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Texto da aula Aulas do curso

A Divina Eucaristia e seus Milagres

O coração da fé católica
Há milhares de denominações protestantes no mundo, nenhuma das quais
acredita corretamente na presença de Jesus Cristo na Eucaristia. Nós
católicos, pelo contrário, não só cremos como estamos dispostos a dar a
vida para não negá-la.

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1. Eucaristia, a identidade do católico

Começamos um curso a respeito da divina e santa Eucaristia. É um curso


que vai ao coração de nossa identidade católica. Penso que não há nada
mais católico que um ostensório! Existem milhares de denominações
protestantes no mundo, e nenhuma delas acredita na presença real de
Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia [1]. Mas nós católicos cremos,
a ponto de dar a vida por essa fé. Lembremos que os primeiros mártires
do Brasil, mortos em Uruaçu e Cunhaú, no Rio Grande do Norte, criam
firmemente na divina e santa Eucaristia, a ponto de perder a vida para
defender a presença de Jesus nas espécies consagradas. Bradando
“Viva o Santíssimo Sacramento!”, nossos mártires morreram em mãos
de calvinistas que não aceitavam o escândalo que é a Eucaristia.

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Ela é a nossa identidade, é o coração da vida católica. Por quê? Porque


na Eucaristia nada pode ser vulgar ou normal. Tudo é superlativo, tudo é
grande porque é o próprio Deus feito carne quem está presente nela.
Sim, é Deus presente, e fisicamente presente. É nisso que cremos, e é
essa fé que tem escandalizado os incrédulos desde o início.

2. Eucaristia, um escândalo atemporal

E quando digo “desde o início” não me refiro aos primeiros séculos da


Igreja, mas aos tempos mesmos de Jesus. Antes de ser instituída, a um
ano ainda da Última Ceia, a Eucaristia já escandalizava. Leiamos o
capítulo 6 do evangelho de São João. Diz o evangelista que estava
próxima a páscoa. Depois de multiplicar os pães e andar sobre as águas,
Jesus começou o discurso do Pão da Vida, no qual empregou palavras
bastante contundentes, de forma que muitos ouvintes começaram a
questionar-se: Os judeus discutiam entre si: Como pode ele nos dar sua
carne a comer? (v. 52).

Mas Jesus torna a enfatizar, para que todos compreendam que suas
palavras não são metafóricas: Ἀμὴν ἀμὴν λέγω ὑμῖν; em latim: Amen
amen dico vobis; em português geralmente se traduz como: “Em
verdade, em verdade vos digo”. Mas “amen, amen” é muito mais do que
“em verdade, em verdade”. “Amém” quer dizer “firme”. (Deus é o nosso
amém, Deus é a nossa rocha!) Na realidade, eu vos digo; logo, Jesus não
está de brincadeira nem criando metáforas, não está contando história
nem usando de parábolas. Em verdade, em verdade vos digo: se não
comerdes a carne do Filho de homem e não beberdes o seu sangue, não
tereis a vida em vós.

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E para afastar qualquer dúvida possível, usa também o adjetivo


“verdadeira”. Vejamos o v. 55, onde o Senhor fala da Eucaristia nos
termos em que os católicos sempre a entendemos. Quem lê a Bíblia mas
não é católico talvez até se escandalize com isso; afinal, foi essa a
reação dos primeiros discípulos ao ouvir esse discurso. Vamos ao texto:
Realmente, a minha carne é v e rd a d e i r a c o m i d a , ἡ γὰρ σάρξ μου ἀληθής
ἐστιν βρῶσις (ἀληθής, referente a βρῶσις, comida, quer dizer verdadeira).
E prossegue no mesmo tom: O meu sangue é verdadeira bebida. No v.
56, dando ainda mais concreção às palavras, conclui: Quem c o m e a
minha carne e b e b e o meu sangue, permanece em mim e eu nele.

