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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL UDF

COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PROPOSTA DE UM PLANO DE MANUTENÇÃO OPERAÇÃO E


CONTROLE DE AR CONDICIONADO PARA UMA INSTITUIÇÃO
DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO DE CASO BRASÍLIA- DF

ANDERSON MOURA DA SILVA


JOÃO PEDRO COSTA DINIZ
RICARDO FERNANDES LEITE

Brasília – DF
2020

i
ANDERSON MOURA DA SILVA
JOÃO PEDRO COSTA DIN IZ
RICARDO FERNANDES LEITE

PROPOSTA DE UM PLANO DE MANUTENÇÃO OPERAÇÃO E


CONTROLE DE AR CONDICIONADO PARA UMA INSTITUIÇÃO
DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO DE CASO BRASÍLIA- DF

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro Universitário do
Distrito Federal (UDF) como requisito para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Me.
Marcelo Augusto Sales da Silva

Brasília - DF
2020
ANDERSON MOURA DA SILVA
JOÃO PEDRO COSTA DIN IZ
RICARDO FERNANDES LEITE

PROPOSTA DE UM PLANO DE MANUTENÇÃO OPERAÇÃO E CONTROLE DE


AR CONDICIONADO PARA UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR:
ESTUDO DE CASO BRASÍLIA- DF

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Centro Universitário do
Distrito Federal (UDF) com sendo requisito
para obtenção do título Bacharel em
Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Me.
Marcelo Augusto Sales da Silva

Brasília, 12 de junho de 2020.


Banca Examinadora

_________________________________________
Marcelo Augusto Sales da Silva
Centro Universitário do Distrito Federal - UDF

_________________________________________
Tiago de Bortoli Luciano
Centro Universitário do Distrito Federal - UDF

__________________________________________
Thiago Ferreira Gomes
Centro Universitário do Distrito Federal - UDF

Nota: __________
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os professores que fizeram parte dessa caminhada, em especial ao


nosso orientador professor Marcelo Augusto Sales da Silva e ao professor coordenador de curso
Tiago de Melo pela paciência e dedicação durante todo o período da graduação.
A coordenação do curso de engenharia mecânica e ao Centro Universitário do Distrito
Federal pelo espaço e oportunidade.
RESUMO

A qualidade do ar tem um grande impacto na saúde humana, principalmente no interior de


edifícios com clima artificial. Em ambientes fechados, que contém baixa taxa de renovação do
ar a concentração de contaminantes químicos e biológicos aumenta consideravelmente. As
elevadas concentrações destes contaminantes podem causar doenças infecciosas graves. Nesse
contexto, o presente estudo objetivou-se elaborar um Plano de Manutenção, Operação e
Controle - PMOC aplicado aos condicionadores de ar de pontos amostrais selecionados;
laboratório 06, sala de aula 07 e sala de aula 26, pontos amostrais 1, 2 e 3 respectivamente, do
edifício Reitor Rezende de Ribeiro Rezende do Centro Universitário do Distrito Federal- UDF
com base na análise da qualidade do ar interno QAI, em comparação com as normas e
regulamentações da ANVISA e a Lei nº 13.589/2018 que dispõe sobre a obrigatoriedade de
elaboração de um PMOC para ambientes com climatização artificial. Os dados foram coletados
nos três pontos amostrais selecionados e no estacionamento do edifício entres os meses de
novembro de 2019 e março de 2020 e proposto um PMOC para os condicionadores de ar
instalados nos referentes pontos. Foi realizada a análise da temperatura, umidade do ar,
velocidade do ar, química e microbiológica seguindo como metodologia as recomendações
contidas na Resolução nº09/2003 da ANVISA, os resultados da verificação da temperatura
variaram entre 22.7 °C e 25.20 °C, os resultados da verificação da umidade variaram entrem
28.30 % e 68.0 %, a velocidade do ar em todos os todos os pontos amostrais manteve-se abaixo
dos 0.25 m/s, o número de unidades formadoras de colônias (UFC) de fungos foram obtidas
entre 45.0-155.5 UFC/m3, a concentração dos aerodispersóides manteve-se 65 µg/m³ em todos
os pontos amostrais e, as concentrações de dióxido de carbono foram de 509.00 ppm, 633.00
ppm e 517.00 ppm. O ponto amostral 01 apresentou todos os resultados dos parâmetros físicos
fora da recomendação da ANVISA, enquanto resultados dos pontos amostrais 02 e 03 variaram
durante as duas coletas estando dentro, abaixo e acima da recomendação da ANVISA. A análise
destes dados fundamentaram a elaboração do PMOC para os pontos amostrais selecionados
dentro do UDF, que futuramente poderá ser implementado em todo o edifício 4R, uma vez que
esses dados estão diretamente ligados a qualidade de ar interior que, são fundamentais para a
manutenção dos equipamentos e para a preservação e bem estar da saúde humana.

Palavras chave: PMOC, Ar condicionado, Qualidade do ar, Manutenção, Preventiva,


Ambientes climatizados, QAI.
ABSTRACT

Air quality has a major impact on human health, especially inside buildings with an artificial
climate. In closed environments, which contain a low rate of air renewal, the concentration of
chemical and biological contaminants increases considerably. High concentrations of these
contaminants can cause serious infectious diseases. In this context, the present study aimed to
develop a Maintenance, Operation and Control Plan – MOCP applied to the air conditioners of
selected sample points; laboratory 06, classroom 07 and classroom 26, sampling points 1, 2 and
3 respectively, of the Reitor Rezende de Ribeiro Rezende building at the Centro Universitário
do Distrito Federal - UDF based on the analysis of indoor air quality-IAQ, in comparison with
the rules and regulations of ANVISA and Law No. 13,589/2018, which provides for the
mandatory preparation of a MOCP for environments with artificial air conditioning. Data were
collected at the three selected sampling points and at the building parking lot between the
months of November 2019 and March 2020 and a MOCP was proposed for the air conditioners
installed at the respective points. The analysis of temperature, air humidity, air speed, chemical
and microbiological was carried out following the methodology contained in the
recommendations contained in ANVISA Resolution nº 09/2003, the results of the temperature
verification varied between 22.7 °C and 25.20 °C, the results of humidity verification ranged
between 28.30% and 68.0%, the air velocity at all all sampling points remained below 0.25 m/s,
the number of colony forming units (CFU) of fungi were obtained between 45.0- 155.5 CFU/m³,
the aerodispersoid concentration was maintained at 65 µg / m³ in all sample points and the
carbon dioxide concentrations were 509.00 ppm, 633.00 ppm and 517.00 ppm. Sampling point
01 presented all results of physical parameters outside the recommendation of ANVISA, while
results of sample points 02 and 03 varied during the two collections being within, below and
above the recommendation of ANVISA. The analysis of these data supported the elaboration
of the PMOC for the selected sampling points within the UDF, which in the future may be
implemented in the entire 4R building, since these data are directly linked to indoor air quality,
which are fundamental for the maintenance of equipment and for the preservation and well-
being of human health.

Keywords: MOCP, Conditioning of air, Air quality, Maintenance, Preventive, Air-conditioned


environments, IAQ.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Aspectos construtivos e de manutenção associadas à qualidade do ar


interior........................................................................................................... 6
Figura 2 - Filtros de equipamento Split contaminados.................................................. 7
Figura 3 - Turbina de equipamento Split contendo fungos........................................... 8
Figura 4 - A Evolução da Manutenção.......................................................................... 13
Figura 5 - Fluxograma contendo a organização do trabalho......................................... 21
Figura 6 - Termo-higrômetro-anemômetro digital Instrustemp ITAN700.................... 23
Figura 7 - Localização em planta baixa do local da coleta............................................ 23
Figura 8 - Coleta de amostras químicas e microbiológicas........................................... 25
Figura 9 - Placas de Petri após passagem do ar. A: Placa de Petri ponto amostral 01;
B: Placa de Petri ponto amostral 02; C: Placa de Petri ponto amostral 03;
D: Placa de Petri ponto amostral 04 ............................................................ 27
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Possíveis fontes de poluentes microbiológicos e medidas de


correção...................................................................................................... 9
Tabela 2 - Possíveis fontes de poluentes químicos (aerodispersóides) e medidas de
correção...................................................................................................... 10
Tabela 3 - Possíveis fontes de poluentes químicos (CO2) e medidas de
correção...................................................................................................... 10
Tabela 4 - Descrição dos pontos amostrais................................................................. 19
Tabela 5 - Parâmetros físicos coletados e a metodologia utilizada............................. 22
Tabela 6 - Parâmetros coletados na análise química e microbiológica e a
metodologia utilizada................................................................................. 25
Tabela 7 - Condições de utilização dos pontos amostrais........................................... 29
Tabela 8 - Inventário dos equipamentos que atendem os pontos amostrais................ 30
Tabela 9 - Metodologia de análise e coleta para a velocidade, umidade e
temperatura................................................................................................. 30
Tabela10 - Resultados da coleta da velocidade, umidade e temperatura..................... 31
Tabela 11 - Metodologia de análise e coleta para parâmetros microbiológicos
(fungos)...................................................................................................... 35
Tabela 12 - Resultados do ensaio microbiológico interno............................................ 35
Tabela 13 - Resultados do ensaio microbiológico externo............................................ 36
Tabela 14 - Metodologia de análise e coleta para aerodispersóides.............................. 37
Tabela 15 - Resultado do ensaio para aerodispersóides................................................ 38
Tabela 16 - Taxa de renovação de ar adequada para os pontos amostrais
estudados.................................................................................................... 39
Tabela 17 - Possíveis fontes de poluentes químicos (CO2) e medidas de
correção...................................................................................................... 40
Tabela 18 - PMOC elaborado para os equipamentos de condicionamento de ar dos
pontos amostrais analisados ...................................................................... 41
Tabela 19 - Plano de ação, controle químico e microbiológico.................................... 45
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Valores de aferimentos da temperatura em novembro de 2019................. 32


Gráfico 2 - Valores de aferimentos da temperatura em março de 2020 ...................... 32
Gráfico 3 - Valores de aferimentos da umidade em novembro de 2019 ..................... 33
Gráfico 4 - Valores de aferimentos da temperatura em março de 2020 ...................... 34
Gráfico 5 - Valores de aferimento de fungos internos e externos................................ 36
Gráfico 6 - Relação interna/externa de fungos............................................................. 37
Gráfico 7 - Valores de aferimento de aerodispersóides .............................................. 38
Gráfico 8 - Valores de aferimento de dióxido de carbono........................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASHARE: American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
AVAC: Aquecimento, ventilação e ar condicionado
COV: Compostos orgânicos voláteis
CREA: Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
NBR: Norma técnica
NIOSHI: National Institute of Occupational Safety and Health
PMOC: Plano de manutenção, operação e controle
QAI: Qualidade do ar em ambientes internos
SBS: Sick building syndrome
UFC: Unidades formadores de colônia
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
2. OBJETIVO.............................................................................................................. 4
2.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 4
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 5
3.1. QUALIDADE DO AR INTERIOR (QAI) .............................................................. 5
3.1.1. Legislação Brasileira Pertinente À QAI ................................................................... 8
3.2. A HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO ............................................ 11
3.2.1. Tipos De Manutenção............................................................................................... 14
3.2.2. Manutenção Corretiva............................................................................................... 15
3.2.3. Manutenção Preventiva ............................................................................................ 15
3.2.4. Manutenção Preditiva .............................................................................................. 16
3.3. PMOC - PLANO DE MANUTENÇÃO OPERAÇÃO E CONTROLE .................. 17
3.3.1. Legislação Brasileira Pertinente Ao PMOC............................................................. 17
4. METODOLOGIA .................................................................................................. 19
5. ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 22
5.1. LEVANTAMENTO QUALIDADE DO AR ........................................................... 22
5.1.1. Análise de Parâmetros Físicos ................................................................................. 22
5.1.2. Análise de Parâmetros Químicos E Microbiológicos............................................... 24
5.1.3. Elaboração Do PMOC.............................................................................................. 28
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 29
6.1. CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÕES DOS PONTOS AMOSTRAIS......................... 29
6.2. INVENTÁRIO.......................................................................................................... 29
6.3. VELOCIDADE, UMIDADE DO AR E TEMPERATURA..................................... 30
6.4. FUNGOS, AERODISPERSÓIDES E DIÓXIDO DE CARBONO.......................... 34
6.4.1. Microbiológico: Fungos Ar Interno E Externo......................................................... 35
6.4.2. Químico: Aerodispersóides....................................................................................... 37
6.4.3. Químico: Dióxido de Carbono.................................................................................. 38
6.5. PLANO DE MANUTENÇÃO OPERAÇÃO E CONTROLE................................. 40
6.5.1. Plano De Ação: Controle Químico E Microbiológico.............................................. 45
7. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS ......... 47

7.1. CONCLUSÕES........................................................................................................ 47

7.2. PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................. 49

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 50
1. INTRODUÇÃO

A manutenção está presente nos meios de produção desde quando o homem começou a
manusear instrumentos e desenvolver máquinas para a geração de bens de consumo, ela foi
emergindo quando novas necessidades eram criadas. Acompanhou a evolução industrial e se
desenvolveu conforme as mudanças no mercado. Após a implantação da produção em série as
fábricas passaram a estabelecer atividades mínimas de produção e, em consequência, sentiram
a necessidade de criar equipes que pudessem realizar reparos em máquinas com o menor tempo
possível (SANTOS,2018).

