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The Hunger Games : A New Beginning escrita por Mila Guerra

Um começo diferente, uma nova história.


E se Katniss e Peeta se conhecessem antes, e se na situação em que se encontravam ficassem juntos.
E depois fossem separados, por causa dos jogos, e tivessem que sobreviver juntos por que tem uma
pequena, mas muito importante coisa que os fizesse voltar.
E se isso não fosse só o amor que sentem um pelo outro.

IIº Temporada - Together.


Juntos eles já enfrentaram muita coisa.
Pelo amor, pela filha, por eles. E vão continuar porque são uma família, e uma família permanece unida.
Sempre.

Classificação: 16+
Categorias: Jogos Vorazes
Personagens: Indisponível
Gêneros: Ação, Amizade, Drama, Romance
Avisos: Nenhum

Capítulos: 69 (132.337 palavras) | Terminada: Sim


Publicada: 22/03/2014 às 00:17 | Atualizada: 27/11/2015 às 21:05

Prologue
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo é só para saber se vocês vão gostar, se gostar comentem, porque se tiver comentários
tem mais.

Eu já sabia de sua fama pelo distrito, mas ele pagava pelas meninas, mulheres, enfim quem
precisava de dinheiro e estava disposto a se deitar com ele por isso. E por mais que eu necessitasse
minha criação nunca me permitiria isso.

[...]

A minha vida nunca foi fácil, apesar de morar num Distrito onde ninguém vive bem, eu
conseguia me superar, a minha situação atual, só me fazia lembrar constantemente dos abusos que sofri,
por ter perdido um pai cedo, e ter que sustentar toda a minha família.

[...]

E estar com animais mortos na mão não me ajudaria, ele queria algo em troca, e eu não iria
dar. Isso era o que eu pensava. “Eu realmente, querida Eveerden, não queria de dizer o que eu posso
fazer com aquela doce menina, ela é tão doce, inocente, seria uma pena se algo acontecesse”.

[...]

A forma como a minha vida havia mudado depois daquele dia, era palpável, mas pensei que
seria algo emocional, uma cicatriz, que ia ficar na minha mente, e só. Mas saber que ele... Ele seria...
que eu seria mãe.

[...]

Não a Prim, não. Ela não precisa passar pelo que eu passei.

Então simplesmente deixei que ele fizesse tudo o que queria e me deitei no chão e simplesmente
não fiz nada. Eu lutei contra o instinto de empurra-lo e tira-lo de cima de mim, e me contive pra não
gemer de dor.

Eu o senti me invadindo novamente, eu me sentia sendo rasgada, de fora pra dentro, e cada vez
que ele se mexia tudo parecia piorar.

[...]

Toda vergonha e todo o medo que eu passei, não se compara ao que eu sinto agora. Eu queria
que aquilo ficasse no passado, eu queria que eu pudesse esquecer, eu queria... eu queria.
De que vale querer, eu queria não passar fome, eu queria que meu pai estivesse vivo, eu queria
não morar num Distrito e ser explorada por uma Capitol, que só visava seu próprio lucro.

E agora o mais importante, eu queria não ter um filho, e de nada adiantava.

Chapter One

Notas iniciais do capítulo


Mais um pros anônimos que eu sei que leram, mas não comentaram. Então não posso saber o
nome.

Meses depois.

Caçar, ajudar em casa, cuidar da Prim, comer, dormir... Caçar, ajudar em casa, cuidar da
Prim, comer, dormir... Caçar, ajudar em casa, cuidar da Prim, comer, dormir... Nada, simplesmente
nada, me animava. Até caçar agora não tem o mesmo significado que antes, só me faz lembrar tudo,
cortar caminho pelo beco? Nunca. O que eu fazia quando via pacificador? Fugia dele, só de ouvir seu
nome já me dava ânsia.

Mais um dia, mais um dia em que eu acordo e durmo pensando, relembrando tudo. Mais um dia
em que acordo a noite ofegante, revivendo tudo o que passei, mais um dia em que acordo tentada a
pegar o meu arco e mata-lo.

Por mais um dia só acordo pela Prim, que me chama com toda a sua força.

– Vamos Katniss, nós vamos nos atrasar.

– Ok, ok, estou indo.

Levanto-me cheia de mau humor, mas sou abatida por um enjoo, que me faz correr para o
banheiro, e botar tudo que eu não comi pra fora. A Prim fica meio chocada, já que ela nunca me viu
doente, e corre pra chamar a mamãe.

– Katniss, meu deus o que você tem? – ela pergunta alarmado, apesar de ela ter voltado a vida,
depois do que ocorreu, ela ainda dependia da minha fachada de forte.
– Não deve ser nada, é só estresse.

– Sim, eu entendo você tem que se alimentar, e dormir um pouco mais. – falou me repreendendo
por não comer direito há muito tempo.

Eu não quis começar a discutir sobre isso novamente, e me adiantei para sair antes que ela
insistisse. A escola do distrito não servia pra nada, somente para amedrontar as crianças, falando
somente dos jogos anteriores, e sobre a destruição do Distrito 13, depois de uma tentativa de revolução.

Normalmente nos vamos para a escola com o Gale, e seus três irmãos, Rory, Posy e Vicky. Ele
como eu, tinha que sustentar sua família, seu pai também tinha morrido nas minas. Nós nos conhecemos
na floresta, depois de algumas brigas resolvemos caçar juntos e dividir o lucro, apesar de eu insistir em
que ele leve um pouco mais que eu, já que ele sustenta mais bocas, nem sempre eu consigo, mas ainda
dar para apelar pra Hazelle, sua mãe que nunca recusava.

Nesses últimos meses, eu tinha me afastado um pouco me limitando a frases simples, e somente
quando necessário. Ele já estava acostumado, eu sempre fora muito introvertida, não me permitia gostar
de ninguém com medo de perdê-lo e depois sofrer, mas até ele estava me questionando.

– Ei, Katniss, hoje eu vou me atrasar um pouco, eu tenho umas coisas para resolver. Pode
começar sem mim. – eu achei estranho, principalmente por ele não me contar o que faria, mas eu lembrei
que na minha atual condição ele não devia confiar tanto em mim.

– Tudo bem então, eu vou ficar mais para o começo, assim você me acha facilmente. – Ele
pareceu achar estranha, minha frase comprida, mais não questionou.

Nessa hora me senti sendo observada, e me virei a tempo de ver o Mellark olhando pra mim, o
pai dele sempre me comprava alguns esquilos, era uma das pessoas mais gentis que eu conheço,
diferente da sua mulher que era uma bruxa.

Ele sempre me observava, eu parei de achar estranho depois de um tempo, e me convenci que
era preocupação, ele tinha me ajudado no passado, queimando pães para me dar, e levando uma bofetada
da mãe por isso.

Tinha falado pouco com ele na minha vida, apesar de sermos da mesma sala, e sempre nos
vermos na padaria quando ia levar os esquilos. Ele tinha muito do pai - sempre gentil como ele- e era
um dos meninos mais bonitos do Distrito, com seus olhos azuis e cabelos louros.

Fui interrompida das minhas divagações, pelo Gale, que nunca gostou do Peeta, por achar que
ele era um mauricinho, o que nem chega perto de ser a verdade.

– Enfim, tudo bem, eu não vou demorar muito. Agora eu vou indo a aula já vai começar.
Ele estava no ultimo ano, o que significa que em breve ele terá que ir pras minas e eu vou ficar
sem um parceiro para caçar, eu sabia que seria difícil para ele, apesar de toda a sua fachada, ele sofria
como eu por ter perdido o pai tão cedo, sofrer um choque de realidade e ter que sustentar a família quase
sozinho.

Quando mais rápido o tempo passasse para mim seria melhor, mas como eu nunca tenho sorte,
o tempo se arrastou. Assim que fui liberada, sai sorrateiramente em direção à floresta, eu não ia para
casa e correr o risco de ser obrigada a comer por minha mãe. Passei direto pela cerca que devia
funcionar, mas não funciona, e achei um dos meus arcos numa árvore oca, deixados ali por meu pai, foi
ele quem me ensinou tudo o que sei, e procurei por um rastro de animal.

Como não achei nenhum, subi numa árvore alta, eu sempre fui boa nisso, em subir em árvores
no caso, e achei um bicho me inclinei para achar um ângulo melhor, e quando percebi o meu erro já era
tarde, o galho estava fraco, e com o meu peso cedeu, um queda feia, muito feia.

Eu sentia uma dor forte na barriga, e só enxergava as sombras, não conseguia me levantar, fui
ficando inconsciente, e só escutei alguém gritar por mim antes de apagar.

Chapter Two

Notas iniciais do capítulo


Eu vou dedicar esse capítulo, as duas pessoas que favoritaram a minha fic, Leo e Rita Sequeira,
muito, muito obrigada mesmo, ia ficar melhor se tivesse um comentário, mas tudo bem.

Eu já havia me imaginado grávida, nos meus melhores tempos, quando eu achava que a vida
podia ser mais fácil, porém depois de um tempo a ideia passou a ser ridícula. Sempre vivi um dia de
cada vez, não sabendo se viria o amanhã ou se morreria de fome, então parei de pensar nessas coisas,
eu sabia que muita gente pensava – inclusive a minha mãe – que eu me casaria com o Gale, mas isso
nunca me passou pela cabeça.
Mas a julgar pela sua reação ao descobrir que eu estava grávida, ele já tinha pensado nisso, o
que me surpreendeu já que eu nunca dei liberdade pra ele pensar que haveria algo a mais que amizade
na nossa história. Enfim, ele me deixou muito magoada, ele se mostrou machista de uma forma que eu
não esperava dele.

Eu precisava de apoio – o que eu sabia que seria difícil, já que ele não sabia da história toda –
mas ele me encheu de palavra duras, insinuou muitas coisas e na hora eu só quis que ele sumisse na
minha frente. Como eu não estava entendendo nada, minha mãe veio em meu socorro e me disse, eu
estava grávida, era só o que faltava para meu mundo desabar.

Agora um tempo depois eu ainda tentava me explicar, apesar de tudo ele era um bom amigo, e
quanto mais gente eu tivesse, melhor eu me sentiria.

– Katniss, filha? – minha mãe me chamou depois que eu voltei de uma das tentativas frustradas
de me explicar.

– Oi, mãe.

– Então, filha, eu acho que é melhor você não falar nada com ele.

– Do que você esta falando mãe? – perguntei achando que ela se referia ao Pacificador – É claro
que eu não vou contar nada a ele.

– Eu acho bom, por que ele pode ser bem esquentado, e você não quer que ele se meta em
confusão, ele precisa cuidar dos irmãos e...

– Peraí mãe, de quem a senhora esta falando? – a interrompi, não entendendo mais nada.

– Do Gale oras, de quem você pensou que fosse.

– Ha, não eu pensei que... Nada. – eu preferi não trazer essa lembrança à tona – O que a senhora
dizia?

– Que o Gale é muito esquentado e pode acabar arrumando briga se descobrir do Pacificador. –
falou abaixando a voz quando se referiu ao Pacificador.

– Sim, é eu não havia pensado nisso, mas eu queria tanto que ele entendesse.

– Eu sei filha, mas dê um tempo a ele. Ele pensava que era o único homem na sua vida, e de
repente você aparece grávida. É difícil.

– Mas é mais ainda para mim, e nem por isso eu briguei com ninguém. – falei, no fundo eu me
sentia muito magoada, não só com o Gale, mas com a minha situação. E eu não podia culpar ninguém.

– Só coloque na sua mente que ele não sabe, e dê um tempo a ele, depois ele volta.
E com esse belo conselho ela saiu, me deixando confusa, no fundo ela estava certa, ele iria
acabar brigando com o Pacificador se soubesse, então eu acabei deixando ele sozinho por um tempo.

Como na minha situação eu não podia caçar, então depois da escola eu acabava passeando pelo
distrito com a Prim, num desses dias ela encontrou com alguém que particularmente sempre me intrigou.

– Oi, Peeta. – ela falou e só agora eu reparei na figura loira ao meu lado.

– Oi, pequena Prim, - ele falou com um sorriso doce – oi Katniss!

– Olá, Peeta, como vai o seu pai?

– Com saudades dos esquilos. – ele soltou uma risada curta, que só fez deixa-lo mais bonito, o
que é isso Katniss desde quando você repara nisso!

– Eu sei, mas eu estou meio impossibilitada de caçar nesse momento.

– Espero que não seja nada sério – falou com uma careta de preocupação – bom, eu já vou indo,
aquela padaria não anda sem mim, Tchau pequena Prim, tchau Katniss.

Ele deu um beijo na Prim, e depois de acenarmos ele foi embora.

– Desde quando você o conhece Prim? – indaguei curiosa.

– Há, enquanto você caça e eu não tenho o que fazer, você sabe, eu sempre gostei de olhar os
bolos, então eu ia à padaria e o Peeta sempre me dava algum doce, escondido claro, a mãe dele é muito
chata. – Seu comentário me fez rir, não só pela mãe do Peeta, mas por ele ser tão bom com ela quanto
foi comigo no passado, realmente ele é um tipo estranho.

Nesse meio tempo já tinha se passado bem uns 2 meses, e o Gale nunca mais falou comigo,
então eu passei a ir pra escola com a Prim, e pra minha surpresa ela ia com o Peeta. Nós acabamos nos
tornando bons amigos nada de mais, só que com ele eu conseguia esquecer tudo, do lugar onde
moramos, da nossa situação. Eu acabei percebendo, que o Peeta passa por tudo que nós passamos, sendo
um pouco pior já que a mãe dele não o suporta, mas apesar disso eu tinha um pouco de receio, ele não
sabia de nada e isso mostrava que de fato eu tinha medo de mais uma rejeição.

Enfim, o dia finalmente chegou, eu não conseguia mais esconder a minha barriga, minhas roupas
estavam justas, e as calças quase não entravam, minha mãe fazia malabarismo com as minhas roupas,
para que coubessem, rasgando e costurando, não tínhamos dinheiro para comprar nada novo.

Eu acabei indo pra escola com uma roupa que estava um pouco apertada, minha barriga dava
para ver, e todo mundo descobriria, eu não estava com vergonha. O tempo tinha passado e eu me
orgulhava do meu bebê, ele era meu companheiro, ligado a mim de uma forma que ninguém seria. Mas
com medo do Pacificador, ele podia muito bem fazer algo comigo e consequentemente com ele – sim,
eu queria um menino –nesse dia minha mãe tentou me tranquilizar, mas de nada adiantou.

Eu saí andando com a Prim e ao longe eu podia ver o Peeta e as outras crianças, eu parei por
um momento, ela vendo minha excitação veio me confortar.

– Ei, tudo bem, as crianças vão achar isso muito legal, e o Peeta gosta muito de você. – ela falou
pensando que eu estava com medo delas. – Vai ficar tudo bem.

– Sim eu sei, vamos andando.

Quando eu cheguei perto deles por um momento o Peeta só olhou pra mim e sorriu, mas depois
ele pareceu ver a minha barriga, e eu vi dor nos seus olhos, uma dor profunda, eu olhei pra ele em busca
de resposta, mas ele disfarçou rapidamente, e me deu um sorriso surpreso, com cara de quem não
entendia.

Nesse momento eu vi algo que me gelou o sangue, ele me olhava, surpreso, e de repente
entendimento passou pelos seus olhos, depois eu não vi mais nada, só senti braços me segurando.

Chapter Three

Notas iniciais do capítulo


Me desculpem pela demora, aconteceu que o Nyah hoje não estava de bem comigo, mas ai esta o
capitulo em homenagem a quem comentou.
Gomes2803
Lary Miguel
Ro_Matheus
Muito obrigada pela consideração de vocês e pelo incentivo.
LEIAM AS NOTAS FINAIS, é muito importante.

Eu já estava me irritando, com esse negocio de desmaiar de nervoso, quando eu acordei o Peeta
estava ao meu lado.
– Então, você esta melhor? - perguntou ele parecia muito preocupado.

– Não muito, o que você faz aqui?

– Ha, bem eu não quis te deixar sozinha - ele corou, e ficou muito fofo, Katniss meu deus você
tem que parar de pensar nessas coisas - Mas, hm, porque você apagou?

De repente eu me lembrei do Pacificador, daquele olhar de quem entendia tudo, de que sabia
que o filho é dele, não, o filho não é dele, ele é meu só meu. Eu comecei a chorar copiosamente, o Peeta
me abraçou e tentou me consolar, nos ficamos assim por um momento ate ele se afastar um pouco e me
olhar.

– Vamos Katniss, - ele falou me puxando delicadamente pela mão. - Eu não vou te deixar
desanimada, você não pode ficar assim, faz mal para o bebê.

– Nós vamos para onde? - perguntei me deixando levar.

– Você já vai ver.

Ele falou com a minha mãe que me examinou e disse que se fossemos devagar, não teria
problema. Fomos andando devagar e ele foi me perguntando coisas sobre o bebê.

– Então você já tem os nomes?

– Na verdade não, - disse e me permiti rir um pouco - a Prim estava me ajudando, mas ate agora
eu não gostei de nenhum.

– Se quiser ajuda eu posso pensar em alguns e te digo.

– Ok, vai ser ótimo.

– Você prefere o que? Menina ou menino?

– Eu quero um homenzinho, eu vivo com mulheres seria bom ter algum homem dentro de casa.
- de repente eu me peguei alisando a minha barriga e o Peeta assistia atento parecendo gravar cada
detalhe. - O que foi?

– Nada eu só... - ele parou pra pensar e sorriu - eu posso pintar você?

– Eu não sei se conseguiria ficar tanto tempo parada com você me olhando. - ele riu.

– Não precisa, eu já tenho a imagem na cabeça - ele pensou por um momento - eu acho que se
você deixar fica pronto antes dele nascer, fica sendo o meu presente.

– Sendo assim então tudo bem.

– Mas o que falta pra ele, digo, de enxoval?


– Bem quase tudo é o que ficou da Prim, nos temos roupas, temos mamadeira e essas coisas, só
que ainda falta o berço.

– Vocês não tem o da Prim? - ele indagou.

– Sim nós temos, só que precisa ser lixado e pintado novamente, e não sabemos quem pode
fazer isso.

– Como não? Você esta olhando para a pessoa certa.

– Meu deus, Peeta se não dor incomodar, eu aceito. - como agradecimento eu o abracei, ele
pareceu surpreso, mas retribuiu.

Nós havíamos parado na frente do espaço que havia na cerca para entrar na floresta, e bem na
hora o Gale estava saindo e parou por nós ver abraçados.

– Katniss, então... - ele pareceu arrasado, nós nos separamos quando o vimos. - Ele é... O pai
do, hm... Bebê.

A forma como ele falou do meu filho me deixou na defensiva, estava prestes a responder, mas
o Peeta falou por mim.

– Você não tem o direito de questionar nada, a partir do momento em que a deixou sozinha. - o
Peeta falava parecendo que o Gale era o pai.

– Bem, meus parabéns, você finalmente conseguiu. - eu não entendia ao quê ele se referia. -
Cansou de correr atrás dela, e finalmente se declarou, eu realmente achei que isso nunca fosse acontecer.

– Você não sabe o que esta falando. - o Peeta iria partir pra cima dele, mas eu o contive. - Você
é um imbecil, Gale!

– Vamos Peeta, não vale a pena. - eu olhei pro Gale com pesar - Eu realmente me arrependo do
que você se tornou.

Parece que ele ficou um pouco envergonhado depois das minhas palavras, mas o Peeta já havia
me puxado para passar pela cerca, foi um pouco difícil com a barriga, mas ele me ajudou e eu consegui
passar sem mais problemas. Quando nos passamos que eu toquei do lugar onde nos estávamos.

– Aqui? Pra quê?

– Venha. - ele não parecia totalmente recuperado do incidente, e eu o deixei pensar um pouco,
e aproveitei pra me preparar para as perguntas que ele faria.
Nós entramos na floresta, eu não conhecia aquela parte, mas ele sim. Eu conseguia ouvir os seus
passos, não eram silenciosos como os meus, mas ele não estava andando com cautela, então se ele
quisesse poderia não fazer barulho nenhum.

Depois de um tempo nós saímos em um descampado, muito lindo, não havia flores, mas a grama
parecia um tapete, e bem no meio, havia uma toalha estendida com uma cesta em cima, ele nos puxou
naquela direção e me ajudou a sentar.

– Está confortável? - falou depois de ter ajeitado umas almofadas, que eu não tinha visto, nas
minhas costas.

– Sim, Peeta esse lugar é incrível. - falei sorrindo.

– Eu sei, eu sempre fugi pra cá, quando eu não aguentava mais a minha mãe. - ele deu uma
risada, mas não chegou aos seus olhos. Eu suspirei, eu teria que esclarecer logo isso.

– Peeta, eu... - ele me interrompeu.

– Olha Kat - pois é ele criou um apelido pra mim - eu não entendo, eu nunca falei nada mais eu
pensei que o pai fosse o Gale e agora ele vem com essa conversa, de me achar o pai, certo que eu já
recebi algumas felicitações - tá dessa eu não sabia - mas eu só não falei nada por acreditar de verdade
nisso. Eu não quero te pressionar, mas se você puder, por favor, me explique.

Eu parei um pouco e tomei fôlego, a conversa seria longa.

– Eu posso, mas não me interrompa ok? - ele assentiu, então continuei: Eu tinha ido caçar com
o Gale, e havia encontrado alguns esquilos, eu peguei um atalho, aquele pelo beco porque quase
ninguém o usa e seria mais fácil esconder a caça. - nesse momento eu já havia começado a chorar, tomei
coragem pra falar a pior parte. - Eu, por azar, encontrei o Pacificador Chefe, e você sabe da fama dele
e ele ameaçou a Prim, eu não tive o que fazer. Eu pedi, eu...

O Peeta que estava tremendo de raiva quando me viu totalmente desesperada, me apertou em
seus braços até eu ficar melhor.

– Ok, Katniss, me desculpe te fazer lembrar isso, eu não sabia, eu realmente não sei o que te
dizer.

Eu me mantive em silêncio, e ele também, percebeu que eu precisava de um tempo para me


recuperar. Mas eu me lembrei de uma coisa que o Gale falou que ficou na minha cabeça.

– Peeta, o que ele quis dizer quando ele falou que você cansou de esperar e se declarou? - ele
corou vergonhosamente.

– Katniss, eu bem... Não sei como explicar.


– Que tal pelo começo?

Chapter Four

Notas iniciais do capítulo


Eu estou muito feliz, porque mais duas pessoas favoritaram a minha história.
Muito obrigada, Rai Everdeen e Akise.
Meninas que comentaram eu amei todos os nomes, e em breve vocês saberão qual eu escolhi.
Muito obrigada a Paloma Everdeen Mellark, Lary Miguel e a Ro_Matheus.

POV Peeta

Não é surpresa nenhuma eu ser completamente apaixonado pela Katniss, só ela quem realmente
não percebe. O que me deixa aliviado - porque sem saber ela pelo menos não iria me ignorar totalmente
- e frustrado - porque eu também não sei se por acaso ela soubesse, corresponderia ao meu amor - e eu
fiquei nesse impasse nesses últimos anos da minha vida, só a observando, a vendo viver com o Gale,
querendo estar ao seu lado e sem ter coragem pra faze- lo.

Quando ela realmente se aproximou de mim, eu vi uma chance, éramos amigos, eu podia me
aproximar fazer ele me amar, mas então eu descubro que ela estava gravida e eu senti uma dor tão
grande, uma dor por saber que ela tinha vivido a vida dela, e eu fiquei parado no tempo a esperando. E
senti também uma raiva imensa por quem a deixou assim, - que no fundo eu imaginava ser o Gale -
pelo que eu sabia da ida dela, e era muito, eu sabia que ela não tinha nenhum namorado, então eu
presumi que ele a havia abandonado. Eu consegui disfarçar o meu choque eu sempre fui muito bom em
esconder as coisas, ela me olhava com expectativa, esperando a minha reação. Quando eu fui em sua
direção, ela desviou os olhos, e ficou pálida de repente, se eu não estivesse me aproximado rapidamente
ela cairia no chão, pelo desmaio.

A levei pra casa o mais rápido possível e Sra. Everdeen disse que deve ter sido o estresse, ela
estava muito ansiosa hoje já que ela não tinha mais como esconder a barriga. Eu fiquei velando o seu
sono, ela pareceu envergonhada quando acordou e me viu ao seu lado. Se eu soubesse que era um
terrível erro mencionar o desmaio não teria abrido a boca, ela chorou muito o que me fez sentir
impotente, eu não podia fazer nada nem sabia porque ela estava chorando, e se eu falasse a coisa errada
e ela só piorasse. Para acalma-la resolvi leva-la na floresta, eu havia ido lá mais cedo e preparado um
surpresa para ela, eu sabia o quanto ela apreciava aquele local, e eu já tinha ido lá algumas vezes.

Mas o dia não estava a nosso favor, nos encontramos o Gale, ele pareceu surpreso por nos ver
juntos, só que se recuperou rápido e começou a fazer acusações, mesmo sem entender nada, eu tentei
faze-lo parar de falar besteira, e ele quase falou de mais, ela saia como eu me sentia em relação a Kat,
e se ele falasse eu não sei com ela reagiria, a sorte foi que a Katniss conseguiu fazer ele se envergonhar
por suas atitudes, mas ela não deu tempo para que ele se desculpasse, eu a guiei pelo caminho em
silêncio, nós teríamos tempo para conversar e entender as razões de termos mentido.

Eu esperava ouvir muita coisa para explicar o porque da Katniss estar grávida mais descobrir
que o Pacificador a havia violentado estava fora de todas as possibilidades, eu me sentia impotente,
tudo ocorrera bem próximo a minha casa e eu mesmo costumava passar pelo beco, e poderia ter a
ajudado, mas eu também sabia que a Katniss de antigamente não era tão afetuosa quanto esta agora, e
sabia se defender melhor do que eu, mas o Pacificador mexeu no seu ponto fraco, a família, e conseguiu
tudo o que queria. Eu não deixei de sentir certa dor, eu sempre sonhei em ficar com ela, quando eu me
tornei um adolescente cheio de hormônios eu já imaginei muitas coisas com a Katniss, mas não me
permite seguir com esses pensamentos, poderia ser muito desastroso.

Fiquei imaginando se a Katniss se lembraria do que o Gale falou, e esperava realmente que não,
porem não foi bem assim, ela lembrou e nem foi sutil. Eu faria de tudo para deixar claro que eu não
queria me aproveitar dela, e também fazer com que ela não se afastasse de mim.

– Bem Katniss, você lembra-se do dia em que nos conhecemos? – ela assentiu e eu prossegui –
Pois é, você estava com o seu pai, usava um vestido de lã vermelha – eu peguei em sua trança, e ela
pareceu encantada por eu me lembrar de tantos detalhes – e duas tranças, não uma, você estava linda.
Eu me lembro disso como se fosse hoje: Meu pai apontou pra você e falou “Vê aquela garota? Eu era
apaixonado pela mãe dela, mas ela fugiu de mim com um mineiro de carvão. Quando eu perguntei por
que ele me disse: Quando ele canta todos os pássaros param para escutar.” – ela ficou emocionada com
a lembrança do pai – Você era da minha turma, a professora perguntou quem sabia cantar, e você
levantou a mão. Eu juro que todos os pássaros pararam para te escutar, era a coisa mais linda que eu já
tinha visto, e ouvido.

“E depois todos esses anos eu te segui com meus olhos atentos sempre na escola, na rua quando
você passava, mas ai surgiu o Gale, e eu ficava feliz porque ele te protegeria quando eu não podia.
Porém ele acabou descobrindo o que eu sentia por você, e deixou bem claro que nos nunca teríamos
nada porque ele não iria deixar. Aquele dia com o pão foi a única verdadeira chance que eu tive de me
aproximar de você, mas parecia que você só se afastou mais depois, eu me arrependo de não ter ido lá
falar com você e te entregar o pão de uma forma descente, mas tinha a minha mãe e eu ainda tinha muita
vergonha de ficar perto de você, só se falassem seu nome eu corava até o ultimo fio de cabelo, e... Bem
eu pensei que você gostava do Gale, então eu nunca tentei nada...”

– Essa história do Gale, eu não sabia, eu só me importava com o que ele fazia quando estávamos
na floresta, e quando você me deu o pão, eu sentia que tinha uma divida eterna com você, e isso me
dava medo. Eu não tinha como pagar, você salvou a minha vida e da minha família consequentemente.
- ela parou um pouco. - Fora que seus olhos sempre me deixaram um pouco atordoada, você me olhava
de um jeito que eu nunca entendi, uns me olhavam com pena, outros com desprezo, mas você tinha algo
que eu nunca soube distinguir.

– Você nunca reparou em muita coisa Katniss.

– É tem razão. – eu sabia que ela se referia a mim e queria que continuasse.

Mas eu precisava pensar em como eu diria isso, com a Katniss dependendo do caminho que
você escolher, pode ser um campo minado, porém eu já havia guardado aquilo por tanto tempo, eu sabia
que eu não aguentaria, não agora com a chance em minhas mãos.

– Bem, e quando nos aproximamos, eu vi a oportunidade que eu nunca tive. Seria hipocrisia
minha dizer que ver você grávida não me fez mal, fez, e doeu muito, eu sempre sonhei que seria o pai
dos seus filhos e... Enfim, isso não importa agora. Eu não quero que tudo que nos temos, mesmo que
seja só uma amizade, se acabe, eu esperei por muito tempo pra ter uma chance de ficar ao seu lado. Eu
também sei que você já entendeu tudo, e que desmentir não vai mais adiantar, mas eu só peço que não
se afaste. Independente de tudo, a nossa amizade foi mais do que um dia eu sonhei em conseguir.

Ela estava de olhos fechados, e aproveitei para passar a mão pelo seu rosto suavemente.

– Pode falar Peeta. – abriu os olhos cinza, que dependendo da luz ficavam azuis, os olhos que
toda o dia antes de dormir e antes de acordar rondavam a minha mente.

– Eu te amo, Kat. – ela estava tão perto, nossos narizes se tocavam, e ela me beijou.

Eu me prendi nesse beijo como se fosse uma ancora de salvação, eu sabia que quando acabasse
ela iria se arrepender, então fiz com que ele durasse o máximo possível.

– Peeta, eu não... – pronto estava ai a parte do arrependimento.

– Olha Katniss, eu nunca esperei um beijo de você, imagine um eu te amo. Só que eu estou aqui
e não vou largar você até ter certeza de que tudo vai ficar bem com vocês dois.

– Isso é uma promessa? – ela riu da minha cara confusa.


– Pode ser uma se você quiser... – me mantive sério por um momento para ela perceber que
tinha um fundo de verdade, e depois sorri não querendo a assustar.

Ela me beijou novamente, eu poderia me acostumar com isso facilmente. De repente a Katniss
deu um pulo e se afastou.

– O que foi? – eu estava alarmado, será que foi algo com o bebê, eu fiquei mais tranquilo quando
ela pegou a minha mão e colocou na sua barriga.

– Você está sentindo? – eu não havia sentido nada, porém quando ela acabou de falar ele se
mexeu, parecia que estava sapateando na minha mão. – Ele nunca mexeu tão forte.

– Ele gosta de ouvir a sua voz, - eu aproveitei a minha outra mão que estava livre e enxuguei
algumas lagrimas dela que haviam caído. – fale mais.

Então, ela começou a cantar, o que deixou tudo mais bonito, se eu pensei que a imagem dela
acariciando a barriga ficaria linda, imagine dessa com ela cantando pra ele, eu guardei cada detalhe só
para poder pintar depois.

– Sabe, faz muito tempo que eu não me sinto tão feliz assim. Bem, desde a morte do meu pai. –
eu sabia que ela ainda sofria com isso, mas como tudo ela tentava mascarar em volta dessa pose de
forte.

– Que bom que eu faço parte dessa felicidade.

– Você é uma das partes mais importantes dela. – eu sabia que isso era muito vindo de Katniss,
e era muito pra mim também. Não era uma declaração de amor só que ela admitia que precisava de
mim, que eu a fazia feliz e isso era o que importava.

Nós voltamos pra o distrito de mãos dadas, é verdade que ninguém nos viu, já era tarde e fazia
frio, então a maioria das pessoas estavam nas suas casas, mesmo assim eu não tirava o sorriso idiota da
cara, parecia que ela havia aceitado se casar comigo.

Deixei a Katniss em casa e estava com um pensamento rondando na minha cabeça, depois que
ela me contou tudo, eu entendi por que ela havia passado mal, naquele dia o Pacificador estava próximo
de onde estávamos, na certa ela se assustou quando o viu.

Então, eu imaginava que ele iria atrás da Katniss para ter certeza, porque eu acho que ele deve
ter uma ideia que o filho é dele. Só que eu não podia deixar isso acontecer a Katniss não podia passar
por um estresse desse. Eu teria que dar um jeito nisso, só não sabia como.
Chapter Five

Notas iniciais do capítulo


Eu queria agradecer as dez pessoas que estão acompanhando a minha história.
Agradeçam a Ray Everllark porque graças a ela esse capítulo saiu.
Tem uma pequena surpresa pra vocês ai embaixo que é uma forma de homenagear as leitoras que
deram os nomes para o filho, ou filha da Kat.

POV Peeta

Foi mais simples do que eu pensava, em vez de correr atrás do problema, o problema veio até
mim.

Tinha sido mais um dos dias em que eu passei à tarde com a Katniss na floresta, nós estávamos
muito bem e apesar de não estarmos oficialmente juntos, tudo corria para que isso acontecesse
rapidamente. Era tarde, e eu estava indo em direção aos fundos da padaria quando encontrei com ele,
tive que juntar toda a minha força de vontade para não avançar pra cima dele e arrebentá-lo.

– Eu esperava que você fosse procurar um de nós dois. – falei indo direto ao ponto.

– Isso mesmo garoto, só estava esperando a melhor chance. – ele disse sério. – A garota foi
inteligente, se manteve calada, e se afastou do amigo esquentadinho dela.

– Nós já sabemos de tudo isso. Bem, o que você quer?

– Eu quero me encontrar com você e com a Everdeen, eu tenho umas coisas para falar. – ele
falou parecendo que não havia feito nada com a Katniss.

– Você só vai pode falar comigo, ela não esta em condição nenhuma para falar com você, da
ultima vez ela só te viu e desmaiou. – eu ia poupar a Katniss o máximo possível de ficar na presença
dele.

– Ok, mas não hoje, amanhã próximo ao Meadow, na parte mais afastada da cerca.

– Tudo bem.
Ele foi embora como se nem tivesse me ouvido. Eu precisava falar com a Katniss, tinha que
contar a ela que ele havia me procurado, mas isso ia ficar para amanhã.

POV Katniss

– O QUÊ!? – eu não acreditava no que eu ouvia.

– Ele queria falar com os dois, mas eu achei que você não aguentaria olhar pra ele novamente.
– eu assenti e ele continuou. – Então eu falei que só eu iria, ele marcou pra hoje no lugar mais afastado
da cerca. Eu sabia que tinha que avisar a você, já que é a principal interessada no assunto.

– Certo, eu não sei se eu confio em deixar você ir sozinho se encontrar com ele.

– Isso é a minha menor preocupação, ele precisa de mim. – isso é verdade.

– Ok, mas assim que acabar você vai vir aqui me contar tudo que aconteceu.

Nós estávamos no meu quarto, eu passei o tempo todo da conversa abraçada a ele.

– Vamos fazer assim, você vai tentar dormir, mas eu vou vim aqui e se você estiver acordada a
gente conversa, se não eu vou pra casa e nos vemos amanhã. – eu estava pronta para discordar, mas ele
me olhou com tanta convicção e seriedade, que eu não vi como retrucar.

O meu dia se passou mais lento do que nos dias em que eu não tinha o que comer, o Peeta
passava algumas tardes na padaria para adiantar o trabalho e ter tempo livre para ficar comigo, e tinha
a mãe dele, que implicava com ele toda vez que ele não fazia algo para ficar comigo. Então eu passei a
minha tarde com a Prim, que tinha escolhido alguns nomes para o bebê, diferente de mim, ela queria
uma menina.

– Bem, eu tenho um para menino, e alguns para menina.

– Me fale o de menino.

– Vamos ver se ele gosta, quer dizer, se for um menino. – ela falou e botou a mão na minha
barriga pra ver se ele ia se mexer – Eu gosto de Travis, Travis Everdeen Mellark.

Ela falou Mellark, e me deu uma dor no coração, eu estava conseguindo esquecer que o Peeta
neste momento podia estar em perigo, e ela me lembrou. Mas eu me foquei no outro detalhe.

– Prim? Ele não vai ser Mellark.

– Não, mas porque não? – ela parecia confusa – Você não esta com o Peeta?

– Bem sim, quer dizer não, eu não sei, mas você sabe que o bebê não é dele, e eu não posso
simplesmente pedir ao Peeta para colocar o nome dele no bebê. – eu estava extremamente
envergonhada.
Eu não sabia se ela havia entendido, porém eu me peguei pensando em como seria a reação do
Peeta se ele estivesse aqui, eu sei que ele me ama, mas será que ele ama o meu bebê o suficiente para
assumi-lo.

– Ok, então nada de Mellark por enquanto.

– Exatamente, agora continue.

Eu precisava saber disso pelo próprio Peeta, - mesmo correndo o risco de ofendê-lo - se ele faria
ou não, eu não consegui não sentir medo dessa resposta.

– Sim, para as meninas, eu tenho Ash, - e a mão dela continuava na minha barriga. – Rosemary
e Pearl.

– Wow, - eu falei quando o bebê fez um movimento brusco na minha barriga – então você é
uma menina, mas uma pra familia então.

Por um momento eu quis que o Peeta estivesse aqui, ele amava quando ela mexia, dizia que era
um bom sinal, de que ele estava feliz e ansiosa para me conhecer, ele não se incluía, - o que me trazia
um certo medo- mas eu sabia que mesmo eu tentando não criar falsas ideias, – como eu fiz agora com
a questão do sobrenome – o Peeta já era o pai dela.

– Parece que ela gostou de Pearl.

– Sim, nós já temos um nome.

Eu estava maravilhada, com a nossa conversa o tempo havia passado e eu me permite me


preparar para dormir. Depois de um banho relaxante, eu deitei na cama, e fiquei conversando com a
Pearl, ela se mexia toda vez que eu falava o seu nome, dessa forma eu acabei dormindo.

“Eu estava próxima à cerca, no lugar mais afastado, minha barriga estava muito maior, eu vi
alguém vindo em minha direção, quando eu vi quem era eu fiquei na defensiva tentando proteger a
minha barriga.

– Vamos Katniss, você me disse que isso seria rápido. – ele falava como se esperasse por algo.

Eu tentava falar, mas não saia nada, eu queria saber a quê ele se referia. Ele tentou vir em
minha direção. De repente eu senti uma dor forte e um liquido escorrendo pela minha perna, a minha
bolsa estourou. Eu cai no chão de tanta dor.

– Rápido Katniss, vamos, força, ela já está saindo. – eu queria dizer que ele não encostaria na
minha filha, mas a dor era tão grande que eu só consegui fazer força.

Com as minhas ultimas forças eu empurrei o máximo que consegui, e ouvi um choro. Eu fiquei
fora do ar por um momento, depois eu o vi cortar o cordão umbilical e pegar a minha filha.
Eu estava meio tonta, e continuei tentando gritar, chorando muito, eu sentia tanta dor que não
conseguia me mexer. Eu o vi se afastando e levando ela sem poder fazer nada, quando ele estava quase
fora de alcance a minha voz voltou, eu gritava, gritava e me debatia, eu me sentia impotente, e gritava,
gritava... Gritava...”.

Eu me debatia, e senti alguém me segurando, só fui me acalmar quando ouvi a sua voz.

– Calma, Kat, foi só um pesadelo. – ele me apertava cada vez mais contra os seus braços. – Já
passou, você quer me contar?

Instintivamente minha mão foi para minha barriga para checar se ela continuava segura dentro
de mim.

– Eu não quero mais Peeta – falei e recomecei a chorar.

– O que, meu amor? – eu estava tão desesperada que nem liguei dele me chamar de amor.

– Eu quero que ela fique aqui, na minha barriga, assim nada de mal vai acontecer com ela. – ele
deu uma risada amarga.

– Infelizmente isso não é possível, mas aqui fora ela vai ter muita gente para protegê-la, eu,
você, a sua mãe. – ele se ajeitou na cama me deitando em seu peito. – Mas desde quando você acha que
é uma menina?

E dessa forma, ele conseguiu me distrair, e me fez dormir novamente, não tive mais sonhos.

Quando eu acordei, o Peeta estava me olhando, eu corei e desviei os olhos ele riu.

– Bom dia, eu imaginei que você estaria com fome e trouxe seu café. – ele corou um pouco. –
Na verdade, sua mãe que trouxe.

Então eu me lembrei de que ele dormiu aqui, e minha curiosidade ganhou a fome.

– Como você ouviu os meus gritos?

– Bem eu vim aqui falar com você, e quando eu bati na porta sua mãe atendeu, ela ia dizer que
você tinha dormido, foi ai que ouvimos o seu grito, eu vim correndo e consegui te acordar, o resto você
sabe.

– Sim, mas então como foi lá? – ela pareceu entender ao que eu me referia, por que deu um
longo suspiro.

– Tenso. Basicamente ele quer se assegurar de que você não falará nada, o que é meio obvio. –
ele bufou, parecendo indignado com a ousadia do pacificador. – E bem ele queria saber algumas coisas
sobre vocês, e se teria como alguém desconfiar. Mas ele disse que nos deixaria em paz.
Foi nessa hora que eu percebi que o Peeta já havia assumido, ele já era o pai da Pearl, mesmo
sem falar nada. A forma como ele nós protegia, lembrava a forma como meu pai fazia tudo por nós.

– Sim, eu espero que seja só isso. - falei me lembrando do sonho.

Chapter Six

Notas iniciais do capítulo


Eu estou me sentindo uma pessoa boa hoje, e resolvi postar para vocês.
Olha tem dez pessoas acompanhando a história mais a única que esta aparecendo é a Mah Mellark,
muito obrigada Mah!

POV Peeta

Eu já imaginava que a minha mãe iria arranjar algum motivo para infernizar a minha vida, eu
estava a achando muito tranquila, sem falar nada da minha relação com a Katniss.

– Meu filho, você tem que arcar com as consequências dos seus atos. – meu pai falou isso pela
decima vez só essa noite, mas como eu diria que não houve ato nenhum.

– Pai, isso quem resolve somos eu e a Katniss. – eu tentava convence-lo. – Vocês não tem nada
haver com isso, nunca se importaram com nada que eu fazia e agora querem que eu me case.

Ele sabia que eu me referia a minha mãe, e me repreendeu com o olhar.

– Temos sim, nós não temos dinheiro para sustentar aquela menina, muito menos uma criança,
mas você fez você tem que assumir. – esse comentário infeliz tinha que sair da minha mãe.

– A Katniss, nunca precisou da sua ajuda e nem vai precisar. A senhora não vai se meter nisso.

– Isso é o que veremos. – e saiu.

Eu não acreditei quando a vi indo em direção à casa da Katniss.


– Faça alguma coisa. – falei com o meu pai, ele deu de ombros, como quem diz que não tem o
que fazer. Fomos todos atrás dela, se minha mãe falasse alguma besteira eu não sei o que eu faria.

POV Katniss

Sabe a sensação de calmaria que antecede a tempestade? Foi isso que eu senti no ultimo mês,
eu estou com sete meses, e ela esta bem grande – segundo a minha mãe, eu só sei que a barriga pesa
muito – então de repente uma multidão entra na minha casa de surpresa, bem nem era tanta gente, mas
eu estou grávida, então sou exagerada.

Na realidade, era a família do Peeta, liderada pela mãe dele. E ele parecia extremamente
envergonhado.

– Me desculpe Katniss, eu tentei controla-la, mas realmente não deu. – ele falou baixinho com
uma careta muito fofa.

– Eu não estou entendendo, o que eles querem aqui? – eu não sabia a bomba que me esperava.

– Eles querem que... – ele parecia que queria se enforcar. – Argh, eu não acredito que vou falar
isso. Eles querem que a gente se case.

Eu fiquei meio chocada, eu esperava tudo dessa mulher, menos se envolver na minha vida.

– Eu não pude fazer nada... Eu não vou contar o que aconteceu pra você ficar grávida Kat, e não
tem como você arranjar um pai assim do nada. – ele parecia pior do que eu, isso me deixou meio
magoada. – Eu realmente não queria chegar aqui e te dizer isso dessa forma, mas eu fui pego de surpresa.
Eu cheguei à minha casa e parecia uma reunião, até o meu pai que sempre ficou do meu lado, concorda
com ela.

– Para, Peeta! – eu o fiz parar de andar de um lado pro outro, e me olhar. – Eu pensei que você
queria isso?

Ele pareceu meio triste com a minha pergunta.

– Eu queria que fosse de verdade, que viesse daqui, - ele colocou a mão no meu coração. – que
você me amasse do jeito que eu te amo. Por que só assim vai valer a pena.

Eu pensei que nesses últimos meses, eu tinha deixado claro o quanto eu gostava dele, eu não
falava, mas eu demonstrava. Tinha momentos em que eu me segurava para não falar que ele era o pai
do bebê – eu só fazia isso quando conversava com ela, e não tinha ninguém olhando – eu devia imaginar
que era difícil pra ele, me ver assim, tão próxima e tão distante ao mesmo tempo, tinha horas em que
eu me esquecia completamente que ele era tão apaixonado por mim, ai eu olhava em seus olhos e via
toda aquela admiração que eu nem sabia do por quê.
Eu havia perguntado a ele uma vez, por que ele nunca desistiu de mim em todos esses anos, e
ele me disse que fora a minha voz, a minha força e determinação que o fazia me amar cada vez mais,
ele me deixou sem palavras como sempre, eu me sentia tão impotente, sem poder dizer a ele tudo o que
eu sentia.

Eu dei uma olhada na sala e a minha mãe falava com a mãe do Peeta, aproveitando a distração
deles, eu o puxei para meu quarto, e fechei a porta quando passei. Ajeitamo-nos na cama, um de frente
pro outro, e peguei as suas mãos. Dei um suspiro, procurando coragem para falar, e palavras.

– Peeta, você sabe que eu não falo tão bem quanto você... – eu estava quase chorando. – Malditos
hormônios... Eu não te conhecia, eu nem imaginava como você era como pessoa, tirando o caso do pão,
mas em um dia eu me vi encantada com esse seu jeito. Esses seus olhos, Peeta, você tem noção do
quanto eu me perdia neles tentando entender o que eles escondiam, e quando eu os descobri só se
tornaram mais maravilhosos. A mesma coisa aconteceu com você, eu já me encantava com você mesmo
sem saber e quando eu te conheci só fez tudo crescer.

Ele parecia prestes a chorar, não de tristeza, havia um brilho em seu olhar que provava que tudo
era alegria.

– Eu comecei sentindo uma profunda gratidão por você, que virou um encanto quando nos
aproximamos, e eu fui descobrindo que esse seu jeito de menino responsável, me fazia me sentir frágil,
e quando eu comecei a gostar disso, e você sabe o quanto eu odeio me sentir frágil. – ele deu uma risada
muito gostosa de ouvir – Eu percebi o quanto você me mudou, e me fazia feliz e o que eu realmente
sentia.

Ele me olhou esperando pelas três palavras, como ele viu que não sairia tão fácil, ele tomou à
dianteira.

– Pode falar Katniss. – ele repetiu o que eu tinha dito a ele.

– Eu aprendi a te amar Peeta. – ele não se conteu e me beijou.

Eu estava no colo dele, e minha mãe bateu na porta, o que me fez dar um pulo, o Peeta riu.

– Nós já vamos Sra. Everdeen. – eu ouvi seus passos indo para as escadas. – Kat, apesar disso
tudo, nós não precisamos nos casar só porque eles querem.

– Mas eu quero, se for para enfrentar isso que seja juntos, eu e você. Eu estou cansada das
pessoas se metendo na minha vida.

– Se você quer casar comigo, pelo que as pessoas pensam, não vai ser de coração.
– Não, não é por mim, é por você. Eu sei que você não vai me dizer, mas muita gente já te
perguntou quando seria o casamento e outras coisas. – eu me expliquei, a Prim andou me falando de
algumas coisas que acontecem no distrito, já que ela ama ficar andando por aí.

– Você sabe que eu não me importo, mas se for para acontecer tem que ser do nosso jeito. –
concordei afinal eu também queria assim. - Vai ser simples só a nossa família e o prefeito, para ser
oficial. Ninguém precisa saber.

Eu entendia porque ele não queria que ninguém soubesse, as coisas mais simples aqui se tornam
gigantescas.

– Falta a cerimônia do pão. – acrescentei.

– Sim, só que a cerimônia do pão, vamos ser só nós dois, - ele olhou para minha barriga. – bem,
três. É algo especial nosso, foi com um pão que você viu que eu existia. Ele é mais especial para nós do
que para qualquer casal do D12.

É verdade, o pão simbolizava a vida, a vida que ele me deu no momento em que jogou os pães
para mim, e a vida que teríamos um ao lado do outro depois de nos casarmos.

– Então, nos temos de encarar a fera. – ele parecia realmente preocupado com o que mãe dele
diria.

Na sala todos estavam sentados, e por incrível que pareça, calados.

– Bem, - o Peeta começou – nos vamos nos casar. Mas que fique claro que foi por que queremos,
não pelas circunstâncias.

– Claro. – a mãe dele falou com deboche, e revirou os olhos.

– Então se já está tudo resolvido, podem ir embora. – era impressão minha ou ele estava
expulsando a própria família.

– Não... – o pai dele iria falar algo, mas ele não deixou.

– Podem ir, eu vou logo depois.

Todos começaram a sair, menos o pai do Peeta veio na nossa direção, e colocou a mão na minha
barriga.

– Nós estamos muito felizes em ter mais um na nossa família. – eu duvidava que a mulher dele
pensasse assim, mas a sinceridade e o amor que eu via todos os dias nos olhos do Peeta eu vi nos olhos
do pai, e acreditei. – Eu tenho orgulho de você filho.
Ele deu meia-volta e foi embora, suas palavras me abateram de uma forma, que eu comecei a
chorar.

Chapter Seven

Notas iniciais do capítulo


Eu vou começar a postar uma vez por semana, a escola começou e eu tenho que me estudar
muiiiito.

Eu tentei explicar a Katniss a situação da melhor forma possível, apesar de querer muito casar
com ela, eu queria que fosse de coração, por amor, não pelo que meus pais ou as pessoas do Distrito
pensam.

Eu sabia que ela sentia algo por mim, mais ouvi-la dizer que me ama, foi realmente muito bom,
melhor do que qualquer coisa que já aconteceu na minha vida. Mas mesmo assim, ela não precisava
casar comigo porque as pessoas imaginavam que ela estava gravida de mim, eu queria fazer tudo certo
com a Katniss, ter a chance de namorar ela de verdade como eu sempre sonhei, mas eu devia imaginar
que com a gente nada seria normal.

Então depois de tudo resolvido, meu pai falou com ela de uma forma tão doce. Meu pai sempre
foi um exemplo pra mim, e saber que ele se orgulhava de mim – não tinha nada haver com o bebê -, por
eu ter tido coragem e me declarado para a Katniss, ele só deve ter ficado surpreso por ter recebido a
noticia de ser avô, em vez de sogro.

E a Katniss me surpreende ainda mais, porque ao invés de ficar feliz, ela chora.

– Katniss pelo amor de deus, eu quero entender o motivo de todo esse choro? – ela não me
responde.
A mãe dela já havia tentado me fazer desistir, dizendo que quando ela se acalmasse, ela me diria
o que tinha ocorrido.

– Katniss, você tem que se acalmar, isso não faz bem para o bebê. – essa era a desculpa mais
tosca que eu havia encontrado para fazê-la dormir.

Eu havia trazido ela pro quarto, e estava ninando ela, quando eu vi que ela estava quase
dormindo, eu a coloquei na cama, e já estava saindo.

– Peeta? – ela me chamou com a voz rouca pelo choro.

– Oi, Kat?

– Fica comigo. - só essas duas palavras me fizeram esquecer todos os medos que a crise de
choro dela havia trazido.

– Sempre. – eu me ajeitei ao seu lado, fazendo com que ela ficasse com a cabeça em meu peito,
e dormi.

[...]

Como eu sempre acordei cedo, por causa da padaria, a Katniss ainda estava dormindo, eu fiquei
a admirando por muito tampo, até que eu senti a respiração dela se acelerar, e ela se remexer. Eu olhei
para o teto, eu sabia que se eu ficasse a olhando, ela não iria gostar.

– Bom dia, Peeta. – eu a olhei, os olhos vermelhos de tanto chorar.

– Bom dia, Kat. – eu não falei nada, eu esperei ela acordar pra ver se ela me diria algo, como o
tempo passou e ela não se manifestou, eu resolvi ir embora. – Ei, Kat, eu tenho que ir para casa, daqui
a pouco a padaria vai abrir e eu tenho que ajudar o meu pai.

– Tudo bem, eu vou te levar até a porta. – ela não olhava diretamente pra mim, mas eu deixei
que ela me acompanhasse.

Quando chegamos à porta, eu segurei o seu queixo com a minha mão, e a fiz me olhar.

– Eu vou voltar mais tarde, nós temos muito que conversar. – e sai.

Eu estava muito preocupado, eu pensei que depois de ela ter dito que me amava e aceitar casar
comigo, nós não teríamos mais segredos.

A manhã passou bem rápido, não sei se foi porque eu estava preocupado, ou porque eu estava
distraído, como eu já tinha adiantado algumas coisas, eu pude sair à tarde sem que a minha mãe
começasse a falar.
Eu queria que ela confiasse mais em mim, queria que tivéssemos uma conversa franca e calma,
sem ninguém para atrapalhar, então eu pensei em leva-la na floresta, mas eu sabia que não daria com a
barriga de 7 meses, então teria que ser na sua casa , mesmo assim eu preparei algumas coisas pra ela
comer, que eu sabia que ela gostava, eu só esperava que ela não chorasse como ontem.

Quem me atendeu na porta foi ela.

– Nós estamos sozinhos. – ela avisou depois que eu entrei.

– Ok, eu trouxe algumas coisas para você comer. – falei indo em direção a cozinha.

– Você quer me deixar gorda? – perguntou, eu havia trazido um pouco mais para deixar na casa
dela, para quando ela tivesse vontade.

– Mais? – resolvi fazer uma graça para aliviar o clima.

Nós não éramos de ficar nos agarrando o tempo todo, – não por falta de vontade, mas nos sempre
estávamos cercados de gente e nem eu, nem ela, nos sentimos a vontade com gente nos observando –
mas eu precisava disso, da certeza que ela não tinha desabado por minha causa, nem pelo casamento
forçado. Parece infantil, mas eu estava inseguro, se ela recuasse, o problema era sério.

Ela não fugiu, sem esse peso, eu a deixei comer esperando sem falar nada.

Quando acabou, me puxou pra o seu quarto, dizendo que se a Prim e a mãe dela voltassem não
seriamos interrompidos.

– Katniss, - a fiz me olhar, nós já estávamos sentados na cama. – você tem que me prometer que
não vai começar a chorar novamente, ok?

Ela assentiu e então continuei.

– Você tem noção do quanto doeu, te ver chorando daquele jeito e não poder fazer nada, porque
eu não sabia o motivo. Eu só queria saber por quê?

– Me desculpe Peeta. Mas eu me senti a pior pessoa do mundo quando o seu pai me falou aquelas
coisas. Eu sinto que estou acabando com a sua vida, te tirando a chance de ser feliz com alguém que
possa de dar uma família que seja sua de verdade.

Eu me senti magoado, eu já achava que elas eram a minha família, se ela não pensava assim,
então estava tudo errado.

– Você não me acha parte da sua família?

– Claro que sim, você é a melhor coisa que me aconteceu em anos, mas eu estou falando de
você, de como você se sente com tudo isso. Você esta carregando um peso que não é seu.
– Como assim não é meu? – agora eu entendia as suas duvidas, ela estava achando que eu iria
assumir o bebê, só por ama-la – a Katniss – não o bebê. – Nós vamos nos casar, lembra?

– Sim Peeta, mas eu não sei como você se sente em relação a tudo isso. – ela falou apontando
para a barriga.

Realmente a gente nunca havia falado sobre o bebê, não dessa forma, sempre sobre coisas
básicas, como saber se ela estava bem e se precisavam de algo.

– Sobre o bebê? – ela assentiu – Eu a amo Katniss, como eu amo você, ela se tornou importante
para mim de uma forma inexplicável.

Eu coloquei a minha mão na sua barriga.

– A forma como eu me sinto quando ela mexe, a vontade de protegê-la, o medo de perder. –
como pra dar um sinal de que ouvia tudo, ela se mexeu – Vocês são o mais importante pra mim agora,
nunca mais pense numa besteira dessas, ok? Você tem que confiar em mim, eu estou aqui para cuidar
de vocês.

A Katniss riu, porque a Pearl que respondeu por ele, dando outro chute no lugar onde estava a
minha mão.

– Bem, parece que eu não tenho muito que falar.

Então eu me lembrei de um assunto ainda não discutido.

– Hm, Katniss, aonde nós vamos ficar depois de nos casarmos? – Ela pareceu se lembrar disso
também só agora.

– Eu não sei, mas eu acho que a sua mãe não vai gostar de me ter tão perto. – nós estávamos
abraçados, então eu senti quando ela tremeu com o pensamento.

– Tudo bem, eu não também não gostaria de ficar lá com os meus irmãos e tudo. Eles são bem
inconvenientes quando querem. – ela riu – É bem te ver rindo de novo.

– Me desculpe mesmo, eu não queria te deixar assustado.

– Tudo bem. Então a gente faz assim, eu falo com o prefeito, e vejo a data mais próxima. Não
podemos correr o risco de ela nascer no altar. – eu a senti enrijecer em meus braços. – Você nunca
pensou nisso?

– Eu tento não pensar, por que as imagens daquelas mulheres morrendo na mesa da minha mãe,
enchem minha mente – ela estava com muito medo.
– Vai dar tudo certo, ok? – eu a apertei mais em meus braços – Sua mãe não vai deixar que nada
lhe aconteça.

– E a cerimônia do pão? – eu sabia que ela queria mudar de assunto, mas deixei passar.

– Bem, pode ser aqui mesmo, depois do casamento, à noite. – falei e esperei que ela concordasse.

– Sim, e você tem que trazer as suas coisas.

– Eu peço a ajuda dos meus irmãos, eles não vão se recusar.

Nós passamos o resto da tarde conversando, eu ia embora dormir em casa, mas ela pediu que eu
ficasse.

– Sempre. – era a única resposta que eu daria a ela, pelo resto da minha vida.

Chapter Eight

Notas iniciais do capítulo


Eu juro, que eu ia postar uma vez por semana, mas os acompanhamentos deram um pulo de 10
para 15, e eu tinha que postar mais um para agradecer.
Esse capítulo, então é em homenagem a Amanda que comentou, e as 5 pessoas que começaram a
acompanhar, entre elas a Cah Dantas, as outras não aparecem que pena eu queria saber quem é.
Mas, muito obrigada de coração.

Eu estava pronta, não era nada de mais, só um vestido da minha mãe, – claro que ele sofreu uns
ajustes – com uma cor clara, que deixava a minha barriga em evidência. Eu estava esperando a minha
mãe e a Prim se arrumarem, e sempre me pegava passando a mão no berço, aquele foi um bom dia.

“- Katniss? – o Peeta me chamou.

– Eu estou aqui. – com a ajuda de minha mãe e Prim, o berço velho estava no quarto com o
chão forrado de papel.
Ele apareceu na porta com as mãos ocupadas, mas mesmo assim me beijou, era um costume
dele, um beijo quando chega e antes de sair, não que eu esteja reclamando, longe disso.

– Então, é esse? – eu rolei os olhos pra ele, que outro berço havia ali.

Ele o avaliou, e depois começou a lixar, apesar de velho a madeira era boa, então ele se
manteve intacto. Eu me sentei na cama e fiquei o olhando, o Peeta é lindo, mas agora tão concentrado
ele ficava perfeito. Ele franzia o cenho e fazia um biquinho, que o deixava fofo.

Quando virou para me perguntar algo, me pegou espiando.

– Que foi? – ele perdeu a expressão concentrada.

– Você fica interessante quando está concentrado. – eu tentei disfarçar o meu encanto.

– Interessante? – ele parecia achar engraçado.

– É, o que você queria saber? – ficou sério novamente.

– Qual a cor que você gostaria de pintar o berço?

Eu não tinha pensado nas cores.

– Bem, que cores você tem ai? – falei me aproximando, não muito ele estava todo sujo de pó,
da madeira.

– Eu trouxe as mais claras. – pegou os baldes para me mostrar – Tem rosa, branco, lilás e
laranja.

– Que tal se você o pintasse todo de branco e fizesse umas listras com as outras cores na
vertical, no fundo do berço. – o fundo era a única parte plana do berço, achei que era uma boa ideia.
– Com a laranja entre o rosa e o lilás.

– Entendi. - ele me ofereceu um pincel – Você pode me ajudar a pintar a parte branca?

Eu hesitei, eu nunca havia feito isso.

– Você tem que pintar tudo em uma única direção, - ele me mostra como fazer – senão quando
secar ficam as marcas.

Então, eu comecei a pintar, seguindo o que eu via o Peeta fazer. De repente ele me olhou e
começou a rir.

– O que foi? – eu perguntei sorrindo.

– Você esta pintando o berço, ou a si mesma? – ele continuou a rir.

– Como assim? – me olhei e vi ao que ele se referia, eu estava toda salpicada de tinta.

– Eu... Ah, Peeta, eu nunca fiz isso na vida. – me expliquei.

– Bem, se sobrar depois eu te pinto. – e riu da minha cara indignada.

O pegando de surpresa, pintei a sua testa, ele tentou fazer uma cara de bravo, mas não
conseguiu e começou a rir comigo.”
Eu já ria sozinha, quando a minha mãe entrou no quarto, para me levar ao Edifício da Justiça.
O Peeta já estava lá, nós decidimos ir separados para não chamar atenção.

Fomos devagar, a barriga estava pesada, e o tempo estava esfriando, então eu não conseguia
andar muito rápido.

O Peeta nos esperava o mais próximo da porta possível, seus olhos brilharam quando me viu, e
eu sorri como sempre fazia quando o olhava, ele acariciou a minha barriga e me beijou, um selinho
porque tinha pessoas nos olhando.

– Você está linda. Vamos, já estão todos na sala. – ele nos guiou até lá.

Na sala o Prefeito, o Sr. Undersee, estava atrás de uma mesa, a família dele do lado esquerdo, e
o Peeta apontou para minha mãe e Prim ficassem do lado direito.

Nós ficamos de frente pra mesa, com minhas mãos entre as suas. Aqui no D12, o casamente não
era nada mais que assinar os papéis e dizer aceito, as testemunhas também assinavam o que não
significava nada, tudo isso era feito pro Capitol ter um controle sobre o que nós fazíamos da nossa vida.
Para nós. só estaríamos realmente casados, depois de assarmos o pão.

O Prefeito falou algo que eu não ouvi, eu só comecei a prestar atenção quando ele se dirigiu ao
Peeta.

– Senhor Peeta Mellark, aceita a Senhora Katniss Everdeen, para amá-la e respeita-la, na saúde
e na doença, na riqueza e na pobreza, - nessa hora eu me segurei para não rir, quem é rico aqui? – por
todos os dias da sua vida?

– Aceito. – ele parecia feliz. Claro Katniss ele esperou a vida toda por você.

– Senhora Katniss Everdeen, aceita casar com o Senhor Peeta Mellark, para ama-lo e respeita-
lo, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, - ele insistia com isso? – por todos os dias de sua
vida?

– Sim. – eu também estava feliz. É Katniss, você o ama agora tanto quanto ele te ama.

Nós assinamos os papéis, e os nossos pais também.

– Pode beijar a noiva.

Ele se aproximou, e eu sofria por antecipação, antes de unir as nossas bocas ele encostou seu
nariz no meu, - no conhecido beijo de esquimó – uma, duas vezes, até finalmente me beijar.

E pronto estávamos casados.

[...]
O Peeta tinha trazido suas coisas, para minha casa ontem, nos apertamos às roupas no armário,
algumas coisas ainda ficaram na casa dos seus pais.

Ele havia trazido alguns cadernos de desenho, e eu fiquei os olhando, enquanto o Peeta tomava
banho. A maioria dos desenhos me retratava em várias fazes da vida, outras eram de lugares do distrito.

Quando ele entrou no quarto, eu estava com dois cadernos abertos, o mais velho tinha um
desenho meu no primeiro dia de escola, o vestido, as duas tranças, tudo igual, eu ainda segurava a mão
do meu pai. No mais novo, eu grávida, no descampado da floresta, com a mão na barriga, e notas
musicais saindo da boca, para indicar que eu cantava.

– Você desenha desde quando? – eu pergunto quando ele se senta ao meu lado.

– Faz algum tempo, - ele me abraçou pelos ombros – não teve uma data definida, quando eu vi
já tinha esses cadernos cheios de desenhos.

Eu fiquei em silêncio, não precisava falar. Era um dom, essa facilidade para retratar as pessoas,
com certeza era um dom.

– Essa aqui, - ele apontou para a minha imagem mais recente – foi um esboço do seu presente.

– Ele já esta pronto? – eu o olhei, a primeira vez desde que ele havia entrado no quarto, grande
erro, ele estava muito perto.

– Não, não. Está quase, eu deixei lá em casa.

– Você não esta se sentindo a vontade aqui? – ele falou da casa dos pais como se ainda fosse a
dele.

– Sim, estou. Por quê? – ele parecia sincero.

– Você disse que a casa dos seus pais, era a sua.

– Ah, bem, eu vim morar aqui hoje Kat, e mesmo assim, - ele pensava muito antes de falar –
essa casa é uma herança dos seus pais, nunca vai ser minha. Ela é sua e da Prim.

Eu já esperava uma resposta dessas do Peeta, o que me deixava encantada, não era pela casa –
que na verdade nem tinha muito valor – era pela consideração, pela lembrança, pelo respeito que ele
tinha as coisas que meu pai havia nos deixado. O que prova sempre, o quanto o Gale estava errado sobre
ele.

– Quem sabe um dia nós não temos a nossa casa. – ele abriu um sorriso sonhador – Você acha
que elas já dormiram?

Parei por um momento para observar, como não ouvi nada, concordei.
Nós fomos em silêncio para a cozinha, o Peeta pegou o pão que havia trazido da padaria, atiçou
o fogo, colocou dois pedaços do pão num espeto e botou para assar.

– Bem, antes eu queria te dar algo. – ele se virou para mim e tirou uma caixinha do bolso – Isso
esta na minha família há muito tempo, é muito rara aqui no D12 e de muito valor material. Meu pai
guardou por que era uma herança, ele iria dar para o filho dele que se casasse primeiro, mas ele disse
que depois que viu a forma como eu te amava, ele guardou isso para quando eu criasse coragem para
falar com você. Ele queria que eu tivesse a coragem que ele nunca teve com a sua mãe.

Ele tirou o pão do fogo e colocou num prato, abriu a caixinha e dentro havia um par de alianças
douradas, eram lindas. Eu só havia visto isso na Capitol.

Pegou uma das alianças e falou: Eu, Peeta Mellark, aceito Katniss Everdeen para ama-la, e
protege-la para o resto da minha vida. Sempre.

Colocou a aliança no meu dedo. Ele me emocionou com o seu gesto, eu já estava quase
chorando, como eu não tinha o que falar, repeti o que ele disse. O “Sempre” que ele me falava a todo o
momento pra demonstrar o quanto se dedicava a mim, inclui na minha frase também, para mostrar que
eu iria me comprometer tanto quanto ele no nosso casamento.

– Eu, Katniss Everdeen, aceito Peeta Mellark para ama-lo, e protege-lo para o resto da minha
vida. Sempre.

Deu-me uma aliança para colocar no seu dedo, me ofereceu um pedaço do pão e comeu o outro.
Enlaçou as nossas mãos, e levou a minha mão a sua boca beijando o dedo com a aliança, antes de me
puxar para um beijo, de verdade dessa vez.

Daquele que esquenta a alma, e acalma o coração. Quando ele viu que eu estava quase caindo
de sono, me pegou no colo.

– Hora de dormir, Sra. Mellark.

– Everdeen Mellark. – só tive tempo de corrigir antes de me ajeitar contra seu peito e dormir.

Chapter Nine
Notas iniciais do capítulo
Me desculpem, mas esse capitulo saiu realmente pequeno, eu não tinha mais nada para acrescentar
a ele.
Eu tenho que agradecer a :
Ro_Matheus
Mah Eaton
LeoPG
Lola Mellark
Natalia Everdeen
Paloma Everdeen
Ao LeoPG e a Natalia, porque estão acompanhando também, tem mais gente só que o Nyah não
mostra.

Respira, inspira.

Nos últimos dias depois do casamento eu não fiz nada.

Respira, inspira.

Eu nem saia de casa, meus pés pareciam duas bolas.

Respira, inspira.

Ninguém mais me via, a única coisa que prendia a atenção era a minha barriga, que tinha
crescido de uma forma exorbitante.

Respira, inspira.

Eu não deixava o Peeta dormir mais. Como eu não achava uma posição confortável ficava me
remexendo na cama.

Força, Katniss. Respira, inspira.

E ainda tinha tido um desejo, fiz o Peeta se deslocar até a floresta, e encontrar amoras. Eu comi
tantas, que acho que nunca mais iria querer vê-las de novo.

Respira e inspira.

Mas nada disso importava, a minha filha estava nascendo. Faz duas horas que eu estou na cama,
esperando, e a dor fica cada vez mais forte.

Respira, inspira.

A cada dez minutos, a minha mãe vinha e checava a dilatação.


Respira e inspira.

Ela estava vindo checar novamente.

– Está na hora, Katniss. – ela me avisou – Eu vou contar até dez, quando eu fizer isso, você
respira fundo e faz força, ok?

Tateei as cegas a mão do Peeta, que veio correndo para casa quando soube que a Pearl iria nascer
e não saiu mais do meu lado.

Eu assenti, e ela começou a contar.

– 1, 2, 3... 8, 9, 10. – respirei fundo e juntei toda a minha força.

E mais uma vez... Mais uma vez... E mais uma...

– Vamos Katniss. – o Peeta me incentivou.

– Já está dando para ver, só mais uma vez.

Só mais uma vez Katniss, você consegue, é a sua filha.

Esforcei-me ao máximo, cansada só ouvi um choro forte e estridente. Então, todo o esforço foi
recompensada, esse choro era como música para mim.

– É mesmo uma menina, Kat. – o Peeta falou trazendo ela toda enroladinha, aninhada em seus
braços.

Levantei as minhas mãos para que ele me desse ela.

Quando eu a puxei para perto do meu peito, ela começou a esfregar o seu narizinho em meu
seio, eu deduzi o que ela queria.

Ela sugava o leite com avidez, doeu um pouco no inicio, mas depois eu não sentia mais nada.
Eu aproveitei o momento para observa-la, não enxergava muito por causa das lagrimas, mas eu vi que
seus cabelos eram pretos, suas sobrancelhas eram finas e quase sem pelos, como seus olhos estavam
fechados eu não os vi, um nariz arrebitado e a boca vermelha e pequena.

– Os olhos dela são azuis, - me falou o Peeta, só agora reparei que ele não tinha saído do lugar
– como os da sua mãe, e da Prim.

Nesse momento ela abriu os olhos, eles eram mais azuis que o de minha mãe, que os da Prim.
Eram azuis como o do Peeta.

[...]
– Ela é a junção perfeita de vocês dois, - falou o Sr. Mellark, o pai do Peeta. – seus cabelos
pretos, e os olhos azuis dele. Apesar de o rosto ser a copia do seu, Katniss.

Minha mãe já havia me dito isso, falou também que um dos avôs dela tinham esses olhos azuis,
foi uma sorte nossa, ela ficou mesmo parecendo que era do Peeta.

Fazia dos meses que ela havia nascido e a primeira vez que nós saímos. Eu estava cansada de
ficar em casa, como já estava na hora do Peeta sair da padaria viemos busca-lo. O pai do Peeta já tinha
nos visitado, mas todas as vezes em que a via, ele falava isso.

O Peeta nunca comentou sobre isso, mas ele não parecia se importar, ele a amava com todas as
forças, é um pai babão, - ele já tinha se acostumado com o posto, tanto que chamava a si mesmo – ela
também amava ficar com ele.

– Nós já podemos ir, Kat. - o Peeta falou, ele estava acabando de fazer alguns pães.

O Sr. Mellark me deu a Pearl e nós saímos, ainda estávamos no inverno então ela estava toda
agasalhada quase não dava para vê-la.

– Você não deveria ter saído com ela nesse tempo Kat, ela ainda está muito pequenina. - ele
falou a pegando da minha mão, o Peeta não brigava, ele falava as coisas de forma calma.

– Eu estava cansada de ficar em casa, e além do mais você gostou da nossa visita.

Esse tipo de conversa sempre acontecia, nós sempre discordávamos de alguma coisa sobre a
Pearl, e ficávamos falando por muito tempo até que um admitisse que o outro estava certo, normalmente
eu fazia mais isso.

– Sim, mas não deixa de ser arriscado.

– Sim, Sr. Mellark, eu não saio mas com ela no inverno, ok?

– Assim está melhor. - ele falou rindo.

Eu segui o caminha em silêncio, enquanto a Peeta brincava com a Pearl, ela ainda era muito
pequena, então só nos olhava com curiosidade, agarrava os nossos dedos e colocava na boca, ela adorava
morde-los.

Ele era ótimo para ela, o melhor pai que ela poderia ter, a mimava - ele dizia que não -, ele
realmente gostava de ficar com ela, nós dividíamos tudo, eu o amava a cada dia mais.

Nós estávamos em casa e eu não conseguia fazê-la dormir, ela já tinha mamado, eu já tinha dado
banho e ela não estava suja.

Eu já estava arrancando os cabelos, quando o Peeta voltou do banho.


– Venha, me dê ela. – ele falou a tirando de mim – Pode ir tomar banho.

Não discuti, eu sabia que ele ganharia. Quando eu voltei do banho, eu a encontrei dormindo em
cima do peito dele.

– Como você conseguiu? – perguntei.

– Ela não resiste ao meu charme. – eu a peguei e coloquei no berço – Alias ninguém resiste.

Eu dei risada.

– Você esta ficando muito convencido Sr. Mellark . – falei enquanto me juntava a ele na cama.

Ele só fez rir, e depois me beijar. O Peeta nunca havia passado de um limite invisível que existia
entre nós, normalmente ele parava antes mesmo de eu me sentir incomodada, como ele fez agora.

– Eu te amo, Kat. Boa noite. – era o que eu precisava para saber que não estava fazendo nada
de errado.

– Também te amo. – me apertou mais em seus braços.

[...]

Eu voltei a caçar, só que agora eu trazia o Peeta e a Pearl. No começo ele achou estranho, mas
agora ele até gosta.

– Mas Kat, nós vamos acabar te atrapalhando, - ele tentava me convencer. – Você sabe que eu
não sou tão silencioso quanto você.

– Não tem problema. – eu o tranquilizei.

– Como não? Assim você não consegue caçar nada.

– Tem um lugar na floresta, que vocês podem ficar enquanto eu caço.

– Que lugar? – falou curioso.

– Surpresa. – disse e dei um selinho nele saindo logo depois.

Nós andamos por um bom tempo até acharmos o lago. O Peeta ficou encantado, gravando os
detalhes para pintar depois, eu acabei aprendendo a ler as suas expressões e ele os meus pensamentos.

Depois de um tempo o Peeta já sabia chegar aqui sozinho, e nós víamos aqui nos domingos para
aproveitar o lago.

A Pearl com seu cinco meses, gostava da água, e soltava risinhos de criança e sorrisos banguela
para nós. O Peeta aprendeu a nadar o suficiente para se manter seguro dentro da água com ela nas mãos.
Com a vida do jeito que estava, eu só conseguia amá-los cada dia mais, eles trouxeram esperança
e paz para mim. Com o Peeta, eu não precisava mais me preocupar se a minha família passaria fome.

Eu me sentia protegida, e amada como eu só fui quando meu pai era vivo. E eu não podia deixar
de ser feliz, mesmo que eu estivesse com um mau pressentimento.

Chapter Ten - Part 1

Notas iniciais do capítulo


Esse é um capítulo tenso, eu vou dividir porque iria ficar muito grande tudo junto, amanhã eu
posto o segundo.

“Eu estava num lugar escuro, sem saída, completamente fechado e sozinha. Estava com o meu
arco na mão e roupas de caça.

As paredes se mexeram, e eu vi alto-falantes aparecerem no lugar.

De repente a sala fica cheia de gritos. Que eu reconheço.

Primeiro o de Peeta, pedindo socorro, gritando por ajuda.

Eu começo a atacar os alto-falantes com as minhas flechas, como se assim o Peeta fosse parar
de implorar.

E isso aconteceu, mas meu alívio durou pouco. Por que depois veio o de Prim me chamando,
implorando por mim.

Por ultimo a pior de todas, eu só havia visto a minha filha gritar de alegria. Mas esses gritos, e
o choro eram de pura dor.

Eu já estava no chão, em posição fetal, pedindo que parassem.”

Eu acordo gritando, com o Peeta tentando me acalmar.


– Shii, Kat. Passou, foi só um pesadelo. – não foi só um pesadelo eu sentia isso – Você quer me
contar?

Não eu não queria, a única coisa que eu precisava agora, era dele.

Nesses sete meses de casados, nunca houve nada entre a gente, o Peeta não tentou nada, nunca
ultrapassou um limite invisível existente entre nós.

Tinha alguns beijos, que realmente me faziam querer mais, porém havia uma insegurança, um
medo tão grande, que não me deixava seguir em frente. Mesmo sabendo que quem estava ali era o
Peeta, o homem que eu amava e confiava de uma forma que eu nunca pensei.

Mas hoje não, nada disso passava pela minha mente, a necessidade que eu tinha de senti-lo era
maior que qualquer medo.

– Kat? – Peeta me chamou depois que eu o agarrei. – O que você pensa que esta fazendo?

Eu não iria deixar que ele ouvisse a voz da razão, não hoje, amanhã ele podia falar o que
quisesse.

– Eu só preciso de você Peeta. Só de você.

Foi o suficiente para ele entender que eu realmente queria isso.

Ele seguiu com os beijos para o meu pescoço, e com as mãos para a barra da minha blusa, a
tirando e aproveitando para passear com as mãos pela minha barriga. Quando a sua mão roçou de leve
do lado dos meus seios um gemido involuntário escapou da minha boca.

Eu o beijei, e aproveitei para passar a minha mão pelas suas costas arranhando de leve, ele
gemeu no pé da minha orelha, o que causou uma serie de arrepios, ele riu um pouco da minha reação e
fez novamente, dessa vez mais rouco, o que me deixou extasiada, e o arranhei mais.

Suas mãos pararam na barra do short e ele me olhou.

– Kat, se você quiser desistir tem que ser agora, senão eu não vou conseguir parar mais. – como
ele queria parar falando assim, no pé do meu ouvido, me arrepiando completamente.

Para provar que eu o queria de verdade, me enchendo de coragem levei as minhas mãos a sua
calça, a puxando levemente para baixo, então ele continuou, puxando devagar o meu short levando
junto à calcinha, ele me avaliou por um momento, mas voltou-se rapidamente para o meu rosto, me
deixando extremamente envergonhada.

Ele me abraçou, trilhou beijos pelo meu rosto enquanto suas mãos faziam um carinho calmo na
minha cintura, ele estava tentando me acalmar, me dando espaço, me dizendo que ficaria tudo bem, e
que era ele ali.
Quando eu me senti pronta para seguir, eu arranhei a sua barriga seguindo com a minha mão
para sua calça, a descendo em momento algum olhando para baixo, eu não me acostumaria com isso
tão facilmente. Vendo meu desconforto, ele tirou o resto da sua roupa e se guiou lentamente para dentro
de mim, ouve um desconforto, mas depois de uns minutos eu me movimentei contra ele. E ali em seus
braços, eu consegui ficar tranquila, eu me esqueci de tudo, esqueci-me das minhas duvidas e
inseguranças, era o Peeta, o único homem que me faria sentir isso.

Consegui esquecer até que amanhã seria o dia que eu temi por todos esse meses. Que amanhã
seria o Dia da Colheita.

[...]

Eu sabia que dia era hoje, que hoje não seria um dia fácil para nenhum de nós, mas a única coisa
que eu conseguia pensar era na minha noite com o Peeta. Eu sabia que ele estava acordado, mas eu não
conseguia encara-lo, sinceramente eu não sei se era vergonha, ou arrependimento.

Vergonha? Sim, agora arrependimento? Não. Lembrando tudo, eu não me arrependeria de algo
que me faz tão bem, principalmente com uma pessoa que eu amo tanto.

Só que eu precisava pensar, um medo me assolava de uma forma assustadora. E independente


de qualquer coisa hoje eu iria caçar, mas para isso eu precisava passar pelo Peeta.

Ele sabia que eu estava acordada, e se manteve quieto esperando a minha reação.

– Bom dia Peeta. – eu me surpreendi com a forma rouca que a minha voz saiu.

– Bom dia Kat. – ele estava mais próximo do que eu imaginava, e só o som da sua voz me fez
arrepiar.

Meu deus, quando eu havia ficado tão... Bem... Animada.

Ele havia iniciado um carinho lento pelas minhas costas, me acalmando, ele sabia que eu estava
preocupada com o que lhe dizer, e estava me dando liberdade para pensar.

Eu o olhei, encarei aqueles olhos azuis tão próximos, e vi tudo que eu precisava, amor, carinho,
admiração. Eu estava certa, não tinha como se arrepender.

O Peeta tinha tudo que uma pessoa precisava para ficar comigo, paciência, ele sabia que as
coisas não aconteceriam de uma forma fácil, nem de forma rápida, e mesmo assim ele não desistia, nem
pressionava. Eu acabei absorvendo um pouco dessa sua paciência e ele um pouco da minha coragem e
força. E isso nos fazia perfeitos um para o outro.
Eu estava prestes a dizer para ele que estava tudo bem, quando a Pearl chorou me fazendo dar
um pulo de susto, e o Peeta rir de mim. Bem eu tinha que levantar, mas eu não faria isso nua, e também
não faria com o lençol, porque ai eu deixaria o Peeta nu, então eu estaquei.

Ele me olhou com uma sobrancelha arqueada, eu sempre me levantava rápido quando ela
chorava, naturalmente ele estranhou. Ele só entendeu quando eu corei, ele riu um pouco, e se afastou
de mim, pegando a sua calça que estava no chão ao lado da cama, e a vestiu.

– Você é adorável Kat. – ele falou me dando as minhas roupas, ele se virou pegando a Pearl e
me dando liberdade para vestir a roupa.

Eu me aproximei dele, a pegando da sua mão.

– Eu estou com medo. – falei com o Peeta, mas olhando para a Pearl.

– Eu também, - ele havia me entendido – mas seja o que for, estaremos juntos sempre.

Eu estava com um mau pressentimento, o dia de hoje nunca foi bom para mim, mas esse está
muito pior. Agora eu tenho mais duas pessoas com quem me importar o Peeta e a Prim, seria a primeira
colheita dela. Mas mesmo assim eu fui caçar sozinha, por mais que eu quisesse manter minha vigilância
sobre eles, eu não arriscaria em levar a Pearl para a floresta hoje, e eu só iria porque era extremamente
necessário.

Quando eu chego em casa, todos já estão prontos, e eu caminho pro quarto para me arrumar. O
Peeta me segue, eu sabia que ele queria se despedir – não que ele achasse que seria escolhido, mas
homens e mulheres eram separados, e com todas aquelas pessoas em volta, nós não teríamos chance -,
no quarto eu me jogo em seus braços.

– Você tem que ser forte Kat. – ele me apertava em seu abraço.

– Isso tudo é culpa sua.

– Minha?

– Sim, sua. Você me deixou frágil. – expliquei. Ele se atreveu a rir.

– Porque eu vou protegê-la. Sempre, lembra? – eu assenti, nunca iria esquecer.

– Eu te amo. – eu falo, eu sabia que ele entenderia, com ele eu não precisava ficar horas me
explicando, ele sabia ler o que eu queria dizer com poucas palavras.

E agora eu dizia que não havia me arrependido de nada, e que eu estava com medo de perdê-lo,
e que eu o amava muito.

– Eu sei. Eu também te amo. – e ele queria dizer que nunca duvidou de mim, nem do meu amor.
Eu precisava me arrumar, então corri para o banheiro, onde uma banheira quente me esperava,
me esfreguei tirando a sujeira e o suor da floresta, e lavo o meu cabelo. Quando eu entro no quarto, eu
encontro um vestido de minha mãe, azul de veludo, com sapatos combinando. Fico surpresa, já que as
coisas que ela guardou do seu passado eram realmente importantes para ela, mas não recuso, eu sei o
quanto ela está se esforçando para se manter firme. Arrumo-me e faço a minha habitual trança no cabelo.

Dificilmente eu pareço comigo mesma, pelo menos é o que a imagem no espelho me mostra.

– Você está bonita. – diz Prim quando eu entro na cozinha.

Eu vejo o quanto ela esta nervosa, então a abraço, tentando passar toda a segurança que eu não
sinto. Ela está com as minhas roupas da primeira colheita, e a blusa está grande nela, de modo que fica
para fora da saia.

– Olhe seu traseiro, patinha. – falo e coloco a sua blusa no lugar.

– Quack. – ela me diz rindo.

– Quack, você. Venha, vamos comer.

Sento ao lado do Peeta, que esta com a Pearl. Ele aperta a minha mão tentando me passar
confiança, mas nem ele consegue. Eu tento comer, mas não desce, o Peeta também não come ele está
visivelmente preocupado.

É uma hora, e nós vamos para a praça, me agarro a Pearl de uma forma que pode machuca-la.
Amaldiçoando o momento em que podemos ser separados para sempre.

As crianças e os adolescentes que participam dos jogos têm entre 12 e 18 anos. Nós ficamos
separados unidos dentro de áreas, com os mais novos atrás, e os mais velhos à frente. As famílias ficam
em volta, e mesmo quem não tem por quem torcer, é obrigado a vir.

E agora, eu tenho que deixa-la.

Eu a abraço com mais força, o Peeta me abraça sabendo que eu não vou solta-la até o ultimo
minuto. Nós não precisamos de palavras, tudo que tem que ser dito, estava no abraço. O Peeta me dá
um beijo na testa.

– Nunca se esqueça de que eu amo muito vocês.

– Nós também te amamos.

Ele vai em direção ao lugar designado para os meninos, e eu dou a Pearl a minha mãe, ela havia
se tornado tudo que eu precisava de uma mãe nesses últimos meses, coloco a Prim no seu lugar e vou
para o meu. Bem, agora era torcer para que nenhum de nós fosse escolhido.
Chapter Ten - Part 2

Notas iniciais do capítulo


Eii, meu povo, eu prometi e cá estou, pelos comentários vejo gente muito ansiosa. Então leiam, e
comentem.
Eu vou agradecer a Let Cardoso a mais nova leitora, e aos meus velhos leitores que sempre
comentam e os que não comentam também.
Eu andei visitando os perfis de alguns de vocês, as histórias são muito boas. Tipo, LeoPG atualize
as suas fics viu, eu preciso saber o que vai acontecer.
LEIAM AS NOTAS FINAIS!!!

Eu me encontrava no grupo de dezesseis anos e focalizei no palco, se eu olhasse para qualquer


outro lugar, eu choraria.

No Palco sempre há três cadeiras, uma para o Prefeito, uma para a Effie Trinket, a mulher que
sorteia os nomes para a colheita. E uma para o mentor, o vitorioso do último Hunger Games, em 74
anos o Distrito 12 só teve dois e só um continuava vivo. Haymitch Abernathy, um homem velho,
barrigudo e que sempre está bêbado de mais para entender o que acontece a sua volta.

Havia também dois globos de vidro, uma para garotas que continham 20 bilhetes com o nome
Katniss, – nos distritos nós temos uma coisa chamada Tesserae, que é um pequeno sortimento de grãos
para cada pessoa da família, por todos os meses do ano, como éramos eu, a minha mãe e Prim, além da
vez obrigatória eu tinha meu nome mais três vezes todos os anos - um com o da Prim, e o de garotos
que deve ter uns oito com o nome do Peeta.

Enquanto o Prefeito fala amesma coisa de todos os anos, a forma como o Capitol nasceu, e a
última grande rebelião que destruiu o Distrito 13 e criou os Hunger Games com forma de punição aos
outros Distritos, eu deixo o meu olhar se encontrar com o de Peeta, ele sabe as minhas chances, teme
por mim, não aguentando mais olha-lo, mexo a minha cabeça e avisto o Gale, eu não o havia esquecido,
eu ainda o considerava um amigo, mesmo ele tendo me magoado muito. As chances dele eram
gigantescas, ele tinha 42 nomes, tinha cinco pessoas na sua família e ele queria proteger os irmãos.
Vejo agora a Effie se encaminhar para o microfone, depois de se livrar de um Haymitch bêbado
que insistia em abraça-la, brilhante e chamativa como sempre, dá a sua assinatura.

– Feliz Hunger Games! E que a sorte esteja sempre ao seu favor. – ela parecia ridícula com o
sotaque do Capitol, e a peruca rosa fora do lugar. – Damas primeiro.

E a cada passo, quanto mais perto ela chegava, mais rápido meu coração batia.

Ela tira o papel, volta para o microfone e diz o nome numa voz clara.

É Katniss Everdeen.

Eu ouço um grito, e a multidão se abre para me deixar passar, vejo rostos aliviados e pessoas
com pena, não me prendo a isso tentando não pensar muito no que estava acontecendo, se não eu
choraria e eu não os deixaria me ver chorar.

Quando eu estou a um passo do palco, sinto braços me agarrarem por trás.

– Não Katniss, você não pode ir! – era a Prim.

Eu olhei em volta num pedido mudo, que a levassem daqui. Sentir os braços dela se soltarem
de mim, e encontrei aqueles olhos, o meu céu, eu podia ver que ele lutava contra as lagrimas, se
mantendo forte por mim. Eu digo obrigada, sem emitir som algum.

– Aposto meus botões que era a sua irmã. – garganteia Effie – Que adorável. Vamos dar uma
salva de palmas para nosso novo tributo!

Para crédito do D12, ninguém aplaudiu. Todas essas pessoas me conheciam, sabiam do meu
pai, eu vendia comida para elas, a maioria amava a Prim, e se encantavam totalmente com a Pearl. Eles
sabiam da minha história com o Peeta, eles o conheciam também, nós éramos casal improvável, que se
amava muito, que tinham uma família agora, então todos se mantiveram em silêncio.

Do palco eu posso ver os lugares por onde eu andei hoje na floresta, e sei que eu não posso vê-
los nunca mais.

Effie Trinket está indo em direção a o outro globo, enfia a mão e tira o primeiro papel.

– Peeta Mellark. – eu vacilo.

Não, eu me mantive forte sabendo que ele estaria aqui, que ele cuidaria delas, que a Pearl teria
pelo menos um dos pais vivos.

Eu os vejo abrirem um caminho para o Peeta passar, ele está em choque, lutando para não chorar,
como eu. Ele olha para trás, para a Pearl, alheia a tudo, continua no colo da minha mãe que está em
prantos. Também vejo a Prim inconsolável, em meio a tantas meninas.
Não, a sorte não estaria a meu favor hoje. O Prefeito toma lugar da Effie, e começa a falar, não
presto atenção, e não olho para o Peeta, seria ruim de mais.

Permito-me lembrar de como nos conhecemos, meu pai havia morrido nas minas e além de
homenagens nos deram um pouco de dinheiro que acabou em meses. Eu não sabia o que fazer, a minha
mãe não saia da cama, eu tinha uma irmã pequena passando fome em casa e já cogitava a ideia de
roubar.

Tropeçando, quase caindo no chão de fraqueza, eu senti o cheiro de pão. Naquela época eu
sentia raiva de todos que tinham um pouco mais do que eu, e acreditava realmente que eles se fartavam
de comida. Então eu procurei no lixo, mas não tinha nada, mesmo assim, a mãe do Peeta, me enxotou,
me xingou como se eu fosse um cachorro, ela quase me bateu.

Eu desabei ali no chão mesmo, se não havia comida para quê voltar para casa, foi aí que eu ouvi
um forte barulho de tapa, e o Peeta aparecia na porta com pães queimados, ela havia o batido.

Eu a escutei falar “Isso alimente os porcos, menino idiota. Afinal quem vai querer pão
queimado?”, eu vi um, a um ele jogar os pães no chão. Eu não sabia, fiquei me perguntando por muito
tempo, o porquê de ele ter me ajudado, e agora eu perderia o meu menino do pão.

O Prefeito termina o discurso, e gesticula para apertarmos as mãos. Eu hesito, não seria o
suficiente, ele me olha nos olhos, como quem pede para seguir em frente e eu cedo.

Para minha surpresa ele me puxa, e me abraça o que causa uma reação inesperada no Distrito.
Eu não esperava essa reação, mas diante da nossa situação, pai e mãe de um bebê juntos indo para um
lugar em que teriam que se matar, mexeria até com a pessoa mais insensível.

Um, a um, todas as pessoas do distrito tocaram os seus três dedos do meio da mão esquerda nas
suas bocas e seguraram por nós. É um gesto raro e antigo, significa obrigada, significa admiração,
significa adeus para alguém que você ama.

Eu escondo aminha cabeça em seu peito, para que não me vejam chorar, e eu torço para que
alguém me mate, ou o mate, antes que um de nós termos que fazê-lo.

Pov Peeta

Peeta Mellark

Meu nome reverberava pela minha cabeça, já não havia sido ruim o suficiente, terem a
escolhido, tinha que me escolher também. O que seria de nós, o que seria da Pearl. Eu havia abraçado
a Katniss num gesto de desespero, ela precisava de mim, eu precisava dela, isso era fato.

Mas a reação do Distrito foi realmente algo diferente, eu não esperava isso deles, eu havia me
acostumado com um Distrito 12 em que as pessoas só se preocupavam com as suas próprias vidas, e
dificuldades, eu sabia que eles nos conheciam, muita gente perguntava pela Pearl e pela Prim quando
me via, porém isso era algo muito sério, um gesto que o Capitol podia não perdoar e eles pareciam nem
ligar para isso.

A Katniss precisava de mim, eu não a deixaria só que nos Distrito quem não obedece morre, e
eu ainda tinha o dever de trazê-la viva para casa, só por isso que eu não desafiei os Pacificadores a me
deixarem ir com ela.

Eu sabia que a primeira pessoa que eu veria seria o meu pai. Eu nem estava ligando se a minha
mãe viesse com ele, nem com os meus irmãos. Eu só queria o meu pai, ele sempre tinha algo bom, um
incentivo, para me dizer, sempre algo me deixava animado e confiante. Assim que ele passou pela porta
eu o abracei, ele retribuiu com toda a sua força, e chorou.

– Eu vou cuidar dela para você, meu filho. – eu não tinha duvidas disso, mas eu precisava falar
uma coisa para ele.

– Pai... Quando a Katniss voltar o senhor tem que me prometer que tudo que ia ser meu, vai dar
a ela para guardar para a Pearl, entendeu?

Ele havia entendido as minhas intenções, eu não ia deixar a minha filha sem a mãe, eu faria de
tudo para a Katniss voltar.

– Filho... Eu não... – ele ia falar alguma coisa, mas não deixei.

– O Senhor tem que prometer.

– Eu prometo isso me doí muito, mas eu prometo.

Eu abracei a minha mãe também, ele tinha algumas lágrimas e pareceu muito perto de uma mãe
de verdade. Algum tempo depois a Sra. Everdeen e a Prim entraram, eu peguei a Pearl de seus braços,
assim que me viu abriu um sorriso animado, era assim eu era o papai palhaço que sempre estava pronto
para brincar, mimar e proteger.

Só que dessa vez não haveria brincadeiras, parecia até que ela entendia, pois se ajeitou melhor
em meus braços e se aconchegou a mim, ela não falava, mas a sua forma de dizer adeus foi a melhor de
todas. Eu olhei pra a mãe e a irmã da Kat.

– Eu vou trazê-la de volta, eu prometo. Enquanto isso vocês só tem que cuidar muito bem umas
das outras. – eu falei e consegui arrancar um sorriso em meio às lágrimas da Sra. Everdeen.

– Você é um menino de ouro Peeta, eu não acreditava muito em você com a Katniss, mas seu
amor por ela se provou maior que tudo. – ela falou e me abraçou.
Eu abracei a Prim, e dei um ultimo beijo na Pearl, e as vi saindo, eu não esperava mais ninguém,
e a pessoa que entrou me deixou muito surpreso. Era o Gale.

– Você deve estar querendo saber por que eu estou aqui, mas – ele parou um pouco, parecia
criar coragem – eu me importo muito com a Katniss ainda, eu sei que a minha reação não foi a melhor,
e que eu não a apoiei como deveria, mas eu realmente me importo.

– Você tinha que se desculpar com ela, não comigo.

– Você sabe como o gênio dela é forte, eu só queria dizer que eu vou ajudar a cuidar delas
enquanto tudo isso acontece. – ele me olhou nos olhos agora – Eu sei que você vai fazer de tudo para
que ela ganhe.

– E você só precisa continuar cuidando delas, mesmo que ela volte. – eu não acredito que eu
vou falar isso – Ela vai precisar de um amigo, mas não se aproveite dela, ok? Pode até parecer que eu
fiz isso, mas se não fosse você e essa sua boca grande, hoje ela ainda não saberia que eu amo.

– Sim, mas eu não quero ser mais nada que amigo dela agora. – minhas sobrancelhas se
levantaram em surpresa – Bem, digamos que a sua amiga Delly é uma ótima companhia.

Ele me pegou de surpresa, a Delly nunca havia me falado nada, e olhe que ela ia me ver quase
todos os dias na padaria.

– Obrigada, você me deixa aliviado. Mas não cometa outro erro com a Kat, ok? Ela só se faz de
durona, no fundo ela não é nada disso.

Era difícil imaginar as coisas como se eu já estivesse morto, eu também sabia que a Katniss não
ficaria nada feliz se soubesse dos meus planos. Mas tanto eu quanto ela sabemos, que a Pearl não poderia
viver sem um de nós, e eu se eu pudesse escolher, e eu sei que posso, esse alguém não vai ser ela.

Chapter Eleven

Notas iniciais do capítulo


Sentiram a minha falta, eu espero que sim!!
Quando o Hino de Panem termina de tocar, nós temos que nós separar, o Peeta parece relutante
em me deixar, e aperta a minha mão numa clara pergunta “Você vai ficar bem?”, eu assenti.

