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EDIÇÃO GRATUITA

N.48 2022 . TRIMESTRAL

ANÁLISE DO MERCADO
Setor do Leite

QUALIDADE DA ÁGUA
A importância da qualidade da água
e da higienização dos bebedouros
EDITORIAL

Redigido a 24 de fevereiro de 2022

As origens da AGROS remontam ao ano de 1949, e foi este momento basilar que deu início a esta longa caminha-
da pela defesa do setor leiteiro. Na altura, o leite que era produzido nem sempre era adquirido pela indústria,
era pago ao menor preço possível e ainda retardavam ou até não pagavam ao Produtor. Pretendia-se, assim, que
com a criação desta União de Cooperativas, houvesse uma maior estabilidade e maiores rendimentos para os
Produtores de Leite de então. Penso que nem na expectativa mais otimista e visionária, imaginariam o quão bem
estavam a fazer e, o quanto a génese da AGROS, iria transformar e revolucionar toda a fileira leiteira.

Vários foram os desafios, rumos e sucessos, nesta viagem e muitos foram os ventos, ora favoráveis, ora contrá-
rios, mas a prossecução pela valorização, qualidade e pela excelência da nossa matéria-prima, o Leite, e pela
sustentabilidade da cadeia produtiva sempre foi o nosso foco, sendo de realçar a passagem de valor à produção
realizada nos últimos anos, decorrente de uma eficiente gestão interna.

Todos sabemos que o atual momento é complexo e de uma grande incerteza, e que o dia de hoje ficará para a
história como mais um dia sombrio de ataque à Paz, com a invasão da Rússia à Ucrânia. Efetivamente após uma
pandemia sem precedentes que felizmente estamos a ultrapassar, continuam a avizinhar-se tempos ambíguos
e que não serão sinónimo de calmaria nem de facilidades, pelo que nós, setor agropecuário, teremos que conti-
nuar a conjugar esforços e procurar incessantemente na resiliência, a superação.

E para isso, considero que os trabalhos inerentes à certificação das explorações, seja em Bem-estar animal, seja
no trilhar dos requisitos de boas práticas de sustentabilidade na produção de leite, levará de forma gradual, ao
encontro do pretendido pelos consumidores, pois é crucial conseguirmos evidenciar e credibilizar o setor e, por
conseguinte, ir-se conquistando uma maior valorização do leite, para que esta e próximas gerações de Produto-
res de Leite alcancem o equilíbrio, a sustentabilidade e competitividade necessária, e continuem a contar com o
Setor Cooperativo Agrícola.

E porque quem não é visto, não é lembrado, a AgroSemana – Feira Agrícola do Norte será retomada no presente
ano de 2022, de 1 a 4 de Setembro, para que o setor agrícola, com foco para o setor leiteiro, se faça presente no
mundo rural e urbano, e que exponha a dedicação e o bem-fazer do nosso setor.

Assim, ter coragem é defender aquilo em que acreditamos, é liderar uma missão, e apraz-me que o legado para
o qual contribui com as Equipas que me acompanharam seja de solidez estrutural e financeira na União e no
Grupo AGROS. A todos, Órgãos Sociais, Cooperativas associadas, Delegados, Produtores de Leite, Colaboradores,
Confederações, Federações e Associações do Setor, Instituições, Fornecedores e Clientes, o meu muito obrigado!

Iniciar-se-á um novo ciclo na AGROS, e almejo que a prossecução pela Missão, Visão e Valores da União das
Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, continuem presentes nesta tão
nobre Organização.

Um abraço e bem-hajam,

José Fernando Martins Capela


Presidente do Conselho de Administração da AGROS

REVISTA AGROS Nº48. 3


ÍNDICE
03 Editorial

05 Destaque
Laticínios vs bebidas vegetais

06 Grupo AGROS – Agros Comercial


Sociedade Agrícola Irmãos Miranda,lda.

08 Artigo Técnico
Recomendações para a prevenção e tratamento de lesões de
tegumento

10 Grupo AGROS – PEC NORDESTE


FICHA TÉCNICA 12 anos depois, AGROS assume a presidência da FENALAC
PROPRIEDADE E EDITORA
AGROS - União das Cooperativas de Produtores 12 Artigo Técnico
de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-
Montes, U.C.R.L. Tecnologia ao serviço da produção animal – NIR portátil

14 Artigo Leite
Principais benefícios do iogurte
SEDE
Rua Cidade da Póvoa de Varzim, 55
4490-295 Argivai - Póvoa de Varzim 16 Artigo Técnico
Tel. 252 241 000
Fax. 252 241 009 Sistema de deteção de incêndio obrigatório em explorações
pecuárias
E-mail: revista@agros.pt | Url: www.agros.pt
DIRETOR
José Fernando Martins Capela
PRODUÇÃO E COORDENAÇÃO 17 Artigo Técnico
Serviço de Marketing
SEDE DE REDAÇÃO Certificações ISO 9001:2015 e ISO 22000:2018 cevarGado
Rua Cidade da Póvoa de Varzim, 55

18
4490-295 Argivai - Póvoa de Varzim
Artigo Técnico
N.º DE CONTRIBUINTE
500291950 Análise do mercado: Setor do Leite
DEPÓSITO LEGAL
295758/09
ISSN 26 Artigo Técnico
1647-3264
Ciclos de carbono sustentáveis
REGISTO NA ERC
125612

ESTATUTO EDITORIAL
28 Artigo Técnico
www.agros.pt/revista-agros-estatuto-editorial
A importância da qualidade da água e da higienização dos
DESIGN E COMPOSIÇÃO GRÁFICA
Serviço de Eventos e Gestão de Espaços
bebedouros

32
IMPRESSÃO GRÁFICA
Sersilito - Empresa Gráfica, Lda. Universo AGROS - Cooperativa dos Produtores Agrícolas do Concelho de
Travessa Sá e Melo, 209 Póvoa de Lanhoso
Apartado 1208, Gueifães 4471 Maia
Entrevista ao Presidente da Direção – Sr. Alexandre Vieira Veiga
TIRAGEM
2000 exemplares

PERIODICIDADE 34 Acontecimentos
N.48 - Trimestral

FOTOS
AGROS, U.C.R.L.; iStockPhoto;
40 Espaço Lúdico
Shutterstock; Freepik. Agenda Cultural Agrícola
Consulte a Revista em PDF Sabores da Nossa Terra
Labirinto

Os textos publicados nesta edição são da


responsabilidade dos respetivos autores.
DESTAQUE

LATICÍNIOS VS
BEBIDAS VEGETAIS
TEXTO: Adaptado AGROS
FONTE: www.insa.pt

Atualmente, cada vez mais a população A Autoridade Europeia de Segurança Ali- Em relação às amostras de bebidas ve-
portuguesa está a substituir os laticí- mentar e a Organização Mundial da Saú- getais analisadas, 66,7% destes resulta-
nios por bebidas vegetais. As bebidas de, estabeleceram 150 µg por dia como dos encontram-se abaixo do limite de
vegetais são produzidas através da a dose diária recomendada de ingestão quantificação (LQ - 0,6 µg/100 mL), isto
adição de água a alimentos triturados, de iodo para adultos saudáveis, enquanto é, 4 amostras abaixo do LQ do total de 6
como os frutos secos. Em termos nutri- que para crianças e mulheres grávidas ou analisadas. O valor médio obtido para o
cionais não são equivalentes ao leite da lactentes é, respetivamente, 120 µg por teor de iodo, em bebidas vegetais, foi de
vaca. O leite de vaca é considerado um dia e 200 µg por dia. 1,2 µg/100 mL.
alimento completo do ponto de vista Nos dias de hoje, muitas pessoas, estão Conclui-se que os iogurtes contribuem
nutricional. a substituir os lacticínios por bebidas mais para suprir a dose diária recomen-
As bebidas vegetais têm, geralmente, teo- vegetais e, fazendo uma análise combi- dada de iodo, seguida dos leites e por
res de iodo baixo o que leva a uma preo- nada com o teor de iodo e com os dados fim, as bebidas vegetais. Comparando
cupação acrescida sobre o impacto que de consumo, pode-se afirmar que a os produtos lácteos com os produtos
tem na vida da população portuguesa. principal fonte de iodo, atualmente, é o não lácteos, observou-se uma grande
O iodo é um micronutriente essencial leite e alguns laticínios. variação no teor de iodo.
para a síntese das hormonas da tireoide, No gráfico 1 e 2 é possível observar que a Os resultados destacam que indivíduos e
presente em pequenas quantidades no concentração de iodo em leites e iogurtes grupos de população com dietas restritas
corpo humano. consumidos em Portugal é bastante simi- em produtos lácteos podem ter em risco
Foram analisadas 41 amostras, 15 lar, 18 e 20 µg/100 mL, respetivamente. a quantidade diária de iodo.
leites, 20 iogurtes e 6 bebidas vegetais
comercializadas por marcas de grande
aceitação pela população portuguesa. TEOR DE IODO EM LEITES (1) E IOGURTES (2) CONSUMIDOS EM PORTUGAL GRÁFICO 1 E 2
Verificou-se que, os iogurtes apresen- FONTE
tavam maiores concentrações de iodo, www.insa.pt

seguido do leite e por fim, as bebidas NOTA


vegetais. Estas apresentaram, na sua Valores expressos
pela média e desvio
maioria, valores inferiores ao limite de padrão (n=3)

quantificação. É possível determinar que


as populações com dietas restritas em
laticínios (intolerância à lactose, alergia
à proteína do leite ou vegans) poderão
ter um risco acrescido de uma ingestão
inadequada em iodo.
A deficiência em iodo é a causa mais
comum da deficiência cognitiva. A
deficiência crónica de iodo pode levar a
distúrbios que incluem deficiência men-
tal e formação de bócio, um aumento da
glândula tiroide que implica uma produ-
ção inadequada de hormonas da tiroide.

REVISTA AGROS Nº48 . 5


GRUPO AGROS - AGROS COMERCIAL

SOCIEDADE AGRÍCOLA IRMÃOS MIRANDA,LDA


Foto: Irmãos Miranda

Localidade Número de Animais Quantidade Contratualizada


Alvito, São Martinho 221 dos quais 113 vacas lactantes 1.019.417 litros

Ano da Fundação Cliente Agros Comercial Cliente Empresas Grupo AGROS


2007 2007 Segalab, Cevargado e ABLN.

Tendo em consideração o investimento realizado com a aquisição Considera positivo o apoio, disponibilidade e rapidez na respos-
da Ordenha 2x12 e o alimentador de vitelos quais as principais ta dado pela empresa Agros Comercial? Quais os aspetos que
razões que o levaram a optar pelas soluções disponibilizadas pela considera mais positivos na forma de trabalhar pela empresa?
Agros Comercial? Sim, sem dúvida. A assistência técnica, a rapidez na resposta, o
A qualidade dos produtos, o facto de nos facilitar bastante a apoio e a disponibilidade dos técnicos da Agros Comercial são
mão-de-obra e reduzir o número de horas de ordenha, foram os aspetos positivos a destacar.
os principais motivos. Em relação aos bebedouros, o principal
motivo foi o orçamento apresentado. Tem trabalhado com a Agros Comercial em mais alguma gama
de produtos? (Material Tubular, Produtos de Higiene, Máquinas
Está satisfeito com os resultados obtidos pelo equipamento na sua Agrícolas, Equipamentos de Refrigeração, Manutenção e Assis-
Exploração? Aconselharia este equipamento a outros Produtores? tência Técnica, etc.) Quais os motivos?
Sim, estamos satisfeitos e bastante contentes com a prestação Sim, temos. Os motivos serão mais a médio/longo prazo de-
dos equipamentos e com o apoio que nos tem sido prestado. pendendo das necessidades que viermos a ter. Neste momen-
Nunca foi nossa ideia adquirir esta ordenha, mas quando per- to, além de termos fechado negócio com a Agros Comercial de
cebemos a qualidade não tivemos dúvidas. Aconselhamos os escovas e ventiladores, estamos a estudar a possibilidade de
Produtores a analisar e a perceber a qualidade e desempenho adquirir máquinas agrícolas, sendo a Lemken a nossa marca
desta ordenha. de referência.