Apesar de existirem na indústria funcionários responsáveis pela manutenção, estes eram


subordinados pelos chefes e só realizavam a manutenção corretiva emergencial, quando a
máquina parava de funcionar por alguma falha ou ficava indisponível para a produção. Apenas
com a II Guerra Mundial, no final da década de 30, com a necessidade de produções maiores e
mais enxutas, é que começou a se ter o monitoramento das máquinas e equipamentos com base
no tempo, caracterizando o que hoje se conhece por manutenção preventiva. Com isso, a
manutenção corretiva preventiva começou a assumir uma posição sólida e hierárquica igual
ao da produção (FILHO, 2008).

A partir de 1980, com o desenvolvimento dos microcomputadores, a manutenção


adquiriu maior independência para criar e aplicar seus programas, sem a necessidade de analista
externo à área. Isso possibilitou um grande avanço no manuseio de informações e análise de
dados que envolviam manutenção e produção. As duas áreas se aproximaram e começaram a
trabalhar em conjunto, para aperfeiçoar a produção e melhorar a qualidade dos produtos
(TAVARES, 2005).

Observou-se um aumento da confiabilidade nos processos industriais, disponibilidade


dos equipamentos e máquinas, diminuição das paradas dos equipamentos, melhoria da
segurança e condições ambientais em geral; sistematização dos programas de manutenção,
favorecendo a interseção com a própria produção (QUEVEDO e ZIMMERMANN, 2017).

Com a difusão dos computadores e a sofisticação dos instrumentos de proteção e


medição, a engenharia de manutenção passou a desenvolver critérios mais sofisticados de
manutenção baseada em condições. Estas atividades tiveram como consequência o

1
desmembramento da engenharia de manutenção que passou a ter duas equipes: a de estudos de
ocorrências crônicas e a de Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), esta última com a
finalidade de desenvolver, implementar e analisar os resultados dos serviços de manutenção,
utilizando um sistema informatizado como ferramenta de suporte (SANTOS, 2018).

A importância do plano de manutenção elaborado especificamente para equipamentos


de condicionamento de ar é a base para a saúde e bem-estar dos ocupantes de ambientes
artificialmente climatizados, pois garante o conforto por meio do funcionamento do sistema
de climatização sem panes e a saúde através da ausência de impurezas de natureza física,
química ou biológica. Além disso, agrega mais tempo a vida útil da máquina, proporciona o
aumento da eficiência do sistema de ar condicionado e consequente redução do gasto com a
energia elétrica.

Porém a manutenção relacionada com a preocupação da Qualidade do Ar em Ambientes


Internos (QAI), tais como fábricas e estabelecimentos em geral, não acompanhou a mesma
evolução que a manutenção relacionada às máquinas de produção. Isto deve-se ao fato de que
a única exigência que era feita ao se construir uma edificação era que ela desse ao homem
condições apropriadas para que o mesmo desenvolvesse suas atividades, fossem elas produtivas
ou de lazer. A preocupação com a QAI surgiu apenas décadas atrás, em 1976, quando ocorreu
o primeiro caso grave de infecção por Legionella pneumophila com 182 casos de pneumonia e
29 mortes, no “Bellevue Stradford Hotel” no estado da Califórnia nos Estados Unidos da
América.

Em 1998, no Brasil, faleceu o ministro das Comunicações, Sergio Motta, após contrair
a bactéria Legionella que estava alojada nos dutos de ar condicionado de seu gabinete em
Brasília. Até então as pesquisas e legislações existentes no Brasil preocupavam-se apenas com
a qualidade do ar em ambientes externos, porém os estudos sobre QAI ganharam destaque após
a descoberta de que baixas trocas de ar entre ambientes externos e internos gera um acréscimo
significativo na concentração de poluentes químicos e biológicos (GARCIA, 2018).

Carmo e Prado (1999) identificam que uma série de poluentes como: monóxido de
carbono, dióxido de carbono, amônia, óxido de enxofre e nitrogênio, são produzidos dentro do
edifício por materiais de construção baseados em solventes orgânicos, por materiais de limpeza,
mofo, bolor, metabolismo humano e também pelas próprias atividades do homem, como
cozinhar ou lavar e secar roupas. Tais poluentes comprometem a saúde e o rendimento do
trabalho dos usuários.
2
Alguns edifícios já estão sendo chamados de “doentes”, devido à péssima qualidade do
ar em seus recintos. Também foi criada a expressão “Sick Building Syndrome” (SBS),
caracterizada por um estado doentio transitório dos usuários, já que os sintomas normalmente
desaparecem quando as pessoas afetadas deixam o edifício (RIZZOTO, 2017).

Diante do exposto, verifica-se que a má qualidade do ar de interiores pode desempenhar


importante papel na causalidade dos agravos a saúde. A poluição do ar interior não se restringe
apenas aos edifícios de escritórios, mas inclui ambientes não-industriais, como residências,
instituições de ensino, hospitais e aeroportos.

O presente trabalho consiste na elaboração de um Plano de Manutenção Operação e


Controle (PMOC) para o sistema de condicionamento de ar de pontos amostrais selecionados
dentro do Centro Universitário do Distrito Federal-UDF, que leve em consideração a análise da
qualidade do ar interior, coletando parâmetros físicos, químicos e microbiológicos dos pontos
amostrais selecionados, tais como: temperatura, velocidade do ar, umidade do ar,
aerodispersóides e dióxido de carbono contidos em cada ponto amostral.

3
2. OBJETIVO

2.1. OBJETIVO GERAL

Elaborar um Plano de Manutenção Operação e Controle (PMOC) para o sistema de


condicionamento de ar dos pontos amostrais selecionados; laboratório 06, sala de aula 07 e
sala de aula 26, situadas no Centro Universitário do Distrito Federal-UDF, no ano de 2020, com
base nos resultados da qualidade do ar interior, coletando parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos dos pontos amostrais selecionados, tais como: temperatura, velocidade do ar,
umidade do ar, aerodispersóides e dióxido de carbono contidos em cada ponto amostral.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Mapear e avaliar as condições de operabilidade dos equipamentos de condicionamento


de ar que atendem os pontos amostrais selecionados;

• Avaliar a qualidade do ar interior (QAI) dos pontos amostrais selecionados por meio
de campanhas de medições;

• Avaliar e comparar quantitativamente os resultados dos parâmetros de estudo de


qualidade do ar de três pontos de amostragem da instituição de ensino para validar a
metodologia que futuramente poderá ser aplicada em toda a instituição de ensino
superior.

4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo contará com uma revisão de temas atuais relacionados à qualidade do ar
interior e sua relação direta com a manutenção dos equipamentos de condicionamento de ar.
Também será apresentado um histórico da evolução da manutenção, seus principais conceitos
e sua aplicabilidade na indústria.

3.1. QUALIDADE DO AR INTERIOR (QAI)

Entende-se por ar interno aquele de áreas não industriais, como habitações, escritórios,
escolas e hospitais. O estudo de sua qualidade é importante para garantir saúde aos ocupantes
dos diferentes edifícios, bem como a otimização do desempenho de suas atividades (GIODA E
NETO, 2003).

Um ambiente possui boa qualidade do ar interno quando não possui nenhum


contaminante em concentração acima dos limites recomendáveis para a saúde e o bem-estar dos
ocupantes, assim como suas condições de umidade, temperatura, velocidade e distribuição.

Sob o ponto de vista do condicionamento do ar e da ventilação, contaminante é qualquer


substância que não faz parte da composição normal do ar atmosférico. Porém, caso algum
componente do ar esteja presente em uma concentração acima dos limites pré-estabelecidos,
também é considerado contaminante. Os contaminantes são geralmente classificados como
partículas (sólidas ou líquidas), gases ou, ainda, aerossóis – suspensões na fase gasosa de
partículas (LORENZZO, 2011).

Apesar de parecer uma definição simples, grande parte dos ambientes climatizados
possuem um ar prejudicado em relação a sua qualidade, principalmente devido à projetos mal
elaborados e instalações e manutenções não adequadas.

Alguns dos principais fatores que influenciam na qualidade do ar são as premissas de


projeto, falta ou precariedade de comissionamento, alto índice de umidade, má qualidade do ar
exterior, ventilação inadequada, ineficiência do sistema de filtragem, geração de contaminantes
e manutenção precária (SCHOSSLER, 2014).

5
A preocupação com a QAI em edifícios está relacionada com a exposição dos seus
ocupantes aos diversos contaminantes citados acima, com reflexos negativos no
comportamento, na produtividade, no bem-estar e na saúde das pessoas.

Para demonstrar o quanto alguns aspectos construtivos e de manutenção afetam de modo


direto a qualidade do ar, a Figura 1 expõe uma avaliação realizada pelo National Institute of
Occupational Safety and Health (NIOSHI) em 49 escolas. Nessa avaliação foram detectados
alguns problemas relacionados às queixas dos ocupantes (SANTOS et al., 2015).

Aspectos construtivos e de manutenção [%]


0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Ar externo insuficiente 84%


Vazamento de água nas paredes 57%
Exaustão de fontes inadequadas 51%
Distribuição ou balanceamento ruim 45%
Manutenção do ar condicionado ruim 39%
Controles sujos ou quebrados 27%
Manutenção + falta de automação 27%
Gerenciamento IEQ necessário 24%
Exaustão e arrasto 22%
Baixa eficiência de filtros 22%
Posição inadequada da tomada de ar 20%
Modificação no sistema de ar cond. 18%
Dutos e trocadores sujos 18%
Dreno de condensado danificado 12%
Acesso ruim a filtros, etc 8%
Bypass de filtros 8%
Filtros muito carregados 8%
Sem abertura para alívio 6%
Ventiraladores invertidos ou desligados 6%
Dutos e ventiladores sub-dimensionados 4%
Depósitos no retorno de ar cond. 4%
Modificação AVAC - bombeiros 2%

Figura 1 - Aspectos construtivos e de manutenção associadas à qualidade do ar interior. Fonte:


Adaptado ASHARE, 2009

Os principais sintomas identificados em ocupantes de ambientes que possuem tais


problemas de QAI são: reações alérgicas e irritantes, dores de cabeça e articulares, irritação nos
6
olhos, nariz e garganta, tosse seca, dermatites, fadiga, sonolência, dificuldade de concentração,
sensibilidade a odores, congestão, sinusite, falta de ar, rinite alérgica, asma brônquica, perda de
produtividade e, por fim, a ausência frequente ao trabalho. Essas doenças são denominadas
doenças pulmonares ocupacionais (ASHARE, 2009).

A poluição do ar interior costuma ser pior que a poluição do ar exterior podendo


apresentar graves riscos à saúde. Muitos pesquisadores têm se preocupado com a QAI em
ambientes de trabalho, residenciais e escolares, tendo em vista que cerca de 80 % a 90 % do
tempo das pessoas são passados em ambientes interiores o que pode refletir diretamente, e de
forma negativa, no bem-estar destas e em sua saúde (SANTOS et al., 2015).

Para manter a salubridade de um ambiente interno, é indicada uma taxa de ar insuflado


de 27 m³/h para cada ocupante. Em alguns ambientes, devido ao isolamento do espaço e
problemas no sistema de ventilação, essa taxa se reduz até 8 m³/h para cada ocupante, tornando
a diluição e remoção dos contaminantes deficientes. Essa redução, além de tornar os sistemas
de ventilação e climatização superdimensionados, produz uma distribuição heterogênea de ar
no ambiente (SCHOSSLER, 2014).

Os dutos e canalizações desses ambientes, assim como os aparelhos condicionadores de


ar, apresentam-se como um excelente habitat para formação de diversas colônias de fungos e
bactérias, como observado na Figura 2 (SCHOSSLER, 2014).

Figura 2 - Filtros de equipamento Split contaminados. Fonte: Elaborado pelos autores

A contaminação interna com agentes biológicos como observado na Figura 3, pode


causar doenças infecciosas como o resfriado e a tuberculose, hipersensibilidade, causada por
uma ativação específica do sistema imunológico e toxidade. Uma das causas dessas infecções
está associada à propagação de fungos, bactérias e vírus pelo sistema de ventilação, onde a
condensação e a acumulação de água permitem o crescimento de fungos que podem provocar

7
alergias ou outros problemas que não são rapidamente detectáveis por procedimentos médicos
comuns (RIZZOTO, 2017).

