* ‘Além das dificuldades internas, uma medida externa ao setor, qual seja, a contabilizagio dos investimentos das empresas estatais como despesas do sjoverno,® impediu os investimentos dessas empresas na expansio da geragdo. A. restrigio de investimento do setor estatal fol apontada por diversos especialistas ‘camo uma das principais causas do racionamento, Em particular, destaco a m nifestagdo que como presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento Ennergé- tico, dante da Comissio Mista do Congresso Nacional sobre a Crise Energética “Tem que ier claro como respeito par asociedade que a erise que vivems hole € de falta de investimento de getagaoetransmissfo, nao um problema de falta de chuva. Mas como chegamos a siuagio que estamos vivendo? Por que os investimentos nfo foram realizados? Seri que o Estado nfo tinha condigGes de invest? E fundamental deixar claro, mals uma vee, que a5 estatais tam condgbes de investr € m8 0 = zeram porque a érea econémica no o permit, por uma questio conti Os inves- timentos das empresas esalais sho contabilizados como despesa do gover. uma (questio metodoligea. Assim, mesmo que umaestatal tena wn investimento renti~ vel, que como qualquer oura empresa depois que estiverfuncionando pagard o in~ vestimento, esse nfo ¢ autrizado porque & considerado uma despesa do govern, stima-se que as estatasfederaistentiam deirado de investr RS 17 bilhes™ De forma indireta, contribuiram para a crise, também, as dificuldades enfientadas pelo MAE, que no conseguta realizar a liquidagao financeira das transagdes. O ‘mercado, ainda sob 0 controle da ASMAE, nao foi diligente o bastante para de- ‘monstrar credibilidade, certezae exigibilidade na contabilizagdo,inviabilizando as transagoes nos mercados livre € de curto prazo. As incertezas quanto aos valores apurados e contabilizados eram tantas que os agentes provocavam regularmente 6 Judicirio para suspender as liquidagdes financeiras. Essas operacées somente foram realizadas a partir de 2003, quando o mercado passou a se normalizat. ‘A auséncia de um ambiente regulatério adequado, com regras estiveis, cla- 149 € contisas, ao propiciava seyuranya aos investidores privadus. A legislago 5 Idem, p22, ® ssa media folimpsta como condo pra a obtengio de fnanciamento junto 20 Fl * Comisto Mista Especial, crada através do Requerimento 73/200, Subsecretaria de Taxuigr- Fa, Servio de Comisbes. Notas da Comiso Especial efeente 87 Reunio Orin, de 21 de ju de 2001, da comisto: Ciise Energetic (mista) fram owvidos os Professors ui Pingel Ross (UFR Ido Las Sauer (USP, Mauricio Tolmasyuim (UFRD, Bautista Vida (pesqusador); ‘Adison de Olver (IETUFU). Brasilia, 22 de juno de 2001. | | voces sss | 19 cexistente, vaga ¢ conflitante, no definia com clareza as atribuigdes de cada agente, no alocava responsabllidades especificas na gestio do setor, nem con- templava, principalmente, os interesses dos consumidore. AA percepgio de que a crise fora agravada por medidas adotadas no bojo do rmodiclo em implantagio Fez com que o proprio governo interrompesse a reforma ‘em andamento. Em sintese, sem investimentos estatais nem privados, a crise era inevitivel 2.3 Conclusao Neste capitulo, apresentou-se um breve histérco dos moidlos que antecederam 0 Novo Modelo setorial, no periodo de 1980 a 2002, bem como uma anise dos fatores que levaram & primeira forma: mudanga de um regime monopolista para um modelo baseado em competi. ‘A formulagao do modelo que resultou da reforma dos anos 1990 foi descrita cm detalles, ressaltando-se os aspects baslares do modelo e suas lacunas de im- plementagio e de operacio, que conduziram a crise de suprimento de 2000-2001. Uma das principats causas dessa crise fo a falta de investimentos em gera- fo, causada por: 1. Superestimagio do lastro ¢os contratosiniciais; 2. Auséncia de coordenasdo institucional entre os drgtos storia 3. Falta de um modelo regulatrio juridicamente consistente e robusto, que cestimulasse o investimente privado; 4, Falta de planejamento estratural; 5. Restriclo ao investimento das