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BELLA JEWELL

traduções

BELLA JEWELL
Um único momento muda tudo.
Em uma respiração, você pode ter tudo.
Meio minuto depois, tudo pode desaparecer.
Desaparecer para sempre.

Essa era eu.


Eu tinha tudo.
E então, numa reviravolta cruel do destino, tudo foi
tirado de mim.
Uma linda vida repentinamente perdida.
Mas ele estava lá.
Ele estava lá para me pegar quando eu cai.
Para me proteger.
Meu salvador. Minha rocha de apoio.

Ele era um estranho.


Somente um estranho sem identidade e com um
rosto que eu nunca vou esquecer.
Não posso esquecer.
Não vou esquecer.
Mas, como todo o resto, ele somente desapareceu.
Como se nunca tivesse existido.
Eu tenho que encontrá-lo.
Eu preciso encontrá-lo.
Ele tem que saber que me salvou.
Ele tem que saber que naquele momento fugaz,
ele foi tudo o que eu consegui enxergar.

BELLA JEWELL
Como sempre, os meus sinceros agradecimentos a todos os bloggers,
leitores e autores que tem apoiado a minha jornada. Por ler os meus livros,
por compartilhá-los, por ficarem loucos sobre eles, por estarem lá para
mim. Obrigada. Minha carreira não seria nada sem nenhum de vocês.
Um enorme agradecimento ao Kylie da Give Me Books, por organizar
a minha escrita. Você faz um trabalho incrível. Não importa quantas vezes
eu irei usá-lo, estou sempre falando de como eficiente você é. Nada é
sempre um drama. Obrigada por me dar tanto apoio.
Um enorme agradecimento a Kellie da Book Cover By Design, por esta
capa épica. É absolutamente linda, e eu não poderia ter imaginado algo
melhor. Você conseguiu o que eu queria, um obrigada com “O” bem grande.
Para Carol da Blurb Bitch, obrigada por trabalhar nesta sinopse
comigo para torná-la épica, a obra-prima que é. Eu não posso agradecer o
suficiente pelo tempo e esforço que colocou em ajudar com isso. Eu
realmente aprecio isso.
Para Lauren, minha editora épica. Você é a melhor coisa desde o pão
fatiado, nenhuma mentira. Você seriamente é a melhor pessoa de sempre
para se trabalhar. Você é rápida e suas notas sempre me fazem rir.
Ninguém mais, jamais, poderia manter-se com o meu ritmo de escrita, mas
você sempre consegue.
Um grande e sincero agradecimento a Rose do Read by Rose, por esta
incrível correção. Você entrou no último momento e me ajudou de maneiras
incríveis. Você é verdadeiramente épica e eu não posso esperar para
trabalhar com você mais uma vez.

BELLA JEWELL
E, claro, à minha administradora, MJ, por manter sempre a minha
página funcionando lindamente. Eu não podia fazer isso sem você, garota.
Eu amo suas provocações e sua paixão; obrigada por tomar o tempo fora de
sua vida para ajudar essa pobre moça a manter tudo funcionando.
E, por último, mas não menos importante, aos meus fiéis leitores.
Para todos e cada um de vocês que pegam meus livros e me dão uma
chance. Para os comentários que vocês escrevem, bom ou ruim. Com o
tempo que você deu, para fazer-me uma pessoa melhor. Você faz isso real
para mim; nunca pare de dar tal amor e paixão. Você faz nossa viagem
muito incrível.

BELLA JEWELL
BELLA JEWELL
A vida é uma série de momentos fugazes. Momentos que passam por
você — às vezes sem o reconhecimento. Nós deixamos momentos nos
definirem e, outras vezes, deixamos eles nos destruírem. Esses momentos
podem ser pequenos, ou eles podem ser importantes. Podem introduzir
amor, crença e força, e eles podem tirar a paixão, autoestima e felicidade.
Cada peça da nossa vida é feita de momentos.
O maior momento na vida de qualquer pessoa é o dia em que
nascemos. Depois disso, são feitos momentos de amizade, amor, dor,
traição, felicidade, casamento, filhos, e de morte. Nosso momento final é
quando tomamos nosso último suspiro e deixamos a vida que criamos ser
transferida para outra pessoa. Nossos momentos tornam a nossa história, e
nossa história será compartilhada. Se não nos deliciarmos com os nossos
momentos, podemos apenas perdê-los para sempre.
O que você pode dizer sobre seus momentos? Você está orgulhoso
deles? Você acredita neles? Te mudou? Te definiu? Te destruiu? Será que
você nem percebeu como eles passaram por você? Você se lembra da
primeira vez que você se apaixonou? Sua primeira amizade? Seu primeiro
desgosto? O cheiro de seu primeiro filho quando você levou-o em seus
braços? Esses momentos se tornaram você, mas fez você os reconhecer? Fez
você se deliciar com eles? Fez você querer deixá-los em sua alma para se
tornar cada pedaço de quem você é?
Meus momentos me definem.
Eles levaram tanto e ainda voltou o mesmo.
Eles me destruíram.

BELLA JEWELL
Mas, principalmente, eles me criaram.

~*~*~*~

Lembro-me muito sobre minha vida, mas me apaixonar destaca-se


como o mais forte. O dia em que conheci Gerard Jacobson, me mudou. Foi
como colocar uma peça em minha alma que eu nem sabia que precisava.
Eu era apenas uma menina, e ele era apenas um menino. Clichê, eu
sei. Nós fechamos os olhos em uma loja de café e o resto é história.
Apaixonar-se, para mim, foi como voltar viva, como tendo a sua primeira
respiração. Ar arrastando em seus pulmões frescos e a sensação espalhou-
se por todo o corpo, enchendo tudo com vida.
Estando cheios de amor, é como ser preenchido com a vida.
Eu nunca imaginei um único segundo que iria passar que eu não
amaria Gerard. Eu, certamente, nunca imaginei que outro amor podia ser
mais forte, mais intenso, e ainda mais aterrorizante. Ele deu-me o mundo
com os braços abertos e eu aceitei, me jogando em sua vida e sendo tudo o
que eu sabia que uma esposa precisava ser. Eu o amava tão certo como eu
respirava e ele devolveu com a mesma paixão.
Eu não acho que poderia haver mais ninguém. Isto só não era
possível.
Eu, com certeza, não achei que ele mudaria. Que ele fosse ser
diferente do homem que eu conhecia tão bem por tanto tempo. Mas a vida é
engraçada assim, não é? Ela não lhe dá uma escolha. Ela pega seus
momentos e empurra-os em cima de você. Às vezes, me pergunto se esses
momentos difíceis são enviados para nos testar; outras vezes eu me
pergunto se eles são enviados para nos ferir. Afinal, por que meu casamento
perfeito foi atirado ao tumulto sem uma boa razão? Por que o homem que
eu amava por seis anos, de repente, se tornou vazio para mim? Por que
minha vida e meus momentos foram torcidos até que eu já não podia
reconhecê-los?
Se a vida tem um grande plano para nós, por que diabos dói tão
malditamente ruim?

BELLA JEWELL
Mas antes de falar sobre a dor, os momentos de ensaio e como eles
me mudaram, você tem que saber como tudo começou.

BELLA JEWELL
Meus pés pisaram suaves em todo o piso de madeira polida quando
faço o meu caminho para a cozinha. Eu não quero acordar Gerard até que
eu lhe faça o café da manhã. É o nosso aniversário de três anos de
casamento, hoje, seis anos juntos, e eu quero surpreendê-lo. Eu cantarolei
uma melodia feliz quando abri a geladeira, reunindo os ingredientes.
Eu preciso fazer minhas famosas panquecas macias. Elas são as suas
favoritas. Ele tem trabalhado muito ultimamente, o que não é nada novo,
então eu tenho certeza que ele vai apreciá-las.
― Eu amo quando você canta.
Eu giro ao redor, assoalho rangendo, para ver meu marido que está
no balcão vestindo nada além de um par de cuecas boxer. Seu peito magro
é musculoso e bronzeado, mas é o rosto que faz meu coração saltar. Queixo
talhado, sorrindo, olhos azuis, cabelo loiro. Ele é lindo no tipo perfeito do
caminho. A maneira que não é robusto, mas, definitivamente, ainda
masculino.
― Eu estava indo surpreendê-lo. ― Eu sorrio, movendo-me ao redor
do balcão e caindo em seus braços.
― Eu tive a mesma ideia, ― ele murmura no meu cabelo. ― Só que
quando eu acordei para esgueirar-me para fora, eu vi você levantando.
Eu ri baixinho. ― Grandes mentes.
Ele ri. ― Deixe-me fazer o café da manhã. Você coloca os pés para
cima, relaxa.

BELLA JEWELL
Eu empurro-me na ponta dos pés e beijo seus lábios. ― De jeito
nenhum. Eu amo fazer panquecas. Pelo menos me deixe fazer isso para
você hoje.
Seus olhos quentes e suas mãos se movem para baixo para o meu
estômago, onde o nosso bebê de sete semanas de idade está crescendo
dentro de mim, uma criação nossa, algo que tentei muito. Eu tive
problemas e demorou muito tempo para concebermos, mas, finalmente,
conseguimos fazer-lhe naturalmente, antes de ter de recorrer a fertilização
in vitro. Agradeço a Deus todos os dias por esse presente.
―Você pode fazer o café da manhã, porém, em seguida, você está indo
descansar. Eu tenho uma surpresa para você depois, que você vai precisar
de sua força.
―Você acha? ― Sorrio.
―Eu acho.
―Bem, então é melhor eu chegar a este café da manhã para que você
possa me dizer sobre essa surpresa mais cedo.
Ele sorri e deixa-me ir, e eu volto a virar panquecas.
―Você não tem que trabalhar hoje? ― Eu pergunto, derramando
massa na panela quente.
―Eu estou esperando que eu não tenha que ir. Pedi-lhes para me dar
um dia de folga, mas você sabe como é, qualquer coisa pode acontecer.
Eu concordo. Gerard é um advogado, e às vezes ele é chamado mais
do que desejaria, e não há nada que ele possa fazer sobre isso. As pessoas
estão sempre se metendo em problemas, o que significa que ele está sempre
trabalhando.
Às vezes, isso me incomoda, mas eu tento ser a melhor esposa que
posso e apenas o apoio. É o seu sonho, e tenho certeza de que quando o
bebê vier, as coisas vão mudar.
Pelo menos eu espero que sim. Eu empurro esse pensamento a
distância e mantenho o meu sorriso.
―Bem, aqui está esperando por um dia livre de crime, ― eu digo,
lançando as panquecas.
―Como está se sentindo?
BELLA JEWELL
―Melhor, muito melhor.
Passei um pouco de tempo ontem me sentindo um pouco mal. Este
bebê significa o mundo para nós dois, e vamos fazer qualquer coisa para
protegê-lo. Infelizmente, até mesmo as menores cãibras, nos têm em pânico.
Tenho certeza de que irá embora, uma vez que chegar ao segundo trimestre,
mas por agora, nós dois estamos andando por aí em ovos.
―Apenas uma gripe? ― Pergunta ele, movendo-se para a máquina de
café e servindo-se de um copo.
―Eu acho que sim.
Ele me ajuda a servir as panquecas e nós sentamos na nossa
pequena mesa redonda de madeira. Eu o servi em primeiro lugar, e então
eu mesma. Meu estômago pode tender a estar um pouco sensível no período
da manhã, no entanto, isso parece ter desaparecido completamente nos
últimos dois dias. Talvez tenha, finalmente acabado. Isso tornaria as coisas
muito mais fáceis; vômitos no caminho para o trabalho nunca é agradável.
―Então, qual é a minha surpresa? ― Pergunto entre bocados.
Gerard sorri e se inclina para baixo, alcançando sua pasta. Ele pega
um pequeno envelope nas mãos para mim. ―Eu sei que não é nada grande,
mas eu me lembrei do quanto você queria ir.
Deixando um pouco de grito escapar dos meus lábios, eu o rasgo
aberto, produzindo dois bilhetes de beisebol local para o jogo de hoje. Meu
grito torna-se gritos felizes, quando eu saio da minha cadeira e me jogo em
seu colo. Eu sou uma obstinada fã de beisebol, mais do que a maioria dos
homens que eu conheço, e eu sempre quis ver um jogo com ele. Eu
costumava ir quando era criança com meus pais, mas tem sido um longo
tempo desde que eu fui e eu não posso pensar em qualquer coisa melhor do
que passar o dia com Gerard, em um jogo. Ele me conhece muito bem. Não
precisa muito para me fazer feliz.
―Você nos deu ingressos para um jogo!
Ele ri quando eu pressiono beijos, freneticamente, sobre o seu rosto.
―Eu dei. Não fui a um jogo desde que nós temos vivido aqui e eu sei que
você sempre quis ir junto comigo. Eu não sei como eu escolhi os assentos,
mas eu tentei.

