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Direito Civil VII – Direito das Sucessões

Prof. Paulo Hapner


hapner@hotmail.com

8 de agosto de 2006

Aula Inagural
O Direito das sucessões, talvez um dos ramos mais rentáveis ainda do direito. É
um ramo que continua atual porque todo mundo morre e todos continuarão morrendo.
No direito das sucessões o patrimônio deve ser visto como direito. O patrimônio
é composto muitas vezes por questões inquantificáveis de plano, por isso o termo direito
é mais seguro para se referir ao patrimônio.
No direito das sucessões a transferência de patrimônio não ocorre por ato entre
vivos e sim por causa mortis. O termo de cujus vem da expreção pessoa de quem a
sucessão se trata. O direito das sucessões trata da transmissão de patrimônio que se
opera em razão da morte de alguém.
A função social da propriedade é pacificar os conflitos sociais, garantir que as
pessoas não buscarão a propriedade que já pertence a alguém. É uma tremenda
insegurança uma propriedade que não pertence a ninguém.
O principio de Césini consagra que em um evento ocorre fenômenos: morte,
abertura do inventário e transferência de patrimônio.
O direito das sucessões tem desdobramentos diversos, inclusive se comunicando
com outros ramos jurídicos.

15 de agosto de 2006

Direito das Sucessões


- Conceitos: “Em sentido objetivo, é o conjunto de normas reguladoras da
transmissão dos bens e obrigações de um individuo em conseqüência de sua morte.
No sentido subjetivo, mais propriamente se diria, direito de suceder, isto é, de
receber o acervo hereditário de um defunto”. (Carlos Maximiliano, Direito das
Sucessões, 4ª Ed Rio de Janeiro, 1948, Vol I).
Não se deixar levar pelo valor aferido do patrimônio. Quando se fala em
desmaterializar devemos observar também direitos extra-patrimoniais e outros direitos
que podem ser encampados pelo hall do de cujus.
O direito das sucessões trata da sucessão de direitos causada pela morte. A
função social da propriedade é pacificar previamente os conflitos que possam surgir.
O inventário serve para apurar passivos e ativos e repartir o que sobrou entre os
herdeiros.
- Classificação:
1) Quanto a fonte
1.1) Sucessão Legitima
Tem vigência preponderante em nosso país. Art. 1829 tem um hall de pessoas
que seriam os herdeiros legítimos, estabelecendo classes de herdeiros.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com
o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver
deixado bens particulares;
c Arts. 1.639 a 1.688 e 1.832 a 1.835 deste Código.
II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
c Arts. 1.836 e 1.837 deste Código.
III – ao cônjuge sobrevivente;
239
c Arts. 1.838, 1.845 e 1.961 deste Código.
IV – aos colaterais.
c Arts. 1.592 e 1.839 a 1.843 deste Código.
c Art. 1.603 do Código Civil de 1916.
Há um erro de grafia no inciso I, na verdade o art. referido seria o 1641.
A classe anterior prevalece à subseqüente.
A sucessão legitima ocorre quando não há testamento.
A concorrência do cônjuge é a exceção.
Existe uma lógica na ordem que o legislador estabeleceu, ligada a afinidade e
necessidade.
O patrimônio a ser inventariado é o do de cujus e não o do casal, assim a mulher
tem direito a meação.
1.2) Sucessão Testamentária
A sucessão decorre de um ato de última vontade
*Convivência entre ambos os indivíduos?
50% do patrimônio pode ser testado os outros 50% fazem parte da legítima, ou
porção patrimonial destinada aos herdeiros necessários.
Herdeiros necessários são os legítimos menos os colaterais.
Porção disponível ≠ Legítima
No aspecto proporcional as duas são iguais. Pode-se usar menos do que os 50%
da porção disponível para compor o testamento. Assim a porção disponível é limitada
pela legítima.
Se não existem herdeiros necessários o patrimônio pode ser inteiramente testado.

22 de agosto de 2006

2) Quanto aos efeitos:


2.1) Sucessão a título universal
Ocorre quando é necessário apurar a capacidade dos herdeiros e a porção de
cada um. Não se sabe exatamente o que cada pessoa irá receber.
2.2) Sucessão a título singular
Ocorre quando se sabe exatamente quem deve receber o que. Por exemplo
deixar um bem específico para uma pessoa específica. Utilizando-se da parcela
disponível.

