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DIVERSIDADE: UM OLHAR SOBRE O IDOSO

Mestranda:.Márcia Mendes Marquez de Oliveira


UEG- Mestrado Interdisciplinar de Educação, Linguagens e
Tecnologias.
Bolsista Fundação de Amparo de Pesquisa do Estado de
Goiás-FAPG
Marciamendes.polouab.uruacu@gmail.com

INTRODUÇÃO
A diversidade é reconhecida no Brasil em virtude da inclusão, em defesa das
minorias, que sofrem discriminação por pertencerem a grupos diferentes.
Neste contexto, o idoso à luz da legalidade, é reconhecido e amparado por diversas
leis, como a Carta Magna (1988) e o Estatuto do Idoso (2003), que asseguram o direito de
cidadania.
Esse artigo foi elaborado com o objetivo de compreender o processo de inserção
social do idoso, haja vista que o aumento da expectativa de vida da população tem aumentado
e consequentemente, a vida ativa do sujeito também se ampliou.
Neste sentido, o foco deste estudo refere-se à compreensão das condições do idoso no
contexto social atual e os amparos legais existentes, que possibilite sua condição como
cidadão.
As questões sociais referentes aos idosos foram contempladas em diversos
instrumentos legais, e pertence também à diversidade. Mesmo assim, é evidente a fragilidade
da oferta da educação ao tratar e lidar das questões referentes aos idosos, conforme
estabelecido no Estatuto do Idoso. Partindo deste pressuposto, percebe-se a necessidade de
formação do idoso, para que possa exercer sua cidadania e interagir nos diversos segmentos
sociais.
Para responder ao objetivo deste artigo, as investigações foram pautadas em um estudo
qualitativo, tendo como referência a CF (1988), o Estatuto do Idoso (2003) e autores como:
Bulgareli (2004), Brandão (1986), Kachar (2005), Arcuri (2005), Saji (2005), Mantoan
(2003), dentre outros.
A pesquisa comprova a necessidade de ampliação da oferta de formação para o idoso,
visando a total interação do mesmo na sociedade contemporânea para ter o direito de exercer
sua cidadania.

OBJETIVO (S)
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Compreender o processo de inserção social do idoso, haja vista que o aumento da


expectativa de vida da população tem aumentado e consequentemente, a vida ativa do sujeito
também se ampliou.
Conhecer os instrumentos legais que asseguram a inserção social do idoso.

METODOLOGIA
Como metodologia foi utilizada a pesquisa qualitativa, utilizando referenciais de
autores renomados que tratam da problemática abordada como: Bulgareli (2004), Brandão
(1986), Kachar (2005), Arcuri (2005), Saji (2005), Mantoan (2003) entre outros. No Brasil, a
Constituição Federal (1988) e o Estatuto do Idoso (2003), determinam o amparo legal e a
proteção do idoso em todos os aspectos que asseguram qualidade de vida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O termo diversidade no dicionário Ferreira (2010), refere à qualidade de diverso e
também variedade (em oposição à identidade); multiplicidade que possui uma amplitude
referente às questões de raça, etnia e gênero, a qualquer diferença individual entre as pessoas.
Assim como Barreto; Reis (2011) refere à expressão “diversidade”, tem sido
frequentemente empregada com múltiplos significados: na área social, física, emocional,
ambiental, mas, sobretudo cultural.
Ao mesmo tempo, o termo diversidade pode ser abrangente a ponto de considerar
todas as particularidades de um indivíduo, dependendo da capacidade que se tem de separar
os grupos dentro de uma sociedade, a sua definição pode ficar restrita, considerando-se apenas
um grupo formado por maioria e outro formado pelas minorias. (SAJI, 2005).
Entende-se que é um campo de fragilidades sociais, visto que dependendo do
contexto de análise, pode servir de conflitos na separação de grupos dentro da sociedade.
Contudo, no Brasil, existem diretrizes legais para esclarecimento sobre a diversidade.
A diversidade representa a existência de sujeitos à margem da sociedade e excluídos
pela condição da diferença, que por tempos foi considerada deficiência, o que corresponde a
desigualdade.
Conforme Bulgarelli (2004, p. 07),
[...] a abrangência do conceito de diversidade como valor fortalece e se
fortalece com o movimento de Responsabilidade Social Corporativa porque,
além de tudo, está identificada com os interesses legítimos da sociedade e
contribui para a superação de desigualdades intoleráveis geradas pela
discriminação arbitrária, sem justificativa, injustas, portanto.
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Todos os aspectos que tratam da convivência social correspondem a formas de


