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pe ee SNC O NERC NEUE Se NERC LONCR MLSE LTOnnS Resumo: Esse ensio éreverberagto do cootta com ingens resizes por eianyas pequese em stages escolares se devolve em estes que bscam presezar estas images compo pleaia pre fazer emerpir otros modos de expeineatar 0 espaco. Nes catelies da descrcio desas “imagens Intaes"e do modo dla ire a extra par das mos das clanyas em sia experimentayes nO Ingar-ertio~ rota perzunas Sobre qual sia nosso modo de habit a cidade que cade? ~ se tivssemoso habia de fla ever em estos smcantes he des lmagets. Atavesa 9 txt Oa ‘spun, na pertusta eum ovo possve. posi una vez que uaa de besus fons pried de Inia «cidade & aavts das imagens que las Yemen © acs prediges tlvez uma taza de ‘etomantos pre de nous ipso cian do vier ubano sea mmc a cidade tas de gens ‘inde 4 somelianga das imagens cradas por crangas pequenas em caches « esol de edcasto {afl quando Ie so elreptesclmeras do Slam A portal: ge peasmonos © senoagtesViaat fos babar see quando ar cidadesfosser Sas por corpos ae a Haguager “soda alo st (German Delius)? Um nove poste modo de pesa cidade emurae do cpio com o Fora acionsdo bor ingens derocidea,denificivse, ies realzadae “pr cadt (Fernand Delis), dead fer que a pons desas imagens est, em grande medida, no fto dls seem reso, oq soir da elo criangscimersteniro. Palaveas-cave: gern. Cidade, nfs. Lnguagers, Ferman lin, Abstract: This say i reverberton of he conte with images pero by young ile in school feroment aod developed in wings whic seek t show these ages as potency make ober W395 ‘of experience ia pace emerge Between the line othe description ofthese “nn ges” a bow they ‘coms fo est ftom the ods ofthe cle in thee experimenation nthe place terry ~ questions ie on two! be ow ayo inhibiting the city which cy? ~ ie bad the abit of shooting and ‘ecing in similar ext to those of there shootings. The fx is crossed by abet. a question anda new posible, The bet since one of our pveged ways of inhabiting the it is troop the ages in hich ‘We sec and preci, perhaps one wat eae pat of or create disposition of wba ving st Took a the ey thzoveh images etd inthe ikeness of he one sreated song children ia dn cae cele kinerrens when thy are ven camcorders. The question: wha thousand felings would come ‘ous ifand when cies were ted ty bodies where langage "is ot yet" (Femand Deli? A new possible ay (© think tie city emerges Gum the comet with tke Outside openned by. Shure, Taidenifable, ace images accomplished "for nothing” (Fermand Deligay), it can besaid that thc Pesquisa com criangaséum conta habitar 1 pep infin, inten da pesquisa dos concies os rumdos, do pesqsador Pesgisar com eins eprdita de nageas temo, em cet edi, pro devi. ‘AS clans plas ines os ost fue mas gens nto st scaneras ‘sodas palmar para oogatr, us comm gue pte brace ‘as cera desaparecens como eipamentas veapocem com corpo, (César Donizetti Pete Late) ‘Uma vez que uma de nossas formas privilegiadas de babitar a cidade & através das imagens que delas vemos e nelas produzimos, talvez uma maneira de retomarmos parte de nossa disposigio criativa do viver urbano seja mirarmos a cidade através de “imagens infantes”, ou seja, criadas a semelhanga das imagens prodizidas por criangas pequenas em ereches ¢ escolas de edueagio infantil quando Ihes so entregues edmeras de filma’ [uscando tragar alguns apontamentos em torno da possbilidade explictada no parigrafo anterior, a seguir trago algumas reflexdes a partir dessas “pequenas Flmagens” ¢ as relagdes com 0 espago que delas emergem, realizando algunas aproximagBes entre essas imagens feitas por criangas pequenas € a “auséncia de Tinguagen” como poténcia criadora de desvios em nossas miradas e em nossos mods de habitar que poderiam promover a experiéncia da infincia da cidade: uma cidade ainda a descobrit, A exemplo do que afirma Fernand Deligny (2009; 2015) sobre a linguagem reduzir a possibilidade de encontro entre as pessoas e 0 espaco, pois sigifica-o antes que © experimentemos, 0 mesmo poderia ser dito sobre nossa experiéneia com as Teli i ie a a ee © loco de imagens acima nos coloca diante de frames de das filmagens feitas por erianges de cerca de um ano de idade. Cada uma delas tem mais ou menos cinco ‘mimutos de duragio ¢ nelas amas criangas caminbam com a cimera-celular pelo parse de uma escola de edueagio infantil. Nestas imagens podemos notar a auséncia da frontalidade da filmagem a indicar que a cimera nio esti dirigida para onde os olhos ‘miram; a cfmera nio “olla” para a frente, mas sim para baixo ou para cima, ou para bbaixo e para cima e para qualquer lado para onde virar a mio que a segura enquanto 0 corpo segue o rumno tragado pelos olbes e pés, ssa indo ao encontro ds colegas, sea correndo atris de uma galinha. Nio havendo mais alto e baixo, em cima ou embaixo, frente atris, horizontal e verte muitas vezes o chit est na parte de cima da tela, no “eto” da imagem, Nao hi equivaléncia entre o que os olhos olharam ¢ o que a cdmera sgravou, mas a0 mesmo tempo hi, mas apenas de relance, apenas “as vezes”. Talvez ppossamos pensar que essas fllmagens nos coloquem diante de uma paradoxal intencionalidade sem intengio, ‘As imagens que emergem dai so muito distintas das que vemos aas Filmagens feitas pelos prafessores da mesma escola: frontais ¢ estiveis, as imagens feitas pelos ‘Ao contririo disso, nas “pequenas filmagens” as opacidades sio muitas, devido As oscilagSes das e nas imagens, aos seguidos desfocamentos, a velocidade em que claro « eseuro se allernam, aos enquadramentos que “cortam” corpos ¢ “inclinam” espagos, ‘40s escurecimentos inesperados de dedos que enttam na frente da elimera outras caracterstcas destas imagens que reduzem o olbar que busca a informasio (cepresentacional) a mero resquicio. Aos poucos desiste-se de seguir o rumo do “o que & aquilo ai?” ou do reconhecimento de “um menino com meleca, uma menina sorridente, ‘uma blusa azul, uma sapato ov um cho com florezinhas, uma rvore frondosa..” © leixa-se evar por aquelas imagens que nos expdiem a “Sensagdes téteis” com aquele lugar, as quaisraramente duram muito numa eonexto comprensivel com algo visto. © aque temos dian de nbs parecem ser soment os eitos na cera e nas imagens de um corpo que mexe muito, mexe para nad, apenas para mene, para estar no mundo com 0 ‘mundo, com aquilo que, do mundo afetao corp... que mexe Estas pequenss filmagens atvam como “imagens infantes™, Elasparecem sim se (20s) conectar com “algo” sensivel entre oho e cérebr, sensagbese ideas mista, sensages, dizamos, crus, violent, proximas daquelas que Francis Bacon busceva proxizir nas suas pinturas: “violéncia das sugestdes dentro da propria imagem” (BACON apud SYLVESTER, 2007, p82) de modo a “remeter 0 espectador a vida com ais violencia” (ibidem, p.17), vioKéncia aqui entendida como aquilo que Forgaa vida a Varia, a ter mais intensidade quando forga o pensamento a pensar. Viola, portant, das sensagBes que emergem das imagens, as quais ndo nos do informagBes sobre algo, ‘mas sim exigem pensamento em nossos corpos sacudidos pelo indiscemivel que se apresenta diante de nés, nests filmagens que exigem atengio e cuidado, Diante das imagens eriadas pelas pequeaas filmagens produzidas por eriangas de creche e escola de educagao infantil na pesquisa “O que pode a imagem? Experigncias Jmageticas com criangas e professores"?, eoordenada por César Donizeti Pereira Leite, Pttaro’,partcipantes do Programa “Cinema ¢ Educaco: a experigncia do cinema na ceducagio bisica municipal", da Secretaria Municipal de Educaglo de Ci somos expostos a uma experigncia inusitada de relagio com as imagens audiovisusis, fazendo, confome apontando nos parigrafos logo acima, com que se transformem ‘nossos hbitos em relago a este universo cultural ao qual tudo parevia remeter somente para os olhos (e ouvidos): lentes, luzes,telas planas, focos, Estas imagens, eriadas plas eriangus em salas de aula e parques de escolas de ceducaglo infantil, ransformam ~ transtornam ~ também esses espagos escolares em jatdins seretos a serem explorados em seus pereusos, cores, amplitudes e petsonazens. De repente, agueles espagos se fazem outros, Os jardins onde as ctiangas estio a cexplorar novas sensagies no preexistiam as emeras, mas se fizeram sensiveis ao ser clisponibilizada as eriangas uma nova forma de experimentar © mundo a sua volta: a insergdo das clmeras numa creche altera tado o espaco, uma ver que cria uma nova rede de relagbes e negociagies que antes nio havia, ampliando as inteasidades da vida ali vivida, tomando esse espago algo mais vivido e aberto a devires imprevistos, radicalizando 0 coneeito de espago como eventualidade e © concsito de hugar como ccopresenga de heterogénens, eonforme Doreen Massey (2008), Para essa gedgra, o espago nio & uma superficie na qual se ispem as coisas © agem as pessoas. Nio € algo fecbado, mensurivel, representivel em mapas, plantas arquitetdnioa, folografiase filmes. Em sua conceituagdo, 0 espago se configura a cada momento, é uma eventualidade produzida nas e pelas relacdes (negociagdes) entre as trajetrias humanas e inumanas que co-habitam simultaneamente um determinad lugar, neste caso uma escola, Sendo elas heterogéneas, miltiplas © alo coerentes, essas trajetrias amanas e inumanas levam a dimensio espacial a ser sempre aberta,alterada pela entrada em eena de qualquer nova rolago ou tajetria que nele se faga copresente as demais, favendo-as oscilar em busca de novas negociagies, novas forgas, novos ‘uma miriade de opacidades ¢ inintelisibilidades que certamente esgotario aqueles que {entarem encontrar ali algo a dizer sobre o lugar como coisa reconbecivel nes imagens. Para suportar © que estas imagens (nos) exigem é preciso nossa entrega a elas, s sensagdes ¢ impossibilidades que elas nos fazem experimentar. Talvez possamos dizer ue clas nos colocam diante da distingio deleuzeana entre cansado © esgotado, entre ceansago ¢ esgotamento. ‘esgotao & mito mit que o cama, [| 0 cana nto diapse mais de ‘qalger possiiidade (beta) ~ no pode, pour, relic a minina Possible (objetva, Mas esta pemanece, poraue cas eliza wt 0 Dossivl ele € a mesmo cid & medida qe & realizado. O cans apenas ‘zou a realizaio, eng 0 espoiad esol todo opossvel 0 cansido ‘no pode mais eliza. mas © esgotado no pote uss possibilitat, Nao ht tis pssvel: am espinsisnn cbinads. Ele eotria © posivel porate ‘sth ota o ear esgoado pore ent 0 pssive? Ele se engi 20 ‘xgoter 0 porsivel.