Quais são as principais diferenças em relação a outras eventuais Para si quais as áreas de negócio que entende que poderiam ser
soluções disponibilizadas pelo mercado? Pela relação qualida- alargadas e que a Agros Comercial poderia desenvolver?
de vs. preço? Pela versatilidade, facilidade de operar, ou por Talvez a área das camas flexíveis/relaxamento, uma vez que,
outros fatores? acreditamos que contribui bastante para o bem-estar do ani-
Em relação aos bebedouros este foi o melhor preço do mercado. mal, o que se reflete, na qualidade do leite.
Relativamente à ordenha foi a facilidade de manuseamento e a
redução de horas de mão-de-obra na ordenha, o que nos facilita Pretende manter a parceria entre a Agros Comercial e a sua
bastante o trabalho. Em relação ao material tubular foi a robustez. Exploração?
Em geral o principal motivo foi a segurança, confiança na assistên- Sim, fazemos questão de continuar a ter a Agros Comercial
cia técnica e o apoio prestado por parte da Agros Comercial. como parceira.

6 . REVISTA AGROS Nº48


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ARTIGO TÉCNICO

RECOMENDAÇÕES PARA A PREVENÇÃO E


TRATAMENTO DE LESÕES
DE TEGUMENTO
Pescoço/Garrote

TEXTO
Serviço de
Certificação e
Sustentabilidade
das Explorações
AGROS

Curvilhão
Joelho

As lesões de tegumento, mais frequentemente encon- ou com colchões demasiado abrasivos vão aumentar o
tradas na zona do joelho, curvilhão e pescoço, estão nor- impacto desta pressão, aumentando a probabilidade de
malmente associadas às instalações do estábulo e à sua se desenvolver uma lesão.
manutenção. Com uma gestão adequada estas lesões
podem ser diminuídas e/ou prevenidas. LESÕES DO PESCOÇO/GARROTE
As lesões mais observadas correspondem a zonas de alo- As lesões localizadas na zona do pescoço podem re-
pécia (peladas), inchaço e ulceração. Este tipo de lesões sultar do mau dimensionamento do travador do pes-
comprometem o conforto animal tendo um impacto coço e/ou cornadiz, aumentando a pressão exercida
negativo na produção e longevidade do efetivo. Depen- sobre o pescoço. No caso das explorações com esta-
dendo da gravidade da lesão, estas podem conduzir à bulação fixa, deve ter em conta o comprimento das
redução da mobilidade dos animais, menor ingestão de correntes de modo a minimizar a pressão que estas
matéria seca, baixa produção e problemas reprodutivos. exercem sobre o pescoço.

LESÕES DO CURVILHÃO TRATAMENTO: O QUE DIZEM OS ESTUDOS


As vacas deitam-se ligeiramente de lado exercendo Um estudo que avaliou a cicatrização de lesões do cur-
pressão no curvilhão do lado para o qual se deitam. Ao vilhão concluiu que vacas que têm acesso a camas de
garantir que a superfície onde se deitam é macia e con- areia, cubículos com caixa de serrim ou pastagem apre-
fortável, o impacto desta pressão é diminuído. sentam uma resolução mais rápida das lesões. Isto su-
gere que usar camas profundas ou fornecer acesso ao
LESÕES DO JOELHO exterior pode ser um bom método para minimizar fe-
As lesões localizadas na zona do joelho podem resultar rimentos nos curvilhões e joelhos. Importa considerar
de: cubículos curtos e travador do peito demasiado alto que muitas destas lesões levam algum tempo para re-
(obrigam os animais a ter os membros anteriores fleti- gredirem, podendo mesmo nunca regredir totalmente.
dos); travador do pescoço mal dimensionado (dificulta
o balanço que os animais necessitam para se deitar/le- BENEFÍCIOS NA REDUÇÃO E/OU PREVENÇÃO DAS LESÕES
vantar). Em ambos os casos, verifica-se um aumento da DE TEGUMENTO
pressão exercida sobre os joelhos, que conduz ao apare- Estudos efetuados demonstram que as lesões de tegu-
cimento destas lesões. mento têm um impacto negativo na saúde e produtivi-
O primeiro ponto de impacto quando as vacas se dei- dade do efetivo. Tanto o Produtor como os animais vão
tam e levantam, são os joelhos. Cubículos em cimento beneficiar com a diminuição das lesões tegumentares.

8 . REVISTA AGROS Nº48


CLASSIFICAÇÃO WELFARE QUALITY
Aumentar a saúde e conforto animal.

Melhorar a produção. 1|2


0

LESÃO DO CURVILHÃO
Melhorar o rendimento económico. Estes animais não apresentam O animal da esquerda apresen-
nenhuma evidência de lesão, ta duas zonas de alopécia, com
sendo por isso classificados mais de 2 cm, sendo por isso
Aumentar o tempo de descanso. com zero – não se observa classificado com uma lesão de
perda de pelo ou inchaço do tipo 1 (lesão leve).
curvilhão. O animal da direita apresenta
um inchaço evidente do cur-
COMO CONTROLAR A DOR vilhão, sendo por isso classifi-
A maioria destas lesões são dolorosas, especialmente as cado com uma lesão de tipo 2
que envolvem inchaço e/ou ulceração. O médico-vete- (lesão severa).
rinário assistente da exploração é a pessoa mais indica-
da para auxiliar o Produtor a desenvolver um plano de
tratamento bem como uma estratégia de identificação e
monitorização destas lesões.
Deverão ser mantidos registos de tratamentos e ações
0|1 2
corretivas, de modo a melhor avaliar a sua eficácia e as-
sim identificar a principal causa destas lesões.

COMO MELHORAR O MEU ESTÁBULO


LESÃO DO JOELHO

O animal da esquerda não O animal da esquerda apresen-


É importante verificar-se que se trata de um problema in- apresenta nenhuma evidência ta uma alopécia acompanhada
dividual ou um problema do efetivo. Sendo um problema de lesão, obtendo por isso de inchaço generalizado do
do efetivo devem ser avaliadas as condições da estabu- a classificação zero – não se joelho, sendo por isso classifi-
lação, de modo a encontrar os principais pontos críticos. observa perda de pelo ou cado com uma lesão de tipo 2.
As dimensões dos cubículos afetam o posicionamento inchaço do joelho. O animal da direita apresenta
dos animais dentro dos mesmos, quer de pé quer dei- O animal da direita apresenta um inchaço evidente do joelho,
tados, bem como o tempo que passam nos cubículos. A uma zona de alopécia, sendo sendo por isso classificado com
largura, o comprimento e a altura dos cubículos, quan- por isso classificado com uma uma lesão de tipo 2.
do mal dimensionados, podem conduzir à existência de lesão de tipo 1.
lesões nos curvilhões e/ou joelhos. As lesões ao nível
do garrote estão mais relacionadas com a altura da gui-
lhotina e dos cubículos (travador do pescoço).
É importante ter em conta que as medidas recomenda- 2
das pela bibliografia para os cubículos, são sempre re-
lativas a determinado peso corporal. O Produtor deve 0|1
ter em conta os animais do seu efetivo, dimensionando
LESÃO DO PESCOÇO

as medidas tendo em consideração os animais maiores.


O animal da esquerda não Este animal apresenta um
MATERIAL DE CAMA apresenta nenhuma evidência inchaço localizado na zona do
É importante garantir que o material de cama tenha de lesão - classificação zero. garrote, sendo por isso classifi-
uma profundidade adequada para evitar o desenvol- O animal da direita apresenta cado com uma lesão de tipo 2.
vimento de lesões causadas pelo atrito em zonas po- uma zona de alopécia, sendo
tencialmente duras e superfícies abrasivas. Mesmo por isso classificado com lesão
colchões novos podem ser abrasivos, sendo benéfica de tipo 1.
a colocação de material de cama para minimizar essa
abrasão. No entanto, se o material colocado não for su-
ficiente para amortecer o impacto do animal a deitar-
-se, o risco de lesão pode ser maior. Quando os cubícu-
A frequência de limpeza e reposição do material de
los têm colchão, idealmente, deverão ser adicionados
cama são fatores importantes, que afetam o tempo e
5 a 7 cm de material de cama (por exemplo serrim). Em
qualidade de descanso dos animais.
cubículos de cimento, a quantidade adicionada deverá
ser sempre superior a 7 cm.

REVISTA AGROS Nº48 . 9


GRUPO AGROS - PEC NORDESTE

12 ANOS DEPOIS, AGROS ASSUME


A PRESIDÊNCIA DA FENALAC
DR. IDALINO LEÃO
TEXTO Como se sente ao passar a representar mais de 1.200 na minha vida. Ser agricultor é mais do que uma pro-
AGROS
Produtores de Leite portugueses? fissão, é uma forma diferente de estar na vida, que vivo
É um misto de orgulho e enorme responsabilidade, a FE- com orgulho e paixão.
NALAC é uma organização de âmbito nacional com gran-
de peso no PIB Português. Quais são os maiores desafios, na sua opinião, que es-
peram para o mandato?
A agricultura representa uma grande parte da sua vida? O maior desafio é, sem dúvida, contribuir para a sus-
Sou a terceira geração de Produtores de Leite na família, tentabilidade do setor que, nesta fase, está fortemente
a agricultura e os animais sempre estiveram presentes ameaçada, principalmente pelo enorme aumento dos
custos de produção e pela ausência de legislação que
traga mais equidade e transparência em todos os elos
“Os Produtores de Leite são gestores ativos da da cadeia produtiva.
paisagem e do território e, como tal, têm sempre
Como concilia os afazeres profissionais, pessoais e
que ser parceiros. Necessitamos de propostas de
associativos?
trabalho equilibradas e não de visões radicais e Com muita capacidade de sacrifício, método e discipli-
economicamente insustentáveis.“ na. Quando se faz algo que se gosta e acredita é tudo
mais fácil. Tenho a sorte de ter comigo excelentes pes-

10 . REVISTA AGROS Nº48


soas nos órgãos sociais das organizações, onde tenho calada dos preços de combustíveis. O setor já vem há
responsabilidades, que partilham comigo a gestão e as muito sugerindo um conjunto de medidas que, nesta
decisões das mesmas, bem como um conjunto de cola- fase, carecem de execução imediata. Medidas como a
boradores empenhados na execução das suas funções. isenção temporária de pagamentos à Segurança Social,
Obviamente que tudo isto é possível porque tenho atualização da ajuda ao Gasóleo Agrícola, reformulação
uma base familiar muito forte e paciente, que permite da ajuda à eletricidade verde e apoio à aquisição de ali-
abraçar estes desafios. mentos para os animais são urgentes.

Na sua opinião, como caracteriza o panorama atual do Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar a todos
setor agrícola? os Produtores?
A Produção de Leite em Portugal vive um momento O sucesso nasce do querer, da determinação e persistên-
muito difícil devido ao aumento sem precedentes do cia em se querer chegar a um objetivo. O meu principal
preço dos fatores de produção, nomeadamente dos objetivo, para este mandato, é aumentar a liquidez do
combustíveis, dos alimentos para animais e dos fer- Produtor de Leite. É imoral que 1 litro de Leite seja mais
tilizantes. A transmissão de preço ao longo da cadeia barato que um café ou um litro de água. É necessário
de valor tem sido praticamente nula, pelo que a filei- alterar esta realidade o quanto antes. Como presidente
ra leiteira tem acumulando prejuízos incomportáveis. da FENALAC pretendo contribuir para a sustentabilidade
Estima-se que o período de Seca que atravessamos da produção de Leite em Portugal.
venha agravar ainda mais esta situação, aumentando
a despesa das Explorações, obrigando os Produtores a
adquirir mais alimentos para os animais num mercado
com escassez de oferta e muito inflacionado.

Quais as medidas, que deviam ser implementadas?


