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39769-Texto Do Artigo-46955-1-10-20120822
39769-Texto Do Artigo-46955-1-10-20120822
Refere-se ao Art. de mesmo nome, 12(2), 63-78, 2002 Rev. Bras. Cresc. Desenv.ORIGINAL
Hum., S. RESEARCH
Paulo, 2003
Resumo: Adolescentes são alvos privilegiados por produtos da indústria cultural. Muitas das
informações importantes para a sua formação estão disponíveis nos meios de comunicação de massa.
Em muitos países, são publicadas revistas de informação e lazer específicas para o consumo da
adolescente feminina. O presente trabalho identificou, organizou e analisou interesses,
comportamentos e valores retratados em determinadas seções temáticas da revista Capricho de forma
a construir um panorama das imagens com que a adolescência feminina é ali representada e idealizada.
Foram analisadas 123 matérias jornalísticas sobre diversos aspectos das relações da adolescente
com a sociedade, tendo sido feita uma comparação entre aqueles publicados no período 1993/1995
com os publicados no período 1999/2001. A análise dos dados revelou um “modelo ideal” de
adolescente que envolve relações sociais e familiares saudáveis e bem adaptadas. Trata-se da
adolescente que consegue conjugar: a) autonomia e liberdade com o respeito aos limites; b) valores
e convicções com diálogo; c) autovalorização com respeito às diferenças; d) prazeres e lazeres de
várias modalidades com responsabilidade e prevenção da vulgaridade, da violência e das doenças;
e) o viver plenamente as demandas de sua idade sem deixar de fazer planos e preparar-se para a vida
adulta.
1 Programa de Pós-Graduação em Psicologia Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. WANESSA COUTO:
Rua Padre Antônio Ribeiro Pinto, nº 38 – Bloco C, Aptº 309 Praia do Suá – Vitória – ES – CEP: 29052-290
Telefone: 32357679. Endereço Eletrônico: wanessasantos@terra.com.br
PAULO MENANDRO: Rua Constante Sodré, 869 – Aptº 201 – Praia do Canto – Vitória – ES – CEP: 29055-
420 Telefone: 0xx27 32257165. Endereço Eletrônico: menandro@escelsa.com.br Toda correspondência deve
ser enviada para o endereço de Paulo Menandro.
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lores relativos à adolescência e, especial- rarmos que Capricho tem importância destaca-
mente, à adolescência feminina. da já que tais adolescentes compõem um mo-
Nosso estudo pretendeu identificar, or- delo ideal aspirado pela maioria das adolescen-
ganizar e analisar interesses, comportamentos tes, inclusive as de classes populares (ver
e valores retratados em matérias jornalísticas ABRAMO, 1994). Trata-se de modelo que pode
publicadas em determinadas seções temáticas ser muito influente como gerador de compor-
da revista Capricho, de forma a construir um tamentos e interesses potencialmente adoráveis,
panorama das imagens com que a adolescên- pois também está presente em outros canais de
cia feminina é ali representada e idealizada. informação.
Pressupõe-se que essas imagens da adolescên- Para ser vendável e atrair mercado de
cia guardem correspondência com as experiên- leitoras e de anunciantes, a revista tem que es-
cias da vida da adolescente brasileira de famí- tar inteirada das necessidades, interesses e com-
lia com renda média e, portanto, com as portamento da adolescente atual. Para isso Ca-
questões, preferências e dificuldades dessa ado- pricho, hoje, conta não só com as cartas das
lescência feminina real e atual. leitoras, mas também com a comunicação e as
pesquisas através de seu site.
