Você está na página 1de 15
De TE == | serous pwrties , como a “dominagio pattimonial”. Weber lembra que as “normas, no | ¢ ‘a2 da domninagio burocritica, sio racionalmente criadas, apelam ao senso I a-bs Unidade II ” nln istingio burocritic en- O Pensamento Social Brasileiro e 0 Direito vue a cafera“privada" ea “oficial” Pois também a administragio A-cxpressio Pensamento Social Brasileiro refere-se a uma importante érea ‘cemitica das Ciéncias Sociais no Brasil. Ela compreende uma série de pensa- ddores que refltiram sobre 0 pais de um modo abrangente, num esforgo de explicitar 0 que somos ¢ por que somos assim ¢ no assado, Trata-se, além ‘Crsio que essa tipologia weberiana reveste-e de importincia e atualidade para aqueles que leem as piginas politicas dos nossos periédicos com a sensa- ‘io de que estio lendo a crdnica policial da semana - isto é: todos nés. sociolégica, mas eambém como uma nagio a ser construda, ¢ empenharam 0 seulabor intelectual nessa construgio. Séo autores apaixonantes, mas também Paremos por aqui. Arbitrariamente, reconhego. Porque é evidente, como jf fisei, que a Sociologia nio se encerra com esses autores. Se os “trés por- ‘quinhos” inauguraram as principais tradigées sociol6gicas, outras tradigées continuaram € continuam seu trabalho. Alguns, contemporineos ¢ bastante lidos entre nés, a partir deles. Hi Marx em Bourdieu, como hd Durkheim na (Criminologia Critica, como hé Weber em Niklas Luhmana — mas também ‘em Sérgio Buarque e Raymundo Faoro, autores nacionais, que abordarei na prétima Unidade. Nesta, 0 que procure fi fazer com que o estudante sin= tase A vontade ¢ estimulado a ler o que esses grandes autores disseram sobre © Ditreito, numa linguagem que tenta dessacralizar 0 que nos parecem icones, ‘mas sio pessoas que simplesmente foram além do senso comum e pensa- ram coisas que se incorporaram ao préprio modo moderno de pensar. Afinal, ie da terra; mas wm guarani ipud MOTA, 2004, p. 84). As propostas foram rejeitadas, De toda forma, sua aprovagio nio teria tido enhum efeito, pois em novembro daquele mesmo ano D. Pedro I dissolveu Ieiros, “a ideia de que ideias complexa exigem linguagem complexaé falsa"™*, 15, Aponte a celia de indo Brave do Inpro do Br Repro & Able SAthnnchnn tiie 200i aco TRI Gel Conse Lge de Impride Bri respcivasment(MOTA, 2004 p. 8) 0. ww ew ever er OGIO Scanned with CamScanner Lieralmente um século: 1933 - ano da publicagho de Cua grandee creed Gite Eee, covederdo um mace nei campo, Depot dee O livro de Gilbersonreyrepebretudo, (01 liceralmente um divisor de | ‘gust, por ter idotado-uim parsdigma difrenciando rapa de culurare ae duzida especialmen pela chamada “escola sociolégica" da USP, foremente ., Scanned with CamScanner | nigueista onde, de um lado, estio “eles” ( cosmendieAntes de abordi-os, entretanto, cabe aqui uma reflexio preliminar. Subemos que a partir dos anos de 1980, no contexto politico da rede- prio ordenamento juridico, por sua vex conectado ‘a uma culcura critica das injuseas escruturas sociais do pais ~ das quais, aids, 0 dis colocar num registro “ertico”, esse < simpicica ~ para dizer 0 minimo ~ em relagio ao dircico posto, o dircito oficial, visto basicamente como o guardido de uma ordem social injusta. Isso contriria. As coisas nunca sio tio simples ¢ no jul mente genérico, perem-se nuangaseespecifiidades das diferentes sociedades sobre as qua ele se aplica. Parece-me, por exemplo, que a postura “ sos na nossa histéria. Além disso, penso que conquanto bem-vinda e salutar, expe uma vi priticas sociais mais profundas. De certo ios sujeitos & sanha sidero que essa é 