Bem eu não ficaria, mas de qualquer forma ele não poderia me acompanhar, então deixei que
me levassem.

Colocaram-me numa sala muito bonita, o lugar mais sofisticado em que eu já estive, os sofás
eram de veludo, então eu deixei que as minhas mãos passeassem por eles enquanto esperava por elas.

Esse era o momento em que as famílias vinham se despedir dos tributos, por mais que eu não
quisesse ficar parecendo fraca em frente às câmeras, deixei que as lágrimas caíssem quando a minha
mãe entrou. Eu agarrei a Pearl, a forma como ela se encaixava em meus braços, sua cabecinha na curva
do meu pescoço me deixava desolada. Ela ia ficar sem a mãe que a protegia, sem o pai que a mimava,
sem os dois que amavam mais que tudo.

Minha mãe e Prim se juntaram a mim, e ficamos ali, só chorando por minutos. Eu comecei a
lhes dizer o que fazer. Elas iriam se virar bem, a Prim tinha o leite e o queijo da cabra, a minha mãe
lavava as roupas, então teriam pão e dinheiro o suficiente para as duas. Eu sabia que a família do Peeta,
ou pelo menos o pai dele, não deixaria a Pearl sozinha, nem sem o que comer. E isso tirava um peso do
meu peito.

Só tinha uma coisa que me preocupava.

– Você tem que se manter de pé. – falei com a minha mãe – Por favor, por elas. Você não pode
ficar doente novamente.

– Eu sei, não vou, eu prometo que cuidarei delas.

Eu acreditava nela, por um momento, eu via a mesma mulher que vivia com o meu pai. A mesma
mulher que tratava os doentes, a força e a coragem que ela só tinha nesses momentos.

– Obrigada. – eu a abraçei.

Não era como se os anos em que eu sustentei as três sozinhas estivessem esquecidos, eu só
acreditava que ela podia fazer diferente com a Pearl.

– Katniss, você vai tentar não vai? – a Prim perguntou.

Eu não queria responder a sua pergunta, se eu tentasse, o Peeta morreria, eu queria voltar para
casa, mas sem ele nada teria o mesmo significado, eu o amava muito, e ele ter que morrer para eu poder
voltar era um preço que eu não gostaria de pagar.
O tempo delas havia acabado, e para minha surpresa quem entra é o Sr. Mellak, ele parecia
desconfortável e imensamente triste.

– Eu vou cuidar dela, eu prometo. – eu fiquei mais tranquila depois de ter certeza de que ele as
ajudaria –Tantos... Tantos anos para... E quando vocês finalmente se acertam... Desculpe, mas
realmente é difícil não pensar assim.

Antes de sair ele me deu um saco com biscoitos enfeitados feitos pelo Peeta, o que só me fez
ficar mais angustiada. Será que nós nunca seriamos um casal normal, a nossa vida não podia ser um
pouco menos agitada? Tudo indicava que não.

A próxima que entrou foi a Madge, a filha do prefeito, nós éramos meio que amigas, ela
convencia o seu pai a ficar com os meus morangos, e nós ficávamos juntas na escola, nada de mais, era
bom para as duas.

– Você usaria algo do seu Distrito na arena? – bem assim, sem emoção, sem abraço, sem
enrolação, rápida e direta como ela sempre foi – Ele deixam você usar algo do seu Distrito, você faria
isso?

Eu não faria, mas ela já tinha colocado no vestido, me dado um beijo na bochecha e se retirado.
Parei um pouco, para analisar o broche, era um pássaro, o mockinjay para ser exato, era um dos fracassos
do Capitol, um cruzamento de jabber jays, que deveriam ser extintos, com mockimbirds, eles poderiam
reproduzir qualquer canção contanto que gostassem.

O broche me trouxe boas recordações, quando estávamos na floresta, meu pai costumava cantar,
e todos paravam para ouvir, depois o imitava, a floresta parecia mágica, os sons a preenchiam de uma
forma única. Eu não havia cantado mais, até o dia em que a Pearl me fez cantar novamente.

Os pacificadores me guiaram novamente, eu ainda sentia calafrios quando ficava próxima a eles.
Levaram-me até o trem, e eu encontrei o Peeta novamente, dessa vez ele só segurou a minha mão, havia
varias câmeras, e tivemos que parar na frente do vagão para que eles pudessem nos filmar. Olhando-
nos no telão, apesar de com os olhos um pouco vermelhos, nós parecíamos bem, até indiferentes, o que
me agradou muito.

Se eu achei a outra sala bonita, o trem não tem descrição, além de ser muito rápido, o que me
pegou desprevenida. A Effie me guia até o meu quarto, e diz que posso fazer o que quiser contanto que
apareça no jantar. Então tomo um banho, a água é quente, eu nunca tinha tomado um banho quente, que
pena que a oportunidade só tenha aparecido num momento desses, quando eu saio encontro o Peeta no
meio do quarto.

Corro pros seus braços e me deixo chorar, ele me carrega e me leva até a cama, eu choro por
um bom tempo antes do jantar.
– Isso não é justo Peeta.

– Eu sei, mas nós temos que nos manter fortes por ela. – ele falou enxugando as minhas lágrimas
– Eu prometo que vamos fazer de tudo para você voltar.

Saber que ele não se incluía na equação fazia o meu coração se afundar, mas como poderia, só
um voltava, e isso certamente não vai mudar. E se ele faria tudo para eu voltar, eu me manteria forte e
lutaria a seu lado, eu vestiria uma mascara de indiferença mesmo se estivesse muito difícil de aguentar.
Eu não queria matar ninguém, mas a minha filha precisava de mim e se o Peeta morreria para me levar
de volta para casa, eu o honraria vencendo.

A Effie vem me chamar para jantar e parece surpresa ao nos ver juntos, mas não pergunta nada.
Eu estranho ele não saberem do meu casamento com o Peeta, mas eu lembro que a Effie não mora no
Distrito e o Haymitch sempre está bêbado demais para se focar em alguma coisa.

Nós sentamos um ao lado do outro, e ele segura a minha mão embaixo da mesa, eu ataco a
comida, eu não havia percebido quanto eu estava com fome.

– Você devia guardar um espaço, tem mais. – A Effie indica e eu desacelero um pouco – Bom,
pelo menos vocês tem modos, os meninos do ano passado comiam tudo com as mãos.

Seu comentário nos faz parar de comer e olha-la, se há algum tempo atrás eu tivesse sido
escolhida eu também não teria modos, não por falta de educação, mas por fome.

Vendo que seu comentário não foi recebido da forma que ela esperava se manteve calada.

– Onde está Haymitch? – eu não havia sentido a sua falta até o Peeta perguntar por ele.

– Eu não sei.

Ele não apareceu em momento algum, nem na hora em que eles reprisavam as colheitas.

Pouca coisa prendeu minha atenção, mas dois tributos ficaram na minha mente. Um garoto forte,
monstruoso, com uma expressão maligna se voluntariou pelo Distrito 2, e uma menina que parecia ter
a idade da Prim, morena, com olhos escuros e espertos. Tão pequena e inocente que só me fez ver o
quanto tudo isso é cruel.

Quando passa a reação do Distrito, ao nós sermos escolhidos, os apresentadores tentam


desconversar, um deles até chega a dizer que “antigos costumes tem o seu charme.” E indagam o porque
de Peeta ter me abraçado. Sem mais revelações.

– Eu não entendo, - falei quando já estávamos na cama – eles ainda não disseram nada sobre
sermos casados, nem de nossa filha.
– Bem, eu gosto disso, nós sermos expostos já é um grande mau. Agora expor a Pearl, tão
pequena, ela nem tem como entender e já está sofrendo o suficiente.

Como sempre, ele tinha razão. Ela estava sem os pais, isso já era sofrer de mais.

Chapter Twelve

Notas iniciais do capítulo


Eu tenho TRINTA pessoas acompanhando a minha fic, estou muito feliz.

“Eu estava na praça, tinha muitas crianças em volta. O palco estava montado e em cima dele eu
conseguia ver a Effie, andando em direção ao primeiro globo, o que escolhia as mulheres, eu sou
chamada.

Quando eu estou subindo no palco, a Prim me agarra, os Pacificadores veem isso como uma
ameaça e a matam. A minha mãe que segurava a Pearl vem para socorre-la, e os Pacificadores começam
a atirar em todos.

No final, a praça está repleta de sangue e corpos, e eu estou no meio de tudo viva e estática.

A dor me assola quando eu os vejo, o Peeta morto numa posição que protegeria a minha mãe e
a Pearl, mas que de nada adiantou. Eu tento alcança-los, chorar a sua morte, mas os pacificadores me
levam para a sala da despedida. E não tem ninguém para se despedir de mim.

Vou para o Capitol e eles não mostram a imagem da colheita. Vou para arena e faço de tudo
para morrer, mas eu não consigo e venço. Eu passo o resto da minha vida, com dinheiro, numa casa
bonita, a casa que poderia ser nossa, a casa que o Peeta tanto sonha em poder dar a gente. Mas eu estou
sozinha, num distrito vazio.”

É a primeira vez que eu acordo de um pesadelo, sem gritar, mas eu choro, choro muito. Sinto
os braços do Peeta me apertarem e eu levanto a cabeça para encará-lo, sem realmente o ver.
– Eu estou aqui. Nada disso é real, é só um pesadelo.

– As imagens são tão fortes, tão verdadeiras.

– Eu sei. – ele fala, para a minha surpresa.

– Você também os tem? – eu nunca reparei se ele tinha pesadelos.

– Não, quer dizer, não com a frequência dos seus, mas eu os tinha. Na maioria das vezes eu me
forçava a acordar, via que não era verdade, ou pelo menos tentava, e voltava a dormir. – explicou –
Como devíamos fazer agora.

Eu não queria dormir, eu queria esquecer o dia de hoje, o lugar em que estávamos, para onde
íamos.

Precisava dele, precisava do amor, do conforto, da paz que só ele me dava.

Eu o beijei, eu pensei que ele insistira na ideia de dormirmos, mas ele precisava de mim tanto
quanto eu dele, e bem, nós nos completávamos, por uns minutos eu chego a agradecer ter ele aqui
comigo. Porém tudo que eu queria era que nenhum de nós estivesse nessa situação, e me sinto egoísta
por pensar em mim nesse momento, no quanto é bom tê-lo aqui sabendo que podemos morrer.

Eu havia ficado viciada em Peeta, então não demora muito para que nós tenhamos nos livrado
das roupas, e estarmos unidos. Eu me pergunto se de alguma forma, um dia, essa vontade, e o amor que
sentíamos um pelo outro, iria sumir. E sei que se depender de mim, não. Ainda me causava surpresa a
forma como eu me desligava do mundo quando estava com ele, e se era isso que eu queria, esquecer,
eu consigo novamente. Por essa noite, tudo que realmente importa é o Peeta, e se ele está aqui, os meu
medos não existem.

Quando eu acordo, demora um pouco até que eu perceba onde estou, e reparo que o lado da
cama esta vazio, todo esse tempo em que eu estava com o Peeta eu nunca havia acordado sozinha.

Só depois de um tempo eu percebi o barulho do chuveiro, fico mais tranquila. Tudo estava
acontecendo muito rápido, e eu não queria me distanciar do Peeta. Ele saiu do banheiro com a mesma
roupa de ontem, só que sem a camisa.

– Desculpa Kat, só que estava ficando tarde e você não acordava. – se explicou.

– Tudo bem. – ele se sentou na minha frente e me deu um beijo.

– Bem, eu tenho que trocar de roupa, vou ficar te esperando do lado de fora. – me deu outro
beijo e saiu.

Eu me levanto e tomo uma banho rápido, visto uma roupa igual a de ontem e penteio os meus
cabelos. Saio do quarto e o Peeta está lá, ele segura a minha mão e nós vamos para a sala tomar café.
É com surpresa que eu vejo o Haymitch a mesa, ainda sóbrio, mas a julgar pelo copo na sua
mão não por muito tempo. Nós desejamos bom dia e começamos a comer, eu como um pouco menos
que ontem, pois não quero passar mal. Por todo o café a Effie nos olha com uma cara estranha, que eu
ignoro. Eu olho de relance para o Haymitch, ele devia nos dar conselhos, não encher a cara. Cansada
de esperar, eu tomo a iniciativa.

– Bem, você não devia nos dar conselhos? – começo, cautelosa.

– Você quer um conselho? Fique viva! – falou e começou a rir, como se fosse uma grande piada.

Eu olhei para o Peeta, ele pareceu realmente nervoso. Tanto que pegou o copo que estava em
sua mão e jogou no chão, o Haymitch se virou com a intenção de bater nele, mas o Peeta se defendeu,
ele tentou pegar o copo e eu o impedi cravando a faca na mesa, quase atingindo a sua mão. O Peeta se
levanta, e chega bem perto dele.

– Isso realmente é muito engraçado, mas não para nós. Sabe por quê? – ele não espera uma
resposta – Eu esperei quase 10 anos da minha vida para fazer com que a Katniss olhasse para mim,
quando eu consigo, tudo isso acontece e nos atrapalha.

Ele levanta a mão com a aliança.

– Você está vendo isso aqui? Eu sou casado com a Katniss, nós temos uma filha de seis meses
em casa. – só a menção a Pearl faz os meus olhos se encherem de lágrimas – E a menos que você nos
ajude, eu transformo a sua vida num inferno. Começando sem a bebida.

Ele saiu, me puxando com ele, eu só tive tempo de ver o rosto de chocada da Effie, eu acho que
agora ela entende a nossa ligação.

Quando chegamos ao quarto, o Peeta me abraça, eu vejo agora o quanto ele esta triste com toda
essa situação. Ele não é assim, e o simples fato de ele explodir mostra o quanto o Haymitch o tirou do
sério. Então eu o consolo, o levo para cama, o abraço e faço um carinho nas suas costas até a sua
respiração voltar ao normal.

Nós ficamos assim por muito tempo, até o trem começar a parar.

– Bem é agora que os jogos começam, estamos no Capitol. – ele fala.

Bom Jogos Vorazes, e que a sorte esteja sempre ao seu favor!

Chapter Thirteen
Notas iniciais do capítulo
Como esses dois últimos são os menores eu postei logo, e esse é todo em homenagem a
laylamartinez que favoritou a fic.

Foi muito difícil me separar do Peeta, principalmente quando eles me transformariam numa
cópia das pessoas do Capitol. O Peeta tampouco parecia animado, ele ainda estava nervoso e a forma
como ele me abraçou me deixou receosa, eu não queria que ele explodisse novamente. Nós estávamos
no Capitol as suas palavras não seriam toleradas aqui.

Mas eu tenho que ir, sou guiada até o Centro de Remodelagem, onde encontro a minha equipe,
Venia uma mulher com cabelos azuis-piscina e tatuagens douradas acima das sobrancelhas, Octavia era
gordinha e sua pele tinha um tom pastel de verde-oliva e Flavius que com sua combinação estranha de
batom roxo e cabelo laranja, seria impossível não nota-lo.

Tudo neles me faziam querer fugir, a forma como falavam alto e puxavam o s, suas roupas,
expressões e conversas fúteis me deixavam irritada.

Enquanto eles arrancavam qualquer vestígio de pelo do meu corpo, faziam minhas unhas e
sobrancelhas, eu só conseguia pensar em como a vida deles era fácil, só pensando em festas, em como
se vestir e se manter na moda, tão diferente de mim, que antes de Peeta, nem se quer me considerava
bonita, só me preocupando em manter a minha família viva e alimentada.

Cansada de ouvi-los falar besteira, e para esquecer a dor que eu quando eles arrancavam mais
uma faixa de pelos, viajei e tentei imaginar como a Pearl estaria, fico me esforçando para não pensar o
pior, só que era impossível, eu queria estar lá e pensar que a minha mãe não estaria segurando a barra
do jeito certo, me dava calafrios.

Era meio ridiculo, mas o que eu queria mesmo saber era se ela sentia a minha falta, se ela
conseguia dormir sem o Peeta que sempre foi o único que conseguia fazer isso, se ela já conseguia
comer direito. Eram coisas simples, e eram das suas manhas que eu mais sentia falta. Como ela puxava
meu cabelo quando queria algo, como ela não deixava o Peeta em paz até que ele entrasse com ela na
água, como ela me acordava no meio da noite com fome, o ciúme que ela sentia do Peeta comigo.
Fui acordada do meu devaneio pela equipe que já estava de saída e chamariam o estilista.
Contendo a vontade de me vestir, eu sabia que ele me faria tirar de qualquer forma, me mantive no
lugar.

Para minha surpresa, o estilista não era nenhuma aberração do Capitol, ele era até bem normal,
seus cabelos eram castanhos e a única coisa que o diferenciava era uma fina linha de delineador dourado,
que destacava os seus olhos, ele era bonito e natural.

– Olá Katniss, eu sou Cinna. – ele fala sem o sotaque do Capitol.

– Oi.

Ele levanta um dedo, um claro sinal de que eu deveria esperar um pouco, então ele gira ao meu
redor, eu não consigo evitar o rubor, a única pessoa que me viu nua de forma tão explicita havia sido o
Peeta, o que me traz um sorriso no rosto ao imagina-lo nessa situação. Bem, eu não pude deixar de
sentir uma pitada de ciúme, ele não tinha pudor nenhum.

– Quem fez o seu cabelo?

Levei a mão a ele, eu usava uma trança parecida com a da colheita.

– Eu. – falo simplesmente.

– É perfeita, sofisticada e simples. – falou. – Coloque o seu robe e nós vamos conversar.

Eu o sigo até uma sala com vista para a cidade e me sento na sua frente. Ele aperta um botão, e
uma porção de comidas aparecem na mesa, saída de um alçapão que se abria na mesma. Aquele mesmo
sentimento me assola, de que a vida deles é tão simples, quanto tempo eu não gastaria para conseguir
essa comida toda no Distrito.

– Nós somos desprezíveis para você, não é? – dou de ombros, a minha resposta não mudaria o
fato de eu estar aqui, rodeada de gente com esse tipo de vida – Bem isso não importa, o que importa é
o que eu farei você vestir. E eu e a minha parceira Portia pensamos em algo que os deixará inesquecíveis.

Levando em conta que a roupa deveria refletir as atividades do Distrito, havia pouca coisa que
nos deixaria tão deslumbrantes. Nós trabalhamos com carvão no D12, e a menos que ele nos deixasse
nus cobertos de pó de carvão, a ideia dele era muito boa.

– Você tem medo de fogo Katniss? – falou com um sorriso que me deixou assustada.

Eu não havia entendido a sua real intenção até agora, eu estava vestida com um macacão preto
que me cobria do pescoço para baixo completamente, mas o que chamava a atenção eram a capa e o
chapéu, enfeitados com vários tons de vermelho que pareciam dançar no tecido, se a roupa só tinha isso
eu não entendia como eu poderia ficar tão inesquecível.
Principalmente agora que eu via as roupas reluzentes e elegantes dos outros tributos. Eu vi o
Peeta e me segurei para não abraça-lo, me contentando com seu sorriso caloroso.

– Você tem ideia do que eles pretendem com tudo isso? – o perguntei quando ele se aproximou
o suficiente.

Ele não teve chance de responder, o desfile havia começado e fomos instruídos a subir na
carruagem que era puxada por dois cavalos extremamente pretos. Antes de a carruagem começar a
andar, o Cinna se aproximou com uma tocha na mão.

– Fiquem tranquilos, isso não é fogo de verdade é uma invenção, então não vai queima-los. –
ele falou e rapidamente tocou fogo nas nossas capas e no chapéu, esperei pelo ardor, mas não veio,
etnão olhei para o Peeta e agarrei a sua mão de forma involuntária – Levantem as cabeças, sorriam e
acenem.

O Peeta estava deslumbrante, com as chamas dançando nos seus olhos azuis era impossível não
olha-lo. Lembrei-me de abrir um sorriso assim que passamos pelos portões, e o publico foi ao delírio.
Comecei acenar e mandar beijos, ele gritavam os nossos nomes. Enquanto dávamos a volta e parávamos
em frente a mansão do Presidente Snow, nós dificilmente saímos dos telões. Eu conseguia me ver e
imaginava o que aquelas pessoas imaginavam, nós brilhávamos, o fogo nos dava uma aura de poder, e
o fato de sermos amigáveis e interagirmos com eles os deixavam em êxtase, normalmente os tributos
eram hostis e sérios.

Depois do discurso do Presidente, nós fomos para o Centro de Treinamento que é onde
ficaríamos até os jogos começarem. Os tributos nos olham com raiva, nós chamamos atenção e fizemo-
los passarem quase que despercebidos, eu não estava ligando, passada à agitação eu só queria que
apagassem esse fogo. A Portia veio em nosso socorro e com um spray extinguiu o fogo.

O Peeta me lança um olhar divertido.

– Você estava encantadora Sra. Mellark, - ele abriu um sorriso – deveria usar chamas mais
vezes.

Chapter Fourteen
Notas iniciais do capítulo
ANDRESSA LAVIGNE!!!
Você quer me matar, num dia favorita a fic, no outro faz essa recomendação espetacular, que
palavras lindas, você realmente me deixou muito feliz e satisfeita tanto que eu postei esse capítulo.
E ele é todinho seu, em sua homenagem.
Muito obrigada, as suas palavras me tocaram e me deram um animo que você nem imagina.

Não me preocupei muito com o fato do Peeta ter me chamado de Sra. Mellark, porque não tinha
pessoas perto o suficiente para ouvi-lo, nem fiquei chateada, ele me chamava tanto assim que deve ter
sido involuntário. Então só corei com o seu comentário.

O lugar onde ficaríamos era uma torre, cada andar correspondia a cada Distrito, então o Distrito
12 ficava no decimo segundo andar que era o ultimo, a Effie nos guiava em tudo e se sentia extasiada,
nos éramos os únicos tributos de sucesso que ela comandou. Por outro lado o Haymitch não havia
aparecido desde o café, e a julgar pela cara do Peeta, quando perguntei por ele, tinha motivos para não
aparecer tão cedo.

– Bem, não sei. – me respondeu a Effie – Mas eu prometo fazer com que ele os ajude com os
patrocinadores quando chegar a hora, nem que eu tenha que arrastá-lo.

A Effie podia ser bem fútil, guiada pelas regras do Capitol, mas ela era bem determinada, se
esforçava para manter tudo em ordem e perfeito, eu a admirava. Confesso que eu me sentia meio
desanimada, de qualquer forma a apresentação de hoje não valeu de nada, o que adianta ter
patrocinadores loucos para gastar seu dinheiro com você se você não tem um mentor apto a fazer
negociações, porque se o discurso impressionante do Peeta não fez efeito nenhum no Haymitch, nada
mais faria.

O nosso quarto – parece que eles entenderam que era inútil dar um quarto ao Peeta – era parecido
com o do trem, só que esse tinha uma janela que mostrava qualquer parte da cidade que eu quisesse.

– O que é isso? – o Peeta perguntou se referindo ao chuveiro que tinha tantos botões quanto se
pode imaginar – Eles não conhecem o conceito de básico nesse lugar.

Depois de lutar, consegui entender o suficiente para tomar um banho, não era tão ruim, ele fazia
tudo por você, passava sabão, enxaguava, secava, e ainda desembaraçava os cabelos.
Não tivemos muito tempo a sós, fomos logos chamados para jantar. Na mesa encontramos Cinna
e Portia, Effie e Haymitch, esse que estava surpreendentemente sóbrio e comendo, sem nenhum copo
próximo.

Eu havia falado ao Peeta, que se ele queria que um de nós voltasse vivo ele teria que se controlar
um pouco, então o jantar ocorreu tranquilamente, com todos falando da nossa estreia no desfile. Eu
estava começando a ficar incomodada com a frieza do Haymitch, quando a minha aliança chama a
atenção do Cinna.

Bonito anel, não sabia que ainda vendiam nos Distritos.

– E não vendem, é uma herança de família, eram dos avós do Peeta. – falo.

Ele parece surpreso.

– O que há com vocês, primeiro agem como se não se importassem com o fato de que um vai
ter que lutar com o outro na arena, dando as mãos enquanto a maioria dos tributos nem se olham. – ele
questionou – Agora um, tem coisas que pertencem ao outro.

Por um momento eu não soube o que falar, eu pensei que o Haymitch ou a Effie havia contado
a eles, não esperava outra coisa depois da explosão do Peeta, mas eles também podiam não ter tido
tempo.

– Eu achei que estivesse claro - o Peeta falou – você sabe o que é uma aliança.

– Sim, mas... – ele não sabia o que falar depois de perceber que havia o mesmo anel no dedo do
Peeta.

– Mas é difícil de acreditar que duas pessoas que se amam, tenham que se matar na arena? – eu
falei – Bem, para nós também é.

Eu não estava me preocupando com o fato de poder parecer rebelde, para mim eu só parecia
uma menina inconformada, o que de fato, eu era.

O clima todo do jantar foi embora junto com a minha fome, e nós seguimos em direção à sala,
para ver o desfile passar na televisão. Enquanto esperávamos ele começar, eu comecei a pensar em
como a Pearl estaria.

– Eu sei que o meu pai prometeu cuidar dela, mas eu também não consigo parar de pensar em
como ela está. – o Peeta disse, ele realmente sabia o que se passava na minha cabeça.

– Será que ela sente a nossa falta? Será que ela está sofrendo? – perguntei o olhando.

Ele me abraçou, não sabia o que falar, ou então não queria me dizer a verdade. Que sim, ela
sente a nossa falta, sofre com a nossa ausência.
– Será que ela consegue dormir sem mim? – ele fez mais uma das perguntas que me
atormentavam.

Nesse momento, todos já estavam ouvindo a nossa conversa.

– Quem é ela? – a Portia perguntou.

– A Pearl, a nossa filha. – respondi

– Filha? – ela arquejou, eu não esperava outra reação.

– Vocês realmente querem voltar para ela? – nós assentimos, eu sonhava com isso todos os dias
– Eu tenho uma ideia.

Falou o Haymitch, no fundo eu sabia que as palavras do Peeta nunca falhavam. O começo da
transmissão do desfile interrompeu qualquer que fosse sugestão que ele nos daria, eu havia me visto
nos telões durante o desfile, mas eu não deixei de ficar admirada com o nosso desempenho, nós éramos
dois sois que apagavam e cegavam os adversários, se continuasse assim, eu já estava com o pé em casa.

O Haymitch nos dispensou sem dizer mais nada, falando que éramos para nos preocuparmos
com os testes primeiro e depois nos diria o que tinha em mente.

Nós teríamos três dias para treinar qualquer habilidade que tivéssemos numa sala de treinamento
com os outros tributos, e no final nos apresentaríamos individualmente para os Gamemakers e eles nos
dariam uma nota que iria de 0 a 12.

Apesar de curiosa para saber a ideia do Haymitch, eu consegui ficar mais tranquila.

– Você acha que ele realmente tem algo em mente? – o Peeta perguntou quando já estávamos
na cama.

– Por quê? Você não?

– Não sei, eu tenho medo de criar expectativas e no final não sair do jeito que esperávamos. –
ele suspirou – Pelo menos é isso que vem acontecendo.

– Eu quero acreditar, e ele parecia tão sério. No fundo, eu acho, que se eu não me prender a essa
esperança eu vou acabar desabando.

Como resposta ele só me apertou mais em seus braços, ele estava ali para me amar e proteger.
Sempre. Nem que para isso ele tivesse que morrer, infelizmente.

Chapter Fifteen
Notas iniciais do capítulo
Eu voltei de viagem e tinha uma coisa melhor que chocolate me esperando, LET CARDOSO,
muito obrigado pelas palavras e pela recomendação.
Capitulo especial para você.

Quando acordamos encontramos um par de roupas iguais para nós, para minha alegria eram
roupas simples, quase como se eu estivesse indo caçar na floresta. Nós encontramos um Haymitch
sóbrio e sério para o café.

– Bem, então vamos direto aos negócios. Treinamento. – ele fala depois que todos acabam – Eu
preciso saber quais são as suas habilidades?

– Bom, eu caço, sou boa com o arco e flecha. – falo – Nós somos silenciosos, o Peeta é bom
com a faca e com pesos. Fora que ele também luta muito bem.

– Sim, mas a Katniss é mais silenciosa que eu, e sobe em árvores com uma facilidade imensa.

Eu o olhei, ele não deveria me colocar em evidência, ele é tão bom quanto eu.

– Dá para ver que vocês conhecem muito um do outro. – ele estava pensativo. – Ok, isso facilita
as coisas. Eu quero que vocês guardem as suas habilidades, mostrem o que vocês sabem, mas guardem
o que fazem de melhor para os Gamemakers, surpreendam.

Ele parou um pouco, não parecia muito certo do que falar a seguir.

– O mais importante, eu quero vocês juntos, sempre. – não seria muito difícil – Eu preciso que
vocês se mostrem amigáveis, como se não se importassem com os jogos.

Eu não sabia o que ele queria com isso, mas mantivemos o plano. Apesar de tentarmos passar
despercebidos, acabamos chamando atenção, o Peeta era um ótimo lutador, e eu com as plantas, o meu
pai havia me mostrado a maioria delas quando eu era mais nova. O Peeta ainda descobriu uma nova
habilidade, camuflagem.

– Bem, quem disse que saber confeitar bolos não tem serventia? – eu rio, era verdade, a mão
dele parecia exatamente com uma casca de árvore.
E eu arrumo uma seguidora.

Nós havíamos visto ela nos seguindo durante os treinamentos, para onde íamos, ela ia atrás. No
jantar é o único momento em que temos mesas para comer, no almoço simplesmente sentamos no chão,
normalmente todos sentam separados, menos os Carreiristas – que são os tributos dos Distritos mais
próximos do Capitol –, sentam separados, eu resolvi me aproximar da menina que se parecia tanto com
a Prim.

– Como é o seu nome? – no fim, eu nem havia me importado em gravar o seu nome.

– Rue. – ela parecia muito assustada.

– Quantos anos você tem, pequena Rue? – o Peeta perguntou.

– 12.

Ele parecia tão abismado com essa injustiça quanto eu, poderia ser a Prim aqui, ou a Pearl no
futuro, meu instinto materno me dizia que eu iria protegê-la, mesmo sabendo que eu não teria como
leva-la de volta para casa.

No final do 3º dia, os tributos, um por um foram chamados para se apresentarem. Quando só


restava eu, a Rue e o Peeta, eu já estava agarrada a ele. Eu nem consegui imaginar o que poderia fazer
lá. A Rue foi chamada e mantivemos o silêncio, ele foi chamado.

Ele me beijou e se foi, pela primeira vez me deixando sozinha, eu não me acostumaria com essa
sensação, essa dor no peito. Não tê-lo iria ser muito difícil de suportar. Eles me chamam.

Quando eu entro vou diretamente para o arco, eles não são iguais aos meus, suas cordas são
mais rígidas o que tornava mais difícil de atirar. Depois de atirar algumas vezes e errar, eu vejo que
perdi toda a atenção deles, o ruim de ser a última, eles estão entediados, não prestam mais atenção em
mim, só na comida.

Eu não vim aqui para ser trocada por um porco assado, me enchendo de coragem eu fiz algo
que com certeza eu me arrependeria depois. Eu acerto a flecha na maçã que estava na boca do porco,
bem próximo ao que deveria ser o chefe dos Gamemakers, Seneca Crane. Eles me olham, eu faço uma
pequena reverência, e saio sem esperar que me dispensassem.

A cada passo para fora, sinto o peso do meu ato, e sei que todas as minhas chances de voltar
para casa estão sumindo. Nada, nada mais adianta.

Quando eu chego no andar do nosso Distrito, passo direto pela sala onde todos estão, ignorando
os chamados do Peeta, vou direto para o quarto e bato a porta num claro sinal de que não queria ser
incomodada.
Infelizmente o Peeta parece não se importar, entra no quarto e me encontra aos prantos na cama.
Ele vem até mim e me puxa para os seus braços, me aninhando como se eu fosse uma criança.

– E-eu... – tentei me explicar, mas os soluços não deixavam.

– Ei, não fala nada. – então eu me calei.

O que será que eles fariam comigo? Será que me matariam? Ou fariam de tudo para eu morrer
nos jogos? Usariam a Pearl para me punir?

O simples fato de pensar nisso, me dava calafrios, eles podiam fazer o que quiserem comigo,
mas nunca com ela. E o pior é que eu não saberia, não teria noticias caso algo desse errado, eu iria lutar,
o Peeta iria morrer e não haveria motivos para voltar para casa.

Como o tempo foi passando e nada aconteceu, pelo menos não comigo, só o Peeta que
continuava aqui, passeando com a mão pelas minhas costas, o choro foi cessando, até que finalmente
parou.

– Você tem que parar de me dar esses sustos. – ele se referia a choros compulsivos sem motivo
evidente.

– Me desculpe.

– O que foi que aconteceu de tão grave? – ele quis saber.

– Como foi a sua apresentação? – eu sabia que era idiotice responder uma pergunta com outra,
mas eu precisava saber se ele havia feito algo pelo menos parecido com a minha rebeldia.

– Nada de mais, eles nem prestavam atenção em mim, aí eu comecei a jogar os pesos, atingindo
os bonecos. – ele riu um pouco – Eu fiz que ia jogar um peso neles, mas caiu mais abaixo. Foi hilário!

Eu me senti meio aliviada, eu não havia sido a única a provocar, só que... Bem, eu havia feito
bem mais que só provocação.

– Eu joguei.

– Você jogou o quê?

– Eu acertei uma flecha, bem na maçã do porco assado que estava atrás deles, na mesa. – ele
apareceu analisar a situação.

– Sério? – eu assenti minimamente e ele sorriu – Era só por isso que você estava chorando?

– Só por isso? – minha voz subiu um pouco pela surpresa – Você acha pouco?

– Bem, eu quase fiz a mesma coisa Kat. – de vez em quando, a calma dele me irritava tanto. –
Não é o fim do mundo.
– Você falou certo, quase, mas você não fez. Não é o fim do mundo, mas pode ser o fim da
minha vida, o fim da vida da minha filha. – nesse momento eu já gritava, e andava e um lado para outro.
Ele parecia espantado, nós nunca havíamos brigado, eu nunca havia gritado com ele.

– Você que parece que esqueceu tudo o que eu te prometi. Protegê-la. Sempre. Não é como se
eu não soubesse do que você é capaz, quando está com raiva. Nem como eu se eu não fosse fazer de
tudo para te manter viva. – ele me fez o olhar, e eu vi dor em seus olhos – A filha é minha também, eu
estou enfrentando tudo por ela. Não fale como se só você estivesse se esforçando, fazendo de tudo por
ela. Se lembre que no final, eu estou lutando para você ter a chance de vê-la novamente. Então não fale
como se eu não ligasse para ela.

Havia lágrimas em seus olhos, eu vi tarde de mais que eu tinha falado uma besteira. Eu tentei
abraça-lo, me desculpar, mas ele não deixou, me deu um beijo na testa e saiu. O que mais me
incomodava no Peeta era isso, ele era amável mesmo quando ele tinha motivos de sobra para me odiar.

Eu havia acabado de perder a única pessoa que realmente me amava nesse lugar.

Chapter Sixteen

Notas iniciais do capítulo


Com a graça de deus esse ficou grande. Olha só eu não ia postar hoje mais como eu já tinha o
capitulo pronto, eu resolvi fazer esse agrado.

Eu sabia que não ia adiantar ir atrás dele agora, então me mantive no quarto. Eu era realmente
muito idiota. Ele sabia que eu havia falado sem pensar, eu estava nervosa, mas doeu da mesma forma.

Ele não era o pai da Pearl, quer dizer não de sangue, e eu praticamente disse que ele não se
importava com ela o suficiente, que ele não ligava se acontecesse algo com ela, e até então ele é o que
tem se sacrificado mais por ela. E esses meus ataques não ajudavam em nada, só o pressionava mais,
na realidade quem deveria estar surtando era ele, mas eu já tinha que estar acostumada com a forma
calma com que ele lida com as coisas.
Até a Effie me chamar para o jantar eu pensava numa forma de falar com ele, o Peeta quando
estava nervoso ou chateado com algo ele se isolava, então eu fiquei esperando que ele não aparecesse
no jantar. Enquanto eu me sentava, implorava para que eles não fizessem perguntas.

– Onde está o Peeta? – o Haymitch falou.

Eu estava procurando uma desculpa boa o suficiente para dar a ele, quando o Peeta apareceu.

– Eu estou aqui. – seus olhos estavam vermelhos.

A imagem fez meu coração apertar, tava claro que eles perceberam que havia algo de errado,
mas não comentaram nada, o que eu agradeci mentalmente. O Peeta não parecia disposto a comer nada,
então só ficou lá, mexendo a comida, olhando pro nada.

– Bem, eu cansei! – esbravejou o Haymitch – O que vocês fizeram nessa apresentação?

Estava criando coragem para falar, mas o Peeta falou primeiro.

– Eu joguei alguns pesos. Eles nem olhavam, eu fiz que ia jogar um peso na direção deles. Eles
ficaram bem assustados.

Para minha surpresa o Haymitch riu.

– Ok garoto, é bom pegar eles de surpresa. E você?

– Eles nem me olhavam... – eu hesitei – e, bem, eu atirei uma flecha neles.

– Você o que? – a Effie pareceu chocada.

– Eu atirei a flecha na maçã da boca do porco, que estava atrás deles. – expliquei.

– E o que eles fizeram? – perguntou o Haymitch

– Nada, eu saí antes que eles falassem qualquer coisa.

– Sem que eles pedissem? – a Effie não parecia realmente bem.

– Sim. Vocês acham que ele pode fazer alguma coisa comigo? – eu questionei o Haymitch

– Não, não daria tempo de te substituir.

Eu ainda não estou satisfeita.

– E com a minha família?

– Claro que não, para puni-los de alguma forma eles tem que ter um motivo. E é proibido falar
o que vocês fazem nós testes. – eu me sentia aliviada – Mas me diga, como foi a cara deles?
No final do jantar todos estão sorrindo, menos o Peeta, ele parecia que não estava aqui, com o
cenho franzido parecia preocupado. Nós seguimos para a sala, mas ele continuou lá, sem perceber que
todos já tinham saído. Eu fiquei na porta, tentando me decidir se ia até ele ou não. Eu acabei indo.

– Ei, terra chamando Peeta. – balancei a mão na sua frente – Vamos para a sala, já vão transmitir
as notas.

– Ah... – ele pareceu despertar – Ok, Katniss.

Katniss

Ele não me chamava de Katniss há muito tempo, isso me magoou um pouco. Seguimos o
caminho em silêncio, ele agia no automático, parecia um robô, se sentou do lado da Effie na ultima
cadeira, me obrigando a sentar o mais afastado, na outra ponta.

As notas eram mostradas na tela abaixo da foto de cada tributo. Os Carreiristas tiram uma nota
de 8 a 10, os outro uma média de 5. Para minha surpresa a Rue tira um 7, seja lá o que for que ela
mostrou, os impressionou.

O D12 é o ultimo, o Peeta aparece junto com uma nota 10, o que faz a todos o parabenizarem,
depois sou eu.

Eu estou nervosa, não sabia realmente se queria ver a nota, mas não podia ser algo tão ruim, já
que o Peeta também provocou e tirou 10.

Onze!

E então estão todos gritando e me dando parabéns.

– Eles devem gostar do seu temperamento. – o Haymitch parecia querer explicar a situação a si
mesmo.

O Peeta me olhava com as sobrancelhas arqueadas como quem diz “Eu avisei.”, seus olhos me
mostravam um pouco de decepção, eu tinha que falar com ele. Mas primeiro eu tinha que conseguir
fazer ele me escutar. Eu continuei falando com o Haymitch e vi o Peeta sair de fininho.

– Você devia falar com ele. – a Effie falou se aproximando – Ele está meio decepcionado, eu
sei que é muita pressão, mas você não devia descontar nele. Vocês tem que se apoiar um no outro. – eu
fazia uma grande força para não dar uma resposta grosseira a Effie, e ir atrás do Peeta. Mas ela tinha
razão. – Ele não está com raiva de você, só está confuso. Escute e responda o que ele quer saber, apague
todas as duvidas que ele possa ter.
Ela tinha razão, eu insinuei que ele não se importava com a Pearl, e com certeza isso deve ter o
magoado, eu fui atrás dele, procurei por todos os lugares que eu conhecia no andar, e deixei o nosso
quarto por ultimo. Eu entro cheia de esperança, ele não me deixaria dormir sozinha, deixaria?

Dirige-me ao banheiro, protelando ao máximo a minha ida para a cama, no fim eu tive que ir
dormir. Não por muito tempo, eu acordei exaltada de um pesadelo. Eu não conseguiria dormir sem ele,
então saio do quarto, andando, eu acabei parando em frente ao quarto que seria do Peeta, quando eu
procurei por ele mais cedo essa porta estava trancada.

Não sei o que havia me motivado, mas mexi na maçaneta e ela abriu. Ele estava na cama, ele
tremia um pouco, um sonho ruim. Sempre que ele tinha pesadelos, ele tremia e me apertava em seus
braços até que e o acordasse.

Aproximei-me da cama e me sentei, comecei a acordá-lo.

– Peeta. – ele acordava muito rápido.

– Kat?

– Sim, você estava tendo um pesadelo.

– Obrigado. – ele abre um espaço para mim na cama, ele fica em silêncio, e eu também porque
eu sei que ele precisa falar primeiro – Eu achei que nós já tivéssemos encerrado esse assunto.

– O quê? – eu não havia entendido.

– A Pearl, eu pensei que você já não tinha essa duvida... Nós já tínhamos conversado sobre isso,
eu falei para você. Eu sou o pai dela, pelo menos é como eu me sinto.

– Eu sei Peeta.

– Não, - ele falou com uma ferocidade que eu nunca tinha visto em sua voz – está aí Kat, em
algum lugar na sua cabeça, mas a incerteza está ai. Só que eu não sei por quê... Por que Kat?

– Eu não sei, eu realmente estava preocupada com o que aconteceria e você só me dizia que ia
ficar tudo bem, eu não sou acostumada a tudo ficar bem, nem com coisas fáceis, e talvez eu...

– Talvez você tenha pensado que eu não me importava tanto. – ele falou num sussurro, eu
assenti. Ele não acrescentou nada.

– Me desculpe Peeta. Não é como se eu pensasse assim... Quer dizer, naquele momento talvez,
mas eu sei... Eu vejo o quanto você a ama. Eu realmente não sei por que eu fiz, ou falei aquilo, só não
foi a minha intenção. – falei baixinho – Por favor, me perdoe.
Ele me puxou para os seus braços, ele havia me perdoado, mas o assunto não estava esquecido,
a gente só não podia se dar ao luxo de ficar longe um do outro. Ele me questionaria novamente, e eu
esperava ter a resposta.

– Nunca mais pense em dormir longe de mim, ok? – me apertei mais a ele – Eu preciso de você
comigo.

– Eu te amo muito Kat. – ele me olhou direto nos olhos, a primeira vez na noite, sem dor.

– Eu também te amo muito. – eu precisava beijá-lo, a minha necessidade do Peeta se tornava


cada vez maior.

Então eu fiz, e acho que as lacunas vazias foram se preenchendo durante o beijo. Eu o amava,
confiava nele, a única coisa que nos faltava era a certeza de um futuro juntos.

Chapter Seventeen

Notas iniciais do capítulo


Mais um para vocês!!!

Eu acordei e fiquei preguiçosamente apoiada em Peeta, sentindo seu peito subir e descer
enquanto dormia. Não queria acorda- ló, ainda tínhamos um tempo.

Hoje nos tínhamos o dia para nos prepararmos para a entrevista que seria amanhã, eu esperava
que o Haymitch tivesse uma ideia muito boa, eu não tinha ideia de como me comportar e nem sei se
queria. O Peeta começava a acordar, seus braços me apertavam cada vez mais, levantei a cabeça bem a
tempo de ver seus olhos abrirem, eu o beijei.

– Bom dia! - falou sorrindo e me puxando mais para perto.

– Bom dia.
Ele me beijou de volta, eu ia interrompe-lo, quando ele me apertou mais não me deixando
escapar.

– Nós temos que levantar, a Effie daqui a pouco vem nos chamar. - eu não queria passar essa
vergonha de ser pega no ato.

– Não vão, eles não sabem que estamos nesse quarto. - bem, isso era verdade.

Então voltei a beijá-lo, ele parecia não querer apreçar as coisas, beijava meu rosto calmamente
todo o meu rosto e seguia para o meu pescoço, me fazendo ficar toda arrepiada. Eu puxei a sua blusa e
arranhei as suas costas.

– Àquelas horas foram as mais difíceis sem você. – sua cabeça estava apoiada no meu pescoço,
de modo que sua voz rouca ao pé do meu ouvido liberou um rastro de fogo por todo o meu corpo, me
fazendo puxá-lo mais para mim.

Eu não tinha capacidade nenhuma de respondê-lo, então o beijei. Suas mãos entraram no vestido
que eu usava, o puxando minimamente para cima, o dando livre acesso as minhas coxas, onde ele
passeava com as mãos. Ele continuava me beijando, mas ele parecia insatisfeito com a nossa quantidade
de roupas, se afastou e tirou a calça.

Era a primeira vez que eu realmente o olhava de corpo inteiro, e não era nada menos que
perfeito, ele não era extremamente forte, cheio de músculos. Ele era o Peeta, perfeito para mim desse
jeito, sem tirar nem por. Aproveitei a distância e levantei o vestido, o tirando. Agora foi a vez de o Peeta
me avaliar, e seus olhos brilhavam, sabendo que eu me envergonharia, ele se aproximou rapidamente,
nós ainda tínhamos peças de roupa nos separando, mas eu já conseguia sentir o quanto a sua pele estava
quente.

Nós voltamos a nos beijar, e eu senti as suas mãos abaixarem a minha calcinha, mas não vi
quando ele tirou a sua cueca, só o senti me preenchendo. E caminhamos para um lugar em que só existia
eu e ele, nós dois na nossa bolha, com os sentidos aguçados. Eu só o ouvir sussurrando o meu nome,
sentia o menor toque seu em meu corpo. Só via aqueles olhos que a muito tinham deixado de ser azuis
para se tornarem quase pretos, tamanho o seu desejo por mim.

A muito toda aquela explosão havia passado, mas eu continuava entrelaçada a ele.

– Nós devíamos nos levantar. – falei.

– Sim, devíamos. – mas ele não mexeu um dedo.

– Para tomarmos banho. – tentei novamente.

– A coisa está começando a ficar mais interessante. – me lançou um sorriso travesso, enquanto
eu corava – Você nunca vai mudar, vai?
– Como assim?

– Esse seu jeito, você pode ser corajosa o que for, mas vai ficar envergonhada sempre, mesmo
depois de tudo que fizemos. – se possível fiquei mais vermelha.

– Bom, eu não posso evitar.

– Não, é lindo, faz parte de você, é um balanço sabe. – ele me olhava de uma forma tão terna,
com tanto amor – Parece que foi a forma que a vida teve de não tirar toda a sua inocência.

Ele conseguia sempre me surpreender, sempre com uma coisa nova para dizer, um jeito doce de
elogiar, de uma forma que não me fazia sentir mal, nem me irritava só me fazia ama-lo mais.

– Nesses momentos, eu sinto como se nós nem tivéssemos saído de casa.

– Você tem ideia do que fazer na entrevista? – perguntei

– Não e você?

– Também não.

– Então vamos esperar que o Haymitch nos diga qual é a sua ideia. – falou fazendo uma careta,
o Peeta ainda não confiava nele. – Se é que ele tem alguma.

Ele se levantou vestindo a calça e entrou no banheiro, ele saiu só de toalha me deixando
atordoada.

– Kat, você toma banho, enquanto eu visto minhas roupas e pego umas para você, ok? – pergunta

Eu asseno concordando, e vou para o banheiro toda enrolada no lençol o fazendo rir.

– Que bom que eu te divirto! – falei cheia de ironia, ele só fez rir mais.

Estava acabando com o banho, quando eu escuto uma batida na porta.

– Kat, suas roupas.

– Espere um minuto Peeta.

Pouco depois abro a porta, ele me entrega as roupas, eu me vesti rápido e fomos para o café, se
é que ainda é de manhã.

– Onde vocês estavam? Procuramos por toda a parte. – exclama a Effie exaltada.

– Me desculpe, nós estávamos tendo uma pequena conversa. – eles sabiam da briga então não
fizeram mais perguntas.
– Ok, comam que temos muito que conversar. – fala Haymitch com uma expressão que eu nunca
vi no seu rosto, determinação.

Eu acho que tanto eu quanto Peeta ficamos tão surpresos com a sua seriedade, que comemos
rapidamente.

– Vocês nós deram algo muito bom com o que trabalhar. – ele começou – Chamaram muito
atenção com a forma como se tratavam, o Cinna e a Portia souberam aproveitar, os deixando
completamente deslumbrantes com aquelas roupas, o casal em chamas. Vocês se tornaram
inesquecíveis. – falava sério e concentrado.

– E o que faremos agora? – o Peeta perguntou.

– Vocês já fazem. – ele não nos deixou questionar – Só que as câmeras ainda não pegaram isso,
eu fico feliz que até agora eles não tenham dito que vocês são casados, nós temos um trunfo na mão.

“A única coisa que vocês têm que fazer é agir como um casal. O Peeta é melhor com as palavras,
vamos deixar que ele fale, você Katnissvai ser o mais sociável possível, você tem que ver o Capitol
como um amigo e usar isso ao seu favor. Mas em momento nenhum fale que vocês são casados, nem
que tem uma filha. Pelo que eu sei eles ainda não procuraram a família dos tributos, então vai ficar mais
fácil.”

– Então o que eu tenho que fazer é agir como se o Capitol fosse um amigo? – ele assentiu, bem,
isso seria muito difícil.

– E você, – apontou para o Peeta – vai ter que os deixar chocados, fale da filha de vocês e do
quanto vocês se amam, se possível fale quando o tempo estiver no final. Assim eles vão ficar curiosos,
popularidade é igual a patrocinadores, e com isso um de vocês volta.

– Fora que o Capitol vai querer jogar com isso. – a forma como o Peeta falou, me mostrou que
ele tinha uma ideia.

– O quê? – eu quis saber o que ele tinha em mente.

– Nós devíamos nos separar, - eu gelo, e ele logo me tranquiliza – nada longo, o tempo suficiente
para fazê-los querer nos juntar novamente. Nós damos audiência, e se nós separarmos, eles vão fazer
algo para nos juntar novamente, eles vão nos ajudar de alguma forma.

Eu vejo o Haymitch concordando, a ideia de dele é boa, mas jogar com o Capitol é perigoso,
eles nos tem nas mãos, mas não deixa de me trazer esperança.

Depois do café a Effie me leva para quatro horas de torturas. Em que eu tenho que andar com
sapatos de salto e vestidos, aprender como sentar, a postura, postura, contato visual e gestos. Havia
ainda sorrir, mas eu não era muito boa nisso.
– Como eu vou fazer para ver o Capitol como um amigo, eu não consigo nem fingir um sorriso.
– o Peeta havia voltado de suas horas com a Effie, e agora estávamos na cama.

– Você pode tentar ver alguém com quem você seria amigável no lugar do Caesar.

– Sim, mas quem seria?

– Não sei. – ele pensa um pouco – Podia ser o Gale.

Sim, podia, mas o Gale já sabia de muita coisa sobre mim, como eu responderia a ele uma coisa
que ele já sabia.

– Não o Gale já sabe tudo sobre mim.

– Não se importe com as perguntas, só aja como se você estivesse comigo, encante a eles, como
você me encantou. – ele falou

– Como eu fiz isso, como eu te encantei?

– No começo foi só a sua voz. – sim, quando ele me conheceu eu estava cantando. – Depois a
sua força e a coragem, elas fizeram o resto, e quando eu vi já te amava. E você, como você começou a
me amar?

– No começo você era o único que ficava ao meu lado mesmo eu sabendo que você me amava,
você nunca cobrou nada, se tornou um grande amigo. – respirei fundo – E depois você cuidou de mim
e da Pearl, nos protegeu. Eu já conhecia o menino doce, o meu menino do pão, só faltava me apaixonar
por ele.

– Você só tem que ser assim, tudo seu me encanta. – os olhos dele estavam marejados.

Não seria fácil ser gentil com o Capitol, mas eu tentaria.

Chapter Eighteen

Notas iniciais do capítulo


Então, eu fiquei com um pouco de medo de postar esse capitulo, é tanta expectativa para saber da
entrevista que, bom, eu não quero decepcionar vocês. Por favor, digam o que pensam
independente de qualquer coisa, ok?
Acordo com uma serie de barulhos, que eu descubro ser o Peeta falando com alguém.

– Não, eu não vou sair. – ele falava com o meu time de preparação – Não enquanto ela não
acordar.

Ele tentava convence-los a deixa-lo no quarto, eles o empurravam e ele nem saia do lugar, era
cômico.

– Tudo bem, eu já acordei, o deixem falar comigo que ele já sai. – me sentei na cama.

– Bom dia Kat. – ele me beijou, não nos veríamos por um bom tempo, eu sentiria a sua falta. –
Eu vou indo antes que eles comecem a me bater. Eu te amo.

– Eu também te amo. – o abracei mais uma vez e o deixei ir.

A equipe nos olhava petrificados, eu acho que eles já sabiam que nós dois estamos juntos, mas
para eles ainda deve ser uma surpresa.

– Bom, vamos ao trabalho? – falo para fazê-los se mexer, e antes que possam falar algo, eu não
preciso de pena nesse momento.

Então, até o final da tarde, eles trabalham na minha pele, deixando a lisa e macia, pintando um
padrão e chamas nas minhas unhas. Venia faz uma trança elaborada na minha cabeça que cai de lado
no meu ombro direito, refazem os traços do meu rosto, olhos marcados, cílios longos, boca vermelha e
cheia. No final eles jogam um tipo de pó dourado no meu corpo.

Cinna entra com o vestido, só que eu não o vejo já que está coberto.

– Surpresa? – eu indago e ele assente.

– Feche os olhos. – eu obedeço.

Eu sinto o tecido deslizar pelo meu corpo, a alguns minutos de ajustes até que eu esteja com os
saltos. E pronto.

– Posso? – pergunto.

– Sim.

A mulher que eu vejo no espelho não é a Katniss, não a que eu conheço. Essa é fogo. O vestido
era fogo puro, com joias incrustadas de tons de vermelho, laranja e azul, que deixava o vestido com
desenhos de chamas.
Eu não estou bonita. Eu não estou linda. Eu estou tão radiante quanto o sol.

– Muito obrigada Cinna. – ele dispensa a equipe.

– Não foi nada. – ele segura as minhas mãos – Como estamos com a entrevista?

– Nervosa. – falo

– Não fique. O Haymitch disse que era para você ser amigável. – ele falava calmamente – Então
você só tem vê-los como um de nós, você é amigável comigo, aja como se eles fossem uma pessoa que
você gosta. Só que não se esqueça de ser você mesma, nada falso, nós gostamos de você desse jeito.

Ele consegue me tirar um sorriso. E vamos para a entrevista, nós nos encontramos com os outros
no elevador. E o Peeta está realmente incrível, seus olhos brilham como todas as vezes que me vê. Ele
esta charmoso com um terno preto desenhado com chamas.

– Isso mancha? – ele pergunta a Cinna do meu batom.

– Creio que não. – Cinna responde com um sorriso divertido.

O Peeta me abraça e me dá um selinho, o suficiente para me fazer aquecer e me sentir em paz.

– Guardem um pouco desse mel para a entrevista. – não seria o Haymitch se não fosse irônico.

O elevador se abre antes que o Peeta possa responder, ele entrelaça as nossas mãos e seguimos
com os outros tributos para o palco. Onde todos ficam sentados formando um arco, eu sou a penúltima,
o que significa que eu tenho que ver todos os tributos passarem, ver o quanto todos são sensacionais e
divertidos.

O apresentador Caesar Flickermam, é realmente bom, ele consegue fazer com que o que você
diz seja memorável só pela forma com que reage. Ele aquece a plateia com uma série de piadas e chama
a garota do Distrito 1.

Com sua roupa dourada transparente, loira de olhos verdes, ela é sexy. O garoto do Distrito 2 é
extremamente cruel. A garota ruiva, com o rosto de raposa do Distrito 5 é dissimulada. A Rue usa um
vestido com asas, Caesar é doce com ela e a questiona sobre as suas habilidades.

– Eu sou muito difícil de capturar. – sua voz soa nervosa – E se não conseguirem me pegar, não
conseguem me matar. Então não descarte.

– Eu não iria nem em um milhão de anos! – diz Caesar.

O garoto do Distrito 11, Tresh, é rude e mal-humorado, apesar dos esforços dos Carreiristas
para que se juntassem a eles, ele se manteve solitário.

E agora é a minha vez.


Ele começa com uma pergunta fácil.

– Bem, nós sabemos que o Capitol é bem diferente do Distrito 12. O que você mais gostou aqui?

Seja amigável, o que eu gosto aqui? Nada, mas...

– O cozido de carneiro. – eu consigo uma risada da plateia.

– Sim, ele é realmente muito bom. E o que você sente falta de casa?

Eu não podia falar da Pearl, então falaria da Prim.

– Da minha irmã.

– A que se agarrou em você na colheita. – eu só concordo com um aceno. – Creio que ela foi se
despedir, ela te disse algo?

– Sim, ela pediu que eu tentasse voltar para casa. – me forço a falar.

– Eu vejo que você está realmente tentando, o que foi aquele onze? – ele se vira para mim
curioso – O que você fez?

– Com certeza algo inédito. – eu lhe lanço o meu melhor sorriso malicioso.

– Tão inédito quanto a sua estreia, acredito. Garota você pega fogo. – ele conseguiu me fazer
rir.

– Eu estava com medo de acabar me queimando, mas não seria nada menos que chocante vindo
do Cinna. – mostrei o vestido que usava – Olhem para isso, não é deslumbrante?

– Oh, por favor. – ele faz um sinal de que eu deveria me levantar e mostrar o vestido.

Eu levanto, e giro, a plateia grita animada, mas o meu tempo havia acabado.

– Essa foi Katniss Everdeen, a garota em chamas do Distrito 12. – todos aplaudem.

Dirijo-me ao meu lugar me sentindo feliz pelo meu feito, e o sorriso orgulhoso do Peeta me diz
que eu realmente fui bem. Ele vai até o lugar em que eu estava, metade da entrevista ele passa fazendo
graça, todos riem, ele conversa com o Caesar como se fossem velhos amigos.

– Todos nós temos uma duvida, - ele faz uma pausa para dar um ar de suspense – você parece
muito próximo a Katniss.

No telão aparecem imagens de nós dois abraçados na colheita.

– Bem mais que próximos na verdade. – ele começa a mexer na aliança, fazendo com que certa
atenção fosse chamada para o anel.
– Como assim? – ele tenta tirar a informação, mas o Peeta se mantem misterioso.

– Nós temos uma ligação que nunca pode ser dissolvida. – vejo que ele fala de Pearl, quando
seus olhos mostram dor.

– São parentes – eu rio.

– Oh, não, ainda bem que não. – o Peeta também se diverte.

– O quê então? – pela primeira vez vejo o Caesar perde a postura profissional.

– Bem, - o Peeta se faz de relutante – nós somos casados há algum tempo. – eu ouço a plateia
arquejar com a revelação. – Nós invertemos um pouco a ordem das coisas o que nós trouxe uma pequena
surpresa.

– Surpresa?

Eu vejo a sua relutância em falar da Pearl, ele tem tanto medo dessa exposição quanto eu.

– Sim, a Pearl. – ele faz uma pausa – A nossa filha.

De repente toda a graça foi embora, todos fazem silêncio e observam a dor do Peeta, a minha
dor.

– Oh, bem um de vocês ainda pode voltar. – o Caesar tenta o consolar.

– Sim, ela vai. – ele fala determinado, deixando claro a sua intenção de me levar para casa.

Seu tempo acaba e estão todos tão surpresos, que nem o Caesar fala nada enquanto ele se afasta.
Quando ele está próximo a mim, não sei por que, mas eu me levanto, o Peeta me abraça e me dá um
selinho.

Dessa forma conquistamos a plateia, somos inesquecíveis, o casal em chamas, amantes


desafortunados do Distrito 12.

Chapter Nineteen

Notas iniciais do capítulo


Eu postei três capítulos seguidos para vocês, então vai demorar para sair mais. Aproveitem.
Enquanto o hino de Panem toca, as câmeras focam em nós mais do que deveriam, eles querem
mais amor, nós devemos ter dado a maior audiência em tempos. Quando ele acaba, tomamos o elevador
e volta para o nosso andar. Eu fico esperando um esboço de satisfação no rosto do Haymitch, mas nada
aparece. Nós seguimos direto para o jantar, o que é ótimo já que eu estou faminta.

– E então? – o Peeta não aguenta até o fim do jantar e questiona o Haymitch.

– Então o que? – eu vejo que ele quer nos deixar ansiosos.

– O que você achou das entrevistas? – completa o Peeta.

– Não há muito que falar. – ele enrola um pouco – Vocês foram bem, a revelação do Peeta foi
no momento certo para os deixar chocados.

– Não seja tão modesto. – falou Portia – O que foi aquele final? Vocês têm a todos na mão. Foi
um espetáculo.

– Sim, sim. Amor, essas pessoas não esperam isso vindo de um lugar que é feito para aterrorizar
a todos. – refleti o Cinna – Com isso, vocês os encantam e surpreendem.

As entrevistas são transmitidas após o jantar, fico feliz em ver que eu mantenho um dialogo
satisfatório com o Caesar, só que percebo que as pessoas não têm muito da verdadeira Katniss, eu pareço
um pouco tola. Eu me torno inesquecível quando giro com a roupa do Cinna. O efeito que ele causa é
esplendido, eu estou cercada de chamas.

– Eu disse que você ficava encantadora. – o Peeta me diz e eu não enho como discordar.

O que falar do Peeta, ele é carismático, alegre e bonito, e se não fosse a sua história trágica seria
o retrato de um adolescente com uma vida perfeita. Ele conseguia colocar as pessoas do Capitol no
bolso, até o Caesar sempre cheio de si e falante não era páreo para o magnetismo que o Peeta parecia
ter.

Quando a transmissão acaba começam as despedidas, a Effie e o Haymitch não irão conosco
para a arena, só os estilistas acompanham os tributos. A Effie nos abraça chorosa.

– Vocês são e longe os melhores tributos que eu já vi. – ela segurava as nossas mãos juntas –
Tenho certeza que um de vocês ganhará.

O Haymitch não era do tipo que se deixa levar pela emoção, então ele nos deu alguns últimos
conselhos.
– Assim que soar o sinal, corram, se afastem da Cornucópia. Coloquem a maior distância dos
outros tributos e procurem água. Fiquem juntos nos primeiros dias, mas se lembrem de se separar, se o
Capitol demorar em fazer alguma coisa, podem se juntar novamente. – falou o Haymitch – Lembre-se
garoto, se mantenha vivo até o final se você quer vê-la em casa.

– Obrigado, eu posso ter sido grosso com você no inicio, mas eu precisava ter certeza de que
você faria algo por nós. Muito obrigado. – a sinceridade na voz do Peeta era quase palpável.

– Tudo bem garoto. – o haymitch pareceu amável por um minuto. – Ah... E fiquem vivos.

Não havia humor, nem bebedeira, dessa vez era serio. Nós fomos para quarto em silêncio, e nos
mantivemos assim por um bom tempo, uma, duas, três horas e o sono não chegava.

– Venha, tem um lugar que eu quero te mostrar e ainda não tinha tido a chance. – o Peeta falou
se levantando e me puxando junto.

Seguimos até o final do corredor e ele puxou um alçapão, que na verdade era uma escada, que
nos levou até o telhado.

– O Cinna me trouxe aqui no dia em eu brigamos. – disse me puxando para a beirada, lá em


baixo acontecia uma festa.

– O que você acha que nos espera? – perguntei

– Não faço ideia. Eu só penso numa forma de te tirar de lá, independente do que nos aguarda. –
ele me responde.

Mantive-me calada, suas palavras não tinham replicas eram iguais as minhas. Eu pensava a todo
o momento em como venceríamos, em como mataríamos 22 pessoas e voltaríamos, não, como eu
voltaria para casa.

– Eu só queria ter a certeza de que isso não nos mudaria, - ele parecia mais pensar em voz alta
do que falar – ter a certeza de que o Capitol não iria nos transformar em algo deferente de nós mesmos.

– Como assim? – questionei

– Todo esse jogo, todas essas mortes, o terror. Eu queria ter a certeza de que isso não nos
atormentaria para o resto da vida. Como o Haymitch. – explicou.

– Como ele se afoga nas bebidas, como se não quisesse ficar lucido e lidar...

– Isso, lidar com as lembranças, com o terror do que ele viu. – continuou o Peeta – Eu queria
ter a certeza de que você não correria esse risco.

– Eu não vou virar uma bêbada. – replico


– E não precisa, você pode ser uma pessoa bem difícil sem ter visto todo esse horror, você pode
perder toda a vontade de viver. – ele falou – Você vai ter toda uma vida ainda Kat, mesmo que me doa,
você não vai ficar a vida toda sozinha.

Não sei o que me doía mais, saber que o Peeta não estaria mais comigo daqui a alguns dias, ou
o ouvir falando que eu tenho que seguir com a vida sem ele. Todo esse tempo, tentamos falar como se
qualquer um dos dois pudesse ganhar, mesmo que eu fosse a prioridade. E ouvi-lo falar de um futuro
em que ele não existia, abria uma ferida no meu peito que eu não sei se iria cicatrizar.

Apertei-me em seus braços e tentei desde já gravar todos os detalhes do meu menino do pão, do
meu padeiro. O seu cheiro, o seu cabelo, a forma como ele sorria, a forma como me segurava em seus
braços a noite, como ele me amava com todas as suas forças.

Eu não queria esquecer, eu não queria viver sem ele. Eu o amava, e jurava a mim mesma que
me manteria forte, o Peeta se orgulharia de mim. Sempre. Como ele jurou me amar até o ultimo minuto.

[...]

Eu consigo dormir o resto da noite toda, e quando abro os olhos o Peeta já esta acordado. Eu
não sei o que falar, só fico o olhando por uns minutos, ele tampouco faz qualquer coisa. Então ficamos
presos na nossa bolha até o Cinna aparecer.

– Bem, vocês não podem ir juntos. – nós sabíamos que cada tributo ia em um aerobarco para o
local jogos – Vou dar uns minuto para se despedirem.

Quando ele sai do quarto, o Peeta me abraça, e eu sinto as lagrimas escorrendo pelo meu rosto.

– Eu te amo, não se esqueça disso. – ele me beija, e eu vejo que ele também chora – Nós vemos
na arena.

Eu não tenho forças para respondê-lo e deixo-o sair, assim que aporta se fecha, um choro
compulsivo toma conta de mim por alguns minutos. Recupero-me antes do Cinna entrar no quarto, ele
me entrega uma roupa simples e nós vamos para o telhado onde o aerobarco já esta nos esperando, uma
escada desce e assim que eu piso no primeiro degrau, sinto como se estivesse congelado.

– Esse é o seu localizador, quanto mais parada você estiver, melhor eu posso coloca-lo. – mesmo
totalmente parada a dor da agulha sendo inserida no meu antebraço é fortíssima.

Com o localizador os Gamemakers sempre serão capazes de me achar na arena. Quando ele já
esta no lugar a escada me liberta, e desce para pegar o Cinna, um avox nos direciona ao quarto onde vai
ser servido o café. Mesmo sabendo que é extremamente necessário, eu não consigo comer, então me
distraio com a vista da janela onde eu consigo ver a cidade e tudo além dela.
Quando fecham as janelas, eu sei que estamos próximos da arena, ele aterrissa e nos seguimos
na escada para o subterrâneo, eles guiam a gente até a minha sala de abertura, que nos Distritos chamam
de Curral.

É ridículo como as pessoas do Capitol depois dos jogos usam as arenas como destino turístico,
para eles tudo é um grande show não importa quantas pessoas morram, é tudo entretenimento.

Tomo banho, e o Cinna faz a minha trança de costume no meu cabelo, as roupas chegam, a
mesma para todos os tributos, calça marrom-amarelada simples, blusa verde, um cinto marrom e um
casaco preto que vai até as coxas.

– Espere por noites frias, essa jaqueta reflete o calor do corpo. – me aconselha o Cinna.

Também tem umas botas, que são muito melhores do que as que eu tenho em casa.

– Você não pode ir sem isso aqui. – ele me mostra o broche do tordo – Você o esqueceu no
trem, ele causou algumas discussões, mas deixaram você usá-lo. Eles também deixaram as alianças,
isso vai favorecer amis a eles do que a vocês. Pronto, você esta pronta.

Os últimos minutos parecem uma eternidade, eu fico andando de um lado para o outro até que
o Cinna segura a minha mão entre as suas, isso me deixa um pouco mais segura. Logo uma voz feminina
anuncia que é a hora da abertura, ando mais um pouco e fico em cima de uma placa circular, ainda
segurando a mão do Cinna.

– Lembre-se disso. Eu não posso apostar, mas se pudesse, meu dinheiro estaria em você. – ele
fala.

– Verdade?

– Sim. Boa sorte, garota em chamas. – ele me dá um beijo na testa e se afasta.

Um cilindro de vidro desce ao meu redor, ele começa a me levar para cima e eu fico no escuro
por alguns segundos, depois eu não enxergo nada por causa do sol. Ouço a voz de Claudius
Templesmith.

– Damas e cavalheiros, deixem o septuagésimo quarto Hunger Games começarem!

Chapter Twenty
Notas iniciais do capítulo
Demorei, mas voltei. Os capítulos vão demorar mais um pouco porque eu estou atolada de
trabalho na escola, mas sempre que puder eu vou estar aqui.

Sessenta segundos, esse é o tempo que temos que esperar nos círculos de metal até que o gongo
soe, pise fora antes e você será destroçado por uma das minas. Temos esse tempo para olhar em torno,
olhar os tributos todos na mesma distância da Cornucópia, um grande cone de metal dourado com uma
ponta curva, em volta dele tem tudo que precisamos na arena, comida, água, roupa, seu valor diminuindo
quanto mais distante estiver da boca.

Uso o resto do tempo para olhar a arena, uma planície de terra, atrás dos tributos na minha
frente, eu não vejo nada, mas a minha esquerda e nas costas uma floresta de pinheiros. Imediatamente
sei para que lado seguir e procuro pelo Peeta, antes que eu possa acha-lo, eu vejo bem próximo a
Cornucópia, descansando em um amontoado de cobertores, um estojo de arco e flecha.

Eu esqueço que procurava o Peeta e me concentro na chance que terei se conseguir pega-lo. Eu
sou boa em corridas, e o arco e a flecha nos daria uma grande vantagem, é a única que eu realmente me
sinto bem usando. E é o único que eu vejo na pilha inteira. Preparo-me para correr até a pilha quando
eu vislumbro o Peeta, ele está com os olhos colados em mim e mexe a cabeça num sinal negativo, eu
não desistiria o arco é a nossa chance, e se eu saísse no tempo cero teria uma vantagem. Por um momento
o sol me cega, e o gongo soa.

Atordoada, eu havia perdido a minha chance, mas eu não sairia com as mãos vazias, eu corro e
agarro uma placa de plástico com uma mão e uma mochila laranja com a outra. Só que um garoto do
Distrito 9, acho, pega a outra alça ao mesmo tempo, por um minuto brigamos, até que ele caia no chão,
morto, eu vejo uma faca nas suas costas.

Paralisada, eu olho o Peeta atrás dele retirar a faca e sinalizar para eu correr, vejo também que
os outros tributos chegaram a Cornucópia, antes de me virar percebo que a menina do Distrito 2, com
as outras facas na mão - o Peeta de alguma forma deve ter pegado uma delas derrubando ela no processo
-, se levantar e mirar a faca na nossa direção. Eu a vi no treinamento e sei o quanto ela é boa.

Num surto de adrenalina saio correndo no mesmo momento em que eu ajeito a mochila para
proteger a minha cabeça, e sinto mais do que vejo a faca se alojar na mochila. Paro por um minuto para
checar se o Peeta me segue, e continuo.
Quando a floresta nos esconde dos outros tributos, ficamos entre correr e caminhar até
colocarmos uma boa distância deles. Eu puxo a faca e a examino, é fina, longa e afiada e coloco no
cinto. A floresta vai mudando ao longo do caminho e o chão se inclina, eu prefiro ficar no alto, mas eu
não tenho escolha senão a de continuar andando. O Peeta se mantem calado e sério, eu sei que a culpa
é minha por ter meio que estragado o plano e feito ele já matar uma pessoa, por isso me mantenho em
silêncio. De repente um coelho aprece me assustando um pouco, mas o rosto do Peeta se ilumina, se há
um coelho, pode ter outros.

Num determinado momento, cansada da distância, eu me aproximo e como ele não faz nada, eu
entrelaço as nossas mãos. Eu olho para ele, me preparando para o sermão que sei que receberia.

– O que eu faço com você? – perguntou, eu dei o meu melhor sorriso amarelo e ele me puxa
para seu braços – Nunca mais faça isso, ok?

Eu aceno, tinha certeza de estávamos na tela neste momento, não o tempo todo, mas o suficiente
para saberem que ainda estamos vivos. Nós voltamos a andar, e até o final da tarde, não havíamos tido
nem um sinal de água, quando eu estava prestes a questionar o Peeta, o primeiro canhão soou me
assustando e não para até chegar ao onze. O Peeta passa seus braços pelos meus ombros e sei que está
pensando que eu poderia ser uma dessas pessoas. Só treze de nós continuam vivos, passo na mente uma
lista de quem possivelmente seria, espero que a Rue esteja entre eles.

Tomamos isso como um sinal e caímos no chão, exaustos.

– O que tem nessa mochila? – o Peeta pergunta.

Eu abro e mostro a ele, há um saco de dormir, um pacote de bolachas, tiras de carne seca, um
par de óculos, uma garrafa de iodo, um rolo de arame, uma caixa de fosforo e uma garrafa plástica, eu
a abro ansiosa, mas está vazia.

– Seria tão difícil assim encher a garrafa? – eu consigo uma risada amarga do Peeta

– Bem, acho que devíamos procurar mais um pouco. – ele sugere

Levanta-se e me ajuda a levantar também, nós estávamos com fome, mas com um
consentimento mudo deixamos a carne e a bolacha e eu raspo a casca de um pinheiro até achar sua
cortiça, e a comemos em silêncio.

– O lago. – sussurro, num lampejo de memoria.

– Eu também pensei nele, mas a essa hora ele já deve estar tomado. – o Peeta fala.

Sim, os tributos profissionais já devem tê-lo cercado, mas se aquela fosse a única fonte de água
estaríamos mostos em dias. Escurece um pouco mais e eu consigo ouvir o barulho de alguns animais
que saem a noite, e eu sei que temos que achar um lugar que nos proteja deles e dos outros tributos que
com certeza continuariam caçando a noite.

– Você acha que um desses aguentaria a nós dois? – questiona o Peeta.

A sua ideia era boa, mas antes de subirmos na arvore eu armo duas armadilhas com o arame,
para não corrermos riscos nos afastamos o suficiente para saber voltar. Escolho uma arvore e subo
primeiro me certificando de que o galho nos aguentaria e depois o ajudo a subir o Peeta a subir. Com o
que restou do arame amarro a mochila a arvore de modo que sirva de travesseiro e o saco de dormir
esconda a sua cor, nós entramos no saco e ele nos aperta de forma que eu fico com meu corpo quase
todo em cima do Peeta, ele amarra os nossos cintos e prendem a nossa volta, uma precaução para o caso
e uma queda.

Terminamos de nos ajeitar e o hino começa a tocar junto com o selo do Capitol que parece
flutuar no céu. Logo após aparece o rostos junto com os números do Distrito de quem foi morto hoje na
Cornucópia. Eu os conto, primeiro garota do 3, o que significa que os Carreiristas estão vivos, o garoto
do 4 não, o garoto do 5, os pares do 6 e7, o menino do 8, e os pares do 9, quando o menino aparece eu
sinto o Peeta estremecer, por fim o menino 10. Fico aliviada que a Rue esteja viva.

– Você deveria dormir. – fala o Peeta – Eu vou ficar atento.

– Você também pode dormir, estamos seguros aqui em cima.

– Eu não conseguiria, não hoje pelo menos. – ele sussurra

– Me desculpe por ter feito você matar aquele garoto. – também sussurro, me sentindo mal por
ele não poder dormir.

– Tudo bem, se não fosse ele seria você. – declara. – Agora durma.

Ele acaricia o meu cabelo, e me deixo levar pelo sono. Snap! Acordo sobressaltada, e o Peeta
me aperta em seus braços.

– O que é isso? – sussurro.

– Ali. – ele aponta discretamente na direção do barulho.

Eu me viro a tempo de ver uma faísca, e uma fogueira aparecer, eu xingo baixinho. Graças a ele
seriamos facilmente achados pelos profissionais agora. Nós lentamente nos soltamos e saímos do saco,
ainda escondidos pela noite, e o observamos em silêncio, não víamos nada além de um par de mãos.

– Não seria muito difícil matá-lo. – me surpreendo quando ouço a minha voz tão fria – Ele não
parece que está armado.

– Sim, mas os outros podem estar se aproximando. – ele fala.


Esperamos pelas próximas horas, o sol já está aparecendo, começo a achar que o tributo escapou
quando ouço passos apressados, descubro que é uma menina, depois que seu grito rompe o silêncio, e
sei que está morta. Também sei que são os carreiristas pelo barulho que fazem, eles se afastam andando
na nossa direção. Sei que eles não sabem que estamos aqui, mas não posso deixar de temer.

– Será que eles conseguem nos ver? – pergunto, mas a minha voz é abafada pelo canhão, que
anuncia a morte da garota.

Para o meu azar eles chegavam cada vez mais próximos a nossa arvore.

Chapter Twenty One

Notas iniciais do capítulo


Aí está, eu não sei se demorou muito, mas eu me esforcei para postar hoje.

– Vai, Kat. – o Peeta me entregou o saco de dormir e a mochila – Suba!

– E você? – perguntei, eu não o deixaria enfrenta-los sozinho.

– Pode deixar, eu sei o que fazer. Vá e se esconda. – ele os olhava, já estavam bem próximos –
Na primeira oportunidade, fuja. Eu te amo, fique bem.

Não, essa não poderia ser a nossa despedida, eu não poderia deixa-lo, mas o que eu poderia
fazer além de tentar vencer?

– Eu te amo, muito. Sempre. – eu queria chora, mas esse não era o momento.

– Sempre. – ele me deu um selinho e eu escalei a arvore até o mais alto que eu pude.

O Peeta havia se ajeitado como quem quer se esconder, mas qualquer um o veria. Os carreiristas
não pareciam com pressa, acho que se sentiam felizes por terem matado a menina. Eles passariam quase
sem ver o Peeta se não fosse o brutamontes do Distrito 2.

– Ora, vejam se não é o Lover Boy. – falou ele.


– Lover Boy? – o Peeta parecia mastigar o nome – Bem, eu não podia esperar algo melhor vindo
de você.

Eu queria parar e escutar o que o Peeta falaria, mas ele os estava distraindo, eu tinha que
aproveitar para descer. Eu descia lentamente atrás da arvore, sendo escondida pelo tronco. Escutava
algumas poucas coisas que o Peeta e o garoto falavam.

– Eu não a vejo desde ontem... A perdi de vista ontem enquanto corria. – era o que dava para
ouvir.

– Você acha que acreditamos nisso? – falava o outro tributo – Por que você não desce e me diz
a verdade, ahn?

– Eu estou muito confortável aqui em cima. – o Peeta ria – Por que você não me convence a
descer?

E eu estava a um passo do chão, esperando o melhor momento, tive um vislumbre do rosto


raivoso do menino do 2 e sabia que ele se preparava para subir. Enquanto ele falava com os outros
tributos que estavam com ele me preparei para correr, não sem antes olhar para o Peeta que também me
olhava por uns dois segundos antes de se virar novamente.

Eu corri, só esperava poder vê-lo novamente.

POV Peeta

Não havia sido boa ideia enfrentar o tributo do 2 somente com uma faca, mas não tinha como
voltar atrás. Ele tentava se apoiar no tronco da arvore e subir, enquanto eu me distanciava cada vez mais
dele tomando o cuidado de me manter nos galhos mais firmes. Vendo que ele não conseguiria subir, eu
ri só para irritá-lo mais.

– Realmente é uma pena você não poder subir. – falei irônico.

De repente algo na direção contraria a que a Katniss correu fez m barulho, eu resolvi me
aproveitar e fiz a melhor cara de desesperado.

– Vão atrás dela, mas a guardem para mim, quero mata-la com as minhas próprias mãos. – ele
falou, e seu tom de voz me deixou inquieto.

Eu não duvidaria de que ele fosse capaz, mas para isso acontecer ele iria me matar primeiro.

– Falando assim você não me dá escolha. – falei tentando parecer frio - Não posso deixar que
você faça mal a ela.

– Agora sim, cansou de mentir. – eu descia da arvore de forma lenta.


– Eu já consegui o que eu queria?

– E o que seria? – questiona

– Bem, vamos ver, você esta aqui sozinho. – enumerei – Seus amigos estão longe seguindo uma
pista falsa, e a Katniss conseguiu fugir daqui sem ser notada, nem perseguida, enfim, eu acho que estou
no lucro.

Estava a um pulo do chão. A minha lista não havia o intimidado, se fosse outro pelo menos se
descontrolaria, mas esse menino era cruel, o seu rosto dizia isso. E se eu o eliminasse, as chances da
Katniss com certeza aumentariam. Não seria fácil, contudo.

– Vamos ver até quando. – ele falou.

Eu não teria nenhuma vantagem me mantendo na árvore então desci, ficando a centímetros dele.
Bem, ele só tinha uma arma, era uma vantagem, mas ele sabia usa-la muito bem. Eu era forte, bom em
lutas corpo a corpo, resolvi usar isso em meu favor. Deixei que ele se movimentasse, e desviara quando
ele estava próximo o desequilibrando e contra atacando, ele tinha uma serie de cortes superficiais nos
braços, eu o deixaria cansado e o acertaria em cheio.

Ele não parecia disposto a se deixar enganar e começou a prever os meus movimentos, numa
dessas investidas, ele veio de um lado e eu cortei para o outro bem na direção da sua mão com a faca,
um talho aberto na minha coxa. Aproveitando que ele se distraiu com o sucesso e movi a minha faca e
acertei o seu rosto em cheio, abrindo um corte na sua bochecha que o faria se distrair, para eu conseguir
fugir.

Andando o mais rápido que eu conseguia sem fazer barulho, e sem pensar na dor, sigo na direção
contraria a da Katniss. Eu não posso correr então empaco quando ouço um farfalhar, olho na direção e
tento encontrar quem fez o barulho. Relaxo, assim que vejo os cabelos negros e os lhos assustados da
Rue.

– Você me assustou, pequena Rue. – falo sussurrando.

– Me desculpe.

– Foi você quem fez o barulho mais cedo, não foi? – só agora que isso havia me ocorrido.

– Sim, eles já estão longe. – falou orgulhosa de si mesma.

– Fez muito bem pequena Rue. – me aproximei dela – Você sabe onde tem água aqui pequena
Rue?

Eu não bebia a mais de um dia e já sentia a falta dela.

– Sim, se você seguir vai encontrar um riacho, sua margem tem rochas por todo o percurso.
– Ok, você me faria um favor? – espero ela responder e ela acena com a cabeça – Você cuidaria
da Katniss por mim, a encontraria e a levaria até a água?

– Eu?! – ela parecia espantada com a minha confiança.

– Sim, você é mais inteligente que muita gente aqui. – afirmo e ele abaixa a cabeça
envergonhada.

– Pode deixar que eu cuido dela. – fala com uma voz fininha.

Para agradecer levanto a sua cabeça e dou um beijo na sua bochecha.

– Obrigada.

Assim que a solto ela sai correndo, quando a minha distração vai embora a dor volta com tudo,
respiro fundo.

Só mais um pouco Peeta, lembro a mim mesmo, vá até a água e depois você desaba.

Seria mais difícil do que eu esperava, ainda não havia olhado o corte, mas parecia mais profundo
do que eu imaginava, pelo menos era o que a dor aguda que eu sentia ao andar me dizia. Eu fazia um
esforço enorme para seguir em frente, a falta de água não ajudava em nada, eu precisava achar esse
lugar logo.

Não demorou muito a minha frente apareceram às rochas que segundo a Rue, ladeavam o riacho.
Eu segui andando, procurando um lugar em que eu pudesse me esconder, eu não conseguiria subir numa
árvore e nem tinha condições de me defender e ficar no chão. Já estava admitindo que fosse impossível
conseguir um lugar, quando eu vi uma rocha grande coberta de ramos e lama e uma ideia surgiu.

Sentei-me mais abaixo e me permiti beber um pouco da água, beber muito de vez me faria mal,
e me recuperei um pouco. Ainda não ousara olhar a ferida, eu não tinha medicamentos e ninguém estava
aqui para me ajudar, olhar para ela só me traria mais assombro. Eu me preparei para o que tinha que
fazer, o riacho me servia de espelho e entre as rochas tinha um pouco de lama, então, eu comecei o meu
trabalho.

Minuciosamente fui cobrindo o meu corpo e roupas com lama, infelizmente eu acabei tendo que
molhar as minhas roupas, depois eu arranjei uma posição na rocha e me cobri com as folhas que tinham
ali, sempre detalhista, olhos, boca, unhas, tudo. Eu não saberia se tinha dado certo, não fazia diferença,
eu já me sentia muito próximo à morte mesmo.

A exaustão me tomou por completo, eu sentia os tremores por causa do frio e uma saudade
imensa da Katniss me abateu. Eu esperava que ela estivesse bem e que a Rue houvesse cumprido a sua
promessa. Eu queria muito me manter alerta, mas a dor e o frio eram fortes de mais eu só queria
esquecer. Não sentir mais, então me afundei no sono.
[...]

– Peeta, acorde! Vamos, Peeta! – eu já havia acordado, mas eu fingia só para irrita-la. – Ok
Peeta, nós vamos te deixar aí, não é Pearl?

Como resposta a Pearl deu um pequeno grito infantil, seguido de sua risada contagiante. Ela
era um bebê bastante sorridente para seus 5 meses de vida. Eu não resisto e sorrio também, me
entregando.

– Ora, seu grande farsante! – a Katniss segurava a Pearl com uma mão e a outra apoiada na
cintura, fingindo estar brava – Da próxima vez nós te largamos aqui!

Eu rio.

– Você não seria capaz. – falo, lhe dou um selinho e pego a Pearl da sua mão – Não é princesa?
Diga para mamãe que você não vive sem o paizão aqui.

Há sacudi um pouco e ela soltou outro gritinho e me deu um sorrisinho, a Katniss nos olhava
encantado.

– Certo mais se apresse, senão o sol esquenta e não é bom para ela. – eu lhe devolvi a Pearl e
segui para o banheiro, mas dei meia volta.

– Ei senhora Mellark, - falei e ela se virou para mim – a senhorita não me deu nem um bom
dia!

A segurei pela cintura, envolvendo ela e a Pearl abraço.

– Bom dia senhor Mellark! – falou rindo.

Aproximei nossos rostos, e encostei um nariz no outro num beijo se esquimó, ela fechou os olhos
e aproveitei para olha-la, tão simples, tão linda, tão minha. Minha Katniss. Ela abriu revelando os
olhos cinza tempestuosos e eu a beijei, dessa vez quem fechou os olhos fui eu. Interrompi o beijo quando
uma pequenina mão tocou a minha bochecha. Soltei a Katniss rindo.

– Bom dia! – falei alegre e segui para o banheiro.

[...]

– Pare com isso Peeta! – eu dava biscoitos a Pearl e ela insistia em dizer que isso faria mal a
ela.

– Mas não faz mal! – eu falava.

– Não de mais, mas você já deu três. Agora chega! – sua pose irritada me fez rir, mas eu parei.

– Então vem cá, princesa! – peguei a Pearl do colo da Katniss e saí da cozinha da padaria,
estava na hora de ir embora – Vamos dar tchau ao meu pai Kat!

Ela me seguiu e nós o achamos lá na frente, próximo ao balcão.

– Tchau pai!
– Tchau Sr. Mellark!

– Tchau, e tchau princesa. – a Pearl sorriu para o meu pai e nós seguimos para a casa.

O caminho foi silencioso a Pearl voltou para o colo da Katniss e eu as abracei, as pessoas
sempre sorriam e acenaram quando nós passávamos, algumas se aproximavam e falavam com a Pearl
para ganhar um sorriso banguela em troca. Algumas vezes víamos o Gale, ele parava, olhava por um
tempo, depois voltava a andar como se a Katniss não fosse nada. Isso me irritava completamente.
Nesses momentos a Katniss soltava um suspiro cansado e eu a apertava mais em meus braços.
Normalmente ela passava o resto do dia mal até a hora de dormir quando conversávamos.

– Eu queria ter a capacidade dele de ser tão frio. – ela falou.

– Você sempre pode contar a verdade para ele. – me doía muito falar isso. Porque eu me
orgulhava de ser o único digno de confiança da Katniss, por ele ter me contado tudo. E eu ainda sinto
ciúmes do Gale. Velhos hábitos são difíceis de esquecer.

– Não, se ele não foi capaz de se manter ao meu lado por causa do orgulho dele. Eu não o
quero aqui, ele não foi capaz de ficar e me deixar explicar. Então é melhor assim. – ela sempre ficava
melhor depois de uma conversa e dormia tranquila.

[...]

Eu não sabia o que aminha mente queria com isso, se era me confortar com as lembranças ou
me deixar pior do que eu estava. Bem, pior do que eu estava era quase impossível, já que eu queimava,
uma dor lancinante me consumia e eu implorava para voltar para os sonhos.

Chapter Twenty Two

Notas iniciais do capítulo


Demorei, mas cheguei! O capitulo ficou grande, vou avisar logo, mais considerações nas notas
finais.

Foi um alivio encontrar uma pessoa disposta a me ajudar depois de perder o Peeta, eu encontrei
a Rue horas depois de correr da árvore onde eu e Peeta dormíamos até os carreiristas nos acharem, eu
estava quase desmaiando por causa da sede e ela me ajudou, me guiou poucos metros a frente e tinha
água, tão perto e eu não fazia ideia.

A partir disso, nós ficávamos juntas, eu ainda tinha o saco de dormir e os arames, então nos
amarrávamos nas árvores e uma consolava a outra, ela mais do que eu, já que na primeira noite tudo
que fiz foi chorar. Ela era bem esperta, tinha um grande estoque de comida, e conhecia ervas que eu
não sabia para que serviam, eu caçava e ela as encontrava, juntas éramos imbatíveis, mas os carreiristas
tinham muita comida ainda, e eles tinham armas também. Nós sabíamos que enquanto eles tivessem
suprimentos ninguém teria chance. Mas não tinha forma nenhuma de destruir os suprimentos sem muita
exposição e nós não tínhamos armas o suficiente para dar conta deles, caso algo desse errado.

Minha preocupação com o Peeta a cada dia aumentava, esperar de noite e ver se o rosto dele
aparecia no céu era um martírio para mim. Mais uma vez para o meu alivio, ou tristeza não sei, o rosto
dele não apareceu, eu sabia que ele estava mal, a Rue tinha me dito da ferida feia que o Cato abriu em
sua coxa, e não poder ajuda-lo era horrível para mim, pelo menos por enquanto só faltava um dia, e o
nosso trato acabava eu podia procura-lo. Até lá eu queria dar um jeito nos carreiristas.

Por um momento o tempo passa, e eu me permito tentar dormir, tem sido uma tarefa difícil
nesses dias, mas ficar cansada não me ajudaria em nada. Porem um barulho alto de pessoas andando
me faz acordar, a Rue também, e eu indico que ela deve ir para outra árvore.

– Não Katniss, eu prometi. – ela sussurrou.

– Vá, vai ficar tudo bem, eu tenho um plano. – então aponto para ela, um ninho de vespas que
está bem acima de nós, não qualquer vespa, mutantes do Capitol as tracker jacker, se você não morrer
com as suas picadas, você tem tantas alucinações que pode até enlouquecer. – Eles não precisam me
ver, assim que passarem aqui embaixo eu a jogo neles.

Era perigoso, com certeza uma delas iria me ferir, mas o estrago feito a eles seria muito maior.
Eu consigo ver eles agora, a menina do D1 está com o arco e flecha, sinalizo para Rue ir embora e
relutante ela muda para outra árvore e eu subo mais na minha e alcanço o ninho. Busco a Rue com os
olhos e vejo que ela esta longe o suficiente para não ser alcançada e começo a serrar o galho com toda
a minha força, eles fazem barulho o suficiente enquanto andam pra que me ouçam. Com o meu trabalho
algumas vespas saem do ninho, mas nenhuma vem na minha direção ainda. Serro o tronco até a metade
e sei que sou capaz de terminar o trabalho o forçando com a minha mão, eu espero até que eles estejam
devidamente posicionados, e para a minha alegria a menina que está com o arco fica próxima o
suficiente para ser picada gravemente.

Eu vejo com o canto do olho a Rue fazer um barulho nas arvores que indicam movimento e eles
param exatamente no lugar que eu os quero, com toda força que tenho consigo romper o resto do galho
que cai, não atingindo diretamente eles, mas quando se parte no chão as vespas atacam todos, vejo a
maioria deles sair correndo, só a menina do D1 que cai morta, eu espero um pouco as vespas se
dispersarem correndo atrás dos outros tributos, e desço, assim que ponho os pés no chão sinto uma
picada, sei que devo me apressar antes que as alucinações comecem e eu perca a chance de salvar o
único arco que tem na arena.

Alcanço o corpo da garota e não sei se é real ou não, mas eu vejo uma coisa grotesca, o rosto
que antes era bonito agora estava deformado e cheio de calombos pretos, junto toda a coragem que
tenho para levar as minhas mãos ao arco que esta atravessado no seu corpo, com dificuldade consigo
tira-lo e no ultimo minuto quando eu ouço passos, e já não tenho forças para distinguir se é de Rue ou
qualquer outro tributo. Sei que a minha situação se complica quando tudo aparece dobrado.

– Vamos, Kat! – o Peeta fala me empurrando – Você tem que correr, saia daí!

Eu o sentia me puxando, me fazendo seguir em frente, mas eu não tinha forças, uma pequena
parte da minha mente sabia que isso era uma alucinação, mas nesse momento isso era até um tipo de
conforto.

– Você tem que seguir em frente Kat! – falava – Você prometeu que iria vencer e para isso você
tem que sair daqui!

Eu me esforcei ao máximo pra seguir o comando da minha cabeça, ou do Peeta. Mas não andei
por muito mais, meu corpo não respondia ao comendo da minha mente e eu desabei junto a uma árvore.

O conforto da minha mente não vem com o sono, eu vejo varias, e varias vezes o Peeta
morrendo, a Pearl doente chamando por mim, a Prim e a minha mãe com fome e com frio na nossa casa
no Seam. Não sei por quanto tempo durmo, nem se foram dias ou horas.

Mas quando enfim acordo, eu não me sinto nem um pouco melhor meu corpo todo doí, e minha
boca tem um gosto ruim. E a única coisa que registro é a peça que minha mente me pregou, eu vi o
Peeta, ele me ajudou a fugir. Não foram as tracker jacker e isso me traz mais dor, do que toda a dor que
as picadas das vespas me trouxeram. Ouço passos e não tenho força ainda para correr, então lembro que
eu tenho o arco e puxo ele para que eu possa me defender.

Baixo a guarda quando vejo que é só a Rue.

– Você está bem? – ela pergunta

Eu aceno, minha garganta muito seca para que eu possa falar. Ela se aproxima e me entrega uma
garrafa de água, eu bebo de pouquinho em pouquinho até que eu tenha certeza que a minha voz sairia.

– Quanto tempo eu fiquei dormindo? – pergunto

– Um dia inteiro.
Era noite, então eu tinha dormido a noite de ontem toda e o dia de hoje inteiro. Hoje era o dia
em que eu tinha que procurar o Peeta, mas eu não sabia se ele ainda estava vivo.

– Ele ainda está vivo, se é isso que você quer saber, mas as meninas do 1 e do 4, não! – eu não
precisei perguntar, nem sabia se conseguiria.

– Bem eu estou com fome, que tal se eu caçar algo e você me leva naquele lago. – pedi e ela
prontamente aceitou.

No caminho até o lago, ela encontrou algumas ervas e colocou nas picadas de vespa, o alivio
foi imediato. Eu consegui caçar um coelho, e o guardamos para depois que achássemos o lago, o mais
certo seria esperar amanhecer e ai sim, fazer essas coisas, mas eu não queria dormir, não depois de
passar um dia inteiro dormindo. E os óculos que estavam na minha mochila eram de visão noturna,
então eu deixei que a Rue o usasse e nos guiasse até o lago.

Finalmente ela acha o lago, e eu me refresco, limpo o meu cabelo, lavo a minha roupa, sentadas
perto do lago não ouso fazer uma fogueira à noite então comemos um punhado de biscoitos e a carne
que ainda tinha na minha mochila, a Rue conhecia umas frutas doces e nós também as comemos.

– Antes de você ir para outra árvore você disse que tinha prometido? – questionei – Prometido
o quê? A quem?

– Ah... Ao Peeta, eu o encontrei depois da briga com o Cato e ele pediu para te ajudar. – ela
falou.

A revelação me trouxe lágrimas aos olhos, e me fazia querer mais encontra-lo.

– Ele estava muito mal? – não consigo me conter.

– Não muito, o corte era feio, mas ele parecia aguentar bem.

– Eu não sei, eu preciso encontra-lo. – sussurro.

Eu não conseguiria sair daqui, vencer esses jogos sem encontra-lo antes. Ele deve estar sofrendo
muito, eu me lembro de algumas pessoas que chegavam lá em casa com algum corte ou a perna
quebrada, era muito difícil de curar. E o modo como às pessoas gritavam, imaginar esse tipo de dor
infligida ao Peeta, me deixava desesperada.

Eu não tinha nenhuma vontade de dormir, mas a Rue precisava, então subimos numa árvore e
eu velei o seu sono, ela me lembrava muito a Prim, o modo como ela se agarrava a mim quando tinha
um pesadelo, e me lembrava a mim mesma agarrada ao Peeta nas noites de pesadelo, ou a Pearl, como
ela pode ser forte e indefesa no futuro. Não fiquei realmente cansada de manhã, a Rue acordou assim
que os raios de sol bateram no seu rosto, nós aproveitamos e fizemos a fogueira para assar o coelho, eu
estava com mais fome do que imaginava. Eu estou prestes a dizer que vamos começar a procurar o
Peeta, quando um canhão soa.

