Você está na página 1de 17
Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 Punicao, sujeito e poder: uma analitica foucaultiana. Punition, sujet et pouvoir: une analyse foucaultienne. Eli Narciso da Silva Torres” Dirlene de Jesus Pereira’ Resumo: Tomando como base as transformacées do sistema punitivo na transicio para a modernidade, Michel Foucault forja novos instrumentos conceituais para uma analitiea do poder. Gestada durante os “anos rebeldes”, este arsenal teérico e politico permite-nos compreender os principais aspectos da sociedade disciplinar em crise, evideneiada pela ampla agenda de reformas de instituigdes sociais como o Estado ¢ o sistema prisional, sob a batuta do neoliberalismo, no qual o discurso de liberdade se constitui o elemento central. O presente artigo procura demonstrar os principais deslocamentos efetuados pelo autor em relagio ao aparelho conceitual disponivel em seu tempo, realgando a dificuldade de compreensio das mudangas recentes, apartando-as da estratégia geral de poder existente em nossas sociedades, evidenciando a necessidade de uma ruptura epistemolégica devido as intimas relagdes entre saber, poder e sujeito na cultura ocidental. Palavras-chave: Punigao. Modernidade. Tecnologia Politica. Résumé: A partir de analyse des transformations du systéme punitif dans le passage vers la modernité, Michel Foucault développe de nouveaux outils conceptuels pour Yanalyse du pouvoir. Crée pendant au cours des « années rebelles », cet arsenal théorique et politique nous permet de comprendre les principales caractéristiques de la crise de la société disciplinaire, mise en évidence par le vaste programme de réformes des institutions sociales telles que TEtat et le systéme pénitentiaire, sous la direction du néolibéralisme, ot la * Socidloga e Doutora em Educagio pelo Programa de Pés-Graduagio em Bducagio da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Servidora do Departamento Peniteneiario ‘Nacional (DEPEN) - érgio do Ministério da Justica e Seguranca Publica, e Pesquisadora do FOCUS (Grupo de Pesquisa sobre Educagio, Instituigées e Desigualdade) na FE/UNICAMP. ‘Atua como coordenadora do Observatério da Violéncia e Sistema Prisional que integra a Linha de Pesquisa: Sociedade, educacio e sistema punitivo - CNPa, ~ Graduada (Bacharelado e Licenciatura) e mestre em Ciéneias Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (2004). A Revista Brasileira de Historia & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N° 21, Janeiro - Junho de 2019, liberté est 1'élément central en jeux. Cet article démontre les principaux déplacements de l'auteur par rapport a l'appareil conceptuel disponible a son époque, surtoutsoulignant la difficulté de comprendre les changements récents, en les séparant de la stratégie générale du pouvoir dans nos sociétés, et 1a nécessité d’une rupture épistémologique en conséquence des relations étroites entre le savoir, le pouvoir et le sujet dans la culture occidentale. Mot-elés: Punition. Modernité.Techniques Politique. Michel Foucault! 6 um desses autores dificeis, sendio impossiveisde se classificar. Uma coisa, no entanto, pode-se afirmar, o filésofo das ideias é uma maquina de fazer pensar e problematizar questées fundamentais da nossa cultura, © que, com “frequéneia desconcerta aqueles que buseam uma " (ALVAREZ, 2006, p. 45). Para ele, as grandes teorizacées sistematizagées totalizadoras e prescritivas eram instrumentalizagio fiicil de suas pesquisas pertinentes ao modo de pensar do século XIX-Por isso, 0 que cle buscava, em sua trajetéria intelectual, era“deixar em aberto espagos de problematizagio, espacos de liberdade que pudessem tornar vidveis novas formas de reflexio e novas possibilidades de ago” (ALVAREZ, 2006, p. 45 Trata-se, assim, de uma atividade intelectual articulada com a pritica politica, visando sempre “uma eritica do presente”. Colocando-se, na tradicfio de pensadores, como Kant, Hegel, Nietzsche, Weber, Heidegger e a Escola de Frankfurt, seu objetivo é mostrar como 0 homem se constituiu na histéria, sem tomé-lo como “dado”. Critico das teorias clissieas do poder, das teses economicistas*, da hipétese repressiva,bem como daquela que concebe 0 Estado como centro + 0 eshoco inicial deste artigo foi elaborado como produto final do curso “Poder, Punicio ¢ Controle Social: leituras em teoria Social contemporiinea”, ministrado pelo professor Dr. Marcos Cesar Alvarez, no Departamento de Pés-graduagao em Sociologia da Universidade de Sio Paulo (usp), *Para a teoria juridica cléssica, o poder é considerado um direito do qual se seria posswidor, ‘como um bem que se poderia, em consequéncia, transferir ou alienar, total ou parcialmente, mediante um contrato. Para uma certa concepcao corrente do marxismo, ocorre o que Foucault chama de “funcionalidade econémica” do poder, que consiste em pensa-lo no papel essencial de ‘manter a reprodugio das relagdes de produgdo