MÉTODO
PROCEDIMENTOS ADO TADOS NA
A FONTE DE DADOS COLETA DOS DADOS
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Para a classificação das matérias utiliza- uma delas é objeto de uma preferên-
mos um conjunto de categorias construído a cia. O valor implica, portanto, o rom-
pimento da indiferença do sujeito
partir da exploração do material e das afinida-
diante dos objetos, dos eventos ou
des das palavras-chave descritoras de tais ma- das idéias. A manifestação de prefe-
térias. Tais categorias, que chamamos de Gran- rência por algo ou por alguém é, tal-
des Temas, são: I) Conquista, ficar, namoro, vez, o comportamento mais comum
relações sexuais; II) Conquista, ficar, namoro, da vida cotidiana. Neste sentido, a
relações sexuais (ótica masculina); III) Indivi- palavra valor expressa uma expe-
riência comum a todo ser humano
dualidade, normalidade, autovalorização,
(TAMAYO, 1997:116).
habilidade social; IV) Relações familiares;
V) Profissões; VI) Diferenças de gênero, com- Verificar que tipos de valores são privi-
portamento masculino (geral); VII) Drogas; legiados por um veículo de imprensa dirigido a
VIII) Turma; IX) Religião, crenças; X) Políti- adolescentes é especialmente importante por
ca; XI) Estudo, escola; XII) Violência sexual; este ser um grupo em formação, do ponto de
XIII) Relacionamentos pessoais mediados pela vista social, no qual a adesão a valores ainda
Internet; XIV) Viagens, aventuras; XV) Ídolo; está parcialmente em processo.
XVI) Outros. Para considerar as menções a valores
Em muitas matérias é possível perceber diluídas nos textos utilizamos como ferramen-
ênfase em determinadas formas de comporta- ta, na organização e na análise de nossos da-
mento, tomadas como mais razoáveis, ou mais dos, o modelo de representação de valores de-
prudentes, ou mais aceitáveis, por senvolvido por TAMAYO e SCHWARTZ
corresponderem aos modelos preferidos ou re- (1993). Não nos ocupamos com a discussão te-
comendados por segmentos sociais que se en- órica em torno de valores, mas apenas utiliza-
contram no âmbito de influência e de consumo mos as categorias (Grupos de Valores) de um
da revista. Isso nos levou à estratégia de verifi- modelo já disponível como recurso
car, em cada matéria jornalística analisada, que metodológico complementar.
valores estavam sendo representados e privile- Apresentamos a seguir o Quadro 1 que
giados, quando fosse o caso. mostra os dez Grupos de Valores, sua associa-
TAMAYO (1997) afirmou que: ção com os fatores de ordem superior, os tipos
de interesses a que servem, e um conjunto de
Do ponto de vista da compreensão
exemplos de fenômenos e situações abrangi-
psicológica, o sentido com o qual são
usadas as palavras na linguagem dos em cada caso.
quotidiana é mais importante do que
o sentido técnico das mesmas. A pa-
lavra valor diz respeito à oposição
que o ser humano estabelece entre o RESULTADOS E DISCUSSÃO
principal e o secundário, entre o es-
sencial e o acidental, entre o desejá- INFORMAÇÕES INICIAIS
vel e o indesejável, entre o
significante e o insignificante. Ela Foram analisadas 123 matérias publica-
expressa a ausência de igualdade das em CAPRICHO. As Tabelas 1 e 2 resumem
entre as coisas, os fatos, os fenôme-
as freqüências de matérias que mencionam cada
nos ou as idéias. Desta forma, a pa-
lavra valor aplica-se em todas aque- um dos Grupos de Valores, por Categorias de
las circunstâncias em que uma delas Grandes Temas (para o Primeiro e o Segundo
é julgada superior à outra, em que Período, respectivamente).
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Quadro 1. Demonstrativo dos Grupos de Valores, com os respectivos Fatores de Ordem Superior
e Interesses a que servem.
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Tabela 1. Freqüências das matérias que mencionam cada um dos Grupos de Valores, por Categorias
de Grandes Temas – Primeiro Período: 1993 a 1995.
É possível dizer, inicialmente, que, no parte de uma tendência atual que vem aumen-
Primeiro Período (1º P), representado por 55 tando os temas de relevância social em diver-
matérias, houve 216 menções a Grupos de Va- sos tipos de periódicos ou suplementos juvenis
lores (média de 3,9 Grupos por matéria). No conforme identificado pela Pesquisa Os Jovens
Segundo Período (2º P), representado por 68 na Mídia (ANDI / IAS / UNESCO, 1999).
matérias, houve 264 menções a Grupos de Va- Enquanto a maioria das menções a Gru-
lores (3,9 Grupos por matéria), evidenciando pos de Valores no 1º P se deu nas quatro pri-
surpreendente equivalência. meiras Categorias de Grandes Temas (85,7%);
Com relação às categorias de Grandes no 2º P, apenas 31,4% das menções ocorreram
Temas, destacou-se a fato de que a diversidade nessas Categorias, ou seja, os 68,6% restantes
temática no 2º P aumentou grandemente em das menções a Grupos de Valores
relação ao 1º P (8 Categorias no 1º e 15 no 2º). distribuíramse nas outras 11 Categorias.
