Você está na página 1de 5

DOCUMENTO 186

Pouco Antes da Crucificação


[ Comissão de Medianeiros]

Introdução

P 1997:1 186:0,1 Quando Jesus e os seus acusadores saíram para ver Herodes, o Mestre virou para o apóstolo João e
disse: "João, já não podes fazer mais nada por mim. Vai até a minha mãe e traze-la para que me veja antes de morrer.
Quando João ouviu o pedido de seu Mestre, ainda que relutante em deixá-lo sozinho entre os seus inimigos, apressou-
se a ir a Betânia, onde toda a família de Jesus estava reunida e esperando na casa de Marta e Maria, as irmãs de
Lázaro, a quem Jesus havia ressuscitado dos mortos.

P 1997:2 186:0.2 Várias vezes durante a manhã, os mensageiros haviam levado a Marta e Maria as notícias sobre o
desenrolar do julgamento de Jesus. Mas a família de Jesus só chegou a Betânia uns poucos minutos antes da chegada
de João trazendo o pedido de Jesus para ver sua mãe antes de ser executado. Depois que João Zebedeu contou tudo
que havia acontecido desde a prisão de Jesus à meia-noite, sua mãe Maria partiu imediatamente em companhia de
João, para ver o seu filho mais velho. Quando Maria e João chegaram à cidade, Jesus, acompanhado pelos soldados
romanos que iam crucificá-lo, já havia chegado ao Gólgota.

P 1997:3 186:0.3 Quando Maria, a mãe de Jesus, partiu com João para ver o seu filho, sua irmã Rute recusou ficar para
trás com o resto da família. Uma vez que estava determinada a acompanhar a sua mãe, seu irmão Judá foi com ela. O
resto da família do Mestre permaneceu em Betânia sob a direção de Tiago, e praticamente a cada hora os mensageiros
de Davi Zebedeu traziam para eles, notícias sobre o desenrolar do terrível acontecimento da execução de seu irmão
mais velho, Jesus de Nazaré.

O Fim de Judas Iscariotes

P 1997:4 186:1.1 A audiência de Jesus perante Pilatos terminou aproximadamente às oito e meia desta manhã de
sexta-feira, e o Mestre foi posto sob a custódia dos soldados romanos que iam crucificá-lo. Logo que os soldados
romanos tomaram posse de Jesus, o capitão dos guardas judeus regressou com os seus homens ao seu quartel
general no templo. O sumo sacerdote e seus associados sinedristas seguiram de perto os guardas e foram diretamente
para o seu lugar habitual de reunião na sala de pedras lavradas do templo. Ali encontraram muitos outros membros do
sinédrio que esperavam para saber o que havia sido feito com Jesus. Enquanto Caifás estava ocupado fazendo o seu
relatório ao sinédrio sobre o julgamento e condenação de Jesus, Judas apareceu perante eles para reclamar a sua
recompensa pela parte que havia representado na prisão e sentença de morte de seu Mestre.

P 1997:5 186:1.2 Todos estes judeus detestavam Judas e olhavam para o traidor com sentimentos de total desprezo.
Ao longo de todo o julgamento de Jesus perante Caifás e durante a sua aparição perante Pilatos, Judas estava
remoendo em sua consciência sobre a sua conduta traidora. E também começava a se tornar, de alguma forma,
desiludido sobre a recompensa que ia receber como pagamento por seus serviços de traidor de Jesus. Não gostava da
frieza e indiferença das autoridades judaicas, contudo, ele esperava ser recompensado liberalmente por sua conduta
covarde. Ele previa que seria chamado perante a totalidade do sinédrio e que ali escutaria seus elogios, enquanto o
cobririam com as honras adequadas como prova do grande serviço que se lisonjeava haver prestado à sua nação.
Imaginai, pois, a grande surpresa deste traidor egoísta, quando um criado do sumo sacerdote, tocando o seu ombro,
chamou-o para fora da sala e lhe disse: "Judas, encarregaram-me de te pagar pela traição de Jesus. Aqui está a tua
recompensa. E assim falando, o criado de Caifás entregou a Judas uma bolsa contendo trinta moedas de prata o preço
corrente de um bom escravo sadio.

