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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA LICENCIATURA

PLENA EM QUÍMICA

GEL À BASE DE CELULOSE BACTERIANA COM ATIVIDADE ANTI-


INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE

DANIELLE DIAS NEVES

RECIFE - 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA LICENCIATURA

PLENA EM QUÍMICA

GEL À BASE DE CELULOSE BACTERIANA COM ATIVIDADE ANTI-


INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE

DANIELLE DIAS NEVES

Monografia a ser apresentada como pré-


requisito para obtenção do título de
graduada em Licenciatura em Química, pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Orientadora: Prof.ª Dra. Mônica Freire Belian
Co-orientador: Prof. Dr. Wagner Eduardo da
Silva.

RECIFE - 2016
DANIELLE DIAS NEVES

GEL À BASE DE CELULOSE BACTERIANA COM ATIVIDADE ANTI-


INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE

APROVADA EM /_ /_

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Mônica Freire Belian

Prof. Dr. Wagner Eduardo da Silva

Prof. Dr. Clécio S. Ramos

Prof. Dr. João Rufino de Freitas Filho

RECIFE - 2016
Dedico esta monografia à minha família, alicerce para tudo na minha vida.
AGRADECIMENTOS

Primeiro gostaria de agradecer a meus pais Ana e Fernando La Greca por todo
amor, dedicação e por me apoiarem em todas as decisões de minha vida.
À minha filha Ana Paula, por gerar a mãe que sou hoje, por me ajudar a
amadurecer e querer ser uma pessoa melhor todos os dias.
Ao meu marido Márcio Neves pelo amor, companheirismo, por acreditar que
posso ter e ser tudo o que quiser e por ter me puxado pelo braço até a UFRPE para
fazer a matrícula no curso de Química.
À prof. Dra. Mônica Belian, por ter enxergado e expressado que uma aluna
inexperiente e completamente insegura tinha “jeito”. Suas palavras foram determinantes
para que eu continuasse meu curso. Quantos bons profissionais não são perdidos por
nunca terem escutado palavras de incentivo como as que escutei?
À comunidade UFRPE por ter me recebido de braços abertos e por ter transmitido
tanto conhecimento.
Ao LAQIS nas pessoas da prof. Dra. Mônica Belian por ter me convidado ao
estágio e Prof. Dr. Wagner Silva por ter me acolhido e ter transmitido tanto
conhecimento acadêmico e experiências de vida.
Ao Cetene pelo espaço cedido à minha pesquisa e pelas amizades conquistadas.
Ao professor Dr. André Galembeck e Euzébio pela ajuda com minhas análises.
Ao professor Valdemiro, professor Neto, Anselmo e Wendel por todo suporte
científico nos testes in vivo.
Aos colegas de laboratório, por serem também um pouco responsáveis pela
elaboração deste trabalho dando contribuição, cada um de seu jeito, tanto na divisão
do conhecimento acadêmico, como no incentivo moral, me dando forças para que eu
não desistisse.
Aos meus amigos Ludhimilla e Rômulo por terem dividido comigo tantas
experiências, pelos puxões de orelha dados na medida certa, por toda colaboração
científica e moral. Levo a amizade de vocês para o resto de minha vida.
À Joyce Bianca, Paulo e Nomager por estarem comigo na experiência de
participar de um intercâmbio acadêmico que me fez crescer não só no conhecimento
acadêmico, mas principalmente como pessoa. Nele aprendi que longe de nossa família
de sangue é possível formar uma nova família com quem podemos contar nos
momentos mais difíceis e que sempre há um limite quando queremos ajudar uma
pessoa.
À FACEPE por acreditar e investir em mim com uma bolsa de Iniciação Científica
pelo período de dois anos.
Por último e não menos importante, a Deus por permitir que eu tenha conhecido
todas estas pessoas e passado por tantos momentos enriquecedores nestes cinco anos
e meio de graduação em conjunto com uma graduação sanduíche. Que venham mais
dois anos de mestrado então!
Resumo

Neste trabalho foi obtido um biogel com atividade anti-inflamatória e cicatrizante


composto de celulose bacteriana (CB), sintetizada pelo microrganismo
Gluconacetobacter xylinum (um biopolímero muito utilizado em diversos seguimentos
e bastante conhecido na área médica por ser utilizado em tratamentos de
queimados e no processo cicatricial de feridas), e curcumina, um produto natural
presente no açafrão da terra, originário da Índia, conhecida por apresentar proriedades
anti-inflamatória e antimicrobiana. A metodologia consistiu na produção de celulose por
via microbiana em meio de cultivo glicerol, esta foi transformada em um pó e, adicianado
à outros compostos, constituiu o produto desta monografia. A CB foi caracterizaao por
espectroscopia na região do infravermelho, calorimetria diferencial de varredura, análise
termogravimétrica, microscopia eletrônica de varredura e microscopia de energia
dispersa, os quais confirmaram sua composição e estrutura molecular. A atividade
antimicrobiana do gel desenvolvido foi comprovada através dos testes de halo de
inibição e concentração inibitória minima frente à linhagens de Pseudomonas
aeruginosa, Staphylococcus aureus e Escherichia coli apresentando halos de diâmetros
21, 26 e 14 mm e concentrações de 63,776; 6,156 e 136,652 mg/mL para os três
microrganismos respectivamente. As atividades cicatrizante e anti-inflamatória foram
observadas no teste in vivo em ratos Wistar demosntrando alto potencial cicatrizante
comprovado por análise clínica e estudo histopatológico da área de cicatrização.

Palavras-chave: Celulose bacteriana, Cicatrização de feridas, Gluconacetobacter


xilynum, curcumina.
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
Sumário

1. Introdução .............................................................................................................. 13

1.1. Objetivos ................................................................................................................ 14

1.1.1. Objetivo geral...................................................................................................... 14

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 14

2. Fundamentação teórica ............................................................................................ 16

2.1 Celulose.................................................................................................................. 16

2.2 Algumas aplicação da celulose bacteriana. ........................................................... 19

2.3 Cicatrização de feridas ........................................................................................... 20

2.4 Agente Potencialmente cicatrizante........................................................................ 25

2.4.1 Curcumina ........................................................................................................... 25

3. Material e métodos ................................................................................................... 28

3.1 Microrganismo e preservação................................................................................. 28

3.2 Produção da celulose bacteriana............................................................................ 28

3.2.1 Meio de cultivo ..................................................................................................... 28

3.2.2 Produção de celulose bacteriana (membrane e pellets) ...................................... 28

3.2.2.1 Produção da CB membrana ............................................................................. 28

3.2.2.2 Pellets ............................................................................................................... 29

3.2.3 Purificação da celulose bacteriana ...................................................................... 29

3.2.4 Trituração da celulose bacteriana ........................................................................ 29

3.3 Caracterização da celulose bacteriana ................................................................... 29

3.3.1 Espectroscopia na região do infravermelho ......................................................... 29

3.3.2 Análise Térmica ................................................................................................... 30

3.3.2.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) .................................................... 30

3.3.2.2 Análise Termogravimétrica (TGA) .................................................................... 30

3.3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia


Dispersiva (EDS) .......................................................................................................... 30

3.4 Incorporação da Curcumina na Matriz de celulose. ................................................ 30

8
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
3.5 Teste de Capacidade de Absorção de cúrcuma (CAC) e teste de lavagem ........... 30

3.6 Teste de transferência ............................................................................................ 31

3.7 Gel de Alginato de Cálcio ....................................................................................... 31

3.8 Produção do Gel ..................................................................................................... 31

3.9 Teste de Halo de Inibição ....................................................................................... 32

3.10 Determinação de Concentração Inibitória Mínima (CIM) ...................................... 33

3.11 Cinética de Decomposição Térmica por Termogravimetria Isotérmica................. 33

3.12 Teste in vivo.......................................................................................................... 33

3.12.1 Informações sobre o animal............................................................................... 34

3.12.2 Informações sobre o delineamento estatístico .................................................. 34

3.12.2.1 Tipo de delineamento ..................................................................................... 34

3.12.3 Tipo de instalação.............................................................................................. 34

3.12.4 Climatização ...................................................................................................... 34

3.12.5 Alimentação e água ........................................................................................... 35

3.12.6 Coleta e destino dos resíduos sólidos e líquidos ............................................... 35

3.13 Procedimento experimental .................................................................................. 35

3.13.1 Procedimento cirúrgico ...................................................................................... 35

3.13.2 Sedação/analgesia/anestesia ............................................................................ 35

3.13.3 Local de realização do procedimento cirúrgico .................................................. 35

3.13.4 Exposição, inoculação ou administração do gel. ............................................... 36

3.13.5 Extração de fluidos/tecidos ................................................................................ 36

3.13.6 Eutanásia/abate ................................................................................................. 36

3.14 Análise clínica das lesões ..................................................................................... 36

3.15 Remoção da área da lesão................................................................................... 36

3.16. Análise histopatológica ........................................................................................ 37

4. Resultados e Discussão ........................................................................................... 38

4.1 Produção da celulose bacteriana............................................................................ 38

4.2 Caracterização da biocelulose ................................................................................ 39

4.2.1 Espectroscopia na região do infravermelho ......................................................... 39

4.2.2 Análise Térmica ................................................................................................... 40


9
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
4.2.2.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) .................................................... 40

4.2.2.2 Análise Termogravimétrica (TGA) .................................................................... 41

4.2.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersa


(EDS) ............................................................................................................................ 42

4.3 Incorporação da curcumina na matriz celulósica Teste de Capacidade de Absorção


de Cúrcuma (CAC) ....................................................................................................... 43

4.4 Teste de lavagem ................................................................................................... 44

4.5 Teste de Transferência ........................................................................................... 44

4.6 Gel de Alginato de Cálcio ....................................................................................... 44

4.7 Produção do gel...................................................................................................... 45

4.8 Teste de halo de Inibição ........................................................................................ 45

4.9 Determinação de Concentração Inibitória Mínima (CIM). ....................................... 48

4.10 Cinética de decomposição Térmica por termogravimetria isotérmica................... 48

4.11 Experimentação Animal ........................................................................................ 51

4.11.1 Avaliação macroscópica .................................................................................... 52

4.11.2 Avaliação Microscópica ..................................................................................... 55

5. Conclusões ............................................................................................................... 61

6. Perspectivas ............................................................................................................. 62

7. Referências bibliográficas......................................................................................... 63

8. Apêndices ................................................................................................................. 66

9. Anexos ...................................................................................................................... 85

10
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lista de Figuras

Figura 1. Estrutura da cadeia polimérica da celulose. ................................................. 16


Figura 2. Imagem de Gluconacetobacter xylinum (x7000)........................................... 17
Figura 3. Micrografia do Gluconacetobacter xylinum excretando fibrilas de celulose .. 17
Figura 4. Celulose bacteriana produzidas em cultivo estático (a) e agitado (b). .......... 18
Figura 5. Fases da cicatrização. .................................................................................. 22
Figura 6. Estruturas químicas dos três compostos da cúrcuma: I) .............................. 26
Figura 7. Membrana de celulose bacteriana após tratamento e purificação. ............... 38
Figura 8. Membrana de celulose bacteriana após ser liofilizada e triturada. ............... 38
Figura 9. Espectro de FT-IR da celulose produzida pela bactéria G. xylinum no meio
Glicerol. ........................................................................................................................ 39
Figura 10. Curva de DSC da celulose bacteriana produzida pela bactéria G. xylinus no
meio Glicerol. ................................................................................................................ 40
Figura 11. Análise termogravimétrica da biocelulose produzida pela bactéria G. xylinus
no meio Glicerol. ........................................................................................................... 41
Figura 12. Imagem de microscopia eletrônica de varredura de celulose produzida. ... 42
Figura 13. Análise EDS em amostra de celulose produzida por G.xylinum. ................ 42
Figura 14. Membrana de celulose com curcumina incorporada. ................................. 43
Figura 15. Gel desenvolvido. ....................................................................................... 45
Figura 16. Teste de halo de inibição realizado com o microrganismo Pseudomonas
aeruginosa. ................................................................................................................... 47
Figura 17. Teste de halo de inibição realizado com o microrganismo Staphylococcus
aureus........................................................................................................................... 47
Figura 18. Teste de halo de inibição realizado com o microrganismo Escherichia coli.48
Figura 19. Curvas TG/DTG obtidas a 10 °C/min e sob atmosfera dinâmica de ar de
uma amostra do gel liofilizado. ..................................................................................... 49
Figura 20. Curvas TG isotérmicas obtidas sob atmosfera dinâmica de Ar, a 10 °C/min,
até Tiso, e mantida em Tiso para que Δm seja de 5% da amostra do gel anti-
inflamatório e cicatrizante liofilizado. ............................................................................ 50
Figura 21. Gráfico de Arrhenius (ln t x 1/T) para a amostra do gel liofilizado. ............. 50
Figura 22. Autoagressão realizada pelo animal 17 na lesão controle devido ao prurido.
...................................................................................................................................... 52
Figura 23. Evolução da cicatrização nos grupos de três, sete e onze dias. ................. 53
Figura 24. Delimitação da área da ferida por planimetria digital pelo método poliline
utilizando o programa Image J. .................................................................................... 53
Figura 25. Medidas das áreas cirúrgicas de três, sete e onze dias. ............................ 54
11
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lista de Abreviaturas

CB Celulose Bacteriana
DSC Caloria Diferencial de Varredura
TGA Análise Termogravimétrica
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
EDS Espectroscopia de Energia Dispersiva
FT-IR Infravermelho Transformada de Fourrier
CAC Capacidade de Absorção de Cúrcuma
CIM Concentração Inibitória Mínima
TG Termogravimétrica
LT Lesão Tratada
LC Lesão Controle
GC Grupo Controle
GT Grupo Tratado

12
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

1. Introdução

Nas últimas décadas, o interesse por biomateriais para uso em assistência


médica que contenham características como: natureza renovável, biocompatibilidade
e biodegradabilidade, têm aumentado bastante. Atendendo a esta necessidade uma
grande variedade de materiais bioativos que contêm propriedades biologicamente
adequadas estão disponíveis, e dentre estes materiais que destaca-se a classe dos
polissacarídeos, com ênfase para a celulose bacteriana (CB).
A CB é um biomaterial promissor que tem sido bastante estudado em decorrência
do avanço biotecnológico, pois trata-se de um polissacarídeo que pode ser sintetizado
por diversas bactérias e com altos rendimentos de produção.
As principais cepas de bactérias que excretam celulose no período de
crescimento celular são as taxonomicamente relacionadas aos gêneros Acetobacter,
Agrobacterium, Pseudomonas, Rhizobium e Sarcina.1
Uma atenção especial tem sido dada à espécie Gluconacetobacter xylinum por
produzir a celulose bacteriana em meio de cultura que contem fontes de carbono e
nitrogênio. O biofilme é composto por microfibrilas que são formadas na superfície da
bactéria como uma matriz ordenada de terminais linearmente complexos.2
A CB excretada por G. xylinum tem a mesma fórmula molecular da celulose
encontrada na natureza do ponto de vista químico, porém não tem a presença de
lignina, hemicelulose e pectina. Somado a isto, as propriedades físicas da CB são
marcadamente superiores devido ao tamanho das fibras, que são cerca de 100 vezes
menores do que as da celulose vegetal.3
A CB contêm propriedades físico-químicas diferenciadas quando comparada à
celulose vegetal, como: alta pureza, maior cristalinidade, maior grau de polimerização,
excelente capacidade de absorver água e boa capacidade de adaptação biológica.
Por tudo isso, a CB representa uma promissora alternativa para obtenção de celulose

1
VIEIRA, D.C.M. Produção de biofilme (membrana de biocelulose) por Gluconacetobater xylinus
em meio de frutas e folhas de chá verde. Tese de doutorado. USP, 2013.
2
TROVATTI, E.; FREIRE, C. S. R.; PINTO. P. C.; ALMEIDA, I. F.; COSTA, P.; SILVESTRE, A. J. D.;
NETO, C. P.; ROSADO, C. Bacterial cellulose membranes applied in topical and transdermal delivery of
lidocaine hydrochloride and ibuprofen: In vitro diffusion studies. International Journal of
Pharmaceutics, v. 435, p. 83-87, 2013.