Em relação à questão da maior variedade te- Destacou-se ainda uma Categoria com
mática percebida no 2º P, é possível que faça acentuada relevância no 1º P, a Categoria III de
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Tabela 2. Freqüências das matérias que mencionam cada um dos Grupos de Valores, por Categorias
de Grandes Temas – Segundo Período: 1999 a 2001.
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cante entre os períodos quanto ao número sucesso são aspectos que envolvem as profis-
de matérias e de menções aos valores, com- sões enfatizadas neste Período. Tais aspectos
parações quantitativas entre eles perdem estão também relacionados ao Grupo de Valo-
sentido. Os Grupos de Valores mais citados res Poder Social, enfatizado apenas neste Pe-
nesta Categoria foram Autodeterminação, ríodo.
Benevolência e Segurança. No 1º P valorizou-se o aproveitamento,
D) RELAÇÕES FAMILIARES - Categoria de pela adolescente, de todas as oportunidades
Grandes Temas pouco abordada (6 matéri- possíveis (Estimulação) visando alcançar seus
as no 1º P e 3 no 2º P). Os Grupos de Valo- objetivos, sem deixar de lado os momentos de
res mais citados, nos dois Períodos, foram lazer e descontração (Hedonismo). Manter a
Tradição e Benevolência. estabilidade pessoal, e ter vida organizada (Se-
gurança), também foram pontos valorizados
Em 1993/1995 verificamos ênfase maior neste Período. Ter responsabilidade, cumprin-
nas conquistas que a adolescente pode realizar do seus deveres e obrigações, também foi des-
junto aos seus familiares (Grupo de Valor Rea- tacado (Conformidade).
lização), envolvendo mais liberdade, privaci-
dade, autodireção e independência (Autodeter- F) DIFERENÇAS DE GÊNERO-COMPOR-
minação) e que se tornam mais fáceis de TAMENTO MASCULINO (GERAL) –
alcançar com uma boa dose de Conformidade, Categoria abordada, como tema central,
de aceitação de condições, e não de revoltas ou apenas no 1º P. Os temas desvalorizados,
discussões. na comparação entre os sexos, incluíram
O Grupo de Valores Tradição, nos dois algumas características femininas como a
Períodos, foi muito mencionado pelo fato da menstruação e o sentimentalismo ou sen-
segurança familiar ser algo valorizado na maio- sibilidade maior da mulher. Foram tam-
ria das matérias sobre a Categoria de Grandes bém desvalorizados: o machismo, o pre-
Temas “Relações Familiares”. No período conceito contra a mulher no trabalho, e a
1999/2001 os Grupos de Valores mais tese do homem ser intelectualmente su-
enfatizados foram Tradição e Benevolência. perior à mulher.
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cente, quando tenta impor sua vontade a qual- é “natural”, ela foi construída historicamente e
quer custo. pode influenciar a valorização do namoro em
No 2º P as matérias sobre relações fami- detrimento do “ficar”, já que buscar relações
liares pouco mudaram, mas abordaram a situa- duradouras pode trazer, para a adolescente, be-
ção da adolescente diante de pais separados. nefícios valorizados socialmente.