Empresas Estatas ‘A crise de racionamento revelou una caracteritica singular da reforma dos anos 1990, em termos da experiéncia mandial de reestruturaglo na indstria de ener- sia: privatizacio de ativos (istribuigdo, prinipalmente)e a reforma do merca- do seguiram camintos paralelos, de forma quase independente A privatizagio, realizada por motives exteros ao Sctorelétrco, fez a rees- truturagio preceder a dsregulamentaclo, sem levar em conta que a escasez de oferta, agravada pela austneia de investimentos na expansio da geracio, invia- bilizou a competigfo nas atividades de geragio e de comercializagao, ou sea, abalou os préprios fundamentos de modelo que se implantava As ligdes da crise € 0 diagnstico de suas causas pavimentaram 0 caminho para a construgdo do Novo Modelo do Setor Elétric, iniiada em 2003, cujo térico, objetivos e fundamentos teéricos sd0 apresentados a seguit 3.1 Premissas e Fundamentos A-experitncia brasileira, na crise ée racionamento do ano de 2001, mostrow a necessidade de se modlficar a estratura institucional do setorelétrico brasileiro, 0 modelo anterior nao ofereceu & sociedade brasileira os tes objetivos de qual- quer servigo piblico, em particular a prestago dos servigos de encrgia elétrica: confiabilidade de suprimento, modicidade taritéria e universalidade. A‘auséncia de seguranga no abastecimento ficou evidenciada peta crise do tacionamento de 2001. Nao havia incentivos para a modicidade tarféria no re- passe do prego de livre compra de energia pelas distribuidoras para as tarifas dos consumidores finais, com base no Valor Normativo (VN), que se mostrou oneroso para o consumidor final, pots ndo captava os ganhos de eficiéncia.! Emibora enfatizado em sua concepedo € divulgasi9, o que se vit na prética € {que 0 modelo nio incentivou a competigao. O modelo traza, no inicio, limites ao ‘sel-deating, mas acabou por abrir excegdes a esses limites, desestimulando a com= petigdo. As yeradorase distribuidoras negociavam energia com base no VN, nfo na efetiva competigao, Alem disso, < propria crise de suprimento acarretou eleva os custos com a contratagao de energia emergencial, onerando o consumidor, 0. ere usaéo como referénca para a repasse da peg do nerds estibuidors. Tinka ‘ome fundamento oat 10,82 Lei? 9.68 de 1988:"- Sem prjizo do dspost no caput, A ANEEL devi estatelecer risque item eventuaisepsses do cust da compra deener= sin etic entre concesinstnseautrzados para as taritas de foreciment apices 0s {onsumidres nas no abrangies peo dsposto nas ars 1, inc M15. 16 Lei 9074 1995, com vistas a garartir sua nadie.” Novo Mota bo Sema Eten Biss ‘Ainda sob 2 dtica da seguranca energética, 0 modelo de livre compra da ‘enengia por parte das distrbuidoras deixava de lado um aspecto primordial: 0 planejamento setorial. As distribuidoras eram responsivels por contratar livie- mente os geradores, sem diretrizes ou politicas definidas pelo plancjamento de longo prazo. Havia algumas“politcas” de incentivo (indireto) & gerasao por par- te do Estado (v.g., ANEEL), via manejo do VN (eriagio de VN por fontes). No ‘entanto,tais politics ndo emanavam de qualquer coordenagdo central, nem de fetivo planejamento, Em outra seara, havia um problema social devido a falta de incentivos para ‘que as empresas de distrbuigao, quase todas privatizadas, universalizassem os, servigos de eletrcidade, Dito isso, pode-se afirmar que o Novo Modelo se diferencia dos anteriores ‘Dor visar, ao mesmo tempo, atrés dos principas alvos do servigo piblico de ele- tricidade, quais sejam: seguranga no abastecimento, modicidade tarifiria e uni- versalizagdo dos servigos de enengia eétrica. Para iss0, quatro grandes medidas foram tomadas:criagdo de dois ambientes de contratagdo e consequente mi ‘cagio do modo de contratagio de energia por parte das distribuidoras, retomada, no planejamento no setor, criagéo de programas efetivos de universalizagio ¢ reorganizagao institucional Abordam-se, a seguir, os aspectos historicos da génese ¢ da implementagdo {do Novo Modelo, desde a criagto dos Grupos de