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[INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LINGUISTICOS]

Geraldi aponta três concepções da linguagem:


_A primeira delas estabelece relações entre linguagem e expressão do pensamento, ou seja, a
linguagem e expressão do pensamento – concepção associada aos estudos tradicionais.
_A segunda concepção esta relacionada a teoria de comunicação e ao processo de comunicação. A
língua é vista como um código que pode ser combinado segundo regras e é capaz de transmitir ao
receptor as mensagens organizadas pelo emissor.
_A terceira concepção, vai além das anteriores, pois esta relacionada a interação entre um (eu-
emissor) e um tu (receptor). Por meio dela o sujeito que fala e pratica ações-falando- o falante age
sobre o ouvinte, estabelecendo compromissos e vinculos que não existam antes da ação de falar.
*Assim a comunicação e interação ocorrem por meio da linguagem verbal – falando ou escrevendo-
ou de maneira não verbal – com gestos, olhares, desenhos, imagens e notas musicais.

Conceito de Língua – compreende o conjunto de sinais (palavras) e de leis combinatórias por meio
do qual as pessoas de uma comunidade se comunicam e interagem. Cada profissão possui sua
linguagem própria.

EXISTE LINGUAGEM ANIMAL?


_Não há linguagem, apesar dos estudos dos zoólogos.

[LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL]

O assunto desta aula continua sendo a linguagem. Tratamos agora do conceito de linguagem verbal
e não verbal em suas relações. Comecemos lembrando que nosso contato com os símbolos se dá
desde que nascemos e se evidência em diversos momentos da vida, por exemplo, quando falamos e
escrevemos.
_Quando falamos ou escrevemos nos questionamos buscando maior compreensão, encontrando
visões diferentes que nos fazem reformular o que falamos ou escrevemos durante interação, pois a
compreensão da mensagem nem sempre ocorre, precisamos de esclarecimentos.
Quando vemos a capa de um jornal ou desenhos em uma rodovia ficamos surpresos/ curiosos pela
grandiosidade do projeto, esquecendo da mensagem.

Vários linguistas preocupam-se em explicar a linguagem verbal e sua configuração. Saussure


propôs que a unidade miníma da língua seja chamada de signo constituído de duas partes:
significante e significado.
_Com relação a linguagem não verbal, Charles S. Pierce apresentou algumas definições.
Uma diferença formal pode ser observada entre linguagem verbal e não verbal.

“Trata-se do tipo de suporte que é utilizado por uma ou por outra. Esse suporte é o som na
linguagem verbal escrita, mas é muito variado nos diversos tipos de linguagem não – verbal,
incluindo desde os mais diversos grafismos das artes plásticas até a utilização de formas, cores e
volumes.

Percebe-se que na linguagem não verbal o trabalho simbólico pode ser mais perceptível,
aparentemente mais direta relação entre um fenômeno natural e o significado que os atribui: as
pegadas de um animal (índices) e o significado atribuído pelo caçador: a caça esta próxima.
Um outro exemplo de linguagem não verbal é a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais utilizadas
por pessoas que apresentam deficiência auditiva.

[A LÍNGUA PORTUGUESA: UM RECURSO]

Você viu nas aulas anteriores que a língua é dividida em duas partes ORAL que se fala no cotidiano
e a ESCRITA. Também vimos que há dois tipos de linguagem: VERBAL E NÃO VERBAL.

Para o linguista Marcos Bagno “Chama-se de falante culto aqueles indivíduo que nascido e criado
em ambiente urbano e que possui nível de escolaridade superior completo.
_O que se ensina nas escolas brasileiras é a Língua Portuguesa Padrão, ou seja, a Norma Padrão da
Lingua Escrita.

ERRADO – Me empreste o seu celular


CORRETO – Empreste – me o celular.
*Qual é mais agradável ao ouvido, qual ouvimos mais? Nem sempre o correto é mais agradável ,
mais musical.

De qual tribo você faz parte? Com certeza você se encaixa ou se encaixou em uma delas.
_Entendemos então que, como professor de Português, afinal esse é o nosso título, devemos estar
abertos as diferenças, respeitar os diferentes falares, dialogar com eles, opção esta tantas vezes
mencionada e defendida pelo professor Paulo Freire.

Resumindo, a língua que estudamos não é a língua que falamos por qual razão a estudamos? É
sobre esse fato que podemos refletir como professores de português.