Figura 3 - Turbina de equipamento Split contendo fungos. Fonte: FUJITSU, 2019

Os principais fatores que beneficiam a proliferação destes organismos no ar interior


consistem no elevado nível de umidade, ventilação reduzida, disponibilidade de nutrientes,
temperatura adequada ao seu desenvolvimento e a existência de fontes de contaminação
interiores e exteriores As fontes interiores são principalmente os sistemas AVAC
(aquecimento, ventilação e ar condicionado) que incluam condensação de água ou possuam
água no seu processo de funcionamento, infiltrações de água e os ocupantes do espaço. Já as
fontes exteriores são as tomadas de ar (LOURENÇO, 2011).

Devido a estes contaminantes e aos problemas causados por eles, tem-se atualmente
uma péssima qualidade do ar interior na maioria dos edifícios, o que gerou a expressão criada
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) “Sick Building Syndrome” (SBS) ou síndrome dos
edifícios doentes, caracterizada por um estado doentio transitório dos usuários, já que os
sintomas normalmente desaparecem quando as pessoas afetadas deixam o edifício. São
chamados de edifícios “doentes” aqueles nos quais uma porção significativa dos usuários, em
torno de 20%, apresentam uma série de sintomas, tais como: dor de cabeça, náuseas, cansaço,
irritação dos olhos, nariz e garganta, falta de concentração, problemas de pele, dentre outros
(RIZZOTO, 2017).

3.1.1. Legislação Brasileira Pertinente À QAI

Em 1998 o Ministério da Saúde lançou a Portaria n.º 3.523/1998 no Brasil, visando


reduzir os riscos potenciais para a saúde dos indivíduos, decorrentes de sua permanência em
ambientes climatizados, ao estabelecer um eficaz Plano de Manutenção, Operação e Controle-
PMOC (CAVALCANTI, et al., 2015).
8
De acordo com Cavalcanti et al. (2015) a Portaria n.º 3.523/1998 também aborda as
exigências da limpeza e desinfecção dos sistemas de condicionamento de ar com capacidade
igual ou superior a 5,0 TR (tonelada de refrigeração) –15000 kcal/h ou 60000 BTU/h, e suas
verificações periódicas. Estabelece parâmetros de composição física, química e biológica, bem
como das tolerâncias e métodos de controle, dos pré-requisitos dos projetos de instalação e
manutenção para tais sistemas.

Para assegurar o cumprimento da Portaria n.º 3.523 a ANVISA estabeleceu, em 24 de


outubro de 2000, a Resolução nº 176, onde foram determinados os padrões referenciais da QAI,
e estabelecida à necessidade de se ter um responsável técnico para instalações de grande porte.
Para sanar falhas da Resolução nº 176/2000, a ANVISA promulgou a Resolução nº 09, em 16
de janeiro de 2003, a qual trouxe, como novidade, a necessidade de recolher regularmente
amostras do ar de qualquer recinto fechado.

A Resolução 09/2003 da ANVISA, relaciona as fontes de poluentes químicos/biológicos


de maior ocorrência nos ambientes interiores e as principais medidas que podem ser adotadas
para correção dos mesmos. A resolução preconiza em suas observações que os poluentes
indicados são os de efeitos conhecidos na saúde humana e que são de mais fácil detecção pela
estrutura laboratorial existente no país, os principais poluentes estão relacionados nas Tabelas
1, 2, e 3.

Tabela 1 - Possíveis fontes de poluentes microbiológicos e medidas de correção. Fonte: Adaptado de


ANVISA, 2003.
Agentes Principais fontes em ambientes Principais Medidas de correção em ambientes
Biológicos interiores interiores

Corrigir a umidade ambiental; manter sob controle rígido


Ambientes úmidos e demais fontes de
vazamentos, infiltrações e condensação de água; higienizar
multiplicação fúngica, como materiais
os ambientes e componentes do sistema de climatização ou
porosos orgânicos úmidos, forros,
manter tratamento contínuo para eliminar as fontes;
Fungos paredes e isolamentos úmidos; ar
eliminar materiais porosos contaminados; eliminar ou
externo, interior decondicionadores e
restringir vasos de plantas com cultivo em terra, ou
dutos sem manutenção, vasos de terra
substituir pelo cultivo em água (hidroponia); utilizar filtros
com plantas
G-1 na renovação do ar externo

Higienizar as superfícies fixas e mobiliário, especialmente


Pólen Ar externo os revestidos com tecidos e tapetes; restringir ou eliminar
o uso desses revestimentos

9
Higienizar as superfícies fixas e mobiliário, especialmente
Artrópodes Poeira caseira os revestidos com tecidos e tapetes; restringir ou eliminar o
uso desses revestimentos

Tabela 2 - Possíveis fontes de poluentes químicos (aerodispersóides) e medidas de correção . Fonte:


Adaptado de ANVISA, 2003.
Agentes Principais fontes em ambientes Principais medidas de correção em ambientes
químicos interiores interiores

Manter filtragem de acordo com NBR- 6402 da ABNT;


evitar isolamento termo- acústico que possa emitir fibras
minerais, orgânicas ou sintéticas para o ambiente
climatizado; reduzir as fontes internas e externas; higienizar
Material as superfícies fixas e mobiliários sem o uso de vassouras,
Poeira e fibras
Particulado escovas ou espanadores; selecionar os materiais de
construção e acabamento com menor porosidade; adotar
medidas específicas para reduzir a contaminação dos
ambientes interiores (vide biológicos); restringir o
tabagismo em áreas fechadas

COV – Cera, mobiliário, produtos usados em Selecionar os materiais de construção, acabamento,


Compostos limpeza e domissanitários, solventes, mobiliário; usar produtos de limpeza e domissanitários que
Orgânicos materiais de revestimento, tintas, colas, não contenham COV ou que não apresentem alta taxa de
Voláteis etc volatilização e toxicidade

Tabela 3 - Possíveis fontes de poluentes químicos (CO2) e medidas de correção. Fonte: Adaptado de
ANVISA, 2003.
Agentes Principais fontes em Principais medidas de correção em ambientes
químicos ambientes interiores interiores

CO 2 Produtos de metabolismo Aumentar a renovação de ar externo.

Os poluentes indicados na Resolução nº09/2003 da ANVISA são aqueles de maior


ocorrência nos ambientes de interior, de efeitos conhecidos na saúde humana e de mais fácil
detecção pela estrutura laboratorial existente no país.

Em 2008 a ABNT lançou a norma brasileira regulamentadora NBR 16401-3 Instalações


de ar-condicionado – Sistemas centrais e unitários. Parte 3: Qualidade do ar interior, que
especifica os parâmetros básicos e os requisitos mínimos para sistemas de ar-condicionado,

10
visando à obtenção de qualidade aceitável de ar interior para ambientes climatizados
artificialmente.

3.2. A HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Com a Revolução Industrial no século XVII, época em que houve um crescente


progresso no campo tecnológico, trazendo técnicas de produção e estudo sobre produtividade,
a manutenção que era realizada somente em caso de avaria, passa a ter intervenções planejadas
para evitar o surgimento de qualquer dano, deterioração ou desgaste.(ALMEIDA, 2011).

O surgimento do termo "manutenção" na indústria aconteceu por volta dos anos 50 nos
Estados Unidos. Na França, esse termo começava a tomar o lugar da palavra "conservação".
Originalmente, a manutenção era uma atividade que deveria ser executada pela própria pessoa
que operava o equipamento, sendo este o seu perfil ideal. Entretanto, com a evolução da
tecnologia, os equipamentos atingiram alta precisão e complexidade, e com o crescimento da
estrutura empresarial foi sendo introduzido a PM – Preventive Maintenance (Manutenção
Preventiva) – no estilo americano, e a função de manutenção foi sendo aos poucos dividida e
alocada a setores especializados. Com o aumento da complexidade das instalações industriais
e da mecanização ocorrida nos anos 50 e 70, a necessidade da mão de obra especializada,
se tornou o objetivo básico das empresas. (SANTOS, 2018).

No início da década de 70, surgiu no Japão a TPM (Total Productive Maintenance


ou Manutenção Produtiva Total-MPT), respondendo perfeitamente as exigências de
disponibilidade dos processos. Depois dessa década, os efeitos das quebras ficaram evidentes,
interferindo na qualidade e nos custos dos produtos, onde a manutenção preditiva e a
informatização do planejamento da manutenção começam a se desenvolver rapidamente.

A manutenção autônoma, que tem como principal ação a "prevenção da danificação",


tem aumentado a sua necessidade como função básica da manutenção. Entre as décadas de 50
e 90 o termo “manutenção" consolida-se na indústria, surgindo (KARDEC, 2009):

• Em 1951 a Manutenção Preventiva (MP);


• Em 1954 a Manutenção do Sistema Produtivo (MSP);
• Em 1957, a Manutenção Corretiva com incorporação de Melhorias (MM).

Na década seguinte, 1960, surgem:

11
• Introdução da Prevenção de Manutenção;
• Engenharia da Confiabilidade, a partir de 1962;
• Engenharia Econômica;
• Prevenção de falhas.

Nos anos 70 desenvolvem-se:

• A incorporação dos conceitos das Ciências Comportamentais;


• O desenvolvimento da Engenharia de Sistemas;
• A Logística e a Terotecnologia (uma concepção global e integrada do modo como
deve ser estudada, escolhida e construída uma nova instalação tecnológica);
• A oficialização do MPT na empresa japonesa Nippon Denso, em 1971.

Na década de 1980, pode-se encontrar:

• A fundação do JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance);


• Introdução do MPT no Brasil, em 1986.

Na década de 90, registrou-se:

• A introdução da Engenharia Mecatrônica;


• Empresas brasileiras implantando o MPT;
• Outras empresas preparando-se para implantar o MPT;
• Duas empresas candidatas ao prêmio MPT no Brasil;
• A introdução do conceito de confiabilidade.

A evolução da manutenção pode ser analisada através de quatro gerações distintas,


apresentadas na Figura 4, caracterizadas pela introdução de novos conceitos e a quebra de
paradigmas nas atividades de manutenção (SOUZA et al., 2010) Nesse sentido, na intenção de
compreender melhor a história da manutenção de máquinas é preciso considerar o seu processo
histórico.

Primeira geração: acontece anterior pré segunda guerra mundial, caracterizada por uma
indústria que não era altamente mecanizada onde a disponibilidade dos equipamentos e a
prevenção de falhas não era prioridade, os equipamentos eram de fácil manutenção,
normalmente necessitavam apenas de lubrificação e limpeza, e consequentemente não havia
necessidade de manutenção sistemas e habilidades específicas para reparar os equipamentos
(SOUZA et al., 2010)
12
Figura 4 - A Evolução da Manutenção. Fonte: Adaptado de Kardec (2009)

Segunda geração: ocorre no período pós segunda guerra mundial gerando aumento da
demanda por todos os tipos de produtos. Máquinas mais complexas são criadas e como
consequência as falhas deveriam ser evitadas, surgindo o conceito de manutenção preventiva e
a criação de sistemas de planejamento e controle da manutenção devido à elevação dos custos
com manutenção (KARDEC, 2009).

Terceira geração: iniciado entre as décadas de 60 e 70, crescimento da preocupação com


períodos de paralisação na produção. Este período é caracterizado pelo objetivo de prever
falhas. Utilização do sistema “Just-in-time”, que resumidamente significa que até mesmo
paradas inesperadas devem ser evitadas, surgindo o conceito Total Productive Maintenance -
TPM, (GONÇALVES et al., 2017). Conscientização de que as falhas trazem sérias
consequências e afetam os padrões de qualidade. A preocupação agora era de controlar os
custos gerados pela manutenção.

Quarta geração: teve início nos anos 90 e prevalece até hoje com inovação e evolução
tecnológica, maximizando a vida útil dos equipamentos produtivos e aumentando a
preocupação com o ambiente, passando a exigir alta disponibilidade e confiabilidade. Começam
a surgir ferramentas mais avançadas que possibilitam a realização da manutenção do
equipamento sem pará-lo (PEREIRA, 2018).

Para alcançar confiabilidade e disponibilidade já necessárias neste período, novas


técnicas de manutenção foram utilizadas, como análise de risco, computadores pequenos e
rápidos, softwares potentes, projetos voltados para confiabilidade, entre outros. Através da

13
síntese das quatro gerações da manutenção apresentadas, pode-se observar que ao longo das
gerações as expectativas em relação à manutenção tornavam-se cada vez mais fortes. A função
manutenção hoje, tem a responsabilidade de manter padrões de qualidade pré-estabelecidos
(PEREIRA, 2018).