Para que os agricultores continuem a dar o seu contri-
buto positivo à sociedade, o setor necessita de apoios
de emergência que permitam compensar os prejuízos
resultantes da Seca e da consequente menor disponi-
bilidade de alimentos para animais, assim como da es-

REVISTA AGROS Nº48 . 11


ARTIGO TÉCNICO

TECNOLOGIA AO SERVIÇO DA PRODUÇÃO


ANIMAL – NIR PORTÁTIL
TEXTO Mantendo o lema de proximidade e personalização do A cevarGado tem assim mais um auxiliar ao serviço do
Equipa técnica
cevarGado apoio técnico aos Produtores de leite e carne do norte nosso setor para continuarmos orgulhosamente o nos-
e centro do país, a cevarGado tem, desde setembro, o so lema “os resultados confirmam a diferença”.
sistema de análises de alimentos NIR portátil.
Este sistema utiliza a mais recente tecnologia ao nível RESULTADO (g/kg)
de análises por radiação infravermelha e permite uma
Matéria seca 328
elevada acuidade em relação a uma análise tradicional,
feita em laboratório, conforme provas já dadas, o que Cinzas 33
representa uma enorme fiabilidade. Proteína bruta 73
Justamente por ser portátil, permite que em escassos
Proteína bruta de amônia 76
minutos consigamos saber os valores químicos de uma
silagem de milho e/ou erva e assim possamos, de uma Fibra bruta 206
forma segura e rápida, fazer qualquer tipo de ajuste à Amido 364
formulação de cada vacaria, otimizando não só a utili-
Amido AM 355
zação das forragens disponíveis, bem como atendendo
às necessidades nutricionais dos efetivos ajustando, FDN 412
como sempre, o concentrado à necessidade dos ani- FDA 238
mais e ao orçamento dos seus donos.

12 . REVISTA AGROS Nº48


www.cevargado.pt Cevargado - Alimentos Compostos, Unipessoal, Lda - Rua Dr. António Alves Torres Junior 99,
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REVISTA AGROS Nº48 . 13
ARTIGO LEITE

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO IOGURTE

TEXTO A importância do consumo de produtos lácteos e de É possível encontrar cerca de 15% – 20% da quanti-
Adaptado por
AGROS origem láctea tem sido cada vez mais debatido pe- dade diária recomendada de cálcio num só iogurte.
FONTE
los portugueses. Contudo, a quantidade de cálcio que cada pessoa ne-
www.tuasaude.com O iogurte é, por sua vez, um derivado com uma im- cessita varia de acordo com a idade e sexo.
portância bastante elevada e está presente no con- O cálcio é algo que deve ser consumido ao longo de
sumo diário dos portugueses. É um derivado lácteo toda a vida, seja durante a juventude quando os ossos
preparado através de um processo de fermentação se estão a formar e a crescer, seja já na idade adulta
do leite, no qual as bactérias são responsáveis pela ou durante o envelhecimento, este contribui, tam-
fermentação da lactose – açúcar naturalmente pre- bém, para reduzir a desmineralização óssea em mu-
sente no leite – e pela produção de ácido lácteo, que lheres pós-menopáusicas.
garante a textura e sabor característico do iogurte.
O iogurte é considerado um probiótico, uma vez UM IOGURTE POR DIA É UMA FONTE DE PROTEÍNA
que, contém bactérias vivas, como Bifidobactérias Uma dieta rica em proteína pode contribuir para o
e Lactobacillus, que ajudam a melhorar a saúde do desenvolvimento muscular sendo também bastante
sistema digestivo. importante para outras funções do corpo. Além de
cálcio, o iogurte contém também proteínas. Um pote
UM IOGURTE POR DIA CONTRIBUI PARA PARTE DO CÁLCIO QUE de iogurte, normalmente contém cerca de 15%-20%
NECESSITAMOS da dose diária recomendada de proteína para um
O iogurte, tal como os restantes produtos lácteos, são adulto médio.
a principal fonte de cálcio da alimentação. O cálcio é,
sem dúvida, um importante e essencial mineral e deve COMO CONSUMIR
estar presente numa alimentação saudável. São inúme- O iogurte contém vários dos nutrientes de que o nos-
ros os benefícios do cálcio, contudo a contribuição para so corpo necessita. Por isso, consumir um iogurte por
o normal funcionamento muscular e manutenção dos dia tem uma série de benefícios, especialmente se o
ossos e dentes estão no topo da cadeia de benefícios. iogurte fizer parque do menu de pequeno-almoço.

14 . REVISTA AGROS Nº48


O CONSUMO DE IOGURTES
CONTRIBUI PARA:
MELHORAR A FLORA BACTERIANA INTESTINAL
Auxiliar no combate a doenças como síndrome do intestino irritável,
cancro de cólon, prisão de ventre, úlcera estomacal, entre outros.

MELHORAR O TRÂNSITO INTESTINAL


As bactérias presentes no iogurte fazem uma "pré-digestão" das
proteínas, permitindo uma melhor digestão.

COMBATER A FERMENTAÇÃO DOS ALIMENTOS


Evita gases, irritações, inflamações e infeções intestinais.

FORNECER CÁLCIO E FÓSFORO PARA O ORGANISMO


Ajuda a prevenir a osteopenia, osteoporose, contribuindo para a
recuperação de fraturas e cuidando da saúde dos dentes.

PROMOVER AUMENTO DA MASSA MUSCULAR E A SUA RECUPERAÇÃO


Pode e deve ser consumido antes ou depois de realizar atividades de
musculação.

MELHORAR A MEMÓRIA, A APRENDIZAGEM E OS PROCESSOS COGNITIVOS


O iogurte possui vitaminas do complexo B, os quais são essenciais
para manter a saúde mental. Estudos indicaram que o consumo de
probióticos ajuda a manter a saúde mental.
TABELA 1 COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO IOGURTE
NATURAL AUMENTAR AS DEFESAS DO ORGANISMO
INTEGRAL SEMIDESNATADO NATURAL
COM AÇÚCAR COM AÇÚCAR DESNATADO Possui minerais como zinco e selênio, assim como probióticos, o que
Calorias 83 kcals 54 kcals 42 kcals ajuda a regular e ativar as células do sistema imune, diminuindo o
risco de sofrer doenças como gripe ou resfriados.
Gorduras 3,6 g 1,8 g 0,2 g

Carboidratos 8,5 g 5g 5,2 g

Açúcares 5g 5g 0g

Proteína 3,9 g 4,2 g 4,6 g

Vitamina A 55 mcg 30 mcg 17 mcg

Vitamina B1 0,02 mg 0,03 mg 0,04 mg

Vitamina B2 0,18 mg 0,24 mg 0,27 mg

Vitamina B3 0,2 mg 0,2 mg 0,2 mg

Vitamina B6 0,03 mg 0,03 mg 0,03 mg

Vitamina B9 7 mg 1,7 mg 1,5 mcg

Potássio 140 mg 180 mg 200 mg

Cálcio 140 mg 120 mg 160 mg

Fósforo 95 mg 110 mg 130 mg

Magnésio 18 mg 12 mg 14 mg

Ferro 0,2 mg 0,2 mg 0,2 mg

Zinco 0,6 mg 0,5 mg 0,6 mg

REVISTA AGROS Nº48 . 15


ARTIGO TÉCNICO

SISTEMA DE DETEÇÃO DE INCÊNDIO


OBRIGATÓRIO EM EXPLORAÇÕES PECUÁRIAS
TEXTO Segundo a nova lei, publicada a 29 de dezembro de tentor da exploração, quanto a condições em que os
Adaptado por
AGROS 2021, passa a ser obrigatória a instalação de sistemas animais são criados e mantidos, que todo o equipa-
FONTE de deteção de incêndio nos locais onde os animais mento automático ou mecânico indispensável para a
noticiasaominuto.com estejam detidos em explorações pecuárias de regime saúde e o bem-estar dos animais, incluindo sistemas de
intensivo. Esta nova exigência terá início a partir do deteção de incêndio, seja inspecionado, pelo menos,
próximo ano 2023, dando assim, um ano para as explo- uma vez ao dia e quaisquer anomalias detetadas ime-
rações se prepararem para a alteração. diatamente corrigidas ou, quando tal não for possível,
Resultado de um projeto de lei do partido PAN, aprova- tomadas medidas para salvaguardar a saúde e o bem-
do em 26 de novembro de 2021, cria assim, a obrigato- -estar dos animais.
riedade de sistema de deteção de incêndio nas explo- A lei passa a prever a aplicação de coimas pelo incum-
rações pecuárias de classe 1 e de classe 2 em regime primento de obrigações como a instalação em 2023
intensivo - classificação que tem em conta a espécie de um sistema de deteção de incêndios, sob pena de
pecuária, sistema de exploração e capacidade do nú- multas entre 250 euro e 3.740 euros, se o agente for
cleo de produção - mas com um regime transitório. pessoa singular, ou entre 2.000 euros e 44.890 euros se
Passa também, a ser obrigação do proprietário ou de- o agente for pessoa coletiva.

16 . REVISTA AGROS Nº48


CERTIFICAÇÕES ISO 9001:2015
E ISO 22000:2018 CEVARGADO
TEXTO
cevarGado

Fruto do trabalho de uma equipa de profissionais de-


dicados, no passado mês de janeiro a Cevargado reno-
vou a certificação dos sistemas implementados, relati-
vamente aos referenciais normativos ISO9001:2015 e
ISO22000:2018, no âmbito do Fabrico e Comercialização
de Alimentos Compostos para Animais.
A ISO9001:2015 posiciona a nova versão da Norma,
como parte integrante dos esforços da organização no
desenvolvimento sustentável, funcionando como ferra-
menta para melhorar o desempenho global da organi-
zação. Incentiva um maior enfoque nas partes interessa-
das como parte da adoção de uma abordagem à gestão
da qualidade baseada no risco, e enfatiza a importância a comunidade, transparência e bem-estar animal. Para a
de adotar um Sistema de Gestão da Qualidade como Cevargado, este marco contribui fortemente para a ade-
uma decisão estratégica da organização. quada preparação dos seus produtos e para a confiança
A ISO22000:2018 cria um padrão único de segurança de de clientes e fornecedores.
alimentos que equilibra as diferentes normas num único A partir de janeiro de 2022, a Cevargado estendeu a cer-
conjunto de requisitos. Estes são fáceis de compreender, tificação ISO 9001:2015 e ISO 22000:2018 à fábrica da
simples de aplicar e reconhecidos em todo o mundo. O Maia (ex-Ucanorte). Foi um trabalho notável que apenas
processo de certificação do Sistema de Gestão da Segu- foi possível pela forte motivação e dedicação da equipa
rança Alimentar na sua nova versão 2018, abrange todos Cevargado que conseguiu assegurar, num curto período
os processos da cadeia alimentar de forma a assegurar a de tempo, os mesmos procedimentos e normas para
segurança alimentar do produto final. ambas as fábricas, demonstrando ao mercado que pos-
Esta atualização nos processos demonstra o compromis- sui um sistema de Gestão de Segurança Alimentar sólido
so da Cevargado com a sustentabilidade, segurança e e com capacidade de fornecer produtos de qualidade e
saúde no trabalho, meio ambiente, relacionamento com seguros para o consumidor.

