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CAR T A D E AP R ESENT AÇÃO

Prezado (a) aluno(a):


Estamos muito felizes em recebê-lo (a)no Centro de Estudos Supletivos
Custódio Furtado de Souza, mais conhecido como CESU, para dar
prosseguimento aos seus estudos.
Sabemos que este foi um passo importante e que você optou pelo CURSO
SEMIPRESENCIAL por não poder comparecer todos os dias à escola.
Neste curso o estudo será feito através de apostilas como esta. Haverá
também o auxílio do professor para tirar suas dúvidas e ajudá-lo na verificação
de sua aprendizagem, de acordo com o horário dos plantões de sua disciplina.
Venha até o posto nestes dias indicados.
Esta disciplina foi dividida em várias apostilas para facilitar o seu aprendizado.
Cada item foi cuidadosamente preparado para ajudá-lo!
Ao final de cada apostila, você será capaz de perceber um mundo diferente
e, para que isso aconteça, em cada unidade de ensino do CURSO
SEMIPRESENCIAL, foram selecionados objetivos que deverá alcançar. Eles vão
nortear os seus estudos.
Depois do conteúdo apresentado, há sempre exercícios sobre o tema
abordado. Os mesmos têm a finalidade de permitir que você acompanhe o seu
próprio desenvolvimento. Faça todos os exercícios.
Mas não se esqueça! Esta apostila lhe está sendo emprestada.
NUNCA ESCREVA NELA, FAÇA SEUS EXERCÍCIOS EM SEU CADERNO. OUTROS
COLEGAS DEPENDEM DESTE MATERIAL.
Parabéns pela escolha! Sucesso em sua caminhada. Seja bem-vindo ao CESU!

Equipe de profissionais do CESU.

Literatura – Unidades 1 e 2
Ensino Médio

C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 1


Literatura
ENSINO MÉDIO
UNIDADE 1: - INTRODUÇÃO À TEORIA LITERÁRIA;
- LITERATURA DE INFORMAÇÃO.

Objetivos:

Ao término desta unidade, você deverá ser capaz de:

- diferenciar a linguagem denotativa e a conotativa;

- conhecer o texto literário e o não literário;

- empregar as figuras de linguagens;

- saber diferença entre literatura e realidade;

- identificar o início da literatura brasileira;

- compreender o processo de introdução da cultura europeia no Brasil.

2 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


LITERATURA
ENSINO MÉDIO – UNIDADE 1

INTRODUÇÃO À TEORIA Triste da mulher perdida


Que um marinheiro
LITERÁRIA Esfaqueara!
Leia os dois textos. O primeiro é uma Vieram uns homens de branco,
notícia de jornal e o outro, um poema de Foi levada ao necrotério.
Mário Quintana. E quando abriram, na mesa,
Texto 1 O seu corpo sem mistério,
Mulher Assassinada Que linda e alegre menina
Entrou correndo no céu?
Policiais que faziam a ronda no centro da
cidade encontraram, na madrugada de ontem,
Lá continuou como era
perto da Praça da Sé, o corpo de uma mulher
Antes que o mundo lhe desse
aparentando 30 anos de idade. Segundo
A sua maldita sina:
depoimentos de pessoas que trabalham nos bares
próximos, trata-se de uma prostituta conhecida por
Sem nada saber da vida,
Nenê. Ela foi assassinada a golpes de faca. A De vício ou de perigos,
polícia descarta a hipótese de assalto, pois sua Sem nada saber de nada…
bolsa, com a carteira de dinheiro, foi encontrada
junto ao corpo. O caso está sendo investigado Com a sua trança comprida,
pelo delegado do 2º Distrito Policial. Os seus sonhos de menina,
Os seus sapatos antigos!
(Jornal da Cidade, 10 de setembro de 1994.)
(Mário Quintana, Prosa e Verso)
01.Esta notícia de jornal nos informa sobre um
crime.
02. Este poema trata do mesmo tema do texto
a) Que detalhes ou informações presentes no anterior: o assassinato de uma prostituta. É
texto nos permitem comprovar que esse possível destacar, como fizemos no outro
episódio realmente aconteceu? texto, detalhes ou informações que nos
b) Que informações dadas no texto poderiam permitem comprovar que o episódio da morte
ser efetivamente pesquisadas para saber da mulher ocorreu de fato? Por quê?
se a notícia é verídica ou não?
03. Você observou que, no texto anterior,
Texto 2 predominava a objetividade. Há, no poema,
Pequena crônica policial envolvimento do poeta com aquilo que é
contado? Justifique sua resposta com
Jazia no chão, sem vida, elementos do texto.
E estava toda pintada!
Nem a morte lhe emprestara 04. Em que momento do poema o autor
A sua grave beleza… ultrapassa totalmente os limites da realidade e
Com fria curiosidade, dá asas à sua imaginação?
Vinha gente a espiar-lhe a
Cara, 05. Retire do poema os versos que mostram
As fundas marcas da idade, que aprisionada na prostituta existia uma
Das canseiras da bebida… outra pessoa: inocente, sensível e feliz.

C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 3


A Literatura e a Realidade

Literatura é a arte da palavra. É a técnica de usar as palavras com criatividade e


originalidade, ou seja, é uma forma artística de representação da realidade. Por isso, não
podemos confundir o conteúdo de uma obra literária com fatos da vida real. O escritor, ao criar seu
texto, cria uma outra realidade – a realidade artística, que não pode ser analisada como se
estivéssemos diante de seres de carne e osso.
O escritor tem consciência do caráter ficcional do seu trabalho, como revela Guimarães
Rosa num trecho do conto “ A hora e a vez de Augusto Matraga”:
E assim se passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho desse jeito, sem tirar
nem por, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma história inventada, e não um caso
acontecido, não senhor.
Em resumo: na literatura não há mentira, já que tudo é possível. O que se exige do autor é
coerência, garantida pela organização global do texto. A coerência não admite contradições.
Por exemplo: Não se pode inventar uma personagem de olhos azuis que, sem nenhuma
explicação, de repente aparece de olhos castanhos.
Observe os quadrinhos.

Sua tia Alice, Joãozinho?


Quem foi a Como Assim? O bujão de gás
primeira mulher a explodiu na
ir para o espaço? casa da coitada.
A minha
tia Alice.
ABC
ESCOLA 1+2=3 ESCOLA

Responda:

06. No primeiro balão, a professora faz uma pergunta para os alunos. O que, efetivamente, ela
quer saber?
07. O que Joãozinho entendeu com a expressão “ir para o espaço”?

Você percebeu como as palavras podem assumir sentidos diferentes? Vamos conhecer
mais um pouco sobre a arte da palavra?

Em nossas conversas diárias, costumamos usar as expressões “literalmente…” ou “no


sentido figurado…”. Mas, o que quer dizer isso?

Veja:

Sentido Literal: é aquele que pode ser tomado como o sentido “básico” de uma palavra
ou expressão, e que pode ser apreendido sem ajuda do contexto.

Sentido Figurado: é aquele que as palavras e expressões adquirem, em situações


particulares de uso, em decorrência de uma extensão de seu sentido literal motivada por alguma
semelhança contextual.