[A LÍNGUA PORTUGUESA E SUA ORIGEM]

A língua portuguesa falada no Brasil vem de Portugal, e este vem do Latim vulgar cuja raiz é
indoeuropéia. As línguas neolatinos, como a língua portuguesa, tiveram sua origem no latim falado
– latim originado na região do lácio, região central da Itália antiga.
_O latim vulgar teve uma expansão bastante rápida devido ao domínio bélico e político de Roma. A
língua Portuguesa formou-se como língua específica, na Europa pela diferenciação que o latim
sofreu na Península Ibérica durante o processo de contato entre povos e línguas.

*Na península ibérica, o latim entrou em contato com línguas que ali existiam. Depois com a
invasão do povo germânico houve o contato do latim já transformado com as línguas germânicas.
Com a invasão muçulmana, a língua já modificada pelo contato com as línguas anteriormentes
citadas, entra em contato com o árabe.
Durante o processo de reconquista pelos cristãos os romances adquiram uma forma específica no
oeste da península formando o galego – português, em seguida, o português.

_Ao final da Idade Média, o português é levado ao Brasil.


Com o inicio da colonização portuguesa em 1532, a língua entra em contato com povos que
falavam outras línguas, as línguas indígenas e se transforma na língua oficial do Brasil.

[O PAPEL DO EDUCANDO NESTE CONTEXTO]


Cabe ao educador visualizar e entender o papel do educando neste contexto. Se é na escola que a
criança aprenderá a escrever, a transformar símbolos a sua fala. Produzir texto sejam orais ou
escritos, faz com que o educando processe reflexões sobre sua competência linguística e construa
um conhecimento sobre a língua, prática materna, a que ele conhece e não a que lhe é imputado.
_O educando, sem formular mágicas, passara de uma posição passiva para uma posição ativa em
termos de usuário da língua.

[QUE LÍNGUA É ESSA?]

*Nossa língua vem do português de Portugal e que esse em questão vem do Latim vulgar.

LATIM VULGAR – GALAICO PORTUGUÊS – PORTUGUÊS MODERNO


*Do português moderno vem a nossa língua. Oficialmente chamada de língua portuguesa. Muitos
chamam de língua brasileira ou de português brasileiro.
_Mas, somos apenas nós que falamos uma variante do português de Portugal? Há outros países,
outras culturas, outros povos. Valorizar essa cultura, povos, países, também é função nossa.

[LUSOFONIA]

A língua que falamos, escrevemos e modificamos é resultante de um longo processo histórico,


também influenciado por aspectos geográficos temperatura, clima, dentre outros.
_ Esse processo histórico ocorreu em um período em que Portugal era uma potência marítima
europeia e colonizou países em quatro dos cinco continentes, criando uma população de falantes da
variações da língua portuguesa. A esses falantes da-se o nome de lusofones e ao ato de falar,
lusofonia. Hoje oficialmente, são oito os países que adotam a língua portuguesa como seu indioma,
mas ainda a lugares que apesar de não ser português como língua oficial, foram colonizados por
Portugal.

PAÍSES QUE TEM O PORTUGUÊS COMO IDIOMA OFICIAL


_Portugal (Europa)
_Brasil (América do Sul)
_ Angola, Guiné, Bussau, São – Tomé, Princípe, Moçambique, Cabo Verde (África)
_Timor (Leste Oceania)

[UMA BREVE HISTÓRIA DO ESTUDO DA LINGUAGEM]


_A linguagem despertou o interesse do homem. Inicialmente foram os hindus que procuravam e
estudavam com o objetivo deles era que o livro VIDA para que ele não fosse codificado.
Um pouco mais tarde, na antiguidade clássica, os gregos voltaram sua atenção a linguagem,
especificidades da língua como nos, verbos e partículas.

_As línguas se transformam com o tempo independente da vontade do homem.


_No século XIX, o progresso do século XIX acerca das questões da linguagem, trouxe um
aprofundamento nos estudos da língua literária.
_No início do século XX com Ferdinand Saussure, professor da universidade de Genebra, a
linguística passa a ser conhecida como ciência e, em 1916, dois alunos de Saussure, a partir de
anotações da aula, publicam o curso de linguística geral, obra fundadora da nova ciência.

A transformação ocorrida nos estudos linguísticos, no século XX, são de extrema relevância, uma
vez que, a linguística não era uma ciência autônoma e submetia-se a lógica, a filosofia, a retórica, a
história ou a critica literária.

[O QUE É LINGUÍSTICA?]

