Você está na página 1de 415
TRADUCOES DA CULTURA Perspectivas erie terns (1970-2010) ORGANIZAGKO. Acs aes Ean Izabel Brando Idney Cavalant ele 7 ‘Claudia de Lima Costa art ti ‘Ana Cela Aco Lima Sandra Reps ou Tes Se Cana édutal JK Wedrounhe "TRADUGOESDA CULTURA aspects teas teint (970200) concasazacko ta ol und etine Can DEDICATORIA nevisho url ow wlorienaca Zahidé Muza (in memoriam. que nos fez ‘cree onda wiasvozesdasmulhcresescrtrasbrasiires. Ries Com Gécia Meirles,afetuosament, podemos der. "et en quero a meméra acesa depois da angi spageda" (OBRA: Nols | ARISTA Mara Ea Nex Cp npn nesh0 Inpro tape oramreacoeea ager ‘saa ey Cavan Co ir CA ac Ae (Spent “frp ras ‘APOIO xg EDUFAL, EDUTEC, Edtora Mathes 4 tent ai at ne gt1 010 Pantani 0 |S AGRADECIMENTOS oe publicago lev sete longos anos para car pronase poder chegar is nos do bio ehor dengan porns. Eco mena gia {oe enregamos a odes e lo podeiamon deat de ipadecer¢ageles que ontrbuiam de ua forma aE outa para que tudo dese certo eceglaemos oje 3 toteratzoie dete loroque consi une vane parte Ae omar vides acadbmica Nixa orgeizadoas deta Aotlogla tees malt a agradecer cada peso,» cada inte sud rope de engi. acadapesmusadorl 2 cada tadutors © Oe comentart porn paca de toloagte ‘Neo. sincero obrigads 20 CNPq, pelo apoio académicae franco coneedido Plo ap intuconal TAingusca (PPCLL, Faculdade de Laas al) da Universidade Federal de Alagons (UFAL]; 20 Programa ds ParCinduagio em Liertura da Univeriade Federal de Sana Catarina (UFSC) ss grupos de pessusn os ‘fash lea cot vio ty=uenins ne Snologa GIA Muler ng Lemire, da Asocogo Nocloval de, Poe-Graduaco.e Pesquisa em Laas Linguistea (ANPOLL), Matetaal Estudos Peaguses Intedicplisens: Lira e Utopia do UFAL; 20 Institue Estados de Giver (IEG) eno Grupo de tts Poe-Coorai, Descloiais © AtroLatin- Amer ei eee |? (GEPALA) da UFSC: pelo apoio editorial, agradecemos is ‘eaOF2S uineres, EUUPAL e EDUPSC. AAs tradutorss, nosso especial agredecimento em reconhecimento pelo imenso ecuidadoso trabalho: Alcione da Silveira, Amanda Prado, Ana Cecila Acioli Lima, CGintia Schwantes, Claudia $. Mayer, Eliane Campello, liane Tejera Lisboa, Tdney Cavalcanti, Izabel Brando, Laureny Aparecda Lourengo, Luciana E- de Freitas Calado Deplagne, Maria Isabel de Castro Lima, Marina V. de ‘Andrade, Matias C. Garcer, Raquel D’Elboux Nunes, Rita ‘T. Schmidt, Sandra Almeida, Susana B, Funck e tatiana nascimento; as/a0s tradutorasles da Paz é Terra, Cila ‘Anker, Joo Luiz Vieira e Rachel Gorestein Notso agradecimento, também muito especial, 3s comentarstas © a0 comentarsta: Ana Cecilia Acoli Lima, Carla Rodrigues, Celia Sardenberg. Cinta Schwantes, Claudia de Lima Costa, Flana de Souza Avila, Eliane ‘Campello, dney Cavalcanti, Izabel Brando, Joan Haran, José Gat, Keisho-Khan Perry, Luciana E. de F. Calado Deplagne, Maria Aparecida Andrade Salgueiro, Miriam ‘Adclany Milena Coota de Sou, Rita T. Schmidt, Sandra ‘Almeida, Simone P. Sehmidt, Susana B. Funck ¢ Zahidé TLupinacei Muza ‘Agradecemos a cukdadosa revisi de Maria Heloisa ‘Melo de Moraes, a0 apoio mais do que técico recebido Ge nati Lear, Janet Une, Jott Tonia, Moro ‘Vermetho, Stela Lameiras, Pedro Brando, Maria Priscila Aaijo, Rta Zozzolie Selma Rocha. 