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Direito Da Economia - Possíveis Temas para Trabalhos Escritos 04.10
Direito Da Economia - Possíveis Temas para Trabalhos Escritos 04.10
Caso n.º 1
Quid Juris?
a)
PAZ FERREIRA acentua que uma nacionalização implica uma transferência efetiva da
propriedade dos meios de produção, por via coativa, para entidades públicas, devido a razões
de política económica e social.
Nos termos da Lei no 62-A/2008, pode ser desencadeada uma nacionalização quando “por
motivos excecionais e especialmente fundamentados, tal se revele necessário para
salvaguardar o interesse público” (art. 1º), não obstante deverem ser observados os
“princípios da proporcionalidade, da igualdade e da concorrência” (art. 2º, nº2).
Subsiste a personalidade jurídica da pessoa coletiva cujas participações sociais foram objeto de
nacionalização, assim como não sofre qualquer alteração a respetiva natureza jurídica (art. 7º
Lei no 62- A/2008), sem prejuízo, porém, da eventual qualificação como empresa participada
ou empresa publica (art. 5º e 6º DL 133/2013).
Seja como for, “mantem-se na titularidade da pessoa coletiva a universalidade de bens,
direitos e obrigações, legais ou contratuais, de que esta seja titular à data da nacionalização,
designadamente os emergentes dos contratos de trabalho em que a pessoa coletiva seja parte,
respeitando-se integralmente os direitos dos trabalhadores (art. 8º, nº1 Lei no 62- A/2008).
Sequencialmente, “a pessoa coletiva continua a exercer todas as funções que lhe estejam
cometidas por força da lei, de contrato ou dos seus estatutos” (art. 8º, nº2 Lei no62-A/2008).
Nada disto impede o ulterior destino do objeto da nacionalização. Tanto pode haver uma
“posterior transferência das participações sociais para sociedade cujo capital seja
integralmente detido, direita ou indiretamente, pelo Estado (art. 6º, nº3 Lei nº 62-A/2008)
como pode haver uma operação de fusão que envolva a pessoa coletiva cujas participações
sociais foram objeto de nacionalização (art. 7º, nº2 Lei nº 62- A/2008).
Estabelece-se o regime de funcionamento dos órgãos sociais que pode implicar a respetiva
dissolução, bem como a designação de (novos) membros por parte do Estado (art. 9º Lei no
62-A/2008). Questão delicada reveste a possibilidade da dissolução não conferir “direito a
qualquer indemnização, não obstante disposição contratual em contrário” (art. 9º, nº5 Lei no
62-A/2008). MENEZES CORDEIRO aponta para a inconstitucionalidade deste preceito mediante
a violação do princípio da igualdade (art. 13º CRP) e do direito de propriedade privada (art. 62º
CRP).
REBELO DE SOUSA entende que “não há́ razão para entender que num Estado do Direito
Democrático as indemnizações devidas por nacionalizações não devam ser justas”.
Com efeito, o TC considera, por um lado, que a “indemnização por expropriação encontra o
seu fundamento no art. 62º, nº2 CRP e que este preceito impõe para o ato expropriativo uma
compensação completa, total ou integral do dano suportado pelo expropriado, devendo o
pagamento da indemnização ser contemporâneo à expropriação, referindo, por outro lado, já
no que concerne à indemnização por nacionalização, que para esta não é exigida um full
compensation, basta apenas uma indemnização razoável ou aceitável, que cumpra as
exigências mínimas de justiça que vão implicadas na ideia de Estado de Direito”,
acrescentando ser “o principio da justiça, que deve reger o dever de indemnizar”.
A Lei no 62-A/2008 reconhece o direito à indemnização, quer aos titulares das participações
sociais nacionalizadas quer aos eventuais titulares de ónus ou encargos constituídos sobre as
mesmas, bem como determina os critérios da indemnização (art. 4º Lei no 62-A/2008).
Assim, o direito à indemnização tem por “referência o valor dos respetivos direitos, avaliados à
luz da situação patrimonial e financeira da pessoa coletiva à data da entrada em vigor do ato
de nacionalização” (art. 4º, nº1, 2a Parte Lei no62-A/2008).
Além disso, “no cálculo da indemnização a atribuir aos titulares das participações sociais
nacionalizadas, o valor dos respetivos direitos é apurado tendo em conta o efetivo património
liquido”. (art. 4º, nº2 Lei no 62-A/2008). Ou seja, importa aferir o efetivo património líquido (a
diferença entre o ativo e o passivo, à data da entrada em vigor do ato de nacionalização).
Casos privatizações:
Caso 1:
CRP determina, no art. 293º, os princípios fundamentais que devem ser observados nesta Lei-
quadro, sabendo-se que o efetivo alcance da reserva de competência da AR em matéria das
reprivatizações se deve entender reportada à tutela do núcleo fundamental dos princípios
constitucionais estabelecidos. Estes são:
A LQP prevê, no seu art. 25o, a sua aplicação à reprivatização da titularidade das
empresas nacionalizadas que não tenham estatuto de empresa pública, procedendo-
se, nesse caso, às necessárias adaptações.
A LQP exige ainda, de acordo com o seu art. 5o, que as empresas a reprivatizar sejam
avaliadas previamente por entidades independentes, escolhidos após concurso público
realizado para o efeito.
Em cumprimento do art. 293o, no1, al. a) CRP, a LQP estabelece, no art. 6o, no2, as
modalidades de privatização:
- Interesse nacional;
- Estratégia definida para o sector o exijam;
- Situação económico-financeira da empresa o recomende.
bookbuilding.
Com base na informação constante desse livro, o Estado, após negociação com
os bancos líderes do sindicato de colocação, determina o preço e procede à
distribuição de acções aos diferentes investidores. Se o preço que pretender
obter não tiver tradução do livro, o Estado pode ser obrigado a reduzir o
preço, a dimensão reservada a bookbuilding ou até a adiar a operação.
A CRP exige ainda, no seu art. 293o, no1 al. d) CRP, que os trabalhadores das empresas objecto
de reprivatização adquiram o direito à subscrição preferencial de uma percentagem do
respectivo capital social. Este direito é densificado no art. 12o LQP. Suscita-se aqui o problema
de qualificar a percentagem de capital social a reservar aos trabalhadores, bem como as
condições especiais a que subscrição deva atender. A Lei no 84/88 impunha uma percentagem
mínima de 20%, mas a LQP nada refere a este propósito.