De novo, enfatizou-se a boa convivência e, no No 1º P frisou-se que a adolescente não
caso da separação, não se culpar, não tomar deve ser excessivamente desconfiada com o
partido nas brigas ou julgar o casamento dos namorado, que ela deve “entender a cabeça
pais. É importante separar a relação com os pais masculina” e que, no “ficar”, coloque limites e
dos papéis desses como cônjuges. controle a ansiedade e o ciúme, não criando
Questões do âmbito de Amizades e Tur- muitas expectativas.
mas foram abordadas em matérias que desta- Em tais prescrições, evidencia-se a ên-
caram a importância de respeitar diferenças, e fase na existência de um universo masculino e
a importância de não transformar relações de um universo feminino, cabendo à mulher en-
amizade e de grupos em situações de depen- tender não só o seu próprio universo de signifi-
dência. O bom humor foi destacado como im- cados, crenças e comportamentos, mas também
portante para a saúde do relacionamento com o do homem, o que sugere um aparente (e su-
os pares. til) poder feminino implícito na possibilidade
A abordagem dos temas relacionados a de entendimento dos dois universos. É possí-
namoro e sexo foi freqüente. Dúvidas sobre vel estarmos diante de viés decorrente do fato
comportamento afetivo-sexual são (ainda) ex- de Capricho ser uma publicação feminina. Ain-
tremamente relevantes, considerando as expec- da assim, a solução editorial não precisaria ser
tativas das adolescentes femininas e a defini- sempre desse tipo.
ção de papéis de gênero. No 2º P as menções a comportamentos
No 1º P destacou-se a possibilidade de de liberação sexual feminina ocorreram com
“viver e ser feliz de várias maneiras”, mesmo freqüência aumentada, sendo destaques como
sem namorado. Ainda assim, namorar foi temas desvalorizados. São exemplos: agir sem
muito princípios ou não ter critérios de escolha para
valorizado. É preciso não ter pressa ou ficar com garotos, ter fama de “fácil”, além de
ansiedade, transar por influência das amigas ou por pres-
ser cautelosa na conquista, e não se pre- são do menino.
cipitar em transar. Não se deve, ainda, iludir Mesmo percebendo a conotação negati-
ou magoar as pessoas nas relações. va de tais comportamentos, a revista não os
Observamos, nos dois Períodos, que o aborda de forma moralista, confirmando estilo
namoro foi privilegiado em relação ao “ficar”. editorial que parece considerar que, se hoje a
ANDRADE e NOVO (2000) afirmam que, da mulher adquiriu um certo nível de independên-
mesma forma que os jovens, alguns adultos (e cia e de iniciativa nas áreas profissional, fami-
pesquisadores) trazem consigo uma gama de liar, social e econômica, pode parecer incoe-
valores que norteiam suas interpretações e aná- rente para a adolescente que, no âmbito sexual
lises sobre o adolescente. “Alguns tendem a ava- e afetivo, ela ainda tenha que esperar pela es-
liar, por exemplo, a ausência de compromisso colha masculina.
do ficar com um esvaziamento do sentimento, Nos dois Períodos, relacionar-se sexual-
aliando, desta forma, sentimento a permanência mente foi valorizado (mais no 2º P), mas no
ou continuidade, herança do amor romântico momento certo, quando se sentir pronta, com
instituído no século XIX” (p. 104). Esta associ- consciência, naturalidade e intimidade, e com
ação entre sentimentos e relações duradouras não alguém que represente interesse genuíno. A pre-
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ocupação com gravidez e com AIDS (e outras muito mais reduzidas com outros Grupos de
DSTs) foi constante, com a camisinha sendo Valores, tais como Poder Social, Estimulação
destacada como prevenção eficaz. e Tradição.