16. Pano eo mantra ns Leer, up ens toe a colednceorganiada por Lou sengo Danas Mot Jarmdp aBrand~ Um banat o epic. Vl I Sho Pao: Sense, 2004 a ‘uma visio simplista na medida em que nfo leva em conta o fato de que tan- # quanto “n6s" estamos todos imersor numa inttincada rede em que isso com.um exemplo extraido da nossa melhor 4320 St. Major quiser?"” Lterriamente deliciosa, essa cena abre os olhos para uma série de luga~ res-comuns que germente acompankam a nossa indignagéo civica com os desmandos é sociologicamente ingénua. Nio hd vicuo entre uma ra. © Major Vidigal das Memérias nfo paira acima da sociedade, pois entre ele ¢ Leonardo existe a mediagio de Maria Regalada — que, even- ‘ualmente, pode ser qualquer um de nés. Saltando no tempo, somos ainda ** hoje capmzes de endossar uma manifestagio piiblica condenando a corrupgio 20 Beni nde dal an pink cnfionm com ae com 0 guarda de 17. Mis Acti de Almeida (1998, p 145). “6 Scanned with CamScanner ‘Toda excolha é um recorte. Como tal, estou consciente de que a minha ddeixa de lado aspectos relevantes implicados & aplicacéo da lei que um estu- dance “critico” poderd julgar um esquecimento abusive, Como, por exemplo, penal tém experimentado 0 que significa ser preso.no Brasil. Coisa répida, ‘elativamente amena. Mas 0 ex-governador do Maranhio, José Reinaldo Ts- ‘ates, preso preventivamente no que & época se chamou Operacio Navalha, fem 2007, experimentou 0 que é ir para um desses lugares: “Foi uma expe- ‘ncia horeivel. Quem ia para a latrina ficava apertando a descarga o tempo 6. i desde sempre: o brago pesado da repressio. © queé que estépor tris disso?” Normalmence a perguat => mas sio autores clissicos € con © dar 3s leicuras que recomendo aos jurstas em formagio. Ainda que os dois todo para o cheiro néo contaminar a cela” ~ declarou ao sair da priséo, para onde, provavelmente, nunca mais recornard. Sintomaticamence, foi s6. partir do momento em que pessoas desse coturno foram obrigadas a usar algemas ‘no momento da captura, ¢2 entrar nos camburées feitos para humilhar, aei- tando-se de costas, que as condigées de condugio dos presos no Brasil, que > sempre foram humilhantes, despertou a indignagio dos seus advogados, bem- -acolhida pela mais alta instincia do Poder Judicidri, 0 Supremo Tribunal Fe- deral, que emitiu uma Stimula Vinculance sobre o assunto. E provavel, assim, {que as coisas comecem a mudar a partir do momento em que pessoas gratidas omecem a experimenta aquilo em que os brailciros humildes slo excolados ~Alguns leitoresexcesivamente “ertcos” podem fuer carr as intengbesocultas de qualquer mudanga, minimizando sua diniensio € consequincias. A stuagio fk bem claro quando consideramos 0 seu contririo, o prineipio = que nossos cidados humildes conhecem muito bem. Estabelecidas essas balizas, eis as obras e o: respectivos autor politicas brasileras (vols. Ue U do poder, de Raymundo Faoro “0 DMA MAOADARA AMAA 4 ee mee Scanned with CamScanner SUE Bios tenham sido juristas ~e juristas conhecidos -, pereebo que, com raras JexceqGes, io autores que ninguém Ié nas nossasFaculdades. A lista no obede- ce rigorosamente a uma ordem cronolégica, Roberto DaMatta, por exemplo, ‘© segundo da lista, € um contemporineo nosso ainda vivo, a0 contritio dos ‘demais. Se ele vem logo apés 0 primeiro (Sérgio Buarqué) € porque considero que o pensamento dos dois, mesmo afistados no tempo, coincidem substan- cialmente naquilo que dizem sobre um certo ethos brasileiro. E claro que todos cles nio dizem a mesma coisa. Hi, porém — 3s vezes subterrancamente ~,ele- mentos de notivel proximidade entre uns ¢ outros, entre os quais destacaria 1 percepgio que todos partilham da auséncia de um sentido republican no nosso modo de ser. Isso dito, vamos a0 que importa: os autores. ‘Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) ‘A democraieno Bri fo sempre um lemensioel ‘mal-ncendide ‘A cpiggafe acima foi extraida de Raizer do Brasil, publicado em 1936. (O livro de Sérgio ~ depois do que dissera Gilberto Freyre — investe rambém ‘num modo de pensar em que 0 pesstnismo racial dominance nas nossas elites incelectuais foi substicuido por um approach mais especficamente histbrico « socioldgico, dentro do qual 6 nosso atraso, até entio debitado na conta da miscigenacio racial que teria degradado as qualidades do elemento branco na nossa etnia, cedeu lugar & nossa formagio social e econémica, durante mais de «rts séculos fundada no escravismo, no latfindio e na monocultura. Destaca-se em Rafces do Brasil 0 capitulo V, inticulado “O-homem- cor dial”, © mais famoso do livro. Nele, 0 autor condensou certo modo nosso de ser nessa figura arquetipica. Como talvez desconhesa oletor,levado a equivo- co pela designagio escolhida pelo préprio autor, o homer cordial de Holanda (@ partir de uma expressio cunhada pelo poeta modernista Ribeiro Couto) ‘raz consigo um sentido irbnico, pois a cordialidade a que ele se refere ni significa "boas manciras” e “civilidade”, como 0 proprio autor adverte,¢ s6 ambiguamente tem a ver com “a lhaneza no era it de, a generosidade, virtudes tio gabadas por estrangeiros,qué nos visicam’, na medida em que essas viudes, resultantes “dos padrées de convivio humano informados no meio curl epatriarcal” (HOLANDA, 1995, p. 146), so pro- piciadoras ances de promiscuidade nas elagbes sociais do que de regras demo- os ceicicas¢ igualitrias a presidi-las. O homem cordial seria 0 protagonista por cxeeléndia do que podetiamos chamar, adaptando uma conhecida expressfo ‘com que se designa a extinta civilizagfo escravocrata do sul dos Estados Uni- dos, de “Brasil profuiide”, uma realidade que tem como epicentio o nordeste dda cana-de-apiicar e cujo cenério.€ o latifindio, onde pontifica um grande proprictrio rodeado por uma familia ampliada onde cabem filhos,escravos, pareites, agregidos, compadres e moradores de favor. Essa é a nossa matriz augural, gecadora de modos de exist e de conviver “eujs efeitos permane- sm vivos ainda hoje” (p. 145). fipeidea do Fanciondcio “puro” refecido por Max Webes, Paro Funciondio “patrimonial”, continua Sérgio, 1 propria get politica apresenti-se como asunto dese ince reise particular; as fangées, os empregos eos beneficis que deles suferecelacionam-te a direitos pesouis do Funciondrio eno & Inceresesobjeivos, como sucede no verdadero Exado burocr- tic, ‘que prevalecem a expeclinagfo das fungbes co efor para se asiegurarem garaniias juridicas as cdadsos (p. 146). nemlpper estab meraaiis cusecitoein smalmente se er, indo é “uma ampliagio do ci cde uma “eransgressio da ordem domestica” (p. dloméstica¢o espago onde prevalecem as pre ‘Sobre concito weberianosremeto 4 Uaidade I dese Menu, 6 Um desses efeitos é a nossa conhecida dificuldade em operar “a distingio fundamental entre os dominios do privado e do piblica”. Nesse techo, Sérgio... ‘Buarque faz referéncia explicia ao funciondrio “patrimonial”, em oposigio 0 Scanned with CamScanner 4 v “em casa” (para uclizar uma expressio de Roberto DaMatta que adiante f= plorarei, € que o homem condial se sente protegido. Daf a promisculdade nas relagses pessoais € socials, no sentido de que essas sio mediadas pelo conhe- imento ¢ pelas relages que se tem, € no por regras impessoais vids para todos. E no bojo da reflexio sobre essa promiscuidade que Sérgio Buarque cscreve a frase famosa, que usei como epigrafe, sobre o mal-entendido da de- smocracia entre n6s. E completa, explicando 0 quiproqué: como fachada ou decor eterna alguns leas que pram ob ‘mais acrados para a época cera ealtados aa ives dieu $08 (p. 160 ~iedicos meus) porém, outro autor constatari que ‘novo habitat citadino, ceve vida mais longa do que talvez Sérgio Buarque ‘ivesse imaginado. 