conhecer o outro, enquanto ser que pertence à mesma sociedade.
Assim, Mantoan (2003) observa que:
As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, enfim, a
diversidade humana está sendo cada vez mais desvelada e destacada e é
condição imprescindível para se entender como aprendemos e como
compreendemos o mundo e a nós mesmos (p.16).

Ressalta-se a alteridade além do pensar, refletir e analisar a prática social entre os


envolvidos na sociedade atual como também na área educacional por ser a referência de
formação.
Neste aspecto, Brandão (1986, p.09), chama a atenção alertando sobre a condição da
educação: “não há uma forma única nem um modelo único de educação: a escola não é o
único lugar onde ela acontece e talvez, nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única
prática e o professor profissional não é o seu único praticante”.
Mesmo a escola não sendo o único modelo e nem a única forma de educação, há de se
considerar que é a escola e a única instituição que pode garantir formação para todos. A
escola traz um legado de ensinagem que perdura desde o seu surgimento, como continuidade
da oferta realizada na instituição familiar.
Para compreender melhor a sistematização da sociedade referente às condições sociais,
a diversidade é reconhecida, tornando-se necessário conhecer a legalidade.
O foco deste estudo refere-se à compreensão das condições do idoso no contexto
social atual e os amparos legais existentes, que possibilitam sua condição como cidadão.
A legalidade sustenta as condições mínimas de qualidade de vida de qualquer sujeito
humano. Neste sentido, busca - se a sustentação dos direitos humanos a partir da compreensão
da Constituição Federal do Brasil (1988), que traz em seu preâmbulo os dizeres sobre o idoso;
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado
a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (BRASIL, 1988).

A constituição é a Carta Magna do Brasil, que estabelece a segurança, igualdade, os


direitos sociais e individuais de forma democrática, assim como, subsequentemente, aos
artigos e incisos que apresentam: no artigo 1º inciso III, o fundamento da dignidade da pessoa
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humana; no artigo 3º, estipula em seus objetivos promover o bem de todos, sem preconceito
ou discriminação para qualquer sujeito independente da idade do cidadão.
São fundamentos do Estado Democrático; a cidadania e a dignidade da pessoa
humana. Além dos amparos legais supracitados, tem-se nos países democráticos, a Declaração
dos Direitos Humanos que reforça as leis, como também, apresenta algumas especificidades
aos idosos.
Realçando o estabelecido na Carta Magna de 1988 temos, em seu artigo nº 229, a
obrigatoriedade de amparo dos filhos maiores aos pais na velhice, carência ou enfermidade;
no artigo nº 230 determina que a família, a sociedade e o estado têm o dever de amparar o
idoso, garantindo a participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar,
direito à vida, garantindo sua cidadania.
Estudos de Braga (2005) referem-se à Constituição Federal de 1988, como resultante
de organização e reivindicações de direitos por parte dos idosos que ganhou repercussão
social.
Conforme autora Braga (2005, p.108),
[...] a referência ao idoso não consiste apenas na longevidade, mas ao
envelhecimento com dignidade, respeito, proteção e inserção social, confere
também o direito a igualdade junto às demais pessoas e ressalta a
importância do direito a cidadania, assim como as condições em promover,
conservar capacidade de analisar e compreender a realidade política e social,
criticá-la e atuar sobre ela e provê seu próprio sustento.