As matérias de Capricho apresentam Um amplo panorama das características
abordagem bastante condizente com os oito da adolescente modelo incluiria:
pontos básicos para o conteúdo sexual respon- NO ÂMBITO DE SUA INDIVIDUA-
sável nos meios de comunicação, relaciona- LIDADE: 1) Agir pelas próprias opiniões, de-
dos por STRASBURGER (1999). Tais pon- sejos, necessidades, mas considerando as
tos são: 1) Reconhecer o sexo como uma parte possibilidades e as conveniências, ou seja,
saudável e natural da vida; 2) Encorajar as dis- considerando limitações; 2) Ter o próprio es-
cussões sobre sexo entre pais e filhos; 3) Dis- paço, conquistado através de boas relações,
cutir ou mostrar as conseqüências do sexo sem deixando claras suas discordâncias, mas sem
proteção; 4) Mostrar que nem todos os rela- se tornar rebelde, explosiva ou não adapta-
cionamentos resultam em sexo; 5) Indicar que da; 3) Ser simpática, cordial e diplomática;
o uso de contraceptivos é essencial; 6) Evitar 4) Cultivar o direito de ser diferente, mas
ligar a violência com o sexo; 7) Exibir o estu- aceitar as diferenças entre as pessoas; 5) Re-
pro como um crime de violência, não de pai- fletir sobre as crises para descobrir, apren-
xão; 8) Reconhecer e respeitar a capacidade der e crescer sem culpar os outros por elas;
para dizer “não”. 6) Gostar de si mesma e se valorizar, para
Os temas associados à questão da viver e ser feliz de várias maneiras; 7) Ser
Profissionalização e da Escola apontaram a divertida, ter bom humor; 8) Ser independen-
necessidade da adolescente aproveitar as opor- te e responsável.
tunidades que têm, quase sempre relacionadas NO ÂMBITO DE SUAS RELAÇÕES
às condições sócio-econômicas das classes FAMILIARES: 9) Manter boas relações fami-
média e alta, porém, conciliando sempre os es- liares apoiadas em diálogo, ensinando e apren-
tudos com lazer e diversão. dendo, negociando conquistas.
No 1º P enfatizou-se a busca de objeti- NO ÂMBITO DAS AMIZADES: 10)
vos e foi lançada uma edição especial sobre Cultivar amizades com base em afinidades
Profissões em setembro de 1995. A adolescen- reais, sem passar por cima de seus valores e de
te deve ser paciente e não pular etapas, o que suas convicções.
pode indicar mais ansiedade percebida nas ado- NO ÂMBITO DO NAMORO E DO
lescentes neste Período. No 2º P as matérias RELACIONAMENTO SEXUAL: 11) Agir
abordaram profissões específicas, ligadas à com liberdade, pautando-se num equilíbrio
fama, em paralelo à noção de cultura juvenil entre ousadia e discrição; 12) Valorizar-se,
voltada ao prazer e ao entretenimento. fugir de toda vulgaridade, e ser conseqüen-
Os dados permitem esboçar uma síntese te; 13) Saber controlar expectativas, ansie-
das características do “modelo ideal” de ado- dades e ciúmes; 14) Evitar agir de forma a
lescente feminina que a revista apresenta e que, aumentar a chance de produzir mágoas, dis-
supostamente, não deve estar longe do que as cussões e brigas; 15) Agir a partir de razões
próprias adolescentes gostariam de ser. Esse e reflexões próprias, e não por influência ou
“modelo ideal” não seria idêntico nos dois pe- pressão de outros; 16) Relacionar-se sexual-
ríodos, mas também não seria fundamentalmen- mente (inclusive na primeira vez) com cons-
te distinto. Tal modelo é compatível com a ên- ciência de estar com parceiro com quem tem
fase em determinados Grupos de Valores, como afinidades, o que proporciona naturalidade e
Benevolência, Autodeterminação e Segurança. intimidade; 17) Conhecer e exercer cuidados
É compatível, também, com as preocupações de prevenção.
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Abstract: Adolescents are privileged targets for cultural industry products. Much of the
important information for their development is available in the mass media. In many countries,
magazines containing information and recreational activities specific for teenage women
consumption are published. This work identified, organized and analyzed concerns, behaviors
and values portrayed in some thematic sections of the Capricho magazine in order to construct
an overview of the images by means of which female adolescence is represented and idealized.
One hundred and twenty-three (123) news pieces dealing with aspects of the adolescent relation
to society were analyzed, comparing those published during the 1993-1995 period with those
published during the 1999-2001 period. Data analysis revealed an “ideal model” of adolescent
that manages to balance: a) autonomy and freedom and, on the other hand, respect to limits;
b) values and views with dialogue; c) self-valorization with differences; d) various modes of
pleasure and leisure with responsibility, prevention from vulgarity, violence and diseases; d)
the full living of the demands of adolescence without negligence of planning and preparing
for adult life.
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