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Olho para os bilhetes. ―Eles são bons lugares, mas nós poderíamos
estar sentados na grama e eu ainda estaria feliz, porque você está vindo e é
um jogo de beisebol!
―Nós estamos saindo para jantar, depois. ― Suspiro feliz.
Eu beijei-o muito e bem, as línguas dançando, corpos em choque.
Inchando de felicidade no meu peito e profundas bolhas de excitação.
―Você é o mais surpreendente marido do mundo, Gerard Jacobson.
―Só o melhor para você, Lucy.
―Que horas é o jogo?
―Esta tarde, então você tem algumas horas para descansar esta
manhã.
Eu abracei-o perto, pressionando minha bochecha contra a dele. Não
há homem melhor no mundo, estou certa disso.

~*~*~*~

―Você não pode estar falando sério? ― Gerard grita, jogando uma
mão no ar, enquanto a outra segura o telefone para seu ouvido. ―Você me
prometeu um dia!
Eu escuto o melhor que posso, já vestida para o jogo, a emoção se
instalou.
―É meu aniversário, Tom. Minha esposa e eu estamos indo para um
jogo de beisebol. Eu não posso acreditar que você faria isso. ―Ele escuta, o
punho cerrado.
―Eu estarei em breve.
Ele desliga o telefone e se vira para mim, e a decepção inunda meu
peito, mas eu tento não deixar transparecer. ―Eu tenho um cliente que
acaba de ser preso por assassinato.
Um grande negócio. Droga.
―Você tem que ir? ― Eu digo, minha voz mostrando meu
desapontamento.

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―Desculpe, querida, eu tenho. É para o que eu sou pago.
E eu? E quanto a mim?
Eu empurro esse pensamento da minha mente no segundo que entra.
É o trabalho dele. Concordo com a cabeça, olhando para os meus pés.
―Você quer que eu chame um amigo para ir com você para o jogo?
Eu dou de ombros. ―Eu não acho que qualquer um deles estaria
interessado.
Além disso, eu realmente não tenho bons amigos que viriam comigo.
Eu gasto todo o meu tempo trabalhando e com Gerard.
Seu rosto cai e ele parece absolutamente devastado, e eu sei que está
o perturbando. ―Eu não quero que você perca, eu sei como você está
animada.
Eu ainda realmente quero ir, isso é verdade. ―Eu posso ir, ― sugiro.
―Quero dizer, não é como se eu estivesse me esforçando.
Ele franze a testa. ―É uma grande multidão; você poderia ser
empurrada ao redor.
―Eu vou ficar bem, ― asseguro-lhe. ―Eu quero muito ir.
Ele me estuda, depois suspira. ―Eu vou fazer isso até o jantar, eu
prometo. Por que não pergunta à minha irmã? Ela pode ser capaz de vir?
Eu ronco. ―Heather me odeia; isso nunca vai dar certo.
―Ela não te odeia...
―Ela odeia, sim. ― Eu sorrio, estendendo a mão e tocando seu braço.
―Eu ficarei bem. Eu quero muito ir. Eu seria muito mais feliz se você
estivesse lá, mas eu entendo que você não pode estar.
―Eu vou fazer isso até o jantar. Nada vai me impedir.
Eu aceno, colocando-me em seus braços. Ele me mantém por um
longo, longo momento.
―Tudo bem. ― Ele suspira, recuando. ―Não há tempo como o
presente. Chame-me se você tiver quaisquer problemas, ok?
Eu concordo.
―Eu amo você, Lucy.
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―E eu amo você.
Mal sabia eu que era a última vez que ele iria falar essas palavras
novamente.

BELLA JEWELL
Antecipação animada corre através de mim, quando eu passo pela
segurança, abrindo minha bolsa para os oficiais examinarem rapidamente.
Eles verificam meu ingresso e eu recebo indicações para o meu lugar. O
estádio é de um bom tamanho, nada como as grandes ligas, mas eu não me
importo. A emoção de ver um jogo ao vivo, é quase mais do que eu posso
lidar.
Eu salto feliz quando encontro o meu lugar na parte de trás, perto de
um grande edifício de tijolos, que está posicionado no meio. Não bloqueia
meu ponto de vista, então eu não me importo. Além disso, eu acho que há
um banheiro lá, que não há dúvida de que vou precisar mais tarde.
As pessoas se movem em seus assentos e música derrama a partir
das colunas instaladas nas arquibancadas.
Conversas fanáticas felizes enchem meus ouvidos e eu me contorço
na minha cadeira, emocionada que eu estou prestes a ver um jogo de perto.
Um homem vem pelo corredor e pára no assento ao meu lado esquerdo. O
único à minha direita é reservado para Gerard, por isso vai permanecer
vazio. Eu olho para ele e meus olhos se arregalaram. Minha respiração é
tirada, agarrando o meu peito e se recusando a se mover, enquanto eu olho
para o homem mais bonito que já vi. Ele olha para mim com os olhos que
são o tipo mais leve de prata. Situado entre a pele oliva clara, eles parecem
brilhar. Cabelo escuro cai sobre a testa masculina, que viaja para baixo em
um queixo talhado, complementado com lábios carnudos. Ele é um grande
homem, facilmente mais de 1,80 de altura, com músculos que ondulam fora
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de sua camiseta preta apertada. Ele está vestindo um par de jeans
desbotados e pesadas botas pretas. Eu gostaria de saber se ele tem
tatuagens sob essa camisa? Ele parece ser o tipo de tatuagem.
Quando percebo que estou olhando, eu desvio o olhar rapidamente,
com foco de volta no campo. Eu nunca notei um homem fora do meu
casamento; Eu certamente nunca olhei. Isto é apenas tão incrivelmente
empolgante. Minhas bochechas coram de vergonha.
Ele toma seu lugar ao meu lado, sem dizer nada, apenas acenando
com a mão ao jovem segurando um carrinho de cerveja. O vendedor de
bebida lhe entrega uma, e eu mantenho meus olhos sobre o campo, de
repente consciente de mim mesma.
Eu estou tremendo? Ele pode dizer que a sua presença me faz
nervosa? Eu estou sentada muito rígida? Ajusto minha camisa sem pensar,
e no segundo em que percebo o que estou fazendo, eu tiro as minhas mãos
para o meu colo.
Sento-me, olhando para o campo até que o jogo começa. Graças à
Deus. Agora, minha atenção está focada nos homens jovens jogando. Meu
coração bate com emoção quando a bola de baseball é atingida e preenche o
ar. Os aplausos da multidão, e um enorme sorriso no meu rosto.
Estimulante.
O homem ao meu lado não se mexe muito, nem presta uma grande
atenção ao jogo.
Seus olhos digitalizam a multidão, e ele parece estar à procura de
algo, ou alguém. Ele está sentado profundamente em sua cadeira, como se
ele estivesse tentando permanecer discreto. Esquisito.
A equipe que estou torcendo faz um home run1 e eu me lanço no ar,
gritando alto. Eu pulo um pouco de vezes no local e, em seguida,
rapidamente me sento quando percebo o que eu estou fazendo, me bate. Eu
viro meu olhar para o homem à minha esquerda e ele está me olhando, sem
expressão. Ótimo. Ele provavelmente está com vergonha de se sentar perto
de mim. Não que ele possa falar. Ele nem sequer parece como se ele

1 Home run é uma rebatida na qual o rebatedor é capaz de circular todas as bases, terminando na casa
base e anotando uma corrida (junto com uma corrida anotada por cada corredor que já estava em base),
com nenhum erro cometido pelo time defensivo na jogada que resultou no batedor-corredor avançando
bases extras.
BELLA JEWELL
estivesse se divertindo. Eu me inclino para frente, segurando a cadeira na
minha frente e observo atentamente.
O primeiro momento que irá redirecionar o curso da minha vida vem
do nada.
O jogo está em pleno andamento, a multidão está torcendo,
cachorros-quentes estão sendo comidos, e cervejas jogadas a baixo. Eu nem
sequer noto o grupo de homens vestidos inteiros de branco, parados, não
até que um alto tiro á distância atravessa o ar. Pânico aperta o meu peito,
enquanto eu volto para ver, pelo menos, dez homens puxando armas de
suas calças. Meu coração sente como se deslizasse a uma parada, quando
eu olho para os atiradores sem rosto. Eles estão todos usando máscaras.
Cobertos totalmente de branco.
O estádio inteiro cai em um silêncio mortal. Os únicos sons que
podem ser ouvidos são os gritos frustrados de crianças quando eles tentam
ganhar a atenção de seus pais, aterrorizados.
Eu não entendo o que está acontecendo.
Membros de segurança se apressam a partir de diferentes partes do
estádio, mas rapidamente é interrompida quando um deles leva um tiro na
perna, disparado por um pistoleiro. Com um rugido aflito, ele cai em suas
mãos e joelhos, rolando em torno de agonia. Alguém na multidão grita.
Isto não é uma brincadeira. Não. Isso é real e está acontecendo agora.
Bem aqui. Vômito sobe na minha garganta e um pânico diferente de tudo
que eu já senti aperta o meu corpo. Minha pele se arrepia, e minha mente
começa a ficar dormente, zumbindo quando eu tento fazer sentido da
situação.
Eu não posso pensar ou ouvir sobre a conversa nervosa, chorando, e
sussurrada ao meu redor.
―Ninguém se mexe, ― uma voz aterrorizante vem pelo alto-falante.
―Qualquer pessoa que se mexer, será morta.
Isso é tudo o que dizem.
Nenhuma explicação.
Nada.