3
SANTOS, M.V. dos. Nanocompósitos baseados em celulose bacteriana para apllicações ópticas.
Dissertação de mestrado. Universidade estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2012.

13
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

derivada com aplicações em biomedicina, cosméticos, fabricação de papel, indústria


de alimentos, entre outras.4
O primeiro uso explorado da celulose bacteriana foi como substituta da pele,
esta, provou ser um material bem sucedido para a cobertura de problemas de pele
como: queimaduras, úlceras crônicas e feridas. Estas membranas de celulose são
comercializadas e produzidas no Brasil como BioFill®, Bionext® e Membracel®. Outro
produto que é fabricado pela Corporação Xylos® é o XCell, e se mostrou muito eficaz
ao promover o desblidamento autolítico, a redução da dor e aumentar a velocidade de
granulação, características importantes para um processo apropriado de
cicatrização.5
A vantagem da utilização da biocelulose em tratamentos de pele é combinando
sua capacidade de cicatrização de feridas, e de absorção de exsudato, com a
incorporação de medicamentos terapêuticos adequados.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo geral

Desenvolver um gel curativo à base de celulose bacteriana com potencial de promover


a recuperação de tecidos.

1.1.2 Objetivos específicos

 Realizar produção de celulose bacteriana através do microrganismo


Gluconacetobacter xylinum na forma de membrana e em pellets;
 Caracterizar a CB pelas técnicas de Espectroscopia de na região do infravermelho,
Caloria Diferencial de Varredura (DSC), Termogravimetria (TGA), Microscopia Eletrônica
de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS);
 Incorporar curcumina à membrana celulósica;
 Avaliar a Capacidade de Absorção e de transferência do composto bioativo pela
CB;
 Produzir gel curativo através da incorporação do composto bioativo e alginato de
cálcio;

4
MOHAMMADKAZEMI, F.; AZIN, M.; ASHORI, A. Production of bacterial cellulose using different
carbon sources and culture media. Carbohydrate Polymers, v.117, p.518-525, 2015.

5
LOPES, T.D.; RIEGEL-VIDOTTI, I. C.; GREIN, A.; TISCHER, C. A; FARIA-TISCHER, P. C. Bacterial cellulose and
hyaluronic acid hybrid membranes: Production and characterization. Internetional Journal of Biological
Macromolecules, v. 67, p. 401-408, 2014.

14
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

 Avaliar atividade antimicrobiana in vitro frente a linhagens conhecidas de
Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Escherichia colli;
Avaliar atividade cicatrizante, analgésica e anti-inflamatória através de teste in vivo
em Ratos Wistar.

17
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

2. Fundamentação teórica

2.1 Celulose

A celulose é um homopolissacarídeo linear composto por unidades de D-glicose


unidas por ligações β-1,4-glicosídicas (Figura 1), em que a unidade repetitiva é a
celobiose. A celulose possui grupos hidroxilas que estabelecem ligações de
hidrogênio intra e intermoleculares, as quais são responsáveis pela rigidez da cadeia,
pela formação de fibras retas e estáveis; que levam a elevada resistência, à tensão
dando a propriedade insolúvel em água e na maioria dos solventes orgânicos.3

Figura 1. Estrutura da cadeia polimérica da celulose.

Fonte: Eyley; Thielemans (2014).6

A celulose pode ser obtida por diferentes fontes, além das plantas, alguns
microrganismos possuem habilidade de excretar celulose como Acetobacter,
Agrobacterium, Rhizobium e Sarcina. Um destaque especial tem se dado à celulose
produzida pela bactéria Gluconacetobacter xylinum, uma bactéria gram-negativa,
catalase positiva, que consegue sintetizar celulose de alta qualidade composta por
fitas de torção de feixes microfibrilar em grande quantidade em meios que contenham
fontes de carbono e nitrogênio.3 ,7
Gluconacetobacter xylinum pertence à família Acetobacteriaceae e tem a
aparência de um bastonete elipsoidal, reto ou ligeiramente curvo, alongado, móvel ou
não (Figura 2). Além de produzir membrana de ce lu lo se , as células d e
Gluconacetobacter xylinum p o d e m se r encontradas na superfície de plantas, frutas

6
EYLEY, S.; THIELEMANS, W.; Surface modification of cellulose nanocrystals. Royal Society of Chemistry, n. 06, p.
7764-7779, 2014.

7
LAÇIN, N.T. Development of biodegradable antibacterial cellulose based hydrogelmembranes for wound healing.
International Journal of Biological Macromolecules, v. 67, p. 22-27, 2014.
16
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
e flores, constitui a microbiota secundária de vegetais em decomposição e desenvolve
acidificação de sucos de frutas e bebidas alcoólicas.1,7,8,9

Figura 2. Imagem de Gluconacetobacter xylinum (x7000).

Fonte: Benziman, et al, (1980). 10

A Gluconacetobacter xylinum sintetiza a celulose entre a membrana externa e a


membrana citoplasmática pelo processo chamado celulose-sintase (Figura 3), que
está associada aos poros da superfície bacteriana. Durante o crescimento, as células
da G. xylinum se juntam com as nanofibrilas de celulose para formar uma película.11
Figura 3. Micrografia do Gluconacetobacter xylinum excretando fibrilas de celulose
Fonte: Santos, 20123

7
PACHECO, J.L.C.; YEE, S. M.; ZENTELLA, M. C.; MARVÁN, E. E. Celulosa Bacteriana en Gluconacetobacter
xylinum: Biosíntesis y Aplicaciones. Tip Revista Especializada en Ciências Químico- Biológicas. V.7, p.18-25,
2004.

8
SETYWATI, M.I.; CHIEN, L.; LEE, C. Self-immobilized recombinant Acetobacter xylinum for biotransformation.
Biochemical Engineeiring Journal, v. 43, p. 78-84, 2009.

9
NOGUEIRA, A.M.P.; VENTURINI FILHO, W.G. Aguardente de cana. 2005.
(http://www.fca.unesp.br/intranet/arquivos/waldemar/Aguardente%20de%20Cana%20- Completo.pdf)

10
BENZIMAN, M., HAIGLER, C.H., BROWN, R.M., WHITE, A.R., e COOPER, K.M. Polymerization and crystalization
are coupled processes in Acetobacter xylinus. Proceedings of the National Academy of sciences USA. vol.77,
n.11, p. 6678-82,
1980.

11
NEVES, A. L. de P. Preparação e caracterização de nanopartículas de quitosana incorporadas com zinco com
potencial atividade cicatrizante e antimicrobiana. Tese de doutorado. UFSC, 2013.

17
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

As condições ideais para a produção de CB por G. xylinum são: (i) meio de cultivo
que contenham fontes de carboidratos e nitrogênio, (ii) pH menor do que cinco, (iii)
temperatura de 30 °C (iv) agitação para a síntese de pellets e ( v ) condição
estática para a síntese de membranas. (Figura 4).

Figura 4. Celulose bacteriana produzidas em cultivo estático (a) e agitado (b).

Fonte: Benziman, et al. (1980).10

A película de celulose tem como função proteger as células dos efeitos letais da
radiação ultravioleta e predadores, aumentar a colonização celular, reter a umidade
evitando a secagem e manter as células em um ambiente aeróbio.8
A celulose bacteriana é caracterizada por uma estrutura em 3D que consiste de
uma rede de nanofibras ultrafinas de celulose (3-8 nm) que possui capacidade de
retenção de água, elasticidade, resistência, pureza, pois esta é livre de lignina,
histamina e pectina. Essas propriedades permitem a aplicação da CB no ramo de
materiais biomédicos.12
Um dos problemas na produção da CB pelo G. xylinum para a aplicação na
indústria é sua baixa produtividade, e para contornar esta situação cientistas têm
tentado aumentar a produtividade utilizando diferentes composições de meios de
cultivo e uma das opções tem sido através do aproveitamento de subprodutos ou

12
KUO, C.H.; CHEN, J.; LIOU, B.; LEE, C. Utilization of acetate buffer to improve bacterial cellulose production by
Gluconacetobacter xylinus. Food Hydrocolloids, p. 1-6, 2015.
18
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

tratamento de resíduos gerados durante o processamento de matérias-primas


industriais.13

2.2 Algumas aplicação da celulose bacteriana.

A celulose bacteriana foi descoberta há dois séculos, mas somente nas últimas
décadas a comunidade acadêmica e industrial tem aumentado seu interesse e isso
fez com que sua aplicação seguisse para vários setores, dentre eles, podemos
destacar: eletrônicos, indústria alimentar e no campo médico.
Na biomedicina, a CB vem sido utilizada como reparador da pele e na engenharia
de tecido devido às características físico-químicas como insolubilidade em água, alta
cristalinidade e biocompatibilidade, na cura de feridas e em tratamentos de
queimaduras.14
Esta biocompatibilidade foi bastante estudada por implantação subcutânea em
ratos e os resultados foram bastante promissores, uma vez que não houve fibrose,
encapsulamento ao redor do implante da CB, inflamação macroscópica, vermelhidão,
edema ou exsudação. Além disso, CB penetra na rede celular formando um novo
tecido, vascularização e síntese de colágeno, tornando-o biocompatível.15
Propriedades osmo-difusoras da CB na utilização como curativos foram avaliadas
por Slezak et al, através de parâmetros como: permeabilidade hidráulica, reflexão e
capacidade de difusão e fácil permeabilidade para água e outras soluções como:
solução aquosa de glicose, sacarose, etanol, NaCl e KCl. Os autores chegaram à
conclusão de que o material pode ser usado em tratamentos para queimaduras e
ulcerações.12
A bioestabilidade da membrana foi avaliada como substituta do vaso sanguíneo
em ovelhas. Os autores destacaram a boa compatibilidade com o sangue, o mínimo
potencial inflamatório e a estabilidade funcional mesmo depois de três meses ao
experimento do implante.16

13
LINS, L.S.G. Síntese e caracterização de membranas biocelulósicas com aditivos bioativos. Tese de
mestrado, UFPE, 2012.

14
PETERSEN, N., GATENHOIM, P. Bacterial celulose-based materials and medical devices: current state and
perspectives. Appl. Micobiol. Biotechnol. n. 91, p. 1277-1286, 2011).

15
HELENIUS, G.; BACKDAHL, H.; BODIN, A.; NANNMARK, U.; GATENHOLM, P.; RISBERG,B. In vivo biocompatibility
of bacterial cellulose. J. Biomed. Mater. Res. n. 76A, p. 431-438, 2006).

16
SCHERNER, M.; REUTTER, S.; KLEMM, D.; STERNER-KOCK, A.; GUSCHLBAUER, M.; RICHTER, T.;
LANGEBARTELS, G.; MADERSHAHIAN, N.; WAHLERS, T.; WIPPERMANN, J. In vivo application of tissue-engineered
blood vessels of bacterial cellulose as small arterial substitute: proof of concept? J. Surg. Res. n. 189, p. 340-347, 2014.
19
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

É importante destacar que os mamíferos não são capazes de degradar a celulose


devido à ausência da enzima p-glucanohidrolase, e isto, se torna uma vantagem
em algumas aplicações biomédicas como válvulas cardíacas e meniscos por causa da
exigência de um material que contenha estabilidade e permanente funcionalidade.16
Recentemente, biomembranas foram modificadas com a utilização de sais
inorgânicos pelo método ex-situ com o objetivo de desenvolver um dispositivo de
administração de um medicamento implantável.17
Contrariando a não-degrabilidade da membrana no corpo humano, alguns estudos
tem sido desenvolvidos em que a celulose bacteriana é oxidada na presença de NO2.
Esta reação de oxidação é controlada para adaptar o grau de degradação da CB.18
O potencial de utilidade da celulose bacteriana ainda está longe de ser
esgotado e isso faz com que grupos de pesquisa no mundo busquem novas alternativas
com investigações tanto in vitro, como in vivo para geração de produtos biotecnológicos
novos que proporcionem melhoras na saúde e na qualidade de vida das pessoas.12

2.3 Cicatrização de feridas

A pele tem como funções: i) proteger os organismo contra a ação de agentes


externos (físicos, químicos e biológicos) ii) impedir a perda excessiva de líquidos, iii)
manter a temperatura corporal, iv) sintetizar vitamina D e v) agir como órgão dos
sentidos. Quando há uma quebra na integridade estrutural da pele, o sistema
imunológico é impactado conduzindo a morbidade grave e a mortalidade.19,20
A cicatrização é comum toda vez que ocorre o rompimento da pele (ferida)
independentemente do agente que o causou. Esta é sistêmica e dinâmica e está ligada
de forma direta às condições gerais do organismo do indivíduo. O processo cicatricial é

17
CACIEDO, M. L.; CESCA, K.; BOSIO, V. E.; PORTO, L. M.; CASTRO, G. R. Self-assembly of carrageenin – CaCO3
hybrid microparticles on bacterial celulose films for doxorubicin sustained delivery. J. Appl. Biomed. n. 13, p. 29-248,
2016.

18
PENG, S.; ZHENG, Y.; WU, J.; WU, Y.; MA, Y.; SONG, W.; XI, T. Preparation and characterization of degradable
oxidized bacterial celulose reacted with nitrogen dioxide. Polym Bull. n. 68, p.415-423, 2012).

19
SANTOS, J. B. dos, et al. Manual Avaliação e tratamento de feridas orientações aos profissionais de saúde.
Editora Hospital das Clínicas. Porto Alegre. 44 p., 2011.
(http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34755/000790228.pdf).

20
DREIFKE, M.B.; JAYASURIYA, A. A.; JAYASURIYA. A. C. Current wound healing procedures and potential care.
Materials Science and Engineering C., v. 48, p.651-662, 2015
20
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

representado por uma sequência coordenada de eventos celulares, moleculares e


bioquímicos que se associam para que ocorra a reconstituição das células.21,22
Numa explicação mais detalhada, segundo Lari Häkkinen:

“A cicatrização de feridas começa com a


coagulação e hemostasia que para o sangramento.
As plaquetas no coágulo são ativadas e libertam
fatores de crescimento e citosinas que estimulam as
células residentes para começar a re-epitelização, a
angiogênese e reparação do tecido conjuntivo. Além
disso, os fatores derivados das plaquetas,
complemento ativado, e produtos bacterianos
desencadeiam uma reação inflamatória com o
influxo de neutrófilos e macrófagos para limpar as
bactérias. A forma como efetivamente a inflamação
for resolvida vai desempenhar um papel crucial na
determinação do resultado de cicatrização. A rápida
re-epitelização que estabelece a função de barreira
e interações neutrófilas e macrófagos são
importantes para este processo. O influxo inicial de
macrófagos contém principalmente células que
produzem citosinas pró-inflamatórias, ao passo que
os macrófagos reparativos que suportam a
formação de tecido de granulação, angiogênese e a
remodelação dominam as fases mais tardias da
cicatrização de feridas. Os macrófagos também
estimulam a diferenciação de células residentes,
possivelmente os fibroblastos, para miofibroblastos,
que produzem matriz que, após a remodelação, gira
no sentido da cicatriz na pele ou tecido de mucosa
normal na mucosa oral do palato.” (HAKKINEN,
2015).23

A sequência ordenada de uma cicatrização foi descrita por Carrel em 1910 e


dividida em 5 principais fases: (i) inflamação, (ii) proliferação celular, (iii) formação do
tecido de granulação, (iv) contração e (v) remodelação da ferida. Para se tornar de
forma mais didática, estas 5 fases foram redistribuídas em 3 (Figura 5): (i) fase
inflamatória, (ii) fase de proliferação ou de granulação e (iii) fase de remodelação ou de
maturação.24,22

21
BROUGHTON, G.; JANIS, J. E.; ATTINGER C. E. Wound healing: an overwiew. Plastic and Reconstructive
Surgery, v. 117, p. 1 e-S-32 e-S, 2006.