'Nosso agradecimento afetuaso 8 artista plistica alagoana Marta Emilia, pela concessio dos direitos de imagem da sua belisima Obra “No Jardim tlet.co" (012), ‘que llustra a capa desta Antologia ‘Temos, ainda, a agradecer 2 concessio de direitos autorais pelas auioras e editoras, a maioria das quals ‘ratuitamente, uj lista completa pode seTida ao final deste livro. Finalmente, ede forma ‘supethiper-mesa’ especial nosso agradecimento pelo apoio afetivo multiespécies, sm. (qa! aa do ue fverom seria evans pone (2) caninos @ felines: Petra, Violeta, Alfredo e Eagar; 2) hhumanos: as amigas pesquisadoras do GT, is nossas familias, aqui relacionadas com especial carinho: Pedro Brando (abel); Marcos, Gabi e Leo Vermelho (lidney); Sonia E Alvarez (Claudia); Marinalva e Lduarda Lima (na Cecilia). ge 40 Pectin | 8 a \w SUMARIO pease De ee 1- ANOS 190: ROTAS DE ENTRADA cena Quint ape rumah A, dere Ri 783.012) cc opsonade Se Sse. a oeecreaes takes ps hors coin an Sher Omer ge ater care cut Sod ke at Joni da adn 979 fn on ahs cine Elona de Frets Cale Depa | Fraser vl ecemra mero aes 1 pr ua nova speciale Jota a tego ma sete urs ea aided de uta ‘Sours Gert Sean Gate. i Cine Seni Ee Compt. : 2 ANOS 198:DA CRETICA A AUTOCRETICA exnneennn 2 + mlncipenaueciasecsieoes Seams @ eer ir | 11 Fog de pardigmas vrais inerpretatvs no campo Mer: o eam prsorde Arts Keay ©pensamento sight Mani Wig Monig Wiig eso da natureza ‘Aw Cia cine es 4 tr: Quem tam modo de Virginia Woof? Litres de Woot To a Tot Mae anecesiade de atric eminta Sb oles do cde: estado emits cuss clonic (hand pad any pasar Sob oe pti do) oar dena rien 0 octane a descolniagio do saber em Mohsnty 4 Oi’ dein Dian Fas Dian Fu ‘deseenclzandy’ ese ney Cont a 09 — 1MI~ANOS 19 DO GBNERO AS SUAS INTERSECCOES...107 ¥ Qwerne seseora Loc esta y cant Gio radi i de Gloria Anzaidia Blane de See A Quer rage ra ee ‘Ayeniameros sobre “jr” Jagose Miia Ain ee Cot de Se _, Othe oan epectadoras negras = batt a 12 [ste | tn (otharopeional de ell hoks no Basi tadasSo€ Eten Poy ee so Nin” do neo:a now eng da dena A costa daca tenis on ‘Sts Sto rs, a se ‘us Stanford Friedman: mapeando oes lem das roteroe Si Reyne Cont Amie. a ss 4 erate Gtr Chao Sp nn os 2 GayattChkeavory Spivak: uma crt oo feminsme ode Sr Regina Gout Aleman nee re 26 Repensande, a at o feminima os esta * mano in americans Encontro com Nars Ara (192008) @® ih Lape ae : st 1V~ANOS 200, NOVAS TOPOGRAFIAS. TEORICO-CRITICAS ene = Nilo su uma muther? Revita ainterecconalidade dot rh di Phone nen Ser mulher ours playa: o cones de ntesexionlidade seit or Ar Bre An hat = > Regulates de ginero ua But nee 4 Bar dearegulndo nero orl Radius — i m7 (© Manso des pics compra - cies, pessoas eridade siguiente [apes] Doma Hara © feminsmo mules de Donn Haraway ney Caveat fe Harn es mu « ‘ : ‘ 4 ‘ ‘ 4 ‘ 4 ‘ ‘ ‘ ‘ ‘ ‘ 4 ‘ ‘ 4 ‘ ‘ 4 ‘ ‘ ‘ Ben Mona. Ba ny Mendoza ea uc de uma toi ‘arian Ant Slee > evan ponerse ae Gila Gand 783 Greta Goan e buses dros mals emis Spooseemadon eritor Fete SOBRE AS ORGANIZADORAS, DIREFTOS DE FUBLICACAO. of APRESENTAGAO' ste livro originow-se no projto “Tradugtes ‘tultura: uma antologia interdiscplinar nas interfaces entre estudos de ginero, feminismos e ‘muheres", que nasceu durante @ reunio de 2010 do GT ‘A Mulher na_Litertura, grupo de trabalho vinculado ‘ANPOLL? ocorrida na Universidade Federal de Minas Gerais, em julho daquele ano. © GT, que tem um trabalho de quace ts décadas de pesquisasnadrea de feminismoe Estados ce Ciner, epectalmentevoltadas para ofespate reconhecimento e anlise da producto teria cultural de autoria feminina ¢ para representacio das mulheres resis expresses, estabeleceu, como um de seus projtos, 2 organizagio de uma antologia contendo tadugies de Cotudes acndtmlooe