Mas não será possível que se trate, talvez, de uma metáfora? Não, e
confirma-o o verbo um tanto truculento usado na última frase: ὁ τρώγων
μου τὴν σάρκα etc. Tρώγων, verbo quase onomatopeico, que soa como o
nosso “tragar”, designa o movimento dos dentes ao rasgar e dilacerar a
comida. Quem traga a minha carne! Jesus não poderia ser mais
expressivo. E o que sucedeu? Ouvindo isso, os discípulos começaram a
abandoná-lo. É o que diz o v. 66: Muitos discípulos se afastaram e não
mais andavam com Ele.

Como visse tantas deserções, Jesus voltou-se para os Apóstolos, seus


primeiros sacerdotes, e perguntou-lhes: “Também vós vos quereis ir?”, e
São Pedro, como de costume, responde em nome de todos: Para onde
iremos nós, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna. O problema é
que muitos param de ler aqui, Jesus porém continuou a falar: Não fui eu
quem vos escolhi, os Doze? Contudo, um de vós é um diabo. Cristo,
observa João entre parênteses, falava de Judas, filho de Simão
Iscariotes, pois esse, embora fosse um dos Doze, havia de entregá-lo.
Em outras palavras, um ano antes de trair o Mestre, Judas já perdera a fé.

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Mas quando? Por ocasião do discurso do Pão da Vida!

Sim, a doutrina da Igreja Católica a respeito da Eucaristia sempre foi um


ponto de divisão, uma pedra de tropeço para os fracos na fé, e é
exatamente por causa de nossa fraqueza que Deus vem muitas vezes
em nosso auxílio, dando-nos motivos adicionais para crer no que crê a
Igreja.

3. Um socorro divino à fé eucarística

Talvez não exista festa litúrgica mais católica do que Corpus Christi. Os
católicos enfeitam as ruas com tapetes de flores porque sobre eles irá
passar Deus sacramentado. É um momento divino e único na liturgia!
Mas por que essa festa foi criada? Porque há muitos séculos Deus veio
em socorro das incertezas de um padre. Foi em 1264. Um sacerdote de
Praga partiu em peregrinação a Roma repleto de dúvidas de fé. Era uma
época de disputas, devido à rápida difusão de heresias anti-eucarísticas,
que iam minando o que durante quase meio milênio fora convicção
comum e inquestionável, tanto no Oriente como no Ocidente — Jesus
está realmente presente na Eucaristia.

Pedro da Boêmia (assim se chamava o sacerdote) foi a Roma, talvez para


pedir aos santos Apóstolos Pedro e Paulo que lhe revigorassem a fé. No
caminho de volta, passou por Orvieto, onde então residia o Papa Urbano
IV. Em seguida, passou por uma cidade vizinha de Bolsena. Lá, na cripta
de Santa Cristina, decidiu celebrar a Missa, e quem sabe que dúvidas lhe
vinham dilacerando o coração! Seja como for, o fato é que, no momento
da fractio panis, Pedro recebeu de Deus uma graça extraordinária: ao
partir a hóstia, viu diante dos próprios olhos escorrer sangue em

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abundância sobre o corporal e a toalha do altar!

Pedro ficou estupefato. Não sabemos que fim teve ele depois do milagre,
mas é certo que os habitantes de Bolsena mandaram avisar
imediatamente ao Papa de que ocorrera um prodígio. Juntaram as
toalhas do altar com o corporal e a hóstia consagrada e foram em
procissão até Orvieto. O Papa, tão-logo ouviu as novas, partiu em
procissão até Bolsena e, no meio do caminho, encontrou a caravana que
trazia as alfaias e a hóstia. Lá estava Jesus sob as aparências de pão,
mas de um pão encharcado de sangue humano, verdadeiro, fresco,
abundante. Por causa disso, Urbano IV encarregou Santo Tomás de
Aquino, grande teólogo e não menor poeta, de compor o ofício para uma
nova festa a ser incluída no calendário geral: a de Corpus Christi, em
celebração do sacrossanto mistério da Eucaristia.