e, ao mesmo tempo, reeonduzir uma dominagdo de classe sob determinada forma de apropriacdo das forcas produtivas Ss Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 irradiador do poder, Foucault afirma a necessidade de “desvencilhar-se do modelo do Leviata”: De maneira geral, os mecanismos de poder nunca foram muito estudados na historia. Estudaram-se as pessoas que detiveram 0 poder. Era a historia anedotica dos reis, dos generais. Ao que se pds a historia dos processos, das infraestruturas econdmicas. A estas, por sua vez, Se opds uma historia das instituigdes, ou seja, do que se considera como superestrutura em relagio A economia. Ora, 0 poder em suas estratégias, ao mesmo tempo gerais e sutis, em seus mecanismos, nunca foi muito estudado. (FOUCAULT, 1984a, p. 80). Em A Verdade e as formas juridicas (1973) — emesmo antes, em sua Histéria da Loucura (1961) — Foucault empreende uma critica radical da nocado de sujeito como fundamento e origem de todo conhecimento possivel, ponto de partida da liberdade e da verdade. Essa recusa da origem é a recusa do fundamento, do “elemento primeiro” e universal: 0 homem. Em Nietzsche, diz ele, encontramosum tipo de discurso que faz a andlise histérica da formagio do sujeito bem como do nascimento de um tipo de saber sem nunca admitir a preexisténcia de um sujeito de conhecimento. Quanto a centralidade do sujeito, afirma, Seria interessante tentar ver como se dé, através da historia, a constituicao de um sujeito que nfo é dado definitivamente, que no é aquilo a partir do que a verdade se dé na historia, mas de um sujeito que se constituiu no interior mesmo da historia, ¢ que € a cada instante fiundado e refundado pela historia. E na direcio dessa critica radical do sujeito humano pela historia que devemos nos diigir. [.... Ora, a men ver é isso que deve ser feito: a constituicao historia de um sujeito de conhecimento através de um discurso tomado como nm conjunto de estratégias que fazem parte das praticas sociais. (FOUCAULT, 2005, P. 10-11). Apés a experiéncia francesa do “maio de 1968", muitos militantesforam punidos, além disso, no interior da intelectualidade francesa discutia-se a problemética do estatuto politico da ciéncia e suas possiveis fungdes 4 Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 ideolégicas>,da qual o esendalo Lyssenkos foi apenas o estopim. A este respeito, ressalta: Nao nos podemos contentar em dizer que o poder tem necessidade de tal ou tal descoberta, desta ou daquela forma de saber, mas que exercer o poder cria objetos de saber, os faz emergir, acumula informagdes eas utiliza. Nao se pode compreender nada sobre 0 saber econdmico se nfo se sabe como se exercia, quotidinnamente, 0 poder, e 0 poder econdmico. 0 exercicio do poder cria perpetuamente saber e, inversamente, 0 saberacarreta efeito de poder. [..] O Tumanismo moderno se engana, assim, ao estabelecer a separagio entre saber e poder. Eles estio integrados, e nao se trata de sonhar com um momento em que o saber nio dependeria mais de poder, 0 que seria uma maneira de reproduzir, sob a forma utépica, o mesmo humanismo. Nao é possivel que o poder se exerga sem saber, nio é possivel que 0 saber nao engendre poder. (FOUCAULT, 1984a, p. 80-82). Ao ser interpelado pelos motivos que o levaram a estudar as prisdes, esclarece: Para melhor compreender o que é punido e por que se pune, introduzi a questio: como se pune? Nisto, nao faco outra coisa senfo seguir o caminho tomado a propésito da loucura: mais do que se perguntar 0 qne, em uma dada época, é considerado como Ioucura, como doenca mental e como comportamento normal, perguntar-se como se opera a divisio (FOUCAULT, 2006b, p. 337). Partindo desses pressupostos, em Vigiar e Punir (1975), 0 autor demonstra que a finalidade da prisio esté para além da repressio e/ou da privacio da liberdade. O faz mediante uma arqueogenealogia do nascimento da prisfiodemareando a transi¢fio. entre as modalidades penais eos acontecimentos que acarretaram suas transformagées histérieas. Oferece, ainda, 3 “Quando fiz meus estudos, por volta dos anos [19]50-55, um dos problemas que se eolocava exa 0 do estatuto politico da ciéncia © as fungdes ideoldgicas que podia veicular. Nao era exatamente o problema Lyssenko que dominava, mas ereio que em torno deste caso escandaloso, que durante tanto tempo foi dissimulado e cuidadosamente escondido, apareceu ‘uma série de questées interessantes. Duas palavras podem resumi-las: poder e saber.” (FOUCAULT, 1984b, p. 4). 