Você está na página 1de 30

Escola de Minas

URB114 – SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Unidade 6 – Captações superficiais


6.1. Considerações iniciais; Requisitos para o local; Captações
superficiais típicas; Dispositivos típicos

Prof. Dr. Paulo Vieira


paulovieira@ufop.edu.br
Componentes típicos do SAA

Fonte: FUNASA (2015)


(a) Considerações gerais
Captação de água para o abastecimento

Conjunto de estruturas e dispositivos, construídos ou montados junto ao manancial para a


retirada de água destinada ao abastecimento coletivo ou individual

Formas de captação

Fonte: FUNASA (2015)


Formas de captação de acordo
com o tipo do manancial

Fonte: FUNASA (2015)


Captações de águas de superficiais

❑ O sucesso das demais unidades do sistema no que se refere tanto à quantidade


como à qualidade da água a ser disponibilizada aos consumidores ➔ dependerá
da escolha criteriosa e da proteção efetiva do manancial, e também da correta
construção e operação de seus dispositivos de captação

Especial atenção deve ser dedicada às atividades necessárias para:


(i) escolha e proteção do manancial
(ii) local da captação
(iii) elaboração do projeto da captação
(iv) construção e operação das estruturas e dispositivos
ATENÇÃO!
Qualquer tipo de captação deverá atender, em qualidade e quantidade, a demanda
prevista da população futura no horizonte (alcance) do projeto.

Obras de captação superficial devem ser antecedidas da avaliação dos fatores:


❑ Dados hidrológicos da bacia em estudo ou de bacias na mesma região
❑ Nível de água nos períodos de estiagem e enchente
❑ Qualidade da água
❑ Monitoramento da bacia para localização de fontes poluidoras em potencial
❑ Distância do ponto de captação ao ponto de tratamento e distribuição
❑ Desapropriações
❑ Necessidade de elevatória
❑ Fonte de energia e
❑ Facilidade de acesso
(b) Requisitos para o local da
captação
Requisitos para o local da captação
(após a seleção do manancial – aula 4.3)

I. Situar-se em ponto que garanta a vazão demandada pelo sistema e a vazão


residual estabelecida pelo órgão de gestão das águas quer se trate de captação a
fio de água ou com regularização de vazão
II. Situar-se a montante da localidade a que se destina e a montante de outros
focos de poluição importantes ➔ local que garanta água com qualidade
compatível com as tecnologias de tratamento de água técnica e economicamente
possíveis de serem adotadas para o SAA
III. Situar-se em cota altimétrica superior à da localidade a ser abastecida (adução
se faça por gravidade) ➔ desde que a distância e o percurso de adução não
inviabilizem economicamente
IV. Caso a adução por gravidade seja inviável técnica ou economicamente ➔
deve situar-se em local com cota altimétrica que resulte menor desnível geométrico
em relação à localidade e que possibilite as condições apropriadas de
bombeamento e de adução por recalque (menor comprimento, perfil adequado e
condições satisfatórias de acesso)
Requisitos para o local da captação

V. Situar-se em terreno que apresente ➔ condições de acesso, características


geológicas, batimetria, níveis de inundação e condições de arraste e deposição de
sólidos favoráveis ao tipo e porte da captação
VI. Situar-se em trecho reto do curso de água ou, caso não seja possível, em local
próximo à sua margem externa ➔ evitando assim sua implantação em trechos
que favoreçam o acúmulo de sedimentos
VII. Proteção contra ação erosiva da água e dos efeitos prejudiciais ➔ decorrentes
de remanso e da variação de nível do curso de água
VIII. Resultar o mínimo de alterações no curso de água em decorrência da
implantação das estruturas e dispositivos de captação, inclusive no que se refere
à possibilidade de erosão ou de assoreamento
Requisitos para o local da captação

❑ Posicionamento em planta das captações em cursos de água de superfície

Fonte: Heller et al. (2010)


Meandros – Os dois lados do rio sofrem
erosão e depósito de detritos
MANCHAS DE INUNDAÇÃO
Bacia do Paraíba do Sul – Rio Pomba - Cataguases

2 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos 500 anos


Captações superficiais típicas de
abastecimento de água
Principais tipos de captações superficiais