_O termo linguagem não apresenta uma definição especializada extensa, podendo referir-se a
linguagem de seres e objetos diversos com: a linguagem dos animais, da dança, da pintura.
_Todavia verifica-se que as linguagens verbais ou não verbais compartilham uma características
importante: são sistemas de signos usados para a comunicação.
_As línguas naturais situam-se numa posição de destaque entre os sistemas signos porque possuem
propriedade de flexibilidade e de adaptabilidade.
_Cabe a um linguista descobrir como a linguagem funciona – a fala de uma comunidade, e, em
seguida sua escrita.
_Todo linguista serve-se de alguns critérios de coleta, organização, seleção e análise dos dados
linguísticos. Sendo assim, há dois campos de estudo: a LINGUÍSTICA GERAL (que oferece os
conceitos e modelos fundamentais, a análise das línguas) e a LINGUÍSTICA DESCRITIVA (cujo
dados confirmam ou refuta as teorias formuladas pela Linguística geral.

*Portanto, tem-se dois ramos da linguística: a sincrônica e a histórica. Atualmente a linguística


teórica, pois da ênfase a construção de modelo teóricas e não apenas a descrição de estado da
língua.

[LÍNGUA E FALA]

“ A linguagem tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber uma sem a
outra” (Saussure)
_o conjunto dos hábitos linguísticos que permitem uma pessoa compreender e fazer-se
compreender.
*Portanto “a medida que o sistema é estudado em suas relações internas uma vez ocorrida a
mudança oriunda da fala, ela passa das ocorrências particuladores da fala aos domínios gerais da
língua e é no sistema que ela passa”

[SAUSSURE E SIGNIFICADO]

Saussure define signo como a relação entre uma imagem acústica, significante não existe sem o
significado: /gatu/ - significante constituído por fonemas, duas sílabas – animal vertebrado
doméstico de quatro patas.

Sendo assim, um significante e um significado formam um signo, que por sua vez é definido dentro
de um sistema.
_A motivação pode ser encontrada com bastante intensidade também na poesia, pois o poeta busca
motivar a relação entre um significante e significado – o plano de expressão, veicula conteúdo e os
recria também.
*Os fonemas e suas combinações de alguma forma lembram ou imitam o conteúdo de que se fala:
repetição de oclusivas sugere o som da tempestade.
“Em tempo de tormenta e vento esquivo”

Motivação – Relativo é a que se estabelece entre um signo e outros signos do mesmo sistema.
[PARADIGMA E SINTAGMA]

Para Saussure, as relações entre os elementos linguísticos podem ser estabelecidas em dois
domínios distintos. Em caráter linear do significante há a possibilidade de que os signos linguísticos
ocorram simultaneamente na cadeia da fala. Sendo assim anunciado um após o outro formam um
alinhamento que os distribui em relações de combinação entre, pelo menos, dois elementos.

Há também, além das relações baseadas na cominação, as relações baseadas na seleção dos
elementos, que são combinados. A essas relações, entre os elementos do sistema linguístico,
Saussure denomina relações associativos.

_Dessa forma, estabelece-se a dicotomia PARADIGMA vs SINTAGMA. Em uma representação


gráfica, costuma-se colocar o sintagma como o eixo horizontal e o paradigma com o eixo vertical.

Na frase JOÃO AMA TEREZA e na palavra AMARREMOS, há um eixo horizontal sobre o qual
estão dispostos os elementos linguísticos combinado em um sintagma.

Na sequência – GOSTARIA DE COMPRAR UMA FAZENDA.


_ a unidade comprar mantém relação paradigma com “vender”, entregar, olhar, e tantas outras
unidades mantém também relações sintagmáticas com “gostaria” “de” “uma” “fazenda”. Da mesma
maneira do nível fonológico em se tratando da sequência.

/bola/
(o fonema /b/ estabelece relação paradigmática com /s/, /m/,/g/, etc e com relação sintagmática
com /b/, /o/, /l/ e /a/. Esses fonemas nos levam a entender a razão pela qual de a língua ser um
sistema, uma estrutura e não um aglomerado de elementos.

[A COMUNICAÇÃO HUMANA]

_A comunicação é um aspecto muito importante para o homem e essencial para os estudos da


linguagem. A afirmação Saussuriana, no início do século XX, que a língua é um fundamentalmente
instrumento de comunicação, rompeu com as concepções dos comparatistas. Para esses teóricos a
língua era uma representação de pensamentos, que existiria independente da formalização
linguística. Sendo assim o português e o italiano seriam “restos” em decadência do latim.
_Uma das consequências da visão e da ciência linguística sobretudo entre os funcionalistas.
Maimbery e Jacobson, foi a introdução do exame de comunicação no quadro das preocupações
linguísticas.