REVISTA AGROS Nº48 . 17


ARTIGO TÉCNICO

ANÁLISE DO MERCADO: SETOR DO LEITE


TEXTO: AGROS

MERCADO EUROPEU variado, com subidas nos meses de março com 0,84%, 1,2% em
abril e 2% em maio. Em junho, o crescimento foi de 0,4% e em
A evolução das entregas de Leite ao nível da União Europeia em julho existiu um decréscimo de 0,7%, tendo em agosto voltado a
2021, está estabilizada nos valores acumulados entre janeiro e crescer 0,9%. GRÁFICO 1
agosto de 2020 (últimos dados publicados). Se a produção de
2020 for ajustada ao ano bissexto, obtemos um crescimento de RECOLHA DE LEITE DE VACA NOS PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DA UE 27
0,4%. As entregas em janeiro de 2021 começaram com uma dimi- De acordo com o relatório de Outono 2021, da Comissão Euro-
nuição de cerca de 1%, e baixaram ainda mais em fevereiro com peia, a recolha de leite na UE 27 deverá atingir um crescimento
uma quebra de 4,2%. Nos meses seguintes, o crescimento tem de 0,3% em 2021 e um crescimento de 0,6% nos próximos anos,

GRÁFICO 1 RECOLHA DE LEITE DE VACA NA UE 27


FONTE
Eurostat - Newcronos 15.000
NOTA
Dados expressos em 14.000
x1000 TON

LEGENDA
2019
13.000
2020
2021
12.000

11.000

10.000

9.000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

18 . REVISTA AGROS Nº48


PREÇO MÉDIO PAGO AOS PRODUTORES NA UE 27 GRÁFICO 2
FONTE
40 Estados Membro REG.
(UE) nº 2017/1185
Artigo 12(a) - Anexo
II.4 (a))
38
NOTA
Dados expressos em
36 EUR/100 kg

LEGENDA
2018
34 2019
2020
2021
32

30

28
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2020 35.3 35.2 34.5 33.4 33.0 32.5 32.9 33.1 34.0 35.1 35.4 35.3
2021 34.9 35.0 35.2 35.5 35.7 35.8 36.0 36.4 36.8 - - -

pelo que se espera chegar ao volume de entregas de 145.269,5 visórios, em setembro, o preço médio do leite na UE 27 deverá
mil toneladas em 2022, atingindo 162 milhões de toneladas em atingir 36,8€/kg, valor superior à média dos últimos anos.
2030, ou seja um crescimento médio anual de 0,6%. Apesar do preço em Portugal não ter sofrido variações significa-
tivas, comparativamente com os restantes países, o nosso pre-
PREÇO MÉDIO PAGO AOS PRODUTORES NA UE 27 ço tem na sua base um teor de matéria gorda e proteica muito
Os preços pagos às explorações agrícolas, de acordo com parâ- inferior à média europeia, o que conduz a preços à produção
metros de qualidade, no nosso mercado, têm vindo a situar-se, não comparáveis. GRÁFICO 2
desde março de 2021, acima dos preços praticados em 2020.
Esta evolução tem-se feito sentir, de forma significativa, em DESTINO DO LEITE RECOLHIDO NA UE 27
alguns Estados Membro. Note-se que, comparando agosto de Com base nos dados disponibilizados pelo Eurostat para os pri-
2021 com agosto de 2020, os preços subiram em todos os meiros 8 meses de 2021, comparados com igual período de 2020,
países, com aumentos mais significativos na Bélgica, Lituâ- constata-se que as entregas de Leite cru de vaca não sofreram
nia, Irlanda, Letónia, Alemanha e Suécia. No mesmo sentido, aumento. Nos destinos dados ao leite para o fabrico de produtos
mas com aumentos significativamente mais baixos, estão paí- lácteos verificou-se um aumento para o fabrico de leite conden-
ses como a Finlândia, Portugal, Chipre, Eslováquia Croácia e sado de 3,6%, queijo e nata para consumo, ambos de 2,2%. Os
Grécia. Podemos ainda observar que Portugal apresenta, no restantes produtos sofreram todos uma diminuição, que no caso
referido período, um acréscimo de 0,4%, inferior à média da do leite em pó magro foi de 10,9%, no leite em pó inteiro de
UE 27 (+10,0%). 3,4%, nos leites fermentados de 1,9% e na manteiga de 1,1%, as-
O preço médio do leite na UE 27 aumentou, em agosto de 2021, sim como o leite destinado ao consumo na forma de leite líquido
até 36,4€/kg (+10,0% face a 2020). De acordo com os dados pro- de 0,5%. GRÁFICO 3

VARIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO LEITE PELOS PRINCIPAIS PRODUTOS TRANSFORMADOS (JAN-AGO 2021 VS. JAN-AGO 2020) GRÁFICO 3
FONTE
6% Eurostat

+3,6% NOTA
Dados expressos
3% +2,2% +2,2% em %

0%
-0,5%
-1,1%
-3% -1,9%
-3,4%
-6%

-9%

-12% -10,9%
Queijo Leite Leite Leite Nata Leite Pó Leite em Pó Inteiro Manteiga
Fermentado Consumo Condensado Magro

REVISTA AGROS Nº48 . 19


ARTIGO TÉCNICO

MERCADO NACIONAL de 2020, representa uma descida de 4,60%. Recorde-se que na UE


27 registou uma descida de 0,5% no mesmo período. Também de-
A produção de leite nacional atingiu, em agosto de 2021 (últi- cresceram a manteiga em 2,87%, o leite em pó magro em 1,68% e
mos dados publicados), 1.315.093 toneladas, o que representa o queijo em 0,36%. Pelo contrário registou-se um aumento na pro-
um decréscimo de 6.660 toneladas em relação a igual período de dução do leite em pó gordo e meio gordo de 20,49%, da nata para
2020. (TABELA 1) A tendência nacional é assim diferente da que consumo de 3,02% e dos leites acidificados de 0,45%. TABELA 2
se regista na União Europeia, que não registou variações, face ao
período homólogo. EVOLUÇÃO DOS PREÇOS À PRODUÇÃO
Do total das entregas de Leite em 2021, acumuladas até agosto, Os preços pagos à produção registaram pequenas descidas em fe-
(1.315.093 Ton), 36,24% destinou-se a leite para consumo, repre- vereiro, agosto e setembro de 0,3% face aos meses homólogos de
sentando 476.624 Ton, o que, relativamente ao período homólogo 2020, e pequenas subidas nos restantes meses com a exceção de

TABELA 1 PRODUÇÃO DE LEITE EM PORTUGAL


FONTE
INE VARIAÇÃO 2018/19 VARIAÇÃO 2019/20 VARIAÇÃO 2020/21
NOTA
Dados expressos 2018 2019 2020 2021 TON % TON % TON %
em TON
Janeiro 162.103 157.324 160.616 159.895 -4.779 -2,95% 3.291 2,09% -721 -0,45%

Fevereiro 151.612 148.178 155.450 150.096 -3.434 -2,27% 7.273 4,91% -5.355 -3,44%

Março 171.072 168.454 172.034 169.515 -2.618 -1,53% 3.580 2,12% -2.519 -1,46%

Abril 170.908 168.831 169.983 170.125 -2.077 -1,22% 1.152 0,68% 142 0,08%

Maio 178.645 174.325 175.210 176.166 -4.320 -2,42% 884 0,51% 957 0,55%

Junho 165.348 164.193 166.627 166.364 -1.154 -0,70% 2.433 1,48% -262 -0,16%

Julho 162.809 160.632 163.598 164.903 -2.177 -1,34% 2.966 1,85% 1.305 0,80%

Agosto 152.728 154.841 158.235 158.028 2.112 1,38% 3.395 2,19% -207 -0,13%

Setembro 141.870 145.760 148.411 - 3.891 2,74% 2.651 1,82% - -

Outubro 145.155 148.851 150.038 - 3.696 2,55% 1.187 0,80% - -

Novembro 141.460 145.053 146.575 - 3.593 2,54% 1.522 1,05% - -

Dezembro 150.503 155.567 155.831 - 5.064 3,36% 265 0,17% - -

Total 1.894.213 1.892.010 1.922.609 1.315.093 -2.203 -0,12% 30.599 1,62% -6.660 -0,50%

TABELA 2 DESTINO DO LEITE EM PORTUGAL - PRINCIPAIS PRODUTOS OBTIDOS


FONTE
INE
VAR. 2019/18 VAR. 2020/19 JAN-AGO VAR. 21/20
JAN-AGO
NOTA
Dados expressos
em TON 2018 2019 2020 TON % TON % 2020 2021 TON %
Leite para consumo 766.230 695.964 714.545 -70.266 -9,17% 18.582 2,67% 499.600 476.624 -22.976 -4,60%

Nata para consumo 23.500 22.811 25.254 -689 -2,93% 2.443 10,71% 16.063 16.548 485 3,02%

Leite em pó gordo e meio gordo 7.656 9.114 9.173 1.458 19,05% 59 0,64% 5.841 7.038 1.197 20,49%

Leite em pó magro 20.783 23.633 24.611 2.850 13,71% 978 4,14% 17.754 17.455 -299 -1,68%

Manteiga 31.102 30.487 31.816 -615 -1,98% 1.329 4,36% 21.982 21.352 -630 -2,87%

Queijo 62.717 65.131 62.829 2.414 3,85% -2.302 -3,53% 42.440 42.286 -154 -0,36%

Leites Acidificados 117.987 115.963 117.474 -2.024 -1,72% 1.511 1,30% 78.294 78.649 355 0,45%

20 . REVISTA AGROS Nº48


EVOLUÇÃO DOS PREÇOS À PRODUÇÃO PARA EI’S GRÁFICO 4
FONTE
32,4 GPP 2021

NOTA
32,0 Dados expressos em
€/100 kg.
Preços para
produtores
31,6 individuais.

LEGENDA
31,2 2020
2021

30,8

30,4

30,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

abril que não registou variações. A variação de janeiro a setembro COMPARAÇÃO DE PREÇOS PAGOS ENTRE UNIÃO EUROPEIA (UE 27),
face ao período homólogo, foi de +0,2%. PORTUGAL, ESPANHA E AGROS
Os preços referem-se a estábulos individuais por estes represen- Conforme podemos observar no GRÁFICO 5, relativamente aos
tarem a quase totalidade do leite produzido em Portugal. Se ana- preços praticados, existe um desfasamento entre os preços de
lisarmos estes preços referentes ao Continente, observa-se que Portugal, AGROS, Espanha e UE. Desde setembro de 2020 até
estão em franca sintonia com os preços praticados em 2020. O agosto de 2021, sem contar com o mês de outubro uma vez
Leite recolhido em Portugal apresenta-se também com um teor de que os dados Nacionais, de Espanha e da UE, são estimados,
matéria útil muito baixo quando comparado com a generalidade poderemos dizer que o preço médio pago pela AGROS se situa
dos países, apresentando uma gordura média de 3,77% e um nível acima da média nacional em cerca de 1,01€/100Kg e abaixo do
médio de teor proteico de 3,31%. Este facto deve ser tido em con- preço médio praticado em Espanha em cerca de 1,62€/100Kg.
ta quando se fazem comparações de preços entre Portugal e a UE No entanto, existe um desfasamento considerável de Portugal
27, pois os teores de MG e MP a que esses preços se referem são em relação à média da União Europeia motivado pelo diferente
muito superiores. GRÁFICO 4 conteúdo em matéria útil.

VARIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO LEITE PELOS PRINCIPAIS PRODUTOS TRANSFORMADOS (JAN-AGO 2021 VS. JAN-AGO 2020) GRÁFICO 5
FONTE
38€/100kg MMO (Observatório
Europeu do
Mercado do Leite)
35€/100kg Regulamento (EC) Nº
479/2010 Art. 2

32€/100kg NOTA
Dados expressos em
EUR/100 kg
29€/100kg Preços em OUT 2021
estimados

LEGENDA
26€/100kg PORTUGAL
AGROS
ESPANHA
23€/100kg UE 27 (MÉDIA)

20€/100kg

2020 2021
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out
PORTUGAL 30,85 30,41 30,40 30,42 30,04 29,92 29,64 29,74 30,24 30,37 30,57 30,68 30,39 29,97 30,01 30,01 29,95 29,89 29,76 29,87 30,07 30,07
AGROS 31,40 31,24 31,23 31,25 31,04 30,90 30,58 30,81 31,06 31,33 31,34 31,33 31,39 31,07 31,12 31,12 31,16 30,94 30,86 31,02 31,02 32,68
ESPANHA 32,62 32,62 32,33 32,23 31,94 31,75 31,55 31,55 31,17 32,72 33,11 32,91 33,01 32,82 32,72 32,62 32,52 32,23 32,43 32,82 33,20 33,20
UE 27 35,30 35,20 34,49 33,42 32,97 32,55 32,88 33,08 34,01 35,07 35,43 35,29 34,94 34,97 35,17 35,52 35,72 35,77 35,99 36,40 36,76 38,00

REVISTA AGROS Nº48 . 21


ARTIGO TÉCNICO

PRODUÇÃO DE LEITE NA AGROS UCRL observa-se, a partir de maio, uma queda acentuada nas entre-
gas médias diárias, quando comparado com o que era esperado
acontecer antes dessas medidas e face ao normal da sazonalida-
MÉDIA DIÁRIA DE LEITE RECOLHIDO de nesta altura do ano. GRÁFICO 6
À semelhança do ano de 2020, para o ano de 2021, o con-
trato com os Produtores foi fixado em 499.100.000 litros. No EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE PRODUTORES A ENTREGAR LEITE
decorrer do ano de 2021, nomeadamente até abril/2021, as Em 2021 verifica-se uma diminuição acentuada do número de
entregas médias diárias, apesar de inferiores ao volume con- Produtores a entregar leite, estimando-se com base nos dados
tratado, seguiram o ritmo esperado em termos da sazonali- conhecidos à presente data que terminemos 2021 com 845 Pro-
dade já conhecida. dutores, o que representa mais 9 Produtores do que a previsão
Por força das medidas de contenção das entregas, aplicadas apresentada em 2020. A diminuição mais acentuada regista-se a
precisamente a partir do pagamento do leite entregue em abril, partir de novembro. GRÁFICO 7