Fico paralisada por uns minutos enquanto o desespero me toma, sei que estou dando um belo
show para as pessoas que estão assistindo. Colocar na mente que não foi o Peeta quem morreu é muito
difícil, eu sei as suas chances. Pouco tempo depois o que me toma é um ódio irracional, e eu só penso
em acabar com os Carreiristas do pior modo possível. Saio da minha paralisia quando vejo que a Rue
me olha com medo, mas eu não sei o que fazer com a minha raiva, e nem sei se devo procura-lo, esperar
a noite para ver se foi ele. Ou simplesmente tentar acabar com o privilégio dos Carreiristas.

Eu não tenho certeza nenhuma que não foi ele, mas eu sei o que eu devo fazer, já que essa
decisão é a certa a tomar independente de ele estar vivo ou não. Nós precisamos acabar com as chances
dos profissionais.

A Rue parece ler a minha mente, pois ela logo me diz o que eu precisava ouvir.

– Enquanto você dormia, eu vigiava os outros tributos. – e nos próximos minutos ele me diz
onde eles estão, quantos são, o que eles fizeram nesse tempo em que eu dormi.

Só uma coisa chamou a minha atenção, apesar de feridos, eles salvaram o garoto do três, em
vez de usarem os remédios só para eles. Ele não era perigoso, nem tinha nenhuma arma especial, mas
ele sempre se mantinha no acampamento enquanto os outros saiam. Então alguma coisa não estava certa
nisso tudo.

Nós planejamos a manhã toda e depois de comermos o resto do coelho e mais algumas frutas,
estamos prontas para a ação. Antes de nos separarmos eu me certifico de que ele ficara bem, caso não
nos encontrarmos ainda hoje. Eu sabia muito da Rue em tão pouco tempo, e ele me disse que usava
música como sinal na colheita no seu Distrito então pedi que ela me ensinasse para ficar mais fácil de
nos comunicarmos, os mockinjays espalhariam os sinais e saberíamos que estávamos bem.

Sigo o meu caminho tomando cuidado redobrado, as únicas coisas que ficaram em minhas mãos
foram a garrafa de água e o meu arco e flecha, a mochila era muito chamativa então eu a escondi, Rue
me deu instruções especificas de como chagar lá e percebo que não é muito difícil. Facilmente alcanço
o bosque que Rue me disse que eu conseguiria vê-los sem ele me perceberem. Mesmo assim eu
permaneço com a flecha encaixada no arco.

Eu consigo os ver agora, são quatro, percebo com alegria que a marca que o Peeta deixou no
garoto do um permanece ali, não está inflamada nem nada do tipo, mas ainda não cicatrizou. Mas eu
me concentro em descobrir o que eles estão fazendo para proteger os suprimentos, o menino do três,
realmente não é muito especial, não a sombra dos outros, até as meninas perecem ser mais fortes do que
ele. Tudo parecia uma grande armadilha, e as possibilidades rondavam a minha mente, tudo muito
perigoso, e muito difícil de desvendar.

Enquanto penso, eu os vejo discutir e sei que estão prestes a seguir o sinal de fumaça da Rue,
mas ele falam algo que chama a minha atenção.

– E o Lover Boy? – fala o garoto do 1.

– Ele não tem condições de andar, nem sei como ele ainda está vivo, mas se eu encontra-lo eu
faço o resto do serviço. Pago pela cicatriz que ele me deixou. – eles já corriam para a floresta me
deixando com um arrepio na espinha.

Pelo menos eu sabia que ele ainda estava vivo, correndo perigo, mas vivo. Volto a minha
atenção para o acampamento quando um vulto ruivo entra no meu campo de visão.

Ela anda em direção aos suprimentos, com passos estranhos, se equilibrando em um pé só. Com
um estralo, eu tenho certeza de que a armadilha é explosiva, e a menina também se mostra muito mais
inteligente do que parece, eu a vejo roubar um pouco de comida, e depois voltar da mesma forma com
que conseguiu alcançar tudo. Ela era rápida, e sumiu na floresta antes que eu descobrisse uma forma de
acabar com aquelas coisas. Bem, eu tenho que correr porque os profissionais podem estar voltando a
qualquer momento, eu penso com todas as minha forças, e meus olhos se focam nas maçãs, e sei o que
tenho que fazer.

Chapter Twenty Three

Notas iniciais do capítulo


Meu deus, eu epsero que eu tenha feito tanta falta, quanto a que eu senti de vocês e do Nyah!
Bem, eu até aproveitei bastante essa folga, essa semana foi de prova e não ficou muita pressão
para postar, mas eu já tenho uns capítulos adiantados e vou ter um pouco mais de descanso.
Aí está!
Dou-me três chances de acertar o saco das maçãs, pelos meus cálculos se eu consegui rasgar o
saco, as maçãs cairão e acionarão as bombas explodindo o resto dos suprimentos. Eu me endireito e
mando a primeira flecha, tomo o cuidado para acertar a segunda no mesmo lugar e já posso ver as maçãs
se precipitando para fora, na terceira o rasgo se expande, e eu vejo paralisada as maçãs caindo no chão.

Eu sou jogada para trás e caio com um impacto fortíssimo na terra. O meu corpo não sofre
maiores problemas, mas os meus ouvidos não tem a mesma sorte, não paro muito para prestar atenção
se os danos são maiores, e corro daqui, bem, eu queria correr daqui. Mas assim que eu levanto, tudo
roda, e tonta e sem ouvir nada, eu não consigo sair do lugar. Eu vou me arrastando o mais rápido que
posso, sem que eu desabe no chão, e me escondo no ultimo minuto.

A reação de Cato quase me faz rir, mas o medo dele me escutar me detém. Observo colada ao
tronco da árvore, ele acabar com seu ataque de raiva e começar a mexer nos destroços, e depois discutir
com o garoto do três, amedrontado o menino se vira e tenta fugir, mas é impedido por uma chave de
braço, e cai morto no chão.

Apesar da morte do garoto ser horrível, saber que o Cato é tão instável e mata os próprios
componentes da sua equipe, me dá algumas ideias. Os outros tentam fazer com que ele volte a si e
desista de correr atrás de alguém que para eles talvez esteja morto, a pessoa que acionou as bombas,
eles são tão pouco inteligentes. Uma pessoa dispararia uma mina só, não todas, alguma coisa se salvaria.

Eles saem para que possam pegar o corpo do menino, o aerobarco aparece elevam o corpo. A
noite cai, e o hino deve ter começado, depois aparecem os rostos do garoto do três, e o garoto do 10,
apesar de saber que não era o Peeta que havia morrido essa manhã, ver que o rosto dele não apareceu
me deixa mais tranquila. Mas agora os profissionais sabem que o bombardeador sobreviveu, eles partem
para a caça.

Como a tontura passou e meu ouvido direito volta a funcionar aos poucos, eu me preparo para
me movimentar, eu bebo um pouco de água, e vou atrás da minha mochila, já que estou com fome.

Pelo caminho eu me atento a qualquer sinal, tanto que possa ser da Rue, tanto que possa ser dos
carreiristas, encontro a minha mochila e sei que não vou conseguir achar a Rue agora a noite, e como
sei que nesse frio dormir numa árvore é pedir para congelar até morrer, eu me escondo um buraco e me
cubro com umas folhas e a minha coberta de plástico e fico tiritando de frio até dormir.

Eu sou acordada com o som de uma risada, que me deixa alerta e confusa, não há motivos para
rir nos Hunger Games, quando eu espio para ver se são os carreiristas, vejo a Foxface, bem eu já sabia
que ela era bastante inteligente, e consegue achar algo entre os escombros, e só agora me atento ao fato
de que destruindo esses suprimentos, eu dei uma real chance a todos os outros tributos, e essa em
especial me deixa bastante apreensiva. Pare para pensar em quem ainda estava vivo e quantos são, oito
de nós, o garoto do 1, o casal do 2, do 11 e do 12, e Foxface. A Capitol iria começar as entrevistas e por
um momento eu me deixei temer pela Pearl, eu não sei se a minha mãe vai conseguir mantê-la longe
das câmeras, e não sei se eles a deixariam nem tentar, afasto esse pensamentos, eu não estava lá e ficar
com a cabeça fora dos jogos não me ajudaria em nada.

Perdida nos meus pensamentos não vejo a Foxface fugir, e espero para ver quem aparece, como
não vejo ninguém me adianto e sigo em direção ao lago, quando o alcanço eu pesco dois peixes e como
um, guardo o outro para a Rue. Sem saber se devia espera-la ou procurar por ela, subo numa árvore e
fico observando, eu espero fazendo coisas aleatórias, checo meu ouvido insistentemente sem nenhum
resultado. Começando a ficar preocupada eu desisto.

Encaminho-me para um lugar em que provavelmente ela esteja escondida, onde montamos a
terceira fogueira a mais distante, porém sei que a algo realmente errado quando eu percebo que ela nem
chegou a ser acesa. Eu tento me tranquilizar pensando que ela está escondida em algum lugar com medo
de um dos tributos, a tarde está quase chegando ao fim e eu continuo andando, procurando por ela com
extremo cuidado, me escondendo nas sombras sempre que possível.

Eu ouço, e tenho que parar e me inclinar para ter certeza de que havia escutado direito, sim, lá
estava ele. A pequena melodia de Rue, sendo emitida por um mockinjay o que significa que ela está
bem e que passou por ali faz pouco tempo. Permito-me ter esperança por alguns instantes antes de ouvir
seus gritos que me deixam congelada por alguns segundos.

Katniss!!

Eu começo a correr em direção ao som, fazendo o mínimo de barulho possível e esperando


encontra-la antes que algum mal lhe aconteça, me mantenho atenta para não gritar em resposta sabendo
que ela poderia sofrer mais caso soubessem que eu estava próxima, eu me aproximo de uma clareira e
ouço seu ultimo grito confirmando que ela estava lá.

Chego o mais perto que posso visualizando a Rue presa numa rede com o menino do um como
guarda, eu sabia que teria que fazer algo rápido antes que ele a matasse com uma lança. Esperando que
ele estivesse sozinho me posiciono atrás dele e miro o mais firme que as minhas mãos tremulas me
permitem, com sorte atravesso o seu pescoço e ele cai ainda com a lança nas suas mãos.

Aliviada eu corro e peço a sua faca para soltá-la, eu a abraço fortemente, depois me lembro de
que é provável que haja mais deles e me viro desesperada para todos os lados.

– Tem mais algum deles por aqui? – eu pergunto a ela que acena que não.

– Você conseguiu destruir a comida? – questiona.

– Sim, apesar de ter perdido um ouvido para isso. – falo – Você me deu um susto, agora vamos
sair daqui antes que algum deles apareça.
Nós seguimos em direção à segunda fogueira que havíamos montado, eu sabia que hoje não
haveria como eu achar o Peeta, mas com a ajuda da Rue eu o acharia facilmente. Então só me preocupo
em achar uma bela árvore e nos preparamos para dormir. Nós estamos quase dormindo quando um
paraquedas cai na nossa frente.

– Por que será que eles nos mandaram isso? – a Rue pergunta.

– Não sei, mas você deveria pegá-lo. – falo

Ela se arrasta até lá, e quando ela abriu, eu vislumbrei um pão escuro em forma de crescente,
um pão do Distrito 11, para a Rue.

– Eu acho que é para você! – ela sussurra.

– Para mim? Por quê? – me espanto.

– Sim, você me salvou, mesmo que não seja para você eu te dou ele. – ele me esticou a mão
com o pãozinho, eu o peguei e guardei na mochila.

– Nós vamos guardar e o comemos amanhã, nós teremos um dia cheio. – entrei no saco de
dormir novamente e ela me seguiu – Você vai me levar até o lugar onde o Peeta está.

Ela já estava dormindo, a olhando assim e me lembrando do nervosismo de hoje, eu percebo o


quanto seria doloroso para mim ver a Rue morrer, ela parece tanto com a Prim, ela me lembrava até a
Pearl que ainda é tão pequena. Eu sempre pensei que iria ser uma péssima mãe, mas o instinto nos
domina e eu praticamente adivinhava o que fazer, mas em quase todos os momentos eu tinha o Peeta
do meu lado e ele fazia com que as coisas parecessem ser mais fáceis, eu sorria sozinha só de lembrar
o sorriso dela quando nós estávamos juntos, nos nossos dias na floresta. Bem, eu não sabia até quando
eu conseguiria protege-la, mas eu não conseguiria deixar de me importar com ela.

Eu me obriguei a dormir e descansar para amanhã, eu queria conseguir encontrar o Peeta


amanhã, eu queria ajuda-lo independente da sua situação, e se fosse o caso – eu esperava que não –, ver
ele pela ultima vez, esse pensamento quase me levou as lágrimas, mas eu não poderia me deixar afetar
nesse momento, eu tinha que ter esperanças de que eu o veria e conseguiria o ajudar, bem, não fazia
muito sentido já que ele não voltaria, mas eu não me permitiria ficar parada o vendo morrer, não se eu
puder fazer alguma coisa.

Chapter Twenty Four


Notas iniciais do capítulo
Eu recebi mais uma recomendação maravilhosa, essa volta do Nyah está cheia de surpresas!
Eu amei Thaliazinha Everlark, muito obrigada pelo comentário e pela recomendação!

Frio, muito frio, a todo o momento, eu tremo tanto que nem sei como alguém ainda não me
achou. Eu não sei a minha real condição provavelmente eu estou com febre, ou o corte infeccionou, eu
não estou surpreso. Mas quantos dias haviam passado, dois, três, porque eu ainda não morri?

Hoje era um dia particularmente ruim, eu não conseguia adormecer e o frio estava cada vez pior,
meus pensamentos iam a toda hora para Katniss, em duvida se ela ainda estaria viva, eu não estava
acompanhando as noticias a noite, eu não tinha nem noção de tempo, então por mais que eu tentasse
pensar em coisas boas, não funcionava.

Não havia escutado muita movimentação durante esses dias, por isso que me sobressaltei
quando ouvi passos, não um, mas dois. Por isso imaginei que não deveria ser a Katniss, me mantive em
silêncio o mais imóvel possível, e tentei ouvir e perceber quem poderia ser, porém meus ouvidos não
eram tão bons quanto o de Katniss e não poderia abrir os olhos senão me perceberiam nas rochas. O
som ficava cada vez mais longe e voltava novamente passando pelas rochas, eu as ouvi atravessar o rio,
e ia ficando tarde quando elas sumiram por onde vieram, mais a noite que eu percebi que tinha uma
chance de ser a Rue com a Katniss, por isso os dois passos, isso de alguma forma me deixou mais
tranquilo.

E me deixou preocupado porque ela não deveria estar atrás de mim, não havia motivo, ela só
iria se complicar mais, as chances de ela viver sem mim seriam muito maiores do que se ela viesse me
ajudar. Bem, ninguém seguraria a Katniss quando ela tinha certeza de alguma coisa, e se ela tinha
certeza de que poderia me ajudar, ou então me ver uma ultima vez, não seria a possibilidade de morrer
que a impediria.

Hoje realmente não era meu dia de sorte, parecia que eu teria que sentir a minha dor essa noite,
a perna latejava cada dia a mais, o hino de panem e segundo o céu ninguém havia morrido hoje, eu ia
tentar dormir ou lembrar algo que me fizesse esquecer a dor, quando uma voz, a voz de Claudius
Templesmith me interrompe, bem, inicialmente eu não entendo, mas quando ele repete, eu sei que agora
a Katniss vai juntar todas as suas forças para me achar.
O que ele diz é bem difícil de assimilar, principalmente porque as regras dos Hunger Games
nunca mudaram, em todo o tempo em que eu assisto, e agora ele diz que dois tributos que representam
o mesmo distrito podem vencer juntos, eu não confio muito nos meus ouvidos, eu ando vendo e ouvindo
muitas coisas que não são reais, eu não vou conseguir sair daqui para ter certeza, mas se eu ouvir passos
novamente, eu tenho que imaginar que é a Katniss, e se não for, morrer iria aliviar o meu sofrimento.

Arrependo-me logo depois de pensar assim, se isso for verdade morrer seria sim ruim,
principalmente para a Katniss, sabendo que nós poderíamos vencer juntos me perder seria muito mais
difícil para ela. Eu fico preocupada com ela, eu não sei se o garoto do 11 que veio com a Rue ainda esta
vivo, eu sei que ela não faria nenhum mal a Katniss, já ele eu não tenho tanta certeza, a Rue é muito
inteligente se juntar a ela é uma coisa boa a se fazer.

Eu vejo a noite aos poucos passar, e só descanso quando o frio vem com peso total e eu percebo
que a febre nunca esteve tão ruim, então eu desmaio.

Katniss POV

Um dia nada produtivo, eu e a Rue andamos pelo riacho que ela apontou para o Peeta de cima
a baixo, e nada, ela não estava em lugar nenhum, nos atravessamos às margens, eu não desistiria, havia
uma parte repleta de rochas onde ele não se esconderia com facilidade que nós não olhamos e eu voltaria
lá amanhã assim que acordasse.

Nós estávamos enroscadas numa árvore quando a voz do apresentador dos Hunger Games soa,
o que ele fala me soa meio impossível, até que ele repete. Uma chance, o nosso plano havia dado certo,
nós conseguimos manipular os jogos, eles queriam os amantes desafortunados juntos novamente, e eles
os teriam custe o que custar.

Se eu já queria achar o Peeta antes isso só me deu uma certeza a mais de que eu estava fazendo
a coisa certa, eu senti a Rue muito quieta ao meu lado, como que não estava nem respirando. Com essa
noticia eu não sabia se ela iria querer continuar comigo, ela podia procurar o Tresh, eles tinham uma
grande chance de ganhar, ela era a inteligência, ele a força. Eu só não queria que ela pensasse que eu a
mataria por isso, então me apressei em tranquiliza-la.

– Você pode procurar o Tresh se quiser. – eu falei num sussurro.

– Você não me quer mais com você? – ela perguntou com a sua vozinha.

– Sim, eu quero. Mas com o Tresh você teria mais chance de vencer do que comigo, com ele
vocês vão voltar juntos, comigo isso não vai acontecer. – eu explico.

– Não, o Tresh nunca se juntaria a ninguém, e eu tenho um pouco de medo dele. – ela me
confessa baixinho.
– Que bom, eu não estava pronta para perder a minha aliada totalmente inteligente. – eu falo
cutucando a sua barriga.

Ela ri um pouco, mas logo após se aconchega em mim e dormi, ela deveria mesmo se sentir
segura comigo, meus pensamentos voltam ao Peeta, será que ele ouviu o pronunciamento, será que ele
quer que eu o encontre, ele pode ser muito protetor quando quer. Mas eu me preocupo em dormir um
pouco, antes de ter a chance de me contaminar com essas incertezas, eu ia acha-lo independente do que
ele pensava.

O sol bate em meu rosto e acordo, logo arrastando a Rue comigo para o riacho, não antes sem
tomar um café com uma caça que eu consegui, nós vamos direto para as rochas e eu vou para um lado
enquanto ela vai para o outro e começamos a escala-la, eu ia dar mais um passo quando eu ouço uma
voz bastante conhecida.

– Ora, não pise em mim. – sua voz estava rouca e fraca, mas era a voz que eu conhecia muito
bem.

– Peeta, oh, Peeta! – eu quase grito, e me jogo em cima da rocha em que ele está.

Agora eu sei como nós não o encontramos, completamente camuflado nas rochas ela parecia
fazer parte dela, era impressionante.

– Você está bem? – eu estou chorando agora, e não deixo ele falar nada. – Nós temos que te
tirar daí, Rue, por favor, venha até aqui, Rue?!

Ela estava bem ao meu lado e eu não havia percebido, ela toca em mim e eu me sobressalto.
Respira Katniss, você tem que se controlar, mantenha a calma.

– Bem, sim eu estou bem Kat, quer dizer, eu estou vivo. E você o que faz aqui, ahn? – ele fala
com a sua voz enfraquecida.

– Nós prometemos lembra. Para ama-lo e protege-lo. Sempre. – a minha voz sai embargada,
mas eu sei que ele entende quando ele me abre um sorriso, o branco em meio a tanta lama e folhas.

– Sempre. – ele também fala. – Oi, pequena Rue, você a ajudou direitinho não foi?

Ela cora completamente, hum, eu acho que o charme do Peeta a pegou também.

– Peeta! – eu o repreendo, e ele ri. – Vamos tira-lo daqui.

Não foi tão fácil, ele estava tão preso as folhas que eu tive que cortar algumas raízes, depois eu
pedi a Rue que ficasse enchendo as garrafas que tínhamos para que eu pudesse soltar a lama que estava
presa em sua roupa, ele se manteve quieto a todo momento e depois de um tempo eu já via o seu rosto,
e a sua jaqueta e blusa já aparecia. Eu as tirei para ver se ele tinha algum ferimento e roupa molhada
com gente com febre, só a faz ficar pior. Eu lavei as roupas e botei para secar, eu não sabia se podia
jogar água em cima de sua perna ferida, então resolvi tirar a calça suja mesmo, ele gemeu um pouco
com desconforto.

Eu lavei a sua calça e a botei para secar também antes de olhar o corte, eu devia estar me
preparando porque o ferimento era pior do que eu pensava. O corte está profundamente inflamado, com
muito pus e sangue, sua perna está inchada, e o cheiro é horrível.

– Bem, eu acho que devemos limpa-lo primeiro, não? – eu olho a Rue em busca de alguma
ajuda, e ela parece meio verde.

– Eu não sei, lá no Distrito 11, nós nunca temos cortes assim, e se acontecer eu não estou por
perto, eu não sei o que fazer. – ela explica, eu não esperava mais que isso. Eu só pensei que talvez ela
conhecesse alguma folha, como as para as picadas.

Depois que o ferimento esta limpo, eu olho para ver se ele tem algum outro, eu vejo uns
arranhões no seu rosto e em suas mãos, mas nada de mais. Eu tento o fazer comer, porém tudo que
consigo é fazê-lo beber água.

A Rue olha para mim, meio que sem saber o que fazer e me dizendo sem palavras que o estado
dele era pior do que parecia.

– Eu... Não sou boa com isso, eu não sei nada sobre isso. Eu não sou a minha mãe. Eu não tenho
ideia do que fazer. – me desespero e o Peeta me olha como se quem estivesse mal fosse eu não ele.

– E se você tentasse com as folhas? – a Rue sugere.

Não era uma má ideia, então eu apliquei uma camada de folhas e esperei, uma quantidade
enorme de pus começou a escorrer pela sua perna. Enquanto isso, eu me lembro do Kit de primeiros
socorros do garoto do 1 e procuro um antitérmico e faço ele o engolir.

– Será que eu posso dormir um pouco, eu não dormir a noite toda. – ele fala.

– Daqui a pouco, ok? Nós ainda temos que te levar para um lugar seguro. – eu falo.

Quando o pus para de sair, eu retiro a terceira camada de folhas e resolvo enfaixar, e percebo o
quanto a sua cueca está suja.

– Você vai ter que tira-la para eu lavar. Aqui se cubra com isso. – eu dou o plástico preto a ele.
E espero ele retirar a cueca.

Pelo canto dos olhos vejo a Rue corar e se virar para o outro lado, eu lavo o melhor que eu
posso. Eu sei que não poderemos sair daqui enquanto a sua roupa seca, então deixo que ele durma um
pouco.
– Onde será que eu vou o colocar? – eu pergunto mais a mim mesma que a Rue, enquanto
observo as redondezas.

– Bem, você não vai poder leva-lo a uma árvore, mas eu acho que tem algumas cavernas
próximas aqui. – ele me responde mesmo assim.

O sol está enfraquecendo quando eu resolvo chama-lo, ele parece meio atordoado, mas no fim
eu consigo fazê-lo vestir a roupa e se levantar. Eu agradeço por ter a Rue, sem ela eu não conseguiria o
arrastar por muito tempo, depois de alguns muitos metros eu vejo uma caverna, e nós o guiamos até lá.
Eu arrumo o chão da caverna e ele cai exausto.

Eu admito que a situação está pior do que eu imaginava, eu achei que eu conseguiria cura-lo,
que seria mais fácil, agora nem eu tenho certeza se isso será possível. Mas agora se ele conseguisse
resistir até nós vencermos os jogos, ou algum patrocinador nos ajudar, só era continuar acreditando nós
não chegamos aqui para nada.

Chapter Twenty Five

Notas iniciais do capítulo


Ei povo, como vocês estão? Demorei muito?
Mais um capítulo para vocês.
LEIAM AS NOTAS FINAIS, pora favor é importante!

Eu o vejo me olhando e me arrependo pelos meus pensamentos sombrios.

– Eu sabia que depois da mudança nas regras você não desistiria, mas isso é quase suicídio Kat.
– ele sussurra – Você sabe que comigo você não tem quase chance nenhuma, você tinha que ter
continuado com a Rue e...

Eu o interrompo, eu não ia aguentar ouvi-lo falar assim agora que eu cheguei tão longe.

– Não pense assim, você acha que eu iria me arriscar tanto para vê-lo tentando morrer. – eu falo
– Acredite, eu não estou tentando. – sua voz sai fraca – Obrigada por me encontrar.

Eu o beijo, como eu senti saudades dele, apesar de seus lábios estarem mais quentes que o
normal, ele continua me passando a confiança de sempre. Eu ouço um grito de surpresa e me viro
desesperada a procura da Rue, ela aparece na entrada da caverna com um paraquedas na mão e me
entrega. Eu tento não ficar ansiosa, mas é inevitável não me decepcionar ao achar uma sopa, eu divido
a sopa entra a Rue e o Peeta, que so come depois de muita insistência.

A noite cai, e eu vejo o Peeta colocar a Rue ao seu lado para que ela se mantenha quente à noite,
e ela logo dorme. O olhando assim eu me lembrava da forma com a Pearl dormia rápido com ele. E ele
me olhava como sempre, com seus olhos brilhando encantados.

– Você não vai dormir? – ela fala baixinho, para não acordar a Rue.

– Eu tenho que ficar de olho. – respondo.

– Pode deixar que eu olho, quando eu estiver cansado eu te acordo. – ele estica os braços que
não está apoiando a Rue.

Eu me aconchego em seu braço e suspiro, a saudade que eu sentia do seu abraço, de tudo que
fazia parte do Peeta, eu o beijo novamente.

– Eu te amo. – eu falo.

– Eu também te amo. – ele sussurra.

Antes que eu perceba já estou dormindo, e acordando também, mas não foi o Peeta que me
acordou, eu acabei acordando sozinha, olhei para o céu e via que ainda era noite, de madrugada pelo
vento frio que entrava. O olho também e ele parece um pouco melhor, a febre parece ter baixado. Ele
também me olha, e quando percebe que acordei me aperta mais em seu braço, levanto minha cabeça
um pouco e vejo que a Rue ainda dorme, agora virada para o lado e lá, mas ainda perto o suficiente para
se esquentar com o calor do Peeta.

Aproveitando a minha proximidade, o Peeta me beija, eu aproveito todos os minutos, mesmo


que nós estejamos nas telas agora, eu não me importo, tudo que eu queria era poder estar em casa com
ele me preparando para mais um dia com a Pearl e ele na floresta, e inconscientemente durante o beijo
eu me sentia em casa.

Quando ele me soltou eu ri, e ele me olhou como se eu fosse maluca.

– Qual é a graça? – ele me questiona.

– Você me faz sentir em casa, e bem, eu estava me lembrando de que eu acordava assim todos
os dias. – eu respondo.
– Sim, eu também tenho me lembrado de muitas coisas. – ele fala com a voz num sussurro.

– Do quê? – eu quero saber.

– Você brigando comigo por dar muitos biscoitos a Pearl, e eu fingindo que dormia para você
pedir para a Pearl me acordar com seus gritos, até ela começar a rir, e eu não aguentar mais. – eu rio
com as lembranças.

– Sim, você realmente exagerava com os biscoitos. – eu falo.

– Ela amava os meus biscoitos. – ele contra ataca.

– Sim, mas biscoitos demais da dor de barriga. – eu reclamo.

– Ok, ok, você sempre vence. – ele fala com ar divertido.

Eu o olho com ar intrigado, se ele estava falando do jogo, eu não estva vencendo.

– Eu também vi você, não numa lembrança, mas você me ajudava a fugir. Bem, eu tenho feito
algumas coisas. – falo antes que ele me pergunte do quê eu fugia.

– Eu acho que você tem que me colocar a par das coisas. – ele fala.

Então eu começo, falo como a Rue me encontrou, como eu derrubei as tracker jacker em cima
dos carreiristas, a nossa ideia de destruir a comida deles, da forma que eu salvei a Rue do menino do 1
e tive que matá-lo, e minha aventura o procurando.

– Então só restam sete de nós? Sendo que se têm três casais do mesmo Distrito. – ele fala – Com
certeza o garoto do 2 já deve estar cantando vitória.

Eu concordo, eu não tinha pensado que essa nova regra beneficiava aos outros tributos, eu só
havia pensado em mim e no Peeta, e depois na Rue.

– E ela? – o Peeta fala da Rue.

– Ela não quer se juntar a ele, ela falou que ele não se juntaria a ninguém e que tem medo dele.
– respondo.

– Parece que além de nós e dos carreiristas é realmente raro que os tributos se tornem meramente
amigos. – ele pondera.

Aceno positivamente.

– Ele teria muito mais chance se ele se juntasse a ela, - falo a olhando – ela é impressionante,
muito inteligente e forte, corajosa para uma pessoa tão pequena. De alguma forma, e eu não sei por que,
eu sinto uma coisa tão forte por essa menininha, eu me orgulho tanto dela.
Eu noto que o Peeta me olhava encantado, ele estica a mão e faz um carinho no meu rosto, tão
suave que eu fecho os meus olhos.

– Abra os olhos. – ele fala, e eu obedeço prontamente – Eu senti tanta saudade de você, da sua
coragem, você me dá forças. Eu também senti falta dos seus olhos.

– E eu dos seus. – falo, eles eram o meu céu.

Ele abre um sorriso cansado, e eu percebo que ele tem que dormir.

– Pode dormir. – eu falo fechando seus olhos, e faço um carinho constante na sua cabeça, sua
respiração fica uniforme e eu sei que ele dormiu.

Olho para fora da caverna e o sol está quase aparecendo, eu saio e vejo o quanto está quente,
apoio a minha mão nas rochas e ela quase as queima, tenho uma ideia e faço uma sopa, eu pego uma
pedras pequenas e coloco na água enquanto moo as ervas e misturo com algumas raízes que sobraram
da Rue e alguns pedaço de carne, e eu tenho comida o suficiente para o café.

Antes de voltar eu faço algumas armadilhas, quando a Rue acordar talvez eu possa sair para
caçar.

Quando eu volto para caverna a Rue já esta acordada e parece preocupada com o Peeta, já que
frequentemente coloca a sua mão na testa dele, eu imagino que a febre tenha voltado.

– A febre voltou? – pergunto e ela assente.

– Eu acho que você deve dar uma olhada no corte. – depois da atadura eu não tinha mais o
checado.

Eu dou um pouco da sopa a ela, que começa a comer, e o mais suave que posso para não acordá-
lo retiro a atadura e arfo de surpresa. Está claramente pior, não há mais pus, só que estava inchado e
listras vermelhas subiam por sua perna. Envenenamento sanguíneo, isso pode mata-lo, eu preciso de
um antibiótico muito forte do Capitol, e eu não sei se o Haymitch conseguiria fazer com que os
patrocinadores nos ajudassem nesse momento.

Eu suspiro segurando a vontade de chorar, e cubro a ferida novamente, procuro no Kit mais um
remédio para a febre e o acordo para ele comer.

– Você tem que comer. – ele franze o rosto um pouco mais obedece.

Eu quase derrubo a sopa quando um som de trombetas me assusta, vejo a Rue correr até a boca
da caverna e fico completamente calada esperando Claudius Templesmith falar, ele diz sobre um
banquete, e u prontamente descarto a ideia, nós não precisamos disso. Já estou me virando para dar a
comida ao Peeta, quando ele continua.
– Esperem, eu sei que cada um de vocês precisa de algo desesperadamente, - sim, eu preciso de
um remédio desesperadamente – cada um de vocês vai achar esse algo numa mochila com o número do
seu Distrito ao amanhecer na Cornucópia. Pensem antes de recusar, pode ser a sua última chance.

Sim, a minha última chance, percebo que deixei passar o meu desespero para o meu rosto
quando o Peeta começa a mexer o rosto em sinal negativo.

– Não, você não vai sair daqui. – a sua voz sai quase como um grito – Você não vai arriscar a
sua vida por mim.

– Você não tem como me impedir. – eu falo

– Quem disse que não? Eu posso ir atrás de você, nem que seja me arrastando.

– Por favor, Peeta, não faça isso, eu não posso ficar aqui sabendo que eu podia te salvar. –
sussurro.

Ele suspira.

– Eu não vou morrer, e aí nós só temos que ganhar, por favor, não faça isso. – ele balança a
cabeça com tanta força que seria capaz de arrancá-la.

– E se fosse você? Você não iria se eu implorasse? – ele não responde e chagamos num impasse,
ele faria o mesmo por mim, e mesmo assim não aceita que eu vá.

– Eu vou com ela Peeta, eu a protejo, duas são melhores que uma só. – a Rue tenta me ajudar.

Eu sei que não vai funcionar, ele não deixaria a Rue ir atrás de mim da mesma forma que ele
não deixaria se fosse a Pearl ou a Prim.

– Não a Kat, você ir já é ruim o suficiente, mas vocês duas, eu não aceitaria se uma de vocês se
machucasse, imagine se acontecesse algo as duas. – ele fala – Eu não deixo, vocês não vão para lugar
nenhum.

Eu suspiro, insistir não me levaria a lugar nenhum.

– Tudo bem, nós não vamos, ok? – me rendo – Agora coma.

Certo de que tinha me convencido, ele comeu com uma nova energia, mas eu ainda não tinha
desistido só não sabia como eu ia convencê-lo. E depois lhe dou o remédio, e deixo ele dormir
novamente.

Eu volto para fora da caverna, pensando que do lado de fora eu posso pensar melhor, bem a
tempo de ver o paraquedas descer na água, antes que eu possa pegá-lo a Rue já o tem nas mãos e
caminha na minha direção.
– O que você acha que é? – pergunta.

Eu dou de ombros, sem quere parecer tola ao pensar que é um remédio. Quando eu consigo tirar
o tubo, eu quase grito em êxtase, ele conseguiu, eu não preciso me preocupar mais com o Peeta, mas
depois eu me atento ao fato de que o frasco é tão pequeno que não seria o suficiente, então o abro
querendo ter certeza e seu cheiro me faz perder todas as esperanças, é muito doce para ser um
antibiótico.

Uma lembrança me abate, a minha mãe tinha uma garrafa disso em casa, era para dormir, mas
o que eu faria com isso.

– Sonífero. – falo a Rue.

Ela parece entender o sentido disso tudo, e eu faço uma pergunta muda com meus olhos.

– Se ele dormir, nós podemos sair e voltar e ele nem vai perceber. – ela fala e tudo faz sentido.

Eu quase rio, o Haymitch é um gênio.

– Muito obrigado, Haymitch. – falo sorrindo.

Chapter Twenty Six

Notas iniciais do capítulo


Gente, você estão me deixando maravilhada a quantidade de comentários que eu recebi no ultimo
capítulo foi sensacional, continuem assim. Eu queria agradecer as novas leitoras, como a manuzz e
a Sandy e Thaís Maddox. Por que eles me botaram lá em cima e elogiaram tanto, esse capítulo é
para vocês.

– Mas como eu vou dar isso a ele? – pergunto a Rue.

– Bem, as bagas que eu te mostrei são doces, ele não vai sentir muito a diferença. – fala.

Ela colhe algumas e eu as moo e misturo com o remédio, coloco hortelãs também, o pior é que
eu nem posso provar para saber se ficou ainda muito doce. Eu faço um pouco para mim e Rue, para ele
não achar tão estranho o fato de não estarmos comendo. Eu não volto imediatamente, ainda está cedo e
não quero acordá-lo, por isso me divido com a Rue e checamos as minhas armadilhas algumas
capturaram um coelho ou outro, o resultado é suficiente para que não precise caçar. No fim eu frito um
com uma fogueira que eu fiz, e divido com a Prim e guardo uma parte para o Peeta.

Nós voltamos para a caverna e ele já havia acordado, seus olhos passavam por todo lado da
caverna, e um suspiro escapou dos seus lábios quando ele nos viu.

– Não suma assim, eu fiquei preocupado. – diz

– Desculpe é que nós estávamos checando as minhas armadilhas, e achamos essas bagas doces,
eu trouxe para você, mas só vou te dar se você comer um pedaço do coelho. – falo.

Ele franze um pouco o rosto, mas depois de alguns minutos ele consegue comer um bom pedaço
do coelho, e eu lhe dou a mistura com as bagas. Ele parece um pouco incomodado com o sabor, mas no
começo não fala nada.

– São muito doces. – ele reclama.

– Sim, Rue as achou, eu achei que você fosse gostar. – continuo dando a ele, faltava pouco.

– Bem, elas são um pouco familiares. – fala tentando se lembra da onde ele as conhece.

– Não é tão fácil de acha-las, elas são silvestres. – a ultima colher já foi e não me importo se ele
pode as reconhecer ou não.

– Elas parecem xarope. – eu vejo seus olhos se arregalarem antes que ele caia no sono.

Eu sei que eu vou ter que enfrentar a sua fúria quando voltarmos, mas vale a pena. Nós ainda
temos tempo, então eu tento camuflar a entrada da caverna, uma medida tomada depois de uma pequena
discussão em que eu tento convencer a Rue a ficar aqui, sem sucesso.

– Nós duas não precisamos nos arriscar Rue, você pode ficar. – tento a convencer.

– Eu já falei Katniss, duas são melhores que uma e o Peeta vai estar protegido, ele nem vai fazer
barulho. – eu suspiro, eu não seria capaz de botá-la para dormir também então eu aceito.

Nós comemos o que resta do coelho, eu deixo ela dormir, mas eu não me arrisco a perder a hora,
está muito frio e eu me sento muito próxima a Peeta, aproveitando a quentura da sua febre, e vejo o
tempo passar devagar, quando o lua some do meu campo de visão, eu arrumo algumas coisas próximas
ao Peeta, eu não acho que ele vá acordar, mas eu prefiro o deixar com algumas coisas ao seu alcance.

Antes de sair eu ainda o observo um pouco pensando no quanto ele vai reclamar quando
voltarmos, mas eu sei que vale a pena, mexo em seus cabelos por alguns minutos e beijo a sua testa.
Nós saímos e o frio gela os ossos, a respiração si em forma de nuvens, mas nós seguimos o mais
rápido que podemos. Chegamos ao local e eu não percebo nenhum sinal de outro tributo, eu dou
agradeço por ter a Rue aqui, nos sentamos uma juntinha da outra e conseguimos nos manter um pouco
quentes. O tempo passa e a arena se ilumina, por um momento eu penso que tudo foi um motivo para
nos colocar todos num só lugar, quando o chão se abre em frente a Cornucópia e uma mesa aparece, as
quatro mochilas estão em cima da mesa, a ultima que provavelmente é do 12 é tão pequena que quase
me parece um insulto o risco que eu corro por ela.

Eu nem tive tempo de respirar e a Foxface surgiu na campina, pegou a mochila verde e saiu
correndo, ela é esperta pegando só a dela não corre nenhum risco de ser perseguida por algum de nós.

Com um olhar para a Rue que indica que ela deve me cobrir daqui, eu sigo até a mesa correndo
a toda, antes de conseguir pegar a mochila, ouço o zunir da faca e desvio um segundo antes que ela me
atinja, viro e vejo a garota do 2 muito próxima, preparo uma flecha que atinge o seu braço esquerdo, o
que a retarda. Eu pego a mochila, um minuto de distração e a minha testa tem um corte que escorre
muito sangue e quase me cega. Eu vejo a Rue aparecer na campina, quase grito para que ela volte, mas
a carreirista a veria e a usaria contra mim, então só preparo mais uma flecha, que nem chega perto de
acerta-la mais a distrai. O corte me deixa lenta e quando ela resolve partir para cima de mim, a Rue
aparece com a sua faca e quase a acerta, se ela não fosse tão pequena, vejo em choque a tributo do 2
derrubar a Rue, eu preparo a minha flecha tarde demais, e ela havia acertado a Rue em cheio.

Um grito angustiado sai dos meus lábios, e eu com uma força renovada solto a flecha
atravessando o seu pescoço, não me preocupo se o parceiro dela iria aparecer e sigo em direção a Rue
me ajoelhando a seu lado, um fio de sangue sai de sua boca.

– Por que você fez isso? – as lagrimas caem livremente pelo meu rosto.

– Eu prometi te proteger, eu não voltaria para casa. – um sussurro quase imperceptível era a sua
voz – Eu fico feliz por vocês ganharem Katniss, agora vá o Peeta precisa de você.

Eu choro mais ao ver o quanto responsável e inteligente ela parece nesse momento.

– Não, não Rue, não vá. - eu imploro por ela.

– Obrigado por cuidar de mim Katniss. – eu que tenho que agradecer Rue.

– Obrigado Rue, por tudo! – eu beijo a sua testa, eu não queria ter que deixa-la aqui, mas eu não
tinha forças para tirá-la daqui, então corro para floresta e pego um punhado de flores e as prendo como
se fosse um buquê, coloco em cima do seu corpo junto com as suas mãos e beijo a sua testa novamente.

Eu fujo quando escuto passos se aproximando da campina, corro o mais rápido que posso
resistindo ao impulso de me enroscar no chão e chorar, piora quando eu ouço os dois canhões indicando
que as duas morreram. Eu chego à caverna e me espremo para passar pelas pedras, com as mãos trémulas
eu tiro o que tem dentro da mochila, uma agulha hipodérmica e pressiono contra o braço do Peeta, largo
a agulha em algum canto da caverna.

Eu me aperto contra ele e choro até cair na inconsciência, só lembro de ver o meu sangue
encharcar a camisa do Peeta.

Abro os meus olhos de uma vez, e fecho eles novamente sem conseguir enxergar nada.

– Kat? Kat? – a voz do Peeta chega baixinho nos meus ouvidos, seguida por um barulho de
chuva forte. – Você consegue abrir os olhos?

Eu os abro mesmo sem ver muita coisa inicialmente, até que ele entra em meu campo de visão.
Eu suspiro de alivio, ele parece bem. Eu tento me sentar, mas ele me impede, a minha cabeça dói muito.

– Ei, não pode levantar, quando eu acordei você estava toda suja de sangue, e eu também, eu
pensei que fosse algo sério e você não acordava. – suspira – Depois eu vi o corte na sua testa, não
sangrava mais e eu fiz um curativo.

Ele não parecia disposto a brigar comigo, nem parecia zangado.

– Kat? O que aconteceu com a Rue? – ele me olhou cuidadoso e sua voz não era mais que um
sussurro, o suficiente para me fazer chorar novamente.

Ele me aconchega em seus braços novamente, e eu só faço chorar por alguns minutos.

– Eu tentei deixa-la aqui, só que ela estava determinada a me proteger. A garota do 2 a matou
quando ela tentou me defender. – respondo.

– E você a matou. – ele não pergunta, afirma, e eu o questiono de como ele sabe – Apareceu no
céu ontem.

Eu mexo com a cabeça em sinal de que tinha entendido.

– Você está com fome? – ele pergunta.

Eu afirmo e ele nos serve com algumas ervas e raízes, eu não tenho condições de caçar e essa
chuva certamente não vai parar agora.

– Para quem é a chuva? – questiona

– Eu acho que é para o garoto do 2 e Tresh, a Foxface foi a primeira a aparecer e fugir. –
respondo.

– Foxface? – ele não sabe quem é.


– Sim, sim a ruiva, ela é do cinco eu acho, muito esperta, vive sozinha comendo as coisas que
os outros tributos conseguem sempre que podem sem que eles vejam, muito rápida e silenciosa. –
explico, ele parece não se lembrar dela, mas assente como se tivesse entendido.

– Você devia dormir. – ele fala, não espera uma resposta e se deita junto comigo no saco de
dormir e me puxa para ele.

Ele me acordou algum tempo depois e eu me sentia bem o suficiente para sentar, comemos o
resto da comida com esperanças de que a chuva passasse no outro dia. Eu não tenho sono, nem ele
parece ter, então nós só ficamos lá deitados, comigo apoiada em seu peito.

– Você devia dormir. – dessa vez sou eu que sugiro a ele.

– Não, eu acho que já dormir o suficiente por uns bons dois dias. – ele fala com a voz um pouco
magoada.

– Sobre isso, olhe Peeta... – ele me interrompe.

– Sim, sobre isso, não tente nada minimamente perigoso para você novamente para me proteger
ou me salvar Katniss. – Wow, Katniss, a coisa é séria – Nós viemos aqui coma ideia de te leva para
casa, se colocar em perigo nunca esteve nos meus planos, eu iria te proteger.

– Mas Peeta nós estamos bem. – eu falo.

– Não nós não estamos bem, você pensa que isso é motivo o suficiente para pensar que o que
você fez está certo e não está. – retruca. – Nunca, nunca na sua vida se coloque em perigo por mim.
Imagine se acontecesse algo a você, iriamos os dois morrer.

Eu estremeço um pouco e ele sabe que ganhou nesse ponto. Eu não falo nada, eu havia
conseguido salva-lo e ele não poderia me impedir mais.

Chapter Twenty Seven

Notas iniciais do capítulo


Eu fiquei muito feliz com os resultados do outro capítulo, feliz em saber que vocês entendem a
forma que eu penso e o caminho que a fic está tomando.
Eu amei fazer esse capítulo, e espero que vocês gostem também.
Uma noite, e quase um dia inteiro havia se passado e a chuva não parava, e a nossa fome nos
deixava sem forças para fazer qualquer coisa, e o frio também nos consome, o sono também parece que
nos fugiu por essa noite e o Peeta resolveu que era melhor ficarmos falando.

– Qual foi a melhor noite da sua vida? – ele me pergunta, eu franzo o rosto, a melhor noite da
minha vida?

– Bem, talvez a que a Pearl nasceu. – eu falo, ele sorri. – Apesar de nenhum de nós dois
conseguir dormir, e ela chorar a cada duas horas, foi emocionante, eu só conseguia vê-la, tão pequena
e precisando de mim, de nós.

– Eu lembro que a gente não conseguia dormir porque ficávamos os dois bobos, babando por
ela na frente do berço. E como você pulava toda vez que ele fazia um pequeno barulho. – ele riu e eu
acompanhei.

– E a sua melhor noite? – devolvo a pergunta

– Já que você falou essa, eu estou pensando em outra a noite do nosso casamento. – ele falou
sorrindo – Eu esperei tanto por tudo aquilo e te ter para mim de verdade foi perfeito.

– Apesar de eu ter dormido logo depois. - eu falo o fazendo rir.

– Você nem podia evitar, tão gravida do jeito que estava. - diz – E a segunda melhor?

– Me deixe pensar. – suspiro repassando algumas imagens na minha cabeça – Sabe a primeira
noite em que você dormiu comigo?

Ele assente.

– Então para mim foi... Especial. Você cuidou de mim, o pesadelo tinha sido horrível, e você
conseguiu me distrair tão bem que logo depois eu já estava dormindo. – ele suspira, e eu rio um pouco
– E a sua?

– Ela não é totalmente boa, mas uma parte dela é inesquecível. – agora ele sussurrava – À noite
antes da colheita foi uma surpresa muito mais que agradável.

Eu coro totalmente, e ele ri de mim.

– Não ria de mim. – eu falo escondendo a minha cabeça e seu peito.

– Você é adorável. – ele fala me puxando mais para perto.


– Para mim também. – ele franze o cenho.

– Como?

– Ela também é uma das melhores noites para mim. – ele entende e sorri.

Ele está tão irresistível agora sorrindo que eu o beijo.

– E os dias? – eu pergunto a ele.

– Eu gosto muito da primeira vez que a Pearl mexeu, eu falei com você e ela que respondeu
lembra? – eu afirmo – Então foi tão emocionante, eu senti aquele serzinho respondendo a minha voz,
foi ali que eu tive certeza que eu ia ama-la mais que tudo.

– Eu gosto da parte do banho, como ela ri com a água. A vez que você deu banho nela, você
saiu mais molhado que ela. – nós rimos.

Eu olho para ele e vejo tudo que me importa, a nossa vida mesmo cheia de caminhos errados,
ficou perfeita quando nós nos encontramos, eu achei o meu caminho e ele realizou o seu sonho. Ele
parece pensar a mesma coisa, porque me beija, ele consegue me fazer esquecer tudo por alguns instantes
até ouvirmos um barulho de metal que quase me faz correr até as flechas, mas ele me impede e vai até
a boca da caverna ele parece ver algo que interessa, pois se curva e pega algo.

Um paraquedas, um presente do Haymitch e não podia vir numa hora melhor, os nossos
estômagos quase dão vivas. Comida, pães, queijo, maçãs e cozido de carneiro com arroz.

– Parece que ele resolveu nos ajudar um pouco. – ele fala impressionado.

– Eu também acho. – eu percebo que a minha voz também sai um pouco impressionada.

– Eu acho que nós devíamos comer. – diz

– Sim, mas vamos devagar, nós estamos com muita fome e se comermos muito depressa vamos
acabar passando mal. – ele concorda.

Então dividimos a comida em uma pequena porção para cada um, e a comida foi quase toda em
uma colherada, mas me forço a comer devagar, quando acabo o buraco no meu estomago não fica nem
um pouco menor.

– Eu continuo com fome. – o Peeta fala.

– Eu também, mas eu acho que devíamos esperar um pouco. – digo

– E vamos fazer o que enquanto esperarmos? – pergunta.


– Eu estava pensando - ele assente me pedindo para continuar – como será que vai ser voltar
para casa. Bem, não é como se eu não estivesse ansiosa para isso, mas é que nada vai ser como antes,
nós vamos ser famosos, mudar de casa, ser vizinha do Haymitch.

– Oh, sim, eu estou me lembrando de que eu te prometi que nós teríamos uma casa só nossa um
dia, lembra? – questiona.

– Sim, eu só não imaginei que seria assim. – sussurro.

– Será que um dia eu juntaria dinheiro o suficiente como padeiro para isso. – ele também
sussurra mais pensando do que falando comigo.

– Não sei, como será que a Pearl está? Faz um tempo que eu não penso muito nisso. – eu me
aperto contra Peeta, está fazendo muito frio. – Será que ela já está engatinhando?

– Eu espero que não, eu queria ver isso. Mas eu não ficaria muito surpreso se ela estivesse, ela
costuma ser muito inteligente. – ele fala

– Sim. – um silêncio cômodo se instala, e eu me aconchego mais a ele.

– Quem você acha que vai ganhar essa briga? O garoto do 1 ou Tresh? – ele pergunta de repente.

Eu paro para pensar, eu não conheço muito o Tresh só me parece que ele é muito inteligente,
mas o garoto do 2 é muito cruel e inteligente também, talvez a única forma dele perder seja por seu
temperamento forte e impulsivo.

– Eu acho que o garoto do 2 ganha. – eu tenho uma pequena rixa com ele e não me importaria
nem um pouco se ele fosse o nosso ultimo adversário.

– Eu também acho, não que eu esteja ansioso para vê-lo.

– Acho que nós já podemos comer de novo. – digo ansiosa para pegar na comida novamente.

O Peeta assente ele parece distraído com algo do lado de fora e eu coloco a mesma quantidade
de comida em nossos pratos novamente.

– Katniss? – eu olho para ele mais ele não vê, então tenho que fazer um barulho para indicar
que estou ouvindo. – O Tresh morreu.

Foi mais rápido do que eu imaginava, mas o resultado não foi nenhuma surpresa.

– Bem, nós estamos um passo mais perto de casa. – eu falo, mas não é como se uma vida fosse
tão banal assim – Agora coma.

Nós comemos, mas não é como antes nada tem o mesmo gosto, e nós poderíamos estar sendo
caçados neste momento.
– Eu creio que agora um de nós deve ficar de vigia enquanto o outro dorme. – o Peeta fala. –
Quer dizer de verdade, porque eu acho que cochilei algumas vezes.

– Sim, eu posso começar se você quiser.

– Ok.

Ele se ajeita no saco de dormir, mas antes ele se vira e me puxa.

– Eu te amo, nunca se esqueça disso. – eu o abraço – Eu estou aqui.

– Eu também te amo. – eu o beijo, ele suspira e se deita.

Eu estou aqui.

Nesse momento o que eu mais poderia querer do que ele aqui comigo, talvez nós dois em casa
juntos com a Pearl. Por mais que eu tivesse deixado escapar que ele não se importava com ela, eu sabia
que era mentira, e tinha me arrependido disso no instante em que saiu da minha boca. Eu ainda não
entendia o que tinha me motivado naquele momento e nem sabia se eu ia conseguir convencê-lo algum
dia de que aquilo foi um impulso, mas eu tinha certeza do que eu sabia agora e não havia pai mais
dedicado que ele, nem que pudesse ama-la mais.

Agora que nós estávamos tão perto do fim, eu me preocupava cada vez mais em como seria
voltar para casa. Com a minha vida com o Peeta eu não tinha duvida alguma, eu o amava, ele me amava
e essa experiência com certeza nos uniu mais ainda, ninguém além de nós sabe o que é passar por isso,
e nenhuma outra pessoa entenderia a mim e a ele depois disso. Mas a minha preocupação era em relação
a minha vida e a dele, eu tenho certeza que ele continuaria fazendo pães e eu caçando, porém eu sabia
que as pessoas nos veriam como heróis, os vitoriosos, e todo o nosso desafio maior por sermos casados,
termos uma filha, e termos conseguido voltar para casa junto – se isso realmente acontecesse – só faria
essa fama aumentar.

Saber que a minha vida nunca mais seria a mesma me assustava, eu não imaginava o quanto
isso afetaria a minha vida no Distrito e eu acabava de constatar mais um fato. Eu veria tributos morrerem
todos os anos, veria dois adolescentes do meu Distrito, os treinaria, e provavelmente, se eu tivesse sorte,
um deles voltaria, mas com certeza isso não me deixaria mais feliz.

Antes que qualquer uma dessas coisas ocupasse um espaço maior na minha mente e afetasse os
meu rendimento no resto dos jogos acordei o Peeta, mais da metade da noite já havia passado e eu fiquei
com medo de acabar cochilando.

– Ei, Boa madrugada Kat. – fala com a voz rouca de sono e eu rio um pouco.

Ele se ajeita e senta, e eu deito, me enrolo no saco de dormir e fico bem próxima a ele que
estende o seu braço para que quase fique a minha volta, se curva e me dá um selinho.
– Boa madrugada Peeta. – falo já a meio caminho dos sonhos.

Quando ele me acorda eu vejo que o sol está subindo no céu, essa é exatamente a hora em que
nós acordamos em casa.

– Bom dia Peeta. – falo e ele sorri.

– Um bom dia, enfim nós vamos poder sair em? – eu sorrio de volta.

– Não sem antes um bom café. – então nós terminamos de comer o que o Haymitch nos mandou.

Preparamo-nos para sair e eu deixo o Peeta com uma faca, nós começamos a andar em direção
a floresta adentro, enquanto andamos pelas rochas estava tudo bem. Não podíamos ir muito rápido, mas
chegamos facilmente à floresta. Mas assim que chegamos lá às coisas complicam, eu percebo que vai
ser mais difícil do que eu pensava, a perna do Peeta não ajudava e se antigamente ele era silencioso e
conseguia pelo menos passar despercebido pela floresta, agora ele parece uma manada de bichos
correndo sem medo algum de serem descobertos. Eu o olho e ele parece fazer um grande esforço para
não fazer barulho, mas assim que dá um passo ele se assusta com o barulho que faz e quase pula, eu
não resisto e rio.

– Me desculpe, mas eu não consigo Kat, eu acho que eu devia fazer algo diferente, você quer
que eu busque algumas raízes? – eu o olho e vejo o quanto ele parece decepcionado com si mesmo, eu
suspiro e tento o fazer se sentir o melhor possível.

Chapter Twenty Eight

Notas iniciais do capítulo


Oi pessoas, como vocês estão? Eu estou amando todos os comentários e a quantidade deles, eu
respondo todos mas se mesmo assim ficar alguma duvida podem perguntar, ok? Mandar
mensagem privada, comentar novamente, eu amo responder as duvidas e saber que você estão se
interessando pelo andamento da fic.
Ele aprende facilmente um sinal de assobio e eu me permito me afastar para caçar, longe dele
os sons da floresta chegam a mim e rapidamente eu consigo dois coelhos e um esquilo. Eu volto fazendo
o sinal, sem respostas por Peeta, então eu começo a correr. Encontro a mochila e várias raízes ao lado.

Eu estou prestes a gritar por ele, quando o vejo fazendo um sinal para mim com as mãos. Bem
claro:

Venha para cá, sem fazer barulho!

Eu me encaminho para lá como se ainda não o tivesse visto, quando eu chego me agacho ao seu
lado e observo.

– Ela estava me seguindo, eu estou fazendo muito barulho, mas o meu ouvido ainda é
minimamente bom. – ele fala e eu não entendo de quem ele fala.

– Quem? – pergunto.

– Ali, a menina de cabelo ruivo. – responde.

Eu olho e a vejo, seu cabelo vermelho chama atenção em meio às folhas das árvores, ele se
dirigia a mochila do Peeta, chocada eu a vi pegar um pouco das raízes e das bagas que ele havia coletado.
Preparei-me com uma flecha para acerta-la, mas ela sai tão rápido quanto chegou.

– Ela é muito esperta. – o Peeta fala saindo de trás da árvore.

– Sim, nós tínhamos uma chance da pegá-la Peeta. – eu falo ainda meio espantada. – Eu não fiz
nada.

– Bem, eu fiquei meio que sem ação, ele crê muito nas próprias habilidades, sair assim. – ele
anda mancando um pouco ainda em direção à mochila e se senta. – Eu não esperava nada desse tipo.
Você quer? Eu as encontrei, são aquelas bagas de Rue.

Eu me sento ao seu lado e as pego, antes que eu as colocasse na boca um som de canhão me
assusta e interrompe o que o Peeta havia começado a falar. Ele se esforça para levantar rapidamente.

– Vamos, se o Cato a pegou aqui perto ele pode nos achar muito rápido. – eu me deixo levantar,
mas o interrompo.

– Não, ele não vai nos achar, foi você Peeta. Você a matou. – ele me olha confuso. – Essas bagas
não são as da Rue. Elas são um tipo venenoso, Fechos da noite, meu pai me mostrou ela uns anos atrás.

– Meu deus, eu podia ter... – ele estava irritado consigo mesmo. – Eu podia ter morrido, me
desculpe Kat.
– Tudo bem, você acabou acertando de qualquer forma, só resta a gente e o garoto do 2. – eu
peguei o resto das bagas para jogar fora, mas o Peeta me impede.

– Não, eu acho que devemos guarda-la. Quem sabe nós não fazemos o garoto do 2 de idiota
também. – eu duvidava disso, e sabia também que as intenções do Peeta eram bem mais obscuras que
isso, mas deixei que ele as guardasse.

– Vamos fazer uma fogueira. Ele não vai se arriscar a vir atrás de nós depois de ver que matamos
a Foxface, e com o fogo vai pensar que queremos atraí-lo. – ele assente seguindo o meu raciocínio.

Eu junto galhos e folhas secas e o Peeta rapidamente faz uma fogueira, asso tudo e guardo a
maior parte, comemos uma parte do coelho e começamos a andar. Eu queria poder ficar numa árvore,
mas eu sabia que a perna do Peeta não o deixaria subir.

Demoramos algumas horas para chegar à caverna e quando chegamos, estamos tão cansados e
famintos, que o Peeta se enrosca no saco de dormir, e eu vou comer deixando a parte dele para quando
ele quisesse.

Preparo-me para ficar com o primeiro turno de vigia e me aproximo do Peeta, que me
surpreendendo – eu achei que ele estivesse dormindo – me puxa e me abraça.

– Eu fico tão feliz que você esteja aqui. – eu sussurro – Quando eu não te achei, eu pensei que
o garoto do 2 tivesse te achado. Nunca mais faça isso, eu sei que foi por causa da menina, mas nunca
mais faça isso.

– Me desculpe, eu não queria assustá-la, e bem parece que eu não fiz muitas coisas certas hoje.
– ele suspira – Por mais que nós estejamos mais perto de casa agora, não foi honesto, não foi certo.

– Só pense em casa, nós estamos a um passo de casa. – eu suspiro. – Você quer comer agora?

– Não, você pode dormir Kat, depois sou eu. – falo.

– Eu também não quero, vamos ficar aqui os dois. – ele sorri.

– Eu te amo, muito. – ele me aperta contra ele. – Mais a cada dia.

– Eu também te amo, muito. – falo – Sempre.

Ele me beija, estar com ele, independente de qualquer coisa, me alegrava demais.

Eu acabo dormindo sem perceber, e quando acordo o dia está quase amanhecendo, eu fico alerta
porque o Peeta não está ao meu lado, mas quando levanto ele está na boca da caverna, olhando para
fora como quem não vê nada.

– Você me deixou dormir a noite toda? – falo, e ele se assusta.


– Eu não estou com sono, quer dizer posso até estar, mas não vou conseguir dormir. – eu sabia
que mesmo por ter matado ela sem querer, ele sofria por isso.

– Eu sei, você já comeu? – ele assente e eu me junto a ele.

Eu tinha que distraí-lo, só não sabia como.

– Naquele dia em que eu meio que falei que você não se importava com a Pearl, a única coisa
em que eu pensava quando você saiu era em quanto você é bom para mim. – ele me envolveu com seus
braços e esperou que eu continuasse. – Você simplesmente me faz ver o quanto eu posso ser errada ou
grossa com as pessoas sem saber, mas não me julga, me faz ver que o que eu disse era errado sem brigar
ou se exaltar. Eu ainda não sei o que me fez falar aquelas coisas. Você tem o que qualquer pessoa
precisa para ficar comigo, paciência, e isso me faz amá-lo cada vez mais.

Ele se virou para mim e sorriu, seus olhos estavam levemente molhados pelas lágrimas, e ele
me beijou. Eu o interrompo, não havia terminado ainda.

– E mesmo que eu seja tão idiota às vezes, você é o melhor pai que a Pearl poderia querer, você
faz tantas coisas por ela, você a ama muito e eu sei que é de verdade. – eu falo sussurrando por que o
Peeta estava muito próximo a mim e não parava de me dar selinhos. – Então só pense no que te espera
se nós voltarmos para casa, a Pearl vai estar lá, possivelmente com algum dente e engatinhando, o seu
pai, a nossa família só que agora muito melhor.

Melhor porque teríamos um pouco mais de dinheiro, não que antes tivesse sido ruim, mas depois
de Peeta tudo na minha vida era melhor.

– Sério você me deixou sem palavras e olhe que isso é muito difícil. – eu rio. – Eu te amo,
sempre. Por mais que nesse momento eu me sinta um inútil, você consegue fazer com que tudo fique
melhor.

– Então você devia dormir. – falo o empurrando para o saco.

– Sim, senhora.

Ele deita e eu faço um carinho constante em seu cabelo até que ele durma, eu fico feliz por ter
conseguido me expressar, apesar de ser nesse momento, o Peeta precisava de um incentivo, ele estava
se sentindo inútil, como ele mesmo disse, e eu não podia deixar isso assim.

Ele não era inútil, e nunca vai ser, só a sua presença era tudo para mim. Eu não iria – pelo menos
não mais – aceitar voltar para casa sem ele, eu não tinha total certeza se os Gamemakers iriam cumprir
a sua regra, e hoje quando eu vi aquelas amoras... Eu pensei muito nessa possibilidade – apesar de no
fundo eu saber que nunca faria isso com a Pearl – a ideia me tentou e eu as guardei. Nem que fosse só
para me dar alguma esperança de ficar para sempre com o Peeta, em qualquer lugar.
Chapter Twenty Nine

Notas iniciais do capítulo


Eu tenho que agradecer de todo o coração a Thais Madoxx pela linda e simples recomendação, ela
disse que eu fiz ela gostar mais do Peeta e da Kat, e eu fico feliz já que eu tive um pouco de receio
em mudar a personalidade deles no começo, mesmo que pouco.
Então Thaís Madoxx esse capítulo vai para você.
Quem ai torceu muito para o Brasil? Eu gritei até cansar.
Vocês tem algum livro para me indicar? Eu tô sem um para ler nesses dias.

É quase de tarde quando o Peeta acorda.

– Nenhuma novidade? – perguntou

– Não, no mínimo é estranho. – eu falo – os Gamemakers não terem feito nada ainda.

– Pois é, quanto tempo será que nós temos ainda? – questiona

– Provavelmente a qualquer momento. – respondo – Eu acho que nós devíamos sair, ficar aqui
só vai adiar as coisas.

Nós preparamos uma grande refeição não deixando quase nada de estoque, já que hoje
provavelmente seria o final dos jogos. Eu me sentia suja, e estava com sede depois de comer tanto.
Deixamos a caverna como numa despedida, ela nos serviu por um grande tempo, nos protegeu, seria
difícil esquecer. Só que uma surpresa desagradável nos esperava, o riacho estava completamente seco,
sem uma gota d’água.

– As coisas estão ficando claras por aqui. – o Peeta diz – O lago, eles querem que a gente vá
para o lago.

– Sim.

– Vamos logo, enquanto estamos cheios. – ele fala.


Eu seguro a sua mão, nós vamos andando, nem devagar, nem muito rápido, sem querer apressar
as coisas. Durante o caminho nós não falamos nada, e passamos por lugares que trazem alguma
lembrança. A árvore que nos dormimos no primeiro dia, a árvore em que eu ataquei os carreiristas com
as tracker jackers. Quando eu me aproximo da Cornucópia, eu estremeço minimamente lembrando o
dia em que a Rue morreu, essa lembrança me seguiria por toda a minha vida, e eu não esperava nada
menos que isso, se eu esquecesse a Rue, eu esqueceria uma parte da minha vida.

Nós chegamos ao lago e enchemos as nossas garrafas, o sol estava quase desaparecendo.

– Se escurecer o que faremos? – o Peeta questiona – Não é produtivo voltar para caverna.

– Você conseguiria subir numa árvore? – pergunto

– Acho que sim. – ele fala.

– Então vamos esperar mais meia hora, se ele não aparecer vamos recuar. – explico.

Eu reparo nas árvores e há vários mockinjays, eu começo a cantar, fecho os meus olhos porque
sei que o Peeta estava me olhando, e não queria parar por vergonha. A música de Rue toma conta da
floresta pelas gargantas dos gaios.

Eu observo meio encantada, e o Peeta olha para mim parecendo não perceber o que acontece
em volta.

– Só faltam as duas tranças. – ele fala e eu rio.

– E um vestido vermelho, não? – ele concorda.

Quebrando toda a magia, a música dos gaios se transforma em gritos estridentes, o Peeta se
levanta e eu armo meu arco me preparando para o que quer que venha. Só que o Cato aparece correndo
em nossa direção, sem arma nenhuma só que como ele não para, solto a flecha, mas ela o atinge sem
resultado algum.

– Peeta? – grito quando ele não para de vir, porém ele passa direto.

– Kat? Do que ele está correndo? – me pergunta.

Eu não sei, mas eu acho que devíamos correr também. Eu estava prestes a lhe dar essa dica.

– Corre Katniss. – e eu obedeço.

Meias dúzias de criaturas estranhas, parecendo cachorros cruzados a lobos, andam sobre duas
patas e parecem se comunicar entre si, eu percebo que o Cato segue para a Cornucópia e eu o sigo
sabendo que depois eu posso me arrepender. Antes de subir olhos para checar e preocupada vejo que
ele está muito longe, tento retardar os animais com as minhas flechas, mas só consigo derrubar um
deles.

– Suba Katniss, vamos você tem que subir. – ele fala.

Eu hesito um pouco, mas sei que eu não vou conseguir ajuda-lo, eu começo a subir a Cornucópia
tem fendas em que se consegue apoiar pés e mãos e facilita a subida. Olho de relance e me asseguro de
que o garoto do 2 esteja ainda sem poder fazer nada e me viro para ajudar o Peeta que havia alcançado
a cauda. Ofereço a minha mão e ele a agarra se esforçando para subir. Com esforço ele tenta se apoiar
na Cornucópia, mas é interrompido, não só pela perna que ainda não está totalmente sarada, também
por um cão que com suas garras sai arranhando tudo e até os seus companheiros.

Quando todos eles se juntam e ficam de pé eu me desespero e tento puxar totalmente o Peeta,
eles não conseguem se apoiar na Cornucópia, pois ela está quente. Só que um deles se enche de coragem
e consegue se prender a Cornucópia ficando próximo ao Peeta, olhando para ele eu percebo o que chama
tanta atenção, os olhos, os olhos desse cão são verdes e seus pelos são loiros. Há também a sua coleira
com o número um e eu percebo que o cão é Glimmer.

Eu me espanto e quase largo o Peeta, o cão – que agora eu identifico como Glimmer – não
consegue se prender mais no metal e escorrega, eu consigo me controlar e seguro o Peeta com toda a
minha força novamente, mas antes que eu o agarre totalmente um cão que voltou a atacar morde a perna
do Peeta, eu ouço o seu grito.

– Mate-o, Peeta mate-o. – eu grito para ele chorando.

Quando eu consigo o puxar para mim, eu o abraço e examino os cães e vejo detalhes, são todos
eles, eu vejo a Foxface... E a Rue.

Eu grito não conseguindo me conter.

– É ela Peeta, é ela. – eu falo gritando.

– O que Kat? – ele me pergunta parecendo conter um gemido de dor.

– A Rue... Os olhos dela, os olhos deles, de todos eles. – falo choramingando.

Bem o Peeta não parece muito bem para reparar nessas coisas, mas eu o ouço arfar de dor, não
de reconhecimento. Eu me distancio dele para nos proteger, me aproximo mais da borda e armo uma
flecha, quando eu acerto uma felcha num dos cães maiores que provavelmente dever ser o Tresh, eu
ouço uma movimentação ao meu lado e percebo que me descuidei, eu havia esquecido o garoto do 2 e
agora ele prendia o Peeta em seu braço, numa gravata.

Eu não tinha como atingi-lo não com essa roupa dele, e eu batia a minha cabeça em busca de
algum lugar em que eu pudesse ataca-lo sem com que ele leve o Peeta junto. Ele tinha um sorrisinho no
seu rosto, ele sabia que eu estava impotente. Eu posso ver que o Peeta já está quase sem ar, ele se esforça
um pouco para tentar tirar o braço do menino do seu pescoço, mas não consegue, então num ultimo
esforço ele levanta os dois dedos indicadores e faz um x na mão dele, e eu sei que o Peeta é um gênio,
um segundo depois minha flecha atravessa a sua mão e o Peeta o derruba, os cães o atacam. Eu corro
para o Peeta e o abraço, ele geme um pouco de dor e eu o ajudo a deitar, eu me junto a ele.

Escondo o meu rosto na curva do seu pescoço me impedindo de ver o que acontece lá em baixo.
Os sons de rosnados, os gritos de dor, o metal raspando. O Peeta também não está muito bem, eu ainda
não havia parado para olhar a sua ferida, mas sabia que não tinha sido um corte bobo.

O hino de Panem toca e ainda não havia soado nenhum canhão, só os seus gemidos, os cães
haviam o derrotado, porém ele ainda não estava morto. Os cães pareciam curtir a dor dele, o fazendo
sofrer o máximo possível.

Eu tomo coragem e olho a ferida do Peeta que sangra muito, como as nossas mochilas estavam
no lago, eu não tinha nenhum suprimentos que parasse o sangue, então eu tiro a minha blusa colocando
a jaqueta novamente, o frio estava insuportável. Pego uma das mangas da camisa e faço um torniquete
bem abaixo do seu joelho, eu pego uma das minhas flechas e giro até apertar o máximo que ouso. Ele
estava pálido, eu sabia que isso era muito arriscado, mas o que mais eu poderia fazer?

– Não é para você dormir, ok? – ele assente e me puxa para ele, abrindo a sua jaqueta e ame
aconchegando com o seu calor.

As horas se arrastam enquanto eu escuto o garoto do 2 gemendo, implorando e só


choramingando enquanto os cães o torturavam. Apesar de tudo, ver esse menino sofrendo era tudo que
eu não queria agora.

Ainda há o Peeta que parece cada vez menos disposto a ficar acordado, e eu grito cada vez mais
alto por ele.

– Ei, eu não cheguei até aqui para você me deixar. – eu sussurro.

– Eu estou tentando Kat. – ele também sussurra.

– Eu sei que você consegue. – falo e ele sorri fraco.

O tempo continua a passar e lentamente o Peeta me indica que o sol está aparecendo, mas mesmo
assim não há nenhum sinal de canhão.

– Será que você não consegue mata-lo? – o Peeta pergunta.

– Bem, eu acho que sim. – e me lembro de que a única flecha que tenho está na sua perna. –
Mas a última está ai.
– Pode tirar, depois provavelmente estaremos em casa. – ele fala.

Eu tiro e aperto novamente o máximo que consigo, eu me arrasto e o Peeta me segura, eu o


encontro em meio ao sangue, e como eu só tenho uma flecha coloco força para que seja o suficiente.

– Você conseguiu? – o canhão responde por mim.

– Então eu acho que vencemos. – eu falo quando ele me arrasta para cima novamente, eu o
abraço, mas não há felicidade só alivio.

Nós vimos os cães sumirem num buraco que se abri no chão, eu escorrego até o chão e ajudo o
Peeta a descer. Espero eles anunciarem que vencemos os jogos, mas nada acontecia, eu olhei o Peeta e
vi que ele estava cada vez mais pálido.

– Peeta, Peeta? – eles tinham que fazer alguma coisa, ele não podia ficar aqui assim.

– Kat, será que nós não temos que sair daqui para eles pegarem o corpo. – eu não sabia, mas
resolvi fazer mesmo assim.

– Vamos tentar, não é? Que tal irmos até o lago, você consegue? – ele assente e nós vamos.

O barulho que os gaios fazem quando os aerobarcos chegam é bem vindo. Quando eu chego ao
lago eu dou um pouco de água a Peeta, eu não conseguia ver mais seu sangue escorrer e procurei algum
galho e achei uma flecha, com toda a rapidez refiz o torniquete. Só que o tempo passa e não há nenhum
sinal de que eles vão nos levar para casa.

– Saudações aos finalistas do septuagésimo quarto Hunger Games. A mudança anterior foi
revogada, uma análise mais atenta às regras revelou que apenas um vencedor está autorizado. Boa sorte
e que as chances estejam a seu favor. – diz Claudius Templesmith.

Que as chances estejam a seu favor.

Que as chances estejam a seu favor.

Elas nunca estão ao meu favor.

Eu olho o Peeta que não parece nem um pouco surpreso com tudo o que Claudius falou, e no
fundo para mim também não é. Eles querem um grande show e o que melhor a se fazer do que obrigar
duas pessoas que se amam a se matarem.

– Venha aqui. – o Peeta abre os braços e eu lhe abraço. – Você sabe que isso não é nenhuma
surpresa. Eu te amo, nunca se esqueça disso, ok?

Eu não podia deixar.

– Não, por favor, não fale assim. – eu digo, já chorando.


– Katniss, - ele falou meu nome todo e isso nunca é bom, eu o olhei – não faça ser mais difícil
do que já é. Você vai para casa, e vai dizer a Pearl todos os dias o quanto eu a amei e me orgulho de ser
pai dela. Você vai voltar e vai continuar vivendo, eu não quero que você se prenda a mim, você vai ser
feliz, ok? Prometa-me que você vai tentar?

– Não, não, não Peeta. – eu quase grito – Eu não vou sair daqui sem você.

– E como você vai fazer Kat, você sabe que pode ser pior, eu não quero morrer como o garoto.
– suas palavras me fizeram fechar os olhos – Você não está tornando as coisas fáceis.

– Eu não vou tornar as coisas fáceis para você Mellark, - gritei – você me prometeu que não nós
deixaria em paz lembra, que mesmo que eu não quisesse você perto de mim, você não me largaria.

Ele suspira, e eu vejo o quanto ele está tentando parecer bem com a ideia de me deixar, ele está
fazendo isso por mim. Eu me agarro a ele novamente, eu sabia que ele tinha razão, mas eu havia me
acostumado a ideia de voltar para casa com ele, e deixa-lo não seria assim tão fácil.

– Eu também te amo, sempre. – falo – E é por isso que eu não vou deixar você morrer.

– Como você é difícil. – ele grita, e o Peeta nunca grita – O que você quer fazer, eles tem que
ter um vencedor, ou então nenhum também, acho que eles não teriam nenhum problema em mandar
aqueles cães novamente e nenhum de nós dois tem como se defender. Você sabe o que tem que fazer.

Sim, eu sabia.

Chapter Thirty

Notas iniciais do capítulo


Iai, foram muitos comentários e pedidos de continuação, alguns gritos, então eu vou postar logo.
Reta final, nós temos só mais dois capítulos.

Eu abro a minha sacola e coloco um punhado de bagas na mão do Peeta. Ele me abraça.

– Eu te amo. Sempre. – ele deixou escapar uma lagrima e eu a limpei.


– Eu também te amo, mas você vai ficar comigo. Sempre. – falei e ele me olhou confuso até que
rosnou frustrado.

– O quê que eu faço com você? – falou agora as lagrimas caiam livremente no seu rosto como
no meu também. – Você tem certeza?

– Sim. No três. – eu falo e em viro. – Um.

– Espera. – ele me beija, meio desesperado, mas com todo o amor e confiança que ele consegue
me passar.

Eu não conseguia parar de pensar na Pearl, na minha mãe, em Prim. Eu não sabia se eu estava
fazendo a coisa certa, mas eu não conseguiria voltar, não para voltar como a minha mãe, sem conseguir
amar e cuidar da minha filha como ela deve. Sem conseguir olhar para ele porque toda vez que eu o
fizesse eu veria os seus olhos azuis, minimamente parecidos com os do Peeta, e desabaria novamente.

E como eu olharia para o pai dele, eu sei que ele não me culparia, mas eu sim. Sempre tão bom
e honesto, ele também era tão parecido com o Peeta, o seu jeito doce, as comidas maravilhosas que
fazia.

Não, não havia como. Eu o amava demais para deixá-lo, e amava a minha filha demais para
abandoná-la mesmo estando viva. Eu não queria ser um zumbi, eu não queria fazer uma promessa que
eu não conseguiria cumprir.

Eu me virei e vôlei a contar, um... Dois... Três... Eu estava prestes a colocar as bagas na boca,
só que um grito me fez parar.

– Parem! Parem! Parem! Damas e cavalheiros tenho o prazer de apresentar a vocês os


vencedores do septuagésimo quarto Hunger Games, Katniss Everdeen e Peeta Mellark! Dou-lhes os
tributos do Distrito Doze! – eu levo um minuto para assimilar as coisas e me viro desesperada para o
Peeta.

– Você comeu? – eu grito para ele me jogando em seus braços nos fazendo cair.

– Não. – ele fala, eu o beijo.

– Nós ganhamos. – eu o beijo novamente.

O aerobarco aparece e desce as escadas, eu o apoio e nós colocamos o pé na escada e


imediatamente congelamos no lugar, eu olho a sua perna e parece que com toda a movimentação o
torniquete se foi, e o sangue escorre livre pela sua perna, quando nós chegamos no topo o Peeta quase
não se aguenta em pé, eu o prendo o mais forte com as minhas mãos, mas não adianta muito, médicos
chegam rapidamente e o socorrem, o colocam na mesa e quando eu tento segui-los nos separam por
uma parede de vidro. Desespero, eu bato no vidro com todas as minhas forças, eu grito e nada.
Eles não podem nos separar, eu acho que eles cansam de me ouvir gritar, e me aplicam uma
injeção.

“– Peeta? – chamo, eu não estava o vendo.

Eu tinha acabado de caçar e havia voltado para o lago, mas nem ele, nem a Pearl estavam por
perto. Eu ouço passos e sei que é o Peeta, mas o que ele estava fazendo, eu ia me virar, mas um gritinho
me impede.

– Poxa Pearl, era para dar um susto nela, você acabou com a graça. – ele fala, mas mesmo
assim ele ri com ela.

– Muito bonito, não é? Eu aqui totalmente preocupada com vocês e os dois querendo me
assustar. – digo, tentando parecer brava, só que a Pearl se joga em mim, e toda a minha farsa não faz
mais sentido.”

Eu acordo num quarto todo branco, com uma luz amarela suave no teto, eu estou presa à cama
pela cintura e antes que eu possa me remexer novamente, uma Avox entra e apoia uma bandeja de
comida na minha frente. Antes que ela possa sair encontra a minha voz e pergunto pelo Peeta, como ela
não fala só assente, o que me alivia tanto que sinto uma lagrima escorre pelo meu rosto.

Eu como o que me dão – no começo eu achei que era pouco, mas eu quase não consigo comer
tudo – e quando eu estou prestes a me soltar novamente, me fazem dormir.

“- Não, não Pearl, não é assim. – O Peeta tentava a convencer de que não era assim que não
se fazia, mas ela era muito pequena para entender e continuava a jogar a farinha de um lado para o
outro.

– Ok, ok, eu desisto. – ele fala rindo – Toma ela Kat, ela tem que tomar um banho, e eu também.

– Então quer dizer que você faz a bagunça com ela e eu que tenho que limpa-la.

– Bem, a não ser que você queira acabar de fazer o pão e limpar a cozinha, aí eu posso dar
banho nela. – ele diz presunçoso, pois sabe que vai ganhar.

– Você venceu. – eu o deixei rindo na cozinha.”

Essa rotina continua por uma quantia indeterminada de tempo, pegando pedaços de coisas que
acontecem, como uma voz conhecida, a Avox entrando e saindo do quarto com pouca comida para
rapidamente depois me colocarem para dormir novamente.

Até que eu acordo e não tem nada que me prenda a cama e nenhuma agulha no meu braço. Eu
faço uma inspeção em mim mesma e descubro a perfeição, a minha pele não era ruim, mas agora era
uma seda. Eu ainda estava magra, mas forte e me ponho de pé rapidamente, a roupa que devo colocar é
a mesma que nós usamos na arena.
Eu me coloco em frente à parede em que eu sei que está à saída, e ela se abre, eu acabo num
corredor amplo e que não tem portas e me sinto meio perdida, até que eu ouço uma voz me chamando
e no fundo do corredor eu acho todos eles – Effie, Haymitch e Cinna – eu corro até eles e me jogo nos
braços do Haymitch.

– Parabéns querida! – ele fala, eu nem ligo.

– Onde está o Peeta? Ele está bem? Eu posso vê-lo? Por favor Haymitch me deixe vê-lo. – eu
bombardeio ele com perguntas.

– Ele está bem, só que você não pode vê-lo ainda. – antes que eu possa questionar, ele continua
– Eles querem que vocês se encontrem só na cerimônia.

– Ah, não. Mas... – ele me corta.

– Vá com Cinna, ele tem que te arrumar.

Nós seguimos para o elevador, e quando chegamos Venia, Flavius e Octavia não param de falar
e de dizer o quanto eu fui bem, o quanto eles estão felizes por terem preparado a vencedora dos Jogos.
Eles me levam para comer e apesar de ainda ser pouco, eu me sinto feliz em finalmente fazer uma
refeição de verdade.

Eles não tem muita dificuldade em me preparar já que o Capitol fez um bom trabalho em me
recuperar, eu me surpreendo ao ver o vestido simples que o Cinna trás.

– Nada de chamas? – pergunto.

– Não.

Ele não deixa de ter um leve brilho quando eu me mexo, me olhando no espelho eu me vejo
mais jovem, quase inocente, e eu gosto disso. O vestido também se agarra as minhas costelas e não a
minha cintura, o que não evidencia a minha magreza. Eu pareço simples.

– Eu achei que fosse algo mais parecido com os vestidos que eu usei antes. – falo

– Eu achei que seria mais adequado. – diz simplesmente.

Eu não entendo, mas tem algo muito sério por trás dessa resposta evasiva, só que eu não
questiono, de qualquer forma eu saberia a resposta em algum momento. Nós temos que descer até o
nível em que treinamos antes dos jogos, porque o vencedor sempre sobe de debaixo do palco. Mas esse
ano nós temos dois vencedores e foi preciso alguns ajustes, havia uma parede que separava a plataforma
em que eu subiria e a que o Peeta subiria. Eu fico ansiosa para vê-lo, sabendo que ele está tão perto.

O Haymitch aparece e me assusta.


– Você está bonita. – meneio a cabeça em agradecimento – Um abraço para dar sorte?

Não era do feitio do Haymitch então eu sei que finalmente terei as minhas respostas.

– Vocês estão com problemas, nós sabemos que o que vocês fizeram foi por desespero, mas
nem todos veem assim. – ele sussurra me prendendo no abraço.

– Como assim?

– O Capitol não suporta ser influenciada, e vocês os obrigaram a aceitar dois vencedores, - ele
explica – Então vocês são um casal apaixonada, eu sei que é de verdade, mas vocês vão precisar ser um
pouco mais evidentes.

– Ok, você o avisou? – eu me refiro ao Peeta.

– Sim, - ele me solta. – vamos para o nosso lugar.

Ele me guia para o circulo, e se antes eu estava ansiosa agora eu sou puro nervosismo. Eu não
consigo deixar de pensar no quanto tudo isso é minha culpa, fui eu quem deu a ideia, o Peeta estava
muito bem com a ideia de morrer por mim, mas eu fiz tudo isso pensando que iria morrer com o Peeta
não que eles desistiriam e nos deixaria ir para casa. Respiro fundo me concentrando, sabendo que
quando me encontra-se com Peeta tudo melhoraria.

O hino começa, e os primeiros a subirem é a equipe de preparação, depois Effie e por ultimo o
Haymitch que consegue quase cinco minutos de aplausos por seus feitos inéditos, dois tributos vivos.
Depois sou eu, sendo erguida pela placa, imediatamente vejo ao meu lado Peeta, tão mais bonito e
saudável depois dos jogos e é tão bom vê-lo. Corro em sua direção e ele se equilibra para me aguentar,
ele me abraça e começa a me beijar. Como eu imaginava tudo com o Peeta fica melhor, nos seus braços
eu só quero saber a saudade que estou sentindo dele e em como eu estou feliz em vê-lo vivo e ao meu
lado. Eu percebo vagamente o Caesar tentar nos separar, mas eu acho que Peeta o empurra sem nem o
olhar.

Até que ele me solta e segura o meu rosto com as duas mãos, eu olho fundo nos seus olhos azuis
e me perco neles.

– Eu te amo, sempre. – ele fala.

– Sempre. – eu dou um selinho nele, mas o Haymitch nos interrompe antes que possa evoluir e
nos empurra para o sofá.

Eu me sento quase grudada ao Peeta e ele me envolve com seu braço que faz o nervosismo ir
momentaneamente embora. O Caesar não se dirige a gente hoje, as entrevistas ocorrem em outro dia,
hoje eles passam um filme de todo o Hunger Games, que eu não estou nem um pouco ansiosa de ver.
Eu não queria ver as pessoas que nós matamos, nem as que morreram pela mão de outras
pessoas, eu não queria ver a Rue indefesa no meio da campina com as flores na mão, morta. Eu não
queria ver o Peeta sofrendo na lama, delirando com febre por ter me salvado do Cato, então afundo a
minha cabeça em seu peito de um modo que pareça que ele está me abraçando enquanto o filme roda.

No final em vez de passar eles nós declarando vencedores, eles me mostram gritando por Peeta
enquanto ele está sendo socorrido pelos médicos. Ele me olha meio angustiado, mas eu o beijo para
tranquiliza-lo.

O hino toca novamente e o Presidente aparece com a coroa, o que é estranho já que há dois
vencedores, mas antes que se comece uma especulação, ele torce o objeto que se divide em duas
metades, ele coloca a primeira metade na cabeça de Peeta com um sorriso, que deveria ser caloroso e
feliz, mas não é quando você percebe os seus olhos. Ele coloca a outra em mim com a mesma expressão
implacável.

O que se segue são mesuras, apresentações e reconhecimento, a única coisa boa é que
permaneço próxima a Peeta, mas eu nuca consigo falar com ele. O sol está subindo quando podemos ir
para o nosso quarto – isso é o que eu penso – mas o haymitch o dispensa sem dar tempo nem de um de
nós reclamar, e aparentemente eu também não posso dormir com ele.

– Isso é ridículo, eu nunca dormir sem o Peeta. – eu quase grito com o Haymitch.

– Vocês vão ter tempo para isso em casa, agora vá dormir. – eu saio quase como uma criança
birrenta.

Eu me reviro na cama por algumas horas, até que um barulho de porta sendo aberta me chama
a atenção, eu me levanto no momento em que o Peeta coloca a cabeça para dentra do meu quarto.

– Tem espaço para mais um? – ele fala se aproximando a cama.

– Sempre. – eu me ajeito e me aconchego em seus braços.

– Eu te amo Kat, e fico feliz que estejamos juntos. – ele sussurra.

– Eu também te amo muito, e não aguentaria se você não estivesse aqui comigo. – ele me aperta
mais em seus braços e eu durmo logo depois.

Eu acordo com os gritos da Effie dizendo o quanto nós somos impossíveis e não sabemos
cumprir o que pedem. O Peeta só tem tempo para me dar um selinho e é expulso pela Effie, ela me dá
uma tigela de grãos e eu engulo antes que a minha equipe apareça. Eles estão mais efusivos que ontem,
já que fizeram um grande sucesso com o publico, hoje o Cinna me veste de branco com um sapato rosa
– eu preferia a outra roupa – e me maquia de uma forma que pareço estar irradiando um brilho rosado.
Ele me dá um sorriso divertido e antes que eu perguntasse por que, ele mesmo fala.
– Vocês sempre conseguem dar um jeitinho de se manterem juntos, não é? – ele fala e eu sorrio.

– É isso que nós fazemos, é para sempre. – ele me dá um sorriso de volta parecendo satisfeito
com algo.

A entrevista é feita sem plateia, só com câmeras e com Caesar, ele me recebe com afeto.

– Congratulações Katniss. Como está? – pergunta.

– Nervosa. – eu deixo escapar.

– Não fique, aposto que você será perfeita. – eu lhe dou um sorriso em agradecimento.

O Peeta aparece vestido com vermelho e branco, e me abraça, não há tempo de mais nada pois
eles nos esperam. Eu me sento junto a Peeta e ele me envolve com seu braço novamente.

LEIAM AS NOTAS FINAIS!!!

Chapter Thirty One

Notas iniciais do capítulo


PRESTEM ATENÇÃO, POR FAVOR.
Eu tenho que pedir milhões de desculpas a vocês, eu não tinha percebido e ninguém tinha me
avisado, mas eu pulei um capítulo, que bom que deu para corrigir o meu erro. Eu pulei do começo
da entrevista deles direto para chegada deles em casa, sem colocar o conteúdo da entrevista.
NOVAMENTE MIL DESCULPAS E EU NÃO SEI COMO ISSO FOI ACONTECER.

O Caesar desde o começo tem uma boa relação com o Peeta então eu fico meio esquecida por
um tempo até que ele começa a fazer questões que me envolvem.

– Todos nós vemos o quanto vocês se amam, mas e quando esse amor surgiu? – eu gelo.

– Eu tinha cinco anos, ele estava indo para a escola com o pai, e meu pai a apontou e me disse
que tinha sido apaixonado pela mãe dela quando era mais novo, só que ela tinha o trocado por um
mineiro de carvão, eu perguntei por que e ele me disse que quando ele cantava todos os pássaros
paravam para escutar. – ele sorria emocionado com a lembrança – E na classe a professora perguntou
quem sabia uma canção e ela levantou a mão, quando ela cantou os pássaros também pararam para
escutar e eu me vi completamente apaixonado por ela, que pena que demorou um pouco para ela me
enxergar.

– Sério Katniss, e como você o percebeu? – pergunta.

– A minha irmã amava os bolos que ele fazia, e numa das vezes em que eu acompanhei para vê-
los nós encontramos com ele, e ele foi tão gentil, pouco tempo depois eu comecei a ir com ele para a
escola. Ele me encantou não muito tempo depois, ele era um bom amigo só que eu descobri que ele me
amava e parece que algo dentro de mim estalou dizendo: Você também o ama. – eu coro um pouco –
Não foi rápido assim, nós ainda ficamos uns tempos como amigos, mas depois parece que as coisas
andaram rápido demais e nós já tínhamos a Pearl e estávamos casados.

Eu havia me saído melhor do que normalmente eu me sairia inventando uma mentira, mesmo
que só metade fosse mentira, e eu estava muito orgulhosa de mim mesma. O Peeta também já que ele
sorriu para mim e me apertou mais em seus braços.

– E como foi saber que você eram os escolhidos? – questiona

– A única coisa que eu não queria era ter que chegar ao final com ele e ter que mata-lo, eu
esperava que um de nós já estivesse fora e que um de nós conseguisse ir para casa ficar com a Pearl. –
suspiro – E depois eu me encontrei com o Peeta e ele estava decidido a me mandar para casa.

– E porque vocês fizeram aquilo com as amoras no final, se queriam que um dos dois voltasse
para casa e ficasse coma filha de vocês? – ele estava me pressionando e lagrimas chegaram aos meus
olhos.

– Eu não podia, simplesmente não podia vê-lo morrer, no começo eu estava certa de que ele
morreria antes ou eu morreria antes, e nós não teríamos que fazer ou sei lá ver, e veio a regra de que
poderíamos vencer juntos, e minha mente e meu coração já tinham certeza de que nós iriamos para casa.
– as lágrimas começaram a escapar – Chegar ao final e ter que mata-lo, mesmo que indiretamente, eu
não conseguiria. Eu iria morrer com ele de qualquer forma, ele é um pedaço muito grande de mim, da
minha vida. Metade das coisas que eu faço no meu dia o tem comigo, e... Eu não conseguiria.

Eu escondo a minha cabeça na curva do seu pescoço sem consegui falar mais, e ele conclui para
mim.

– Muita gente deve pensar que eu fiquei com a parte mais difícil, que era morrer, mas estão
enganados. Eu fiquei com a parte mais fácil, eu só iria protegê-la e ela voltaria para casa, para ver todos
os dias a nossa filha que tem os olhos parecidos com os meus, a Pearl só dormia comigo. Ver o meu
pai, que também se parece comigo. Viver na mesma casa, continuar fazendo as mesmas coisas, sabendo
que um dia eu passei por ali, as minhas roupas. – ele suspirou – Tudo que nós queríamos era ficar juntos,
e nós achamos que conseguiríamos isso e do nada nós temos que escolher um dos dois para morrer. Não
era possível.

– Entendo.

Como nós estávamos falando de morte, ele engata a conversa alando sobre tudo o que sofremos
de ferimentos na arena, mas aí o Caesar fala sobre a “nova perna”.

– Que “nova perna”? – pergunto e levanto a barra da sua calça. – Peeta?

Quase grito quando vejo que ele estava usando uma prótese de metal e plástico.

– Ninguém te contou – o Caesar pergunta.

– Não. – falo lançando um olhar acusatório para o Peeta.

– Eu não tive tempo, ok? – o Peeta fala se defendendo.

– Você teve tempo. – mas não era isso que eu pensava – A culpa foi minha, eu coloquei o
torniquete. Peeta me desculpe.

– Ei, não foi sua culpa, se você não tivesse feito aquilo eu provavelmente nem estaria aqui hoje.
– ele fala delicadamente.

– Sim, é verdade, provavelmente ele teria sangrado até morrer se não fosse por isso. – o Caesar
fala e eu estremeço.

Agarro-me ao Peeta e permaneço quieta até o final da entrevista. E não estava tranquila até
alcançar o Haymitch e ele me dizer que tinha sido perfeito, ai eu solto a respiração que nem sabia que
estava presa. Eu me despeço do Cinna e da Portia rapidamente e ele me entrega o broche do tordo. E
somos escoltados até o trem em um carro de janelas escuras.

O trem começa a se movimentar e nós vamos jantar e assistimos a entrevista. Eu vou para o
quarto antes que termine e o Peeta me acompanha, eu tomo um banho e quando me olho no espelho eu
vejo pela primeira vez em mim a verdadeira Katniss, quando eu saio o Peeta entra no meu lugar. Eu me
enrosco na cama esperando o Peeta voltar, e quando ele volta, eu o abraço.

– Eu estava com saudade de te ver assim. – ele fala. – Essa é a minha Kat, você estava muito
bonita arrumada, mas eu te conheci assim.

Ele me faz rir.

– Eu te amo mais só por você dizer isso. – digo – Eu também estava com saudades da verdadeira
Kat.
Agora quem ri é ele.

– Porque você não me contou que tinha perdido a sua perna Peeta, você teve tempo. – eu digo
séria.

– Eu só queria te ver Kat, o Haymitch desde cedo estava fazendo de tudo para que a gente não
se encontrasse, eu só queria sentir você em meus braços novamente, eu sabia que não iria conseguir
dormir sem você. – responde.

– Eu continuo com medo. – falo

– Eu sei, eu não imaginava que o que a gente fez iria trazer tantas complicações. – diz – Só que
eu não me arrependo.

– Nem eu, com você tudo é mais fácil. – ele me aperta mais em seus braços.

– Eu te amo. – ele sussurra.

– Eu também te amo. – ele me beija.

– Boa noite Kat. – fala.

– Boa Peeta.

Rapidamente eu pego no sono.

“Estávamos eu e o Peeta, o olhando eu percebi que estava diferente parecia mais velho, seus
cabelos loiros estavam com alguns fios grisalhos, seus olhos eram os mesmos azuis de sempre, só que
seus olhos estavam com algumas rugas de preocupação em volta. Sua aparência era de medo uma
preocupação profunda, eu não sabia o porquê, mas até a minha postura mostrava que eu também estva
preocupada, minha mão agarrava a do Peeta e me mantinha colada a ele.

Involuntariamente meus olhos esquadrinharam o ambiente e se deterão em dois olhos azuis


bastante conhecidos, os olhos azuis parecidos com os do Peeta, os olhos da Pearl, ela estava maior
talvez com uns doze, treze anos, provavelmente a sua primeira colheita. Ela estava muito parecida
comigo, seus cabelos pretos compridos trançados, só a sua roupa era um pouco melhor, o que era
normal nós éramos vencedores dos Hunger Games ficamos ricos, mas não temos poder algum em
impedir a nossa filha de ser escolhida. Lagrimas chegaram aos meus olhos e escorriam pela minha
bochecha, o Peeta me virou para ele e me abraçou.