❑ Captação direta ou a fio de água


Aplicada em cursos de água superficial que possuam vazão mínima utilizável superior à vazão
de captação e que apresentem nível de água mínimo suficiente para a adequada submergência
ou posicionamento da tubulação ou outro dispositivo de tomada (caixa de captação)
Principais tipos de captações superficiais
❑ Captação com barragem de regularização de nível de água
▪ Aplica em cursos de água de superfície com vazão mínima utilizável superior à vazão de
captação, porém o nível de água mínimo é insuficiente para a submergência ou posicionamento
adequados da tubulação ou outro dispositivo de tomada
▪ Nível mínimo de água é elevado por meio de uma barragem de pequena altura ➔ conhecida
como soleira, cuja única finalidade é dotar o manancial do nível mínimo necessário à captação

Vertedor de perfil Creager Barragem de nível com parede espessa


Principais tipos de captações superficiais
❑ Captação com reservatório de regularização de vazão
(destinado prioritariamente para o abastecimento público de água)
▪ Quando a vazão mínima utilizável do manancial é inferior à vazão de captação necessária
▪ Barragem dotada de maior altura para acumular de volume de água que possibilite a captação da vazão
necessária em qualquer época do ano hidrológico, além de garantir o fluxo residual de água em quantidade
adequada à manutenção da vida aquática e a outros usos a jusante
▪ Projeto e construção são mais complexos Reservatório Vargem das Flores (Betim)

Reservatórios Serra Azul (Juatuba)


Principais tipos de captações superficiais
❑ Captação com reservatório de regularização de vazão
Sistema Paraopeba: Reservatórios Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores

Reservatório Rio Manso (Brumadinho)


https://www.copasa.com.br/wps/portal/internet/abastecimento-de-agua/nivel-dos-reservatorios
Principais tipos de captações superficiais

❑ Captação em reservatórios ou lagos de usos múltiplos


Aquela que se dá em reservatórios artificiais ou em lagos naturais cujas águas não tenham o
seu uso prioritário relacionado ao abastecimento público de água

Represa de três marias Represa de furnas


Principais tipos de captações superficiais

❑ Captações não convencionais


(utilizam formas alternativas de energia para o deslocamento da água)
▪ São aquelas concebidas para permitir o emprego de equipamentos de elevação ou
recalque de água movidos por energia não convencional como a eólica, a solar ou
as provenientes de transiente hidráulico (golpe de aríete) ou ainda do impulso
proporcionado pelo jato de água (p.ex. carneiro hidráulico e roda d’água)

Roda d’água com bomba de êmbolo (pistão) Carneiro hidráulico

Bomba e painel solar


Dispositivos típicos de captações
superficiais de abastecimento de
água
Composição de uma captação superficial

a. Barragens ou vertedores para manutenção do nível ou para


regularização da vazão
b. Elementos de tomada d’água com dispositivos para impedir a entrada
de materiais flutuantes
c. Dispositivos para controlar a entrada de água
d. Canais ou tubulações de interligação e órgãos acessórios e
e. Poços de sucção e casa de bombas para alojar os conjuntos
elevatórios, quando necessário
Dispositivos típicos de captações superficiais

❑ Tomada de água
Tubulações, válvulas e bombas (submersas) ➔ utilizados em todos os
tipos de captações de superfície

❑ Barragem de nível ou soleira


Obras executadas em um rio ocupando toda a sua largura com a
finalidade de ➔ elevar o nível de água do manancial acima de um
mínimo conveniente e predeterminado

❑ Reservatórios de regularização de vazão


Obras de barramento de curso hídrico para situações em que ➔ a vazão
mínima disponível do manancial for menor do que a vazão de captação
Dispositivos típicos de captações superficiais

❑ Grades e telas
Dispositivos destinados a impedir a passagem de materiais flutuantes e em
suspensão e sólidos grosseiros para as partes subsequentes do sistema ➔
geralmente presente em todos os tipos de captação

❑ Caixas de areia ou desarenador


Dispositivos instalados nas captações destinados a remover as partículas
carregadas pela água com diâmetro acima de um determinado valor ➔
utilizado em cursos d’água que transportam muitos sólidos
Matriz proposta para a seleção e elaboração de dispositivos
de tomadas de água
Capítulo 8 do livro de Abastecimento de água para o consumo humano
(HELLER et al., 2010)

