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DIREITO EMPRESARIAL III – 8º PERÍODO – PROF.

ELOETE

DIREITO EMPRESARIAL III


Eloete Camili Oliveira

Direito Falimentar

INTRODUÇÃO

EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Antes da existência da execução patrimonial se aplicava a execução pessoal como
meio de se salvar as dívidas. O caráter penal da sanção aplicada perseguiu por muito
tempo a falência.

DECRETO-LEI 7661/1945
Vigorou até 2005. Quando esta lei começou a vigorar a realidade do país era de um
estado de exceção, no qual o individual se imponha sobre o coletivo. No tocante ao
Direito Empresarial havia o Código Comercial de 1950, o qual se baseava na Teoria dos
Atos de Comércio, ou seja, com foco principal no comerciante.

Em caso de falência se procedia a liquidação, vez que o principal objetivo era a


satisfação individual dos credores. Havia também a existência do instituto da
concordata.

CONCORDATA:
Caracterizava-se como um favor legal, o qual era concedido pelo juiz. A concordata
atingia apenas as obrigações que não possuíam nenhuma garantia, qual sejam os
créditos quirografários. Essas obrigações podiam possuir caráter:
 Moratório: podiam ser adimplidas dentro do período de 24 meses.
 Remissório: entrada de 50% a vista
 Misto:

A concordata poderia, também, ser preventiva (para prevenir a ocorrência da falência)


ou suspensiva (com o intuito de suspender a falência já decretada).

Com o advento da Constituição de 1988 houve também a implementação das


previsões, princípios e direitos previstos em seu art. 170, quais sejam a livre iniciativa,
valorização do trabalho, dignidade da pessoa humana, função social... Sendo assim, o
decreto 7661 ficou deslocado da realidade constitucional do país, a qual veio a se
consolidar com o Código Civil de 2002 com a aplicação da Teoria da Empresa. Surge,
então, a pessoa do empresário, sociedade empresária, EIRELI, os quais representam o
sujeito da relação com o objeto estabelecimento (complexo de bens que não pode ser

Resumos elaborados por: Bruna Moreschi, Betina Akashi, Carolina Ritzman, Isabella Mombelli, João
Guilherme Tulio e Victoria Slaviero.
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confundido com o patrimônio, vez que recaíram sobre eles obrigações não só reais,
mas como obrigacionais). A relação sujeito/objeto possui desfecho na empresa, a qual
representa a atividade econômica organizada.

LEI Nº 11.101/2005 – LEI DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS


Aqui se tem uma lei que parte de uma nova realidade constitucional, econômica e
empresarial.

 Função Social: quando se trata deste assunto deve se relacioná-lo com a


atividade desenvolvida, não ao sujeito. O raciocínio deve ser baseado na
possibilidade de recuperar a atividade desenvolvida, mesmo que para isto o
objeto seja repassado a um terceiro que não o sujeito que deu início ao
mesmo.

Falência → liquidação → execução coletiva

Recuperação de empresas:
→ Judicial – plano ordinário
– plano especial (apenas para micro e pequenas empresas, pagamento
em 36x)
→ Extrajudicial – 1ª fase: devedor procura os credores e realiza acordo com os
mesmos
– 2ª fase: vai a juízo pedir a homologação do acordo firmado

EMPRESAS EM CRISE

Classificação segundo Marlon Tomazette:

 Crise de Rigidez – quando falta flexibilidade à empresa para a manutenção do


seu faturamento, da sua posição econômica.

 Crise de Eficiência – se uma empresa possui diversos setores e um destes está


com prejuízo e por consequência não está cobrindo os custos de produção, deve
se buscar alternativas para suprir o setor deficitário. Quando os outros setores
não conseguem cobrir os prejuízos do setor deficitário, haverá uma crise de
eficiência.

 Crise Econômica – ocorre quando os rendimentos são menores do que o custo,


em razão da competitividade, quando da entrada de produtos estrangeiros com
menor preço, aumento de tributação, questão de manutenção da estrutura da

Resumos elaborados por: Bruna Moreschi, Betina Akashi, Carolina Ritzman, Isabella Mombelli, João
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empresa, elevação de preço para desenvolvimento da atividade e o faturamento


não é suficiente para arcar com essas mudanças.

 Crise Financeira – configura-se como uma crise de liquidez, quando existem bens
em posse da empresa, mas esta não possui dinheiro em caixa para efetuar os
pagamentos que deve.

 Crise Patrimonial – neste caso o passivo exigível é superior ao ativo. As


obrigações de curto a médio prazo superam os bens, impedindo as condições de
adimplemento do pagamento. No caso da crise patrimonial o remédio será a
falência.