– Vai ficar tudo bem. – ele sussurrou para mim.

Mas nem a sua voz me deixou mais tranquila ela era filha de dois vencedores as suas chances
de entrar no jogo eram duplicadas, principalmente de vencedores que mudaram as regras.

Eu vejo com temor uma mulher que não é Effie Trinket se encaminhar para o globo que contem
o nome das meninas e retira um papel, por um momento eu me lembro do meu nome sendo chamado,
todo o choque e a certeza de morte que eu tinha, meu choro se torna um pouco mais pronunciado
quando ela volta para o microfone.

Pearl Mellark!

Ela nos olhou e começou a chorar, como sempre as meninas que estavam com ela abriram
caminho e ela começou a andar para o palco, o Peeta ainda estava com os braços a minha volta, mas
eu me desvencilhei dele e comecei a correr em direção a ela o Peeta vinha atrás tentando me segurar.

– Pearl, não! – antes que eu pudesse alcança-la o Peeta me impediu.

– Olhe para mim, nós vamos tirá-la de lá ok? – ele falava me prendendo em seus braços – Ela
vai voltar para a gente.

Ela não iria, ela não iria!”

Eu acordo gritando e tentando me soltar, minhas pernas ainda se movem como se eu pudesse
alcança-la e impedir que ela vá para os jogos. Só me acalmo quando a voz do Peeta chega aos meus
ouvidos.

– Ei, se acalme Kat, foi só um pesadelo. – ele sussurra – Você quer me contar?

Eu balanço a cabeça em sinal afirmativo várias vezes antes que eu consiga falar.

– Ela foi escolhida Peeta, ela vai ser escolhida Peeta. – ele parece não entender – Nós ganhamos.
E as chances de ela ser escolhida é muito maior.

Ele franze o cenho pensando na minha lógica, aparentemente ele não acha nenhuma solução.

– Nós agora somos os mentores Kat, eu não sei se daqui até que ela tenha idade para entrar nos
jogos nós ainda seremos, mas provavelmente farão qualquer coisa para ela ganhar sendo a nossa filha.
– ele suspira – Isso não me tranquiliza, só que é a única coisa que temos para nos ajudar nesse momento.
Não que eu tenha certeza que ela vá entrar nos jogos, nós faremos qualquer coisa para que isso não
aconteça, e se ela entrar nós a faremos ganhar.

– Não é tão fácil assim, como você fala. – eu digo um pouco mais calme.

– Eu sei Kat, mas de que adianta ficar tão nervosa agora se ela não tem nem um ano. – é verdade
– E se você for ficar mais tranquila treine ela quando chegarmos em casa, não que eu ache isso certo.
Só que agora nós realmente não podemos fazer nada. Quer dizer podemos, voltar a dormir e descansar
para chegar em casa e cuidar dela. Eu não vejo a hora de vê-la.

– Eu também, será que ela cresceu muito? – pergunto

– Acho que não, ela provavelmente vai ser a sua cópia. – eu sorri – Tirando os olhos, claro.

– Sim, mas parece que ela vai ser uma mini padeira. – eu falo rindo e ele me acompanha.
– Não sei, se nós levarmos em conta os dotes culinários da mãe e parece que ela prefere fazer
bagunça do cozinhar.

– Ei, eu sou muito boa na cozinha. – me faço de ofendida.

– Sim, talvez fazendo sopa. – ele continua a debochar.

– Certo Sr. Mellark quando você precisar da minha ajuda na cozinha com a Pearl não me chame
mais, o senhor é muito bom sozinho. – digo fingindo estar irritada.

– Não, não, eu sempre preciso de você. – ele fala rindo da minha falsa imitação. – Eu acho que
nós devíamos voltar a dormir.

– Eu não tenho mais sono. – falo – Na realidade, eu não quero dormir.

– E se a gente saísse um pouco? – pergunta.

– Não, só fique aqui comigo. – ele assente e me aperta em seus braços.

Depois de alguns minutos eu percebo que ele dormiu, ele parece tão bem agora, só de lembrar
a forma agoniada com que ele dormia e como ele tremia com a febre, eu me arrepio. Eu coloco as
minhas mãos no seu cabelo sem querer acordá-lo e começo a fazer um carinho, com esse movimento
constante os meus olhos pesam e eu acabo dormindo novamente.

À tarde o trem faz uma parada para reabastecer e nós podemos andar ao lado de fora.

– Essas são iguais as da floresta. – o Peeta fala.

– Sim.- confirmo e ele colhe algumas para mim.

– Uma lembrança de casa, nós estamos cada vez mais perto. – ele me entrega o buquê e eu o
beijo.

O Haymitch nos interrompe, chegando por trás de mim e me assustando.

– Vocês estão de bom trabalho, a entrevista deu uma acalmada na Capitol e em quem pensava
em vocês como rebeldes. – diz – Só é continuar assim, vocês não precisam realmente fingir há sempre
todo esse amor que vocês têm um pelo outro, mas um cuidado para não cometer outro deslize como
esse durante a Turnê.

A Turnê dos Vitoriosos ocorria poucos meses antes dos Hunger Games, e o vencedor – no nosso
caso, os vencedores – percorria todos os Distritos fazendo discursos e homenageando os outros tributos
que morreram. Era mais um lembrete da Capitol de que você não deixa de estar sob a vigilância deles,
para nós principalmente.
Chapter Thirty Two

Notas iniciais do capítulo


REPOSTANDO CAPÍTULO.

– A última noite, amanhã nós dormiremos em casa. – ele fala sorrindo – Com a Pearl.

– É com a Pearl. – eu o beijo – Eu te amo. Sempre.

– Sempre.

Eu me aconcheguei a ele e dormi facilmente, diferente de ontem, vai ver porque estava mais
próxima de casa.

De manhã, nós somos acordados pela Effie, com o seu bordão, dizendo que é um “grande,
grande, grande dia”. Ela nós dá as nossas roupas, já que vamos aparecer para as câmeras. Eu uso um
vestido meio alaranjado, que deixa o Peeta encantado quando vê, ele usa uma calça preta e uma blusa
com quase o mesmo tom do vestido. Eles parecem gostar de nos deixar combinados, e em vez de
parecermos um casal, ficamos parecidos com gêmeos. Eu falei isso pro Peeta e ele riu tanto que quase
chorou e disse que era para eu conversar com o Cinna e com a Portia.

Temos que tomar um café rápido e nos posicionamos na porta do trem, eu seguro a sua mão e
ele beija a minha assim que a porta se abre, dando a eles já uma grande imagem dos amantes
desafortunados do Distrito 12.

Nós somos envolvidos por flashs e gritos de repórteres, mas o Peeta segue em frente sem falar
com qualquer um deles, eu posso imaginar o Haymitch xingando ele por ser tão idiota, até que eu vejo
para onde ele me arrasta. Ele havia enxergado ela antes que eu, e me puxava porque eu não conseguiria
sozinha passar pelos repórteres.

Ela estava no cola da minha mãe com a Prim do lado delas, ela estava parecendo assustada com
todas aquelas pessoas, mas apareceu um sorriso no seu rosto quando ela nos enxergou, esticou seus
bracinhos em nossa direção. Eu passei na frente do Peeta e quase corri na direção dela, eu iria pegar ela
das mãos da minha mãe, mas eu resolvi abraça-las, a minha mãe e irmã junto com a Pearl. Eu havia
sentido saudades delas também, senti as lágrimas da minha mãe no meu pescoço, e os braços da Prim
na minha cintura. A Pearl colocou uma das suas mãozinhas na minha bochecha.

– Eu senti a falta de vocês. – falei com a minha voz embargada.

– Nós também, e de você também Peeta. – a minha mãe fala, tentando em vão segurar o choro.

Eu procuro o Peeta e vejo que ele está atrás de nós com o pai dele.

– Sr. Mellark! – não sei o que dá em mim, mas eu o abraço também.

– Oi Katniss, eu fico feliz por você não ter desistido do meu filho. – ele fala.

– Eu nunca faria isso.- eu digo sorrindo.

– Eu sei, você se amam. – ele me abraça novamente.

Quando ele me solta eu me viro para a minha família novamente, e o Peeta está com a Pearl no
colo falando com a Prim.

– Pequena Prim, eu espero que você tenha se comportado. – o Peeta fala e a Prim se vira para
minha mãe cheia de orgulho de si mesma.

– Se comportou sim Peeta, ela agora é uma verdadeira mocinha. – minha mãe responde.

– Que bom! Porque eu vou fazer uma torta de chocolate só para a nova mocinha da casa. – a
Pearl dá um gritinho parecendo que entende e está reclamando – Ok, e para esse bebê animado também.
Você se importa de dividir Prim?

– Não. – ela fala rindo.

Eu abraço o Peeta e ele me envolve também em seu abraço, só que o Haymitch se aproxima e
indica que nós temos que falar com pelo menos um dos repórteres. O Peeta devolve a Pearl para minha
mãe antes que eu possa pedir a ele que faça isso, ela não precisa ser usada.

– Como é voltar para casa? – um repórter de cabelo azul e com um terno roxo que deixava ele
impossível de não ser notado perguntou.

– É muito bom, principalmente porque nós voltamos juntos. – o Peeta fala.

– Sim, e como vocês se sentiram ao saber que só um podia voltar? – dessa vez é uma mulher
que tem umas tatuagens rosa perto dos olhos.
– Foi um choque, nós tínhamos a certeza de que podíamos voltar e escutar aquilo foi quase
como uma morte, nem eu, nem o Peeta poderíamos deixar o outro morrer. – eu falo simplesmente e
procuro o Haymitch com os olhos gritando por socorro.

Eu o acho, mas ele já estava interrompendo a entrevista.

– Obrigada. – eu murmuro e ele assente.

Eu sigo em direção a minha mãe e pego a Pearl das mãos dela, eu tenho que falar com ela mais
tarde, ela me prometeu e cumpriu, ela protegeu a Prim e a Pearl e parece melhor do que nunca. Eu
seguro a mão do Peeta e nós seguimos para o carro que vai nos deixar na nossa nova casa.

– Vocês já foram lá? – pergunto

– Sim, - minha mãe responde – assim que declararam vocês como vencedores eles nós moveram
para lá. O Peeta também tem uma casa, só que o pai dele não quis morar lá, ele preferiu ficar na padaria.

Eu achei bem típico do Sr. Mellark, e o Peeta também não pareceu surpreso. Nós fomos
divididos em carros e o Peeta se despediu da sua família que seria levada diretamente para a própria
casa, não sem antes prometer que iria lá depois. E eu, o Peeta, a mamãe, a Prim e a Pearl fomos em
outro.

Eles nos deixam em frente a casa e vão embora, e olho para ela, tinha seu charme só que era
escura, sem vida. Era verdade já que ninguém morava lá, mas agora nós poderíamos mudar isso.

Nós entramos e a minha mãe nos mostra a casa, no primeiro andar ficava a sala, a cozinha e no
final do corredor tinha um escritório, no segundo ficavam os três quartos e o banheiro. A minha mãe e
a Prim já tinham se instalado nos quartos só que nenhum deles tinha a cara delas, e sobrou um que era
o nosso, só que não sobrava espaço para o berço da Pearl e nós teríamos que dar um jeito.

– É tudo tão mórbido não é? – o Peeta fala e a Prim concorda.

– Sim, o meu quarto é tão sem graça. – ela fala. – O meu outro quarto tinha algumas coisas que
eu gostava.

Pois é, essa casa nunca será nossa de verdade, pelo menos não do jeito que está.

– Eu posso resolver isso, nós agora temos dinheiro e vocês têm o privilégio de morar com um
pintor, não de paredes, mas eu posso fazer esse favor. – a Prim sorri e abraça o Peeta, eu só faço dar
risada.

– Agora vamos você nos deve uma torta. – eu falo

– Certo, eu sei que vocês me amam. – ele fala dramático.


Ele segue para a cozinha para ver se tem os materiais que ele precisa para fazer à torta, e eu vou
para o meu novo quarto com a Pearl.

– Ei, filha, eu senti muito a sua falta. – eu falo, ela me olha com atenção. – Você sentiu a minha?

Como resposta ela colocou a sua mãozinha no meu rosto e me deu um quase beijo babado.

– Eu vou fazer disso um sim. – ele me dá um sorriso banguela, quer dizer... – EI, você tem um
dentinho.

Ela coloca o meu dedo na boca e começa a morder.

– Você é forte Pearl. – reclamo e ela dá risada. – Ok, sua pequena danadinha.

Ela me olha com atenção novamente e segura meu rosto com suas duas mãozinhas.

– Eu te amo pequena, te amo muito. – eu falo baixinho só para ela escutar – Tu do que eu fiz
foi por você, mesmo que eu tenho errado, eu sei que valeu a pena porque você é o mais importante.

Eu a abraço e ela se ajeita, escondendo sua cabecinha na curva do meu pescoço. Quando eu vejo
que o Peeta está parado na porta.

– Você está ai a muito tempo? – pergunto

– Não, só que não queria te interromper. – ele se senta ao meu lado e a Pearl estica as mãozinhas
para ele. – Ei pequena, a Prim me falou que você não deu trabalho nenhum para dormir, isso quer dizer
que você não sentiu a minha falta?

Como resposta ela se aninhou nele e fechou os olhos.

– Acho que isso é um não. – eu falei e ele sorriu concordando.

– Eu tenho que ir à casa do meu pai pegar umas coisas para fazer a torta, eu vou com a Prim,
você vem? – ele pergunta

– Sim, ela não vai sair do seu colo agora. – respondo.

– Você acha que nós vamos conseguir andar pelo distrito normalmente. – questiona

– Acho que sim, o Distrito 12 não é tão impressionável assim. – digo.

Eu estava certa as pessoas nos olham, algumas cumprimentam e parabenizam, mas nada do tipo
fãs, o que eu odiaria. O pai do Peeta fca feliz em nos ver em um local mais calmo e a Pearl acorda
quando ouve a voz dele e se estica para que ele a pegue.

– Muito obrigado Sr. Mellark, - eu falo – pelo senhor ter as ajudado.

– Eu não fiz nada de mais. – ele fica um pouco envergonhado – Nós somos uma família.
O Peeta sorri orgulhoso e abraça o pai. Nós realmente éramos uma família, como era quando
tínhamos o meu pai, eu continuo sentindo muito a falta dele, mas agora eu me permito ser feliz
novamente, sem tanta responsabilidade, sem medo.

– Vamos Kat, eu já peguei o que precisava. – ele me fala.

– Que tal se você chamar a sua família para jantar lá em casa hoje? – pergunto, foi uma ideia
que surgiu na minha cabeça de repente.

– Toda a minha família? – ele pergunta em duvida e eu rio.

– Sim Peeta, toda. – respondo.

– Ok, vou perguntar. – antes de voltar ele me dá um selinho.

Ele volta rapidamente e pega a Pearl da minha mão.

– E então? – questiono.

– Eles vão. – responde simplesmente e vamos em silêncio até a nossa nova casa.

– O que foi? – eu pergunto, parando ele antes que nós possamos entrar na casa.

– Nada, e só que... – ele suspira – Eu esperava alguma coisa da minha mãe, entende? Eu sei que
ela sempre foi desse jeito, mas agora, depois de tudo que nós passamos eu esperava uma recepção
melhor.

– E você está decepcionado com isso? – fico em duvida já que ele não tinha um amor de mãe a
muito tempo.

– Na verdade não, mas é porque tudo dela sempre foi relacionado a dinheiro, a ter o suficiente
para todos comerem e continuarem trabalhando para ter mais. E no fim o que ela mais desprezava foi o
que conseguiu algo mais, eu só pensei que ela fosse ficar animada com a ideia de que não precisaria
mais e tanto esforço. – fala.

– Entendo, e já que você não ficou tão surpreso, não precisa ficar tão desanimado. – eu lhe
abraço junto com a Pearl – Você tem a nós. Sempre.

– Eu te amo. – falou e me deu um beijo.

Ele me deu a Pearl e seguiu direto para a cozinha fazer a torta com a ajuda da Prim, a Pearl tinha
dormido então eu a coloquei na nossa cama, com alguns travesseiros em volta para ela não cair, mas
mesmo assim eu não quis sair de perto. Eu fiquei olhando para os moveis, o guarda-roupa já tinham
quase todas as nossas coisas e nesse cabiam às coisas do Peeta e ainda sobrava um pouco de espaço.
Uma cama grande, uma cômoda, um tapete grosso no chão. A nossa janela dava vista para a Vila, eu
conseguia ver a rua e a casa da frente, ela era bem ampla também.

Eu me sentei num sofá que tinha num canto do quarto, para leitura talvez, eu ainda não conseguia
pensar que isso tudo era meu, meu não, nosso. Eu não havia arado para conversar com o Peeta sobre as
consequências dos nossos atos na arena, mas eu não me arrependo e também, não tinha medo, afinal de
contas o que de pior podia acontecer conosco agora.

Não sabia quanto tempo havia passado até ver o Peeta entrar no quarto, ele se senta ao meu lado
e me abraça, como sempre.

– O que nós vamos ter para o jantar senhorita? – ele pergunta

– Não sei, o chefe aqui é você. – gracejo.

Ele ri um pouco, mas se mantém em silêncio.

– Vendo ela assim em paz, eu sinto que pelo menos uma parte do que eu fiz valeu a pena. – o
Peeta fala.

– Sim, no final nós conseguimos. – eu falo olhando para ele.

– E juntos. – ele sorri para mim.

– Sempre. – eu o beijo.

– Eu te amo. – sussurra.

– Muito, eu te amo muito. – também sussurro.

Não era perfeita, a minha vida nunca foi perfeita. Mas com o Peeta e com a Pearl, eu sinto que
ela é a certa para mim, do jeito certo, na medida certa, com meus erros e acertos, com tudo que eu posso
aguentar e quando eu não podia mais, o destino enviou o Peeta para mim.

Nós éramos uma família, e uma família aguenta tudo junto. Sempre.

II° Temporada - Prologue


Notas iniciais do capítulo
REPOSTANDO CAPÍTULO.
O NYAH APAGA OS COMENTÁRIOS DOS CAPÍTULOS QUE EU EXCLUI ENTÃO SE EU
NÃO RESPONDER UMA CAPÍTULO POR ACASO É PORQUE EU NÃO O LI.

Poderia ser tudo muito diferente, a partir do momento em que eu e o Peeta resolvemos comer
as frutinhas ao invés de escolher um dos dois para morrer, havíamos nos sentenciado a uma vida repleta
de escolhas que poderiam nos matar ou nos fazer viver em paz.

Um erro nosso e provavelmente morreríamos, um acerto e a Capitol nos esquecia para sempre.
Infelizmente nós erramos novamente, não por querer, nem como uma afronta, mas por saber que nada
nessa sociedade era correto. Uma palavra do Peeta, que trouxe paz e ânimo para uma família que havia
perdido a principal das suas crianças, acabou trazendo um medo constante e certo na nossa vida.

Não imaginaríamos algo tão cruel e calculista assim, mas com certeza algo com efeito. Mas
Snow se provou mais uma vez pior do que pensávamos, e ele nos colocou de volta no lugar em que ele
queria que nunca tivéssemos saído. A arena.

Eu e o Peeta juntos novamente, naquele lugar que só trazia más recordações, eu perdi pessoas
importantes lá e por mais que a arena não fosse igual, a sensação era a mesma. E pior agora.

Só que dessa vez – infelizmente – eu levaria alguém comigo. Que não podia ser separado de
mim, que eu tinha a obrigação de proteger. Nós poderíamos tentar me trazer de volta para casa, mas eu
sabia que a Capitol faria de tudo para nos matar, e consequentemente o nosso filho.

Chapter One

Notas iniciais do capítulo


REPOSTANDO CAPÍTULO.
– Não Pearl! – o Peeta quase gritou.

– Na? – foi à resposta dela, ela ainda não falava, mas nós dizíamos tanto não a ela que era a
única palavra que ela chegava meramente perto de dizer.

– Katniss? – o Peeta me chamou e eu segui ao encontro deles, ele estava pintando o quarto da
Prim de amarelo.

A Pearl agora engatinhava então ela ficava indo e vindo dentro da casa, no andar de baixo claro,
e o Peeta resolveu fazer do escritório quarto da Prim e o quarto que seria da Prim ficou sendo o da Pearl,
já que o berço dela não cabia no nosso quarto. A Pearl tinha ficado um bom tempo procurando o Peeta
pela casa e quando ela o achou, com certeza fez alguma arte.

Quando eu entro no quarto, eu encontro uma Pearl com os dois braços amarelos e o Peeta a
segurando pela cintura para não se sujar. Eu tive que rir e ele me olhou de cara feia.

– Não me olhe assim, foi você quem não fechou a porta. - eu falo pegando ela com cuidado e
saindo do quarto. Ela iria começar a chorar, mas eu tinha uma técnica. – Vamos tomar banho mocinha?

Ele me olhou e abriu um sorriso, a palavra banho parecia mágica para deixar a Pearl quieta e
feliz. Depois de algum tempo eu tinha uma bebê limpa, com fome e sonolenta nos braços.

– Ei, você não pode dormir, não antes de comer. – eu sussurro para ela descendo as escadas e
encontrando o Peeta. – Já acabou?

– Sim. – ele fala brincando com a Pearl no meu colo. – Agora eu vou tomar um banho e já volto
para fazê-la dormir.

Foi só o Peeta voltar que ela se acostumou novamente a dormir só com ele, eu dou a comida da
Pearl e logo depois o Peeta aparece, ela estica os braços e ele a pega. Parece que eles se moldam um ao
outro, sua cabeça se encaixa no pescoço dele e ela dorme, é muito lindo. Ele sobe para coloca-la no
quarto e volta.

– Você está com fome? – pergunto a ele.

– Não, eu estou um pouco cansado, então eu já vou. – ele fala.

– Eu já subo. – ele concorda, me dá um selinho e sai.

Antes de subir, eu falo com a minha mãe e Prim que estavam na sala, a minha relação com a
minha mãe estava bem melhor, desde que eu voltei dos jogos e nós tivemos uma conversa.
“Todos já estavámos indo dormir, então eu resolvi passar no quarto da minha mãe, eu queria
agradecê-la por tudo o que ela fez pela Pearl.

– Mãe? – bato na porta.

– Pode entrar. – eu a encontro deitada. – Oi filha, algum problema?

– Não, - sento na borda da cama – na verdade eu queria falar com a senhora.

– Ok. – ela fala se sentando.

– Eu só queria agradecer por tudo. – falo meio sem jeito. – Pela Pearl, a senhora cuidou dela
tão bem. Nós nunca nos demos muito bem, não é? E por mais que eu não demonstre, o que a senhora
está fazendo é muito importante para mim.

– Eu sei que eu não estive presente por muito tempo. – ela suspirou – E sei também que nada
do que eu faça vá mudar o que se passou. Mas eu fico feliz em saber que pelo menos um pouco da sua
confiança eu estou retomando.

Antes que eu perdesse a coragem eu a abraço, ela retribui sem jeito também.

– Boa noite mãe. – falo

– Boa noite filha.”

Eu não deixava transparecer e por um tempo até eu acreditei que ela não me fazia falta, mas
fazia sim, agora com ela tudo parece melhor, uma família completa. Eu a vejo cantar as músicas que
cantava para mim, para a Pearl, a mesma mulher que amava meu pai e que era feliz com ele eu enxergo
em seus olhos. E isso tira um grande peso das minhas costas.

O Peeta estava deitado e de olhos fechado, mas eu sabia que ele não dormia. Quando eu chego
perto da cama, ele abre espaço para mim e assim que eu deito, ele me puxa para seus braços.

– Boa noite Peeta. – sussurro – Eu te amo.

– Eu também te amo Kat. – ele me beija, só que – infelizmente – para.

Isso já vinha acontecendo há algum tempo, quer dizer, desde que chegamos dos Jogos, eu queria
muito o Peeta, só que eu não tinha coragem de colocar em palavras e todas as vezes que as coisas
caminhavam para algo a mais, ele parava. Eu só não entendia por que.

Eu não falaria com ele hoje, mas isso já vinha me incomodando e eu não deixaria as coisas desse
jeito por muito tempo. Dormir não era muito fácil depois dos jogos, só que com o Peeta as coisas eram
um pouco melhores, ele tinha poucos pesadelos e quando os tinha eu quase não percebia, quem
incomodava era eu, meus pesadelos normalmente me faziam gritar e acordar chorando. Se não fosse o
Peeta eu com certeza nunca mais dormiria na vida.

Eu estava na floresta, sozinha, o que não era normal, mas o mais estranho era que não era a
floresta que eu conhecia. Parecia mais com a floresta da arena.
Minha certeza ficou ainda maior quando todos aqueles cães apareceram novamente. Eu
comecei a correr em outra direção, mas eles eram mais rápidos com suas patas fortes de mutantes. Eu
acabei trombando com uma árvore e cai, sem chances de levantar, um dos cães me prendeu no chão
eu o olhei incapaz de fazer qualquer outra coisa.

Só que eu não podia ter feito escolha pior, seus olhos eram os olhos azuis tão conhecidos. Os
olhos do Peeta, a sua coleira tinha o número 12. Ele rosnou bem próximo a mim e arreganhou os seus
dentes pronto para me morder.

– Katniss! – o Peeta grita para me acordar.

– Peeta? – eu o olho assustada, buscando em seus olhos algo daquela criatura que me deu tanto
medo, felizmente eu não encontro.

– Ei, meu bem, você quer me contar? – eu aceno negativamente, com medo de magoa-lo. –
Você tem que se acalmar, você nunca gritou tanto, quer água?

– Sim, - ele se levanta para pegar – eu vou com você.

– Tudo bem. – ele me abraça pelos ombros. – Vá andando que eu vou dar uma olhada na Pearl.

Eu aceno, por mais que eu quisesse, eu não conseguia me controlar e muitas vezes acabava
acordando a Pearl, no começo ela acordava chorando, agora nem tanto. Quando eu pego a água ele
aparece na cozinha com a Pearl no colo.

– O que foi? – pergunto.

– Nada, ela só estava acordada no berço, então eu a trouxe. – ele fala.

– Você não está com sono? – pergunto.

– Na verdade, não. – ele fala, brincando com a Pearl.

Eu fico em silêncio, a cozinha se enche com os sons da risada da Pearl, mas eu nem presto
atenção, a minha mente está cheia com as imagens do pesadelo. O Peeta parece perceber.

– O que foi? – ele pergunta – Você tem certeza de que não quer me contar?

Eu suspiro, eu não sabia como dizer, era um sonho estranho que eu não entendia. O Peeta
querendo me matar? O que isso significa?

– Um sonho estranho. – falo – Eu não entendi, era com você. Você parecia querer me machucar.

Ele me olha. Não parece magoado, só intrigado.

– O que eu fazia? – ele pergunta.

– Você era um daqueles cães da Capitol, e conseguia me prender no chão. - eu sussurro.


– Ah, bem, você podia ter me perdido não é? – eu não entendo e ele continua – Um sonho como
se eu estivesse morto, os cães não eram as pessoas eram só os olhos, mas uma arte do Capitol para nos
deixar atordoados e sem muito tempo para pensar. Talvez no seu sonho fosse como se o Capitol tivesse
me matado e mesmo depois de morto conseguisse me usar para te machucar.

Ele não parece feliz com a sua conclusão, a nossa situação com a Capitol não é boa, para eles
seria melhor se tivéssemos morrido, então qualquer coisa que fizéssemos seria o nosso fim.

– Amanhã nós vamos falar com o Haymitch, - eu digo – saber o que é melhor a se fazer daqui
em diante.

– Sobre o que? – ele pergunta.

– A Capitol não está muito feliz conosco e de agora em diante qualquer deslize poderia nos
machucar, eu acho que ele deve ter alguns conselhos a nós dar. – respondo.

– Ok, eu acho que nós só devíamos agir com cautela, porque nada do que a gente fez foi de
proposito, não é? – ele fala – Eles deviam ter um melhor julgamento, a Capitol ficou como boazinha no
final. E nós demos tanto sucesso a eles, que eu acho que eles deviam nos esquecer.

Eu concordava, nós éramos inesquecíveis na Capitol e se eles queriam que continuasse assim
teriam que investir na gente, não nos ameaçar. Mas desde os Dias Negros, com os Jogos Vorazes a
Capitol nos controla pelo medo.

– Vamos voltar para cama, a Pearl já dormiu. – o Peeta fala e eu o acompanho.

Ele coloca a Pearl no berço e nos seguimos para o nosso quarto. Eu me aconchego a ele.

– Vai ficar tudo bem. – ele fala.

– Como você sabe? – questiono.

– Porque nos vamos estar juntos. – a frase traz lágrimas aos meus olhos.

– Sempre. – eu falo e ele me beija.

Depois que eu durmo, eu não tenho mais sonhos, e quando eu acordo o Peeta não está mais
comigo. Ele acorda cedo e faz os pães para a casa e depois normalmente vai para a padaria, mas hoje
provavelmente ele deve estar me esperando para irmos falar com o Haymitch.

– Bom dia. – eu falo entrando na cozinha.

– Oi Katniss. – a Prim fala.

– Bom dia filha. – a minha mãe diz.


Do Peeta eu recebo um sorriso e um beijo, e a Pearl pula para o meu colo.

– Tome o café e depois nos saímos, que eu ainda tenho que ir à padaria mais tarde. – o Peeta
fala – Senhora Everdeen, será que a senhora pode ficar com a Pearl um tempinho?

A minha mãe concorda e pega ela, a Prim vai para a escola. Eu acabo o meu café e vamos
andando até a casa do Haymitch que é ao lado da nossa.

Eu bato na porta já me preparando para o mal-estar que eu iria sentir ao entrar na casa do
Haymitch, apesar da insistência do Peeta e minha para ele se cuidar mais e beber menos, mas não
adiantava. Ele não atende, então nos entramos e o encontramos desacordado no sofá da sala, o Peeta
tenta acordá-lo.

– Vamos Haymitch, acorde nós precisamos falar com você. – ele grunhe algumas coisas até
abrir os olhos e o Peeta o ajuda a levantar – Será que você pode colocar um café forte para fazer
enquanto eu o arrasto até a cozinha Kat?

Eu sigo até lá e a quantidade de lixo que eu encontro me faz juntar algumas coisas enquanto a
água ferve. O Peeta consegue coloca-lo na mesa, e eu o sirvo. Ele bebe tudo e parece um pouco melhor.

– Haymitch nós temos que conversar. – o Peeta começa.

– Sobre o que garoto? – sua voz ainda sai arrastada, mas ele parece sóbrio.

– Não falta muito tempo para o Tour da Vitória. – eu falo, um pouco mais de três meses. – E a
Capitol não está satisfeita com a gente, nós queremos saber o que fazer.

– Bem, nós temos duas opções. – ele fala bebendo um pouco do seu café. – A primeira é você
se manterem como estão, nós sabemos que o que vocês fizeram não foi proposital, mas a Capitol não
gosta de nenhuma ameaça, mesmo a mais pequena. E querem manter vocês em controle, o amor de
vocês é um grande sucesso, mas eu não sei se manter isso também, é a melhor opção.

– O que você quer dizer com isso? – o Peeta pergunta.

– A Capitol deve estar se questionando, vocês fizeram isso por amor, certo? – nós acenamos –
Então quer dizer que qualquer pessoa pode mudar as regras se tiver um bom motivo? Não, é isso que
eles querem mostrar, vocês foram uma exceção, e eles não querem que isso vire regra, se não tudo sai
do controle.

Eu entendia o seu pensamento, eles nos viam como ameaça porque nós não ficamos com emdo
e preferimos a morte, não nos dobramos as vontades deles.

– Então o que você sugere? – pergunto


– Não sei, talvez eles fiquem felizes em ver que o amor de vocês esfriou, as pessoas da Capitol
não ficariam satisfeitas, mas as pessoas dos Distritos pensariam de forma diferente, achariam que tudo
era um jogo e que vocês ganharam, - faz uma pausa – eles achariam interessante só que qualquer
esperança que tivessem iria se esgotar. Acalmaria as coisas.

– Então você quer dizer... – o Peeta engole em seco, como se as palavras não quisessem sair. –
Que a gente devia se separar?

Chapter Two

Notas iniciais do capítulo


REPOSTANDO CAPÍTULO.

No capítulo anterior...

– Então você quer dizer... – o Peeta engole em seco, como se as palavras não quisessem sair –
Que a gente devia se separar?

Ficou um silêncio estranho durante um tempo, enquanto o Haymitch pensava.

– Bem, não de verdade... Eu só penso que talvez essa seja a melhor chance de vocês. – ele
começa, mas o Peeta logo o interrompe.

– Não, de jeito nenhum. – ele fala com tanta certeza e eu o olho – O que?

– Eu não sei, eu só acho que a gente devia tentar. – eu falo e ele me olha incrédulo. – Nós temos
que pensar Peeta, talvez dê certo e eles nos deixem em paz.

Ele parece meio magoado com tudo isso, mas assente. Eu me viro para o Haymitch.

– Como você acha que devemos fazer isso? – eu pergunto e ele continua olhando para o Peeta.

– Vocês podem fazer outra coisa, isso é só uma ideia minha. – ele fala e eu sei que ele está
fazendo isso para amenizar o clima com o Peeta.
– Não, tudo bem pode continuar. – ele fala decidido, talvez com um pouco de raiva e eu não sei
por quê.

– Primeiro o Peeta tem que ligar para a Capitol e pedir a casa dele, isso é fácil, eles vão tirar as
conclusões deles e as coisas vão andando conforme o Tour da Vitória se aproxima. – ele olha para o
Peeta – Como eu falei não é de verdade, você pede a casa e eles não vão vim checar. Então a vida
continua, e quando chegar o Tour vocês fazem a encenação toda e depois podem inventar alguma coisa,
sobre o amor ter voltado, ou qualquer outra coisa.

O Peeta suspira, eu não sei o que o incomoda tanto. Ele continua em silêncio, mesmo quando
saímos.

– Tudo bem? – pergunto e ele assente – Você já vai para a padaria?

– Sim, nos vemos mais tarde Katniss. – e ele me dá um beijo na testa. E sei que fiz alguma coisa
errada.

POV Peeta

Eu não sei se eu tinha o direito de me sentir tão irritado com a Katniss por aceitar a ideia do
Haymitch, mas eu me sentia.

Eu havia dito a ela que independente de qualquer coisa, tudo ficaria bem porque estaríamos
juntos. Eu acreditava nisso, mas parecia que ela não. Para mim essa ideia do Haymitch mais nos
atrapalharia do que nos ajudaria. Se a Capitol queria que todos acreditassem que a gente fez tudo por
amor, nos separar não tinha fundamento.

Mas a Katniss não ouviria, para ela qualquer ideia era melhor do que nenhuma, e ela acreditou
no Haymitch desde o começo, eu agora também acredito nele. Depois de ele ter nos salvado era o
mínimo que eu poderia fazer, mas não deixava de ser duvidoso.

Eu segui para a padaria querendo pensar um pouco mais, lá eu teria o meu pai que sempre tinha
algo para me dizer. Eu vou direto para os fundos da padaria onde sempre tem um bolo ou dois para eu
confeitar.

Eu estou quase acabando com um bolo quando o meu pai aparece.

– Ei filho. – eu o abraço – Você chegou mais tarde hoje.

– Sim, eu fui com a Katniss na casa do Haymitch – eu começo a explicar – Ela teve um pesadelo,
está um pouco assustada com a pressão da Capitol e queria saber se o Haymitch tinha alguma ideia,
para nos ajudar e faze-los nos deixar em paz.

Ele me avalia.
– Pela sua cara a ideia não foi muito boa. – ele fala.

– Não, ele sugeriu que a gente se separasse. – ele faz uma cara espantada – Não de verdade,
claro, mas para ver se acalma a população.

– E funcionaria? – questiona

– Talvez sim, talvez não. Eu penso que se a Capitol quer que todos pensem que o que a gente
fez foi por amor, isso só vai nos complicar. – explico

– E porque você está tão chateado? – ele não espera a minha resposta – A Katniss achou a ideia
boa. E você não falou nada.

– Não ainda, eu fiquei tão chocada com ela aceitar a ideia sem nem parar para conversar comigo,
que eu nem pensei direito. – suspiro – Mas eu converso com ela mais tarde.

Se ela me escutar, penso.

POV Katniss

Eu vou para casa, já que está tarde de mais para que eu possa caçar. E encontro a minha mãe
brincando com a Pearl na cozinha.

– Oi. – eu falo.

– Oi, - ele me avalia – tudo bem?

– Ah... – sento e suspiro antes de falar – Eu não sei, o Peeta parece chateado com alguma coisa,
e eu nem sei o que é.

Ela ri da minha frustração e eu a olho indignada.

– Desculpe, - ela fala ficando séria – é que é interessante ver o quanto ele te mudou.

– Como? – pergunto

– Não sei, você nunca ligou muito para o que as pessoas pensavam, ou estavam sentindo e agora
você se importa tanto com ele. – ela fala

Eu fico pensando se eu realmente não me importava com o que os outros sentiam e percebo que
sim. Eu não ligava para o Gale, tanto que nunca percebi que ele gostava de mim. Não ligava para o que
a minha mãe sentia quando meu pai morreu, e agora sei que ela não era capaz de viver sem ele. Como
eu também não sou capaz de viver sem o Peeta.

Eu passo o resto do dia ajudando a minha mãe em casa, não há nada realmente para fazer e eu
fico entediada rápido, a Pearl dorme a tarde e o Peeta chega.
– Ei Kat. – eu suspiro de alivio quando eu ouço o meu apelido.

– Oi Peeta. – nós estamos no quarto e ele se senta ao meu lado na cama. – Você está chateado
com alguma coisa?

Ele suspira e balança a cabeça.

– Não chateado, só... – ele pensa um pouco – Você não quis saber o que eu pensava, nem me
perguntou, tomou a decisão sozinha e deveria estar tudo bem?

Ele parece muito indignado.

– Eu só pensei que era uma boa ideia. – falo sussurrando.

– Boa ideia para quem? – sua voz sai um pouco mais branda – Eu não acho uma boa ideia.

Fico um pouco espantada por meu mau julgamento, eu sabia que ele não havia gostado, mas
achei que fosse só porque ele não queria nos ver separados, mesmo que de mentira.

– Por quê? – questiono

– Você não vê que não tem sentido. Se eles querem mostrar que tudo isso foi por amor que
motivo nós temos para nos separar? – pergunta

– Mas isso também não nos ajuda. O nosso amor é o causador de tudo isso, que melhor forma
de mostrar que nós estávamos errados do que acabando com ele. – eu percebo o que eu falei quando
escuto o Peeta arfar do meu lado.

– O problema é que eu falei para você que tudo daria certo. – ele fala bem baixinho, quase que
para si mesmo – Mas só daria certo se estivéssemos juntos.

É quase como um soco suas palavras e a noite de ontem vem com tudo para mim, eu concordei,
disse “sempre”. Eu havia dito a ele que independente de qualquer coisa nós estaríamos juntos e agora
praticamente falava que era para matarmos o que sentíamos um pelo outro.

– Peeta... – sussurro

– Não... Não fale nada. – ele me impede – Você está certa sobre o que quer, eu só pensei que...
Éramos um casal, que passaríamos por tudo juntos. Como sempre foi. Mas nós vamos fazer o que o
Haymitch pediu, eu só não quero saber o que vai acontecer se tudo der errado.

– Não era isso... – mas ele não me deixa falar, saindo do quarto. – Burra, burra, burra. Por que
você consegue sempre falar alguma besteira Katniss?

Eu sei por que, a minha mãe falou, eu não me importo com o que as pessoas pensam nem o que
sentem, não por querer, claro. Só que é mais forte que eu, mesmo com o Peeta que me ensinou tanto a
ser paciente e respeitar o que as pessoas pensavam, eu conseguia fazer algo que acabava com todo o
meu progresso.

POV Peeta

Eu saio do quarto realmente me sentindo um lixo, eu venho querendo convencê-la a desistir da


ideia e tudo o que eu consigo é uma briga.

Não que a culpa tenha sido toda minha, só que me custa a ouvir falar com tanto descaso sobre
nós. Como se fosse a coisa mais fácil, fingir e me separar dela. Fingir até poderia ser.

Eu ainda não aceitava a ideia do Haymitch, mas aceitava menos ainda ver a Katniss a acatar
com tanto vigor. E novamente ela não me escutou direito.

“O nosso amor é o causador de tudo isso, que melhor forma de mostrar que nós estávamos
errados do que acabando com ele.”

Nós não estávamos errados, se agora ela se arrependia do que tinha feito, eu não. Eu estava
disposto a morrer por ela, e ela por mim. Por amor. Eu sei que ela está com medo do que a Capitol pode
fazer conosco, ou com a nossa família.

Porém eu esperava qualquer resposta, menos essa.

Eu sei que mais para frente, talvez amanhã, talvez depois nós vamos conversar e eu vou
conseguir dizer tudo o que eu penso. Só que hoje a única coisa que eu posso fazer é sair e deixar os
ânimos se aquietarem.

POV Katniss

Ele foi embora, não sei para onde, provavelmente para a casa do pai. Não sei se foi por ele estar
com raiva de mim ou sem querer me ver, eu acho que foi mais para pensarmos e nos resolvermos quando
estivéssemos mais calmos.

Eu sabia que ele tinha razão ao dizer sobre sempre estarmos juntos. E eu não me atentei para
isso, juntos nós passamos por uma gravidez, uma casamento quase arranjado, um Hunger Games e
estamos aqui e na primeira oportunidade eu aceito que nos separem.

Era isso que o meu sonho queria dizer, o Peeta também tinha razão. Meu sonho mostrava o
Peeta contra mim depois do Capitol tê-lo matado.

O Peeta não estava contra mim, mas a Capitol tinha conseguido nos separar um pouco, com a
minha ajuda claro.

Como eu não iria ter o Peeta aqui comigo hoje, eu dormir com a Pearl. Quer dizer, tentei dormir.
Na maioria do tempo, eu fiquei pensando onde o Peeta estaria.
Eu cochilo quase quando está amanhecendo e acordo com a Pearl chorando. Eu limpo ela e a
levo para a cozinha, eu me entristeço ao não sentir o cheiro do pão do Peeta.

– Bom dia mãe, Prim. – digo.

– Bom dia Kat. – a Prim fala dando um beijo na minha bochecha.

– Bom dia. – minha mãe fala simplesmente.

A porta da cozinha que dá pros fundos da casa se abre e o Peeta entra, o sorriso que se abre em
meu rosto é reluzente.

– Bom dia, - ele fala, a Pearl dá um gritinho e se estica na direção dele, que a pega rapidamente.
– Eu vim trazer o pão.

Meu sorriso morre um pouco, porque mesmo nessa nossa pequena briga, ele consegue se
preocupar e nos ajudar.

– Oi Peeta, - eu falo e ele sorri para mi – obrigada.

– Eu faço isso todos os dias. – ele dar de ombros – Vocês já estão indo para a floresta?

– Eu nem pensei em sair com ela hoje. – eu falei.

Era verdade, agora nós não íamos todos os dias com a Pearl para a floresta, na maioria era só
eu.

– Ok, então eu posso leva-la para ver o meu pai? – ele pergunta

– Claro. – eu falo mantendo o sorriso no rosto.

Ele a pega e se despede de nós. Meu sorriso desmorona assim que ele sai. Frio, não foi nada do
que eu estou acostumada a fazer com o Peeta de manhã.

– O que foi que aconteceu? – a minha mãe pergunta quando a Prim sai.

– Eu só falei o que não devia. – respondo

– E doí tanto pedir desculpas? – ele questiona

– Não sei se o erro foi só meu. – digo.

– Não importa, se você tem conhecimento do seu erro, você pode começar pedindo desculpas.
– insiste.

– Não sei se é o suficiente.


– Argh, - se irrita – eu desisto, você é muito difícil Katniss. Eu nem sei como isso deu certo até
aqui.

– O que? – fico curiosa.

– Você e o Peeta, ele se importa com as coisas mais simples e as resolve rápido, você só faz
complicar as coisas, mesmo quando é muito fácil. – ela fala e sai.

Novamente me deixando surpresa, ela realmente me conhecia, eu complico as coisas. Era tão
fácil chegar e falar com o Peeta, mas não, eu deixo tudo para ele, ele tem que resolver, tem que nos
reaproximar. E transformo as coisas mais bestas em grandes acontecimentos.

Saio de casa decidida a resolver nosso problema.

Chapter Three

Notas iniciais do capítulo


REPOSTANDO CAPÍTULO.

POV Peeta

Passar a noite sem a Kat foi uma eternidade. Eu não dormir e de manhã eu acordei mais cedo
do que nunca e fui fazer a única coisa que realmente me acalmava. Pão.

Eu devo ter feito umas três fornadas quando o meu pai apareceu e me dispensou dizendo que
esse não era mais o meu trabalho. Eu fiquei conversando com ele e deixou escapar que estava com
saudades da Pearl e aí eu me lembrei de que sem mim elas não teriam pão. Coloquei uma quantidade
suficiente para o café e fui.

Entrar naquela casa e agir como se eu não estivesse sofrendo por estar longe da Katniss foi
horrível, mas eu fui recompensado com o sorriso da Pearl que se animou ao me ver. A Katniss não
levava a Pearl mais ao caçar, nem eu ia com ela, só que eu quis checar antes de pedir para lavá-la para
ver o meu pai. Foi estranho e imaginar que de agora em diante eu teria que pedir para ver ou fazer algo
com a minha filha me entristecia.

Mesmo assim eu segui, eu estava me fazendo de difícil, as vezes eu me sentia meio mau por
ceder tanto as vontades da Katniss. Não que não me alegrasse vê-la feliz, é que parecia que só eu fazia
isso.

– Pai? – chamo assim que entro na padaria.

– Oi filho, aqui no fundo. – eu sigo para os fundos da padaria.

– Olhe ela aqui. – eu falo mostrando a Pearl, que sorri animada ao ver o avô.

– Como você está grande, - ele a pega – também já vai fazer um ano, não é?

Realmente faltava pouco mais de um mês para o aniversário dela, eu teria que pensar no que
fazer para ela. Como seria o bolo?

Meu pai continua brincando com ela, enquanto eu tomo o seu lugar no que ele estava fazendo.

– Se resolveu com a Katniss? – pergunta ao me ver calado.

– Não. – falo simplesmente.

– Por quê? – eu dou de ombros – Vocês são muito complicados, os dois estão ai morrendo de
vontade de falar com outro e ficam inventando problema onde não existe.

– Existe sim pai, - eu suspiro – às vezes me parece que a Katniss não quer dividir os problemas
comigo. Ela simplesmente sofre e quer carregar tudo nos próprios ombros, nós somos dois, eu jurei
ajuda-la e protege-la, mas ela não quer a minha ajuda.

Havia sido um alivio finalmente conseguir colocar em palavras o que eu realmente sentia, e meu
pai permaneceu em silêncio por um tempo.

– Eu te entendo, só que ela nunca vai saber o que você sente se você não falar. – ele me olha –
Você reclama dela não dividir o que sente com você, mas você não se propõe a contar que isso te
importa e te machuca.

Eu assinto, realmente ele tinha um pouco de razão e dessa vez ele me deixa ficar em silêncio,
pensando.

POV Katniss

Eu sigo direto para a padaria e encontro – infelizmente – a mãe do Peeta.

– Bom dia Sra. Mellark. – falo e nem espero ela me responder – Onde está o Peeta?
Ele indica com as mãos o fundo da padaria e eu sigo para lá. Quando eu chego a porta eu só
escuto os gritinhos da Pearl e bato na porta.

– Pode entrar. – quem fala é o Sr. Mellark.

Eu coloco a minha cabeça numa fresta da porta e o Sr. Mellark sorri para mim. O Peeta não me
vê, porque está de costas.

– Oi. – ele se vira assim que ouve a minha voz e franze o cenho.

– Oi, aconteceu alguma coisa? – ele pergunta preocupado.

– É... Sim, será que eu posso falar com você? – ele fica mais intrigado.

– Sim. – ele olha para o pai – O senhor pode ficar com ela?

– Claro, vai ser um prazer. – ele fala sorrindo para a Pearl.

Ele me guia até o lugar onde ele faz os bolos e fecha a porta.

– OI? – se vira para mim curioso.

Eu havia pensado tanto em vir aqui e falar com ele, que nem pensei no que diria. Eu podia pedir
desculpas, mas eu não sabia como começar. Eu faço a única coisa que me vem em mente. O beijo. Para
a minha felicidade ele não recua, passa os seus braços em volta da minha cintura e me puxa para mais
perto dele. A minha mãe segue direto para os seus cabelos, beijar o Peeta era a melhor coisa do mundo.

Eu havia feito um bom começo, só que eu ainda não sabia o que falar, e quando ele me afasta e
me olha com os seus olhos azuis interrogativos, eu fico perdida.

– Katniss? – questiona.

– Desculpe. – falo e ele me abraça.

– Me desculpe também. - ele fala – Só não decida as coisas por mim. Somos dois, e
principalmente porque envolvia os dois, não tome a frente.

– Ok, eu percebe o meu erro. – o olho – E também peço desculpas pelas minhas palavras, eu
não acho que nós estávamos errados, nem que tudo que está acontecendo é porque nós estamos juntos.

– Eu sei disso. – ele fala – Você tem o dom de falar sem pensar quando está com raiva.

Eu o olho indignada e ele ri.

– Isso pode ser bom, quer dizer quando não sai uma besteira. – ele continua rindo e eu não
consigo não o acompanhar.

– Ah e nunca mais saia sem me dizer para onde você vai. – eu falo.
– Como? Nós tínhamos acabo de nos desentender você queria que eu voltasse e dissesse: A
proposito eu vou dormir na casa do meu pai até você perceber que o que disse foi uma grande besteira
e me pedir desculpas. – ela fala mudando um pouco o tom de voz e me faz rir.

– Vamos. – eu falo e nós voltamos para onde o seu pai está com a Pearl.

– Pai, eu acho que agora você tem que deixar a Pearl senão o senhor não fará nada aqui. – o
Peeta diz e o senhor Mellark dá risada.

– Sim, depois nós vamos nos divertir melhor não é garota? – ela ri e ele me entrega ela.

– Tchau Sr. Mellark, tchau Peeta. – eu falo e saio.

Eu passo por um dos irmãos do Peeta que brincam um pouco com a Pearl e eu vou para casa,
hoje novamente não daria tempo para caçar, então eu passaria mais um dia chato em casa.

O resto da manhã eu passo com a Pearl brincando com ela e tentando fazê-la falar, ou andar,
mas o máximo que consigo é deixa-la em pé e fazê-la dar um passos e cair. O que arranca risadas dela
mesma, parecendo feliz com o seu feito.

– Você tem que aprender a andar pequena. – eu converso com ela – Tem que receber todo
mundo em pé no seu aniversário.

Ela fica me olhando só que não faz nada, a Prim chaga da escola e eu a deixo com a Pearl
enquanto ajudo a minha mãe colocar a mesa do almoço.

– Pode colocar o prato do Peeta. – falo.

– Se acertaram? – pergunta

– Sim mãe e não doeu. – respondo me referindo à conversa que nós tivemos mais cedo.

Ela ri e continua a colocar a mesa, eu escuto um grito da Pearl e a porta batendo e chego na sala
a tempo de ver a Pearl cair nos braços do Peeta.

– Não, não, não. – grito, só que eu estou rindo então ninguém se importa – Eu tentei a manhã
toda fazê-la andar, aí você chega e ela corre para você.

Ele ri e se levanta com ela em seus braços.

– Eu já te disse que ninguém resiste ao meu charme. – ele diz rindo mais ainda.

– Vamos comer. – volto para a cozinha e todos comemos em silêncio.

A tarde nenhum de nós tem o que fazer, a minha mãe hoje conseguiu um paciente, então eu me
refugio no quarto com o Peeta e a Pearl enquanto ela e a Prim cuidam dele.
O Peeta pega um quadro e as sua tintas e começa a nos pintar. A Pearl gosta da ideia e o Peeta
consegue um papel para ela não partir para cima do seu quadro, então ficamos os três no chão. O Peeta
pintando e eu ajudando a Pearl a fazer mãozinhas no papel, o que a deixava extremamente feliz.

No final o Peeta tem um esboço de nós três no chão do quarto em preto e branco e a Pearl suas
mãos de várias cores no papel.

– Não tem nem comparação? – eu falo.

– Para uma criança de 11 meses até que está muito bom. – o Peeta fala e eu rio.

Eu dou um banho na Pearl e ela dorme. No final o resto da tarde passa bem rápido e nós vamos
dormir.

– Você faz muita falta aqui. – eu digo.

– Eu posso dizer que também não consigo dormir sem você. – ele fala.

Eu rio e o beijo, apesar de estar com o Peeta há algum tempo, eu ainda mantenho o meu receio
sobre ver pessoas nuas, mesmo sendo o Peeta, e fazer o que eu tenho em mente ainda é extremamente
vergonhoso.

Enfio as minhas mãos por dentro da sua blusa nas suas costas, e puxo-a para cima. Quando está
prestes a passar por sua cabeça o Peeta segura as minhas mãos.

– Peeta... – falo frustrada.

– Me desculpe Kat, mas eu não consigo. – ele se afasta e eu consigo ver os seus olhos.

– Mas por quê? Você não... – eu não consigo colocar em palavras a minha duvida.

A única coisa que eu conseguia imaginar era que ele não me queria mais, não sei se por ainda
estra irritado comigo ela briga, ou se por algumas das minhas novas cicatrizes.

– Não, não é você... – ele suspira. – É só que eu ainda não me acostumei com a minha “nova
perna”.

Eu havia parado de me preocupar com isso, porque se o preço para ele estar vivo era perder a
perna, eu não me importava. Só que eu me esqueci de questioná-lo sobre como ele se sentia com ela.
Eu me lembro de que no começo ele tinha algumas dificuldades para andar, só que com o tempo ela
passou a ser parte dele. Tirando o fato de que ele se tornou muito barulhento, o que o irritou
profundamente. Foi uma das poucas vezes em que o Peeta parecia realmente triste consigo mesmo.

Esse foi um dos motivos para ele deixar de ir à floresta.


– Você sabe que eu não me importo. – eu falo me aproximando e me aconchegando a ele – Isso
faz parte de você Peeta, se eu me importasse com isso eu seria hipócrita, já que eu também tenho as
minhas. Nós somos duas pessoas com marcas, que só provam o quanto nós nos amamos.

– Eu sei, só que me dê um tempo, ok? – eu assinto e ele me abraça. – Eu te amo mais por isso.

– Eu também te amo. – falo e ele me dá um selinho. – Só me prometa que você vai falar comigo
quando tiver qualquer problema, você mesmo me disse que nós somos dois e que coisas que envolvem
os dois, um não deve resolver sozinho.

– Você tem razão. - ele fala.

Dormir depois do meu pesadelo estava fora de cogitação então eu só fiquei observando o Peeta
dormir, eu me detive umas duas vezes entes de ceder e começar a fazer um carinho no seu cabelo. Eu
tomo um susto quando ele começa a tremer e me prende com uma força exagerada em seus braços.

– Peeta... Peeta. – falo o sacudindo. – Peeta!

Quando eu quase grito, ele acorda. Parecendo atordoado, ele me puxa mais para si e esconde a
sua cabeça no me pescoço, e eu consigo sentir o quanto a sua respiração está arfante. Eu começo um
carinho nas suas costas para que ele se acalme.

– O que foi Peeta? – eu falo - Você quer me contar?

– Foi só mais um dos pesadelos sobre perder você. – ele diz – Quando eu acordo e vejo que
você está aqui, passa.

Fico aliviada pelos sonhos dele serem tão fáceis de esquecer e emocionada por saber que eu
faço parte de sua vida até nos sonhos, mesmo que de uma forma tão ruim.

– Você consegue voltar a dormir? – pergunto

– Não, vou ficar te fazendo companhia. – ele responde.

E nós passamos o resto da noite conversando.

Chapter Four
Notas iniciais do capítulo
REPOSTANDO CAPÍTULO.
OLHA SÓ EU NÃO QUERO QUE VOCÊS COMENTEM NOVAMENTE NEM NADA OK?
SÓ PEÇO QUE QUEM NÃO LEU LEIA O CAPÍTULO THIRTY ONE, ERA OUTRO ANTES E
AGORA ESTÁ CERTO.

O Peeta estava estranho, muito estranho.

Eu não deixei ele perceber, mas eu havia percebido que ele quase não havia dormido hoje, e que
essa semana ele havia chegado especialmente tarde da padaria.

O mais estranho foi hoje, ele acordou mais do que cedo e saiu, eu estava fingindo dormir e ele
não me viu. Eu ouvi seu barulho na cozinha e pensei que ele tinha acordado para fazer algo especial
hoje, provavelmente para a Prim que sempre pedia alguma coisa a ele, mas não, quando eu levantei ele
já tinha ido e não tinha nada de novo na cozinha. E o mais impressionante a minha mãe me perguntou
por ele, o que quer dizer que ele tinha saído antes mesmo dela levantar, o que era muito cedo para ele
sair de casa.

Então eu fui caçar, como sempre. Aquele lugar me trazia grandes lembranças, tanto com o Peeta
e com a Pearl e tanto com o Gale.

Gale, meu grande amigo. E eu ainda o considerava assim, apesar de ele quase nem me olhar
direito, o que era uma injustiça, já que o Peeta havia me contado que ele estava começando a gostar da
Delly, coisa que ele soube pela própria. Eu esperava um pouco mais de consideração da parte dela, eu
achei que quando as coisas esfriassem ele viria e nós conversaríamos, só que nada aconteceu. Nem da
minha parte, eu acho que grande parte por causa do orgulho ferido, afinal ele não esperou meio segundo
para me ofender quando descobriu que eu estava grávida.

Tiro essas coisas da minha mente e consigo uma boa caça, no caminho eu vendo metade no
Prego e a outra metade eu entrego escondido para Hazelle – a mãe do Gale – mesmo que ele já não
fosse grande parte da minha vida, ele era importante e eu sabia que ele precisava de ajuda.

Depois eu sigo para a padaria, e eu encontro o Senhor Mellark, que abre um sorriso nervoso ao
me ver, me deixando mais desconfiada.

– Oi Sr. Mellark, o Peeta está aí? – pergunto.

– Ahh... Não, ele saiu faz pouco tempo. – ele fala se enrolando um pouco.
– Ok. – falo e saio.

Pelo sol já era quase meio dia, então eu esperava encontra-lo em casa para comer com a gente,
como sempre fez. Qual a minha surpresa quando eu chego em casa e não o encontro.

– Não sei, ele comeu rápido e depois saiu dizendo que tinha o que fazer na padaria. – a Prim
fala quando eu a questiono.

– Mas como eu não o encontrei no caminho? – pergunto.

– Sei lá, você passou na casa do Haymitch? – questiona.

Eu como intrigada e depois pego a Pearl e nós vamos à casa do Haymitch. Eu bato a porta e
surpreendentemente ele a atende.

– Oi docinho. – eu me arrependo de ter ido assim que sinto o cheiro do seu hálito.

– Oi Haymitch, você viu o Peeta? – pergunto, recusando a sua oferta de entrar na casa.

– Sim, vi e não faz muito tempo. – ele fala coçando sua barba por fazer – Ele me parecia muito
estranho, aquele menino está planejando alguma coisa.

– Me fale algo que eu não sei. – resmungo para ele, que ri da minha frustração.

– Não se preocupe docinho, o garoto nunca faria nada de que se arrependeria depois. – ele fala
e eu sorrio assentindo.

Ele tinha razão o Peeta não faria nada de errado. Volto para casa, pensando em esquecer tudo
isso e aproveitar a minha tarde com a Pearl que parece cada vez mais disposta a andar sozinha.

POV Peeta

Não estava sendo nada fácil esconder as coisas da Katniss, mas até agora eu parecia estar
conseguindo. Eu havia combinado tudo com a Senhora Everdeen e ele me ajudaria quando chegasse a
hora, até o Haymitch entrou na história para plantar uma desconfiança na Katniss.

Eu havia acordado cedo e ido a padaria, eu escolhi uma dúzia de coisas gostosas para nós que
eu sabia que a Kat gostava. Havia pegado uma dúzia de travesseiros e cobertores em casa, mais algumas
velas, que eram essenciais.

Meu pai já tinha me dito que a Katniss havia procurado por mim, o Haymitch também e eu
soube que tudo estava saindo como eu queria. Eu sabia que ela se distrairia com a Pearl, então fui e
voltei da floresta uma dúzia de vezes, até ter tudo certo. No fim fui até a casa do meu pai e me arrumei
já estava quase escurecendo e eu me apressei, eu não faria a Kat ir à floresta sozinha muito tarde, mesmo
que ela conhecesse aquele lugar como ninguém.
Antes de ir dei uma batida discreta na janela da cozinha o sinal para a senhora Everdeen, ele
teria que dar o meu bilhete a Katniss que a faria vir direto para a floresta, era simples, uma sugestão do
seu lugar favorito e ele logo adivinharia. Eu segui calmamente, provavelmente a Kat, chegaria no
momento em que o sol estaria quase sendo engolido pelo lago. O que tornaria tudo mais lindo. Depois
de escorregar umas duas vezes eu finalmente chego ao nosso lugar.

Eu havia ficado realmente satisfeito com o meu resultado, não ficou nada de mais, afinal
falávamos de mim e de Katniss e se fosse pomposo não seria verdadeiro. O meu principal medo ao ter
essa ideia era que alguém percebesse que eu estava entrando e saindo da floresta, mas eu havia deixado
tudo próximo à cerca o que facilitou as coisas. Eu não quis acender a lareira para não chamar muita
atenção, então trouxe cobertas extras.

As comidas ficaram espalhadas pelo chão próximo a cama improvisada, eu não sabia o que
estava pensando quando tinha tomado a decisão de fazer essa surpresa para a Kat.

Eu só sabia que nada parecido tinha acontecido conosco, apesar do nosso Distrito ser pobre as
pessoas aqui namoram e passeiam muito juntas quando tem alguma força para isso. Nós não tivemos
essa oportunidade e eu quis criar um momento especial para Kat, só nosso.

Sem medo, sem ninguém por perto, nós dois, no lugar que ela mais ama. Eu quero que ela
sempre tenha memorias boas, independente do que aconteça eu quero sempre estar na sua mente como
alguém que deixou a sua vida mais feliz, mesmo nos momentos ruins.

Meu coração dá um salto assim que eu escuto seus passos cautelosos, e eu suspiro esperando
que ela finalmente apareça.

POV Katniss

Eu havia realmente começado a ficar preocupada com o Peeta quando eu vi o sol sumindo. A
minha mãe já tinha ido à cozinha umas sete vezes, quando eu a vejo aparecer com um sorriso do tamanho
do mundo e me entregar um bilhete.

– Leia. Eu acho que você devia mudar essa roupa. – falou olhando para as minhas roupas com
um olhar reprovador.

Eu a olho intrigada, e ela me indica o bilhete. Eu o abro e encontro um recado com a letra do
Peeta.

Vá ao lugar que você acha mais especial do mundo, quando chegar lá saberá o que fazer.

P.S.: Se estiver muito difícil lembre-se dos momentos bons.

Com todo o meu amor, Peeta Mellark.


Não foi preciso muito tempo para que eu conseguisse desvendar o recado, a primeira pista me
deixou no ar, mas a segunda me indicava o lugar em que eu tinha mais lembranças boas. E era o lago.

Eu subi correndo as escadas procurando em meio a tantas novas roupas uma adequada, eu achei
uma calça quente e linda preta, uma blusa que puxava para o laranja de mangas, um casaco marrom e
um cachecol com listras douradas. Coloquei as minhas velhas botas e gostei do resultado. Desci
novamente correndo e dei um beijo na Pearl me despedindo e pedi para a minha mãe cuidar dela, que
revirou os olhos e disse que eu estava linda, o que me fez corar, a Prim sorriu em aprovação e eu saí
dali com medo de não aguentar passar tanta vergonha.

O caminho foi fácil já que eu o conhecia, só que a minha mente a toda hora imaginava cem
possibilidades do que o Peeta havia feito, desde uma surpresa, até alguma emboscada da Capitol, que
logo descartei ao lembrar do envolvimento da minha mãe. Sinto-me extremamente ansiosa assim que
avisto a superfície do lago com o por do sol refletido, e vejo o quanto o Peeta sabe fazer as coisas, já
que ele me disse certa vez que amava essa cor e que se pudesse parava todos os dias para observar o sol
indo embora.

Eu esquadrinho a área em sua busca, mas não encontro nada, é com total surpresa que eu vejo
a casa que tem na beira do lago com a sua porta aberta. Eu já havia entrado ali com o meu pai, mas nada
mais do que poucos minutos para descansar ou comer uma caça e eu relutei em seguir adiante, mas eu
me lembrei de que era o Peeta lá e que nada do que viesse dele poderia ser ruim.

Quando eu passei pela porta e olhei tudo que o Peeta havia feito para nós eu só pude sorrir para
ele e chorar, de felicidade, claro. Já que em nenhum minuto da minha vida e em todos os momentos que
esteve ao meu lado ele deixou de mostrar o quanto era apaixonado por mim, o quanto não mediria
esforços para me agradar.

Eu acho que o Peeta já estava meio impaciente por me ver parada no mesmo lugar, sem esboçar
nenhuma reação além de um sorriso, seu cenho já estava franzido e ele parecia prestes a se xingar por
ter feito algo tão lindo achando que eu um dia gostaria. Então eu simplesmente o abracei.

– Você gostou? – ele perguntou ainda meio desconfiado.

– Claro, está tudo lindo Sr. Mellark. – ele pareceu soltar um suspiro de alivio.

Eu o beijo e não sei o que me leva realmente a fazer isso, talvez para afirmar totalmente que eu
havia gostado de tudo, ou então porque eu precisava disso. Na maioria das vezes quem errava era eu e
quem se esforçava para consertar era o Peeta, não dizendo que ele não erra, mas não com a mesma
frequência que eu e seus erros não causavam tanta magoa. E mesmo assim agora ele vinha e fazia isso
tudo, para nós. E isso me deixava encanto com ele e com raiva de mim.
Assim que eu o solto, inspeciono melhor o ambiente, havia várias comidas o que fez a minha
barriga se manifestar, e haviam cobertores e travesseiros arrumados à frente da comida. Ele não havia
sido exagerado, ficou simples e lindo.

Eu seguro a sua mão e me sento em cima de um dos cobertores e puxo o outro para cobrir as
nossas pernas.

– Então vamos comer? – ele pergunta assim que se ajeita melhor ao meu lado, passando um dos
seus braços pela minha cintura.

– Sim. – falo simplesmente e nós atacamos.

Estava tudo delicioso como sempre, e nós havíamos passado a maior parte do tempo em silêncio,
pensando talvez, pelo menos eu pensava em como o agradecê-lo por tudo. Depois que eu acabei de
comer o Peeta me puxou inesperadamente para o se peito, se deitando e me deixando quase me cima
dele.

– Quando você teve essa ideia? – pergunto

– Não sei, ela simplesmente surgiu. – ele fala – Mas eu creio que ela veio em grande parte por
causa da nossa conversa sobre a “nova perna”. Sobre nós dois sabe e apesar de tudo que já aconteceu
com a gente, e eu sei que todos os momentos foram especiais, nós nunca tivemos nada só nosso. Sabe
do tipo casal?

– Realmente, mas eu nunca havia me importado com isso. – digo. – Quer dizer, nada na nossa
vida é do tipo normal, e nós não estaríamos juntos se fosse.

Ele assente por que sabe claramente a que eu me refiro.

– Sim, só que eu queria fazer isso com você, ter esse momento. – ele suspira – Eu acho que se
o Peeta de dez anos atrás soubesse que havia uma mínima possibilidade dos seus sonhos se realizarem,
ele teria falado com você há muito tempo.

– Pode crer que a Katniss de dez anos atrás não daria nenhuma chance a ele. – eu falo e ele ri.

– É verdade, então essa é a nossa vida. – suspira – As coisas ruins que aconteceram só foram
uma preparação, nenhum dos dois estava disposto a ficar com o outro, e a vida se encarregou de mudar
e nós fazer crescer e ser fortes o suficiente para nos mantermos juntos. Sempre.

– Sempre. – eu sussurro com a voz embargada antes de puxá-lo para um beijo.

Eu fiquei realmente surpresa quando o Peeta nos girou e me fez ficar embaixo dele. Eu tento
parar o beijo umas duas vezes, até que ele me deixe falar.
– Peeta você não precisa fazer nada se não estiver preparado para isso, ok? – indago e a única
coisa que ele faz é voltar a me beijar.

Dessa vez eu o acompanho e guio as minhas mãos para as suas costas as infiltrando por debaixo
da camisa e o arranhando. Ele por sua vez retira o meu casaco, também agora enfiando as suas mãos
pela minha blusa e apertando a minha cintura. Eu puxo a sua blusa para cima ele termina de tirá-la por
mim, começando o mesmo processo com a minha, interrompendo a série de carinhos que eu fazia nas
suas costas.

Quando ele conseguiu, sua boca seguiu para o meu pescoço me dando vários beijos por ali e me
fazendo ficar arrepiada, suas mãos seguiram para o fecho do sutiã rapidamente me livrando dele. Eu me
senti tremer quando o meu tronco foi de encontro ao de Peeta, sua boca havia voltado para a minha e
eu o havia puxado para mais perto. Eu não sei em que momento nós havíamos perdido os sapatos, mas
isso realmente não importava, não quando o Peeta descia os seus beijos para o meu colo e esbarravam
em um dos meus seios, fazendo com que um gemido vergonhosamente alto escapasse.

Eu volto a minha mão para as suas costas e o arranho, e ele também geme, só que baixinho no
pé do meu ouvido, o que me enlouquece. Eu levo as minhas mãos a barra da sua calça e faço menção
de descê-la, só que há um cinto, um botão e um zíper que me impedem. Eu me apresso em me livrar
deles e rapidamente empurro a sua calça para baixo. Ele também se livra da minha, só que com um
pouco mais de dificuldade pela posição em que nos encontrávamos.

Não restava quase nenhuma peça de roupa nos separando e eu conseguia sentir cada pedacinho
do corpo do Peeta contra o meu e nesse momento eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse
o quanto ele é perfeito para mim. Ele retira o restante das nossas roupas.

– Eu te amo kat. – ele fala antes se guiar lentamente para dentro de mim, fazendo com que a
minha resposta fosse só um grunhido de satisfação.

Eu ainda me surpreendia com a forma que eu me desligava de tudo quando estava com o Peeta,
quer dizer nem de tudo, em algum momento o Peeta segurou o meu queixo e prendeu o seu olhar nos
meus. E todas as vezes que eu fechava minimamente os olhos ele pedia que eu abrisse novamente, então
eu me perdia duas vezes, nas sensações que ele me passava e no seu olhar, que um dia já fora de um
azul cristalino e se transformara num completamente escurecido.

Eu deixei que seu olhar me passasse todo o amor que ele sentia por mim, e esperava que o meu
passasse isso tudo também.

– Eu também te amo. – disse por fim, quando todas as sensações haviam passado e meu coração
havia parado de sambar no meu peito.
Chapter Five

Notas iniciais do capítulo


Olá, para quem não sabe eu tive que excluir e postar tudo novamente porque eu não vi que havia
pulado um capítulo. Então quem não percebeu por favor leia o Capítulo 33, ok?
Eu estou muito feliz porque as minhas visualizações pularam de cinco mil para quase sete.
Espero que gostem e comentem. Boa leitura.

Eu acordo pela primeira vez em muito tempo antes do Peeta, mas provavelmente é porque ele
passou a noite toda fazendo doces e o bolo para o aniversário da Pearl. Ele estava de costas para mim e
a luz do sol que entrava pela janela caia diretamente nele e eu percebi que havia alguns sinais por ali. E
seu cabelo parecia mais loiro do que nunca, inconscientemente as minhas mãos seguem para lá e eu
começo a fazer um carinho por ali, ele se remexe e vira na minha direção.

– Desculpe, eu não queria te acordar. – falo e ele sorri para mim.

– Não tem problema, só não pare. – diz e eu coloco a minha mão no seu cabelo.

Ele coloca as suas mãos em volta da minha cintura e me puxa para mais próximo a ele.

– Nós temos que levantar. – falo.

A Pearl já, já acordaria e hoje era o dia dela. Eu não faria nada, mas o Peeta insistiu dizendo que
ela merecia – eu falei que ela nem iria lembrar - e que era uma boa lembrança para todos nós. Então eu
concordei e ele chamou a família dele toda e o Haymitch, a Prim só faltou começar a pular e falou que
no próximo aniversário dela também teria que ter festa.

Eu me levanto e deixo-o na cama, tomo banho e me arrumo, quando eu saio ele já está de pé.

– Bom dia Kat. – ele me abraça e me dá um beijo.

– Bom dia.
Eu ficava pensando no quanto esses gestos fofos e simples do Peeta me encantavam, pode
parecer meio banal, mas eu amava. Eu sempre fui uma pessoa que não demonstra seus sentimentos e
mesmo sem perceber eu peguei algumas das manias fofas do Peeta, e surpreendentemente, eu não me
importava. Nunca me importei, e ficava feliz em saber que eu fui capaz de mudar por ele.

Ele segue para o banheiro e eu para o quarto da Pearl que já está em pé no berço me esperando,
quando me vê abre o seu sorriso de quatro dentinhos e estica seus braços para que eu a carregue. A levo
para a cozinha e preparo o seu café, a minha mãe já estava acordada e a Prim também.

– Cadê o bolo Kat? – a Prim me pergunta.

– É surpresa. – o Peeta fala.

Ela parece meio decepcionada e eu rio, ele tinha colocado isso na cabeça, dizendo que o bolo
iria ficar lindo e que iria me surpreender. Do Peeta eu não duvidava já que ele era mestre na arte de me
fazer surpresas.

Ele toma café e logo sai, falando que ele ainda tinha que ajudar o pai a fazer pães e eu fiquei em
casa ajudando a minha mãe a arrumar algumas coisas na casa para receber a todos. Eu nunca havia feito
uma festa e a nossa não seria muito grande, era mais uma reunião de família e amigos, mas nada impedia
de deixar a casa impecável para causar uma boa impressão – principalmente para a mãe do Peeta – e
um exemplo pro Haymitch também.

O Peeta havia falado que combinou de tudo acontecer depois do almoço. Ele não veio almoçar
em casa e eu fiquei preocupada, mas não iria atrás dele e acabar com sua surpresa. Então eu comecei a
arrumar a Pearl, a minha mãe havia feito um vestido amarelo, quase laranja. Ela havia ficado linda eu
a deixei com a minha mãe que usava um vestido vermelho lindo, quando eu a elogiei o seu rosto ficou
da cor do vestido, foi hilário. Eu fui me arrumar e escolhi um vestido verde de alças simples. Bem a
tempo porque o Peeta tinha acabado de chegar com a sua família quando eu entrei na sala.

Ele ainda estava com o bolo nas mãos e ele era maravilhoso. Ele era todo branco só que o Peeta
havia enchido ele de bolinhas que imitavam pérolas e tinham laços na base, havia ficado fofo que nem
a Pearl e simples também.

Ele colocou em cima da mesa que já estava com um pano branco perolado também. Envolta
havia um doces que ele fazia e que ela amava.

– Oi Sr. Mellark. – falei e dei um abraço nele.

– Oi Katniss, como vai querida? Nunca mais você foi nos fazer uma visita? – me pergunta.

– Eu vou muito bem, me desculpe, eu sei que o senhor tem sentido a falta da Pearl. – respondo.

– E de você também. – ele fala me deixando corada.


O Peeta se aproxima e tira a Pearl de mim a colocando no chão, quando ela começou a andar o
pai do Peeta só faltou chorar e correu para abraça-la. Eu fiquei emocionada, era bom ver que
independente de qualquer coisa a nossa filha teria sempre alguém que a protegesse e fizesse feliz.

Antes que eu conseguisse falar com os outros convidados alguém bate na porta, eu olho o Peeta
o questionando e ele ai até a porta pedindo que eu o acompanhe. A minha surpresa não poderia ser
maior.

A Delly e o... Gale.

Eu não esbocei reação alguma e o Peeta sorriu, eu devia imaginar que isso era arte dele. Afinal
a Delly ainda era sua amiga e por mais que ela me irritasse às vezes – ela era muito doce, não doce que
nem o Peeta era aquele tipo sorrisinhos e abraços em todo o mundo – ela era uma boa amiga tanto para
mi quanto para o Peeta e sempre apoiou o seu amor por mim, desde quando eram crianças, pelo menos
era o que ele me disse.

Agora o Gale... Bom eu sabia que eles estavam tendo alguma coisa, só não sabia que o Peeta
havia o convidado.

Eu teria que ser uma boa anfitriã.

– Olá, que bom vê-los aqui. – falei fingindo que sabia que eles viriam.

Percebi que o Gale havia soltado um ar preso, parecendo aliviado. Eu não o perdoaria e achava
muita ousadia da sua parte vir aqui, mesmo que tenha sido convidado.

– Oi Delly, Gale, vamos entrem. – o Peeta falou saindo de frente da porta e me puxando com
ele, já que não tinha me movido. – A Pearl está com todo mundo lá na sala.

– Oi Kat, - a Delly falou se aproximando e me abraçando – é simples, mas foi de coração, a


minha mãe que fez. É para Pearl.

Apesar de tudo o seu gesto me tocou e eu sorri verdadeiramente e agradecendo.

– Vamos você tem que entregar na mão da aniversariante. – eu falo e a puxo em direção a Pearl.

Ela entrega a Pearl que sorri, mas estranha ela no começo já que a viu poucas vezes, no fim
rasga a embalagem do presente e nos descobrimos que é um vestido azul, simples e lindo. Eu agradeço
novamente e ela sorri para mim.

Quando eu vejo uma chance sigo para a cozinha, beber um copo de água e pensar um pouco, só
que o Peeta me segue.

– Ei Kat, me desculpe por isso, - ele fala – eu convidei a Delly e disse que ela podia trazer
alguém, eu só não imaginei que fosse o Gale.
– Tudo bem, eu só estou surpresa. – ele se aproxima e me abraça.

– Já está na hora, não é? – questiona e eu o olho intrigada – De você falar com ele, ele era o seu
amigo, ainda é importante para você. Isso não faz bem a nenhum dos dois.

– Eu sei, é só que ainda doí um pouco. – eu me agarro mais a ele – E eu fiquei esperando um
primeiro passo dele por muito tempo e não veio, eu meio que me acostumei com a ideia de que ele era
orgulhoso demais para se importar com o que me disse e se isso me afetou em alguma coisa.

– Eu nunca perguntei o que ele falou, mas eu devo imaginar e eu espero sinceramente que ele
te peça desculpas. – diz – Porque se arrepender, eu sei que se arrependeu.

Eu o questiono com os meus olhos e ele só faz sorrir para mim e me dar um selinho, eu não ia
o deixar encerrar o assunto assim, mas fomos interrompidos por um pigarreio. Quando eu olho vejo o
Gale parecendo envergonhado.

– Desculpa, mas estão esperando vocês na sala. – ele fala.

– Ok, eu já vou indo. – o Peeta sorri novamente e me dá outro selinho.

Quando ele passa pelo Gale, dá dois tapinhas nas suas costas em sinal de que está tudo bem.

– Oi Catnip, - o som do meu apelido me parecia tão estranho agora.

– Oi Gale. – eu não sabia se devia começar falando alguma coisa então me manteve em silêncio.

– Eu queria me desculpar com você, por tudo. Nós passamos quase a nossa adolescência toda
juntos e eu meio que criei um sentimento de posse por você, eu gostava de você, nós pensávamos da
mesma forma, agíamos como complemento um do outro durante a caça e isso me fez pensar que você
era perfeita para mim. – ele parou um pouco e suspirou – E eu só fui descobrir que você não sentia o
mesmo por mim, quando já estava grávida da Pearl e eu nem imaginava que você gostava do Peeta e
que estava com ele.

“Não justifica a forma como eu te tratei e nem ter te ignorado por tanto tempo. A Delly me fez
ver que nada do que eu pensei sentir por você era verdade, o que eu sinto por ela é verdadeiro. Eu
entendi o que você viu no Peeta, eles são a paz para toda essa raiva que sentimos um dia, um pouco da
doçura que nos foi tirada quando nossos pais morreram. Desculpe-me de verdade.”

– Tudo bem Gale, a muito que toda a minha raiva já passou, eu só queria o meu amigo de volta.
– falo sorrindo para ele.

Eu estava feliz, eu não esqueceria as palavras, mas ele foi mais que um irmão para mim durante
parte da minha vida, ele importava de verdade e com ele aqui a vida ficava mais feliz.

– Agora vamos comer bolo. – digo mas ele me impede antes que eu possa sair.
– Eu posso receber um abraço? – indaga.

– Ok. – eu o abraço.

Não era como o do Peeta que me esquentava e me trazia paz, eu só ficava feliz em ter o meu
amigo novamente.

– Ah Catnip, eu queria agradecer pela caça. – ele parecia meio envergonhado.

– Tudo bem, nós temos demais aqui. – respondo e saio.

O Peeta me olha e eu sorrio para ele. Ele parece entender e sorri de volta.

Agradeço em silêncio e ele só faz balançar a cabeça.

Aproximo-me da Pearl que continua andando graciosa pela sala, brincando com um e com outro,
parando de vez em quando para enfiar a mão num dos doces na mesa. O que fazia todos rirem. Menos
a mim é claro, eles se encantavam com tudo o que ela fazia mesmo que fosse muito errado.

– Peeta - falei me aproximando dele – acho que já está na hora de você cortar o bolo.

– Claro, vamos. – ele segura a minha mão e segue para a mesa.

– Alguém quer bolo? – pergunta

– Finalmente, eu já estava quase morrendo de fome. – esse comentário tinha que sair do
Haymitch.

– Esperem, - a minha mãe interrompe o que é muito fora do comum – é um costume antigo, ela
tinha que fazer um desejo antes de partir o bolo, mas é muito pequena. Então vocês pais desejem algo
a ela.

– Eu quero que ela tenha uma vida tranquila e feliz. – eu falo.

– Ao nosso lado. – o Peeta acrescenta, e eu sorrio concordando.

O Peeta parte o bolo e distribui a todos, pega mais dois pedaços e coloca em um prato e me
entrega pegando três colheres em seguida e nós sentamos. Eu começo a dar a Pearl enquanto ele come
e depois eu provo, eu sabia que estava bom, mas os bolos que o Peeta fazia eram maravilhosos e eu
comi outro pedaço.

Já estava ficando tarde e o Haymitch foi o primeiro a ir embora alegando que precisava de uma
bebida. A Delly e o Gale o seguiram e foi diferente a hora de se despedir, a Pearl gostava da Delly, mas
o Gale ela só tinha visto uma vez e mesmo assim ela gostou dele. Então quando o Gale foi falar com
ela colocou suas duas mãozinhas no rosto dele, o que mostrava que ela gostava da pessoa, ela fazia
muito isso comigo e com o Peeta, olhava nos nossos olhos como se entendesse, eu amava já que seus
olhos eram iguaizinhos aos do Peeta, mas o Gale se assustou.

– Ela é tão linda, a sua cara, mas ela é tão Peeta. – eu ri com a sua descrição.

– Sim, ela é tão Peeta. – concordei.

– O que você quer dizer com tão Peeta? – o Peeta perguntou.

– A Katniss não é tranquila e carinhosa com pessoas que não conhece. Fora que esses olhos
mostram exatamente a mesma coisa que os seus, gentileza. – o Gale falou.

Eu sentia a mesma coisa quando os olhava, desde sempre mesmo quando eu ainda não o amava.
Eu ficava feliz que a minha filha cresceria igual ao Peeta, ele sofreu muito tanto com a mãe, com os
Jogos, e continuava igual ao mesmo menino que me ajudou com o pão.

O sol desaparecia e a casa já estava vazia, a família do Peeta tinha sido a última a ir embora, e
o senhor Mellark estava radiante, eu não esperava mais nada e estava morrendo de vontade de dormir.

Só que bateram na porta novamente, eu olho para a sala para ver se alguém tinha esquecido
algo, mas não percebi nada. Fui abrir a porta e eu preferia não ter feito isso.

Era ele.

Eu devia ter começado a tremer ou as minhas lágrimas ficaram evidentes porque o Peeta já
estava do meu lado, quando ele viu quem era me abraçou e me puxou para trás de si.

– O que você está fazendo aqui? – ele perguntou.

– Eu só vim trazer uma correspondência da Capitol para vocês.

Eu não sabia o que era pior, se o Pacificador Chefe na minha casa ou se uma correspondência
da Capitol.

– Pode me dar, e se você puder nunca mais apareça aqui. – o Peeta recebe uma caixa que estava
na mão dele.

Ele bateu a porta com uma força exagerada e me levou para a cozinha. Ele falou algo para minha
mãe, mas parecia um zumbido.

Eu nunca mais tinha visto ele, eu fugia de qualquer pessoa que usasse farda de Pacificador,
ver os outros me trazia uma má lembrança, agora vê-lo. Eu me sentia da mesma forma que aquele dia,
impotente, me sentia um lixo.

– Bebe essa água Kat. – minha mão tremia e eu quase não consigo segurar o copo.
Ele vê que eu não vou conseguir, então larga em cima da mesa e me abraça, passando as mãos
pelas minhas costas tentando me acalmar, nos seus braços eu me permito chorar.

– Se lembre de nós Kat, você tem a nós. Eu, a Pearl, a sua mãe, a Prim, ninguém vai te machucar.
– ele continua murmurando coisas assim no meu ouvido e eu vou me acalmando.

Ele me carrega e nos leva para o quarto. Antes que eu possa dormir eu me lembro do presente
da Capitol e pergunto ao Peeta sobre ele.

– Não se preocupe. – ele fala. – Eu estou aqui.

Sempre, ele sempre estaria aqui.

Chapter Six

Notas iniciais do capítulo


Heyy povo, olha eu aqui de novo.
Esse capítulo vai ser um pouco cansativo porque são coisas que vocês já sabem, leram no livro
original. Teve algumas modificações mais a essência é a mesma.
POR ISSO MAIS TARDE EU VOU POSTAR OUTRO, QUE ESTÁ BASTANTE
INTERESSANTE.

O meu medo havia aumentado gradativamente igual à neve que agora tomava conta do Distrito
12.

Eu não estava tranquila antes do aniversário da Pearl, mas depois do presente da Capitol meu
medo havia triplicado.

Era um pequeno tordo, não em broche, mas algo para enfeitar a casa, especificamente o quarto
da Pearl. Não deixava de ser linda, uma escultura em um pedaço de mármore branco, o mesmo desenho
do meu broche. Eu não dava tanta importância para o tordo, até saber que as pessoas me reconheciam
por ele.
Eu havia feito à diferença usando algo que era considerado um erro na Capitol. Mas o presente
em si não era o choque, o recado que ele trazia sim.

Um presente especial para a filha do nosso Tordo, dos nossos vencedores, que nunca dever ser
esquecida.

Nunca deve ser esquecida.

Um recado implícito da Capitol, vocês estão em nossas mãos, conhecemos a sua família,
sabemos que o ponto fraco é a sua filha e não temos medo de feri-la.

O Peeta havia tentado me acalmar dizendo que eles nunca seriam capazes de machuca-la, não
enquanto nós fossemos um sucesso na Capitol e ele com certeza se complicariam se algo a acontecesse.
Minhas últimas noites haviam sido péssimas, mas o Peeta sempre estava ali, a Pearl também estava
muito maior, ela gostava de ficar andando pela casa e sair com a Prim pelo Distrito, seu destino era a
padaria, normalmente elas iam buscar o Peeta que voltava cada vez mais alegre.

Ela não ia mais a floresta comigo, sem o Peeta ficava muito complicado caçar e tomar conta
dela, e eu não quero que a minha filha me veja caçando, não quero que ela goste nem que aprenda. O
Peeta havia me falado uma vez que se eu tinha medo dela ser escolhida como tributo poderia treinar
ela, não que uma criança de um ano vá aprender alguma coisa, mas eu não faria isso nem que ela tivesse
dez. Imaginar que a minha filha seria capaz de fazer as mesmas coisas que eu fiz, me assustava.

Eu voltava para casa depois de ir à floresta, teria que passar na casa do Haymitch para chama-
lo. Hoje era o começo do Tour da Vitória, a minha equipe estava chegando e eu me transformaria na
bonequinha perfeita novamente. Preparava meus ouvidos para ouvi-los reclamando da forma como eu
deixei os meus cabelos, ou sobre as minhas unhas. Eu devia seguir direto para casa do Haymitch, mas
como eu sabia que o Peeta também teria que ir para casa, eu passei na padaria primeiro.

– Oi Sr. Mellark. – falei quando o encontrei vendendo uns pães.

– Oi Katniss, o Peeta está lá no fundo. – me disse mesmo antes que eu perguntasse.

Eu entrei na sala sem bater, só para vê-lo com sua tão conhecida cara de concentração, o
biquinho e o cenho franzido, e eu não quis interrompê-lo já que estava quase no final. O bolo era lindo,
era vermelho, e ele parecia fazer umas flores brancas em cima.

– Eu já vi você aí. – ele falou e eu ri.

– Como? – perguntei chegando mais perto.

– Eu aprendi algumas coisas com você. – ele me olhou e sorriu – Você não é tão silenciosa
quanto pensa.

Ele riu da minha careta indignada e me deu um selinho.


– Está pronta para o Tour? – ele me pergunta e tenho certeza de que já sabe a resposta.

– Não, mas não posso fazer nada. – respondo

– Pode sim. – o questiono com os meus olhos – Me ajudar a terminar esse bolo.

Dessa vez eu ri com gosto.

– Isso é impossível. – eu falo.

– Não é, vamos eu te ensino. – ele coloca a minha mão no saco com o glacê branco.

Eu deixei que ele guiasse a minha mão e no fim o resultado foi muito bom, as flores não estavam
exatamente iguais às dele, mas era o suficiente para não estragar o seu bolo.

– Está vendo Sra. Mellark, tudo é questão de técnica. – fala

– Nada disso, eu nunca seria capaz de fazer aqueles bolos desenhados que você faz. – digo – E
isso é questão de talento, como com os seus quadros.

– Certo, mas vamos ainda temos que dar um jeito no Haymitch antes que todos cheguem. – ele
diz pegando o bolo.

Eu abro a porta para que ele passe e seguimos para frente da padaria, onde ele coloca o bolo na
vitrine e nós vamos embora. Ele segura a minha mão e nós vamos andando calmamente em direção a
Vila.

Entrar na casa do Haymitch era um desafio, se você não passasse mal com o cheiro da casa dele,
você parava no lixo acumulado pela casa. O Peeta era insistente e uma vez por semana vinha e tirava o
lixo, eu já havia desistido há tempos. Eu bato na porta antes de entrar e como sempre ele não abre e nós
entramos mesmo assim. A situação é deplorável. Ele está jogado na escada com uma garrafa na mão e
suas roupas estão muito sujas, o cheiro esta cada vez pior.

– Vá para a cozinha e prepare um café forte Kat. – o Peeta fala vendo o meu rosto e como eu
me esforçava para não sair já dali – Muito forte.

Então eu sigo direto sem nem pensar duas vezes, me embolando para passar pelas garrafas que
se acumulam no chão coloco água no fogo, e começo a minha pequena faxina. Primeiro eu pego todas
as garrafas que vejo pela frente e coloco num canto e depois eu procuro nos armários algo limpo para
colocar na mesa, acho algo satisfatório. Encontro também pão que o Peeta havia deixado para ele mais
cedo e o queijo da cabra de Prim e coloco na mesa junto com o café muito forte.

Bem a tempo de o Peeta voltar com um Haymitch ainda meio cambaleante mais com um cheiro
e uma aparência muito melhor.
– Olá Haymitch. – o saúdo assim que se senta.

– Oi Docinho, obrigado por me acordarem. – eu fico um pouco surpresa por essa demonstração
de afeto, mas esqueço rápido pois ainda deve ser o efeito da bebida.

O Peeta senta a mesa e eu o acompanho, ele rapidamente captura a minha mão e entrelaça os
nossos dedos. Uma das outras coisas que eu admiro em Peeta, o que ele puder fazer para estar perto de
mim, ele fará.

– Vocês já me acordaram, o que estão fazendo aqui ainda? – questiona com a boca cheia.

– Só checando se você vai mesmo comer. – o Peeta responde.

Nós ficamos mais preocupados com ele ainda quando percebemos que ele não come quase nada
e coloca a bebida no lugar, minha mãe já teve que fazer alguns chás para ele porque o sue fígado desse
jeito irá parar um dia, ele não nos escuta e continua. Mas o Peeta sabe ser insistente quando quer e aos
poucos ele vai estabelecendo uma rotina com o Haymitch o fazia comer pelo menos uma vez ao dia, no
café normalmente quando ele trazia o pão.

– Já estou comendo, agora vão, porque aquele ser rosa daqui a pouco está por aí, e eu não quero
ter que ouvi-la tão cedo.

Eu rio da forma com que ele se refere à Effie e me levanto seguida do Peeta, seguimos
rapidamente para casa, porque nós ainda tínhamos que tomar banho e esperar as equipes.

– Pode ir na frente. – o Peeta fala quando chegamos em casa – Eles vão demorar mais em você
do que em mim.

Eu sigo para o banheiro pensando em como em uma hora a minha vida vai mudar totalmente de
novo, eu havia levado meses para voltar a minha rotina de caçar, de ser só eu, Katniss, e agora quando
eles chegassem em menos de um minuto eu seria a vitoriosa novamente, a futura mentora do terceiro
Quarter Quell. Isso era um grande acontecimento aqui, a cada 25 anos a Capitol faz algo diferente
durante os jogos, como por exemplo, o segundo Quarter Quell foram levados o dobro de tributos de
cada Distrito e foi o que o Haymitch ganhou.

Eu não estava viva para vê-lo, claro, e nem me lembro de algo ser dito na escola sobre a forma
com que ele ganhou, mas eu tenho certeza de que ele foi muito mais do que os outros, não só na força,
também na inteligência.

Meu banho é o suficiente para que todos eles possam chegar e eu sou rodeada pelo colorido do
cabelo azul de Venia, a pele verde de Octavia, o batom roxo de Flavius, de alguma forma eu senti falta
deles. Rapidamente sou ocupada por seus sermões, carregados de desgosto perguntam por que eu não
fiz o que me pediram. O que eu esqueci completamente.
Sentam-me numa cadeira e cada um deles começa o seu trabalho, o silêncio rapidamente
preenchido por noticias da Capitol que não me apetecem, como que tipo de sapato está na moda e como
é um erro pedir que todos usem penas em sua festa de aniversário. Eles me maquiam de uma forma
simples, para que fique feminina e jovem, quase como a verdadeira Katniss e pedem para que eu faça a
minha habitual trança.

Depois de pronto, eu sigo até Cinna que me espera para me apresentar o meu talento. Como
tributo todos tem que ter um, é uma atividade que você tem que fazer já que não vai à escola nem
trabalha, para o Peeta foi fácil ele teve até escolhas, ou confeitar ou pintar. Ele preferiu pintar e fez
umas dúzias de quadros para apresentar na Capitol, eu me refugiei em Cinna que criou uma série de
modelos lindo para parecer que eu era uma fã de moda. Eu fiquei tentada a perguntar se eu não poderia
colecionar arcos e flechas, mas eu já sabia a resposta. E cantar estava fora de questão.

Olhando seus desenhos, eu posso dizer que sou uma ótima estilista. Eu o abraço novamente
agradecendo por tudo que ele fez por mim e ele me entrega as minhas roupas. A roupa que ele havia
feito para mim realmente parecia com a verdadeira Katniss, calça, botas, uma blusa branca e um casaco
com fios de lã verde, azul e cinza.

A Effie finalmente aparece com sua atual peruca cor de abóbora para nos apressar, como
sempre.

– Cadê o Peeta? – pergunto a ela.

– Aqui. – ele aparece e eu vejo que eles não desistiram da ideia dos gêmeos.

Nós temos que apresentar nossos talentos para as câmeras então cada um tem a sua vez, eu falo
tudo que eu escutei do Cinna como se realmente gostasse disso, e eu vejo o quanto o Peeta está
orgulhoso pelos seus quadros, ele fez questão de incluir o quadro que ele fez para mim quando estava
grávida da Pearl. O que fez alguns repórteres soltarem “awnss” fofos.

E enfim estava na hora de ir, o Cinna ainda me dá luvas e um cachecol vermelho liso e acrescenta
o broche do tordo. Há mais câmeras lá fora e como somos o único Distrito que tem dois vencedores que
se amam e estão juntos eles querem algo a mais. Eu espero que o Peeta esteja criativo hoje.

Por um momento eu não vejo nada, tanto pelos flashes quanto pela neve, mas ai o Peeta me
puxa para ele e por algum motivo – eu acho que foi a sua “nova perna” – ele escorrega e eu vou junto
com ele, acabo em cima dele e rindo com gosto esquecendo por uns minutos em que situação estávamos.
Vendo seu rosto tão perto e seus olhos azuis tão lindos pela luz eu o beijo e proporciono a Capitol uma
primeira cena emocionante.
Despedir-me da Pearl foi horrível novamente só que dessa vez eu tinha certeza que voltaria, e
que ela estaria bem. A minha mãe estava cada vez mais forte e a Prim muito maior, ainda tinha o pai do
Peeta, nada a atingiria agora. E eu podia ir tranquila.

Quando a noite finalmente chega, nós já estamos no trem e eu já estou pronta para dormir.

– Você sabe que o primeiro Distrito é o da Rue, não é? – o Peeta fala

– Sei. – falo e instintivamente me aproximo mais a ele.

– E você sabe o que vai fazer quando ver a família dela? – pergunta

– Não, eu estou contando com ser racional e não estragar tudo. – sussurro

– Nós vamos conseguir, sabemos que não há forma de consolá-los, mas eu espero que eles não
nos culpem. – diz

– Eu tenho certeza que não, se a família for tão corajosa quanto Rue foi, tenho certeza que eles
entenderão. – falar dela como alguém no passado doía muito.

– Independente do que acontecer, eu sempre vou estar aqui. – ele me vira e nós ficamos frente
a frente.

– Eu sei, e você sabe que o mesmo pode ser dito sobre mim. – digo.

Ele assente e me beija.

– Eu te amo. – digo.

– Também te amo, muito. – responde.

