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8 de agosto de 2006
Aula Inagural
O Direito das sucessões, talvez um dos ramos mais rentáveis ainda do direito. É
um ramo que continua atual porque todo mundo morre e todos continuarão morrendo.
No direito das sucessões o patrimônio deve ser visto como direito. O patrimônio
é composto muitas vezes por questões inquantificáveis de plano, por isso o termo direito
é mais seguro para se referir ao patrimônio.
No direito das sucessões a transferência de patrimônio não ocorre por ato entre
vivos e sim por causa mortis. O termo de cujus vem da expreção pessoa de quem a
sucessão se trata. O direito das sucessões trata da transmissão de patrimônio que se
opera em razão da morte de alguém.
A função social da propriedade é pacificar os conflitos sociais, garantir que as
pessoas não buscarão a propriedade que já pertence a alguém. É uma tremenda
insegurança uma propriedade que não pertence a ninguém.
O principio de Césini consagra que em um evento ocorre fenômenos: morte,
abertura do inventário e transferência de patrimônio.
O direito das sucessões tem desdobramentos diversos, inclusive se comunicando
com outros ramos jurídicos.
15 de agosto de 2006
22 de agosto de 2006
- Abertura da Sucessão
- Viventis nulla est ereditas (nenhuma herança há de pessoa viva).
Antes de uma pessoa morrer não há herança de seus herdeiros. É mera
expectativa de dinheiro.
Exceção: é o caso da morte presumida, na ausência de uma pessoa desaparecida,
depois de um certo lapso se confere ao cidadão os efeitos jurídicos da morte. Um ano
após a partilha mesmo que a pessoa volte não poderá reclamar seu patrimônio.
29 de agosto de 2006
Introdução
O procedimento de inventário é relacionar os bens de um De Cujus, para que
seja possível partilha-los.
O inventário é um procedimento que foi concebido para ser simples e
concensual, mas na prática é litigioso por isso a lei é flexibilizada.
Foro Competente para o inventário (art. 1785 do CC)
A definição do foro nem sempre se faz com o local onde existe uma maior
concentração de bens ou no foro do último domicílio como diz o art. 96 do CPC.
Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o
inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido
no estrangeiro.
Domicílio
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.
Inúmeros Domicílios
Nesses casos será levado em conta não só os bens como o domicílio do
inventariante. O juiz analisara o foro mais conveniente para a conclusão com maiôs
presteza do inventário. Novamente o inventário não se submete à rigidez da norma e
sim a conveniência para a conclusão do procedimento.
Fixação do Domicílio
A fixação do domicílio se dará pelo primeiro juízo que se deu por competente
para tal. A partir desse momento esse juízo atrairá a competência para julgar questões
referentes ao inventário.
Inventariante: pessoa que, adquirindo a posse direta dos bens do espólio, tem por
objetivo inventariá-los, administra-los e, oportunamente, partilha-los entre os
herdeiros do De Cujus.
Não tem a função de apenas administrar os bens, deve trazer ao juízo toda a
gama de relações jurídicas relativas ao inventário. A função é garantir que os bens
cheguem à partilha nas mesmas condições em que estavam no momento do início do
procedimento.
O inventariante tem responsabilidade sobre os bens confiados a si.
A nomeação do inventariante dá a ele a posse direta dos bens.
Posse simultânea (inventariante e herdeiros) art. 1791 do CC
Ocorre no momento da nomeação do inventariante. O inventariante tem posse
direta e os herdeiros posse indireta.
Indivisibilidade (condomínio e composse)
Esses halls não são taxativos, o caso concreto determinará, por vezes, a
conveniência da nomeação. Existe sim uma dose de subjetividade.
A destituição de inventariante é um procedimento em apartado, que depende de
produção probatória.
Noção de herança > conjunto de direitos e obrigações que se transmitem nos
herdeiros.
Afinal nem tudo em nosso patrimônio são ativos, há passivos, obrigações
personalíssimas e assim por diante.
Direitos Personalíssimos
Esses não se transmitem. Nome, tutela, curatela, uso fruto, são direitos
personalíssimos que não se transmitem.
O herdeiro é representante do De Cujus
Ninguém é representante do De Cujus, este não precisa de um representante, ele
não tem mais nenhum direito. O inventariante representa os próprios herdeiros.
12 de setembro de 2006
Aceitação de Herança
Função
A função da aceitação não é transferir o patrimônio, essa transferência ocorre
naturalmente pelo princípio de Cesini. A função da aceitação é tornar a transferência
definitiva.
Formas
1. Expressa
É uma manifestação inequívoca, não dá margem à dúvida. Neste caso é
necessário que se faça por escrito.