7 Roberto DaMatta, (A moral da histiria agua 6a seguinte:confie sempre fm pesos ¢ em relagéer, munca em regras gerat on dem kis univers. Roberto DaMarea Contemporineo nosso, DaMatta entrou no clube ds ineéxpretes do Bra- sillcom o livro Carnavais, malandvese heréis, publicado em 1978, E sua mais importance obra. Nele, chamo a atengéo especialmente para um dos seus capi- culos, 0 IV, inticulado *Vocé sabe com quem est falando?” — de resto, 0 mais conhecido, Restringindo-me a dle, ereio haver uma jinka de continuidade importante entre a reflexio de Sérgio Buarque, feta nos anos de 1930, e as preendé-lo como capaz de gerar 0! ‘Aqui estamos trabalhando com um conceito teérico de individuo. Como diz 1 Scanned with CamScanner da mesma maneira que 0 homem. eonlahecompora \no espaco piblico como se estivese no universo do aconchego familiar, a neste mesmo espago i indo, 0 cidadio de Sérgio Buarque para o individuo de DaMatta assim ‘0 omen cordial do primeiro estaria para a pestoa dd- nogSes-chave de pesos e individu, diz DaMatta: que tem uma longa convivéncia (chegou a ser professor na Uni constantemente fazendo coni | quem esté falando?”, lembra uma expressio bem americana que ‘exato oposto: Who do you think you are? (“Quem voce julga qt a bas as interpelagées sfo utilizadas em siruagées de conflito, com a diferenca | de que, enquanto 0 wo da nossa \ dos contendoresimpée-se auroritar ual deigualizador ~ pelo qual um 20 outro se valendo de qualidades n- (0 Who do you chink you are?& umn ritual igualizader, usado por uma das parce“ para alvertiro outro de que, no espago piiblico onde todos estéo submetidos pessouis que, frente & impessoalidade da lei, nfo’ mereceriim consideragio a Alle, qualidades pessoais no contam. ymparadas com oq . onde “elas existem em toda part Scanned with CamScanner 120 projetar-se no expaco pilbico faz dos lugares € postos que ocupa “uma am- pliasio do circulo familiar”. Nese caso, a0 invés de ser um cidadio submetido A lei gera, ele continua ost a identidade forjada no seu ambiente de do coracdo costumam ser mais fortes do que 0 inte 0 julgamento de DaMarta: Em outraspalaveas, a cass domina a rus, como €cactricco de socedadestradicionas, quando uma Fama govern 3930 lomo se eta fone ua propia casa: ele sendo pa, 2 pom, 2 mie, o ior seus hereon. NSo reo ter precio mencionar 2+ cor concrerr dso, sj no Bessa ma Ams Laing a vidade muitas yezes nem percebemos jd que terminam diluidas no anedético =, piepacim sana 1 fil Sima fla, Havera algo mais epublicane do que o principe mgunda« a prioridade é de quem chegou primeiro? Mas ele no esi se referindo aos fs”. Esté pensando noutra coisa menos perceptive: quem, no Bra vai paraa fla. Naqueles que. para se desloca,sio obrigadosa suporar as desu- | manas fils dos eransportes puiblicos: naqueles que, para resolver um problema ‘puma repartisio, nfo dispem de um conbecide do lado de dentro ou de uma ‘recomendagio de algum figurio do lado de fora para serem atendidos sem pas- sar pela humilhacio do nimero de senha disponiveis pars stendimento ex. aqui aa lade eudo e submetido as regrasuniversalientes do row