4 Lyssenko foi um cientista russo acusado de uma pseudo-ciéncia. Em 1940, como diretor do Instituto de Genética da Academia de Ciéncias da URSS, teve suas doutrinas amplamente inseridas na edueacao soviética, protegidas pela forca das armas e por Stalin. Seu trabalho s6 foi oficialmente desacreditado em 1964. O escindalo teve forte repereussio no efrculo intelectual francés e reascendeu a questio das relagSes entre verdade e poder. SS Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 ferramentas conceituais para compreender a complexa rede de poderes e saberes que envolvem as praticas punitivas eaponta como a disciplina tornou-se © projeto politico de controle mais efieaz._—para_— os, diferentes“sistemaspenitencidrios” em diferentes momentos. Pode-se notar que ao empreender uma genealogia das priticas punitivas, o autor apresenta pistas de'L...] uma histéria correlativa da alma moderna e de um novo poder de julgar; uma genealogia do atual contexto cientifico-juridico onde o poder de punir se apoia, recebe suas justificagdes & regras, entende seus efeitos. =e mascara sua __exorbitante singularidade”(FOUCAULT, 1987, p. 23). Como exercicio inicial, demonstra 0 processo socialmente estabelecido para a constituigao das instituigdes judiciais e do aparelho penal, especialmente, como se deram tais transformagées durante 0 perfodo monarquico europeu, no século XVIII, momento da Reforma Penal e época de grandes esefndalos para a justica soberana, apontando, inclusive, o seu esgotamento. ‘A punigéo predominante.até entGo,atuava sobre os corpos dos condenados, metamorfoseada sob 0 aspecto do castigo fisico cruel, demonstrando 0 poder soberano (do rei), com a reprodugio da forcado poder real e seu dispositive regulado na soberania. No entanto, essa forma ritualizada de demonstragio de poder tornou-se um espeticulo, com a devastagio dos corpos, por meio de mutilagdes, decapitagao e incineragao. Sob esta forma, “L...] a justiga nfo faz outra coisa que estender sobre um cadaver seu teatro magnifico, a louvacéio ritual de suas foreas L..]’ (FOUCAULT, 1987, p. 44). Naquele contexto, Foucault associou o ritual do suplicio ao ambiente de uma carnificina, um agougue que coloca em géndolas as carnes e/ou restos dos corpos para exposig&o. A analogia refere-se & maneira intencional de espetacularizar e ritualizar o ato da punic¢ao. Pode-se dizer, que 0 espetaculo da forca, com intervengdes do carrasco na realizagio do suplicio significavauma das formas mais cruéis de demonstragio de poder do soberano, por intermédio da expiagio de corpos dos condenados. Assim, historieamente, a punigio foi justificada pelos legisladores e exeeutada pelos operadores, sob o viés da necesséria manutenc&o da ordem A Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 social, em especial,nos séeulos XVI a XVIII, com a intervencio da punigio corpérea de transgressores e a coergio dos demais pela representagio simbélica, intrinseca, na brutalidade das penas. ‘As sentengas judiciais, por sua vez, eram baseadas em processos criminais que desprestigiavam a ampla defesa dos réus, os quais desconheciam © contetido da acusagio: “[...] diante da justicn do soberano, todas as vozes devem se calar” (, FOUCAULT, 1987, p.33). As atrocidades sobre os corpos condenados tomam em si, cardter simbiético,com aspecto de “economia de poder”, pois ritualiza a morte para garantir a representatividade politica e a soberania real. A época, durante o séeulo XVIII, algumas priticas da justiga penal nfio eram mais toleradas eprovocavarevoltas populares, sobretudo, quando as penas demonstravam os privilégios eo abrandamento para a camada mais abastada da sociedade. No decorrer deste século, 0 suplicio nio amedrontava mais os espectadores,submissos ao poder real, antes, 0 pavor do castigo fora externado em mecanismos de desobediéneia e revolta dos “de baixo” da estratificagio social, gerando sublevagdes constantes. Os efeitos do suplicio deslocaram-se para a resisténcia ao poder, construindo “[...] a solidariedade de toda uma camada da populagiio com os que chamariamos de pequenos delinquentes” (FOUCAULT, 1987, p.52). ‘A reversio na forma idealizada sobre o efeito da pena resignando os individuos, associada abominagao ao crime, reverteu-se em uma solidariedade que Foucault descreve como “inconvenientes politicos”, contribuindo para um evento futuro:"f...] os reformadores dos séculos XVIII e XIX nao esquecerao que . Um dos seus primeiros apelos foi exigir a suspensio delas” (FOUCAULT, 1987, p. 53). as execugées, no fim das contas, simplesmente nao assustavam 0 pov Entra em cena o Iluminismo, reprovando a atrocidade dos suplicios. Mesmo ocorrendo manifestacdes populares contra o suplicio, somente no século XIX as reformas baseadas em uma nova legislag&o criminal foram implementadas, na qual o criminoso se submete Astécnicas punitivas influenciadas pelo iluminismo, como representag&io do progresso e da ciéneia moderna. Nesse interim, o martitio do corpoda lugar ao que se convencionon chamar de“humanizacéo da pena”. A Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 Mas 0 verdadeiro objetivo das modificaces do aparelho judiciério nao esta no fato de os reformadores pretenderem formular “[...] um novo direito de punir a partir de prinefpios mais equitativos” (FOUCAULT, 1987, p. 68), forjados e justificados nos elementos