«inversamente, Legis que mio 2 reais po pve. [Mie 2 relzagio do possivel procede spre por exlusio, pois ea rupde prferencias © obsivoe que variam sempre subitindo of Precedees Sip cust varias, ene sbttuger fodas esas nes ‘relent [..] pe sam cinsanda, Bem éiferente ¢ 0 exgoamento ‘comin conn dae varsets dem stig, com a rons de Femmcar a quaker orem de peferencia ea qualquer ojetv, quale Siaiiaydo (Deleuze, 2010p 67-8). (© que extrairmos das “pequenss filmagens” for 9 enas_cansage, as deixaremos de lado como “algo sem sentido ou sproveitamento no mundo”; as pagaremos de nossas cémeras, assim como jt izemos com todas as fotos e filmes gue ssiram desfocados, borrados ou desenquadmades daquilo que queriamos enquadrar. Mas se insistimos nelas, passaremos do cansago (em procurar as coisas visiveis ou os seatios ji previsos e possves) para o esgotamento,experimentando com elas outas possibilidades de encontro com aquele luge, com aquelas criangas, com aqulas imagens. justo nesse processo de experimenlagio aberta dest imagens aquilo que nelas ainda no tem significagéo, nem preferéncia, nem objetivo que outros possiveis — filmado (representado por clas), nem mesmo as criangas como parte deste lugar. Tudo foscila ¢ encontra-se fora de sentido; nosso encontro com es os infantes” ut livre de sentidos prévios uma ver que estes passam a it uns contra os outros, uma ve {que no mais se sustentam, pois perderam seus amparos nos enguadramentos, focos & identiticagBes habituais. Mas © que emerge deste ca0s? Que novas ¢ insuspeitadas potéacias vibram no caos das filmagens feitas por criangas pequenss? Ensaio nesse texto, mais nas entrelinhas que nas linhas, uma poténcia que vislumbre nelas ‘A eotrada das cimerss numa escola infantil opera o aparecimento de insuspeitados devires nos corpos ali presentes forgando um novo espago a emergir ali As 4s, como nova trajetiria presente naquele lugar, reconfiguram toda a constelagio de trajetrias ali existent, inclusive as imagens, uma vez que ao deslocar as, ccimeras procutores de imagens do poder docente para a experimentagio discente, do corpo adulto (cheio das buseas por signifiar antes mesmo de enguadrar ou focar uma cena, um ugar) para os corpos infantis, que antes brincam com as edmeras ao invés de buscar dizer algo (significar) com as imagens que elas produzem, as imagens que surgem certamente serio outras. Elas ado mas estardo tentando mostrar aquele lugar, como se a ele fossem, inclusive, externas, mas antes estario nele,constittindo-o como algo em devir, aetado pelas priprias coisas que o consttuem, sendo as imagens uma elas. ‘As imagens criadas pelas pequenas filmagens produzidas por criangas de creche e pré-escola nos foram a tocar naquilo que sio, a mover nosso corpo para podermos “vé-las", Mais que ver, todo 0 corpo do espectador & acionade nas sensagies ‘que elas provocam, srrastando nossos compos pars fora da condicio de espectadores ‘Uma grande parte das imagens que vemos esti na “altura do umbigo” ¢ filma o mundo a partir dessa “posigo em relagio ao corpo” da crianga, a qual parece sempre segurar a cimera com a8 dias mios a frente de sua barriga®, Tanto miradae fonts, «quanto mergullos ao cio ou miradas para cims indicam essa posigio privilegiada de filmagem; fequentemente vemos os pés e a5 cabegas dos filmadores, bem como boarigas e brayos dos colegas de turma que estio sendo flmados. Do ello para 0 uumbige, da cabega-topo para © abdome-meio, io temos mais © olho que mira a distincia, masa barrga que toca as proximidades. ito provavel qu essa pasgio de filmagem soja tibutria dos professors pesquisadores darem as cimeras as rings nessa posigdo: como do a elas qualguer outro objeto a ser seguro por suas méozinhas. Entio, elas seguram a cémers, aquele objeto novo para seu tato, com as duas mis e os bragos flexionados, © que permite tanto maior seguranga ao ato de segurar, quanto maior mobilidade para mexer na mera, neste objeto-méquina que muito provavelmente ndo & tomado pelas eriangas como um instrumento de focalizagao-produgo de imagens, mas como um novo brinquedo a ser explorado, Se tenho razzio em minha suposigio de que esta posigio de