BELLA JEWELL
Alguém grita, uma arma é apontada na direção da pessoa, e os gritos
param. Lágrimas libertam-se e rolam pelo meu rosto. Isto é um ataque? Um
protesto? Existe uma pessoa política aqui e eles estão tentando fazer um
ponto? Por que um estádio de beisebol? Será que é porque ele vai fazer uma
cena? É por causa das famílias aqui? Por que alguém iria ser tão frio? Isso
não faz sentido. Isso nem mesmo se parece real, mas é. Eu posso ver isso
com meus próprios olhos, ouvir com os meus próprios ouvidos, mas parte
de mim, ainda quer acreditar que é apenas uma brincadeira.
Eu olho para o homem ao meu lado, e ele tem um telefone baixo, em
seu colo. Ele parece não ter medo; na verdade, ele está focado,
exclusivamente, em tudo o que ele está digitando na tela. Seus polegares se
movem freneticamente sobre as teclas, antes de ele enfiar a mão no bolso,
mal se movendo.
Há dois pistoleiros cerca de quatro filas para baixo, passando entre os
corredores, armas prontas a disparar. As pessoas não estão mais gritando,
mas os soluços desesperados e gemidos podem ser ouvidos através do
silêncio assustador.
Eu soluço baixinho, tentando forçar o soluço a voltar e o homem
finalmente olha para mim, os olhos estudando meu rosto. Ele chega mais,
tomando conta da minha mão. Sua pele é quente, mas áspera. Toda a sua
mão, encobre a minha mão, é tão grande. ―Vai ficar tudo bem.
Sua voz é profunda, escura, e tão incrivelmente reconfortante. Eu
aperto a mão dele e ele me deixa, não se afastando, deixando-me ficar com
ele. Eu não o conheço, mas agora ele é a única chance que eu tenho de ser
protegida. Parece que ele pode realizar sua própria proteção. Isso é o
suficiente para mim, para segurar e não deixar ir.
―Qual é seu nome? ― Ele pergunta, seus olhos sobre os homens
armados andando pelo campo e empurrando suas armas para os jogadores
para fazê-los ficar em um grupo.
―L-L-Lucy, ― eu sussurro.
―Lucy, meu nome é... Hunter. Eu não vou te machucar, mas eu
quero que você confie em mim, ok? Eu não vou deixá-la se machucar, mas
você tem que fazer o que eu digo.
Uma mulher do outro lado da arquibancada lança-se, gritando e
atirando-se sobre o corrimão da frente, correndo em direção aos jogadores
BELLA JEWELL
silenciosos em pé no meio do campo. Há sons de tiros e ela só cai no meio
do caminho, se deixando cair para baixo, com o rosto no chão. Um grito de
dor é rasgado da minha garganta. Hunter aperta minha mão.
―Lucy, ― diz ele com a voz tão calma. ―Olhe para mim.
Eu olho para ele, meus olhos arregalados, as lágrimas escorrendo
pelo meu rosto. ―Você confia em mim?
Eu concordo.
―Bom. Sente-se quieta e não diga uma palavra, ok? Nós vamos sair
daqui, eu prometo a você que vamos, mas pode demorar algum tempo. Você
precisa ficar forte até então.
Concordo com a cabeça novamente, forçando de volta meus soluços,
mas incapaz de controlar as lágrimas.
A dor surda apunhala baixo em minha barriga. Minha mão desliza
para baixo e pressiona contra ela e um medo frio corre para o meu coração.
Meu bebê. Não meu bebê.
Os olhos de Hunter seguem o caminho da minha mão. ―O que está
errado?
―Eu... Eu... Estou grávida.
Sua mandíbula aperta. ―Por que você está se segurando assim?
―Eu estou com dor, ― eu sussurro.
Ele encontra meus olhos novamente. ―Provavelmente, é apenas
medo. Eu quero que você tente se acalmar. Dê algumas respirações
profundas para mim.
Eu tento tomar algumas respirações profundas, mas os gritos de um
homem em outra fila, seguido por mais tiros, tem a minha respiração se
transformando em soluços frenéticos. Porque isso está acontecendo? Não
estou entendendo, eu só quero ir para casa.
―Lucy, feche os olhos, ― Hunter diz, colocando um braço em volta do
meu ombro e me trazendo para perto dele, colocando-me em seu corpo, que
é tão grande que me faz sentir como se eu estivesse em um casulo seguro,
onde ninguém pode me machucar. Ele é tão quente. ―Agora respire para
mim.
Fecho os olhos e respiro.
BELLA JEWELL
A dor não diminui e o pânico continua.
―Não está funcionando, ― Eu choramingo em seu peito.
―Quanto mais você entrar em pânico, pior a dor será. Continue
respirando e eu vou distraí-lo.
―C-c-c-como?
―Eu coloquei meu celular de volta no bolso esquerdo, mas eles estão
olhando em nossa direção agora, então eu não posso simplesmente puxá-lo.
Eu quero que você se mova, igual como se você estivesse me abraçando, e
retire-o. Você pode fazer isso por mim, Lucy?
Eu concordo.
―Tudo bem, querida.
Este homem, eu não conheço, mas ele é tão calmo, como uma rocha
imóvel em uma intensa tempestade. Eu pressiono meu rosto para seu peito
e torço meu corpo, colocando meu braço em torno de seu estômago como se
estivesse abraçando-o. Eu enfio a mão no seu bolso e enrolo os dedos em
torno de seu telefone, puxando-o para fora e correndo minha mão sobre a
tela, colocando-o entre meu peito e o seu.
―Agora, eu quero que você o desbloqueie, usando o código 7-0-7-3.
Eu mudo meu corpo apenas um pouco para que eu possa ver o
telefone e pressionar o botão do meio para iluminar a tela. Eu soco o código
e, em seguida, aceno com a cabeça suavemente.
―Encontre as mensagens e leia-as para mim o que está sendo dito.
Você pode fazer isso?
Eu concordo.
―Boa menina.
Eu vou para as mensagens e puxo para cima a primeira e leio. É de
uma fonte privada e faz zero sentido para mim, mas eu retransmito-o para
ele de qualquer maneira.
―E-e-e-la diz “Controle no lugar. Espere por novo comando.”
―Ok, Lucy, você pode manter isso com você? Nós vamos precisar dele
novamente.
―Você é um policial? ― Eu sussurro.
BELLA JEWELL
―Não.
Então, quem diabos é ele?
E ele realmente pode nos tirar daqui vivos?

~*~*~*~

Isso tem sido facilmente por cinco horas. É o fim da tarde, e o frio se
instalou, quando a noite se prepara para cair. Minhas dores passaram de
leve a intensa, e todo o meu corpo dói da falta de movimento. Eu ainda
estou dobrada no lado de Hunter, e ele está me trazendo conforto em meu
tempo desesperado de necessidade. Ele me tem lendo as mensagens através
do seu telefone, mensagens que não fazem sentido para mim, mas,
obviamente, significam algo para ele. Ele não é um policial, ou assim ele me
diz, mas ele, obviamente, trabalha com algumas pessoas muito poderosas.
De qualquer forma, ele está me mantendo à tona agora, e eu,
honestamente, não sei se isso estaria acontecendo se ele não estivesse aqui.
Os sons estridentes de sirenes lá fora foram invadindo o silêncio pelas
últimas horas. Ninguém veio. Ninguém sequer tentou. Eu não sei por que
isso aconteceu.
Eu não sei mesmo o que estes homens querem. Por que você escolhe
um estádio de beisebol? São números?
O medo, porque eles poderiam fazer tanto estrago? Não estou
entendendo.
As pessoas pararam de tentar escapar. Sejam lá quem são esses
homens, eles não estão brincando e eles fizeram isso bem claro. Eles foram
tornando a comunicação através de telefones, mas nada além disso.
Não falaram uma palavra para a multidão, a não ser para demanda
dos telefones celulares estarem desligados. Eles possuem armas, isso é tudo
o que precisamos saber, por isso fizemos o que eles disseram. Seja o que for
que eles querem, eles estão segurando um monte de reféns para obtê-lo.
Eu me mexi desconfortavelmente, e choraminguei quando senti outra
dor aguda, como facadas em meu estômago. Eu gemi baixinho e esfreguei a
mão contra a área ainda plana tentando aliviar a dor. Ondas de terror

BELLA JEWELL
vieram através de mim quando um de jorro de calor viajou por entre minhas
pernas. Eu mudo o olhar para baixo. O que eu temia rapidamente se torna
realidade. Estou tendo um aborto espontâneo. Eu engasgo um soluço
quando a devastação, ao contrário de qualquer outra que eu já senti, rasga
através do meu corpo.
Meu bebê.
Não meu bebê.
Por favor.
―Lucy, ― Hunter diz, em voz baixa. ―Você está sangrando.
―Eu... Eu acho que estou perdendo meu bebê, ― Eu soluço.
Ele faz um som profundo em sua garganta e olha em volta, os olhos
caindo sobre os atiradores ainda em estimulação.
―Eu tenho que te tirar daqui.
Eu me desloco um pouco e agarro meu estômago com a mão livre,
soluçando quando meu jeans mergulha com sangue.
Meus soluços rapidamente se transformam em histeria e comoção
pode ser ouvida ao meu lado. ―Lucy, eu sei que dói, mas você tem que
parar de chorar assim. Se você confiar em mim, você tem que parar.
Eu olho para cima para ver um pistoleiro me observando. Medo
entope os meus soluços profundos na minha garganta e eu olho para baixo
em meu jeans, tentando firmar a minha respiração. ―Boa menina, ― ele me
assegurou. ―Bom.
Seus olhos digitalizam a multidão de novo, movendo-se de um ponto
a outro. As luzes estridentes do estádio mantêm todos nós bem iluminados,
permitindo muito pouco movimento. Hunter se inclina e sussurra:
―Estamos em torno de cinco lugares do corredor. Se nos movermos através
deles, eu penso que podemos fazer uma jogada para entrar no edifício atrás
de nós. ― Ele acena com a cabeça em direção ao prédio de tijolos vermelhos
atrás de nós, que agora tem um pistoleiro passeando. As escadas na
liderança média direita para cima para ele é mais provável ser uma saída,
ou talvez uma entrada na área corporativa. É apenas um pequeno campo,
então estou rezando para que eles levem para fora. ―Se nós pudermos nos
mover lentamente em direção, eu acho que posso tirá-la daqui.

BELLA JEWELL
Eu olho para as escadas; elas parecem tão distantes. A única coisa
que temos trabalhando a nosso favor, é que não há ninguém sentado nos
assentos principais para o corredor, graças à Deus, há cerca de seis outras
pessoas sentadas do meu outro lado, segurando um ao outro, como Hunter
e eu estamos. O estádio está apenas cerca de metade cheio, se muito. Eu
ainda não sei se podemos fazer isso sem sermos vistos.
―Mesmo que formos direto ao corredor, como é que vamos passar por
aquela porta, quando os pistoleiros estão passando por ela o tempo todo? ―
pergunto.
―Esperamos por uma distração. Haverá uma, posso garantir isso.
Eu não pergunto como ele sabe.
―Apenas confie em mim. Eu não vou deixar você se machucar, ― ele
murmura.
Eu concordo.
―Nós iremos lentamente, muito lentamente, nos moveremos nos
bancos, pouco a pouco. Você só fica pendurada em mim, e vamos mover
quando tiver a chance.
Eu não respondo; Eu apenas aceno. Lágrimas tinham embebido a
camisa dele agora e meu coração está se partindo pouco a pouco.
Talvez eu esteja apenas tendo um sangramento de stress? Eu tentei
tão difícil por este bebê. Eu não posso perdê-lo. Eu não posso. Meu corpo
treme nos braços de Hunter e eu tento, eu realmente tento parar o tremor,
mas eu tenho pouco controle sobre isto.
―Nós vamos tirá-la daqui. Você me ouve?
―Dói, ― Eu choramingo.
―Eu sei.
Ele nos move um pouco, talvez dois ou três centímetros para a
esquerda. Não é muito. Ele está assumindo um grande risco. Se eles estão
prestando atenção em tudo, eles vão notar que nos movemos. Agora, eu vou
ter que arriscar. Eu preciso de um médico. Pode ser a única maneira de
salvar meu bebê.
―Hunter? ― Eu coaxo.
―Sim, Lucy?
BELLA JEWELL
―O que eles querem?
―Eu não sei, querida.
―Você está mentindo. ― Eu não sei por que digo isso; provavelmente
porque é a verdade. Ele está aqui por uma razão. Eu só não sei o que é. Ele,
claramente, não é um fã de beisebol, e ele está muito calmo. Então há as
mensagens em seu telefone.
Ele faz um som grunhindo em seu peito Eu posso sentir irradiar
através da minha bochecha. ―Você está certa, eu estou mentindo. Mas é
informação confidencial, eu não posso compartilhar com você.
―Então você é um policial?
―Não.
―Então, o quê?
―Eu não posso discutir isso com você.
Eu tremo novamente. ―Isto é... um ataque terrorista?
―Não. É mais... religioso.
Um culto então? ― Um culto? ― Eu sussurro.
―Eu não posso responder mais. Eu sinto muito.
A mais dor apunhala meu estômago e eu me encolho.
Hunter nos desloca para a esquerda um pouco mais. Estamos a meio
caminho para o próximo assento e eu me encolho no plástico cavando em
minha bunda.
―Você sabia que isso ia acontecer hoje? ― Eu choramingo, apertando
meu estômago.
―Não é possível discutir isso com você.
Claro.
Seus olhos constantemente fazem a varredura da multidão, e em
poucos minutos ele nos move.
Leva facilmente outra hora para chegar ao lado do corredor. Os
pistoleiros não parecem notar; Eu acho que quando você está assistindo a
tantas pessoas, é altamente improvável notar a posição do assento exato de