Trabalho até a edigdo dos decre- tos regulamentadores do novo marco legal do setor eétrico, 3.2 Desenvolvimento do Nove Modelo ‘Acequipe do entao candiato & presdéneia da Repiblice, Luiz Inicio Lula da Sil~ +a, publicou, em meados de 2002, como parte de seu programa de governo, 0 documento “Diretrzes Linhas de Agio para o Setor lético Brasileiro Esse documento reconhccia nccessidade de modificar © marco regulatério do setor létrico, que, apesar de alguns avangos, nfo conseguiu ating os objetivos basi- «os para a adeyuada prestagio do servigo public. Dessa fase, extraem-se algu- ras premissas para a reforma do setor etic. stituto Cidadanio,Pojeto Enenyia Eis: Diezse Linhas de Ado pro o Setar Eltco Brasei.S Paulo, abil de 202. se document fo asnado po uz PnguelliRosa, Mauri Totmasquim, Dima Rouse, Roerto Pereira OPrap, Mo Sour, Agena de Olvera, Caos ‘Augusto Kiser, vo Fugrlon, Joaquim de Carvalho, Roberto Seater eSebstis Soares tmp ital En janciro de 2003, apis a pose do novo governo Federal, a entio mivstra de Minas e Energia Dilma Rousseff em seu dscurso inaugural defini as linbas agers de atuagdo do Ministério, objetivando reformular a politica energtica do pas. Nese discurso, defini como ¢ questo mais importante do MBE a necess- dade de recuperar as fangies de planejamento do Estado e sua cxpacidade de forlara politica de enengia para pai. km 6 de fevereiro de 2003, 0 MME editou a Fortaria n° 40, primeiro ato formal do Novo Mideto, criando um Grupo de Trabalho, formado por ténicos do setoreltico, para trabalhar na proposta do Novo Modelo do SetorEltico? 0 foco das discussdes no GT fot 0 Modelo de comercializasao de encrgia eleuica, discutindo-se duas hipdteses centrais: 0 Modelo de Comprador Unico eo Modelo de Contratagdu Multilaterd de Geragio, cujas caractersticas bisicas cram as seguintes: + Modelo de Comprador nico: 0 Comprador Unico, representa pela Fle- trobras,frmaria contratos de longo prazo (PPA com os geradores re- venderia essa enengia para as dstibuidoras, ao preso médio de compra, na proporgo dos respectivas mercados. planejamento a operasao do sistema voltariam a far sob a responsabildade da Eletobras seria, elininado por completo o ambiente de livre contatasio, com a comple- ta extingia do MAE; * Modelo de Contratagao Mutilateral: neste caso, nao haveria uma empre- * sa centralizadora das compras de energia, mas sim um pool de distribul- ddoras qu, em fag da sta demands de energia,assinariam contratos billaterais com cada agente de geragdo vencedor da lca e responsé- vel pla vena da energia Os agentes demandantes de energi,ficariam responsives pelo pagamento de uma receita permitida, de forma propor- ional energa adquirida* Apesar de intensos debates entre os integrantes do Grupo, no houve consenso cm relagio a melhor opedo a ser adbtada pelo governo, Nessas condigdes, como coondenador do Giupu, em face da andlise das alternativas, sob os aspectos de alocagao de riscos ¢respunsabilidades, e também por crittrios de efi * Determine na Portaria que ocoederada do Grup, secretin exectivo do MME Se. Mav it Tolmasquim,podeiaconvidarespesatsts en mati de energae representantes de en tikes relacionadas 0 stor etree, para elaborar a reazago ds taba * Modo de administrasso de Cortratis Nultlaterais, MIME, 17 de Fevereiro de 2008 (ocument 0 GT a Portia ME eo/2000, Corsimug vo Nevo Meare 251 New Move co Stor Eurmics Bese rmende* ministra a opedo pelo Modelo de Contratagao Multilateral, abandonan- do-se a ideia de comprador inico de energia para revenda, ao prego médio de ‘compra, as distribuidoras. ‘Um dos fatores que pesaram, na andlise das alternativas, foi a possibilidade ‘de uma exeessiva concentragao de riscos na Bletrubras, 2 qual, como responsivel pela operago do pool, teria de arcar com a totalidade das garantias financeiras a ‘serem fornecidas aos geradores contratados. Na percepgdo do mercado, a concen tragio de garantias num tinico agente implicaria alto risco, com 0 consequente ‘aumento do custo de financiamento da expansdo e suas potenciais repercussBes negativas