P 1998:1 186:1.3 Judas estava atônito, confuso. Apressou-se a entrar na sala, mas foi barrado pelo porteiro. Queria
apelar ao sinédrio, mas não o receberam. Judas não podia acreditar que estes dirigentes dos judeus tivessem permitido
que traísse os seus amigos e o seu Mestre, para então oferecerem a ele como recompensa, trinta moedas de prata. Ele
estava humilhado, desiludido e totalmente arrasado. Ele se afastou do templo como que em transe. Ele
automaticamente deixou cair a bolsa de dinheiro no seu bolso profundo, o mesmo bolso em que havia transportado
durante tanto tempo a bolsa que continha os fundos apostólicos. E vagou pela cidade atrás das multidões que se
dirigiam para presenciar a crucificação.

P 1998.2 186:1.4 À distância, Judas via que levantavam a peça da cruz com Jesus pregado nela, e sobre esta visão ele
voltou precipitadamente para o templo e, forçando o seu caminho pra cima do porteiro, encontrou-se na presença do
sinédrio que ainda estava em seção. O traidor estava quase sem respiração e altamente desconcertado, mas deu um
jeito de balbuciar estas palavras: Eu pequei porque traí sangue inocente. Vós me insultastes. Vós me oferecestes como
recompensa para o meu serviço, dinheiro o preço de um escravo. Arrependo-me de ter feito isto, aqui está o vosso
dinheiro. Quero escapar da culpa deste ato.

P 1998:3 186:1.5 Quando os dirigentes dos judeus escutaram Judas, escarneceram dele. Um deles, sentado perto de
onde Judas se encontrava, fez sinal para que ele saísse da sala, e lhe disse: O teu Mestre já foi executado pelos
romanos, e quanto à vossa culpa, o que nos importa? Ocupa-te dela e sai daqui!

P 1998:4 186:1.6 Quando saiu da sala do sinédrio, Judas tirou as trinta moedas de prata da bolsa e as atirou
espalhadamente sobre o chão do templo. Quando o traidor saiu do templo, estava quase fora de si. Judas estava agora
passando pela experiência de compreender a verdadeira natureza do pecado. Todo o encanto, fascinação e
embriaguez das más ações haviam desvanecido. Agora o malfeitor se encontrava sozinho, frente a frente com o
veredicto de julgamento de sua alma desiludida e decepcionada. O pecado era fascinante e aventuroso ao se cometer,
mas agora a colheita dos fatos nus e pouco românticos devia ser encarada.

P 1998:5 186:1.7 Este, que uma vez foi embaixador do reino dos céus na Terra, caminhava pelas ruas de Jerusalém,
abandonado e solitário. O seu desespero era terrível e quase absoluto. Continuou caminhando pela cidade e para fora
de seus muros e, descendo para a terrível solidão do vale de Hinom, onde subiu rochas escarpadas, e pegando o cinto
de seu manto, amarrou uma ponta numa pequena árvore, amarrou a outra em volta do pescoço e se arrojou no
precipício. Antes de morrer, o nó que havia atado com suas mãos nervosas se soltou, e o corpo do traidor se fez em
pedaços ao cair sobre as rochas pontiagudas abaixo.

A Atitude do Mestre

P 1999:1 186:2.1 Quando Jesus foi aprisionado, ele sabia que o seu trabalho na Terra, na semelhança da carne mortal,
havia terminado. Compreendeu completamente o tipo de morte que iria morrer e ele estava pouco preocupado com os
detalhes dos seus supostos julgamentos.