GRÁFICO 6 PRODUÇÃO DE LEITE EM PORTUGAL


FONTE
AGROS 1.600

NOTA
Dados expressos em 1.500
x1000 litros

LEGENDA 1.400
Tendência
2020
2021
Nov/dez 2021 1.300
(estimativa)

1.200

1.100

1.000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2020 1.409.573 1.433.782 1.435.712 1.440.905 1.428.746 1.412.562 1.342.349 1.321.573 1.282.874 1.282.675 1.298.185 1.336.357
2021 1.380.309 1.418.315 1.431.724 1.435.681 1.408.513 1.363.711 1.345.426 1.309.313 1.274.786 1.266.865 1.279.533 1.305.089

GRÁFICO 7 EVOLUÇÃO MENSAL DO NÚMERO DE PRODUTORES A ENTREGAR LEITE


FONTE
AGROS
1.000
LEGENDA
2020
2021 950

900

850

800

750

700
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2020 979 978 967 957 955 950 946 942 938 931 925 920
2021 913 910 908 900 898 893 886 874 870 866 856 845

22 . REVISTA AGROS Nº48


ENTREGA MÉDIA DIÁRIA POR PRODUTOR diária de leite entregue por produtor está em 2021 nos 1.461 lts/
À medida que o número de Produtores tem vindo a decair, e dia (dados de outubro 2021).
apesar de mais recentemente os que permanecem no setor não Observa-se pela inclinação da curva que os ganhos anuais estão
estarem a compensar a produção dos que a deixaram, a média a atenuar-se. GRÁFICO 8

ENTREGA MÉDIA DIÁRIA POR PRODUTOR EI’S GRÁFICO 8


FONTE
1.600 AGROS

NOTA
1.400 Dados expressos em
litros

1.200

1.000

800

600

400
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
E.I. 662 657 716 738 754 821 907 921 970 1052 1114 1075 1233 1345 1402 1454 1461

REVISTA AGROS Nº48 . 23


ARTIGO TÉCNICO

QUALIDADE DO LEITE RECOLHIDO PELA MATÉRIA PROTEICA (MP)

AGROS EM 2021
No que diz respeito ao teor de MP, os valores registados em
2021, mostram que para a maioria dos meses, o teor de MP
do leite recolhido foi superior aos valores registados nos meses
MATÉRIA GORDA (MG) homólogos de 2020. O teor médio de MP do leite em 2021 de-
Para além da habitual curva da sazonalidade, podemos obser- verá estabilizar em torno dos 3,29%, valor ligeiramente acima
var que o ano de 2021 se inicia com um valor elevado (3,98% ao verificado em 2020 (3,27%).
em janeiro, na continuidade do valor registado em dez/2020)
para rapidamente decrescer nos meses seguintes, chegando CÉLULAS SOMÁTICAS
aos 3,77% em abril. No mês de maio, de uma forma inesperada Relativamente à componente higiossanitária do leite verifica-
e contrariando a tendência e o histórico dos resultados, obser- -se que o leite entregue por todos os Produtores encontra-se
va-se um aumento para 3,80%. dentro dos limites legais. Apesar da imposição legal ter sido
Tudo indica que esta alteração esteja relacionada com a neces- atingida (valor apurado através do cálculo de médias geo-
sidade que muitos Produtores tiveram em diminuir o volume de métricas), importa prosseguir no esforço, de tudo fazer, para
produção de modo a não serem penalizados, uma vez que este diminuir as entregas com descargas celulares elevadas, sob
ano, a monitorização dos contratos, para efeitos de penalidade, pena da Lactogal não poder tirar o máximo rendimento/valo-
ocorreu no final do mês de junho e as retenções, que se inicia- rização da matéria-prima.
ram no pagamento de abril, têm como efeito contrações nas
entregas dos meses seguintes. MICRORGANISMOS
O teor médio de MG do leite em 2021 deverá estabilizar em tor- À semelhança do parâmetro das células somáticas, também nos mi-
no dos 3,86%, valor ligeiramente acima do verificado em 2020 crorganismos, o apuramento dos dados, foi efetuado através da im-
(3,84%). GRÁFICO 9 posição legal (médias geométricas) revela zero não conformidades.

GRÁFICO 9 EVOLUÇÃO MENSAL DO TEOR DE MATÉRIA GORDA (MG)


FONTE
AGROS 4,1
NOTA
Dados expressos em
% (m/m) 4,0

LEGENDA
2020 3,9
2021

3,8

3,7

3,6

3,5
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2020 3,93 3,86 3,84 3,83 3,78 3,72 3,71 3,77 3,82 3,93 3,93 3,94
2021 3,98 3,85 3,78 3,77 3,80 3,77 3,76 3,84 3,85 3,94 - -

"No mês de maio, de uma forma


inesperada e contrariando a
tendência e o histórico dos
resultados observou-se um
aumento para 3,80%."
- Sobre a Massa Gorda -

24 . REVISTA AGROS Nº48


APOIO DADO PELA AGROS À PRODUÇÃO apoio para as vacas secas, o que determinou uma redução glo-
bal do apoio ao Contraste Leiteiro, no valor de 8.556 €, quando
No âmbito da sua estratégia de apoio à produção com vista a comparado ao terceiro trimestre de 2020 e 2021. Quanto ao
garantir a qualidade e segurança alimentar do leite, assim como Programa Bovicontrol, verificamos uma redução do número de
a melhoria contínua no maneio do efetivo, a AGROS manteve o explorações aderentes, diminuição essa determinada pelo en-
seu apoio aos Produtores aderentes aos programas Qualidade cerramento de explorações, que superou o número de novas
do Leite e Bovicontrol, assim como às Explorações aderentes explorações aderentes, determinando assim uma redução de
ao Contraste Leiteiro. No que se refere ao apoio dado para o 39.736 €, no apoio a este programa. Relativamente ao apoio
Contraste Leiteiro, salienta-se o regresso da atividade normal, dado ao custo com as análises efetuadas no Programa Segalab,
após os condicionalismos verificados em 2020 devido à pan- designado Qualidade do Leite, verificamos que, apesar da saída
demia COVID-19, o que permitiu em 2021 realizarem-se mais de três explorações por encerramento, o número de explora-
contrastes e por conseguinte aumentar o apoio. No entanto, ções aumentou assim como o número de vacas monitorizadas
regista-se em 2021 uma redução do número de vacas secas, em lactação, o que determinou um ligeiro aumento do apoio
o que aliado ao facto de se ter reduzido, a partir do mês de para este programa (636 €) em 2021 face a 2020, quando com-
julho de 2020, a comparticipação, originou uma diminuição do paramos os primeiros nove meses de cada ano.

EVOLUÇÃO DO APOIO DA AGROS À PRODUÇÃO TABELA 3


FONTE
2016 2017 2018 2019 2020 (ATÉ SET) 2021 (ATÉ SET) 2022 (PREVISÃO) AGROS

Suplemento Geral 1.315.423 € 1.342.008 € 1.312.888 € 1.248.201 € 894.251 € 749.682 € 998.200 €

Apoio Contraste Leiteiro 386.952 € 381.890 € 377.747 € 342.277 € 232.978 € 224.422 € 300.703 €

Apoio Bovicontrol 170.220 € 169.898 € 149.911 € 163.030 € 159.539 € 119.803 € 215.000 €

Qualidade Leite 82.776 € 90.687 € 89.083 € 84.181 € 67.879 € 68.505 € 90.000 €

Total Apoios 1.955.371 € 1.984.483 € 1.929.629 € 1.837.689 € 1.354.647 € 1.162.412 € 1.603.903 €

REVISTA AGROS Nº48 . 25


ARTIGO TÉCNICO

CICLOS DE CARBONO
SUSTENTÁVEIS
TEXTO: Cátia Rosas, CONFAGRI

Sabemos hoje que a emissão crescente


de gases com efeito de estufa (GEE),
como o dióxido de carbono (CO2) a partir
do consumo de combustíveis fósseis,
tem impactes negativos significativos. O
setor agrícola é particularmente afetado,
com destruição de culturas e quebra de
produtividade face a eventos climáticos
extremos (secas, tempestades, etc.) e
estima-se a sua intensificação com as
alterações climáticas (AC).
O aquecimento global pode ser ainda
limitado a 1,5.º C, com menores impactes prometer a segurança alimentar e apon- industrial para a sua captura, reciclagem,
nos ecossistemas e na nossa saúde, se tam para se avançar para a agricultura de transporte e armazenamento sustentá-
atingirmos emissões líquidas mundiais carbono. Nessa sequência, foi publicada vel. Estabelece ainda que, durante 2022,
nulas de CO2 em 2050. A União Europeia a COM(2021)800 final, de 15/12 sobre irá desenvolver um quadro regulamentar
está, por isso, empenhada em atingir a “Ciclos de Carbono Sustentáveis”, aqui para a certificação de remoções de car-
neutralidade em carbono até 2050, como sintetizada para o cultivo de carbono em bono, a partir de ecossistemas naturais e
assumido no Pacto Ecológico Europeu meio terrestre. soluções industriais, de forma a assegurar
(COM(2019) 640) e na Lei Europeia do integridade ambiental.
Clima (2021), mas também a adaptar-se CICLOS DE CARBONO SUSTENTÁVEIS
às AC que acontecerão inevitavelmente, A COM(2021) 800 foca-se nas ações de A AGRICULTURA DE CARBONO
como aponta a Estratégia Europeia de curto prazo que podem promover a agri- Os créditos da agricultura de carbono
Adaptação às Alterações Climáticas. cultura de carbono como um modelo de podem complementar os esforços para a
Estes instrumentos salientam o papel negócio, incentivando práticas em ecos- neutralidade, quando a redução adicional
especial da agricultura na adaptação e sistemas naturais que aumentam o seu das emissões de GEE não é possível a
mitigação das AC, de forma a não com- sequestro e uma nova cadeia de valor nível socio-económico. O COPA-COGECA
considera, aliás, o desenvolvimento de
um mercado para créditos de C agrícola/
A COMISSÃO EUROPEIA (CE) VISA ESTABELECER CICLOS DE CARBONO RESILIENTES florestal, como uma solução viável de
E SUSTENTÁVEIS, ATRAVÉS DE: longo prazo.
No panorama atual já existem diversas
Reduzir a necessidade em carbono (p.e. melhorar a eficiência de edi- iniciativas de cultivo privado de car-
fícios, indústria e modos de transporte; reduzir o consumo de maté- bono, onde os produtores agrícolas e
ria-prima, promover a economia circular e energia renovável); florestais vendem créditos de carbono
em mercados voluntários de carbono.
Substituir carbono fóssil nos setores ainda dependentes por carbono
Esses créditos podem ser um “produto”
reciclado a partir de: fluxos de resíduos, fontes sustentáveis de bio-
adicional a vender pelos produtores, em
massa ou atmosfera. A economia circular e a bioeconomia susten-
conjunto com os produtos tradicionais
tável podem promover tecnologias para uso e captura de carbono e
(p.e. alimentos e biomassa), ao mesmo
produção de combustíveis sintéticos sustentáveis ou outros produ-
tempo que beneficiam de solos mais
tos de carbono não fóssil.
férteis. Várias empresas alimentares e de
Melhorar soluções de remoção de carbono da atmosfera e armazena- biomassas já estabeleceram metas para
mento a longo prazo, quer no ecossistema, através da proteção da na- a neutralidade climática das suas cadeias
tureza e soluções de agricultura de carbono (carbon farming) ou nou- de valor. Os compradores dos créditos de
tras formas de armazenamento através de soluções industriais, sem carbono podem ser essas ou outras em-
impacte negativo na biodiversidade ou deterioração de ecossistemas. presas ou até pessoas que visam reduzir
a sua pegada carbónica.