22
ORGILL, D.; DEMLING, R. H. Current concepts and approaches to wound healing. Critical care medicine, v.
16, n. 9 p. 899-908, 1988.

23
HAKKINEN, L.; KOIVISTO, L.; HEINO, J.; LARJAVA, H. Chapter 50 – Cell and molecular biology of wound
healing. Sterm Cell Biology and Tissue Engineering in Dental Sciences, p. 669-690, 2015.

24
CARREL A. The treatment of wounds. JAMA, v. 55, p.21-48, 1910.

21
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Figura 5. Fases da cicatrização.

Fonte: Adaptado de W itte e Barbul, (1997).25

(i) Fase Inflamatória


Tem seu início no momento que ocorre a lesão. Com o sangramento surgem
plaquetas, hemácias e fibrina que selam as bordas da ferida, e esse coágulo formado
tem como função ser uma barreira impermeabilizante contra contaminações. Com o
rompimento do tecido, histamina, serotonina e bradicinina são liberadas causando
vasodilatação e aumento de fluxo de sangue no local, fazendo com que apareçam sinais
de inflamação como calor e rubor. Há um aumento de permeabilidade capilar em que
líquidos são extravasados para o espaço extracelular provocando um edema.
Como resposta à inflamação (fase que dura aproximadamente 3 dias) acontece a
migração s e q u e n c i a l d e c é l u l a s p a r a a f e rid a , q u e é a u x i l i a d a p o r
m e d ia d o re s bioquímicos, que aumentam a permeabilidade vascular, favorecem a
exsudação plasmática e células para o sítio da ferida. Os mediadores podem ser de
ação curta (histamina e serotonina) e de ação mais prologada (leucotaxina, bradicinina
e prostaglandina). A prostaglandina é responsável por favorecer a exsudação vascular
e estimular a mitose celular e a quimiotaxia dos leucócitos.
Os neutrófilos e os monócitos são os primeiros elementos a chegarem ao local da
ferida para desblidar as superfícies da lesão e promover a fagocitose de partículas
antigênicas, como também de corpos estranhos. Após 24-48 h do trauma, ocorre o
pico de atividade dos polimorfosnucleares seguido de um maior aporte de macrófagos

25
WITTE, M. B.; BARBUL, A. General principles of wound healing. Surgical Clinics of North America, V. 77, n. 3, p.
509-528, 1997.
22
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

nos dois ou três dias que se seguem. São estes que ativam os fibroblastos e as células
endoteliais das fases seguintes da cicatrização.26

(ii) Fase proliferativa

Esta fase tem início por volta do terceiro dia após a lesão e tem duração de duas
a três semanas. Tem como característica a formação de tecido de granulação
(constituído por um leito capilar, fibroblastos, macrófagos, um frouxo arranjo de
colágeno, fibronectina e ácido hialurônico) e é composta por três eventos importantes:
a) neo- angiogênese, b) fibroplasia e c) epitelização.
a) Neo-angiogênese – Trata-se do processo em que novos vasos sanguíneos
são formados, essencial para manter o ambiente de cicatrização da ferida, suprindo os
fibroblastos que são responsáveis pela síntese de colágeno, caracterizando a
cicatrização por segunda intenção e o tecido de granulação. Esses vasos são formados
a partir dos brotos endoteliais sólidos, que vão migrando para o centro da ferida a partir
da periferia, sobre uma malha de fibrina que fica depositada no leito da lesão.
Mediadores químicos como a brandicinina, a prostaglandina, entre outros que se
originam dos macrófagos ativados tem como função estimular a migração e a mitose de
células endoteliais.
Este evento é responsável tanto pela nutrição do tecido (com uma demanda
metabólica maior), como pelo aumento do aporte de células (macrófagos e fibroblastos),
para o local da ferida.
b) Fibroplasia – Logo depois que ocorre a lesão, fibroblastos são formados
oriundos de células mesenquimais que são normalmente quimiescentes e esparsas do
tecido normal, e são atraídos para o sítio onde está acontecendo a inflamação para se
dividirem e produzirem componentes da matriz extracelular. Isso acontece a partir do
terceiro dia depois que os polimorfosnucleares higienizaram a área da ferida.
A principal função dos fibroblastos é a síntese de colágeno (material que
sustenta e dá força tensil à cicatriz) ainda na fase inflamatória, este é uma proteína de
alto peso molecular constituído de glicina, prolina, hidroxiprolina, lisina e hidroxilisina.
Para sua síntese é necessário que ocorra a oxigenação das células, a hidroxilação da
prolina e da lisina mediada por uma enzima produzida pelo fibroblasto na presença de
co- enzimas (vitaminas A, C e E), ferro, testosterona, tiroxina, proteínas e zinco.

26
TAZIMA, M. de F. G. S.; VICENTE, Y. A. de M. V. de A.; MORIYA, T. Biologia da ferida e cicatrização. Medicina
(Ribeirão Preto), v. 41, n. 3, p. 259-64, 2008.
23
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

c) Epitelização – Ocorre entre as 24-36 h depois do trauma e a proliferação


de células do epitélio é estimulada por fatores de crescimento epidérmicos. Citosinas
(responsáveis por estimular a cicatrização de feridas cutâneas) são sintetizadas na pele
por ceratinócitos.
O processo acontece da seguinte forma: células epiteliais das bordas da ferida e
dos folículos pilosos que estão próximos para induzir a contração e neo-epitelização da
lesão migram, reduzindo assim sua superfície. Os ceratinócitos, que se localizam na
camada basal da epiderme residual ou na profundidade de apêndices dérmicos,
seguem para recobrir a ferida. As células epiteliais se movem de forma desordenada
até as bordas fazendo com que estas se aproximem.26
(iii) Fase de maturação ou remodelamento

É a fase final da cicatrização em que ocorre a deposição do colágeno de forma


organizada e pode levar até dois anos. O colágeno que foi produzido no início é mais
fino do que aquele presente na pele que não sofreu lesão e apresenta orientação
paralela a esta. Neste momento da cicatrização, ocorre um equilíbrio de síntese e
degradação de colágeno, (colágeno tipo III é reabsorvido e colágeno tipo I é produzido
e organizado ao longo das linhas de tensão). Esse processo aumenta a força tensil da
ferida, porém nunca irão atingir o mesmo nível de força de um tecido normal. Em média,
chega a 50% da força de tensão original após três meses do trauma e 80% a longo
prazo. Uma boa cicatrização ocorre quando no processo de síntese da nova e lise da
matriz antiga, uma deposição maior acontece.23,27
Os principais objetivos de uma cicatrização envolvem o fechamento da ferida, o
alívio da dor e uma cicatriz com a melhor aparência possível. Existem vários fatores
que afetam o processo de cicatrização de forma positiva ou negativa, entre eles estão:
(i) local da ferida contaminado, (ii) infecção sistêmica concomitante, (iii) estado
nutricional, (iv) doenças sistêmicas associadas e (v) riscos especiais, como radio e
quimioterapia e uso de drogas imunossupressoras.28

27
HUNT, T. K. The physiology of wound healing. Annals of Emergency Medicine, V.17 n. 12, p. 1265-1273, 1988.

28
MARTINS, N. L.P. Análise comparativa da cicatrização da pele com o uso intraperitoneal de extrato aquoso de
Orbignya phalerata (babaçu): estudo comparativo em ratos. Acta cirúrgica brasileira, Maranhão, v. 21, n.3, p.66-75,
2006

24
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
Alguns fatores que podem melhorar a cicatrização são: programas de controle de
infecções, combate ao estresse e uso de substâncias farmacológicas que
comprovadamente apresentem favorecimento ao processo cicatricial.28
Pensando em melhorar o tratamento dos pacientes, pesquisadores têm buscado
produtos que contenham alguns pré-requisitos como: facilidade de remoção, conforto,
não exigência de trocas frequentes, boa relação custo/benefício, manterem o leito da
ferida com umidade ideal e as áreas periféricas secas e protegidas, facilidade de
aplicação e adaptabilidade, ou seja, conformação às diversas partes do corpo.
Uma alternativa que supre todas essas necessidades médicas é a celulose
bacteriana, pois este material dispõe de características como alta umidade, bom
rendimento, biocompatibilidade, absorve bem o exsudato inflamatório, além de conter
atividade análgesica natural.

2.4 Agente Potencialmente cicatrizante

2.4.1 Curcumina
Desde a pré-história o homem vem utilizando plantas com objetivos terapêuticos,
inicialmente em forma de fármacos em bruto, tais como tinturas, chás, pós e outras
formulações, a fim de aliviar dores ou para tratar diversas enfermidades. Em um primeiro
momento, esse procedimento foi realizado de forma totalmente empírica e tudo era
descoberto de maneira acidental. Ainda que as plantas fossem utilizadas para o
tratamento e cura de doenças de forma bastante difundida, em muitos casos, os
compostos químicos que são responsáveis pelos efeitos biológicos não eram nem
conhecidos. Porém, com o desenvolvimento científico e tecnológico, foi possível que
surgissem novas metodologias para estudos e caracterização de compostos que
contém efeitos farmacológicos.29,30
A curcumina é um composto bioativo que foi isolado da Curcuma longa linn, que
é normalmente utilizada como tempero e suplemento nutricional. Trata-se do polifenol
[(E, E)-1,7-bis(4-hidroxi-3-metoxifenil)1,6-heptadieno-3,5-diona]. Foi utilizada por vários
séculos na medicina tradicional da Índia (Ayurveda) com a finalidade de tratar diversas
enfermidades como: doenças respiratórias, desordens do fígado, inflamações,
tosse, reumatismo, doenças da pele, diarreia e dores no corpo.31

29
BALUNAS, M. J., KINGHORN, A. D. Drug Diacovery From Medicinal Plants. Life Sciences, Oxford, v. 78, n.
5, p.431-441, 2005

30
LAMEIRA, O. A., PINTO, J. E. B. P. Plantas medicinais: do cultivo, manipulação e uso à recomendação popular.
Editora EMBRAPA. Belém, 2008.

31
BISHT, S.; FELDMANN, G.; SONI, S.; RAVI, R.; KARIKARI, C.; MAITRA, A.; MAITRA, A. Polymeric nanoparticle-
encapsulated curcumin (nanocurcumin): a novel strategy for human cancer therapy. Journal of Nanobiotechnology,
v. 5, n. 3, 2007.
25
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Curcuma longa linn, é uma planta do tipo herbácea e perene que se originou no sudeste
da Ásia e é cultivada de forma extensa na Índia e na China. Seu cultivo foi introduzido
no Brasil e é popularmente conhecida como cúrcuma, açafrão da Índia, açafrão ou
gengibre dourado.32,33
Da cúrcuma, a parte que gera maior interesse é o rizoma e este é utilizado na
forma de pó que é obtido com a moagem dos rizomas secos. Este pó é consumido em
alimentos e é um dos principais componentes do curry.34 Os componentes da cúrcuma
são chamados curcuminóides que incluem principalmente a curcumina, a
desmetoxicurcumina e a bisdemetoxicurcumina (Figura 6).35 Os efeitos biológicos e
terapêuticos atribuídos à cúrcuma derivam principalmente da curcumina.

Figura 6. Estruturas químicas dos três compostos da cúrcuma: I)

Curcumina; II) Desmetoxicurcumina; III) Bisdemetoxicurcumina

Fonte: Filho et al, (2000). 32

A curcumina é um pigmento de coloração amarela que tem sua atividade biológica


estudada de forma extensa e demonstra principalmente ação antioxidante, anti-

32
FILHO, A. B. C.; SOUZA, R. J. de; BRAZ, L. T.; TAVARES, M. Cúrcuma: Planta Medicinal, condimentar e de outros
usos potenciais. Ciência Rural, V. 30, n. 1, p. 171-175, 2000.

33
SHARMA, R. A., GESCHER, A. J., STEWARD, W. P. Curcumin: The story so far. European Journal of
Cancer, v. 41 p. 1955–1968, 2005.

34
ANTUNES, L. M. G.; ARAÚJO, M. C. P. Mutagenicidade e antimutagenicidade dos principais corantes para
alimentos. Revista de Nutrição, Campinas, v. 13, p. 81-88, 2000.

35
ÇIKRIKÇI, S.; MOZIOGLU, E.; YILMAZ, H. Biological Activity of Curcuminoids Isolated from Curcuma longa.
Academy of Chemistry of Globe Publications, v.2, n.1, p.19-24, 2008.

26
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
inflamatória e anticâncer. Porém existem vários outros efeitos biológicos e aplicações
terapêuticas que vêm sendo explorados como efeitos antiprotozoários, antimicrobianos,
antivirais e aplicação em doenças cardiovasculares, diabetes e doenças
neurodegenerativas como esclerose múltipla, doença de Parkinson e Alzheimer. 36
Neste projeto, utilizamos a curcumina purificada para avaliarmos o efeito anti-
inflamatório, e potencial cicatrizante sinérgico com a celulose bacteriana, na forma de
gel, para atividades cicatrizante, anti- inflamatória, analgésica e antimicrobiana.

36
AGGARWAL, B. B.; HARIKUMAR, K. B. Potential therapeutic effects of curcumin, the anti- inflammatory agent,
against neurodegenerative, cardiovascular, pulmonary, metabolic, autoimmune and neoplastic diseases. The
International Journal of Biochemistry & Cell Biology, v. 41, p. 40–59, 2009.
27
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3. Material e métodos

3.1 Microrganismo e preservação


Para a produção de CB foi utilizada uma linhagem de Gluconacetobacter xylinum
(linhagem adquirida da Fundação André Tosello – Campinas – São Paulo com
identificação: CCT 1431, referência ATCC23769, lote 30.05). A cultura foi mantida em
meio Manitol contendo: 25 g L-1 de D-manitol, 5 g L-1 de extrato de levedura, 3 g L -1 de
peptona bacteriológica com pH 6,5 a 5 °C.
A linhagem foi repicada e preservada em diferentes métodos de conservação para
que fosse garantida a sua viabilidade durante o desenvolvimento desta pesquisa.
Os meios de cultura foram preparados, esterelizados em autoclave a 121 °C por
20 minutos e os microrganismos foram preservados de acordo com os protocolos
descritos por Lins.37

3.2 Produção da celulose bacteriana

3.2.1 Meio de cultivo


O meio de cultivo utilizado para a produção de CB pela bactéria foi o meio de
Glicerol que é constituído por: 25 g L -1 de glicerol, 1,6 g L-1 de extrato de levedura, 4 g
L-1 de Na2HPO4 e 3,5 g L-1 de ácido succínico.

3.2.2 Produção de celulose bacteriana (membrane e pellets)

3.2.2.1 Produção da CB membrana


Para a produção de celulose em membranas, dez tubos de ensaio com 9 mL
de meio glicerol líquido, que foram previamente esterilizados em autoclave a 121 °C por
20 minutos, semeados com 1 mL da colônia bactéria que foram cultivadas
anteriormente. Após o semeio os tubos foram colocados em estufa bacteriológica e
mantidos a 30 °C de forma estática por 24 h.
Após o período de 24 h, o conteúdo dos 10 tubos de ensaio foi transferido para
dez erlenmeyers contendo 90 mL de meio glicerol cada, que foram previamente
esterilizados em autoclave a 121 °C por 20 minutos e mantidos na estufa bacteriológica
a 30 °C de forma estática por cinco dias.

37
LINS, L.S.G. Coleção de cultura de microrganismos – critérios de qualidade e padrões de operação.
Monografia, UFPE, 2008.

28
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
Passado os cinco dias as membranas de celulose produzidas foram retiradas
do meio de cultivo dentro de câmara de fluxo laminar com o auxílio de pinça
previamente esterilizada.

3.2.2.2 Pellets
Para a produção de celulose bacteriana em forma de pellets, seis erlenmeyers
contendo 117 mL de meio glicerol, previamente esterilizados em autoclave a 121 °C
por 20 minutos foram semeados com 33 mL de cultura, que totalizou 150 mL de semeio.
Em seguida, os novos cultivos foram colocados em agitação a 150 rpm em 30 °C por 5
dias.