- Abertura da Sucessão
- Viventis nulla est ereditas (nenhuma herança há de pessoa viva).
Antes de uma pessoa morrer não há herança de seus herdeiros. É mera
expectativa de dinheiro.
Exceção: é o caso da morte presumida, na ausência de uma pessoa desaparecida,
depois de um certo lapso se confere ao cidadão os efeitos jurídicos da morte. Um ano
após a partilha mesmo que a pessoa volte não poderá reclamar seu patrimônio.

- Herança = Universalidade de Direitos (art. 91 CC)


Herança = Todo unitário (condomínio, art. 1791 do CC e composse, art.
1206 do CC).
Há uma universalidade de todo o feixe de relações jurídicas, até a partilha tudo é
de todo mundo. Na morte só se transmite a posse indireta. No momento da partilha se
transfere a propriedade com efeito retroativo. Todos exercem todos os direitos em
igualdade de condições.

- Pressupostos para abertura da sucessão:


1 – Só se abre no momento da morte do de cujus devidamente comprovada.
2 – Com a abertura da sucessão os herdeiros adquirem, de imediato, a
propriedade e a posse dos bens que compõem o acervo hereditário, sem a
necessidade de praticar qualquer ato.
O mais correto é falar em posse indireta e não propriedade.
3 – Só se abre a sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus.
4 – Requer a apuração da capacidade sucessória

29 de agosto de 2006

Introdução
O procedimento de inventário é relacionar os bens de um De Cujus, para que
seja possível partilha-los.
O inventário é um procedimento que foi concebido para ser simples e
concensual, mas na prática é litigioso por isso a lei é flexibilizada.
Foro Competente para o inventário (art. 1785 do CC)
A definição do foro nem sempre se faz com o local onde existe uma maior
concentração de bens ou no foro do último domicílio como diz o art. 96 do CPC.
Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o
inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido
no estrangeiro.

Domicílio
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.

Inúmeros Domicílios
Nesses casos será levado em conta não só os bens como o domicílio do
inventariante. O juiz analisara o foro mais conveniente para a conclusão com maiôs
presteza do inventário. Novamente o inventário não se submete à rigidez da norma e
sim a conveniência para a conclusão do procedimento.

Fixação do Domicílio
A fixação do domicílio se dará pelo primeiro juízo que se deu por competente
para tal. A partir desse momento esse juízo atrairá a competência para julgar questões
referentes ao inventário.

Falecimento Superveniente de Herdeiro (art. 1043 e 1044 do CPC)


O inventário do herdeiro deverá tramitar em apenso ao inventário daquele que
deixa a herança, porque dessa maneira é muito mais fácil determinar o patrimônio do
herdeiro. Este depende do quinhão correspondente no outro inventário.
Art. 1.043. Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do
pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas, se
os herdeiros de ambos forem os mesmos.
§ 1º Haverá um só inventariante para os dois inventários.
§ 2º O segundo inventário será distribuído por dependência, processando-se em
apenso ao primeiro.
Art. 1.044. Ocorrendo a morte de algum herdeiro na pendência do inventário em
que foi admitido e não possuindo outros bens além do seu quinhão na herança, po
derá este ser partilhado juntamente com os bens do monte.

Inventariante: pessoa que, adquirindo a posse direta dos bens do espólio, tem por
objetivo inventariá-los, administra-los e, oportunamente, partilha-los entre os
herdeiros do De Cujus.
Não tem a função de apenas administrar os bens, deve trazer ao juízo toda a
gama de relações jurídicas relativas ao inventário. A função é garantir que os bens
cheguem à partilha nas mesmas condições em que estavam no momento do início do
procedimento.
O inventariante tem responsabilidade sobre os bens confiados a si.
A nomeação do inventariante dá a ele a posse direta dos bens.
Posse simultânea (inventariante e herdeiros) art. 1791 do CC
Ocorre no momento da nomeação do inventariante. O inventariante tem posse
direta e os herdeiros posse indireta.
Indivisibilidade (condomínio e composse)

Critérios para a nomeação de inventariante (art. 990 CPC e 1797 CC)


Art. 990. O juiz nomeará inventariante:
I – o cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão, desde que estivesse
convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
II – o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver
cônjuge supérstite ou este não puder ser nomeado;
III – qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do espólio;
IV – o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou toda a
herança estiver distribuída em legados;
V – o inventariante judicial, se houver;
VI – pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.
_ Art. 997 deste Código.

Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de cinco


dias, o compromisso de bem e fiel mente desempenhar o cargo.
_ Art. 985 deste Código.

Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança


caberá, sucessivamente:
I – ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da
sucessão;
II – ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais
de um nessas condições, ao mais velho;
III – ao testamenteiro;
IV – a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos
antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao
conhecimento do juiz.

Esses halls não são taxativos, o caso concreto determinará, por vezes, a
conveniência da nomeação. Existe sim uma dose de subjetividade.
A destituição de inventariante é um procedimento em apartado, que depende de
produção probatória.
Noção de herança > conjunto de direitos e obrigações que se transmitem nos
herdeiros.
Afinal nem tudo em nosso patrimônio são ativos, há passivos, obrigações
personalíssimas e assim por diante.
Direitos Personalíssimos
Esses não se transmitem. Nome, tutela, curatela, uso fruto, são direitos
personalíssimos que não se transmitem.
O herdeiro é representante do De Cujus
Ninguém é representante do De Cujus, este não precisa de um representante, ele
não tem mais nenhum direito. O inventariante representa os próprios herdeiros.

12 de setembro de 2006

Aceitação de Herança

Função
A função da aceitação não é transferir o patrimônio, essa transferência ocorre
naturalmente pelo princípio de Cesini. A função da aceitação é tornar a transferência
definitiva.
Formas
1. Expressa
É uma manifestação inequívoca, não dá margem à dúvida. Neste caso é
necessário que se faça por escrito.
2. Tácita
Não confundida com a presumida. Certos comportamentos levam a
conclusão da aceitação, por exemplo pleitear um quinhão (art, 1805).
3. Presumida
O comportamento é provocado. O ato não é de iniciativa do sujeito,
precisando de uma provocação para que ele atue. Todos que tem interesse podem
provocar o herdeiro que não se manifesta. Art. 1807, o juiz fixa prazo para que o
herdeiro repudie a herança. Caso permaneça inerte o juiz entende pela aceitação.

Renúncia da Herança
A renuncia deve ser expressa ou seja escrita, pois do contrario estaria-se
suprimindo direitos, o que é pior que estender direitos.

Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento


público ou termo judicial.

O legislador teve o interesse de garantir a liberdade do declarante por meio do


instrumento público. Outro aspecto é garantir a autenticidade da declaração, não em
relação ao conteúdo mas em relação a pessoa. Se o declarante é realmente ele. Por fim
existe o interesse de alertar o renunciante da gravidade de seu ato.
Na prática os juizes pedem que declarações em cartório sejam ratificadas em ato
judicial, diante do juiz.
A renúncia abdicativa volta ao monte maior e é distribuída entre os outros
herdeiros. A translativa é precedida de uma aceitação, neste caso gerando duas hipóteses
para a incidência de impostos.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quan do expressa, faz-se por declaração
escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de
herdeiro.
§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do
finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
_ Art. 1.581, §§ 1º e 2º, do CC/1916.
§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da
herança, aos demais co-herdeiros.

O art. 1805 não é renúncia translativa em favor de apenas um herdeiro, é


necessário renunciar a todos os herdeiros para se aplicar o §2º do artigo.
Requisitos

 Capacidade jurídica do renunciante


O menor não pode renunciar, afinal é ato personalíssimo.
 Forma Prescrita em Lei
A renuncia deve atender os moldes do art. 1806. Sempre.
 Inadmissibilidade de condição de tempo
Não pode condicionar a renuncia a qualquer condição, ela deve se
espontânea.
 Não penalização de Qualquer Ato Equivalente à Aceitação

 Impossibilidade de Repúdio Parcial (herança e legado)


Pode-se renunciar um ou outro ou os dois, mas nunca parte de um ou
parte de outro.
 Objeto Lícito
Só se pode renunciar aquilo que já foi outorgado.
 Abertura de Sucessão
Não se pode renunciar antes da abertura da sucessão.