Durante o processo de evolução da manutenção de máquinas e equipamentos, a


tecnologia torna-se uma grande aliada nesse setor, com a disponibilidade de computadores e
softwares com custos mais reduzidos. O setor de manutenção passa a desenvolver seu próprio
programa, diminuindo a dificuldade de transmitir para um analista de sistemas, que muitas
vezes não está familiarizado com a área e as correções necessárias a serem realizadas
(TAVARES, 2005). Além de criar seu próprio programa, o setor de manutenção está
subdividido em vários tipos de manutenção, sendo os principais deles, manutenção corretiva,
preventiva e preditiva, o que será melhor explicado no item seguinte.

Hoje em dia, com o mundo globalizado, em que a concorrência está cada vez mais
acirrada, as empresas se preocupam em obter a qualidade total em serviços e produtos. Por isso,
um bom programa de manutenção que evita a paralisação da produção, proporciona a
diminuição na interrupção da produção, evita atrasos nas entregas, evita perdas financeiras,
possibilita a diminuição de custo, aumenta a satisfação do cliente e até ganho de mercado
(WEBER, 2008).

Nas empresas, a preocupação com a manutenção deve ser constante, pois uma falha
pode afetar a segurança e o meio ambiente. Essa preocupação é decorrente do aumento rápido
na diversidade de produtos, projetos mais complexos, exigências na qualidade etc., e a
organização da manutenção e suas responsabilidades atuam como função estratégica para
melhoria dos resultados (KARDEC, 2009).

A continuidade das atividades sem interrupções deve-se a uma boa manutenção,


independentemente de onde está inserida, pois é um pilar indispensável para o bom
funcionamento das atividades técnicas (GONÇALVES et al, 2017).

3.2.1. Tipos De Manutenção

A manutenção de máquinas e equipamentos pode ser dividida em três tipos: manutenção


corretiva (planejada e não planejada), manutenção preventiva e manutenção preditiva (COSTA,
2013).

14
3.2.2. Manutenção Corretiva

A Manutenção Corretiva é aquela que se constitui na correção de falhas, panes ou


quebras, ou seja, quando o equipamento não desempenha a função para a qual foi projetado
(BRANCO FILHO, 2008). Também é a manutenção que visa substituir peças ou componentes
que se desgastaram, gerando uma parada, por falha ou pane. Consequentemente, grande parte
do esforço de manutenção em geral é desperdiçada na execução da manutenção corretiva.
Alguns especialistas classificam a manutenção corretiva como não planejada e planejada.
(SANTOS, 2018).

A manutenção corretiva não planejada é caracterizada pela atuação em fatos que já


ocorreram, sejam estes fatos desempenhos inferiores ao desejado ou uma falha. E feita de
maneira aleatória, sem programação pré estabelecida, o que implica em custos mais elevados
com a parada inesperada do equipamento (SANTOS, 2018).

Já a manutenção corretiva planejada ocorre por decisão gerencial, ou correção do


desempenho menor do que o esperado. No caso de decisão gerencial já se tem o conhecimento
de que pode ocorrer uma falha no equipamento, e decide-se deixar o equipamento em
funcionamento até quebrar ou realizar o reparo apenas no momento da ocorrência da falha.
Esse tipo de manutenção possibilita o planejamento dos recursos necessários para a intervenção
de manutenção, uma vez que a falha é esperada (PINTO e XAVIER, 2001).

O principal problema desta política de manutenção não está em fazer intervenções


corretivas, mas sim em sua aplicação, que requer estoques de peças para suportar as sucessivas
quebras, tornando o trabalho imprevisível e, portanto, sem um plano capaz de equacionar os
custos. Entretanto, levando em consideração a importância do equipamento no processo, o seu
custo e as consequências da falha, pode-se chegar à conclusão de que qualquer outra opção que
não seja a corretiva pode significar custos excessivos (XENOS, 2004).

3.2.3. Manutenção Preventiva

A Manutenção Preventiva é a intervenção executada em equipamentos que ainda


executam as suas funções, ou seja, em condições operacionais e dentro de suas especificações
(BRANCO FIILHO, 2008). Pode ser descrita como a atividade de manutenção que tem o
objetivo de manter o equipamento em um estado satisfatório para a produção (SANTOS, 2018).
15
Para Xenos 2004, a Manutenção Preventiva deve ser executada frequentemente e a principal
atividade de manutenção de qualquer empresa.

Alguns princípios da manutenção preventiva são: realizar a melhora do equipamento em


sua vida produtiva, reduzir as falhas de equipamentos, otimizar o planejamento e programação
dos serviços de manutenção, diminuir o número de perdas na linha de produção devido a falhas
e por fim, proporcionar a saúde e segurança a equipe de manutenção (SANTOS, 2018).

A manutenção preventiva é estruturada em ações sistemáticas, baseadas em um


cronograma que detecta, impede ou minimiza a degradação de um componente ou sistema com
o objetivo de sustentar ou ampliar sua vida útil (SANTOS, 2018).

Determinar um período de tempo para realizar uma manutenção preventiva, de forma


prematura, ou seja, antes de completar o período estimado para intervenção, leva em
consideração as condições operacionais e ambientais que influenciam na degradação dos
equipamentos. Já que na maioria das vezes o fabricante não fornece dados precisos para realizar
uma manutenção (KARDEC e NASCIF, 2009).

3.2.4. Manutenção Preditiva

É conhecida também como manutenção sob condição ou manutenção com base no


estado do equipamento. É baseada na tentativa de definir o estado futuro de um equipamento
ou sistema, por meio dos dados coletados ao longo do tempo por uma instrumentação
específica, verificando e analisando a tendência de variáveis do equipamento. A manutenção
preditiva é a execução da manutenção no momento adequado, antes que o equipamento
apresente falha, e tem a finalidade de evitar a falha funcional ou evitar as consequências desta
(KARDEC e NASCIF, 2009).

Para adotar uma manutenção preditiva são necessárias algumas condições, como por
exemplo: o equipamento deve permitir o monitoramento, avaliar se o equipamento merece essa
atenção em função do custo, ter diagnóstico sistemático de análise e, além disso, é fundamental
que a mão de obra responsável pela manutenção seja bem treinada (KARDEC e NASCIF,
2009).

A manutenção preditiva situa-se, portanto, no ponto do gráfico de investimentos em


manutenção como melhor retorno de disponibilidade com custos ainda compensadores. Uma
análise mais profunda mostra que o custo pode variar muito, em função das ferramentas e dos
16
métodos aplicados nas manutenções corretivas e preditivas. Ferramentas de gestão simples e
baratas podem propiciar o emprego desses tipos de manutenção (KARDEC e NASCIF, 2009).

3.3. PMOC – PLANO DE OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E CONTROLE

O PMOC – Plano de Manutenção Operação e Controle – trata-se de uma medida


exigida pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Ministério do Trabalho através da
portaria 3.523/MS para monitorar e adequar a qualidade do ar em ambientes de uso coletivo.
Levando em consideração a preocupação mundial com a qualidade do ar de interiores em
ambientes climatizados e a crescente utilização de sistemas de ar condicionado no país, em
função das condições climáticas (QUEVEDO e ZIMMERMANN, 2017).

Segundo o Art. 6º da Portaria 3.523/MS, todo estabelecimento, com carga térmica


superior a 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/h), está obrigado a manter ativo um PMOC. Deve
ser especificado também qual o número de ocupantes de cada ambiente refrigerado e o tipo de
atividade desenvolvida no local. Se o estabelecimento for autuado pelos órgãos fiscalizatórios
e não estiver regular com a referida situação, corre o risco de ser multado.

De acordo com o artigo 01 da lei nº 13.589/2018 todos os edifícios de uso público e


coletivo que possuem ambientes de ar interior climatizado artificialmente devem dispor de um
PMOC dos respectivos sistemas de climatização. Ainda de acordo com a mesma lei, o artigo
três declara que os sistemas de climatização e seus PMOC devem obedecer a parâmetros de
qualidade do ar em ambientes climatizados artificialmente, em especial no que diz respeito a
poluentes de natureza física, química e biológica, suas tolerâncias e métodos de controle, assim
como obedecer aos requisitos estabelecidos nos projetos de sua instalação.

No âmbito de sistemas de climatização o PMOC determina como devem ser realizadas


as inspeções e correções técnicas em cada ponto do sistema de ar condicionado, o número de
ocupantes máximo de cada ambiente refrigerado, a carga térmica do equipamento e o tipo de
atividade desenvolvida no local. A correta aplicação do Programa de Manutenção, operação e
controle é o ponto inicial para a obtenção de uma boa qualidade do ar dentro de ambientes
artificialmente climatizados.

3.3.1. Legislação Brasileira Pertinente Ao PMOC

17
A construção da legislação brasileira pertinente ao PMOC no Brasil aconteceu com a
contribuição de diversos órgãos, foram criadas normas regulamentares, resoluções e leis
federais para auxiliar na fiscalização e padronização, a seguir são citadas as legislações
vigentes:

• Classificação das áreas de contaminação controlada – NBR 13700/96;


• Sistemas de refrigeração, condicionamento de ar e ventilação; manutenção
programada – NBR 13971/97 – ABNT;
• PMOC - Portaria Nº 3.523/GM (28 de agosto de 1998);
• Responsabilidade técnica – CREA;
• Resolução - RE Nº 176, de 24 de outubro de 2000 - Padrões Referenciais de
Qualidade do Ar Interior, em ambientes climatizados artificialmente de uso
público e coletivo;
• Análise da qualidade do ar Resolução n° 09 (16 de janeiro de 2003) – ANVISA;
• Lei Nº 13.589, de 4 de janeiro de 2018.

18
4. METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de um estudo de caso realizado no Centro Universitário do


Distrito Federal-UDF, onde foram coletados dados referentes a QAI utilizando equipamentos
específicos para cada coleta. Os locais onde aconteceram as coletas (pontos amostrais) estão
listados na Tabela 4.

Tabela 4 - Descrição dos pontos amostrais. Fonte: Elaborado pelos autores.


Ponto
Local
Amostral

Laboratório 06 1
Sala de aula 07 2
Sala de Aula 26 3
Área Externa 4

A escolha dos pontos amostrais, toda a coleta de dados, bem como a análise dos mesmos,
seguiu as recomendações contidas na Resolução n°09/2003 da ANVISA. A elaboração do
PMOC por sua vez, obedeceu além das recomendações contidas nesta resolução, os
procedimentos estabelecidos na norma ABNT NBR 13971/97 Sistemas de refrigeração,
condicionamento de ar e ventilação, manutenção programada e o manual de operação de cada
equipamento.

A pesquisa se desenvolveu inicialmente a partir das coletas realizadas no Centro


Universitário do Distrito Federal - Edifício Reitor Rezende de Ribeiro Rezende (Edifício 4R),
localizado no SEP/SUL EQ704/904 Conjunto A s/n, Brasília - DF, 70390-045. Foram
realizadas duas coletas consecutivas durante os meses de novembro de 2019 e março de 2020,
com o intuito de analisar cenários próximos as estações mais desfavoráveis do ano, verão e o
inverno.

A pesquisa foi realizada no edifício 4R porque é a sede do curso de engenharia mecânica


da instituição, e estudos relacionados a QAI são de total interesse de toda a comunidade
acadêmica que utiliza a edificação diariamente.

Os pontos amostrais internos escolhidos para análise e elaboração do PMOC foram


definidos de maneira que incluíssem os três principais pavimentos de utilização do edifício 4R,
19
visando coletar amostras de ar que representassem todo o edifício de forma homogênea e, pelas
seguintes características individuais:

O ponto amostral 1 (laboratório 06) foi escolhido porque é um dos maiores laboratórios
instalados no edifício, possuindo a maior quantidade de computadores e a maior quantidade de
cadeiras estofadas, havendo grande probabilidade de existência de fungos neste ponto.

Ponto amostral 2 (sala de aula 07) foi devido à alta utilização da sala que, encontra-se
constantemente com lotação máxima por abrigar turmas que cursam disciplinas iniciais do
curso de engenharia, havendo grande probabilidade de contaminação por dióxido de carbono
deste ponto.

E por fim, o ponto amostral 3 (sala de aula 26) escolhido porque é a sala do terceiro
andar que está lotada com mais frequência e, constantemente é alvo de queixas dos usuários
relacionadas a temperatura.

A proposta do PMOC elaborado foi apenas para os pontos amostrais descritos na Tabela
4, porém essa medida funcionará como uma amostra que poderá servir de base para uma
possível futura elaboração do PMOC para todo o edifício 4R da instituição de ensino.