sistema, que se descobre o modo pelo qual a exploracio se dé entre nds. Criamos a uma expressio grosscira para exe Lipo de gente que tem que seguir imperaivamente todas as leis ” So "os fodidos” do nosso sistema. io ot noszos individu inte- Com o préximo autor ~ um conservador ~, mudamos de tempo e de tom, mas o deep Brazil praticamente o mesmo. Oliveira Vianna (1883-1951) Sou espaz de todas as conagens, menos da conagem de reitir aor amigo! Oliveica Vianna, referindo-se 8 “nossa conduta no poder", Olli Vianna, autor maldiso pa «minha geo, anda aruaimense ! i q - o c c G S Y € oO oO = a = ZU o cS c G OQ WY Haaaaaangggnnnonn io ¢ civilizagio do pals” (1987b, p. 110). Estaria ele pensando e: geniais como Machado de Assis? ~ ou, olhando-se no espelho, reconhecidamente mulato, estaria pensando em si mesmo?... Nao s Sei apenas que, para recomar uma expressio consagrada, era 0 “ar do tem- po". Esxou me referindo 20 paradigma racial, sobre 0 qual ji falei. Apenas a parti dos anos de 1930, com a publicagio de Casa grande & 1 ‘comegou a entrar em declinio, como assinalei. Eu diria que Oli acompanhou esse declinio € 0 concordincia de Vianna, que 2 sua crenga na “raga” como fator explicative da nossa evolugio his chegando a ser enfitico: “nunca tive razio ~ € ndo tenho ainda hoje, 4p sudo ~ para deixar de reconhecer © seu papel em nossa civilizacio em nossa histéria” (1987, Il, p. 66 — itilicos meus). A que se refere esse enigmitico “apesar de tudo"? Lembrem-se de que Intituigées € de 1949, um liveo escrito depois da Se- sgunda Guerra Mundial, num contexto cultural, portanto, em que a hecatom- be cqusada pela abominagio nazista tinka tornado a raga, enquanto elemento heuristico, um conceito a evitar. Vianna nio diz isso, mas creio que se refere a smo dete elementoy a "Cale, chega a anuncar que, depois de conculda a empreitada, ita se consagrar “ao estudo da nossa formagdo econdmica e da ele, Vianna tetoma um tema presente em toda sua longa obra, o da inaw- idade. Nosso autor abre seu livro teorizando sobre o descompsis0, enor ime, entre 0“pals ‘odieito criado pelas eli braileiros que se apegarm indo sua ands ao dicto pblico, Vianna anuncia que a di ‘para odireta elaborado pelo “povo-massa", defendendo expressamente 0 “mo- todo cenfco ox rcoligic,carscerzado pel de dos seus Eich, gealmente tido como o fundador dessa dsciplina em bases moder- ns ~ou sea, parti da realidade e Ease um €aminho a petgos eno: quae ochamado sociologsmo, ou histéria politica & agora criadas pelo ho- 20.Sereotologamo, ef Unidad 21 Tema com gue designs a ase. les raison getalent de oigem Scanned with CamScanner mem” (1987a, I, p. 262). Chegou mesmo a dizer: “tudo mostra [~] gut? mundo vai caminhando para um s6 tipo de Estado: 0 Bade naconsh dbo \é chegurmos i, porém, havea ua longo exminho a percorrer, pis a0 brasileiro, formado no “regime de die toa do senhor de terra, faltaria a independéncia, dative, epi cca do citizen inglés. Ao invés do individuaismo de corte yanee~ enfazado pot DaMares -, nossa formagio social e econdmica produslu 0 “mis eres individualismo femilier” (p. 110 ~ielicos do auto), o que leva Vianna aust conseatasio desoladora: E dato que de tudo isto outra cois nto se poderia pert xls ‘ee trago cultural tio nosso, caraccrizado pea despeospia cree coletva, pela auséncia de expt pibln, de them comm, de sencimento de sldaidade coxa © nepotism & fSemula tradicional e gerl da nossa ved ppolicica.O tipo regional do eligarexnosdestine lhe sep mais eessltante; ma, pot todo o pls, exprimese no afk ‘mo, no genrisma e no abrinhisma(p. 153 ~iieos do ae). uarque antes