19 de setembro de 2006

DOS EXCLIDOS DA SUCESSÃO

Indignidade – é uma pena civil que priva do direito à herança não só o herdeiro,
bem como o legatário que cometeu atos criminosos ofensivos ou reprováveis
taxativamente enumerados em lei, contra a vida, honra e liberdade do de cujus.
Não tem nada a ver com a deserdação.
Quanto mais grave o ato maior é o número de sujeitos passivos em relação a
quem se torna indigno.
A idéia aqui é manter a ordem e lealdade nas relações do dia-a-dia.
Nas ações de indignidade não inclui-se a meação.

- Causas de exclusão por indignidade? 1814 CC


Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
_ Arts. 1.801, 1.962 e 1.963 deste Código.
I – que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou
tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente;
II – que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III – que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da
herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
_ Art. 1.595 do CC/1916.
No caso de Suzane Von Ritchtofen ela perdeu o direito até mesmo à herança do
seu irmão, afinal ele é descendente.
No inciso dois o hall de pessoas de sujeição passiva diminui. Excluem-se os
descendentes e ascendentes.
No inciso três temos os vícios de consentimento, quando o herdeiro manipula o
autor da herança. Aqui se extirpam as outras pessoas, restando apenas o de cujus.

- Declaração jurídica de Indignidade


a) Quem deve demandar?
Credor que será prejudicado no inventário (difícil de aferir). O promotor no caso
de ações criminais incondicionadas pode propor a ação de indignidade. Nos demais
casos os co-herdeiros o podem fazer. O promotor pode fazer nessa última situação se
estiver defendendo o interesse de herdeiro menor, por exemplo.
b) Prazo?
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença.
_ Art. 1.939, IV, deste Código.
_ Art. 1.596 do CC/1916.
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário
extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão.
Deve-se esperar a abertura da sucessão porque antes disso a pessoa será indigna
de nada, se ela for pré-moriente o ato será inócuo.
Outra hipótese é o caso de crime contra a honra do morto, que é matéria ainda
nova. Se a indignidade for declarada posteriormente a partilha, então nosso direito
permite o retorno ao status quo, as vezes esse retrocesso não ocorre de maneira idêntica.
c) Efeitos
c.1) Equiparação ao morto
Como se morto o indigno.
c.2) CF 5º XLV
c.3) Retrooperância
Essa equiparação ao morto ocorre desde o momento da abertura do inventário,
mesmo que a declaração de indigno ocorra depois. Se o indigno tiver alienado bens ele
deverá indenizar.

- Que direitos se perde com a Indignidade?


Se perde o direito à herança, administração dos bens e ao uso fruto.
DC

50% Indigno

50%
DC

Renunciante

Não recebe herança


Para a lei o indigno é como se fosse pré-moriente. Para que o indigno não tenha
aproveitamento reflexo dos bens dos menores é que se impede a administração dos
bens.
- Resguardo do direito de terceiros (1917 CC)
O terceiro que comprou um bem do indigno fica resguardado e o indigno deverá
indenizar um valor em dinheiro.

- Frutos e Rendimentos
Para evitar o enriquecimento ilícito do indigno.
- Despesas de conservação (887 CC)

- Reabilitação expressa do Indigno (1818 CC)


Reabilitação tácita do indigno, Nesse caso o indigno não é reabilitado em
todos os seus direitos, apenas no limite do testamento.
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança
será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em
testamento, ou em outro ato autêntico.
_ Art. 1.857 deste Código.
_ Art. 1.597 do CC/1916.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da
indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.

2º BIMESTRE

17 de outubro de 2006

Da Herança Jacente

Conceito:
É a herança desprovida de herdeiros conhecidos. É jacente a herança
enquanto não se apresentam herdeiros do de cujus para reclama-la, não se sabendo
se tais herdeiros existem ou não.
- Massa despersonalizada de bens que não convém deixar ao abandono.
O Estado não deseja os bens do de cujus, assim da-se toda chance de encontrar
herdeiro.

- Situação transitória que encontra fim em 1 de 2 situações:


- Se encontra herdeiro e a ele é deferido quinhão.
- Passa-se o patrimônio ao estado.