BELLA JEWELL
todos eles. As pessoas sentadas ao lado de nós têm estado nos observando,
e de forma inteligente, mudaram-se como fizemos.
―Nós vamos ter que nos mover para a porta rapidamente, e há uma
chance sólida que eles vão ver e atirar. Nós vamos ter que correr. Você pode
fazer isso?
A dor no meu estômago é intensa agora, pulsando com cada
movimento que eu faço. Sinto-me tonta, mas se passar por lá significa que
há uma chance de salvar meu bebê, eu vou fazê-lo.
―Sim, ― eu sussurro.
―Tudo bem, Lucy. Quando for a hora certa, eu vou apertar o seu
ombro. Eu preciso de você para se mover rápida e silenciosamente. Você
pode fazer isso, também?
Eu concordo. Ele foca nos homens se movendo ao redor, alguns ainda
falando em telefones celulares.
Está tão quieto, até que não está mais. Caos irrompe quando um
grupo de homens, cerca de duas seções para longe de nós, levantam-se. Há
cerca de vinte deles. Eles se movem rapidamente, rapidamente, caindo de
joelhos e rastejando, usando os assentos plásticos frágeis para protegê-los.
Parece que eles têm a mesma ideia que nós, só que eles estão sendo
excessivamente ousados sobre isso.
Tiros tocam para fora.
Horror enche a minha visão quando balas voam. Abro a boca para
gritar, mas Hunter lança uma mão sobre minha boca. Minha visão borra
quando as imagens mais terríveis da minha vida jogam fora na minha
frente. Os homens armados não hesitam, eles simplesmente atiram.
Descontroladamente. Descuidadamente. Mulheres e crianças gritam de
novo, e aumentam os tiros.
―Temos que avançar, ― Hunter sussurra freneticamente no meu
ouvido. ―Agora.
Ele me puxa, e como um ladrão na noite, nós começamos a ir em
direção à porta. Ele praticamente me carrega e meus pés mal tocam o chão
enquanto ele corre. Eu me movo tão rapidamente quanto possível, sem
nunca ter me sentido tão aterrorizada em toda a minha vida. Eu espero pela
bala, a que vai rasgar através do meu corpo e me matar. Minha pele se
BELLA JEWELL
arrepia, meu corpo pulsa com medo, e tudo se sente como geleia. Hunter
atinge a porta. A mão dele empurra para fora, torce o punho, mas não abre.
Trancada. Deve estar trancada.
Eu começo a entrar em pânico.
Tiros continuam soando.
Ele alcança em sua calça jeans uma arma, saca e atira no bloqueio.
Meus olhos se arregalam, meus joelhos balançam, e eu não posso pensar.
Por que ele tem uma arma? Um tiro ressoa bem ao lado da minha cabeça, e
eu grito. Hunter me lança por cima do ombro, correndo para a porta aberta.
Os tiros se mantêm vindo.
Está escuro aqui. Todas as luzes estão apagadas, para onde quer que
isso leve, não estava sendo usado hoje, mas eu posso ouvir o barulho do
lado de fora, os gritos, os tiros, tudo isso. Eu faço um som estrangulado,
dor na minha garganta e Hunter corre, eu não sei onde ele está indo, ou
como ele planeja ir para fora, mas ele continua se movendo.
Tiros tocam para fora, voando direto por nossas cabeças.
―Foda-se! ― Ele amaldiçoa, colocando-me no chão. ―Você pode
correr? Precisamos nos mover mais rápido.
Eu concordo.
Terror diferente de tudo o que eu já senti antes alojado em minha
garganta, e eu pego a mão que Hunter oferece, forçando as minhas pernas
para manterem-se à medida que começamos a correr. Hunter me guia para
a sua esquerda e se vira, disparando para a escuridão. O som machuca
meus ouvidos, é tão alto.
―Por que você tem uma arma? ― Eu grito freneticamente.
―Eu não vou te machucar. Apenas confie em mim, ― ele rosna, me
puxando mais e mais rápido, enquanto gira e dispara tiros atrás de nós.
Estou com muito medo de voltar para trás.
Chegamos a uma porta e ele aponta a arma, disparando a trava duas
vezes. Ela se rompe e ele chuta-a aberta.
Tiros continuam voando, e eu ouço as pessoas correndo rapidamente
atrás de nós. Eu percebo que são as pessoas que estavam sentadas mais
próximas de nós. Eles devem ter corrido o risco e nos seguiram. Comoção
BELLA JEWELL
pode ser ouvida acima, e eu poderia jurar que posso ver figuras movendo-se
em torno de nós, na escuridão.
―Vamos, ― Hunter late, me puxando para baixo.
Está escuro.
Eu não posso ver nada.
Ele retira um telefone do bolso, liga a lanterna, e a mira em nossa
frente. Nós corremos. As duas pessoas que nos seguem estão mais
próximas agora, mas Hunter não espera por eles. Nós chegamos à outra
porta e Hunter pára. Ele se vira e aponta a lanterna para as duas pessoas.
O momento seguinte acontece rapidamente. A bala sai e leva o
homem para baixo, rasgando o peito com tanta força que o sangue explode
para fora. O segundo leva a mulher para baixo da exata mesma maneira.
Hunter mira.
Ele dispara.
Os dois homens que acabou de matar, pessoas inocentes, caem no
chão. Meus joelhos cedem e eu grito. Hunter me pega, um braço em volta
da minha cintura e me puxa de volta. Eu luto. Eu agarro e arranho,
empurrando-o para fora do caminho.
―Me deixe ir, ― eu grito. ―Me deixe ir. Não, não.
―Lucy.
―Me deixe ir!
―Olhe para mim, ― ele ruge e eu recuo, dando um passo tremendo
para trás e puxando meu braço ao meu peito. Meus olhos encontram os
dele, apenas um pouco na escuridão. ―Você está bem. Você vai sair daqui.
Eu vou tirar você. Você me entende?
―Eles só, eles m-m-m-m-mataram aquelas p-p-p-pessoas e então
você...
―Hey, ― diz ele, dando um passo perto, seus olhos passando para a
porta antes de se concentrarem para trás, em mim. ― Eu não tinha muita
escolha. Melhor me livrar deles do que permitir que eles te machuquem.
Você confia em mim?
―Eu não conheço você e-e-e...

BELLA JEWELL
―Lucy, você confia em mim?
Eu engulo o meu soluço e aceno.
―Eu vou te tirar daqui.
―Eu não quero morrer, ― eu guincho, todo o meu corpo tremia.
―Você não vai morrer. Eu não vou deixar isso acontecer.
Ele coloca um braço em volta da minha cintura novamente, e ele é tão
grande, tão forte, ele parece me abraçar contra ele com absolutamente
nenhum esforço de sua parte. Ele se sente confortável. Ele se sente seguro.
―Um passo depois outro, Lucy querida, ― ele murmura.
Um passo após o outro.
Apenas um passo após o outro.

BELLA JEWELL
Hunter me mantém. Ele só me segura à medida que caminhamos
pelos corredores escuros sob o estádio.
Os sons atrás de nós, eventualmente, desaparecem, e nós nos
encontramos em outra entrada. É uma simples porta, apenas a mesma a
que entramos. Eu não sei o que é este espaço em volta aqui, ou onde nós
acabamos. Luzes não são exatamente uma opção. Eu só posso orar para
esta porta nos levar a sair deste pesadelo.
Hunter olha para trás, em seguida, ele usa a sua arma para atirar na
porta. Ele arremessa amplo e fresco, ar fresco vem correndo, fazendo
cócegas no meu rosto. Eu suspiro e nós saímos para uma pequena área
cercada.
Os galpões com filas de equipamentos de um lado da cerca, e parte de
trás do estádio pode ser visto elevando-se sobre nós.
A cerca é alta, farpada, e bloqueada. As luzes podem ser vistas
piscando à nossa esquerda. Polícia.
Estamos fora.
―Vamos, ― murmura Hunter, seus olhos freneticamente fazendo a
varredura do perímetro. ―Vamos sair daqui.
Ele me puxa para o portão, que está trancado com cadeado fechado.
Ele chocalha, então volta e olha para a parte de trás do estádio. ―Eu não
quero correr o risco de disparar essa arma aqui. Vai causar caos, e eu
prometi te tirar daqui. Jurei que faria e eu vou. Vou fazer uma chamada;
venha aqui.
BELLA JEWELL
Ele me puxa ao lado de um dos galpões de equipamentos e nós dois
nos enfiamos ao lado dele, onde não podíamos ser vistos a partir do estádio.
O metal frio aperta contra as minhas costas, e eu me concentro em tentar
manter os meus joelhos de tremerem. Meu corpo está tão cheio de dor,
dores e medo que eu sinto como se eu tivesse que constantemente lutar
contra isso para ficar em pé.
―Estou fora. Tem uma garota aqui; ela precisa de um médico. À sua
esquerda, no quintal de equipamento.
Ele desliga o telefone e se vira para mim, me surpreendendo,
alcançando para baixo e pegando meu queixo, inclinando minha cabeça
para trás e me estudando. ―Eu prometi que iria levá-la para fora e eu
nunca quebro uma promessa. Você vai ficar bem, menina Lucy.
Menina Lucy.
Lágrimas correm pelo meu rosto, e ele as rouba com o polegar. Este
estranho. Este homem. Esta pessoa que apareceu na minha vida e arriscou
tudo para cuidar de mim. Eu não sei uma única coisa sobre ele, exceto pelo
fato de que ele ficou do meu lado no meu momento de necessidade, me
segurando, ambas as mãos me mantendo à tona. Devo-lhe mais do que a
minha vida. Devo tudo a ele.
―Obrigada, ― eu sussurro, meu corpo fraco.
O alívio tem uma maneira engraçada de fazer isso com você. Ele tem
seu próprio modo de desnudá-lo para baixo, tendo fora tudo o que você está
segurando e apenas joga de lado, deixando-o com um vazio que se espalha
tão profundo em seu corpo que apenas cai, tudo desaparecendo e deixando-
o vazio.
Muito vazio.
O portão chocalhou e Hunter sai e olha, então ele gentilmente envolve
um braço em volta de mim e me puxa para fora. Há sete homens perto do
portão, dois em ternos, três policiais, e dois oficiais EMT2. Hunter me leva
mais e o portão é aberto rapidamente com um par de cortadores. Os dois
homens de terno fazem contato visual com Hunter, e ele concorda.