qe crwmerem impact nao rellowBon, Teorizagdes e pesquisns reolizadas, em Ambito nacional, ra interface entre a critica feminista da cultura € os Esnidos de Genero e quer 20 longo de quatro décadas. [Nessa perspectiva, formouse 9 equipe composta elas lorgantzadoras dente volute que ure presen ee + apt a aren ea 0 tmnt | 18 Entendemos a necesidade desta Antologia porque aslosketorases feminists braslerasiosformadasione em Suna preceam ceumretrencioltadusdoneperpacae lo #6 pla via do que se prix contemporanesmente na rea, mas tombs dos textos hoje considerados clscon 1a histéria do feminismoe dos Estudos de Género e quer ‘numa perspectiva globe. A percepgio' de textos mediados pela tradusfo & relevanteno sentido de responder uma pertinente questo feita por Claudia de Lima Costa (2005). De ax aloo cnc sade ¢ pra SES Sou goa psc cara prsace es ado gu desler Sega io cum pte oe, rabes ‘= geoetin siti ler ei ons ee teil ial Capo fens dss qt lb. a beam Se Se leet comarca Tiss om depo" scl de emninos anon? fp 2 Esse quetionamento envolve uma problematizasSo acerca da relevincia de textos feminists ¢ do seu lean, ‘i apenas do porto de vist de que ea tamer, tales prinpalmente question essa produsao, Com vists acest eortlecento ce pesquisas 6 esudoslgados aog temas\elagies de incre, alesse $-feminismos, nosso aijetivo.cenral_desenhouse em feng umpenen da Slade tadueo fare 2 lingua portuguesa e, raiment, da publica de textos ‘rginalmente produzios em linguas estrangeias (inglés, francs ¢espanhol) que reconhecdamente tem oles importantes subsidiose/ou consitos fundamentals para 3 Felexoes polcamente erenadas pelos feminismos ¢ ‘oltadas para as questes de géneo em imbito nacional Esta Antologia foi pensada com” base na lnterdisipinaridade das pesquisas realizadas neta interface pois o campo de conhecimento feminist srapre 18 | tn || bi trabalha nas fronteras das disciplinas, conforme apontam Claudia Lima Casta e Simone Persina Schmidt O04) 0 que toma esse trabalho um constant ir vir em dilogon, confrontos © renovagées do pensar feminista, Nesea Proposta dialdgica, buscamos contemplar a interscecSot com diversos eixos que consideramos relevantes para 35 Pesquisas literdcias © culturis ralizadas no ambito do, GT € em outras instincias: casse social, geracio, rasa) nia ¢ sexualidade, bem como questies da ecologiae das ‘mobilidades dos sujeitos, ___Salietamos o earéterinovador desta coleténea que se relaciona a0 preenchimento de uma lacuna observads ‘Ro tocante as” produgies académicas em tradusio, especialmente em se tratando da reunido de um conjunto signifcativo deestudos muitasvezesdispersose produzidos em inguas diferentes, conforme jf apontamos. Esperamos {que esta publicagio gere um impacto positivo nos varios ontextos de pesquisa om que as perspectvas feminisas © ddos Estudos de Genero e queer etejam presentes tanto nes Estudos Liteririose Cultura, quantonaséreas de Ciéncas Hlumanase Sociais. Esperamae trim gus una antologia dessa natureza sea especialmente de grande ullidade para estudantes desde a Graduago, uma vez que cantém textos. chave para a sua formagio. Esta publicagio mostra que um olhar mais focado na rovopsia « ciwulapte dase ert Drea ptinlone Perceber certs fatoes relevantes. Um deles a falta de tradusio de textos central para a histria do feminismo, alguns dos quais seleionados para o presente conjnta ¢ publicados em tradugio para 0 portugués pela primeira ‘ee, Outro pont a wer cosiderado diz rexpetto a estudos if