negativos caleados no excesso soberano. A critica recai sobre a ineficdcia do poder de punir, exigindo uma reforma para torné-lo eficaz, regular e universal, reorganizando-se sob novas estratégias de regulacao, isto é, novos dispositivos de controle social. Este esclarecimento inicial sobre a dinamica ocorrida no aparelho penal ena penalidade ¢ essencial para demonstrar a transigao, e também, a correlagao de forcas deste deslocamento. E importante salientar que o advento da sociedade capitalista, com a modernizagao dos meios de produgio, produziu ao actimulo de capital conduzindo a novas modalidades de crime, sendo necessério aos novos agentes, operadores do poder, controlar e disciplinar os transgressores da ordem social. Com esta transigio, 0 poder torna-se produtivo, nfo devendo ser concebido exclusivamente em termos negativos. Como demonstra Foucault (1984e, p. 133), “[...] 0 interdito, a recnsa, a proibicao, longe de serem as formas essenciais do poder, so apenas seus limites, as formas frustradas ou extremas. ‘As relagdes de poder sio, antes de tudo, produtivas”. Dessa transformacio emerge a disciplina como instrumento de contencéo, normalizagio e adestramento dos corpospara a manutengio da ordem social. Nesse sentido, afirma Foucault (1987, p. 69), “a nova teoria juridica da penalidade engloba na realidade uma nova “economia politica” do poder de punir”. A partir de entio, a disciplina se configura como tecnologia na producdo de saberes especificos fundamentando as novas praticas de poder. Castro (2009) ressalta que a disciplina se define em dois sentidos, complementares e correlativos:(i) A primeira concentra-se na configuragio do saber, mediado pelo discurso, e 0 controle sobre a forma de produgio discursiva;(iiJA segunda, presente nas técnicas disciplinares, apropriadas pelo poder que executa suas praticas e subtrai os resultados esperados — “a singularizagio dos sujeitos”. Assim, [..] & necessirio enfatizar que nfo sio dois conceitos sem relagio, Ainda que a questo da disciplina — desde o ponto de A Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 vista do poder, isto 6 dessa forma de exerefcio do poder que tem por objeto os corpos e por objetivo sua normalizagio — tenha sido a que principalmente ocupou os especialistas € interessou aos leitores, nao se pode deixar de lado o uso discursivo do conceito disciplina. Esse uso resulta particularmente interessante para iluminar 0 modo como Foucault concebe as relagées entre poder saber. (CASTRO, 2009, p.110). Ao enfatizar 0 agir sutil do poder, as ferramentas e os dispositivos que permearam a histéria das prisdes, Foucault apresenta uma reformulagao sobre o ideario de sociedade do século XX, principalmente, porque a disciplinanao se resumiria apenas ao direito penal, fazendo-se presente e atuante nas demais instituiges sociais que neste momento se desenvolvem, da escola a penitencidria, tornando-se um poderosos mecanismo produtivo anova configuragio social,permitindo um uso politico dos sujeitos assim constituidos. A cficdcia dessa nova tecnologia politica é que ela opera sobre os corpos de todos os homens, livres ¢ aprisionados, constituindo-os, ¢ cujo exercicio produz umsaber capaz de reforgarseus efeitos de poder, ampliando 0 poder de punir para todo 0 corpo social. A necessidade de mobilidade e ampliagao desse poder se dé, sobretudo, em razio das novas modalidades de crime que emergiram da dinamica de uma sociedade em constante transformaci E preciso que as infragdes sejam bem definidas ¢ punidas com seguranga, que nessa massa de irregularidades toleradas ¢ sancionadas de maneira descontinua com obtengao sem igual seja determinado o que infragio intoleravel, ¢ que Ihe seja infligido um castigo de que ela no podera escapar. Com as novas formas de acumulacao de capital, de relagaio de producao © de estatuto juridico da propriedade, todas as_priticas populares que se classificavam, seja numa forma silenciosa, cotidiana, tolerada, seja numa forma violenta, no ilegalismo dos direitos, sio desviadas & forca para o ilegalismo dos bens. O roubo tende a tornar-se a primeira das grandes escapatérias a0 ilegalismo, nesse movimento que vai de uma sociedade da apropriagio juridico-politica a uma sociedade da apropriagao dos meios e produtos do trabalho. Ou para melhor dizer as coisas de outra maneira: a economia dos ilegalismos se reestruturou com o desenvolvimento da sociedade capitalista (FOUCAULT, 1987, p.73-74). Nesse movimento, a genealogia foucaultiana demonstra que na puniggo ritualizadados corpos supliciados,durante osséculos XVI, XVII e XVIII, 0 Ss Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N° 21, Janeiro - Junho de 2019 transgressor suportava no proprio corpo as dores do crime. Na transi¢io da pratica punitiva, ha também a exigéncia do deslocamento do ponto de aplicagao do poder, nao o corpo, mas a alma dos sujeitos. No entanto, adverte o autor, niio se trata daquela alma iluséria, objeto teolégico, “é o elemento onde se articulam 08 efeitos de um certo tipo de poder e a referéneia de um saber, [...] 