3.2.3 Purificação da celulose bacteriana


As membranas de celulose retiradas dos meios de cultura e os pellets foram
lavados com água destilada e colocados em banho-maria a 80 °C por 30 minutos em
solução de NaOH 0,1 mol L-1, em seguida foram colocados em banho-maria nas
mesmas condições por 6 vezes em água destilada para retirada de resíduos de células
e meios de cultura; e posteriormente lavados por mais 2 vezes com água Mili-Q estéril
para que o pH do meio se torne neutro. As biomembranas e os pellets foram
congelados, liofilizados e caracterizados.

3.2.4 Trituração da celulose bacteriana


Depois de liofilizados, as membranas e os pellets foram triturados em moinho de
facas e depois passadas em moinho de bolas para diminuir o tamanho das partículas.

3.3 Caracterização da celulose bacteriana

3.3.1 Espectroscopia na região do infravermelho


As amostras das membranas de celulose liofilizadas e trituradas tiveram seus
grupos funcionais analisados pela técnica de espectroscopia na região do
infravermelho. Os espectros vibracionais do polímero foram adquiridos segundo
método da pastilha de KBr. Os espectros FT-IR foram obtidos em espectrofotômetro
Bruker, modelo IF66, com transformada de Furier abrangendo a região de 4000-400
cm-1.

29
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

3.3.2 Análise Térmica

3.3.2.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)


A capacidade de calor da biomembrana liofilizada e triturada foi analisada através
da técnica de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC), realizada em equipamento
DSC-60 da Shimadzu, no Laboratório de Análise Química Inorgânica e Sensores -
LAQIS, localizado na UFRPE. A curva de fluxo de potência em função da temperatura
foi obtida utilizando panela de alumínio, velocidade de aquecimento 1 °C por minuto até
atingir a temperatura de 500 °C.

3.3.2.2 Análise Termogravimétrica (TGA)


A análise termogravimétrica da amostra de celulose bacteriana liofilizada e
triturada foi realizada em atmosfera de argônio com uma velocidade de 1 °C por minuto
até atingir a temperatura de 500 °C. O equipamento utilizado foi o TGA-50 da Shimadzu,
localizado no Laboratório de Análise Química Inorgânica e Sensores – LAQIS.

3.3.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Energia


Dispersiva (EDS)
A análise de possíveis alterações na morfologia superficial da membrana de
celulose foi feita através da técnica de microscopia eletrônica de varredura e a análise
elementar ou caracterização química da amostra foi feita através da espectroscopia de
energia dispersiva. O equipamento utilizado foi Microscópio eletrônico de varredura
ambiental, modelo Quanta 200 FEG, localizado no CETENE.

3.4 Incorporação da Curcumina na Matriz de celulose.


A incorporação da Curcumina na matriz de celulose tem como objetivo adicionar
propriedades farmacológicas visando o potencial cicatrizante e anti-inflamatório,
permitindo o seu uso no tratamento de feridas da pele e cicatrização de queimaduras.
Através das propriedades de osmo-difusão da membrana de celulose a incorporação
do composto bioativo foi feita através do processo de difusão lenta em que a celulose
foi imersa em uma solução hidroalcoólica do princípio ativo a 25% (m/v) e deixada em
repouso por 24 h.

3.5 Teste de Capacidade de Absorção de cúrcuma (CAC) e teste de lavagem


Para a determinação da CAC, membranas pesando aproximadamente 1,0 g foram
imersas em soluções de concentrações 10-6 e 10-7 mol L-1 pelo período de 24, 48 e 72
h. Passado o período, foi realizada análise de espectroscopia de absorção eletrônica

30
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
nas soluções residuais e sua nova concentração foi calculada através da equação de
Beer Lambert:
A=Ɛlc (Equação 1)

Em que: A, absorbância, ou absorvância; Ɛ, absortividade molecular da


curcumina; l, caminho óptico e c é a concentração da solução. Os ensaios foram
realizados em triplicata.
O teste de lavagem foi realizado para verificar a concentração de curcumina que
foi transferida para a solução. Membranas pesando aproximadamente 0,9 g, foram
colocadas em lavagem em álcool P.A. sob condições estáticas e em agitação pelo
período de 24, 48 e 72 h.
A absorbância da solução residual foi determinada por espectroscopia de
absorção eletrônica.

3.6 Teste de transferência


Membranas de celulose contendo solução hidroalcóolica de curcumina na
concentração 25% (m/v) foram colocadas sobre membranas liofilizadas em estufa à 35
± 2 °C, até atingir o equilíbrio (aproximadamente 72 h).
As membranas foram pesadas em balança analítica antes e depois de serem
colocadas na estufa, até não haver mais variação de peso.
A capacidade de transferência foi calculada com a seguinte fórmula:

𝑾𝟏𝒂−𝑾𝟏𝒃
TC (%) = 𝒙 𝟏𝟎𝟎 (Equação 2)
𝑾𝟏𝒂

Sendo: W1a a massa da membrana com a solução de curcumina antes da


transferência e W1b a massa da membrana com solução de curcumina após a
transferência.1 Este teste foi realizado em triplicata.

3.7 Gel de Alginato de Cálcio


Para a produção do gel de alginato de cálcio foram adicionadas gota-à-gota
soluções de cloreto de cálcio 0,2 mol L-1 em uma solução de alginato de cálcio de 5%
(m/m) de baixa e média viscosidade até obter a consistência de um gel.

3.8 Produção do Gel


Para a produção do gel foram utilizados 5,0 g de Alginato de sódio de baixa
viscosidade, 100 mL de água deionizada esterilizada, 0,24 g de cloreto de cálcio, 1,5 g

31
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

de ascorbato de cálcio, 1,0 g de curcumina, 5,0 g de óxido de zinco e 1,5 g de pó de


celulose bacteriana.
Foi adicionado em um béquer a curcumina, o etanol e o pó de celulose. Em
seguida, evaporado todo o etanol em uma chapa aquecedora com temperatura entre
40 e 50°C, agitando sempre com o auxílio de um bastão de vidro.
Depois que o etanol foi todo evaporado, adicionou-se a este béquer o óxido de
zinco e o ascorbato de cálcio misturando mecanicamente com o auxílio de um bastão
de vidro.
Em outro béquer, foi dissolvido completamente o alginato de sódio (baixa
viscosidade) em 80 mL de água deionizada esterilizada.
Em um terceiro béquer, foi dissolvido o cloreto de cálcio em 20 mL de água e
adicionado esta solução gota-à-gota, com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, ao béquer
que continha o alginato de sódio (baixa viscosidade) dissolvido em água, agitando
sempre com bastão de vidro até que o gel formado tenha assumido uma consistência
que, ao ser colocado em uma espátula e esta ao ser virada, não escoa.
Após a formação do gel, este foi transferido totalmente para o béquer que continha
a curcumina, o pó de celulose, o óxido de zinco e o ascorbato de cálcio e a mistura foi
homogeinizada com o auxílio de uma espátula de plástico.
Depois de terminado o processo de homogeneização, o produto foi distribuído
em tubos de Falcon e deixados em refrigeração até serem esterilizados com radiação
gama na dose 25 KGy.

3.9 Teste de Halo de Inibição


O teste antimicrobiano do gel produzido foi avaliado, em triplicata, utilizando-se
o meio de cultivo Ágar Muller Hinton (MH) como controle. O meio utilizado foi o meio
controle adicionado de “spots‟ do gel. No meio de cultivo, todos os microrganismos
foram inoculados a partir de uma suspensão de concentração de aproximadamente 1 a
2 x 10 8 UFC/mL de acordo com a escala de Mc Farland. Após a inoculação dos
microrganismos foram colocados discos antimicrobianos e também foram retirados
“spots‟ de meio MH com o auxílio de discos metálicos para a colocação de “spots‟ do
gel, para uma comparação entre os dois. Em seguida as placas foram incubadas em
estufa a 35 °C (± 2 °C) durante 24 horas. Os resultados dos testes foram expressos em
resultados positivos e negativos para a capacidade do gel em inibir o crescimento dos
microrganismos testados.

32
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Os microrganismos testados foram: Staphylococcus aureus, Pseudomonas


aeruginosa e Escherichia coli. Todos os microrganismos foram cedidos da coleção de
cultura de microrganismos do departamento de antibióticos da Universidade Federal de
Pernambuco, com as numerações Staphylococcus aureus (UFPEDA 224),
Pseudomonas aeruginosa (UFPEDA 416) e Escherichia coli (UFPEDA 02). A coleção
UFPEDA encontra-se cadastrada no World Federation Culture Collections – World
Data Center on Microrganisms, com o número 114.

3.10 Determinação de Concentração Inibitória Mínima (CIM)


Os testes de diluição em meio ágar ou em caldo são utilizados para determinar a
sensibilidade in vitro de um microrganismo a um agente antimicrobiano. É através deste
teste que é determinada a concentração inibitória mínima de um antimicrobiano.
Este método também é utilizado para confirmar alguns perfis de resistência que
foram detectados em testes por disco-difusão, halo de inibição. As concentrações
iniciais utilizadas no teste foram: 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 μg/mL e foram aumentadas até
não haver mais crescimento microbiano. O teste foi realizado em triplicata.

3.11 Cinética de Decomposição Térmica por Termogravimetria Isotérmica


O método termogravimétrico isotérmico é utilizado para análise da cinética de
uma reação de decomposição no estado sólido. Foram traçados gráficos de fração
decomposta versus tempo mantendo a temperatura numa região de interesse
constante. O cálculo da energia de ativação foi baseado na equação de Arrhenius,
k(T) = A . e-Ea/RT (Equação 3)

onde A representa o fator frequência, E a energia de ativação, R a constante geral dos


gases (8,314 J mol-1 K-1), T a temperatura absoluta e k a constante de velocidade.
Foram obtidas cinco curvas TG isotérmicas para tratamento de dados e
construção do gráfico de Arrhenius (ln t (min) versus 1/T (K)).
A partir da equação da reta (y = ax +b), por regressão linear, foi possível obter o
tempo de decomposição térmica para a temperatura de 25 °C para uma perda de 5%
da massa.

3.12 Teste in vivo

O teste foi realizado sob autorização da Comissão de ética no uso de animais – CEUA,
com número de licença: 075/2016 e número de processo: 23082.010102/2016,
conforme anexo I.

33
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

3.12.1 Informações sobre o animal


Espécie/Nome vulgar: Ratos Wistar (Rattus novergicus)
Idade: 90 dias, pesando 200-230 g
Sexo: Masculino
Origem: Biotério do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal –
DMFA/UFRPE

3.12.2 Informações sobre o delineamento estatístico

3.12.2.1 Tipo de delineamento


Para o delineamento experimental, os animais foram divididos, aleatoriamente,
em três grupos, contendo seis ratos cada. Onde todos os três grupos foram
submetidos ao mesmo protocolo de tratamento, mas com diferentes variações de tempo
de pós- operatório requerido para avaliação dos parâmetros clínicos e realização de
biópsia de pele. Os ratos do grupo 1 permaneceram em observação durante três
dias, sendo em seguida realizada a biópsia das duas lesões cutâneas; os animais do
grupo 2 permaneceram por sete dias e os animais do grupo 3 permaneceram em
tratamento por onze dias, sendo, depois, submetidos à biópsia cutânea das feridas. Em
todos os animais foram produzidas duas lesões na região cranial.
Todos os animais receberam tratamento com gel sem a celulose contendo
composto bioativo na lesão cutânea direita, sendo assim considerada lesão controle e
administração de Gel à Base de Celulose contendo o composto bioativo na lesão
cutânea esquerda, sendo assim considerada lesão tratada. A variação da cada grupo
consta do tempo de pós-operatório requerido para avaliação dos parâmetros
macroscópicos e realização das biópsias de pele.

3.12.3 Tipo de instalação


Os animais foram instalados em gaiolas do tipo, caixas plásticas com grades, de tamanho
33 cm (largura) x 40 cm (comprimento) x 16 cm (altura) para ratos, sendo ocupadas por
um animal em cada delas.

3.12.4 Climatização
Todas as gaiolas foram acondicionadas em estantes com ventilação, exaustão de
ar renovado. Ambiente aclimado com temperatura de 22 °C ± 2 °C, fotoperíodo de 12/12
h e posição vertical.

34
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

3.12.5 Alimentação e água


Os animais foram alimentados com ração específica para roedores Presence
Ratos e Camundongos® Evialis todos os dias.
Foi realizada a troca de água diária, ad libitum.
Foi feita a troca diária de maravalha das gaiolas com os animais e limpeza das
instalações físicas duas vezes por semana.

3.12.6 Coleta e destino dos resíduos sólidos e líquidos


Após a eutanásia dos animais, a carcaça foi acondicionada em sacos plásticos e,
em seguida, congelados em freezer e descartados junto ao sistema de coleta de lixo
hospitalar por empresa especializada.

3.13 Procedimento experimental

3.13.1 Procedimento cirúrgico


Na região dorsal torácica de cada animal foi realizada tricotomia e
posteriormente, anti-sepsia com clorexidina. Os panos de campo esterilizados foram
posicionados na pele do animal. Com o auxílio de um molde circular vazado (13,5 mm
de diâmetro), previamente confeccionado e esterilizado (punch), a área da ferida foi
delimitada. Foram realizadas duas lesões cutâneas na região torácica dorsal de cada
animal na parte cranial. As lesões cutâneas foram produzidas pela incisão da pele
através de lâmina de bisturi número 15 e a tela subcutânea divulsionada com
tesoura de ponta tipo fina/fina e pinça de dissecção até sua ressecção. A hemostasia
foi realizada por compressão digital com gases.

3.13.2 Sedação/analgesia/anestesia
Os animais foram pesados e anestesiados com cloridrato de xilazina 2% e
cloridrato de quetamina 10% nas dosagens de 10 mg/Kg, respectivamente, por via
subcutânea.

3.13.3 Local de realização do procedimento cirúrgico

Foi utilizada a sala de procedimentos cirúrgicos do Biotério do DMFA da UFPE.

35
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3.13.4 Exposição, inoculação ou administração do gel.


Todas as lesões dos animais receberam tratamento com gel sem a celulose e
sem composto bioativo (Lesão Controle) e administração de Gel à Base de Celulose
contendo Compostos Bioativos (Lesão Tratada), ambas diariamente.

3.13.5 Extração de fluidos/tecidos


Foi realizada coleta de fragmentos de pele das lesões cutâneas por ressecção no
tamanho da área delimitada pelo processo de reparação tecidual em uma única
oportunidade, ao término de cada período pré-estabelecido de acompanhamento.

3.13.6 Eutanásia/abate
Os animais foram eutanasiados ao final de cada tempo experimental. Foi
aprofundada a anestesia e em seguida realizado o deslocamento cervical.

3.14 Análise clínica das lesões

Após eutanásia, os animais foram fixados em prancha cirúrgica para avaliação


clínica das feridas com auxílio de lupa com 2,5 vezes de aumento. O tamanho da lesão
foi observado e medido com o auxílio de paquímetro digital e foram anotadas as
medidas dos eixos verticais e horizontais.
Os dados coletados foram anotados em fichas de protocolo pertencente a cada
animal e foi feito o registro fotográfico com câmera digital fixada em tripé.
Com esses valores, calculou-se a área da ferida, utilizando-se a planigrafia digital
transferindo a imagem para o software Image J, após delimitar a periferia da lesão,
demarcados os pontos pelo método poliline e realizado o cálculo da área.

3.15 Remoção da área da lesão

A área do processo cicatricial foi removida com uso de bisturi e tesoura, tomando-
se o devido cuidado para incluir 0,5 cm de pele adjacente às bordas da ferida e envolver
o tecido conjuntivo em profundidade até a musculatura dorsal dos animais.
Cada peça foi colocada em fracos, previamente identificados, com solução de
paraformaldeído a 10% e encaminhada para análise histopatológica no Departamento
de Medicina Veterinária da UFRPE, realizada pelo professor Dr. Valdemiro Amaro da
Silva Júnior.

