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Direito Civil Pronto Trabalho
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Contagem
2022
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Parecer Jurídico.
Interessado: Maurício
Ementa:
DIREITO CIVIL – INSTRUMENTO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA DE
IMÓVEL – FINANCIAMENTO CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – IMPOSSIBILIDADE
DE AQUISIÇÃO POR USUCAPIÃO.
Relatório:
Fundamentação:
Os direitos relacionados ao objeto do presente parecer, vem primordialmente
estruturado na Constituição Federal de 1988, em especial em seu artigo 191 paragráfo
único, que dispõe, “os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”.
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No referido caso, estão presentes os requisitos da usucapião urbano, sendo eles:
apartamento de 68m², posse por mais de cinco anos, não ser possuidor ou proprietário
de qualquer outro imóvel. Porém não há o que se falar em ação de usucapião, haja
vista que Maurício tinha conhecimento que o imóvel estava vinculado ao Sistema
Financeiro de Habitação, constando inclusive na certidão de registro emitida pelo
Cartório do 8º Ofício de Registro de Imóveis de Belo Horizonte. E a nossa Carta
Magna, em seus artigos 183 § 3º, e 191 parágrafo único, vedam expressamente
qualquer possibilidade de aquisição de bens públicos.
Os imóveis financiados pela Caixa Econômica Federal são vinculados ao SFH –
Sistema Financeiro de Habitação, que utilizam recursos do FGTS, portanto, possui
natureza pública.
Existe decisão da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sobre
usucapião de imóvel financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação.
Caso haja benfeitorias feitas no imóvel, Maurício receberá indenização somente pelas
benfeitorias necessárias, pois tinha conhecimento do financiamento, tornando- o
possuidor de má-fé. Conforme estabelecido no artigo 1.220 do Código Civil: “ao
possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias”.
O doutrinador Orlando Gomes (2005), interpreta que “as benfeitorias necessárias
devem ser ressarcidas quer a posse seja de boa-fé, ou não seja” e, no mesmo sentido
ainda complementa:
É que prevalece o princípio segundo o qual ninguém pode enriquecer sem
causa. Uma vez que as benfeitorias necessárias são melhoramentos
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introduzidos na coisa para conservá-la ou evitar que se deteriore, o
proprietário seria forçado a fazê-los, se estivesse na posse da coisa.
Encontrando-os feitos é justo que pague o que com eles foi despendido. Por
isso a obrigação de indenizar não se condiciona a qualidade da posse.
Conclusão:
Ante o exposto, conclui-se que o imóvel não poderá ser usucapido por se tratar de
bem público e o requerente tinha conhecimento do financiamento pelo Sistema
Financeiro Habitação. Em relação a indenização por benfeitorias realizadas, terá
direito somente as benfeitorias necessárias. Desse modo, Maurício poderá ingressar
com ação indenizatória em face de Fabrício, caso perca o imóvel, pois a Caixa
Econômica Federal na qualidade de mutuante, não há o que se falar em
responsabilidade, por ser empresa pública e não ter conhecimento deste contrato
entre Maurício e Fabrício.
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Referências Bibliográficas:
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 84
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Parecer Jurídico.
Interessado: Geraldo
Ementa:
DIREITO CIVIL – REGULARIZAÇÃO DE IMÓVEL – POSSE – AQUISIÇÃO –
PROPRIEDADE – IMPOSSIBILIDADE DE USUCAPIÃO
Relatório:
Trata-se de medida para regularização de propriedade imóvel urbano, constituído pelo
lote 13, da quadra 10, com 360m², no bairro Castelo, em Belo Horizonte/MG, adquirido
mediante instrumento particular de cessão onerosa de promessa de compra e venda
e direitos possessórios por Geraldo, sendo ele não possuidor ou proprietário de
qualquer outro imóvel.
Contudo, ao saber que a proprietária do imóvel, Maria Eugênia faleceu em agosto
deste ano, está preocupado que os herdeiros possam reivindicar ou incluir o imóvel
ao inventário.
Além disso, o referido imóvel permaneceu sob posse de Vanderlei por
aproximadamente dez anos. Assim, Geraldo pretende regularizar a propriedade do
imóvel, a fim de evitar futuros transtornos.