P 1999:2 186:2.2 Diante do tribunal dos sinedristas, Jesus se recusou a responder ao testemunho de testemunhas
perjuras. Somente havia uma pergunta que evocaria uma resposta, se fosse feita por amigos ou inimigos, e era a que
se referia à natureza e divindade de sua missão na Terra. Quando perguntado se era o Filho de Deus, dava
infalivelmente uma resposta. Negou-se firmemente a falar quando esteve na presença do curioso e malvado Herodes.
Diante de Pilatos só falou quando pensou que poderia ajudar a Pilatos, ou alguma outra pessoa, a conhecer melhor a
verdade mediante o que ele dizia. Jesus havia ensinado aos seus apóstolos, que era inútil jogarem pérolas aos porcos,
e agora ousava praticar o que havia ensinado. Sua conduta nesse momento exemplificou a paciente submissão da
natureza humana unida ao silêncio majestoso e a solene dignidade da natureza divina. Ele estava inteiramente disposto
a discutir com Pilatos qualquer questão relacionada às acusações políticas apresentadas contra ele qualquer questão
que ele reconhecesse que pertencia à jurisdição do governador.

P 1999:2 186:2.3 Jesus estava convencido de que era a vontade do Pai que se submetesse ao curso natural e normal
dos acontecimentos humanos, tal como as demais criaturas mortais devem fazê-lo, e por isso recusou até mesmo
empregar os seus poderes puramente humanos de eloqüência persuasiva, para influenciar sobre o resultado das
maquinações de seus semelhantes mortais, socialmente míopes e espiritualmente cegos. Ainda que Jesus viveu e
morreu em Urantia, toda a sua carreira humana, do princípio ao fim, foi um espetáculo destinado a influir e instruir a
todo o universo de sua criação e sustentação sem cessar.

P 1999:4 186:2.4 Estes míopes judeus, clamavam indecentemente pela morte do Mestre, enquanto ele permanecia ali,
num silêncio terrível, contemplando a cena da morte de uma nação o próprio povo de seu pai terrestre.

P 1999:4 l86:2.5 Jesus havia adquirido esse tipo de caráter humano que pode conservar a serenidade e afirmar a sua
dignidade no meio dos insultos contínuos e injustificados. Não podia ser intimidado. Quando foi atacado, primeiro pelo
criado de Anás, só havia sugerido a conveniência de chamar testemunhas que podiam testemunhar devidamente contra
ele.

P 1999:6 186:2.6 Desde o principio até o fim de seu suposto julgamento perante Pilatos, as hostes celestiais que
presenciavam os acontecimentos, não puderam se abster de transmitir para o universo a descrição da cena de Pilatos
em julgamento ante Jesus.

P 1999:7 186:2.7 Quando compareceu perante Caifás, e quando todos os testemunhos perjuros se haviam derrubado,
Jesus não hesitou em responder a pergunta do sumo sacerdote, proporcionando assim, com o seu próprio testemunho,
a base que desejavam para condená-lo por blasfêmia.

P 1999:8 186:2.8 O Mestre nunca manifestou o menor interesse pelos esforços bem intencionados, mas pouco
entusiasmados, de Pilatos, para conseguir a sua libertação. Ele se apiedava realmente de Pilatos e se esforçou
sinceramente por iluminar sua mente ensombreada. Permaneceu inteiramente passivo ante todos os apelos do
governador romano para que os judeus retirassem as suas acusações criminais contra ele. Durante esta penosa prova,
comportou-se com uma dignidade simples e uma majestade sem ostentação. Nem sequer quis criticar a insinceridade
de seus supostos assassinos, quando estes perguntaram se ele era “o rei dos judeus. Aceitou esta designação com um
mínimo de explicação qualificativa, sabendo que, ainda que tenham escolhido rejeitá-lo, ele seria o último a representar
para eles um verdadeiro chefe nacional, mesmo num sentido espiritual.