filmagem é tributiria os cuidados e dretrizes docentes, ests iltimos estio educando © corpo dessas criangas a lidarem com a cimera desta forma, configurando um corpo-cimera a partir da posigio de estar de pé, com os dois bragos Hlexionados para garantir maior seguranga € fexibilidade no uso e experimentagio do novo objeto-brinquedo que passou a compor © espago da sala ‘A relagdo (negociagio) das eriangas parece ndo se dar priortariamente com as Jmagens, mas com o objeto-cimerae isto feta de maneira muito intensa as imagens (& ‘-espago) que se desdobram dessa relago. ‘A cimera é um objeto de metal, material praticamente ausente do cotidiano das presenga de formas ¢ texturas de Iie algodo nos passam), Além do fiio metal, outras coisas chamam provavelmente a atengo das ertangas tas cimeras-celulares, como botdes, teas, movimentos, fazendo das cimeras abjetos ‘novos profuundamente instgantes que foam fodas as atenges das eriangas. Elas devern ter se dedicado a tati-las de mil manciras, com apertos,alisamentos, aproximayies © istanciamentos, acionando mits, boca, brag, olhos, nariz, pers, barriga, além de todo ¢ qualquer objeto ou corpo presente no lugar que pudesse eonoctar-se (relacionar- se) com aquela nova tajetiria-cimera que se fez ali presente: bringuedos, walhas, cchupetas, roupas, paredes,chio... ‘A produgdo de imagens com as cimeras era algo a mais, algo até mesmo clstante de seus interesses primeiros, pois para produzir imagens as_criangas pressentiam, talvez, que tivessem de se dstanciar daquele contato inteiro (intenso) com © objeto-cémera, aberto a muitos possiveis, para se dedicar a uma tnica fungi dele ‘peta ali: produzi imagens. ‘Ao no vincular sua relagfo com a cémera com o ato de filma, a crianga nfo toma a cimera como algo que observa de fora aquilo que filma. Por isso, segurar a mera nio forga © corpo-crianga a se distanciar para filmar, mas so imiscui “entre” corpos € coisas, talver porque corpo-coisa ~ corpocimera, na feliz expressio de Leite 2015; 2018) ~ seja a condigio desse eorpo-erianes-que-filma. Filma? Sim e nio. Sim porque captura imagens e sons. Nio porque essas imagens ¢ sons sio as sobras do acoplamento corpo-cdmera, pois nao era seu objetivo, intencionalidade on finalidade, ainda que sejaafinalidade do projeto de pesquisa, adulto.. portanto. [Na negaglo das eriangas a reduzir suas experimentagdes inteitas-corporais com as cimeras, produzir imagens era algo ocasional, inserindo ai, com grande forga, © leatri, Em outras patavras, a poténcia dessas imagens esti, em grande medida, no fato delas serem restos, 0 que sobra da relago crianga-cémera ou da relagio crianga- Por tudo o que foi apontado, podemos afitmar com tranquilidade que as imagens produzidas nessasfilmagens escapam das estéticas habituais das imagens audiovisusis, fazendo a estétiea cinematogrifica (ou videogrifica) fugir para outras paragens 20 ‘apontar outras potGncias para estas imagens (para além das narativas e informativas & representacionais ¢ documentais e...), fizendo que elas ajam mesmo como um “bosquejo" algo que se esboga ov descreve a tos Iargos. como quem desbasa € ‘rzanza, Sema eganzaco, un mera, deststando-e ao mesmo Tempo fe que desbasa opeusameaio eed un mo. () Bosgurja exo caine primes unces imprecios, ms abseliamenle Deveson que ‘mttedent ou ila o proceso de siglo, as que it esbogo, at ‘agama (GODINHO, 2015, p13). Boscuejar como um ato que cria um diagrams através das imagens © com as imagens que, a0 tragar apenas imprecisdes em seus sentidos, impediriam os clichés” de nos subjetivar imageticamente, uma ver que este diagrama nos forga a lidar com as imagens de uma maneira nio habitual ¢ nada prevsivel. Iso ocorreria, sobretudo, porque essas imagens foram eriadas numa relagio muito estreita com as “deseobertas titeis” das criangas em seu contato mlos-cimera-mundo, levando a “vermos” nelas ‘muito mais o que aio estévisivel visualmente, Nestas imagens somos remetidos para os estos dos corpos que seguravam a cdnmera, bem como temos nossos compos forgados a ‘mexerem-se para tentar ver algo nas imagens, fazendo com que se inaugure ai uma rmancira de “ver” que no opera no lho, mas no corpo todo, afetando os bragos © ppemas, por exemplo, que buscam reproduzir o gesto que teria produzido aquelas Isso se toma ainda mais radial na medida que as proprias imagens nos apontam, conforme apontamos anteriormente, a impossibilidade de relaciona-las @algum objetivo ‘A grande maioria dessas flmagens nos parecem terem sido feitas sem qualquer objetivo ou intensionalidade, nem mesmo a de comunicar algo ou de fazer algo, mas sim de simplesmente agir ali, assumindo esse agir como um gesto aproximado do agir ‘que Femanal Deligny contrapie ao fazer: Fuer @ eo de uma voniade digi a uma finale, por exemple, fazer ‘br, fazer sentido, fazer comuseseo, 20 past que apt 0 seid m0 Daricular que Ihe atibul 0 autor [Delian]. ¢ © eso desiniestao, 0 Inevinento™ mio" represelacioa, sem leteloalidade, que conse ‘ventalmente em eer, tea pina no lint ae emo exrever im ‘mundo ode o alaao da pede ada das Sus no sb menos lee ‘gue o muro dos homes (PELBART, 2013, p21) Conforme aponta Pelbart (2013), Deligny estudava e convivia com autistas ¢ era neles que encontrava esses gestos desintressados, esse agir que no é atravessado por spenbuma final vde ou intencionalidede, E isso se devia, em grande medida, por Deligny considerar que, no mundo dos autistas, “a linguagem ainda nio est (DELIGNY, 2009). Para Deligny esse agir se da dessubjetivado, uma vez que nio se cfetiva pelo querer ou fazer dos sujeitos, mas sim & acionado pelos encontros que se dio no lugarteritério entre os humanos e as coisas-ot materiais que existem em seu cenlomo, Para esse autor isto s6 pode ocorrer quando a linguagem (a significagio; a intencionalidade; 0 eu do “homem-que-somos”*) no se interpOe entre humanos & espace. Faz um bom tempo qu oesparo&cultvad,plaucada «por comseguine © insta efetvamente oe aoiow tanto que pode ser dado como despatcilo ‘ou, = fzeanes questo dele pode set dado como fanasmgieco ~ no ‘omportameuto do hoaen-que-emos (DELIGNY, 2018p. 108). Para Deligny, somente quando a linguagem nio esti & que se abre a Pode-se dizer que as redes se fazem como relagBes espaciais-temitoriais quando ‘0 mundo sensivel onde se habits no & limitado pelo simbélica da linguagem © os corpos agem “para nada”, sem finadade, acionados por agires da espécie,inatos. Seguindo com Deligny, 2 reteragio do gesto inato que emerge do ae nio repetigio, pois 0 agir se transforma sempre que, no Ingar-teritério onde age, 0 corpo ‘mio encontre outro material ou no encontre mais os mesmos materiais de antes em gue © agi se fazia exist. Este autor afirma que “para o humano, a mio & primeira e seus ‘ragos s8o comuns, e comuns & espécie” (DELIGNY, 2015, p.80), indicando, portato, para cada um de n6s que “essa mio no & sua” (idem, p.80), mas “a mao de humano & ‘nada mais, abandonada ou guase, aventurando-se a experimentar © eal” idem, p.248). ‘Uma mio especitica, relativa a espécie humana, reteraiva de gestos que estariam, por assim dizer, fossilizados em nossos corpos ¢ s6 emergem quando a linguagem ¢ sua Signficagio no se interpdem entre nossos compos e os demais materials que compiem. ‘© mundo, que compSem cada lugar-teritéro onde vives. Deligny salienta que sio as