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Samia Marsili

Papel dos Pais na Socialização dos Filhos

É no ambiente familiar que começa a socialização, onde começam as primeiras relações, então
precisamos começar aí para que possamos ter socialização com as outras pessoas.

Analogia com uma biografia: cada pessoa tem suas circunstâncias.

Um bebê já nasce se relacionando com o mundo ao seu redor: sua família, no seu tempo,
sendo o primeiro, segundo ou terceiro filho, na sua circunstância, com sua dignidade.

Desde que a mulher recebe o “positivo” começa estabelecer uma relação intrínseca com
aquele bebê, começa a agir de acordo com aquela novidade, deixa de comer algumas coisas,
começa muitas vezes fazer outras coisas. O pai pode pensar nos gastos, na questão de
trabalho. Então apesar do bebê se desenvolver sozinho, ele depende do ambiente ao seu
redor para se desenvolver bem.

Da união entre um homem e uma mulher nasce um bebê, uma vida com valor eterno. Cada
nova vida que surge, por mais ordinária (comum) que seja, tem uma dignidade e valor
imensos. Toda vida chega ao mundo com uma missão específica e muda o mundo; nenhum
ser humano está neste mundo por acaso.

Devemos pensar que essa vida está chegando no mundo de agora, e não “no meu tempo”,
mas no tempo dela (no sentido cronológico mesmo). Então já existia o mundo e aquela família
antes dela existir, essas são as circunstâncias daquela vida. Cada alma, cada bebê nasce com
suas características, uma carga genética, uma maneira de encarar o mundo específicas; sua
forma de absorver o mundo; suas feições. E tudo isso se mistura ao ambiente em que ela
nasce, suas circunstâncias e também suas escolhas pessoais. Essa mistura vai transformá-la
numa pessoa única.

As vezes pensamos que não podemos colocar uma vida nesse mundo tão mau, mas o mundo é
bom, as pessoas que agem de maneira má. Nós devemos agir de acordo com o que é bom,
verdadeiro e belo. E nós devemos ajudar as crianças a fazerem as escolhas pessoais corretas.
Esperamos que elas sejam responsáveis por essas ações, essas escolhas, mas precisamos
ajudá-las.

Quando o bebê está na barriga ele escuta somente a batida do coração e a voz de sua mãe,
então quando nasce é isso que ele procura, ele acha que são uma coisa só. Precisamos
também apresentar a unidade a esse bebê, por isso fazemos o charutinho, por exemplo. O
bebê muito pequeno ainda não tem uma vontade e seu intelecto funcionando, ele vê o mundo
muito disforme, ele só entende o cheiro da sua mãe, os sentidos estão desordenados, e nós
mães somos os primeiros organizadores desses sentidos.

Aos poucos esse borrão vai se individualizando, podemos comparar com a visão da criança,
que vai se desenvolvendo aos poucos, e só fica completamente “limpa” aos 6 ou 7 anos de
idade. Aos poucos ela vai entendendo e distinguindo as coisas. Ela, as coisas e as pessoas vão
se individualizando a medida que ela vai se desenvolvendo. Ela vai entendendo que ela e a
mãe não são 1 pessoa só, mas seres individuais, e isso se da conforme sua relação com o
mundo, e o primeiro mundo dela é a mãe e o pai: A família.
Quando mais atento e amoroso esse mundo é, melhor para ela. Quanto mais estáveis nós
formos, quanto mais confiança passarmos para nossos filhos, melhor ele vai conseguir se
desenvolver dentro do que ela precisa.

Comparação com um ímã: Quanto maior o ímã, mais coisas ele vai puxando pra si. E a criança,
podemos perceber que ela pensa sempre nela primeiro, quer as coisas para ela primeiro, quer
tudo e acha que o mundo gira ao seu redor, ela tem um olhar egocêntrico, egoísta. Nossa ação
no mundo é uma ação social, é uma ação para o outro, então é necessário que a gente domine
a nós próprios. E mostremos aos nossos filhos que cada pessoa tem sua dignidade; que eles
precisam agir no mundo se relacionando com outras pessoas, que têm valores e desejos tanto
quanto eles, pessoas diferentes, mas que precisam ser respeitadas.

Os pais devem ajudar nesse pêndulo da individualização, para que não fique muito voltado à
essa visão egocêntrica. Caso contrário estarão criando pessoas baseadas na lei do menor
esforço, aquelas pessoas que muitas vezes vemos sendo racistas, não tratando os demais de
maneira correta; É na família que devemos ensinar esse respeito, da criança com seus pais e
com seus irmãos. Aos poucos ela vai identificar essa hierarquia, essa individualidade, quer
dizer, entender que cada pessoa é diferente, com seus defeitos, suas qualidades,
características físicas.

A vida daquela criança sendo primeiro ou segundo filho já é diferente de seu irmão, ou seja,
cada pessoa tem uma circunstância. Os desejos são diferentes, as características físicas são
diferentes, as exigências são diferentes. Os pais devem mostrar essas outras individualidades
que existem e com as quais a criança deve conseguir se relacionar.

A agressividade infantil é justamente a luta desses ímãs, em relação à outras pessoas e ao ímã
do mundo, ou seja, quando uma criança bate, chora, morde, ela está incomodada porque o
mundo não acontece conforme ela quer. Ela ainda não tem a percepção de que há outras
pessoas com outras vontades, que o mundo já acontecia e funcionava antes de ela existir. E
nosso papel como pais é guiá-la dentro disso, ensinando essa boa relação inicialmente no seio
da própria família.

E dentro do berço, da família, há algo que ela não encontra no mundo: amor. Elas são amadas
simplesmente por serem quem são, dentro da família. Mas não devemos parar aí, mas levar
em consideração que junto de tudo, a criança também nasce egoísta, ela não conhece o certo
e errado. Quando a criança faz algo errado, ela sabe de certo modo que está errado, mas os
pais devem afinar essa consciência, mostrar que é possível ir contra essa vontade de fazer o
errado.

Por que as crianças fazem coisas errada como bater, morder? Porque elas não têm critério,
não sabem onde está a verdade, o que é certo e errado. Nós fazemos esse afinamento
reafirmando à ela que está errado, que não deve fazê-lo.

A criança ainda não sabe o que é o melhor, o bem para ela. Muitas vezes ela tem sono, tem
fome, mas não sabe a melhor forma de fazê-lo, então entra nosso papel de pais mostrar à ela
qual a melhor forma, não esperar que ela tenha discernimento para tal, pois ela tem muito
forte esse egoísmo. E é mais difícil esperar ela entender isso para direcionar, o melhor é
direcionar já desde muito pequena.

“A maturidade não é somente um domínio de si, por si e só.”

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