[A TEORIA DA INFORMAÇÃO]

_A teoria da informação exerceu forte influência na linguística. O campo dessa teoria abrange desde
os processos de decodificação eficiente, e capacidade de transmissão do canal de comunicação aos
efeitos indesejáveis dos e a busca por soluções para os problemas com certeza a te comunicações
entre outros. A proposta de comunicação de C.F. Samon foi esquematizado da seguinte forma:

Fonte de Informação
Transmissão > Receptor > Destino
Esse esquema de comunicação possui:
_um EMISSOR e um RECEPTOR – Divididos em duas ou mais caixas, que separem a codificação
e a decodificação da emissão e da recepção.
_um CANAL, ou seja, um suporte material ou sensorial que serve para a transmissão da mensagem
de um ponto ao outro.
_uma MENSAGEM, resultante da codificação e entendida no momento da transmissão, como uma
sequência de sinais.

Antes da transmissão da mensagem, situam-se as operações de codificação com as quais se constrói


a mensagem, e entre a recepção e o destinatário as operações de decodificação que permitem
reconhecer e identificar os elementos constituídos da mensagem. Os ruídos intervém durante o
processo de informação, barulhos e ruídos. A comunicação, nesse quadro é entendido como
transferência de mensagem, com a transmissão de um emissor a um receptor.

*Antes da transmissão da mensagem, situam-se as operações de codificação com as quais se


constrói a mensagem, e entre a recepção e o destinatário as operações de decodificação que
permitem reconhecer e identificar os elementos constituídos da mensagem.

Jakobson outro linguista, afirma que a linguagem deve ser estudada em suas variedades e funções.
Assim todo ato de comunicação verbal, possui um remetente que uma mensagem a um destinatário.

[AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM]

_Dois caminhos têm sido seguidos para vencer as limitações dos esquemas e modelos da teoria de
informação

PRIMEIRO – buscou-se complementos ou completar as propostas excessivamente simplificadoras


de comunicação depois rever o caráter linear e mecanicista simplificadoras de comunicação.

A proposta de “ampliação” de Jakobson (1969) é a mais conhecida:

CONTEXTO MENSAGEM
REMETENTE DESTINATÁRIO
CONTACTO CÓDIGO

*Assim para que haja comunicação, é necessário um código parcialmente ou totalmente ao


remetente e ao destinatário.

As mensagens empregam procedimentos linguísticos e discursivos que produzem efeitos de


sentidos relacionados com as diferentes funções e que nos permitem identifica – las.

[FUNÇÃO REFERENCIAL]
É uma função centrada no contexto, pois transmite conhecimentos sobre pessoas, fatos. Em seus
textos: empregam a terceira pessoa, apresentam qualidades “objetivas” ou “concretas”, nomes
próprios, usam estratégias argumentativas “lógicas”. Os procedimentos usados, produzem sobretudo
dos efeitos de sentido, o de objetividade (terceira pessoa) e o de realidade ou referente (nomes
próprios, qualidades, objetivos ou concretas.
[FUNÇÃO EMOTIVA]
É a exteriorização da emoção do eu em relação aquilo que fala de modo que essa emoção
transpareça no nível da mensagem. Podemos identificar a emoção do remetente na entonação na
escolha vocabular. “João saiu de casa” “João abandonou o lar”. “O canalha abandonou o lar” - o
envolvimento do falante com a situação fica expresso na escolha verbal, no substantivo.

[FUNÇÃO CONOTATIVA]
Esta centrada no destinatário, pois ele é o alvo da informação e deve ser persuadido de uma
determinada maneira, como na propaganda, cuja função básica é persuadir o público a comprar um
produto, votar em um político.

[FUNÇÃO FÁTICA]
Consiste em estabelecer contato, testar ou finalizar esse contato. Esta centrada no canal, já que não
visa propriamente a comunicação.

[FUNÇÃO METALINGUÍSTICA]
Consiste em usar a linguagem para se referir a própria linguagem aos aspectos relacionados ao
código ou a linguagem utilizados para esse fim como em verbetes no dicionário.