26 . REVISTA AGROS Nº48


AÇÕES-CHAVE PARA APOIAR A AGRICULTURA DE CARBONO:
Estabelecer um grupo de peritos em agricultura de carbono para partilha
de experiência, de forma a estabelecer melhores práticas de agricultura de
carbono e metodologias de MRV;
Definir financiamento dedicado à agricultura de carbono nas políticas da UE
e ferramentas respetivas (como a Política Agrícola Comum, LIFE, Fundos de
Coesão, Horizonte Europa);
Fornecer um modelo de navegador de carbono digital e diretrizes sobre
caminhos comuns para o cálculo quantitativo de emissões e remoções de GEE
para produtores agrários;
Avaliar a possível aplicação do princípio do poluidor-pagador às emissões da
agricultura;
Criar um grupo de agricultura de carbono dentro da plataforma social
do Pacto Climático para incentivar gestores de terras a tornarem-se
embaixadores do Pacto Climático;
Criar laboratórios vivos para práticas agrícolas de carbono no âmbito da
missão “A Soil Deal for Europe”.

FONTE: COM(2021) 800 FINAL

O financiamento público (europeu e qualquer gestor de terra tenha acesso


nacional) pode aliviar os custos financei- a dados de verificação de emissões e CULTIVO PRIVADO DE CARBONO NO MUNDO:
ros e riscos associados à agricultura de remoções até 2028.
carbono, em complemento com os rendi- ESTADOS UNIDOS
mentos da venda de créditos de carbono. CONCLUSÕES A cooperativa agrícola norte-
Ao nível da implementação da agricultura A UE assume esta como a década decisi- americana Land O’Lakes lançou um
de carbono, esta COM incide sobre as va na luta contra as crises do clima e da programa de créditos de carbono
principais barreiras: biodiversidade. O solo e a bioeconomia agrícola, o TruCarbon.
• Custos associados às práticas agrí- são cruciais para alcançar ciclos de car-
colas de carbono e incerteza sobre bono sustentáveis. A COM aqui sinteti- ESPANHA
possibilidades de receita; zada propõe ações para melhor recom- As Cooperativas Lácteas Unidas
• Incerteza ou falta de confiança pensar os produtores pela redução de (CLUN) iniciaram uma ação de
pública nos critérios dos mercados emissões e aumento das remoções com compensação de emissões.
voluntários de carbono; base num modelo de negócios credível.
• Indisponibilidade, complexidade A agricultura de carbono pode ser um PORTUGAL
ou custos de sistemas robustos de novo modelo de negócio a implementar, A Terra Prima inclui, entre os seus
monitorização, reporte e verificação com receita adicional para produtores. serviços, o cálculo da pegada de
(MRV); Para o seu sucesso, será necessário carbono e de medidas de redução de
• Serviços de formação e aconselha- reforçar a capacitação sobre práticas pegada de carbono e compensação
mento insuficientemente adaptados. inovadoras, em forte articulação com o de emissões no setor agrícola.
Entre os desafios enunciados pela terreno, onde as organizações agrícolas
COM, destaque para o de permitir que são essenciais.

GUIA TÉCNICO
O Guia Técnico “Estabelecendo e implementando mecanismos de cultivo de carbono na UE” analisa várias iniciativas existentes
de cultivo de carbono, nomeadamente ao nível da agrofloresta, da melhoria do teor de carbono orgânico do solo e da auditoria
de carbono em explorações pecuárias. Sobre estas auditorias, refere existir “ suficiente conhecimento e capacidade técnica para
desenvolver mecanismos de cultivo de carbono que incentivem redução de emissões em explorações pecuárias europeias, atra-
vés de ferramentas de auditoria de carbono para toda a exploração. Porém, face à importância do contexto local, os mecanismos
devem adaptar-se às circunstâncias locais e ser assegurado o envolvimento de stakeholders para o desenvolvimento e implemen-
tação de mecanismos.” O guia identifica ainda a importância da formação e aconselhamento agrícola, bem como a promoção
de networking, a incentivar para apoiar a implementação destas iniciativas.

Este guia pode ser consultado em https://op.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/10acfd66-a740-11eb-9585-01aa75ed71a1/language-en

REVISTA AGROS Nº48. 27


ARTIGO TÉCNICO

A IMPORTÂNCIA DA
QUALIDADE DA ÁGUA E
DA HIGIENIZAÇÃO DOS
BEBEDOUROS
TEXTO: Joaquim Lima Cerqueira, Professor na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESA-IPVC)

28 . REVISTA AGROS Nº48


Tainda a magnitude dos seus predicados, a água pode
endo em conta a grande diversidade de funções e leiteira ronda os 10 litros por cada 100 kg de peso vivo,
acrescido de 3 litros por cada kg de leite produzido.
ser considerada o nutriente mais importante da vida É fundamental ainda assegurar caudal suficiente de
dos animais. É o maior constituinte corpóreo dos ma- água, para que cada vaca consiga beber a um ritmo de
míferos e é essencial para a manutenção da vida e da 6 a 13 litros por minuto.
saúde. Aproximadamente 65% do corpo dos animais é Os bebedouros devem ser dimensionados de forma a
composto por água, sendo que, este valor varia muito assegurar o fornecimento ad libitum de água/animal/
de acordo com a espécie e a idade. Animais mais jovens dia e permitir que 15 a 20% do efetivo consiga beber si-
tendem a possuir maior percentagem de água corpó- multaneamente. Devem existir pelo menos dois pontos
rea, devido à maior proporção de massa muscular (alta de abeberamento por cada lote de animais, para ate-
quantidade de água) em relação à gordura corpórea nuar a competição exercida pelas vacas dominantes.
(baixa quantidade de água), diminuindo essa dimensão Os bebedouros mais frequentemente utilizados em
com o seu crescimento. Uma vaca pode perder prati- vacas leiteiras são em aço inoxidável, com sistema de
camente toda a gordura e mais de metade da proteína boia permitindo o abeberamento simultâneo de vários
corporal conseguindo sobreviver nessas circunstâncias, animais, existindo também bebedouros em plástico e
enquanto a perda de 10% de água provocará a morte. cimento. A maioria da literatura, inclusive recomenda-
A água é um constituinte ativo e estrutural nos orga- ções internacionais, refere que o espaço de acesso ao
nismos, sendo imprescindível como solvente de subs- bebedouro deve ser de 6 a 12 cm por vaca leiteira. Os
tâncias presentes no corpo, ao regular a pressão in- destinados a vacas adultas devem ter uma altura entre
tracelular, auxiliar os processos digestivos, facilitar o 60 a 90 cm, não devendo ultrapassar 61% da altura à
transporte e absorção de nutrientes, eliminar toxinas e cernelha do animal. Devem ainda ter uma profundida-
ainda possibilitar a regulação térmica dos animais. de entre 10 a 20 cm e o nível da água deve situar-se
A água ingerida pelos bovinos tem como objetivos a entre 5 a 10 cm abaixo do bordo superior do bebedou-
nutrição do tecido celular, compensar as perdas ocor- ro, permitindo uma fácil higienização dos mesmos sem
ridas pelas fezes, urina, saliva, evaporação (suor e res- grande desperdício de água. À volta dos bebedouros é
piração) e também manter a homeotermia, regulando crucial que exista um espaço livre suficiente para facili-
a temperatura do corpo e dos órgãos internos, e natu- tar o abeberamento de vários animais conjuntamente
ralmente, numa vaca leiteira uma grande quantidade e a passagem simultânea de vacas em ambos os senti-
será requerida pela produção de leite. A quantidade dos nos corredores de acesso a estes equipamentos.
diária de água exigida pelos bovinos é influenciada Outro aspeto importante prende-se com o facto de os
por diversos fatores, tais como, temperatura ambien- bovinos preferirem consumir água com temperatura
te, peso vivo, idade, fase da vida do animal (cresci- entre 25 a 30°C, diminuindo tendencialmente a inges-
mento, engorda, prenhez) e taxa de atividade meta- tão, quando inferior a 15°C.
bólica, que corresponderá em boa parte ao nível de Os sistemas de abeberamento deverão, sempre que
produção da vaca leiteira em cada fase do ciclo pro- possível, ser limpos e sujeitos a manutenção periódica.
dutivo. Um dos principais sintomas de ingestão insu- Os bebedouros ou pias não devem ser muito grandes,
ficiente de água é a queda no consumo de alimento. de forma a que exista um fluxo de água significativo,
Outros indícios podem ser a desidratação, aumento pois esses reservatórios facilmente acumulam muita
da frequência cardíaca, aumento da temperatura cor- sujidade e provocam maior degradação da qualidade
poral, aumento da frequência respiratória e estado de da água. Devem ser periodicamente avaliadas as ne-
letargia, tornando-se simultaneamente mais suscetí- cessidades de manutenção, nomeadamente reparação
veis a doenças e mais passivos. Sem água o metabolis- de fugas, que provocam desperdício de água e/ou a hu-
mo básico dos animais é colocado em risco, afetando midificação da zona envolvente. E todos devem possuir
gravemente a funcionalidade dos principais órgãos. um orifício ou válvula que permita o seu esvaziamento
Muitas vezes menosprezada, a água é essencial para a completo, ou ainda, ser possível efetuar o seu volteio
saúde e bem-estar dos animais. para posterior limpeza (bebedouro basculante). Se não
estão a ser utilizados por um período de tempo longo,
BEBEDOUROS devem ser despejados, limpos e mantidos secos.
O fornecimento de água limpa e fresca é fundamen- É essencial utilizar os bebedouros, de modo a que es-
tal para assegurar a produção de leite, o controlo da tes não constituam uma fonte de contaminação, no-
temperatura corporal, assim como a manutenção de meadamente pelos dejetos dos animais. No caso de
funções vitais das vacas leiteiras. As vacas despendem animais em pastagem deve mudar-se periodicamente
aproximadamente 30 minutos por dia em abebera- o local dos mesmos, para evitar a formação de zonas
mento. A estimativa do consumo de água de uma vaca lamacentas e contaminação fecal.

REVISTA AGROS Nº48 . 29


ARTIGO TÉCNICO

ORIGEM E QUALIDADE DA ÁGUA dem ter água proveniente de diferentes origens, dispo-
Legalmente, o Regulamento (CE) nº 183/2005, do Parla- nível para os seus animais. Pode provir de furos, poços,
mento Europeu e do Conselho de 12 de janeiro, define minas, charcas, barragens, linhas de água, ou mesmo
os requisitos de higiene dos alimentos para animais, in- da rede de abastecimento público. De qualquer forma,
clusive dos normativos a ter em conta para a água. independentemente da sua origem, a água destinada
A salubridade do leite pode estar em causa devido à quer ao abeberamento dos animais, como de utilização
qualidade da água utilizada na limpeza do equipamen- no equipamento de ordenha, deverá ser de qualidade
to de ordenha e consumida pelos animais. Uma conta- adequada. Sempre que houver motivo de preocupação
minação da água, mesmo que limitada, pode ter conse- devido a contaminações da água, deverão ser tomadas
quências prejudiciais no animal e consequentemente medidas para avaliar e minimizar os riscos.
no leite. A água de abeberamento pode igualmente A água de qualidade adequada deve ser não só pa-
veicular substâncias indesejáveis de natureza diversa, latável (não ter sabores estranhos) e bem tolerada,
com consequente repercussão na saúde e bem-estar mas estar também em conformidade com as exigên-
dos animais, para além da possível transferência das cias adequadas à sua utilização em produção animal
mesmas para os géneros alimentícios de origem ani- de forma a assegurar a sua distribuição apropriada
mal (carne e leite) e eventual comprometimento da (ex: risco de obstrução/bloqueio dos equipamentos
utilização desses produtos na alimentação humana. Os de fornecimento e/ou sistemas de abeberamento, ou
contaminantes mais comuns são microrganismos pato- outros, devido a concentrações elevadas de minerais,
génicos e suas toxinas, assim como as substâncias tóxi- como cálcio ou ferro).
cas de natureza química, como pesticidas, carburantes, No caso de a água da exploração ser proveniente de um
dissolventes e nitratos. A qualidade da água, a eventual furo, devem ser realizadas análises periódicas, de modo
presença de contaminantes e a sua concentração afe- a garantir a sua qualidade bacteriológica e química. Caso
tam o consumo pelo animal. Os níveis muito elevados se utilize água da rede, importa assegurar que não há
de salinidade inibem a ingestão de água e consequen- contaminação no sistema de fornecimento. O controlo
temente de alimentos. As explorações pecuárias po- da qualidade da água é a única forma de saber se esta

A QUALIDADE DA ÁGUA APROPRIADA PARA UTILIZAÇÃO EM EXPLORAÇÕES


LEITEIRAS PODE SER CARATERIZADA PELOS SEGUINTES REQUISITOS:

POTABILIDADE
Água sujeita a análises físicas, químicas,
microbiológicas e até radioativas, não imputando
qualquer risco para a saúde animal.