2 Emergency medical technician (EMT) é um termo da língua inglesa usado em vários países para
designar um prestador de cuidados médicos treinado para desempenhar serviços pré-hospitalares de
emergência médica. Em português pode ser traduzido como técnico de emergência médica (ou paramédico).
BELLA JEWELL
―Senhora, meu nome é Byron e este é o meu parceiro, Joel. Nós
vamos cuidar de você agora, está bem? ― um oficial do EMT, jovem e
bonito, diz, pegando-me dos braços de Hunter.
Eu não quero ser levada de seus braços, e minha pequena mão
agarra a sua grande, apertando. Bonitos olhos de prata encontram os
meus, e ele sorri. ―Você está bem agora, menina Lucy. Deixe-os ajudá-la.
―Mas... ― Ele dá um passo para frente, colocando o dedo no meu
queixo.
―Deixe-os ajudar. Vá para casa. Esteja a salvo.
Abro a boca para responder, mas ele se vira e olha para os dois
homens de terno. ―Eu vou voltar.
O quê?
O que ele disse?
―A situação está fora de controle, ― diz um homem com cabelo
escuro e olhos igualmente escuros, sua voz baixa. ―O plano ainda
permanece. Conseguir o que precisamos. Sair.
Hunter acenou.
―O quê? ― Eu grito, lutando quando Byron tenta me impedir de ir
com ele. ―Você vai voltar?
Hunter me estuda. ―Está tudo bem. Deixe Byron ajudá-la.
―Não, ― eu grito. ―Por favor. Você não pode voltar lá. Você não pode.
Você vai morrer e... não, ― eu choramingo, minhas pernas virando uma
geleia novamente.
Hunter faz contato visual com alguém no meio da multidão em torno
de nós. Eu continuo lutando.
Ele dá um passo para frente, correndo a palma de sua mão sobre
minha bochecha tão suavemente que meu corpo anseia por mais. Eu só
quero estar de volta em seus braços, onde era quente e seguro. Estou com
tanto medo. ―Foi um absoluto prazer conhecê-la, menina Lucy. Cuide de si
mesma e permaneça do jeito que você é.
Abro a boca para protestar, mas algo apunhala no meu braço e meu
corpo vai quente.

BELLA JEWELL
Então meu mundo fica escuro.

~*~*~*~

―Lucy, querida, acorde.


Hunter?
―Vamos, por favor, acorde.
Meus olhos se abrem, e estou momentaneamente cega por uma luz
brilhante. Alguns segundos depois, isso se vai e eu posso me concentrar no
homem debruçado sobre mim, com os olhos vermelhos e vidrados, seu
cabelo despenteado. Gerard.
Não Hunter. Meu peito aperta, e meu coração bate fortemente contra
a minha caixa torácica. Onde está Hunter?
Onde ele está? Ele está vivo? Ele está morto? Oh, Deus. O que
aconteceu com ele?
―H-h-h-Hunter, ― eu coaxo.
―Não, querida, é Gerard. Estou aqui. Você está bem.
―Onde estou?
―Você está no hospital. ― Uma lágrima escorre no seu rosto. ―Oh,
Deus, eu estava tão assustado. Eu não podia fazer nada... ― Sua voz
engata, e eu me concentro nele.
―Gerard, ― eu sussurro. ―O bebê?
Ele olha para o lado e mais lágrimas correm pelo seu rosto.
Não.
―Não, ― eu choro, minha voz aflita. ―Não.
―Eu sinto muito. Era tarde demais quando chegou ao hospital.
Eu me empurro na vertical. ―Aquelas pessoas. Todas aquelas
pessoas.
―Está tudo acabado, Lucy. Eles têm todos eles.
Nem todos eles.

BELLA JEWELL
Meu coração dói, uma profunda dor que eu sei que, provavelmente,
nunca vai sair. Ontem de manhã, eu acordei com a felicidade; Hoje, eu
acordo com a escuridão. Quão rapidamente a vida pode mudar.
―Eu preciso... Eu preciso falar com um oficial, por favor.
Eu preciso saber se ele viveu. Eu preciso saber se ele fez isso.
―Eles vão questioná-la quando você estiver se sentindo melhor, ―
Gerard diz, tirando um pouco de cabelo do meu rosto.
―Não, ― eu digo, minha voz mais dura do que nunca. Empurro
Gerard ligeiramente para trás, encolhendo-me. ―Não, eu preciso falar com
eles agora.
―Lucy...
―Por favor, ― eu imploro. ―Por favor. Eu preciso disso.
Eu preciso saber que ele está bem.
―Ok, tudo bem, eu vou chamar alguém.
Ele me estuda com um olhar preocupado em seus olhos, então se vira
e vai embora. Meu coração dispara quando eu olho ao redor da sala,
revivendo cada minuto. Hunter salvou minha vida. Hunter me sustentou.
Hunter me manteve respirando. Então ele voltou. Seu último par de
palavras através de minhas memórias agarram na minha cabeça e meu
coração se desespera. Preciso vê-lo novamente. Eu só... preciso.
―Senhora.
Viro-me e olho para um oficial de pé na porta com Gerard. Ele é o
mesmo oficial que estava lá quando saímos. Eu começo a divagar, antes
mesmo que ele dê um passo para o meu quarto. ―Eu preciso saber se ele
está bem. Você pode me dizer se ele fez isso?
―Quem, senhora? ― Pergunta ele, entrando e pisando perto da minha
cama.
―Hunter! ― Eu choro. ―Ele voltou pro est...
―Eu sinto muito. Eu não sei de quem você está falando.
Eu pisco para ele. O que ele quer dizer com não sabe de quem estou
falando? Ele estava lá; ele falou com Hunter, é claro que ele sabe de quem
eu estou falando. Eu aperto meus olhos fechados. Talvez não seja o mesmo

BELLA JEWELL
oficial. Tento lembrar-me, mas é tudo uma loucura, um borrão horrível.
Concentro-me em cima dele novamente. É ele. É com certeza.
―Você... ele me tirou. Ele estava bem ali. Você falou com ele. Ele
voltou.
O oficial balança a cabeça, os olhos deslocando para trás e para
frente em confusão. ―Minha senhora, eu temo que você estava lá fora
sozinha. Não havia ninguém com você.
―Havia! ― Eu grito. ―Ele estava bem ali. Ele se sentou ao meu lado.
Ele me salvou. Ele me tirou de lá. Ele estava lá.
―Você passou um momento extremamente difícil. Talvez seja melhor
se você descansasse e vamos falar com você quando estiver se sentindo bem
de novo.
―Não, ― eu grito. ―Não. Preciso vê-lo. Ele estava lá.
―Lucy, ― Gerard disse, pegando minha mão. Eu empurro de volta.
Ele parece magoado. ―Se o oficial diz que ele não estava lá, talvez
você tenha tido uma confusão. Às vezes é o que acontece em situações
traumáticas.
―Não, ― eu grito. ―Não, eu não estava confusa. Vá, olhe para as
câmeras, verifique os bilhetes. Ele estava lá. Ele me salvou.
―Eu vou chamar um médico, ― o oficial diz, deixando a sala.
―Não, ― eu choro, tentando sair da cama.
As mãos de Gerard encontram meus ombros, e ele me empurra para
trás. ―Lucy, acalme-se. Você está pirando. Eu estou bem aqui. Eu entendi
você.
Me contorcendo, eu tento empurrá-lo para fora. ―Não. Me deixe ir.
Você não entende.
―Lucy, acalme-se.
―Não! ― Eu grito tão alto que ele recua assustado.
Um médico aparece, me estudando, e depois late uma ordem para a
enfermeira. Eu luto contra meu marido, empurrando desesperada. Eles
estão mentindo para mim. Por que eles estão mentindo para mim? Lágrimas

BELLA JEWELL
mergulham em meu rosto quando eu desesperadamente tento forçar meu
caminho, passando Gerard.
Uma agulha bate no meu braço e o calor mais uma vez se espalha
através de mim.
―Hunter, ― eu sussurro quando o meu corpo afunda para trás.
Onde você foi?

BELLA JEWELL
―Cinco pessoas morreram e tiveram vinte feridos no ataque mais
mortal que a cidade viu em sua história. O estádio de beisebol foi emboscado
pelo que se acredita ser um grupo religioso depois que um pedido de tomada
de terra para sua sede própria foi recusado pelo prefeito.
Eu fico olhando para a tela da televisão, meu corpo dormente. Um
grupo religioso. Cinco mortos. Vinte feridos. Seria Hunter uma daquelas
pessoas? Será que ele se matou? Ele está ferido? Ele está no hospital? Eu
levanto o controle remoto e desligo a televisão; Eu não posso ver mais. Eu
não posso reviver o horror por um segundo mais. Isto dói, cavando
profundamente em meu peito até que eu não posso sentir ou respirar nada
além da dor.
―Você precisa parar de ver isso. Só vai incomodá-la mais, ― Gerard
diz, levantando-se da cadeira ao meu lado e me entregando um copo de
água. ―Tenha um pouco de água. Você está pálida.
Eu olho em seus olhos suplicantes. ―Eu não estou com sede, ― eu
digo, minha voz fraca e rouca.
―Você precisa se manter hidratada.
―Para quê? ― Murmuro. ―Não há nenhum bebê para cuidar mais.
Seu rosto tritura na dor, estreitando os olhos, os lábios apertando
―Não, não tem agora, mas pode haver novamente em breve, se você não...
Eu rolo para o meu lado. ―Estou cansada, Gerard.
―Lucy, eu sei que você está lutando. Eu sei, mas...
BELLA JEWELL
―Você não sabe, ― eu digo, minha voz quase um sussurro. ―Você não
tem ideia.
―Eu vi a notícia, ― argumenta ele fracamente. ―Eu vi tudo. Eu tive
que esperar, eu tive que assistir, eu...
Eu rolo para enfrentá-lo. ―Você os viu levar tiro? Eles mostraram isso
na notícia? Você ouviu seus gritos? Você sentiu o medo? Não, você não fez.
Estou cansada. Por favor, saia.
―Lucy, por favor, não me ignore. Eu sei que tem sido apenas dois
dias, mas isso vai ficar melhor, isso vai...
Não, não vai.
Eu perdi meu bebê. Estou sendo tratada como se eu estivesse
perdendo minha mente.
O homem que me salvou caiu sobre a face da Terra.
Não vai ficar tudo bem, e eu estou cansada de ouvir que vai.
―Lucy?
A voz suave de meu pai enche a sala, e eu olho ao redor de Gerard
para vê-lo de pé na porta, com dois cafés na mão. Ele levanta-os um pouco.
―Eu tenho o seu favorito.
Papai é o único ainda tentando entender, a ouvir.
Gerard suspira e se inclina, beijando minha cabeça. ―Eu vou para
casa, tomar um banho, e então eu vou voltar. Eu te amo.
Eu encontrei seus olhos.
Eu o amo, mas as palavras simplesmente não vão sair da minha
boca. A Lucy que eu fui há três dias, apenas não é a mesma menina que
colocaram na cama. Eu mudei; eu não sei o quão profundo foi, mas eu
nunca poderei voltar a ser do jeito que eu era. Eu nunca poderei ignorar o
que eu vi. Eu nunca poderei salvar meu bebê. Eu nunca poderei ver Hunter
novamente.
Eu olho para longe. Eu não posso suportar ver a dor em seus olhos
porque eu não respondi.
Ele sai, e meu pai se aproxima. Eu olho para ele, estudando-o. Meu
pai e eu parecemos os mesmos, cada pedaço de mim é composto por ele.