Matriz baseada na ABNT NBR 12213/1992 e experiências práticas


* As orientações assinaladas com asterisco constam da NBR 12213 (ABNT, 1992).
(1) Sólidos sedimentáveis em suspensão maior que 1,0 g/L (ABNT, 1992).
(2) Quanto maior for a quantidade de lama, tanto maior deve ser essa altura livre. Se a captação for com barragem de nível, essa
altura deve ser de no mínimo 0,60 m para fazer face ao depósito de sólidos que naturalmente se forma a montante do barramento.
(3) Para evitar a entrada e choque de material flutuante, a submergência é função do porte e da velocidade da água do
manancial. Em córregos e ribeirões normais, 20 cm costuma ser um valor adequado.
(4) Deve possuir mecanismo para posicionar o dispositivo de tomada (bomba ou tubulação) com a submergência adequada,
conforme previsto neste tópico.
COPASA - Recomendações técnicas
Escolha dos tipos de captações

Tipos de captações superficiais de maior ocorrências


❖ Captação em cursos de água com pequenas vazões e baixa flutuação de nível ➔
captação em tomada direta
❖ Captação com barragem de nível e tomada lateral ➔ comumente adotado em
mananciais de pequena lâmina d’água e com substrato rochoso
❖ Captação flutuante (balsa) ➔ usualmente adotada para lagos ou mananciais com
baixa velocidade de escoamento e/ou em locais com grande variação do NA
❖ Captação através de estrutura lateral com bombeamento direto ➔ usualmente
utilizado para mananciais com baixa flutuação do nível d’água
❖ Captação através de bombeamento direto sem estrutura de sucção ➔ para
mananciais de maior porte e lâmina d’água
❖ Captações em reservatórios de acumulação ➔ normalmente através de torres de
tomada ou balsas
BIBLIOGRAFIAS BÁSICA E COMPLEMENTAR DO PLANO DE ENSINO
❑ HELLER, L.; PÁDUA, V, L. (Organizadores). Abastecimento de água para consumo humano. Vol. 1 e 2. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
❑ TSUTIYA, Milton Tomoyuki. Abastecimento de água. 3. ed. São Paulo: USP, 2006. 659 p.
❑ BRASIL, Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 4. ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2015. Disponível em: <
http://www.funasa.gov.br/biblioteca-eletronica/publicacoes/engenharia-de-saude-publica/-/asset_publisher/ZM23z1KP6s6q/content/manual-de-
saneamento?inheritRedirect=false >
❑ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12211: Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de
água. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
❑ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12213: Captações de águas superficiais. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
❑ COPASA. Volume V – projetos básicos: Tomo I - sistema de abastecimento de água. Diretrizes para elaboração de estudos e projetos
DTE / SPDT / DVPR. Belo Horizonte, 2016.
❑ Ministério da Saúde. Manual de orientação para cadastramento das diversas formas de abastecimento de água para consumo
humano. Ministério da Saúde. Brasília, 2007. Disponível em < http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/manual_orientacao.pdf >
❑ VENANCIO. Notas de aula: Abastecimento de água. UFCG. Goiânia, 2017.

OUTRAS REFERÊNCIAS
❑ Pasta no google drive “URB114 – Sistemas de Abastecimento de Água”
https://drive.google.com/drive/folders/1Pvolmksjq2x9ghi-TYqoKQM64InKJ31e?usp=sharing
SITES E CANAIS DO YOUTUBE
ABES - http://abes-dn.org.br/ - https://www.youtube.com/channel/UC0GbTGoftG_Nk983GDutS2Q
ONDAS - https://ondasbrasil.org/ - https://www.youtube.com/channel/UC4Pcp06l8ROkuCKi448w1OQ
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [contemplados]
https://www.ipea.gov.br/ods/index.html
ODS 3 - Saúde e Bem-estar
Meta 3.3 - Até 2030 acabar, como problema de saúde pública, com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária,
hepatites virais, doenças negligenciadas, doenças transmitidas pela água, arboviroses transmitidas pelo aedes
aegypti e outras doenças transmissíveis.
Meta 3.9 - Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos,
contaminação e poluição do ar e água do solo.

ODS 6 - Água Potável e Saneamento


Meta 6.1 - Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água para consumo humano, segura e acessível
para todas e todos.
Meta 6.4 - Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar
retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir
substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água.
Meta 6.b - Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do
saneamento.

ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis


Meta 11.1 - Até 2030, garantir o acesso de todos a moradia digna, adequada e a preço acessível; aos serviços
básicos e urbanizar os assentamentos precários de acordo com as metas assumidas no Plano Nacional de
Habitação, com especial atenção para grupos em situação de vulnerabilidade.
Meta 11.3 - Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e
gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países.
Escola de Minas

Prof. Dr. Paulo Vieira


Departamento de Engenharia Urbana
paulovieira@ufop.edu.br

Você também pode gostar