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Resumo
1- Introdução
2 Discussão teórica
O aporte teórico que embasa a discussão são os Estudos das Crianças e da Sociologia
da Infância, os quais problematizam as crianças como atores sociais do presente (re)
produtores de culturas e de transformação social do contexto em que vivenciam. O campo de
estudos da Sociologia da Infância compreende as crianças distanciando-se de uma concepção
-
(CORSARO, 2011). Este campo de estudos sinaliza a relevância de construir ações inserindo
as crianças como co-autoras do processo, as quais são capazes de (re) construir, (re) produzir
e (re) interpretar significados e saberes do mundo que os cerca. Sinalizar a potencialidade das
crianças como agentes sociais, traz para a discussão a capacidade que possuem de recriação,
reinvenção e reinterpretação da cultura que os atravessa em seus grupos. Assumindo essa
perspectiva da criança como agente social e a infância como categoria social, prevê talvez a
reificado e essencializado no centro do mundo que pode ser considerado e tratado à parte
Trago os estudos de Sarmento para problematizar com o leitor, a necessidade de
estarmos atentos as crianças do presente. O autor diz que necessitamos compreender as
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reducionista à criança, afirma-se assim a superação das dicotomias as quais reduzem as
infâncias a momentos de ingenuidade e de incompletude. Ao citar Qvortrup em seu texto
Sarmento argumenta que, n
Entendendo as crianças como classe social no que tange um grupo de agentes permanentes,
que produzem seus modos de ser e de estar no espaço da sociedade produzindo suas culturas e
interagindo com os demais grupos.
As culturas produzidas pelas crianças necessitam ser compreendidas como elemento
potencializador, pois anuncia a cultura de um determinado contexto, retrata as representações
da comunidade e o saber local que tangencia os modos de ser, de estar e de pensar de um
grupo social. Neste sentido pensar na produção das culturas das crianças é concebê-las
pertença aos coletivos infantis, com as suas linguagens, códigos, protocolos, lógicas e
1 ou
também cunhado por Corsaro, contribui para as minhas reflexões, pois se configura como
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eende as crianças enquanto agentes sociais ativos, que
interagem e participam de diversos grupos culturais, os quais podem ser constituídos por
outras crianças, bem como por adultos. Esses dois grupos culturais, o dos adultos e o das
crianças, encontram-se interligados, compreendendo a participação ativa das crianças nessas
duas culturas (CORSARO, 2011, p. 40).
Aposto em um novo pensar em relação às infâncias. Partindo primeiramente da idéia
de que as infâncias estão presentes na humanidade e não uma única infância para todas as
crianças. Entendo que algumas rotinas culturais, como por exemplo, as brincadeiras,
perpassam as infâncias, mas estas também são atravessadas por diversos contextos sociais,
econômicos e culturais, os quais contribuem nas características e especificidades das infâncias
de um determinado país Ocidental comparado com um país Oriental, por exemplo.
Diante da pluralidade das infâncias presentes em diversos contextos aliado a
desmistificação de uma visão adultocêntrica da mesma, talvez possamos anunciar um olhar
diferenciado no âmbito dos estudos e da pesquisa com crianças. Nesta perspectiva saliento a
necessidade de repensarmos nossos estudos em relação às infâncias, bem como as pesquisas
que envolvem as crianças no que diz respeito à visibilidade das crianças, a escuta atenta ao
que dizem e fazem e das ações e contribuições sociais que acontecem entre os grupos de
(Prout e James, apud Dahlberg, Pence e Moss, 1990), o qual concentra diversas características
como potencializadoras, entre elas destaca-se que
a infância é uma construção social, elaborada para e pelas crianças, em um conjunto
ativamente negociado de relações sociais. Embora a infância seja um fato biológico,
a maneira como ela é entendida é determinada socialmente (DAHLBERG, MOSS,
PENCE, 2003, p. 71).
Há uma construção social da infância, a qual também é definida pelos símbolos, pela
estrutura social, pela política, pela cultura e pela economia entre outros elementos que (re)
produzimos. Dialogar com esse aporte teórico e compreender as infâncias com construção
anuncia o redirecionamento ao campo de estudos da área de conhecimento o que garante
visibilidade e o empoderamento das crianças e suas culturas.
Cabe destacar que as imagens não falam por si só, neste caso a intenção de utilizá-las
em conjunto com os relatos das crianças, buscou construir um diálogo no campo de estudos
da Infância, e iniciar discussões e apontamentos no âmbito de sinalizações concretas com as
crianças. Salientando a relevância de construir em conjunto com as crianças direcionamentos
metodológicos que enderecem a co-autoria das crianças em ações de extensão e da pesquisas.
Com isso, aposto neste recorte do projeto para eleger a fotografia como ferramenta propulsora
de apontamentos e diálogos com o campo de estudos das Infâncias. Utilizar a fotografia como
uma ferramenta metodológica transcende a mera ilustração de um determinado contexto ou
acontecimento, mas a representação do real, das vivências e das experiências cotidianas das
crianças.
O foco é apresentar essas imagens fotográficas como um elemento potente no
contexto das ações de extensão e da pesquisa, tendo como co-autoria desse processo de
interpretação, os relatos das crianças. Esses relatos aliado as fotografias contam uma história,
trazem as memórias dos espaços e dos lugares que as crianças ocupam e transitam na
comunidade. Considero esta ferramenta um artefato relevante para contar um pouco das
histórias, da cultura pomerana e do saber local dessa comunidade e das infâncias presente.
Compartilho dos argumentos do autor quando diz que
a imagem fotográfica apresenta-se como um testemunho visual e como
representação que requer, pois, uma leitura específica. Como fonte de informação,
recordação e até emoção, a imagem fotográfica associa-se à memória e introduz uma
nova dimensão no conhecimento histórico. O desafio para o historiador que busca
utilizar a fotografia como objeto de estudo reside justamente na interpretação.
Enquanto receptor da imagem, ele não pode desconsiderar os mecanismos
implicados em sua recepção (BENCOSTTA, 2011, p.408).