PALATIBILIDADE
Deve ser inodora, incolor e insípida, permitindo a
ingestão da quantidade desejável pelo animal.

CAPACIDADE DE UTILIZAÇÃO
Sem efeitos adversos para as instalações, sistemas
de canalização e equipamentos no seu fornecimento
diretamente aos animais.

TRATAMENTO
Normalmente águas provenientes de rios, lagos,
furos, poços e minas não são muitas vezes próprias
para consumo animal, sendo fundamental efetuar
o tratamento adequado para posterior utilização na
unidade produtiva.

30 . REVISTA AGROS Nº48


é aceitável para uso pecuário, isto é, se possui a quali- isso, tendo em consideração a toxicidade de alguns
dade desejável para a alimentação animal. As principais iões (nitratos, nitritos, metais pesados, entre outros)
fontes de água devem ser avaliadas pelo menos com quando em concentrações elevadas na água, estes de-
uma periodicidade anual e preferencialmente no início vem ser avaliados em conjunto com os alimentos for-
do verão para identificar possíveis problemas em cada necidos, de forma a garantir que os teores globais da
fonte de captação. As amostras de rotina devem ser re- dieta não sejam ultrapassados. No caso de a água ser
colhidas, de preferência, na origem ou no local onde a proveniente de poços, deve-se também efetuar aná-
água é introduzida nos equipamentos de fornecimento, lises para detetar a presença de compostos orgânicos
de forma a salvaguardar contaminações intermédias. voláteis, petróleo e solventes provenientes de resíduos
No que se refere à água destinada ao abeberamento ou caso a exploração se encontre na proximidade de
dos animais, deve ser tido em consideração que mui- fábrica industrial ou de aterro sanitário.
tas fontes de água apresentam microrganismos, in- Quando a água apresenta odores e sabores anormais,
cluindo bactérias, vírus, protozoários e ovos de para- as vacas reagem diminuindo o seu consumo ou inclu-
sitas. Enquanto alguns são inofensivos, outros podem sivamente recusando a sua ingestão, com as implica-
apresentar risco para a saúde animal. Os parâmetros ções produtivas e sanitárias que este fator acarreta. E
físico-químicos a avaliar, podem ser variados: valor de associado a este tipo de problemas surgem também os
pH, condutividade, teor de sal e concentração de in- biofilmes, que são comunidades complexas de micror-
gredientes inorgânicos e orgânicos. Diversos elemen- ganismos recobertas por um polímero extracelular que
tos químicos apresentam toxicidade para os animais, contribui para a retenção de nutrientes e produção de
quando estão acima de determinados níveis. Podendo agentes tóxicos. Os microrganismos dos biofilmes fi-
surgir naturalmente nas águas destinadas ao abebera- xam-se fortemente às superfícies, desencadeiam con-
mento dos animais, frequentemente a sua presença taminações cruzadas, são mais resistentes aos agentes
advém da atividade humana, incluindo a inadequada antimicrobianos, pela sua estrutura tridimensional e
gestão de resíduos, com a consequente contaminação por isso são um grave problema na higienização dos
das águas superficiais ou mesmo de profundidade. Por bebedouros. A ação dos microrganismos presentes nas
paredes das tubagens e bebedouros (biofilme), pro-
duz uma deterioração na qualidade da água, reduz a
capacidade hidráulica dos tubos, acelera a corrosão e
dificulta o tratamento desinfetante da água podendo
ser um vetor para a transmissão de doenças. A imple-
mentação de um protocolo de manutenção higiénico-
-sanitária adequada nos bebedouros, com produtos
autorizados, à base de hidróxido de sódio e agentes
dispersantes de alta solubilidade que atingem um efei-
to detergente para o biofilme, é fundamental para ga-
rantir o controlo e a eliminação destes.

CONCLUSÃO
A água deve estar permanentemente disponível para os animais,
mas se for imprópria para abeberamento pode induzir parasitismo,
doenças ou veicular substâncias nocivas capazes de afetar os proces-
sos produtivos e comprometer a utilização segura dos produtos de
origem animal na alimentação humana. Os equipamentos de forne-
cimento e sistemas de distribuição devem ser instalados por forma
a reduzir ao mínimo a contaminação da água, ser limpos frequente-
mente e sujeitos a manutenção periódica. Nas explorações leiteiras
deve ser efetuada pelo menos uma análise anual da água, principal-
mente se forem identificados fatores de risco. Os registos relativos
às análises e respetivos resultados analíticos, bem como eventuais
tratamentos, devem ser devidamente conservados e arquivados. A
disponibilização de água em quantidade e qualidade devidamente
controlada aos animais, é sempre da responsabilidade dos opera-
dores da cadeia primária de produção de bens alimentares e em
primeira instância dos Produtores de bovinos leiteiros, permitindo
o cumprimento dos preceitos legais de higiene em termos de boas
práticas de alimentação dos animais.

REVISTA AGROS Nº48 . 31


Universo AGROS - Cooperativa dos Produtores Agrícolas do Concelho de Póvoa de Lanhoso

COOPERATIVA DOS PRODUTORES AGRÍCOLAS DO CONCELHO DE PÓVOA DE LANHOSO

ENTREVISTA AO PRESIDENTE DA DIREÇÃO –


SR. ALEXANDRE VIEIRA VEIGA

Ndecorreram as eleições que conduzi-


VOLUME DE FATURAÇÃO o passado dia 3 de fevereiro de 2021 sempre uma melhoria constante dos
1.536.800€ mesmos. Dotamos a Cooperativa de
ram à renovação de um novo mandato melhores condições de armazenamen-
LITROS DE LEITE PRODUZIDOS de quatro anos na presidência desta ins- to com a aquisição de um armazém e
2.334.123 lts
tituição pelo Sr. Alexandre Vieira Veiga. o bom relacionamento que mantemos
NÚMERO DE ASSOCIADOS com o Município da Póvoa de Lanhoso
222 Assumiu o primeiro mandato da permitiu-nos, através de um protocolo,
presidência da Cooperativa Agrícola a baixar os custos da sanidade animal para
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS 10/12/1985, após eleições. Que balan- todos os Produtores do concelho.
9 ço faz do trabalho já realizado?
O balanço destes 36 anos são positivos. Na sua opinião, como caracteriza o pa-
SECÇÕES Quando iniciamos funções a situação norama atual do setor agrícola, tendo
3 económica era muito delicada, com também em conta o impacto provocado
trabalho árduo e dedicação, quer da pela pandemia do novo Coronavírus, na
SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS direção como dos funcionários, conse- área social da Cooperativa?
Serviço de compra e venda;
guimos revitalizar financeiramente a O panorama do sector agrícola é bastan-
Serviço de OPP;
Serviço de inseminação. Cooperativa. Durante todos estes anos te complicado. Numa primeira fase da
mantivemos todas as nossas secções e pandemia não se sentiram grandes difi-
serviços em funcionamento, tentando culdades, nesta fase que atravessamos

32 . REVISTA AGROS Nº48


atualmente, os problemas são imensos.
A brutal subida dos preços, dos fatores A diminuição das explorações agrícolas e de mão-de-obra, tem vindo a acentuar no
de produção aliada à fragilidade que
concelho desde há alguns anos. É necessário que as políticas, tanto locais como
o sector já apresenta desde há muitos
anos, está a deixar os associados e Pro- nacionais promovam incentivos à produção.
dutores do concelho numa situação mui-
to preocupante. É urgente que os preços
dos produtos, resultantes da agricultura,
leite, carne, hortícolas, etc… aumentem Como já referido, a valorização dos Para finalizar, decorrente desta reno-
de forma substancial, caso contrário, produtos resultantes da agricultura é vação de mandato, que mensagem
vamos assistir ao desaparecimento de fundamental. Neste momento a agri- gostaria de deixar a todos os associa-
inúmeras explorações no próximo ano. cultura do concelho não é rentável, os dos, clientes e potenciais clientes da
custos associados à produção de carne, Cooperativa?
Que fatores considera que poderiam leite, hortícolas, etc... é suportado pe- A mensagem que podemos deixar a
influenciar positivamente o desenvolvi- los agricultores e os lucros ficam para todos os associados e clientes é que
mento económico da região em que se os intermediários. vamos tentar manter o rigor de gestão
insere a Cooperativa, e mais especifica- que tem pautado estes últimos anos,
mente o setor agrícola? Quais os objetivos e projetos que a vossa defendendo sempre os seus interes-
A diminuição das explorações agrícolas e Instituição pretende implantar no futuro? ses como Produtores e proporcionar
de mão-de-obra, tem vindo a acentuar no Pretendemos manter todos os setores as melhores soluções possíveis para o
concelho desde há alguns anos. É neces- em funcionamento, aumentar e dotar a desenvolvimento das suas atividades.
sário que as políticas, tanto locais como loja comercial de melhores condições de Quero aproveitar também para agra-
nacionais promovam incentivos à produ- exposição, adquirir uma nova viatura para decer a todos os associados, clientes e
ção. É necessário que quem produz seja o sector da OPP, aumentar as ações de for- fornecedores pela confiança demons-
verdadeiramente compensado. mação e manter a estabilidade financeira. trada na COOPALA.

REVISTA AGROS Nº48 . 33


ACONTECIMENTOS

FORMAÇÃO DE AUDITORES EM BEM-ESTAR


ANIMAL: PROTOCOLO WELFARE QUALITY®
Duma formação de atualização para Auditores no Pro-
TEXTO e 8 a 10 de fevereiro, foi realizada no Espaço AGROS tores, com componente teórica e prática, foi realizada
Serviço de
Certificação e com um Formador e Auditor AENOR muito experiente
Sustentabilidade
das Explorações
tocolo Welfare Quality® promovida pela AENOR, em- na área os Bovinos de Leite, Fernando Gonzalez Neira.
AGROS presa responsável pela certificação das Explorações O protocolo Welfare Quality® baseia-se em quatro
em Bem-Estar Animal na LACTOGAL. Esta certificação princípios base: a alimentação, o alojamento, o esta-
permite garantir que, desde o dia 1 de janeiro de 2021, do sanitário e o comportamento dos animais. Cada
todo o leite entregue nas fábricas da LACTOGAL é pro- auditoria dá origem a uma pontuação da Exploração e
veniente de Explorações aprovadas em auditoria de desencadeia ações corretivas e oportunidades de me-
Bem-Estar Animal pelo Protocolo Welfare Quality®. lhoria nas Explorações, com o objetivo de desenvolver
Esta certificação veio confirmar o empenho de toda a um processo de melhoria contínua das metodologias
fileira, desde a Produção até à Indústria, no compro- de produção de Leite.
misso de produzir Leite de forma ética e com respeito Este trabalho culmina com a atribuição pela AENOR de
pelo Bem-Estar Animal. um certificado em Bem-Estar Animal à LACTOGAL, desde
Nesta formação estiveram presentes elementos da LAC- 2021. Welfair™ é o primeiro selo de Bem-Estar Animal,
TOGAL e das suas três acionistas - AGROS, LACTICOOP desenvolvido por entidades independentes, o Instituto
e PROLEITE - num espírito de aprendizagem, troca de de Investigación y Tecnología Agroalimentarias (IRTA),
experiências e implementação de melhorias contínuas em colaboração com o Instituto Vasco de Investigación
neste processo de certificação. A formação inicial de Au- y Desarrollo Agrario (NEIKER), que aplica os protocolos
ditores das três acionistas neste protocolo ocorreu em europeus Welfare Quality y AWIN® (Animal Welfare
julho de 2019, tendo-se verificado, desde então, um tra- Indicators), que são o culminar de mais de 15 anos de
balho conjunto entre os vários intervenientes, sendo a investigação na área do Bem-Estar Animal. Este certifi-
multidisciplinaridade da equipa e a constante análise de cado garante maior transparência e a aplicação rigorosa
casos práticos uma mais-valia no desenvolvimento deste de uma série de medidas e critérios, uniformizados por
processo. Esta atualização na formação oficial de Audi- estas entidades a nível Europeu.