P 2000:1 186:2.9 Jesus falou pouco durante estes julgamentos, mas ele disse o suficiente para mostrar a todos os
mortais, o tipo de caráter humano que um homem pode aperfeiçoar em associação com Deus, e para revelar a todo o
universo, a maneira na qual Deus pode se manifestar na vida da criatura quando tal criatura escolhe verdadeiramente
fazer a vontade do Pai, tornando-se assim um ativo filho do Deus vivo.

P 2000:2 186:2.10 Seu amor pelos mortais ignorantes, revela-se plenamente pela sua paciência e sua grande
serenidade frente aos escárnios, aos golpes e às bofetadas dos toscos soldados e dos criados irrefletidos. Nem sequer
se irritou quando vendaram os seus olhos e o golpearam na face, zombeteiros, exclamando: Profetiza para nós quem
foi que te golpeou.

P 2000:3 186:2.11 Pilatos estava mais perto da verdade do que poderia supor quando, depois de Jesus ter sido
açoitado, ele o apresentou ante a multidão exclamando: Eis aqui o homem! Na verdade, o medroso governador romano
mal podia sonhar que, naquele mesmo momento, o universo ficou atento, contemplando esta cena única de seu amado
Soberano, submetido assim à humilhação dos escárnios e os golpes de seus súditos mortais, obscurecidos e
degradados. E quando Pilatos falou a frase: Eis aqui Deus e o homem!, ressoou por todo Nebadon. Desde esse dia,
incalculáveis milhões de criaturas, tem continuado a contemplarem este homem em todo o universo, enquanto o Deus
de Havona, o governante supremo do universo de universos, aceita o homem de Nazaré como a satisfação do ideal das
criaturas mortais deste universo local do tempo e espaço. Em sua vida incomparável, Jesus nunca deixou de revelar
Deus aos homens. Agora, durante estes episódios finais de sua carreira mortal e de sua morte posterior, efetuou uma
nova e comovedora revelação do homem a Deus.

O Confiável Davi Zebedeu

P 2000:4 186:3.1 Pouco depois que Jesus foi entregue aos soldados romanos, ao final da audiência ante Pilatos, um
destacamento de guardas do templo se dirigiu apressadamente a Getsemâni para dispersar ou prender os seguidores
do Mestre. Mas muito antes deles chegarem, estes seguidores haviam se dispersado. Os apóstolos haviam se retirado
para esconderijos designados; os gregos haviam se separado e ido para diversas casas em Jerusalém; os demais
haviam igualmente desaparecido. Davi Zebedeu acreditava que os inimigos de Jesus voltariam, por isso mudou em
seguida umas cinco ou seis tendas para a parte alta da ravina, perto do lugar onde o Mestre se retirava tantas vezes
para orar e adorar. Tinha a intenção de se ocultar aqui e de manter ao mesmo tempo, um centro ou estação
coordenadora, para o seu serviço de mensageiros. Davi mal tinha saído do acampamento, quando chegaram os
guardas do templo. Não encontrando ninguém lá, contentaram-se em incendiar o acampamento e então voltaram
apressadamente ao templo. Ao escutarem o relatório dos guardas, o sinédrio se convenceu de que os seguidores de
Jesus estavam tão assustados e subjugados, que já não havia nenhum perigo de motim ou de qualquer intenção de
resgatar Jesus das mãos de seus verdugos. Finalmente podiam respirar tranqüilos, assim, adiaram a seção e cada
homem foi para o seu lado para se preparar para a Páscoa.

P 2000:5 l86:3.2 Logo que Jesus foi entregue aos soldados romanos por Pilatos para a crucificação, um mensageiro
saiu precipitadamente para Getsemâni para informar Davi, e dentro de cinco minutos, corredores partiram para
Betsáida, Pela, Filadélfia, Sidon, Siquém, Hebrom, Damasco e Alexandria. Estes mensageiros levavam a notícia de que
Jesus está a ponto de ser crucificado pelos romanos, por instâncias insistentes dos dirigentes dos judeus.