(CPC 1142 e ss; CC 1819 ess)


“...situação de dúvida e insegurança...”
Um patrimônio sem dono, ou seja, uma herança sem herdeiro pode causar
problemas, afinal a propriedade é um instrumento de pacificação social.
Assim o código prevê a publicação editalícia na forma da lei processual art.
1158 do CPC. Serão publicados três editais com prazo mínimo de 30 dias entre eles.
*___________________________________*________________________________*
Abertura da Sucessão Habilitação de herdeiros, em Herança Vacante 1 ano
até 6 meses da primeira após a primeira
publicação. publicação
Feita a primeira publicação os herdeiros terão seis meses para se habilitarem
como herdeiros. Após um ano da primeira publicação a herança é declarada vacante.
Nada impede que o herdeiro se habilita após os seis meses, por ser prazo impróprio.
Entre os seis meses e um ano da publicação o juiz analizará as habilitações de herdeiros
e de crédito frente ao espólio e declara a vacância da herança. Determinada classe de
herdeiros pode se habilitar mesmo após a vacância.
Decorridos 5 anos da abertura da sucessão (que ocorre com a morte) os bens
passarão ao Estado (art. 1822). Aqui há um problema, uma vez que até esse ponto os
prazos se contavam da primeira publicação.
O problema é que a declaração de vacância, prazo final para o herdeiro se
habilitar, pode ocorrer após os cinco anos posteriores à abertura da sucessão. Nesse caso
valem os cinco anos, mesmo que a vacância seja declarada após os cinco anos.
Os colaterais perdem o direito após a declaração de vacância, os necessários não
(§único do art. 1822 do CC).
Ao estado nunca se aplicará o princípio de Saisine, a declaração de vacância
pode não garantir ao estado o domínio. A declaração de vacância tem efeitos ex nunc e o
domínio do estado ainda depende dos cinco anos.
- Estado e Direito de Saisine?(explicado acima)
- Domínio do Estado? (explicado acima)
- Titularidade da herança enquanto jacente? (usucapião)
Para haver usucapião a DV não pode ocorrer previamente aos cinco anos do
prazo de usucapião. Ocorrendo antes dos 5 anos o bem já é publico e não pode sofrer o
usucapião.
* Herança jacente é a que não foi disputada com êxito por qualquer herdeiro e
que, inicialmente, foi declarada de ninguém.

24 de outubro de 2006

DO TESTAMENTO
“É o negócio jurídico pelo qual uma pessoa dispõe de seus bens, no todo ou em
parte, ou faz determinações não patrimoniais para depois de sua morte” (Zeno
Veloso)
A vontade deve estar livre de qualquer vicio para que possa produzir efeitos.
Quando se fala em autonomia da vontade os únicos limites são: a legitima, a lei e
direitos de terceiros. Assim pode-se até mesmo reconhecer um filho por meio do
testamento.
Para se elaborar um testamento deve-se prestar muita atenção em relação a
clareza das disposições, afinal todas os instrumentos de que o aplicador da lei pode se
valer estão ali.
Só é possível testar o todo do patrimônio se não existirem herdeiros necessários.
Assim para não contemplar os herdeiros colaterais basta testar todo o patrimônio e nisto
não há nada de ilícito.
- Características
a) Personalíssimo
Não se pode fazer testamento por representação. Isso porque a vontade a ser
aferida é do testador e deve estar livre de qualquer influência esterna.
b) Unilateral
O herdeiro não tem de anuir com o fato de ser herdeiro. A aceitação da herança é
outra coisa. Basta uma vontade do testador para tornar alguém herdeiro.
c) Formal
O testamento deve ser elaborado nos moldes previstos pelo legislador. Existe o
testamento nuncumpativo que é uma exceção da exceção, por isso não é muito
importante. Assim como o testamento marítimo.
Por isso é importante sempre encarar os testamentos pelas formas regulares.
d) Revogável
Até o momento da morte o testador pode revogar o testamento ou fazer um novo
testamento.
e) Só produz efeitos “post morten”
Até a morte os efeitos do testamento são um nada jurídico. Assim o testamento
pode ser mudado ou revogado até o momento da morte.
- Disposições de caráter não patrimonial?
Faz-se menção ao aspecto imediato ao se falar em caráter não patrimonial,
porque em aspecto mediato tudo tem aspecto financeiro.
- Possibilidade de se questionar a validade do testamento antes da morte do
testamento?
Não é possível faze-lo por não ter efeitos até a morte.
- Capacidade de testar (Arts. 1860 e 1861 do CC)
Exige a capacidade para atos da vida civil. O maior de 16 e menor de 18 pode
testar, a contrário senso da maior parte dos atos da vida civil.
- Causas de interdição:
> Permanentes
> Transitórias
São incapacidades transitórias, tal como o ébrio habitual.
Deve-se buscar se no momento em que a pessoa testou ela tinha a capacidade
necessária. Mesmo que a pessoa teste incapaz e depois tenha sua capacidade novamente
e não o revogue o testamento continua incapaz. Se a pessoa testa enquanto capaz e após
fica incapaz o testamento ainda é válido.
- Pessoas Jurídicas podem testar?
Pessoa jurídica não pode testar porque não há como separar a vontade do
representante do representado. E a pessoa jurídica só pode se manifestar por meio do
representante.
Isso não significa que a pessoa jurídica não possa ser destinatária de uma deixa
testamentária.
É a mesma relação pela qual o menor não pode testar.