2. Tácita
Não confundida com a presumida. Certos comportamentos levam a
conclusão da aceitação, por exemplo pleitear um quinhão (art, 1805).
3. Presumida
O comportamento é provocado. O ato não é de iniciativa do sujeito,
precisando de uma provocação para que ele atue. Todos que tem interesse podem
provocar o herdeiro que não se manifesta. Art. 1807, o juiz fixa prazo para que o
herdeiro repudie a herança. Caso permaneça inerte o juiz entende pela aceitação.
Renúncia da Herança
A renuncia deve ser expressa ou seja escrita, pois do contrario estaria-se
suprimindo direitos, o que é pior que estender direitos.
19 de setembro de 2006
Indignidade – é uma pena civil que priva do direito à herança não só o herdeiro,
bem como o legatário que cometeu atos criminosos ofensivos ou reprováveis
taxativamente enumerados em lei, contra a vida, honra e liberdade do de cujus.
Não tem nada a ver com a deserdação.
Quanto mais grave o ato maior é o número de sujeitos passivos em relação a
quem se torna indigno.
A idéia aqui é manter a ordem e lealdade nas relações do dia-a-dia.
Nas ações de indignidade não inclui-se a meação.
50% Indigno
50%
DC
Renunciante
- Frutos e Rendimentos
Para evitar o enriquecimento ilícito do indigno.
- Despesas de conservação (887 CC)
2º BIMESTRE
17 de outubro de 2006
Da Herança Jacente
Conceito:
É a herança desprovida de herdeiros conhecidos. É jacente a herança
enquanto não se apresentam herdeiros do de cujus para reclama-la, não se sabendo
se tais herdeiros existem ou não.
- Massa despersonalizada de bens que não convém deixar ao abandono.
O Estado não deseja os bens do de cujus, assim da-se toda chance de encontrar
herdeiro.
24 de outubro de 2006
DO TESTAMENTO
“É o negócio jurídico pelo qual uma pessoa dispõe de seus bens, no todo ou em
parte, ou faz determinações não patrimoniais para depois de sua morte” (Zeno
Veloso)
A vontade deve estar livre de qualquer vicio para que possa produzir efeitos.
Quando se fala em autonomia da vontade os únicos limites são: a legitima, a lei e
direitos de terceiros. Assim pode-se até mesmo reconhecer um filho por meio do
testamento.
Para se elaborar um testamento deve-se prestar muita atenção em relação a
clareza das disposições, afinal todas os instrumentos de que o aplicador da lei pode se
valer estão ali.
Só é possível testar o todo do patrimônio se não existirem herdeiros necessários.
Assim para não contemplar os herdeiros colaterais basta testar todo o patrimônio e nisto
não há nada de ilícito.
- Características
a) Personalíssimo
Não se pode fazer testamento por representação. Isso porque a vontade a ser
aferida é do testador e deve estar livre de qualquer influência esterna.
b) Unilateral
O herdeiro não tem de anuir com o fato de ser herdeiro. A aceitação da herança é
outra coisa. Basta uma vontade do testador para tornar alguém herdeiro.
c) Formal
O testamento deve ser elaborado nos moldes previstos pelo legislador. Existe o
testamento nuncumpativo que é uma exceção da exceção, por isso não é muito
importante. Assim como o testamento marítimo.
Por isso é importante sempre encarar os testamentos pelas formas regulares.
d) Revogável
Até o momento da morte o testador pode revogar o testamento ou fazer um novo
testamento.
e) Só produz efeitos “post morten”
Até a morte os efeitos do testamento são um nada jurídico. Assim o testamento
pode ser mudado ou revogado até o momento da morte.
- Disposições de caráter não patrimonial?
Faz-se menção ao aspecto imediato ao se falar em caráter não patrimonial,
porque em aspecto mediato tudo tem aspecto financeiro.
- Possibilidade de se questionar a validade do testamento antes da morte do
testamento?
Não é possível faze-lo por não ter efeitos até a morte.
- Capacidade de testar (Arts. 1860 e 1861 do CC)
Exige a capacidade para atos da vida civil. O maior de 16 e menor de 18 pode
testar, a contrário senso da maior parte dos atos da vida civil.
- Causas de interdição:
> Permanentes
> Transitórias
São incapacidades transitórias, tal como o ébrio habitual.
Deve-se buscar se no momento em que a pessoa testou ela tinha a capacidade
necessária. Mesmo que a pessoa teste incapaz e depois tenha sua capacidade novamente
e não o revogue o testamento continua incapaz. Se a pessoa testa enquanto capaz e após
fica incapaz o testamento ainda é válido.
- Pessoas Jurídicas podem testar?
Pessoa jurídica não pode testar porque não há como separar a vontade do
representante do representado. E a pessoa jurídica só pode se manifestar por meio do
representante.