O presente trabalho foi dividido em três etapas:

1. Levantamento de dados acerca da qualidade do ar interior;


2. Inventário dos equipamentos de condicionamento de ar;
3. Desenvolvimento de um plano de manutenção operação e controle visando a
melhoria da qualidade do ar nos pontos amostrais estudados.

De acordo com Rizzoto (2017), a organização adequada para os procedimentos a serem


executados durante a coleta e análise de dados para verificação da QAI pode ser observada na
Figura 5, onde encontra-se um fluxograma contendo o procedimento elaborado para auxiliar na
visualização e organização das etapas de execução deste trabalho.

20
Figura 5 – Fluxograma contendo a organização do trabalho. Fonte: Elaborado pelos autores.

21
5. ESTUDO DE CASO

As metodologias aplicadas no presente estudo de caso foram baseadas na análise do


controle da qualidade do ar, levando em consideração parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos. Toda análise de dados foi baseada na Resolução n°09/2003 da Anvisa.

5.1. LEVANTAMENTO QUALIDADE DO AR

As análises da qualidade do ar foram realizadas em 04 (quatro) pontos amostrais:


laboratório 06, sala 07, sala de aula 26 e ambiente externo. Com o objetivo de replicar a análise
feita nestes pontos para todo o edifício 4R da instituição de ensino posteriormente.

A coleta de dados acerca da QAI foi dividida em duas etapas:

1. Análise de parâmetros físicos;


2. Análise de parâmetros químicos e microbiológicos.

5.1.1. Análise De Parâmetros Físicos

Iniciou-se com a coleta dos parâmetros físicos dos pontos amostrais selecionados, as
normas técnicas que serviram como orientação para as coletas estão descritas na Tabela 5.
Tabela 5 - Parâmetros físicos coletados e a metodologia utilizada. Fonte: Elaborado pelos autores.

Parâmetro Metodologia

Velocidade do ar NT 003-RE nº09, ANVISA VA

Umidade do ar NT 003-RE nº09, ANVISA UR

Temperatura NT 003-RE nº09, ANVISA TA

Quantidade de pessoas Contagem enloco

Potência dos equipamentos Verificação enloco

Para a coleta dos dados referentes a temperatura, umidade e velocidade do ar, foi
utilizado o equipamento termo-higrômetro-anemômetro digital, modelo: Instrustemp
ITAN700 I, representado na Figura 6.

22
Figura 6 - Termo-higrômetro-anemômetro digital Instrustemp ITAN700. Fonte: Instrutemp.
As coletas foram realizadas de acordo com a recomendação existente na Resolução n°
09/2003 da ANVISA que determina que os pontos amostrais deverão ser distribuídos
uniformemente e coletados com o amostrador localizado na altura de 1,5 m do piso, no centro
do ambiente.
No laboratório 06, sala de aula 07 e sala de aula 26, foram demarcados pontos internos
no centro de cada ambiente, 1, 2 e 3 respectivamente.

O aparelho foi suspenso a 1,5 metros do chão para a medição da temperatura, umidade
e velocidade do ar dos locais amostrados. Sua posição em planta baixa pode ser observada na
Figura 7.

Figura 7 - Localização em planta baixa do local da coleta. Fonte: Elaborado pelos autores.

Durante a coleta dos parâmetros temperatura, velocidade e umidade foram listados


também todos os equipamentos que atendem os pontos amostrais selecionados, como

23
quantidade de pessoas que utilizavam o ponto amostral no momento da coleta e, a potência dos
equipamentos instalados em cada ponto amostral.

Em cada equipamento foi analisado seu estado de conservação, limpeza, funcionamento


e condições de instalação. Os pontos amostrais estavam sendo utilizados pelos alunos e foram
mantidos fechados durante a análise.

• Condições das coletas dos parâmetros físicos:

A primeira coleta realizada em novembro 2019 dos três pontos amostrais internos teve
as seguintes condições:

1. Estavam sendo utilizados pelos alunos;


2. Realizada durante a aula do período noturno, aproximadamente as 20:00h.

A segunda coleta realizada em março 2020 dos três pontos amostrais internos teve as
seguintes condições:

1. Estavam sendo utilizados pelos alunos;


2. Realizada durante a aula do período noturno, aproximadamente as 21:30h.

5.1.2. Análise De Parâmetros Químicos E Microbiológicos

A segunda etapa da coleta foi focada nas análises química e microbiológica, e para isso
foi contratada uma empresa especializada do setor de análise microbiológica e, todo a
metodologia empregada na coleta obedeceu aos Padrões Referenciais de Qualidade do Ar
Interior em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo contidos na
Norma Técnica Resolução n° 09, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de 16 de janeiro
de 2003.

Para a análise microbiológica foi utilizada a técnica de impressão em Agar, que é um


excelente meio de cultura para o crescimento de vários tipos de fungos. A técnica de impressão
em Agar consiste na sucção de um volume de ar empregando um impactador linear,
demonstrado na Figura 8 que, após aspirado, o ar passa através de um meio filtrante, sendo
forçado a depositar-se em uma placa Petri na qual está depositado o meio de cultura do tipo
Agar.

24
Esta técnica permite maior agilidade nas análises, recupera maior número de
microrganismos do ar e, por conseguinte, tem maior capacidade para determinar a presença de
agentes patogênicos. Este procedimento foi realizado por uma empresa

Figura 8 - Coleta de amostras químicas e microbiológicas. Fonte: Elaborado pelos autores.

Os parâmetros químicos e microbiológicos coletados, e seus indicadores estão listados


na Tabela 6.

Tabela 6 - Parâmetros coletados na análise química e microbiológica e a metodologia utilizada. Fonte:


Adaptado de ANVISA, 2003.

Unidade
Parâmetros Metodologia VMR
de Medida

Aerodispersóides µg/m³ NT 004-RE nº 09, ANVISA - Ensaio até 80

Dióxido de carbono ppm NT 002-RE nº 09, ANVISA até 1000

Fungos viáveis-Ar interno UFC/m³ NT 001-RE nº 09, ANVISA - Ensaio até 750

Relação I/E NA Contratada ≤ 1,5


VMR: Valor Máximo Recomendável.

O detalhamento de cada metodologia mostrada na Tabela 6 pode ser visto a seguir:


• Aerodispersóides

A amostragem de aerodispersóides no Brasil é normatizada pela Resolução ANVISA nº


9 (Norma Técnica 004).

25
O procedimento amostragem consiste na utilização de uma bomba de aspiração que
coleta o ar, a uma vazão estipulada de 2𝐿. 𝑚𝑖𝑛−1 , forçando sua passagem por uma unidade
filtrante, de 37 mm de diâmetro, com porosidade de 5 µm e constituída por uma mistura de
ésteres de celulose. A amostragem deve ser realizada por um tempo determinado em função do
volume de ar a ser amostrado, o qual pode variar de 50 l a 400 l (BASTO, 2005). Segundo o
mesmo autor, por meio da amostragem de aerodispersóides, pode-se verificar tanto a eficiência
da filtragem nos sistemas de ventilação quanto à presença de sujeira nos dutos de ventilação.

Para determinar a massa de aerodispersóides, é realizada a pesagem dos filtros, em


balança de precisão, durante a sua preparação e após a amostragem (BASTO, 2005). A
concentração de aerodispersóides é então determinada procedendo-se ao cálculo do quociente
entre diferença das massas e o volume de ar amostrado (MORAES, 2006).

• Dióxido de carbono

No Brasil, a Resolução ANVISA nº 9 apresenta a Norma Técnica 002 (NT 002), que
estabelece a metodologia de amostragem e análise de 𝐶𝑂2 em ambientes interiores. De acordo
com a legislação, o processo para a extração de 𝐶𝑂2 consiste na leitura direta, mediante
utilização de sensor infravermelho não dispersivo. Deve-se observar, durante a escolha do
sensor, que sua faixa de sensibilidade seja de 0 a 5.000 ppm. Além disso, sugere-se que as
medições sejam realizadas nos períodos em que o ambiente se encontra com maior utilização,
a uma distância de 1,5 metros do chão.

• Fungos viáveis - Ar interno

No Brasil utiliza-se como metodologia para determinação deste marcador


epidemiológico, a Resolução ANVISA nº 9 de 16 de janeiro de 2003, que estabelece a Norma
Técnica 001 (NT 001), a qual normatiza os critérios, método de amostragem e análise de
bioaerossol em ambientes interiores.

Segundo a NT 001, para a coleta de amostras, utiliza-se um impactador linear de 1, 2 ou


6 estágios. A norma estabelece que o ar deve ser coletado a uma vazão de 28,3 𝐿. 𝑚𝑖𝑛−1 , durante
um período de 5 a 15 minutos. Após aspirado, o ar passa através de um meio filtrante, sendo
forçado a depositar-se em uma placa de Petri, onde está contido o meio de cultura. A legislação
estabelece que, para coleta de fungos, deve-se, preferencialmente, utilizar o Agar Extrato de
Malte, Agar Sabourad ou o Agar Batata como meio de cultura (BASTO, 2005).

26
• Condições de realização da coleta química e microbiológica:

A coleta dos três pontos amostrais internos, foi realizada em março de 2020 teve as
seguintes condições:

1. Não estavam sendo utilizados pelos alunos;


2. Realizada após a aula do período matutino, aproximadamente as 13:00;
3. Fazia sol e o tempo estava seco.

As placas de Petri que foram utilizadas para a coleta de ar nos pontos amostrais
selecionados, visando analisar possível contaminação microbiológica, podem ser vistas na
Figura 9.

Figura 9 - Placas de Petri após passagem do ar. A: Placa de Petri ponto amostral 01; B: Placa de Petri
ponto amostral 02; C: Placa de Petri ponto amostral 03; D: Placa de Petri ponto amostral 04. Fonte:
Elaborado pelos autores.
Após a passagem do ar depositando os microrganismos nas placas de Petri que contém
os meios de cultura necessário para cultivo, as mesmas foram enviadas para o laboratório onde
foram acondicionadas a 25 ºC durante 7 dias para crescimento de possíveis fungos viáveis.
Após o período de incubação foi realizado a contagem padrão em placa e os valores expressos

27
em Unidades Formadoras de Colônias por metro cúbico (UFC/ m³) seguindo a recomendação
contida na Norma Técnica 001 (NT 001) presente na Resolução nº 9 de 2003 da ANVISA.

5.1.3. Elaboração Do PMOC

Todas as características aqui citadas são relacionadas apenas aos três pontos amostrais
estudados.

O PMOC foi desenvolvido seguindo as seguintes características:

• Parâmetros das análises físico, químico e microbiológicas coletadas em três salas de


aula e no estacionamento da instituição de ensino superior;
• Análise da quantidade de usuários e a atividade desenvolvida no local;
• Elaborado para os equipamentos de condicionamento de ar que atendem os pontos
amostrais 01, 02 e 03, respectivamente: laboratório 06, sala de aula 07 e sala de aula
26, podendo ser aplicado para todo o edifício 4R da instituição de ensino.

O PMOC contém:
• Identificação do estabelecimento que possui ambientes climatizados;
• Descrição das atividades a serem desenvolvidas e sua periodicidade;
• O número de ocupantes de cada ambiente refrigerado e o tipo de atividade;
desenvolvida no local (QUEVEDO e ZIMMERMANN, 2017).

28
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos com as coletas serão mostrados e discutidos em seguida,


analisando as normatizas pertinentes para cada parâmetro analisado. Possíveis soluções para os
problemas encontrados serão indicados e incluídas no plano de manutenção.

6.1. CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÕES DOS PONTOS AMOSTRAIS

Para fins de análise da quantidade de calor e gases gerados foi anotada a quantidade de
pessoas que estavam utilizando os pontos amostrais no momento da coleta, como também os
equipamentos eletrônicos instalados nos mesmos (computadores, projetores e etc.), sendo
considerada apenas a soma final de potência dos equipamentos, a coletada de dados está contida
na Tabela 7.

Tabela 7 - Condições de utilização dos pontos amostrais. Fonte: Elaborado pelos autores.
Potência
Ponto Amostral Local Quantidade de pessoas
equipamentos [W]
1ª Coleta 2ª Coleta
1 Laboratório 06 45 38 1260
2 Sala de aula 07 62 50 200
3 Sala de Aula 26 33 22 200

A quantidade de pessoas utilizando os pontos amostrais indica os níveis de dióxido de


carbono existente, sendo de suma importância para a elaboração do PMOC e será discutido
posteriormente. A potência dos equipamentos instalados nos pontos amostrais indica uma
parcela da quantidade de calor existente, tendo influência direta na temperatura ambiente.