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Responda:
Texto 3
08. A que tipo de público você acha que o
Ele é um gato, mas falta tanta coisa... texto ao lado é destinado? Aponte elementos
Às 2h30 da madrugada. Lívia estava do texto que justifiquem sua resposta.
definitivamente desanimada. Era o Segundo
encontro com o mesmo garoto e tudo o que 09. Você acha que o próprio assunto
ela conseguiu foi desatenção pela sua abordado já está integrado ao jogo de
conversa, pressa em estabelecer relações persuasão, de convencimento do produtor do
íntimas (que de íntimas pouco tinham) e texto? Comente.
excessiva preocupação com os assuntos dele.
Só. 10. Apesar de a matéria ser de uma edição da
Não era a primeira vez que acontecia. revista de 1989, a maneira como o
Na verdade, isso estava se repetindo com a relacionamento afetivo é apresentado no
maioria dos gatos com quem vinha saindo. texto condiz com a sua experiência?
Lívia chegou a pensar que o problema era
com ela. Mas, olhando em volta, começou a 11. Que adjetivos teria, para você, “a pessoa
reparar nas amigas e ouvir os mesmos tipos certa”?
de experiência. “Ele não ligou a mínima
quando comecei a comentar o filme a que 12. Explique a última frase do texto: “não falta
tínhamos assistido e ainda por cima nada quando a gente encontra a pessoa
interrompeu sem a menor cerimônia, forçando certa”.
a barra para uma transa”, contou uma delas.
“O que há de errado com esses gatos?”, ficou 13. Releia o 2º parágrafo. O que significa no
se perguntando Lívia. texto, a palavra “gatos”?
Para tirar essa dúvida, fomos procurar
dez garotas bonitas e de sucesso e perguntar: 14. Procure no dicionário a palavra “gato”.
o que anda faltando nos gatos de hoje? Foi Ao responder as questões 13 e 14,
uma surpresa. Dez entre dez estrelas acham você conheceu formas diferentes de se
que falta muita coisa. Mas surpreendente empregar uma mesma palavra, não foi?
mesmo foi constatar que as reclamações
dessas gatas – que podem ser consideradas Então: o sentido Conotativo e Denotativo.
especiais – são as mesmas de qualquer Veja do que estou falando:
anônima na mesma faixa de idade.
As críticas não indicam a busca de um
modelo idealizado de homem; são bem
realistas. A maior mágoa delas é dirigida à
falta de companheirismo dos gatos que
conhecem. E a lista continua: faltam
envolvimento afetivo, disposição para
conversar, humor, paciência, confiança,
atenção e até coragem.
Mas nada de pânico! Se é verdade que
muitos gatos matam as garotas de raiva, https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Projeto-da-UEM-colabora-com-
instituicao-global-na-preservacao-de-corujas
também é verdade que não é por eles que
você vai se encantar, mas apenas por um A Coruja é uma ave noturna.
muito especial. E aí, como definiu Valéria
Monteiro, uma das entrevistadas, “não falta Denotação: quando a palavra é
nada quando a gente encontra a pessoa empregada no seu sentido real, comum,
certa”. literal. É usada na linguagem científica,
Capricho nº 643, março de 1989. informativa, sem preocupação literária.

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Texto 5

Prova de Amor

“Meu bem, deixa crescer a barba para


me agradar”, pediu ele.
E ela, num supremo esforço de amor,
começou a fiar dentro de si e a
laboriosamente expelir aqueles novos pelos,
que na pele fechada feriam caminho.
Mas quando, afinal, doce barba cobriu-
lhe o rosto, e com orgulho expectante
entregou sua estranheza àquele homem:
https://www.carlosbritto.com/programa-mae-coruja-pernambucana-
abre-selecao-ha-vaga-para-petrolina/
“Você não é mais a mesma”, disse ele.
E se foi.
Veja que mamãe coruja!
Colasanti, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de
Conotação: quando a palavra assume Janeiro, Rocco, 1986.p.165.
um sentido fora do costumeiro, um sentido
figurado, poético. A conotação é muito usada
na linguagem literária. 16. De acordo com o que você conhece, até
hoje, na ciência, a produção voluntária de
Leia os textos abaixo: barba é possível? Justifique.

Texto 4 17. No conto de Marina Colasanti predomina a


denotação ou a conotação? Por quê?
No passado remoto da espécie, a
função principal dos pelos era aquecer. À
medida que o homem foi evoluindo, porém, os
18. Pense no sentido de “barba” no texto 5. O
pêlos foram se atrofiando. Mesmo assim, o
que poderia significar?
corpo humano só não possui pêlos nas
palmas das mãos e solas dos pés, ainda que
em certas regiões sejam invisíveis a olhos
19. Marina Colasanti precisa provar se essa
nus, como nos rostos femininos.
mulher existe ou existiu? Por quê?
Um pelo nada mais é do que um fio de
proteína, como a da pele, envolvido por uma
capa de queratina dura; a cor do pelo é dada
Texto em Prosa e Texto Poético
pelos melanócitos do seu interior. Com o
passar dos anos, essas células deixam de
Prosa: As linhas ocupam toda a
produzir a melanina e o pelo embranquece.
extensão horizontal da página, excetuando as
margens convencionais. O texto divide-se em
Oliveira, Lúcia Helena. Superinteressante, 5 maio 1988. blocos chamados parágrafos.

Responda: Poesia: As linhas não ocupam toda a


extensão horizontal da página. O texto divide-
15. Qual é o tipo de linguagem presente no se em blocos chamados estrofes. Cada linha
texto, denotativa ou conotativa? Justifique. do poema é um verso.

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Mas o que é poesia? Vocabulário

Contrição: espécie de arrependimento pelas


Quando alguém diz algo “bonito”, próprias culpas ou pecados.
costumamos dizer “como você está poético Vagar: andar sem destino, sem rumo.
hoje”! Amplidão: espaço indefinido, vastidão,
Talvez ninguém consiga dar uma amplitude.
resposta definitiva sobre o que é poesia. No Vago: aquilo que é indeterminado, indefinido,
entanto, a poesia está em toda parte: nas confusão, incerteza, indecisão.
canções de ninar, nas cantigas de roda, nos Acalanto: cantiga para adormecer criança,
trava-línguas, nas parlendas (rimas infantis cantiga de ninar.
para divertir ou escolher quem fará tal
brinquedo. “Um, dois; feijão com arroz…”), Há, nesse poema, quatro estrofes.
nos provérbios, nas quadrinhas populares,
nas propagandas, nas letras de música, nos Você sabe o que é estrofe?
livros…
O conceito de poesia varia de acordo ESTROFE é um grupo de versos separados
com a época, o movimento literário e varia por um espaço em branco. Cada estrofe do
também entre os escritores. texto apresenta um grupo de versos, ou seja,
O poeta francês Mallarmé, por de linhas poéticas.
exemplo, definiu poesia como a “suprema
forma da beleza”; para o americano Edgar 20. Quantos versos há em cada estrofe do
Allan Poe, é a “criação rítmica da beleza”. poema?

Ao ler o poema, com certeza, você fez


O poema e seus recursos formais uma pausa no final de cada verso, não fez?
Leia em voz alta o poema abaixo, Essa pausa acontece por causa da RIMA, ou
procurando ficar atento aos sons e ritmo do seja, semelhança sonora que há no final dos
texto. A seguir, responda ao que se pede. versos – no Soneto de Contrição – como
ocorre em tanto e encanto.
Soneto de contrição
21. Que outros pares de palavras apresentam
Eu te amo, Maria, eu te amo tanto o mesmo tipo de sonoridade?
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais seja a dor intensa 22. Retire do soneto outros pares de rima.
Mais cresce na minha alma teu encanto.

Como a criança que vagueia o canto RIMA é um recurso musical baseado na


Ante o mistério da amplidão suspensa semelhança sonora das palavras no final dos
Meu coração é um vago de acalanto versos (rima externa) e, às vezes, no interior
Berçando versos de saudade imensa. dos versos (rima interna)..