Isso não significa que a pessoa jurídica não possa ser destinatária de uma deixa
testamentária.
É a mesma relação pela qual o menor não pode testar.
Formas de Testamento
- Testamento Público – Art. 1864 CC
Confere uma maior segurança jurídica ao testamento quanto a pessoa do
testador.
- Testamento Cerrado – Art. 1868 CC
É um testamento feito pelo testador, levado ao tabelião que o confere quanto aos
aspectos formais e não de conteúdo. O testamento é então lacrado e devolvido ao
testador.
- Testamento Particular – Art. 1876 CC
É o testamento mais comum de se encontrar. Tem um requisito a mais o das
testemunhas e tem o inconveniente da autenticidade da declaração. Mas é mais fácil do
que ir a um cartório e seguir os trâmites do testamento público.
É um testamento com menos formalidade e mais discrição.
- Testamento Conjuntivo – Impossibilidade (Testamento conjuntivo é impossível)
São testamentos feitos em conjunto, no mesmo testamento duas ou mais pessoas
testam. Isso não é permitido porque é muito difícil que uma pessoa consiga estancar em
um mesmo documento a vontade de duas pessoas e separar qual a vontade de quem. É
muito difícil afirmar que uma vontade não foi conduzida pela outra.
a) Simultâneo
Marido e mulher testando em favor de terceiro.
b) Recíproco
Uma pessoa testa em favor da outra e vice versa. Impossível porque não há
como separar vontades e a vontade de uma se estabelece em função da outra.
c) Correspectivo
Não só existe a reciprocidade mas os montantes se correspondem em valor.
31 de outubro de 2006
Art. 1879 - ?
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento
particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser
confirmado, a critério do juiz.
A circunstância deve ser extrema, segundo o professor, apta a justificar a
lavratura do testamento sem testemunha.
Codicilo – 1881
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu,
datado e assinado, fazer disposições especiais sobreo seu enterro, sobre esmolas
de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos
pobres de certo lugar,assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de
seu uso pessoal.
A melhor definição foi dada por uma aluna, segundo o professor: “Codicilo é
uma lembrancinha”
Segundo o professor o valor deve ser pouco para o Homem médio, afinal para
um Multimilionário uma lembrancinha é diferente do que é para o homem médio. As
pessoas se utilizam do Codicilo para individualizar uma coisa e para quem ela será
dada, por existir uma determinada ligação afetiva entre pessoa e objeto.
Pode-se utilizar do testamento para fazer disposições codicilares.
7 de novembro de 2006
14 de novembro de 2006
SONEGADOS – 1992
Ação de sonegados é uma ação prevista no CPC, cabível sempre que algum
herdeiro oculta bens. O bem é sonegado por um herdeiro em detrimento de outro ou
outros herdeiros. Quando se chega nesse patamar geralmente a vida familiar encontra-se
enegrecida.
A ação pode ser proposta por herdeiros ou credores sonegados.
A legitimidade passiva é do herdeiro que oculta bens e eventualmente o
inventariante. Quando o inventariante é herdeiro perde seu quinhão sobre o bem e o
cargo de inventariante. Se o inventariante não for herdeiro ele é removido do cargo. A
ação só cabe contra o inventariante após o momento processual chamado de últimas
declarações; momento onde o inventariante da por encerrado o inventário de bens
(1996).
A ação de destituição de inventariante é mais vantajosa que de sonegado se o
inventariante não é herdeiro.
A pena do herdeiro sonegador é perder seu direito quanto ao seu quinhão frente
ao bem sonegado. O sonegador recebe seu quinhão referente ao resto da herança, mas o
bem sonegado é excluído da suceção e dividido entre os demais herdeiros.
COLAÇÃO – 2002
Devido as variações nos valores dos bens quando há adiantamento de legitima
conta-se o valor dos bens à época da liberalidade, apenas se recompõem a depreciação
da moeda.
Valor adiantado são colacionados somente à porção indisponível. Então depois
de expurgada a porção disponível, colaciona-se o valor adiantado e divide-se pelos
herdeiros. Então da porção de cada herdeiro subtrai-se o valor adiantado daquele que o
recebeu e este é o valor à aquele que recebeu o adiantamento.
Se a porção adiantada for maior que a porção legitima no momento da morte
aquele que recebeu o adiantamento deverá restituir os outros herdeiros no montante a
mais que recebeu.
* Partilha – Efeitos
O efeito da sentença que homologa a partilha é declaratório, declara uma
situação que ocorre no momento da morte (princípio de Saisine)
Sobrepartilha
Quando há o esquecimento de partilhar algum bem faz-se a sobrepartilha que
deve respeitar os quinhões dos herdeiros.