BELLA JEWELL
Minha mãe sempre me disse que eu não tenho nada dela. Ela estava certa.
Meu cabelo loiro é o mesmo tom do dele, suave como o mel, com um toque
de ouro. Meus olhos são o mesmo tom de verde esmeralda, e minha pele o
mesmo creme branco.
Ele não é muito alto, e nem eu sou. Para mim, isso me faz aparecer
bonita e delicada; para ele, ele é apenas baixo. Ele tem uma covinha quando
sorri, apenas uma em sua bochecha esquerda. Eu tenho a mesma covinha.
Meu pai é gentil, amoroso e doce. Criou-me para ser da mesma forma. Ele
criou-me bem, com amor e compaixão, e ele me deu tudo o que um pai deve
dar à sua filha. Concedido, eu era apenas uma criança e então eu tinha um
monte de coisas boas, mas mesmo assim, ele nunca me deixou ser mimada
ou rude.
―Como você está se sentindo hoje, princesa?
Eu dou de ombros, tomando o café que ele me dá. É quente contra a
palma da mão. ―Obrigada.
―Sua mãe disse que ela vai vir mais tarde; ela teve que ir para o
trabalho.
Eu concordo.
―Lucy, ― diz ele com cuidado, sentando na minha cama e me
enfrentando. ―Fale comigo.
―Eu não sei mais o que dizer, pai. Ninguém acredita em mim.
―Eu acredito em você.
Eu encontrei seus olhos, e eu sei que ele está dizendo a verdade. ―Ele
me salvou. Ele me tirou de lá.
Acena papai, tomando seu café e fazendo uma pausa por um segundo
antes de responder: ―Talvez ele está trabalhando em um caso em que a sua
identidade não pode ser conhecida. Acontece.
Ele está?
Meu coração pula uma batida. ―Você acha que poderia ser verdade?
―Pelo que você me disse sobre ele ser excessivamente calmo, falar
com as pessoas como se ele estivesse em uma missão, sim, é bem possível.
―Então como é que eu vou encontrá-lo?

BELLA JEWELL
Seu rosto cai. ―O problema é que você não será capaz. É provável que
ele lhe deu um nome falso. Lucy, querida, talvez você precise aceitar que ele
salvou sua vida e ser grata por isso, mas deixá-lo ir.
Eu não posso. Eu não posso deixá-lo ir. Ninguém entende o que
Hunter, se esse é mesmo seu nome verdadeiro, me deu naquele estádio. Ele
foi mais do que uma rocha; ele me protegeu, me confortou, me segurou
quando eu queria cair. Ele fez com que eu sobrevivesse.
―Ele salvou minha vida, mas era mais do que isso. Ele me manteve à
tona. Ele me impediu de perder e, provavelmente, levar um tiro. ―Minha voz
quebra na última parte e eu desvio o olhar.
―Eu não posso sequer começar a imaginar o que você passou, Lucy.
Eu nem quero. Sou grato ao homem por ajudá-la. Honestamente, se eu
pudesse agradecer-lhe, eu o faria, mas ele não está aqui por uma razão.
Você sabe quem está aqui? Quem está com medo? Quem está desesperado
para você ficar bem?
Eu olho para trás para ele.
―Gerard. Ele ama você, querida. Por favor, não o afaste. Deixe-o
tomar sua mão e levá-la através disso.
A culpa apunhala meu peito, e eu olho para o copo de café em
minhas mãos. ―Eu não estou tentando afasta-lo. Eu só... Eu não consigo
dormir, papai, ― eu sussurro e um soluço se liberta. ―Sempre que fecho os
meus olhos estão lá.
―Minha doce menina, ― diz ele, pegando o copo da minha mão.
Alguns segundos depois, ele envolve os braços em torno de mim, me
puxando para perto. Ele cheira a hortelã, pimenta e café, e meu pai. Eu
choro mais forte. ―Vamos resolver isso, eu te prometo. Eu não vou deixar
nada acontecer com você. Nem Gerard.
Eu só pendurei em cima dele, soluçando pela milionésima vez em
dias, tentando aliviar a pressão de cegueira em meu peito. Tentando apagar
as memórias. Tentando esquecer os sons. Mas, principalmente, tentando
esquecê-lo.
Hunter.

~*~*~*~
BELLA JEWELL
―Nós demos-lhe alguns analgésicos e um comprimido para dormir,
Lucy, ― a enfermeira diz, verificando minha temperatura. ―Eles devem
ajudar com as cólicas e deixá-la descansar um pouco.
É tarde, possivelmente por volta da meia-noite, e eu tenho chamado
por alguma medicação para a dor. Eu ainda estou sofrendo algumas cólicas
e sangramento do meu aborto. O médico disse que se não melhorar, eles
terão que fazer uma raspagem de limpeza de qualquer coisa restante,
apenas no caso do meu corpo não estar fazendo seu trabalho. Limpar.
Como se o meu bebê fosse apenas uma confusão que eles precisam
resolver.
―Obrigada, ― murmuro, deslocando-me na cama desconfortável.
―Chame se você precisar de qualquer outra coisa.
Concordo com a cabeça e ela sai, fechando a porta atrás dela. Eu
tenho um quarto privado, graças aos meus pais e Gerard. Sou grata, porque
isso significa que ninguém mais pode me ouvir chorar até dormir. Porque eu
choro.
Na maioria das noites, eu só fico aqui chorando até a exaustão me
levar. Eu tentei remover todos os pensamentos que me importam, para
encerrar, para desligar, mas eu não posso.
Eles não vão sair da minha cabeça. Todas essas pessoas.
Esses homens armados.
Meu bebê.
Ele.
Eu começo a soluçar no segundo que eu fecho meus olhos, como se o
meu corpo soubesse, logo que minhas pálpebras se fecham que o choro
precisa se liberar. Lágrimas vazam pelo meu rosto e eu tremo, embora eu já
esteja quente do comprimido para dormir. Aperto o cobertor e gemo,
tentando abafar o som. Eu só quero que isso pare.
―Menina Lucy.
A voz me assusta, e eu rolo tão depressa que eu quase me jogo da
cama. Eu agarro o lado dela para não cair. Eu não posso ver muito; meu
quarto é escuro, somente a luz do corredor flui por debaixo da porta. Eu
BELLA JEWELL
nem sequer ouvi-a se abrir. Eu devo estar imaginando coisas. Mas uma
figura se movimenta mais perto da minha cama, grande, larga, e eu sei...
Eu só sei que é ele.
―H-H-H-Hunter? ― Eu soluço.
Talvez a medicação esteja brincando com a minha mente. Só tem que
ser isso. Ele realmente não poderia estar aqui.
Ele dá um passo mais perto e olha para mim, a luz pegando seu rosto
ligeiramente. Ele tem barba, fazendo seu rosto parecer mais escuro, mas
não há dúvidas de que é ele. A maneira como seu cabelo escuro cai sobre a
testa. A maneira como ele se mantém. Ele está aqui. Ele voltou.
―Você está aqui, ― eu coaxo, tentando me sentar, mas a medicação
está retrocedendo dentro, fazendo meu corpo fraco.
―Eu tive que ver se você estava bem, ― ele murmura, inclinando-se
para baixo e acariciando uma mecha de cabelo do meu rosto, colocando-o
atrás da minha orelha.
Seu toque me traz conforto, um conforto instantâneo que eu não
sentia há dias. Não desde que ele me deixou. Eu quero estender a mão e me
jogar em seus braços, me cercar no calor que ele está trazendo, o
contentamento.
―Eu-eu-eu... eles me disseram que você não estava lá e...
―Silêncio, ― diz ele, sentando na cama ao meu lado. ― Diga-me que
você está bem?
―Eu não estou, ― eu solucei. ―Eu não estou bem. Eu não posso tirar
os pensamentos da minha cabeça. Não consigo parar de ver as pessoas
morrendo, ouvi-las gritar... ―Meu choro fica tão intenso que minhas
palavras são cortadas.
Ele se move lentamente, gentilmente me levanta da cama e me puxa
para o seu colo. Ele é tão grande, tão forte, e eu me enrolo nele como uma
criança, deixando sua força me engolir, deixando-a envolver em torno de
mim, até que eu sinta a pressão flexionar o meu peito, até que os soluços
diminuem, até que as lágrimas começam a secar.
Ele me faz sentir bem novamente. Como a droga mais forte, como a
mais bela mentira.

BELLA JEWELL
―Deixe-me dizer-lhe uma coisa que funciona para mim, que me ajuda
a viver com as imagens.
―Eu não q-q-q-quero viver com elas. Eu quero que elas vão embora.
―Você não pode fazê-las desaparecer, querida, ― diz ele, com a voz
baixa. ―Elas são suas agora, e você tem que trabalhar nisso, para aceita -
las em sua vida. Quanto mais você combatê-las, mais elas vão assombrá-la.
―Você quer que eu aceite o horror?
Ele fica em silêncio por um minuto. ―Você pode levá-lo de volta?
Não tenho resposta para isso, porque não, não importa o que eu faça,
eu não posso ignorar, ou levá-lo de volta. Eu desejo com tudo dentro de
mim que eu pudesse, mas eu não posso.
―Da próxima vez que essas imagens vierem à sua mente, eu quero
que você redirecione-as. Elas são suas agora, que significa que você pode
controlá-las. Você pode escolher para onde vão. Eu quero que você diga-
lhes: “Você não vai conseguir viver mais aqui, e eu não vou deixá-la em
mim.” Diga mais e mais, mesmo que isso signifique fazê-lo cem vezes por
minuto. Toda vez que elas estiverem lá, instrua-as. Eventualmente, elas vão
parar de vir.
―Será que isso realmente funciona?
Ele gentilmente me abraça. ―Sim, funciona. Você tem que aceitar o
que aconteceu. Você tem que entender que não pode alterá-lo, que não
havia nada que pudesse ter feito para evitá-lo. Aceite, lamente a perda
daquelas vidas, seja grata por você ainda ter a sua, e depois o deixe ir. Não
o deixe controlar a sua vida, Lucy. Me prometa isso?
―Eu vou t-t-t-tentar.
Meu corpo está ficando mais leve e mais leve, e eu posso me sentir
ficando pesada em seus braços, à vontade pela primeira vez no dia. Seus
músculos flexionam em torno de mim, um homem tão poderoso. Tão grande
e forte, mas tão cuidadoso, me manipulando como porcelana fina.
―V-v-v-você vai continuar vindo me ver, Hunter? ― Eu sussurro
quando minhas pálpebras ficam pesadas.
―Eu não posso fazer isso, Lucy.

BELLA JEWELL
Meu peito se aperta e eu seguro-o mais forte, meus dedos se
enredaram em sua camisa. ―Por favor, não vá embora mais uma vez. Por
favor. Você é a única pessoa que entende.
―Eu sinto muito.
―Hunter, ― eu gemo quando minhas pálpebras flutuam fechadas.
―Por favor, fique.
Ele me segura firmemente quando meu corpo desliza mais e mais
para a escuridão, onde está quente e seguro. Eu não quero escorregar; eu
quero ficar aqui, acordada em seus braços, eu quero falar com ele. Eu o
quero para me dizer que vai tudo vai ficar bem. Eu só quero que ele fique
comigo um pouco mais.
―Meu nome não é Hunter ― Eu o escuto sussurrar, ou talvez eu
imagino. ―É Heath.
Eu acho que estou sonhando, porque algo pasta em meus lábios, tão
suave e tão quente. Eu imagino que é assim que seu beijo seria, macio,
quente e suave. Eu tento chegar para ele quando ele foi embora, o procuro,
mas não posso me mover. Meu corpo se sente como se estivesse flutuando.
―Fique tranquila, menina Lucy.
Eu não acho que estou acordada mais.
E eu quero estar. Eu realmente, realmente quero estar.
Hunter.
Não saia.