Comentário: É famosa a sequência de Corpus Christi, chamada Lauda


Sion, na qual o Angélico nos explica em termos simples e breves qual é a
fé da Igreja: Dogma datur christianis, é dogma dado aos cristãos, quod in
carnem transit panis et vinum in sanguinem, que o pão se converte em
carne e o vinho em sangue; quod non capis, quod non vides animosa
firmat fides praeter rerum ordinem, e isto, que não compreendemos, por
ser mistério, e não o vemos, por ser uma conversão substancial,
mantidos os acidentes, é no entanto confirmado pela fé viva, devota e
submissa, dando-nos acesso a um verdade para além da ordem natural,
praeter rerum ordinem.

4. O testemunho da antiguidade cristã

Os que pensam que essa doutrina é uma invenção de católicos

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medievais, “hereges” que deturparam a Bíblia, fariam muito bem em ler o


que São Justino Mártir escreveu ao imperador Antonino Pio por volta de
150-55 d.C. Na Apologia I 66 (J 128) [2], encontramos um testemunho
claro de que a Igreja não “virou” católica por decreto de Constantino,
contaminando-se de ideias estranhas e doutrinas pagãs. Não. Ela nasceu
católica, e sua doutrina manteve-se inalterada, por ser a dos próprios
Apóstolos. E note-se: estamos no ano 150 d.C., o que quer dizer que um
homem na casa dos 60–70 anos, aos 20, poderia ter conhecido São
João, ainda nos primórdios da história eclesiástica.

Pois bem, Justino provinha da Palestina. Nasceu na Samaria, fez-se


cristão depois de passar por inúmeras seitas e escolas filosóficas, e
tomou a peito a defesa da fé ortodoxa contra as calúnias dos pagãos.
Escrevendo ao imperador, explica-lhe o que é a santa Missa: “Este
alimento se chama entre nós Eucaristia”, descrita por ele como um rito
bastante parecido com o atual, dividido em liturgia da Palavra e liturgia
eucarística. Continua: “Dele”, ou seja, do alimento que é a Eucaristia,
“ninguém pode participar senão aquele que crê serem verdadeiras as
coisas que ensinamos”. Eis a primeira condição, entendida já pelos
primeiros cristãos, para ter acesso à sagrada Comunhão: não ser herege,
mas professar o mesmo que a Igreja.

A isto acrescenta ainda dois requisitos: “e se já foi lavado no banho para


a remissão dos pecados e regeneração”, pois o Batismo é a porta de
entrada da vida sacramental, “e que viva do modo como Cristo
transmitiu”, quer dizer, em estado de graça. Já nos primeiríssimos
séculos os fiéis tinham consciência de que a Eucaristia não é para todos,
vivam bem, vivam mal, creiam nela ou não creiam. Justino não fez mais
que repetir com outras palavras o que São Paulo tinha escrito em sua

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primeira carta aos coríntios: Quem come e bebe o corpo e sangue de


Cristo indignamente, come e bebe a própria condenação (11,29).

Agora vem o que mais nos interessa. Justino explica o porquê de tantas
condições para tomar aquele misterioso alimento: “Porque não tomamos
essas coisas como pão e bebidas comuns; mas, assim como, pela
palavra de Deus, Jesus Cristo, Nosso Senhor, se fez homem e tomou
carne e sangue por causa de nossa salvação, assim também fomos
ensinados que, pela prece que contém as palavras dele”, ou seja, as da
consagração, “aquele alimento sobre o qual recaiu a ação de graças é a
carne e o sangue daquele Jesus encarnado, e deste alimento são
nutridos nosso sangue e nossas carnes através da mutação, pois em
seus comentários, que são chamados evangelhos, os Apóstolos
transmitiram que Jesus lhes ordenou o seguinte: Tomando o pão e
dando graças, dizei: Fazei isso em memória de mim: isto é o meu
corpo…”. Impossível ser mais claro.