Não é maior o coração que a alma


Nem melhor a presença que a saudade Explorando mais o texto
Só te amar é divino, e sentir calma… 23.
a) Na 1ª estrofe, o eu lírico (a voz que fala
E é uma calma tão feita de humildade no poema) afirma “o meu peito me dói como
Que tão mais te soubesse pertencida em doença”. Que sentido conotativo tem a
Menos seria eterno em tua vida. palavra peito?
( Vinícius de Morais. Obra poética. Rio de Janeiro: J. b) Na 2ª estrofe, o eu lírico emprega um
Aguiar, 1968.p.203)
neologismo, isto é, palavra nova “berçando”.

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1. Gênero lírico
De acordo com o contexto, qual o significado
dessa palavra? Por muito tempo, até o final da Idade
Média, as poesias eram feitas para serem
cantadas. Eram acompanhadas pela lira,
24. O texto apresenta uma linguagem figurada instrumento musical usado pelos gregos. Daí,
(conotativa), afetiva, construída a partir de o nome lírico.
imagens. Qual é a consequência de amar Nas obras líricas, um “eu” nos passa
tanto Maria? uma emoção, um estado de espírito; há o
predomínio dos sentimentos, da emoção, o
que as torna subjetivas.
25. Uma das formas de composição
a) Nas demais estrofes, são empregadas poética do gênero lírico é o soneto que você
algumas comparações. A que é comparado o pode encontrar no último texto lido, o “Soneto
coração do eu lírico? de contrição”.
b) O que é melhor: a ausência ou a SONETO – significa pequeno som e é uma
presença da mulher amada? Justifique sua composição poética composta de quatorze
resposta. versos distribuídos em quatro estrofes (duas
estrofes de quatro versos e duas estrofes de
três versos). Apresenta sempre métrica
26.Nas duas últimas estrofes, o eu lírico diz (versos de dez ou doze sílabas poéticas) e
que sente, em amar, uma alma feita de rima.
humildade. Que tipo de relação há entre o eu Apesar de sua forma clássica, o soneto
lírico e a mulher amada? encontra adeptos no Modernismo, como bem
a) distanciamento nos mostra Vinícius de Moraes.
b) encantamento
c) submissão Exercícios
d) medo

27. Nos dois últimos versos, o eu lírico Soneto de Fidelidade


confessa que, se Maria lhe pertencesse, De tudo, ao meu amor serei atento
“Menos seria eterno em tua vida”. Que tipo de Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
sentimento em relação ao amor o eu lírico Que mesmo em face de maior encanto
expressa? Dele se encante mais meu pensamento.
a) dor
Quero vivê-lo em cada vão momento
b) medo
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
c) desânimo
E rir meu riso e derramar meu pranto
d) paciência
Ao seu pesar ou seu contentamento.

GÊNEROS LITERÁRIOS E assim, quando mais tarde me procure


A literatura, quanto à forma, pode se Quem sabe a morte, angústia de quem vive
manifestar em prosa ou verso. Quanto ao Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
conteúdo ou estrutura podemos enquadrar as
obras literárias em gêneros. Eu possa me dizer do amor (que tive):
A divisão mais clássica dos gêneros foi Que não seja imortal, posto que é chama
feita por Aristóteles, cerca de 350.a.C.; o Mas que seja infinito enquanto dure.
filósofo dividiu a produção poética da época
em três gêneros: lírico, dramático e épico. MORAES, Vinicius de. In: Antologia poética. Rio de
Porém, acrescentaremos a essa Janeiro: J. Olympio, 1977. P.77.
divisão o gênero narrativo, que compreende
as narrativas em prosa. 28. Explique a última estrofe do soneto.

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2. Gênero dramático do homem. O romance apresenta um corte
Drama, em grego, significa “ação”. Ao gênero amplo da vida, com personagens e situações
dramático pertencem os textos, em poesia ou mais densas e complexas e passagem mais
prosa, feitos para serem representados. lenta do tempo. São vários os tipos de
romances: romance de costumes, romance
Compreende as seguintes modalidades: psicológico, romance policial, romance
a) Tragédia – é a representação de um regionalista, romance de cavalaria, romance
fato trágico, apto a suscitar compaixão histórico, etc.
e terror.
Novela: a principal distinção entre
b) Comédia - é a representação de um
fato inspirado na vida e no sentimento romance e novela é a extensão. Podemos
comum, de riso fácil, em geral perceber na novela características tais como:
criticando os costumes. valorização de um evento, um corte mais
limitado da vida, a passagem do tempo mais
c) Tragicomédia – é a mistura do trágico
rápida e uma diferente postura do narrador,
com o cômico. Originalmente,
que tem mais destaque como contador de um
significava a mistura do real com o
fato passado.
imaginário.
Observe o trecho abaixo:
d) Farsa – pequena peça teatral, de
caráter ridículo e caricatural, criticando
A morte e a morte de Quincas Berro
a sociedade e seus costumes.
D’Água
“Até hoje permanece certa confusão
em torno da morte de Quincas Berro D’Água.
3. Gênero épico Dúvidas por explicar, detalhes absurdos,
A epopeia é a narração em versos de contradições no depoimento das
um fato glorioso e maravilhoso que interessa testemunhas, lacunas diversas. Não há
a toda uma coletividade. clareza sobre hora, local e frase derradeira. A
Há um narrador que conta os fatos família, apoiada por vizinhos e conhecidos,
acabados da história de um povo, com mantém-se intransigente na versão da
objetividade e impessoalidade. tranquila morte matinal, sem testemunhas,
sem aparato, sem frase, acontecida quase
Fique por dentro: vinte horas antes daquela outra propalada e
comentada morte na agonia da noite, quando
Publicado em 1572, “Os lusíadas”, de a Lua de desfez sobre o mar e aconteceram
Luís Vaz de Camões, é considerado o maior mistérios na orla do cais da Bahia.
poema épico da língua portuguesa. Possui Presenciada, no entanto, por testemunhas
8816 versos decassílabos distribuídos em idôneas, largamente falada nas ladeiras e
1102 estrofes de oito versos cada e grande becos escusos, a frase final, repetida de boca
valor poético e histórico com o tema: “a glória em boca, representou, na opinião daquela
do povo navegador português”, tendo como gente, mais que uma simples despedida do
herói todo o povo português. mundo, um testemunho profético, mensagem
de profundo conteúdo (como escreveria um
jovem autor de nosso tempo).”
4. Gênero narrativo
AMADO, Jorge. A morte e a morte de
O gênero narrativo moderno é visto Quincas Berro D’Água. 67. ed. Rio de Janeiro:
como uma variante do gênero épico, Record,1995.
enquadrando, neste caso, as narrativas em
prosa. Dependendo da estrutura, da forma e Você acabou de ler o primeiro
da extensão, as principais manifestações parágrafo da interessante história das vidas e
narrativas são: das mortes de Quincas Berro D’Água.
Romance: narração de um fato Observe certas características da narração
imaginário, mas verossímil que representa desta novela: narrador se caracteriza como
quaisquer aspectos da vida familiar e social contador de uma caso procura se posicionar
C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 9
da forma mais imparcial possível, passando ao recriar a fábula, acrescentando às fábulas
ao ouvinte/leitor todas as dúvidas e tradicionais curiosos e certeiros comentários
contradições geradas pelas diferentes dos personagens que viviam no Sítio do
versões dos fatos, como se ele, simples Picapau Amarelo.
narrador, não os tivesse presenciado e se
limitasse a contar o que ouviu. Leia uma fábula