36
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3.16. Análise histopatológica

Os fragmentos de pele foram submetidos à clivagem, desidratadas com


concentrações crescentes de álcool, diafanizadas em xilol para a retirada de impurezas
da amostra tecidual e embebidas em parafina conforme as técnicas de rotina para
inclusão em blocos de parafina, cortados com 5 μm de espessura e corados com
Hematoxilina-eosina.38
As lâminas foram analisadas e foto micrografadas em microscópio Leica com
câmera digital acoplada.
A análise microscópica foi realizada anotando-se os achados de modo qualitativo
e quantitativo. A avaliação quantitativa foi realizada com base em análise comparativa
entre os três períodos de observação (3, 7 e 11 dias).

38
BEHMER, O.A; TOLOSA, E.M.C.; FREITAS NETO, A.G. Manual de técnicas para histologia normal e patológica.
São Paulo: Edart, 1976, 257 p.
37
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

4. Resultados e Discussão

4.1 Produção da celulose bacteriana

A membrana celulósica foi produzida pela bactéria Gluconacetobacter xylinum em


meio de cultivo glicerol e pôde ser retirada após cinco dias da inoculação. Após o
processo de purificação, com solução de hidróxido de sódio 0,1 mol L -1, seguida de
lavagens com água mili-Q, esta adquiriu a aparência representada pela Figura 7. Sua
forma é circular, devido ao fato da membrana ser formada na interface ar/meio de
cultura tomando a forma do recipiente em que o microrganismo é inoculado, que no
caso deste trabalho, foi um erlenmeyer.

Figura 7. Membrana de celulose bacteriana após tratamento e purificação.

Em seguida, a celulose foi liofilizada e triturada em moinho de facas adquirindo


a aparência de pó conforme pode ser observado na Figura 8.

Figura 8. Membrana de celulose bacteriana após ser liofilizada e triturada.

38
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4.2 Caracterização da biocelulose

4.2.1 Espectroscopia na região do infravermelho

O espectro de infravermelho da CB liofilizada e triturada foi obtido com o objetivo


de verificar os padrões vibracionais característicos correspondentes aos grupos
funcionais que estão presentes na estrutura do biopolímero (Fig. 9) e apresentou as
seguintes bandas: 1639 cm-1 que caracteriza deformação O-H3; 1434 cm-1
correspondente à vibração do estiramento C-H; 1046 cm-1 do estiramento C-O-C
que é atribuída também a estruturas de polissacarídeos12; 1000-1200 cm-1
correspondente a um carboidrato; 1500 cm-1 como região de impressão digital de
espectros de CB13, 2910 cm-1 devido ao estiramento C-H e 3000-3400 cm-1 como região
característica de estiramentos O-H advindo de moléculas de água ou de grupos
hidroxilas (OH).

Figura 9. Espectro de FT-IR da celulose produzida pela bactéria G. xylinum no meio Glicerol.

39
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4.2.2 Análise Térmica

4.2.2.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)

A curva de DSC (temperatura em função da taxa de aquecimento) foi obtida para


verificar se há variação no comportamento térmico na membrana.
A Figura 10 mostra que a celulose apresentou eventos endotérmicos ao ser
aquecida. O evento endotérmico determina o início do processo de decomposição
térmica onde há absorção de energia para ocorrer rompimentos de ligações químicas
e/ou volatização de compostos formados. Quando ocorre aumento de energia, os
eventos são endotérmicos e quando ocorre diminuição de energia, são eventos
exotémicos.39
É possível observar cinco picos endotérmicos: em torno de 100, 1 8 0 , 2 3 0 , 250
e 300 °C. O primeiro, corresponde a desidratação, e os próximos correspondem à
decomposição da celulose com processos de despolimerização, e quebra das
ligações glicosídicas característicos da CB microcristalina.

Figura 10. Curva de DSC da celulose bacteriana produzida pela bactéria G. xylinus no meio Glicerol.

39
STORPIRTIS, S.; GAI, M. N.; GONÇALVES, J.E; CHIANN, C. Biofarmacotécnica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koognan, 2011. 321 p.
40
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4.2.2.2 Análise Termogravimétrica (TGA)

A análise termogravimétrica tem como característica ser um processo dinâmico


ou não-isotérmico em que ocorre perda de massa à medida que há aumento de
temperatura numa razão constante. 39 A Figura 11 corresponde à curva térmica da
celulose liofilizada, e esta apresentou uma perda de massa em torno de 2,96% na
região entre 36,76 a 100 °C, relacionada à moléculas de água que permaneceram após
o processo de liofilização. O termograma continua estável até cerca de 280 °C,
temperatura que é denominada onset que corresponde ao início da decomposição
térmica da amostra, na região entre 280-340 °C, onde ocorre uma perda de 70,48%
da massa total. Nestas temperaturas, processos como despolimerização, desidratação
e quebra de ligações glicosídicas com subsequente formação de CO 2 são observados.
Em torno de 340 °C não é mais perceptível variação de massa e a amostra não foi
degradada por completo. A temperatura final da análise foi 500 °C e nela, restava
ainda 26,56% que corresponde ao carbono residual da decomposição do polímero.

Figura 11. Análise termogravimétrica da biocelulose produzida pela bactéria G. xylinus no meio Glicerol.

41
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4.2.3 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia


dispersa (EDS)

A Figura 12 representa a imagem da membrana de celulose obtida através da


microscopia eletrônica de Varredura (MEV) em que é possível observar a distribuição
aleatória de microfibras, e fibras alongadas da CB com poros menores que 1 μm.

Figura 12. Imagem de microscopia eletrônica de varredura de celulose produzida.

A análise EDS (Figura 13) confirmou a presença de átomos que constituem


carboidrato (carbono e oxigênio) e do sódio que é devido ao processo de lavagem com
NaOH. A presença do ouro é característica inerente à técnica.

Figura 13. Análise EDS em amostra de celulose produzida por G.xylinum.

42
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4.3 Incorporação da curcumina na matriz celulósica Teste de Capacidade de


Absorção de Cúrcuma (CAC)

A incorporação da cucrcumina ocorreu de duas formas: (i) adicionando CB na


forma de membrana em solução hidroalcoólica de curcumina para realização de testes
de absorção, lavagem e transferência e (ii) com adição de celulose bacteriana em pó
em solução hidroalcóolica de curcumina para a produção do gel.
Após o período de 24 h em que a membrana foi deixada em imersão na solução
hidroalcoólica de curcumina, esta apresentou mudança de coloração (passou de branca
para amarela) conforme figura 14, devido às propriedades de osmo-difusão da
biocelulose que permitiu a incorporação da curcumina através do processo de
difusão lenta.

Figura 14. Membrana de celulose com curcumina incorporada.

O teste CAC foi realizado para observar a capacidade que a membrana possui de
absorver o composto bioativo (curcumina), colocando-a numa solução com
concentração conhecida (8,14 x 10-6 e 8,14 x 10-7 g/L) pelo período de 24, 48 e 72
h.
As membranas que ficaram submersas na solução de concentração 8,14 x 10 -6
g/L diminuíram a concentração inicial da solução numa média de 85% em 24 horas,
86% em 48 horas e 87% em 72 h.
As membranas que ficaram submersas na solução de concentração 8,14 x 10 -7 g/L
diminuíram a concentração inicial da solução numa média de 73% em 24 h, 76% em 48
h e 78% em 72 h. Demonstrando dessa forma, a alta capacidade de absorção do
composto bioativo pela CB. Sendo assim, por isso, um excelente material para
incorporação do mesmo.
43
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4.4 Teste de lavagem

O teste de lavagem foi realizado para observar o quanto a membrana, que foi
submersa em solução de curcumina na concentração 25% (m/v) por 24 h, iria perder
deste composto quando colocada em solução de álcool pelo período de 24, 48 e 72
h.
Em 24 h, a membrana teve a perda 6,4 x 10 -5 g/L da concentração inicial,
após 48 h houve a perda de mais 1,55 x 10 -5 g/L e nas últimas 72 h foi perdido 8,7 x
10-7 g/L. É possível observar que a medida que o tempo vai passando, a capacidade
de perda do composto bioativo na membrana vai diminuindo, isso demonstra que para
ser utilizada como carreador de fármacos em curativos.

4.5 Teste de Transferência

O teste de transferência foi realizado com o objetivo de verificar a porcentagem


de solução hidroalcóolica de curcumina que uma celulose transfere para outra
membrana liofilizada.
Analisando os valores de capacidade de transferência presentes na Tabela 1
indicamos que a CB com solução hidroalcóolica de curcumina pode ser avaliada como
opção para efeito terapêutico, uma vez que a membrana está fazendo um bom papel
de transportadora do princípio ativo.

Tabela 1. Valores de transferência da solução hidroalcóolica de curcumina entre membranas .

Biomembrana Espessura CT (%)


01 0,295 ± 0,039 85,68
02 0,127 ± 0,020 94,73
03 0,227 ± 0,036 96,65

4.6 Gel de Alginato de Cálcio

O gel de alginato de cálcio foi preparado devido ao fato de possuir fibras de


tecido, derivado de algas marinhas, compostas por ácido gulurônico e manurônico
contendo íons de cálcio e sódio incorporados a estas fibras, que auxilia no
desblidamento da lesão, tem alta capacidade de absorção, forma um gel que mantém
o meio úmido, induz à hemostasia e é indicado para feridas abertas, sangrentas,
altamente exsudativas, com ou sem infecção.40

40
SANTOS, J. B. dos, et al. Manual Avaliação e tratamento de feridas orientações aos profissionais de saúde.
Editora Hospital das Clínicas. Porto Alegre. 44 p., 2011.
(http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34755/000790228.pdf).
44
______________________________________________________________Danielle Dias Neves
Adicionando gota-à-gota, foi necessária a adição de 20 mL de solução de cloreto
de cálcio 0,2 mol L-1 em solução de alginato de cálcio 5% (m/m) de baixa viscosidade
para obtenção da consistência de gel.

4.7 Produção do gel

Associando atividades anti-inflamatória e cicatrizante da curcumina à atividade


analgésica da celulose e a capacidade de absorção e indução à hemostasia do gel de
alginato, o gel cicatrizante e anti-inflamatório (Figura 15) produzido apresentou
característica bem viscosa, pois ao virar a espátula este não escoa, e coloração
alaranjada devido à curcumina que tem como característica esta cor.
Sendo o gel de fácil aplicação e adequado para qualquer área corpórea, não apresenta
odor forte, tem textura granulada devido a presença da CB em pó e é facilmente
absorvido pela epiderme, restando somente a celulose bacteriana exposta após
aplicação.

Figura 15. Gel desenvolvido.

4.8 Teste de halo de Inibição

O teste de halo de inibição, disco difusão ou Kirby-Bauer é realizado para


determinação in vitro da resistência ou sensibilidade de uma bactéria a um potencial
agente antibacteriano.
Para este teste utilizamos como microrganismos:
• Pseudomonas aeruginosa – São bacilos bacterianos gram-positivos presente
no solo e em fontes de água capazes de crescer em ambientes úmidos e que

45
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contenham traços de matéria orgânica. São resistentes a muitos antibióticos e


desinfetantes e causam surtos de dermatite frequentemente.41
A P. aeruginosa é um patógeno oportunista que preocupa bastante os pacientes
queimados, em especial os que apresentam queimaduras de segundo e terceiro graus
e é um alerta aos profissionais da saúde, pois esse microrganismo se multiplica em
vasos de flores, água de lavagem de piso e até mesmo em desinfetantes diluídos.38
• Staphylococcus aureus - São bactérias gram-positivas esféricas muito comuns
na pele (representam cerca de 90% da microbiota normal). Quando a barreira da pele
é rompida, esta bactéria passa a ser patogênica e causam infecções como celulite e
impetigo. Todos os seres humanos possuem anticorpos contra S. aureus, porém não
conseguem se prevenir de forma eficaz de infecções reincidentes. Essas cepas causam
infecções em hospitais, na comunidade e no ambiente. 41
• Escherichia coli – É um microrganismo que está presente no intestino grosso
dos vertebrados, inclusive os humanos, que ajuda na produção de algumas vitaminas
e participa da digestão de alimentos. Entretanto, uma linhagem patogênica conhecida
como E. coli O157:H7 é responsável pela diarreia sanguinolenta e por isso é tratada
como um problema de saúde pública.41
A interpretação dos resultados foi realizada de acordo com o Clinical and
Laboratory Standards Institute (CLSI), em que foram medidos os halos de inibição
do crescimento bacteriano ao redor do gel cicatrizante e anti-inflamatório e comparado
com os padrões interpretativos dos diâmetros de halos de inibição para bactérias que
são considerados pelos Laboratórios de Microbiologia Clínica em que: R indica
resistência, I indica intermediário e S indica sensibilidade.
Para Psedomonas aeruginosa (Figura 16), os halos apresentaram uma média de
21 mm de diâmetro, o resultado comparado com o antibiótico Ceftadzima torna o
microorganismo sensível (diâmetro ≥ 18 mm) ao gel de acordo com os padrões
aprovados pelo CLSI/NCCLS (2005).42

41
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R., CASE, C. L. Microbiologia. 10ª Edição, Porto Alegre: Editora Artmed,
2012, 967 p.

42
Clinical and Laboratory Standards Institute – CLSI. Acesso: http://clsi.org/
46
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Figura 16. Teste de halo de inibição realizado com o microrganismo Pseudomonas aeruginosa.

Para Staphylococcus aureus (Figura 17), os halos de inibição apresentaram uma


média de 26 mm de diâmetro, o resultado comparado com o antibiótico Eritromicina torna
o micro-organismo sensível (diâmetro ≥ 23 mm) ao gel de acordo com os padrões
aprovados pelo CLSI/NCCLS (2005).42 Porém ocorreu um fato interessante, como é
possível visualizar na imagem, o gel não matou, mas modificou o aspecto e a coloração
das colônias numa distância de 6 mm após o halo de inibição.

Figura 17. Teste de halo de inibição realizado com o microrganismo Staphylococcus aureus.

Para Escherichia coli (Figura 18), os halos de inibição apresentaram uma média
de 14 mm de diâmetro, o resultado comparado com o antibiótico Imipenem torna o
micro- organismo intermediário (diâmetro 14-15 mm) ao gel de acordo com os
padrões aprovados pelo CLSI/NCCLS (2005).42

47
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Figura 18. Teste de halo de inibição realizado com o microrganismo Escherichia coli.

Numa análise geral, o gel apresentou diâmetros de halo de inibição um pouco menor do
que os halos formados pelos antibióticos específicos para cada microrganismo, porém
a curcumina, que é o agente antibactericida presente no gel, é um antimicrobiano
natural, tornando o produto uma boa opção de tratamento.

4.9 Determinação de Concentração Inibitória Mínima (CIM).

O teste CIM realizado em meio de cultura Ágar Muller Hinton foi realizado com o
objetivo de ratificar a capacidade antimicrobiana do gel e encontrar a concentração
mínima necessária para inibir o crescimento dos microrganismos Pseudomonas
aerugiona, Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
As concentrações iniciais para este teste foram 0,5; 1,0; 2,0 4,0 µg/mL e foram
sendo aumentadas até que não fosse mais visualizado nenhum crescimento de
unidades formadoras de colônia.
Para Pseudomonas aeruginosa, foi encontrada a concentração inibitória mínima
de 63,776 mg/mL, para o Staphylococcus aureus a concentração mínima foi de 6,156
mg/mL e para a Escherichia coli, 136,652 mg/mL.

4.10 Cinética de decomposição Térmica por termogravimetria isotérmica


O método cinético isotérmico apresenta a possibilidade de realizar medidas de
perda de massa em função do tempo, que é diferente do método dinâmico, pois a
razão de aquecimento é utilizada como uma variável para obter curvas
termogravimétricas. Na análise isotérmica, a razão de aquecimento é a mesma, porém

48
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

as temperaturas das isotermas são variadas para avaliação do tempo de


decomposição para uma faixa definida de perda de massa.39
Sob o ponto de vista experimental, inicialmente foram obtidas as curvas TG/DTG
dinâmicas (figura 19) para a análise do comportamento térmico da amostra e assim
definir as temperaturas isotermas baseada naquela em que dm/dt deixa de ser zero e
na temperatura em que ocorre o início da decomposição térmica da amostra.

