Você está na página 1de 10

Características gerais do

gênero CONTO

9º ano
2023
DEFINIÇÃO

Contos são narrativas ficcionais breves, apresentando:

1) Um ou poucos personagens;
2) Um ou poucos lugares (espaços);
3) Em geral, um conflito principal.
ELEMENTOS (como na narrativa típica) ESTRUTURA
INTRODUÇÃO
Personagem(ns) Apresentação geral dos principais elementos da
narrativa.
Enredo
DESENVOLVIMENTO
Narrador Surgimento do CONFLITO.
Na direção do CLÍMAX.
Tempo
DESFECHO
Espaço Solução do conflito ou transformação da
situação inicial.
Frases interessantes sobre o conto
“O romance vence por pontos. O conto vence
por nocaute”.

Julio Cortázar

“O romance está para o cinema, assim como


o conto está para a fotografia”

Julio Cortázar

“O conto sempre conta duas histórias”

Ricardo Piglia
O que o autor quer dizer?
“O romance vence por pontos. O conto vence por nocaute”. Julio Cortázar

Sendo uma narrativa longa, formada por um enredo complexo, o romance constrói seus sentidos pouco a
pouco, página a página, capítulo por capítulo, até, ao final, consolidar os sentidos da história. Já o conto,
sendo uma narrativa breve, em geral, cria uma estrutura que, ao final, revela o sentido ou sentidos
predominantes do texto como um nocaute, um golpe final e definitivo. O desfecho, no conto, costuma ser
extremamente revelador, mesmo que deixe dúvidas para o leitor. É uma questão de trazer um maior
impacto no desfecho!
O que o autor quer dizer?
“O romance está para o cinema, assim como o conto
está para a fotografia”
Julio Cortázar

O cinema, baseado no filme de celulose, é uma


sequência de fotografias em movimento. Essa longa
sequência conta uma história cheia de detalhes,
“recheios” que criam o ambiente, os personagens e as
ações. Por isso, o cinema é uma metáfora do romance.

Já a fotografia seria como uma única foto, capturada


no “instante decisivo”, em que algo especial é
transmitido com força. Uma boa foto traz poucos
elementos e várias possibilidades de sentido.
O que o autor quer dizer?
“O conto sempre conta duas histórias”

Ricardo Piglia

A “primeira história” surge da leitura mais geral e direta do


enredo. É a simples descrição da história. Exemplo: Uma
garota pobre, do interior, alcança o estrelato na cidade grande.

A “segunda história” traz os sentidos mais profundos surgidos


da forma com que a história é contada. Revela os valores e
ideias por trás da primeira. Exemplo: A beleza de alguém que
atinge seus objetivos mantendo a humildade e suas raízes.
Dicas para a escrita do conto

1. O conflito não deve demorar muito para aparecer


De certa forma, personagens de contos agem na direção de seu conflito e clímax. Por isso, muitos contos
costumam trazer o conflito já nas primeiras linhas ou nos primeiros parágrafos. Não se estenda demais na
introdução, até que algo desestabilizador seja apresentado.

2. O desfecho possui impacto, mesmo que não revele necessariamente tudo


O final do conto deve contribuir para fortalecer os efeitos daquela história. A maneira de finalizar
deve buscar deixar o leitor em um estado afetado, que percebeu, sentiu e/ou entendeu a força
daquela história. Não termine de qualquer maneira. Pense no que você quer fazer o seu leitor sentir
ao final da história. Além disso, o desfecho de um conto pode revelar tudo o que estava nublado, ou
não, pode deixar sua uma abertura para o leitor seguir refletindo.
Dicas para a escrita do conto
3. Personagem plano/ personagem esférico

Um personagem plano é como uma “moeda” ou uma “pizza”. Ele é chapado, possui uma face muito clara, o que leva à ideia de
estereótipo. Trata-se do bandido mau, do padre muito generoso, da mãe sempre amorosa, e assim por diante. Esses
personagens podem existir em várias narrativas, desde que o estereótipo contribua para a história. Lembre-se, porém, que na
vida real as pessoas não são assim. São “esféricas”, complexas, apresentam vários lados, visões, contradições, conflitos,
confusões, dúvidas. Sempre que achar necessário, crie profundidades nos seus personagens. Personagens esféricos são
atraentes, imprevisíveis e interessantes para o leitor.

4. Narrador plano/ narrador esférico

No caso do narrador, ocorre algo parecido. Independentemente de ele ser em 1ª ou 3ª pessoa, observador, testemunha ou
onisciente, você pode narrar a história pensando em algumas possibilidades. Exemplo 1: Um homem idoso entra em uma loja
de gravatas. Sai da loja com um pacote na mão. Dirige-se a um prédio. Lá, entrega o presente a seu filho. Exemplo 2: A cena
que vi chegou a me comover, por isso, quero dividir com você. Era um homem idoso, bastante calvo, e suas rugas lhe davam
um ar triste e bondoso. Entrou na loja e, após longa análise junto ao vendedor, escolheu uma linda gravata bordô com alguns
pontos azuis. Eu o observava de longe, com certa alegria incontida.” Percebe como a personalidade e a visão de mundo do
narrador podem estar presentes ou não? O narrador não deve ser “robótico”, sem alma. Ou seja, um narrador esférico pode
ser um importante aliado do autor para contar sua história.
Dicas para a escrita do conto

5. Descrições e efeito do real


Pense um pouco na diferença de ir a uma peça de de teatro e de ler um livro em seu
quarto. A peça tende a te envolver com mais facilidade, pois, além da encenação
dos atores, há um cenário, luzes, figurino, todo um ambiente exposto. Na história
escrita, para se aproximar desse efeito, você tem que criar descrições de lugares, de
personagens, de interações. É como “desenhar com palavras”, para jogar o leitor
naquela “cena”.

6. Contos não têm moral explícita


Contos não são como fábulas, que dão uma moral clara ao final da história. Contos
não “entregam” a história assim “mastigada”. Até porque a história pode possibilitar
vários sentidos no leitor. Por isso, não apresente uma moral da história, nem de
forma explícita, nem de forma implícita pela voz do narrador ou de algum
personagem. Lembre-se da diferença entre CONTAR uma história e EXPLICAR uma
história. Contos contam e, se explicam algo, é com muita estratégia.

Você também pode gostar