6.2. INVENTÁRIO

Nesta etapa da pesquisa tornou-se clara a necessidade de levantar os equipamentos que


atendem os ambientes em estudo para elaboração do plano de manutenção, já que o mesmo
depende de fatores indicados pelo fabricante para a conservação dos equipamentos.

29
Outro ponto importante para organização do plano de manutenção foi a nomenclatura
de cara equipamento, sendo necessária a criação de TAG’s para melhor identificação como
pode ser visto na Tabela 8.

Tabela 8 - Inventário dos equipamentos que atendem os pontos amostrais. Fonte: Elaborado pelos
autores.
Capacidade
TAG’s Local Tipo / Marca / Modelo
[BTU/h]
SPT-01 Laboratório 06 Split – Hi-wall / Fujitsu® / ASB30A1 30
SPT-02 Laboratório 06 Split – Hi-wall / Fujitsu® / ASBA30JCC 27
SPT-03 Laboratório 06 Split – Hi-wall / Fujitsu® / ASBA30JCC 27
SPT-04 Sala de Aula 07 Split – Hi-wall / Fujitsu® / ASBA30JFC 27
SPT-05 Sala de Aula 07 Split – Hi-wall / Fujitsu® / ASBA30JFC 27
SPT-06 Sala de Aula 26 Split – Hi-wall / Fujitsu® / ASBA30JCC 27

A organização dos equipamentos conforme Tabela 8 facilita a identificação e


localização do equipamento para a realização das atividades de manutenção relacionadas no
PMOC.

Durante o levantamento dos parâmetros físicos, a avaliação da operabilidade dos


equipamentos analisados que atendiam os pontos amostrais estudados conforme Tabela 8,
constatou condições razoáveis de operabilidade, tendo em vista que as unidades evaporadoras
estavam mantidos em local de instalação conforme recomendável pela norma ABNT NBR
16401- 1 Projeto das instalações. As condensadoras estavam instaladas no exterior do edifício
no piso térreo, o que facilitará futuras manutenções programadas do PMOC elaborado.

6.3. VELOCIDADE, UMIDADE DO AR E TEMPERATURA

Para a coleta e análise dos parâmetros físicos listados na Tabela 9, foi utilizada a Norma
Técnica 003 contida na Resolução n°09/2003 da ANVISA.

Tabela 9 - Metodologia de análise e coleta para a velocidade, umidade e temperatura. Fonte: Adaptado
de ANVISA, 2003.
Parâmetro Metodologia
Velocidade do ar NT 003-RE nº09, ANVISA VA
Umidade do ar NT 003-RE nº09, ANVISA UR

30
Temperatura NT 003-RE nº09, ANVISA TA

A primeira coleta foi realizada no mês de novembro de 2019 e a segunda coleta foi
realizada no mês de março de 2020, primavera e outono. Porém os critérios estabelecidos pela
Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003 da ANVISA estabelece critérios para a qualidade do
ar interno adequada para ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo
apenas para verão e inverno e estes parâmetros serão utilizados para análise dos dados.

Os parâmetros recomendados de operação da temperatura, nas condições internas para


verão, deverão variar de 23 ºC a 26 ºC. A faixa máxima de operação deverá variar de 26,5 ºC a
27 ºC, com exceção das áreas de acesso que poderão operar até 28 ºC. Para condições internas
para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de 20 ºC a 22 ºC.

A faixa recomendável de operação da Umidade Relativa, nas condições internas para


verão, deverá variar de 40 % a 65 %. O valor máximo de operação deverá ser de 65 %, com
exceção das áreas de acesso que poderão operar até 70 %. Para condições internas para inverno,
a faixa recomendável de operação deverá variar de 35 % a 65 %.

Os resultados de verificação dos parâmetros físicos para os pontos amostrais estão


contidos na Tabela 10.

Tabela 10 - Resultado da coleta da velocidade, umidade e temperatura. Fonte: Elaborado pelos autores.
Ponto Amostral Veloc. do ar Umidade do ar Temperatura
[m/s] [% ] [ºC ]
1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª
Coleta Coleta Coleta Coleta Coleta Coleta
1 Laboratório 06 < 0,20 < 0,20 28,30 68,0 22,70 22,9
2 Sala de aula 07 < 0,20 < 0,20 27,40 61,3 23,00 23,6
3 Sala de aula 26 < 0,20 < 0,20 40,40 57,1 24,00 23,2
4 Amb. Externo -- -- 29,50 65,00 25,20 24,1

Os Gráficos 1 e 2 apresentam os valores da temperatura aferidos entre os meses de


novembro de 2019 e março de 2020 nos pontos amostrais listados na Tabela 10.

Para o ponto amostral 01 (Laboratório 06), de acordo com o Gráfico 1 a temperatura


interna no mês de novembro apresentou valor acima do estabelecido pela Resolução n°09/2003

31
da ANVISA para a época. Continuando a análise neste ponto, para o mês de março, onde a
mesma resolução estabelece limite entre 23 °C e 26 °C conforme o Gráfico 2, este ponto
amostral encontra-se fora da recomendação estipulada na Resolução n°09/2003 da ANVISA.

Para o ponto amostral 02 (Sala de aula 07), de acordo com o Gráfico 1, a temperatura
interna no mês de novembro aprestou valor acima do estabelecido na Resolução n°09/2003 da
ANVISA, 23 °C, o que é considerado preocupante, já que se encontra fora do padrão
recomendado. Para o mês de março o ponto encontra-se dentro do intervalo recomendado de
acordo com o Gráfico 2.

Analisando o ponto amostral 03 (Sala de aula 26), para o mês de novembro, Gráfico 1,
a temperatura se encontra fora da faixa estabelecida de ANVISA, estando 2°C acima do
recomendável. Para o mês de março, Gráfico 2, a temperatura também está fora da
recomendação, o que gera alerta para este ponto amostral.

26
Valores de aferimento da temperatura Novembro 2019
Temperatura [°C]

24
24 23
22,7
Temperatura
22 Valor minimo recomendável = 20°C
Valor máximo recomendável = 22°C
20
Temperatura ponto externo = 25.2 °C
18
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos Amostrais

Gráfico 1 - Valores de aferimentos da temperatura em novembro de 2019. Fonte: Elaborado pelos


autores.

Valores de aferimento da temperatura Março 2020


27
Temperatura [°C]

26 Temperatura
25
23,5 Valor minimo aceitável = 20°C
24
22,9 22,9
23 Valor máximo aceitável = 22°C
22
Temperatura ponto externo = 23.2 °C
21
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos Amostrais

Gráfico 2 - Valores de aferimentos da temperatura em março de 2020. Fonte: Elaborado pelos autores.

32
Um plano de manutenção adequado deve priorizar o conforto térmico dos usuários da
edificação, analisando que ambientes térmicos quentes podem conduzir a fadiga e a sonolência,
à redução da performance física e ao aumento da probabilidade de erros. Por outro lado,
ambientes térmicos frios podem induzir a agitação, o que por sua vez reduz a atenção e a
concentração, especialmente em tarefas mentais.

Outro parâmetro coletado e de suma importância em termos de qualidade do ar interior,


foi a umidade do ar. Os resultados expostos nos Gráficos 3 e 4, apontam os dados de coleta
referentes a umidade em cada ponto amostral nos meses de novembro de 2019 e março de 2020.

Nota-se no Gráfico 3 que apenas um dos pontos amostrais ficou fora da faixa
recomendável pela Resolução nº 09/2003 da ANVISA, ponto amostral 01 estando abaixo do
valor mínimo recomendável, o que indica que este ponto amostral está mais seco do que o
aceitável.

O ponto amostral 02 no Gráfico 03 está próximo ao limite mínimo recomendável pela


Resolução n°09/20003 da ANVISA, sendo necessário a criação de alerta para o mesmo.

No Gráfico 4 pode-se notar que todos os pontos amostrais estão com umidade alta. O
ponto amostral 01 passa do limite máximo recomendável pela Resolução n°09/2003 da
ANVISA, atingindo os 68% de umidade, números elevados para a ocasião, os outros dois
pontos amostrais permaneceram próximos ao limite máximo recomendável, contatando-se que
os três pontos amostrais encontram-se com níveis altos de umidade do ar.

Valores de aferimento da umidade Novembro 2019


70 54,1
Umidade [%]

40,4 Umidade
50
Valor minimo recomendável = 35%
27,4 Valor máximo recomendável = 65%
30
Umidade ponto externo = 29.5%
10
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos Amostrais

Gráfico 3 - Valores de aferimentos da umidade em novembro de 2019. Fonte: Elaborado pelos autores.

33
Valores de aferimento da umidade Março 2020
80 68
61,3 57,1
Umidade
Umidade[%]

60

40 Valor minimo recomendável = 40%

Valor máximo recomendável = 65%


20
Umidade ponto externo = 65%
0
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos Amostrais

Gráfico 4 - Valores de aferimentos da temperatura em março de 2020. Fonte: Elaborado pelos autores.
Como aconteceram duas situações distintas na análise da umidade do ar, acima e abaixo
do intervalo estabelecido pela ANVISA, deve-se analisar as duas situações.

Primeiramente ambientes muito úmidos podem provocar, problemas de saúde, ou


despertar algumas complicações, principalmente respiratórias.

Em segundo caso o maior malefício da baixa umidade do ar é a desidratação das células,


principalmente da pele e das mucosas. Narinas e olhos ressecados, cansaço e dor de cabeça são
sintomas que podem aparecer quando faltam água e sais minerais no organismo. Com o tempo
seco cresce a prevalência de doenças como rinite e conjuntivite alérgicas, pois os agentes
causadores das alergias – como poeira, poluição e pelos de animais – ficam mais tempo
suspensos no ar.

A principal medida para o controle da umidade considerando que todos os pontos


amostrais são climatizados com sistemas tipo Split e não é possível adequar o mesmo, é
promover a renovação de ar por meio de grelhas no ambiente. De qualquer maneira é necessária
a instalação de um sistema com ventilador a fim de injetar ar externo continuamente, passando
por filtros e distribuindo o ar por dutos em cada ponto amostral discutido acima.

A velocidade do ar em todos os pontos se encontra dentro do valor máximo


recomendável que é < 0,25 m/s conforme determina a Resolução nº 09/2003 da ANVISA.

6.4. FUNGOS, AERODISPERSÓIDES E DIÓXIDO DE CARBONO

34
Para análise da qualidade do ar e garantia da saúde dos ocupantes tornou-se
imprescindível as análises microbiológicas e química dos pontos amostrais estudados, seguem
abaixo os procedimentos adotados, bem como a descrição das análises realizadas.

6.4.1. Microbiológico: Fungos Ar Interno E Externo

Para medidas de verificação e análise microbiológica a Resolução n°09/2003 da


ANVISA trás parâmetros para controle dos contaminantes conforme descrito na Tabela 11.

Tabela 11 - Metodologia de análise e coleta para parâmetros microbiológicos (fungos). Fonte:


Elaborado pelos autores.
Parâmetros Unidade Metodologia VMR
de Medida
Fungos viáveis-Ar interno UFC/m³ NT 001-RE nº 09, ANVISA - até 750
Ensaio
Relação I/E NA Contratada ≤1,5

Os padrões de referência estabelecidos na Resolução nº09/2003 da ANVISA, no


que se refere à contaminação microbiológica, determinam que o Valor Máximo
Recomendável (VMR) deve ser < 750 UFC/m³ (UFC= Unidades Formadoras de Colônias) de
fungos ou que a relação entre ambiente interno/externo (I/E) seja < 1,5, onde “I” é a
quantidade de fungos no ambiente interior e “E” é a quantidade de fungos no ambiente exterior.
Ainda ressalta que quando este valor for ultrapassado ou a Relação I/E for > 1,5, se faz
necessário uma busca pelas fontes contaminantes para uma intervenção corretiva, sendo
inaceitável a presença de fungos patogênicos e toxigênicos. Porém conforme descrito na Tabela
12 os resultados obtidos para os pontos amostrais internos ficaram razoavelmente abaixo do
valor máximo permitido.

Tabela 12 - Resultados do ensaio microbiológico interno. Fonte: Elaborado pelos autores.


Ponto Amostral Fungos Ar Interno Relação
UFC/m³ até 750 I/E ≤ 1,50
1 Sala 07 80 0,52
2 Sala 26 60 0,39
3 Laboratório 06 45 0,29

35
O resultado para o ponto amostral externo manteve-se abaixo do valor máximo
recomendável pela ANVISA, como pode ser visto na Tabela 13.

Tabela 13 - Resultados do ensaio microbiológico externo. Fonte: Elaborado pelos autores.


Fungos Ar Externo Média dos Resultados
Ponto Amostral UFC/m³ UFC/m³
até 750
4 Estacionamento 155 155

O Gráfico 5 aponta os resultados obtidos na coleta de fungos para o ar interior e para o


ar exterior, com a intenção de calcular a relação dos pontos amostrais internos com o ponto
amostral externo.