BELLA JEWELL
―Lucy, acorde.
Eu mudei e gemi, deixando minhas pálpebras vibrarem abertas.
Gerard se inclina sobre mim, sua mão contra a minha bochecha. Eu
empurrei para acordar e olhar embaixo de mim, então ao redor da sala. Nós
somos as únicas duas pessoas aqui.
Mas ele estava aqui. Ele veio me ver. Eu juro que eu ainda posso
sentir o calor dele contra a minha pele, ouvir as batidas do seu coração,
enquanto eu descansava contra seu peito. Ele veio aqui, e agora ele se foi.
Mais uma vez.
―Você pode chamar minha enfermeira? ― Pergunto.
O rosto de Gerard torce com preocupação. ―Você está machucada?
―Não, eu só preciso perguntar-lhe alguma coisa.
―OK. Ela está prestes a sair, mas eu vou chamá-la.
Ele corre para fora e retorna um minuto depois com a enfermeira que
estava no turno da noite passada. ―Qual é o assunto, amor? ― pergunta
ela, aproximando-se e me estudando.
―Você viu alguém entrar aqui na noite passada?
Seu rosto se contorce no que parece ser confusão. ―Não, me
desculpe. Eu estava na mesa na maior parte da noite; ninguém entrou.
―Nem mesmo logo depois que você me deu a medicação para a dor?

BELLA JEWELL
―Não, ― ela diz, olhando para Gerard com uma expressão simpática.
―Eu estava na recepção por algumas horas, logo em seguida. Ninguém
estava por perto.
―Ele estava, ― eu digo, estudando-a. ―Ele veio aqui.
―Quem? ― Gerard exige.
―Hunter.
O nome Heath pisca na minha mente e eu tento concentrar-me na
memória, mas é distante. Ele me disse que era seu nome real? É o nome
dele?
―O que quer dizer com ele veio aqui? — Gerard pergunta, olhando
para a enfermeira.
―Posso assegurar que ninguém entrou, Sr. Jacobson. Eu estava fora
o tempo todo. Eu lhe dei alguns medicamentos e pílulas para dormir. Talvez
ela imaginou.
Não, eu não o fiz.
―Ele estava aqui, ― eu estalo.
―Uma palavra lá fora? ― A enfermeira diz à Gerard, me ignorando
completamente.
Ele balança a cabeça e eles desaparecem para o corredor. Eu olho
para mim mesma, tentando encontrar qualquer vestígio de que ele esteve
aqui. Eu levanto meu vestido e inalo, e eu posso sentir o cheiro fraco do
perfume dele. Eu me apego a isso. Eu não estou louca, ou drogada; ele
esteve aqui, e ele é uma pessoa real. Então, por que eles estão tentando me
dizer que ele não estava?
Gerard retorna um minuto depois, sorrindo cansado para mim.
―Lucy, podemos conversar? ― Ele se senta na beira da minha cama e
me estuda.
―Claro, ― eu digo, cruzando as pernas e me deslocando
desconfortavelmente.
―A enfermeira me assegura que ninguém esteve aqui ontem à noite,
mas ela está preocupada com o seu bem-estar. Ela informou-me que você
está falando sobre esse homem, Hunter, um pouco. Ela está preocupada

BELLA JEWELL
que você pode estar sofrendo PTSD3. Ela quer trazer um conselheiro para
falar com você hoje.
Eu pisco. ―O quê? ― Eu sussurro.
―Ninguém parece saber quem é este homem, mas você está obcecada
com ele, e isto está ficando um pouco preocupante. Eu acho que você
precisa falar com alguém. Você já passou por tanta coisa. Eu estarei lá ao
seu lado o tempo todo.
―Eu não sou louca, ― eu digo, minha voz tremendo de raiva. ―Eu vi
algo terrível, sim, mas não o inventei, Gerard. Vá e olhe por si mesmo;
Certamente há registros de vendas de ingressos. Ele estava lá. Ele me
visitou ontem à noite.
―Lucy, ― diz ele com cuidado.
―Não. Eu não preciso falar com um conselheiro. Eu sei que ele está lá
fora.
Ele olha para as mãos, em seguida, em direção à porta. ―Eu só estou
tentando ajudar.
―Se você quer ajudar, por favor, pare de me fazer de louca. Eu não
estou.
Ele balança a cabeça. ―Vou telefonar para sua mãe, dizer-lhe que
você está recebendo visitantes hoje. Volto em breve.
Ele beija minha cabeça e sai.
Meu peito permanece pesado.
Ele é uma pessoa real.
Ele é. Não é?

~*~*~*~

CINCO DIAS DEPOIS

3 Post-traumatic Stress Disorder (Estresse pós-traumático).


BELLA JEWELL
―Lucy, você precisa descansar. Seu corpo ainda está tentando
reparar a si mesma, ― diz minha mãe, voando em volta do meu sofá,
tomando meu copo vazio de chá e substituindo-o por um novo.
Eu não quero chá. Eu tive tanto chá desde que eu cheguei em casa
do hospital. Eu tive que ter um procedimento antes de sair porque o meu
corpo não fez o que era necessário e eu estava ficando com uma infecção.
Foi a pior coisa que já experimentei na minha vida. Eu vim para casa
alguns dias mais tarde, e tem sido um inferno que eu nunca, nem uma vez,
já experimentei na vida, todo mundo na ponta dos pés em torno de mim,
Gerard não sabe como falar comigo e tornou-se distante. Estamos
discutindo mais do que jamais discutimos antes.
É a mesma briga.
Heath. Hunter. Quem quer que seja.
Eles não acreditam em mim; eles se recusam a falar sobre isso. Todo
mundo só quer que tudo isso vá embora para que eu fique melhor. Para
esquecer o que aconteceu. Mas aconteceu.
Eu não posso esquecer isso. Isso está atormentando minha mente.
―Eu estou bem, mãe, ― eu digo, minha com voz calma. ―Eu não
posso ficar aqui para sempre. Eu tenho que voltar ao trabalho. Gerard tem
que voltar ao trabalho. Já faz mais de uma semana desde que tudo
aconteceu; você não precisa estar aqui todos os dias.
―Luc, ― diz ela, parando e me dando seu rosto severo. ―Você apenas
experimentou algo muito traumático, e por causa disso, você perdeu seu
bebê. Não se apresse.
Eu recuei. Meu bebê. Um lembrete da experiência dolorosa que me
mudou para sempre. O próprio pensamento faz o meu peito apertar, e eu
desvio o olhar.
―Quando posso assistir mais das reportagens sobre isso? ― Eu digo,
ainda olhando para uma parede em branco.
Eu posso ouvir seu suspiro audível do outro lado da sala. Eles têm
tentado manter o máximo de informações possível de mim. Eles acreditam
que eu assistindo ao noticiário depois que aconteceu piorou as coisas, e a
os médicos disseram-lhes que não iria me ajudar com a recuperação. Eu sei
que eles pensam que isso só vai alimentar a minha obsessão, ou o meu
BELLA JEWELL
estresse pós-traumático, ou o que eles acham que está errado comigo, e
assim eles estão, praticamente, guardando-me pelos últimos dias, nunca
me deixando sozinha tempo suficiente para tentar ligar uma televisão ou
abrir meu laptop.
Quando minha mãe correu para a loja esta manhã, eu levei o laptop,
sentado ao meu lado, e escondi-o nas gavetas ao lado da minha cama.
Eles não tinham notado. Ainda.
―Eles realmente não sabem muito mais sobre o que aconteceu.
Realmente não há muita informação.
―Você está mentindo para mim; — disse-lhe, ―Todos vocês não
podem continuar me protegendo. Eu preciso ver isso.
Ela dá um passo em minha linha de visão e cruza os braços. ―Você
não precisa vê-lo. Você quer ver isso, mas você não precisa. Você já viu o
suficiente. Você fez a sua declaração, e você disse à polícia o que precisava
saber. Agora você precisa se recuperar.
Ela está errada.
Eu preciso saber.
―Vou vê-los, ― eu digo, de pé. ―Nada que você possa dizer vai
impedir que isso aconteça.
―Lucy! ― Ela grita, quando eu desapareço pelo corredor.
Eu deslizo para dentro do quarto, onde Gerard ainda está dormindo.
Ele tem sido tão bom para mim; sinto-me culpada que eu não dei a ele o
que ele merece. Eu ando até a cama e olho para ele. Ele é tão lindo, tão
perfeito, mas tudo mudou. Ele não tem culpa, mas eu tenho, e eu não sei
mais quem sou. Ele merece um monte; ele é um bom homem.
Eu ainda sou o suficiente para dar o que ele merece?
Eu ainda quero?
Esse pensamento me assusta, e eu levanto da cama e vou ao
banheiro para tomar um banho.
É a única vez que eu posso estar sozinha; é o único momento em que
ninguém pode me incomodar e fazer perguntas e vibrar em torno de tentar
fazer as coisas melhores. Eu sei que eles estão apenas tentando ajudar,
mas não está funcionando.
BELLA JEWELL
Nada está. Eu me sinto tão vazia, tão desesperada, tão terrivelmente
sozinha.
E a única pessoa que entende, desapareceu como se nunca tivesse
existido. Eu só quero falar com ele. Eu só quero que ele me diga que não era
tudo da minha mente. Preciso vê-lo e só... o conhecer. Mas eu nem saberia
por onde começar. Eu não sei como encontrá-lo, eu não sei onde ele
trabalha, inferno, eu não sei nem se ele vive por aqui.
Heath. Hunter.
O que é real?
Eu entrei no chuveiro e deixei correr a água quente sobre mim,
tentando me lembrar de quando ele entrou em meu quarto de hospital. Eu
imaginei isso? Foi a medicação para a dor? Eu nem sei se eu estou
perdendo minha mente. Talvez eu esteja imaginando a coisa toda. Talvez
Hunter, ou Heath, nunca existiu. Poderia uma situação verdadeiramente
ser tão traumática, que ela realmente faz você imaginar algo tão
importante? Ele era tão real para mim.
Eu tenho que saber se ele existe; Eu só tenho que encontrar o meu
fechamento, e ele é a única maneira que eu posso fazer isso. Eu não sei
como vou encontrar o que eu preciso, mas eu vou.
―Bom dia.
Eu giro ao redor para ver Gerard caminhando, sem camisa, dando-me
um sorriso cansado. Ele não merece isso. Ele me ama tanto. Eu preciso
tentar conseguir minha vida de volta em ordem. Eu preciso seguir em frente
a partir disto, mesmo que isso signifique manter minha busca de meu
misterioso homem em segredo. Eu tentarei, por ele, por mim, por todos.
―Bom dia. ― Eu sorrio. É difícil e os meus lábios protestam, mas eu
mantenho plantado no meu rosto.
E eu vejo seu rosto relaxar, alívio inundando suas belas
características.
―Eu pensei que você nunca sorriria assim novamente.
Eu grito por dentro.
Eu mantenho o sorriso.