29. Transcreva do trecho a expressão que A Cigarra e as formigas


comprova a preocupação do narrador em
datar os acontecimentos como fatos Num belo dia de inverno, as formigas
passados. estavam tendo o maior trabalho para secar
suas reservas de trigo. Depois de uma
Conto: é a mais breve das narrativas, chuvarada, os grãos tinham ficado
centrada em um episódio da vida. completamente molhados. De repente
Como nos ensina o professor Afrânio aparece uma cigarra:
Coutinho, “o contista oferece uma amostra, _ Por favor, formiguinhas, me dêem um
através de um episódio, um flagrante ou um pouco de trigo! Estou com uma fome danada,
instantâneo, um momento singular e acho que vou morrer.
representativo. Procura obter a unidade de As formigas pararam de trabalhar,
impressão rapidamente, à custa da máxima coisa que era contra os princípios delas, e
concentração e economia de meios.” perguntaram:
_Mas por quê? O que você fez durante
o verão? Por acaso não se lembrou de
Crônica: a palavra crônica deriva do guardar comida para o inverno?
radical grego crono, que significa “tempo”. Daí _ Para falar a verdade, não tive tempo
seu caráter contemporâneo: relato de _ respondeu a cigarra. _Passei o verão
acontecimentos do tempo de hoje, ou seja, cantando!
relato dos fatos do cotidiano. _ Bom… Se você passou o verão
cantando, que tal passar o inverno dançando?
Desde a consolidação da imprensa, _disseram as formigas, e voltaram para o
com o advento do Romantismo, a crônica se trabalho dando risada.
caracterizou como uma seção de jornal ou
revista em que se comentam acontecimentos Moral: Os preguiçosos colhem o que
do dia-a-dia. Segundo Antônio Cândido, a merecem.
crônica “é filha do jornal e da era da máquina, (Fábulas de Esopo. Compilação por Russel
onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi Ash e Bernard Higton; tradução por Heloisa Jahn. São
Paulo: Cia. Das Letrinhas, 1994.p.48.)
feita originariamente para o livro, mas para
essa publicação efêmera: que se compra num
dia e no dia seguinte é usada para embrulhar
um par de sapatos ou forrar o chão da
A intertextualidade
cozinha.”
Ao ler, percorremos diversos caminhos;
Fábula: narrativa cujo surgimento conhecemos muitos diálogos entre os textos.
coincide, segundo alguns estudiosos, com o Os textos, assim como nós, não vivem
da própria linguagem. De caráter didático, tem sozinhos. Há textos que influenciam outros,
como objetivo transmitir uma lição de moral. que apoiam, criticam, alimentam e se
Normalmente, apresenta animais como alimentam de outros textos.
personagens. O primeiro grande nome da Quando os textos se cruzam, por
fábula foi Esopo, um escravo grego que teria qualquer motivo, ocorre o que chamamos
vivido no século VI a.C. As fábulas de Esopo intertextualidade.
foram retomadas por La Fontaine, poeta O poema que você vai ler foi escrito no
francês que viveu de 1621 a 1695. No Brasil, século XVI por um dos maiores escritores em
Monteiro Lobato realizou tarefa semelhante, língua portuguesa de todos os tempos: Luís

10 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


Vaz de Camões. Observe a atualidade desses Texto 2
versos apesar de terem sido escritos há mais
de quatro séculos.
A letra de música que você pode ler e
Texto 1 cantar une um texto da Bíblia (I Coríntios,
capítulo 13) e o soneto de Camões (Texto 1).
Amor é fogo que arde sem se ver; Observe como os textos se cruzam, se
É ferida que dói e não se sente; completam, se unem…
É um contentamento descontente;
Monte Castelo
É dor que desatina sem doer.
Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos
É um não querer mais que bem-querer;
É solitário andar por entre a gente; Ainda que eu falasse
É um não contentar-se de contente; A língua dos homens
É cuidar que se ganha em se perder; E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor; É só o amor! É só o amor
É ter com quem nos mata lealdade. Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Mas como causar pode seu favor Não sente inveja ou se envaidece
Nos corações humanos amizade.
Se tão contrário a si é o mesmo Amor é fogo que arde sem se ver
Amor? É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
CAMÕES,Luís Vaz de. Sonetos. Texto É dor que desatina sem doer.
integral. Notas de M. de Lurdes Saraiva. Lisboa,
Publicações Europa-América. 1975.p.181.
Ainda que eu falasse
30. Como se chama esse poema de forma A língua dos homens
fixa: quatorze versos distribuídos em dois E falasse a língua dos anjos
quartetos e dois tercetos? Sem amor eu nada seria

31. Você já deve saber que num poema não É um não querer mais que bem-querer
existe narrador e sim eu-lírico. É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
a) Nesse soneto, qual é o objetivo do eu- É cuidar que se ganha em se perder
lírico?
b) Com que palavra o eu-lírico começa e É um estar-se preso por vontade
termina o poema? É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade
c) Foi utilizado algum recurso para dar
Tão contrário a si é o mesmo amor.
ênfase a essa palavra no texto?
Estou acordado e todos dormem,
32. Explique com suas palavras o verso:
Todos dormem, todos dormem
“Amor é fogo que arde sem se ver”.
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
33. O que o eu-lírico quer dizer com: “é nunca
contentar-se de contente”?
É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade
34. Segundo esse poema, as pessoas
O amor é bom, não quer o mal
apaixonadas se doam sem se preocupar com
Não sente inveja ou se envaidece
qualquer tipo de retribuição. Transcreva o
verso que comprova essa afirmativa.

C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 11


Nacional, separadas por um período de
Ainda que eu falasse transição, que corresponde à emancipação
A língua dos homens política do Brasil. As eras apresentam
E falasse a língua dos anjos subdivisões chamadas escolas literárias ou
Sem amor eu nada seria. estilos de época.
A Era Colonial abrange o
PINHEIRO, Leite. Coisas do Brasil. Rio de Janeiro. Quinhentismo (de 1500 ano do
Polygram,1993.
descobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou
Barroco (de 1601 a 1768), o Setecentismo (de
Pesquise na Bíblia o capítulo 13 da 1768 a 1808) e o período de Transição (de
primeira carta do apóstolo Paulo aos 1808 a 1836).
Coríntios. Leia o capítulo todo e descubra os A Era Nacional, por sua vez, envolve o
trechos que foram utilizados pelo compositor Romantismo (de 1836 a 1881), o Realismo
Renato Russo. (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a
1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A
partir daí, o que está em estudo é a
contemporaneidade da literatura brasileira.
As eras e as escolas literárias
brasileiras 1 - Quinhentismo
O estudo sobre as origens da literatura
brasileira deve ser feito levando-se em conta
Quinhentismo é a denominação
dois lados: a história e a estética.A história diz
genérica de todas as manifestações literárias
que a literatura brasileira nasceu na literatura
ocorridas no Brasil durante o século XVI,
portuguesa, visto que eram muito pequenas
correspondendo à introdução da cultura
as diferenças entre as literaturas brasileira e
européia em terras brasileiras. Não podemos
portuguesa.
falar numa literatura do Brasil, aquela que
Por outro lado, quanto à estética, está
reflete a cosmovisão do homem brasileiro, e
saliente as diferenças de comportamento
sim numa literatura no Brasil, ou seja, uma
entre o nativo e o colonizado e do homem
literatura ligada ao Brasil, mas que denota a
Americano, interferindo na produção literária.
cosmovisão, as ambições e as intenções do
Em outras palavras, considerando que a
homem europeu.
situação do colono tinha de resultar numa
Dessa forma, espelhando diretamente
nova concepção da vida e das relações
o momento histórico vivido pela Península
humanas, com uma visão própria da
Ibérica, temos uma literatura informativa e
realidade, a corrente estética valoriza o
uma literatura dos jesuítas ( elaborada pelos
esforço pelo desenvolvimento das formas
jesuítas, marcada por forte teor religioso
literárias no Brasil, em busca de uma
tendo o Padre José de Anchieta seu principal
expressão própria, tanto quanto possível
representante) como principais manifestações
original.
literárias no século XVI.
Em resumo: estabelecer a autonomia
literária é descobrir os momentos em que as
formas e artifícios literários se prestam a fixar 2 – A literatura informativa
a nova visão estética da nova realidade. A literatura informativa, também
Assim, a literatura, ao invés de períodos chamada de literatura dos viajantes ou dos
cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu cronistas, reflexo que é das Grandes
nascedouro, de acordo com os estilos Navegações, empenha-se em fazer um
correspondentes às suas diversas fases, do levantamento da "terra nova", de sua flora,
Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da fauna e de sua gente. Daí ser urna literatura
contemporaneidade. meramente descritiva e, como tal, sem grande
Duas eras – A literatura brasileira tem valor literário. No entanto, seu valor histórico
sua história dividida em duas grandes eras, deve ser salientado, pois esses documentos
que acompanham a evolução política e são a única fonte de informação sobre o Brasil
econômica do país: a Era Colonial e a Era do século XVI. A principal característica dessa