[FUNÇÃO POÉTICA]
Centrada na mensagem, essa função caracteriza-se pelo enfoque na mensagem em sua forma.
Consiste na projeção do eixo da relação sobre o eixo da combinação dos elementos linguísticos.

[OS SIGNOS]
Nessa perspectiva, a realidade ganha existência quando é nomeada por meio da linguagem. Os
signos são formas de representação da realidade – uma maneira de aprender a realidade.
_Essa apreensão não é perfeita, pois a atividade linguística é uma atividade simbólica, pois, as
palavras criam conceitos e esses conceitos ordenam a realidade, categorizam o mundo. Exemplo: o
homem criou o pôr do sol, que, do ponto de vista cientifico não existe, entretanto, esse conceito
criado pela língua determina uma realidade encantadora.

SAUSSURE – psicologicamente, a abstração é feita de sua expressão por meio das palavras. Logo
nosso pensamento não passa de uma amorfa e indistinta.

_Nenhum ser do mundo pertence a uma determinada categoria, o homem é que criam as categorias
e põem nelas os seres.
Significado – composto por traços funcionais, como por exemplo, um animal: morde/ não morde,
mata serpente/ não mata serpente, e qualificacionais: com corpo grande/ com copo pequeno, com
cabeça quadrada/ com cabeça redonda.

[COMPOSIÇÃO E VALOR DOS SIGNOS]

Segundo Saussure – o signo não une um homem há uma coisa, mas um conceito a uma imagem
acústica que não é o som material, físico, mas a impressão psiquicador dos sons perceptível quando
pensamos em uma palavra, mas não a falamos.

Saussure denomina significado ao conceito e a imagem acústica significante. Não existe


significante sem significado, nem significado, sem significante.
Portanto o significado não é a realidade que ele designa, mas a sua apresentação

EXEMPLO – Em português, há uma oposição entre homem/mulher. Embora tenham o traço


comum /humano/, há uma distinção por meio do traço /masculinidade/x/feminilidade/.
*Logo, a relação entre as palavras homem e mulher determina que o termo homem tenha dois
valores diferentes “ser humano” e “ser humano do sexo masculino”

_O conceito do homem, em português, “ser humano” e “ser humano do sexo masculino” é criado
pelo fato de ele se opor a mulher e não se opor há um terceiro tempo, como em latim, por exemplo,
em que o conceito de homem é apenas de ser humano.

Para Hjelmslevr:
_O signo une uma forma de expressão a um do conteúdo. Essas duas formas geram duas
substâncias, uma da expressão e uma do conteúdo.
_Para tal teórico, a Linguística deve estudar a forma tanto da expressão quanto do conteúdo.

[CLASSIFICAÇÃO DE SIGNO]
Signos naturais e artificiais.

Signo – unidade em que há uma relação entre uma expressão e um conteúdo.


_Os signos são classificados em signos naturais e signos artificiais. Os primeiros são os fenômenos
da natureza que servem de veículo para nos fazer perceber um fenômeno natural. São expressões de
um dado conteúdo. São denominadas também índices ou sintomas, por exemplo, a fumaça
(Expressão) que indica a existência de fogo: nuvens negras indicam que vai chover, a febre é um
sintoma de problemas de saúde.
_Os signos artificiais são os produzidos para fins de comunicação, as palavras, os sinais de trânsito.
Eles são o resultado de um acordo deliberado em que uma convenção estabeleceu os signos que
orientariam os homens, o trânsito, etc.

Os signos artificiais podem ser divididos em signos verbais e signos com expressão derivativa, uma
vez que tem funções na interpretação das diferentes linguagens. Os signos são interpretantes de
todas as linguagens, enquanto os signos de outras linguagens nem sempre podem interpretar os
signos linguísticos. Um filme, pode ser contato verbalmente, nem tudo que exprime pode ser dito
visualmente.

Os signos com expressão derivativa distinguem-se em sinais e signos substitutivos. Sinais são
utilizados especialmente para “suscitar uma reação pré-combinada e acordada quer em grupo, que
individualmente sob a forma de manifestações definidas da atividade humana. Os sinais são os
signos que levam o homem a fazer uma ação, a fazer ou não alguma coisa.
EX – o apito do juiz em um campo de futebol paralisa o jogo, o vermelho do semáforo faz parar.

*O simbolo é um elemento concreto que representa um abstrato (religiões, sistemas sociais,


noções). Exemplo: enquanto no ocidente a cor preta significa luto, em algumas sociedades o branco
tem esse significado.