1. Causas das Crises


 Internas – ocorrem quando o capital não é suficiente, quando o maquinário
está obsoleto, quando a forma de gestão está ultrapassada, quando há entrada
em operação de alto risco, quando ocorre desfalque na diretoria, algum erro de
estratégia.

 Externas – mudança na política econômica/fiscal do governo, alterações


tributárias, surgimento de novos produtos com preços mais competitivos,
inadimplemento dos devedores.

 Acidentais – são casos mais raros como inflações que fogem do controle.

2. Solução das Crises


 Soluções de Mercado – operações societárias (fusão e incorporação), abertura
do capital, trespasse, alienação do controle da sociedade...

 Soluções Estatais – recuperação judicial e recuperação extrajudicial. (deve-se


entender como qual atitude o empresário pode tomar no tocante ao estado
para solucionar sua crise).

3. Empresas Não Recuperáveis


 Liquidação ordinária – ela pode ser requerida e resolvida entre os sócios ou de
forma judicial, deve observar as normas do direito societário. Dissolução
judicial buscada entre os sócios irá prevalecer as regras do Código Civil, CPC e
da lei 6.404/76

 Falência – lei 11.101/2005

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LEI 11.101/2005 – Lei de Falências e Recuperação de


Empresas

Princípios
 Preservação da Empresa
 Função Social
 Estímulo à Atividade Econômica
 Manutenção das Empresas Viáveis
 Retirada do Mercado das Empresas Inviáveis Economicamente
 Separação do Conceito de Empresa e Empresário
 Proteção aos Trabalhadores
 Redução da Taxa de Juros
 Maximização dos Ativos do Falido
 Celeridade e Eficiência Processual
 Rigor na Punição dos Crimes Previstos na Lei

Empresário  Estabelecimento  Empresa

1. SISTEMAS PARA A CARACTERIZAÇÃO DA FALÊNCIA

a) Sistemas segundo Navarrini


I. Desequilíbrio em que o passivo supera o ativo: esse sistema é pouco seguro,
uma vez que nem sempre há a possibilidade de verificar o ativo superando o
passivo, principalmente quando a falência é requerida pelos credores, por
este não terem acesso ao balanço do devedor e mesmo que tenham esse
balanço pode não refletir a realidade. Quanto ao passivo, as obrigações
podem estar diluídas no tempo.

II. Cessação de pagamentos: é o sistema adotado pelo Código Brasileiro de


1950. Configura-se como um indício de insuficiência do patrimônio para arcar
com as obrigações. O não-pagamento é um sinônimo de inadimplência, a
qual pode ser um sinal que exterioriza a insolvência. Inadimplência pode ser
causada por natureza de iliquidez, ou seja, ter posse de patrimônio
imobilizado, porém não disponha de liquidez.

III. Enumeração Legal: prática de determinados atos que evidenciam um quadro


de insolvência que irão conduzir à falência. São atos que por si só apontam
para a insolvência. (ex: alienação de bens para terceiros).

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2. CARACTERÍSTICAS DA FALÊNCIA

a) Elemento Material Subjetivo


I. Legitimidade passiva específica – falência – devedor empresário.
Art. 1º - “Esta lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial
e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos
simplesmente como devedor”.

II. Excluídos:
 Totalmente: Sociedades Estatais e Sociedades de Economia Mista (art.
242, Lei das Sociedades Anônimas – excluía a possibilidade das
sociedades de economia mista decretar falência; Lei 10303/2001 –
permitiu a decretação por parte dessas sociedades; Lei 11101/2005 –
proibiu novamente o pedido de falência, pelo fato de o maior acionista
dessas sociedades ser o Estado, sendo este quem arcaria com o prejuízo)
 Relativamente: Instituições Financeiras Públicas e Privadas; Seguradoras;
Sociedades de Capitalização; Planos de Assistência a Saúde; Planos de
Previdência Privada.

b) Elemento Material Objetivo


É a exteriorização da insolvência por meio:

 Confissão – autofalência (art. 105): autofalência configura-se quando o


devedor vai a juízo e confessa sua falência, é requerida no lugar da
recuperação judicial quando esta não é mais viável economicamente.

 Impontualidade injustificada (art. 94, I): quando há uma dívida certa, líquida e
exigível, proveniente de um título executivo não pago e sem justificativa
plausível

 Execução frustrada (art. 94, II): quando há uma execução singular e o devedor
não paga, não deposita e não nomeia bens à penhora

 Atos de falência (art. 94, III): configuram-se como atos praticados pelo falido
que evidenciam o estado de insolvência. O crédito aqui pode ser vincendo,
mas o ônus da prova é daquele que o alega, qual seja o devedor.

c) Elemento Formal
Sentença constitutiva que decreta a falência, sem essa sentença ninguém pode ser
considerado falido.