12 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


manifestação é a exaltação da terra, resultante oitavas de Páscoa – a semana que vai desde o
do assombro do europeu que vinha de um domingo de Páscoa até o domingo seguinte, conhecido
como Pascoela.
mundo temperado e se defrontava com o topamos – encontramos
exotismo e a exuberância de um mundo fura-buxos – tipo de ave marinha comum no litoral
tropical. Com relação à linguagem, o louvor à tropical
terra transparece no uso exagerado de hora de véspera – fim da tarde, perto das 18 horas.
adjetivos, quase sempre empregados no
superlativo. Leia os textos A e B, que dialogam numa
relação intertextual, e responda à questão 35
3- Pero Vaz de Caminha Texto A
Escrivão da armada de Cabral, Pero
Vaz de Caminha nasceu por volta de 1437, Erro de português
provavelmente na cidade do Porto; teve
trágico fim na Índia (Calicut), ainda no ano de Quando o português chegou
1500, assassinado que foi pelos mouros. A Debaixo de uma bruta chuva
sua “Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o Vestiu o índio
achamento do Brasil”, além de ter inestimável Que pena!
valor histórico, é um trabalho de bom nível Fosse uma manhã de sol
literário. O texto da carta mostra claramente O índio tinha despido
aquele duplo objetivo que, segundo Caminha, O português
impulsionava os portugueses para as ( Oswald de Andrade)
aventuras marítimas, isto é, a conquista dos
bens materiais e a dilatação da fé cristã. Veja
Texto B
este fragmento: Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o achamento
do Brasil
Senhor, posto que o capitão-mor desta
vossa frota, e assim os outros capitães (Fragmentos)
escrevam a Vossa Alteza a nova do [...]
achamento desta vossa terra nova, que ora À noite seguinte ventou tanto sueste com
nesta navegação se achou, não deixarei chuvaceiros que fez caçar as naus. E
também de dar disso minha conta(…) especialmente a Capitania. E sexta pela manhã,
E assim seguimos nosso caminho, por às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho
este mar, de longo, até que, terça-feira das dos pilotos, mandou o Capitão levantar ancoras e
oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, fazer vela. E fomos de longo da costa, com os
que topamos alguns sinais de terra(…) E na batéis e esquifes amarrados na popa, em direção
norte, para ver se achávamos alguma abrigada e
quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos bom pouso, onde nós ficássemos, para tomar
aves a que chamam fura-buxos. E neste dia, água e lenha. Não por nos já minguar, mas por
a horas de véspera, houvemos vista de terra! nos prevenirmos aqui. E quando fizemos vela
Primeiramente dum grande monte, mui alto e estariam já na praia assentados perto do rio obra
redondo; e doutras serras mais baixas ao sul de sessenta ou setenta homens que se haviam
dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: juntado ali aos poucos. Fomos ao longo, e
ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte mandou o Capitão aos navios pequenos que
Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz (…) fossem mais chegados à terra e, se achassem
pouso seguro para as naus que amainassem.

Senhor – é uma referência a D. Manuel, mais adiante E velejando nós pela costa, na distância de
tratado por Vossa Alteza. dez léguas do sítio onde tínhamos levantado ferro,
Capitão-mor – referência a Pedro Álvares Cabral, acharam os ditos navios pequenos um recife com
capitão de toda a esquadra. um porto dentro, muito bom e muito seguro, com
nova – notícia (apenas o primeiro nova, substantivado uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e
por um artigo a). amainaram. E as naus foram-se chegando, atrás
minha conta – meu relato deles. E um pouco antes de sol-posto amainaram
de longo – para adiante, no sentido de seguir em também, talvez a uma légua do recife, e
frente.
ancoraram a onze braças.
C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 13
E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em Para responder às questões de 37 a 39, assinale
um daqueles navios pequenos, foi, por mandado uma das alternativas:
do Capitão, por ser homem vivo e destro para
isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto 37. Os primeiros escritos da nossa vida
dentro. E tomou dois daqueles homens da terra documentam precisamente a instauração do
que estava numa almadia: mancebos e de bons processo: são __________________ que
corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete viajantes e missionários europeus colheram sobre
setas. E na praia andavam muitos com seus arcos a ______________________ e o
e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, ____________________ brasileiro. (Alfredo Bosi)
levou-os à capitania, onde foram recebidos com
muito prazer e festa. a) informações - indústria - comércio
A feição deles é serem pardos, um tanto b) análises - agricultura - comércio
avermelhados, de bons rostos e bons narizes, c) histórias - realidade - passado
bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. d) informações - natureza - homem
Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de e) análises - mulher - clima
encobrir suas vergonhas do que de mostrar a
cara. Acerca disso são de grande inocência . 38. A respeito da Carta de Caminha, podemos
Ambos traziam o beiço de baixo furado e afirmar:
metido nele um osso verdadeiro, de comprimento a) Não há preocupação com a conquista
de uma mão travessa, e da grossura de um fuso material.
de algodão, agudo na ponta como furador. b) A única preocupação era a catequese dos
Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a índios.
parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é c) É representativa do pensamento contra-
feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali reformista.
encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes d) Apresenta tanto preocupação material
põe estorvo no falar, nem no comer e beber. quanto espiritual.
e) Não cita, em momento algum, os nativos
35. Leia o fragmento da carta de Pero Vaz de brasileiros.
Caminha, texto que foi o primeiro documento
escrito no Brasil e responda: 39. (UFPI) Quando se fala em “literatura colonial”,
a) Em que versos o poeta Oswald de o período abarcado por essa expressão
Andrade retoma essa informação? corresponde:
b) Que adjetivo (palavra que caracteriza o a) ao século XVI, quando se escreveram os
nome) o poeta utiliza para “modernizar” a primeiros relatos sobre a terra a ser
linguagem da carta de Caminha? colonizada;
b) ao século XVII, quando se intensificou a
36. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso), após produção de uma literatura voltada para
analisar as afirmações que se seguem sobre o catequese dos índios e colonos.
Quinhentismo: c) ao século XVIII, quando se tornou presente
a) ( ) A literatura de informação ressalta a em muitas obras sentimento de revolta
importância do trabalho com estilo, com a contra a condição colonial.
forma. d) sobretudo aos três primeiros séculos de
b) ( ) A atitude de Caminha frente a terra nossa história, no século XIX o Brasil se
recém-descoberta é de decepção e de tornou independente.
repulsa ao índio. e) sobretudo aos três primeiros séculos de
c) ( ) A produção informativa do nossa história, no século XVIII a literatura
Quinhentismo tem maior valor histórico brasileira estava livre de influências
documental que literário. externas.
d) ( ) A exaltação ufanista das virtudes da
terra prestava se, também, ao incentivo à
imigração e aos investimentos da Europa
na Colônia.
e) ( ) A literatura dos Viajantes é ocorrência
exclusivamente brasileira, não tendo
nenhum similar em nenhuma outra parte
do mundo.