6ela mesma uma pega do dominio exercido pelo poder sobre 0 corpo. "(FOUCAULT, 1987, p. 28-29)5. Na tentativa de criar novos instrumentos para uma analitica do poder contempordneo e abalar as “evidéneias”,Foucaultabandona 0 recurso & nogio deideologia,a medida que estapressupde um sujeito de conhecimento como fundamento e condigio de possibilidade de acesso A verdade, ¢ esclarece que o alvo de suas anélises eram as praticas,e nao institnigdes on teorias, com a hipétese de que, [..Jos tipos de praticas nao sio apenas comandados pelas instituicdes, preseritos pela ideologia ou guiados pelas cireunstincias — seja qual for o papel de uns e de outros —, mas que eles tém, até certo ponto, sua prépria regularidade, sua légica, sua estratégia, sua evidéneia, sua “razio”. Trata-se de fazer a andlise de um “regime de praticas” — as praticas sendo consideradas como o lugar de encadeamento do que se diz e do que se faz, das regras que se impdem e das razdes que se dio, dos projetos e das evidéncias FOUCAULT, 2006b, pp. 337- 338). A queda da Bastilha é 0 acontecimento que marea a revolta popular contra 0 suplicio e a emergéncia da modernidade®. Do ponto de vista da tecnologia politica, o poder de punir no Antigo Regime era grosseiro, suscitava revoltas e, por isso, tornou-se perigoso. Com a suavizacao da pena,o“homem” (psique, subjetividade, personalidad, consciéncia) passa a ser a medida do poder. Quando,entre as revolugdes de 1830 ¢ 1848, 0 espetaculo da punicio fisica desapareceudando lugar a uma nova organizagiio do sistema juridico, o 5 “Sobre essa realidade-referéncia, varios conceitos foram construidos e campos de anélise foram demareados: psique, subjetividade, personalidade, consciéncia, ete.; sobre ela téenicas discursos cientificos foram edificados; a partir dela, valorizaram-se as reivindicagdes morais do humanismo. ” (FOUCAULT, 1987, p. 28). © Para Foucault, a Revolugdo Francesa marca o limiar para a modernidade, distinguindo-se, portanto, da datacio da historiografia tradicional. Ss Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N° 21, Janeiro - Junho de 2019 ato de julgar se dividiu entre outros peritos, nfio se concentrando apenas na figura do juiz, pautada por novos saberes: “Todo um campo de objetos recentes, todo um novo regime da verdade e uma quantidade de papéis até entao inéditos no exercicio da justiga criminal. Um saber, téenicas, diseursos “cientificos” se formam e se entrelagam com a pritiea do poder de punix” (FOUCAULT, 1987, p. 23). Essa reconfigurago do sistema punitivo repousa sobre um duplo movimento: de um lado, modificagio no jogo das pressdes econdmicas, elevacio geral do nivel de vida, forte crescimento demogréfico, multiplieagaio das riquezas e propriedades’, necessidade de segurancaS, de outro, as punigdes reduziam a intensidade & custa de muiltiplas intervengdes, assim, “o que se vai definindo nfo é tanto um respeito novo pela humanidade dos condenados quanto uma tendéncia para uma justica mais desembaracada e mais inteligente para uma Vigilancia penal mais atenta do corpo social” (FOUCAULT, 1987, p. 66), ou seja, um refinamento das téenicas punitivas. Nesta anilise, Foucault se distingueda _perspeetiva _tedrica durkheimianae da humanista, incluindo as teorias cléssicas, a hipétese repressiva e as teses economicistas, por exemplo. Segundo a perspectiva foucaultiana, “a reforma [...Jdeve ser lida como uma estratégia para o remanejamento do poder de punir de acordo com modalidades que tornam maisregular, maiseficaz, mais constante e mais bem detalhado em seus efeitos” (FOUCAULT, 1987, p. 69), um poder que pune melhor, com mais universalidade,inserindo-semais profundamente no tecido social. Um dos aspectos mais importantes desta andlise diz respeito a “naturalizagio"sque se estabeleceu entre o delito e a pena, De fato, como bem observou 0 autor a respeito da burguesia do século XL, seu cinismo, sua ‘oucault descreve essas transformagées de maneira mais detalhada no curso A Sociedade Punitiva no Collége de Francede 1972-1973, editado pela WMF Martins Fontes em 2015. 