publicados no Brasil, dispersoeno formato de rtigos em Peridicos ou capitulo de livros, dos quas seecionamos ot de Shetty. Orter ee Laura Mulvey, especaimente por terem sido publicados em coletancas de reas especifias ~ CGiéncias Sociais e Estudos de Cinema. Cabernosesclarecero lugar da nossa fala em relacio as priicastradutéras vis-i-8 noseas politica etrinsitos feministas. A partir do fendmeno da globolizagio e dos crescentes deslocamentos diaspéricos dos sujltos através, das milipls fronteias, a questio do lugar ¢ do trnsito de sujetos, textos e ideias = tornou-se crucial pare ¢ ‘Gitca feminisia, principelmente em suas vertertes pose ‘desecoloniais. Com a abertura de espacos cada vez mais ‘wansnacionais, resultado dos itineririos complexos do capital preciso analisar como lugares (no sentido amplo do termo, isto &, como higarfisico, peiquice e libidinal) fe geografias se entrecruzam na configuracio dos novos sujeltos ferinistas transnacionais, clando espacos. de confrontagio, ambivalénciae resistencia. ‘Adrienne Rich(1986)foicertamente,uma daspionciras 7 1a andlise daimporténcia do lugar na teorizasio feminist, ‘guia por outras penaadorae preceupadae com aqueetio ée-colonial, ais como Gayatri Spivak, Chandra Mohanty, Biddy Martin, Linda Alcoff,Inderpal Grewal. Caren Kaplan, para citar apenas algumes. Fnfatizando, segunda Homi Bhabha, 2 artculacio entre lugar e enunciagio (ocationcnton) oo feninnsnn nein ont ie nova contro-opografa, enfaizam as especificidades da mbricagio entre o lugaritexto e seu con/texto mais amplo, a0 mesmo tempo em que articulam as conexses entre ‘ria ltas feminist através de espacose de hegemonias dispersas (GREWAL; KAPLAN, 1999), desenvolvendo 0 ‘que Ella Shohat 2002) chama de ees relacionais:' mapear 35 conexdes entre espacos ¢ suitos distintos pare tomar visivels 06 procesos semelhantes que os permelam, A medida que essas intersecgdes 80 tragadas, incluindo Roan at nny também, injetar novas mobilidades & ertca feminists, deslocando-a de seus pilares tradicionals no estado e-na o-umo a0 desafio do cruzat fronteiras em termos is, dscursivos e performativos. ‘Neste tipo de worlt-sraveling (LUGONES, 1967) ds critica feminist, & preciso rssalta, também, a importincia da pritca tradutéra. © coneeto de traducio ~ em sus fcepeio ampla,calcada em um paradigma ontolégico, ‘io apenas lingustico ~ tomouse central para a teoria Cultural A viroda tradutivia, por assim dizer, mostra que a tradugto excedeo process linguistic de transferéncias de signifieados de’umalinguagem para outrae busca ab © proprio alo de enundiagso ~ quando falamos, estamos ‘Sempre ivengajadas/osnatradugio, tanto paranésmesmas/ ‘quanto para o outro. Se falar [implica traduzir ese a tradugio um processo de berturaao outro, podemos dizer {que seu contento é de hospitalidade. Nele, a identidade e 4 alleridade se misturamy tomando o ato tradutrio um proces de deslocamento. Na traducio. hi a obrigacio moral de nos desenraizarmos, de vivermos, mesmo que temporariamente, sem teo, para que o outro possa habit, também provisoriamente nosss lugares. Traduzirsignifca ire vir, estar no entre-uger, enfim, exisir sempre des- sada. Bote ir oir tombson ina dineuree » pdtone feministas que visjam através de lugares drecionalidades diversas para se torarem paradigms interpetativos para lerfesrever sobre classe, nero, ragaletna, sexualidade, migracio a cizculagio de textos, idoias identidades. ‘A nogio de tradugio & invade fgurativamente pare fslientar