14 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


Bibliografia
FARACO, Carlos Enílio; MOURA, Francisco
Marto. Língua e Literatura. V. 1. 20. Ed. 1.
imp. São Paulo: Ática, 2000

MÓISÉS, Massaud. A literatura brasileira


através dos textos. 24. ed. São Paul:
Cultrix, 2004.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura


brasileira. 42.ed.São Paulo:Cultrix,2004.

MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a


Euclides: breve história da literatura bra-
sileira. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1979.

AMARAL, Emília et al. Novas palavras: língua


portuguesa: ensino médio. 2 ed. Renov.
São Paulo; FTD, 2005. (Coleção novas
palavras).

ANDRADE, Fernando Teixeira de. Literatura ,


I. São Paulo:Centro de Recursos Educa-
cionais,1987. (Coleção Objetivo:Sistema
de métodos de aprendizagem; livro 26).

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura


brasileira.24 ed.São Paulo: Cultrix, 2004.

MAIA, João Domingues. Português.7. ed. São


Paulo: Ática, 2000. ( Série Novo Ensino
Médio, v. único).

MOISÉS, Massaud. Literatura através de


textos. São Paulo: Cultrix, 2004.

TERRA, Emaní; NÍCOLA, José de;CAVALLE


TE, Floriana Toscano. Português para o
ensino médio: língua, literatura e produ-
ção de textos. São Paulo: Scípione,2002.

C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 15


L ITERATURA
ENSINO MÉDIO
UNIDADE 2 – BARROCO E ARCADISMO

Objetivos:

Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:

- reconhecer os principais autores do Barroco e do Arcadismo


brasileiro;

- relacionar o período histórico com o estilo de época(Barroco)


e conhecer os Sermões do Padre Antônio Vieira;

- conceituar o Arcadismo, como um estilo de época do qual


participaram vários autores que defenderam, através de suas
obras, a Inconfidência Mineira;

- identificar as características e a linguagem do Barroco e do


Arcadismo;

- resolver atividades para fixação do conteúdo.

16 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


O Barroco Conceptismo: marcado pelo jogo de ideias,
Designa-se assim o estilo artístico de de conceitos, seguindo o raciocínio lógico,
excessos, exageros que se seguiu ao racionalista, usando uma retórica aprimorada.
Renascimento. Segundo algumas teorias, a Um dos principais cultores do Conceptismo foi
palavra deriva do grego baros, que significa o espanhol Quevedo, de onde deriva o termo
“pesado”; para outros, provém do florentino Quevedismo.
barochio ("engano"), enquanto a hipótese
mais generalizada relaciona a palavra com o A PRODUÇÃO LITERÁRIA
português “barroco”, “pérola de forma Gregório de Matos Guerra (“Boca do
irregular”. Inferno”)
O Barroco - no Brasil tem seu marco
inicial em 1601, com a publicação do poema Nascido na Bahia, provavelmente a 20
épico Prosopopei, de Bento Teixeira, que de dezembro de 1633, Gregório de Matos
introduz definitivamente o modelo da poesia firma-se como o primeiro poeta brasileiro.
camoniana em nossa literatura. Após os primeiros estudos no Colégio dos
O termo barroco denomina Jesuítas, vai para Coimbra, onde se graduou
genericamente todas as manifestações em Direito.
artísticas dos anos de 1600 e início dos anos Formado, vive alguns anos em Lisboa
de 1700. Além da literatura, estende-se à exercendo a profissão, por suas sátiras, é
música, pintura, escultura e arquitetura da obrigado a retornar à Bahia. Em sua terra
época. natal, é convidado a trabalhar com os jesuítas
no cargo de tesoureiro-mor da Companhia de
As várias denominações do Barroco Jesus. Ainda por suas sátiras, abandona os
A estética barroca caracteriza toda a padres e é degredado para Angola; já
Europa do século XVII. Em alguns países o bastante doente, retorna ao Brasil, mas sob
estilo barroco recebeu denominações duas condições: ficava proibido de pisar em
particulares: terras baianas e de apresentar suas sátiras.
Morreu no Recife no ano de 1696.
Espanha- Gongorismo derivado do nome do Apesar de ser conhecido como satírico - daí o
poeta Luís de Gôngora y Argote (1561- 1627). apelido de “Boca do Inferno” -, Gregório
Itália - Marinismo, pela influência exercida por também praticou, e com esmero, a poesia
Gianbattista Marini (1569- 1625). religiosa e a lírica. Cultivou tanto o estilo
Inglaterra- Eufuísmo, derivado do título do cultista quanto o conceptista, apresentando
romance Euphues, or the anatomy of wit, do jogos de palavras ao lado de raciocínios sutis,
escritor John Lyly (1554- 1606). sempre com o uso abusivo de figuras de
França- Preciosismo, pelo culto à forma linguagem.
extremamente rebuscada na corte de Luís
XIV. O “Rei Sol”.
Alemanha- Silesianismo, por ter caracterizado Décima
os escritores da região da Silésia, que originou “Se Pica-Flor me chamais,
a Escola Salesiana. Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber
se no nome que me dais,
CARACTERÍSTICAS:
Podemos notar dois estilos do Barroco
meteis a flor, que guardais
literário:
no passarinho melhor!
Cultismo: caracterizado pela linguagem
Se me dais este favor,
rebuscada, culta, extravagante a valorização
sendo só de mim o Pica,
do pormenor mediante jogo de palavras, com
e o mais vosso, claro fica,
visível influência do poeta espanhol Luís de
que fico então Pica Flor.”
Gôngora; daí o estilo ser conhecido, também,
por Gongorismo.
MATOS, Gregório de op.p 261

C E S U - SEMIPRESENCIAL - MÓDULO 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 17