SIGNOS – NATURAIS
SIGNOS - ARTIFICIAIS.
ARTIFICIAIS – VERBAIS
COM EXPRESSA DERIVATIVA – SINAIS
SIGNOS SUBSTITUTOS – SIGNOS
SUBSTITUTOS

Com os signos, o homem cria universos de sentido. As línguas não são nomenclatura que se aplicam
a uma realidade pré-ordenada, mas são modas de interpretar o mundo.

[A LÍNGUA E A LINGUÍSTICA]

De acordo com Fiorin, é difícil definir língua devido a sua complexidade pois algumas definições
de língua como “instrumento de comunicação” “ou mesmo” como um sistema ordenado com vistas
a expressão do pensamento são poucos abrangentes e deixam de lado aspectos essenciais.

_ A língua é “produto de um trabalho social e histórico de uma comunidade”. Sendo assim, é


produto de um trabalho social um fenômeno sociológico e também histórico que é retomado e de
certa forma reinventado pela comunidade de falantes, ou seja esta sempre em construção.

*Logo, ao estudarmos a língua, é preciso estabelecer entre os sujeitos que usam a língua, suas
relações com a história, com a sociedade em que vive e com a atividade que estes sujeitos realizam.

[DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO]

A linguagem autoriza que façamos alterações de significado e que violemos regras, criando por
meio da linguagem sentidos diversos. Assim, o homem comum, o poeta, o escritor ultrapassa as
fronteiras estabelecidas entre o animado e o inanimado, o, o humano e o não humano, o concreto e
o abstrato, por exemplo.

DENOTAÇÃO – sentido próprio ou literal, quando a palavra é usada no seu sentido original.
Quando seu sentido é usado de uma forma mais comum. Tem como finalidade informar o receptor
da mensagem de forma clara e objetiva. É utilizado em textos informativos, bulas de remédio,
textos científicos, etc.
EX – O elefante é um mamífero. Já li esta página do livro. A empregada limpou a casa.

CONOTAÇÃO – Uma palavra é usada em sentido denotativo (figurado) quando apresenta


diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, dependendo do contexto frásico em que
aparece. Quando se refere a sentidos, associações e ideias que vão além do sentido original da
palavra, ampliando sua significação mediante a circunstância em que a mesma é utilizada,
assumindo um sentido figurado e simbólico.
_Tem como finalidade provocar sentimentos de receptor da mensagem através da expressividade e
afetividade que transmite. É usada principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas
também ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre
outros.
EX – Você é o meu sol. Minha vida é um mar de tristezas. Você tem um coração de pedra.

Os dois mecanismos principais da conotação são a METÁFORA e a METONÍMIA:


METÁFORA – é o acréscimo de um significado a outro, quando entre eles existe uma relação de
semelhança da intersecção. Essa relação indica que há traços comuns entre os dois significantes: É a
vaidade. Rosa que da manhã lisonjeada, o poeta emprega a rosa para estabelecer relação entre
vaidade e beleza, que se exibe no início da manhã, da vida.
Indica uma relação de semelhança entre dois termos.
EX – Eu carrego o mundo nos meus ombros. Seus olhos são como luzes brilhantes.

METONÍMIA – é o acréscimo de um significado a outro, quando entre eles há uma relação de


contiguidade, de coexistente de interdependência. Veja: Dudu é um resto de pessoa(…) de roupa
(…) de nome. Saberia ler? Não há fome é sempre analfabeta. * Fome é empregada no lugar de
miserável, relação em que a propriedade do ser dar nome a ele.
_Consiste em empregar um termo no sentido do outro, havendo entre eles afinidade
EX – Gosto de ler Sidney Sheldon (autor pela obra)

SINÉDOQUE – é uma relação de inclusão, de continuidade, de coexistência – quando um


significado indica a parte e o outro um todo, um expressa o conteúdo e o outro, o continente. Logo a
parte esta incluída todo, o conteúdo esta incluído no continente: bebi um copo de água, leio
Machado de Assis.
Consiste em uma substituição de um termo por outro, se estabelece uma relação de uma parte com
um todo.
EX – Vou sair da casa dos meus pais e ter meu teto (casa)
O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca (todos os alunos)

*A metáfora e monímia não aparecem apenas na linguagem poética, uma vez que a linguagem
cotidiana também esta repleta dessas conotações: batalha dos preços, afogar-se num copo d'agua.