Assim sendo, para que o idoso consiga estabelecer algumas necessidades básicas, são
necessárias para a efetivação da plena cidadania formação e acessibilidade aos recursos
existentes na sociedade hoje no meio comunicacional. Esta é uma realidade no Brasil que
necessita de ações e intervenções, pois, o número de idosos analfabetos ou de baixo
letramento, ainda é expressivo no país, sendo mais acentuado em algumas regiões.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o
grupo de idosos de 60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em
2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e
jovens com até 29 anos. Os dados apontados pelo censo referentes ao envelhecimento têm
crescido significativamente nos últimos anos.
Um número importante para entender o crescimento da população idosa é a
razão de dependência total, que leva em conta o quociente de pessoas
economicamente dependentes e o de potencialmente ativas, dividido entre
dependência de jovens e dependência de idosos. Entre 2002 e 2012
aumentou de 14,9 para 19,6 a razão de pessoas de 60 anos ou mais para cada
grupo em idade potencialmente ativa. A expectativa é que esse número
triplique nos próximos 50 anos, chegando a 63,2 pessoas de 60 anos ou mais
para cada 100 em idade potencialmente ativa em 2060. (IBGE, 2010).
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Assim confirma (BRAGA, 2005, p. 134). "Deve ser efetivamente assegurado a todo
idoso, o direito de associação e convívio, garantindo a participação no processo de produção,
reelaboração e fruição dos bens culturais, educacionais e sociais".
Outros estudos apontam e confirmam a posição da autora no que confere ao idoso, tais
como Moraes (2007, p. 805) que acrescenta que:
O Estado tem obrigações com o cidadão da terceira idade, que é o absoluto
respeito aos direitos humanos fundamentais e que resguarde a dignidade
humana nos aspectos individual como comunitário, espiritual e social,
relaciona-se diretamente com a previsão constitucional de consagração da
dignidade da pessoa humana.

Conforme os autores supracitados, torna-se evidente a necessidade de proteção ao


idoso, assegurando-lhe condições favoráveis para a melhoria da sua qualidade de vida. Na
continuidade de proteção e seguridade da qualidade de vida é assegurado ao idoso outra lei
que é o Estatuto do Idoso.
Em 1º de outubro de 2003 é instituído a Lei nº 10.741, nominada por Estatuto do
Idoso pelo Presidente da República, que traz em seu Art. 1o: “É instituído o Estatuto do Idoso,
destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos”.
Outro texto que está na lei com a composição de seis artigos, refere ao Capítulo V
que trata da Educação, Cultura, Esporte e Lazer.
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de
idade.
Art. 21.O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação,
adequando currículos, metodologias e material didático aos programas
educacionais a ele destinados.
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas
de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua
integração à vida moderna.
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural,
para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no
sentido da preservação da memória e da identidade culturais.
Art. 22.Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão
inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à
valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
conhecimentos sobre a matéria.
Art. 23.A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será
proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento)
nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem
como o acesso preferencial aos respectivos locais.
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais
voltados aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e
cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento.
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Art. 25.O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as


pessoas idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos, de conteúdo
e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a
natural redução da capacidade visual. (BRASIL, 2003).

Mediante os artigos que tratam de questões peculiares imprescindíveis para o idoso,