Padre Antônio Vieira
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Vieira nasceu em Lisboa, em 1608.
“Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Com sete anos vem para a Bahia; em 1623
Da vossa alta clemência me despido; entra na Companhia de Jesus.
Porque, quanto mais tenho delinqüido, Podemos dividir a obra de Antônio Vieira em:
Vos tenho a perdoar mais empenhado. Profecias: constam de três obras: História do
futuro, Esperanças de Portugal e Clavis
Se basta a vos irar tanto pecado, Prophetarum, onde se notam o sebastianismo e
A abrandar-vos sobeja um só gemido: as esperanças de que Portugal se tornaria o
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Quinto Império do Mundo, pois tal fato estaria
Vos tem para o perdão lisonjeado. escrito na Bíblia. Isso demonstra seu estilo
alegórico de interpretação bíblica, um
nacionalismo megalomaníaco e servidão
Se uma ovelha perdida e já cobrada incomum, próprio dos jesuítas.
Glória tal e prazer tão repentino Cartas: são cerca de 500 cartas, versando
Vos deu, como afirmais na Sacra História: sobre o relacionamento entre Portugal e
Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos-
Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada, novos e sobre a situação da colônia. São
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, importantes documentos históricos.
Perder na vossa ovelha a vossa glória.” Sermões: são quase 200 sermões, o melhor
da obra de Vieira. De estilo barroco
MATOS,Gregório de In.W isnk. José Miguel(org.). Poemas conceptista, totalmente oposto ao
escolhidos - S.Paulo, Cultrix,1976 p.297
Gongorismo, o pregador português joga com
as ideias e os conceitos, segundo os
Décima: composição poética de dez versos muito
ensinamentos da retórica dos jesuítas.
usada por Gregório de Matos (e, até hoje, por
cantadores nordestinos. A rima usual é ABBAACCDDC.
Um deles é o Sermão da Sexagésima.
Confira. Originalmente pregado na Capela Real de Lisboa,
Obs.: Os poemas barrocos têm, normalmente, em 1655, também é conhecido como “A palavra de
longos títulos explicativos. Deus”. Polêmico, esse sermão resume a arte
Pica-flor: passarinho, o mesmo que beija flor. de pregar. Ao analisar “porque não frutificava
Redondilha: nome dado aos versos de cinco ou sete a Palavra de Deus na terra”, Vieira visava a
sílabas poéticas. Os versos de sete sílabas poéticas
(heptassílabos) são chamados de redondilha maior,
seus adversários católicos - os gongóricos
como no caso da poesia ao lado. dominicanos. No intróito do sermão, se propõe
Clemência: perdão, indulgência, a analisar de quem era a culpa por não
Despido: despeço, frutificar a palavra de Deus:
Sobeja: é necessário, “Ora suposto que a conversão das
Cobrada: recuperada.
Sacra História: em algumas edições aparece com as almas por meio da pregação depende destes
iniciais maiúsculas: as sagradas escrituras. três concursos: de Deus, do pregador e do
Desgarrada: perdida, pecadora ouvinte, por qual deles devemos entender
Rima: concordância de sons, finais ou internos, entre falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do
os versos. O soneto ao lado apresenta o seguinte pregador, ou por parte de Deus?”
esquema: ABBA ABBA CDE CDE.
Antítese: figura que salienta palavras ou ideias
Inicialmente inocenta Deus, numa
opostas. Por exemplo: “quanto mais tenho, vos tenho atitude dogmática:
delinquido a perdoar” “Primeiramente por parte de Deus, não
Delinquido: que apresenta magreza pronunciada, falta e nem pode faltar. Esta proposição é de
enfraquecido. fé, definida no Concílio Tridentino e no nosso
Decassílabo: verso de 10 sílabas poéticas, também
chamado de “medida nova”, pois foi muito utilizado evangelho a temos.”
durante o Renascimento em oposição às redondilhas Posteriormente inocenta os ouvintes.
medievais, chamadas de “medida velha”.

18 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


Mal Secreto inconfidências até a chegada da Família Real
Raimundo Correa em 1808.
O movimento tem características
Se a cólera que espuma, a dor que mora reformistas, pois seu intuito era o de dar
Na alma, e destrói cada ilusão que nasce, novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos e
atitudes da época. A aristocracia em declínio
Tudo o que punge, tudo o que devora viu sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma
O coração, no rosto se estampasse; nova organização econômica liderada pelo
pensamento burguês
Ao passo que os textos produzidos no
Se se pudesse o espírito que chora período convencionado como Quinhentismo
sofreram influência direta de Portugal e
Ver através da máscara da face,
aqueles produzidos durante o Barroco, da
Quanta gente, talvez, que inveja agora cultura espanhola, os do Arcadismo, por sua
vez, foram influenciados pela cultura francesa
Nos causa, então piedade nos causasse!
devido aos acontecimentos movidos pela
burguesia que sacudiram toda a Europa (e o
Quanta gente que ri, talvez, consigo mundo ocidental).

Guarda um atroz, recôndito inimigo,


Como invisível chaga cancerosa! Houve dois momentos do Arcadismo no
Brasil:
Quanta gente que ri, talvez existe, a) poético: retorno à tradição clássica
Cuja a ventura única consiste com a utilização dos seus modelos e
valorização da natureza e da mitologia.
Em parecer aos outros venturosa! b) ideológico: influenciado pela filosofia
presente no Iluminismo, que traduz a
O Arcadismo crítica da burguesia culta aos abusos
da nobreza e do clero.
Também conhecido como
Setecentismo ou Neoclassicismo, é o Seus principais autores são Cláudio
movimento que compreende a produção Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
literária brasileira na segunda metade do Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No
século XVIII. O nome faz referência à Brasil, o ano convencionado para o início do
Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua Arcadismo é 1768, quando houve a
vez, foi nomeada em referência ao semideus publicação de Obras, do poeta Cláudio
Arcas (filho de Zeus e Calisto). Manoel da Costa.
Denota-se, logo de início, as
referências à mitologia grega que perpassa o
movimento. Arcádia Ultramarina
Profundas mudanças no contexto
histórico mundial caracterizam o período, tais Trata-se de uma sociedade literária
como a ascensão do Iluminismo, que fundada na cidade de Vila Rica (MG)
pressupõe o racionalismo, o progresso e as influenciada pela Arcádia italiana (fundada em
ciências. Na América do Norte, ocorreu a 1690) e cujos membros adotavam
Independência dos Estados Unidos, em pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de
1776, abrindo caminho para vários pastores cantados na poesia grega ou latina.
movimentos de independência ao longo de Por isso alguns dos principais nomes do
toda a América, como foi o caso do Brasil, que Arcadismo brasileiro publicaram suas obras
presenciou inúmeras revoluções e com nomes inspirados na mitologia grega e
romana.

C E S U - SEMIPRESENCIAL – MÓDULOS 1 E 2 Literatura - Ensino Médio - 19


Principais características:
Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa
- inspiração nos modelos clássicos greco- foi a primeira obra árcade publicada no
latinos e renascentistas, como, por exemplo, Brasil.
em O Uraguai (gênero épico), em Marília de
Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas Os árcades e seus pseudônimos
(gênero satírico); pastorais:
- influência da filosofia francesa;
- mitologia pagã como elemento estético; Cláudio Manuel da Costa: Glauceste
- o bom selvagem, expressão do filósofo Satúrnio.
Jean-Jacques Rousseau; Tomás Antônio Gonzaga: Dirceu.
- tensão entre o burguês culto, da cidade, Basílio da Gama: Termindo Sipílio.
contra a aristocracia;
- pastoralismo: poetas simples e humildes;
- bucolismo: busca pelos valores da natureza; LIRA 77
- nativismo: referências à terra e ao mundo
natural; Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
fui honrado pastor da tua aldeia;
- estado de espírito de espontaneidade dos
vestia finas lãs e tinha sempre
sentimentos; a minha choça do preciso cheia.
- exaltação da pureza, da ingenuidade e da Tiraram-me o casal e o manso gado,
beleza. nem tenho a que me encoste um só cajado.

Termos em latim: ...........................................................