8 Em referéncia aos pressupostos levantados por Rusche & Kirchheimer (2004) entre punigio e ascensio daeconomia de mereado. sContemporineo a publicagio de Vigiar e Punir, Foucault retoma a temétiea da punigio no cursode 1974-1075 (Os Anormais) na tentativa de compreender como foi possivel 0 processo de “naturalizagao” desse novo personagem que é 0 monstro moral, a emergéncia da natureza patolégica da criminalidade que em Vigiar e Punir aparece quando da insereao da “alma” do condenado no interior da pritica punitiva. A psiquiatria e a psicopatologia tem aqui — enquanto saberes — papel fundamental. » CE Foucault (206d, p. 51). Ss Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 inteligéncia e audacia 6 de uma “racionalidade” incontestavel, como expressam os ideais dos reformadores: Ser tio pouco arbitrério quanto possivel. B verdade que é a sociedade que define, em fungio de seus préprios interesses, 0 que deve ser considerado como crime: este, portanto, nio é natural. Mas se queremos que a punigio possa sem dificuldade apresentar-se ao espirito assim que se pensa no crime, é preciso que, de um ao outro, a ligagio seja a mais imediata possivel: de semelhanga, de analogia, de proximidade. E preciso dara pena toda a conformidade possivel com a natureza do delito, a fim de que 0 medo de um castigo afaste o espirito do eaminho por onde era levado na perspectiva de um crime vantajoso (Beccaria,Dos delitos e das penas, 1856) Tirar ao castigo do delito 6 a melhor maneira de proporcionar a punigio ao crime. Se é isso o triunfo da justica, é também 0 triunfo da liberdade, pois entiio nfo vindo mais as penas da vontade do legislador, mas da natureza das coisas, no se vé mais o homem fazer violéncia ao homem(J-P. Marat, Plano de Legislacdo Criminal, 1780) Nao é s6 as belas-artes que devem seguir fielmente a natureza; as instituicdes polfticas, pelo menos as que tem um carter de sabedoria e elementos de duracao, se fundamentam na natureza (Becearia) Que © castigo decorra do crime; que a lei pareca ser uma necessidade das coisas, e que o poder aja mascarando-se sob a forca suave da natureza (FOUCAULT, 1987, pp. 87-88). No entanto, na cidade punitiva idealizada pelos reformadores, a prisio nao era prevista como pena principal, sendo explicitamente criticadapor ser incompativel com uma téenica da pena-efeito, pena-representagio, pena-fungio geral, pena-sinale discurso. Porém, em pouco tempose tornou a forma essencial do castigo.Criticada por juristas e reformistaspor representar uma forma de punigao tipica do absolutismo, que marcava os abusos do poder, “Como péde a detengio, tao visivelmente ligada a esse ilegalismo que é denunciado até no poder do principe, em tio pouco tempo tornar-se uma das formas mais gerais dos castigos legais? ” (FOUCAULT, 1987, pp. 99). Esse aparelho da penalidade corretivaage diversamente do que havia sido idealizado pelos reformadores, os instrumentos utilizados nao sao, como » Ao lado de Robespierre e Danton -, notéveis “amigos do povo” durante 0 processo revolucionério francés. ww Revista Brasileira de Historia & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N° 21, Janeiro - Junho de 2019, estes haviam idealizado, jogos de representagio, mas formas de coergio, procurando reconstruir nao o sujeito de direito,mas 0 sujeito obediente. Assim, como pritica, trata-se de um poder tio arbitrario e despético quanto o de outrora. No momento em que eserevia Vigiar e Punir, 0 problema da pristio nao era uma questio marginab2, longe de ser um aspecto isolado, era “[...] uma espécie de laboratério das relagdes de poder do mundo moderno, pois a tecnologia de poder que se constitui no interior das prisdes acaba por espalhar- se por toda a sociedade, em instituigdes como fabricas, hospitais, escolas, ete.” (ALVAREZ, 2006, p. 56). Para além dos “discursos verdadeiros” que o fato da prisio proporcionon, “L...] a pesquisa de Vigiar e Punir buscou, em especial, tornar visivel o olhar diseiplinar que nela opera e, a mesmo tempo, apresenta-se disperso em tantos outros ambientes sociais” (ALVAREZ, 2006, p. 57). salientando que o exercicio de podernio se reduz ao aparelho de Estado ~ 0 que remonta A velha dicotomia individuo/sociedade e Estado — chamando a atencio aos micropoderes que, a0 longo do tempo, constitufram o homem moderno4, cujos hibitos se tornaram automiticos a ponto de serem considerados “naturais”. O olhar, a sang&o e 0 exame fazem parte de nossa vida quotidiana, téenicas pelas quais somos formados e por onde circula o poder: Entfo, como compreender a constituigiio de uma sociedade de massas em nivel global? ="[...] um fato da atualidade: a prisio e mais geralmente numerosos aspectos da pritiea penal estavam sendo postos novamente em questio. Esse movimento nao era somente observavel na Franga, mas também nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Itélia” (FOUCAULT, 2006b, p. 337). +3 Ver, por exemplo, escritos anarquistas onde encontramos 0 Estado como o verdadeiro inimigo do individuo e da sociedade: “A abolicio da Igreja e do Estado deve ser a primeira e indispensavel condico para a verdadeira libertacdo da sociedade” (Bakunin, 2011). Ha muitas correntes de pensamento que compartilham essa concepcio, e a bem da verdade, muito pensadores do século XIX, inclusive Marx (1997), chegaram, em algum momento, a eonsideré-lo “parasita da sociedade” + "Quando trata dos jogos de poder em torno da loueura e do crime, respectivamente nos livros. Histoire de la folie & lage classique (1972) ¢ Surveiller et punir (1975), busea saber como sio constituidas determinadas praticas cujos efeitos implicam a producao de