como e56a5 vagens esto imersas poiticamente ras questdes mais amplas da globalizagio e pressupdem ‘toca por melo de diferentes loalidades. ‘Corajosamente negociando teriasfeministas através de fronteiras geopoliicas ¢ outras feministas latino lamericanas e latinas residind® nes Estados Unidos, por ‘mae 10m ge nbn | 19 ‘exemplo, desenvolvem uma politics de tradugio que se Uutliza de conhecimentos pradsisne palne femintrnes latinos, de cor, pés-e des-coloniais no norte das Amiésieas Para iluminar andises de teorias, prities, culturas © Pplitias no sul vice-versa A pritiea do world traveling (ou ‘do cosmepolitismo transversal) evidencia como a radugto transcultura éindieponsivel em termospolscone corinny ara a formagio de aliangas feministas ps-colonias! és-ocidentaisdescoloniisipds-humanas “ancoradas. em ‘denticagies paris, Finalmente, a nolo de translocalidade possbilits, ora vas, aarticulagdo da colonilidace do poderigenero fem vias escalas (losis, regionais, nacionais, globals) com diferentes posigSes de sujeito (de. genero, sexual, etnorracal, de classe et) consitativas das identidades, Como argumenta Judith Butler (2004), “E somente através da eniténcia ws noo da tradugan, da constante tradugso, {que teremos alguma chance de produzir um entendimente ‘multicultural das mulheres ou, de fato, da sociedade” (p. 228) A partir dessa sucintaexposicio, passamos, agora. a apresentar aspectos relevantes do processo de organizavio {ue nos guiou na compilagto da Antologia. Inicalmente, 2 selegio dos ensaios que compéem est Antologis dew ©. partir de mapeamentos’ indicacies © observastes de Vertentes © tendénciastaérieas que masravom = porcurse las discusses feministas nos tims 40 anos, cobrindo desde o8 anos 1970 alé a primeira décade do seculo vine tum. Organizados para esta. publicagio em sequvaca ‘ronolégica, 08 textos foram escolhidos para, tadugio « reunidos por tratarem de questdes centrais para os ‘states faminitas, de geneey © quent, que aameecerann ‘mais fortemente em cada’ déada, aleangando 0 nosso hemisiéro. Nossofoco volta-se, agora, para a explicitagao ‘de sua organizacio temporal? Nesta Antologa,trsamos um mapa necessariamente sucinto, pond bastante representative, da topograia de mais de quatro décadas da critica feminista publicada ‘em inglés, francs espanol. A partir dos ensaios aqui ‘selecionados ¢ traduzidos, delineamos 35 rotas cruzadas, frequentemente nio lineares, dos debates feminists que, ‘80 mesmo tempo em que apontavam eaminhos novos, também remetiam aqueles j trafegedos, lembrando- nos constantemente de que “estamos aqui porque elas ctiveram a" 1ANOS 1970: ROTAS DE ENTRADA A escotha das rotas de entrada para trilharmos algumas das vertentes feminists que marcaram a década de 1970 passa, necessariamente, pelos movimentos e rmilitinciaa poiticas dos fervilantes anos 1960, também marcados por produgies artistas e académicas que fortemente conéribuiram para o surgimento da onda utéplco-feminista conhecida de modo mals geral como Ge feinismo ccdenta, origina do "Nor Glopat € majortantamente anglofona e ancora. Ecoando pensadoras que vim contestando o que se tornaria uma das narrativas mestras do feminismo, entendemos 05 petigos de optarmos por esta via como sendo a histria ~ em vez de uma das histrias ~ dos tantos(e diferentes) feminismosque pontuamanossa experiencia nessasiltimas «4écadas.Porisso,optamos pela perspectivainformada pelo "SEH etait | 21 a ‘Pensamento de Donna Haravay (1991), prenunciado por ‘Adrienne Rich (1986), em relagao as politica de localizagio. 