Fundamentação:
A priori, a medida adequada para Geraldo regularizar a aquisição da propriedade
sobre o imóvel, deverá ser através do registro público, tendo em vista que é a principal
forma derivada de garantir os atributos do título da propriedade. Nesse sentido, leciona
Maria Helena Diniz (2007):
O registro imobiliário seria o poder legal de agente do ofício público, para
efetuar todas as operações relativas à bens imóveis e a direitos a eles
condizentes, promovendo atos de escrituração, assegurando aos
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requerentes a aquisição e exercício do direito de propriedade e a instituição
de ônus reais de fruição, garantia ou de aquisição. Com isso, o assentamento
dá proteção especial à propriedade imobiliária, por fornecer meios
comprobatórios fidedignos da situação do imóvel, sob o ponto de vista da
respectiva titularidade e dos ônus reais que o gravam, e por revestir-se de
publicidade, que lhe é inerente, tornando os dados registrados conhecidos de
terceiros (2007, p. 13).
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instrumento outorgado ao ex-cônjuge. Não é adequado qualificar o pedido exordial
mediato como de anulação, pois as transferências de domínio dos bens da autora
envolveram uso de procuração em causa própria, havendo pedido de recomposição de
direito violado, mediante restituição dos bens ou, se não for possível, do seu
equivalente. 5. O pedido condenatório formulado na exordial sujeita-se a prazo
prescricional. E como nenhuma das datas relativas às alienações de bens das autoras
é mais antiga que 17/3/1989, e a ação foi ajuizada em 28 de maio de 2004, na vigência
do CC/1916, é vintenário o prazo prescricional, porquanto se trata de direito pessoal, e
observada a regra de transição do art. 2.2028 do CC/2002, também não transcorreu o
prazo trienal, previsto no art. 206, § 3º, do CC, para pretensão de reparação civil de
danos. 6. Malgrado o entendimento perfilhado pelas instâncias ordinárias de ser a
inicial inepta por conter narração confusa - não permitindo a adequada defesa dos réus
-, não foi previamente conferido prazo para promoção de emenda à inicial. Consoante
a firme jurisprudência do STJ, ao receber a exordial, o juiz deve, incontinenti, examinar
seus requisitos legais. Se necessário, deve discriminar o (s) vício (s) e determinar,
desde logo, a regularização no prazo de 10 dias. Só na hipótese de o autor não sanar
a (s) irregularidade (s) apontada (s), proceder-se-á à extinção do processo sem solução
do mérito, conforme disposto no art. 284 do CPC/1973. 7. Recurso especial
parcialmente provido.
Conclusão:
Ante o exposto, conclui-se que a medida adequada para Geraldo regularizar a
propriedade do imóvel, será por meio do registro imobiliário. Ademais, a validade da
procuração e do substabelecimento não será extinta.
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Referências Bibliográficas:
DINIZ, Maria Helena. Sistemas de Registros de Imóveis. 7a ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
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Parecer Jurídico.
Interessado: Gisele
Ementa:
DIREITO CIVIL – REVOGAÇÃO – DOAÇÃO – CONTRATO – PROPRIEDADE –
BENFEITORIAS – AQUISIÇÃO.
Relatório:
Trata-se de hipótese de revogação do contrato de doação pura, realizado por
Reginaldo, em face de Fernando. O contrato foi devidamente registrado no cartório
imobiliário. Após três anos da doação, Fernando vendeu o imóvel para Gisele, que
também levou título para registro no cartório imobiliário. Gisele realizou várias
benfeitorias no imóvel adquirido.
Contudo, passados sete anos da doação, Fernando e Reginaldo tiveram uma séria
discussão, e Fernando agrediu fisicamente Reginaldo, causando-lhe graves lesões.
Diante do ocorrido, Reginaldo procurou um advogado para revogar a doação e
reivindicar o imóvel doado.
Fundamentação:
Precipuamente, Reginaldo poderá se basear no art. 557 do Código Civil, que trata da
revogação por ingratidão do donatário, pois Fernando não se absteve da prática de
ato que demostra ingratidão e desapreço pelo doador. Conforme o texto do art. 557
do CC, abaixo:
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de
homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este
necessitava.
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Todavia, mesmo diante do exposto, se houver ação revocatória por ingratidão do
donatário e a coisa doada não lhe pertencer, o terceiro que detém a coisa, não poderá
ser prejudicado.