discursos verdadeiros sobre a razio alienada e sobre o carter criminoso. A constituicio do individuo louco e do individuo criminoso encontra-se atrelada as. praticas sociais de aprisionamento e de encarceramento que, por sua vez, acarretam a producdo de sujeigées” (CANDIOTIO, 2008, p. 89). Ss Revista Brasileira de Historia & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N° 21, Janeiro - Junho de 2019, Em sua arqueogenealogia do poder,Foucaultmostra a materialidade dos poderes que se exercem sobre os sujeitos na modernidade ocidental. Sua eficdcia pode ser atribuida, em grande medida,ao “regime de visibilidade” assimétrico — “ver sem ser visto” —dai a inserigao da liberdade como nosso maior atributo. Depois dos “anos rebeldes” toda uma critien da burocratizagio, das “instituigdes totais”'s, do Estado, do partido, etc., se proliferaram, criticasque possibilitaram subverter relacdes de poder, hierarquias e valores. Hoje, fazendo uma leitura retrospectiva, podemos perceber a importincia da experiéncia do GIP%6 e da forma de engajamento que dela emergiu. Se tratava de uma époea de crisedas teenologias de poder pois, afinal de contas, elas estavam sendo contestadas. Nao 6 toa, que desde os anos de 1970, temos assistido a toda uma tentativa de reconfiguragio nao sé do Estado, expressa pela amplitude da agenda de reformas sob 0 chamado neoliberalismo, passando pela reestruturagio das grandes empresascom vistas & modernizagio de sua tecnologia produtivae reestruturagao administrativa, afetando, ignalmente, as demais instituicées sociais, como a escola e suas téenicas pedagogicas. No curso do ano de 1978-79 no Collége de France, Nascimento da Biopolitica, Foucault(2008)retoma, ainda que de passagem, a problemétiea das priticas punitivas sob a governamentalidade neoliberal. Seu pensamentooferece preciosas ferramentais para uma anélise critica que possibilita “reverter 0 principio de visibilidade em favor das resisténcias” (ALVAREZ, 2006, p. 58). 0 papel do intelectual, afirma ele, [..] consiste em mostrar as pessoas que elas so muito mais livres do que pensam; que clas tomam por verdade, por evidéncia alguns temas que foram fabricados em um momento particular da historia; e que essa pretensa evidéncia pode ser criticada e destruida. O papel de um intelectual é mudar alguma coisa no pensamento das pessoas.[...] Um dos meus objetivos € mostrar as pessoas que um bom ntimero de coisas que fazem parte de sua paisagem familiar — que elas consideram universais — sio o produto de certas transformagdes histérieas bem precisas. Todas as minhas anélises se contrapdem & ideia Goffman (2001). + Grupo de Informacées sobre a Prisio. Ver ALVAREZ (2006), Ss Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 de necessidades universais_na_existéneia humana. Elas acentuam o carater arbitrério das instituigdes e nos mostram de que espago da liberdade ainda dispomos, quais sio as mudangas que podem ainda se efetuar. (FOUCAULT, 2006¢, pp. 295-296). Notas finais Colocando em evidéncia a relagio entre 0 pensamento com o contexto social, politico, econdmico e a propria histéria, bem como a imanéneia das priticas e dos discursos, Foucault efetua a“recusa do dado”, propondo partir das praticas tal como elas se apresentam e como sao pensadas ou refletidas, para, a posteriori, ver como se constituem os “objetos”, tais como o Estado, a sociedade, dentre outros.” Foucault ressalta a importincia do discurso na constituigio do objeto, no sendo este um dado a priori, mas constituido no interior de priticas discursivas, Depois da revolugéo copernicana operada por Kant, tivemos, por um lado, a ilusio positivista que, abandonando o discurso filoséfico, estaria lidando com objetos puros; por outro, a fenomenologia que, abandonando a pretensiio de um conhecimento objetivo, se contentaria com os fenédmenos. E nesse sentido que a “reeusa do dado” em Foucault se justifiea: reeusar o dado é recusar um a priori que nao seja histérieo - universal e necessirio, transcendental, no linguajar kantiano — desses pressupostos que contém, em si mesmos, valores. Foucault aqui se aproxima de Max Weber em sua tentativa de “garantir a objetividade das ciéneias sociais”, mas naquilo que diz respeito aos valores ou, como enuncia Simmel:8, aos apriorismos sociolégicos, e nao em sua busca pela compreensiio do sentido da aco social conferida pelo sujeito, afinal, 6 2 “Em vez de partir dos universais para deles deduzir fendmenos concretos, ot antes, em vez de partir dos universais como grade de inteligibilidade obrigatéria para um certo numero de ritieas concretas, [...] partir dessas priticas eoneretas e, de certo modo, passr os universais pela grade dessas préticas’ (FOUCAULT, 2008, p. 5). 