[A SINCRONIA E DIACRONIA]

_ O ramo da linguística que trabalha com mudanças que ocorrem nas línguas através do tempo é
denominado linguístico diacronica. A esse ponto de vista, ele opõe uma linguística sincrônica.
_O termo Diacronia, do grego DIA “através” e “chronos” “tempos” isto é “através do tempo” e
sincronia do grego “sign” juntamente e “chronos” tempos significa “ ao mesmo tempo”.

*Fica claro que o ponto de vista sincronia vê a língua como um sistema em que um elemento se
define pelos demais elementos. No estudo sincronico, um determinado estado de uma língua é
isolado de suas mudanças através do tempo e passa a ser estudado como um sistema de elementos
linguísticos naquela situação. Tais elementos são estudados não mais em suas mudanças históricas,
mas nas relações que eles contraem ao mesmo tempo, uns com os outros.
_A partir da dicotomia sincronia versus diacronia, Saussure determina uma distinção entre fatos
sincrônicos e fatos diacronos. Os fatos sincrônicos são de natureza semântica, são gerais, mas não
tem caráter imperativo. Isso quer dizer que os fatos sincrônicos estabelecem princípios de
regularidade sistemática dos verbos e dos substantivos dessa língua.
O verbo COMER, conjugado na primeira pessoa do plural do pretérito mais-que-perfeito do
indicativo, tem a forma “comeramos”, em que com – é o radical, o – ra é o morfema pretérito mais-
que-perfeito do modo indicativo e o – mos é o morfema de 1ª pessoa do número plural. Portanto,
trata-se de um fato geral, mas não imperativo, o que quer dizer que essa regularidade pode ser
modificada em uma mudança da língua.
_Os fatos diacronicos são imperativos pois se impõem a língua. Por exemplo: se compararmos o
português ao Latim, nenhum substantivo do português tem caso e todos os substantivos latinos o
têm. Por exemplo o caso nomitativo não existe em português.

Saussure, ao definir a língua como sistema e ao pensar a sincronica como o estudo de um sistema
num dado momento do tempo, redefine também o conceito de diacronia, que será entendida a partir
disso, como a sucessão de diferentes sistemas ao longo do tempo
EX – na possibilidade de existir um estado de língua em dado século pode-se realizar um estudo
sincronico do português do século XIII do século XIV, etc. A diacronia é, a sucessão dessas
sincronias.

[A DUPLA ARTICULAÇÃO DA LINGUAGEM]

As propostas de Saussure foram estudadas e expandidas por outros linguísticos, dentre eles,
Martinet. Andre Martinet, linguista francês foi professor de linguística francesa que nasceu a 12 de
abril de 1908, em Saint Albam – des – Villardes (Sauvoeu) e faleceu a 16 de julho de 1999, em
Clatenay – Malabry.
_Para Martinet, a língua é duplamente articulada.

*Todo enunciado de uma língua apresenta dois planos de articulação, um primeiro plano em que se
articula as unidades dotadas de sentido, comum, os morfemas. Essa é a primeira articulação da
linguagem – plano de conteúdo (lexical – gramatical), este inclui as palavras, raízes, afixos. Já a
segunda articulação -o plano da expressão inclui os fonemas, as sílabas, os acentos e que não tem
sentido.
*As unidades são dotadas de matéria fônica e de sentido, isto é, são compostas do significado e de
significante. Assim, nesse plano, o enunciado pode ser recortado em unidades menores dotadas de
sentido, ou seja, morfemas palavras que podem ser substituídos por outra palavra no eixo
sintagmático.

Em OS POMBOS DANÇAVAM temos:

_pomb – radical, o – morfema de masculino; s – morfema de plural


_danç – radical, a – morfema de primeira conjugação, va – morfema modo temporal do pretérito
imperfeito do indicativo, m- morfema número pessoa de terceira pessoa do plural.

_Os morfemas podem, por sua vez, ser divididos em unidades menores e não serem proibidos de
sentido: os fonemas.

*No morfema /LOB/ por exemplo, temos o /l/, /o/ e /b/. Esta é a segunda articulação da linguagem e
conhecida por apresentar elementos que se diferenciam, ou seja, as unidades têm valor distintivo.
Dessa forma, quando se substitui o /l/ do morfema /ob/ por /b/ produz um outro radical, BOB- que
aparece na palavra bobo e que altera o significado da palavra.