34 . REVISTA AGROS Nº48


SESSÃO DE ESCLARECIMENTO SOBRE
BOAS PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE
Ecertificação em Bem-Estar Animal (BEA) pelo Proto-
m 2021, a AGROS, deu seguimento ao processo de uma elevada adesão dos Produtores a estas sessões TEXTO
Serviço de
onde puderam conhecer a estrutura de auditorias 2022, Certificação e
colo Welfare Quality® (WQ), um referencial reconhe- e colocar as suas dúvidas, para que todo este processo Sustentabilidade
das Explorações
cido a nível Europeu e valorizado pelos consumidores decorra da melhor forma ao longo do ano. AGROS

de produtos de origem animal. Em complemento a


este processo, procedeu-se à recolha de dados sobre FIGURA 1. AUDITORIAS 2022
as Boas Práticas de Sustentabilidade (BPS), para uma
caracterização mais completa e diferenciadora da reali-
dade das Explorações AGROS. PARTE 1 PARTE 2
Os requisitos de BPS consideram a recolha de indicado- Auditoria Boas Práticas de
res na exploração e o seu resultado foca-se, fundamen- Welfare Quality (WQ) Sustentabilidade (BPS)
talmente, em duas vertentes principais – Maneio e Ins-
talações – de que resulta a classificação da exploração
num dos Quadrantes de Boas práticas de Sustentabili-
dade (figura 1).
No decorrer de 2022, iremos consolidar esta caracte-
rização enquanto ferramenta de suporte à tomada de
decisões da Organização e, nesse contexto, foram orga-
nizadas sessões de esclarecimento destinadas a todos os
Produtores AGROS, Cooperativas e respetivos técnicos.
Assim, entre os dias 1 e 4 de fevereiro, foram realizadas
5 sessões presenciais acerca das Auditorias de 2022 às
Explorações, nomeadamente no que concerne às Boas
Práticas de Sustentabilidade, bem como outros assuntos
de interesse à produção. É com agrado que registamos

REVISTA AGROS Nº48 . 35


ACONTECIMENTOS

2ª FASE DA AÇÃO DE REFLORESTAÇÃO


DO PARQUE DA PENEDA GERÊS:
”DA MONTANHA ÀS ORIGENS”
Cda-Gerês (desde os planaltos Mourela ao de Castro
TEXTO om 69.594,48 hectares, o Parque Nacional da Pene- o Município de Arcos de Valdevez, a Cooperativa Agrí-
AGROS
cola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, a Carnes
Laboreiro incluindo as serras da Peneda, Soajo, Ama- da Montanha, a empresa CarbonOut e a Associação
rela e Gerês), é uma região montanhosa, essencial- de baldios locais.
mente granítica, vales profundos e encaixados que Assim, é cada vez mais necessário a reafirmação do
suportam uma densa rede hidrográfica possibilitando compromisso com os princípios de responsabilidade
uma grande diversidade de habitats. ambiental e a sensibilização do consumidor final para
Foi na freguesia de Ermelo, em pleno parque da Pe- a ligação natural que existe entre a floresta e a ativi-
neda Geres, com a plantação de 1500 árvores autóc- dade pecuária nacional. Subscrito pelas organizações
tones que se assinalou, de forma simbólica, o dia da envolvidas como a única forma viável de manter a
Floresta Autóctone – 23 de novembro 2021 – com a criação e consumo de carnes destes animais.
realização da 2ª fase da ação de reflorestação, que já É importante destacar que são estes territórios, com
tinha iniciado em maio de 2021. particularidades únicas, que conferem a qualidade,
A reflorestação tem um valor muito importante, não autenticidade e exclusividade do sabor e aroma carac-
somente por reconstituir habitats perdidos, mas terísticos das carnes criadas nas montanhas de forma
também por contrabalançar os efeitos negativos das tradicional. São sabores únicos que podem ser degus-
atividades humanas. A Iniciativa de reflorestação do tados por todos os consumidores através da marca
parque da Peneda Gerês pretende enaltecer a ligação “Carnes da Montanha”, aqui representada. Este con-
natural e secular entre o Homem, os animais e a Flo- sumo local é decisivo para a sustentabilidade econó-
resta. Resulta de uma parceria entre a PEC Nordeste, mica, social e ambiental dos territórios.

36 . REVISTA AGROS Nº48


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REVISTA AGROS Nº48 . 37


ACONTECIMENTOS

WEBINAR: APRESENTAÇÃO DO SEGURO DE


COLHEITA PARA A CULTURA DA BATATA
NUnião Agrícola do Norte, em conjunto com a Safe-
TEXTO o passado dia 26 de novembro a Ucanorte XXI – é possível obter o rendimento que o produtor teve na
AGROS
última produção.
-Crop - Agência de Mediação Independente, vocacio- Posto isto, é necessário indicar todos os hectares plan-
nada para seguros agrícolas especializados, promoveu tados com batata de consumo, o mês de plantação e de
um Webinar para a Apresentação do Seguro de Co- colheita, e definir o rendimento mínimo por hectare.
lheira para a Cultura da Batata. Esta informação é necessária para medir o risco e
Com o lema - Porque o futuro é incerto, proteja hoje apresentar um preço. Todos estes indicadores têm de
o rendimento de amanhã – a Safe-Crop demonstrou ser comprovados.
que, com o seguro paramétrico de batata, sempre que
o rendimento cair abaixo de um rendimento garanti-
do, a companhia de seguros paga a diferença.
O rendimento dos Produtores de batata apresenta RENDIMENTO POR HECTARE = PREÇO X PRODUTIVIDADE
bastantes oscilações. Conforme o mês de produção é
possível ter uma variação abrupta nos rendimentos/
produção. Estas quedas são imprevisíveis e através do
webinar promovido pela Ucanorte XXI demonstrou-se COMO É PAGA A INDEMINIZAÇÃO
que existe a possibilidade de ultrapassar as dificulda- É da responsabilidade da seguradora, no final de cada
des na cultura da batata e garantir que o prejuízo do campanha, apurar o rendimento de cada um dos seus
produtor é atenuado. assegurados. É necessário verificar se o preço e/ou
produtividade caíram face ao ano anterior. Caso o valor
COMO FUNCIONA acordado do preço e da produtividade forem abaixo do
O processo de cálculo do risco de cada produtor, fase à rendimento definido, será paga uma indemnização.
sua produção, é bastante acessível.
O produtor terá de indicar o peço do kg de batata da COMO É FEITA A VERIFICAÇÃO
última produção (é recomendado o uso dos dados ofi- O INE - Instituto Nacional de Estatística divulga men-
ciais do Ministério da Agricultura – GPP), assim como, salmente o indicador de preço da batata. Cabe ao INE
a produtividade olímpica. Assim, com estes dois dados, verificar que o preço desceu face à campanha anterior
o que, por consequência levará a uma descida no ren-
dimento ao produtor, significando que este se encon-
trará abaixo do mínimo definido. Nesse caso, o pro-
dutor terá direito a ser indemnizado pelo prejuízo. Da
mesma forma, o INE publica ao longo do ano, vários
indicadores de produtividade de batata. Se com os
cálculos do INE a produtividade olímpica desceu face
à campanha anterior é provável que o rendimento es-
teja abaixo do mínimo definido pelo produtor, nesse
caso, terá direto a ser indemnizado.
A verificação é executada à distância, sem recurso a
peritagem ou verificação no local, trata-se apenas de
uma análise estatística mensal/anual. Assim sendo, o
produtor está isento de reportar os resultados, pois, a
avaliação funciona com um parâmetro, onde é avalia-
do o sinistro e a indemnização é paga com base nesse
mesmo parâmetro. Caso haja uma perda de rendi-
mento, é feito o pagamento do valor em falta, sem
precisar de comunicação ou burocracias.

38 . REVISTA AGROS Nº48


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REVISTA
REVISTA AGROS
AGROS Nº39
Nº48 .. 19
39
ESPAÇO LÚDICO

AGENDA CULTURAL AGRÍCOLA

54ª AGRO - FEIRA INTERNACIONAL DE


AGRICULTURA, PECUÁRIA E ALIMENTAÇÃO
24 E 27 DE MARÇO DE 2022, BRAGA
Aproveitando as valências do Altice
Forum Braga, a AGRO vai apresentar,
de novo, um vasto e diversificado
programa de conferências e
seminários e, também, um espaço
dedicado a demonstrações,
apresentações e degustações. As
várias atividades paralelas serão 14.ª CONFERÊNCIA EUROPEIA
promovidas por parceiros da DE SISTEMAS AGRÍCOLAS
organização e serão, certamente, um 10 A 14 DE ABRIL, ÉVORA
dos pontos fortes da Feira. O foco principal da conferência deste
www.forumbraga.com ano serão os sistemas agrícolas que
Altice Fórum Braga enfrentam alterações climáticas e de-
safios para obtenção de recursos.
https://www.rederural.gov.pt/12-in-
formacao/4363-ifsa2022-14-conferen-
cia-europeia-de-sistemas-agricolas

38ª OVIBEJA
21 A 25 DE ABRIL, BEJA
"Como Alimentar o Planeta" é o
tema central. A meta é colocar em
diálogo e em discussão o que está em
causa quando se fala de agricultura,
agricultores, sustentabilidade,
soberania alimentar, biodiversidade,
Política Agrícola Comum, alterações
climáticas, cultura urbana e cultura
rural, informação e contrainformação.
https://www.ovibeja.pt
Rua Cidade de São Paulo 36
Beja

40 . REVISTA AGROS Nº48


ESPAÇO LÚDICO

Sabores da Nossa Terra


Pão de Leite
Ingredientes Transfira a massa crescida para a bancada enfarinhada,
• 300 g de farinha de trigo (2 xícaras chá + 2 colheres sopa) aperte delicadamente para expulsar o excesso de ar,
• 200 ml de leite Agros UHT meio gordo - temperatura corte 8 pedaços de massa iguais, cada pedaço fica com
ambiente aproximadamente 70 g. Molde ligeiramente cada pedaço
• 15 g de açúcar (1 colher sopa) em formato de bola, não se preocupe em modelar
• 3 g de fermento biológico seco (1/2 colher chá) perfeitamente agora.
• 5 g de sal (1 colher chá)
• 20 g de manteiga Agros em ponto de pomada (1½ colher sopa) Acomode as bolas de massa sobre um pouco de farinha
• 1 gema de ovo para pincelar na bancada, apenas para elas não grudarem, cubra e
• Farinha de trigo para polvilhar a bancada deixe descansar por 15 minutos. Deixe cada pedaço bem
redondinho, acomode numa forma e deixe crescer por 30
minutos. Pre aqueça o forno a 200C.
Preparação
Numa tigela coloque o fermento, o leite e o açúcar e misture Bata ligeiramente a gema numa pequena tigela e adicione
bem. Reserve ¼ de chávena da farinha para usar no final um pouco de água, pincele cada pão e leve-os a assar 15
da receita. Comece a colocar o restante da farinha na tigela minutos a 200°C. Nesse momento, verifique a cor deles,
aos poucos e vá misturando bem usando uma espátula se eles estiverem bem dourados, baixe a temperatura para
para incorporar. Junte o sal e misture novamente. Quando 180°C, se eles estiverem ainda clarinhos, mantenha a mesma
os ingredientes estiverem bem misturados, acrescente a temperatura para continuar a assar mais 10 minutos. Retire
manteiga aos poucos, misturando sempre com a espátula até os pães do forno e deixe-os esfriar sobre uma grade.
que toda a manteiga seja incorporada pela massa.

Polvilhe farinha na bancada, coloque a massa sobre ela e


vá adicionando a farinha reservada enquanto sova com as
mãos Deixe repousar por aproximadamente 10 minutos,
trabalhando bem a massa até que ela esteja macia, lisa e
sem grudar muito nas mãos. Coloque a massa numa tigela,
cubra com um pano e um plástico e deixe crescer por 1h30,
até a massa ficar com o dobro do volume.

REVISTA AGROS Nº48 . 41


ESPAÇO LÚDICO

LABIRINTO

SAÍDA

42 . REVISTA AGROS Nº48


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