Chapter Seven

Notas iniciais do capítulo


Como eu prometi, aqui estou eu com mais um. Ele ficou menor, por motivos que você entenderão
abaixo.
Eu sou acordada cedo para que eles possam me preparar de verdade para o passeio no Distrito
11, o Peeta tem sorte e pode continuar dormindo já que ele não precisa de tantos cuidados. A minha
equipe parece prestes a desmaiar de tanto sono e por incrível que pareça eles permanecem em silêncio
enquanto me enchem de cremes, me depilam, me esfoliam, massageiam e no final eu saio com a minha
pele completamente lisa e macia.

Ainda há algum tipo de conversa em que me colocam como potencial aberração do Capitol, em
que falam como eu ficaria maravilhosa se eles pudessem mexer em mim. Eu fico realmente horrorizada
e minha paciência com eles se esgota um pouco mais.

Suas conversas normais sobre como a vida da Capitol é, já são ruins o suficiente de se aguentar,
eles não percebem que tudo o que possuem vêm de Distritos onde pessoas nem comem direito e para
eles é normal gastar quantias exorbitantes em festas e mudanças no corpo para se tornarem parecidos
com bichos de cores diferentes e outras coisas. Se isso não importa para eles, pelo menos deviam pensar
em como isso nos afeta, em como para a gente eles são ridículos.

Eu encontro com os outros no jantar um pouco pior do que me sentia quando entrei nesse trem,
o primeiro a perceber que não estou bem é o Peeta que automaticamente junta as nossas mãos e se
mantem sem questionar, sabendo que nesse momento eu prefiro o silêncio. Alguns outros tentam, mas
como não conseguem me deixam em paz. E eu nem consigo comer.

Parece que sabendo como eu me sentia, um funcionário da Capitol informa que teremos que
parar para substituir uma parte do trem que não está funcionando. E aproveitando a deixa o Peeta nos
arrasta para fora do trem, como a parada deve ser de mais ou menos uma hora, nós andamos sem nos
preocupar por uns dez minutos, até que o Peeta para e se senta, eu copio o seu gesto.

– O que houve? – pergunta juntando as nossas mãos novamente.

– Só tudo isso – suspiro – eu não esperava que fosse tudo tão igual aos jogos, como se a gente
nunca tivesse saído de lá. Nós somos os vencedores, eu sei, mas toda essa preparação só me lembra do
começo de tudo.

– Entendo, só que você sabe que nada disso vai mudar. A partir do momento em que vencemos
e desafiamos a Capitol nós nos submetemos aos seus caprichos e tudo isso faz parte deles. – ele aperta
a minha mão suavemente – Todos os anos nós vamos ser mentores até que alguém vença depois, todos
os anos nós vamos passar pelas mesmas coisas e sofrer do mesmo jeito, um pouco menos ou um pouco
mais, depende de quanto nós gostarmos dos tributos. Mas será assim.

“E eu acho que doerá mais Kat, porque já sabemos como tudo é.”
Nesse momento a única vontade que eu tive foi de chorar, mas eu não podia então me agarrei
ao Peeta, o abracei com todas as minhas forças, pois da mesma forma que ele era a minha fraqueza*,
ele era a minha fortaleza. Na mesma medida em que ele me protegia ele mostrava para mim que o
mundo não faria o mesmo, como agora. Ele sabia que tudo que eu queria e precisava era que ele me
dissesse que daqui a alguns dias estaríamos em casa novamente, mas não era só isso, realmente
voltaríamos para casa, para depois voltar a mais uma rodada de choque na Capitol e seria assim pelo
resto da minha vida.

Temporadas em casa em que tudo era alegria, vendo a minha irmã e a minha filha crescerem, o
meu amor por Peeta só aumentar e a minha mãe se tornar cada dia mais forte, para logo depois voltar
para a Capitol, para os Jogos, para tudo que me fazia mal e que eu detestava. Então era melhor colocar
já na cabeça que seria assim e que isso não mudaria nunca.

Quando ele levanta e diz que temos que voltar, eu tenho certeza de que estarei preparada para
tudo o que vier.

...

Nós estávamos chegando ao Distrito 11, o trem tinha uma janela no fundo que dava para ver
tudo, quase como se você estivesse do lado de fora.

E eu encarava a imensidão de gados pastando em lugares abertos, e quando o trem começa a


desacelerar eu penso que chegamos, mas não. Estamos em uma barreira, muitos metros de concreto
protegido por fios de arame, que nem chegam perto de parecer com a nossa cerca no 12, também há
guardas, vários deles aninhados em bases entre os campos.

– Eu não imaginava que era assim. – sussurro para o Peeta – Como não vimos isso na primeira
vez em que estivemos no trem?

– Não sei. – ele diz simplesmente.

De repente eu estou vendo o lugar em que a Rue trabalhava, colheitas, vejo crianças, homens e
mulheres e em cada uma delas eu vejo um pouco da Rue, o olhar esperto, mas mesmo assim cansado.
De quem já fez mais do que deveria na vida.

E não consigo mais ficar olhando, não quando me traz tantas lembranças, e fico feliz quando
Effie nos chama para nos arrumar.

Somos separados novamente e eu tenho que ficar com a minha equipe enquanto me arrumam,
e Cinna me veste com um lindo vestido laranja estampado com folhas de outono.

A Effie começa o seu discurso sobre o que iremos fazer hoje, no Distrito 11 ao invés de
passearmos pela cidade, como normalmente acontece, nós nos apresentamos na praça, em frente ao
Edifício da Justiça, o Distrito 11 não tem muito de uma cidade, e tudo que um dia foi bonito aqui, agora
era velho e precário.

A apresentação ocorre numa varanda, nós vamos ser chamados, o Prefeito falará algo em nossa
homenagem e vamos falar um texto fornecido pela Capitol, como nós tínhamos ligações especiais com
a Rue eu poderia acrescentar algo pessoal para falar a família dela. Só que eu não tinha, eu pensei muito
e sabia que se eu tentasse escrever algo sairia muito ruim, então deixei para falar o que eu sentisse na
hora. No final nós saímos e somos levados a um jantar de comemoração.

Quando o trem para na plataforma somos levados por 8 pacificadores – que me fazem tremer –
e colocados num carro blindado, o que faz Effie franzir o rosto. Entramos pela parte do fundo do Edifício
e rapidamente levados para frente, sem que possamos realmente pensar em algo e somos empurrados
para fora.

Assim que consigo ver algo meus olhos se prendem nas duas famílias que estão num palco
especial, ao fundo. Primeiro o de Tresh, uma senhora e uma menina com aparência forte que creio ser
sua irmã. Mas a de Rue tem os seus pais e seus cinco irmãos, todos muito parecidos que me fazem
lembrar muito de como ela era e do quanto eu a amei.

Meu ouvido continuava com um zumbido insistente, até que percebo que são os aplausos. O
Peeta parece perceber como eu me sinto aflita e me abraça de lado, me dando um beijo na testa.

Percebo a multidão e sei que eles não são satisfeitos conosco como as pessoas da Capitol, eles
só nos aplaudem nada de assobios, de gritos, nada. Eles estão ali por obrigação, como eu, quando isso
acontecia no meu Distrito, não podia deixar de me sentir parte de sua tristeza.

O Prefeito fala em nossa homenagem e logo depois é a nossa vez, deixo que o Peeta fale primeiro
a sua parte gravada e eu falo a minha.

– A Rue fez algo por mim que eu nunca vou poder retribuir, - o Peeta começa – ela salvou a
Katniss, e de alguma forma me salvou também. Ela era tão corajosa e ao mesmo tempo tão doce, ela
me lembra muito a Pearl. Aquela menininha tem palavra, eu pedi a ela que cuidasse da Katniss por mim
e ela fez muito mais do que eu imaginaria, e eu tenho muito orgulho dela por isso, e acredito que vocês
também. Eu espero que a Pearl um dia seja tão leal quanto ela.

O discurso do Peeta traz um pequeno sorriso ao rosto da mãe da Rue, eu vejo seu pai acenar em
confirmação, sim eles com certeza sentem orgulho da filha que tem.

– Isso não pode, de nenhum modo substituir suas perdas, mas como um símbolo de nosso
agradecimento nós gostaríamos que cada uma das famílias dos tributos do Distrito Onze recebesse um
mês de nossos lucros todos os anos durante o período de nossas vidas. – eu estava surpresa, a população
do Distrito 11 estava surpresa.
Eu sei que ele pode ter cometido o pior erro de nossas vidas, eu nem sei se isso é legal, ou se
eles receberão isso de verdade, mas a minha única reação é beijá-lo, porque a sua ideia é maravilhosa.

– Eu tenho que agradecer a Rue por muita coisa, e ao Distrito 11 também. – suspiro – Obrigada
pelo pão, foi realmente especial. Eu queria dizer que admiro muito o Tresh por ele ser tão fiel a si
mesmo, e por sua força, ele jogou nas suas regras e eu o respeitava por isso. Eu não tenho o que falar
da Rue, ela foi mais do que especial para mim, quase uma filha. Ela me lembrava tanto a Prim e me
fazia querer tanto que a Pearl fosse assim um dia.

“Mas independente de qualquer coisa ela sempre estará comigo, eu sei porque tudo que é
admirável me lembra ela, e eu a vejo em tudo. Nas flores, no canto dos pássaros, e eu queria agradecer
a vocês pela filha.”

Então eu termino e um longo silêncio se segue, até que de algum lugar o assobio mockinjay de
quatro notas de Rue surge, eu percebo quem foi, um senhor de blusa vermelha. E mais uma vez, todos
um por um do Distrito, pressionam os três dedos do meio na boca e estendem para mim, o sinal de
respeito do nosso Distrito, o último adeus a alguém especial.

Mais rápido do que eu possa entender o Prefeito nos dá umas placas, e somos dispensados com
uma rodada final de aplausos. Só que antes que nós possamos estar seguros dentro do Edificio, eu dou
meia volta e lembro que esquecia algo.

E eu o vejo, o senhor sendo arrastado e colocado de joelhos na escadaria, e eles o matando.


Sinceramente eu não sei quando eu comecei a gritar e correr em sua direção, só que felizmente o Peeta
é mais rápido e me para, senão a próxima a morrer seria eu.

Pacificadores armados barram a nossa visão e o caminho e somos forçados para trás.

– Vamos Kat. – o Peeta sussurra no meu ouvido e sou tirada da minha paralisia.

Quando entramos somos envolvidos por Effie, Cinna, Portia e Haymitch.

A Effie parece confusa e prestes a perguntar o que houve, mas o Haymitch a interrompe nos
puxando para o lado.

– Venham comigo. – fala sério, como raramente eu o vejo.

Enquanto nós o seguimos, eu pego e aperto a mão do Peeta, eu sei que por mais que a nossa
intenção tenha sido boa, nós acabamos com tudo. No fim, iriamos morrer na praia.
Chapter Eight

Notas iniciais do capítulo


Hey Guys, eu sei que sumi por um tempo, mas eu tive vários motivos. Muito trabalho na escola e
eu quase fiquei louca.
EU AMEI OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS, e resolvi postar hoje porque ganhei um tempinho e
fiz um capítulo especial.

Ele nos guia por varias escadas e corredores, até chegar à cúpula do Edifício que parece
abandonada há muito tempo. Bom o suficiente para que possamos conversar sem sermos vigiados pela
Capitol.

– Haymitch o que é tudo isso? – o Peeta o questiona.

– O que houve lá? Eu não vi. – ele não responde ao Peeta querendo saber de tudo o que aconteceu
primeiro.

E eu comecei a falar, como o Peeta começou o discurso e ajuda que ele quis dar as famílias dos
outros tributos, do meu agradecimento ao distrito e o sinal que eles fizeram para nós em respeito. Depois
que eu conto tudo ao Haymitch ele parece realmente irritado.

– Eu falei a vocês que o Capitol estava de insatisfeito com a forma que os Distritos reagiam ao
que vocês fazem, - ele suspira – parece que só pioraram a situação. Peeta, eu sei que você não queria
piorar nada, mas acha mesmo que essas pessoas receberiam algo deles de qualquer forma.

– Não sei, o que eu queria era mostrar que me importava. Eu não sou indiferente à situação
deles, já que poderia ser meu pai chorando agora também.

– Eu também não devo ter melhorada nada, não é? – pergunto – Falando daquele jeito com
aquelas pessoas. A Capitol quer que nenhum Distrito seja solidário ao outro e eles me ajudaram na
arena, e eu resolvi agradecer logo agora. A reação deles veio através do que eu disse.

– Não importa Katniss, nós tomamos decisões erradas que eu não sei se seremos capazes de
consertar. – ele faz uma pausa – Seremos Haymitch?
– Não sei garoto. Eu acho que ainda dá tempo de consertar, esse é o primeiro Distrito, se você
agirem certo nos outros, penso eu que a Capitol conseguirá controlar essa pequena revolta.

Eles já conseguiram, mataram três pessoas, se a população do Distrito 13 não tomou isso como
um aviso, elas gostam do perigo.

– Vamos, o jantar espera por nós. – o Haymitch nos guia de volta.

A minha equipe está toda animada com a possibilidade de participar de uma festa. Eu não estou
nada bem, e se em dias normais não presto atenção ao que falam, hoje eu só vejo as suas bocas mexendo.
A todo o momento eu escuto novamente o barulho dos tiros, o senhor sendo morto e eu sinto por essas
pessoas. E sinto por mim, raiva de mim, culpa. Tudo isso e mais medo, muito medo do que ira acontecer
daqui para frente. Daqui a alguns dias nós estaríamos na Capitol, o que nos aconteceria? Agora nós
estávamos nas mãos dele, lá eles não teriam problema nenhum em nos machucar. Ou algo muito pior.

O Cinna aparece e só aí eu presto atenção em como me encontro. Eu estou com um vestido rosa
longo, e com o meu cabelo preso, formando cachos caindo nas minhas costas.

Quando eu encontro o Peeta só faço me prender a ele que parece satisfeito em me ver, junta as
nossas mãos de uma forma forte.

– Tudo bem Effie? – o Peeta questiona, ela estava perceptivelmente inquieta.

– É só a forma com que somos tratados. Um desses Pacificadores até apontou a arma para mim.
– ela parece inconsolável.

– Isso é lamentável Effie. – a Portia se pronuncia

Ela parece satisfeita em ver que alguém se importa, e rapidamente nos arruma em formação
para a nossa entrada. Durante todo esse tempo nem eu, nem o Peeta havíamos nos falado, e isso não me
incomoda, não quando eu não sei se conseguirei me segurar e não chorar quando ele começar a falar
comigo. E me sentirei péssima por piorar toda a situação.

Nós começamos a andar, e tenho que me lembrar de por um sorriso no rosto. Eu não sei se foi
à forma como eu estava mal hoje, mas o jantar todo se passa como um borrão, e nos já estamos no trem
novamente.

Nessa noite não conseguimos dormir e ainda estamos mudos, o Peeta também parecia
visivelmente preocupado com tudo o que aconteceu e nós não sabemos o que dizer um para outro porque
não há forma de mudar o que aconteceu e nenhuma certeza de que tudo ficaria bem. Eu não sei o que
ele viu nos meus olhos, ou se ele nem precisou disso para ter certeza de que eu enlouqueceria se
continuasse em silêncio.

– Vamos. – ele levantou e segurou a minha mão.


– Aonde? – falei enquanto ele procurava uma camisa, já que ele estava dormindo sem uma hoje.

– Andar pelo trem, nenhum de nós conseguirá dormir mesmo. – nós saímos.

Pelo caminho não encontramos ninguém além de um Avox que fica no vagão de comida do
trem, e o Peeta continua a me puxar para o fundo. Acabamos na janela no final do trem que nos dá uma
visão do caminho, mas é de noite e não há nada além de escuridão e florestas.

Ele me abraça e eu enfio as minhas mãos por dentro da sua blusa fazendo um carinho em suas
costas. Ele me aperta mais e não sei se movida por isso digo o que está comigo o dia todo.

– Eu estou com medo. – sussurro com medo de que possam escutar.

– Eu sei. – e não diz mais nada só me beija.

Eu sabia que ele sentia um pouco de medo também, mas ele não iria me falar nada agora. E eu
não gostava disso, o Peeta sempre tinha algo para me dizer e se ele não conseguia me consolar é porque
a situação não tem volta.

– Você acha que poderia ser diferente? – indago

– O quê? – pergunta confuso

– Tudo isso, eu não sei, mesmo que eu soubesse tudo que aconteceu hoje, se eu faria diferente.
E se fizesse se seria o suficiente para nada disso estar acontecendo. – respondo

– Nada está acontecendo ainda Kat, e mesmo que aconteça, não sei se nada que eles façam possa
ser pior do que o que a gente passou. – ele suspira.

Aceno concordando, e satisfeita por finalmente ter uma certeza em que me prender nada seria
pior, se eles não podiam mexer na nossa família, nada seria pior do que o inferno que nós passamos na
arena.

E depois são mais jantares, mais discursos, mais multidões. Mas nós não fazemos nada fora do
combinado e isso não impede que eles se mostrem furiosos. Só agora eu acho que entendo o que traz
tanto medo ao Presidente Snow, as pessoas veem em nós algo que as faz pensar numa vida melhor, em
esperança. E eu não sei se me sentia mal por isso, nem se mudaria isso se pudesse.

Eu acho que nós passamos o resto do Tour dormindo um dia sim outro não, minhas roupas
folgaram, nós tínhamos olheiras sob os olhos que foram difíceis de esconder, e a Effie ainda tentou nos
dar remédios, o que só fez com que dormir ficasse mais insuportável. Eu preferia passar a vida toda
acordada a rever os meus pesadelos, que eram cada vez piores.
É um alivio chegar à Capitol, onde nós só temos que sorrir e mostrar amor, eles não são que
nem os Distritos, não têm familiares que imaginam a perda a cada ano que se passa. Mas há o Presidente
Snow.

Temos uma entrevista com Caesar e pensamos em algo que talvez vá deixar a Capitol feliz, ou
imaginem um futuro para nós. Eu dou algumas sugestões, mas o Peeta parece que tem algo em mente.

Encontramos o Caesar e ele está quase discreto com seu terno azul bem escuro, se não fosse
seus cabelos, pálpebras e lábios azuis também. Nós sentamos no nosso conhecido sofá vermelho e ele
começa a entrevista.

– Como vocês estão? – pergunta.

– Bem. – o Peeta fala.

– Só com um pouco de saudade de casa. – completo.

– Oh sim, e como vai a nossa querida Pearl? – eu reluto um pouco em falar sobre ela e o Peeta
toma a frente.

– Muito grande, ela já está andando e nós esperamos voltar para casa e conseguir fazê-la falar
logo. – ele diz muito orgulhoso e eu acabo sorrindo.

Ele continua sua seção de perguntas, até que tem uma que me deixa incomodada.

– Animados para o Quarter Quell? – indaga

– Com certeza vai ser uma experiência muito diferente e eu não sei o que esperar disso tudo.
Aliás, eu sei, quero que um dos meus tributos volte vivo. – o Peeta fala. – Ia ser um ótimo começo.

– Certo, - o Caesar parece satisfeito – e os planos de vocês para o futuro?

– Eu quero ver a minha filha crescer bem. – digo – E quero estar com o Peeta por muito mais
tempo.

– Todos nós queremos isso querida. – o Caesar fala – E você Peeta, algo a acrescentar?

– Quem sabe nós não aumentamos a família, hm? – o Peeta fala com um sorriso gigante no rosto
e Caesar grita de animação, enquanto eu solto um guincho e coro.

– Isso é uma ótima noticia, e quando pretendem fazer isso? – questiona Caesar

– É só uma ideia por enquanto. – o Peeta fala, mas eu sei que o Peeta só plantou a semente e
que eles não vão esquecer-se disso.
O Caesar acaba a entrevista, e somos levados diretamente para a festa realizada na cobertura da
mansão do Presidente, o teto tinha se transformado no céu estrelado, havia músicos flutuando em
nuvens, vários sofás e cadeira espalhados por todos os lugares e muitas flores, e comida demais, dava
para alimentar um dois distritos por dois dias com a comida que havia ali. Enfim era tudo um grande
exagero. E que não me impede de comer tudo o que posso.

Talvez pela ideia do Peeta, talvez por estar cansada de sofrer para fazer tudo que a Capitol quer,
eu sei que acabo querendo experimentar tudo, e consigo por um tempo até achar algo que em interesse
e volta ao ritmo novamente.

Eu também conheço muita gente, gente que eu nem vou me lembrar amanhã, e percebo que
quase todos usam um tordo, seja em cintos, em pulseiras e etc. Somos uma sensação, e em nenhum
desses momentos eu me separei do Peeta. Com meu ímpeto de provar de tudo um pouco, acabo fazendo
o Peeta comer coisas que eu já não quero mais e não acabar desperdiçando comida.

Até que a minha equipe aparece, e questiona ao Peeta porque ele não está mais comendo.

– Eu estou cheio. – ele diz

– Não tem problema. – Flavius fala e nos guia até uma mesa com vários copos com um liquido
claro. – Beba isto!

O Peeta pega um deles e leva até a boca, só que eles não deixam.

– Não, só lá dentro, senão você suja tudo. – Venia diz apontando para o banheiro.

Ele parece incrédulo por um momento e eu questiono em seu lugar.

– Isso o fará vomitar?

– Claro que sim, como você acha que nós provaríamos tudo isso? – Octavia responde

O Peeta devolve o copo rapidamente e me puxa para longe deles, há uma sacada e nós vamos
para lá. O vento e a música mais baixa são bem vindos. Eu o abraço e pela tensão sei que ele se lembra
de mim.

– É só que quando parece que tudo não pode piorar, eles descem um pouco em meu conceito. –
ele sussurra.

– Eu só me lembro de casa. – digo também sussurrando

– Amanhã estaremos lá. – ele sorri um pouco. – Nem acredito que faz tanto tempo que eu não
há vejo.
Eu estou prestes a responder, mas somos interrompidos por Portia que aparece com um homem
familiar. Plutarch Havensbee, o novo Gamemaker Chefe, o outro morreu depois de nos deixar vivos na
arena.

– Será que eu posso dançar com a Sra. Everdeen? – ele pergunta.

– Na verdade é Sra. Mellark, e... – eu olho para o Peeta que não parece incomodado – Claro que
posso.

– Eu vou estar à mesa de bolos Kat. – ele me deu um beijo e saiu.

– Vamos Sra. Mellark. – falou me oferecendo o braço.

Chapter Nine

Notas iniciais do capítulo


Eu fiquei um pouco triste porque eu não recebi tantos comentários quanto imaginava, mas tudo
bem. Aí está mais um para vocês.

Eu não era acostumada a ficar tão próxima de outras pessoas, sem ser o Peeta ou a minha família,
e a equipe de preparação. Ele pareceu notar e se manteve o mais distante possível e que nos deixasse
dançar. Ele comentava sobre a festa, falava sobre comida, até que me fez lembrar que foi ele que caiu
no ponche depois de eu ter acertado a flecha na maçã do porco.

– Bem, não foi a minha intenção. – desconversei – Mas, você é o novo Gamemaker Chefe, deve
ser muita honra.

– Não há muita gente que se ofereça para o cargo, a responsabilidade é grande. – diz

– Hm, e como vão as coisas para o Quarter Quell? – digo só para manter a conversa
– A muita coisa feita, já que uma arena não é feita em meses, mas a coisas ainda em discussão.
– seu olhar vaga um pouco – Inclusive decidirão algumas coisas hoje, acredite ou não.

Ele para de dançar e saca um relógio do bolso, e checa as horas.

– Eu sairei daqui a pouco, começa a meia noite. – eu me surpreendo com a hora, mas não
comento nada.

Na verdade o que me prende é o relógio, por um momento a imagem de um tordo aparece, e da


mesma forma some. Ele facha o relógio.

– Bonito relógio. – comento ainda surpresa com a imagem.

– E único, bem, se perguntarem por mim, eu já fui embora. E mantenha segredo, a nossa reunião
não deveria ser informada a ninguém. – eu afirmo com a cabeça – Nós vemos nos Jogos, e espero que
logo um novo Mellark complete a família.

Seu comentário me faz corar e acabo não dizendo nada, somente vejo o se afastar, e quando
some de vista vou atrás do Peeta na mesa de bolos.

– Você parece uma criança. – sussurro quando reparo na forma como seus olhos brilham a cada
bolo que lhe é apresentado.

Ele me olha e seu sorriso, se possível, aumenta, ele passa um dos seus braços pela minha cintura.

– Todos são ótimos, eu pedi que eles me dessem uma amostra para levar para casa. – me diz –
Aposto que a Prim vai ficar feliz em provar esses bolos comigo.

– Com certeza, você a deixou mal acostumada com tanto doce. – digo

A Effie nos chama está na hora de ir, e eu acho que o meu sorriso está rasgando o meu rosto.
Casa, nós vamos para casa.

– Nós não devíamos falar com o Presidente? – o Peeta indaga

– Não, ele não tem tempo, os presentes e bilhetes vão ser entregues depois. – eu quase agradeço
em voz alta, tudo que eu menos queria era ver ele.

Nós demoramos uma hora para chegar ao trem, e imediatamente depois ele parte, me deixando
cada vez mais feliz e tranquila, eu veria a minha filha, a minha família novamente.

– Kat, o que o Plutarch queria com você? – pergunta

– Na verdade o encontro foi bem estranho, eu tinha derrubado ele no teste dos Gamemakers
quando eu acertei o porco, ele caiu no ponche. – o Peeta riu um pouco com isso – Mas o estranho mesmo
é que ele tinha um relógio com um tordo, era holográfico, ele desaparecia depois de alguns instantes, e
deixou escapar que tinha uma reunião para decidir sobre a arena, meia-noite, um horário estranho.

– Não há nada que seja realmente normal na Capitol, o estranho é ele ter de contado. – disse

– Ele avisou que era um segredo, e não era para comentar com ninguém. – falei – Mas não é
como se eu fosse esconder algo assim para você.

– Obrigada. – ele sorri e me dá um selinho.

– Peeta, - chamo – o que você disse na entrevista é verdade?

– Que parte? – questiona

– A parte em que você disse sobre aumentar a família.

– Não, quer dizer, mais ou menos. – ele suspira – Não seria certo, ter outra criança agora e
coloca-la no meio disso tudo. Quem sabe se depois do Quarter Quell, se a Capitol desistir da gente,
talvez seja certo.

– Peeta você quer outro filho? – questiono.

O seu sorriso já me dá uma resposta.

– Bem, sim, claro que eu iria querer, principalmente se fosse um menino. – ele divaga um pouco

– Por quê?

– Nós já temos uma menina, seria legal ser pai de um menino. – ele me olha com um sorriso
travesso na boca – Já que a Pearl parece que puxou o talento da cozinha da mãe, quem sabe o filho não
puxa o pai.

– Peeta – me preparo para fazer uma pergunta que apareceu na minha cabeça de repente – eu
não quero que você fique chateado, mas você sente a necessidade de ter um filho comigo porque a Pearl
não é...

– Kat, ela é a minha filha. – ele fala com tanta certeza que me trás lágrimas aos olhos. –
Independente de qualquer coisa ela sempre vai ser nossa filha, minha filha. E nada vai mudar isso ok?

– Sim, eu só acho que quem tem mais medo sou eu. – uma lágrima cai escorregando pela minha
bochecha – Eu não sei se... Eu teria outro filho, mesmo depois de tudo isso passar, eu já sinto muito
medo pela Pearl, eu não quero sentir mais.

– Ei, não chore, não tem problema Kat. Eu não me importo.

– Obrigada, eu não sei o que eu seria sem você. – sussurro


– Seria a Katniss, só que bem mais rabugenta. – ele fala e logo após ri.

– Você é tão engraçado Peeta. – digo séria e ele ri de mim novamente.

– Vamos dormir Sra. Mellark, amanhã estaremos em casa. – ele me puxa para seus braços.

...

Nós não a vimos em momento nenhum desde que chegamos ao Distrito 12, eles não deixaram
fomos levados diretamente para a casa do Prefeito, é bom porque lá eu tenho a Madge, nós somos meio
que amigas, ela gosta da Pearl e nos visita às vezes, nas poucas vezes em que fui à sua ela tocou piano
para a Pearl que adorou, a Effie quase não me deixa falar com a Madge nem me despedir do Peeta, e
me arrasta para o terceiro andar.

Depois de pronta eu posso sair atrás do Peeta e falar com a Madge direito, eu não acho o Peeta
no terceiro andar e então desço em direção ao segundo encontrando o Prefeito no caminho que me
informa que a Madge está no quarto dela.

– Você está linda. – digo assim que a vejo, com um vestido branco e penteando seus cabelos.

– Obrigada, mas olhe para você parece que veio direto das ruas da Capitol. – eu faço uma careta
já que eu não havia gostado muito desse vestido espalhafatoso.

– Você não acreditaria na quantidade de tordos que se tem por lá, agora. Em quase todos os
tipos de acessório. – digo para ela, já que foi quem me deu o tordo.

– Isso é bom. – eu aceno – E você já teve a chance de ver alguém da sua família?

– Não. – suspiro

– Que pena, eu queria ver a Pearl. – fala – Eu a visitei algumas vezes enquanto vocês estiveram
fora, ela está cada vez mais linda.

– Eu imagino. – digo – Eu vou atrás do Peeta, eu acho que ele já deve estar lá embaixo. Até
mais tarde Madge, vou deixar você acabar de se arrumar.

– Ok Kat, até. – ela me abraça e eu saio.

Eu poderia seguir meu caminho facilmente até o andar abaixo, se os barulhos no escritório do
prefeito não tivessem me feito parar, havia uma fresta na porta e eu podia vê-lo concentrado na imagem
que passava na tela da tevê. A uma praça, acho que a do Distrito 8, várias pessoas com máscaras e
tijolos nas mãos, edifício queimando e os pacificadores atirando e matando sem nem olhar a quem. Isso
definitivamente não é bom, antes que eu possa ser pega, eu continuo meu caminho e encontro o Peeta.
Eu não presto muita atenção em como o jantar transcorre fora a parte em que eu encontro com
as nossas famílias, e a Pearl não sai mais dos meus braços a não ser que vá para os do Peeta, e quando
felizmente nós somos liberados para voltar para casa. Eu me despeço de Effie, Cinna e Portia, da minha
equipe também, e vamos andando com o Peeta segurando a minha mão e segurando a Pearl.

– O que houve? – pergunta de repente

– Hã? – digo meio confusa.

– Exatamente isso, porque você está assim, alheia a tudo? – questiona

– Nós conversamos em casa. – digo somente e ele me encara entendendo o quanto o assunto é
sério e assente.

Quando chegamos em casa, a Pearl já dormia, então só a colocamos na cama e seguimos para o
nosso quarto.

– Então? – pergunta quando já estamos acomodados na cama.

– Eles se rebelaram Peeta, o Distrito 8 está em guerra. – sussurro

Ele parece meio em choque com as minhas palavras.

– Você viu isso aonde? – questiona

– No escritório do Prefeito, ele assistia a tevê concentrado, e passava as imagens do Distrito, as


pessoas lutando e sendo mortas e prédio queimando. É horrível Peeta, eles nem tem como lutar com
igualdade, é quase um massacre, a cada um Pacificador caído três ou quatro pessoas morrem. – continuo
sussurrando, como se alguém pudesse me escutar e me aperto contra o Peeta, à única coisa que me
impede de chorar.

– Então quer dizer que não adiantou nada, tudo que nós tentamos fazer não ajudou, ou só piorou.
– ele suspira – nós não podemos fazer mais nada Kat, eu só sinto pelas pessoas que estão morrendo.

– Eu também. – digo.

– Você vai conseguir dormir? – pergunta

– Acho que sim, só espero que nenhum dos meus pesadelos apareça. – respondo

– Ok, eu vou estar aqui. – diz e eu lhe dou um selinho

Eu não sei se estava escuro ou se eu não conseguia enxergar direito, parecia que eu estava
presa, e bom, eu conseguia ouvir barulhos de alguém gemendo de dor perto de mim.

Eu não sei em que momento eu o identifiquei, se foi o vislumbre de olhos azuis, ou o brilho de
seus cabelos, ou até mesmo reconhecendo a sua voz durante o grito. Mas era ele, era o Peeta. Depois
disso eu não me lembro de quando eu comecei a gritar por ele, e meu reconhecimento só fez as coisas
piorarem, porque eles acenderam a luz e tudo que eu não queria ver era o Peeta sofrendo.

Machucado, era eufemismo para a sua situação atual, parecia um pouco queimado, com os
olhos transtornados um pouco arregalados depois que me viu, ou ouviu porque eu continuei gritando
e mais forte agora. Amarrado e sendo machucado pelas cordas que o prendiam, eu não conseguia ver
o rosto de quem nos torturava.

Eu me sentia cada vez pior e eu só queria que a luz se apagasse novamente. Meus gritos eram
tão altos que me doía ouvir imagine para ele, mas parecia música para o torturador.

Impulsionado pelo meu desespero ele começou a bater em Peeta, até que eu o vi desmaiar.

– Peeta! – meu grito nunca foi tão desesperado quanto hoje, e doeu mais não ter achado ele do
meu lado.

Ele quase derrubou a porta e quando meu viu, correu para mim e me abraçou. Eu vi pelo canto
do olho a minha mãe e Prim com um olhar meio assustado, não liguei.

– Você está bem? – pergunto entre soluços e começo a correr a minha mão pelo rosto e pelo
corpo dele.

– Se eu estou bem? Quem devia fazer essa pergunta não era eu? – ele parecia meio angustiado

– Me desculpe é que... – pauso para tentar retomar o controle. – Você estava tão machucado
que... Eu pensei que fosse real.

– Hei, não era. Eu estou aqui. – sussurra

– Agora, porque antes não estava. – falo, meio que parecendo uma criança e ele abre um sorriso
por isso.

– É verdade, eu fui dar uma olhada na Pearl, eu escutei ela chorar. – informa

– Já está tudo bem? Será que eu não a acordei novamente? – questiono e sigo o meu olhar para
porta vendo que a minha mãe continuava ali.

– Será que a senhora poderia dar outra olhada nela Sra. Everdeen? – o Peeta pergunta

– Sim, boa noite. – ela vira e puxa a porta com ela.

– Vem, deite-se aqui. – fala me puxando e me colocando sobre o seu peito.

A minha mão escapa novamente para dentro da sua blusa, e nós ficamos em silêncio, até eu me
virar e beijá-lo.
Chapter Ten

Notas iniciais do capítulo


Obrigada pelas respostas de vocês, e claramente eu vou acatar os seus pedidos.
Mais um capítulo para vocês, eu tenho sentido falta de umas pessoas que comentavam antes, e eu
espero que a minha história tenha ficado tão chata assim, porque ainda tem coisa pela frente.

Inicialmente eu queria só beijá-lo mesmo, só que nem eu nem ele pararíamos isso. Não quando
nós estávamos em casa, tendo nossos últimos momentos de segurança. Talvez por isso a mão dele
também tenha entrado na minha blusa e a tirado, e eu tenha arranhado as suas costas.

Disso para que nós estivéssemos sem roupa foi um pulo, eu estava concentrada na forma em
como a boca dele se encaixava na minha e o quanto isso era bom, até que ele estivesse se movendo
contra mim, esses momentos eram os únicos em que eu não mantinha uma linha de pensamento coerente
e nem me esforçava para isso. Tudo parecia muito bom do jeito que estava.

Mas podia melhorar e eu só vim descobrir o quanto, quando eu me movi contra ele também, o
gemido que escapou da boca do Peeta foi muito bom de ouvir e eu repeti o ato. Suas mãos seguiram
para a minha cintura como se quisesse que eu continuasse com isso e eu fiz. Seus gemidos vinham
seguidos em meu ouvido e eu não me importava menos, os meus também eram seguidos, mas tudo
sempre baixo, nós não gostamos de plateia e seria extremamente vergonhoso.

– Eu te amo. – ele sussurrou no meu ouvido e eu me desfiz em seus braços, assim como ele.

– Eu também te amo. – sussurrei, quando eu havia conseguido juntar a minha voz e falar.

...

Ainda há muita neve e eu acompanho o Peeta até a padaria somente por não ter o que fazer, eu
não quis ir caçar hoje. A Pearl ainda estava dormindo e eu a deixei com a minha mãe. Sua mão estava
junto a minha e ele tentava me aquecer ainda mais, enquanto falava sobre algum bolo que tinha que
fazer e não tinha ideia de como confeitaria. Até que ele para de repente.

– Você está ouvindo? – aceno que não e observo.


Nós continuamos indo em direção à praça e eu paro quando vejo a multidão que parece observar
algo relacionado ao barulho. Sem saber de muita coisa o Peeta começa a abrir caminho e eu o sigo,
quando eu vejo o que é só posso dizer que a minha vida é sempre cheia de surpresas, e nunca das mais
agradáveis.

Eu vejo o Gale preso pelas mãos a um poste, há um peru pendurado sobre ele, ele está
inconsciente e atrás dele está um Pacificador – se eu os temia antes, imagine agora – que eu nunca havia
visto o açoitava, as costas do Gale não era mais nada que um pedaço de carne, sangrenta e esfolada.

Eu não tomo nenhuma atitude até ver a Delly correr na direção dele, como se fosse forte o
suficiente para conter o novo Pacificador, que claramente não parecia querer para de bater no Gale. Eu
acho que o Peeta também percebeu, pois correu na direção dela antes que se ela se machucasse também,
como eu nunca fui muito esperta, corri atrás dele.

Antes mesmo de chegar lá eu sabia que não daria certo. A Delly se antecipou para cima do
Pacificador que a empurrou e estava prestes a açoitá-la se o braço do Peeta não tivesse chegado antes,
sendo atingido em cheio pelo chicote, só pelo grito dele eu sabia o quanto doeu.

– Peeta! – eu não sabia o que iria fazer e felizmente o Haymitch apareceu na hora.

– Meu deus garoto, o que você pensa que está fazendo? – o Haymitch pergunta e o Peeta não
tem condições nenhuma de responder – O que eu vou fazer com essa marca, eu preciso de você inteiro
para os Jogos!

Aproveitando o momento de distração do Pacificador a Delly vai até o Gale e tenta reerguê-lo,
mas claramente ela não tem força para isso. Eu vou até o Peeta.

– Vocês estão interrompendo a punição de um réu confessado. – esbraveja o novo Pacificador.

– Não me importa, - grita também Haymitch – eu quero só ver o que farão com você quando eu
ligar para Capitol e disser que você acabou de destruir o braço do mentor do Quarter Quell esse ano.

– Porque ele se meteu na frente da menina? – ele parecia mais tolerante agora que o Haymitch
havia colocado as coisas dessa forma.

– Porque ela é minha amiga, e por mais que você ache que mande aqui, não se bate numa mulher.
– eu juro que eu pensei que o Peeta queria tomar outro açoite. – E se quiser continuar com isso terá que
passar por cima de mim.

Agora eu tinha certeza. Só que o Pacificador não esboçou reação alguma, quer dizer, não bateu
no Peeta, ele olhou para o esquadrão dele, e Purnia uma mulher que comia quase todos os dias na
Greasy, se prontificou a falar.
– Aqui senhor, a quantidade de chicotadas dada a um réu primário é dispensada, a não ser que
a sentença seja morte. – diz

– É o protocolo padrão daqui? – eles assentem – O tirem daqui e da próxima vez que eu o achar
caçando, ninguém me impedirá de mata-lo.

Eu vejo a Delly estremecer com as palavras do Pacificador, e o Peeta ignorando a dor a ajuda a
levantar e desamarra o Gale. Nós conseguimos uma prancha com a senhora da loja de roupas e dois
mineiros se juntam a Peeta e Haymitch para levar o Gale para a minha casa. A Delly não desgruda dele,
e eu fico cada vez mais preocupada com a quantidade de sangue que sai do braço do Peeta, eu procuro
alguém que possa chamar a mãe do Gale para mi e encontro Leavy.

– Você pode chamar a Hazelle para mim? E não a deixe trazer as crianças, ok? – pergunto, eu
sei que ela me faria qualquer coisa por mim, depois que a minha mãe salvou seu irmão ano passado.

– Pode deixar que eu fico com eles. – eu lhe dou um beijo na bochecha e agradeço.

Eu os sigo escutando a história do porque o Gale passou por tuso isso, segundo os mineiros, ele
foi até a casa de Cray para lhe vender o peru, só que no lugar dele encontrou o novo Pacificador Chefe,
o tal do Thread, que o prendeu e o forçou a confessar em praça publica o “crime”, ele havia levado por
volta de quarenta chicotadas na hora em que chegamos.

A Delly aparentemente foi chamada por alguém, ela não conseguiu falar. Quando chegamos o
Haymitch só faz lhe informar que há um novo chefe e parece que não precisa de mais nada, e eu tremo
só de imaginar como poderia ter sido uma época em que isso acontecia diariamente, com certeza eu
morreria de fome.

Por um momento, eu preferia o antigo Pacificador, até me lembrar do que ele me fez.

Em, eu não ficaria perto de todo esse processo de cura do Gale, se o Peeta também não estivesse
ferido, ele não é prioridade, mas enquanto aminha mãe limpa a as costas de Gale, a Prim se aproxima e
faz o mesmo com o Peeta e diz que ele deve colocar gelo. O ferimento limpo é bem pior.

Eu o acompanho para buscar gelo, e enquanto saímos a Hazelle chega meio desesperada.

– Ele está na cozinha. – informo e ele assente sumindo rapidamente da minha vista.

Eu pego um punhado de neve e aplico delicadamente por sobre a ferida do Peeta, que geme em
desgosto e seus olhos lacrimejam um pouco, eu mantenho pressionado por um tempo e ele relaxa.

– Você foi muito corajoso hoje, e eu não sei se essa é a palavra exatamente, já que eu pensei
que ele não hesitaria em te matar. – falo
– Eu sei, mas ele não podia continuar senão o Gale que morreria e a Delly que se meteu no meio.
– fala e eu aceno, concordando.

– Vem, vamos entrar. Eu quero ver a Pearl. – havia começado a nevar novamente

O dia havia passado bem rápido até, talvez pela adrenalina de tudo que tinha ocorrido. Mas a
noite a Hazelle teve que voltar para casa, já a Delly se recusou a aceitar dormir no quarto da Prim e
ficou na cadeira com o Gale, eu não sei até quando ela aguentaria.

Eu estava na cama e esperava o Peeta, a Prim fazia um curativo na sua ferida na cozinha e eu
ainda ouvia um pouco dos barulhos que o Gale fazia quando conseguia sair da nuvem de remédios que
ele tinha tomado. Meus olhos estão fechados e sei que ele pode pensar que eu estou dormindo, mas
quase estou mesmo, o dia de hoje havia sido muito cansativo, física e psicologicamente.

Eu acho que tinha cochilado um pouco, mas acordei quando ele se deitou na cama.

– Desculpe. – sussurra

– Não tem problema, - eu reparo na forma desajeitada com que ele tem que deitar – você não
quer deitar do lado de cá?

– O quê? – diz confuso e sei que a Prim deve ter lhe dado algo para dor também.

– Venha para esse lado, assim você consegue se apoiar no braço bom Peeta. – falo me levantando
e dando espaço para que ele mude de lugar.

– Boa noite Kat. – murmura e antes que eu possa responder ele já está dormindo.

– Boa noite. – sussurro e dou um selinho no bico que ele faz enquanto dorme.

Eu fico o observando, lembrando de tudo que ele fez hoje, pelo Gale e pela Delly, há muita
gente no Distrito que não terá como se defender de Thread, eu sei disso, e essa certeza me faz pensar
na guerra do Distrito 8, eles passaram muito mais anos do que nós sofrendo isso, sem ter a chance –
como eu tive – de se salvar de alguma forma, e eu entendo um pouco a dor deles. Talvez hoje a coisa
mais certa a se fazer seja lutar, por essas pessoas que não tem chance de defesa.

Um barulho mais alto que eu sei que veio da cozinha me assusta um pouco e eu vou checar, era
o Gale, ele parecia um pouco atormentado.

– O efeito do remédio já está passando? – pergunto a Delly, que permanece sentada ao lado
dele.

– Sim, mas a sua mãe já deu outro a ele, é só o espaço de tempo que faça efeito. – diz
simplesmente
– Eu não conseguiria me manter tão firme quanto você. – digo, puxando uma cadeira para me
sentar ao lado dela.

– Acredite, eu não estou, mas eu não tenho como, de forma nenhuma sair do lado dele. – algumas
outras lágrimas caem dos seus olhos já tão vermelhos.

– Eu entendo, - eu pego a sua mão – se fosse o Peeta eu faria o mesmo. Mas você precisa dormir,
ele vai dormir por horas ainda por causa dos remédios. Pode deixar que eu fico de olho.

– Não, eu só sei que não consigo. – suspira – Se eu for deitar, eu vou ficar me remexendo e...
Mesmo assim obrigada.

– Eu aposto que você faria o mesmo por mim. – e eu nunca imaginei que ganharia uma boa
amiga num momento tão difícil.

Pela primeira vez, eu vi a Delly de uma forma diferente, não era aquela menina que via o mundo
de uma forma rosa choque – o que era uma ironia, vivendo onde vivemos – eu via uma mulher, muita
parecida comigo até, que estava se mantendo firme e amadurecendo para proteger alguém que ama, ou
só para ficar ali nos momentos difíceis. Se antes eu tinha alguma dúvida do amor dos dois, agora eu não
tinha mais.

Eu dei uma passada no quarto da Pearl e achei o Peeta lá, ele estava a olhando.

– Você não tinha apagado? – pergunto preocupada

– Pois é, mas esses remédios sempre fazem com o sono seja o pior possível. – sussurra

– Entendo, e você veio aqui ver se me achava? – pergunto

– Na verdade não, eu ouvi você falando com a Delly e não quis interromper então vim dar uma
olhada na Pearl, mas ela sempre parece tão calma e com tanta coisa acontecendo eu quase não a vejo. –
fala

– Ela está muito grande. Só falta começar a falar. – sorrio

– O que será que virá primeiro? – questiona

– Do jeito que ela é com você, com certeza vai ser o papai. – o sorriso no seu rosto triplica

– Você acha?

– Eu tenho certeza. – ele me abraça com o seu braço bom e me dá um selinho. – Vamos dormir.

Chapter Eleven
Notas iniciais do capítulo
Sou eu novamente, postagem programada, então eu não sei sobre os comentários mas espero que
vocês tenham gostado do último capítulo.

E quando você acha que as coisas não podem piorar...

A neve não tinha parado de cair e por umas duas semanas, foi impossível sair de casa e quando
para, as surpresas desagradáveis parecem só aumentar. A praça do nosso Distrito foi transformada em
um centro de punição para qualquer um que for encontrado fazendo coisas que nem sabe mais que é
ilegal.

Há uma forca, uma bandeira de Penem, o tronco de açoite e a tantos Pacificadores que eu não
chego mais perto da praça sem quase ter um ataque, aquela farda ainda me enoja, e os novos
Pacificadores me dão medo, a mistura não é boa para a minha sanidade. As minas ficaram uns tempos
fechados, as pessoas passam cada vez mais fome – e com a segurança reforçada, eu não tenho mais
como dar comida a alguns deles – há mais crianças se registrando pro tesserae, inclusive o irmão do
Gale que não consegue aceitar a noticia, mas nenhum deles recebe nada. O número de pacientes que a
minha mãe atende quase dobre e ela quase não tem mais remédio para cuidar deles.

Mas há noticias boas sim, o Gale vai para casa, e nós forçamos o Haymitch a contratar a Hazelle
para cuidar da sua casa, o que é muito bom já que agora eu consigo entrar lá, sem querer me matar por
isso. Ele não está muito bem, desde que o Prego foi destruído, nós tentamos mantê-lo com o pouco
estoque que temos de Licor, mas já esta quase acabando e não temos ideia de como vamos repor. Eu
tenho mais momentos com a Pearl que agora anda pela casa toda só, e pelo Distrito também se
deixássemos, mas ela é ainda pequena demais para falar alguma coisa legível, então continua com seus
murmúrios de bebê.

Uma coisa que me frustra é a impossibilidade de ir à floresta, eu sei que a cerca continua
desativada, mas mesmo assim é quase impossível chagar lá sem ser pego, e eu não passei por tanta coisa
para morrer por isso.

...
Talvez a mais desagradável das surpresas esteja aqui na minha frente hoje.

O Presidente Snow, na minha casa.

É difícil se manter impassível quando tudo que você quer é bater a porta na cara dele, mas não
há forma de fazer isso, então eu tento manter uma pose de “que surpresa agradável”.

– Que surpresa Presidente, a que devo a honra da sua visita? – questiono dando um passo atrás
fazendo com que ele e seus seguranças entrem na minha casa.

– Kat, quem fo... – o Peeta chagava da cozinha estranhando a minha demora.

– Oh que bom, assim eu falo diretamente com os dois. – o Presidente se pronuncia

– E o que seria? – pergunto indo ficar ao lado do Peeta.

– Que tal se falássemos num lugar mais reservado, como o seu escritório? – seus olhos de cobra
se mantinham fixos em mim

– O escritório não existe mais, que tal se for no nosso quarto? – o Peeta pergunta e nem espera
a resposta indicando o local que deve seguir

– Vejo que vocês deram um toque próprio na casa, isso é interessante. – exclama – Não é de
vocês deixarem as coisas como são, não é? Gostam de mudar as regras.

Seu tom ia mudando a cada degrau que subíamos, ainda bem, pois seu tom amigável me
assustava. Eu entendia o verdadeiro Snow, não o que ele queria mostrar lá embaixo.

– Não quando as regras nos desagradam. – o Peeta alfineta também e eu suspiro.

– E vocês se acham no direito de muda-las? Depois que tanto foi feito para que fossem aceitas
e compreendidas? – eu quase rio com o que ele fala

– Aceitas e compreendidas por quem? – questiono irônica

– Que bom que não estamos mentindo não é? – fala depois de ter se acomodado no sofá que há
em nosso quarto – Só nos faria gastar tempo.

– Sim. – concordo

– Nós tínhamos um problema, que havia começado quando vocês resolveram comer aquelas
bagas. – começa seu monologo – E, mesmo depois que o aviso foi dado, vocês mudaram a regra
novamente a favor de um Distrito. Porque vocês acham que um Distrito não conhece o outro? Para que
não haja solidariedade, sempre haja disputa, medo do desconhecido Sr. e Sra. Mellark, e vocês mudaram
tudo isso.
Eu estava espantada com a forma sincera que ele nós falava das coisas, não havia nada lá que
eu já não tivesse pensado, mas mesmo assim era surpreendente.

– Por mim pouco importava se tivesse um vencedor ou não nos Jogos, mas o Seneca se deixou
levar pelo sentimentalismo de vocês, igual a muita gente na Capitol. Não vou negar que a imagem de
vocês favoreceu muito a Capitol, mas na mesma medida desestabilizou os Distritos. Se vocês
desafiaram a Capitol o que os impede de fazer o mesmo, não é?

– Me espanta a fragilidade desse sistema, já que umas bagas acabam com ele facilmente. – digo
ferina

Por incrível que pareça, ele ri.

– Sim, mais frágil do que você imagina. – diz simplesmente

– E o que você quer que nós façamos? – o Peeta pergunta

– Agora? Creio que não há mais nada que vocês possam fazer. – fala

– Então qual é o motivo de tudo isso? – questiona o Peeta novamente

– Pode ser tomado como um alerta, - sua voz me dá medo – isso começou com vocês desafiando
a Capitol e isso só pode ser revertido mostrando que nem os amantes desafortunados escapam das
regras. Agora se me dão licença.

Eu o vejo sair, deixando um rastro do seu cheiro de rosas enjoativo, depois que a porta se fecha,
o Peeta levanta e, bom, eu acho que ele vai ter uma sincope.

– Isso foi uma ameaça, não foi? – sussurro, mas não me deixo derrubar nenhuma lágrima, não
mais, não por ele.

– Sim. – responde

Eu me levanto e saio, eu escuto alguns gritos do Peeta e seus passos atrás de mim.

– Kat, você vai para onde? – ele segura um dos meus braços

– Na floresta, eu só preciso... Eu não posso ficar aqui, só um pouco, por favor. – sussurro

– Mas pode ser perigoso, com todos esses... – ele para com meu olhar – Ok, só tome cuidado e
não volte tarde.

Eu aceno e ele me beija me viro e quase corro em direção à floresta. Quando eu passo pela cerca,
eu começo a andar mais devagar, aqui não há nada que me faça sentir medo.
Eu chego a casa no lago e consigo rapidamente acender a fogueira, eu me enrolo nos cobertores
que eu fiz o Peeta deixar aqui, depois da surpresa que ele me fez, nesse momento eu me arrependo de
não ter pedido para ele vir comigo.

POV Peeta

Eu até pensei em discordar da Katniss e não deixa-la ir para a floresta, mas eu sabia que ela
ficaria péssima se não fosse. E eu aproveitei esse tempo para ir à casa do Haymitch. Eu bato na porta e
dessa vez me atendem, a Hazelle que agora fazia faxina na casa dele, me indica que ele está no quarto.

– Haymitch? – chamo colocando metade do corpo pela porta e o encontro na cama.

– Oi garoto, o que te traz aqui? – questiona

– Nos recebemos uma visita muito estranha hoje. – suas sobrancelhas se franzem em confusão
– O Presidente.

– Não muito agradável. – irônico como sempre.

– Sim e ele nos fez uma ameaça. – suspiro – Parece que as coisas nos Distritos estão muito ruins
e aparentemente a culpa é nossa, a intenção dele é mostrar que nós não saímos imunes por descumprir
regras, como eles imaginam.

– Garoto, - ele me olha parecendo mais sério do que nunca o vi – as coisas nesses Distritos estão
ruins a muito mais tempo do que você imagina, vocês devem só ter dado um pouco de motivação a eles,
nada mais. Você visitou todos eles e viu que nada lá é tão fácil quanto por aqui, enquanto nos tínhamos
o Cray*, eles não aguentariam por muito tempo.

Eu sei que ele visitou esses distritos mais vezes do que eu podia imaginar, mas tinha algo mais,
ele não podia saber de tanta coisa só observando.

– E o que você acha que ele pode fazer? – pergunto

– Muita coisa, ele está punindo todo o Distrito já, mas vocês ainda estão bem. – ele parece
pensar – Ele pode querer mostrar que vocês não ligam para o que acontece nos Distritos, eu não sei se
todos acreditariam. Só mantenha em mente que esse ano tem o Quarter Quell, ele pode fazer o que
quiser com as regras.

– Mas os envelopes não estão prontos? – questiono

– Você acredita mesmo nisso? – diz com cinismo

– Não, - suspiro – mas seja o que for, você sabe mais do que está demonstrando e faça qualquer
coisa para tirá-la de lá ok? Independente de qualquer coisa, não importa o que ele escolha fazer conosco,
se você tiver a mínima chance de salva-la, não tema em escolher.
– Eu sei garoto, eu sei. – eu aceno e saio do quarto.

Dou tchau a Hazelle e vou andando.

Eu estava decidido a não dizer nada a Katniss, poupá-la por enquanto das suspeitas do
Haymitch, e fazê-la dormir bem por mais alguns dias. O sol já estava quase indo embora e eu decido ir
atrás da Kat na floresta, eu esperava encontra-la no meio do caminho.

A cerca está ligada.

Eu tenho essa certeza antes mesmo de encostar meu dedo nela, ainda bem, e eu não sei o que
fazer. Claramente a Katniss ainda estava dentro da floresta e eu não podia fazer nada a não ser esperar
e avisá-la.

POV Katniss

Eu avisto Peeta quando me aproximo da cerca, e antes que possa perguntar do por que dele não
ter passado, ele fala.

– A cerca está ligada. – ele me avisa

– Mas Peeta, eles sabem que eu estou aqui? – questiono, meus olhos estão claramente
arregalados pela surpresa.

– Eu não sei, eles estão tomando as devidas providencias para nos manter oprimidos. – ele me
parece meio estranho mais triste – Como você vai sair daí?

Dou de ombros e começo a olhar em volta, achar uma saída, esquadrinho as árvores até achar
uma grande e com galhos grossos o suficiente, eu escorrego algumas vezes.

– Katniss. – o Peeta me repreende

– Você tem uma ideia melhor? – eu dou um jeito de olhá-lo, ele acena negativamente.

– Como você vai pular daí? – eu estava a uns oito metros do chão, alto o suficiente para fugir
da cerca.

– Você vai me segurar? – digo

– O quê? – se espanta – Nós vamos cair, você pode se machucar, eu posso me machucar!

Eu rio e me preparo para cair, me seguro pelas mãos e junto coragem, largando o galho. Eu
poderia cair direito no colo do Peeta e ele me segurar facilmente, ele é forte para isso, mas tem a perna
artificial e ela escorrega muito fácil, então ele caiu e eu fui por cima.

Eu havia começado a rir, até o Peeta gemer de dor.


– Machucou? – ele assente – Aonde?

– Acho que o meu cóccix. – diz e geme de novo – Você poderia sair de cima de mim?

– Oh claro, desculpe. – digo e me levanto – Acha que quebrou?

– Não, só está doendo muito. Vamos me ajude a levantar.

Ele consegue levantar e se apoia em mim, andar parece doer um pouco.

Quando chegamos em casa, eu esperava encontrar a minha mãe preocupada, não dois
Pacificadores – que me fizeram tremer – e o Haymitch também. Os pacificadores parecem surpresos
em nos ver, eu devia imaginar que tudo era um plano para me deixar presa do lado de fora, e eles
estavam aqui para checar.

Eu coloco Peeta sentado numa cadeira e ele parece claramente feliz com isso.

– O que houve? – minha mãe pergunta e a Pearl corre até mim.

– Oi meu amor. – sussurro para ela – Ele escorregou na neve, sabe, por causa de perna e tudo.

– Oh, e onde doí Peeta? – a Pearl agora se encontrava no colo dele

– O meu cóccix, e a minha perna um pouco também. – fala

– O que vocês desejam? – questiono os Pacificadores

– O Chefe Thread mandou uma mensagem para vocês. – a mulher diz

– E o que seria? – digo

– Ele pediu para avisar que a cerca que rodeia o 12, estará ligada 24 horas por dia de agora em
diante. – não me diga.

– E já não era? – o Peeta questiona com inocência, o que me faz prender um sorriso.

– Ele queria que você avisasse ao seu amigo. – sei que ela se referiu ao Gale.

– Pode deixar que nós avisamos. – digo, eles acenam e se retiram.

– O que houve? – o Haymitch questiona

– Eu fiquei presa do lado de fora da cerca, e tive que pular de uma árvore. – explico

– E porque o Peeta que está machucado? - pergunta

– Porque ela me usou para amortecer a queda. – fala o Peeta meio irônico e eu rio.
– Ah, eu tenho noticias, - nós esperamos que ele continue – parece que o Distrito 4 e 3 se
rebelaram também.

Uma guerra havia se iniciado.

Chapter Twelve

Notas iniciais do capítulo


Eu estou muito boa com vocês, não sei o que é, mas eu ando tendo um surto de criatividade e
vocês recebem mais capítulos, hoje não vão ser dois seguidos.
Minha criatividade anda tão bem, que eu acho que vou postar uma série de one- shot sobre a vida
do Peeta e da Kat, após a rebelião, do livro. Eu tenho uma capítulo quase todo pronto, ficou
pequeno mais eu acho que se eu ajustar ele, pode ficar maior. O QUE ACHAM? Eu preciso de
incentivo.
Bem, aí vai mais um capítulo.

– Como você sabe disso? – questiona o Peeta

– A Effie, sabe como é aquele ser cor de rosa, ela sempre liga para falar de como vocês são
famosos na Capitol e tudo mais, e deixou escapar que está faltando frutos do mar, chips de musica, ou
outro negocio assim, e telas. – explica – Os frutos do mar, são do 4, dispositivos eletrônicos do 3, e as
telas são do 8.

– É verdade, que outro motivo teria para eles pararem de produzir. – digo

– Parece que o buraco que vocês cavaram está cada vez mais fundo. - ironiza

Mandei-lhe um olhar enviesado e ele encolheu os ombros.

– Vamos Haymitch nós te levamos em casa. – digo e ele assente

– Eu não vou, vou ficar aqui com a Pearl, ok? – o Peeta diz
– Tudo bem. – eu dou um beijo na Pearl e no Peeta.

– Haymitch você acha que isso pode acontecer no Distrito 12? – questiono depois que saímos
de casa

– O que? – ele não entendeu.

– Uma rebelião, você acha que poderia acontecer aqui também? – ele ri amargurado

– Nunca, Katniss, a metade das pessoas desse Distrito pode estar indignada o suficiente para
isso, mas até elas tem medo. Fora que nós somos um Distrito pequeno, nem todos comprariam a briga,
e nós ficaríamos em desvantagem. – suspira – Aqui somos todos nós ou nada.

– Eu tenho medo por eles, nós pelo menos temos a imagem, não é? – começo – Se fizerem algo
conosco claramente haverá reclamações na Capitol, mas ninguém se importa com eles, as pessoas da
Capitol nem sabem de nada.

– Agora não há mais nada a se fazer, ou eles são controlados e tudo volta ao normal, ou eles
ganham e isso tudo acaba. Eu acho difícil mais seria muito bom. – diz

– Você acredita mesmo nisso? – questiono

– Eu quero acreditar. – ele fala e entra em casa.

Eu também quero acreditar, mas o meu maior medo é que um desses Distritos seja destruído
que nem o D13. Em casa eu encontro o Peeta com a Pearl pintando, ele não lhe dava tintas agora, dava
lápis de cor, às vezes ele fazia desenhos e ela pintava. Não era uma grande arte, ele tentava ensiná-la a
se manter dentro da linha, não adiantava muito, afinal ela não tinha nem dois anos, só saia uns rabiscos.

– Como vão os meus grandes artistas? – faço graça entrando no quarto e a Pearl sorri para mim,
me mostrando seu novo desenho.

Dava para ver umas árvores por trás, dos riscos verdes e marrons.

– Bem, ela tem um grande futuro não é? – falou o Peeta rindo

– Quem sabe daqui a uns dez anos, - digo e me sento ao seu lado – se nós tivermos a chance.

Para o meu desespero ele não retrucou.

– Daqui a alguns dias vai acontecer à leitura dos cartões do Quarter Quell, você espera alguma
coisa? – me pergunta

– Como? – indago

– Eles têm que fazer algo para intimidar os Distritos, o que você acha que ele fará? – repeti.
– Eu não tenho muita experiência, eu só sei que no do Haymitch havia o dobro de tributos. –
peso isso um pouco, em como deve ter sido difícil para ele – É impressionante imaginar ele ganhando
isso.

– Não é, apesar de se encher de bebidas, quando está sóbrio ele é mais do que inteligente. –
afirma

Nesse momento a Pearl se aproxima coçando os olhos, eu acho muito fofa essa forma das
crianças de mostrar que estão com sono.

– Vamos tomar banho e já, já você dorme. – eu a carrego.

– Eu faço algo para nós comermos. – ele diz saindo.

A festa na banheira tinha me deixado completamente molhada, então eu a entrego ao Peeta e


troco de roupa. Nós comemos e eu quase grito com o Peeta para ele não deixar a Pearl se sujar, ela
dorme e nós subimos.

– Você ainda vai tomar banho não é? – ele pergunta

– Sim. – estranho a pergunta, mas espero ele mesmo explicar.

Ele me abraça e, estranhamente, me beija, eu correspondo, claro, quando eu não faria isso. E
continuo esperando a explicação.

– Será que eu poderia – sua boca está quase colada no meu ouvido, que me arrepia. Ele parece
pesar as suas palavras, e o que me espanta, ele cora, o Peeta nunca coraria – ir com você?

Eu engasgo, e coro fervorosamente.

– Ir... Comigo?! – eu gaguejo

– Sim... Mas se você não se sentir bem, eu te espero aqui. – ele fala e me solta, eu não deixo.

– Não... É tudo bem, - suspiro – só que vá à frente. E não ria, se não eu posso mudar de ideia.

Ele não ri, mas o seu sorriso me dizia que ele ainda achava engraçado. A culpa não era minha
se a vergonha ainda era muito grande, eu tinha sim um problema em ver pessoas nuas, mesmo que essa
pessoa fosse o Peeta. Quando eu tenho certeza de que ele já entrou na banheira eu vou, tirar a minha
roupa na sua frente também não era fácil.

Entro na banheira e ele me abraça, a água quente junto com o Peeta é capaz de me fazer esquecer
o quanto os tempos estão difíceis. Eu acho que ele também pensa assim, porque ele me aperta contra si.
Eu havia prendido sua mão a minha, e mexia em seu cabelo com a outra.
Seus olhos estavam presos em mim, àqueles lindos olhos azuis, que me faziam suspirar. No fim,
o Peeta era mais lindo do que eu deixava transparecer, não uma beleza chata, que cansa, mas uma beleza
simples tanto por dentro quanto por fora. E eu não me deixava levar por isso, porque a pessoa que ele
era tinha muito mais do que só os olhos azuis.

Seu nariz passeava pelo meu rosto, a minha clavícula, fazia cosquinha, mas me deixava
arrepiada.

– Eu te amo. – sussurrou no meu ouvido, arranhei as suas costas.

– Eu também te amo. – falei

Seu nariz continuou o caminho pela minha bochecha, chegando ao meu nariz também,
encostando um no outro, até enfim sua boca encostar-se à minha.

Minhas pernas cruzaram na sua cintura, e um gemido escapou da boca dele, eu sorri
involuntariamente. As mãos dele migraram para minhas coxas e as apertou, talvez fosse ficar marcas,
não que eu me importasse. Eu o arranhei novamente, sua boca seguiu para o meu pescoço, sua
respiração me arrepiando.

Eu quase pulo quando uma das mãos do Peeta pousa na minha bunda, mas ele só faz isso para
me levantar, em pouco tempo estamos unidos, e ele me guia num balanço com a mão na minha cintura.
Sua cabeça tomba para trás e minhas unhas cravam nas suas costas.

Quando ele abre os olhos eles se fixam nos meus seios, e eu coro claro. Com o balanço eles
ficaram claramente mais convidativos, suas mãos me apertam um pouco mais e sua boca migra para lá,
distribuindo beijos que me fazem suspirar. Eu fecho os meus olhos quando o prazer aumenta e o Peeta
me aperta ao seu peito, eu me movimento mais rápido e sou levada a um lugar onde tudo o que importa
é a sensação do corpo do Peeta colado ao meu, e ele também.

– Eu acho que nós devíamos sair. – digo quando percebo que a água já está fria.

– Ok. – ele está prestes a levantar.

– Não, - quase grito – me deixa sair primeiro.

Ele não se priva de dar risada dessa vez, eu me enrolo na toalha e ele vem logo atrás. Eu segui
para o guarda-roupa, mas ele me impediu.

– O que... – ele não me deixa continuar, pois me beija.

Ele me empurra até a cama, e bem, rapidamente os dois já estavam sem a toalha.

...
No vigésimo quinto aniversário dos Hunger Games, como um lembrete para os rebeldes que
seus filhos estavam morrendo por causa de sua escolha para dar início à violência, cada Distrito deve
de realizar uma eleição e votar nos tributos que os representariam.

Era o dia da escolha dos cartões e o Presidente Snow falava sobre cada edição de Quarter Quell,
e eu imaginava o quanto havia sido difícil cada Distrito escolher um representante.

No cinquentenário, como lembrete de que dois rebeldes morreram para cada cidadão do
Capitol, cada Distrito foi obrigado a enviar duas vezes mais tributos.

O ano que o Haymitch havia ganhado, eu ainda tinha duvidas sobre como ele havia ganhado.
Agora era a nossa vez, eu quase roía as unhas de ansiedade.

E honrando o nosso terceiro Quarter Quell. No aniversário de septuagésimo quinto Hunger


Games, como um lembrete aos rebeldes, que mesmo o mais forte entre eles não pode vencer a Capitol,
os tributos masculinos e femininos serão escolhidos a partir dos vencedores dos antigos Games.

Eu escuto um grito, os braços do Peeta me soltam e a Pearl é colocada rapidamente no chão. As


lagrimas caem e eu nem sinto, o significado das palavras do Presidente zumbem no meu ouvido, eu não
quero entender, eu não quero ter que ir. Não há mais nada que eu possa fazer.

Eu aperto meus braços a minha volta, e sigo quase correndo para o meu quarto, eu queria ficar
um pouco sozinha e sei que fui atendida quando não escuto ninguém me seguindo, me enrolo em forma
de feto na cama e me deixo chorar.

POV Peeta

O Haymitch não estava errado, as intenções do Presidente eram sombrias e envolviam o Quarter
Quell, nos matar resolveria o seu problema? Acho que não, mas a sua apresentação continha um aviso
muito claro sobre poder. Ele era o forte, ele mandava e nada iria mudar isso.

A cada vez que ele fazia alguma coisa para oprimir os Distritos eu me sentia mais a favor das
revoltas, e eu sabia que o Haymitch tinha mais informações do que eu. Por isso mais uma vez eu fui
atrás dele. Bato na porta e ele mesmo abre a porta, eu sinto o cheiro de bebida de longe, mas mesmo
assim eu sei que ele vai me entender.

– O que foi garoto? Veio pedir para eu ir no seu lugar e dar a chance de ela voltar para você sem
dores no coração? – o tom da sua voz é cruel e me faz parar por um momento.

– Você sabe que eu nunca te pediria isso. – falo

– Eu sei garoto. – e entendo isso como a forma dele de se desculpar

– Eu só quero te lembrar da conversa que nós tivemos, você parecia já esperar algo assim, e isso
me leva a pensar que... – suspiro – Você sabe mais do que isso não é Haymitch?
– Sim garoto, eu sei mais do que isso. – sai quase como um sussurro.

– Eu não quero saber de nada, só... Você tem uma chance de tirá-la de lá não tem? – ele assente
– É só isso, independente de qualquer coisa Haymitch, não importa só a tire de lá.

Eu saio de sua casa cheio de certezas, eu tinha um plano e a Katniss não precisava saber disso,
eu só precisava fazê-la treinar e ela ganharia com a ajuda do Haymitch, o resto não importava.

POV Katniss

Em meio ao choro o sono havia me pegado, e agora umas mãozinhas pequenas me acordavam,
dois pares idênticos de olhos azuis estavam virados para mim, e os dois sorriam. De repente a lembrança
de tudo me abate, e meus olhos enchem de lágrimas só que o Peeta não me deixa chorar.

– Shii, não, nós não vamos chorar. – ele diz – Vai ficar tudo bem.

– Como vai ficar tudo bem Peeta? – sussurro

– Porque vamos estar juntos, não é Pearl? – e parecendo que entende ela se joga em cima de
mim e ri.

– Assim fica difícil não ser convencida. – digo

– Vamos que tem um bolo muito bom esperando para ser devorado. – ele parece lembrar-se de
algo – Quer dizer, se a Prim esperou por você.

– Ela não faria isso. – digo rindo

Quando eu desço, eu acho que esperava um pouco de chororô, mas não acontece, eu consigo
ver a dor e a surpresa nos rostos de minha mãe e Prim, só que elas não me dizem nada.

Acho que o Peeta deve ter ouvido um pouco sobre isso, ele não me disse nada, mas depois eu
sei que poderei questioná-lo. Em algum momento eu sei que a Prim vai vir atrás de mim, só que agora
ela está tão adulta que provavelmente ela quem vai me animar não ao contrário como normalmente
acontecia. A minha mãe não é mais a mesma pessoa, de alguma forma a Pearl não só me ajudou, mas
trouxe a minha mãe de volta a vida.

Eu sei que devo guardar esses poucos momentos para mim, eles que vão me animar quando
nada mais for suficiente, eu os amo muito e deixa-los dói mais do que qualquer outra coisa que eu já
passei na minha vida. Então, eu aproveito e me deixo ser feliz por esses últimos dias.

Chapter Thirteen
Notas iniciais do capítulo
Olá, como vocês estão?
Eu vim postar mais um depois de alguns dias, eu espero que gostem. Já que no outro eu recebi tão
poucos comentários.
Esse é o que todos vocês esperavam.

Eu ainda não sabia qual era a ideia do Peeta sobre o Quarter Quell, mas eu tinha a minha.

Eu poderia muito bem admitir que aceitaria facilmente a ideia de voltar sozinha novamente, o
que não deu certo na primeira vez, e exatamente por isso, eu sei que não aconteceria. Então porque não
admitir que a minha ideia era suicida, sim, eu preferia morrer a ter que voltar sozinha. E se nós já
fizemos isso uma vez porque não fazer novamente. Eu só não sabia como contar isso ao Peeta, eu falei
com o Haymitch, mas eu acho que ele já tinha alguma coisa armada com o Peeta, pelo menos segundo
a sua resposta.

Como primeira providência, e ele quase enlouqueceu o Haymitch no caminho, foi acabar com
todas as bebidas do Haymitch. E depois nós começamos a treinar, por uns dias eu achei a ditadura do
Peeta ridícula, e ele não me dizia as suas ideias – eu fingia que não sabia que ele queria me levar para
casa – então acho que fiquei um bom tempo sem olhá-lo direito, só que a nossa chance era essa, se não
de sairmos vivos pelo menos de morrermos lutando. Percebi também que não conhecia nem metade de
todos os vitoriosos, e o Peeta logo tratou de mudar isso pedindo a Effie vídeos de todos os vencedores,
o que nos fazia conhecê-los melhor e nos preparava um pouco mais. Fora que chegando pelo menos ao
final do Quarter Quell, eu tinha o prazer de frustrar os planos do Presidente.

Já que se nós chamássemos atenção, não iria abrandar nada nos Distrito, talvez até piorasse
tudo, e eu não via coisa melhor do que o feitiço virar contra o feiticeiro.

Então nos treinávamos quase todos os dias até cansar, até o Gale nos ajudou, o Peeta estava
meio que obcecado com a ideia de que nós devíamos estar em perfeitas condições, o que incluía o
Haymitch, ele era forte e tinha algumas coisas que ele fazia mais facilmente do que eu, mas a bebida
atrapalhou grande parte da sua coordenação e seu físico, então ele não conseguia correr muito e não
tinha estabilidade com as mãos.
Mas as coisas começaram a ficar difíceis para o meu lado.

Eu acordei um dia, quer dizer não acordei, eu pulei da cama e corri para o banheiro colocando
para fora o que eu não havia comido. O Peeta continuava dormindo, então ele nem soube. Só que ele
descobriu quando isso se tornou meio que repetitivo, eu pensei que fosse por causa dos jogos, e de todo
o estresse. Mas aí eu já não conseguia mais correr sem ficar cansada, nem subir numa árvore sem ficar
tonta, o Haymitch nem bebia mais, só que o cheiro dele me incomodava de uma forma que nós
treinávamos separados agora, e foi isso que chamou a atenção da minha mãe.

– Katniss você está bem? – questiona depois de mais uma hora trancada no banheiro
vomitando.

– Não, mas isso não é surpresa. – tento fazer graça – Isso vai passar, acho, depois da Colheita.

– Eu não sei, - pensa um pouco – o que você está sentindo?

– Eu fico tonta ás vezes, e o fedor das bebidas do Haymitch me irrita. – explico

– Mas o Peeta não tinha o feito parar de beber? – pergunta

– Sim. – falo

– Isso é estranho, parece mais outra coisa. – o seu olhar me alerta

– O que mãe? – eu quase grito com a ansiedade de saber o motivo de tanto mal estar.

– Você tem certeza de que não está grávida? – assim na cara, ela nem fez uma cerimônia antes.

Eu estava pronta para dizer que não, mas como não seria isso, se os sinais batiam exatamente
com o que eu havia sentido quando eu fiquei grávida da Pearl, só não podia acontecer isso comigo
agora.

Naquele momento passou muita coisa na minha cabeça. A minha vida tinha dado uma volta
quando eu descobri que voltaria para a arena e isso já era difícil o suficiente, mas um filho era
inimaginável. Eu sei que falei para minha mãe não contar nada ao Peeta, e a cada dia ele fica mais
desconfiado. Ele já me pegou duas vezes chorando e eu sei que ele percebe como eu fujo dele, e também
eu não treinava mais. Por um tempo eu tentei fingir que estava tudo bem, mas tinha dias que eu nem
saia da cama e não falava com ninguém, e hoje era um deles.

Daqui a dois dias é a colheita e eu não sei o que fazer.

POV Peeta

Eu não sabia o que estava acontecendo com a Kat, e não aguentava mais vê-la desse jeito. No
começo eu até engolia a história dela, de que ele passava mal por causa dos Jogos se aproximando, só
que não era para tanto, tinha dias que ela ficava trancada no quarto sem falar com ninguém, e isso me
preocupava. Eu havia percebido que a mãe dela sabia o motivo, mas por mais que eu insistisse, ela não
me contaria.

Então teria que ser do meu jeito.

– Kat? – chamei e me deitei ao seu lado, a puxando para mim. – Você não vai me dizer mesmo
o que está acontecendo?

Seus olhos estavam cheios de lágrimas e algumas começaram a cair.

– Não, não chore – sussurro – eu estou aqui.

As lágrimas começam a cair mais rapidamente, e eu beijo todo o seu rosto, limpando elas no
caminho.

– Peeta... – ela parece meio desesperada para começar a falar o que quer que vem a
atormentando, só que eu a interrompo.

– Fique calma, ok? – ela assente e respira fundo, e eu lhe dou um beijo – Pode falar.

– Eu não sei o que fazer, há muito medo aqui. Em mim. Eu tinha começado aceitar que eu iria
para essa arena, correr o risco de te perder de novo, nunca mais ver a minha irmã, a minha mãe, a Pearl,
mas agora... – ela tenta continuar e uma nova onde de choro a toma.

– Elas vão ficar bem, quer dizer da forma que se consegue ficar bem no nosso Distrito. – começo
a dizer só que ela não para de mexer a cabeça negativamente.

– Você não está entendendo, isso não é sobre elas, pelo menos não agora. Isso é sobre ele. – e
ela coloca a minha mão em sua barriga.

Por um momento eu não entendo nada, mas depois a forma meio arredondada que a sua barriga
se encontra, me alerta sobre o que ela fala.

– Você está... – lágrimas caem do meu rosto e um sorriso desponta em meus lábios.

Mas aí eu lembro em que situação nós estamos. O primeiro sentimento é raiva, de tudo que nos
acontece e não nos deixa ter uma vida normal. Só que depois vem a culpa, eu entendo o motivo de tanto
choro e angustia da Kat, e isso também enche a minha mente. Impotência também faz parte dos meus
sentimentos nesse momento, eu não podia tirá-los dessa.

– O que nós faremos? – questiona e eu volto a abraça-la

– Nada, nós não podemos fazer nada. – digo e percebo que lágrimas também caem dos meus
olhos.
– Não, não pode ser assim. – ela diz sussurrando – Por favor Peeta, me diga que eu não vou ter
que entrar naquele lugar e não dar a chance do meu filho nascer. Isso não pode estar acontecendo, não
pode.

O meu coração é destruído quando ouço o tom desesperado da Kat, ela não tem saída, eu também
não. Nós estamos condenados e nosso filho está indo junto. A sorte nunca vai estar a nosso favor.

– Eu queria poder te deixar fora disso tudo Kat, mas eu não posso. – sussurro – Por que você
não me disse antes?

– Eu não ia conseguir, eu estou com medo. – diz

– Eu também estou, você está de quantos meses? – pergunto enquanto a minha mão passeia pela
sua barriga.

– Quase quatro. – fala

Eu levanto a sua blusa, fazendo com sua barriga que está um pouco maior e com um formato
arredondado apareça. Não contenho a vontade de beijar a sua barriga e apoiar a minha cabeça nela. Era
o meu filho com a Kat, eu me permiti ficar um pouco feliz por ele estar aqui, sem preocupações, sem
medo de Jogos, nem de morte. Eu me permiti ser pai do pequeno serzinho que estava crescendo.

– Olha só pequeno, eu quero muito que você cresça, e quero dizer que sinto por tudo que você
vai ter que passar mesmo antes de nascer. Eu amo muito a sua mãe, e amo muito você também, por isso
se quando você nascer eu não estiver aqui foi porque eu escolhi salvá-los ok? E não se importe, não se
sinta culpado, nem triste por nunca ter conhecido o seu pai, você tem uma irmã linda, que vai te dizer
o quanto eu os amei e a mamãe vai ajudar. – nessa hora eu já chorava – E não pense que eu fiz isso
porque quis, eu fiz isso porque é necessário. Eu quero que você viva, que tenha a chance de crescer e
ser feliz, mesmo que sem mim.

– Peeta... Você sabe que isso nunca vai funcionar, eles nós querem mortos. – a Katniss diz

– Não, o Haymitch... – eu me lembro da nossa conversa e de como ele parecia saber de algo a
mais – Vamos nós temos que conversar com ele.

POV Katniss

Eu ainda chorava enquanto o Peeta me arrastava até o Haymitch, mesmo dividindo tudo com
ele eu me sentia pior, eu sabia que ele não descansaria enquanto não achasse uma forma de me tirar da
arena. E isso me preocupava, qual o preço que ele pagaria por isso?

– Vamos Haymitch abra essa porta. – o Peeta dizia enquanto batia quase que desesperadamente
nela.
– O que é garoto? – o Haymitch parece muito irritado, mas quando vê as nossas expressões ele
se desarma – Quem foi que morreu?

– Quem vai morrer? É a pergunta certa a ser feita. – o Peeta fala enquanto me puxa e entramos
na casa.

– Como assim? É sobre a arena de novo, eu achei que as coisas estivessem se ajeitando com
vocês treinando e tudo mais. – o Haymitch diz.

– Sim, é sobre a arena. E nada está resolvido por que... – o Peeta suspira, mais lágrimas caindo
dos seus olhos – A Kat está grávida.

O Haymitch está em choque, é o que eu acho já que ele não faz nada por pelo menos um minuto.

– Que droga garoto. – ele joga a garrafa que segurava na parede – O que vocês têm na cabeça?
Não é o suficiente deixarem uma criança aqui fora, correndo o risco de ficar sem um, ou sem os dois
pais. Agora levam uma para dentro da arena.

O seu grito e suas palavras verdadeiras, me fazem chorar ainda mais, não há nenhuma esperança
para nós, nenhuma chance de sair dessa. Nós ficamos calados e o Peeta chora em silêncio também, não
há como retrucar. Ele parece arrependido quando vê as nossas expressões.

– Me desculpe, devo imaginar que é cem vezes pior para vocês. – ele diz

– Haymitch, não há nada que você possa fazer? – o Peeta começa – Você prometeu não foi?
Disse-me que independente de qualquer coisa a tiraria de lá. Só que agora você tem que salvá-los os
dois, por favor, me diga que você tem uma chance.

A voz do Peeta é tão suplicante que até eu faria o que ele estava pedindo se não me envolvesse.
O Haymitch pareceu desarmado com suas palavras, e suspirou.

– Eu vou tentar garoto, prometo que vou tentar. – o Peeta quase sorri e levanta.

Ele abraça o Haymicth com tanta força que parece que vai quebra-lo.

– Obrigada Haymitch. – o Peeta diz.

Duas últimas lágrimas caem dos meus olhos e eu não me sinto bem, a minha mão vai para minha
barriga. Eu amo esse bebê, e a pior coisa que eu vou ter que fazer na vida é entrar naquela arena.

The odds are never in my favor.

A sorte nunca está a meu favor.


Chapter Fourteen

Notas iniciais do capítulo


Eu estou aqui somente em respeito a mim, e as pessoas que comentaram, porque bom se nós
formos ver a quantidade de gente que leu, eu tive só dois comentários nos últimos capítulos.
Eu vou continuar porque eu me esforcei para criar toda essa história, e eu não estou reclamando
porque eu quero que vocês falem, só, eu quero saber onde eu estou pisando, a história vai passar
pela fase final e eu não sei o que vocês estão pensando.
Bom está aí.

Se na colheita do ano passado a atmosfera estava extremamente gélida, hoje, apesar de o dia
estar quente e abafado, era dez vezes pior. Não havia um som sequer enquanto éramos colocados nos
nossos lugares, eu estava sozinha e o Peeta com o Haymitch. Eu não queria olhar para ninguém, mas
eu encontrei olhos conhecidos, a Madge, Gale e Delly, eu havia falado com eles, e não havia sido fácil.
Estavam todos tentando parecer confiantes, só tentando.

A minha mãe e a Prim não haviam chorado, eu agradecia, era estranho perceber que eu não
precisava mais ser a forte, elas me ajudavam agora, tinham forças próprias, e ao mesmo tempo que eu
gostava eu sentia medo, porque se isso aconteceu foi por causa dos Jogos, da nossa vida e da minha
decisão de passar por cima do Capitol, junto com o Peeta. O Peeta foi falar com o Sr. Mellark sozinho,
eu sabia que eles precisavam conversar, ele voltou com os olhos vermelhos, mas com um sorriso
verdadeiro e eu soube que foi o certo. Depois eu levei a Pearl ao Sr. Mellark e falei com ele, eu o
agradeci pelo Peeta, e ele me disse que eu fui a melhor coisa que aconteceu na vida do seu filho. Eu
também voltei com os olhos vermelhos, mas o sorriso era muito maior.

Nós estávamos aqui, na situação que eu pensei que nunca mais teria que passar só como
mentora, e nem por vontade própria. Eu não queria ouvir o meu nome ser chamado novamente, o do
Peeta também não, mas independente de qualquer coisa nunca o nome do Haymitch, não por motivos
nobres, se ele fosse chamado o Peeta iria se voluntariar, mas e se fosse o Peeta, será que o Haymitch se
colocaria no lugar dele. Eu acho que o Peeta o odiaria por isso, acho que também não é justo eu querer
isso. Não com o Haymitch, ele tem mais chance de nos salvar do lado de fora, do que dentro.
Effie Trinket, agora com uma peruca dourada, se arrasta até o globo das meninas relutando em
pegar o único papel que tem ali. Eu sei que uma lágrima cai dos meus olhos, e dessa vez eu não me
importo nem um pouco.

Katniss Everdeen.

Eu vou para o meu lugar e espero ele caminhar e tirar o outro nome.

Haymitch Abernathy.

Ele nem pisca e o Peeta já se voluntariou, eu estou em seus braços assim que ele sobe no palco.

Não há despedidas, eles simplesmente nos leva direto para o trem, não se vê fotógrafos,
nenhuma pessoa, só Effie e Haymitch que aparecem escoltados por Pacificadores. É diferente, não posso
dizer que ruim, eu não gosto de todas aquelas pessoas estranhas, mas eu queria falar com a minha filha
novamente, um beijo, um último abraço. Nós havíamos passado a noite juntos, eu, o Peeta e ela, eu não
consegui dormir, eu a olhei a noite toda. Eu sentiria saudades dos seus cabelos tão parecidos comigo,
com seus olhos azuis, que escureciam com o tempo. Sentiria saudades dela.

– Eles dizem que devemos escrever cartas. – o Peeta diz

– Cartas? – sussurro – Eles tiraram o último momento que eu tinha com a minha filha e querem
que eu escreva uma carta?

– Eles a entregarão se for preciso ser entregue. – suspira – É como se fosse uma lembrança
nossa.

– Isso não deixa mais fácil. – digo

– Eu sei. – ele diz e eu vou para o quarto.

Não há mais lágrimas, eu não vou me permitir chorar mais por eles, por causa da Capitol, talvez
pelo meu filho, pelo Peeta, mas nunca pelo Capitol. O Peeta não aparece no quarto por um tempo longo,
e quando aparece ele me chama para comer, e eu não sei se quer fazer isso com todos.

– Será que eu poderia comer aqui? – questiono

– Claro que pode, mas você sabe o que a Effie acharia. – ele diz parecendo se divertir.

Sim, ela ficaria horrorizada com os meus modos grosseiros, eu percebi que isso também me
divertia.

– Bom, então não vamos irritá-la. – digo me levantando – Vamos lá.

Ele segura a minha mão, e me olha longamente.

– Você esteve aonde? – pergunto.


– Eu imaginei que você queria ficar sozinha. – diz

Suspiro, era bom ficar sozinha, principalmente nesse momento, mas tinha passado a hora de
sofrer, de chorar, amanhã nós estaríamos na Capitol e nada mais importava, eu seria forte e se fosse
para morrer, morreria lutando. E levaria o Presidente Snow junto.

O jantar estava sendo silencioso, o que era estranho já que tínhamos o Peeta e a Effie na mesa,
eles até tentaram mas o Haymitch estava com um humor negro demais para falar, e eu era normalmente
silenciosa.

– Eu estava pensando, a Katniss tem o seu tordo, eu agora tenho esse belo cabelo dourado. Então
eu acho que consigo uma pulseira para o Haymitch e uma tornozeleira para o Peeta. O que acham? –
diz Effie

Isso seria até engraçado se o tordo não fosse o símbolo da revolução, se ele não fosse tão mal
visto pelo Presidente e se o Capitol já não estivesse cheio deles. Era uma ideia que eu certamente
esperaria da Effie e não veria com maus olhos, porque ela sempre é assim, tão centrada em tudo que
acredita e sem enxergar nada mais que sua vida perfeita na Capitol, sem se afetar por tanto tempo com
o que acontecia nos jogos até nós chegarmos. Nós erámos seus queridos e só por isso talvez sua
concepção de perfeição da Capitol tenha ruído um pouco, mas não o suficiente.

– Seria legal Effie. – digo simplesmente.

– Tanto faz. – o Haymitch solta, ele tem estado mais mal humorado com todos porque não pode
mais beber.

Depois disso, a conversa foi totalmente abolida, ainda tinha todo o processo de assistir as
colheitas, mas eu não sabia se queria realmente ver com quem eu teria que lutar, só que o Peeta se
decidiu por mim e me arrastou dizendo que quanto antes nos conhecêssemos eles, melhor. Ele pegou
aquele seu caderno para fazer as anotações e a cada candidato a mais que era escolhido eu me perguntava
como venceríamos.

A não ser por Effie ninguém realmente comenta nada sobre os Tributos escolhidos, e poucos
deles ficam na minha mente. Tem aqueles dois irmãos do Distrito 1, Brutus do 2, que se voluntariou.
Havia o que parecia um modelo, Finnick Odair, bonito demais para matar tão facilmente. Há uma
menina chamada para fazer par com ele, mas uma senhora, Mags eu acho, se voluntaria por ela. A pior
com certeza é Johanna Mason, com toda a sua carinha de inocente, que se transformou e matou todos
com um machado. A uma mulher morena, Effie disse ser Cecelia, ela tem três crianças presas a ela, e
eu não me esqueço de Prim e Pearl, um do 11, que eu conheço por ser amigo do Haymitch.
Depois somos nós, eu sou chamada depois Haymitch, e o Peeta se voluntaria, a toda a cena de
nós abraçados e como os apresentadores quase choram com a nossa volta para a arena, e aparentemente
nós nunca teremos sorte. É tudo muito ridículo para mim.

O Haymitch ainda não parece pronto para um dialogo e vai embora, a Effie vai logo depois de
algumas palavras e então ficamos só nós. Eu sei que provavelmente tentar dormir é a pior coisa que
poderíamos fazer, e o Peeta também sabe disso, por isso ele só me abraça forte e ficamos ali.

– Eu escrevi. – ele diz do nada.

– Escreveu o que? – indago

– A carta, provavelmente não vai mudar nada mais, é um pedaço de mim sabe. Algo que não
vai poder ser tirado de você depois de tudo. – sussurra – Igual às lembranças.

Eu queria gritar com ele, de verdade, por ele ainda ter alguma esperança de que eu sairia de lá,
depois que eu vi os tributos escolhidos, eu sei que esse Quarter Quell foi criado para matar. Os dois. E
quem mais viesse com a gente. Mas eu fiquei quieta, essa carta podia ser dada a Pearl, e eu sei que ela
consideraria como minha também, eu não sou nem de falar, nem de escrever, ela entenderia.

Somos interrompidos por um criado do trem que nos traz leite quente com mel, ele parece meio
perdido ao nos olhar, desconcertado até, mas sai sem dizer mais nada. Eu creio que não são todas as
pessoas que pensam nesses jogos como algo incrível. Eu pego uma das xicaras e começo a beber,
agradecendo por algo quente que talvez me traga um sono de verdade. Nós desistimos de ficar na sala
e vamos para o quarto.

Não é como se eu quisesse dormir, mas o Peeta está ali, se eu tivesse um pesadelo ele me
acordaria e vice-versa, então me deixei levar pelo sono. Eu sabia que não havia passado muito tempo e
que eu já estava acordada novamente, o Peeta também, nem sei se ele realmente havia dormido, não é
como se nós tivéssemos escolha.

– Eu queria deixar de pensar o quanto tudo isso é horrível, e em como tudo isso acaba, mas é
quase impossível. – digo – Não é como se desse para aproveitar os últimos momentos aqui, em casa era
mais fácil.

– Parece que mesmo quando nós ainda estamos no trem nós já estamos nos Jogos, qualquer erro
e as coisas parecem que podem piorar. – era verdade.

E podiam. Não era como se eu não gostasse deles, mas eles choraram tanto durante toda a
manhã, que eu meio que quis expulsá-los algumas vezes, Flavius, Venia e Octavia, eles não facilitaram
a minha vida. E é horrível ter que confortá-los quando quem teria que estar desolada era eu. Enfim o
Cinna aparece e não nem vestígios de água, eu acho que me afogaria se continuasse da mesma forma.
– Eu espero que você não esteja querendo chora, se estiver, por favor, saia. – digo antes que ele
possa abrir a boca.

– Não vai precisar, eu normalmente canalizo as minhas emoções para o meu trabalho. – ele diz
e me abraça.

Nós almoçamos e eu me esqueço da minha manhã úmida, eu estou curiosa sobre a minha roupa.

– O que será dessa vez? – questiono – Fogo?

– Quase isso.

Chega a hora em que eu tenho que me vestir e o Cinna faz isso sozinho, meu cabelo é trançado
como normalmente, ele usa uma maquiagem mais marcada do que normalmente, com tons mais
escuros, a roupa é uma macacão preto que me cobre inteira e novamente ele me deixa no escuro sobre
o que ele faz.

– Quando estiver pronta, aperte isso. – indica um botão no meu pulso – Nada de sorrisos, acenos,
nem nada do tipo, só olhe para frente e finja que ele não existem.

Isso era ótimo, eu não teria mais que fingir que amava estar ali.

Eu sigo para o Centro de Treinamento e eu não encontro nem o Haymitch nem o Peeta, então
eu só fico ali, olhando o cavalo e o alisando às vezes.

– Oi, Katniss. – eu me viro e vejo Finnick Odair, seus olhos verdes e um mastigar ruidoso.

– Finnick?! – exclamo, eu estava quase corando, ele está praticamente nu.

– Quer um cubo de açúcar? Era para os cavalos, mas quem se importa. – pergunta.

Muitas garotas desmaiariam por estar ao lado dele, depois que ele ganhou os jogos com 14 anos,
ele vivia cercado de privilégios do Capitol, um pouco parecido comigo e com Peeta, só que ele gostava,
nós não.

– Não, mas mesmo assim obrigada. – digo – Sua roupa está espetacular, entretanto.

– E você mudou muito, cadê as roupinhas de menina? – diz

– Oh bom, eu resolvi mudar um pouco. – falo simplesmente e lhe dou o meu melhor sorriso
mistério.

– Sim, essa coisa com o Quell, você e o Peeta com certeza teria se dado muito bem na Capitol.
– não se a gente não quisesse.

– Eu tenho mais dinheiro do que preciso. – digo


– Mas quem está falando de dinheiro? – exclama

– Não? – indago

– Eu falo de segredos, todo temos segredos, - ele chega perigosamente perto - até a garota em
chamas, não?

– A minha vida é um livro aberto. – apesar disso, eu coro.

– Creio que seja verdade. – eu acho que ele não se afastaria se o Peeta não tivesse chegado.

– Finnick Odair? – questiona

– Ah olá Peeta, bem eu já vou indo. – ele diz e vai saindo.

– O que ele queria? – seus olhos cintilam com algo parecido com raiva.

– Algo como descobrir os meus segredos. – os olhos do Peeta cerram – O que foi?

– Nada só... Foi só isso mesmo? – questiona olhando o Finnick de longe.

– Bem, e o que mais seria? – olho para ele em busca de alguma dica do porque de tanta
desconfiança.

– Não sei, ele usa sempre tão pouca roupa? – sua voz dessa vez sai malvada e eu rio – Qual foi
a graça?

– Você está mesmo com ciúmes? De Finnick Odair? – olho para ele divertida.

– Ok, é meio idiota. – ele sorri e seu olhar volta ao normal – Eu já te disse o quanto você é
bonita Kat, e com toda essa coisa da Capitol fica mais ainda, de um jeito diferente. Finnick Odair é bem
conhecido pelo seu charme.

– Sim, mas ele não me interessa, você bem sabe. Na realidade eu o acho bem ridículo. – digo –
Agora vamos, eu quero saber o que essa roupa faz.

Chapter Fifteen
Notas iniciais do capítulo
Olá, a bronca resolveu, eu devo dizer que os comentários não foram realmente significativos, mas
me animaram um pouco. Eu não quero ser o tipo de autora que cobre comentários, porque eu
escrevo porque gosto e a minha mão coça, mas eu também quero saber se o que eu escrevo é ruim
ou não.
Vai aí mais um, eu fiquei a tarde toda escrevendo ele, então por favor me digam o que acharam.

Eu posso dizer o quanto me sinto superior a todos eles nesse momento, o quanto eles nos acham
fantásticos, o quanto a Portia e o Cinna surpreenderam, mas eu acho que ninguém entenderia. Primeiro
que para entender eles teriam que estar nos Jogos e ninguém quer isso, e depois ninguém sabe como é
estar nessa roupa, ninguém sabe o que ele realmente significa para as pessoas que estão nos Distritos,
eu sou a garota em chamas, nós somos os amantes desafortunados, nós representamos a esperança para
eles, e isso é tudo.

Enfim, a roupa que o Cinna criou é fogo, puro fogo, nós somos como carvões queimando na
lareira. E isso deixa todos admirados, e o melhor eu não preciso acenar, nem sorrir, nem gritar para eles,
eu sou melhor que isso tudo. Eles não me importam, somos nós que vamos morrer, tivemos a chance
de sairmos vivos e voltamos para a arena, era isso que a roupa mostrava. Nós cansamos de ser bons e
agora vamos acabar com o Capitol, e o melhor era que o único que sentia medo disso era o Presidente.

Eu consigo sentir o seu olhar de raiva mesmo de tão longe, ele esperava nos fazer sentir medo,
mas o que aconteceu foi o contrário, pelo menos agora eu estava decidida a me sentir, não feliz, mas
conformada. E eu não podia me sentir melhor por isso.

Quando voltamos ao Centro de Treinamento, o Cinna e a Portia sorriam felizes, e o Haymitch


estava com a casal do 11, ele havia desfilado com eles. Ele agora se aproximava sendo seguido pelo
casal. O Peeta me ajudou a descer.