Formas de Testamento
- Testamento Público – Art. 1864 CC
Confere uma maior segurança jurídica ao testamento quanto a pessoa do
testador.
- Testamento Cerrado – Art. 1868 CC
É um testamento feito pelo testador, levado ao tabelião que o confere quanto aos
aspectos formais e não de conteúdo. O testamento é então lacrado e devolvido ao
testador.
- Testamento Particular – Art. 1876 CC
É o testamento mais comum de se encontrar. Tem um requisito a mais o das
testemunhas e tem o inconveniente da autenticidade da declaração. Mas é mais fácil do
que ir a um cartório e seguir os trâmites do testamento público.
É um testamento com menos formalidade e mais discrição.
- Testamento Conjuntivo – Impossibilidade (Testamento conjuntivo é impossível)
São testamentos feitos em conjunto, no mesmo testamento duas ou mais pessoas
testam. Isso não é permitido porque é muito difícil que uma pessoa consiga estancar em
um mesmo documento a vontade de duas pessoas e separar qual a vontade de quem. É
muito difícil afirmar que uma vontade não foi conduzida pela outra.
a) Simultâneo
Marido e mulher testando em favor de terceiro.
b) Recíproco
Uma pessoa testa em favor da outra e vice versa. Impossível porque não há
como separar vontades e a vontade de uma se estabelece em função da outra.
c) Correspectivo
Não só existe a reciprocidade mas os montantes se correspondem em valor.

Testamento p/ os que possuem alguma dificuldade sensorial (1866 e 1867 do CC):


Há vedação quando a pessoa não tem nenhuma possibilidade de comunicação
- Os cegos
- Os surdos
- Os surdos mudos
- Os cegos e surdos

31 de outubro de 2006

Art. 1879 - ?
Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento
particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser
confirmado, a critério do juiz.
A circunstância deve ser extrema, segundo o professor, apta a justificar a
lavratura do testamento sem testemunha.
Codicilo – 1881
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu,
datado e assinado, fazer disposições especiais sobreo seu enterro, sobre esmolas
de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos
pobres de certo lugar,assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de
seu uso pessoal.
A melhor definição foi dada por uma aluna, segundo o professor: “Codicilo é
uma lembrancinha”
Segundo o professor o valor deve ser pouco para o Homem médio, afinal para
um Multimilionário uma lembrancinha é diferente do que é para o homem médio. As
pessoas se utilizam do Codicilo para individualizar uma coisa e para quem ela será
dada, por existir uma determinada ligação afetiva entre pessoa e objeto.
Pode-se utilizar do testamento para fazer disposições codicilares.