sobre a modicidade tariféria. ‘Apés a decisto sobre as diretrizes a serem sequidas, foi ciado um novo Grupo de Trabalho (GT Modelo), com a participacio de alguns membros do Grupo da Portaria MME 40/2003 de especialistas convidados, para 0 desen- volvimento do marco conceltual. O GT Modelo estruturou conceitualmente 0 Modelo de Contratagdo Multilateral, constituido por um processo de contrata- ‘io inspirado e similar, em sua forma, aos atuais contratos de transmissao. Li- citado um empreendimento, eriar-se-ia um conjunto de contratos entre 0 ven- cedor da licitagio e 0 conjunto de agentes demandantes, que ficariam respon- saveis pelo pagamento de uma receita permitida, de forma proporcional 4 ener- sia adquirida, Segundo esse modelo, anteriormente designado M3, 0 planeja- mento ficaria sob a responsabilidade de um drgio especifico, a ser criado, © a ‘opera continuaria sob a responsabilidade do ONS, com alteragbes na gover nanga desse Oro. ‘Um novo drgto seria criado para administrar a comercializaglo de energia, sucedendo ao MAE, com dois ambientes, um dos quais seria 0 mercado livre, ‘entio adlministrado pelo extinto MAE. Em julho de 2003, como resultado dos trabathos até entZo desenvolvides, foi apresentadia pelo MME a *Proposta de Modelo Institucional do Setor Eétrco”, que detalhava a proposta da Novo Modelo, em varios aspectos:institucionais, contratuais, de planejamento e de financiamento, entre outros [Em 10 de deaembro de 2003, foi editada a Resolugio CNPE ne 09, que apro- ‘vou o relatério e a proposta de encaminhamento das medidas legais pertinentes ce necessirias & implementagio do Novo Modelo do Setor Elétrico, Na mesma * Recomendagho consent, Face &posiglosustentada por mim ra cus e formula do plano de govern. * Texto integral emvhtp:ineetaixceaticramuivospublcacesPmpostaModelelsttuciona it Acessoem 14 deste de 2010 Consmucio 9 Novo Masa data, foram editadas duas Medidas Provisorias: a MP nv 14/2003, tratando do modelo de comerctalizagio de energia ea MP n° 1452003, autorizando a criaglo «da Empresa de Pesquisas Energeticas (EPE), Com o objetivo de nio “revolucionar” totalmente a legislagdo do setor elé- {rico, optou-se por realizar alteragots legislativas somente oni fosse necessirio, ficando afastada uma consolidagdo na forma de um *eddigo da eletricidade”, de acordo com a tradigao das leis do setor. Para evitar a necessidade de alteragdes na Constituisgo Federal ou demora- dos tramites de Lei Complementar, os assuntos foram encaminhados via Medida Proviséria, observando 0 disposto ro art. 246 da Consttuigdo Federal.” Apis a conversio em lei, as matérias seriam disciplinadas por meio de decretos, que era a pritica do setor elétrico e acabou ocorrendo na regulamentagio do Novo Mo- elo. Além disso, visando & seguranga jurdica, almejou-se a criagio de regras claras ¢ estiveis, bem como a preservasio dos contratos de energia existentes & poe das alteragdes. A construgao do Novo Modelo foi objeto de agées judicais propostas peran- te-0 Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se de trés Ages Diretas de Inconsti- tucionalidade: ADI n° 3.090, ADI ne 3.100 € ADI n® 3.101. Os votos proferidos no STE sobre a constitucionalidade dos atos normatives enriqueceram a discussio do Nove Modelo no Congresso Nacional.” A gtapa de implantagao do Novo Modeto ensejou intensa participagio so- cial, NeSse periodo, e ainda antes, a ministra Dilma Rousseff incentivow um am- plo processo de discussio do govern com associagBes representativas dos mais diversas interesses do seto. Tal processo de negociago foi importante para con- cceder ampla legitimidade a0s atos normativos. Destaca-se o relevante papel das "Art 246. edad 2 acto de medida pravsia ma regulaentsgio de artigo da Consitugio ‘aj redapio tena sid alter por meio de emendapromulgada entre de jana de 195 ste promulgoao desta erent, ins (Redagio dada pela EmendsConstitcional 32, de 2001 * Aigumas leads a eda originals MP parti da necusdade de atender 30 ministo Gitar Mee, ator ds ADI proposta peas partidos de opesigio canta amas as medidas ‘ross Um dos pontes questionatos pls patios da ope di espe “delegags0 fm brane”, que peta 0 Poder Exectivoregulamentarmatiria reserva lesa. A {outiajua, or out ad, vnkadesvahend arguments lets qe demonstavam a pssilidade de as AgtnciasReguadors coma ANEL, desempennar atividade nora ra tanto ae deveriaeslabelecer tans ou eferenas pars delta iia o per do Executvo. 