Eles são Chaff e Seeder, ele não tinha uma das mãos, ela assim que se aproxima me abraça. Eu
não me surpreendo, ela é do 11, do mesmo Distrito de Rue, a minha pequena Rue.

– Eles estão bem? – sussurro

– Sim. – eu sei que ele quis dizer que estão vivos, mas eu não tenho a chance de saber se eles
estão recebendo os mantimentos que prometemos.

Assim que ela me solta o Chaff coloca o seu braço sobre mim, e me beija, não na bochecha,
nem na testa, mas na boca. Eu fico chocada demais para reagir, mas o Peeta não, ele o puxa para longe
de mim e quase o soca, só que o Haymitch não deixa. O Chaff não parece abalado já que começa a rir
e o Haymitch também, felizmente os atendentes da Capitol nos guiam até o elevador, porque eu acho
que o Peeta estava disposto a dar o soco no Haymitch. Eu agarro a mão do Peeta e penso em abraça-lo
para diminuir a sua raiva, só que um cocar quase me atinge e eu me viro para ver o que acontece.

Johanna Mason, do 7, distribuidor de madeira e papel, por isso ela está vestida de árvore. Ela
não parece feliz com a sua roupa.

– Não é ridículo, eu creio que há 30 anos nós somos árvores. Eu queria ter pegado o Cinna, você
está fantástica. – diz desgostosa.

– Oh, obrigada. Ele recentemente tem me ajudado com a minha linha. – minto, já que a linha é
totalmente dele. Eu sou péssima e continuarei sendo, em moda.

– Eu tenho alguns de seus vestidos. – eu estou prestes a mudar a minha concepção sobre ela –
Aquele vestido que você usou no Distrito 2, tão maravilhoso que eu queria rasga-lo das suas costas.

Isso me faz continuar a achando louca, isso e o fato de que ela começa a tirar a roupa. Exceto
as sandálias, ela fica absolutamente nua. E isso me irrita profundamente, eu olho o Peeta e ele parece
chocado, se a situação não fosse incomoda eu até riria da expressão dele, mas tinha uma mulher nua na
frente do meu marido, isso não era legal.

Então ele me olha e cora, e enquanto nós subimos, ele não tira os olhos dos meus e eu acho isso
ótimo, porque eu também não consigo encará-la sem corar, isso é vergonhoso. Ela tenta puxar uma
conversa com ele, mas ele a responde rapidamente e tenta fazer isso sem olhá-la. Quando todos saem,
eu o sinto suspirar de alivio.

– Eu achei que ela nunca fosse embora. – ele diz e eu solto um risinho. – Isso não é engraçado.

– Realmente não é, mas eu prefiro pensar que sim. – digo e ele assente.

A porta do elevador se abre e o Haymitch está com uma carranca, e eu imagino que ele não deva
estar feliz pelo Peeta quase ter batido no amigo dele. Mas ele está olhando para trás de nós. E eu me
viro, curiosa.

Há a garota avox ruiva só que ela está com um garoto, também ruivo, mas eu o conheço. Darius.
Ele que tentou ajudar o Gale, e por isso havia virado avox, condenado a passar o resto da vida sem falar,
mas ele não parecia realmente triste, não enquanto eu o via com a mão colada na da avox. E eu não
podia fazer mais nada por ele, se o Gale o visse... A minha concepção do Capitol ficava cada vez pior.

Eu sinto a mão do Peeta apertando a minha, com medo de eu eu faça algo, mas o que eu faria,
lutar sim, com certeza eu lutaria para isso não continuar acontecendo, eu sabia o porque de ele estar ali,
e isso me dava mais raiva, ele nunca fez nada, não de errado. E o que eu faria, se eu fosse falar com ele
o que ele me diria, nada, ele estava sem língua, não podia mais falar. Fora que com certeza ele seria
punido por isso, então eu me solto do Peeta e vou para o meu quarto.

Eu fico no escuro e o Peeta se junta a mim, ele não fala nada só fica ao meu lado, eu me viro e
o abraço, a Effie nos chama para jantar e eu continuo em silêncio, eu me troco e ele também, e eu passo
o jantar inteiro voando, quer dizer, há um momento em que eu prendo meus olhos aos seus e tento
passar tudo o que não posso dizer, ele assente. Eu não consigo me obrigar a ficar e assistir os desfiles,
então simplesmente desejo boa noite a todos e vou para o quarto. Eu me enfio no banheiro e tento ficar
o máximo de tempo embaixo da água quente, e quando saio o Peeta está lá.

– Oi.- digo a ele e me sento ao seu lado.

– Olá. – ele agarra a minha mão. – Venha, eu consegue um lugar para pintarmos.

Eu sorrio para ele.

– Aonde? – questiono

– Meu antigo quarto. – ele fala em frente à porta.

Lá dentro tem várias telas, algumas já prontas outras em andamento e algumas brancas. Havia
sobre a campina, o pôr do sol lá do Distrito, tinha uma da Rue com a flor que eu colhi para ela, a mais
bonita era a da Pearl dormindo, seu cabelinho preto caia livre no travesseiro, sua boca formava um bico
lindo, ela estava serena, como eu amaria estar com ela agora.

– Ohh... – exclamo quando vejo uma pintura nova do Peeta, ele estava meio pintada, mas dava
para ver o que era.

Eu, grávida, não da Pearl, do nosso filho que ainda está na minha barriga, a Pearl está do meu
lado com sua mãozinha na minha barriga e uma lágrima cai do meu rosto, não sei se de tristeza ou
alegria.

– Bom, é assim que eu te imagino daqui a alguns meses, eu gosto de pensar que você estará
bem. – ele me abraça e uma das suas mãos está na minha barriga, assim como a minha.

– Está lindo Peeta. – tento não chorar – É essa que você quer que pinte?

– Não, me desculpe Kat, mas você acabaria estragando ela. – eu nem fico mais tão chocada, ele
já me disse algo assim antes. – Vamos fazer algo novo, mais fácil.

– O que então? – pergunto

– Escolha. – diz

– Que tal uma flor, parece fácil. – digo


– É, boa escolha. – eu sorrio por ter acertado e ele prepara uma tela, não muito grande, para
mim. – Vamos, primeiro nós vamos usar o verde.

Ele diz e me dá, eu percebo que tem outro tela ao lado da minha para ele.

– Eu faço o que primeiro? – pergunto

– Primeiro você desenha o que quer pintar, para quem não sabe é mais fácil. Hoje em dia eu
posso pintar direto, mas no começo não. – fala.

Então eu tento, e por algumas horas eu não penso em nada que não seja, como meus traços são
desastrosos e como eu consigo tremer tanto a minha mão borrando um pouco a pintura. No final eu
tenho um projeto de flor vermelha, presa na grama verde que foi o mais fácil de fazer. E o Peeta... Ele
fez quase um jardim, há várias flores de prímulas, e eu me lembro da minha irmã e da sua alegria.

– Por que você me chama para pintar se na primeira oportunidade vai fazer algo dez vezes
melhor? – falo e ele ri.

– Me desculpe, é força do hábito, quer fazer outro? – questiono e eu digo que não. – Quer
dormir?

– Não, porque você não termina de pintar o outro quadro. – sugiro e ele aceita.

Eu continuo sentada num dos bancos, e quando vejo estou bocejando, pintar realmente cansa, e
eu estou parecendo a Pearl coçando os olhos os forçando a ficar abertos. O Peeta percebe.

– Vamos, eu acho que ainda dá para você descansar um pouco. – diz e eu não discuto.

Na cama, me abraço a ele, e durmo rapidamente.

Sou acordada por um Haymitch irritado batendo na porta, nos gritando e dizendo que temos
cinco minutos para aparecer no café.

– Não me importa se vocês passaram a noite namorando e não conseguem acordar cedo, nós
temos coisas a fazer aqui. – é claro que eu coro.

Eu reparo que ele está com a pulseira que a Effie sugeriu. Apesar de ele parecer irritado com
ela, não parava de mexer nela.

– Nós estamos aqui agora Haymitch, o que você quer? – o Peeta questionou.

– Eu quero que vocês, hoje no treinamento, tentem fazer amigos. – ele diz

– Como? – indago
– Aliados, eles todos se conhecem, nem que seja um pouco, os primeiros alvos serão vocês. O
melhor a se fazer é se junta com alguns deles. – explica

– Haymitch alguns minutos de conversa não os farão nossos amigos. – digo

– Eu sei, mas vocês são os queridos agora, e são fortes, muitos deles admiram vocês por terem
enganado a Capitol e terem ganhado os jogos juntos. – diz – Você tem chance para eles.

– E o que faríamos? Juntar-nos-íamos aos Profissionais? – pergunta o Peeta

– Poderia ser, e eles são escolhidos antes dos Jogos, por isso que vocês tem que se mostrarem
amigáveis. – diz

– Você quer que eu me junte ao Finnick? Ao Chaff? É isso que você está me dizendo? – o Peeta
não está feliz.

– Bom, qualquer um seria uma boa opção, mas eu não descartaria o Finnick. – ele diz parecendo
não se importar com as desavenças pessoais do Peeta – Só escolham alguém que tenha algo a oferecer
a vocês, que o ajudem a passar pelos primeiros dias dos Games, depois você seguem sozinhos.

Nós dizemos a ele que tentaremos, mas não é realmente a verdade.

Nós tentamos nos manter juntos e sempre conversar com alguém, mas eu evito a Johanna –
depois que ela ficou nua novamente - e o Peeta não suporta a ideia de falar com o Finnick – não depois
de ele claramente fazer algumas coisas para chamar a atenção - ele consegue falar com o Chaff – que
não me beija novamente e parece até ser legal sóbrio - depois que o Haymitch insiste muito. Eu gosto
da Mags, a senhora que se candidatou no lugar da menina do Distrito 4, há Beetee e Wiress – eles me
ensinaram algumas coisas interessantes - também, que são apelidados pela Johanna por porca e
parafuso.

Eu conheço também os tributos do 8, Cecelia – a mulher dos três filhos – e Woof ele é um
homem realmente velho, também falo com os irmão do 1, eles são educados, mas eu lembro como eu
matei a Glimmer e o Marvel, e não consigo levar isso em frente. Enobaria me dá medo e eu nem me
aproximo. Entra tudo isso eu me divirto treinando arco e flecha e o Peeta luta com alguns dos tributos
masculinos, derrubando alguns deles com facilidade, é engraçado por que eu fico torcendo por ele, e os
outros tributos femininos torcem contra, eu acho que é o único momento em que parecemos meio
unidos. No fim, quando eu digo ao Haymitch que os únicos que eu realmente aceitaria são Mags e o
casal do 3, ele quase tem uma sincope e desiste de nós.

Chapter Sixteen
Notas iniciais do capítulo
Olha eu aqui, vim rápido, não?
Recebi uma quantidade legal de comentários, nada muito grande. Devo dizer o quanto foi dificil
fazer esse capítulo e eu espero que tenha saído bom.

Só sobramos nós na sala de jantar agora, esperando para sermos chamados e nos apresentarmos
aos Gamemakers. Cada um que foi chamado não parecia realmente indeciso sobre o que fazer, todos
com muita determinação até os que claramente não tem chance nenhuma de viver, eles não têm mais
medo, o que mais de ruim pode acontecer com eles, nada. O Capitol já destruiu as suas vidas o
suficiente, mesmo os que não deixam isso aparecer.

– Nós realmente temos alguma chance de mata-los? – questiono ao Peeta.

– Eu não sei. – diz

– E como o Haymitch pode pensar em nos fazer de aliados? – suspiro – Eu não consigo me
imaginar matando eles sem os conhecer, imagina conhecendo. Isso não dará certo como da última vez,
com a Rue, eu nunca conseguiria mata-la.

– Todas essas mortes são tão... – começa o Peeta.

– Desprezíveis. – ele assente.

Ele é chamado e eu fico só, imaginando o que eu realmente posso fazer, não algo como no ano
passado, já que eles colocaram uma proteção a frente dos Gamemakers. E então o que me sobra, talvez
eu só faça algo como Mags, tire um cochilo. Só que se passa muito tempo e eu começo a ficar
preocupada, o que será que o Peeta está fazendo?

Quando me chamam, a atmosfera está estranha, parece que o local foi recentemente limpo e há
algo coberto no meio da sala, algo que o Peeta fez, mas nós não podemos saber então claramente eles
estão escondendo.

E claramente o Peeta conseguiu aborrecê-los, e como eu faria a mesma coisa, porque seria
interessante mostrar que nós não somos os únicos atingidos pelo poder do Capitol, faça algo de errado
e você também estará na mira.
Como Katniss?

Eu reparo numa pessoa que claramente me ignora, Plutarch, a quanto tempo ele sabia, desde
quando ele imaginava que eu seria arrastada para cá novamente, há muito tempo, desde a nossa dança,
da sua forma simpática de me tratar e se mostrar admirado. Claro que sim, porque outro motivo ele me
falaria da sua reunião. O que tiraria o seu poder, o que o assustaria, do que ele tem medo?

Eu sei exatamente o que fazer rapidamente eu pego uma corda e me esforço para lembrar como
se faz um nó, pego uma dos manequins e o penduro, com o pescoço envolto pela corda, numa posição
de enforcamento. As tintas que o Peeta usou ainda estão aqui, eu pego a mais vermelha de todas e
escrevo.

SENECA CRANE.

E os deixo ver, eu quase rio, alguns caem, outros gritam, taças se quebram, e Plutarch está com
uma fruta amassada na mão.

– Pode sair Senhorita Mellark. – eu lhe dou um sorriso inocente e saio.

Antes jogo os resto da tinta pelo ombro e sei que ele caiu diretamente no boneco, quando mais
taças quebram. No elevador não resisto a uma gargalhada.

Encontro o Peeta no quarto, ele havia acabado de sair do banho, mas as suas mãos ainda estavam
sujas.

– O que você fez? – pergunto

– Eu pintei... A Rue. – diz – Depois que morreu sabe, eu me lembro de você ter dito que colheu
umas flores para ela e que ela estava serena.

– Peeta, e por que você fez isso? – exclamo

– A nossa conversa antes sobre as mortes desprezíveis, eu me lembrei dela também e como ela
não devia ter morrido daquela forma, eu quis responsabiliza-los, sabe? – explica e eu o abraço.

– Isso foi lindo, mas eu não acho que o Haymitch vá gostar. – digo

– Eu sei e você fez o que? - pergunta

– Eu fiz algo pior que você, bem pior na verdade. – sussurro – Eu pendurei Seneca Crane.

Ele arfa.

– Kat, você... – ele ri e eu suspiro de alivio.


– Eu fiquei com raiva do Plutarch sabe? Na festa ele agiu como se a minha vida seguiria como
mentora e claramente já sabia de tudo, então eu não pensei. – digo

– Bom, mas eu acho que você devia poupar a Effie, ela vai morrer se souber o que fizemos. –
diz e eu concordo.

– Eu vou tomar banho e vamos jantar. – digo e agora ele que concorda.

...

– Você não vão falar nada? – o Haymitch pergunta depois de alguns pratos.

Eu espio a Effie e penso numa desculpa.

– Eu não tinha nada realmente para fazer, então eu só fiz algo com camuflagem. – o Peeta diz e
se sai muito bem, já que as sua mãos estão sujas de tinta.

– E eu... Bom não tinha realmente nada para fazer, então atirei algumas flechas, mas nada
impressionante. – tento mentir, mas eu creio que o Haymitch não acreditou.

A Effie tinha saído antes das notas serem mostradas e o Haymitch me encarou.

– Pode falar o que você fez agora? – diz.

– Eu pendurei o Seneca Crane. – ele se engasga.

– Você... – ele não tem tempo de falar nada.

– E eu pintei a Rue. – o Peeta diz.

– Vocês dois se merecem, dois idiotas. – ele diz e a Effie chega interrompendo a bronca.

Os tributos dos Distritos Profissionais tiram notas altas, os outros na média.

– Eles já deram zero? – pergunto quando chega à vez do Peeta.

– Não, mas eles sempre surpreendem. – o Haymitch diz com um tom amargo.

Eu acho que seria melhor se fosse um zero.

– Doze? – a Effie grita.

– O que? – o Peeta exclama.

– Eles realmente querem você mortos. – o Haymitch diz – Eu vou pro quarto, não consigo olhá-
los nem por mais um minuto.

– Ele está irritado. – não é uma pergunta.


– É... Bom, pelo menos a Effie não descobriu tudo. – o Peeta diz – Seria trágico.

– E o que nos faremos? – pergunto

– Sobre o que? – indaga

– Ele está irritado. – digo como se fosse obvio.

– Isso vai passar, ele não pode ficar com raiva por muito tempo, aliás, nós não temos tempo. –
eu o olho.

– E o que faremos com o nosso pouco tempo? – pergunto

– Eu gostaria de dormir, de verdade. – ele diz e eu dou risada.

– Então vamos Sr. Mellark.

...

Hoje é o último dia, e já começou úmido, a Octavia nos viu juntos e desandou a chorar, Venia
felizmente a expulsou do quarto. O Peeta tem que ir, e eu fico com a minha equipe num silêncio
sepulcral. Nada de conversas sobre a última festa em que foram ou a nova moda do Capitol, agora eu
até preferia toda essa besteira. Depois de um tempo o Flavius também começa a chorar, e eu fico só
com a Venia. Mais silêncio.

Ela se esforça para ser rápida, por estar sozinha, e o Cinna aparece, e então ela fala comigo.

– Nós gostaríamos que você soubesse que foi ótimo fazer com que você ficasse linda. – ela diz
e sai correndo.

Isso doí, mais do que deveria, porque eu sei que eu não vou voltar e pelo visto, todos os outros
também.

– O que temos para hoje? – pergunto, eu não posso me deixar abalar mais.

– Bem, eu tive que fazer alguns ajustes, porque alguém aqui parece que engordou. – ele diz e
eu coro.

Eu deveria saber que o Haymitch contaria a ele.

– Fora isso nós vamos seguir com a ideia da outra roupa. – diz

– Fogo? – questiono.

– Não, não fogo. A nossa garota cresceu, ela não é mais a menina doce e feliz que ganhou os
Jogos com o amor da vida dela. Ela está com raiva, ela vai ter que voltar para o lugar que mais odeia,
com a pessoa que ama e talvez morrer. Ela está de luto. – ele me mostra o vestido.
Nada de vermelho, mas preto e cinza, o vestido é obscuro e ainda há algo haver com chamas.
Eu pareço com fumaça. Eu estou sombria.

– É fantástico Cinna. Vou precisar girar dessa vez? – pergunto

– Não, o resto do show é com você. – diz

Eu me visto e para minha surpresa a minha barriga não é escondida, mas só veria quem prestasse
atenção ou já soubesse, afinal eu estava de 4 meses, não era como se minha barriga fosse muito grande.

Encontro-me com os outros e o Peeta está esplendido, com seu smoking preto, destaca seus
olhos e os cabelos loiros.

– Hei, olha o que temos aqui. – ele diz e apoia a sua mão na minha barriga, claro que ele não
deixaria de perceber.

Eu acho que a Effie já sabe, porque ela não desmaia.

– Não diga nada sobre isso, eu acho que o Caesar não vai perguntar por que todos estão muito
inflamados. Então os deixe mais curiosos. O resto você sabe Peeta. – o Haymitch avisa.

Nós seguimos e nos juntamos aos outros, eles nos dão uma segunda olhada, mas creio que seja
por sermos os únicos tão claramente contra tudo isso.

– Vocês estão sombrios. – quem diz é Finnick e eu sorrio para ele.

Era isso o que queríamos.

Enquanto nos alinhamos, alguns vinham e nos davam tapinhas nas costas, como se pudessem
nos consolar de alguma forma e – surpresa – Johanna se aproximou.

– Faça-o pagar, ok? – e ela não falava sobre os jogos.

Johanna Mason, a única que percebeu, logo ela.

Caesar Flickerman, estava de lavanda esse ano, parecia como sempre. Agora... Os tributos,
estavam ou como nós ou pior, era claro como todos eles tinham raiva, e em todas as entrevistas falavam
ou deixavam nas entrelinhas sua vontade de acabar com esses Jogos.

Cashmere, apesar de tudo, usa o próprio Capitol contra eles, dizendo que eles não aguentariam
viver sem os vencedores que iriam morrer. Beetee questiona se o Quell é realmente legal, o Finick –
ridículo – declara o seu amor através de um poema para uma mulher desconhecida, e algumas da plateia
desmaiam. A cara que o Peeta faz é hilária.
Seeder fala sobre o poder do Presidente Snow e como ele poderia facilmente reverter esse Jogos,
e Chaff que vem logo depois, insiste nisso, mas conclui que o Presidente não deve achar isso realmente
importante para alguém.

É a minha vez e depois de tudo isso, eu me questiono se eu posso explodir essa bomba que os
outros vencedores construíram. Quando eu entro, eu sei que sim.

...

Há um silêncio, as pessoas me encaram abismadas, não é como se eles realmente visse a minha
barriga, mas a minha roupa sim. Eu demonstro tudo o que estou sentindo em um vestido e eles sentem
também. Não há mais uma família, amantes desafortunados, nada disso. O Capitol está destruindo tudo
e eles sabem disso, tanto que um minuto depois começa o inferno.

Não a forma de falar, Caesar abre e fecha a boca umas cinco vezes e a minha entrevista está
quase acabando quando ele tem a chance de me fazer uma pergunta.

– É claro que essa noite é emocionante, não podia ser diferente. – começa – O que você tem a
dizer sobre isso?

– Eu queria dizer que foi bom você poderem ter participado da minha vida por um tempo. –
tento parecer decepcionada, triste até, e busco alguma lágrima – E pedir desculpas por vocês não
poderem ver a minha família aumentar.

Eles focam em mim e eu enxugo duas lágrimas que haviam caído. Depois disso, eu acendi o
pavio da bomba. O Peeta só podia estourá-la de vez. Eles aplaudem tanto, a muitos que choram, outras
que bradam com raiva, mas meus três minutos acabaram.

O Caesar leva uns minutos para acalmá-los e chamar o Peeta, ele passa por mim e me abraça, a
mais alguns gritos, só que acabam rápido.

– Você foi maravilhosa. – sorri para mim e eu o beijo.

O Caesar tem que acalmá-los novamente. Dessa vez não há realmente nenhuma graça, o Peeta
não faz piadas e o Caesar vai para o que interessa.

– Não deve ter ido fácil saber do Quell? – pergunta

– Claro que não, é pior do que tudo que eu passei na vida. Passar todos esses meses vivendo
bem e com a Kat, para depois saber que nós vamos ter que voltar para a arena. – ele está tenso

– Eu imagino. – o Caesar fala o que claramente não podia.

– Não, não imagina. Nós temos uma filha e você não deve saber como é sair de casa sem saber
se vai voltar para ela. Se um de nós morrermos já é ruim o suficiente, imagine os dois, não vai sobrar
nada para ela. Que é tão pequena que não vai poder lembrar os momentos que passamos juntos. – eu
tenho que me segurar para não chorar.

– Wow, bom sim, você tem razão, eu não faço ideia. – ele parece abalado também – Mas pelo
menos existiram esses momentos felizes, não?

– Sim, em parte, mas nenhum deles apaga o que nós trazemos para aqui. – eu quero saber aonde
ele quer chegar.

– Como assim? – nem o Caesar segue o seu raciocínio.

– Há alguns meses atrás eu estava aqui e falei dos planos que tínhamos para o futuro. – o Peeta
diz – Não esperávamos que tivéssemos que voltar para o Capitol para participar do Quell como tributos,
não mentores. E seguimos com os planos e... Eu não posso acreditar em como tudo vai acabar agora.

Não é preciso realmente completar algo, mas...

– O que isso quer dizer? – instiga Caesar.

– Há um bebê Caesar. – ele diz.

Chapter Seventeen

Notas iniciais do capítulo


Me desculpem, desculpem, e desculpem mais um pouco. Mas eu estive muito ocupada, tem a
escola, minha internet quase não pego por dois dias e eu meio que travei numa parte da história.
Só que eu consegui e espero que vocês gostem.

Eles gritam, jogam coisas, é impossível fazê-los parar.

Eu estou chorando, e quando o Peeta volta, eu me abraço a ele, escondendo o meu rosto em seu
peito. Eu sei que ele também chora, e de repente todas as luzes se apagam e o Peeta me guia pela
escuridão até o elevador, a Johanna tenta se juntar a nós, mas não consegue.
– Me desculpe ok? Eu não sabia se você queria que eu falasse isso, mas eu pensei que talvez
eles pudessem desistir. – suspira

– Não tem problema, não é como se eles não fossem descobrir nos Jogos. – digo

Nós encontramos o Haymitch quando saímos do elevador.

– Bom trabalho garoto. Você criou uma grande confusão lá fora. – diz – Mas não é como se
Snow fosse escutá-los.

– Nós sabemos Haymitch. – fica um silêncio enquanto assimilamos que será a última vez que o
veremos.

– Obrigada Haymitch, por tudo. E agradeça a Effie também. – eu o abraço.

– Não há de quê docinho. – fala meio constrangido.

– Obrigado Haymitch, você fez muito pela gente. – o Peeta também o abraça.

– De nada garoto, - ele faz uma pausa – eu prometo tentar tirá-la da arena.

– Eu sei Haymitch, confio em você. – o Peeta diz e o Haymitch começa a piscar afugentando as
lágrimas.

– Fiquem vivos. – ele diz – Agora vão dormir, amanhã é um dia de emoções.

Nós já estamos indo para o quarto. Mas o Haymitch nos faz voltar.

– Na arena, lembrem-se quem é o inimigo. – ele diz e vai embora.

Nós passamos a noite completamente agarrados, eu não quero falar, ele também não fala. E o
que nós diríamos que foram bons os momentos que passamos juntos, que eu o amava, que ele me amava,
que nos lembraríamos para sempre um do outro. Não eu não quero ouvir isso. Não quero falar isso.

Assim nós vemos o dia amanhecendo, eu sabia que a qualquer momento o Cinna chegaria e o
Peeta teria que ir embora e eu só o encontraria na Arena.

– Kat, eu... – suspira – Te amo mais do que eu pensei que um dia amaria alguém, e amo a nossa
família também. Eu vou estar lá. E mesmo depois de... Bom, eu vou estar com você. Sempre.

Eu não queria chorar, não iria chorar mais, não por culpa do Capitol.

– Eu também te amo, e eu não vou te esquecer, nem que eu quisesse. – digo.

Cinna e Portia aparecem e eu não tenho a chance de dizer mais nada a ele, o Cinna me
acompanha até o telhado, quando piso na escada a corrente elétrica me congela, e colocam o rastreador
no meu antebraço. Cinna bebe para que eu coma, mas eu só posso fazer isso pensando no bebê.
Quando chegamos, eu tomo um banho e faço uma trança no meu cabelo, a roupa desse ano é
um macacão azul, com zíper na frente, um cinto grosso e roxo.

– O que você acha? – pergunto a Cinna

– Diferente, provavelmente para um lugar que não é frio. – diz – Não vamos esquecer isso.

Ele pega o broche de tordo e coloca no meu macacão.

– Obrigada. – eu me sento e ele também, até que a mulher comece a contar.

Eu me encaminho até a placa.

– Obrigada Cinna, eu me sinto lisonjeada por você ter sido meu estilista, você me deixou
fantástica ontem. – digo e ele me abraça.

– Não tem de quê garota em chamas, lembre-se eu ainda aposto em você. – eu sorrio e subo na
placa.

Mantenho a cabeça erguida como Cinna sempre insistia, eles começam a me levantar, no
primeiro momento eu não consigo focar a minha visão, é tudo muito claro, depois eu percebo que é por
causa da água.

– Senhoras e Senhores, que o septuagésimo quinto Hunger Games comece. – a voz de Claudius
soa, e o gongo logo após.

Eu não tenho tempo de pensar, por onde eu vou andar? Cadê o Peeta?

O céu é rosa, o sol é branco, e a cornucópia está numa ilha que tem linhas de terra entre uma
placa de tributo e outra, nós temos que nadar para chegar até ela e percebo que tem alguns tributos que
já está há caminho. Tento achar o Peeta, mas ele deve estar do outro lado da cornucópia.

Eu inspeciono a água e descubro que é salgada, eu já estava atrás o suficiente então me lanço
na água e começo a nadar, agradecendo por meu pai ter me ensinado um pouco e eu ter tido tempo de
mostrar ao Peeta como se faz. Quando eu subo pingando na ilha corro em direção a entrada da
cornucópia onde todos os suprimentos estão empilhados. Acho rapidamente um arco e me armo com
ele.

Ouço um barulho atrás de mim e me viro com a flecha pronta, mas só era o Peeta.

– Você chegou rápido. – digo e me aproximo.

– Eu tive uma boa professora. – ele me beija e vai atrás de uma faca.

Por trás dele aparece Finnick Odair e eu armo a flecha novamente.


– Onde vocês aprenderam isso, no Distrito Doze? – ele carrega um sorriso, mas a sua postura
não esta relaxada, e ele tem um tridente.

– Temos uma grande banheira. – ironizo.

– Deve ser, gostam da arena? – questiona.

– Não muito, mas você sim, diria até que especialmente para você. – o Peeta falou já do meu
lado.

Não há uma grande quantidade de vencedores com a chance de aprender a nadar, se tiverem
sorte como eu, o que nasceram no Distrito 4 como Finnick.

– Sorte que somos aliados, não é? – ele está com a pulseira do Haymitch, e eu posso sentir que
o Peeta está prestes a xingá-lo de todos os nomes.

Eu ouço que tem alguém se aproximando então eu paro o Peeta.

– Sim, é. – digo

– Abaixem. – o Finnick solta e eu puxo o Peeta para baixo.

Ele mata o tributo do 5. Enobaria e Gloss estão chegando a terra. Eu tento atirar nela, mas ela
mergulha novamente.

– Tem algo útil aqui? – o Peeta aponta para a pilha.

– Nada além de armas. – digo

– Mesmo assim, pegue algo que você queira e vamos. – ele diz – Você também Finnick.

Eu atiro em Gloss e consigo acertar a sua panturrilha. Eu pego o outro arco e a aljava de flechas.
Brutus se aproxima, eu sei que Cashmere também, mas não consigo vê-la. Tento atinge-lo mas ele se
protege com o cinto, que solta algo roxo toda vez que uma flecha o fura. Eu vejo Mags nadando em
direção à cornucópia se mantendo a tona de uma forma que eu não entendo.

– Vá busca-la. – digo a Finnick

Ele mergulha e chega a ela, enquanto o cobrimos, e a reboca sem esforço. Quando chegam a
terra ele comenta algo, que creio eu tem a ver com “Bob”.

– Você tem razão Mags. – ele diz e eu arqueio as sobrancelhas em questionamento. – Os cintos,
são como dispositivos de flutuação.

Eu queria esperar e levar Beetee e Wirees comigo, mas Beetee ainda está longe e nem consigo
ver a Wirees, então só digo para seguirmos em frente. O Peeta me faz dar arco e aljava que eu não estou
usando para ele carregar e o Finnick dá uma arma a Mags, depois carrega ela e nós saímos da
cornucópia.

A areia acaba e começa uma selva, palavra que devo ter aprendido com o meu pai, é diferente
da floresta – que eu estou familiarizada – não conheço a maioria das árvores, a terra é coberta de cipós
com flores coloridas. E faz muito calor, ao mesmo tempo em que há muita umidade, o que nunca
permitira que eu ficasse seca. Depois de um tempo o Finnick deixou a Mags andar a sua frente, eu ia
atrás e o Peeta ficava no fundo. Quer dizer do meu lado, já que eu não soltava a sua mão.

Depois de andarmos um pouco a Mags pede um descanso e eu penso em subir numa árvore,
mas tenho certeza que o Peeta não deixaria, e nem queria provavelmente o que eu veria seriam só os
corpos, o que me faria vacilar e não é isso que precisamos agora.

– Vamos, nós precisamos de água. – avisa Peeta.

– É melhor que ela apareça logo, é perigoso ficar por aí a noite. – diz o Finnick.

Nós continuamos subindo, e eu começo a ficar com sede, e o caminho de árvores parece estar
acabando, assim eu percebo uma ondulação no ar, como uma parede de vidro deformada. E eu me
lembro de algo.

– Olhe, no canto da mesa. – diz Wirees

Há um espaço no canto da mesa que parece estar vibrando, distorcendo as bordas de uma taça
que alguém colocou ali.

– Um campo de força, entre nós e os Gamemakers, eu me pergunto o por quê? – fala Beetee.

– Cuidado. – só que é tarde, meu grito só sai quando a Mags já se chocou com o campo.

Ela é arremessada para trás e derruba o Finnick no chão. Há um cheiro de cabelo queimado. O
Finnick se despera.

– Mags? – o Finnick começa a tentar reanima-la.

Eu me aperto a Peeta, a Mags é uma senhora gentil e muito boa, ela se voluntariou no lugar de
uma garota mesmo com a idade que tem, se eu tivesse percebido antes com certeza ela estaria bem.
Minutos se passam e eu estou prestes a pedir que o Finnick pare quando ela tosse. E o Finnick suspira.

Sinto algumas lágrimas nos meus olhos e o Peeta me olha diferente quando elas começam a
cair.

– Você está bem? – pergunta e eu aceno – Vamos Finnick nós temos que continuar, quer que eu
a carregue um pouco.
Eu estranho essa nova simpatia do Peeta pelo Finnick, mas deve ser por ele ter visto que o
Finnick se importa realmente com alguém, sem ser ele mesmo.

– Não precisa. – ele a carrega nos braços agora e nós continuamos mais devagar dessa vez.

– Como você sabia? – o Peeta pergunta.

– Do quê? – questiono

– O campo de força. – diz

– Bem, eu percebi algo de estranho no ultimo minuto, era como se o ar se mexesse, então eu
quis avisar. – eu era péssima mentindo para o Peeta, mas isso pareceu convencê-lo.

Eu fiz isso porque se os Gamemakers souberem que eu sei podem querer mudar o campo de
lugar, para nos confundir e isso não é bom.

– Então tome a frente. – o Peeta diz então o Finnick caminha no nosso meio.

Eu recolho umas nozes e começo a jogar no lugar que creio estar o campo, melhor não correr o
risco. Depois de um tempo a Mags insiste em pegar as nozes queimadas e começar a comer, eu não
consigo para-la então observo para ver se há algum problema, mas nada acontece. Estamos andando há
muito tempo e parece que o campo está curvando, e eu quero checar para ver se estou certa.

– Eu vou ter que subir. – aviso

– Kat não... – eu sabia que o Peeta falaria.

– Eu preciso saber onde estamos e há não ser que você consiga ir até o topo, quem vai sou eu.
– ele não questiona, mas fica emburrado.

Quando eu estou alto o suficiente, sei que as minhas suspeitas estão confirmadas, a arena é uma
redoma com a cornucópia no centro. O céu também tem um campo de força, eu enxergo um ou dois
pedaços no céu que tremulam.

– A arena é uma redoma, perfeita. Há em cima também, e eu não sei se é muito alto. – digo
quando desço.

– E água? – o Finnick questiona

– Só a salgada. – digo

– Tem que haver água. – diz o Peeta – Provavelmente entre o campo de força e a cornucópia.

Então nós voltamos alguns metros, eu continuo na frente e dessa forma o sol nos atinge com
tudo, pelo meio da tarde ninguém mais consegue continuar. Nós ficamos há dez metros do campo, já
que podemos usá-lo como arma, e a Mags e o Finnick começam a fazer um tapete com as folhas o Peeta
pega as nozes que a Mags vinha comendo e as joga no campo, torrando as e descascando e as
empilhando numa folha, eu fico de guarda e inquieta.

Eu estou com sede e quando a fome atacar as nozes não serão suficientes, então eu tenho que
sair.

– Peeta, fique se guarda enquanto eu vou procurar água. – ele está prestes a reclamar então
acrescento – E caçar também, prometo que não irei longe.

– Tudo bem, tome cuidado. – ele me beija e passa a mão pela minha barriga.

Ando pouco pela floresta quando os canhões começam a soar.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito.

Chapter Eighteen

Notas iniciais do capítulo


Olá eu sei que vocês querem me matar, mas eu tenho os meu motivos por permanecer fora por uns
tempos, o mais importante é que eu não me sinto bem tendo que escrever a maior parte das coisas
que já estão no livro sem poder mudar porque é muito importante, eu não tenho tanta liberdade em
algumas partes e essas é uma delas, mas já está acabando, então boa leitura.
Eu tenho que agradecer a ÉSTER EVERLLARK, pois apesar de tudo comentou e eu amei a sua
instigada a novos leitores. muito obrigada.

Eu consigo algum tipo de roedor, e o Peeta o joga contra o campo de força, fritando ele, nós o
comemos junto com as nozes, mas não há água.

Eu estou encostada em Peeta com sua mão grudada na minha, a qualquer momento os tributos
mortos apareceriam e eu sabia que seria muito pior que no ano passado, já que dessa vez eu conhecia a
maioria deles. O selo do Capitol aparece e o hino começa a tocar.
O homem do Distrito 5 que Finnick matou, o morfináceo do 6, Cecelia – a mulher que tem três
filhos em casa – e Woof do 8, os dois do 9, a mulher do 10, e Seeder do 11 – que me falou sobre a
família da Rue –, eu não conhecia realmente nenhum deles, mas eu sinto pelos filhos de Cecelia, e pelo
morfináceo que pintava com o Peeta.

Ninguém fala absolutamente nada até algo cair entre as folhas, um paraquedas.

– De quem será? – pergunta Peeta

– Bom, não sei. – digo – Mas vamos dar a Mags.

O Finnick entrega a ela, mas não sabemos o que tem dentro dele, é algum tipo de tubo que se
estreita numa das pontas e na outra a algum tipo de bico curvado. Eu o rolo entre minhas mãos e me
questiono, ele é familiar, mas de onde? A sede não me deixa pensar realmente e eu começo a me lembrar
da floresta de casa, com o rio, como era bom passar o meu tempo com o Peeta e a Pearl lá nas manhãs,
e com meu pai... Meu pai.

– É uma goteira. – exclamo - Colocada na árvore certa sai seiva.

– Sim, mas deve ter algo a mais nessas árvores. – diz o Peeta e logo já está de pé.

Ele e o Finnick se revezam em abrir um buraco na árvore e colocam a goteira, não acontece
nada por uns instantes, mas um jorro fino começa a sair, nós bebemos um pouco e a Mags trás uma
cesta que enchemos de água, e assim conseguimos beber uma grande quantidade de água. Sem a sede
nos preparamos para dormir, decidindo quem vai ficar com a guarda.

– Durma Kat. – o Peeta diz e eu me escoro nele, sem tentar retrucar.

Sou acordada com um barulho insistente, parecido com um sino só que mais grave, o Peeta e o
Finnick parecem atentos, só a Mags continua dormindo.

– São doze. – diz Finnick e eu aceno.

– Mas o que significa? – pergunto.

– Não faço ideia. – diz Finnick

Não há mais nenhum sinal, até que começa uma tempestade de raios. Estranho, eu nunca vi nada
parecido em outros jogos.

– Durma Finnick, eu fico de guarda. – Peeta diz – Você também Kat.

Só vejo o Finnik se ajeitando com seu tridente na mão e volto a dormir.

...
Há um som de canhão, que me assusta e percebo a chuva, ele não se aproxima, mas a fumaça
sim. O Peeta já está de pé, ele me puxa para ficar de pé também.

– Vamos Finnick acorde, - o Finnick salta – Pega a Mags rápido e corra.

A fumaça tem um cheiro doce e enjoativo e quando se aproxima parece queimar, o Peeta me
coloca a frente dele e nós corremos. Eu sinto Peeta tropeçar vez ou outra, mas ele se mantém me
impulsionando para frente, eu poderia subir numa árvore só que não há tempo. A névoa continua
próxima, queimando nos nossos calcanhares e eu começo a ofegar, cansada demais para manter o
mesmo ritmo.

– Kat vamos, continue. – ele continua atrás de mim e me empurra gentilmente.

O Finnick corre a nossa frente, e para quando vê que eu não tenha mais fôlego, eu estou prestes
a tropeçar só que o Peeta me segura. Percebo que o Finnick voltou e me arrasta junto com o Peeta.

– Finnick carregue a Kat, eu levo Mags. – Peeta diz

Finnick me carrega em seus braços e o Peeta leva Mags, dessa forma nós avançamos um pouco,
só que por pouco tempo, eu vejo o Peeta tentar se manter firme, só que ele cai duas vezes. E os braços
do Finnick começam a tremer, eu me ponho de pé.

– Finnick leve as duas, eu sigo atrás. – o Peeta diz

– Não consigo, os meus braços não funcionam. – ele diz

Então Mags se levanta, ela beija o Finnick e se lança no nevoeiro, eu a vejo se contorcer e cair
no chão, meio segundo depois o canhão soa. Eu fico parada e o Peeta também, mas o Finnick se adianta
e me coloca em suas costas e recomeçamos a correr, o Peeta nós segue da forma que consegue.

Eu fico tentada a incentivá-lo, mas eu fiquei com medo de inalar mais dessa fumaça e piorar a
situação. E ainda a imagem da Mags morrendo voltava à mente, eu não queria vê-la morrer de todas as
pessoas dessa arena depois do Peeta, ela era a que eu me importava mais, não sei se meu sentido de
proteção também servia para pessoas mais velhas, mas a Mags por ter salvado aquela menina fez crescer
algo em mim, talvez por eu de alguma forma estar aqui para salvar a minha filha.

Com um impulso para frente eu me vejo caindo e por pouco o Finnick não cai por cima de mim,
o Peeta ainda vem cambaleando atrás, e depois de nos ver caídos se joga de qualquer jeito no chão. Eu
sou a única que ainda se preocupa em ver se a nevoa ainda nos segue, e ela parece cada vez mais perto,
eu estou prestes a me abraçar a Peeta e esperar a morte, quando ela para como se um vidro a tivesse
contido e é sugada do nada. Lentamente eu vou descendo até a água, não sei como, mas de alguma
forma ela deve me ajudar. Eu vejo o Peeta me seguir.
Manter a mão na água é um sacrifício, mas que no fim vale a pena, porque o veneno é levado
embora, e no fim eu estou conseguindo me mover normalmente, eu começo a jogar água no Finnick
que está danificado demais para ser levado para dentro do mar e o Peeta me ajuda. Quando ele está bem
o suficiente para ser colocado na água, nós o arrastamos.

Em pouco tempo ele começa a se lavar sozinho e o Peeta ruma para uma árvore pegar água, eu
não queria ter que ficar sozinha com o Finnick, pois a imagem da Mags rumando por vontade própria
para o nevoeiro. Porque ela faria isso, será que ela tinha se sensibilizado comigo e com o Peeta tanto
assim para se arriscar por nós, ou então tinha algo muito maior por trás?

Enfim, por mais que eu quisesse saber disso tudo não era o momento, o Finnick se mantinha
quieto, com um olhar distante e por mais que ele achasse que ela fosse morrer, com certeza não seria
dessa forma, nem tão cedo.

Ficamos por um longo tempo dentro da água, só ouvindo o barulho que o Peeta faz na árvore,
até que o Finnick começa a se movimentar de forma satisfatória dentro da água e decidimos ajudar o
Peeta, mas antes de entrar na floresta, escuto algo acima e quando eu olho há vários macacos nos
observando, automaticamente armo o meu arco e tento chamar o Peeta.

– Peeta, você pode vir aqui, por favor? – falo quase um sussurro.

– Espere, estou quase acabando, você ainda está com a goteira? – diz ainda concentrado.

– Sim, mas eu acho que você devia vim aqui, tem algo que eu quero que você veja? – digo –
Mas venha com calma, andando devagar.

Ele se vira e me olha preocupado, felizmente ele começa a andar.

– Você está sentindo alguma coisa? – se preocupa e eu sorrio.

– Não. – eu vejo o seu esforço para fazer o mínimo de barulho possível, e não é tão fácil.

Ele começa a esquadrinhar em volta, querendo saber o que nos causou tanto receio, eu abro a
minha boca para impedi-lo, mas é tarde assim que ele avista os macacos, eles se rebelam e partem para
o ataque. Eles vem em nossa direção também e eu atinjo todos os macacos com as minhas flechas, só
que elas acabam e eu sei que tem mais na mão do Peeta que fere alguns com a sua faca.

– Peeta, as flechas! – exclamo

Ele se vira para me ajudar imediatamente, e um macaco se precipita em sua direção, não há
como defendê-lo e o Fnnick acaba de ferir um com seu tridente, eu tento acertá-lo lançando minha faca
em sua direção, mas como ele se mantem em movimento a faca escapa, eu sei que ele não me perdoaria
se eu fosse em sua direção e a única chance é tentar avisá-lo.
– Peeta! – grito

Só que um dos morfináceos aparece do nada, aparentemente machucado, gritando e se põe entre
Peeta e o macaco que o atinge com suas presas no peito. Alerta o Peeta atinge o macaco repetidas vezes
até que ele a solte . Inesperadamente eles vão embora, como se alguém estivesse satisfeito com uma
morte e achasse que já era o suficiente. Peeta leva o corpo dela para a praia, eu fico ao seu lado e abrimos
a sua roupa para ver a profundidade do ferimento.

Sai muito sangue e não há realmente nenhuma chance de salvá-la, então eu aperto a sua mão na
minha e ficamos eu e ele, compartilhando esse último momento com ela, vendo-a morrer.

Eu não sei realmente o que fazer, penso em Rue em como ela pediu para que eu cantasse, mas
me dou conta de quem nem sabia o seu nome, quanto mais do que ela gostava. Então o Peeta começa a
falar.

– Eu consigo fazer muitas cores em casa, verde, rosa, azul, mas uma vez eu passei três dias
misturando tintas até encontrar um tom que representa a luz sobre a pele branca, eu imaginava que era
uma simples cor amarela, mas era mais do que isso, várias cores uma por cima da outra. – ela parece
mais calma e desenha algo com o sangue em seu peito – Não, eles são muito difíceis de desenhar, da
mesma forma que aparecem, eles somem quando eu tento pintá-los.

Ela levanta a mão e desenha o que deveria ser uma flor, em sua bochecha, depois sua mão cai e
o canhão soa, ela tem uma sombra de um sorriso no rosto. Peeta a leva para água, volta se senta ao meu
lado, eu me prendo a ele e ficamos ali por um momento só vendo o corpo dela boiar e até ser levado
pelo aerobarco.

O Finnick aparece e em suas mãos estão algumas das minhas flechas, entro na água para lavá-
los e a mim também. Só que as feridas deixadas pela névoa começaram a coçar e eu vejo o Peeta e o
Finnick se arranhando. Mas digo para pararem.

– Vamos pegar um pouco de água. – digo e voltamos a árvore que o Peeta tinha feito um buraco.

Nós bebemos uma boa quantidade de água e jogamos um pouco na nossa pele irritada,
guardamos um pouco em conchas e voltamos à praia.

– Vão dormir, eu fico de vigia. – olha bem para ele e sei que precisa de um tempo para processar
a morte de Mags.

Então eu empurro o corpo do Peeta para que ele não possa reclamar e me deito ao seu lado, ele
me puxa para si e eu fico satisfeita em ter perto de mim algo que eu sei que nunca vai mudar, o meu
amor por ele e o seu amor por mim, são imutáveis, mesmo com tudo o que acontece ao nosso redor.

– Eu te amo. – sussurra em meu ouvido.


– Eu também. – respondo e logo após durmo.

Chapter Nineteen

Notas iniciais do capítulo


Olá, estou aqui de novo com um capítulo do tamanho do mundo para vocês, e eu acho que os
próximos também serão assim. Então preparem os olhos.

Quando acordo o Peeta ajuda Finnick - eles estão abrindo algum tipo de marisco – que
aparentemente passou a noite inteira tecendo uma rede que protegia o meu rosto do sol, enquanto
dormia. Percebo que as minhas unhas estão sujas de sangue e vou em direção à água para lavá-las, e eu
não fui a única que passei a noite inteira me coçando.

– Olá. – digo quando volto em direção aos dois e me sirvo com os mariscos.

– Não era você que dizia que não devemos coçar. – Peeta fez graça.

– Sabe, pode causar infecção. – completa o Finnick.

– Seria mais fácil se mandassem uma ajudinha. – digo – Haymitch bem que você poderia nós
dar uma mãozinha, não?

Assim que eu acabei de falar um paraquedas caiu.

– Faça as honras. – diz o Peeta e eu o pego.

– Obrigada Haymitch. – digo enquanto abro.

Há uma pomada com uma cor e um cheiro escuros e espalho pelo meu corpo e depois dou para
o Peeta, que passa ao Finnick, ele parece relutante em espalhar o creme pelo corpo e eu entendo, pois a
aparência com que ficamos não é a mais agradável de todos.

– Vamos lá Finnick, eu se que para você não deve ser fácil. – o Peeta diz numa falsa
solidariedade e eu sorrio.
– Coitado, como é se sentir igual às outras pessoas? – questiono.

– Horrível. – responde rindo.

Nós o acompanhamos, esse momento de descontração é a primeira vez em que mantenho perto
do Finnick sem me perguntar por quanto tempo nos manteremos juntos, por quanto tempo ele vai nos
ajudar e não nos matar, como recompensa, recebemos outro paraquedas dessa vez com um pão.

– É do quatro, é seu Finnick. – o Peeta diz.

Ele roda o pão por um tempo, o comtemplando, provavelmente pensando em casa e em como
esse pedaço de pão aqui dentro da arena parece um tesouro inestimável.

– Isso vai bem com marisco – o que ele escolhe falar e não questionamos.

Realmente o pão vai muito bem com marisco.

...

Pelo sol devem ser umas dez horas, e a selva atrás de nós se mantem até silenciosa por um
momento, mas uma onda aparece do outro lado e somos obrigados a recolher tudo o mais rápido
possível enquanto ela se aproxima, ela ainda corre pelos nossos joelhos por um tempo e quando volta o
canhão soa, agora somos só doze.

Quando conseguimos reorganizar as nossas coisas três corpos saem da água, nos escondemos
na selva e eu os observo, um está sendo carregado e outro anda vagando por eles. Todos eles estão com
uma cor de tijolos vermelhos, então não há chance de distingui-los. A primeira coisa em que penso é
em mutações, mas um deles cai desmaiado, o que o carregava parece frustrado e começa a bater o pé
no chão.

– Johanna! – o Finnick grita e sai correndo atrás deles, eu gemo de frustração.

– Tinha que ser ela, não é? – olho para o Peeta.

– Nós não podemos deixa-lo, não é? – pergunta

– Não, vamos lá. – ele segura a minha mão, acho que com medo de eu atacá-la.

Quando estamos próximos reconheço Beetee e Wiress e me pergunto o porquê de ela tentar
salvá-los.

– Eu achei que fosse chuva por causa do raio, e estávamos com seda, mas quando caiu era
sangue, espesso e quente, não se podia falar sem que enchesse a boca, então só andamos tentando
escapar. E Blight ainda bateu no campo de força. – explica Johanna.

– Sinto muito Johanna. – o Finnick fala.


– Bom, e ainda têm eles. O Beetee foi ferido na cornucópia, e ela... – aponta para Wiress.

– Tick, tock. – fala Wiress.

– Não para de dizer isso. – fala Johanna exasperada.

– Vamos para lá, você tem que ficar limpos. – digo enquanto puxo Wiress pelo braço, Peeta
carrega Beetee.

O Peeta me ajuda a limpar o Beetee, que tem a sua roupa colada ao corpo, nós temos que tirá-
la para deixa-lo limpo, o que já não me importa tanto, o colocamos de costas na esteira. O corte nas
suas costas não é profundo, mas ainda sai muito sangue. Mas essa não é a minha floresta, as plantas que
tem aqui não são as que eu conheço. Só que a Mags havia me oferecido um tipo de musgo, que parecia
absorvente, então corro atrás de um pedaço e felizmente encontro rápido.

Eu o fixo em cima do corte com uma trepadeira, e o colocamos na sombra.

– Acho que é só. – olho para o Peeta.

– Não diga que é só, foi assim que você me manteve vivo, esqueceu? – dou um sorriso de
agradecimento, e vou em direção a Wiress.

Pego um pedaço de musgo e começo a limpa-la, ela não resiste, tiro a sua roupa e lavo, e como
não tem nenhum dano o coloco novamente junto com o cinto, lavo as roupas de Beetee e coloco para
enxugar. Me junto a Peeta, que escuta Finnick explicar a Johanna sobre o nevoeiro e os macacos. Até
ela perguntar por Mags e como o Finnick não responde, eu falo.

– Foi no nevoeiro, o Peeta não conseguia mais me carregar e o Finnick não aguentaria a nós
duas, então ela... – não completo, não seria justo o Finncik ter que ouvir isso novamente.

– Sinto muito Finnick. – ele não diz nada.

Eu queria muito ajudar e ficar de vigia, mas eu não conseguia, então a Johanna ficou com o
Peeta, eu me deitei ao lado dele e dormi.

Quando acordo o sol está quase no alto, Johanna me lança um olhar de desprezo e cai ao lado
do Finnick para dormir.

– O que houve? – pergunto ao Peeta.

– Ela estava me dizendo que os manteve para você, que só assim você a aceitaria como aliada.
– responde

– Haymitch. – digo como se fosse uma praga.

– Sim, foi ele. – diz e acaba bocejando.


– Vamos durma. – o empurro.

– Espere. – ele me beija. – Eu te amo.

– Eu também te amo. – sorrio e ele se deita.

Depois de um tempo escuto Wiress murmurando, e ela não para de se mexer.

– Tick, tock, sim. Você tem que dormir. – digo com suavidade, e começo a mexer em seu cabelo.
Isso parece acalmá-la.

Os raios caem na árvore, indicando que é meio-dia, igual a ontem à noite, em que os raios caíram
logo após as doze badaladas. Eu me levanto e rodeo a arena, com uma coisa na mente. Numa seção
relâmpago, na outra chuva de sangue, na terceira seção o nevoeiro e logo após seria os macacos. Há
pouco tempo atrás à onda saiu da segunda seção em direção ao raio. O raio que cai ao meio-dia e a
meia-noite.

Como que seguindo o meu pensamento Wiress diz “tick, tock”, e eu percebo que sim, a arena é
um relógio.

...

Repetidamente a imagem do gamemaker chefe, Plutarch, que me mostrou durante a festa na


Capitol o se relógio com o tordo, agora eu entendo o seu motivo de me contar a reunião, a sua falsa
gentileza, mas porque ele me contaria isso. Eu não consigo ver o porquê.

Só que eu tenho outras preocupações e enquanto eu não souber a ordem do que acontece na
floresta, eu não quero ficar próxima a ela. Então acordo todos e explico a eles. Todos menos Johanna
parecem satisfeitos com a minha explicação, mas mesmo ela não vê motivo para se manter próxima a
floresta. Aproximo-me de Wiress e a acordo.

– Você está certa, a rena é um relógio. – ela parece aliviada e sorri.

– Meia-noite. – diz

– Começa a meia-noite. – e novamente Plutarch aparece na minha mente.

Peeta levanta o Beetee só que ele parece meio transtornado, agora repetindo algo como “Wire”.

– Ela está ali. – Peeta diz – Ela está bem, Wiress está ali.

Só que ele não sai do lugar, e continua repetindo.

– Eu sei o que ele quer. – diz Johanna e pega o rolo que ele carregava e que tiramos dele para
limpa-lo. – É algum tipo de arame, ele correu para cornucópia pegar isso e acabou com esse corte,
realmente eu não sei para quê isso serve.
– Foi como ele ganhou os jogos, construiu uma armadilha elétrica com o arame. – fala o Peeta.

– É meio estranho você não saber não é? Já que você o apelidou de parafuso? – digo

– Sim, que estupidez a minha não? Mantendo os seus amiguinhos vivos enquanto você deixava
Mags ser morta? – fico chocada com a mudança repentina e com seu ataque.

O Finnick entrega o arame para Beetee, enquanto eu ainda encaro Johanna ferozmente.

– Para onde? – o Peeta questiona.

– Que tal para a cornucópia, só para ter certeza sobre o relógio. – Finnick dá a sugestão.

Não está muito longe e nós começamos a andar tomando cuidado, os profissionais podem estar
perto. O Peeta deita Beetee e pede para Wiress limpar o arame que ele tanto gosta, que começa a cantar
uma música infantil.

– Duas. – ela aponta para floresta onde o nevoeiro tinha começado.

– Sim, isso foi muito inteligente Wiress. – Peeta diz e ela sorri.

Para o meu desespero Johanna começa a procurar ao redor da cornucópia até achar um para de
machados, e começa a atirar, um deles fica preso na cornucópia. Ela é do 7, dos lenhadores,
provavelmente aprendeu a fazer isso desde criança, o que traz um gosto amargo na boca. O que seria
de mim se eu não tivesse aprendido a caçar com meu pai, se não tivesse Peeta, seria morta de primeira.
A imagem de Prim, minha irmã tão doce e frágil me vem à cabeça, se fosse ela e não eu seria impossível
ter a mesma sorte. A Pearl, a minha pequena Pearl, eu evitava pensar nela enquanto eu estivesse aqui,
já era peso suficiente trazer uma criança comigo, se eu começasse a pensar nela ficaria inerte com a
minha dor.

Vejo que o Peeta parou para me observar e lhe dou um sorriso, que eu sei que não convence, e
me aproximo para ver o que ele faz. Ele desenhou um mapa da Arena, com todas as seções, percebo
que ele começou a contar a partir da ponta da cornucópia, onde cai o raio às doze horas. Ele havia
esquecido a onda e então eu o lembro de acrescentar, Johanna e Beetee não sabiam de nada a mais.

Por um momento o silêncio me parece estranho, a Wiress não havia parado de cantar nenhum
minuto e agora estava cala, eu me armo e viro em sua direção. Wiress tinha a garganta cortada por
Gloss.

Ela estava morta.

Minha flecha acerta Gloss na têmpora e Johanna acerta seu machado no peito de Cashmere,
Finnick ataca Brutus de longe com seu tridente e Enobaria enfia a faca na sua coxa. O canhão soa três
vezes, Gloss e Cashmere e Wiress, mortos. Brutus e Enobaria se escondem atrás da cornucópia, e por
isso ainda não morreram.

Mas a cornucópia de alguma forma começa a girar, eu uso toda a minha força para me segurar
na areia, escuto uma ou duas vezes o Peeta me gritar, mas eu estou enjoada demais para responder. Até
que ela para subitamente e com a boca cheia de areia, me debruço na borda da cornucópia e começo a
vomitar na água. Ouço Johanna murmura algo e as mãos de Peeta me amparando para não cair na água.
Quando o vomito cessa, eu tento falar mais tenho que buscar fôlego.

– Vamos Kat, respire. – eu puxo o ar bruscamente.

– O fio, o fio de Beetee está com a Wiress, temos que pegar antes que levem o corpo dela. –
digo e o aerodeslizador aparece.

– Finnick, o fio. – Peeta grita.

Ele demora um pouco para entender, mas se joga na água, ele tem alguma dificuldade com a
água toda suja de sangue, e quando se aproxima tem que forçar as mãos dela para soltar o arame, mas
logo está de volta e o corpo é levado.

– Você está bem? – ele coloca a mão na minha barriga proeminente – Vocês estão bem?

– Acho... Acho que sim, foi só esse gira, gira, que me deixou enjoada. – ele solta um suspiro e
me aperta contra si, quando eu volto a olha-lo seus olhos estão úmidos.

– Eu não posso perder vocês, não posso. – sussurra no meu ouvido

– Você não vai. – uma lágrima solitária cai pelo meu olho e me apresso em limpá-la, eu não vou
dar esse prazer ao Capitol.

Nós decidimos sair daqui, só que agora há uma questão: Quando a cornucópia girou ela mudou
de direção, então onde é o ponto de doze horas?

– Bom, eles estão tentando nos atrapalhar, como nós vamos sair daqui agora? – questiono

– Isso é temporário, quando derem dez horas a onda vai surgir e nós vamos nos situar
novamente. – o Beetee falou.

– E o que faremos vamos ficar aqui? – eu iria acrescentar que queria água, mas achei que ia
parecer um capricho.

– Não, vamos continuar. – Johanna fala.

Nós escolhemos um caminho aleatório, e próximo à selva cada um de nós olha em volta
procurando algum sinal de perigo.
– Essa é a hora do macaco, não? E eu não vejo nenhum deles. – diz Peeta – Eu vou procurar
água.

– Não, pode deixar que eu vou. – fala o Finnick

– De qualquer forma, eu vou para vigiar a volta. – Peeta insiste.

– Não, você tem que desenhar outro mapa, e a Katniss pode ir no seu lugar. – Johanna diz, e o
Peeta me olha preocupado.

– Você acha que... – eu me aproximo.

– Eu não estou invalida ok? Vai ficar tudo bem. – digo

Na realidade a minha preocupação é outra, porque eles querem nos manter separados? Não para
nos matar, porque eu ainda posso com o Finnick e o Peeta é maior que a Johanna, será que eles esperam
algum ataque da nossa parte ou uma deserção e querem evitar. De alguma forma eu acharia um tempo
para falar com o Peeta, eles não poderiam evitar isso por muito tempo.

– Ok, mas... Volte logo. – ele me dá um selinho e eu me afasto com o Finnick

O silêncio total me deixava preocupada, então eu recebia bem o barulho do trabalho do Finnick
na árvore. Minha mão estava apoiada na barriga – uma mania que eu adquiri desde Pearl – ele era
quieto, quanto eu estava com a Pearl na barriga ela mexia muito e o meu pequeno ainda não havia se
mexido, isso me deixava com medo, a todo o momento indagações, se ele estaria bem e o porquê dele
nunca ter se mexido, enchiam a minha mente.

– Você esta com a goteira? – o Finnick interrompe os meus pensamentos.

Eu estava no meio do processo de entregar a goteira a ele, quando um grito me interrompe, um


grito extremamente familiar, um grito que me corta de uma forma que eu largo a goteira no chão e vou
atrás dela. Atrás da Prim.

Cipós e galhos cortam os meus braços, mas realmente isso não importa, ela estava ferida, ela
está chorando, me chamando, ela precisa de mim.

– Prim, Prim! – gritos também me escapam, mas onde ela está?

Eu sinto que estou cada vez mais perto, só que o som da sua voz angustiada não me deixa pensar
em como exatamente eles a tinham colocado na arena, e no quanto isso é impensado. Numa clareira, o
som parece estar exatamente acima de mim.

– Prim? – minha voz sai quase inaudível e meus olhos seguem o som.
Um pássaro, com uma crista negra solta os gritos agudos da Prim, um jabberjay. Os pais do meu
tordo, uma mutação do Capitol – que era para estar extinta – que solta os sons horríveis de gritos. Mais
uma brincadeira do Capitol, mais um motivo para eu odiá-los, brincam com a gente como se nós não
fossemos mais do que bichos.

Puxo uma das minhas flechas e o faço cair da árvore e calar a boca. Quando eu estou limpando
a minha flecha o Finnick aparece.

– Katniss o quê... – mais sua voz se perde com outro grito que não me diz nada, mas apaga as
feições do Finnick e o faz sair correndo sem chance de explicações.

Eu não conseguiria sair correndo atrás dele, então me mantenho na trilha de passos que ele deixa
na floresta. E eu ainda posso ouvi-lo gritar o nome de uma mulher “Annie”, só que o jabberjay que solta
os gritos está escondido, e mesmo sabendo o risco que corro a angustia do Finnick é maior, eu subo
numa árvore e o mato.

– Calma Finnick, não é a sua Annie. – digo tentando acalmá-lo.

– Não é a Annie, mas é a voz dela, e eles podem... – ele não completa, mas eu sei o sentido da
sua frase.

– Eles não podem ter feito isso. – eu grito e sei que eu estou chorando.

Se eles pegaram a Prim, será que eles pegaram a minha mãe, a Pearl?

– Podem, podem sim. – ele diz, eu afundo meu rosto nas mãos e a única coisa que eu queria era
o Peeta.

Mas tem mais, eles não cansam de me ver sofrer, a Pearl, dessa vez o grito é da Pearl e por mais
que uma parcela de mim diga que não é ela, eu não consigo me impedir de correr atrás dela. O Finnick
me grita, mas a minha filha em algum lugar está sofrendo por mim e eu estou presa aqui dentro à única
coisa que eu posso fazer é sofrer por ela e parar esse som.

Só que o Finnick me alcança e eu não posso fazer nada além de me debater e gritar, chega um
momento em que eu não tenho mais voz, então eu o deixo me arrastar. Só que é como lutar contra
corrente, quanto mais você quer fugir mais ela te leva e é impossível ignorar os gritos infantis da minha
filha. De longe eu vejo os cabelos loiros do Peeta e me pergunto por que ele está tão longe, me vendo
desesperada e não vir me ajudar.

Só que ele parecia assustado, mantinha as mãos no ar como se tivesse algo o impedindo de
continuar, e eu fui direto para os seus braços só que ele começou a acenar em negativo, eu desacelerei.
Era uma parede de vidro, eu me arrasto até o chão e me encolho contra o vidro, o Peeta desce comigo
e encosta a sua mão onda a minha se encontra, ele tenta falar, mas eu não o escuto, eu foco meus olhos
nele e tento esquecer o som que agora está mais distante.

Só que os pássaros se aproximam, um a um, e cada um solta a voz de alguém que realmente
importa. A minha mãe, o pai do Peeta, Gale, a Prim e a Pearl. Finnick mantém as mãos junto à cabeça,
como se isso impedisse ele de ouvi-los. Eu me enrosco no chão e tento gritar, mas eu nem tenho mais
voz para deixar a dor sair. Alguns baques me dizem que o Peeta tenta quebrar o vidro, ou então chamar
a minha atenção, só que eu estou cada vez mais perdida na minha dor.

Uma sala branca, a minha pequena Pearl, presa a uma cama seguram a sua mão e
aparentemente a marcam com algum símbolo que eu não consigo enxergar, eu estou imóvel – alguma
parte de mim me diz que não adianta se mexer – depois a minha mãe, ela parece resistir só que há
vários deles, e assim segue cada um deles. O Gale e pai do Peeta derrubam alguns, mas eles continuam
em número maior...

– Kat? Kat?! – eu sinto os braços dele em minha volta, mas eu ainda estou entorpecida – O que
houve? O que aconteceu?

Ele segura o meu rosto para que ele possa me olhar nos olhos, e o que eu vejo-nos dele me
acorda – ele está assustado por mim – e eu me prendo a ele.

– Eles a pegaram Peeta, todos eles. Estão os machucando. – digo enquanto ele me carrega e me
tira da floresta – Eles pegaram a Pearl.

– Eu ouvi a Prim, mas era um pássaro, está tudo bem com elas meu amor. – ele não entende

– Jabberjays gravam vozes Peeta, para nós ouvirmos a voz dela aqui, eles teriam que pegar de
algum lugar. Eles estão com elas. – digo fungando.

– Eles não podem Kat, daqui a pouco só restará oito de nós eles precisam delas, de todos eles
para as entrevistas. – ele falava devagar e calmamente.

– E como eles pegaram a voz da Pearl? – questiono

– Eles provavelmente foram à nossa casa. – diz com convicção, mas...

– Isso não explica os gritos Peeta. – eu falo mais alto.

– Kat, eles provavelmente modificaram a voz deles, o que eles fariam nas entrevistas se todas
as pessoas da nossa família estivessem machucadas? – questiona como se fosse obvia.

Vejo o Finnick fixo em Peeta e suas palavras, e procuro uma confirmação.

– Isso é possível? – pergunto.

– Sim, no Distrito 3 as crianças aprendem algo assim. – diz Beetee.


– Eles não seriam loucos de machucar a filha de vocês, vocês dois aqui dentro já deu muita
briga. Se eles a machucassem a Capitol iria ruir. E eles não querem isso. – falou Johanna – Imagine
uma rebelião, eles não querem nada disso.

Essa frase de Johanna me deixa chocada, ninguém diz isso nos jogos, não se tiver alguém com
quem se importar.

– Eu vou pegar água. – diz Johanna

– Os pássaros. – a impeço.

– Não importa, eles não podem me ferir, não há mais ninguém que eu ame. – ela diz e se solta
bruscamente de mim.

O Peeta volta a me abraçar, coloca uma mão sobre a minha barriga.

– Eles estão bem, e nós também... – só que ele deixa velada a palavra por enquanto. Até quando
nós estaríamos bem?

Escolhendo um ótimo momento para se mostrar presente, o meu pequeno – como eu comecei a
chama-lo – se mexe. Ele dá um chute onde exatamente esta a mão do Peeta, ele e eu arfamos.

– Está vendo, nós ainda temos esperança. – ele diz com a voz embargada – Aqui dentro e lá
fora.

Sim, os nossos dois tesouros, as nossas pequenas e tão importantes esperanças. O nosso motivo
de viver e continuar lutando.

Chapter Twenty

Notas iniciais do capítulo


Olá galerinha, eu venho aqui postar novamente depois de um tempo, porque eu estava sem
computador, ok? Ele estava cheio de vírus e foi formatar, você sabem como é trabalhoso essas
coisas, mas eu estou aqui com outro capítulo enorme, encerrando mais uma fase da fic.
Boa leitura!!
Cashmere. Gloss. Wiress. Mags. A mulher do Distrito 5. A usuária de morfina que deu sua vida
para Peeta. Blight. O homem do 10.

São dezesseis de nós mortos agora, e eu sei que é perigoso nos mantermos juntos, então eu tenho
que conseguir ficar sozinha com o Peeta. O que não se mostra muito difícil já que todos eles estão tão
cansados que não recusam a nos deixar juntos de vigia. Nós sentamos lado a lado, cada um cobrindo
sua parte, minha mão colada na sua.

– Kat, eu não sei se eu vou ter a chance novamente, então eu queria te entregar... – ele tira a
corrente que a Effie fez para ele do pescoço – Isso.

É como um medalhão, ele abre e dentro havia fotos nossas, uma minha e dele com a Pearl, de
um lado e do outro, uma da minha mão com a Prim. Meus olhos enchem de lágrimas.

– Não faça isso Peeta. – digo enxugando as lágrimas – Por favor, não...

– Calma Kat, nós sabemos que isso vai acontecer uma hora ou outra e eu espero que você saia
daqui. – ele coloca a mão na minha barriga – Nós sabemos que você tem que sair daqui.

– Eu te amo, obrigada por isso. – falo – Por me amar tanto assim, eu não sabia que podia ser tão
feliz, por tanto tempo.

Eu acabo no seu colo, mantendo minha cabeça no seu peito.

– Eu também te agradeço pelas mesmas coisas, por ter me amado quando isso era impensável –
ele ri um pouco – você me deu a família que eu sempre quis Kat, e eu te amo mais por isso.

Eu o beijo, como eu viveria sem ele depois, isso é impensável me manter sem o Peeta...

A tempestade de relâmpagos começa e eu me assusto, o Finnick acorda gritando, enterra as


mãos na areia e parece prestes a brigar com alguém, só que ele percebe que qualquer que seja o pesadelo
não é real.

– Eu não consigo mais dormir, eu posso ficar no lugar de um de vocês. – mas ele percebe como
estamos e parece constrangido – Ou dos dois se preferirem.

Para o meu espanto o Peeta sorri para o Finnick, me coloca ao seu lado e me ajuda a levantar.

– Vá dormir Kat, eu vou ficar aqui com o Finnick. – ele coloca a corrente no meu pescoço e me
beija novamente.

Até pegar no sono eu fico olhando a foto da Pearl.


...

Com toda a conversa com o Peeta ontem, eu não consegui falar sobre a hora de nos separarmos
e eu aproveito a momento depois de termos recebido os pães – mais uma vez do Distrito 3 – para me
afastar com o Peeta, eu me aproximo da água para retirar as crostas que sobraram do ataque da névoa,
eu mostro a ele com um pretexto para ele se manter perto e consigo falar.

– Não Katniss, eu não vou sair daqui enquanto eu não tiver certeza que Brutus e Enobaria estão
mortos, nós não vamos nos separar e colocar você em risco com duas equipes atrás de nós. E eu acho
que Beetee já sabe o que vai fazer. – não há como discordar quando ele fala assim.

E ele tinha razão, logo após o Beetee chamou todos nós para falar do seu plano.

– Todos concordamos que nós precisamos matar o Brutus e a Enobaria, eles não vão nos atacar
e caçar eles seria muito cansativo. – diz

– Eles já descobriram sobre o relógio? – pergunto

– Se não, eles vão descobrir logo. – responde Beetee – E acho que a nossa melhor chance é
preparar alguma armadilha.

– E o que você sugere? – pergunta Peeta

– Espere, eu vou chamar Johanna. – diz Finnick.

Quando ela se aproxima, Beetee nos faz ir mais para trás e dá-lo espaço na areia, ele desenha a
arena.

– Se vocês fossem Beetee e Enobaria onde ficariam, agora que sabem que a selva é um perigo?
– pergunta

– Na praia, é o lugar mais seguro. – diz Peeta.

– E porque eles não estão aqui? – pergunta Beetee

– Porque nós estamos aqui, não é obvio. – Johanna fala.

– Isso, e já que estamos aqui, no lugar deles, qual seria sua segunda opção? – questiona Beetee

– Eu ficaria na borda da selva, eu poderia escapar e poderia espiar também. – digo

– E também para comer, nos espiando eles sabem o que é seguro para comer. – fala o Finnick.

– Exatamente, agora o que acontece ao meio-dia e à meia-noite? – esse joguinho já estava


ficando chato.

– O raio cai na árvore. – responde


– Certo, o que eu quero é que depois do raio do meio-dia, levaremos o meu fio da árvore até a
água, quando o raio atingir a árvore a eletricidade vai viajar através do fio, e como a praia vai estar
molhada da onda das dez horas e temos a água também. Enfim, qualquer pessoa que estiver próxima
vai ser eletrocutada. – explica Beetee.

Parece complicado, mas não seria diferente já que é o Beetee. Poderia funcionar? Como vamos
perguntar a ele, questioná-lo se não fazemos ideia de como essa ciência funciona?

– Beetee, você tem certeza de que o fio vai aguentar a eletricidade? – o Peeta pergunta.

– Sim, até que a corrente passe por ele, vai funcionar como um condutor. – responde Beetee.

– E para onde nós iriamos? – questiona o Finnick

– Na selva, longe o suficiente e seguros. – diz Beetee

– Nós perderemos os frutos do mar. – fala o Peeta

– É verdade, mas nos temos outras fontes, isso não me preocupa. Eu vou precisar da ajuda de
todos vocês e quero saber se todod vocês concordam?

– Sim, se não der certo, não vai haver nenhum grande dano, e se funcionar há uma boa chance
deles morrerem. – falo

– Eu estou com a Kat. – diz o Peeta.

Finnick só concorda se a Johanna concordar e ela aceita finalmente. Beetee quer ver a árvore
do relâmpago, e como nós teremos que deixar a praia mesmo, juntamos todas as nossas coisas e vamos
para a selva. Como o Beete ainda não consegue andar direito, Finnick e Peeta o ajudam, eu fico atrás e
a Johanna vai guiando. Até que o Finnick diz que eu devia ir à frente.

– Ela consegue ver o campo de força. – explica ele

– É como se o ar se mexesse onde ele está e as nozes ajudaram também. – explico.

Ele deve se lembrar de que me ensinou isso no Capitol e assente.

– Então vá à frente. – diz

Eu acho a árvore e mesmo antes de jogar as nozes eu acho o campo de força, como uma parede
invisível que ondula, eu jogo uma noz e o barulho é a confirmação.

– Está logo atrás da árvore. – digo.

Finnick vigia Beetee e Johanna busca água o Peeta procura nozes um pouco atrás de mim, e eu
caço, eu pego três ratos de árvore e volto para perto antes que o Peeta se preocupe. Eu limpo os bichos
e nos o fritamos junto com as castanhas no campo de força. Beetee faz algo com a casca da árvore que
mostra algo a ele, e o barulho que indica que são onze horas começa. O que nos indica que é hora de
sair dali, vamos até a seção da chuva de sangue e depois de alguma discussão o Peeta me deixa subir
na árvore, eu analiso a chuva de raios para o Beetee e depois relato o que eu vi, ele parece satisfeito.

Nós voltamos para a praia de dez horas e ele fica resto da tarde mexendo no seu fio. Então
resolvemos fazer alguma coisa, primeiro dormimos e depois buscamos frutos do mar, já que daqu a
pouco não teremos mais deles. É realmente lindo lá embaixo, na água, com todos aqueles cardumes e
como parece que nós estamos em outro lugar, não na arena.

E quando começamos a limpar os frutos do mar, o Peeta abre uma ostra e me dá um sorriso
triste. Ele tira de dentro uma pérola brilhante e perfeita nas mãos.

– Mais uma coisa para lembrar-se de casa, não? – diz - É perfeita como ela.

Ele limpa a pérola na água e me entrega.

– Obrigada. – seus olhos azuis me inspecionam e eu me lembro dos olhos dela, uma lágrima me
escapa e eu me afundo nas ostras novamente.

– É o nome dela, não? Pearl? – questiona Finnick

– Sim. – o Peeta diz e depois todos ficamos em silêncio.

Só no final, quando estamos prestes a comer, que o para-quedas aparece com mais pães, vinte e
quatro novamente, mais um pote com molho. Isso já estava me irritando. Dessa vez só sobraram sete,
que não se divide de forma igual, é quase um aviso de que vamos morrer.

...

Depois do hino, nós vamos andando novamente em direção a árvore, essas subidas começam a
me deixar sem folego e eu me sinto cansada.

O Finnick ajuda o Beetee a enrolar o fio na árvore e o trabalho só termina quando a onda começa.

O Beete diz que eu e a Johanna temos que descer com o fio e desenrola-lo através da floresta,
coloca-lo na praia e afunda-lo na água e voltarmos para a selva. Eu não estou satisfeita com esse plano,
não só por ficar sozinha com a Johanna, mas também por estar longe do Peeta.

– Eu vou no lugar da Johanna ou eu vou com elas. – diz Peeta.

– Eu vou precisar de você aqui, elas são melhores na floresta, e se elas quiserem voltar a tempo
tem que sair agora. – diz Beetee.
Não gosto do plano, nem da ideia do Beetee precisar do Peeta, nem ter que ficar sozinha com a
Johanna, para mim isso parece uma boa forma de matar quatro grandes tributos de uma vez só. Mas não
há como discutir.

– Você acha que consegue subir de volta a tempo? – o Peeta me pergunta.

– Vai ficar tudo bem, nós vemos mais tarde. – eu beijo ele e vou atrás da Johanna. - Vamos?

– Sim, você vigia e eu desenrolo, depois trocamos. – eu aceno.

Nós começamos a descer e nos movemos até que bem rápido, trocando de papeis às vezes, mas
ainda na metade do caminho escutamos os barulhos que indicam que são onze horas.

– Vamos mais rápido, para colocarmos uma boa distância entre nós e água antes do raio cair. –
fala Johanna.

Então eu resolvo levar o fio, e quando ela está me passando ele se enrola no chão aos nossos
pés, alguém cortou o fio e não está muito longe. Minha mão se solta do fio e eu puxo uma flecha, mas
um cilindro de metal atinge a minha cabeça e eu estou no chão, à dor na têmpora é terrível e eu não
enxergo direito. Johanna está em cima o meu peito e é difícil respirar, eu tento tira-la de lá, mas uma
ponta no meu antebraço esquerdo toma a minha atenção, a faca dele gira na carne como se cavasse algo,
meu punho e meu rosto se enchem de sangue.

– Fique abaixada. – é o que ela me diz.

Mas o que isso significa, ela acha que depois de me atacar eu obedeceria alguma das coisas que
ela me fala, só que não há uma reação do meu corpo e eu fico imóvel quando ouço passos, peados sem
se preocupar se estão sendo ouvidos ou não.

– Ela está ótima como morta, vamos Enobaria! – Brutus fala e eu os escuto avançar.

A ideia que passou em minha mente mais cedo se mostra cruelmente verdadeira, eles nos
separaram para nos matar. E a ideia de Peeta sozinho com dois se mostra o suficiente forte para me
fazer levantar, tentando manter o meu braço o mais imóvel possível e o mundo a minha volta também,
eu dou passos até a árvore próxima e faço um curativo no meu braço com o musgo.

Puxo uma flecha e tento firma-la meu braço ruim e começo a subir. Há alguém correndo ladeira
abaixo, e mesmo que seja Finnick eu não confio nele, não mais, e me escondo atrás de cipós.

Ele passa correndo e chega ao lugar onde Johanna me atacou, ele grita os nossos nomes e depois
sai na direção em que os Profissionais tomaram, eu volto a me mover. Eu fico ciente de que quando o
barulho dos insetos acabarem, quer dizer que os raios vão começar, então eu tenho que ir mais rápido.
O canhão soa, e eu me apresso mais, há uma grande chance de ter sido o Peeta, mas mesmo
assim eu preciso chegar lá e ter certeza. Algo se prende em meus pés e eu caio no chão, uma das redes
do Finnick talvez, mas quando eu as coloco a minha vista vejo que é o fio do Beetee, eu m levanto e
continuo o caminho agora sabendo que estou seguindo na direção certa. Eu consigo enxerga-la agora,
mas não há ninguém ao redor dela.

– Peeta? – chamo só que a resposta que eu tenho é um gemido.

Beetee está caído na terra, inconsciente, há um corte no seu cotovelo só que não é o suficiente
para tê-lo deacordado, eu o envolvo com musgo e tento acordá-lo. Sua mão está em volta da faca de
Peeta e a lâmina está presa ao fio.

Eu me questiono qual seria a ideia de Beetee, onde está Peeta? O que ele queria ao enrolar o fio
na faca? Será que era um plano b?

Eu não consigo acordar Beetee e não tenho as minhas respostas como também não tenho como
levar ele, tenho que continuar a minha procura por Peeta.

– Kat? Kat!? – eu ouço a sua voz não muito longe de mim.

– Peeta aqui! Eu estou aqui! – eu não tenho mais forças, nem ideia e afundo ao lado de Beetee
esperando que Peeta me encontre.

Mas há passos, dois deles que se aproximam mais rápido do que o Peeta. Finnick e Enobaria
estão na árvore e não consegue me ver, eu vejo o Peeta não sei de verdade ou imaginação, mas ele está
na floresta atrás de Finnick e Enobaria, será que se eu matar ela, ele volta para casa. Será que sozinho
ele consegue matar Finnick.

Outro canhão.

Menos um, eu sei que não consigo ficar firme por mais tempo, mas o Peeta aparentemente sim.
Eu vejo ele está ferido, mas não tanto assim, ele consegue sozinho matar dois deles.

Eu levanto minha flecha, só que um vislumbre da faca na mão do Beete com o fio enrolado nela
me trás algo.

Lembre quem é o verdadeiro inimigo.

Quem nos mata na arena são os tributos, mas quem realmente nos coloca aqui é o Capitol, eles
são o inimigo.

Não há tempo para pensar muito eu enrolo o fio na minha flecha, a ideia de Beetee. Eu procuro
a... Como é mesmo... Fenda na armadura e atiro a flecha, eu vejo ela subindo e o raio a atingindo, mas
depois não há nada.
Só um último “Kat?”.

...

Eu sei que eu estou numa cama, há tubos presos no meu braço esquerdo, eu não consigo me
mexer e volto à inconsciência. Na segunda vez, eu consigo mexer a cabeça e vejo Beetee ao meu lado,
isso trás confusão a minha mente, era para ser só um de nós, mas antes que eu possa realmente raciocinar
eu desmaio novamente.

Quando eu acordo totalmente, não há nenhum tubo ligado a mim e eu consigo me sentar, Beetee
continua a meu lado, mas e os outros mais quatro de nós estão vivos. Peeta? Onde está o meu Peeta?

Eu estou vestida com uma camisola e minha barriga está evidente, faço um carinho nela e o meu
pequeno se mexe em resposta, fico feliz que ele esteja bem. Começo a andar por um corredor de metal,
no final a uma porta entreaberta. Eu escuto uma voz que não me e desconhecida, não me importa o que
ele fala, me importa quem é. Plutarch Heavensbee. Ele fala um nome. Finnick, o que está acontecendo
aqui? Ele faz outra pergunta e quem responde é Haymitch.

Haymitch, dessa vez os meus olhos estão cheios de lágrimas e eu não contenho em entrar na
sala, eu tento enxergar, mas entre as lágrimas e a luz que me cega há muito pouco para ver. Eu sinto
uma mão me apoiar e me sentar na mesa, colocam comida na minha frente. Mas o que ele pensa que eu
sou um brinquedo, alguém que faz parte do jogo dele e que vai obedece-lo por agradecimento.

Quando meus olhos se focam eu vejo um Finnick ferido, todos estão sentados na mesa e a
comida está intocada, nós estamos voando.

– Cadê o Peeta? – minha voz sai mais fraca do que eu gostaria e tento outra vez – Cadê o Peeta?

– Vamos por parte, eu vou te explicar tudo e no final você me pregunta o que quiser, entendeu?
– eu olho para ele com raiva.

– Não, cadê o Peeta? – insisto.

– Vamos Haymitch, fale logo. – diz Plutarch – Ela precisa saber.

– Você sabe que ele falou que era para tirar você de lá independente de qualquer coisa. – eu
aceno e mais lágrimas caem – Ele foi capturado pela Capitol junto com Johanna e Enobaria.

Ele não me olha e eu sei que isso não tem nada haver com o Peeta, ele não fez isso pelo Peeta.

– E você quer que eu acredite que você fez isso por ele? Ou Plutarch está aqui porque vocês são
velhos amigos? - digo
– Não, havia um plano para tirar vocês da arena desde que o Quell foi anunciado, alguns tributos
do 3, 4, 6, 7, 8 e do 11 sabiam, e o Plutarch faz parte de um grupo secreto que quer derrubar o Capitol.
O aerobarco em que estamos pertence ao Distrito 13. – explica Haymitch

– 13? – pergunto

– Sim, ele ainda sobrevive e durante muitos anos juntou forças para acabar com o Capitl, agora
a maioria dos Distritos se rebelou. – responde Plutarch.

– Certo e onde eu entro nisso? – pergunto

– Todos nós tentamos mantê-la salva, você é um símbolo Katniss, enquanto você viver há
revolução. Você é o mockinjay. – explica Haymitch

– Certo e o que te leva a crer que eu vou entrar nesse jogo mais uma vez, o que vai me fazer
aceitar ser mais uma vez parte de uma mentira. Porque você prometeu me salvar para o Peeta, mesmo
quando isso já estava nos planos e mesmo sabendo que ele poderia estar aqui agora se você não tivesse
mentido esse tempo todo. – falo com raiva – Então se você quiser que eu realmente seja o mockinjay,
você tem que trazê-lo de volta até lá, não contem comigo.

Eu me levanto com dificuldade e volto para a cama, me encolho e me permito chorar, a minha
única esperança é que eles o mantenham vivo e que a minha ameaça seja o suficiente para fazer com
que o tragam de volta para mim.

Chapter Twenty-One

Notas iniciais do capítulo


Olá, estamos aqui hoje iniciando mais uma fase crucial na fic e eu espero que ele seja tão
importante para vocês como está sendo para mim.
Boa leitura.

Vai ficar tudo bem. – diz Peeta


Como você sabe? – pergunto

– Porque estaremos juntos.

Juntos. Juntos.

E agora que não estamos juntos, como tudo ficaria?

O Peeta foi capturado pelo Capitol e ninguém sabe se ele estar realmente vivo – e ninguém sabe
o quanto me dói dizer isso -, o Distrito 12 foi destruído e graças ao Gale algumas pessoas puderam
voltar, como minha mãe, Prim, Delly e – para o meu alivio – Pearl, mas outras não sobreviveram, como
a família toda do Peeta, as vezes a noite eu deito e penso no senhor Mellark, em como ele é parecido
com o filho e em como eu perdi os dois de uma vez só.

Nós estamos no Distrito 13 – que não deveria existir, mas eles fizeram um acordo com a Capitol,
fingir não existir e eles os deixariam em paz -, algumas pessoas se sentem realmente gratas por estarem
aqui, que é realmente um pouco melhor que D12, mas aqui é mórbido, com todas as suas regras, seus
alojamentos subterrâneos, seu controle de horário. E a insistência em querer que eu seja o Tordo, seja
o símbolo da rebelião, mas como eu posso ser algo sem o Peeta.

Por enquanto eles fingem que eu estou mentalmente perturbada, e até pouco tempo atrás eles
me enchiam de remédios, porque ficar acordada era realmente triste. Eu não pude fingir esta morta por
muito tempo, eu ainda tenho a Pearl, a Prim, a mamãe, o meu pequeno que ainda se mantem dentro de
mim. Um pedaço meu e do Peeta.

E ainda há Alma Coin, uma mulher severa que simplesmente me observa, esperando ver em
mim tudo o que eles acham que eu sou, a imagem da rebelião, mas ela não entende que eu era tudo isso
com o Peeta, pela nossa família. Eu não vou lutar por outro Distrito que me escondeu e que me usou
em seus planos, que deixou o Peeta na arena, e que fingiu não existir enquanto todos nós sofríamos na
mão da Capitol.

Mas eu quero o Peeta e não há outra forma de trazê-lo de volta do que me tornando um deles,
com a imagem da rebelião. Basta saber se ele está vivo.

...

Como tudo aqui no Distrito 13, tinha um horário, as pessoas assim que acordava marcavam na
parte de dentro dos seus antebraços com tinta roxa o que deviam fazer no dia. Normalmente eu também
marcava no meu, mas não seguia, a não ser a hora de comer porque o bebê não deixava. Como agora
estávamos indo para o jantar e eu levava a Pearl, que agora andava sozinha e ela se parecia cada vez
mais comigo, mas mantinha os olhos do Peeta, o que me salvava.

– Katniss? – Gale me chama – Eles precisam de nós.


Eu já sei o que isso significa, então dou um beijo na Pearl e a entrego a minha mãe, sigo Gale
até a sala do conselho de reunião de guerra, ela é cheia de telas que mostram os Distritos, com uma
grande mesa e vários painéis. Todos estão em volta de uma tela que mostra a programação da Capitol
e eu não vejo como isso pode ser interessante, já que mostra Ceasar Flickermam fazendo uma entrevista
até que a câmera mostra o Peeta.

Eu abro caminho aos tropeços e empurrões, e o encaro na tela, ele ainda se parece com o meu
Peeta, só que seus olhos não são os mesmos, ele está forte e inteiro, mas seus olhos estão tristes, igual
a última vez que eu o vi nos jogos, como se tivesse certeza de que não me veria nunca mais, nem aos
nossos filhos. Lágrimas escorrem do meu rosto e eu paro para escutar.

– Então... Peeta... Bem-vindo. – diz Caesar

– Devo dizer que você imaginou que nunca mais me veria. – ele diz, tão destoante do antigo
Peeta que brincava com o Caesar.

– Sim e quem não imaginou? Você parecia tão disposto a morrer. – diz Caesar

– Sim, esse realmente era o meu plano. – responde Peeta. – Mas parece que outras pessoas
também tinham planos.

Outros planos, que nos envolviam e que nos separavam. Só que ele tinha adivinhado ou tinham
contado a ele, o que o Capitol fez para que não fosse preciso machuca-lo e por quanto tempo eles o
manteriam assim.

– Então nos ajude, nos conte como foi a última noite? – questiona Caesar.

Na última noite ele me entregou o colar antes que não tivesse mais chance, foi a última vez que
eu o beijei, a última vez que eu o abracei.

– Bom... Para isso vocês têm que entender como é estar na arena. – divaga Peeta – Você se sente
como um inseto preso numa vasilha cheia de vapor de ar, verde, viva e tiquetaqueando. Esse relógio
controlando a sua vida, a enchendo de horrores a cada hora nova. Pensar que em dois dias, dezesseis
pessoas foram mortas e que as oito que sobraram não viveriam até de manhã. Só um viveria vitorioso e
livre, e seu plano era que não fosse você.

Porque não o tiraram e lá, ele é tão bom com palavras como é bom com qualquer coisa, até
falando pela Capitol ele toca os Distritos, a imagem aparece nítida na cabeça de qualquer um, porque
eles me escolheram e não a ele.

– Quando você está na arena, tudo que você se importava deixa de existir, o mundo se torna
algo muito irreal. A única coisa que importa são os tributos que querem te matar e os monstros que
estão na selva. E o pior de tudo, você tem que matar pessoas, porque lá você só tem um desejo, é ele é
muito caro. – continua Peeta.

– Custa sua vida. – diz Caesar.

Eu me lembro do Peeta na noite antes do primeiro jogo, em como ele me disse que não queria
que os games me mudassem, e eu sei que o preço não é a vida, morrer nos jogos é o de menos. O pior
é viver como um zumbi, sem mais nada com que se importar já que os jogos destruíram tudo de bom
que você tinha por dentro.

– Não, matar pessoas custa tudo o que você é. – corrige o Peeta.

– Tudo que você é. – repete o Caesar.

Está tudo muito silencioso, eu quase escuto o meu coração batendo, quase como se todos
pudessem escutá-lo.

– E eu me agarrei a esse desejo, e o meu desejo era, sim, manter a Kat viva – um suspiro de
alivio sai da minha boca, eu ainda sou a sua Kat – Era tudo complicado e quando eu vi era tarde demais
para seguir seu plano e nos separar dos outros.

– Você estava preso no plano de Beetee. – diz Caesar

– Preocupado com os outros jogadores aliados, e acabei deixando eles nos separarem, e a perdi.
– explica Peeta

– Aí elas levaram o fio. – fala Caesar

– Nós tentamos fazê-los mudar de ideia, mas... Se discutíssemos ficaria claro que queríamos
nos separar, então eu a deixei ir. E depois, foi tudo muito confuso. Eu sai atrás dela e vi o Brutus matar
o Chaff, depois eu matei o Brutus, eu a ouvi me chamar e... E depois o raio atingiu a árvore e a arena
explodiu. – continua o Peeta

– Katniss o explodiu, você sabe. – diz Caesar

– Sim, mas nenhum de nós saberia qual era o plano do Beetee. – o Peeta se revira inquieto.

– Certo, mas parece suspeito. – insiste Caesar – Como se ela fizesse parte do plano.

– Sim, e uma pessoa que faz parte do plano seria atacada pela Johanna? – ele quase grita – Ela
não sabia, quando você é casado com uma pessoa você espera que ela te conte tudo, se ela soubesse de
algo eu também saberia. A única certeza que tínhamos era que eu tentaria leva-la para casa.

– Tudo bem Peeta, eu acredito em você. – fala Caesar calmamente. – E quanto ao Haymitch, o
seu mentor?
– Ele nunca me contou nada. – seus olhos faíscam e seu maxilar endurece. Ele está mentindo.

Ele sabia, não tudo, não o plano deles, mas ele sabia que o Haymitch tinha um plano e que ele
tinha como me salvar. Independente do preço.

– O que seu coração lhe diz? – questiona Caesar

– Que ele fez o que achou certo. – diz Peeta

Eu não via o Haymitch, desde que chegamos no 13, já que aqui ele não pode beber, ele tem se
tornada cada vez mais rabugento e recluso. Ele tem tentado se manter estável sem a bebida, mas pelo
que a minha mãe me diz está sendo difícil para ele. Também eu acho que ele passou os últimos 20 anos
só bebendo, não tem como ser fácil.

– Podemos parar por aqui se você quiser? – pergunta Caesar

– E tem mais alguma coisa? – o Peeta sorri cético, um sorriso que eu não sabia que existia.

– Eu ia perguntar o que você pensa da guerra, mas se não quiser... – começa Caesar

– Não, eu posso falar sobre isso. – diz Peeta – Eu não me importo com o que o Capitol ou o que
os rebeldes querem, o que quero é que a Kat e a minha família continue viva, essa é a única coisa que
me importa nessa guerra. Agora, será que não podemos pedir ao guarda que me leve ao quarto para que
eu possa continuar com as minhas cartas?

– Tudo bem, podemos continuar com a nossa programação. – diz Caesar.

Oh, Peeta. Quanto essa declaração não custará a ele, ele não se mostra claramente a favor dos
rebeldes, mas se ele está torcendo para que eu continue viva, com certeza o Capitol pensa que ele está
a favor dos rebeldes. E eu tenho que trazê-lo de volta a qualquer custo. Se ele confia e torce por mim e
não se importa com o que o Capitol vai fazer com ele, com tanto que eu continue bem, eu vou o fazer
voltar para mim, de qualquer jeito e a qualquer preço.

Abro caminho até Alma Coin, e a imprenso contra a as maquinas.

– Eu serei o seu Mockinjay, eu farei o que você quiser que eu faça, contanto que você o traga
para mim.

Chapter Twenty-two
Notas iniciais do capítulo
Olha eu aqui de novo, e com capítulo enorme, como vocês gostam.
Beijos e boa leitura.

À noite, a pior hora de todos os dias, eu poderia dormir com a Pearl, talvez ela me deixasse
tranquila, mas eu não posso eu chuto e grito tanto que eu a assustaria. Então enquanto ela dormia na
minha cama e a minha mãe dormia com Prim, eu velava seu sono e me consolava com as coisas que me
sobraram do Peeta, o medalhão com as nossas fotos e a pérola que ele me deu. Eu queria tê-la dado a
Pearl, mas não havia forma de aqui no Distrito 13 colocá-lo num colar, então o mantinha comigo.

Outra coisa me deixava mais inquieta como eu falaria para minha mãe e Prim que eu aceitei ser
o mockinjay, minha mãe provavelmente se irritaria comigo. Afinal eu estou grávida e o que eles pedirão
para eu fazer, eu posso ter que voltar para o Capitol em algum momento e eu não sei se meu filho
aguentaria isso, eu não sabia nem se a minha sanidade aguentaria isso. Mas eu sei que elas sabiam que
se eu tivesse uma oportunidade de salvar o Peeta eu salvaria, eu iria me arriscar sim, mas o meu filho
sairia ileso, nem que para isso eu tivesse que morrer por ele.

Para uma grávida a alimentação do Distrito 13 era muito frustrante, como eles levavam em conta
o seu peso, a sua altura, a sua idade, o tipo físico, e a quantidade de energia que você gasta durante o
dia, eu recebi até um pouco mais que a maioria, mas nunca parecia o suficiente, e a comida daqui não
era nem de perto essas maravilha toda. Só que eu guardava tudo isso para mim, claro que eu sabia que
tinha gente que pensava da mesma forma, mas eu também sabia que tinha que ser um pouco grata a eles
por ter aceitado a todos nós, sobreviventes do D12, mesmo que eles tenham outros motivos por trás
disso. Mas alguém acaba sempre me dando um pouco mais da sua comida, vai ver que é pela forma
pedinte com que eu olho para as suas comidas. O que um dia vai gerar problema já que eu acho que
isso é ilegal.