 Recuperação Judicial x Autofalência

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Primeiramente deve ser analisada a viabilidade econômica. A recuperação só pode


ser requerida se atendidos os requisitos do art. 48, o qual prevê:
o Necessidade de exercício regular da atividade por no mínimo 2 anos,
cumulado com os seguintes requisitos;
o Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
o Não ter há menos de 5 anos obtido concessão de recuperação judicial;
o Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nessa lei.

A recuperação legal não pode ser requerida depois de decretada a falência.


Na falência a insolvência é presumida.
A falência atinge a sociedade não o sujeito
Na recuperação judicial ocorre a desconsideração da personalidade jurídica da
sociedade, atingindo-se o patrimônio do sócio.

3. FASES DA FALÊNCIA
I. Pré-falimentar: se estende do pedido até a sentença que decreta a falência, a
qual tem efeito constitutivo.

II. Falência: abrange a arrecadação, realização do ativo, verificação dos créditos,


pagamento do passivo, e por fim a sentença constitutiva.

III. Pós-falência: se depois de encerrado o processo falimentar ainda houver


dívidas remanescentes, os credores podem nesta fase executar
individualmente os sócios, desde que sejam solidários. Nesta fase também
pode ser realizado o “pedido de extinção das obrigações”, se restar
demonstrado que as obrigações foram todas pagas ou que não há mais bens,
mas a dívida foi paga em mais de 50%, se transcorrido 5 anos sem
condenação por crime falimentar ou 10 anos quando condenado, cessam os
efeitos da falência, podendo o sujeito voltar a exercer atividade empresária,
desde que não em seu próprio nome (ex: poderá como sócio).

FALÊNCIA QUANTO A (AO):

Sociedade em Comum: Pode ter sua falência decretada, mas não pode requerer de
outrem. Também por não ser personificada não pode requerer a recuperação judicial,
pois para isto é necessário produzir prova de que exerce atividade empresária por pelo
menos há dois 2 anos.

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Sociedade em Conta de Participação: Sócio ostensivo e sócio oculto. A relação de


sociedade entre esses sócios só existe entre eles, pois para terceiros só há a existência
do sócio ostensivo. Por isto a falência diz respeito somente ao sócio ostensivo, assim
como a recuperação judicial.

Empresa Privada Prestadora de Serviços Públicos: Pode requerer a recuperação


judicial, mas em caso de falência rescindem todos os contratos de concessão na forma
da lei. A falência encerra a concessão.

Empresário Rural: Art. 1971, CC. Se o empresário rural tiver optado pelo registro ele
estará subordinado à Lei de Falências, caso contrário o estará ao direito comum. No
primeiro caso, então, poderá pedir recuperação judicial e falência, por se equiparar ao
empresário comum.

Cooperativa: Não poderá pedir recuperação judicial, uma vez que é sociedade simples
e não sociedade empresária.

Empresário Irregular: Poderá decretar a falência, mas não possui direito de pedir a
recuperação judicial.

COMPETÊNCIA DO JUÍZO FALIMENTAR


Art. 3º da Lei 11.101/2005.
I. Sede no Brasil: principal estabelecimento
II. Sede no exterior: filial

“Art. 3º. É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a


recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal
estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.”

EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA

a) Formação da massa falida


b) Órgãos
c) Direitos dos credores advertidos

d) Consequências da formação da massa falida


 Suspensão das ações e execuções indiretas dos credores.
 A falência não atinge o avalista da obrigação.

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EFEITOS QUANTO AOS CONTRATOS DO FALIDO

I. Contratos unilaterais: são aqueles em que somente uma das partes se


obriga em relação à outra (art. 118).
II. Contratos bilaterais: são aqueles que geram obrigações para ambas as
partes (art. 117). A decretação da falência não resolve os contratos
bilaterais.

Diante do contrato cabe ao administrador dar cumprimento ou não ao


contrato, para essa decisão deve ser ouvido o comitê, quando houver. Caso
contrário cabe ao administrador decidir. O contrato será cumprido se atingir a
finalidade de aumentar o ativo ou diminuir o passivo. Essa decisão é irrecorrível.
A outra parte tem, dentro do prazo de 90 dias, o direito de interpelar o
administrador para saber se o contrato será ou não cumprido. Caso mencione que
irá cumprir o contrato, será uma obrigação assumida pelo administrador. Se optar
por não cumpri-lo, pode incorrer em perdas e danos, poderá ser impetrada ação
própria pleiteando indenização, o que virá a gerar um crédito quirografário.
Quanto ao prazo de 90 dias, a doutrina entende que pode haver interpelação
ultrapassado esse prazo, no entanto, caso o administrador, neste caso, opte pelo
não pagamento, não poderá a outra parte pleitear perdas e danos.

Resumos elaborados por: Bruna Moreschi, Betina Akashi, Carolina Ritzman, Isabella Mombelli, João
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