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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO - UNINOVE

DIRETORIA DE SAÚDE III

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS


Atividade Dissertativa: Avaliação Psicológica no âmbito Jurídico

Ana Carolina dos Santos Coimbra - RA 419110474

Carla Soares dos Santos - RA 419200067

Daniele Oliveira Bitencourt - RA 419202070

Francisco Barros da Silva Júnior - RA 419205387

Isabela Antunes Antero - RA 419116598

Lucas Andrade da Silva - RA 419205263

Nádia Santos de Brito - RA 419108413

São Paulo
2023
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO ÂMBITO JURÍDICO
A concepção da avaliação psicológica ainda é recente para os padrões institucionais
judiciários, tendo em vista que a psicologia e o direito se coadunam entre si nos meados do
século XX com o fomento da psicologia jurídica. Moura & Costa (2015, p. 2 apud SELOSSE
et al, 1990) definem que houve uma proximidade das duas áreas quando surgiu a necessidade
na psicopatologia de produzir diagnósticos. Conforme França (2004, p. 73-77) apura, a
ligação entre a psicologia e o direito existe de uma forma complementar uma com a outra.
Compreende-se também que apesar de terminologias diferentes, psicologias forenses e
jurídicas resultam numa significância semelhante, apenas se contrapondo linguisticamente.

Torna-se, portanto, uma necessidade de investigar nessa intersecção entre psicologia e


direito, a forma como é realizado o processo de avaliação psicológica no âmbito jurídico.
Entende-se que o psicólogo que é requisitado a construir uma análise tende a conjecturar seu
posicionamento em forma de diagnóstico quando há um fenômeno a ser estudado.
Pressuposto a tal colocação, o terapeuta trabalha em cima de uma avaliação psicológica
quando esse fenômeno envolve desequilíbrio emocional e/ou desajustes social. (AVOGLIA,
2012, p. 181-182)

Moura & Costa (2015, p. 4 apud SILVA, 2003) dissertam sobre essa conjunção, pois
segundo os autores, “a psicologia jurídica e a avaliação psicológica têm caminhado juntas, se
aperfeiçoando ao longo do tempo para acompanhar as demandas da justiça.” [...] Eles também
estabelecem que a avaliação psicológica se baseie numa necessidade institucional do
judiciário, ao quais os autores dissertam a seguir:

[...] Na necessidade da justiça de atestar a veracidade de um testemunho, de avaliar a


capacidade psicológica de familiares em casos de disputa de guarda, com o objetivo
de precisar se o indivíduo tem ou não algum distúrbio que o incapacite de se
responsabilizar pelo ato que cometeu. (MOURA & COSTA, 2015, p. 4 apud
SILVA, 2003)

Rovinski (2004, p. 21-22) diz que “o processo da avaliação psicológica no marco legal
não difere, de forma substancial, quanto às técnicas utilizadas, daquele que caracteriza o
trabalho do psicólogo na clínica”, mas que se diferencia por justamente estar condicionado à
situação judiciária. O resultado final da avaliação, segundo este, é a de “que o agente jurídico,
ao solicitar a avaliação, pergunta sobre determinada capacidade da pessoa, prevista pelas
normas legais, para responder a demandas específicas relacionadas a situações da vida real,
como manter os cuidados com o filho, responder por atos da vida civil ou desenvolver
atividades laborativas remuneradas.”.

[...] a avaliação psicológica leva em consideração a visão global do indivíduo, a


integração de informações obtidas por meio dos testes ou dos procedimentos
clínicos, das entrevistas, o compromisso do profissional, a atenção para aspectos
saudáveis do paciente, entre outros. (AVOGLIA, 2012, p. 183)

Rovinski (2004, p. 23-24) aponta dentro do que se convencionou chamar de avaliação


forense, informações essenciais dentro do método aplicado em uma avaliação psicológica:

Busca na exatidão das informações, fornecidas pelo periciado ou por terceiros;

Utilização de testes convencionais na aplicação para filtragem dos dados levantados;

A entrevista, assim como o papel do examinador, deve ser realizada com maior ênfase;

Menor leque de possibilidades e hipóteses levantadas mediante o tempo existente no


contexto pericial ser menor e menos abrangente, em comparação com contexto clínico.
Fundamentos da Perícia Psicológica Forense. (ROVINSKI, 2004, página 24)

Conforme aponta LAGO et al. (2009), o psicólogo tem a possibilidade de


desempenhar o papel de mediador em situações em que as partes envolvidas expressem
interesse em buscar um acordo. Em casos nos quais o juiz não julgue a mediação como viável,
pode-se solicitar ao psicólogo a avaliação de uma das partes ou do casal. Processos de
separação e divórcio envolvem questões como a divisão de bens, a definição da guarda dos
filhos, a estipulação de pensão alimentícia e os direitos relativos à visitação.

Um dos principais domínios nos quais a avaliação psicológica se destaca é na seleção


de candidatos à adoção. Nesse cenário, os psicólogos trabalham em estreita colaboração com
os Juizados da Infância e Juventude para garantir que futuros pais possuam as condições
emocionais e familiares necessárias. O estudo psicossocial desempenha um papel
preponderante, assegurando que os postulantes não apenas atendam a requisitos legais, mas
também estejam preparados para proporcionar um ambiente saudável para a criança adotada.