Figura 19. Curvas TG/DTG obtidas a 10 °C/min e sob atmosfera dinâmica de ar de uma amostra do gel
liofilizado.

As temperaturas isotermas escolhidas foram: 240, 245, 250, 255 e 260 °C, em
seguida foram obtidas as curvas TG isotérmicas (figura 20), em que as amostras
foram aquecidas rapidamente até a temperatura isoterma (Tiso) e mantida nesta
temperatura até a perda de massa de 5%, que deixa o material comprometido, ou
seja, será desconsiderado para uso, uma vez que sofreu alterações em suas
propriedades físico-químicas.

39
STORPIRTIS, S.; GAI, M. N.; GONÇALVES, J.E; CHIANN, C. Biofarmacotécnica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koognan, 2011. 321 p.
49
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Figura 20. Curvas TG isotérmicas obtidas sob atmosfera dinâmica de Ar, a 10 °C/min, até Tiso, e mantida
em Tiso para que Δm seja de 5% da amostra do gel anti-inflamatório e cicatrizante liofilizado.

Através das curvas TG isotérmicas, foi realizado o tratamento de dados e


construção do gráfico de Arrhenius (ln t (min) x 1/T (K)) apresentado na Figura 21.

Figura 21. Gráfico de Arrhenius (ln t x 1/T) para a amostra do gel liofilizado.

Ln t x 1/T
8,00

4,00

2,00
y = 21825x - 40,257
R² = 0,9221

1,00
1,95E-03 2,00E-03 2,05E-03 2,10E-03

A partir da equação da reta (y = ax + b), foi possível fazer o cálculo da Energia de


ativação e estimar o tempo de decomposição térmica para qualquer temperatura.
Com o método de regressão linear obteve-se a equação da reta y = 185x – 40,57
e o valor de R2 = 0,9221. A energia de ativação pôde ser definida multiplicando-se o
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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

coeficiente angular pela constante geral dos gases R e pelo coeficiente linear, nos
dando assim o fator de frequência (A) e substituindo-o na equação de Arrhenius nos
dando um valor de 181 KJ/mol.
Com a equação da reta pôde-se estimar que, na temperatura de 25 °C, a amostra
do gel demoraria aproximadamente 1,4629 x 1011 dias para perder 5% da sua massa
inicial. Sendo considerado excelente, podendo assim, ser considerado um produto
farmacológico de larga durabilidade.

4.11 Experimentação Animal

Para a realização do experimento, foi escolhido o rato da linhagem Wistar por se


tratar de um animal de fácil manuseio, acomodação, é resistente a cirurgias e apresenta
baixa mortalidade em processos infecciosos. Os 19 animais foram machos (para que
não ocorressem interferências de variações hormonais que é característico nas fêmeas
e assim prejudicar o mecanismo de reparação do tecido), na fase adulta.
É possível encontrar na literatura trabalhos de cicatrização de feridas com
períodos que variam de três a 21 dias, neste, foram escolhidos os períodos de três,
sete e onze dias.
O punch metálico utilizado permitiu que se fizesse uma boa marca e com a ajuda
de tesoura cirúrgica foi possível que se realizasse as excisões das peças em toda sua
espessura em todos os animais, a hemostasia por compressão com gazes foi eficiente
e evitou o sangramento expressivo.
Os animais apresentaram as lesões tratada (LT) e lesões controle (LC) limpas,
sem alterações evidentes e não ocorreu nenhum óbito, pelo contrário, todos estavam
em bom estado de higidez. Só foi possível observar sinal de autoagressão na área
cruenta, devido ao prurido, no animal 17 na lesão controle após sete dias de
tratamento, como pode ser visto na figura 22.
A manipulação dos animais para adição do gel anti-inflamatório e cicatrizante e
do placebo foi realizada diariamente de forma tranquila e respeitando as orientações do
comitê de ética, assim, não se produziu estresse que interferisse no processo de
cicatrização.

51
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Figura 22. Autoagressão realizada pelo animal 17 na lesão controle devido ao prurido.

4.11.1 Avaliação macroscópica

Após a retirada do fragmento de pele ocorre a formação de exsudato que depois


é preenchida por fibrina para formação de uma crosta que irá recobrir a lesão
provocada.
Sete animais, dois com LC e cinco com LT, apresentaram exsudato
macroscopicamente identificado em pouca quantidade, de aspecto hialino e sem odor,
e um animal com LT apresentou crosta de bom aspecto, no 3° dia. As lesões tratadas
apresentaram crostas mais intensas do que as lesões controle.
Após sete dias de experimento, foi possível observar pela macroscopia dos
animais que dois ratos com LT e quatro com LC apresentaram um pouco de exsudato.
Nos demais animais com LT foi observado que a crosta que havia se formado já
havia caído de forma natural, ou seja, não foram arrancadas pelos animais. Nas LC, a
crosta formada nos animais ainda estava presente.
Nos animais de 11 dias, foi detectado que em seis LC e 5 LT houve queda natural
de suas crostas, um animal arrancou a crosta da LT fazendo com que a ferida se abrisse
novamente, provavelmente devido ao prurido e um animal ainda continha crosta na LC
apresentando bom aspecto. Foi observado pela análise macroscópica que as lesões
tratadas dos grupos de três, sete e onze dias apresentaram eixos menores (Figura 23
e apêndice D).

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Figura 23. Evolução da cicatrização nos grupos de três, sete e onze dias.

Através do programa Image J, foram calculadas as áreas das feridas por planimetria
digital após a delimitação da região periférica da lesão (Figura 24).

Figura 24. Delimitação da área da ferida por planimetria digital pelo método poliline utilizando o programa
Image J.

53
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A Figura 25 apresenta o gráfico das médias relacionadas à área cirúrgica. Nota-


se que a média do dia três foi muito alta e difere das outras duas. As médias dos dias
sete e onze estão mais próximas entre si. É possível observar que houve efeito de dia
no processo de cicatrização, ou seja, quanto maior o tempo, menor ficou a área
da ferida, que é natural deste processo.
Figura 25. Medidas das áreas cirúrgicas de três, sete e onze dias.

Ao analisar a tabela 3 é possível observar que a média do CG foi de 0,57 cm 2 e a


do GT de 0,63 cm2. Ao fazer o teste Turkey, foi confirmado que não houve diferença
significativa nos tamanhos, mas isso não significa que houve semelhança no processo
de cicatrização dos dois grupos uma vez que pode ocorrer formação de tecido
superficial da epiderme, mas esta formação pode não ocorrer de maneira uniforme.

Tabela 3. Teste de Turkey em grupos

Grupo Área (cm2)


Controle 0,570452
Tratado 0,63107

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A figura 26 apresenta as interações DxG (dias versus grupo) e é possível observar que
os grupos não tiveram comportamentos iguais de forma paralela no processo de
cicatrização da ferida em relação aos dias. No 3º dia, a media da área cirúrgica do Grupo
Tratado (GT) foi significativamente maior do que a do Grupo Controle (GC). Já no 7º
dia, a media da área da lesão do GT foi menor do que a do GC, e no 11º dia as médias
se apresentam praticamente iguais.
Comparar processos cicatriciais de dois grupos pelo tamanho da área da lesão não
permite a conclusão de que uma lesão menor tenha sido melhor cicatrizada, apenas é
possivel verificar que os tecidos superficiais da epiderme foram estruturados de forma
mais acelerada e isto pode acontecer de maneira disforme, por baixo, ainda pode estar
ocorrendo processos inflamatórios que podem dificultar a cicatrização desta lesão.

Figura 26. Medida das áreas cirúrgicas em cm 2 com seus desvios padrões de três, sete e onze dias.

2
1,8 Tratado
1,6 Controle
1,4
Área da Ferida

1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1 2 3
Grupos

4.11.2 Avaliação Microscópica

Os cortes histológicos foram corados com hematoxilina-eosina (H.E.) e tricômio


de Masson, este último usado para coloração específica de colágeno. Foram
preparadas lâminas de cada ferida e estas foram avaliadas através de microscópio
quanto à presença de vasos sanguíneos na área de cicatrização, bem como, re-
epitelização, proliferação de colágeno, presença de fibroblastos, leucócitos e mono e
polimorfo nucleares.
A avaliação dos fragmentos de pele retirados das lesões tratada e controle
mostrou diferenças qualitativas, pois foi possível observar através de microcópio óptico
diferenças significativas em variáveis analisadas como: exsudato inflamatório, células
inflamatórias, tecido adiposo, entre outras.

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No início da fase inflamatória do processo de cicatrização ocorre um aumento da


permeabilidade vascular, extravasamento de plasma, hemácias, plaquetas e leucócitos,
com destaque para os neutrófilos e macrófagos. Após 48 h que ocorre a lesão, os
fibroblastos se multiplicam para produzir colágeno em conjunto com intensa proliferação
endotelial acarretando na formação do tecido de granulação, características
da fase de fibroplasia.26,43
O grupo de três dias representa essas fases e foi possível observar que houve
efeito significativo em 8 das 9 variáveis que foram quantificadas na comparação entre
as lesões tratada e controle, são elas: crosta, exsudato inflamatório, células
inflamatórias, tecido adiposo, tecido conjuntivo, tecido de granulação, vasos
congestos, fibroblastos e hemorragia (Tabela 4).
Ao analisarmos a Tabela 4, verificamos que as variáveis exsudato inflamatório,
células inflamatórias, tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos congestos e fibroblastos
foram maiores nas lesões tratadas. A variável crosta foi maior nas lesões controle
e a variável tecido de granulação, apesar de apresentar medianas iguais, continham
distribuições diferentes nos dois tipos de lesão, como pode ser verificado na tabela de
grau de intensidade (Apêndice A).

43
SANTOS, J. B. dos, et al. Manual Avaliação e tratamento de feridas orientações aos profissionais de saúde.
Editora Hospital das Clínicas. Porto Alegre. 44 p., 2011.
(http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34755/000790228.pdf).
56
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Tabela 4. Medianas das LT e LC de variáveis histológicas. Teste de Mann-W hitney para o grupo de três
dias.

LT (%) LC (%) U (%) p


Crosta 49,5 66,0 57,75 0,9362

Exsudato 100,0 83,0 91,5 0,3785


Inflamatório

Células 100,0 66,0 83,0 0,2002


Inflamatórias

Tecido 33,0 0,0 16,5 0,0453


Adiposo

Tecido 33,0 16,5 24,75 0,6889


Conjuntivo

Tecido de 83,0 83,0 83,0 0,3785


granulação

Vasos 49,5 33,0 41,25 0,0306


Congestos

Fibroblastos 66,0 33,0 49,5 0,0927

Hemorragia 0,0 0,0 0,0 1,0000

Legenda: LT: Lesão Tratada, LC: Lesão Controle, U: Mediana, p: Parâmetro de Mann-Whitney

A fase proliferativa é composta por três eventos importantes: Neo-angiogênese,


fibroplasia e epitelização. Nesta fase ocorre a formação do tecido de granulação, que
é constituído por um leito capilar, fibroblastos, macrófagos, um frouxo arranjo de
colágeno, fibronectina e ácido hialurônico. Começa por volta do terceiro dia após a lesão
e perdura por duas a três semanas, é o marco inicial da formação da cicatriz.26,43
O grupo de sete dias está dentro do período de proliferação e ao analisarmos a
Tabela 5 podemos observar que houve efeito significativo em 11 das 13 variáveis
quantificadas, foram: Crosta, exsudato inflamatório, células inflamatórias, tecido
conjuntivo, tecido de granulação, vasos congestos, fibroblastos, hemorragia,
colágeno, miofibroblastos e anexos cutâneos.

57
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Tabela 5. Medianas das LT e LC de variáveis histológicas. Teste de Mann-W hitney para o grupo
de sete dias.

Tratado (%) Controle (%) U (%) p


Crosta 83,0 16,5 49,75 0,0656

Exsudato 66,0 0,0 33,0 0,2623


Inflamatório

Células 66,0 0,0 33,0 0,1282


Inflamatórias

Tecido 0,0 0,0 0,0 1,0000


Adiposo

Tecido 50,0 16,5 33,25 0,5218


Conjuntivo

Tecido de 49,5 49,5 49,5 0,8728


Granulação

Vasos 0,0 0,0 0,0 0,6487


Congestos

Fibroblastos 100,0 66,0 83,0 0,5752

Hemorragia 0,0 0,0 0,0 0,8728

Macrófago 0,0 0,0 0,0 1,0000

Colágeno 49,5 16,5 33,0 0,5218

Miofibroblastos 0,0 0,0 0,0 0,6889

Anexos 0,0 0,0 0,0 0,6889


Cutâneos
Legenda: LT: Lesão Tratada, LC: Lesão Controle, U: Mediana, p: Parâmetro de Mann-Whitney

Os dados da Tabela 5 mostram que as lesões tratadas apresentaram variáveis


maiores em: crosta, exsudato inflamatório, células inflamatórias, tecido conjuntivo,
fibroblastos e colágeno. As variáveis: tecido de granulação, vasos congestos,
hemorragia, miofibroblastos e anexos cutâneos, apesar de apresentarem medianas
iguais, continham distribuições diferentes entre os dois tipos de lesões (Apêndice A).
O tecido adiposo e o macrófago não apresentaram efeito significativo
quando comparado os dois tipos de lesões.
A fase de maturação tem início na terceira semana após a formação da ferida e
tem como característica aumento da resistência sem aumento na quantidade de
58
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colágeno. O desequilíbrio desta relação favorece o aparecimento de cicatrizes


hipertróficas e queloides. O aumento da resistência se deve à remodelagem das fibras
de colágeno com aumento das ligações transversas e de tensão. A fase de maturação
dura toda a vida da ferida, embora a força tênsil se estabilize, após um ano, em 70 a
80% da pele intacta. A inclinação da curva de maturação é mais aguda durante as
primeiras 6-8 semanas.26,43
O grupo de onze dias ainda se situa na fase proliferativa, porém foi possível
observar características da fase de maturação. Na Tabela 6, é possível observar que
as variáveis: crosta, exsudato inflamatório, células inflamatórias, tecido conjuntivo,
fibroblastos e colágeno foram maiores nas lesões tratadas. As variáveis: tecido de
granulação, vasos congestos, hemorragia, miofibroblastos e anexos cutâneos, apesar
de conter medianas iguais, suas distribuições foram diferentes nos dois tipos de
lesões (Apêndice A). Tecido adiposo e macrófago não apresentaram diferenças
significativas quando foram comparadas as lesões.
Através da análise das pranchas histopatológicas (Apêndice C), do laudo
histopatológico (Apêndice B) e das fotos realizadas nos dias três, sete e onze (Apêndice
D), é possível verificar que a cicatrização das lesões tratadas no grupo de três dias
(Prancha histopatológica grupo 1) está mais avançada em alguns animais. Estes já
apresentavam crosta contendo infiltrado inflamatório de polimorfosnucleares,
colagenólise, proliferação de adipócitos, faixas de tecido conjuntivo contendo
fibroblastos ativos permeados por tecido de granulação.
No grupo de sete dias foi possível observar que algumas lesões controle
apresentavam áreas de hemorragia, estas ainda não apresentavam tecido de
granulação caracterizando um atraso quando comparadas com as lesões tratadas que
já apresentavam reestruturação da epiderme em alguns casos.
No grupo de onze dias verificamos que algumas lesões controle ainda
apresentavam intenso exsudato inflamatório hemorrágico abaixo da crosta e o tecido
de granulação ainda em estado de formação caracterizando um atraso no processo de
cicatrização quando comparamos às lesões tratadas.

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Tabela 6. Medianas das LT e LC de variáveis histológicas. Teste de Mann-W hitney para o grupo de 11
dias.