120s conhecimentos stuados para construirmos a presente versio. Apresentamos uma amostra do que esse perodo nos proporciona em se tratando da eonsolidago de um corpus txiticofeminista,eujo tereno ja vinha sendo preparada desde © década anterior. A prépria Rich, no ensaio ‘raduzido para esa coletine,originalmente pubicado ext 1971, saientaaimportincia da década anterior em diego 208 feminismos dessa época (lps regan pete pie yaks KGminstassngaktar por eaitrs © etree bom feminising em "ume eens leando. cca eras nese conento de eervescincin ction qu aconece 2 formagio as. penaadoras feminists cies ensios esovinie™ Cinta Schwantes & Eliane Campello explicitam a tose de Gilbert de Gubar da seguinte forma: “a escrta de mulheres aconteceri sem as bens do status qu iterdnio, iso vai gerat um sentimento de inseguranga, de fata de futoconfanga que torn a escrita de mulheres ‘infectada™”. seen ican tcl nen uma subcaltura iterdria de autoria feminina caracterizada pelo mal-starqye “infectaa sentenga”; pola busca por uma ‘enealogia nas letras; dntre outros tragos que evidenciam 2 ansiedade de autora), mum movimento de leltura lurpreendentemente minucooo,evidentemente gondrado, ‘uidadossmente construido, que resulta na consolidagio de uma vertente marcante da critica Iteriia feminista denominada “ginocritca”* ‘Além do exposto acima, um olhar em retrospectiva, direconado sos modos de letura empreendidos pelas pensadoras dos anos 70, ¢ também revelador de algune “pontos cegos. Sob o ponto de vista da eritca feminists, dos Estudos de Gtnero e queer contemporineos, de viés pésestruturalsta, © mais problematico dente eles & que [sidelas sobre as mulheresmoldadas por este corpus etco refletem, de modo geral, uma atitude totalizante,centrada ‘numa perspectiva universalista, abstrata, srhstérica (fa mulher) e etita (com enfoque na mulher branca, heterossexual, de classe média e situada no hemisfério norte). Nessa linha de pensamento,salientese a limitada “"wadigio” inicialmente delineads por Gilbert & Gubar; a i mencionada abordagem antropoldgica universalizante e Ortner; a mancira homogénea pela qual Rich, Cixous rebowei dl acniras nana cins taboo ease ‘SoH: Pent eten tc on | 31 ¢ Mulvey conccbem 0 acesso das mulheres 20s csigoo Simbios e pritica cultura. Esse ator, contudo, fio stevens atte ques ees dn epoct casos one ‘epreseniada no eto eleconadoe~ props Daren de altemativas ao contexto social disp vvido puso amulheres de eno; ou, nas palavras de Mulvey, Ques “am ruptra por meio do exame do petals oat ‘> propos instrumenton gue ele forece”® Dentro lee lates desta breve epresentagio,apontamosacima forsee elas quis as dela concitos,eumentoseabordagane ‘iad por Rich, Ortner, Cx, Mulvey e ler Cobos ‘im gerando reagdese desdobrainentos tendo mabicotne « redlizadas pela crea posterior Deter tone aque prc cris feminist ds anes 70 tem, tambon, uma fangio especial: a de car uma heterotopia feminists dereiténcia ao unir-meamocm vss prcesecalotee sis ~corpose voaee rim rora harmonicamcete marie gun 00 tinpo cm gue lon oe aan contornes scious em qu eto insrdos sortons coma madange TI-ANOS 1980: DA CRITICA A AUTOCRITICA ‘A década de oltenta fo muito rice em termos de Aebates, dentro da critica feminisa p um dos. pontoe. shave desse momento foi o reconfstimento de gener como uma categoria de andlise. eso é 0 que diz Elaine Sawater numa eas pence aitologias pblcadae ses

Você também pode gostar