A primeira tarefa de uma equipe de adoção é garantir que os candidatos estejam


dentro dos limites das disposições legais e a segunda é iniciar um programa de
trabalho com os postulantes aceitos, elaborado especialmente para assessorar,
informar e avaliar os interessados, e não apenas "selecionar" os mais aptos
(WEBER, 1997 apud LAGO et al, 2009)

Na esfera penal, a avaliação psicológica é empregada na averiguação de


periculosidade e sanidade mental das partes envolvidas em litígios. Em ambientes como o
sistema prisional e institutos psiquiátricos forenses, o psicólogo desempenha um papel crucial.
A Lei de Execução Penal trouxe mudanças significativas, mas os profissionais enfrentam
desafios, como superpopulações e a necessidade de avaliações técnicas em condições muitas
vezes adversas O psicólogo pode ser requisitado para desempenhar o papel de perito na
investigação da periculosidade, avaliação das condições de discernimento ou da sanidade
mental das partes envolvidas em litígio ou sujeitas a julgamento. (ARANTES, 2004, apud
LAGO et al, 2009)

Existem seis (seis) características que compõem as competências legais levadas em


consideração para a avaliação e análise psicológica do indivíduo; dentre elas, estão o aspecto
funcional que explicita a habilidade funcional e os traços da personalidade; a característica
contextual que se refere ao meio em que o indivíduo vive de forma externa; as inferências
causais que se tem a função de explicar a habilidade funcional ou a falta dela, onde há duas
questões a discutir a possibilidade de mudança da habilidade funcional e o controle que o
indivíduo teria sobre essa falta de habilidade; e a interação pessoa/contexto é o nível da
habilidade pessoal para atender as demandas específicas de determinada situação ao qual o
indivíduo se encontrar, e se diferencia do contextual por ser uma situação diferente do que o
indivíduo está acostumado, sendo uma questão em que ele irá se defrontar. (ROVINSKI,
2004)

No fim, a avaliação psicológica, dentro do contexto jurídico/forense, tem o objetivo de


verificar a presença ou falta de debilidade ou insuficiência de competências legais do sujeito,
ou em outras palavras, constatar se o indivíduo tem a capacidade de exercer os direitos legais,
que pode ou não comprometer o bem estar do próprio indivíduo ou a sociedade onde ele
habita. (ROVINSKI, 2004) Tratando-se de um elemento estritamente necessário para o
andamento de processos jurídicos, o qual serve como instrumento avaliativo para as demandas
institucionais e psicológicas.
REFERÊNCIAS

AVOGLIA, Hilda Roda Capelão. (2012) O sentido da Avaliação Psicológica no contexto e


para o contexto: uma questão de direito. — Psicólogo InFormação. Instituto Metodista. São
Paulo. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoinfo/v16n16/v16n16a09.pdf>.
Acesso em 12 nov. 2023.

FRANÇA, Fátima.(2004) Reflexões sobre Psicologia Jurídica e seu panorama no Brasil. —


Psicologia: Teoria e Prática. São Paulo. Volume 6, n° 1. Disponível em:
<http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/ptp/article/view/1200>. Acesso em 12 nov.
2023.

LAGO, Vivian de Medeiros; AMATO, Paloma; TEIXEIRA, Patrícia Alves; ROVINSKI,


Sônia Liane Reichert; BANDEIRA, Denise Ruschel. (2009) – Um breve histórico da
psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Estudos de Psicologia. São Paulo.
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/estpsi/a/NrH5sNNptd4mdxy6sS9yCMM/?lang=pt>.
Acesso em 12 nov. 2023.

MOURA, Gabriela Costa; COSTA, Janine Künzler Nogueira; et al. (2015) Avaliação
Psicológica no Contexto das instituições de Justiça. — UNIT ALAGOAS: Caderno de
Graduação - Ciências Humanas e Sociais. Disponível em:
<https://periodicos.set.edu.br/fitshumanas/article/view/2504>. Acesso em 12 nov. 2023.

MOURA, Gabriela Costa; JACINTO, Helisa Maria Canuto; et al.(2016) Documentos escritos
decorrentes de avaliação psicológica: Considerações sobre o Laudo no âmbito jurídico. —
UNIT ALAGOAS: Caderno de Graduação - Ciências Humanas e Sociais. Disponível em:
<https://periodicos.set.edu.br/fitshumanas/article/view/2598>. Acesso em 12 nov. 2023.

MOURA, Gabriela Costa; JACINTO, Helisa Maria Canuto; et al.(2016) Documentos escritos
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UNIT ALAGOAS: Caderno de Graduação - Ciências Humanas e Sociais. Disponível em:
<https://periodicos.set.edu.br/fitshumanas/article/view/2598>. Acesso em 12 nov. 2023.

ROVINSKI, Sônia Liane Reichert.(2004) Fundamentos da perícia psicológica forense. —


Vetor Editora, São Paulo. Disponível em: <https://encurtador.com.br/disvF>. Acesso em 12
nov. 2023.

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