LT (%) LC (%) U p
Crosta 66,0 0,0 33,0 0,3711

Exsudato 33,0 33,0 33,0 0,5653


Inflamatório

Células 0,0 0,0 0,0 0,6547


Inflamatórias

Tecido 0,0 0,0 0,0 1,0000


Adiposo

Tecido 0,0 33,0 16,5 0,0553


Conjuntivo

Tecido de 66,0 66,0 66,0 0,0736


Granulação

Vasos 0,0 66,0 33,0 0,2248


Congestos

Fibroblastos 66,0 0,0 33,0 0,1252

Hemorragia 0,0 66,0 33,0 0,2502

Macrófago 0,0 0,0 0,0 0,7983

Colágeno 0,0 0,0 0,0 0,7015

Miofibroblastos 66,0 0,0 33,0 0,4062

Anexos 0,0 0,0 0,0 0,6547


Cutâneos
Legenda: LT: Lesão Tratada, LC: Lesão Controle, U: Mediana, p: Parâmetro de Mann-Whitney

60
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5. Conclusões

Foi possível obter membranas a partir da técnica de cultura estática e pellets


através de cultivos em rotação, ambos em meio glicerol com bons rendimentos.
A CB foi caracterizada através de espectroscopia na região do infravermelho,
calorimetria diferencial de varredura, análise termogravimétrica, microscopia eletrônica
de varredura e microscopia de energia dispersa, os quais confirmaram sua composição
e estrutura molecular.
A membrana tem boa capacidade de absorção de curcumina.
A celulose bacteriana pode ser utilizada como carreadora de produtos
farmacêuticos porque demonstrou boa capacidade de absorção e transferência da
curcumina, além de ser recomendada a administração diária na lesão por apresentar
maior capacidade de liberação do composto bioativo nas primeiras 24 h.
O gel obtido apresentou boa consistência, é de fácil manipulação podendo ser
aplicado em qualquer aéra corpórea, não escoa quando posto na lesão, não tem odor
forte, possui textura granulada e é facilmente absorvido pela epiderme, restando somente
a CB exposta após aplicação, demonstrou atividade antimicrobiana contra os
microrganismos Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Escherichia coli
com diâmetros de halo de inibição bem próximos dos halos formados pelos antibióticos
especifícos para cada bacteria, sendo um antibactericida natural, é uma boa opção para
o tratamento de feridas.
Através de teste in vivo realizado com ratos Wistar foi possível verificar a
capacidade cicatrizante e anti-inflamatória do gel. Em análise clínica e histopatológica,
foi observado que o produto provocou um processo de cicatrização mais adiantado nas
lesões tratadas em comparação às lesões controle nos períodos de três, sete e onze dias
de tratamento.

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6. Perspectivas

 Avaliar o melhor protocolo para o processo de esterilização;


 Observar atividade cicatrizante e anti-inflamatória do gel em animais maiores e
humanos;
 Fazer depósito de patente.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

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(http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34755/000790228.pdf).
41TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R., CASE, C. L. Microbiologia. 10ª Edição, Porto
Alegre: Editora Artmed, 2012, 967 p.
42 Clinical and Laboratory Standards Institute – CLSI. Acesso: http://clsi.org/
43 SANTOS, J. B. dos, et al. Manual Avaliação e tratamento de feridas orientações
aos profissionais de saúde. Editora Hospital das Clínicas. Porto Alegre. 44 p., 2011.
(http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/34755/000790228.pdf).

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

8. Apêndices

Apêndice A. Resultados do teste de cicatrização de feridas / Tabela de grau de

intensidade. Fármaco: Gel cicatrizante (Desenvolvido por Danielle Dias Neves).

Prof. Responsável: Dr. W agner E. Silva

Resp. Tabela de grau de intensidade: Prof. Dr. Valdemiro Júnior

Grupos: Três, sete e 11 dias

Lesões: Tratada e controle

Lesão Tratada
3 dias
Animal 1 2 3 4 5 6
Crosta +++ + ++ + +++ +

Exsudato +++ +++ +++ +++ +++ +++


inflamatório
Células + +++ +++ +++ +++ +++
Inflamatórias
Tecido +++ + + ---- ++ +
Adiposo
Tecido ---- + ---- + + +
Conjutivo
Tecido de + +++ +++ +++ + ++
granulação
Vasos +++ + ++ ---- +++ +
Congestos
Fibroblastos +++ ++ ---- +++ ++ ++

Hemorragia ---- ---- ---- ---- ++ ----

Intensidade das lesões: leve (+), moderada (++) e intensa (+++), não houve (----).
Valores: (+) 33%, (++) 66% e (+++) 100%.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lesão Controle
3 dias
Animal 1 2 3 4 5 6
Crosta ---- + +++ ++ ++ ++

Exsudato +++ ++ +++ ++ +++ ++


inflamatório
Células +++ + +++ ++ ++ ----
Inflamatórias
Tecido ---- ---- ---- + ---- ----
Adiposo
Tecido + + + ---- ---- ----
Conjutivo
Tecido de ---- + + ---- + +
granulação
Vasos ---- + +++ + + ----
Congestos
Fibroblastos ---- + + + ++ +

Hemorragia ---- ---- ---- ---- ++ ----

Intensidade das lesões: leve (+), moderada (++) e intensa (+++), não houve (---).
Valores: (+) 33%, (++) 66% e (+++) 100%.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lesão Tratada
7 dias
Animal 7 8 9 10 11 12
Crosta +++ +++ + ++ +++ ----

Exsudato +++ +++ ++ ++ ---- ++


inflamatório
Células ++ ++ +++ ++ ---- +
Inflamatórias
Tecido ---- ---- ---- ++ ---- ----
Adiposo
Tecido +++ +++ +++ ---- ---- ----
Conjutivo
Tecido de ---- + +++ +++ ---- ++
granulação
Vasos ---- + ---- ---- ---- ----
Congestos
Fibroblastos +++ +++ +++ +++ ---- ----

Hemorragia ++ ---- ---- + ---- ----

Macrófago ---- ---- ++ ---- ---- ----

Colágeno ---- + ++ ++ ---- +++

Miofibroblastos ---- ---- ---- ---- ---- ++

Anexos ---- ---- ---- ---- + ----


cutâneos
Intensidade das lesões: leve (+), moderada (++) e intensa (+++), não houve (----).
Valores: (+) 33%, (++) 66% e (+++) 100%.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lesão Controle
7 dias
Animal 7 8 9 10 11 12
Crosta ---- + + + ---- ----

Exsudato + + +++ ---- ++ ----


inflamatório
Células ---- ---- +++ ---- ---- ----
Inflamatórias
Tecido ---- ---- ---- ---- ---- ----
Adiposo
Tecido ---- + ---- + ++ ----
Conjutivo
Tecido de ---- ---- +++ ++ ++ +
granulação
Vasos ---- ---- ---- ---- ++ ++
Congestos
Fibroblastos ---- ++ +++ +++ ++ ----

Hemorragia ---- ---- ---- +++ ++ ----

Macrófago ---- ---- ---- ---- ---- ----


Colágeno +++ ---- + ---- ---- +

Miofibroblastos ---- ---- ---- ---- ++ ++

Anexos ---- ---- + + ---- ----


Cutâneos
Intensidade das lesões: leve (+), moderada (++) e intensa (+++), não houve (----).
Valores: (+) 33%, (++) 66% e (+++) 100%.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lesão Tratada
11 dias
Animal 13 14 15 16 17 18 19
+ ++ +++ + + ++ ---- ++
Crosta
Exsudato + ++ + + ++ ---- ++
inflamatório
Células ---- ---- ---- ++ +++ ---- ----
Inflamatórias
Tecido + ---- ---- ---- ---- ---- ----
Adiposo
Tecido ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
Conjutivo
Tecido de ++ +++ ++ ++ +++ ++ ++
granulação
Vasos +++ ---- ---- ---- ++ ---- ----
Congestos
Fibroblastos ++ ---- ---- ---- ++ ++ ++

Hemorragia + ++ ---- ---- ---- ---- ----

Macrófago ---- +++ ---- ---- ---- ---- ----


Colágeno +++ ---- ---- ---- + ---- ----

Anexos ---- + ++ ---- ---- ---- ----


Cutâneos
Miofibroblastos ++ ++ ---- ++ ---- ++ ----

Intensidade das lesões: leve (+), moderada (++) e intensa (+++), não houve (----).
Valores: (+) 33%, (++) 66% e (+++) 100%.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Lesão Controle
11 dias
Animal 13 14 15 16 17 18 19
Crosta +++ +++ ---- ---- ---- ---- +

Exsudato ++ ++ + ---- ---- + +


inflamatório
Células ---- ---- ---- ++ ---- ---- ----
Inflamatórias
Tecido Adiposo ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
Tecido ++ ++ + + ---- ---- ++
Conjutivo
Tecido de ++ ++ + ++ ++ + +
granulação
Vasos ++ ++ + ++ ++ ---- +
Congestos
Fibroblastos ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
Hemorragia ++ ++ ---- ++ +++ ---- ----

Macrófago ++ ++ ---- ---- ---- ---- ----

Colágeno ---- ---- ---- ++ ---- ---- ----

Anexos ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----


cutâneos
Miofobroblastos ---- ---- ++ ---- ---- ---- ++

Intensidade das lesões: leve (+), moderada (++) e intensa (+++), não houve (----).
Valores: (+) 33%, (++) 66% e (+++) 100%.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Apêndice B. Resultados do teste de cicatrização de feridas /Laudo histopatológico

Fármaco: Gel cicatrizante (Desenvolvido por Danielle Neves)

Professor Responsável: Dr. Wagner E. Silva

Resp. Laudo histopatológico: Prof. Dr. Valdemiro Júnior

Grupos: Três, sete e 11 dias

Lesões: Tratada e Controle.

Resultados

Lesão Tratada
Animal Tempo de
Tratamento Resultado Histopatológico
(Dias)
1 3 No fragmento de pele do animal um foi observada
presença de crosta extensa apresentando material exsudativo
contendo algumas células inflamatórias e material resultante
de colagenólise. Abaixo desse material foi possível verificar
a formação de um tecido adiposo extremamente vascularizado
de onde surge o tecido de granulação. Foi possível verificar
também a presença de septos de tecido conjuntivo constituído
basicamente por fibroblastos e material mucoso que se dirige
para uma área limítrofe onde observou-se processo
inflamatório. Nas bordas onde existe o processo inflamatório
constatou-se tecido de granulação e uma intensa proliferação
de fibroblastos que já estão organizados para tração indicando
um processo de cicatrização acelerado.
2 3 No fragmento de pele do animal dois foi possível
observar margem de tecido epitelial distante uma da outra com
presença de solução de continuidade, uma pequena faixa de
crosta que contendo exsudato inflamatório e material acidófilo
proteináceo (gel) circundado por

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

células inflamatórias. Abaixo da crosta foi possível verificar uma


área de colagenólise e pequenas áreas que já continham
células adiposas e vasos congestos com uma pequena
infiltração de células inflamatórias. Foi verificada a presença de
tecido de granulação já formado e circundado por fibroblastos
ativos que estavam depositando matriz colagênica com
substância fundamental. Foram verificadas também faixas de
tecido conjuntivo com fibroblastos ativos abaixo da crosta
contendo células inflamatórias. A lesão está em fase
inflamatória adiantada.
3 3 No fragmento de pele do animal três foi possível observar
uma área na borda epitelial com hiperplasia epidérmica, reação
inflamatória bastante extensa e espessa, houve a formação de
crosta em que é possível ver em algumas áreas a presença de
material amorfo, provavelmente derivado do gel, com células
inflamatórias e exsudato. Foi verificada a presença de vasos
congestos em áreas profundas e ao redor desses vasos,
células inflamatórias, feixes nervosos e tecido adiposo pouco
desenvolvido, no entanto, o tecido de granulação estava
praticamente formado. O processo inflamatório atingiu a tela
subcutânea. A lesão estava num processo cicatricial não
uniforme, ou seja, mais adiantada em alguns pontos do que em
outros.
4 3 No fragmento de pele do animal quatro foi possível
verificar que a solução de continuidade estava coberta por
uma crosta acidófila contendo um intenso infiltrado inflamatório
de polimorfonucleares, exsudato e colagenólise. Foi observada
também a proliferação de adipócitos, faixas de tecido conjuntivo
contendo fibroblastos ativos e células de tecido de granulação.
A área de tela subcutânea já apresentava tecido de granulação
e/ou tecido adiposo. A lesão apresentou o processo de
cicatrização bem mais ativo com fibroblastos preparados para
tração.

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5 3 No fragmento de pele do animal cinco foi verificada na


área aberta com solução de continuidade uma crosta espessa
com material eosinofílico e outro com coloração basofílica de
característica amorfa e que se localizava abaixo dessa crosta.
Intenso infiltrado inflamatório contendo polimorfonucleares e
pequenas áreas de hemorragia; exsudato e células
inflamatórias. Abaixo da área hemorrágica observou-se área de
colagenólise e no limite desta nota-se o tecido de granulação
em processo de formação por continuidade, presença de
fibroblastos ativos e formação de matriz.
Foi verificada também a presença de tecido adiposo proliferado,
vasos congestos no tecido de granulação e faixas de tecido
conjuntivo que estão migrando ou que estão perpendiculares
em direção a área de crosta ou área de solução de
continuidade. A lesão está em processo adiantado de
reparação.
6 3 No fragmento de pele do animal seis foi verificada a
presença de crosta acidófila contendo material amorfo basófilo
e/ou ligeiramente acidófilo (material do gel utilizado) com uma
camada de células polimorfonucleares infiltradas e uma área
de reação inflamatória com exsudato inflamatório, células
inflamatórias e colagenólise. Foi observada uma área de edema
contendo células inflamatórias. O tecido conjuntivo
reacional estava extremamente ativo com células inflamatórias
que impermeiam os fibroblastos e o tecido adiposo ativo,
proliferado, dando origem a vasos e septos de tecido conjuntivo
mais profundo próximos à tela subcutânea com fibroblastos
para tração com o objetivo de aproximar as duas bordas.
A lesão encontra-se em fase do processo cicatricial bem
adiantado.

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Lesão Controle
Animal Tempo de
Tratamento Resultado Histopatológico
(Dias)
1 3 No fragmento de pele do animal um foi possível verificar
que a lesão do animal está totalmente aberta, ainda com
presença de crostas que envolvem células inflamatórias com
parte do gel sobre a superfície da ferida e um pouco nas áreas
mais profundas. Foi observada uma reação do tecido
conjuntivo com células inflamatórias, porém a ferida está
completamente aberta. A lesão está na fase inflamatória.

2 3 No fragmento de pele do animal dois foi possível


observar de forma nítida uma borda de ferida com uma
proliferação epidérmica bastante pronunciada, logo após uma
área aberta e uma crosta visível sobre a superfície com
pequena quantidade de células inflamatórias e áreas
vacuolares cercados de exsudato e células inflamatórias. O
tecido conjuntivo tinha espessura delgada, e na tela
subcutânea onde foi possível observar vasos congestos e
alguns fibroblastos proliferados, porém o tecido de granulação
ainda estava em processo de formação e não foi verificada a
presença de tecido adiposo. Abaixo da tela subcutânea tinha
uma área de colagenólise e no leito da ferida o processo de
cicatrização está mais atrasado do que os animas de
mesmo período (03 dias) do grupo tratado.

3 3 No fragmento de pele do animal três se observou a


solução de continuidade (bordas das feridas distantes), células
inflamatórias envolvendo material amorfo acidófilo (gel amorfo-
veículo). Havia presença de vasos congestos, alguns
fibroblastos proliferados, mas o tecido de granulação ainda
não estava completamente formado. Não foi possível observar
presença de tecido adiposo e o tecido conjuntivo de espessura
delgada. É possível concluir que a lesão ainda estava aberta
e em fase inflamatória.

