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Universidade Federal Do Mato Grosso - Campus Cuiabá

Instituto De Ciências Exatas E Da Terra

Departamento De Química

Disciplina: IPQ

Docente: Prof. Dr. Ailton José Terezo

Discente: Leilane Natsumi Alves Kanbara

FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO
RUMPF, J.; BURGER, R.; SCHULZE, M.. Statistical evaluation of DPPH, ABTS,
FRAP, and Folin-Ciocalteu assays to assess the antioxidant capacity of lignins.
International Journal of Biological Macromolecules, v. 233, 2023.
O artigo discorre sobre uma pesquisa em que se utilizou de quatro tipos de
ensaios - DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil), ABTS (2,2-azino-bis(ácido3-
etilbenzotiazolina-6-sulfônico)), FRAP (íon férrico redutor do potencial antioxidante)
e FC (Folin-Ciocalteu) - para determinar a capacidade antioxidante de substâncias
padrão de 50 ligninas organosolv e duas kraft ligninas.
Os antioxidantes desempenham um papel fundamental na saúde humana,
combatendo reações de oxidação indesejadas e prevenindo o estresse oxidativo
associado a várias doenças. Avaliar a capacidade antioxidante é complexo,
envolvendo fatores como estrutura molecular, concentração e reatividade intrínseca
do antioxidante, além da temperatura e cinética das reações redox.
Existem diferentes métodos de classificação dos ensaios antioxidantes,
baseados no mecanismo de reação e na metodologia utilizada. Os ensaios mais
comuns incluem a avaliação da atividade de eliminação de radicais livres estáveis, a
redução de íons metálicos e métodos competitivos.
No contexto da pesquisa em biorrefinarias, a lignina tem recebido atenção
crescente como um antioxidante natural, devido aos seus grupos fenólicos que podem
encerrar reações oxidativas em cadeia. Os ensaios mais frequentemente utilizados
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para analisar a capacidade antioxidante da lignina são ABTS e DPPH. No entanto,


cada ensaio tem suas limitações, e uma comparação estatística dos resultados é
essencial para contextualizá-los de forma adequada.
O estudo aborda a complexidade da capacidade antioxidante de compostos
ativos, especialmente polímeros naturais como a lignina, e foram utilizados os ensaios
DPPH, ABTS, FRAP e FC para determinar a capacidade antioxidante equivalente ao
Trolox (TEAC) e o teor de fenol total (TPC) da lignina. Pela primeira vez, esses
quatro ensaios foram comparados para avaliar a capacidade antioxidante da lignina.
A primeira parte do estudo envolveu a comparação dos ensaios utilizando
substâncias padrão (Trolox/ácido gálico) para avaliar a reprodutibilidade e
sensibilidade de cada método, independentemente do tipo de amostra. Na segunda
parte, foram analisadas as correlações entre os ensaios. Por fim, na terceira parte,
foram discutidas as capacidades antioxidantes das ligninas extraídas de diferentes
biomassas, mesmo sob condições de extração idênticas.
A análise comparativa dos ensaios demonstrou que o ABTS é mais sensível e
apresenta maior reatividade em comparação com o DPPH, com um coeficiente de
variação menor e um coeficiente de determinação superior para a curva de calibração
Os coeficientes de variação obtidos no estudo foram comparáveis aos da literatura
para a repetibilidade da medição de soluções padrão ao longo de vários dias. Além
disso, revelou uma forte correlação entre os ensaios FRAP e FC, que se baseiam no
mesmo mecanismo de transferência de um único elétron. Enquanto isso, o ensaio
DPPH apresentou correlações mais fracas com os outros ensaios, indicando que a
escolha do ensaio pode influenciar os resultados da capacidade antioxidante,
dependendo da origem e da estrutura da amostra investigada.
Com relação a diferentes tipos de lignina extraídos de diversas biomassas, os
resultados indicaram que o ensaio DPPH teve a menor seletividade e maior
coeficiente de variação, sendo incapaz de discriminar entre os diferentes tipos de
lignina. O ensaio FRAP permitiu distinguir apenas uma forma de lignina das demais,
enquanto ABTS e FC foram capazes de diferenciar quatro grupos distintos. As
semelhanças e diferenças entre os ensaios se tornaram mais aparentes ao usar escores
padronizados. Os resultados também mostraram que as ligninas de diferentes origens
e processos de extração apresentaram uma ampla gama de valores de atividade
antioxidante. A calibração usando Trolox como substância padrão mostrou-se eficaz
para todos os ensaios. Os valores de capacidade antioxidante total obtidos estavam
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em acordo com os dados da literatura, confirmando a viabilidade dos métodos


utilizados. Além disso, ao analisar os escores padronizados e o Índice Relativo de
Atividade Antioxidante (RACI), foi possível classificar as ligninas em grupos com
diferentes níveis de capacidade antioxidante. No entanto, o RACI é uma medida geral
e que a análise detalhada usando diferentes ensaios é necessária para uma
compreensão completa da capacidade antioxidante das ligninas.
Por fim, concluem que os quatro ensaios são adequados para avaliar a
capacidade antioxidante de ligninas. O ensaio ABTS é o mais preciso e sensível, com
forte correlação com FRAP e FC. Embora o ensaio DPPH mostre correlação mais
fraca, ainda é útil.
E também, as ligninas de madeira tendem a ter maior capacidade antioxidante
do que as de gramíneas, e todos os tipos de lignina estudados mostraram boas
propriedades antioxidantes, sugerindo que são promissores para futuras pesquisas.

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