5. Estrutura e �nalidade do curso

É pois com grande alegria que damos início a mais este curso, alegria de
crer no que Jesus nos ensinou. Também a nós ele pergunta: “Vós
quereis ir?” Alguns talvez hesitem, por terem dúvidas e
questionamentos, e é com o desejo de saná-los que passaremos em
revista a história de muitos milagres eucarísticos, a doutrina dos
Concílios e o testemunho de piedade e devoção de inúmeros santos
que, no correr dos séculos, atestaram o poder vivificante da santíssima
Eucaristia.

Trataremos de compreender melhor esse mistério em si mesmo, isto é, a

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presença real do Verbo encarnado sob as sagradas espécies: é a


primeira parte; depois, veremos por que, no momento da consagração
da Missa, Jesus não só se faz presente como, pondo-se em estado de
vítima pura e imaculada, renova e torna presente o sacrifício redentor da
cruz: é a segunda parte; por fim, veremos na prática o que podemos
fazer para comungar melhor, com devoção e fruto: é a terceira parte.

Esse curso não tem outro fim senão o de aprofundar e confirmar nossa
fé na Eucaristia, e os frutos que dele esperamos colher,
correspondentes a cada uma destas três partes, são: 1) compreender o
valor e a importância de visitar Jesus no sacrário, ali presente
verdadeiramente; 2) estimular a devoção à consagração durante a Missa,
onde se renova o amor sacrificial com que fomos resgatados do pecado;
3) e aprender a comungar melhor, fazendo da Eucaristia uma
“autoestrada para o céu”, como dizia o beato Carlos Acutis.

Nota

1. A doutrina católica sobre a Eucaristia enquanto sacramento resume-se a


dois capítulos fundamentais: a) Nosso Senhor Jesus Cristo está presente
nas sagradas espécies não simbólica mas real e verdadeiramente; b) essa
presença se dá pela conversão de toda a substância do pão na do Corpo, e
de toda a substância do vinho na do Sangue de Nosso Senhor, conversão a
que a Igreja chama adequadamente transubstanciação. A fé eucarística,
para ser ortodoxa, deve abarcar ambas as verdades. Os protestantes, de
modo geral, rejeitam alguma delas ou as duas simultaneamente, razão pela
qual negam em parte ou em bloco uma verdade de fé, e por isso são
hereges. Alguns luteranos ortodoxos, por exemplo, admitem a presença
real, mas negam a transubstanciação; os calvinistas, por sua vez, rejeitam a
primeira, o que por si só implica negar a segunda.

2. Eis o texto contínuo: “E este alimento [τροφή] entre nós é chamado


eucaristia, do qual a ninguém é lícito tomar parte senão ao que crê ser

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verdade o que ensinamos, se foi puri�cado naquele lavacro para a remissão


dos pecados e a regeneração e vive do modo como Cristo ensinou. Com
efeito, não o tomamos como pão comum nem como bebida comum, senão
que, assim como, pelo Verbo de Deus feito carne, Jesus Cristo nosso
salvador teve carne e sangue para a nossa salvação, assim também nos
ensinaram que aquela alimônia — sobre a qual, pela prece que contêm as
palavras dele, se deram graças e pela qual nossos sangues e nossas
carnes, pela mutação [= conversão da substância], são alimentados —, são
a carne e o sangue do mesmo Jesus encarnado. Pois os Apóstolos em
seus comentários, que são chamados evangelhos, atestaram que Jesus
assim lhes ordenou: Tendo ele tomado o pão, após dar graças, disse: Fazei
isto em minha memória; isto é o meu corpo; e tendo igualmente tomado o
cálice e dado graças, disse: Este é o meu sangue, e somente a eles o
entregou”.

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