De qualquer forma durante o café eu estou muito preocupada com o que eu vou pedir para ser
Mockinjay para me ligar em qualquer outra coisa, então aceito quando a Prim me dá mais um pouco da
sua comida.

– Olhe, - começo impulsionada pelo seu gesto – eu aceitei ser o símbolo da rebelião.

A Prim arfa e a minha mãe me olha crítica.

– Por quê? Se você vai fazer isso tem que ter um bom motivo. – minha mãe questiona.
– Eu vi... Eu vi o Peeta, e por enquanto ele está bem, mas e depois, por quanto tempo vocês
acham que vão aceita-lo sem que ele saiba de nada. – me exalto um pouco – Eu não posso deixar que
façam nada com ele, não quando ele está lá por minha causa.

– Mas é isso Kat. Minha filha ele está lá por você, ele escolheu assim. – minha mãe diz, tentando
me deixar mais calma.

– Só que eu tenho uma chance de tirá-lo de lá, essas pessoas me querem tanto como seu símbolo
que fariam qualquer coisa, então eu vou me aproveitar disso e tirar o Peeta de lá. – digo

– Já que você vai fazer isso se lembre dos outros tributos que também estão presos na Capitol.
– ela me diz e eu aceno.

É verdade, há a Johanna e a Annie, Enobaria também, mas ela não me importa. Agora que eu
sei que a Johanna só me machucou para que eu conseguisse ser tirada de lá, e Annie tão inocente quanto
o Peeta, ou mais já que ela perdeu a sanidade há alguns anos quando ganhou um dos Jogos, o amor do
Finnick, ele ficou tão mal, quase duas semanas só chorando e cheio de remédios. Eu vou dar um jeito
de tirá-las de lá também. Todos eles.

Como por milagre o que eu tenho que fazer depois do café é ir a sala de comando, onde eu
poderei deixar mais claras as minhas exigências e ser o Mockinjay. Quando eu chego todos já me
esperam, então quando eu apareço gera algumas surpresas, já que eu tenho faltado a tudo que posso
menos a parte da comida.

– Como eu disse antes, eu serei o Mockinjay, mas... – falo – Eu terei algumas exigências.

Como não há exclamações eu continuo.

– Se eu vou ter que fazer isso eu quero a ajuda de alguém. – eu pensei nisso vindo para cá,
aposto que deixará a minha mãe mais tranquila. – Eu queria a ajuda do Gale.

– Isso não será muito difícil, e ele é um bom soldado. – diz Coin – Algo mais?

– Claro, eu quero o Peeta e todos os outros tributos restantes, - começo – eu quero ele vivo e
bem, aqui comigo. E eu quero que independente de qualquer coisa quando eles chegarem aqui sejam
perdoados.

– Não. – diz Coin, fria e impassível como sempre – Eles serão julgados como os outros
criminosos de guerra e tratados como o tribunal bem entender.

– Então você acha que eu vou ser seu Mockinjay se estiver nos seus planos julgar e prender o
Peeta, você acha que o Finnick fará alguma coisa quando souber seus planos para a Annie e a Johanna
agora não serve mais para nada, já que ela já fez o que você queria. – me exalto – Você vai sim perdoá-
los e vai anunciar isso publicamente na frente do Distrito 13 e das pessoas do 12, para que depois não
haja dúvidas, senão arranje outro pássaro.

Fica um silêncio pesado durante um longo minuto, em que eles digerem o meu plano.

– É ela, bem ali, com o traje, tiroteio, um pouco de fumaça. – eu ouço a assistente do Plutarch
dizer ao seu ouvido.

– Presidente, eu acho que você poderia perdoá-los oficialmente, as circunstancias... – diz


Plutarch

– Tudo bem, eu farei isso durante o horário de reflexão de hoje. – diz Coin – Há mais alguma
coisa Katniss?

Sua pergunta leva a um ideia na minha cabeça que eu estava tentando reprimir, eu não sei se o
Peeta me perdoaria por isso, se ele aceitaria, nem a minha mãe – eu acho que ela arrancaria os cabelos
– mas eu precisava disso, ele precisava pagar por tudo que me fez de alguma forma. Ele tentou tirar a
minha vida diversas vezes, agora eu tiraria a dele.

– Sim, eu quero matar Snow. – digo com firmeza.

– Oh sim, quando chegar a hora, eu vou contar com você para isso. – a sugestão de um sorriso
brinca em sua boca.

Depois ela sai me deixando com Plutarch e sua assistente.

– Bom, eu fico feliz de tê-la na equipe. – ele diz enquanto toma na mão um caderno – Eu sei o
quanto é difícil o que pedimos para vocês Katniss, então eu espero que isso te dê mais força.

Ele me dá o caderno e eu encontro desenhos de mim, forte e não grávida. Agora as roupas,
aparentemente um trabalho funcional, mas depois arte, uma arte diferente da do Peeta, mas que me toca
da mesma forma.

– Cinna. – falo enquanto observo a roupa que ele projetou para mim. – Onde ele está?

– Preso na Capitol, descobriram sua participação antes que ele pudesse fugir, não sei se ele ainda
está bem. – Plutarch diz num tom que deveria ser de pesar. – Ele me prometeu que só te mostraria esse
caderno quando você decidisse ser o Mockinjay por si só, e eu fiquei muito tentado a te mostrar antes.

Eu folheio até a página final, onde tem o meu broche e escrito: Eu ainda aposto em você.

– E qual é o plano, a minha participação? – questiono.

– Um ataque de transmissão. – explica Plutarch – Faremos uma série de Propos – abreviatura


de spots de propaganda – te apresentando e transmitindo para toda a Capitol.
– Mas como...? – indago confusa

– Ah, nós temos Beetee, há uns dez anos ele redesenhou a secretamente a rede que transmite a
programação. Ele acha que nós temos chance. – fala Plutarch – Portanto nós só precisávamos que você
aceitasse ser o Mockinjay. Agora nós temos que moldá-la para ser o Mockinjay, nós já temos a roupa,
mas falta algo. Por isso nós temos uma surpresa para você. Venha.

Eu os sigo pelo corredor, apertando esperançosa o caderno do Cinna, era disso que eu precisava,
se ele achava isso certo ao ponto de se arriscar, então é isso que eu vou fazer. Nós entramos no elevador
e ele aperta o botão 39 e usa uma chave, só assim as portas se fecham. O elevador vai muito abaixo do
que pensei que sequer o Distrito 13 iria, mas algo aqui não me faz bem. Vai ver é a lembrança da morte
de meu pai.

Nós estamos na porta certa, mas um segurança barra Plutarch, insistindo em dizer que esse não
é o lugar certo, mas um barulho por detrás da porta chama a minha atenção. Com a atenção do guarda
presa no Plutarch eu passo por ele e consigo abrir a porta e o que eu encontro me deixa tonta ao ponto
de me fazer vomitar. Minha equipe de preparação.

Eles estão presos e ao nos verem recuam assustados. Eu ainda tento me recuperar e saber que
acontece.

– Porque eles estão presos? – ouço Plutarch perguntar ao longe.

– Por roubar comida, tivemos que contê-los após uma discussão por causa de pão. – explica o
guarda.

– Ninguém nos disse, estávamos com fome e foi só uma fatia que ele pegou. – Venia que sempre
foi a mais forte se explica.

Eu levanto a cabeça e vejo Octavia chorando, me aproximo para tranquiliza-la, mas ela recua
mais um pouco.

– Vamos, eu vou leva-los até a minha mãe. – digo – Solte-os.

– Não é autorizado. – diz o guarda.

– Solte-os, agora. – eu grito com ele.

– Você não tem autoridade para... – começa

– Mas eu tenho, nós viemos pegá-los para a Defesa Especial. – diz Plutarch

O guarda sai e volta com as chaves, eles ficaram presos por tanto tempo que precisam de ajuda
para andar e eu os levo a minha mãe, a sua expressão não muda o que me leva a pensar que o quanto
do Capitol nós temos aqui no Distrito 13. E isso me assusta, pois eu não sei a que ponto essas pessoas
são cruéis, nos outros Distritos as coisas eram claras, nós já estávamos cientes do que nos aconteceria
caso fossemos pegos, aqui não, e esse é o motivo que não me faz confiar neles. Nunca.

No horário da reflexão, estão todos reunidos no Coletivo, uma sala enorme que suporta a todos,
eu me encontro com o Finnick que parece aéreo amarrando e desamarrando um pedaço de cordão. Coin
chama a atenção do público e diz-lha que eu consenti em ser o Mockingjay, desde que os outros
vitoriosos sejam perdoados por qualquer dano á causa rebelde. Há muita discordância e vários olhares
hostis, mas a presidente continua.

– Mas em retorno a esse pedido, Soldado Everdeen prometeu dedicar-se a nossa causa. Portanto
isso quer dizer que em virtude de qualquer desvio sem motivo da sua missão, será tomado como uma
quebra no acordo. Então a imunidade dos quatro vencedores será encerrada e seu destino será decidido
pelo Distrito 13. Como ela própria também. Obrigada. – termina Coin

Isso quer dizer que se eu não aceitar fazer o que eles querem todos nós morremos.

...

E agora chega o momento em que eu me sinto novamente na preparação para os jogos, não é
como se eles realmente se importassem com quem eu sou, ou o que eu quero representar, mas o que, e
com quem eles querem que eu pareça.

Esse é o papel da minha antiga equipe, eles arrumam as minhas unhas, mas não a pintam,
limpam a minha pele, mas não me maquiam, dão um jeito no meu cabelo danificado e apagam as minhas
olheiras, isso é conhecido como Beleza Base Zero, eles vão me deixar bonita e depois me danificar.
Enquanto eu fico cada vez mais apresentável, mais eu reparo em como a Venia, o Flavius e a Octavia
estão péssimos, e ao mesmo tempo me parecem mais reais e mais humanos, e como todo o terror que
passaram os deixaram tristes e calados, diferentes de como sempre foram.

Depois do almoço eu sigo com o Gale – que aceitou me ajudar com essa história de Mockingjay
– para a sala de Defesa Especial, uma sala cheia de computadores, laboratórios e equipamentos de
investigação. Nós perguntamos por Beetee e o achamos em frente a uma janela de vidro, uma réplica
de prado cheio de árvores, plantas e flores e com beija-flores vivos. Beetee ainda não me parece
totalmente bem, mas ele parece totalmente excitado.

– Olá Beetee, Plutarch disse que você tinha algo para mim. – digo

– Sim, eu tenho. Seu novo arco. – ele diz, ele dirige sua cadeira de rodas e nós o seguimos.

Ele nos diz que pode andar, mas que se cansa rápido, por isso prefere usar a cadeira. E pergunta
sobre o Finnick.

– Ele está com problemas de concentração. – digo para suavizar o estado verdadeiro do Finnick.
– Se você soubesse o que o Finnick passou durante todos esses anos, você saberia como é
surpreendente ele ainda estar conosco. – diz Beetee – Avise a ele que eu estou trabalhando num tridente
para ele, ok? Eu acho que isso vai distraí-lo.

Duvido que o Finnick queira ser distraído, mas eu prometo avisar. Para entrarmos na sala de
Armamento Especial nós temos que passar por quatro soldados, verificar o horário impresso no nosso
braço, escanear as impressões digitas, exames de retina, e DNA, e passar por detectores de metais, o
que eu acho ridículo, já que menos de vinte metros depois temos que fazer a mesma coisa. A quantidade
de armas é impressionante, armas de fogo, lançadores, explosivos e veículos blindados.

– Gale, você pode experimentar alguns desses. – diz Beetee

– Sério? – fala exasperado.

– Como você vai aparecer na equipe da Katniss no Propos, eu pensei que você gostaria de
encontrar um de que gostasse. – explica Beetee.

– Eu farei isso. – ele começa olhando um arco que tinha me interessado um tempo atrás pela
quantidade de engenhocas que havia nele.

– Eu já volto. – ele sai por uma pequena porta que ele abriu com um código.

Quando ele volta tenta equilibrar uma caixa grande e preta, se aproxima e a inclina para mim.
O Gale segura a caixa, enquanto eu abro a caixa, dentro se encontra um arco preto e impressionante. Eu
o tiro com cuidado e o admiro, a forma como seu design se parece com duas asas abertas e em pleno
voo, é magnifico. Pressionando os meus dedo contra ele, eu sinto um leve zumbido.

– O que está fazendo? – questiono

– Veja bem, eles queriam que eu fizesse um arco só de aparência, simplesmente bonito, mas eu
pensei que seria um desperdício. E se você precisasse dele um dia, então eu o fiz simples, mas o interior
eu deixei para minha imaginação. Mas eu acho que você entenderá melhor na prática. – ele me mostra
um alvo.

As flechas são tão incríveis quanto o arco, há uma variedade dela, explosivas, incendiárias, eu
posso comandá-lo com a voz a qualquer momento e para desativar o arco basta dizer “Boa noite”. Eu
vou flutuando de felicidade até sentar novamente e me deixar ser maquiada pela minha equipe, toda a
minha fantasia inclui um curativo sangrento sobre a cicatriz que a Johanna me deixou, tudo isso me
deixa com uma aparência lamentável, já que eu estou tão enormemente grávida.

Por um tempo de cinco minutos a única coisa que eu faço é ser filmada e ponto. Quando eu me
vejo na tela, eu entendo por que eles queriam que eu fosse arrumada para parecer estar machucada, ao
invés de parecer lamentável como eu imaginava, eu pareço imponente, desafiadora e prestes a pegar
fogo.

– Eles vão querer mata-la, beijá-la ou ser você. – isso é o Finnick que parecia bem melhor depois
de saber que havia uma chance de sua Annie voltar.

Depois nós filmamos algo com eu em volta por um monte de pessoas mortas e eu grito algo
como:

Povo de Panem, nós brigamos, nós ousamos, nós terminamos a nossa fome de justiça.

Eu acho bem idiota, mas como parece que eles levaram anos para fazer isso, eu meio que deixo
para lá e gravo a cena. Junto toda a raiva na minha voz e esbravejo com força e alto, mas fica um silêncio
mortal na sala, até que uma voz que eu não escuto há tempos sai pelo intercomunicador.

– E assim, meus amigos, é como a revolução morre. – seguido por um riso áspero, eu me achei
tão ridícula que rio junto com ele.

E fico feliz também por ele estar bem, de todas as pessoas aqui depois da minha família, ele é
uma das que eu realmente me importo, depois que toda a raiva que eu sentia por ele ter abandonado o
Peeta passou. Mas ele me ajuda, convencendo a todos que eu nunca serei um Mockingjay sozinha, já
que quem me ajudava com o publico era o Peeta.

Estamos todos reunidos numa sala, e o Haymich me parece um pouco amarelo e magro demais,
era a primeira vez que eu me encontrava com ele depois da viagem até aqui. E eu começo a montar
planos de achar alguma bebida para ele, já que eu o prefiro bêbado a morto.

Então ele começa a mostrar as imagens que gravamos e em como eu pareço um fantoche, e em
como o Plutarch e a Fulvia –sua assistente – me levaram ao fundo do poço.

– Então, eu acho que todos concordam que isso não ajuda nada na guerra, não é? – questiona o
Haymitch e todos concordam – Ótimo, agora eu quero que vocês pensem em algo que a Katniss
Everdeen mudou vocês. Não quando você achava ela incrivelmente bonita, nem quando o vestido dela
pegou fogo, ou quando o Peeta fez você gostar dela, eu quero algo que a Katniss fez você sentir de real.

Há um momento grande de silêncio que me faz pensar que eu nunca passei algo de bom para
ninguém.

– Quando ela salvou a Rue. – diz Leevy, um garoto do D12 – Ela foi em direção a Rue mesmo
sabendo que podia morrer.

– Sim, isso é bom. Mais alguma coisa? – pergunta Haymitch


– Eu me emocionei quando ela drogou o Peeta para que pudesse pegar o remédio e salvá-lo. –
diz Octavia

– Claro, claro. – incentiva o Haymitch

Depois há uma enxurrada de momentos , como quando eu deixei a Rue se juntar a mim, como
dei a minha mão ao Chaff, e como eu desisti da minha vida e resolvi comer aquelas frutinhas, para ou
morrer com o Peeta ou voltar para casa com ele.

– Certo e o que tudo isso tem em comum? – pergunta Haymitch

– Elas são Katniss!

Sim, essa sou eu!!

Chapter Twenty-three

Notas iniciais do capítulo


Olá, eu disse que voltava e esse capítulo é o MAIS ESPERADO DE TODOS.
ÚLTIMO CAPÍTULO SEM PEETA, no próximo ele volta.
Beijos e Boa Leitura.

Não é fácil convence-la de que não tem perigo, minha mãe e Prim tomaram como missão
especial me deixar em segurança, e isso inclui acabar com os planos do Haymitch, durante a reunião
ele disse que eu deveria entrar em combate, isso queria dizer que eu teria que ir no Distrito 8, que tinha
acabado de ser bombardeado, e ela não estava nem um pouco feliz, insiste em dizer que eles não podiam
fazer muita coisa num Distrito que já estava destruído e ela me olhou feio, no fim ela não falou mais
nada porque eu iria mesmo sem ela deixar. Mas eu tinha que tomar o dobro de cuidado afinal, eu não
podia dizer que também não estava com medo, eu estava, depois de perder o Peeta eu não me atreveria
a perder um pedaço dele que estava dentro de mim.

E a ideia de ser alvo de um ataque do Capitol enquanto eu estava no 8 também me perseguia,


mas eu sabia que tinha que fazer isso, não pelo Distrito 13, nem porque eles pediram, mas por causa
daquelas pessoas, o meu Distrito também havia sido destruído, e eu queria saber como essas pessoas
estavam e eu sabia que filmando tudo isso a nossa causa ficaria maior e isso tudo poderia acabar mais
rápido, eu estava cansada de ficar presa em baixo da terra, sem a floresta, o lago que eu tanto sentia
falta, mas isso também me assustava para onde eu iria depois que isso tudo acabasse, e se eu não tivesse
mais o Peeta, e se nós perdêssemos. Pelo menos da ultima eu sabia, seriamos todos mortos.

Nós somos rapidamente deixados no 8, e a nave desaparece. Eu estou com Gale e Boggs e mais
dois soldados. A equipe de Tv, é composta de Cressida que tem a cabeça raspada e tatuada com videiras
verdes, e seu assistente Messala, um jovem cheio de piercings. Boggs nos guia por um beco, enquanto
outro aerobarco cheio de médicos pousa, e saímos para uma rua que está cheia de gente ferida sendo
levados em macas, em carroças, ou até mesmo pelas mãos, todos estão sangrando, alguns sem partes
do corpo e inconscientes. Estão indo em direção a um armazém imundo com um H acima da porta.

– Vocês querem que eu filme aqui? – pergunto soando meio desesperada.

– Você vai, eles só querem te ver, para eles você é melhor do que muitos médicos. – diz Boggs
me passando um pouco de segurança

Uma mulher aparece guiando os pacientes, e se aproxima, seus olhos são castanhos escuros e
ela usa uma atadura que precisa ser trocada, ele carrega uma arma. Apesar de tudo parece firme e
autoritária e jovem, talvez menos de trinta anos.

– Esta é a Comandante Paylor do Oito, - fala Boggs – Comandante, está é a Soldado Katniss
Everdeen.

– Sim, eu sei quem ela é. – diz Paylor – É bom saber que você está viva, não tínhamos certeza.

– Nem eu tenho ainda. – digo

– Ela estava se recuperando da concussão, e mesmo agora, ela quis vim ver os pacientes.

– É, nos temos muitos deles. – fala Paylor

– Você acha isso uma boa idéia? – pergunta Gale – Juntar todos os feridos aí?

Eu não acho, essas pessoas que já estão mal poderiam ficar pior, com a facilidade de pegar uma
doença contagiosa.

– Não realmente, mas é melhor do que deixa-los morrer. – responde Paylor

– Não foi isso que eu quis dizer. – fala Gale.

– Essa seria a minha outra opção. Mas se você tiver alguma e a Coin aparecer, eu estou aberta
a sugestões. – ela acena em direção à porta – Venha Mockinjay, e traga seus amigos.
Eu tomo coragem e atravesso uma espécie de cortina industrial, que cria um corredor no
armazém. Há cadáveres empilhados um ao lado do outro, cobertos por lençóis brancos.

– Nós temos uma vala há alguns quarteirões, mas não temos como gastar pessoas agora para
movê-los. – fala Paylor.

Ele me guia até outra cortina e a abre. Eu me viro e busco alguém conhecido, o Gale, meu olhar
o alerta e ele se mantêm próximo. Quando eu passo a cortina, eu me esforço para não vomitar, ou cobrir
o nariz, ou sair correndo. Há claraboias abertas em todo o espaço, mas o ar que entra por ali é pouco se
comparado ao cheiro do lugar. Há fileiras e fileiras de feridos, em camas, no chão, há moscas por todo
o local, gemidos e choro.

Eu começo a suar e tremer, e respiro pela boca, tentando fazer o enjoo sumir, minha visão
começa a ficar turva e eu penso que vou desmaiar, mas me forço a entrar mais no armazém e a andar
pelas camas.

– Katniss? – alguém me chama e eu me viro em direção a uma menina com a perna machucada,
seus curativos estão cheios de sangue e de moscas. Ela parece com dor, mas ao me ver seu rosto se
ilumina com algo completamente estranho a sua situação. – É você mesmo?

– Sou eu, sim. – respondo e seu rosto se enche de alegria, e o sofrimento some.

– Vocês estão bem! Nós não sabíamos, alguns afirmavam que sim, mas não tinham certeza. –
fala com entusiasmo.

– Eu estava me recuperando e fiquei melhor, assim como você ficará. – digo

– Eu tenho que dizer ao meu irmão. – ela se esforça e senta para chamar alguém a poucas camas
de distância. – Eddy, ela está aqui, é Katniss Everdeen!

Um menino com cerca de 12 anos, se vira em nossa direção, seu rosto está quase todo coberto
de bandagens, e sua boca, ou a parte que eu posso ver, se abre em espanto. Eu vou até ele, e ajeito seus
cabelos cacheados na testa e digo oi, ele não pode me responder, mas seu olho visível me fita com
intensidade, como se ele quisesse me gravar na cabeça.

Pouco tempo depois não há mais sons de lamento, nem de dor, e começam a ser substituídos
pelo meu nome, então eu começo a andar com pessoas me tocando, me saudando, e eu falo com eles,
nada de importante, mas que os faz feliz. Alguns me perguntam por Peeta e falam que tem certeza que
ele logo estará comigo, uma mulher chora quando vê a minha barriga. Eu acabo em cima de uma mesa
dando adeus a todos, e depois de sair eu me sinto mais obrigada a ajuda-los do que antes.

Quando eu estou fora, eu paro um pouco para respirar e beber água.

– Você fez bem! – diz Boggs


– Nós pegamos algumas cenas legais lá dentro. – diz Cressida.

Em algum momento eu esqueci que eu havia ido lá para me filmarem, e agora eu vejo que isso
realmente nunca me importou.

– Eu não fiz muita coisa. – digo

– O crédito vai para o que você fez no passado. – diz Boggs

O que eu fiz no passado? Tudo que está acontecendo agora é culpa minha, pessoas estão
morrendo e se machucando e eu estou sendo a imagem para dar forças a elas, eu não posso achar que
isso é de todo bom, a causa pelo qual eu luto, talvez seja boa, mas o preço por isso tudo é muito caro.

– Isso é bom e ruim. – digo no fim, cortando todo o meu discurso auto depressivo.

– Bom você não é perfeita, mas nos tempos que estamos você vai ter que servir. – diz Boggs

Nossa, que estimulante.

– Eu não acredito que você deixou que todos te tocassem, eu pensei que você correria para a
porta. – Gale diz.

– Silêncio. – digo rindo.

– Sua mãe vai ficar orgulhosa da sua força. – ele fala

– Que nada, ela só vai ver essas pessoas. – digo – Todos os Distritos estão assim?

– Sim, a maioria deles está sob ataque, nós estamos tentando ajudar, só que não é o suficiente.
– ele para de falar, parece distraído com algo. – Nós precisamos voltar a pista, agora mesmo. Nós temos
um problema.

– Que problema? – Pergunto.

– Bombardeios chegando. – diz Boggs – Vamos logo.

Eu vou atrás dele, mas para mi não há nenhuma ameaça evidente, só por alguns instantes, porque
sirenes começam a tocar e em poucos segundos uma formação em V de aerobarcos aparecem, e as
bombas começam a cair. Algo atinge meu joelho e o Boggs me obriga a ficar no chão e se coloca na
minha frente. É uma sensação horrível estar presa ao chão e protegida enquanto milhares de pessoas
podem morrer agora.

– Katniss. – o Haymitch fala comigo pelo comunicador.

– O quê? – questiono

– Nós não podemos descer agora, mas é importante que não te vejam. – diz
– Mas eles não sabem que estou aqui? – pergunto, já que facilmente a minha presença poderia
ser o motivo do ataque.

– Pensamos que não, que o ataque já estava agendado. – diz Haymitch

– Há um armazém azul há três ruas abaixo de onde vocês estão. – diz Plutarch – Lá tem um
refúgio, vocês podem chegar lá?

– Vamos fazer o nosso melhor. – diz Boggs

Procuro Gale e o encontro bem, minha perna esquerda doi, mas eu continuo me movendo. Eu
ando devagar mais ninguém reclama, eles me circundam e seguem meu ritmo. Ao longe eu consigo ver
uma fachada azul, mas ainda temos que passar por um beco, só que a onda de bombas recomeça.

Eu me prenso novamente na parede e dessa vez o Gale se coloca a minha frente.

– Está tudo bem? – pergunta ele

– Sim, eu creio que eles não nos viram. – respondo – Eles não estão nos seguindo.

– Não, estão indo para o outro lado. – afirma Gale

– Sim, mas não há nada lá... – a certeza me atinge ao mesmo tempo que a ele.

– Eles estão indo para o hospital. – Gale grita

– Isso não é nosso problema. – diz Plutarch – Vão para o depósito.

– Mas estão todos feridos. – eu digo

– Katniss. – ouço a voz do Haymitch – Nem pense em...

– Haymitch, por favor, deixa pelo menos o Gale tentar ajuda-los. – interrompo.

Dá para ouvir o som de armas de fogo disparando, há alguém tentando defende-los, e há uma
escada do meu lado.

– Gale, vamos. – eu grito

Ele começa a escalar, e eu vou atrás, sei que vou me arrepender disso depois, mas não há nada
que possa me impedir agora, já que o Boggs está incapacitado. O telhado está repleto de rebeldes, eu
me arrasto até o lado de um deles.

– Boggs sabe que vocês estão aqui? – pergunta Paylor

– Ele sabe onde estamos. – digo evasiva

– Aposto que sim. – diz rindo – Vocês usam isso?


Há um estoque de armas do seu lado.

– Não precisa, nós temos os arcos. – eu levanto o meu arco.

– Tudo bem. – diz Paylor – Eu acho que eles têm pelo menos mais três ondas e eles precisam
diminuir a proteção para soltar as bombas. Você se abaixe, não queremos nenhum desastre aqui.

– É melhor começarmos. – fala Gale

Eu pego uma flecha e estimo o tempo de espera nos aerobarcos e mando a flecha, eu atinjo uma
asa e ela explode. O aerobarco desvia da formação, mas ainda libera as bombas. Eu mudo para as flechas
explosivas. Os aerobarcos voltam silenciosamente e eu tenho uma ideia.

– Gale, fique de pé. – é a melhor posição para mirar, mas eu não posso fazer isso, então ele faz.

O tiro dele faz um buraco na barriga do aerobarco, e o meu na cauda, fazendo o aerobarco cair
e acontecem várias explosões. Outra formação em V aparece, Gale atinge o aerobarco no local certo e
o outro com a asa estragada se choca contra eles. Só que isso aconteceu em cima do hospital e
provavelmente alguma coisa os atingiu. Eu começo a descer a escada cautelosamente e percebo que a
equipe de Cressida esteve me filmando o tempo todo e vou em direção ao Hospital.

As bombas derrubaram o telhado do Hospital e o prédio está em chamas, os pacientes estão


todos presos lá dentro. Ainda há gente tentando entrar e retirar os pacientes de lá, mas se as chamas não
os pegaram a fumaça fez.

E eu me lembro do garoto, Eddy, como ele parecia tão feliz em me ver, só em me ver, meus
olhos se enchem de lágrimas, mas eu as detenho.

– Vamos Katniss, Haymitch conseguiu obter um aerobarco para nós. – Gale fala

– Qual é o motivo de tudo isso? Porque matar pessoas que já estão feridas? – pergunto.

– Para assustar as pessoas, impedir que eles obtenham ajuda. – responde Gale – Elas são
descartáveis, o que Snow vai fazer com um monte de escravos danificados?

Eu não consigo mais manter meus olhos na cena de destruição, então dou meia volta, a
adrenalina abaixando e a dor no meu joelho crescendo, mas eu ainda tenho raiva e impotência, porque
apesar de tudo, essas pessoas morreram.

– Katniss, o Presidente Snow passou esse bombardeio ao vivo e disse que essa era a sua
mensagem aos rebeldes. – diz Cressida com sua equipe ainda me filmando – Você não tem nada a dizer
aos rebeldes?

– Tenho sim. – digo direto para a câmera – Que eu estou viva e no Distrito 8, onde o Capitol
destruiu homens, mulheres e crianças, e que não houve sobreviventes. Que se você pensa que o Capitol
nos trata de forma justa, você está enganado. Eles fazem isso e nós devemos lutar contra. O Presidente
Snow não enviou uma mensagem? Bom, essa é a minha. Você pode nos torturar nos bombardear e
queimar nossos Distritos, mas você vê isso? – aponto para o telhado do armazém, onde uma a asa do
aerobarco com o selo do Capitol pega fogo. – Está pegando fogo, e se nós queimamos, você queima
conosco.

...

Minha mãe não ficou nada satisfeita quando voltamos, mas como eu não voltei realmente ferida
a não ser o meu joelho, ela não teve muito do que reclamar e nem teve como me impedir.

Há muito tempo que eu queria ver o D12, mas vinham me impedindo, eu queria ver de novo o
lugar onde eu fui tão feliz, um pedaço das minhas lembranças com o Peeta e com a Pearl, eu quero saber
o que restou do lugar onde eu vivi os melhores anos da minha vida. Dentro do aerobarco, Plutarch,
Cressida e Gale avaliam um mapa. Plutarch parece satisfeito, aparentemente o mapa mostra os Distritos
que estão do nosso lado, e depois do Propos no D8, nós conseguimos tomar o 3 e o 11, e os rebeldes
conseguiram fazer incursões em outros Distritos.

Agora estão gravando um Propos com o nome de Nós lembramos, que vai falar sobre ostributos
mortos de cada Distrito com a Rue e a Mags, o Finnick participou de um deles e parece que ficou
absolutamente chocante e doloroso.

Nós desembarcamos no Meadow e eu percebo que o Haymitch não veio conosco.

– Ele não podia enfrentar. – diz Plutarch quando o questiono.

– O quê? Ele não é capaz de enfrentar? – digo com escárnio.

– Suas palavras foram: “Eu não poderia enfrentar sem uma garrafa” – explica Plutarch.

Bom, como o fraco para bebida do Haymitch era antigo deixo para lá. Não restou nada a não
ser destroços, eu não sei o que eu esperava já que o Distrito foi destruído, mas olhar para ele parece que
torna tudo real, como quando eu perdi o Peeta e só tive certeza quando o vi na mão do Capitol, não há
como impedir as lágrimas. E então eu pergunto a equipe o que temo que fazer.

– O que quer que você sinta vontade. – diz ela

Mas quando eu me encontro na minha antiga casa, no Seam, eu não quero realmente fazer nada
porque, tudo o que eu tenho são lembranças, o que eu posso fazer se a minha mente não aceita que essa
é realmente a casa em que eu vivi com o meu pai, tão destruída do jeito que está.

– Está bom Katniss, vamos em frente! – diz Cressida depois de um tempo.


Gale não sai com facilidade da sua casa, ele é filmado em silêncio, enquanto acha um atiçador
de metal retorcido, aí ela começa a pergunta-lo sobre sua vida. Ela o faz remontar a noite do bombardeio,
fazendo seu caminho até a floresta. Meu cantinho com o Peeta e com a Pearl, chegar ao lago e não vê-
los brincando na água é como uma facada para mim. Como todos estão cansados, principalmente Castor
e Pollux com o peso dos equipamentos, nós paramos um pouco. Eu me sento próxima ao lago, ainda
imaginando como seria tê-los aqui.

Sanduíches de queijo são oferecidos e eu me sento com Pollux – que é um Avox – o que me
deixa a vontade para não falar. No silêncio os pássaros se aproximam e eu indico a Pollux um
mockinjay. Para lhe mostrar, eu assobio um pio de pássaro, e o mockinjay rapidamente me responde,
para minha surpresa Pollux assobia algumas notas, e o pássaro também lhe responde. Ele parece
encantado por poder falar com alguém depois de tanto tempo.

Durante nossa pequena amostra vários outros mockinjays aparecem em outras árvores. Pollux
escreve no chão com um graveto pedindo que eu cante, o meu primeiro impulso é recusar, mas eu me
lembro como eu fazia isso com facilidade aqui na floresta com o Peeta e a Pearl, e não há como recusar
nada a Pollux. Então, canto as quatro notas da Rue, elas captam a frase e a repetem enchendo a floresta.

– Quer ouvi-las cantando de verdade? – pergunto, para trazer mais um punhado de memórias
para mim, memórias boas.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Onde eles penduraram um homem que dizem ter assassinado três.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

Essa é uma antiga canção que meu pai me ensinou “A árvore do enforcamento”, que me faz
lembrar um pouco da situação em que eu estou.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Onde o homem morto gritou a seu amor para fugir.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.


As aves prestam total atenção em mim, elas precisam de mais um verso para conseguir
reproduzir a música sem problemas.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Quando eu lhe disse para correr, assim nós dois estaríamos livres.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

Todos os pássaros se calam e me fazem lembrar o Peeta, ele me dizia que quando eu cantava
até os pássaros paravam para escutar. E o meu pequeno também gosta de música já que ele chuta o local
onde está a minha mão.

Você está, você está

Vindo para a árvore

Usando um colar de corda, lado a lado comigo.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não seria estranho

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore de enforcamento.

Quando você escuta a canção toda você percebe que o homem insiste para que a menina corra
em direção a ele, só que ele está morto, então é claro que ele pede que ela vá se encontrar com ele, com
seu colar de corda, morta ao seu lado na árvore. Por um tempo eu achei crueldade à ideia de que ele
quisesse que ela morresse para ficar com ele, mais depois do Peeta, eu não acho isso tão inimaginável.

Quando eu olho para os lados, vejo que me gravam e que Pollux chora, e eu também, todos me
observam, eu suspiro e ao mesmo tempo os mockinjays começam a cantar a sua versão da música, fica
mais bonita na voz deles. Eu só falo depois que Cressida dá um fim a filmagem.

– De onde surgiu isso? Você é de ouro garota. – diz Plutarch enquanto me abraça e beija a minha
cabeça.

– Eu não fiz isso para as câmeras. – digo infeliz.

– Que bom que estavam ligadas, então. – fala ele – Vamos para a cidade!

Na praça destruída, eu caminho em direção à padaria da família do Peeta, e peço que Cressida
ligue a câmera.
– Peeta, eu não sei se você sabe, mas eles destruíram a nossa casa, a casa da sua família, e eles
não... – é difícil falar essas palavras – E eles não foram encontrados, eu espero que isso te mostre o que
o Capitol está fazendo.

Nos continuamos e paramos no que sobrou da forca, e Cressida pergunta se alguém foi
torturado, para mostrar Gale tira a camisa e vira de costas, os vergões em suas costas vão ser cicatrizes
permanentes e eu não quero continuar aqui, nem gravar mais nada. Então caminho em direção a minha
casa, na Vila dos Vitoriosos.

Não sei por que, ou até mesmo para mostrar que a culpa de tudo é minha, o único lugar que
sobreviveu ao bombardeio foi a Vila dos Vitoriosos. Entro na minha casa e vou direto para o nosso
quarto, eu quero algo que está lá. Mas assim que eu entro, as lágrimas são inevitáveis.

Passar por tudo isso é uma coisa, agora passar por isso sem o Peeta, é dez vezes pior. Ele sempre
me manteve em pé depois que nós casamos, até antes, no começo como amigo, depois com seu amor
declarado por mim, me mostrando o quanto era bom viver e ter uma família, me amando quando
ninguém conseguia ou sabia como.

Eu vim buscar o nosso quadro, ele não era muito de fazer quadros com a sua imagem,
normalmente ele fazia de mim e da Pearl, mas tinha um feito há algum tempo. Da campina, eu de frente
para ele e com a Pearl no nosso meio. Eu dou um jeito de enrolar a pintura e saio, encontrando com eles
do lado de fora. Gale pega a pintura da minha mão para que eu possa subir, e eu passo o caminho de
volta ao treze, completamente absorta na minha cadeira.

...

Nós estamos no comando, eu estou entre Finnick e Plutarch, esperando que o Propos gravado
no D12 entre ao ar, direto da programação da Capitol, um milagre de Beetee. Ele quer entrar ao ar
enquanto o Presidente Snow se pronuncia.

O selo do Capitol aparece na tela, e depois eu estou olhando para o Presidente, a câmera se
afasta e inclui Peeta, ele está em frente a um mapa de Panem, sua perna com a prótese bate de uma
forma inquieta, e seus olhos estão desfocados e irritados, e ele está magro se comparar a imagem dele
que eu tive a uma semana, como ele pode parecer assim tão acabado, a olheiras enormes abaixo dos
seus olhos, os meus olhos azuis que me parecem tão desesperados.

E o que eu mais acho estranho ele começa a falar sobre um cessar-fogo, destacando quais são
os danos que a guerra está causando, mas sem aviso eu estou na tela, nos escombros da padaria. Quando
ele volta seu olhar tem um brilho diferente, mas ele tenta continuar o seu discurso antes de ser
interrompido novamente, agora por um clipe do Finnick falando de Rue, depois disso é como uma
guerra, a cada três segundos a imagem muda mostrando os nossos Propos e a transmissão do Capitol.
Eu agarro a mão do Finnick, enquanto todos comemoram e só nós dois nos mantemos em
silêncio e encontro o mesmo olhar de medo, que deve ser o meu, no rosto do Haymitch, a mesma ideia
do que eles podem estar fazendo com o Peeta para que ele diga aquelas coisas.

Snow se mexe na tela, dizendo que os rebeldes estão agora interrompendo a disseminação de
informações que acham incriminatórias, mas que a verdade e a justiça reinarão, e que a transmissão
voltará assim que a segurança for retomada, e ele passa a palavra para o Peeta, perguntando se depois
da manifestação de hoje, ele tem alguma despedida para mim. Os olhos do Peeta se arregalam com a
menção de despedida e ele se remexe na cadeira.

– Kat, - pelo menos ele ainda me chama pelo apelido não é? – como você acha que isso vai
acabar? Nada do que nós conhecemos vai sobrar, nós não estamos a salvo, nem eu aqui na Capitol, nem
você do Distrito 13, - seus olhos migram para o Presidente e ele engole em seco, lutando com as palavras
– morta pela manhã.

Snow grita algo como “Acabe com isso” e enquanto Beetee intercala imagens minhas no
Hospital, eu vejo o Peeta tentando continuar a falar, a câmera cai no chão gravando o piso branco.
Aparecem várias botas e eu escuto um golpe seguido do grito do Peeta.

Dor, pura dor, minha e dele.

Eu nunca havia escutado o Peeta com tanta dor, ele nunca havia gritado de dor. Não dessa forma.
Eu vejo o seu sangue manchando o piso, e o meu último registro é do meu grito a ele. Depois o mundo
fica preto.

Chapter Twenty-Four

Notas iniciais do capítulo


Hei, olha eu aqui de novo, capítulo TODO DO PEETA.
QUERO COMENTÁRIOS VIU?
Eu me lembrava de pouca coisa dos últimos Jogos, não sei se o Capitol já estava conseguindo
acabar com a minha sanidade, mas eu me prendia ao máximo as coisas que tinha certeza e as coisas que
aconteceram comigo quando eu cheguei aqui. Eles me prenderam num quarto e se eu tivesse que sair
de lá, um dos Pacificadores me escoltavam, eu pouco via a Johanna e a Annie, até eu aparecer na TV.

Eu sabia que me colocaria numa situação difícil se dissesse que eu desconfiava do Haymitch,
que eu havia o feito prometer que tiraria a Kat da Arena, e também não deixar claro o meu apoio aos
rebeldes, mas eu tinha que defender a Kat, porque se eu sabia pouco, ela sabia menos ainda. Eu sabia
que de alguma forma todas essas pessoas estavam nos usando, o Presidente queria fazer com que a Kat
desistisse de defender os rebeldes, e o Distrito 13 a usava como imagem para a rebelião.

E tudo estava bem, ou razoavelmente bem, até a Kat aparecer na TV.

Eles fizeram questão de me mostrar, revê-la e tão gravida foi maravilhoso e martirizante, ao
mesmo tempo. Eu queria tanto estar com ela, queria poder abraçar e beijá-la, queria ver a Pearl, a minha
família. Mas eu fiquei angustiado com o que ela estava disposta a fazer pelos Distritos, a forma como
as pessoas ficaram alegras e melhoraram assim que a viram, foi maravilhoso, mas depois se arriscar
para defendê-los grávida, foi horrível. E o Gale estava com ela, ele me prometeu que a protegeria, eu
acho que a deixar entrar em combate, não é proteger.

Os dias depois desse Propos só ficaram piores, eles nós mudaram de lugar, ficávamos em celas,
e os primeiros gritos que eu ouvi foram os da Johanna, minha parede era colada com a dela, e nas noites
em que eu não tinha sono, ou acordava de um pesadelo muito ruim, nós conversávamos. As nossas
vozes ecoavam e às vezes a Annie respondia, mas ela parecia só querer o Finnick. Eu tentei ajuda-la só
que eu estava longe demais. Eu comecei a receber menos comida e algumas visitas de Pacificadores.

As minhas torturas – e foi com muita dificuldade que eu as classifiquei assim – começaram bem
mais leves que as da Johanna, já que eu não claramente não sabia de nada. Mas me machucar traria
mais recompensas, já que a ideia era ferir a Katniss. Um pouco antes de eles me colocarem na televisão
novamente, o Presidente Snow me fez uma visita, sua presença nem a presença dos Pacificadores me
assustavam mais, suas palavras sim, e o poder que elas tinham.

De uma forma ou outra, ele ainda tinha o poder sobre a Capitol e mesmo se não tivesse, como
eu poderia saber, a única noticia que eu tinha, eram as que eles queriam me mostrar. Segundo as suas
palavras, se eu não convencesse o Distrito 13 a desistir da guerra eles mandariam aerobarcos repletos
de bombas e o destruiriam. Mas como eu faria isso, eles teriam que cooperar e eu acredito que metade
daquelas pessoas estava decidida a morrer por essa guerra. Eu também, eu estava disposto a morrer pela
Katniss

E eu poderia continuar a vida toda falando sobre os danos que a guerra estava causando pelos
Distritos, poderia pedir um cessar-fogo, poderia implorar para a Katniss desistir de apoiar o 13, mas de
nada adiantaria, não quando eles resolveram invadir a televisão do Capitol, não quando eles desafiavam
o Snow.

Eu sabia que o Presidente Snow iria sim bombardear o 13 e que a Katniss corria perigo, e eu só
tinha um jeito de impedir que algo pior acontecesse era revelar os planos do Presidente, nem que para
isso eu tivesse que sofrer.

– Kat, - será que chama-la pelo apelido me prejudicaria – como você acha que isso vai acabar?
Nada do que nós conhecemos vai sobrar, nós não estamos a salvo, nem eu aqui na Capitol, nem você
do Distrito 13, - é difícil dizer isso, não pelo Presidente, mas sim pela ideia de que ela poderia morrer,
e grávida do nosso filho. – morta pela manhã.

O Presidente grita “Acabem com isso” e eu sei que ele mandou os aerobarcos para o Distrito
13, e mais alguns pacificadores para cima de mim. Não é como se eu não esperasse por isso, mas a dor
não mudaria os socos e tapas, chutes, tudo por cima de machucados antigos que não tinham curado
totalmente, eu escuto meus gritos como se eles não fossem vindos de mim, até que eu afundo no
inconsciente.

...

– Katniss, eles querem que a gente case. – eu digo morrendo de vergonha da minha família, da
minha mãe.

– Peeta, eu sei que você pareceu disposto a me ajudar com a Pearl, mas eu não quero que você
se comprometa com algo que não é sua responsabilidade, eu não quero que você perca a chance de ter
uma família de verdade. – ela diz.

Não me surpreendia ela falar isso, a Katniss nunca gostaria de mim, como eu gosto dela, como
eu a amo. Depois que eu descobri o que o Pacificador fez com ela, eu me transformei num amigo e
resolvi ajuda-la, é claro que ela sabia que eu gostava dela, mas em momento algum me mostrou que
sentia o mesmo, e apesar de doer, eu ainda tinha esperanças de que ela me amasse um dia.

– Eu sei disso, mas o que nos podemos fazer a não ser aceitar, aparentemente todas as pessoas
do Distrito acha que eu sou o pai da Pearl e você vai fazer o que se nós dissermos que não vamos
casar? – questiono

Nós fomos escolhidos, nós fomos escolhidos.

Esses com certeza foram os melhores meses da minha vida, a Katniss ainda não dizia que me
amava, nem dava nenhum sinal de que me considerava mais que um amigo, mas tê-la perto, era muito
bom. Eu tinha reparado algumas vezes em olhares que ela me deu, e ele sempre deixa claro o quanto
ela se sentia grata por eu ser o pai da Pearl e ajuda-las tanto.

Mas agora, nós iriamos para os jogos, e o que aconteceria com todas as ideias que eu tinha
para mantê-la perto. Para fazê-la me amar.
*

– Peeta o que você pensou que estava fazendo quando disse a essas pessoas que me amava? –
ela grita – Você acha que eles vão se importar, eles só vão achar mais legal esse grande showzinho
que nós estamos fazendo?

– Eu quero que vocês continuem agindo como um casal, quero vocês sempre juntos. – diz
Haymitch – Se vocês querem uma chance real de voltar para casa.

– Vamos Kat, me deixe ir. – eu digo – Você tem que voltar para casa, tem que voltar para a
Pearl. Você sabe que não tem nada lá que me prenda, há não ser você e a Pearl, e ela precisa mais de
você.

– Não Peeta, vamos os dois. – ela diz e me entrega uma mão de amoras-cadeado – No três.

– Porque você fez isso? Porque você simplesmente não me deixou morrer lá? – eu começo –
Você sabe que a nossa vida estaria mais fácil agora, você não teria obrigação nenhuma de ficar presa
a mim, em continuar fingindo que me ama. Porque você fez isso se não se importa?

– Eu me importo. – ela grita – Você me ajudou Peeta, você é mais do que um amigo para mim,
você importa, a Pearl te ama. E eu não sei continuar com isso sem você.

– Eu só cansei, eu fiz tudo isso para te salvar e mesmo assim... – eu sussurro – Eu pensei que
um dia você ia entender.

– O Presidente me procurou. – diz ela

– O Presidente? Para quê? – pergunto.

Depois do primeiro Hunger Games, eu tenho falado pouco com a Katniss, me mantenho o mais
frio e distante possível. Como eu poderia ficar ao lado dela sabendo que eu sou só uma forma de ajuda-
la a se manter viva.

– Ele não está satisfeito com a nossa “atuação”, ele diz que nós temos que fazer melhor, senão
ele vai resolver as coisas por nós. – ela explica.

No vigésimo quinto aniversário dos Hunger Games, como um lembrete para os rebeldes que
seus filhos estavam morrendo por causa de sua escolha para dar início à violência, cada Distrito deve
de realizar uma eleição e votar nos tributos que os representariam. No cinquentenário, como
lembrete de que dois rebeldes morreram para cada cidadão do Capitol, cada Distrito foi obrigado a
enviar duas vezes mais tributos.
Nós voltaríamos para a Arena, e por mais que eu não tentasse me convencer do contrário, eu
continuaria tentando proteger a Katniss, mesmo que para isso eu tivesse que morrer.

Ela chama o Haymitch, a Effie chama o Haymitch, e antes que eu consiga pensar, me
voluntario.

– Como assim o que vocês trouxeram de casa? – pergunta Ceasar, e eu mantenho a minha
ideia.

– Nós estávamos bem, pensando em como seria se a nossa família aumentasse e participar do
Quell como mentores, nós pensamos que todos gostariam da novidade. – eu falo, captando um olhar
triste de algum lugar – Nós aumentaríamos a família e... Agora tem isso, todos nós vamos para os
Jogos.

– Você está querendo dizer que...? – questiona Ceasar.

– A Kat está grávida. – concluo

– Peeta, por que...? – a Katniss questiona.

– Foi só uma tentativa, eu só queria saber se isso seria o suficiente, se por alguma coisa eles
desistiriam dos Jogos, desculpe se... – ela não me deixa continuar.

– Não precisa continuar, não precisa se desculpar. – ela diz – Você sempre pensou em tudo não
é? Eu queria gostar de você, como você gosta de mim.

– Eu só quero que você saiba que eu te amo, muito, e que eu nunca desisti durante todo esse
tempo. – falo – Eu quero que quando você chegar lá fora, não se esqueça de mim, mas eu também
quero que você nunca se arrependa por não ter me amado, eu quero que você viva, e seja feliz, como
eu fui enquanto estive com você.

Ela estava chorando, e me beijou, ela nunca havia me beijado, eu já tinha tentado algumas
vezes. Agora ele me beijava porque queria, mas não por que me amava, e isso me entristecia.

...

Eu queria me importar com essas memórias estranhas, por que eu sabia que tinha algo errado,
eu sentia que faltava algo. Mas elas ao mesmo tempo me pareciam tão reais, eu não me lembrava de
esquecer o meu amor pela Katniss, nem me lembrava dela ter me amado algum dia, eu sentia que em
algum momento eu havia desistido dela.

Mas agora a Capitol me usava e a cada dia eu me sentia menos tentado a resistir, em algum
momento durante os choques e as tentativas de afogamento, essa ideia tinha se instalado na minha
cabeça e não seria difícil me deixar morrer, mas tinha alguma coisa faltando, um pedaço, um fragmento,
uma ideia que fazia parte de mim e que eu precisava saber, para ir em paz.

Algo que o Capitol tinha me tirado.

Chapter Twenty-Five

Notas iniciais do capítulo


Sem comentários adicionais, mais informações LEIAM LÁ EMBAIXO.

Nós passamos três dias num abrigo, já que o Peeta nos avisou sobre as bombas e eu apaguei.
Quando eu acordei já estava no abrigo e a Pearl dormia ao meu lado, a mamãe tinha ido ajudar alguns
feridos e Prim se mantinha no chão com o Buttercup.

Eu aproveito o momento para me manter perto da Pearl e da Prim, a Pearl me preocupava um


pouco já que estava prestes a fazer dois anos e mesmo assim se mantinha sem falar uma palavra
completa, além de suas palavras de bebê e “não”, e eu sei que ela sentia falta do Peeta, coloca-la para
dormir as vezes era muito difícil, me manter forte por ela agora seria mais dificl ainda.

– Como você se sente aqui Prim? – pergunto

– Eu sinto saudades de casa, mas eu me sinto mais segura aqui, e eu acho que eles vão me treinar
para ser médica. – responde ela.

– Isso é ótimo. – digo me mantendo animada por ela.

– E você Kat, como está se sentindo? – questiona – E eu sei que não está tudo bem.

– Não, realmente não está. O Peeta... – começo – Agora que ele nos avisou e mostrou para eles
que ainda não desistiu de mim e que ainda está disposto a morrer. Eu não sei... Se eu vou conseguir
continuar, não se eu souber que ele realmente... Que ele não vai voltar.
– Kat, você acha que o Presidente iria mata-lo? – ela começa, depois que eu me acomodei na
cama e ela colocou a minha cabeça no seu colo. – Se ele fizer isso, ele não teria como te ferir, como te
prejudicar.

Eu queria dizer que ela não me ajudou com essa revelação, mas eu não podia dizer que era
mentira, no fundo eu esperava algo assim do Presidente, só que a imagem do Peeta machucado
martelava na minha cabeça e eu não conseguiria tirá-la até que ele voltasse para mim.

E agora eu não sabia como ele voltaria, eu não sei que tipo de tortura e terror o Capitol pode tê-
lo submetido, e o quanto ele pode estar horrorizado, ou se ainda vai me amar do mesmo jeito quanto
voltar, sei que isso é meio idiota de se pensar, já que ele acabou de salvar minha vida, mas por quanto
tempo ele ainda ficaria lá e por mais quanto tempo ele seria suficientemente forte para não desistir de
mim, perguntas difíceis e sem repostas.

...

Nós passamos quase uma semana escondidos, eu buscando consolo na única pessoa que
meramente entende o que eu estou passando, o Finnick, dividir a dor com ele é mais fácil, ele não tem
palavras vazias de conforto, nem ideia irreias de que tudo ficará bem, ele simplesmente me deixa
lamentar e se lamenta também, ele me ensinou algo para me distrair, fazer nós em cordas, ajuda, afasta
o sono e isso é suficiente.

Assim que somos liberados, puxam eu, Finnick e Gale, numa sala onde todos parecem exaustos.
E nos oferecem café. Depois temos que ir para a superfície e registrar a extensão dos danos, e garantir
que o Treze ainda está vivo.

Quando eu me vejo ao ar livre, percebo o quanto eu odeio ficar lá em baixo, minhas mão correm
pelas folhas e eu pergunte que data é hoje, me respondem que está no final de Agosto, isso significa
que falta pouco mais de um mês para o meu casamento com o Peeta completar dois anos, e dois meses
para a Pearl fazer dois anos. Será que terei o Peeta aqui?

Passamo-nos por várias crateras, que não causaram realmente nenhum dano, e paramos no
Edifício da Justiça, o palno de fundo que o Capitol usou para as falsas transmissões de que o Distrito
13 estava destruído. Agora há uma cratera muito perto do Edifício, e rosas, muitas rosas vermelhas e
rosas. Eu os proíbo de toca-las e aquele cheiro chega ao meu nariz, isso é quase um símbolo do
Presidente, ele sempre anda com uma rosa na lapela, e o seu cheiro marcante que para alguns pode até
ser agradável a mim só causa enjoo. Percebo que são as mesmas rosas que decoravam o lugar da nossa
primeira entrevista a Caesar, depois dos Jogos, mais uma coisa para me lembrar de Peeta, mais uma
coisa para me fazer temer por ele.
Eu explico a eles o melhor que posso e eles chamam um grupo para recolhê-las e fazer testes,
aposto que não acharão nada, é só mais um terror psicológico de Snow.

Apesar de todos os meus esforços para me manter forte, levar isso como um estímulo e lutar
contra Snow, o meu corpo não responde, eu me sinto trêmula e enjoada, nervosa, incapaz de pensar em
algo que não seja Peeta machucado e preso. Eu pareço incapaz de pensar em algo bom o bastante para
falar por mim mesma, e então Cressida tenta fazer perguntas.

– Me diga Katniss, como o bombardeio ao Treze se compara com o que você passou no Oito?
– questiona

– Nós estávamos tão protegidos dessa vez que não houve perigo nenhum. O Treze está bem e
eu... – não estou, queria poder dizer.

– Vamos, tente de novo. – insiste Cressida

– Treze está vivo e eu... – agora eu começo a soar como se o sol estivesse a pino.

– Katniss, apenas diga isso... Treze está vivo e bem e eu também. – fala Cressida

– Eu não posso fazer isso, porque tudo que eu posso pensar é: o que ele fará com o Peeta, já que
eu sou o Mockinjay. – e então eu estou chorando.

E eu sinto algumas pessoas tentando me reconfortar, mas não é como se eu realmente sentisse.

– O que estão fazendo com ele? – eu continuo falando com ninguém em especial.

E sem enxergar realmente nada, quando meu choro se torna histérico, me aplicam uma injeção
e eu durmo. Eu durmo por muito tempo, não um sono tranquilo, mas que me trouxe um pouco de
sanidade.

Quem está ao meu lado é minha mãe, inquieta e preocupada.

– Oi. – digo, minha voz sai rouca.

– Katniss, eu não sei... – começa – Sei que você está muito mexida com tudo que acontece ao
Peeta, mas eu preciso que você não se esqueça de que está grávida. Primeiro você se aventura e entra
no meio da guerra no Distrito 8, e depois um ataque de nervos, se você continuar assim, esse bebê não
vai durar muito mais tempo ai dentro.

Sua declaração me deixa estática, com um sentimento de culpa angustiante, não só pelo bebê,
mas pela Pearl também, não é como se eu não cuidasse dela, mas eu venho me preocupando muito com
a minha dor e me esquecendo da dela. Ela também deve sentir falta do Peeta, e ela nem pode entender
o que está acontecendo para ele não vê-la mais, como será que aquela cabecinha funciona. Eu devo ter
feito uma cara muito ruim, porque a minha mãe suavizou sua postura.
– Tudo bem, eu tenho uma boa notícia. – diz – Eles vão resgatar o Peeta.

– O que? – é tão bom que parece duvidoso.

– Parece que o Plutarch enviou uma equipe para resgatá-lo, eu não sei muito, o Haymitch só
pediu para te avisar. – explica. – Parece que vão pegar Johanna e a namorada do Finnick.

– Será que eu posso vê-lo? – pergunto.

– Quem? O Finnick? – meneio a cabeça em afirmação – Não dá ele está dormindo na sala ao
lado, ele veio para cá junto com você, parece que surtou depois que te aplicaram a injeção.

– A senhora pode chamar o Haymitch para mim? – peço e ela assente.

Pouco tempo depois ele está na minha frente.

– Haymitch há alguma previsão de quando eles voltam? – questiono.

– Não, não há nem previsão de que eles irão voltar. – ele diz e eu gelo.

É verdade, a perspectiva é essa ou eu o tenho de volta hoje ou nunca mais.

– Quem foi na missão? Como eles decidiram isso? – questiono para me assegurar que a equipe
seja forte e que tínhamos uma grande chance.

– Depois que você e o Finnick enlouqueceram, Boggs partiu para organizar a missão, eu tentei
me voluntariar – nessa parte eu lhe dei um sorriso de agradecimento – mas ele me ignorou. O que já
demonstra bom senso.

– E quem mais, alguém que eu conheça? – sondo, porque ele parece querer me esconder algo.

– Sim, você sabe quem mais Katniss. – sim, o Gale.

– Eles já foram? – falo agora sem qualquer sinal de sorriso.

– Sim, não tem mais como impedi-lo. – responde.

– Obrigada Haymitch. – digo.

– Não há de quê, docinho. – fala com sua habitual expressão. – Mas eu vou precisar de você e
de Finnick.

– Ok, mas será que eu posso falar com uma pessoa antes? – pergunto.

– Claro. – me levanto o mais rápido que me atrevo.


Eu a encontro no quarto que ficou reservada para ela, e que eu sei que o Gale visita
frequentemente. Ela não parecia muito angustiada, o que me dizia que ela tinha fé neles, já era um
alivio.

– Katniss. – diz ao me ver.

– Oi Delly, eu estou incomodando? – pergunto

– Não, é até bom você está aqui, porque eu tenho algo com que me distrair. – diz

– É sobre isso que eu vim falar com você. – digo e me sento ao seu lado – Porque ele fez isso?

– Primeiro, por não ser nada além do que o Gale faria, por qualquer pessoa especialmente por
você e Peeta. E depois ele tem ainda uma ideia de que deve ao Peeta depois dele ter colocado o braço
para me salvar do Pacificador, e ter o tirado de lá também. – diz sorrindo minimamente – Ele faria muita
coisa por você Kat, vocês são mais que irmãos.

Eu sorrio para ela agradecendo, e desço para tomar café. Nós somos levados para cima
novamente, para gravar algo como um chamariz, para dar tempo ao time de regate. Para começar a eu
peço que ela me pergunte sobre Peeta.

– Quando vocês se conheceram? – questiona.

E então eu conto a história de como ele me viu com o meu pai e como eu cantei na frente da
classe, disse também que não havia reparado nele até que ele me salvou, queimando o pão e recebendo
uma surra da mãe. Repito a história de que nós começamos a conversar quando eu ia para escola com
Prim, e que eu descobri que ele sempre foi apaixonado por mim e que no fim ele me conquistou,
ocultando claro que eu já estava grávida da Pearl.

– E como você lida com isso? – pergunta Cressida

– Não lido, na realidade, é péssimo pensar que enquanto eu estou aqui comendo ou brincando
com a Pearl, o Snow pode estar o machucando, pode mata-lo. Especialmente depois do aviso dele sobre
o bombardeio. – algumas lágrimas me escapam – Eu não sei se me sinto bem por saber que eles não
conseguiram destruir o meu Peeta e que ele ainda luta, ou mal por ele ser tão corajoso às vezes e
continuar tentando salvar tantas pessoas, me salvar.

“O Snow uma vez nos disse que o Capitol estava frágil, naquele tempo eu podia não entender
muito, mais agora eu sei. Ele está fraco porque depende de nós, dos Distritos, para tudo. E se nós
declararmos a nossa liberdade eles vão ceder, o Capitol vai ceder. Snow, obridada, eu estou oficialmente
declarando a minha hoje.”

O Plutarch parece ótimo com minha declaração e indica que é a vez do Finnick, ele me parece
pálido e eu não sei o que ele pode falar. Será que é como ele conheceu a Annie?
– Você não precisa fazer isso. – diz Haymitch

– Se for ajuda-la, eu farei. – ele vai para frente da câmera – Eu estou pronto.

– O Snow, ele costumava me vender... O meu corpo. – eu arfo – Eu não fui o único, se um
vitorioso é considerado bonito, desejável, ele os oferece por um preço exorbitante, se você não aceitar
ele mata alguém que você ama.

Agora eu entendo porque sempre havia mulheres em volta do Finnick, como ele era o queridinho
da Capitol, mas não por opção. A sensação que eu tive ao ser atacada pelo Cray, ao ser ameaçada, como
ele brincou com a vida da Prim, multiplicada por quantos... Com quantas pessoas que o Finnick teve de
ficar?

– Eu nunca fui o único, só que era mais popular. Meus patrocinadores, para se sentirem melhores
faziam joias, me davam dinheiro, mas eu descobri outra forma da pagamento. – oh, sim, segredos.

– Segredos. Se mantenha de olho Presidente, porque muitos são sobre você. – e ele começa a
falar sobre uma serie de segredos de pessoas que eu não conheço, mas parecem ser importantes, a julgar
pelos cochichos da equipe.

E depois ele começa sobre o Presidente, como ele conseguiu chegar ao poder? Veneno. Matando
lentamente, ou de forma rápida, seus adversários, bebendo do veneno para não causar suspeitas, se
enchendo de antídotos. E como eles nem sempre funcionam, o porquê dele andar com essas flores
enjoativas, para esconder o cheiro de sangue das feridas que nunca saram na sua boca.

Quando ele acaba, todos somem rapidamente para editar o material, e Finnick é puxado pelo
Plutarch.

– E o que aconteceu com você Haymitch? – pergunto quando só sobraram nos dois.

– Mataram todos, minha mãe e meu irmão, a minha garota. Duas semanas depois que fui
declarado vitorioso. – diz morbidamente – Por causa de uma façanha com o campo de forças que tinha
no Quell.

– E porque ele simplesmente não te matou? – digo, apostando que era isso que ele faria de
primeira, como faria comigo e Peeta se pudesse.

– Exemplo, para os que vinham depois saber o que acontecia a quem causava problema, mas
ele não tinha poder sobre mim. – diz

– Até eu e Peeta aparecermos. – ele não desdenha da minha resposta.

...
Às 15:00 nos somos chamados para ver a transmissão do Propos na Tv, e depois tudo é meio
que um borrão, sei que se passam horas e eu continuo com o Finnick no Comando onde as noticias
chegam mais rápidas.

Provavelmente o dia está amanhecendo quando o Haymitch chega quase derrubando a porta,
dizendo que eles chegaram e que estão no Hospital. Não dá para perguntar mais nada e arrasto o Finnick
pela mão o mais rápido que posso sem cair.

Enquanto eu corro, vejo Johanna muito machucada passar por mim numa maca. Isso não
tranquiliza. Quando eu passo pela porta de um quarto vejo Gale, machucado, mas aparentemente bem.
Depois há alguém gritando Finnick e ele corre em direção a uma garota de cabelos escuros, olhos verdes,
também corre na direção dele. Quando eles se chocam quase caem e ficam lá grudados, eu me permito
parar e admira-los, imaginado se o Peeta me receberia assim também.

Boggs aparece, não esta ferido mais está claramente cansado.

– Só não pegamos Enobaria, mas eu duvido que ela esteja ferida. – ele me olha – Vamos, ele
está lá no final, vai querer te ver quando acordar.

Eu saio quase correndo novamente, mas me contenho, se ele está dormindo eu não vou querer
acordá-lo.

Mas eu não tenho que me preocupar com isso, pois ele já está acordando cercado por médicos,
confuso, assustado, magro, doente, claramente machucado. Mas ele me vê e por um momento são os
meu olhos ali, o meu Peeta, seu sorriso. Meu nome na sua voz. Eu corro até ele, e ele afasta os médicos
para me alcançar, e eu estou de volta aos seus braços. Minha boca na sua e nada mais me preocupa, por
enquanto...

Chapter Twenty-Six

Notas iniciais do capítulo


Olááááááá, eu estou completamente animada para esse capítulo, porque eu ESPERO FAZÊ-LAS
CHORAS, COMO EU CHOREI ESCREVENDO ELE.
Então sem mais delongas, boa leitura.
Eu poderia continuar com a minha boca na sua por mais muito tempo até matar toda a saudade
que eu sentia dele, até gravar de novo o seu cheiro, a sua pele quente na minha. Os seus olhos, a minha
piscina particular, vidrado no meu rosto como se pudesse me desenhar. Eu queria tudo isso, só que o
Peeta me afastou.

Eu olhei para ele confusa, mas quem parecia desnorteado era ele, suas mãos estavam na minha
barriga, e em vez do sorriso orgulhoso que ele costumava estampar ao fazer isso, ele estava assustado,
com os olhos nublados.

– Peeta... O que foi? – questiono buscando em seus olhos o meu Peeta.

– Você... Você está grávida? – sua voz sai num tom cortante e ele parece magoado, ele se afasta
de mim.

– Mas... Como assim? – digo ficando cada vez mais confusa. – Peeta, você sabe que...

Eu olho confusa para os médicos e nenhum esboça reação alguma, lágrimas caem livremente
agora. Meu pesadelo que era para ter terminado, fica cada vez pior. O que será que fizeram com ele?
Ele não se lembra de mim? Porque será que eu não me surpreendo por o Peeta ter voltado para mim de
um jeito tão fácil?

– Você lembra da Pearl? – ele assente e eu suspiro de alivio, talvez ele só esteja confuso –
Lembra de nós?

– Nós... O que? – questiona – Como eu te ajudei a cuidar da Pearl e – ele olhou em volta inseguro
– nós fingimos estar juntos para enganar o Presidente?

Nós fingimos estar juntos para enganar o Presidente.

Nós fingimos estar juntos para enganar o Presidente.

Essas palavras ecoaram até eu apagar. Eu ainda escutei o grito dele, e seus braços me segurando,
mas não era mais o meu Peeta.

...

Eu acordo novamente com a minha mãe me velando.

Nós fingimos estar juntos para enganar o Presidente.

As lágrimas voltam, e minha mãe tenta me consolar, limpando as lágrimas e me abraçando.

– Ele não se lembra de mim. – eu sussurro.


– Ele não é o Peeta. – minha mãe devolve.

– Eu sei, ele... Foi o Presidente. – não sabia como, mas não esperava menos do que isso de
Snow.

– Sim, eu acho que o Plutarch vem aqui te explicar. – ele se afasta para olhar meu rosto – Mas,
sua pressão caiu de novo, eu não sei se é seguro você andar por aí tomando esses sustos. Eu não tenho
como ter certeza, mas outro desse e o bebê pode nascer antes da hora e você sabe o quanto isso é difícil.

– Mãe, não... Eu não posso perder ele também. – minha voz continua quase inaudível, tamanho
o meu desespero.

– Não vai, eu não vou deixar. E você tem a nós, a mim, a Pearl, a Prim e até o Peeta. – diz com
um quase sorriso – Você precisava ver como ele ficou quando você desmaiou.

– Será que a senhora podia chamar o Plutarch? – ela assente e sai.

Eu me esforço para sentar, e não me desesperar novamente, eu não podia me deixar levar pelo
que o Presidente fez, eu sabia o amor que eu sentia pelo Peeta, e também tinha certeza do amor que ele
tinha por mim, eu não deixaria – seja lá o que for que Snow fez – apagar tudo o que nós passamos.

Não deixaria.

...

Então ele tinha sido assaltado – que significa capturar, pegar – isso quer dizer que eles usaram
o veneno do tracker jacker, eu fui picada por uma dessas e me lembro das alucinações. Em grande
quantidade eles interferem numa área do cérebro em que ficam os nossos medos, o que quer dizer que
o maior medo do Peeta era ou me perder, ou eu não ama-lo. Os torturadores usaram isso, ele não tinha
como me perder, já que eu ainda estava viva. Mas eles fizeram com que eu não o amasse, pelo menos
na sua mente, eu não o amava.

Como para ele nós tínhamos casado para passar pelos Games, então não teria como eu estar
grávida, dessa forma ele não tinha como acreditar em mim.

Felizmente, isso não queria dizer que ele não me amava.

...

Eu sobrevivia, não mais por querer, mas para manter meus filhos vivos, principalmente o que
ainda estava dentro de mim. Os poucos momentos de alegria na minha vida era ou quando ele se mexia,
ou quando eu brincava com a Pearl.

Mas era difícil, eu escutava algumas reclamações da minha mãe e olhares feios do Haymitch,
por ignorar o Peeta, mas o que eu faria, ele não se lembra de mim, não consegue me olhar sem imaginar
que eu tenho o traído, sem pensar que eu nunca vou conseguir o amar. Eu não consigo olha-lo e ver a
magoa, não nos olhos dele, não nos olhos que sempre me mostraram alegria e amor, carinho, paz. Não
dava.

Uma vez eu perguntei a minha mãe porque eu nunca encontrava o Peeta, já que ele podia andar
por onde quisesse, e ela me disse que ele não gostava muito, já que não conhecia a maioria das pessoas,
me disse que ele sentia fortes dores na cabeça, e que seus ferimentos também não estavam sarados, e
que preferia ficar pintando, porque afastava os seus pesadelos. Ele também não dormia mais, não como
antes.

Eu também não, sabia como isso se resolveria, mas ele nunca me aceitaria de volta.

Eu via algumas vezes a Delly e o Gale, mas bom... Não é como se eu tivesse saco para ver o
amor dos outros, quando o meu estava tão destruído. O mesmo se aplicava ao Finnick e a Annie.

Até que o Haymicth me chame para que eu veja algo, eu me surpreendo já que enquanto eu
evitar o Peeta, ele parece querer me evitar da mesma forma e me arrasta até uma sala, onde nós temos
uma janela de vidro, que permite que eu possa ver o que acontece dentro sem que ele me veja. Lá dentro
está o Peeta e a Pearl.

Ele parece feliz e menos ferido e magro do que quando nós nos reencontramos, seus olhos são
os olhos que eu conheço, seu sorriso também e tudo para a Pearl. Os dois estão abraçados, eu sei a
saudade que ela sentia dele, já que eu também a sentia. Eu fico observando por um longo tempo,
enquanto eles começam a pintar e como ele fala com ela como se ela o entendesse. Lembrando-me de
quando fazíamos isso juntos no chão do nosso quarto. Meus olhos lacrimejam.

– Por que... Porque você me trouxe aqui? – questino limpando as lágrimas.

– Para duas coisas, primeiro para você ver que o Peeta ainda está aí. Segundo, porque eu quero
que – ele tira uma carta do bolso – você leia isso. É a carta do Peeta, ele tinha me entregado e eu me
esqueci dela, eu quero que você não desista. Eu não vou deixar que vocês acabem desse jeito. Vocês
sofreram de mais para isso.

Eu me jogo em seus braços, por mais irritante e bêbado que o Haymicth fosse, ele era quase um
pai, e nos ajudou de verdade. E essas palavras me deram mais ânimo do que todas as que as outras
pessoas já me disseram.

Eu fui até o reservado que eu dividia com a minha família e abri a carta.

Katniss,

Para escrever essa carta eu tive que pensar muito – até mesmo se eu a escreveria de verdade,
porque é meio mórbida, uma lembrança de morte – mas no fim, eu pensei que te deixaria as minhas
ultimas palavras e ultimas vontades de uma forma que você nunca pudesse esquecê-las. E eu sei que
você faria isso já que é tão teimosa.

A primeira coisa que eu quero te lembrar é o que nós discutimos na noite antes dos primeiros
Jogos. Eu sei o quanto você pode ser fechada para as pessoas e o quanto foi difícil fazê-la me amar, e
eu não quero que você volte a ser assim. Eu quero que você viva, quero que você cuide de nossos filhos,
quero que você conte a eles – principalmente o que não vai nem chegar a me conhecer – como eu fui e
como eu os amei. E você também, use esse amor que eu sinto por você para te dar forças, e o amor que
você sente por mim para isso também, quando estiver muito difícil, pense em como eu queria que você
seguisse a sua vida e faça exatamente isso.

Depois eu quero te lembrar do que passamos juntos, mas especificamente o que eu passei para
ter você. Não que eu reclame já que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, junto com a
Pearl. Mas você sabe quanto eu me senti orgulhoso de mim mesmo por ter conquistado você, quantos
anos eu sonhei com você, como foi te ter nos braços pela primeira vez, poder te amar, ouvir que você
me ama. Não sei se para você foi diferente, mas para mim foi assim, até os piores momentos com você
são especiais.

Então lembre-se dos momentos bons sempre, eu quero que você lembre da nossa luta e nunca
chore por ter me perdido, sorria porque os momentos que eu passei com você foram os melhores da
minha vida, e eu me orgulho disso.

Eu espero ter conseguido te fazer tão feliz quanto eu me senti feliz.

Com amor, Peeta.

S: Quando as crianças crescerem o suficiente para entenderem eu quero que você mostre a elas
as outras duas folhas. Uma é para a Pearl e a outra para o bebê.

Realmente tinham outras folhas, a da Pearl dizia:

Olá, pequena Pearl.

Eu espero que você ainda lembre-se de mim, e espero que você esteja melhor nos desenhos e
na cozinha que a sua mãe.

Eu sei que para você é estranho, já que você era tão pequena, mas é exatamente para isso que
eu escrevi essa carta. Se a sua mamãe já tiver tido pelo que nós passamos, saberá que tudo que eu fiz
foi por amor a você. Se ela não tiver tido não tem problemas, um dia você entenderá.

Só queria deixar aqui para que você nunca esquecesse as tardes em que nós passamos juntos
desenhando, e como você adorava enfiar a mão na tinta. O fato de que fazer pão para você era espalhar
farinha pela cozinha toda.

E também que eu te amei muito, mais que tudo no mundo, você é a melhor filha que alguém
poderia ter e que eu tive a honra de poder criar e rir e brincar com você. Eu quero que você ajude a
sua mamãe e nunca a abandone, pois ela vai precisar de muito carinho, quero que você não a julgue
por que não sabe pelo que ela passou – e que continue assim – eu espero que a sua vida seja muito
diferente da nossa e que você possa crescer feliz.
Com amor, Papai.

Para o bebê, ele escreveu isso:

Quando eu sai da vida de vocês – não por opção própria-, você ainda não tinha um nome, então
eu vou me referir a você como bebê mesmo, se você quiser pode colocar seu nome no lugar.

Eu queria começar te pedindo perdão, perdão por não poder te amar, perdão por você não ter
me conhecido, perdão por você ter que enfrentar algumas situações com a sua mãe sozinha cuidando
de vocês. Mas eu não pude evitar, a única forma de manter você a salvo foi essa, e eu não podia deixar
que nada te acontecesse, nem a sua mãe.

E eu também quero que você não pense que eu não te amei desde o primeiro minuto, nem que
a culpa por eu não estar com vocês é sua. Se em algum momento você se sentir assim, peça para a
mamãe mostrar um dos meus quadros em que eu te desenhei, te imaginei e criei você na minha cabeça,
perfeitinho para nós, para completar a nossa família e nos trazer mais felicidade. E se não adiantar
peça para ela ler essa carta, e você vai sentir aqui o quanto eu te amo.

Eu sei que a sua mãe vai cuidar de você com todo o amor que ela tem, e ame a da mesma forma,
porque ela te amou mesmo nos momentos mais difíceis.

Eu espero que não seja pedir muito que você me ame também, apesar de não me conhecer, mas
eu quero que você me imagine, nos momentos mais difíceis quero que você pense em mim e tenha
forças, porque eu vou estar lá, te ajudando, mesmo que você não possa me ver.

Do papai, para seu pequeno especial.

S.: Não sinta ciúmes Pearl, afinal você teve mais de mim do que ele jamais terá.

Era difícil ler isso sabendo que o meu Peeta estava ali, mas parecia que não, porque ele não se
lembrava de mim, não se lembrava desse bebê que ele escolheu fazer nascer de qualquer jeito, mesmo
tendo que morrer por isso. Era impossível me manter sã, enquanto tudo que eu queria era tê-lo de volta,
são também.

Antes que eu conseguisse pensar eu já estava em pé e andando em direção ao quarto onde eu vi


o Peeta brincando com a Pearl.

O Gale estava lá, e antes que eu consiga questioná-lo escuto a Delly, mas onde ela está?

– Oh, Peeta, não, não fique assim. Isso não foi sua culpa. – ela consolava o Peeta, que estava
deitado e chorando silenciosamente.

Meu rosto quase gruda no vidro e sai um som estrangulado da minha boca.

– Porque que ele esta chorando? Porque que ela está lá? – quase grito com o Gale.
– Ele precisava saber o que aconteceu, e os médicos não estavam seguros de que se fosse você
a contar ele não a machucaria. – ele viu meu olhar indignado – E você praticamente ignorou o Peeta
nessa semana toda.

Eu baixo os olhos envergonhada.

– Nós sabemos o quanto é difícil para você, - ele disse – mas deve ser pior para ele.

– Sim, - suspiro, eu me sentia irrevogavelmente culpada – mas vocês contaram o que a ele?
Vocês contaram o que o Capitol fez a ele, a teoria do tracker jack?

– Não, isso ele já sabe faz algum tempo. – a expressão do Gale fica infeliz – O Plutarch pediu
que alguém que fez parte da vida do Peeta antes que as memorias fossem alteradas, para dar a noticia
do Distrito 12 e da família dele.

Eu não pensei nisso, em como ele se sentiria quando descobrisse que sua família estava morta,
eu não me importei com como ele se sentiria, só pensei no que eu estava passando, em como eu o estava
perdendo, mas ele perdeu o pai dele, o herói dele, o exemplo que ele sempre teve.

Eu voltei meus olhos para ele que agora estava sentado, com seus olhos completamente
vermelhos e conversava com a Delly.

– Quando foi isso? – ele perguntou, e só agora eu percebi que tinha uma caixa de som no alto
na tela de vidro que nos separava. – Que o 12 foi destruído?

– Quando a Katniss destruiu a arena, a programação parou e nós ouvimos o barulho das bombas.
O Gale conseguiu salvar a maioria das pessoas, - seus olhos enchem de lágrimas – mas meus pais
também ficaram presos na sapataria.

– Eu sinto muito por você Delly. – o Peeta a abraça.

– Eu também por você Peeta, não só pelos seus pais. – ele sorri tristemente – Deve estar sendo
difícil não é?

– Bom... Sim, é difícil saber que todas as suas memorias, todas as suas lembranças são falsas. –
sua expressão fica cansada, desolada. – Por mais que eu queira acreditar em tudo isso, por mais que
ainda a ame, é difícil apagar tudo, as palavras que estão aqui, tudo que eu tentei fazer e as vezes que ela
me rejeitou. É difícil esquecer.

– Mas Peeta eu... Eu não consigo entender como eles te fizeram esquecer-se dela sendo que
vocês têm dois filhos. – Eu fico instantaneamente nervosa, o que será que ele diria a ele?

– Não, nós não temos dois filhos. – diz o Peeta – Eu me lembro da Pearl, e mesmo a Pearl, não
é... Eu não posso te dizer Delly, eu promete a Katniss.
Meus olhos se enchem de lágrimas quando ele demonstra se preocupar comigo mesmo quando
ele acredita que eu não o amo.

– Ela nunca foi dele, não é? – o Gale pergunta e eu aceno – Então de quem é?

– Não me peça para falar disso, foi... Foi horrível. – eu sussurro

– Com assim Katniss? – ele indaga confuso

– Foi o Pacificador, ele me... – eu respiro fundo para conter as lágrimas – Eu estava com a caça
na mão e ele me encontrou, me ameaçou, eu não... Não pude fazer nada.

– Me desculpe Katniss, por ser tão idiota. – ele me abraçou.

– Eu quero ver o Peeta. – disse convicta – Eu tenho uma coisa para mostrar a ele.

Chapter Twenty-Seven

Notas iniciais do capítulo


Hey, eu prometi que estaria aqui e estou.
ESPERO QUE GOSTEM DESSA CONVERSA QUE VAI TER AÍ EM BAIXO, E QUE VOCÊS
NÃO JULGUEM TANTO O PEETA.
Beijinhos.
Ahhhhh claro, EU NÃO POSSO ME ESQUECER DA TEMPERANA, ele chagou agora e parece
que ela leu a fic em uma semana e já RECOMENDOU. Eu agradeço de coração por todos os seus
comentários e por todo o incentivo,eu amei a sua recomendação, MEU EGO FOI NAS NUVENS.
OBRIGADA, OBRIGADA.

– Peeta, você me deixaria entrar? – questiono na porta do seu quarto.

– Sim. – ele diz, parecendo confuso. – O que você veio fazer aqui?

– Eu queria te mostrar uma coisa. – digo me aproximando.

– Vamos você pode sentar aqui. – ele acena para o lugar ao lado dele.
– O Haymitch me entregou uma carta, sua, que você escreveu antes do segundo Hunger Games.
– eu o entreguei – Eu acho que vai te ajudar um pouco. A acreditar em mim.

Ele assente e começa a ler a carta, sua expressão muda durante a leitura, confuso, um pouco
emocionado, algumas vezes de reconhecimento. Eu esperava que a carta o ajudasse, a se sentir menos
perdido, voltar a ser o Peeta.

– Eu que escrevi? – questiona.

– Bom... É a sua letra. – digo, um pouco irritada pela desconfiança.

– É verdade, mas eu não consigo me lembrar. – seus olhos ficam nublados – É difícil, você
poderia me contar a história. O que é real?

– Você quer que eu te conte como nos conhecemos? – questiono.

– Sim, como... – ele fecha os olhos e coloca a mão na cabeça.

– Tudo bem? – pergunto colocando a mão nas suas costas, ele relaxa.

– Não, são lembranças. – diz

– Você quer contar? – falo.

– Eles nos molhavam e depois nos davam choques repetidas vezes, fazendo perguntas e até nós
gritarmos. – ele fala com seus olhos ainda fechados, começa a movimentar o corpo para trás e para
frente. – Quando não era comigo, era com a Johanna, eu ficava escutando seus gritos e ela os meus.
Depois conversávamos a noite toda, para não ter pesadelos, e mesmo assim ficar acordado sempre foi
pior. A Annie, ela não foi torturada, mas não parava de chamar o Finnick e eles não gostavam, e
acabavam a machucando. Era... Era...

Ele estava estremecendo e eu o agarrei.

– Peeta, Peeta, não é real. Você está bem, não está mais nas mãos deles. – sussurro para ele –
Vamos Peeta, volte. Você está bem, você está bem, você está bem.

Repeti isso mais algumas vezes, até que ele conseguisse abrir os olhos e se sentar.

– Obrigada, - diz com um quase sorriso – então você poderia me contar, quando você se
apaixonou por mim?

– Sim, - disse e me ajeitei para começar – eu estava grávida da Pearl e o Gale tinha brigado
comigo, porque eu não contei como tudo tinha acontecido, naquele tempo ele pensava que me amava.

– E não pensa mais? – questiona.


– Oh, não, ele está com a Delly. – digo e ele se espanta.

– Com a Delly, mas ela não me contou. – diz

– Sim, eles se aproximaram depois que nós casamos, e começaram a namorar. – explico – Eles
foram juntos para a festa de aniversário da Pearl. Você lembra que fez um bolo cheio de pérolas para
ela?

– Há algo assim, mas acho que está junto à memorias alteradas, eu descubro às vezes que tem
coisas que eles não conseguiram me fazer esquecer completamente, principalmente sobre a Pearl. –
responde – E como foi que eu entrei nessa história?

– Bom, você ia para a escola com a Prim e eu acabei te conhecendo... Melhor. – começo – Teve
um dia que eu não consegui mais esconder a minha barriga, então você me viu, no tempo eu não sabia
que você me amava e não entendi sua expressão magoada, mas antes que eu pudesse questionar eu vi o
Pacificador e desmaiei. Aparentemente, eu não posso me estressar sem apagar, isso irrita.

– Eu me lembro do desmaio, eu te segurei e te levei para casa, fiquei com você a até acordar e...
Depois eu te levei até a floresta? – indaga.

– Sim, e nós encontramos o Gale, e bom, ele ficou confuso, pensou que você fosse o pai da Pearl
e deixou escapar que você cansou de esperar e resolveu se declarar. – paro um pouco e suspiro, se eu
soubesse como meu problema por estar grávida não era nada – Então você me questionou, já que o Gale
não era o pai da Pearl, quem era então? E eu te contei o que aconteceu...

– Sim, com o Pacificador, ele te encontrou com uma caça, te ameaçou e... – ele não continua,
ainda bem, já era difícil só lembrar, imagine colocar em palavras.

– Sim, isso mesmo. E tinha chegado a minha vez, eu te perguntei o que o Gale quis dizer com
você ter se declarado para mim. Lembra? – pergunto.

– Não. Nas minhas lembranças, você só teve certeza que eu te amava depois de nos casarmos.
– ele diz, infeliz. – Quer dizer, eu nunca tive certeza se você fingia que ignorava, ou não sabia mesmo.

– Peeta, olhando para mim agora, consegue acreditar em todas essas lembranças, você consegue
me ver como essa mulher? Tão insensível assim? – ele me olha, mas não responde – Enfim, você disse
que me amava e me beijou e eu ia dizer que não te amava ainda, mas que estava bem perto, só que você
me interrompeu e me disse que não iria nos largar nunca, nem que eu quisesse. Você já era mais que
um amigo, me ajudava, cuidava de mim, da Pearl e então um dia você chegou com a sua família,
desesperado, dizendo que eles queriam que a gente se casasse.

“Você parecia não gostar, o que confesso me deixou decepcionada, afinal você me amava não
era? Mas você queria que eu te amasse também, queria que fosse de coração. Foram essas as sua
palavras, que não queria que eu casasse com você para que o povo não falasse. Mas eu te amava, mesmo
sem saber, sem te dizer, eu te amava. E quando eu disse que te amava, você ficou tão... Bem, parecia
que era a melhor coisa que aconteceu na sua vida.”

– E na sua? – questiona.

– Sim, eu... Não admitia muito, mas você mudou muitas coisas em mim. Você me ensinou a
realmente me importar com as outras pessoas, não só com a minha família. – eu percebi que não tinha
respondido a sua pergunta – Quando eu casei com você e o ouvi dizendo sim, o sorriso que estava no
seu rosto, o que eu pensei foi: Ele está feliz, porque ele te ama. E quando eu disse sim, eu percebi que
também estava feliz. Então sim, você depois que o meu pai morreu foi a melhor coisa que aconteceu na
minha vida.

Eu o olhei e procurei para ver se o que eu disse fez alguma diferença para ele. Aparentemente
ainda não.

– Mas alguma coisa? – perguntei

– Sim, o bebê? – fala

– O quê? Ele é seu Peeta. – digo indignada – De quem ele seria? Você leu a carta.

– Eu sei, é só... – ele suspira – É só que eu acho que se eu tivesse... Bom, feito amor com você,
eu não esqueceria.

– Ah, sim, realmente. – ele me fez corar, como sempre. Eu agradeci mentalmente por ter
proibido que alguém escutasse a nossa conversa.

– Então, como eu não posso lembrar? – diz.

– Não sei, mas eu sei o que eu me lembro, o que vivi com você. – digo exasperada – Se você
soubesse o quanto foi difícil ultrapassar as barreiras que o Pacificador criou em mim.

– Nas minhas lembranças, esse era o único motivo por eu nunca ter tentado nada com você. –
fala.

– Será que dá para você deixar isso de lado? Se concentrar no que eu te digo e ver se encaixa?
– questiono.

– Se eu chegasse e dissesse para você que não te amava mais, você iria aceitar assim? – eu não
o respondo – Pois é, é difícil colocar as ideias de lado, por mais que eu queira aceitar, por mais que esse
seja o meu sonho. As rejeições, as brigas, os nãos que eu recebi de você, estão aqui e não é fácil tirar.

– Me desculpe, é... – respiro fundo não me permitindo chorar, eu não daria mais essa pressão
ao Peeta. – Tudo bem, eu acho que já te disse muita coisa por hoje. Eu só não quero que você me veja
como inimiga, eu não te trai nem nada do tipo, então nada impede que você fale comigo. Nem que você
saia daqui.

– Eu sei, eu vou... Vou tentar. – eu aceno e saio o mais rápido que eu posso.

Enrolo-me na minha cama e agora sim permito que algumas lágrimas me escapem, mas não é
como antes, eu não me lamento como antes. Acho que por estar mais consciente da situação, mais
consciente de que essa dor não é só minha. Agora fico imaginando o quanto o Peeta me ama, e o quanto
a mente dele trabalha em imagens minhas o ignorando ou não correspondendo aos seus sentimentos,
enquanto na sua frente estou eu, grávida dele.

O quanto é doloroso querer apagar tudo e não conseguir, querer acreditar que aquela pessoa te
ama com a sua mente te mostrando que não. E saber que você foi usado, criado para ser a coisa que
mais machuca a pessoa que você ama.

Isso torna a ideia de ter esse Peeta por perto mais fácil, é melhor o que não tê-lo nunca.

...

Eu estava na sala de comando assistindo ao Distrito 13 tentando derrubar a Noz – que era como
eles chamavam o coração do exercito da Capitol – há algum tempo o Beetee, o Boggs e o Gale haviam
ido para lá e conseguido montar um plano que não era realmente o que eu aceitaria como boa ideia.

O plano era do Gale, basicamente eles explodiriam a montanha causando algumas avalanches e
prendendo as pessoas que estavam lá, os que conseguissem se salvar pelo trem que dá na Praça do
Distrito, encontraria os Rebeldes preparados para mata-los.

Eu sabia que o Gale tinha uma raiva conhecida da Capitol, piorou depois que eles acabaram
com o Distrito, mas a ponto de matar pessoas da mesma forma que os nossos pais morreram me
espantava. Eu tentei retrucar com o Haymitch sobre o plano, mas ele falou que nós não temos como
interferir nisso. Só que eu conheço uma pessoa que não está satisfeita com o Gale e de quem ele não
vai se safar tão fácil. A Delly.

Ela tinha se recusado a falar com ele desde que soube a ideia que ele tinha, eu não pude fazê-la
mudar de ideia. Já que nem eu, depois que as bombas foram jogadas na montanha e as sirenes
começaram a tocar, consegui me manter na sala. Na minha mente, os sons das sirenes traziam as
imagens do dia em que eu perdi o meu pai, as sirenes tocavam na escola e a Prim me esperava, depois
ela se apertando em mim e a minha mãe nos procurando. Principalmente depois que os tiros começam
a soar.

De pesadelos, já bastam os que eu tinha sobre os Jogos.

...
Um casamento era a última coisa que eu pensaria que podia acontecer no Distrito 13, mas o
Finnick e a Annie mereciam. Eu só discordava da ideia do Plutarch de fazer disso tudo um circo que
seria apresentado a todo o Capitol, mas como eles não discordam eu não opino.

Todos estão tão ansiosos para ter alguma coisa para se animar que todos eles participam da
arrumação da festa, das comidas, em qualquer lugar que se vá só se escuta sobre essa festa. E o Plutarch
quase teve um ataque sobre o que a Annie vestiria, eu estava louca para sair do Distrito 13, então me
ofereci para acompanha-la até o 12 e escolher alguns dos vestidos que eu usei para o Tour. Durante a
viagem, eu tentei captar se ela era realmente louca como todos diziam, mas não vi isso. Ela era só
perseguida pelos pesadelos dos Games como todos nós, ela de alguma forma me lembrava do Peeta, os
dois perderam uma parte da sanidade por causa da Capitol, os dois pareciam doces e compreensivos, eu
também gostava dos olhos da Annie, era diferente de toda a sua postura, límpidos e não aparentavam
desespero. O desespero que todos nós carregávamos.

Ela acabou escolhendo um vestido verde água, e o Finnick ficou com um terno adaptado do
Peeta, eles estão radiantes, um garoto do 10 conduz a cerimônia, ele andam por uma rede de pesca até
o altar e uma cantiga que lembra uma viagem ao mar. Depois que selam a união com um beijo, brindam,
o violinista começa a tocar uma música do 12, e eu vejo com alegria o Gale dançando com a Delly –
parece que a briga não durou muito – a Prim dança com a mamãe e a Greasy se sacode. Eu começo a
bater palmas, e depois puxo a Pearl para mim e me sacudo com ela, que solta seus gritos e risos.

Só que eu canso rápido, e a solto no chão, e deixo-a pular até encontrar o Peeta, bom, eu sabia
que ele apareceria aqui de qualquer jeito, já que a Annie e ele se tornaram amigos. Vê-lo ainda fazia
meu coração saltitar e o sorriso idiota aparecia no meu rosto, mas eu tentava me conter e não deixa-lo
mais culpado do que penso que ele já esteja.

– Olá Peeta. – digo quando ele se aproxima.

– Oi Katniss. – ele carrega a Pearl. – Olá pequena.

– Ela quer que você dance com ela. – digo sorrindo.

E ele começa a se balançar com ela, o seu sorriso de volta e os gritos da Pearl também. E as
pessoas estão fazendo um circulo em volta do Finnick e da Annie, enquanto um bolo entra na sala. E
eu simplesmente sei, que não existia ninguém aqui que podia fazer algo tão lindo e bem feito quanto o
Peeta.

– Foi um presente maravilhoso Peeta. – digo e pela primeira vez o seu sorriso, o sorriso do meu
Peeta, é para mim.
Chapter Twenty-Eight

Notas iniciais do capítulo


Olá, eu sei que vocês querem me matar, mas eu tenho boas razões para me ausentar por aqui.
PRIMEIRO: EU ESTOU ENROLANDO, A FIC DEVE TER MAIS TRÊS, QUATRO
CAPÍTULOS NO MÁXIMO, EU NÃO QUERO QUE ACABE.
SEGUNDO: EU AINDA NÃO ESTOU DE FÉRIAS, E MEU PROFESSOR DE QUÍMICA - E
VOCÊS DEVEM SABER O QUANTO QUÍMICA É HORRÍVEL - PASSOU UM TRABALHO
PARA SER FEITO NO RECESSO, O RECESSO JÁ TA ACABANDO E EU AINDA NÃO
ENTENDI O TRABALHO.
EU TO AQUI COM ESSE CAPÍTULO, PEQUENO EU SEI, MAS É SÓ UM GOSTINHO
PARA VOCÊS.
APROVEITEM.

Ele estava voltando, não para mim e nem por mim. Mas estava voltando, todo dia eu o via,
durante o café, almoço, jantar, durante as visitas a Pearl, passando pelos corredores. Eu falava com ele,
ele me dirigia um sorriso ou dois, mas nada a mais que isso. E nós éramos dois estranhos novamente.

Até que o Haymitch diz que ele quer me ver novamente, não entendo porque ele não falou
comigo pessoalmente, mas eu relevo isso e vou ao seu encontro. Ele agora tem um quarto sem toda
aquela coisa de espelho e som, para vigiá-lo.

Bato na porta antes de entrar e como não tenho resposta invado o quarto, e eu ouço o barulho
do banheiro. Fico tentada a voltar e fingir que nunca entrei no quarto, mas uma coisa me prende, há
vários quadros espalhados pelo chão no quarto, mas ele está trabalhando em um. São todos escuros,
alguns mais claros são somente sobre a Pearl, mas os outros escuros são todos sobre nós. Ou sobre ele,
sendo torturado, eu fujo desses. Observo os que são sobre mim, a maioria é sobre o meu rosto, escuro
em momentos que eu desconheço, talvez da sua memória que foi modificada.

Só que o mais recente mostra duas situações se misturando, que me fazem corar, a nossa
primeira noite antes dos jogos, se mistura a uma Katniss distante, eu me lembro de sempre dormir colada
ao Peeta, independente de qualquer coisa, mas nessa imagem eu estou de um lado da cama, espremida,
sem nem tocar nele. E a foto da nossa noite mostra o Peeta me beijando, e essa lembrança me aquece.

Ouço um barulho e me sobressalto ao ver o Peeta me observando, fico com vergonha de ter
entrado sem esperar.

– Me desculpe, eu bati, mas você não respondeu. – ele continua a me olhar sem dizer nada – Eu
sei que não devia ter entrado sem te esperar, só que eu não consegui sair depois do quadro...

– Não tem problema, eu pedir para o Haymitch te chamar exatamente por causa desse quadro.
– ele suspira – Eu me lembrei dessa noite, as imagens não reais estão se tornando confusas e eu sempre
acabo confuso. Mas essa imagem veio ontem, cortada sim, misturada com a lembrança que eu tenho do
resto dessa noite.

– Sim, essa é à noite antes dos primeiros Jogos. – digo e me sento ao seu lado na cama. – Você
lembra mais alguma coisa?

– Não, eu pensei que essa fosse a noite em que... Que você tivesse ficado grávida. – sussurra –
Mas não, eu não me lembro de mais nada.

– Não foi nessa noite. Nessa noite, eu tinha tido um pesadelo e... Você sabe o resto. – coro –
Essa foi a primeira noite em que nós ficamos juntos.

Ele fica em silêncio.

– Em suas lembranças eu sempre fui assim, - ele me olha confuso – distante, fria?