P 2001:1 186:3.3 Através de todo este trágico dia, até que saiu a última mensagem indicando que o Mestre havia sido
colocado no sepulcro, Davi enviou mensageiros aproximadamente a cada meia hora com informes para os apóstolos,
gregos e a família terrestre de Jesus que estava reunida na casa de Lázaro em Betânia. Quando os mensageiros
partiram com a notícia de que Jesus havia sido sepultado, Davi despediu o seu corpo de corredores locais para que
celebrassem a Páscoa e descansassem no sábado que se aproximava, dando-lhes instruções para que
comparecessem discretamente a ele no domingo pela manhã na casa de Nicodemos, onde tinha a intenção de
esconder-se por uns poucos dias com André e Simão Pedro.

P 2001:2 186:3.4 Este Davi Zebedeu de mente tão peculiar, era o único dos principais apóstolos de Jesus que esteve
inclinado a tomar ao pé da letra e como fato verdadeiro, a afirmação do Mestre de que, morreria e ressuscitaria no
terceiro dia. Davi o havia escutado fazer esta afirmação uma vez e, como tinha inclinação de tomar as coisas no sentido
literal, agora se propunha a reunir os seus mensageiros no domingo de manhã cedo na casa de Nicodemos, a fim de tê-
los à mão para espalhar a notícia, no caso de Jesus ressuscitar dentre os mortos. Davi logo descobriu que nenhum dos
seguidores de Jesus esperava pelo seu retorno da tumba tão cedo; por isso disse pouco sobre a sua crença e nada
sobre a mobilização de toda sua força de mensageiros para o domingo de manhã bem cedo, exceto os corredores que
haviam sido enviados na manhã de sexta-feira para as cidades distantes e centros de crentes.

P 2001:3 186:3.5 E assim, estes seguidores de Jesus, dispersos por toda a Jerusalém e seus arredores,
compartilharam a Páscoa aquela noite e no dia seguinte permaneceram reclusos.

A Preparação Para a Crucificação


P 2001:4 186:4.1 Depois que Pilatos lavou suas mãos diante da multidão, procurando assim escapar da culpa de haver
entregue um homem inocente para ser crucificado, simplesmente porque temia resistir ao clamor dos dirigentes dos
judeus, ordenou que o Mestre fosse entregue aos soldados romanos, e deu instruções ao seu capitão para que fosse
crucificado imediatamente. Ao se encarregarem de Jesus, os soldados o levaram de novo ao pátio da pretória, e depois
de tirarem o manto que Herodes havia posto nele, o vestiram com a sua própria roupa. Estes soldados zombaram e
mofaram dele, porém não infligiram novos castigos físicos a ele. Jesus estava agora sozinho com estes soldados
romanos. Seus amigos estavam escondidos, seus inimigos haviam ido embora e inclusive João não estava a seu lado.

P 2001:5 186:4.2 Era pouco depois das oito horas da manhã, quando Pilatos entregou Jesus aos soldados romanos, e
pouco antes das nove horas, quando eles partiram para o lugar da crucificação. Durante este período de mais de meia
hora, Jesus não disse uma só palavra. A atividade executiva de um grande universo estava praticamente em compasso
de espera. Gabriel e os principais dirigentes de Nebadon estavam, ou reunidos aqui em Urantia, ou estavam prestando
muita atenção aos informes espaciais dos arcanjos, em um esforço para se manterem informados do que estava
acontecendo ao Filho do Homem em Urantia.

P 2001:6 186:4.3 Quando os soldados estavam prontos para saírem com Jesus para o Gólgota, começaram a ficar
impressionados por sua incomum compostura e extraordinária dignidade, por seu silêncio sem queixa.

P 2001:7 186:4.4 Grande parte do atraso na saída com Jesus para o lugar da crucificação foi devido à decisão de última
hora do capitão, de levar com eles os dois ladrões que haviam sido condenados à morte, já que Jesus ia ser crucificado
naquela manhã, o capitão romano pensou que estes dois também podiam morrer com ele, em vez de esperarem pelo
fim das festividades da Páscoa.