mios que agen no teritério com e nos materiais beterogéneos ali disponiveis, fazendo emergir um certo agir (devi?) reiterative, bem ‘como um certo topas do encontro entre corpo-mo e algo nesse terrtorio, quando a Jinguagem (a significagio) nfo se interpde entre nés eo mundo, (© que quero apontar agui é que esse agir (que produziu flmagens) ocorreu sem linguagem (videosritica, -matogrfica ou outra) e sem qualquer intencionalidade de se produzir imagens, propondo pensar que, em certa medida, a condligdo das criangas ‘que estavam filmando era a do modo de ser em rede, uma condigdo de entrega © permissio ao higar-tertirio, [esse sentido, uma vez que as criangas criadoras de filmagens nada entendiam da linguagem audiovisual, sequer sabiam segurar a cimera,estariam numa eondicao proxima dos autistas a0 agirem naquelas condigdes: auséncia de intencionalidade, cequipamentos produtores de imagens estavam esvazindos de (ssa) lingvagem, ficando esprovidos, por assim dizer, da possiblidade de usi-ta com alguma intencionalidade efinida, de assumirem-se como sujeitos de um querer, fazendo com que seus gestos com as eimeras tomasser-se primes ao agir dessubjtivado e a-lingustico proposto por Deligny. (s planos-sequéncias sem costes ¢ sem rumo, com imagens em enquadramentos € focos que oseilam rapidamente, apontam que essas sequéncias de imagens foram acionadas pelas afetagies do lugar-territirio ~ gritos, sons, bills, escuriddes & claridades, adensamentos e vazios, bringuedos, colegas..-,afetagdes daquelas mos & corpos que seguravam cimeres, favendo com que seus gestos encontrassem una crrincia semelhante aquels mapes por Deligny nos percursos ¢ gestos dos autistas Assim como para estes iimos, naquelas condides em que os compos das criangas ‘oram langadas, “o balango da pedea [da cortina]e o ruido das iguas [das buzinas, das gilinbas] ado so menos relevantes que @ murmiirio dos homens [dos colegas)” (DELIGNY, 2009, p86), Que pensamentos e sensagies viriam nos habitar se e quando as eidades fossem filmadas por compos onde a linguagem “ainda nfo esti? Que cidade viria a emergir quando ¢ se as filmagens fossem feitas sem intencionalidades, mas sim como esdobramentos insuspeitados do agir de um compo junto a um material novo ‘encontrado em seu enlomo? EF se esse corpo fosse pensado como consituido por aquilo ‘que nele chega como externalidades do hugar que constituem internalidades desse compo como afetagdes do espago” (MASSEY, 2008)? Um corpo, portanto, miltiplo, pois composto-atravessado pelas afetagies das demsis tajetirias heterogéneas que ‘compoem aquela cidade que ele habita e que passa a ser outra na medida mesma que se Podemos dizer que essa mesma vibragio de novos possiveis atravessa as obras de arte quando as pensamos como criadoras de imagens que acessam o Fora, Esse Fora seria tudo aquilo que esti linguagem (audiovisual) mas que ainda nlo a constitu, no se efetiva nem nas imagens, nem nas falas e sentidos que delas reverberam. © Fora, entio, seria constituido justamente pelos desvios de linguagem, “eternidade que s6 pode ser revelada no devir paisagem que s6 aparece no movimento” (Deleuze, 1997, p.17). 1, dito de outro modo, como jé o fiz em outro ensaio, onde, num didlozo com Deleuze, remeto o Fora para © impesscal.o significa, © cos informe na lingnagem, 3s zmas de Tubulin “onde” o desconhecdo se fz linguapem ex aes Mas teem Pode-se a. ao Fora, ne eacontar lingungem algun eprodzirse mas eos { possibiidade de dizer. pis © For sein 0 “onde” erase em dei “ope” evtos cuore ase nicsmos edo. anndo. conocido, ‘Acesso em: 12 nov. 2018, CARDONETTI, V. 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