– Em algumas noites sim, depois dos Jogos isso mudou você não conseguia dormir sem mim. –
diz

– Bom... Nós nunca dormíamos separados, só uma vez em que nós brigamos e você dormiu na
casa do seu pai. – falo

– Nós brigávamos muito? – questiona franzindo o cenho.

– Não, e se brigávamos não durava muito. – respondo – E nas suas lembranças?

– Sim, não era fácil, você sempre foi teimosa e queria se defender sozinha. Eu não sabia como
ajudar mais do que já fazia, e você nem sempre queria, pelo menos não antes dos Jogos e de eu conseguir
mostrar meu valor. – ele sorri amarelo – Mesmo assim você ainda me escondia algumas coisas.

– Ouvir você falando como se essa Katniss da sua lembrança fosse mesmo eu, é horrível. –
suspiro e me levanto – Era só isso?

– Não. – ele também levanta – Eu posso?


Indica a minha barriga protuberante.

– Sim, pode. – ele coloca as mãos sobre a minha barriga – Você lembra como a Pearl gostava
de se mexer e de ouvir as nossas vozes. Ele é quieto, não mexe quase nunca.

– Eu lembro que você me fez buscar amoras na floresta. – ele diz rindo – Quer dizer, isso é real?

– Sim, eu ainda não consigo comê-las. – lembro-me de uma coisa que rondava a minha mente
– Você voltou a fazer bolos não foi?

Ele assente.

– E biscoitos? – questiono

– Nunca tentei, por quê? – diz

– Seu pai fazia uns biscoitos que a Pearl amava. – digo sorrindo com as lembranças – Eu ando
sonhando muito com eles pro meu gosto, mas a comida daqui é tão sem graça que nem o Buttercup
aguenta. Será que você os faria para mim?

– Faria. – diz sorrindo.

...

Equipes já foram enviadas para o Capitol, e eu o Mockinjay da rebelião tenho que ficar
escondida, não que eu reclame, já basta de lutas para mim por uma vida toda. E a Coin me garantiu que
eles capturariam o Presidente e o deixariam para mim

Agora, eu tinha um problema para resolver, já que eu não consegui impedir o Gale – que tem
muito fogo e raiva no seu sangue para ser impedido – eu tenho que falar com o Finnick.

...

– Hei, eu posso entrar? – pergunto a ele.

– Pode. – eu me sento ao seu lado.

– Você tem certeza que quer fazer isso?- questiono

– O quê? Ir até o Capitol? – meneio a cabeça – Sim, eu preciso fazer isso.

– Precisar e querer são coisas diferentes. - digo – Você já falou com a Annie?

– Não, eu estou pensando em ir sem avisar nada a ela. – ele diz com uma careta infeliz.

– Você sabe que não é certo, não do jeito que ela está. – falo
– Não acredito que você vai usar o desequilíbrio dela, a Annie não é louca, ela... – eu o calo
com um aceno.

– Não falo disso, mas se você ainda não sabe não sou eu que vou contar. – suspiro e me levanto
– Eu espero que você pense muito antes de fazer isso com ela.

No almoço, eu encontro a Delly, a Annie e o Finnick numa mesma mesa e me junto a eles,
Johanna também. O Finnick irradia uma energia nova e eu sei que ele descobriu, que a Annie está
grávida e desistiu de ir para a guerra.

– Obrigado Katniss. – ele me diz com um sorriso e a Annie também me oferece um.

Ela continua tímida, mas muito longe de toda a loucura que eu imaginei que ela seria. O Finnick
a transforma.

– Eu te deixo acabar com o Presidente comigo. – ofereço um sorriso a ele também.

E ataco a comida, que parece algo feito de carne de verdade pela primeira vez que eu cheguei
aqui. Eu gostaria de estar com a minha família, mas a minha mãe e Prim, tem me trocado pelo hospital
e a Pearl me trocado pelo Peeta, pelo menos o meu pequeno andava sempre comigo.

O Peeta aparece com a Pearl ligada a sua mão, e se aproxima do assento vago ao lado de
Johanna. A Pearl se solta e vem me dar um beijo.

– Olá pequena, pensei que você não sentia mais falta de mim. – ela me dá um sorriso e me
abraça como consolo.

– Já está na hora de você falar Pearl. – eu vivo enchendo a cabecinha dela com palavras, mas
ela não chega nem perto de repeti-las.

– Eu posso me sentar aqui? – pergunta o Peeta a Johanna.

– Claro, nós somos como velhos amigos, depois de escutarmos tanto os gritos um do outro. – as
palavras de Johanna trazem más lembranças a Annie que cobre suas orelhas.

Finnick atira um olhar enviesado a Johanna que dá de ombros.

– Olá Annie, você gostou do seu bolo? – pergunta o Peeta, depois de o Finnick ter a deixado
tranquila.

– Oh sim, obrigado Peeta, estava lindo. – ela dirige seu olhar gentil a ele.

– Foi um prazer. – o Peeta diz – E como vocês estão?

– Eu vou ser pai Peeta. – o Finnick diz com um olhar que eu desconheço nele – Vou precisar da
sua ajuda.
O Peeta sorriu e os parabenizou. Ele tirou uma sacola de algum lugar.

– Katniss, eu acho que saiu parecido com o dele. – meus olhos brilham ao imaginar o que pode
ser.

– Você conseguiu. – quase grito e abro a sacola, com o cheiro enchendo o meu nariz, puxo um
dos biscoitos. – Muito obrigado.

Ele até conseguiu confeitar os biscoitos, eles tinham desenhos de florestas e uma palavra, em
alguns. Keith – floresta em inglês, eu acho, foi algo que vi na escola há muito tempo atrás. Mas deixei
de lado e comi um.

– Peeta, está igualzinho. – digo e continuo a comer – Obrigada.

– Não tem problema. Não se deixa grávidas com vontade. – ele diz e eu sorrio.

A minha vontade era de acabar com o espaço entre nós e abraça-lo, mas eu sabia que era demais
para o Peeta. Demais para mim, quer dizer, pouco para mim.

...

O plano era esse: Uma esquadra comandada por Boggs ia ser mandada a frente a fim de que o
caminho seja liberado para que a Mockinjay, eu, possa matar o Presidente Snow.

Eu mudaria de ideia sobre matar o Presidente Snow, já que eu estou tão grávida, mas o que ele
fez ao Peeta, fez a mim, no fundo o que eles fez a tantas pessoas não me deixa esquecer a vontade insana
que eu tenho de mata-lo, por mais que isso não me faça bem.

Eu também poderia seguir com a esquadra, mas o plano do Distrito 13 de incapacitar o Capitol
poderia matar tanto inimigos quanto aliados, começando com os Pods, são obstáculos que podem conter
qualquer tipo diferente de horror, o que nos faz voltar a Arena de alguma forma para um jogo bem mais
cruel e decisivo.

O Peeta também tinha se metido nessa, eu acreditava que faria mal para sua mente já tão confusa,
voltar à guerra e aos seus pesadelos, mas ele tinha insistido “já que eu carregava o filho dele” – a nossa
relação parecia que nunca voltaria a ser o que era antes, o Peeta não confia em mim, ele nunca se esquece
da Katniss inventada pela Capitol, mas ele acreditava que o bebê era dele, e o amava como amava a
Pearl, o que era bom e ruim ao mesmo tempo – então agora éramos eu, o Finnick – que também tinha
insistido em me ajudar e a Annie concordou – e o Gale, que como sempre não perde uma boa briga.

Eu poderia ficar tranquila e acreditar que todos esses planos dariam certo, mas alguma coisa me
angustiava demais e agora que o Peeta estava tão perto dormir longe dele era um martírio, eu queria
poder abraça-lo, beijá-lo, lembrar nossas noites era horrível. Então a maioria das vezes eu ficava
acordada e velava o sono da Pearl, mas até isso se tornava cada vez mais difícil.
Ela me lembrava do Peeta, a doçura, os olhos, tudo dele, e olhar para ela me dava saudade, de
tudo o que éramos e que jamais seremos.

Chapter Twenty-Nine

Notas iniciais do capítulo


SIM, EU VOLTEI, E ESPERO QUE VOCÊS NÃO DESCONTEM NA FIC A RAIVA QUE EU
SEI QUE VOCÊS ESTÃO SENTINDO DE MIM.
Não tenho como me desculpar pela falta, nem como me explicar, mas eu estou aqui e pretendo
continuar a escrever e terminar a fic, O QUE NÃO VAI DEMORAR MUITO.
Faltam uns dois capítulos, acho.
Sem mais delongas, boa leitura.

Johanna. Ela era uma pessoa difícil de lidar, mas não deixava de ser uma pessoa querida, de
certa forma, depois de tudo que ela passou e sua história – acho que posso colocar assim – com o Peeta,
o que me fez ser solidaria a ela durante todo o seu treinamento, a seu esforço por ser útil, eu sei que se
não tivesse tão gravida, também estaria com toda a minha força lutando para parecer forte e participar
da guerra.

Mas não foi como ela queria, uma das torturas que ela sofria era ser molhada e levar choques, e
durante o teste final – digamos assim – eles inundaram a rua e a levaram a loucura, internada no hospital
sem nenhuma recordação do lugar de onde veio, nem amigos, nem familiares, e eu fui em busca de
alguma coisa que a deixasse em casa, de alguma forma.

Na cama abalada, ela não se parece nem um pouco com a Johanna feroz e cheia de raiva que se
apresenta normalmente para nós, quando eu me aproximei e entreguei o rolo que eu fiz para ela.

– O que é? – questiona com a voz rouca.

– Para você lembrar-se de casa. – digo – Cheire isso.

Eu tinha ido à superfície e raspado um pinheiro, tirado um pouco da sua fragrância e fiz um rolo
do tamanho de uma maça. Afinal ela era do Distrito 7.
– Tem cheiro de casa. – ela diz com lágrimas nos olhos.

– Bom, foi a minha intenção. – digo e me atrevo a fazer um carinho de leve em seus cabelos.

– Katniss, você tem que destruí-lo. – eu sei a quem ela se refere.

– Fique tranquila. – sussurro

– Jure... – insiste

– Eu juro, pela minha família. – digo

Ela finalmente me solta, a quase um sorriso em seus lábios enquanto ela cheira o pacote, seus
olhos fechados. Eu a deixo sozinha.

...

A esquadra de Boggs sai na frente abrindo caminho e indicando abrigos para nós. Nós somos
levados de aerobarco até o D12, e temos que esperar o trem, o que dá tempo ao Peeta de visitar a casa
da família, a padaria. Ele não chora, não sei se isso é bom ou ruim, só fica lá olhando, relembrando,
talvez fazendo alguma promessa.

– Ele teve orgulho de você. – falo me aproximando.

– Eu sei, o que mais me dói é que eu que não ia voltar, estou vivo e ele não. – sussurra – Mas
eu não vou me esquecer e nem vou deixar que esqueçam dele.

– Eu tenho certeza disso. – falo o olhando – Vamos...

Depois de dias no trem, que me fazem me remexer em agonia a noite sem conseguir dormir, e
vagar pelo trem, nos somos deixados num dos tuneis que levam a Capitol, e são mais seis horas andando,
o que foi horrível já que eu não tenho mais esse condicionamento físico e meus pés aguentam mais um
terço do peso do meu corpo, até chegarmos ao acampamento.

– Está tudo bem? –pergunta o Peeta, quando nós finalmente chegamos ao acampamento e eu
paro para observar e descansar.

– Sim, só estou cansada. – digo – Eu não sou mais a Katniss em forma de antes.

– Com certeza. – mais um sorriso, um sorriso do meu Peeta – Mas é por uma boa causa.

Tenho certeza de que nesse momento meus olhos brilham, eu concordo com um aceno, minha
mão vai para a minha barriga instintivamente. O nosso milagre.

Viro-me para observar o acampamento que parece completamente cheio, fica a uns dez blocos
da estação de trem aonde Peeta e eu chegamos para os jogos. As forças da Capitol recuaram para dentro
da cidade, e entre nós estão as ruas cheias de armadilhas. Passam-se três dias até que tenha algo
realmente para os soldados fazerem, mas nenhum de nós tem realmente chance de ir já que eles querem
nos filmar, e mostrar a todos na Capitol e nos Distritos que estávamos prontos para a guerra.

Eu, particularmente não me sinto pronta para nada, no começo dos meus sete meses de gravidez
algumas dores aparecem, principalmente nas costas, então se eles não se adiantassem eu estaria
impossibilitada de matar Snow em pouco tempo.

No quarto dia, uma Soldado é atingida por um pod – uma armadilha que deveria soltar um
enxame de mosquitos, mas atira uma explosão de dardos de metal – e acaba morrendo. Boggs
providencia alguém para substitui-la.

Um dia depois temos que filmar um novo Propos, estão insatisfeitos com nossas imagens, mas
nós temos que fingir com nossas armas, todos temos que nos vestir com roupas especiais e pesadas, o
que não me deixa com um humor muito agradável. Então eu ando pelas ruas quebrando tudo o que
posso, até que alcançamos nosso alvo.

Há uma breve pausa para o ajuste das câmeras e da maquiagem – o que é ridículo, isso é uma
missão ou não? – prosseguimos pela rua e cada um tem um alvo para explodir, mas Gale atinge o alvo
real. Antes de terminarmos temos que fingir algumas cenas com caretas e quedas, era para ser sério,
mas nenhum de nós aguenta a tentativa de um Soldado de parecer desesperado.

Boggs nos ordena a ir em conjunto, enquanto ele examina o próximo pod a ser detonado, acaba
pisando numa pedra no pavimento laranja, engatilhando uma bomba que explode suas pernas. Eu sou a
primeira a alcança-lo, seguida por Peeta, Boggs agarra meu pulso, enquanto homens tentam socorrê-lo,
ele solta algumas palavras, uma ordem “O Holo”. Peeta também ouve e começa a procura-lo, quando o
encontra entrega a Boggs que começa a digitar alguns comandos. Ele fala algo para o Holo, enquanto
eu observo o resto da esquadra que faz um parede em nossa volta, Peeta continua ao meu lado,
parecendo um pouco desesperado, começo a ter medo que ele tenha um ataque agora.

– Diga seu nome. – Boggs exclama e uma luz verde me cega.

– Katniss Everdeen. – falo em automático.

Só ouço a confusão que se instala a nossa volta depois, homens arrastam Boggs por um caminho
que Gale e outra Soldado criam, Peeta me segura e me leva até um apartamento. Boggs está próximo a
mim, empurrando o Holo na minha mão, seus lábios estão se movendo e eu me forço a compreender
“Não confie neles, não volte. Faça o que você veio fazer.” E se foi.

Ainda não compreendo o que aconteceu, e olho para Peeta em busca de respostas. Ele também
me olha, mais perdido do que eu. Aparentemente o Boggs me passou o comando e toda a missão foi
mudada.
– Nós precisamos escapar daqui. Agora. – fala Finnick.

– Eu acho que consigo nos levar de volta para o campo. – Jackson, a segunda em comando se
pronuncia – Me dê o Holo.

– Eu... Eu acho que ele deu isso para mim. – digo.

– Como? Não seja ridícula. – ela exclama.

– É verdade, eu o vi fazendo isso. – diz Peeta.

– Porque ele fez isso? – reclama ela.

Porque realmente?

Eu não sei realmente o que fazer, nem como seguir as suas ordens, mas eu sei qual é a minha
real intenção aqui. Sei o que preciso fazer, mas como eu convenceria essas pessoas a me deixarem no
comando, a me seguirem. Se Boggs confiou em mim, é porque eu devo saber o que fazer. Mas porque
eu não consigo?

– Ela foi designada para uma missão especial, dada pela Presidente Coin, eu acho que Boggs
entre vocês era o único que sabia disso. – eu olho para o Peeta angustiada, que ideia é essa?

– E para o quê seria? – ela não parece nenhum pouco convencida.

– Eu preciso matar o Presidente Snow, antes que essa guerra acabe com a população. – entro na
onda do Peeta com uma facilidade que me espanta.

– Eu não acredito nisso. – diz Jackson – Me dê o Holo.

– Não, nós violaríamos as ordens da Presidente. – digo com convicção.

Armas se levantam algumas para mim, outras para Jackson.

– É verdade, por isso estamos aqui. Plutarch quer tudo filmado, se nós pudermos filmar o
Mockingjay assassinando Snow a guerra acaba, com certeza. – diz Cressida.

Pergunto-me porque ela mente por mim, mas essa não é a hora. O Peeta me ajuda a levantar, é
a hora de seguirmos.

– Nós temos que ir. Se não querem seguir a Katniss, voltem para o campo. – O Peeta avisa.

Um a um todos concordam, mas eu ainda preciso de ajuda não tenho a mínima ideia de como
usar o Holo e como sair daqui.

– Não sei como usar isso, vai ter que me ajudar. Boggs disse que eu poderia contar com você. –
digo para Jackson.
Ela pega o Holo e digita algum comando.

– Nós podemos sair pela porta da cozinha, tem um pequeno quintal e então outro apartamento
na esquina. Quatro ruas se encontram num cruzamento. – me diz.

Nós corremos um sério risco ao sair por um caminho que nós não conhecemos, o Holo mostra
alguns pods mas só os que conhecemos, o pod que matou o Boggs não era conhecido, e ainda pode
haver Pacificadores.

– Botem as máscaras, vamos voltar por onde entramos. – há algumas objeções, mas eu replico.
– Nós não sabemos o que nos encontra, os pods podem ter uma reação em cadeia e ativar outros em
nosso caminho.

Todos se equipam e eu sigo em frente sendo seguida por Peeta, a uma camada de algo pegajoso
e escuro, eu piso e como não me afeta, eu sigo em frente. Quando todos me seguem, eu exclamo.

– Quem quiser ir agora, por qualquer razão, pode ir. – ninguém responde a isso, nem se retira.
Então eu me movo em direção ao Capitol.

Todos se mantem atrás, mas o Peeta se mantem ao meu lado e eu agradeço. Durante o caminho
o gel fica mais profundo, e eu tenho medo que apesar de andar de forma cuidadosa eu ative algum pod.
Alcançamos o cruzamento e eu peço que esperem enquanto observo.

– Esse... Gel, parece que destruiu todos os pods que poderíamos encontrar. – diz o Peeta e eu
concordo.

No quinto quarteirão o gel começa a diminuir e eu encontro um apartamento dois terços abaixo,
alguns homens arrombam a porta e todos entram.

– Obrigado. – digo a Peeta, enquanto entramos.

– Pelo quê? – pergunta.

– Por estar aqui, se não fosse você eu não saberia o que fazer lá atrás. – respondo.

– Eu não fiz nada demais. Nós precisamos continuar e não há ninguém melhor que você para
nos levar. – Eu sorrio, isso é um passo. Pelo menos em algo ele confia em mim.

Eu ia continuar, mas um tremor envolve a sala quando ocorre uma série de explosões ao longe.

– Onde nós deixamos Boggs. – sussurro.

A televisão liga, numa transmissão de emergência, onde nós aparecemos, eles falam que
tentamos nos reagrupar e como perdemos o controle da situação. Passa mais algumas coisas, até que
eles nós dão como mortos.
– Enfim, algo de realmente bom. – diz Gale. – E agora que estamos mortos, o que faremos?

– Será que tem alguma comida por aqui? – pergunto, o que faz o Peeta sorrir.

Eu encontro um local para sentar, enquanto procuram comida. O Peeta traz algo para mim.
Ensopado de Cordeiro. Eu fecho meus olhos e lembro como era bom, apesar de feridos, desesperados
e famintos, eu estava mais próxima do Peeta do que nunca estarei agora.

– Obrigado. – digo.

Novamente a Tv acende e mostra o rosto do Boggs, do Gale, do Finnick, do Peeta e por fim, o
meu. E Snow aparece, parabenizando os pacificadores, honrado-os, até que de repente a Presidente Coin
aparece.

– Morta ou viva, Katniss Everdeen permanecerá a face dessa rebelião. Se você já hesitou na sua
determinação, pense nela e achará a sua força para se libertar de Panem. – diz ela.

– Nossa, não sabia que ela me prezava tanto. – o que provoca sorrisos irônicos em Peeta, Finnick
e Gale.

O Presidente volta, só que eu não me importo muito. Imagino a minha mãe, minha irmã e minha
filha. Em Annie e em Delly, e mesmo nos outros que eu realmente não conheço, mas que contavam
comigo. A minha única vontade é dormir, acordar de volta em casa, na campina, no nosso quarto, eu e
Peeta. Nesse momento ele me olha, eu busco nesse olha algum reconhecimento, alguma luz, algo que
me diga que ele lembra sim. Mas ainda não vem.

– O que foi? – me pergunta.

Mas o que eu posso falar, que eu quero ele de volta, o meu Peeta, o sorriso, o amor, tudo dele.
Só que eu sei que falar não vai me trazer ele de volta, porque ele não pode, só quem pode fazer isso sou
eu. Mostrando a ele que eu não sou a Katniss que ele pensa.

– Estou com medo, preocupada, com saudades da Pearl. Cansada. – sussurro – Só que eu já
estou aqui, e isso é muito importante. Eu não posso fraquejar agora.

– E não vai. – ele segura a minha mão. – Eu estou aqui.

Eu sorrio.

Sim, ele está aqui.

...

Poderia ter aproveitado o tempo para dormir, mas quanto antes eu acabasse com essa guerra,
melhor. Então eu pedi a Jackson que me explicasse os comandos básicos do Holo, o que vai me ajudar
a realmente comandar. Mas ele não nos serve tão bem quanto antes, já que a quantidade de pods foi
amplificada, e como poderemos continuar sem sermos vistos e por onde?

– Alguma ideia? – questiono, já que sei que tomar essa decisão sozinha não é o correto.

– Só temos uma opção. O Subsolo. – diz Gale.

Estremeço, já que eu o odeio mais que tudo. Procuro pelo Holo o subsolo, e apesar de parecer
um labirinto os pods são menos numerosos.

– Ok, vamos apagar a nossa estada aqui. – todos começam a se mover, colocando tudo como
estava exatamente antes.

Eu procuro me levantar com cuidado, já que o bebê se encaixa aos poucos e às vezes machuca.
O Peeta surge do nada para me ajudar.

– Obrigada. – lhe ofereço um sorriso fraco.

– Você precisa dormir. – fala como uma reclamação.

– Bom... Depois de tudo isso aqui, eu vou poder passar muito tempo na cama. – respondendo a
palavra cama, o bebê se mexe de leve, e eu coloco minha mão sobre o lugar.

– Ele está te machucando? – questiona.

– Não, só mexendo, parece que ele concorda com você. – digo.

Ele ri, de verdade, e involuntariamente eu sorrio. Porque o Peeta me transformou numa boba,
completamente apaixonada por ele.

Nós temos que descer pelo tubo da manutenção, que graças a deus tem uma escada. Esse
caminho foi criado para que os Avox pudessem ir e vir sem problemas. Pollux um dos da equipe de
filmagem, que é um Avox, se agarra ao seu irmão como se fosse cair a qualquer momento. Castor, nos
explica que ele trabalhou durante anos no subsolo, ate que eles conseguiram comprar a sua liberdade.
Todos nós paramos sem saber o que falar, ou como continuar.

– Nossa, então você veio a ser o nosso melhor guia. – exclama o Peeta. Castor ri e Pollux esboça
um sorriso.

Passada a tensão seguimos em frente, a afirmativa de Peeta se mostra verdadeira quando Pollux
nos guia sem dificuldade durante seis horas, que é o máximo que eu posso aguentar. Pollux encontra
um lugar aquecido e nos dá quatro horas para dormir, para mim parece o paraíso. Jackson cria um
horário de guarda e sem que eu precise falar não me coloca em nenhuma escala, então eu me encolho e
durmo. O Peeta me acorda meia hora antes das sete, e eu como um enlatado de bata e ensopado de
feijão. Depois me junto a Pollux para lhe mostrar os pods que se encontram no nosso caminho, Peeta
se junta a nos e depois de um tempo, já é hora de acordar a todos.

Um barulho parecido com um assobio começa, mas com as pessoas acordando não consigo
interpretá-los, silencio todo mundo e uma palavra chega aos meus ouvidos.

– Katniss.

Eu dou um salto, aparentemente eles descobriram mais cedo do que eu pensava que eu não estou
morta.

– Katniss, você... – Peeta arfa, seus olhos se arregalam e parece prestes a ter um ataque. – Você
precisa fugir. Vamos.

– O que é isso? – minha voz sai estridente.

– Não sei exatamente, mas eles querem te matar. – ao mesmo tempo em que fala me empurra
para a saída. – Vamos, temos que limpar os rastros.

Nós limpamos tudo, passamos algumas armas para a equipe de filmagem e saímos. Fora da sala
consigo perceber que as mutações estão atrás de nós. Andamos por quase três quadras, até que ouvimos
gritos horríveis.

– Avoxes. – diz Peeta. – As mutações os acharam.

– Então eles não estão somente atrás de Katniss. – diz Leeg.

– Provavelmente só pararão quando a acharem. – explica o Gale.

Os gritos param, e meu nome ressoa mais perto, agora também abaixo de nós. Eu me arrisco
começando a correr, o Peeta me ajuda não me soltando, quando chegamos a uma escada que leva para
baixo, eu começo a respirar com dificuldade. Não pelo esforço, mas pelo cheiro. Rosas, eu começo a
estremecer. Me solto do Peeta e acabo saindo pela rua. Explodo um pod antes que ele possa nos afetar,
e todos correm para me seguir. Lembrando-me do Holo, estou prestes a acabar com outro pod, quando
um que não aguardava prende Messalla, e ela acaba morrendo.

Peeta nos empurra para continuarmos. Ando o mais rápido que posso, mas somos parados por
Pacificadores que atiram sem parar, felizmente ainda temos pessoas na esquadra que estão funcionando
por completo. Do túnel que saímos, começam a surgir às mutações, são brancos, com quatro membros,
do tamanho de humanos, estão nus e tem caudas. Eles decapitam todos os pacificadores e se lançam
sobre nós.
Reagindo institivamente, faço uma curva à direita para evitar o pod, e quando todos se juntam
explodo o cruzamento. Adianto-me por que não sei se isso vai prender as mutações. Sou obrigada a
entrar novamente no túnel, e o cheiro me deixa tão enjoada que o Peeta tem que me manter em pé.

– Pollux tem como nos levar direto para o nível do chão? – o Peeta questiona.

Nós andamos muito e depois de passar pelo esgoto da Capitol, Pollux puxa uma escada.

Percebo então que faltam duas pessoas na equipe, mas sei que não há tempo de salva-as, as
mutações aparecem do outro lado do esgoto, e Gale abre fogo contra elas, o que não adianta já que eles
continuam mesmo depois de uma dúzia de balas terem a atingido. Todos começaram a subir e por mais
que eu queira segui-los o cheiro delas e a sua proximidade me deixa tonta, até que braços fortes me
levantam. Pollux e Peeta estão acima de mim, Cressida vem logo atrás, Gale sobe e ele tenta me
empurrar, mas eu sei que falta algo. Vejo Finnick no meio da escada lutando contra uma mutação.

– Finnick. – grito e o Peeta vêm em meu socorro.

Com sua arma atinge a mutação enquanto o Finnick sobe, só assim eu consigo ativar o Holo e
explodir o cano. Pollux acha sua tampa e fecha todo o terror que acontece abaixo.

Finnick, Gale, Pollux, Cressida, eu e Peeta. Os únicos que restaram.

Polux e Cressida ajudam Gale e Finnick com suas feridas. Peeta se encolhe num canto e eu me
aproximo.

– Peeta? – eu coloco minha mão sobre ele, que estremece.

Quando abre seus olhos, estão vermelhos e dilatados, a íris azul desapareceu completamente.

– Eu estou perdendo, eu vou enlouquecer. Como eles. – sussurra.

Como as mutações, não, eu não deixaria ele virar uma máquina alienada da Capitol. Não
enquanto eu ainda estivesse aqui.

– Peeta? Por favor, olhe para mim. – quando ele me olha, coloco sua mão sobre a minha barriga.
– Nós estamos aqui, não permita que eles nos tirem você. Por favor, eu não vou aguentar sem você.

Eu junto meus lábios aos seus, sinto o gosto das nossas lágrimas. Abro os meus olhos a tempo
o suficiente de ver suas pupilas voltarem ao normal, separo os nossos lábios e o abraço, ele hesita, mas
se aperta contra mim.

– Fique comigo. – sussurro.

– Sempre.
Chapter Thirty

Notas iniciais do capítulo


EU DISSE QUE VOLTARIA, E CÁ ESTOU EU.
Estamos acabando, galera :(. Falta só mais um, EU ACHO. Pode ser que eu tenha algumas ideias
aí.
Mas enfim, boa leitura.

– Para onde agora Pollux? – pergunto.

E ele indica uma escada, deixo os homens e Cressida subirem na frente e eu vou atrás mais
devagar, com o Peeta de escolta. Nós acabamos em um apartamento luxuoso, mas não temos tempo
para ficar e admirar, mas não temos tempo, eles podem vira atrás de nós a qualquer momento, busco
Cressida para saber aonde estamos e ela me confirma que a Mansão está próxima. Temos que correr
porque os ferimentos de Gale e Finnick sequer foram limpos, e a Cressida parece muito pálida, Peeta
está bem agora, mas não sei o que esperar.

Procuramos pela casa e achamos roupas e maquiagens suficientes para nos disfarçar,
escondemos nossas armas com roupas de frio e eu não pareço estar grávida. Estocamos comida pelos
bolsos e alguns suprimentos.

– Todos juntos. – ordeno.

Andamos seguindo o ritmo das pessoa da Capitol, há um momento em que aparecem


Pacificadores e um caminho se abre para que eles passem. Busco Cressida novamente e peço que ela
lembre um lugar para ficarmos. Quando pela janela de um aparamento eu vejo fotos nossas, mesmo
alguns que já morreram, sei que qualquer pessoa pode nos reconhecer.

– Cressida? – a apresso.

– Tem um lugar, não sei se é adequado, mas podemos tentar. – ela diz.
Nós começamos a segui-la até chegarmos em uma pequena rua com um conjunto de lojas mal
cuidadas, há poucas pessoas mas ninguém presta atenção em nós.

– Aguarde para ver as promoções, sai pela metade do preço. – diz Cressida fingindo estar
interessada por roupas de baixo.

Acabamos entrando na loja, a loja é escura e parece pouco frequentada, Cressida se encaminha
para o balcão onde está a dona da loja, que é a pessoa mais estranha que eu já vi. Com certeza passou
por várias cirurgias que a deixou parecida com um felino.

– Tigris, precisamos de ajuda. – diz Cressida.

Seu nome, me faz reconhece-la de algum Hunger Game, era uma estilista talvez, me surpreendo
com seu futuro triste depois de todo o luxo.

– Plutarch nos disse que você poderia ajudar. – continua Cressida.

Não sei se estou feliz por saber que ela é uma das pessoas de Plutarch, já que ela poderia
informar a ele onde estamos e ele por sua vez diria a Coin, mas pelo menos minha mãe ficaria mais
tranquila. Ela parece querer nos reconhecer, então eu tiro a peruca e dou um passo em direção a luz,
isso ativa algo nela que se mexe rapidamente e nos acena um caminho, seguindo na frente. Eles
procuram a minha confirmação para segui-la, sei que não é uma ajuda ideal, mas é a única que temos,
então a sigo.

Atrás de algumas peles, ela arrasta um painel na parede e gesticula para que eu entre. Nesse
momento eu travo, o que me faria segui-la para um sótão, onde ela poderia nos fechar, olho para seus
olhos buscando o motivo da sua raiva do Capitol.

– Snow baniu você dos Games? – pergunto, seu rabo estala em desgosto. – Porque eu vou mata-
lo, você sabe.

Ela me oferece algo como um sorriso e sei que sua motivação é vingança, isso me faz seguir
adiante. Acabo em algo como um porão, amplo e úmido. Quando alcançamos o chão, o Gale parece
prestes a desfalecer, há uma torneira então limpamos sua ferida, mas ele precisa de pontos, no kit para
primeiros socorros a linhas e uma agulha, só que ninguém seria capaz de costura-lo assim, fico tentada
a chamar Tigris que como estilista deve entender algo de linhas e agulhas. Como sei que ela já fez mais
do que podia, cerro meus dentes e me forço a fazer isso. Dou-lhe um remédio depois de ter feito um
curativo e ele apaga.

Pollux e Cressida fazem camas para nós e o Peeta também parece prestes a desmaiar, só que
depois de tudo eles ainda me esperam para saber sobre a vigia.
– Eu acho que nenhum de nós aguentaria ficar de guarda. Vamos só tentar ganhar alguma força.
– todos concordam e se ajeitam.

Eu acabo ao lado do Peeta, como vamos deitar no chão preciso da sua ajuda para deitar, estou
com tanto sono que pela primeira vez não me importo em estar ao lado dele e não poder toca-lo.

– Obrigada por me trazer de volta. – ele sussurra para mim.

– É isso que eu faço, - sussurro de volta – E você também. Nós juramos lembra?

Eu espero que ele me diga não, quando seus olhos ficam nublados, mas sua expressão suaviza
rápido.

– Lembro sim, - acena com a cabeça e há um pequeno sorriso – Ama-lá e protege-la não é?

– Sempre. – sorrio. – Boa noite Peeta.

– Boa Kat. – meu coração bate mais rápido como uma garota que vê seu amor platônico entrando
na sala.

Espero ele virar e dormir, como se eu não estivesse ali, mas ele se mantem perto e quando
finalmente pega no sono, sua mão vaga para minha cintura. Eu me aproveito e faço-o de travesseiro e
durmo.

Quando eu acordo, Cressida e Peeta estão de pé e me informam que já é fim de tarde, eles me
passam comida. E por mais que eu queira evitar minha mente vaga para as mortes, são seis em menos
de um dia, e todos por mim. Porque entraram numa missão para que eu matasse Snow, e isso me mata
por dentro. Mas eu sei que se essas pessoas morreram até aqui, e para que eu completasse essa missão
é porque elas acreditam em mim, então o mínimo que posso fazer é terminar com ela. Matar Snow.

Questiono a Cressida quão longe do Capitol estamos, e ela me diz que pouco mais que cinco
quarteirões, mas mesmo com nossos disfarces e ajuda de Tigris seria difícil passar pela segurança que
com certeza envolve a Mansão. Ouvimos a Tigris fechando sua loja e depois ela nos chama para cima.
Cressida pergunta se ela conseguiu falar com Plutarch e quando ela diz que não, me encho de alivio por
não precisar seguir nenhuma regra do D13. Ela nos dá um pouco da sua comida e assistimos as ultimas
transmissões do Capitol, que informa o quanto nos somos perigosos.

De volta ao porão tentamos de todo o jeito pensar em um plano que nos fara chegar à mansão,
mas nada de bom aparece, no fim acabamos nos ajeitando para dormir de novo.

De manhã nos juntamos na frente da tv de Tigris para ver uma das transmissões de Beetee, que
informa que os carros abandonados são usados para ativar os pods e liberar as ruas para os rebeldes.
– Isso não vai funcionar. – diz Gale – Eles podem desativar os pods e reativá-los quando seus
alvos estiverem ao alcance.

Não demora muito para que sua afirmativa se mostre verdadeira, um carro atinge os pods, mas
assim que os soldados aparecem são mortos. Com isso, Beetee devolve a transmissão para o Capitol,
pelas janelas eu consigo ouvir um tumulto na rua e quando vou observar há uma espécie de evacuação
das pessoas da Capitol, a maioria delas está mal vestida e sem suprimentos, mas os mais preparados
parecem embrulhos. Eu deixo a janela. Tigris se oferece para buscar informações, depois de nos deixar
seguros no porão.

No porão eu não consigo me impedir de pensar que nossa melhor chance de ir até a mansão é
essa multidão. Eu não consigo imaginar o que nós ganhamos aqui em baixo, praticamente estamos
esperando que o D13 capture o Capitol, pode demorar semanas isso e mesmo que consiga o que eu
faria, não sei se seguir com o plano sem as ordens de Coin fez a minha imagem melhorar para ela. Além
disso, não sei se caminhei por isso tudo, nem perdi tantas pessoas para dar a vitória aquela mulher.

Por volta das seis a Tigris volta e com ela um prato de presunto e batatas e eu quase babo, na tv
passa que todas as pessoas devem acolher uma certa quantidade de pessoas na sua casa, por suas
palavras: o Presidente conta com eles para serem hospedeiros entusiasmados nesses momentos de crise.
Ele continua dizendo que mesmo o Presidente cedeu uma parte de sua Mansão para refugiados, e que
mesmo algumas lojas terão que ceder espaço.

– Poderia ser você Tigris. – exclama o Peeta.

Sim, o que nos faz temer, já que quanto tempo mais teremos. O Pacificador me faz tremer
quando informa que um garoto foi agredido por parecer com o Peeta, e fora os cachos, ele é tão parecido
com o Peeta quanto o Gale. Ele está próximo a mim então involuntariamente me aproximo e aperto sua
mão. Ele não parece surpreso.

Quando voltamos ao porão todos concordam que se o Presidente vai ter que aceitar algumas
pessoas na sua Mansão, nós poderemos tentar passar escondidos, mas todos de nós seria um risco. Seria
preciso de Pollux e Cressida para nos guiar, mas eu insisto para Finnick ficar, ele não aceita, eu não sei
o que fazer com Castor, mas acho uma solução quando eu percebo que Cressida seria mais aceita como
companhia para Tigris do que ele.

Depois de mais uma noite confusa, chega o momento em que temos que sair. Tigris repara as
nossas vestes e a nossa maquiagem nos deixando exatamente iguais aos refugiados rebeldes.

– Nunca subestime o poder de um estilista brilhante. – por debaixo das tiras posso ver Tigris
corar, e eu sei que mais uma não resistiu ao charme do Peeta.

– Então vamos. – digo


Deixo Castor e Pollux saírem na frente, eles nos guiariam no meio da multidão, e então me
preparo para sair com Gale, Finnick e Peeta. Quando percebo todos se mexerem menos Peeta me viro
para questioná-lo.

– Eu não vou agora. – meus olhos devem mostrar muita confusão porque ele se apressa em
explicar. – Você viu o que eles fizeram com aquele garoto. Você tem quem te proteja Kat, eu vou ajudar
como uma distração.

Lágrimas sobem aos meus olhos e eu não me impeço de abraça-lo, ele me aperta em seus braços
também.

– Eles vão te tirar de mim de novo. – sussurro

– Eu não vou deixar. – me responde – Nós temos que ficar juntos.

– Sempre. – sussurro – Por favor, não faça nenhuma besteira.

Enxugo minhas lágrimas e estou prestes a sair, quando ele me puxa de volta.

– Eu não sei se esqueci a Katniss criada pela Capitol, nem tudo que a minha mente me diz que
ela fez. – fala o Peeta – Mas eu sei o que a Kat, essa que está aqui me mostra, e eu não consigo deixar
de acreditar no amor que ela sente por mim, nem esconder meu amor por ela.

A única coisa que posso fazer é beijá-lo. E esperar que tudo isso acabe para que eu tenha o meu
Peeta de volta, para sempre.

...

Seguir toda aquela multidão até a Mansão do Presidente não foi fácil, principalmente porque na
metade do percurso começaram tiroteios uma dúzia de pods foi desbloqueada e no fim só sobraram a
mim e o Gale.

Atingido por um pod que cria uma fenda na rua o Gale acaba encurralado entre o precipício e
uma porta que não se abre de jeito nenhum, eu acabo tendo que romper a porta com alguns tiros para
que ele se salve, mas o momento não pode ser aproveitado já que Pacificadores o capturam.

– Gale!! – grito, mas não posso alcança-lo, nem salvá-lo.

– Vá! – leio suas palavras, já que não consigo ouvi-lo.

Completamente sozinha, eu sigo, não me deixando pensar em como Castor, Pollux e Finnick já
podem estar mortos, mas espero que o Peeta que saiu depois esteja atrás de mim, de alguma forma me
cobrindo. Eu arrumo a capa de forma a esconder meu rosto e ando com algumas pessoas velhas, quando
chegamos ao final do cruzamento eles param e eu quase esbarro neles. Estamos na Cidade Circular.
Andando por cima de coisas perdidas e pessoas mortas me meto no meio da multidão e observo
meu caminho até a Mansão, quando atravesso mais da metade do caminho, percebo que há uma
barricada de concreto, cerca de quatro metros de altura, repleto de pessoas que seriam abrigadas, creio
eu. Mas quanto mais perto eu chego, percebo que todos dentro da barricada são crianças e adolescentes,
completamente assustadas. E presas lá dentro, guardadas por Pacificadores, minha mente dá um estalo,
e eu percebo que o Snow nunca quis proteger essas pessoas, ele queria proteger a si mesmo.

De alguma forma, minha mente consegue funcionar e eu continuo seguindo essas pessoas, até
encontrar uma falha, a barricada não se estende em volta da Mansão toda, e é por esse local que eu
consigo entrar. A entrada sem pacificadores me deixa apreensiva e mais ainda por eu não saber em que
lugar me encontro. Ando sem rumo por um tempo até encontrar uma janela que dá diretamente para o
local onde estão as crianças, ainda acho suspeito os pacificadores se manterem na rua e segurando as
crianças na barricada e o Presidente não querer uma patrulha na sua casa.

Meu raciocínio é impedido por uma confusão na rua, a multidão se abre para a esquerda e elas
gritam, percebo o exercito rebelde chegando ao longe e as pessoas se dirigem a rua novamente eu espero
que alguns pods sejam ativados, mas não acontece. O que acontece é que aparecem aerobarcos do
Capitol que soltam algumas dezenas de paraquedas diretamente sobre a barricada, mesmo nessa
confusão os jogos as ensinaram o que os paraquedas trazem. A mim também, suprimentos. Minha
impressão se mostra equivocada quando os paraquedas explodem, matando imediatamente muitas
crianças e deixando outras agonizando.

Os Pacificadores correm, como se não soubessem disso, e criam um caminho para estas
crianças. Surgindo do nada, outro bando de branco surge, mas esses são médicos rebeldes, eu acho
arriscado principalmente enquanto ainda existem paraquedas nas mãos de algumas crianças.

Mas antes que eu consiga ver o desfecho da situação, sou puxada para trás pelos cabelos, um
Pacificador rapidamente aperta a minha garganta e impossibilita as minhas mãos. Eu me repreendo
mentalmente pela minha falta de atenção, eu sabia que uma hora ou outra um Pacificador apareceria.

Eu me debato, mas sei que não adiantaria só faria retardar a chegada dele aonde quer que ele
quisesse me levar e se ele se irritasse seria pior porque ele poderia acabar me machucando, então desisto
deixo ele me arrastar. Percebo o meu caminho quando eu sinto, o cheiro puro e limpo, muito mais forte
do jamais senti, que me enoja da mesma forma, o cheiro das Rosas.

Passamos por uma porta de vidro e ele continua me arrastando pelo jardim, creio que o plano
de Snow é me torturar com esse cheiro das rosas, apesar de tudo elas são magnificas, de várias cores,
até que chegamos às rosas brancas e eu sinto mesmo antes de vê-lo.

– As cores são lindas não é? – ainda não consigo vê-lo – Mas nada diz perfeição como branco.
O Pacificador me arrasta um pouco mais e o encontro sentado num banco, elegante como
sempre, mas sua pele está verde e em sua mão há um pano manchado com sangue, somente seus olhos
continuam os mesmo, brilhantes e frios.

– Sabia que você encontraria o caminho dos meus aposentos.

Chapter Thirty-One

Notas iniciais do capítulo


NÃO DEIXEM DE LER AS NOTAS:
Olá pessoas, então eu estou muito preocupada com vocês, a fic tá tendo uma quantidade legal de
visualizações, mas ninguém responde as minhas perguntas, eu não sei o que fazer, se isso quer
dizer que ta tudo bem e eu posso continuar ou que vocês estão tão confusos que até desistem de
tentar entender. Por favor, não estou mendigando comentários, estou realmente preocupada com o
andamento da fic e sem o retorno de vcs não posso fazer nada.

– Ela é nossa convidada. – diz Snow – Solte-a, traga uma cadeira.

Ele faz isso, e eu tomo ar, atônita demais para fazer algo contra ele, ou curiosa para saber dos
seus planos. O Pacificador traz um banco igual ao do Presidente.

– Agora se retire. – diz ao Pacificador, o que o deixa surpreso e a mim também, surpresa de
mais para falar até. – Um golpe de mestre de Coin, não?

Franzo o cenho em confusão, ela é uma estrategista com certeza, mas a quê exatamente ele se
refere.

– Eu estava prestes a me render. – dessa vez meu rosto se abre em surpresa – Dá para ver que o
jogo acabou nesse ponto, é desnecessário jogar esses paraquedas.

Mas o aerobarco é dos Capitol.

– Você mandou os aerobarcos. – digo.


– Você acha que se eu tivesse um aerobarco, eu não o usaria para fugir. Além do mais, não havia
razão para eu detruir crianças do Capitol. – ele pausa para tossir. – Mas tenho que admitir que foi uma
ideia e tanto, dessa forma ela destruiu com qualquer aliança, ainda que frágil, do meu povo comigo. A
minha falha foi não ter me preocupado com Coin, uma besteira já que com treze anos ela iniciou a
rebelião que levou aos Dias Negros, e os abandonou com a mesma facilidade. Mas eu estava de olho
em você, Mockinjay, em Peeta também, mas esperava que eu tivesse o deixado incapacitado o
suficiente. Temo que todos fomos tomados por tolos.

Eu não recuso que isso seja verdade, me lembro do tempo que fiquei na sala de armamento
especial do 13, e lembro das ideias deles, seguiriam as regras do Capitol. Mas eu não deixaria o gostinho
ao Snow, principalmente pelas suas palavras sobre o Peeta.

– Não acredito em você. – digo, e espero mantê-lo falando e pensaria numa forma de escapar e
acabar com ele.

– Querida Senhorita Mellark, pensei que tínhamos concordado em não mentir para o outro. –
fala balançando a cabeça com decepção.

– Eu não tenho que cumprir nenhum acordo com você. – deixo toda a raiva que tenho dele
transparecer na minha voz.

– Sim, devo imaginar que isso tem a ver com o Peeta. – sua voz se mantem calma – Seguindo o
exemplo de Coin, você deve saber que para ter o que nós queremos somos capazes de tudo. Você sabe,
eu fui capaz de minguar pouco a pouco a vida de pessoas em doze distritos e destruir um, só para manter
a minha falsa ideia de paz e poder, e vocês acabaram com isso assim.

Ele estrala os dedos.

“Não espere nada menos que destruição de mim Katniss, se essa pessoa estiver no caminho.”

– Eu estou no seu caminho, porque você não acaba comigo? – questiono.

– Acabou Katniss, destruir você não vai mais trazer tudo o que eu construí de volta. Você era
para ter morrido há muito tempo atrás, só que eu falhei nisso, assim como eu falhei em manter todos
vocês submissos. – explica.

– Sim, mas me matar ainda vai trazer muitos prejuízos para Coin. – não sei por que eu insisto
na ideia da minha própria morte, mas estar aqui sem ser ameaçada por Snow me causa muitas dúvidas.

– Não estou acima de matar você, mas eu não sou um desperdiçador, levo a vida por razões
especificas, e sei que você dará mais trabalho a Coin viva, do que morta. Como foi comigo. – conclui.

Eu espero algo mais dele, só que não dá tempo, o Snow começa a tossir e o pano na sua mão se
enche de sangue, ele desiste do pano e enquanto seu sangue se derrama pela boca e ele enverga pelo
chão, seus olhos são os mesmos, o olhar de divertimento perverso que ele teve por toda a vida. No chão
ele continua colocando sua vida para fora. Até que a porta é aberta, arrombada não sei, tão perdida na
ideia de morte de Snow.

Mas antes que tudo chegue ao fim, sou puxada para fora por alguém. Não sei quem, pois a
imagem de Snow, todo o monstro que ele foi e seu final tão simples, sem dor, sem tristeza, aliás, sua
maior tristeza foi perder seu poder, só que ainda é pouco, muito pouco, quase nada pelo que ele nos fez
passar.

Me soltam fora do quarto para que fui arrastada, e a confusão lá fora toma completamente a
minha cabeça. A imagem de todas aquelas crianças e até das pessoas do D13 mortas me faz entrar em
uma crise de nervos. Sinto as lágrimas caírem, também sei que estou tremendo, mas eu não consigo me
focar em outra coisa, nem fechar os olhos adiantaria.

O pior de tudo do que Snow me falou é que eu faço parte disso, irremediavelmente, mesmo sem
saber. Eu conhecia Coin, seu desejo assassino sobre Snow e para destruí o Capitol, não estava ligado a
nada do que acontecia nos Distritos, estava ligada a ela, ao poder que ela queria, talvez ela fosse
minimamente melhor que Snow, mas não o suficiente para nos trazer a paz de volta.

Sua afirmativa para mim se mostra verdadeira agora, não sei como, mas a minha raiva de Snow
se transfere a Coin, com sua forma mais egoísta e manipuladora de levar as pessoas a seguirem suas
ideias sem querer realmente salvá-las e sem pensar em ninguém mais que si mesma. Sei que como mãe,
um pouquinho de todas essas crianças aqui hoje, também são minhas, e eu sinto a morte delas.

Sinto braços se fechando em volta de mim, mas não tenho mais forças psicológicas para tentar
reconhece-los, simplesmente deixo meus olhos se fecharem.

...

– Katniss? – ouço e me forço a abrir os olhos.

Vejo quatro pares de olhos azuis e por um momento penso que estou vendo tudo quadriplicado,
mas percebo as diferenças. Pearl, Prim, Peeta e minha mãe. Minha família. Todos vivos. Começo a
chorar de alivio, antes mesmo que eu possa sentir algo como alegria. O Peeta coloca a Pearl ao meu
lado e seus olhinhos começam a ficar tristes e confusos, até que eu a puxo para mim.

Seu cheirinho continua o mesmo, e sua forma de encaixar a cabeça no meu pescoço também, e
finalmente consigo sorrir.

– Eu senti sua falta. – sussurro para que só ela me escute – A mamãe te ama.

Ela retira sua cabeça dos meus ombros para me olhar, como se entendesse e nunca tivesse
duvidado disso.
– Filha você está bem? – minha mãe pergunta.

– Fisicamente sim. – ela assente como se soubesse.

– Eu te alertei sobre a pressão em que você estava submetida e que isso poderia prejudicar vocês.
– começa e eu sei que não vem muita coisa boa daí – Por causa disso, as defesas do seu corpo diminuem
o que pode trazer mais riscos ao bebê, desde um parto antes do tempo até problemas de saúde. Então
você vai ter que ficar por um tempo aqui, até as coisas acalmarem e não afetarem mais a você
diretamente.

Eu tenho total consciência do que eu fiz o meu bebê passar, mas não deixa de doer saber que eu
fiz tanto mal a ele. Eu aceito com tranquilidade ficar aqui, seria até bom esquecer tudo o que acontece
lá fora por um tempo mesmo que superficialmente.

– Agora eu vou ajudar as pessoas que ficaram feridas. – me dá um beijo na testa. – Você é uma
guerreira, eu sou agraciada por ter você como filha.

Eu abraço ela, a minha mãe, que depois de tanta coisa, nunca pensei que chegaria a ser minha
amiga e me ajudaria tanto.

– Também tenho que ir Katniss. – a Prim me beija na bochecha – Se cuide.

Meus olhos vagam pelo lugar que estou, algum quarto abandonado da mansão, e param em
Peeta.

– Você está bem? – pergunto.

– Nada fora da minha noção normal de bem. - ele fala, mas não se aproxima.

Depois da nossa despedida eu pensei que as coisas mudariam, mas devia imaginar que não seria
tão rápido.

– Como eu cheguei aqui? Dormi por muito tempo? – questiono, sem me preocupar com a
mudança drástica de assunto.

– Quando eu te achei, você parecia em choque, então te coloquei no primeiro quarto que achei.
– então tinha sido ele, sempre a me salvar – Quando os rebeldes começaram a invadir o Capitol as
principais pessoas envolvidas foram trazidas do Treze para cá. Sua mãe, Prim e a Pearl, por você e por
que elas podiam ajudar com os feridos. A Annie porque estava desesperada pelo Finnick, Johanna que
se recusou a deixa-la e Delly por causa do Gale. Além de Haymitch, Plutarch, Beetee, Coin e os outros.

– E como você chegou aqui tão rápido? – pergunto

– De primeira, eu estava atrás de vocês até que a confusão ficou muito grande e o tiroteio
começou, eu me meti no meio dos soldados rebeldes, sorte nenhum pod nos atingiu. Vi de longe as
crianças sendo mortas, - seus olhos nesse momento ficam perdidos – enfim, junto com eles eu consegui
entrar aqui. Entre achar o Presidente e te achar foi rápido.

– Foi ela. – ele franze o cenho – Que matou as crianças, tudo pelo poder.

Ele só faz assentir, não sei se seu silêncio me incomoda ou alivia, esperava algo como uma
negação, ter certeza de algo sempre é pior.

A Pearl se mantinha tão calma que eu suspeitava que ela dormia, mas assim que eu mexi no seu
cabelo, ela me olhou.

– Mamãe. – assim perfeitinho, com o som da sua voz fininha e doce.

Minha boca se abre num O de surpresa e as lágrimas voltam.

– E você que vivia falando que ela ia dizer papai primeiro. – o Peeta fala sorrindo.

Eu puxo o meu bebê para mim, curtindo o meu momento um pouco mais. Até que minha mente
estala, o Peeta se lembra disso?

– Você lembra? – questiono.

– Ahh, sim. – se aproxima – No fim, você sempre vai ser a minha cura.

Eu puxo ele para mais perto de nós, não é como se tudo tivesse acabado, nem como se nossa
vida tivesse voltado ao normal. Mas eu os tinha ali, e nada importava mais que isso.

...

Meus dias se passam tranquilos, ninguém se ousa a contar nada a mim, a não ser que se tenha a
autorização da minha mãe. Quase duas semanas depois sou obrigada a sair do meu quarto, por uma
reunião que a Coin organiza. Então eu tenho que me ajeitar, minha equipe aparece em uma mistura de
visita e ajuda, já que eu estou muito grande. Para minha surpresa a Effie aparece também, toda pomposa
como sempre, com sua peruca dourada da nossa última despedida.

– Effie! – exclamo e me jogo em seus braços.

– Oh Katniss, como você está linda. – me dá um beijo no rosto, e eu percebo que apesar de tudo
ela tem o mesmo olhar vago que Peeta às vezes – Vamos, por que hoje será um grande, grande, grande
dia!

Não me impeço de rir dessa vez, e concordo com ela que me leva a essa tal de reunião.

Ela me leva a uma sala, onde eu encontro Johanna, Peeta, Haymitch, Beetee, Finnick e Annie,
Enobaria, todos usando a roupa do D13.
– O que houve? – questiono.

– Katniss, - Annie sorri para mim – você está linda!

– Tiraram o dia para me dizer isso hoje. – digo sorrindo. – Obrigada Annie, você também é
linda.

Ela cora e eu espero por uma resposta, acabo ao lado do Peeta.

– Algo como um encontro dos vencedores restantes. – diz Haymitch.

– Só sobramos nós? – falo surpresa.

– Sim, o Capitol matou quem pensou ser rebelde e vice-versa. – diz Beetee.

Coin entra e se senta na ponta da mesa, espero que ela vá direto ao ponto.

– Eu os chamei aqui para resolver um impasse, muitos dos lideres de Panem já foram julgados
e serão mortos, mas para as vítimas isso ainda parece insuficiente. – seguro a minha língua para
questionar se é para as vítimas ou para ela – Muitos desejam a morte de todos no Capitol, mas sabemos
que isso não é viável. Então, criamos uma alternativa, os vencedores votarão a maioria vence. A
proposta é que em vez de eliminar a população do Capitol, faríamos um último Hunger Game, somente
com as crianças da Capitol, relacionadas as pessoas que tinham mais poder.

Arfo em choque. Como ela pode, não estava satisfeita com todas as crianças mortas.

– Devo adicionar que se for feito, será conhecido a aprovação de vocês. – continua ela.

– Essa ideia foi de quem? – questiona o Peeta.

– Foi minha, - assume Coin e eu vejo vermelho – Pareceu equilibrar a necessidade de vingança
com o mínimo de perda. Podem votar.

– Eu voto sim. – diz Johanna – Snow ainda tem uma neta.

– Eu também. – diz Enobaria, com indiferença e eu a olho com desprezo.

– Eu voto sim. – diz Haymitch, e ele eu realmente não posso culpar, eu sei tudo que ele perdeu,
mas não significa que eu sinta menos.

– Nós votamos não. – diz Finnick e a Annie acena com a cabeça.

– Eu também voto não, acho que foi por isso que nos rebelamos. – fala o Peeta.

– Estamos por você Katniss. – diz Coin

– Eu voto não. – digo – Só conheço dois assassinos de crianças, não quero ser igual a eles.
Mantenho meu olhar nela, para deixar claro que ela pode enganar e esconder isso de todo
mundo, mas não de mim.

– Tudo bem, então. Isso termina a votação. – ela é a primeira a sair.

O Peeta me oferece um sorriso, e todos começam a sair, me mantenho para falar com Finnick.

– Vocês não foram me visitar nem uma vez. – reclamo com eles.

– Desculpe, estamos tentando nos manter longe disso tudo também. – ele se explica.

– Sim e o Distrito 4, tem como vocês voltarem para lá? – pergunto.

– Oh sim, já estamos vendo isso. – diz Annie

– Voltaremos para lá ainda essa semana. – completa o Finnick.

– Que bom, também queria voltar para o Distrito 12, mas eu não sei como ele se encontra. –
sussurro infeliz.

– Tenho certeza que você vai voltar logo para sua casa. – diz Annie com seu costumeiro sorriso
doce.

– Eu espero. – me despeço deles e vou para o quarto.

Estão todos lá como sempre, minha mãe e Prim, Peeta e Pearl. Haymitch.

– Haymitch, você sabe quando nós voltaremos para o D12? – ele me olha surpreso e olha para
minha mãe.

– Katniss, você sabe que não devia ficar passeando por aí, é perigoso. – diz minha mãe.

– Mãe eu quero que ele seja do D12 também, - digo – Nós somos do Distrito 12, ele também
tem que ser.

Ela concorda e o Haymitch sai para providenciar tudo.

...

Meia semana depois o Haymitch nos avisa que podemos arrumar tudo. Espero ansiosamente
pela hora em que estaremos em casa novamente mesmo que tudo não seja mais da mesma forma. A
Pearl está dormindo, depois de o Peeta ter a ninado, nós não temos conversado muito, mas ele se mantem
aqui vejo em seus olhos cada vez mais sinais de que ele está de volta, só não sei o que o mantem distante
de mim.

– Peeta? – falo para chamar a sua atenção.

– Oi? – me olha, e eu quase perco a linha de raciocínio.


– Você vai voltar? – pergunto.

– Para o Distrito 12? – eu aceno afirmativamente – Vou sim, para onde mais eu iria.

– Não sei, você perdeu tudo que tinha de lá, a sua família. – sussurro.

– Sim, meu pai. – seus olhos ficam tristes – Mas a minha família está aqui, e eu não vou ficar
em lugar nenhum que ela não esteja.

– Nós somos sua família? – questiono, e sei que meus olhos devem estar brilhando, porque ele
parece estar se divertindo.

– Claro. – é a única coisa que eu preciso.

Chapter Thirty-Two - Part I

Notas iniciais do capítulo


Eu nem sei o que dizer a vocês aqui, se sequer alguém ainda acompanhar essa fic, mas eu peço
desculpas, não teve um motivo que me fez desistir da fic e ela sempre esteva aqui na minha mente,
sempre uma voz dizendo você tem que acabar o que começou, tem pessoas esperando por isso.
Mas em um momento eu travei, não sabia o que escrever, acho que era o medo do fim, escrever e
recria o casal Kateeta foi uma maravilha para mim, especial mesmo, ser reconhecida e gostarem
do que eu escrevo, melhor ainda.
Sei que decepcionei muita gente, inclusive a mim mesma, mas eu estou aqui para reparar o meu
erro.
ENFIM O FINAL DA FIC.

Nós pousamos já na Vila dos Vitoriosos, a poucos passos da nossa casa, mas mesmo na parte
mais intacta do Distrito a aura de destruição pode ser sentida, a grama não está tão verde, tudo parece
ser coberto de pó e as flores que o Peeta mantinha foram completamente destruídas, só que mesmo
assim esse era o meu lugar, a minha casa, tudo que eu ainda tinha.
E ao longe eu ouvia barulho de gente, eu tinha certeza de que como eu, muita gente não sabia
para onde ir, reconstruindo o Distrito, concertando a única casa que nós tínhamos.

– Vocês estão entregues, agora eu vou ver o que restou na minha casa. – isso foi o Haymitch,
por muito tempo eu pensei que ele tivesse preso aqui, que a única coisa que o mantinha aqui era o
Presidente, mas para ele também esse lugar era o único que restava.

– Tudo bem, se precisar de algo nós estamos aqui. – Peeta diz.

Fomos só nós que voltamos, o Peeta, eu e a Pearl. A minha mãe e a Prim foram chamadas para
cuidar de algumas pessoas no D4, foram com a Annie e o Finnick, o Gale e a Delly foram para o Dois,
recrutaram ele para algum trabalho por lá, a Johanna voltou para o Sete, o Beetee continua ajudando o
novo governo. Eu sentiria falta de todos eles, de alguns em especial. A minha mãe voltaria em breve,
quem mais a não ser ela poderia fazer o parto do meu bebê.

Nós encontramos a casa limpa e quente, tem comida também. Tudo trabalho de Greasy Sae, ele
tinha uma loja no antigo Hob, que foi destruído depois do Tour e da confusão com o Distrito 8, em uma
breve conversa ela explica que enquanto limpam o Distrito e constroem novas casas, todas da Vila
foram ocupadas, menos as que tinham Vitorioso, no caso a do Haymitch, a minha e a do Peeta, que
permanecia dele mesmo ele não morando lá.

– Não se preocupe Greasy, informe a uma dessas pessoas que podem ocupar a outra casa, eu
não preciso dela. – eu sabia que o Peeta faria isso, antes mesmo dele abrir a boca.

A Greasy agradece e se retira. A Pearl dormia desde que entramos no Aerobarco e como já era
quase noite, eu a acordo para que ela possa comer e voltar a dormir, dessa vez pela noite toda.

– Vamos acordar Pearl. – como toda criança ela faz manha, mas assim que eu pronuncio a
palavra banho, ela acorda como se nunca estivesse dormindo e já me puxa.

Levanto-me para acompanha-la, mas ela para e olha ao redor.

– O que foi pequena? – pergunto, chamando a atenção dela para mim.

Ela aponta para a escada e acena que não, me indicando que no nosso caminho não existia isso
antes.

– Você não se lembra de casa Pearl? – questiona o Peeta.

– Não. – responde, ainda era estranho ouvi-la falar, mesmo que tão poucas palavras.

– Essa é a nossa casa, foi aqui que você nasceu. – informo.

Não sei se ela entenderia, nem porque ela não se lembrava, e sei que isso tudo em parte é culpa
nossa, mas eu tinha certeza que a partir de agora a realidade seria outra, nós faríamos de tudo para que
ela não se esquecesse de onde veio, que amasse esse lugar como nós amamos e que entenda que tudo
que fizemos foi para que ela pudesse viver bem.

– Agora vamos Pearl, eu vou te dar banho e a mamãe vai botar a sua comida. – o Peeta carrega
ela pela escada, enquanto eu ainda estou remoendo a informação.

Só que eu sei que não adiantaria, sofrer mais não adiantaria só faria com que eu desistisse, com
que tudo pelo que eu passei, todas as pessoas que morreram não tivesse sentido, não tivesse um por que.
Então eu sigo em frente, sempre, hoje indo até a cozinha e colocando a mesa, esquentando a comida
que Greasy deixou para nós, e quando eles demoram demais. Esforçando-me para subir a escada e
encontrando uma festa no banheiro.

– Eu pensei que isso fosse um banho. – digo, assustando os dois que param imediatamente.

– Mamãe. – a Pearl me dá seu sorriso mais lido e convincente, e eu quase me derreto.

– Vamos o inverno está acabando, mas ainda está muito frio. – informo.

O Peeta a enrola numa toalha e me entrega, ele está todos molhado.

– Acho melhor você também tomar um banho quente. – digo quase rindo.

– Acho que você tem razão, já vou indo. – responde enquanto eu saio.

Quando o Peeta aparece, eu estou dando a comida a Pearl.

– Você demorou. – sai quase como uma pergunta.

– De uns tempos para cá, eu não gosto mais tanto de água assim. – me repreendo assim que ele
termina de falar, as torturas que ele sofreu foram as mesmas da Johanna, era difícil para eles lidar com
a água.

– Sinto muito Peeta. – sussurro.

– Não tem problema. – ele sorri para mim, eu não resisto a sorrir de volta – Você quer que eu
dê comida a ela? Eu não estou com fome.

Eu não podia negar que eu estava e com muita, então aceitei. E no tempo que ele terminava de
dar comida a ela e a colocava para dormir, eu acabava a minha comida.

– Você devia comer alguma coisa. – insisto assim que ele volta à cozinha.

– Sim, senhora. – brinca, sentando-se a mesa e se servindo.

Em alguns momentos eu me questionava sobre o que eu queria, porque quando o Peeta estava
distante e frio, eu não suportava a sua ausência, mas agora que ele está aqui e voltando a ser o mesmo,
eu achava estranho. Acho que tudo o que nós passamos, nos mudou e nos fez ser pessoas diferentes,
mais maduros e mais sérios, principalmente o Peeta. Eu o sentia calado, silencioso, como se nunca
quisesse ser notado, creio que uma consequência das torturas, mas comigo e com a Pearl, ele sempre se
mantinha o mesmo Peeta de sempre, me acostumar a essas duas realidades, era um pouco complicado.
Acho que no fundo o meu medo é de que ele volte para o mundo onde a Katniss não ama ele, e se afaste
novamente.

Enquanto ele terminava de comer, eu praticamente dormia sentada, depois de bocejar pela
milésima vez, o Peeta acabou.

– Vamos Kat, você tá quase caindo. – eu me levanto e o acompanho.

Só que tinham as escadas, eu já não estava tão feliz com elas, imagine com sono. Então eu parei
e fiquei ali, avaliando a minha adversária.

– O que foi? – pergunta o Peeta, e eu olho para as escadas mais uma vez. – Ah, acho que eu
posso te ajudar.

E ele me carrega, eu me ajeito em seus braços e estou quase em sono profundo, quando no meio
da escada eu me lembro.

– Você se lembra? – sussurro.

– Do quê? – pergunta

– Da última vez que você me carregou assim, foi quando nós casamos. – respondo.

– Me lembro sim, acho que eu nunca poderia esquecer dessa noite. – diz – Só que eu não sei se
eles mexeram nela.

– O que você lembra? – questiono, enquanto deito na cama.

– Nós esperamos todos dormirem, antes de comermos os pães eu te dei as alianças de minha vô.
Nós prometemos que nos amaríamos e protegeríamos um ao outro. Para sempre. – diz e eu quase choro.

– Você não esqueceu nada. – sussurro.

– Eu disse que eu nunca poderia esquecer essa noite. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha
vida. – ele sorri para mim, e eu não me impeço de puxá-lo e beijá-lo.

A saudade que eu senti do Peeta parece que nunca vai ser esquecida e sempre que eu consigo
tê-lo comigo é como se aquela dor que eu senti não condiz com o bem que ele me faz. Quando eu estou
com ele nada mais importa, e isso nunca vai mudar.
Eu me levanto porque percebo que não havia tomado banho desde que cheguei, quando eu acabo
o Peeta já está na cama, e eu quase suspiro de alívio. Por muitas vezes lá no Treze eu me segurei para
não perguntar a ele, o porquê de não voltar a dormir comigo, mas eu não queria que ele se sentisse
forçado a agir como se nada tivesse mudado, afinal, tinha sim e muito.

Apago a luz e me deito ao seu lado, hesito um pouco antes de me apertar contra ele, e durmo.

...

Estar grávida é a melhor coisa que pode acontecer na vida de uma mulher, ter aquele serzinho
gerado dentro de você, um pedaço seu e do homem da sua vida é perfeito.

Só que podia ser mais tranquilo, tipo dependendo das fases da gravidez você passa por
problemas diferentes. No começo você fica enjoada e vomita o tempo todo, na metade é a melhor fase
onde você menos sente os efeitos, as vezes uma coisa que gosta muito, tipo as amoras que eu comi
demais, se tornam insuportáveis, no final, o cansaço que acabo com a gente, os pés incham, as escadas
e ladeiras são seus piores inimigos, e o sono que você sentia o tempo todo no começo as vezes vai
embora porque, os bebês amam se mexer a noite, até o meu pequeno que é sempre tão quieto.

Então, agora eu estava aqui, olhando para o teto e vendo o Peeta dormir, não me importava de
ficar assim, o meu bebê era bem mais quieto que a Pearl, então eu ficava passando a mão pela minha
barriga e ele me respondia da sua forma. Aproveitava esses momentos para pensar num nome para ele,
não poderia o chamar de pequeno, nem de bebê para sempre. De uns tempos para cá, vem ficado na
mente uma palavra que o Peeta me mostrou nos biscoitos, Keith, não sei se pode ser considerado um
nome, mas de certa forma, faz parte de mim, da minha vida. Floresta. foi ela que me manteve viva.

Eu continuava com minha conversa silenciosa com ele, quando o Peeta começa a tremer, eu
sabia que era um pesadelo, a forma como ele me apertava antigamente, sempre me assustava, porque
até a forma dele de reagir aos sofrimentos era contida, ele era quase antagônico a mim, e eu creio que é
isso que nos mantém juntos.

– Peeta, não é real. Nada disso é real. – sussurro para ele, pego a sua mão e coloco sobre a minha
barriga – Nós estamos aqui, com você. Para sempre.

Repito algumas vezes isso para ele, até que ele desperte.

– Você quer me contar? – pergunto.

– Foram só lembranças, - diz – eu te acordei? Sinto muito.

– Na verdade não, já estava acordada, o bebê me acordou. – explico.

– Já estamos nessa fase? – fala meio rindo.


– Sim, ainda bem que ele é mais calmo. – digo.

– Porque você tem certeza que é um menino? – questiona

– Não sei, acho que é porque eu quero tanto ele. Desde a Pearl, não que eu me importe de ter
vindo ela primeiro, acho que foi bom, porque com ele vai ser mais fácil, até porque a nossa situação é
diferente.

– Entendo, mas e se for outra menina? – pergunta.

– Não importa, independente de tudo ela ou ele vai estar aqui, vai estar bem, a vida dele vai ser
mais tranquila, e acima de tudo nós vamos estar juntos. – respondo.

– Sempre. – ele sorri e me puxa para mais perto. – Ele continua mexendo?

– Não, mas ele mexe mais quando eu coloco a mão na barriga. Ele não reage a minha voz como
a Pearl, é muito quieto. – explico.

– Então vamos dormir. – eu concordo.

...

Acordar com o Peeta ao meu lado tinha sido maravilhoso, só que eu sentia uma falta enorme da
minha mãe e da Pearl aqui, tomando café com a gente, e só ocupando o espaço nessa casa, tudo parece
tão vazio e olha que a Pearl não para quieta. Então eu tinha tentado falar com ela pelo telefone – que
tinham colocado aqui agora – já que ela me deu o número do Hospital no Quatro, mas nenhuma das
duas estava lá agora, perguntei se elas tinham o número da casa onde elas estavam, mas nada. Não tinha
chegado a ficar preocupada, tentaria mais tarde.

– Conseguiu? – o Peeta e a Pearl voltavam da cozinha depois de ele ter dado o café dela.

– Elas não estão no Hospital, vou tentar mais tarde. – informo.

– Ok, eu acho que vou à praça, quero ver o que eles estão fazendo por lá, ver se eu posso ajudar.
– me diz, eu não deixaria ele ir até a praça sem mim, são muitas lembranças.

– É uma ótima ideia, só vou trocar a roupa da Pearl. – falo, enquanto me levanto.

– Não Kat, não precisa. – começa – Além do mais está tudo destruído, as pessoas estão tentando
limpar tudo. Esse não é um lugar para uma criança.

– Eu sei disso, mas essa é a nossa realidade, provavelmente temos algumas crianças aí que
perderam os pais, outras que não tem casa e outras ainda que não tem o que comer, mas nós estamos
aqui com ela e se for para enfrentar isso vamos enfrentar juntos. – sei que ele fica sem palavras quando
ele fecha os olhos – E depois eu pretendo leva-la a floresta.
– Mas como...? – começa, mas eu o corto.

– A cerca foi arrancada, esqueceu? Agora nós podemos passar tranquilamente. Mas alguma
coisa? – fico esperando sua resposta, e quando ele acena em negação eu subo com a Pearl.

Quando chegamos à casa do Haymitch, paramos para ver se ele estava bem. Na primeira batida
da porta ele a abre, o que me surpreende.

– Está tudo bem Haymitch? – pergunto ainda na porta.

– Bom... Vocês podem entrar um minuto? – ele parece bem sério, então nós entramos.

– Algum problema? – o Peeta questiona.

– Não sei se problema é a palavra certa, mas com certeza foi inesperado, ou também não, sei lá.
– ele percebe que está dando volta e para – A Presidente Coin foi morta.

Arfo, com certeza para mim foi inesperado, eu esperava a morte de muita gente, menos da tão
inalcançável Presidente.

– Mas como...? – não consigo completar a pergunta.

– Parece que ela foi atacada por um grupo de rebeldes remanescentes do Capitol, eles a mataram
imediatamente. Isso foi ontem, acho. Ela estava fazendo um comunicado à população, todas as pessoas
já foram achadas e mortas. – ele faz uma pausa para suspirar – Todas as providências foram tomadas,
o enterro dela vai ser hoje e amanhã a Paylor vai ser anunciado como nova Presidente.

– Aquela do D8? – pergunto.

– Sim, ela mesma.

– Nós não podemos dizer que foi uma troca desfavorável, não é? Apesar das condições. – diz
Peeta, e eu não posso deixar de concordar.

– Bom, o recado já foi dado, agora eu vou achar uma garrafa. – ele diz se levantando – Tchau
pequena, tchau docinhos.

Nós também nos levantamos e saímos de sua casa.

Passando da entrada da Vila, encontramos vários grupos de pessoas com luvas e máscaras
cavando pela neve todos os destroços e corpos, o Peeta carrega a Pearl, mas antes de seguir eu paro em
frente a casa do Prefeito onde Thom, que eu lembro de ter visto no Treze, para pra falar conosco.

– Vocês acharam alguém aí? – pergunto, com a esperança de que a Madge esteja bem.

– Toda a família foi encontrada, e os empregados da casa. – informa.


Não é surpresa que ser Prefeito do 12 não era uma grande vantagem, mas imaginar o sofrimento
e o terror da família presa aqui, a mãe da Madge que já ajudou o Gale, a própria Madge que já me
ajudou, o Prefeito que sempre foi melhor do que qualquer uma desses servos do Capitol, eu não desejava
isso a eles.

Eu aceno me despedindo, e continuamos o caminho, parando em frente à padaria, eles já tinham


deixado o terreno limpo, pronto para receber outra construção, como da primeira vez o Peeta só se
mantem olhando, lembrando, sofrendo sozinho.

– Peeta? – ele me olha, e eu tento sorrir para animar ele – Quando você pretende refazer a
padaria?

Ele fica um tempo pensando, parecendo indeciso.

– Você vai fazer não é? – insisto

– Eu quero, mas meu pai quem sempre comandou, ele que conhecia todas as receitas, ele que
me ensinou tudo o que eu sei e mesmo assim não é nem a metade. Eu tenho medo de não ser o que ele
esperava de mim. – suspiro, pensando no que o deixaria melhor.

– Olha só, você sempre foi o orgulho do seu pai, não vai ser um feito errado, nem uma receita
esquecida que vai tirar ou mudar todo o amor dele por você. Acho que reconstruindo a padaria você vai
dar a chance dele nunca ter esquecido, e além de tudo você sempre vai ter um pedaço dele trabalhando
com o que ele mais gostava e te ensinou a amar.

Por um momento ele me olha e eu vejo que ele está agradecido, vejo amor, o mesmo carinho
que sempre apareceu nos seus olhos por mim, e eu não consigo deixar de sorrir como uma idiota.

– Você vai ficar aqui? Porque eu ainda quero levar a Pearl até a floresta. – pergunto

– Sim, vou ver se falo com o Thom. – ele sorri para mim como quem diz “vou seguir seu
conselho”

– Tudo bem, então. – me atrevo a dar um beijo nele e me afasto rindo.

Por todod o caminho é a mesma coisa, vários carrinhos ocupam a estrada e no Seam, onde eu
morava antes dos Jogos, abriram uma vala para colocar todos os corpos, me apresso com a Pearl nesse
caminho. Como eu imaginava a cerca está praticamente destruída escorada por estacas para os animais
não passarem, entro na floresta com facilidade com a Pearl e vou andando até o lugar em que ficava
com o Gale quando caçávamos juntos.

Me sento na pedra e deixo a Pearl correr sozinha pela grama, sempre de olho e alerta,
aproveitando o momento de quietude o dia meu pequeno começa a se mexer.
– Pearl? – chamo e ela vem correndo. – Me dá sua mão.

Pego sua mãozinha e coloco sobre minha barriga, ela abre seus olhos em espanto e eu rio.

– Seu irmão, você também um dia já esteve aqui. – explico – Mas já, já ele vai estar aqui, para
correr com você.

– Imão – ela fala, quase como um grito. E eu quase choro, porque vê-la falando ainda é muito
para mim.

– Ah vocês estão aqui. Pensei que iriam até o lago. – Diz o Peeta sentando ao meu lado.

– Achei que seria muito ruim para mim. – Explico. Ele concorda, a Pearl começa a juntar flores,
até que não cabe mais sua mãozinha e ele me entrega.

– Para mim? – ela acena – Obrigada.

Beijo sua testa e ela volta a correr.

– Falou com o Thom? – Pergunto

– Sim. – começa – Ele diz que daqui a umas duas semanas a limpeza vai acabar e ele pode
conseguir algumas pessoas para me ajudar. Ele disse que pode ser difícil porque as pessoas estão mais
preocupadas em construir casas por enquanto.

– Bom, isso não é um problema. – digo – O aniversário da Pearl está chegando e vamos precisar
desse tempo e nós também podemos ajudar.

– Eu disse isso a ele. – informa.

– Então é só esperar. – digo.

– Não que seja muito fácil. – sussurra.

– Mas já é um começo. – replico e ele se cala.

Quando a Pearl volta a se aproximar de nós a aviso que vamos embora.

– A sua mãe vem para o aniversário? – o Peeta pergunta

– Creio que sim, até porque ela tem que ficar aqui. Já está chegando a hora. – digo

– Eu sei, mas não é estranho que ele já vá nascer e nós não tenhamos um nome? – questiona e
eu dou risada.

– Bom, é estranho, mas eu ando pensando em alguns. – informo

– Em quais? – pergunta, enquanto entramos em casa.


– Lembra-se do biscoito que você me deu? – ele acena – Tinha um nome nele, Keith, se eu me
lembo bem significa floresta, eu posso pensar em vários outros, mas esse sempre volta.

– Keith, – ele saboreia o nome – sim é um bom nome. Então vai ser Keith.

Keith Everdeen Mellark, eu sorrio.

Chapter Thirty-Two - Part II

Eu odiava ter que passar o aniversário da Pearl assim, deitada, mas o Keith parecia mais pesado
que a Pearl e toda a emoção que eu passei durante a gravidez pesaram agora.

Então aqui estava eu esperando o Peeta voltar da estação de trem com a minha mão e com a
Prim, a Pearl estava dormindo aqui comigo. Amanhã era seu aniversário e nós não faríamos nada demais
até porque eu não tinha condições de ficar em pé ou caminhando por muito tempo.

Ouço a porta abrindo e alguém correndo para subir as escadas, e me sento, a Prim entra como
um vulto e antes que eu consiga vê-la direito ela já está me abraçando, eu retribuo com toda a minha
saudade.

– Agora vamos, deixa eu dar uma olhada em você. – digo e ela se afasta. – Ah como você
cresceu.

– E como essa barriga cresceu. – eu dou risada.

– É verdade. – minha mãe e Peeta aparecem na porta. – Mãe.

– Filha. – ela me abraça – Como vocês estão?

– Cansados. – digo e ela sorri

– Eu falei que tanta emoção não te faria bem. – fala

– Eu sei, mas era necessário. – dou um sorriso amarelo.

– Eu fiz um bolo, quem vai querer? – pergunta o Peeta.


Antes que a Prim se pronuncie, a Pearl acorda, eu rio.

– Acho que ela quer. – o Peeta pega a Pearl e desce junto com a Prim.

– A senhora não vai descer? – pergunto

– Eu tenho que te avisar que provavelmente o Keith vai nascer antes do tempo. – diz e eu aceno
– Só estou te avisando, não creio que seja um grande perigo, ele parece ser bem grande, então só vamos
esperar.

– Não se preocupe mãe, eu já imaginava e estou pronta. – afirmo, ela me abraça.

– Bom, então eu vou descer, a viagem me deixou com fome. – eu dou risada.

– A senhora pedi para o Peeta subir? – ela acena e sai.

Eu suspiro, apesar de minha mãe dizer que não havia riscos para o bebê a culpa me dominava,
eu sabia que tinha que fazer tudo o que fiz, mas eu podia ter prejudicado realmente o meu filho e isso
eu não perdoaria, só descansaria quando eu tivesse ele em meus braços com a certeza de que tudo estava
bem.

– Kat? – o Peeta senta ao meu lado e eu o abraço. – O que houve?

– A minha mãe falou que provavelmente o Keith vai nascer antes do esperado, eu acreditava
que ainda tinha um mês, mas agora a qualquer momento ele pode estar aqui. – suspiro – Ela me
tranquilizou, mas não consigo me sentir bem, mesmo sabendo que eu vou poder segurá-lo a qualquer
momento.

– Calma Kat, se não há riscos porque sofrer? E mesmo que ocorra algum problema – eu o olho
em repreensão – nós temos como contornar. Vai dar tudo certo. Nós estamos juntos.

Eu olho para ele com espanto.

– Você não fala isso há muito tempo. – não quis dizer desde que você foi capturado.

– Nem por isso deixou de ser verdade, tudo melhora quando eu estou com vocês. – ele sorri para
mim.

Eu me limito a beijá-lo como prova de que a recíproca é verdadeira, ele ainda não havia dito
que me amava, mas ele esperou por mim, então eu também espero por ele.

– Você me ajudaria descer? – peço – Eu posso ficar quieta e ninguém precisa ficar preso nesse
quarto comigo.

– Tudo bem. – ele me ajuda a levantar e me carrega.


– Eu nunca pensei que precisaria andar carregada. – resmungo e ele ri.

– Bom, se tudo correr bem, daqui a pouco você vai poder andar novamente. – diz e eu aceno.

E tudo irá correr.

...

Decidimo-nos então comemorar o aniversário da Pearl durante o café, o Peeta fez um bolo,
chamamos o Haymitch, e todos os nossos amigos ligaram para parabeniza-la, os presentes que
prometeram provavelmente chegariam em pouco tempo. Ela ficou muito feliz e comeu muito.

Eu me mantive quieta, não queria alarmar ninguém, mas a noite eu havia sentido algumas dores
que não me deixaram dormir e agora estava difícil me manter alerta.

– O quê que há docinho? – o Haymitch questiona enquanto prova do bolo.

– Estou cansada, não dormi muito bem hoje. – digo.

– A hora está chegando não é? – pergunta

– Sim.

– E você está com medo? – diz

– Não como com a Pearl, mas não há como não temer. – respondo

– Bom, fique tranquila, aposto que todos aqui, principalmente a sua mãe não deixarão que nada
aconteça. – aceno

Ele fica mais um tempo, só que tem que ir embora por causa de uns gansos que ele resolveu
criar.

– Peeta? – chamo – Você pode me levar para cima?

– Você está bem? – pergunta

– Sim, só com sono. – digo e ele não parece acreditar, mas me carrega e antes que eu esteja na
cama durmo.

...

O Keith havia resistido mais do que o esperado, já estávamos no fim do mês e só agora que eu
sentia algumas dores mais fortes, e mesmo assim, não ia fazer alarde, essas dores ainda não queriam
dizer nada.
No outro dia a dor já estava mais forte, então eu avisei a minha mãe, não havia muita coisa que
pudesse ser feita enquanto eu não sentisse as contrações do parto, então eu só tive que ficar deitada por
mais um tempo.

Eu havia acabado de acordar com uma dor muito forte e completamente molhada, o que queria
dizer que tinha chegado a hora.

– Peeta! – começo a chama-lo até que acorde.

– O que houve? – respiro fundo tentando aguentar a dor.

– Chama a minha mãe. – outra contração – Está na hora.

Ele fica um segundo me olhando como se não acreditasse depois se levanta e correndo chama a
minha mãe. Ela checa a dilatação para ver se realmente está na hora, e está tudo ok. Ela pede que eu
comece a fazer força.

Seguro a mão do Peeta e começo a contar mentalmente, 1, 2, 3,..., 9, 10, respira fundo e faz
força.

– Muito bom filha, mais uma vez! – instiga minha mãe.

1,2,3..., 9, 10, respira fundo e faz força.

Na terceira vez, eu ouço um choro bem baixo, como se ele não fizesse questão de chamar
atenção, solto a mão do Peeta exausta e feliz, tudo estava bem.

Como da primeira vez minha mãe entrega o bebê a Peeta e ele vem sorrindo e chorando ao
mesmo tempo para perto de mim.

– Nosso Keith. – ele me entrega aquele embrulhinho.

– Ele é loiro. – sussurro e o Peeta ri.

– E os olhos são... – enquanto Peeta fala ele entreabre os olhos e eu sorrio – iguais aos seus.

– Uma mistura novamente. – comento.

Ele assente.

– Eu vou pegar a Pearl, ela vai querer conhecê-lo. – nessa hora eu reparo que já tinha
amanhecido.

– Só se ela estiver acordada. – ele acena se levantando.

Eu ofereço o meu peito para o Keith e ele começa a mamar, eu faço um carinho no seu rosto e
ele prende sua mão em um dos meus dedos.
– Devagar Pearl. – avisa o Peeta, enquanto é arrastado para entrar no quarto.

– Imão? – fala olhando para o Keith.

– Sim, irmão. – digo sorrindo e ela sorri de volta.

...

O Keith tinha adormecido e minha mãe tinha o pegado e colocado no berço, o Peeta me ajudava
a levantar afinal eu precisava de um banho.

– Banho de chuveiro Peeta. – avisa a minha mãe – Eu vou arrumar isso aqui.

Eu começo a corar ao pensar que quem me ajudaria era o Peeta, já que fazia muito tempo que
nenhum dos dois se via tão intimamente. Eu me apoio no seu braço enquanto retiro a roupa e evito olhar
em seus olhos enquanto me coloco embaixo do chuveiro, a água quente me relaxa e eu esqueço que é o
Peeta ali, até ele me dar o sabonete. Quando eu encosto minha mão na sua, eu me arrepio e tenho que
olhá-lo. Eu vejo o mundo ali, nos seus olhos, tem um pouco de tudo: amor, paixão, desejo, ternura,
carinho, orgulho.

Esse olhar me enche de alegria e confiança.

– Obrigada. – ele diz, faço uma expressão de dúvida. – Por me fazer lembrar tudo, por me trazer
de volta, pela nossa família, por me amar depois de tudo. Eu te amo, Kat.

Eu não me contenho e algumas lágrimas me escapam, ele me faz um carinho no rosto e me dá


um beijo, eu não preciso dizer que

– Vamos, você tem que dormir. –

...

Cuidar do Keith é bem mais tranquilo do que foi cuidar a Pearl, pela experiência e por ele ser
mais calmo. Eu consigo dormir quase uma noite inteira e ele só tinha um mês. O Peeta também me
ajudava muito durante a noite, e de dia ele andava pelo Distrito construindo casas, ele me mostrou o
projeto da padaria e se ficasse como nos seus planos seria linda.

A cada dia nos quebrávamos mais um tijolo na parede que nos separava, o Peeta ainda lembra-
se de tudo o que o Capitol plantou na cabeça dele, mas a cada dia ele se recordava da verdade e ele
vinha com uma novidade e tirava suas duvidas sobre a lembrança.

Eu me lembro do dia em que ele me contou que se recordou da nossa primeira noite.
“ Era de tarde e eu não esperava o Peeta por agora, já que ele costumava se esquecer da vida
ajudando as pessoas, e eu amava isso. A Pearl e o Keith estavam tirando o cochilo da tarde e eu
aproveitei para ajeitar a cozinha.

– Kat?! – o Peeta quase grita entrando em casa e eu me assusto.

Corro para a sala com medo de que seja algum problema e assim que ele me avista ele me beija,
quente, como a muito tempo não acontecia, eu me arrepio e me prendo completamente a ele, quase
esquecendo que tinha acabado de dar a luz. Quando quase não consigo mais respirar ele separa nossos
lábios, mas não me solta, nem tira sua boca de perto do meu corpo.

– O que... O que aconteceu? – falo arfando.

– Eu lembrei uma coisa. – arqueei as minhas sobrancelhas interrogativa – Lembra que eu te


disse que se eu tivesse feito amor com você nunca esqueceria?

Aceno, corando.

– Então... Eu lembrei.

– Ah... – não sei o que falar, só sei que eu coro instantaneamente.

– Eu tinha sentido falta disso. – ele ri e eu sorrio involuntariamente.

Eu ouço o choro do Keith e percebo que me distrai muito com o Peeta, ele me solta.

– Deixa que eu vou. – ele me diz e sobe rapidamente.

Eu já consigo me movimentar livremente, mas eu não vejo a hora de recuperar a minha


agilidade, até o Peeta corre mais do que eu e olhe que a prótese o atrapalha bastante. Ele volta com o
Keith que já esta silencioso e tranquilo como sempre foi, e com fome também, então eu faço meu papel
e esse é um dos momentos que provam que ser mãe vale muito a pena.

...

Com cinco meses o Keith não fazia a metade do barulho que a Pearl já fazia com três, mas nem
por isso ele era menos feliz, eu vinha percebendo algo e expus isso ao Peeta outro dia, disse que o Keith
devia ser igual a mim quando eu era pequena e a Pearl igual a ele, já a aparência era o oposto a Pearl se
parecia cada dia mais comigo, com seus dois anos e meio ela agora já falava tudo e bom, não era tão
ruim na cozinha quanto o Peeta pensava, já na pintura. O Keith só não tinha os olhos do Peeta, seus
cabelos eram um pouco mais escuros, mas fora isso até a careta que eles faziam quando dormiam era
igual, eu disse isso ao Peeta também, ele passou o dia inteiro com o sorriso no rosto.

– Vamos tomar banho meu amor? – falo com o Keith como se ele realmente fosse me responder,
mas ele somente me encara com seus olhos incrivelmente iguais aos meus e bota um dedinho na boca.
Eu resolvo tomar banho com ele também enquanto a Pearl não acordava. Eles estavam com um
projeto para construir uma escola no Distrito e eu estava animada, mesmo sabendo que a Pearl era muito
nova ainda, só a perspectiva de ela aprender algo e se juntar a outras crianças me animava. Eu me distrai
dando banho no Keith e em como ele se encantava com a água que não ouvi o Peeta até que ele estivesse
no primeiro andar.

– Kat? – o Peeta chama.

– No banheiro. – aviso.

– Kat? – pergunta – Cadê as crianças?

– A Pearl está dormindo e o Keith está aqui. – explico – Por falar nisso será que você poderia
vir pegá-lo?

– Claro. – ele entra e seus olhos caem em mim.

Fazia um tempo que as coisas estavam bem quentes entre nós, apesar de nada ter acontecido
ainda, nos estávamos evoluindo e o último passo seria esse, em que o ultimo tijolo ia ser quebrado, não
tinha nada mais a ser discutido, nem lembrado. Nós só tínhamos que continuar, criar nossos filhos, nos
consolar com nossos pesadelos, ficar até a morte juntos.

É difícil não corar, e é mais difícil ainda me segurar e manter a linha, afinal o Keith estava ali e
a prioridade era ele. Mas o olhar do Peeta me deixava embaraçada e muito animada.

– A toalha dele está ai em cima. – digo para cortar o clima – Eu já vou sair. Obrigada.

– Tudo bem. – e ele se apressa para fora do banheiro.

Quando eu saio encontro uma Pearl sonolenta no sofá junto com o Peeta, e o Keith quase
dormindo no seu colo.

– É incrível a capacidade das crianças se cansarem apenas brincando. – eu digo e o Peeta ri.

Eu dou um beijo nele e pergunto como vai à obra.

– Você tem que ir lá um dia desses, está tudo do jeito que eu queria Kat. Quando estiver pronto
vai ficar maravilhoso. – eu sorrio com a empolgação dele.

– Venha, vamos comer. – não era para me gabar, mas a minha comida havia melhorado muito
durante o tempo em que estava em casa, sem a minha mãe e sem o Peeta. A Greasy também me ajudou
bastante me empresando suas receitas.

Então eu dava comida a Pearl enquanto o Peeta jantava, e o Keith estava no seu berço, ele
brincava com seus chocalhos. O Peeta me contava as emoções do Distrito.
– Pelo que eu vi as obras da escola vão começar logo e o Haymitch me contou que tem alguns
planos para um Hospital também. – fico animada.

– Minha mãe e Prim poderão voltar. – ele sorri assentindo.

Minha mãe e Prim estavam ajudando nos hospitais por Panem, e o Haymitch estava bem melhor,
não bebia tanto e cuidava dos seus gansos, indiretamente comandava o Distrito 12 e passava aqui para
brincar com as crianças.

Depois do jantar, o Peeta e a Pearl resolvem fazer um pão para amanhã e se divertem mexendo
a massa, enquanto eu amamento e nino o Keith, que dorme tranquilo. Eu fico o olhando durante um
tempo no quarto, as vezes eu não consigo resistir a um medo irracional, mas acho que isso todas as
mães sentem, então eu tranco as janelas, acendo seu abajur e encosto a porta e o deixo sonhar com os
anjos.

Encontro uma Pearl limpa (felizmente) coçando os olhos e a levo para a cama também, enquanto
o Peeta inicia sua luta com a água. Eu leio para Pearl, às vezes o Peeta o faz também, e ela dorme rápido,
saio do quarto e encosto a porta novamente.

Quando entro no quarto ainda dá tempo de trocar de roupa antes que o Peeta saia do banheiro,
de toalha, ela não faz isso, mas eu finjo não achar estranho enquanto espero por ele, percebo que ele vai
tirar a toalha e fecho os olhos incomodada, corando, um dia eu deveria encarar isso como algo normal,
não?

Sinto que a cama se movimenta e as mão de Peeta na minha cintura, abro os olhos e ele ri de
mim.

– Não ria. – reclamo e ele me beija.

Um daqueles beijos quentes e sei que dessa vez não temos nenhum motivo para parar, o Peeta
me coloca por cima dele e por um momento penso em protestar, mas ele me puxa para junto de si e a
única coisa que sai da minha boca é um gemido.

Ele tira a minha camisola rapidamente e eu aproveito que ele esta sem camisa para arranhá-lo.
Eu sinto uma urgência dentro de mim e me mexo contra ele tirando um som do fundo da sua garganta,
desesperado por mais ele retira o que resta de nossas roupas e nos une. Toda aquela espera valeu a pena,
porque eu não posso lembrar quando isso foi tão bom, eu continuo subindo e descendo devagar, me
apertando contra ele. Enquanto sua boca roda por todas as partes do meu rosto e do meu peito. Uma
ânsia maior vai se construindo dentro de mim e instintivamente aumento o meu ritmo, até que parece
que eu e o Peeta somos um só, se dividindo em um milhão de pedacinhos, perdida completamente em
meu céu particular que são seus olhos, deixo os últimos tremores me abandonarem, pensando que se eu
tivesse que passar por tudo de novo para estar aqui nesse momento com o Peeta, eu não hesitaria em
repetir.

– Eu te amo. – digo, enquanto nós nos ajeitamos um contra o outro.

– Muito. Eu te amo muito. – ele diz e me beija.

Epilogue

Notas iniciais do capítulo


Enfim, o fim.

Aqui no lago em quanto eu vejo o Peeta e a Pearl nadando e o Keith engatinhando, eu vejo que
os maiores milagres que ocorrem na nossa vida são feitos pelo amor.

Para mim começou com meu amor pela Pearl, que me fez seguir em frente encontrar o Peeta,
sobreviver às dificuldades e ter o Keith. A nossa vida não é a todo tempo feliz, nem calma, mas nós
tentamos e temos todo esse amor. Eu podia dizer que eu não acordava mais a noite assustada ou então
que o Peeta já tomava banho sem dores, mas isso seria uma mentira ridícula, a cada dia acordar com
um sorriso mesmo com a pior noite de todas era o segredo.

E nós sabíamos que coisas boas nós esperavam, as nossas crianças, a padaria para o Peeta e para
mim um projeto que a Paylor exclusivamente me encarregou. Ela queria uma legislação para a caça no
nosso Distrito e saber se era viável legaliza-la ou não. Com meus anos de experiência e agora de volta
a ação já pensava no que podia fazer caso a caça fosse legal, a partir de agora.

Eu queria abrir uma loja também, mas não um açougue caso vocês tiveram essa ideia, uma loja
de instrumentos para caças e armadilhas, principalmente arcos, em homenagem ao meu pai. Tinha
pedido para o Peeta fazer um esboço e até ele estava animado.

A padaria ia de vento em poupa, nós não precisávamos do dinheiro, então as pessoas compravam
pão a vontade por um preço bom. E a vida no D12 estava praticamente de volta, tinha perdido a cor
cinza e o ar de morte e o Haymitch era realmente o Prefeito agora. Minha mãe e Prim ainda não tinham
voltado e eu continuava com minha grande saudade, mas faltava pouco e eu sabia que a partir de agora
estaríamos juntos e tranquilos para sempre, sem problema algum.

A alegria de que todos nós precisávamos estava aqui, só precisávamos aprender a conviver com
ela, sei que muita gente igual a mim acorda pensando que isso é um sonho e que um dia vai acabar, mas
em dias como esse, eu tenho certeza de que não e de que nós verdadeiramente merecemos.

E a única coisa que eu posso fazer é agradecer, a quem quer que fosse que estivesse olhando
por nós e nos abençoando. Sabia que ele não nos abandonaria se em nós ainda existisse amor.

E quando o Peeta me olha sorrindo e pisca para mim, eu sei que amor aqui se tinha de sobra.

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