O uso de expressões em latim era prezava o teu semblante, os teus cabelos
comum no neoclassicismo. Elas estavam ainda muito mais que um grande trono.
associadas ao estilo de vida simples e Agora que te oferte já não vejo,
além de um puro amor, de um são desejo.
bucólico. Conheça algumas delas:
Inutilia truncat: “cortar o inútil”, referência
Se o rio levantado me causava,
aos excessos cometidos no Barroco. levando a sementeira, prejuízo,
Fugere urbem: “fugir da cidade”, do escritor eu alegre ficava, apenas via
clássico Horácio; na tua breve boca um ar de riso
Locus amoenu: “lugar ameno”, um refúgio ............................................................
tranqüilo; Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
Carpe diem: “aproveitar a vida”; de ver-te ao menos compassivo o rosto.
Aurea mediocritas: “mediocridade áurea, de
ouro”. Segundo essa expressão, o homem ..............................................................
mediano é aquele que alcança a felicidade, não se Ah! minha bela, se a fortuna volta,
devendo, assim, procurar riquezas e posses em se o bom, que já perdi, alcanço e provo,
vida. por essas brancas mãos, por essas faces
te juro renascer um homem novo,
Entre os árcades brasileiros, romper a nuvem que os meus olhos cerra,
destacam-se: amar no céu a Jove e a ti na terra!
Na lírica (poesia que revela emoções): Cláudio
Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e ...............................................................
Silva Alvarenga; Se não tivermos lãs e peles finas,
Na épica (poesia narrativa marcada por podem mui bem cobrir as carnes nossas
aventuras e heroísmo): Basílio da Gama, Santa as peles dos cordeiros mal curtidas,
Rita Durão e Cláudio Manuel da Costa; e os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Na sátira (poesia que critica, ridiculariza): por mãos de amor, por minhas mãos cosido.
Tomás Antônio Gonzaga;
Na encomiástica(poesia de exaltação, louvor a ...................................................................
alguém): Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto. Nas noites de serão nos sentaremos
cos filhos, se os tivermos, à fogueira:

20 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2


entre as falsas histórias, que contares, Em tristes sombras morre a formosura,
lhes contará a minha, verdadeira. Em contínuas tristezas a alegria.
Pasmados te ouvirão; eu, entretanto,
ainda o rosto banharei de pranto. Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Quando passarmos juntos pela rua,
nos mostrarão co dedo os mais pastores, Como o gosto, da pena assim se fia?
dizendo uns para os outros: — Olha os nossos
exemplos da desgraça e sãos amores. Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Contentes viveremos desta sorte, Na formosura não se dê constância,
até que chegue a um dos dois a morte. E na alegria, sinta-se tristeza.
Tomás Antonio Gonzaga
Começa o mundo enfim pela ignorância,
Diferenças entre Arcadismo e Barroco E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Arcadismo Barroco Gregório de Matos
Quanto ao conteúdo
Antropocentrismo Conflito entre visão
antropocêntrica e
Teocêntrica Após ler o texto, responda as questões
Racionalismo, busca de Oposição entre mundo de 01 a 03:
equilíbrio material e mundo 01. A ideia central do texto é:
espiritual
Paganismo, elementos da Cristianismo a) a duração efêmera de todas as realidades
cultura greco-romana
Imitação aos clássicos Restauração da fé
do mundo;
renascentistas religiosa medieval b) a grandeza de Deus e a pequenez humana;
Idealização amorosa, Idealização amorosa, c) os contrastes da vida;
neoplatonismo, sentimento de culpa d) a falsidade das aparências;
convencionalismo e) a duração prolongada do sofrimento.
amoroso
Fugere Urbem, Carpe Consciência trágica da
Diem, Áurea Mediocritas efemeridade do tempo 02. No texto predominam as imagens:
Busca de clareza de Gosto por raciocínio
ideias complexo, intrincado, a) olfativas;
parábolas bíblicas b) gustativas;
Pastoralismo, bucolismo Morbidez c) auditivas;
Universalismo Influência da
contrarreforma
d) táteis;
Ideias Iluministas e) visuais.
Quanto à forma
Vocabulário simples Vocabulário culto 03. Com referência ao Barroco, todas as
Gosto por ordem direta e Gosto pelas inversões e alternativas são corretas, EXCETO:
pela simplicidade de por construções a) O Barroco estabelece contradições entre
linguagem complexas
espírito-carne, alma-corpo, morte-vida.
Gosto pelo soneto e pelo Gosto pelo soneto e pelo
decassílabo decassílabo b) O homem centra suas preocupações em
Ausência quase total de Linguagem figurada seu próprio ser, tendo em mira seu
figuras de linguagem aprimoramento, com base na cultura greco-
latina.
c) Apresenta como característica marcante, o
Texto e exercícios espírito de tensão, conflito entre tendências
opostas: de um lado, o teocentrismo medieval
À instabilidade das cousas do e, do outro, o antropocentrismo renascentista.
mundo d) Arte vinculada à Contrarreforma.
Nasce o sol, e não dura mais que um dia, e) O Barroco caracteriza-se pela sintaxe
Depois da Luz se segue a noite escura, obscura, uso de hipérbole e de metáforas.

C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2 Literatura - Ensino Médio - 21


Texto para análise Bibliografia
Leia com atenção o trecho abaixo de
Cláudio Manuel da Costa e responda: FARACO, Carlos Enílio; MOURA, Francisco
Se sou pobre pastor, se não governo Marto. Língua e Literatura. V. 1. 20. Ed. 1.
Reinos, nações, províncias, mundo e imp. São Paulo: Ática, 2000
gentes; MÓISÉS, Massaud. A literatura brasileira
através dos textos. 24. ed. São Paulo:
Se em frio,calma, e chuvas inclementes
Passo o verão, outono, estilo, inverno; Cultrix, 2004.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura
brasileira. 42.ed.São Paulo:Cultrix,2004.
Nem por isso trocara o abrigo terno
Desta choça, em que vivo, co’as MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a
Euclides: breve história da literatura bra-
enchentes
sileira. 2. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio,
Dessa grande fortuna: assaz presentes
1979.
Tenho as paixões desse tormento
AMARAL, Emília et al. Novas palavras: língua
eterno.
portuguesa: ensino médio. 2 ed. Renov.
São Paulo; FTD, 2005. (Coleção novas
04. Analisando o excerto acima podemos
palavras).
afirmar que:
ANDRADE, Fernando Teixeira de. Literatura ,
a) o autor se sente insatisfeito de estar em
I. São Paulo:Centro de Recursos Educa-
uma casa simples;
cionais,1987. (Coleção Objetivo:Sistema
b) a fortuna para ele é algo muito importante,
de métodos de aprendizagem; livro 26).
pois sem ela ele não encontra a felicidade;
BOSI, Alfredo. História concise da literatura
c) o poeta volta-se para a natureza em busca
brasileira.24 ed.São Paulo: Cultrix,2004.
de uma vida simples, bucólica, pastoril;
MAIA, João Domingues. Português.7.ed.São
d) percebe-se claramente que Cláudio Manuel
Paulo: Ática, 2000. ( Série Novo Ensino
da Costa trocou sua vida urbana pela
Médio, v. único).
campestre, o que todos os poetas árcades
MOISÉS, Massaud. Literatura através de
faziam na realidade.
textos. São Paulo: Cultrix, 2004.
TERRA, Emaní; NÍCOLA, José de;CAVALLE
05. Quais são as características predominan-
TE, Floriana Toscano. Português para o
tes do Arcadismo presentes nos excertos ensino médio: língua, literatura e produ-
abaixo de poemas de Cláudio Manuel da ção de textos. São Paulo:Scípione,2002.
Costa?
Relacione:
a)poesia bucólica, pastoril, na qual menciona
sua condição de pastor que tem a natureza
como refúgio;
b)sofrimento amoroso, as musas idealizadas;
c)projeção de elementos da natureza nas
características sentimentais do poeta.
1 - Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci! Oh quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!( )
2 - Sou pastor;não te nego;os meus montados
São esses, que aí vês, vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados. ( )
3 - Musas, canoras musas, este canto
Vós me inspirastes, vós meu terno alento
Erguestes brandamente àquele assento
Que tanto,ó musas, prezo, adoro tanto. ( )

22 - Literatura - Ensino Médio C E S U - SEMIPRESENCIAL -MÓDULOS 1 e 2

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