0 ministre Gimar Mendes quando da dscasso das Medias Provisias no STF con- lui que o proba ds “delegago er banca" Fre esolvido quando da canversio da MP em ‘eem vite does de tas standares fara a tua d poder regulaentadordoExecutivo. associng®es epresentativas de cada segmento setorial: os geradores, por meio da Abrage e da Apine, os distribuidores, por meio da Abradee, os comercializadores, por meio da Abraccel, os grands consumidores, por meio da Abrace, e assim por diante, Esse debate, no ambito legislativo,revelou-se um verdadeito exercicio de democracia, na medida em que as discussbes eram travadas por meio de repre- sentantes de cada segmento, e no apenas por empresas especificas. [No Congresso Nacional, o processo de discussio foi ampliado, elevando 0 sats de legitimidade institucional das associagées, que encerraram 0 periodo de reformas fortalecidas no mercado. Foram apresentadas 766 emendas & Medida Provisoria n° 144. Do total, 120, foram acolhidas, parcial ou completamente? O relator, deputado federal Ferman do Fer, incluiu emendas de sua autori, frato da absorgo de partes das emen- das rejitadas, das contribuigbes de setores da sociedade e dele prépro. Buscou, ‘com isso, dar ampla representatividade &s proposigbes, esultantes dos debates ‘que foram promovidos entre o governo ¢ os setores interessados. Na conversio ‘da MP ny 145/2003 em le, foram propostas 37 emendas no Congresso, que resul- taram em algumas alteragdes & sua redaclo original. [Apés a conversio das medidas provisérias em leis, o Poder Executivo voltou ‘a atuar no plano normativo, disciplinando assuntos de elevdneia para 0 desen- vvolvimento ¢ a consolidagao do Novo Modelo do Setor Eltrico. Entre outros, citam-se os seguintes atos normativos 1+ Decreto n* 5.081, de 14/05/2004: regulamenta a stuagio do Operador Nacional do Sistema Blétrco (ONS); # Decreto n* 5.163, de 30]07/2004: regulamenta a comercalizagio de cenergiaelétrica, 0 proceso de outorga de concessées ¢ de autorizagoes de geragao de energa, entre outras providéncias:" * Decreto m 5.177, de 12/08/2004: dispBe sobre aribuigdes, organizago € funcionamento da Cimara de Comercializao de Energia Flétrica (CCE); © Decreto n° 5,184, de 16/08/2004: cra a Empresa de Pesquisa Energetica {GPE} e aprova seu Estatuto Social; * Decreto n* 5.195, de 26/08/2004: institu o Comité de Monitoramento do Seior Eltrico (CMSE) No Sena entretanto foram feta 3s moines madangas,destacanda-se a partipag2o doen {ao senator Rolph Torino, que scuti o Novo Molo e a emendas cam 2 opesca, send responsivel ind pel intertoeuro entre os dverscs agentes do ser © se dae aterou utas mons, como, por exemple, o Deseo 2655 de 0207/1988, que r= gulsmertouo MAE e defi as regs de omanizagio do ONS, ent outs provides __— Czasmuo 29 New Neo | 27 tm sintese, 0 Novo Modelo reprsentou importante aperfeigoament> do marco regulatrio do setoreltrico brasitiro,notadamente nos seguintes aspectos: 1. Profundas mvtiicegtes na comerializagio de energia no SIN, com a ciagdo do Ambiente de Contratasio Regulada (ACR) e do Ambiente de Cconratagio Live (ACL); i, Modifeagdesinstitucionss, com a reorganizago das competéncias © via da Cimara de Comercalizago de Energia Elica (CCEE}; lil, Retomada do planejamento setoral, a pati da contrtago regula por rio de Helles com acrago da Empresa de Pesquisa Energética (EPE}; fv. Retomada dos programas de universllzagiog \. Segurang juriicaeesabilidade regulatiia, premissa para atrair timentos,reduzi iscos e expandiro mercado. O significado e o detathamento dis modificagdes tazidas pelo Nove Modelo se- rio abordados nos capitulos a seguit.

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