dele, acreditava que ess nosts cetes complesos retardatirios,vindos do pereda colonial terfo que se desinteprarfruramente; mas 561d tegrario com 0 avango, para ointerio, da ciliate dona rimem. Eves desntegrarto,porém, sericea I, p. 93 ~iticos do ator). __Mas o tempo é muito longo ¢ Vianna, homem programitico ~ bém =, achava que ele necessicava de um “modicum de coaio Vianna nunca escondeu sua descrenga de que a solugio pi 10 passasse pelo receitudrio liberal cléssico: descentralizagio pol ‘mia municipal, suftigio universal ete. Nesse sentido, era enunca deivou deer ne. um au i. Nas condigdes do Brasil da época em que escreveu, nfo dava ‘enhuma importincia a0 suftégio universal, mecanismo a seu ver inadequado Para um povo de vocagio efvica e democritica. Chegou a escrever om todas as letras: ‘eu 56 concedeta o dire ao homem de povo que inverse emapealecondmico, beneficent Chamo a atengio do borador do regiene de Vi Ministério do Trabalho & época da elaboragio das leis trabalhistas que depois formaram a CLT. Fle vivenciou, assim, a imposigio de uma “legislasio social” ilizagio direta ou inditeta do — precisamente © que ele cl um pensador aunea tiveram plena ridual. Reconhecet, asieguns¢ dade civis do povo-massa hi “79 Scanned with CamScanner f de set 0/nowo primeiro trabalho (.:}. este o meio principal ave: 0 nico, que temos para desinterar 0s nowos dois for. midivels ¢ velhos complexos ~ 0 do “feud” ¢ 0 do “da” = que ‘naicerim ¢ sc desenvolveram justamente em consequéncia do wah quale degaranis i] de beds pt vadis (p. 152), E asim que Oliveira Vianna traz para 0 debate sobre as grandes questées racionals temas até entio pouco explorados entie nés, quando nio simples- sence ignorados, como os da justia ~ entendida como aparclho judicirio ~ iegado nosso") s$0 reaquicios de umm Brasil colonial. Para faze “mesquinhos e pequeninos interesses da poiticalha da provincia", propée ins- ‘nu © orgunizar dois corretivos saneadores: uma justica federal 53). Oliveira Vianna revela-se, a0 final da obra com que conclui seu pensamento, um ardente defensor de um judicifrio de bases nacionais que 20 que DaMarta chamou de 0s nossos “fodidos” — ou seja: 0 oso povo mais simples: Gaver lirdae ctl a0 poremast: cs 0 # 0 problema central ‘stindo nos Ultimos tempos 20 protagonismo de 2 justica federais (mas também 0 ministério publ vesigagio de “crimes de colarinho branco” —o que, num pals como 6 Brasil, ‘constiui por s 6 uma revolugio “ {uma sensbilidade republicana ‘pisos de cocrupgio cujascifrs seriam i favelaseperiferas. E mesmo aqueles que continuam morando no grotdes. ‘sti substituindo 0 obsequioso jumento pela barulhenta motociclea: Apesar dos pesares, ereio haver mais nogio de cidadania no meio dessas popislagbes, hoje, do que havia no tempo em que Oliveira Vianna escreveu. E o-Fstado bresleiro~af ncuidas suas instncias judicras lato senso ~ tem sido, apesar dos pests, um dos viculos dese incremento. cdo, um dos nossos principais problemas. Raymundo Faoro (1925-2003) Quem tem padrinho no morre page. Ditado popular recolhido por Faoro. Raymundo Faoro foi um personagem original na vida cultural brasileira, ‘momento em que © General ( sur “istensio lenca, gradual segui tum dos intelocutores do regime que entio comegava © processo q ser chamado pelo Presidente Figueiredo de “abertura" ~ ¢ que termi sembocando na redemocratiza Diferentemente dos autores anteriores, Fuoro nio di grande atengio as dlessinetsias da sociedade brasileira, aos seus abismos de dasse. Nio que di- virjadeies autores em assuntos cruciais como 0 "mandonismo local”, por

Você também pode gostar