P 2002:1 186:4.5 Logo que os ladrões ficaram prontos, foram levados para o pátio, onde um deles contemplou Jesus
pela primeira vez, mas o outro o tinha ouvido falar muitas vezes, tanto no templo como, muitos meses antes, no
acampamento de Pela.

A Morte de Jesus em Relação a Páscoa

P 2002:2 186:5,1 Não existe uma relação direta entre a morte de Jesus e a Páscoa judaica. É verdade que Jesus
entregou a sua vida carnal neste dia, o dia da preparação da Páscoa e perto da hora do sacrifício dos cordeiros pascais
no templo. Mas a coincidência destes acontecimentos não indica de maneira nenhuma que a morte do Filho do Homem
na Terra tenha alguma relação com o sistema dos sacrifícios judeus. Jesus era judeu, mas como Filho do Homem era
um mortal dos reinos. Os acontecimentos já narrados que conduziram a este momento em que o Mestre ia ser
crucificado de maneira iminente, são suficientes para indicar que a sua morte, aproximadamente à esta hora, foi um
assunto puramente natural e manejado pelos homens.

P 2002:3 186:5.2 Foi o homem e não Deus que planejou e executou a morte de Jesus na cruz. É verdade, o Pai
recusou interferir com a marcha dos acontecimentos humanos em Urantia, mas o Pai no Paraíso não decretou, pediu,
nem exigiu a morte de seu Filho como foi acontecida na Terra. É um fato que, cedo ou tarde, de alguma maneira Jesus
teria que se despojar de seu corpo mortal, pondo fim à sua encarnação, mas poderia ter executado esta tarefa de
incontáveis maneiras, sem ter que morrer em uma cruz entre dois ladrões. Tudo isto foi obra do homem, não de Deus.

P 2002:4 186:5.3 Na época de seu batismo, o Mestre já havia completado a parte técnica da experiência na Terra e na
carne, necessária para finalizar a sua sétima e última efusão no universo. Naquele exato momento, o dever de Jesus na
Terra estava finalizado. Toda a vida que viveu dali em diante, inclusive a maneira como morreu, foi um ministério
puramente pessoal de sua parte pelo bem estar e elevação de suas criaturas mortais neste mundo e em outros
mundos.

P 2002:5 186:5.4 O evangelho da boa nova de que o homem mortal pode, pela fé, tornar-se espiritualmente consciente
de que é um filho de Deus, não depende da morte de Jesus. É verdade, realmente, que todo este evangelho do reino
tem sido enormemente iluminado pela morte do Mestre, mas o foi ainda mais por sua vida.

P 2002:6 186:5.5 Tudo que o Filho do Homem disse ou fez na Terra, embelezou enormemente as doutrinas da filiação
com Deus e da fraternidade dos homens, mas estas relações essenciais entre Deus e os homens, são inerentes aos
fatos universais do amor de Deus por suas criaturas e da misericórdia inata dos Filhos divinos. Estas relações tocantes
e divinamente belas entre os homens e o seu Criador, neste mundo e em todos os outros, em todo o universo de
universos, têm existido desde a eternidade; e não dependem, em nenhum sentido, destas periódicas efusões
decretadas dos Filhos Criadores de Deus, que assim assumem a natureza e semelhança das inteligências criadas por
eles, como parte do preço que precisam pagar para adquirir finalmente a soberania ilimitada sobre os seus respectivos
universos locais.