questiona-se a referência do Artigo 21 e o Parágrafo 1º, onde específica o acesso a educação
com as respectivas adequações, como também, os cursos para aprendizagem das técnicas de
comunicação, computação e demais avanços tecnológicos.
Sabe-se que as questões que se referem ao idoso também apresenta assegurada pela
diversidade e ainda assim, percebe-se uma fragilidade da educação em tratar e lidar das
questões referentes aos idosos em atendimento ao próprio estatuto.
A população idosa está em ascensão e, conforme as estatísticas deverão permanecer
por muitos anos. Sendo assim, os problemas referentes à exclusão do idoso tendem a
aumentar, uma vez que ações para atender o idoso acontecem isoladas e não são suficientes
para o atendimento dessa diversidade que requer maiores esclarecimentos, visando melhor
compreender os caminhos a seguir para tornar o universo do idoso com mais qualidade de
vida.
A pesquisadora Kachar (2003) complementa dizendo que “o envelhecimento não é
algo que se dá a partir dos 60 anos, apesar de ser uma idade demarcada para a categoria de
idosos, é um processo contínuo, tanto nos aspectos biológicos como sociais” (p. 38).
Desta forma, o envelhecer se apresenta como um processo muito além de alterações
biológicas que acometem o indivíduo a partir dos 60 anos; é algo que acontece ao longo de
nossas vidas, e depende da influência de fatores que se interrelacionam, como biológicos,
sociais e psicológicos.
Segundo Simões (1998),
[...] caracterizar uma pessoa idosa é um desafio, uma vez que a sua
complexidade reside na utopia de traçar um perfil da pessoa humana em face
de suas peculiaridades. As várias capacidades do indivíduo também
envelhecem em diferentes proporções, razão porque a idade pode ser
biológica, psicológica ou sociológica. (SIMÕES, 1998, p. 25)

Nem sempre a idade cronológica é o principal requisito para o comportamento do


idoso visto que existem particularidades que interferem no processo de envelhecimento tanto
que, na realidade atual é possível encontrar uma diversidade de idosos em plena atividade
produtiva, enquanto outros não possuem essa mesma característica, mantendo total
dependência dos familiares.
Para Zimerman (2000), com o envelhecimento, o corpo se altera, trazendo inúmeras
doenças relacionadas ao envelhecer. Surgem as doenças degenerativas, os problemas de
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apetite e sono, os esquecimentos, as perdas de visão e audição, assim como os


comprometimentos cognitivos.
Os problemas sociais referem-se à aposentadoria, o isolamento social, a diminuição
da renda financeira, a perda do status e do prestígio social.
No que se refere às questões sociais relacionadas ao envelhecimento, Arcuri (2005)
acredita ser esta uma dimensão constituída pela sociedade, onde o indivíduo inicia um
processo de perdas sociais, devido ao afastamento da família em consequência do casamento
de filhos e netos, a redução das relações sociais, a perda do prestígio social devido à
aposentadoria, dentre outros. Esses fatores influenciam diretamente nas questões emocionais e
causam o isolamento social.
Sobre o envelhecimento social, Mercadante (2002, p. 64) afirma que “o homem não
vive nunca em estado natural; na sua velhice, como em qualquer idade, seu estatuto lhe é
imposto pela sociedade à qual pertence”.
Guidi e Moreira complementam (1996) que,
O lugar que a pessoa ocupa no sistema de produção reflete sua posição no
sistema social, repercutindo em sua identidade. É difícil a preparação para a
aposentadoria. A reconstrução do cotidiano é demorada e não se processa de
uma hora para outra. A aposentadoria causa uma fratura na interação social.
(GUIDI;MOREIRA, 1996, p. 146).

Assim, o reconhecimento da velhice pelo próprio indivíduo pode causar sérias


consequências para sua vida, uma vez que a ruptura com uma vida produtiva e a realidade da
aposentadoria pode ser frustrante.
Em relação aos aspectos emocionais, o sentido de vida e a identidade muitas
vezes vão se diminuindo pouco a pouco. As perdas recorrentes, o abandono
social, o apelo da jovialidade pela sociedade contemporânea, a solidão e o
desgaste dos anos, vão se somando e contribuindo com doenças que
acometem não só o corpo físico como também à alma (GATTO,
2002;SALGADO, 1982).