4 3 O fragmento de pele do animal quatro apresentou


solução de continuidade coberta por crosta contendo restos de
células inflamatórias, parte do veículo (gel) e no limite entre
e hipoderme e a derme foi possível observar uma área de
colagenólise intensa com células inflamatórias. Foi visualizada
uma área de deposição de fibrina com área de dissolução de
colágeno contendo células inflamatórias próxima do tecido
adiposo e logo após apresentou uma área de fibroblastos
reativos com o aparecimento de vasos congestos.

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5 3 No fragmento de pele do animal cinco foi possível verificar


borda distantes (solução de continuidade), em uma delas
ainda era possível ver tecido de crosta com gel cercado de
exsudato com células inflamatórias, algumas calcificações do
tipo distróficas e áreas hemorrágicas. Abaixo da crosta foi
possível observar um infiltrado inflamatório contendo
polimorfonucleares com exsudato eosinofílico e logo abaixo
uma área de colagenólise com edema. O infiltrado
inflamatório era
intenso e continha fibroblastos ativos. Foi verificado o
início da formação dos vasos do tecido de granulação
próximos às células adiposas distribuídos de forma irregular
próximo à tela subcutânea.
A lesão está em um estágio mais atrasado do processo de
reparação em relação aos animais de mesmo período (03
dias) do grupo tratado.
6 3 No fragmento de pele do animal seis foi observada hiperplasia
epidérmica e crosta com material basofílico, eosinofílico e
amorfo envolvido por exsudato inflamatório. Foi verificada a
existência de tecido de granulação se formando, porém, os
fibroblastos ainda estavam em processo de formação e
deposição de matriz. A lesão está em um estágio inferior
do que as
dos animais de mesmo período (03 dias) do grupo tratado.

Lesão Controle
Animal Tempo de
Tratamento Resultado Histopatológico
(Dias)
7 7 No fragmento de pele do animal do grupo controle foi
observado que a ferida estava praticamente fechada, o epitélio
estava praticamente reestruturado. Na área em que a pele
estava em processo cicatricial foi possível encontrar colágeno
modelado e colágeno jovem em fase de remodelação, porém
não havia presença de tecido de granulação. Esta lesão já
está em um estágio avançado de cicatrização, ou seja, está
na fase de remodelação de colágeno. A inflamação foi
reduzida e não havia mais o tecido de granulação. Na área
central da ferida não havia presença de anexos cutâneos, mas
a ferida fechou.
8 7 O fragmento de pele do animal apresentou uma pequena
crosta eosinofílica com bordos delimitados, tecido conjuntivo
com fibroblastos organizados para tração, vasos em processo
de atrofia e numa área profunda, o tecido conjuntivo englobou
o gel colocado na ferida. A lesão ainda estava numa fase
inflamatória.
9 7 O fragmento de pele do animal apresentou crosta de
coloração eosinofílica superficial com exsudato inflamatório
com áreas com conteúdo que se assemelha ao gel
circundado pelas células inflamatórias que

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

parecem estar encapsuladas. Próximo onde se registra o


processo inflamatório foi possível visualizar o fenômeno de
colagenólise. O colágeno estava em processo de dissolução.
Em áreas mais periféricas da ferida foi possível observar o
epitélio já reestruturado e os anexos cutâneos já se
reestruturando. Numa área mais profunda houve a formação
do tecido de granulação, que estava bem definido, porém ainda
havia a presença de fibroblastos em proliferação.

10 7 No fragmento de pele do animal foi possível observar que


a crosta deve ter sido retirada no procedimento histológico,
porém as bordas da ferida estavam distantes
uma da outra (solução de continuidade) e havia hiperplasia
epidérmica com alguns anexos cutâneos próximos. No centro
da lesão havia tecido de granulação, porém ainda estava
ativo próximo às bordas. Foi possível observar também
que abaixo das bordas da ferida, no limite entre a hiperplasia
epidérmica e uma área mais profunda, hemorragia. Abaixo do
tecido de granulação, havia uma faixa de tecido conjuntivo com
proliferação de fibroblastos, o que nos faz concluir que a ferida
com sete dias ainda não estava fechada.

11 7 O fragmento de pele do animal apresentou bordos bem


definidos com uma área de hiperplasia epidérmica
comum em função do tecido conjuntivo subjacente. Existiam
projeções epidérmicas que vinham da borda em direção ao
centro da ferida. Abaixo de uma área, que provavelmente
era a crosta, existiam vasos de tecido de granulação
congestos. Foi possível observar áreas com hemorragia,
miofibroblastos organizados para tração e área de reação
inflamatória. Em outra área notou-se fibroblastos ativos
sintetizando matriz contendo vasos congestos, que não
lembram vasos do tecido de granulação, e presença de células
adiposas mais profundas ao tecido de granulação ativo. A
lesão apresentou três ou quatro comportamentos ao longo do
leito e as bordas ainda estavam muito distantes. Existia
material ligeiramente basofílico circundado por uma área de
tecido conjuntivo e o material dentro do vacúolo, referente à
presença do gel. A lesão estava em fase intermediária de
cicatrização entre a fase inflamatória do tecido de granulação
e uma fase, próxima à borda, de fibroplasia e tração com
colágeno bem definido nesse ponto. Podemos concluir que a
ferida está atrasada comparando com o grupo tratado de
mesmo período.

12 7 O fragmento de pele do animal apresentou bordo da ferida


com espessamento da epiderme ligado a uma área de tecido
fibroplásico com miofibroblastos para tração. Havia vestígios
de colágeno antigo, não houve formação de tecido adiposo e
foi possível visualizar vestígio de tecido de granulação e vasos
congestos em uma área profunda. Havia uma crosta
espessa com material eosinofílico infiltrado por
polimorfonucleares com gel na superfície. A lesão ainda estava
aberta.

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Grupo Tratado
Animal Tempo de
Tratamento Resultado Histopatológico
(Dias)
13 11 O fragmento de pele apresentou bordo de ferida e crosta
com exsudato discreto e presença de polimorfonucleares e
hemorragias. Havia tecido de granulação ativo e
miofibroblastos organizados para tração, principalmente no
leito da ferida, fibroblastos ativos em áreas profundas,
presença de vasos, colágeno com organização semelhante à
derme. Na área referente à futura tela subcutânea
observaram-se muitos vasos congestos, proliferação de
mioblastos, fibroblastos ativos. A lesão apresentava-se em
estágio de cicatrização adiantado, porém não estava fechada
e nem possuía re-epitelização.

14 11 No fragmento de pele foi possível visualizar crosta


espessa com presença de gel e abaixo desse gel uma
pequena lâmina com exsudato inflamatório contendo
polimorfonucleares, áreas hemorrágicas. A borda epidérmica,
sobre a crosta, se apoiava no tecido de granulação bastante
reativo. Foi observado miofibroblastos para tração, áreas com
folículo piloso provocando reação inflamatória. O gel estava
circundado por células gigantes e havia macrófago contendo
gel.
15 11 No fragmento de pele foi encontrada uma área de
solução de continuidade delgada, bordo epitelial, uma
projeção epidérmica abaixo da crosta, que era reduzida.
Infiltrado inflamatório contendo exsudato e ao longo da ferida
um tecido de granulação ativo logo abaixo da tela subcutânea.
A lesão estava em um estágio próximo do fechamento.

16 11 O fragmento de pele continha crosta eosinofílica recobrindo o


leito da ferida com presença de material celular inflamatório
contendo exsudato. Abaixo havia uma projeção epidérmica
que não se projetava além do ponto de hiperplasia
epidérmica, ou seja, ainda havia área de solução de
continuidade. A ferida estava aberta e abaixo continha tecido
de granulação ativo, presença de
fragmentos de pelo e gel circundados por células
inflamatórias, miofibroblastos próximo às bordas ligadas a
tecido conjuntivo da derme reticular, uma área mais adiantada
do processo cicatricial. Foram observados alguns vacúolos
circundados por células inflamatórias que poderiam conter gel.
O estágio cicatricial estava menos evoluído do que do
animal quinze do mesmo grupo e muito material referente
ao gel que foi englobado causou a formação de reação
inflamatória.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

17 11 O fragmento de pele continha crosta sobre uma área


com descontinuidade de tecido epitelial, as bordas não
estavam próximas e o tecido de granulação estava bastante
ativo. A crosta apresentou material eosinofílico com infiltrado
inflamatório polimorfonuclear, fibroblastos organizados para
tração e muita célula inflamatória. A ferida estava próxima de
fechar, a tela subcutânea estava começando a se aproximar
e na profundidade os fibroblastos ativos estavam depositando
colágeno. Notaram-se vasos perpendiculares às áreas de
feridas com células inflamatórias.
A lesão apresentava estágio de cicatrização mais atrasado do
que a do animal dezesseis do mesmo grupo.

18 11 No fragmento de pele do animal dezoito a crosta saiu


com corte histológico e notou-se que a ferida ainda não estava
fechada. No leito da ferida continha tecido de granulação, com
fibroblastos organizados para tração, miofibroblastos. A lesão
apresentou bom estado, mas ainda não estava fechada.

19 11 O fragmento de pele continha bordos separados, crosta


no centro com exsudato inflamatório contendo tecido de
granulação ativo, fibroblastos ativos no processo de síntese e
organizados para tração. O processo de cicatrização da lesão
estava atrasado, porém as margens estavam mais próximas.

Grupo Controle
Animal Tempo de
Tratamento Resultado Histopatológico
(Dias)
13 11 O fragmento de pele apresentou dois bordos da ferida
distantes (solução de continuidade), crosta mais espessa,
material eosinofílico, áreas com hemorragia, exsudato, tecido
de granulação ainda em formação com vasos congestos,
tecido conjuntivo cercado de material de gel, o que
atrapalhou o processo de cicatrização. Havia macrófagos
gigantes na área de crosta e tecido conjuntivo, além de reação
inflamatória para folículo piloso.

14 11 O fragmento de pele do animal quatorze foi igual a


anterior, pois os achados foram os mesmos.
15 11 No fragmento de pele do animal quinze, o tecido de
granulação estava menos congesto e houve redução do tecido
de granulação. A ferida estava aberta, e abaixo do tecido
epitelial havia uma área com miofibroblastos para tração,
vasos e tecido conjuntivo e exsudato inflamatório.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

16 11 O fragmento de pele do animal dezesseis apresentou uma


área central com tecido de granulação, vacúolos circundando
o gel utilizado como veículo, em permeio a fibras colágenas
e vasos de tecido de granulação. Notou-se área de
hemorragia mais profunda, abaixo da qual se constatou tecido
conjuntivo reativo com vasos congestos onde foi possível
observar ao redor desses vasos a presença de algumas
células inflamatórias do tipo mononucleares (linfócitos e
monócitos). Essa ferida
com 11 dias estava aberta e o processo cicatricial se
encontrava na fase de granulação.
17 11 No fragmento de pele do animal dezessete foi possível
observar que o espaço entre as bordas era pequeno, a
área central da lesão continha tecido de granulação e numa
região mais profunda havia uma área hemorrágica. Notou-se
tecido conjuntivo reativo com vasos congestos. A ferida
ainda estava aberta.
18 11 O fragmento de pele do animal dezoito apresentou a
ferida com estágio cicatricial avançado, reação inflamatória
diminuída, tecido de granulação ainda presente e gel
encapsulado em áreas profundas. A ferida estava com menos
reação inflamatória e num estágio próximo de fechar.

19 11 No fragmento de pele do animal dezenove, o espaço


entre bordas era muito pequeno, o tecido de granulação e os
vasos estavam quase todos reduzidos, havia grandes
vacúolos com gel incorporado circundado por tecido conjuntivo
contendo miofibroblastos. Notou-se crosta sobre a área
aberta, bordos epidérmicos muito próximos, alternando
acidofilia com basofilia e infiltrado inflamatório muito discreto.

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______________________________________________________________Danielle Dias Neves

Apêndice C. Prancha Histopatológica

Fármaco: Gel cicatrizante (Desenvolvido por Danielle Dias Neves).

Prof. Responsável: Dr. W agner E. Silva

Resp. Tabela de grau de intensidade: Prof. Dr. Valdemiro Júnior

Grupos: Três, sete e 11 dias

Lesões: Tratada e controle

PRANCHA HISTOPATOLÓGICA

GRUPO 1 (3 DIAS)

Figura 1. Fotomicrografias de feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em ratos Wistar adultos e


avaliadas no 3º dia do processo cicatricial. Figura 1A. Grupo controle - Presença de solução de
continuidade (seta) coberta por deposição de fibrina. Em áreas adjacentes notar tecido conjuntivo
espessado (estrela) contendo células inflamatórias próximas do tecido adiposo (Ad). Figura1B. Grupo
controle – Detalhe de área de tecido conjuntivo contendo células inflamatórias, parte do veículo
entrefibras colágenas (seta) e uma área contendo fibroblastos reativos ao redor de vasos congestos
(estrela). Entre a hipoderme e derme há uma área de colagenólise intensa com células inflamatórias.
Figura1C. Grupo tratado - Solução de continuidade coberta por crosta contendo infiltrado inflamatório de
polimorfonucleares, exsudato e colagenólise (seta). Notar tecido adiposo e acima deste, o tecido de
granulação em formação (Tg). Figura1D. Grupo tratado –Notar tecido conjuntivo contendo fibroblastos
ativos e adipócitos (seta) permeados por tecido de granulação.

81
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

GRUPO 2 (7 DIAS)

Figura 2. Fotomicrografias de feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em ratos Wistar adultos e


avaliadas no 7º dia do processo cicatricial. Figura 2A. Grupo controle – A lesão possui áreas de
hemorragia, miofibroblastos organizados para tração (Mb), fibroblastos ativos sintetizando matriz de
vasos congestos que não lembram tecido de granulação e células adiposas mais profundas no tecido
de granulação ativo (estrela). Presença de projeções epidérmicas que partem da borda em direção ao
centro da ferida (seta). Figura 2B. Grupo controle – Observar área de aberta (seta vermelha), próxima
a projeção epidérmica (estrela). Crosta contendo exsudato inflamatório com áreas que apresentam
conteúdo que se assemelha ao gel circundado pelas células inflamatórias (seta). Notar área com tecido
de granulação (Tg) em formação contendo vasos e fibroblastos em proliferação; Hemorragias (Hg).
Figura 2C. Grupo tratado – Ferida em fase avançada de cicatrização contendo reestruturação da
epiderme (seta) tecido conjuntivo abaixo da crosta em fase de fibroplasia. D. Grupo tratado – Tecido
conjuntivo em fase de remodelação.

82
______________________________________________________________Danielle Dias Neves

GRUPO 3 (11 DIAS)

Figura 3. Fotomicrografias de feridas cutâneas cirurgicamente induzidas em ratos Wistar adultos e


avaliadas no 11º dia do processo cicatricial. Figura 3A. Grupo controle – Notar intenso exsudato
hemorrágico sob crosta (seta), tecido de granulação ativo e material amorfo (gel) no tecido conjuntivo
(estrela). Figura 3B. Grupo controle – Detalhe do tecido conjuntivo cercando de material amorfo (gel;
estrela), vasos congestos do tecido de granulação (seta) sobre o qual nota-se exsudato inflamatório-
hemorrágico. Figura 3C. Grupo tratado – A lesão possui crosta contendo material amorfo (gel; seta)
sob a qual nota-se exsudato inflamatório hemorrágico (estrela). As bordas epidérmicas (cabeças de
setas) sobre a crosta se apoia no tecido de granulação bastante reativo (cabeças de seta). Figura D.
Grupo tratado – Detalhe de projeção epidérmica (Ep) sob exsudato inflamatório-hemorrágico (estrela) e
tecido de granulação (Tg). Figuras E-F. Grupo tratado – notar tecido de granulação bastante ativo na
área sem cobertura epidérmica (Tg).

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Apêndice D. Pendrive contendo fotos das lesões

Fármaco: Gel cicatrizante (Desenvolvido por Danielle Dias

Neves). Prof. Responsável: Dr. W agner E. Silva

Resp. Tabela de grau de intensidade: Prof. Dr. Valdemiro Júnior

Grupos: Três, sete e 11 dias

Lesões: Tratada e controle

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9. Anexos

Anexo I

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