P 2002:7 186:5.6 O Pai que está nos céus, amava o homem mortal na Terra, tanto antes da vida e morte de Jesus em
Urantia, quanto o ama depois desta manifestação transcendente da associação entre o homem e Deus. Esta poderosa
transação da encarnação do Deus de Nebadon como um homem em Urantia, não podia aumentar os atributos do Pai
eterno, infinito e universal, mas enriqueceu e iluminou a todos os demais administradores e criaturas do universo de
Nebadon. Ainda que o Pai nos céus não nos ame mais devido a esta efusão de Miguel, todas as outras inteligências
celestiais o fazem. E isto é assim porque Jesus não somente fez uma revelação ao homem, como também fez uma
nova revelação do homem aos Deuses e às inteligências celestiais do universo de universos.

P 2003:1 186:5.7 Jesus não está prestes a morrer como sacrifício pelo pecado. Ele não vai expiar a culpa moral inata
da raça humana. A humanidade não tem esta culpa racial perante Deus. A culpa é estritamente uma questão de pecado
pessoal e rebelião consciente e deliberada contra a vontade do Pai e a administração de seus Filhos.

P 2003:2 186:5.8 Pecado e rebelião não têm nada a ver com o plano fundamental de efusão dos Filhos Paradisíacos de
Deus, apesar de parecer para nós que o plano de salvação é uma característica provisional do plano de efusão.

P 2003:3 186:5.9 A salvação de Deus para os mortais de Urantia haveria sido extremamente eficaz e infalivelmente
segura se Jesus não tivesse sido executado pelas mãos cruéis de mortais ignorantes. Se o Mestre tivesse sido recebido
favoravelmente pelos mortais da Terra e se tivesse partido de Urantia abandonando voluntariamente sua caminhada na
carne, o fato do amor de Deus e da misericórdia do Filho o fato da filiação com Deus não teria sido afetado de nenhuma
maneira. Vós mortais sois os filhos de Deus, e para que esta verdade se converta em um fato em vossa experiência
pessoal, somente uma coisa é requerida, e isto é a vossa fé nascida do espírito.

Você também pode gostar

  • DOC180
    DOC180
    Documento6 páginas
    DOC180
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC172
    DOC172
    Documento6 páginas
    DOC172
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC194
    DOC194
    Documento7 páginas
    DOC194
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC167
    DOC167
    Documento6 páginas
    DOC167
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC176
    DOC176
    Documento5 páginas
    DOC176
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC166
    DOC166
    Documento5 páginas
    DOC166
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC159
    DOC159
    Documento7 páginas
    DOC159
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC178
    DOC178
    Documento5 páginas
    DOC178
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC160
    DOC160
    Documento7 páginas
    DOC160
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC158
    DOC158
    Documento7 páginas
    DOC158
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC189
    DOC189
    Documento6 páginas
    DOC189
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • INDICE Dos Escritos
    INDICE Dos Escritos
    Documento6 páginas
    INDICE Dos Escritos
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC162
    DOC162
    Documento8 páginas
    DOC162
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC132
    DOC132
    Documento9 páginas
    DOC132
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC165
    DOC165
    Documento6 páginas
    DOC165
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC164
    DOC164
    Documento6 páginas
    DOC164
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC123
    DOC123
    Documento8 páginas
    DOC123
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC163
    DOC163
    Documento6 páginas
    DOC163
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC148
    DOC148
    Documento7 páginas
    DOC148
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC128
    DOC128
    Documento8 páginas
    DOC128
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC133
    DOC133
    Documento10 páginas
    DOC133
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC190
    DOC190
    Documento5 páginas
    DOC190
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • Prólogo DOC000
    Prólogo DOC000
    Documento12 páginas
    Prólogo DOC000
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC151
    DOC151
    Documento6 páginas
    DOC151
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC137
    DOC137
    Documento9 páginas
    DOC137
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC019
    DOC019
    Documento7 páginas
    DOC019
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC135
    DOC135
    Documento9 páginas
    DOC135
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC130
    DOC130
    Documento9 páginas
    DOC130
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC013
    DOC013
    Documento6 páginas
    DOC013
    hikest
    Ainda não há avaliações
  • DOC119
    DOC119
    Documento8 páginas
    DOC119
    hikest
    Ainda não há avaliações