A principal fonte dos contaminantes encontrados é o alto índice de umidade, isso pode
acontecer devido ao acúmulo de vapor d’água, devido a problemas de vazamentos, penetração
da água da chuva por meio de janelas sem isolamento adequado e até mesmo problemas durante
a construção da edificação.

Valores de aferimento de fungos


1000
Fungos [UFC/m³]

750
Fungos
500
Valor máximo recomendável = 750
250 UFC/m³
45 80 60
Fungos ar externo = 150 UFC/m³
0
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos Amostrais

Gráfico 5 - Valores de aferimento de fungos internos e externos. Fonte: Elaborado pelos autores.
Os resultados obtidos no Gráfico 5 estão abaixo do limite máximo recomendável pela
Resolução n° 09/2003 da ANVISA, que é de 750 FC/m³, porém ficou evidenciado que estes
fungos estão presentes e devem ser combatidos para o bem estar de todos os usuários.

36
Relação I/E - Fungos
1,75
Relação I/E 1,5
1,25
1 Relação I/E
0,75 0,52
0,39 0,29
0,5 Valor máximo recomendável = 1.5
0,25
0
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos amostrais

Gráfico 6 - Relação interna/externa de fungos. Fonte: Elaborado pelos autores.


A relação entre ambiente interno/externo (Relação I/E) apresentado no Gráfico 6 em
todos os ambientes apresentou-se abaixo do padrão recomendável pela ANVISA que é <1,5,
porém o ponto amostral 01 (laboratório 06) deve ser analisado com atenção, considerando que
o ambiente fica frequentemente fechado, com pouca ventilação natural e possui um grande
número de cadeiras estofadas que contribuem para a proliferação de fungos, ácaros e bactérias.

A Resolução n° 09/2003 da ANVISA estabelece medidas para corrigir os fatores que


prejudicam a qualidade do ar causados por fungos, as principais são: corrigir a umidade
ambiental; manter sob controle rígido vazamentos, infiltrações e condensação de água;
higienizar os ambientes e componentes do sistema de climatização ou manter tratamento
contínuo para eliminar as fontes; eliminar materiais porosos contaminados; utilizar filtros G-
1 na renovação do ar externo. As medidas citadas serão adicionadas a um plano de ação.

6.4.2. Químico: Aerodispersóides

Para medidas de controle a Resolução n°09/2003 da ANVISA recomenda os parâmetros


para metodologia e controle de aerodispersóides demonstrados na Tabela 14.

Tabela 14 - Metodologia de análise e coleta para aerodispersóides. Fonte: Elaborado pelos autores.
Parâmetros Unidade Metodologia VMR
de Medida
Aerodispersóides µg/m³ NT 004-RE nº 09, ANVISA - Ensaio até 80

Segundo recomendação da ANVISA o limite permitido para existência de


aerodispersóides é de no máximo 80 µg/m3 totais no ar, como indicador do grau de pureza do
ar e limpeza do ambiente climatizado. Como pode ser observado na Tabela 15 os resultados
37
encontrados em todos os pontos amostrais estão próximos ao limite recomendável pela
ANVISA. Os resultados para os pontos amostrais são os seguintes:

Tabela 15 - Resultado do ensaio para aerodispersóides. Fonte: Elaborado pelos autores.


Ponto Amostral Aerodispersóides µg/m³

1 Sala 07 < 65,00

2 Sala 26 < 65,00

3 Sala 06 < 65,00

4 Estacionamento N.A.

No Gráfico 7 observa-se que todos os ambientes atingiram 65 µg/m³ de


aerodispersóides, valores bastante próximos da quantidade permitida pela Resolução n°09/2003
da ANVISA.

Valores de aferimento de aerodispersóides


Aerodispersóides [µg/m³]

100

80
65 65 65
60 Aerodispersódies

40
Valor máximo recomendável = 80 ug/m³
20

0
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos Amostrais

Gráfico 7 - Valores de aferimento de aerodispersóides. Fonte: Elaborado pelos autores.


Os contaminantes encontrados são em sua grande parte gerados por poeiras e fibras. A
ANVISA estabelece medidas a serem tomadas nos casos em que se encontram considerável
quantidade de aerodispersóides no ambiente, dentre as principais estão: manter filtragem de
acordo com NBR- 6402 da ABNT, evitar isolamento termo- acústico que possa emitir fibras
minerais, orgânicas ou sintéticas para o ambiente climatizado. reduzir as fontes internas e
externas, higienizar as superfícies fixas e mobiliários sem o uso de vassouras, escovas ou
espanadores. Estas medidas serão adicionadas ao plano de ação.

6.4.3. Químico: Dióxido De Carbono

38
No Gráfico 8 seguem os resultados obtidos após coleta relacionada aos níveis de dióxido
de carbono presente nos pontos amostrais analisados.

O valor máximo recomendado pela Resolução nº09/2003 da ANVISA para


contaminação de dióxido de carbono (CO 2) é de 1000 ppm, este como indicador de renovação
de ar externo, recomendado para conforto e bem-estar. Este limite é mantido pela falta de dados
epidemiológicos.

Porém o Gráfico 8 não mostra a quantidade de dióxido de carbono real apresentadas no


ambiente durante sua utilização normal, ou seja, quando está sendo utilizada por alunos. Devido
a fatores externos a coleta foi realizada em horário contrário as aulas, e no momento da coleta
havia apenas três pessoas presentes nos pontos amostrais, o que torna este resultado impreciso.
Porém o maior produtor de CO2 dentro de um ambiente fechado é o ser humano através de
atividade metabólica, ao analisar o Gráfico 8 novamente percebe-se que os níveis de CO2
presentes já são consideráveis mesmo com os pontos amostrais estando fora do seu uso habitual,
o que cria pontos de alerta para os pontos amostrais internos.

Valores de aferimento de dióxido de carbono


1200
Dióxido de Carbono [ppm]

1000
800 633 Dióxido de Carbono
600 509 517
400 Valor máximo recomendável = 1000
200 ppm
0
Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03
Pontos amostrais

Gráfico 8 - Valores de aferimento de dióxido de carbono. Fonte: Elaborado pelos autores.


A Resolução n°09/2003 da ANVISA determina que taxa de renovação do ar adequada
de ambientes climatizados será, no mínimo, de 27 m³/hora/pessoa e, portanto, a taxa de
renovação necessária para os pontos amostrais estudados pode ser vista na Tabela 16.

Tabela 16 - Taxa de renovação de ar adequada para os pontos amostrais estudados. Fonte: Elaborado
pelos autores.
Média de Taxa de
Ponto Amostral Quantidade de pessoas utilização renovação de
(pessoas) ar (m³/hora)
1ª Coleta 2ª Coleta

39
1 Laboratório 06 45 38 42 1120,5
2 Sala de aula 07 62 50 56 1512
3 Sala de Aula 26 33 22 22 742,5

A falta de renovação de ar, e a alta concentração de dióxido de carbono no ambiente


causam sonolência e dores de cabeça em seus ocupantes, interferindo diretamente no
desempenho e aprendizados dos alunos.

A Resolução nº09/2003 da ANVISA traz principais fontes de poluentes, como também


as medidas a serem tomadas em caso de contaminações do tipo que podem ser vistas na Tabela
17.

Tabela 17 - Possíveis fontes de poluentes químicos (CO2) e medidas de correção. Fonte: Adaptado de
ANVISA, 2003.
Agentes químicos Principais fontes em Principais medidas de correção em
ambientes interiores ambientes interiores

CO 2 Produtos de metabolismo Aumentar a renovação de ar externo.

Como consequência da não renovação de ar, levando em consideração que aparelhos


tipo Split com função apenas de recircular o ar, torna-se importante a criação de um método
para aumentar a taxa de renovação de ar adequada para os pontos amostrais.

A solução adequada é promover a circulação de ar exterior dentro dos pontos amostrais


estudados, como não é possível adequar o próprio sistema Split, é necessário promover a
renovação de ar por meio de grelhas renovação deve ser feita de acordo com o estabelecido na
ABNT NBR 16401-3 Instalações de ar condicionado – Sistemas centrais e unitários Parte 03:
Qualidade do ar, item 5 “Ventilação”.

Sendo assim é necessária a instalação de um sistema com ventilador a com o intuito de


injetar ar externo continuamente, passando por filtros e distribuindo o ar por dutos em cada
ambiente onde são instalados climatizadores do tipo Split.

6.5. PLANO DE MANUTENÇÃO OPERAÇÃO E CONTROLE

40
O artigo n° um da lei nº 13.589/2018 diz que todos os edifícios de uso
público e coletivo que possuem ambientes de ar interior climatizado artificialmente
devem dispor de um Plano de Manutenção, Operação e Controle - PMOC dos respectivos
sistemas de climatização portanto, é obrigatório a elaboração de um PMOC para o edifício 4R.

Seguindo a normativa ABNT NBR 13971, a Resolução da ANVISA nº09/2003 e o


manual de operação dos equipamentos de ar condicionado disponibilizados pela empresa
fabricante, o plano de manutenção operação e controle determina as principais atividades a
serem desenvolvidas, visando manter em condições normais de operabilidade dos
equipamentos.

A proposta do PMOC para os aparelhos de condicionamento de ar que atendem os


pontos amostrais estudados apresentada no presente trabalho, Tabela 18 buscou ordenar as
atividades de manutenção fornecendo a periodicidade da realização das mesmas, que foram
divididas em 05 grupos de atividades relacionados aos componentes dos equipamentos:
condicionadores de ar : casa de máquinas do condicionador de ar, dutos e acessórios, ambientes
climatizados e eletromecânica. Estes grupos visam distribuir as atividades de forma a facilitar
a execução da manutenção programada visando a melhoria da qualidade do ar, evitando-se
doenças aos ocupantes dos ambientes climatizados.

Onde:
M - Mensal
T - Trimestral
S - Semestral

Tabela 18 – PMOC elaborado para os equipamentos de condicionamento de ar dos pontos


amostrais analisados. Fonte: Elaborado pelos autores.
Instituição Centro Universitário do Distrito Federal – UDF
Edifício Reitor Rezende de R. Rezende - SEP/SUL EQ704 / 904 Conj.A s/n, Brasília – DF

Endereço

41
TAG Fabricante - Modelo Pavimento Localização
SPT-01 Fujitsu® - ASB30A1 1° Andar Laboratório 06
SPT-02 Fujitsu® - ASBA30JCC 1° Andar Laboratório 06
SPT-03 Fujitsu® - ASBA30JCC 1° Andar Laboratório 06
SPT-04 Fujitsu® - ASBA30JFC Térreo Sala de Aula 07
SPT-05 Fujitsu® - ASBA30JFC Térreo Sala de Aula 07
SPT-06 Fujitsu® - ASBA30JCC 2° Andar Sala de Aula 26

Local Tipo de atividade Nº de ocupantes

Laboratório 06 Sala de aula 42


Sala de aula 07 Sala de aula 56
Sala de aula 27 Sala de aula 22

Periodicid
Descrição da atividade Ações a serem adotadas
ade

a) Condicionador de Ar (do tipo "com condensador remoto" )

A1 Verificar e eliminar sujeira, danos e M Com auxílio de uma escova plástica, detergente
corrosão no gabinete, na moldura da neutro e água remover o material acumulado na
serpentina e na bandeja serpentina.
A2 Verificar a operação de drenagem de M Com auxílio de uma haste de metal desobstruir
água da bandeja dutos de drenagem
A3 Verificar o estado de conservação do M Com auxílio de escova plástica detergente
isolamento termoacústico (se está neutro e água retirar o bolor, caso desgastado
preservado e se não contém bolor) substituir o isolamento termoacústico por um
novo
A4 Verificar a vedação dos painéis de M Realizar análise visual e substituir a vedação
fechamento do gabinete: estado de por uma nova caso avaliação da conservação
conservação, verificar se está ressecada inconforme
ou rachada
A5 Lavar as bandejas e serpentinas com M Com o auxílio de uma escova plástica e
remoção do biofilme (lodo), sem o uso detergente neutro, realizar o processo de
de produtos desengraxantes e corrosivos remoção do material acumulado na serpentina
do refrigerador.
A6 Limpar o gabinete do condicionador M Utilizar pano macio com água e detergente
neutro para lavagem