Dos Testamentos Especiais


Tem pouca ou nenhuma utilidade para a vida profissional. Os testamentos
especiais devem ser encarados com reservas pela sua baixa utilidade.
- Aeronáutico
- Marítimo
> Caducidade e Invalidade (1891 e 1892) do testamento marítimo e
aeronáutico. O comandante do navio ou avião registra o testamento em seu livro de
bordo e deve então registra-lo quando aportar.
Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não
morrer na viagem, nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em
terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento.
_ Art. 1.658 do CC/1916.
Art. 1.892. Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma
viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador
pudesse desembarcar e testar na forma ordinária.
Se a pessoa passa noventa dias em coma ao sair do navio o testamento deve ser
válido afinal a pessoa não poderia usar uma das formas comuns, essa é a opinião do
professor. Diferente se a pessoa saiu do navio e depois de uma semana acaba morrendo
e pode recorrer ao testamento ordinário.
- Militar
> Quem dele pode se utilizar?
> Requisitos:
a) Mobilização forças armadas
Recomenda-se que se faça um testamento ordinário nesse momento. Mas
é necessário que exista essa mobilização para a possibilitar o testamento militar, se a
pessoa não puder recorrer a uma forma ordinária de testar, quesito a baixo. Particulares
podem usar-se desse testamento, se estiverem sobre os efeitos dos requisitos exigidos.
b) Impossibilidade
- Testamento Nuncupativo – 1896
Para o professor esse artigo é uma aberração para o professor. Para este é
impossível atribuir uma exceção a um regime que já é uma exceção. Essa previsão abre
margem para muitos absurdos se furtando à segurança jurídica. Para o professor foi um
erro do legislador.

Das Disposições Testamentárias


- Nomeação individual e coletiva (Instituição Mista)?
Um dos principais problemas das disposições. Muitas vezes não sabemos nem
quantas pessoas serão contempladas. Existe o problema de especificar o quinhão de um
herdeiro e não o fazer com os de outros.
- Arts. 1904, 1905 e 1906
Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a
parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do
testador.
_ Art. 1.671 do CC/1916.
Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros
coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os
indivíduos e os grupos designados.
_ Art. 1.672 do CC/1916.
Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem
toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a
ordem da vocação hereditária.
Quando um grupo indeterminado é nomeado herdeiro ele valerá, o grupo, por
um herdeiro.
O ideal é que o testamento indique o que é de cada um individualmente.
Estabelecimento de quinhão é limitação ao direito de herdeiro.
Deixa testamentária é uma porção abstrata e legado é um bem individualizado,
mas tudo está na carta testamentária.
Dos Legados:
- Art. 1915:
Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo
cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.
Aplicação do principio de que o gênero não perece, afinal pode ser comprado no
mercado. Se o legado não pede ser cumprido ele caduca.
- Art. 1917?
Art. 1.917. O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá
eficácia se nele for achada, salvo se removida a título transitório.
Novamente se o legado não pode ser cumprido ele caducará.
- Legantum Nominis e Legantum Liberationis (1918)
Legado de crédiro, cessão de crédito feita por testamento, e legado de débito,
liberando alguém de uma dívida.
- Legado e Usufruto (Pessoas Jurídica? 1410, III)
O usufruto por pessoa jurídica sem prazo durará trinta anos, equiparando –se ao
art. 1410.
- Arts. 1922, 1923, 1937 e 1939, I - ?