28 Para Simmel, o processo de socializacdo se realizaria através das experiéncias dos individuos. Max Weber, influenciado por Simmel, para quem “a sociedade 6 minha representacio no proceso de atividade da consciéncia”, “um a priori que esta contido nos sujeitos sociais” (TRAGTENBERG, 1092, p. XV), procura, portanto, uma ciéneia social que escape dessa determinagio valorativa aprioristica A Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 justamente a critica do sujeito uma das prineipais pretensdes da trajetoria intelectual de Foucault. Este salientou, acerea dos processos de subjetivagio no Ocidente, os efeitos de poder que os “discursos verdadeiros” tem sobre a constituigiodo sujeito, de um sujeito que, como fora dito, “néo é dado definitivamente, [ mas que se constitui na histéria, a partir de priticas discursivas que “tomam corpo em conjuntos téenicos, em instituigdes, em esquemas de comportamento, em tipos de transmissio e de difusio, em formas pedagégicas que ao mesmo tempo as impdem e as mantém” (FOUCAULT, s/d, p. 6). ‘Assim, analisar a genealogia do sujeito na cultura ocidental exige levar em conta a interagio entre as téenicas de dominagio e as téenicas de si,isto é, “[..] os pontos em que as tecnologias de dominag&o dos individuos uns sobre os outros recorrem a processos pelos quais o individuo age sobre si préprio e, em contrapartida, os pontos em que as técnicas do eu sao integradas em estruturas de coergio” (FOUCAULT, 1993, p. 207). Referéncias ALVAREZ, M. C. “Punigio, poder e resisténcias: a experiéncia do Groupe d'Information sur les Prisons e a andlise critica da prisio” In: ALVAREZ, M.C.; MISKOLCI, R.; SCAVONE, L. O Legado de Foucault. Sio Paulo: Editora da UNESP, 2006, p.45-60. BAKUNIN, M. Deus e o Estado. Traducao Plinio A. Coelho. Sao Paulo: Hedra, 2011. CANDIOTTO, C. —“Subjetividade e ~—verdade ~— no _—tiltimo Foucault”.Trans/Form/Acao, Sio Paulo, 31(1), 2008, pp. 87-103. Disponivel em: _ . Acesso em: 19/08/2013; CASTRO, E. Vocabulario de Foucault, Um precursor pelos seus temas, conceitos e atores. Tradugio Ingrid Muller Xavier. Belo Horizonte: Auténtica Editora, 2009. FOUCAULT, M.A sociedade punitiva: curso no Collége de France (1972- 1973). Tradugao Ivone C. Benedeti. Sao Paulo: WMF Martins Fontes, 2015. “A Tecnologia Politica dos Individuos” In: Etica, sexualidade, politica. Org. Manoel B. da Motta. Tradugao Elisa Monteiro; A Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 Inés A. D. Barbosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2006a, p. 301- 318. (Ditos e Eseritos, V). . A verdade e as formas juridieas. Tradugio Roberto Machado; Eduardo Morais. 3. ed. Rio de Janeiro, NAU Editora, 2005. “Gerir os ilegalismos” In: DROIT, R-P. Michel Foucault: entrevistas. . Hist6éria da loucura na Idade Classica. Tradugao José Teixeira Coelho Netto. Sao Paulo: Perspectiva, 1978. . “Mesa-redonda em 20 de maio de 1978” In: Estratégia, Poder-saber. Org. Manoel B. da Motta. Tradugao Vera Lucia A. Ribeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2006b, p. 335-351. (Ditos e Escritos, IV). fio ao sexo rei” In: . Microfisica do Poder. Org. e traducio Roberto Machado. 4. ed. Rio de Janeiro: Edigdes Graal, 1984¢, p. 127-137. . Nascimento da Biopolitica: curso no Collége de France (1978- 1979). Tradugio Eduardo Brandio. Sio Paulo: Martins Fontes, 2008. (Col. Topicos). . Os anormais: curso do College de France (1974-1975). Tradugio Eduardo Brandao. Sao Paulo: Martins Fontes, 2001. (Col. Tépicos). . Resumo dos cursos no College de France sob o titulo geral: A Historia dos Sistemas de Pensamento. Portugal, Centelha Viva, s/d. . “Sobre a prisiio” In: . Microfisica do Poder. Org. ¢ traducio Roberto Machado. 4. ed. Rio de Janeiro: Edigdes Graal, 19848, p. 73-81. “Verdade e Poder” In: Microfisica do Poder. Org. e traducio Roberto Machado. 4. ed. Rio de Janeiro: Edigdes Graal, 1984b, p.4-12. “Verdade e subjetividade” In: Revista de Comunicagio e Tinguagem, n° 19. Lisboa: Edigdes Cosmos, 1993, p. 203-223. “Verdade, poder e si mesmo” In: .Etica, sexualidade, politica. Org. Manoel B. da Motta. Tradugio Elisa Monteiro; Inés A. D. Barbosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 2006¢, p. 294-300. (Ditos e Escritos, V). Vigiar e punir: nascimento da prisio. Tradugio Raquel Ramalhete. Petropolis: Vozes, 1987. GOFFMAN, I. Manicémios, prises e conventos. Traducio Dante Moreira Leite. 7. ed. Sao Paulo: Perspectiva, 2001. Ss Revista Brasileira de Histéria & Ciéncias Sociais - RBHCS Vol. 11 N® 21, Janeiro - Junho de 2019 MARX, K. O Dezoito Brumario de Luis Bonaparte e Cartas a Kugelmann. Tradugio Leandro Konder e Renato Guimaraes. Rio de Janeiro: Paze Terra, 1997. RUSCHE, G.; KIRCHHEIMER, O. Punicao e estrutura social. Traducado Gizlene Neder. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2004. (Col. Pensamento Criminolégico) TRAGTENBERG, M. “Introducio a edicéo brasileira” In: WEBER, Max. Metodologia das Ciéncias Sociais (1). Traducao Augustin Werner. Sao Paulo: Cortez/Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1992. Recebido em Dezembro de 2018 ‘Aprovado em Abril de 2019

Você também pode gostar