42
A7 Verificar os filtros de ar M Remover os filtros do ar e inspecionar de
maneira visual a existência de sujeira, danos e
corrosão
A8 Medir a temperatura de insuflamento M Utilizar termômetro digital
Filtros de ar
A9 Verificar e eliminar sujeira, danos e M Remover os filtros de ar e com auxílio de
corrosão escova, sabão neutro e água lavar os filtros
A10 Verificar e eliminar as frestas dos filtros M Substituir filtro por um novo

b) Casa de Máquinas do Condicionador de Ar


B1 Verificar e eliminar corpos estranhos M Realizar limpeza ao redor com auxílio de
escova ou vassoura, detergente e água
B2 Verificar e eliminar as obstruções na M Averiguar se existe materiais que possam
tomada de ar externo obstruir a passagem de ar e retirar com auxílio
de escova ou vassoura, detergente e água
Tomada de ar externo
B3 Verificar e eliminar sujeira, danos e M Realizar limpeza com auxílio de uma escova
corrosão plástica, detergente neutro e água, eliminar
focos de oxidação e retocar pintura
B4 Verificar a fixação S Reaperto dos parafusos das bases dos
compressores e da condensadora e, reaperto
geral dos parafusos e conexões internas
B5 Medir o diferencial de pressão T Utilizar manômetro digital
B6 Limpar (quando recuperável) ou M Remover os filtros de ar e com auxílio de
substituir (quando descartável) o escova, sabão neutro e água lavar os filtros,
elemento filtrante caso haja dano por corrosão substituir filtro por
um novo
Registro de ar (“damper”) de retorno
B7 Verificar e eliminar sujeira, danos e M Com auxílio de um pano úmido remover
corrosão sujeira. Eliminar focos de oxidação e retocar
pintura

c) Dutos e Acessórios
C1 Verificar e eliminar sujeira (interna e M Remover sujeira com auxílio de um jato de
externa), danos e corrosão água aplicado dentro de duto, eliminar focos de
oxidação e retocar pintura
C2 Verificar e eliminar danos no M Observar se o isolamento térmico apresentar
isolamento térmico buracos ou cortes, caso positivo, remover área
ao redor e colocar um novo isolamento térmico

43
C3 Verificar a vedação das conexões M Retirar a conexão e realizar nova vedação após
verificação visual constatar comprometida

d) Ambientes Climatizados
D1 Verificar e eliminar sujeira, odores M Contactar equipe de manutenção do edifício e
desagradáveis, fontes de ruídos, solicitar remoção e limpeza dos ambientes
infiltrações, armazenagem de produtos conforme plano de ação: controle químico e
químicos, fontes de radiação de calor biológico Tabela 19
excessivo, e fontes de geração de micro-
organismos

e) Eletromecânica
E1 Leitura de tensão e corrente na fase R, M Utilizar multímetro para verificação
S e T do compressor
E2 Verificar atuação dos dispositivos de M Pressionar botão de teste e verificar se o
proteção dispositivo será “desarmado”, caso negativo,
substituir
E3 Testar atuação dos relés térmicos M Utilizar multímetro para verificação da
continuidade elétrica, caso negativo, substituir
o componente
E4 Verificar funcionamento dos motores M Verificar se a evaporadora parou de resfriar o
ventiladores da condensadora e da ambiente; verificar se a condensadora está
evaporadora fazendo barulho fora do normal
E5 Leitura de tensão e corrente na fase M Utilizar multímetro para verificação
E6 Medir sub-resfriamento do fluido T
Utilizar mainifold e a tabela do fluido
refrigerante
E7 Medir superaquecimento do fluido T
Utilizar mainifold e a tabela do fluido
refrigerante,
E8 Medir isolamento elétrico do S Utilizar c/ Megôhmetro 500V 1 kohm
compressor (Atual/Anterior)
E10 Testar e regular relé térmico do S Utilizar multímetro para verificação da
compressor continuidade elétrica, caso negativo, substituir
o componente
E11 Verificar funcionamento do termistor S Utilizar multímetro digital para verificação de
continuidade elétrica, substituir caso
inoperante
E12 Analisar quantidade de fluido
M Fazer recarga utilizando cilindro se necessário
refrigerante contida

44
O PMOC contido na Tabela 18 tem por objetivo garantir que o sistema de ar
condicionado que atende os pontos amostrais selecionados opere em condições normais de
utilização, garantindo a qualidade do ar interior e a saúde de seus ocupantes. As atividades
descritas na Tabela 18, deverão ser executadas por técnicos especializados em instalações de ar
condicionado na periodicidade recomendada.

6.5.1. Plano De Ação: Controle Químico E Microbiológico

As atividades a serem executadas para combater os agentes químicos e microbiológicos


que prejudicam a qualidade do ar nos pontos amostrais selecionados se dá a parte do PMOC,
devido ao fato de não se aplicarem aos aparelhos de condicionamento de ar diretamente, mas
sim ao espaço físico em si. As recomendações contidas na Tabela 19 seguem os padrões
estabelecidos pela Resolução nº09/2003 da ANVISA e deverão ocorrer mensalmente.

Tabela 19 – Plano de ação, controle químico e microbiológico. Fonte: Adaptado de ANVISA, 2003.
Descrição da Atividade
Microbiológicos
Corrigir a umidade ambiental; manter sob controle rígido vazamentos, infiltrações e condensação de
água; higienizar os ambientes e componentes do sistema de climatização ou manter tratamento
contínuo para eliminar as fontes; eliminar materiais porosos contaminados; eliminar ou restringir
vasos de plantas com cultivo em terra, ou substituir pelo cultivo em água (hidroponia).
Higienizar as superfícies fixas e mobiliário, especialmente os revestidos com tecidos e tapetes;
restringir ou eliminar o uso desses revestimentos.
Aerodispersóides
Evitar isolamento termo- acústico que possa emitir fibras minerais, orgânicas ou sintéticas para o
ambiente climatizado; reduzir as fontes internas e externas; higienizar as superfícies fixas e
mobiliários sem o uso de vassouras, escovas ou espanadores; selecionar os materiais de construção e
acabamento com menor porosidade; adotar medidas específicas para reduzir a contaminação dos
ambientes interiores (vide biológicos); restringir o tabagismo em áreas fechadas.
Selecionar os materiais de construção, acabamento, mobiliário; usar produtos de limpeza e
domissanitários que não contenham COV (Compostos Orgânicos Voláteis) ou que não apresentem
alta taxa de volatilização e toxicidade.
Dióxido de carbono
Aumentar a renovação de ar externo.

45
As atividades descritas na Tabela 19 deverão ser executadas mensalmente em todos os
pontos amostrais estudados de forma conjunta ao PMOC, porém, estas atividades deverão ser
executadas pela equipe de manutenção predial que atenda o edifício 4R.

46
7. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS

Neste capítulo serão apresentadas as conclusões do presente trabalho e as perspectivas


para a continuidade dos trabalhos nesta área de estudo.

7.1. CONCLUSÕES

A elaboração do PMOC direcionado especificamente para as salas selecionadas do


edifício 4R foi necessária para demonstrar os benefícios que sua aplicação pode gerar para a
saúde dos seus ocupantes ao identificar e combater a má qualidade do ar interno.

A proposta do PMOC elaborado ordenou as atividades de manutenção fornecendo a


periodicidade de sua realização, que foram divididas em cinco grupos de atividades
relacionados aos componentes dos equipamentos de acordo com a normativa ABNT NBR
13971, visando facilitar a execução da manutenção programada. Os grupos são:
condicionadores de ar, casa de máquinas do condicionador de ar, dutos e acessórios, ambientes
climatizados e eletromecânica. Além das atividades relacionadas ao PMOC, foram criadas
atividades ligadas a limpeza dos pontos amostrais, que foram vinculadas ao PMOC como um
plano de ação que deverá ser executado mensalmente.

Durante o levantamento dos equipamentos analisados que atendiam os pontos amostrais


estudados, constaram-se condições ideais de operabilidade, conforme recomendável pela norma
ABNT NBR 16401- 1. As unidades evaporadoras estavam instaladas em locais de fácil acesso
dentro das salas e, as condensadoras estavam instaladas no exterior do edifício no piso térreo,
o que facilitará futuras manutenções programadas do PMOC elaborado.

A análise dos parâmetros físicos, temperatura e umidade, identificou o melhor e o pior


ponto amostral no ponto de vista de qualidade de ar interno com base na Resolução n°09/2003
da ANVISA. O ponto amostral 01, apresentou os resultados coletados mais desfavoráveis,
temperatura de 22.7 °C e umidade do ar de 27.4 % (novembro de 2019), temperatura de 22.9
ºC e umidade do ar de 69 % (março de 2020), todos os resultados estão fora do intervalo
recomendável pela ANVISA. O ponto amostral 02 apresentou temperatura de 23 °C e umidade
do ar de 40.40 % (novembro de 2019), temperatura de 23.5 C° e umidade do ar de 61.3 %
(março de 2020), apresentando os melhores resultados , permanecendo fora da faixa

47
recomendável pela ANVISA apenas no aferimento da temperatura em novembro de 2019. O
ponto amostral 03 apresentou temperatura de 24 °C e umidade do ar de 54. 1% (novembro de
2019), temperatura de 22.9 °C e umidade do ar de 57.1 % (março de 2020), os dois resultados
de temperatura ficaram fora do intervalo recomendável pela ANVISA, entretanto os resultados
da umidade do ar ficaram dentro do intervalo recomendável pela ANVISA.

Os parâmetros químicos e microbiológicos constataram o ponto amostral 02 com níveis


mais elevados de contaminação por dióxido de carbono, com 633 ppm e, contaminação por
fungos de ar interno com 80 UFC/m³. Já os pontos amostrais 01 e 03 obtiveram menores taxas
de contaminação química e microbiológica, por dióxido de carbono 509 ppm e 517 ppm, e
contaminação por fungos de 45 UFC/m³ e 60 UFC/m³ respectivamente. A contaminação por
aerodispersóides registrou o mesmo valor nos três pontos amostrais, 65 µg/m³.

Dentre os pontos amostrais estudados, o 03 (sala 26) foi considerado o melhor e, o ponto
amostral 01 (laboratório 06) o pior de acordo requisitos de QAI estabelecidos na Resolução
n°09/2003 da ANVISA.

O parâmetro analisado mais preocupante é o nível de dióxido de carbono contido nos


pontos amostrais, pois mesmo fora do período de aulas registrou em média nos três pontos a
metade do valor máximo recomendável pela Resolução n°09/2003 da ANVISA (1000 ppm),
registrando 509 ppm, 633 ppm e 517 ppm, pontos amostrais 01, 02 e 03 respectivamente,
indicando que os níveis reais (durante as aulas) podem ser consideravelmente maiores que o
recomendável, considerando que o dióxido de carbono é produzido pelo metabolismo humano.

A qualidade do ar interior dos pontos amostrais analisados foi considerada inadequada,


uma vez que por meio do inventário constatou que todos aparelhos são do tipo Split, e este
sistema não prevê a renovação de ar nos ambientes conforme recomendação da norma ABNT
NBR 16401-3, sendo este o principal fator que prejudica a QAI nos pontos amostrais estudados,
a não renovação de ar.

Visando coletar amostras de ar que representassem todo o edifício, os pontos amostrais


foram selecionados de forma homogênea, divididos de maneira a abranger os principais
pavimentos de utilização do prédio conforme Resolução n°09/2003 da ANVISA, e como todo
o sistema de condicionamento de ar do edifício é o mesmo, o PMOC elaborado poderá
seguramente ser implantado em todo o edifício, validando a metodologia empregada neste
trabalho.

48
O presente trabalho, elucidou indícios significativos do quanto manutenções planejadas
são indispensáveis para a conservação dos equipamentos de condicionamento de ar e essenciais
para a saúde e bem estar dos usuários, o que explicita a necessidade de um PMOC para manter
os padrões de QAI estabelecidos pelas legislações e normas vigentes.

7.2. PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS

Os dados químicos e microbiológicos que devido a fatores externos não puderam ser
coletados durante a utilização dos pontos amostrais pelos alunos, gerou resultados imprecisos,
principalmente no momento da análise da quantidade de dióxido de carbono, dificultando a
elaboração do plano de ação para a correção da contaminação gerada por este gás.

Recomenda-se para trabalhos futuros a incorporação dos custos relacionados a


elaboração do PMOC para o edifício 4R. Recomenda-se também a elaboração de um projeto
de instalações focado na renovação de ar para todas as salas do edifício 4R.

Por fim, sugere-se também a análise para a implementação de um sistema central de ar


condicionado e a sua automação para atender todo o edifício 4R, tal medida poderia resolver os
problemas encontrados neste trabalho relacionados a renovação de ar, que é bastante
inadequada.

49
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16401 - 2: Instalação de ar-


condicionado – Sistemas centrais e unitários Parte 2: Parâmetros de conforto térmico.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16401 - 3: Instalação de ar-


condicionado – Sistemas centrais e unitários Parte 3: Qualidade do ar.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 9, de 16 de


janeiro de 2003.

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