As transformações que ocorrem no processo de envelhecer são muitas. Sobre elas,


Papalia e Olds (2000, p. 432) afirmam que: “algumas mudanças fisiológicas são resultado
direto do envelhecimento, mas fatores comportamentais e de estilo de vida, que remontam à
juventude, muitas vezes afetam seu momento de ocorrência e sua extensão”.
A sociedade consumista que predomina na atualidade, valoriza os padrões e normas
de beleza estabelecidos pela mídia, predominando a jovialidade, a beleza esculpida, o
dinamismo, o novo saber, a cultura digital, a proatividade, a energia e a disposição para
competir.
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Neste contexto, ter mais de 60 anos representa diversos desafios, sobretudo no que se
refere à inclusão de novos saberes neste novo mundo digital, onde todos têm um papel
predefinido a desempenhar até os 50 anos, pois após esta etapa os papeis se tornam obsoletos.
[...] em nossa cultura não existe a ideia clara do ciclo da vida, recebemos um
intenso treinamento para apenas a metade dela. Temos um “script” social
muito claro a seguir até a idade de 50 anos. Quanto a isso não há dúvida.
Mas depois de ter cumprido os deveres, por assim dizer (estudar, se
profissionalizar, casar, ter filhos, se aposentar, etc.) o que fazer com os
próximos 10, 20, 30 ou 40 anos de existência? Onde está a orientação sobre
essa etapa da vida humana que doravante, será o tempo mais longo de nossa
existência? (ARCURI, 2005, p. 14).

A autora nos faz refletir sobre a necessidade de rompermos com estereótipos que a
sociedade nos impõe a todo momento sobre a velhice, lançando questionamentos sobre nossos
próprios conceitos e nos encorajando a abandonar uma visão antiga. Incentiva ainda, a prática
de ideias e ações socializadoras, considerando essa nova forma de enxergar e tratar a velhice
um grande desafio que a modernidade propõe ao homem.
Kachar (2005) afirma que é preciso
[...] considerar e destacar a face da velhice que não seja só associada a um
tempode aposentar-se, de doenças e de declínio de capacidades e
potencialidades, pois dependerá do processo existencial de cada indivíduo, já
que o envelhecimento é resultado de uma trajetória de vida. (KACHAR
2005, p. 134).

Neste sentido, como propõe ambas as autoras, a velhice deve ser considerada como
resultado de uma vida influenciada pelas questões sociais e não como sinônimo de declínio e
inutilidade.
Essas reflexões sobre a velhice e as questões sociais que implicam o papel social do
idoso nos remetem à necessidade à formação voltada para o idoso, uma vez que o aumento da
expectativa de vida da população que requer a oferta de oportunidades da inclusão social para
este público que hoje representa a minoria, mas cuja tendência é aumentar no futuro bem
próximo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aumento da expectativa de vida da população brasileira evidencia o crescimento da
população idosa. Consequentemente, surgem as questões sociais referentes ao envelhecimento
que ocasionam a exclusão e isolamento social do idoso.
Apesar do amparo, via instrumentos legais, os problemas sociais que são eminentes
na vida social do idoso, tais como a aposentadoria, o isolamento social, a diminuição da renda
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financeira, a perda do status e do prestígio social, assim como a dependência dos familiares
tendem a aumentar, pois ainda prevalece a crença da improdutividade na velhice.
A oferta de formação voltada a esse público é muito restrita, prevalecendo o
analfabetismo e o baixo letramento que geram a exclusão social do idoso.
Sendo assim, é preciso implementação de políticas públicas voltadas para a formação
do idoso, tanto nos aspectos de letramento como de apropriação das tecnologias, uma vez que
estão inseridos num universo tecnologisado e cada vez mais, chegam à velhice ativa, com
perspectivas de produtividade.

AGRADECIMENTOS
Agradeço a oportunidade de participar deste evento que oportuniza para todos os
discentes, docentes e pesquisadores à possibilidade de partilhar e socializar conhecimentos
que enriquecem o universo acadêmico e a sociedade. Agradeço ao fomento por meio da
FAPEG que tem possibilitado a continuidade de formação.

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