_Sendo assim, a dupla articulação da linguagem é um fator de economia linguística, pois com
poucas dezenas formam-se muitas unidades de primeira articulação. Com muitas unidades de
primeira articulação forma-se um número ilimitado de enunciados.

[AS MUDANÇAS NAS LÍNGUAS]


As mudanças linguísticas são percebidas ao longo da história. Podem perceber vários tipos de
ocorrências e maneiras diferentes de manifestações.
São perceptíveis mudanças quando entramos em contato com pessoas de lugares diferentes, de
idades diferentes. Comtexto falados, com textos escritos. Por meio de contato:
_com pessoas de outras faixas etárias, pois quanto maior é a diferença de idade, maior a
probabilidade de encontrarmos diferenças na forma de falar de duas pessoas – pequenas diferenças
de vocabulário, construções diferentes, pronúncias de certas palavras ou de certos sons:
_com texto falados: gravações, filmes ou qualquer tipo de registro que permitem o recuo de pelo
menos um século.
_com textos escritos.

*As línguas mudam, tanto em sua norma falada quanto em sua norma escrita, porém a língua escrita
é sempre mais conservadora do que a língua falada.

*No português atual, há algum tempo vem ocorrendo alterações no sistema dos pronomes pessoais
como tu, nós e vós.
* Vós é a que já foi praticamente eliminada da língua falada. (Brasil e Portugal)
*Tu foi perdido em muitas regiões do Brasil.
* Nós enfrenta a forte concorrência da expressão a gente.

_Além disso, há também o surgimento de particípios passados formados com acréscimo de – o á


raiz verbal, como em expressões já tinha chego em vez de já tinha chegado. O caso específico de
chegar provavelmente é influenciado pela existência do particípio irregular pego, de pegar,
foneticamente muito semelhante a ele.

*Em Fiorim, encontramos alguns exemplos de mudanças ocorridas no século XIII.

*arcaismos lexicais, ou seja, certas palavras que caíram em desuso, como acaeçer (acontecer) e
bitamente (naufrágio), afilhar (tomar).

*temos as palavras nenhum e algum como pronomes indefinidos usados substantivamente, de


acordo com a terminologia gramatical corrente, ou seja, tendo usos correspondentes aos dos nossos
ninguém e alguém atuais.

*há também palavras que deixaram de ser usadas em certas construções como o verbo haver, como
sentido de “ter” que apareceria na forma ajam e na forma ouver.

*o pronome indefinido homem, com sentido de quantificador existencial (alguém) ou genérico (as
pessoas em geral).

*a concordância negativa em nenhum nom leue, equivalente a que ninguém leve no português atual
é o que chamamos dupla negação para nos referirmos a esse tipo de construção atualmente esse
termo é reservado para construções em que isoladamente são negativos e o sentido gloval contínuo
a ser negativo, o termo usado atualmente é concordância negativa.

* Tais exemplos indicam que a mudanças não se restringem a um nível de gramática pois podem
ocorrer em qualquer um deles. Há mudanças fonológicas sintáticas, morfológicas, semânticas,
lexicais, etc.
[A VARIAÇÃO E AS MUDANÇAS]

_Toda língua apresenta variação, que é sempre potencialmente um desencadeador de mudanças.


Sendo assim, uma vez que a mudança e a variação estão extremamente relacionadas, é muito difícil
estudar uma sem estudar outra.

* Labou faz o caminho inverso de Saussure (enquanto este fez um esforço para excluir o que é
externo a língua, aquele procura demonstrar que o funcionamento de uma língua não pode ser
estendido no vácuo).
*Labou considera que não devemos parar no que é estritamente linguístico pois se quisermos
explicar quais forças agem naquela língua devemos incluir o modo com a língua esta inserida na
socieadade.

[COMO AS LÍNGUAS MUDAM]

Numa perspectiva variacionista toda mudança pressupõe variação, ou seja, para que a mudança
ocorra a língua tem necessariamente de passar por um período em que há variação em que
coexistem duas ou mais variantes.
_Podem existir fatores de duas espécies que favoreçam ou dificultem as mudanças.

Fatores estritamente linguísticos – se relacionam a forma como a língua esta organizada, como
funciona o sistema, quais são seus elementos, suas regras.

Fatores extralinguísticos – relacionam-se a forma como a língua esta inserida na sociedade.

Sendo assim, autores como Chagas examinam o processo de mudanças se inicia, como ela se
processa e como se difunde.

Para Chagas, a mudança linguística se organiza a partir de duas possibilidades.

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