Além disso, dispõe o art.1359 do CC:
Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do
termo, entende-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua
pendência e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode
reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
O artigo citado anteriormente, opera efeitos “ex nunc”, pois advêm de causa
superveniente, não prevista no contrato, posterior à transmissão da propriedade,
sendo assim, não poderá prejudicar direitos adquiridos por terceiros.
Cabe trazer aos autos ainda, agravo de instrumento do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, que negou o provimento do recurso.
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(TJ-RS - AI: XXXXX RS, Relator: Glênio José Wasserstein Hekman, Data de
Julgamento: 30/11/2016, Vigésima Câmara Cível, Data de Publicação:
12/12/2016).
É cediço que, via de regra, a sentença somente deve irradiar conseqüências fáticas e
jurídicas para as partes em litígio, não podendo prejudicar (ou beneficiar) a terceiro
que, a despeito de constar ativamente da narrativa dos fatos, não participou da relação
dialética do processo. Nesse contexto, torna-se improcedente o pedido de
reivindicação do imóvel.
Conclusão
Ante o exposto, conclui-se que o imóvel não poderá ser reavido por Reginaldo, pois
Gisele como terceiro, não poderá ser prejudicada. Além disso, por se tratar de
propriedade resolúvel, Gisele não poderia ter previsibilidade da causa. Restando
apenas ao Reginaldo cobrar ao Fernando quanto ao valor da coisa.
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Referência Bibliográfica:
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Agravo
de instrumento – Nº 70071394266. Propriedade e Direitos Reais sobre coisas
alheias. Ação revogatória de escritura pública de doação. Fase de cumprimento de
sentença. Relator: Desembargador Glênio José Wasserstein Hekman, 30 de
novembro de 2016. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-rs/928601811/inteiro-teor-928601814 .
Acesso em 28 out. 2022.
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Questão 4
Ementa:
REINTEGRAÇÃO DE POSSE. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. Autora que se
diz proprietária de imóvel invadido pelo réu, pretende a reintegração. Sentença de
improcedência. Pleito recursal. Incontroverso que a mesma área fora vendida à
apelante (autora) e ao apelado (réu), tendo ambos adquirido o imóvel do legítimo
proprietário, possuindo justo título. A função social da propriedade é um poder-dever
do proprietário de dar ao objeto da propriedade determinado destino, de vinculá-lo a
certo objetivo de interesse coletivo. A função social e socioambiental da propriedade
encontra-se mais bem atendida estando o imóvel em posse do réu (apelado), eis que
o fato de o endereço onde fora citado ter sido outro, não tem o condão de afastar a
função social da propriedade, uma vez demonstrada, com sua utilização, o
cumprimento de sua finalidade. Honorários advocatícios.
Manutenção. O disposto no art. 85, § 11, do NCPC, constitui regra de julgamento que
não incide sobre recursos opostos sob a égide da lei processual revogada, quando
não se encontrava positivada tal hipótese de majoração do ônus sucumbencial.
Sentença mantida. Apelo desprovido. (TJ-SP - APL: 00041791220118260577 SP
0004179- 12.2011.8.26.0577, Relator: Ramon Mateo Júnior, Data de julgamento:
21/02/2017, 12a Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 21/02/2017).
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A) Explique, com os fundamentos jurídicos adequados, se a decisão proferida pelo
juízo monocrático, condiz com a função social da propriedade urbana ou rural.
Sendo assim, embora a Wilma tenha adquirido o imóvel, ela nunca esteve na posse
dele, pois quem detinha a posse era o antigo proprietário, Daniel, até ele ser vendido
ao Sebastião que por sua vez, fez dele um local de moradia para a sua familia,
realizando diversas benfeitorias. Assim, evidente que a função social e socioambiental
da propriedade encontra-se mais bem atendida estando o imóvel na posse do réu.
Cabe salientar que a Constituição Federal dispõe que a propriedade atendera a sua
função social:
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Portanto, a decisão do juízo monocrático em dar o reconhecimento da propriedade ao
Sebastião, está correta, pois a função social encontra-se atendida estando em sua
posse.
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B) Apresente os fundamentos jurídicos necessários, em relação ao direito de
indenização ao réu pelas benfeitorias realizadas, caso o Juízo competente, tivesse
julgado procedente a ação da autora.
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Referências Bibliográficas:
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: reais. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2020
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