7 de novembro de 2006

CADUCIDADE DOS LEGADOS art. 1939 CC


Caducidade ≠ Invalidade
Tricotomia dos negócios jurídicos (Existência, validade, caducidade)
Caducidade > Fato superveniente – plano da eficácia
Caducidade ocorre quando o testamento existiu e era válido, mas por algum
motivos não produzirá efeitos. Por exemplo: um bem que foi deixado mas antes da
morte do testador é vendido, se o bem não é encontrado no momento em que o juiz
avalia o testamento ele não pode ser convertido em valor financeiro e o testamento não
gerou efeitos por estar caduco.
Se o testador deixa um terreno e depois constrói uma casa o legado caducará,
alguns exemplos podem ser encontrados no art. 1939 do CC.
No caso da Evicção caduca o legado e o legatário tem direito de se ressarcir
apenas dos valores que tiver gasto em virtude do legado.
Se o legatário morrer antes do testador os descendentes dos mortos não podem
representa-lo no momento da morte do testador. A representação só pode ocorrer no
caso da sucessão legitima e apenas por descendentes.
Legado com objeto plural
Ocorre quando o testador deixa a possibilidade de prestações alternativas ao se
deixar o legado. A escolha entre as prestações pode ser para o legatário ou herdeiros, se
não for determinado que deve proceder a escolha são os herdeiros por meio do
inventariante que escolherão a prestação, uma vez que são os devedores.
Do Direito de Acrescer (1941)
Esse direito ocorre naturalmente entre os herdeiros legítimos, mas em alguns
momentos isso não ocorre de maneira automática como na sucessão legitima.
- Co-herdeiros, nomeados conjuntamente, pela mesma, pela mesma
disposição: Mesma disposição testamentária é a disposição feita na mesma cláusula do
mesmo testamento. Afinal o testamento posterior sempre prevalece ao anterior. Se o
quinhão de cada um não for especificado e um herdeiro o recusar o outro pode ficar
com o quinhão integral destinado aos co-herdeiros e o valor não retornará ao monte
maior (a). Se um valor especifico for deixado a herdeiros em conjunto e um deles não
quiser o legado esse valor acrescerá ao valor dos outros do grupo (b).
- Testamentária:
- Hipóteses:
a) Quinhões não determinados
b) Coisa determinada e certa
c) Quando o objeto não puder ser dividido sem risco
Acrescera ao herdeiro remanescente.
Deserdação ≠ Exclusão da Sucessão (exclusão por indignidade) (1961)
A exclusão opera da própria lei, qualquer um que tenha conhecimento dos fatos
pode demandar o herdeiro.
Na deserdação é quase a mesma coisa, mas quem promove a deserdação é o
próprio decujus. Este tendo conhecimento de condutas previstas legalmente pode
promover a deserdação por meios judiciais. Obviamente isso não ocorre no caso do
homicídio porque o decujus já estaria morto.
Os arts. seguintes ao 1961 enumeram as possibilidades.
A questão dos cônjuges
Existe um projeto de lei que prevê as possibilidade de se deserdar o cônjuge.
Mas se o cônjuge perfazer alguma das infrações do art. 1573 é possível a deserdação
por força da LICC que prevê a analogia.
Redução das disposições testamentárias – 1966
- Excesso na parte disponível
Sempre se preserva a legitima. O testador pode definir quais os herdeiros
testamentários devem ser protegidos ao pagar dividas ou complementar a legitima.
- Bem divisível e indivisível art. 1968.
Do Rompimento do Testamento (1975)

14 de novembro de 2006

SONEGADOS – 1992
Ação de sonegados é uma ação prevista no CPC, cabível sempre que algum
herdeiro oculta bens. O bem é sonegado por um herdeiro em detrimento de outro ou
outros herdeiros. Quando se chega nesse patamar geralmente a vida familiar encontra-se
enegrecida.
A ação pode ser proposta por herdeiros ou credores sonegados.
A legitimidade passiva é do herdeiro que oculta bens e eventualmente o
inventariante. Quando o inventariante é herdeiro perde seu quinhão sobre o bem e o
cargo de inventariante. Se o inventariante não for herdeiro ele é removido do cargo. A
ação só cabe contra o inventariante após o momento processual chamado de últimas
declarações; momento onde o inventariante da por encerrado o inventário de bens
(1996).
A ação de destituição de inventariante é mais vantajosa que de sonegado se o
inventariante não é herdeiro.
A pena do herdeiro sonegador é perder seu direito quanto ao seu quinhão frente
ao bem sonegado. O sonegador recebe seu quinhão referente ao resto da herança, mas o
bem sonegado é excluído da suceção e dividido entre os demais herdeiros.

COLAÇÃO – 2002
Devido as variações nos valores dos bens quando há adiantamento de legitima
conta-se o valor dos bens à época da liberalidade, apenas se recompõem a depreciação
da moeda.
Valor adiantado são colacionados somente à porção indisponível. Então depois
de expurgada a porção disponível, colaciona-se o valor adiantado e divide-se pelos
herdeiros. Então da porção de cada herdeiro subtrai-se o valor adiantado daquele que o
recebeu e este é o valor à aquele que recebeu o adiantamento.
Se a porção adiantada for maior que a porção legitima no momento da morte
aquele que recebeu o adiantamento deverá restituir os outros herdeiros no montante a
mais que recebeu.

* Partilha – Efeitos
O efeito da sentença que homologa a partilha é declaratório, declara uma
situação que ocorre no momento da morte (princípio de Saisine)
Sobrepartilha
Quando há o esquecimento de partilhar algum bem faz-se a sobrepartilha que
deve respeitar os quinhões dos herdeiros.

* Bens Indivisíveis (2019)


A divisão desses bens é feita em dinheiro ou ele é adjudicado em condomínio.

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