BELLA JEWELL
Demora alguns segundos antes que eu possa reunir uma resposta.
―Estou tentando. Pode levar algum tempo, mas eu estou trabalhando para
conseguir melhorar.
Ele anda um pouco mais adiante, encostado na grade de toalha e fica
me observando, enquanto eu saio e me seco.
―Como você está se sentindo?
―Eu honestamente não sei. Um pouco perdida, muito vazia,
confusa...
Ele aperta os olhos. ―Você não está ainda confusa sobre aquele
homem, não é?
Por alguns minutos eu só queria tentar, em seguida, ele pergunta
sobre a única coisa que eu estou lutando contra e todo o meu esforço vai
apenas correndo para fora da porta. Meu corpo entra em modo de defesa
num instante, meus músculos se apertam, minhas costas ficando ereta.
Gerard sabe. No segundo em que ele soube, seu rosto empalideceu
um pouco. ―Por favor, não fique chateada, ― ele diz, rapidamente. ―Eu só
quero que você siga em frente, para ajudar a si mesma.
―Eu não o imaginei, Gerard, ― Eu digo, tentando manter minha voz
firme. ―Estou cansada de você implicando com isso. Vou parar de falar
sobre isso, se isso te faz feliz, mas você precisa parar de dizer coisas assim.
―Eu sei que você acha que não...
Aqui vamos nós novamente. A mesma briga mais e mais. ―Eu não
acho, ― eu agarro, perdendo meu controle. ―Eu sei.
―Você teve uma experiência traumática. O médico disse que pode ser
normal criar coisas que não são reais. Perguntei à polícia, a todos que eu
podia e ninguém sabe quem é esse homem que você está falando.
―Ele estava, provavelmente, trabalhando em um caso secreto ou... ―
Eu paro porque o olhar no rosto de Gerard me faz querer gritar e chorar ao
mesmo tempo. Ele parece preocupado, mas na maior parte, ele olha para
mim como se eu estivesse perdendo minha mente, e eu odeio isso. Ele tem
aquela expressão mais e mais nos dias de hoje.
Eu não estou ficando louca.

BELLA JEWELL
―Eu vou voltar para a cama e descansar um pouco, ― murmuro,
passando por ele e entrando no quarto.
―Eu estou preocupado com você, ― diz ele, lentamente, girando e me
seguindo. ―Eu só não sei como te ajudar.
―Você pode me ajudar, não dizendo que ele não existe. Eu estava lá,
Gerard. Aquele homem salvou a minha vida, e vou encontrá-lo e agradecer-
lhe.
Deus, caramba, por que disse isso? Eu só jurei a mim mesma que ia
parar de falar sobre isso com Gerard.
Parece que ele sente pena de mim. ―Lucy...
―Basta sair, ― eu digo. ―Estou cansada.
―Lucy, por favor...
Viro as costas para ele, puxando um par de shorts de algodão e um
top, então eu subo na cama. ―Tchau, Gerard.
Ele suspira e olha para mim por alguns minutos, antes de dizer
baixinho, ―Eu estarei na cozinha quando você acordar.
Em seguida, ele se foi.
No segundo em que a porta se fecha, eu deslizo para fora da cama e
sacudo o laptop para fora, para abri-lo. Eu não posso seguir em frente até
que eu saiba. Simplesmente não posso. É hora de enfrentar tudo, quer eu
goste ou não. Eu abro uma barra de pesquisa, e digito.
Refém do estádio de beisebol.
Então eu leio.

~*~*~*~

Sento-me no quarto por três sólidas horas, fingindo estar dormindo,


mas devorando cada artigo que eu posso encontrar. Eles estão dizendo que
se acredita ser um grupo religioso que veio porque eles estavam protestando
contra a cidade por não dar-lhes a terra. Aparentemente, o estádio está em
algum terreno sagrado que eles acreditam que precisam a fim de realizar

BELLA JEWELL
tudo, seja lá que coisa doente eles estão planejando. O grupo é denominado
Templo do Céu.
As pessoas envolvidas foram entrevistadas e disseram à polícia que
iriam sacrificar mais vidas para o bem maior, e que sem a terra suas almas
não podem ser salvas e nem pode qualquer outra pessoa. Eles querem criar
um solo sagrado, totalmente protegido, que apenas os seguidores podem
entrar. Tem que ser no chão porque Deus lhes disse que tem que ser e se
eles não obtê-lo, o mundo será tomado em chamas e assim, suas almas. Vê-
los falar nos vídeos on-line é mais do que um pouco aterrorizante, porque
eles realmente acreditam em tudo o que estão dizendo.
As reportagens não entram em muito mais detalhes, apenas que eles
prenderam as pessoas envolvidas no disparo e estão “trabalhando” para
fechar o resto do grupo, mas sem prova de envolvimento isso está se
revelando difícil.
Eu li sobre cultos antes; eles são tão loucos quanto são torcidos, e
não vão parar com nada até realizar o que eles acreditam que é certo.
Eu continuo lendo, mas eu não encontro qualquer outra coisa. Meu
peito está pesado com o tempo, eu estou sobrecarregada com medo e dor.
Vendo as fotos de todos aqueles que perderam suas vidas, vendo as famílias
das vítimas falarem, me faz querer enrolar-me e chorar, até que não haja
mais lágrimas. Eu me sinto tão só, tão indefesa, e assim, condenada e
receosa. Quero conforto, mas não consigo encontrá-lo. Eu quero ser a
garota que eu era antes, mas ela se foi. Eu não sei sinceramente como vou
passar por isso.
Bem, acho que sim, mas ele está longe de ser encontrado.
Eu abro outra busca e digito o seu primeiro nome e o nome da
estação de polícia de onde são os policiais que estavam lá naquela noite.
Nada vem à tona. Tento Heath; nada vem, também. Eu procuro até meus
dedos doerem de digitação, mas não consigo encontrar nada sobre o
misterioso homem que salvou minha vida. Eu até mesmo recorro à procura
no Facebook e outras plataformas de mídia social. É como se ele realmente
não existisse. Eu encontro o site do estádio de beisebol e abro a página de
contato, enviando um e-mail como uma última e desesperada tentativa.
Olá,

BELLA JEWELL
Meu nome é Lucy Jacobson, e eu estava no estádio de beisebol
quando o ataque aconteceu. Um estranho sentou-se ao meu lado, e este
homem corajoso salvou minha vida. Eu só queria encontrá-lo e
agradecer-lhe, mas eu não consigo localizá-lo. Eu estava pensando, se
vocês poderiam me dar seu sobrenome, então eu poderia ser capaz de
entrar em contato.
Eu só tenho um nome de Heath.
Por favor, entre em contato comigo se tiver qualquer informação.
Atenciosamente.
É um tiro longo, porque o fato da questão é, mesmo que eles têm, eles
provavelmente não vão dar qualquer informação. Espero ter colocado o
nome certo, e somente após mandá-lo penso se eu deveria ter colocado
Hunter também. Eu fecho o laptop e suspiro, empurrando-o para o lado. Eu
tenho que encontrá-lo. Eu só tenho. Eu preciso saber que eu não estou
ficando louca.
Eu deslizo para fora da cama, nem mesmo uma tentativa de sono, e
saio para a sala de estar. Mãe, pai e Gerard estão todos amontoados,
falando suavemente entre si. Eles não me ouvem entrar, então eu paro e
apenas os ouço. Eles estão falando sobre mim, e eu sei que eu deveria me
tornar conhecida, mas não posso evitar. Eu precisava saber o que eles estão
dizendo.
―Eu não acho que ela está bem, ― diz Gerard. ―E está começando a
me preocupar. Ela realmente acredita que havia um homem ali, mas todos
com quem falei disseram que eles não têm ideia sobre o que ela está
falando.
―Ela está traumatizada, ― diz meu pai. ―Ela só precisa de tempo.
―Ela está tentando encontrar um homem que não existe, ― protesta
mamãe. ―O tempo não é suficiente. Eu acho que ela precisa de ajuda.
Precisamos tê-la falando com alguém; é o único caminho.
―Eu tenho que concordar. ― Gerard suspira. ―Eu não posso
continuar ouvindo-a falar de alguém que não é real. Estou com medo do
que isto está fazendo à sua mente.
―Ela perdeu um bebê, testemunhou algo terrível, e está tentando
lidar. Talvez dar-lhe algum tempo para fazer isso, antes de mandá-la ao
BELLA JEWELL
serviço mais próximo, ― Papai encaixa. ―Ela não é louca. Ela testemunhou
algo terrível que vocês não podem sequer começar a imaginar se tentassem.
―Não estou dizendo que ela é louca, ― Gerard diz de volta. ―Mas você
ainda não viu o jeito que ela fala como se aquele homem fosse uma coisa
real.
―Você está tão certo de que ele não é? ― Papai aciona.
Gerard recua. ―Ninguém parece saber quem ele é. Falei com a polícia
e eles tinham uma lista de todas as pessoas que tinham bilhetes naquele
dia; ele não estava lá. Ninguém o viu. Assim, as chances de ele ser real são
escassas.
―O que não quer dizer que ele não era.
―Então você quer me incentivar a aceitar a busca da minha esposa
por outro homem?
Meu pai rosna. ―Ela não fez nem coisa errada, Gerard. Não fale como
se ela tivesse feito.
―Ela está obcecada com um cara que é inventado. Isso é loucura!
―Ok, ok. ― Suspira a minha mãe. ―Precisamos de um plano que vá
funcionar. Ainda concordo com Gerard. Eu acho que ela precisa de ajuda,
independentemente deste homem ser real ou não, e eu não acho que
podemos dar a ela. Ela viu algo terrível acima de tudo, e isso é o suficiente
para empurrar o problema.
―Eu concordo que ela precisa falar com alguém, ― diz meu pai. ―Mas
eu não vou vê-la ser chamada de louca.
Meu marido pensa que eu sou louca.
Minha mãe acha que eu sou louca.
Meu pai é o único que acredita em mim.
―Eu não sou louca.
Todos eles giram ao redor, os olhos arregalados, e olham para mim.
Gerard salta. ―Lucy, por favor, não fique chateada. Estamos apenas
preocupados, e...

BELLA JEWELL
―Eu não sou louca! ― Eu estalo. ―Lembro-me de tudo muito
claramente. Você pode não acreditar, mas ele é real. Ele é. Ele veio me ver
no hospital. Ele estava lá; eu o vi com meus próprios olhos.
O rosto de Gerard cai. ―Lucy, ele não foi. A enfermeira confirmou
isso.
―Ele foi. Talvez ela não o viu, mas ele esteve lá!
―Lucy, eu acho que você precisa de ajuda, ― Gerard diz, com os olhos
preocupados para mim, o rosto apertado.
―Eu não preciso de ajuda! ― Eu grito, tão terrivelmente frustrada.
―Eu só preciso que você acredite em mim. ― Eu me viro e corro para a
porta da frente.
―Lucy! ― Meu pai chama. ―Pare.
Eu pego as chaves e empurro a porta aberta, correndo para o meu
carro. Eu me jogo dentro e tranco as portas.
Todos os três deles correm para fora da casa, agitando os braços e
gritando para eu parar, mas eu não paro. Eu jogo meu carro em marcha ré
e volto para fora, desaparecendo na estrada. Assim que eu estou fora de
vista, eu começo a chorar. Grandes lágrimas feias que se transformam em
voz alta e soluços afundam meu corpo.
Eu encontro uma rua calma e paro o carro, deixando inundar.
Eu não sou louca.
Eu não sou.

BELLA JEWELL
Sento-me na beira da estrada para o que parecem ser horas. Meu
telefone toca e toca, e eu eventualmente desligo-o. Uma vez que minhas
lágrimas secaram, eu olho para fora para os carros que passam e as casas
antigas perguntando aonde no inferno ir a partir daqui. Eu tinha uma vida
perfeita, um marido incrível, e um bebê crescendo dentro de mim, e agora
está tudo acabado e eu não sei como obtê-los de volta.
O mais assustador, é que eu não sei mesmo se eu quero.
Eu estou puxando para a rua antes de sequer pensar nisso, dirigindo
pelas ruas até que eu acabo em uma Delegacia de Polícia. Eu fico olhando
para as portas da frente, querendo saber o que diabos eu estou esperando
para sair dessa. Eles são altamente improváveis a me dar alguma coisa,
então eu deveria apenas me afastar, mas eu não posso. Eu não acho que
vou ser capaz de seguir em frente, até que eu possa ver Heath e descobrir a
verdade.
Só então, eu terei uma chance de fazer as coisas melhores.
Eu saio do carro, trancando-o e colocando as chaves em meu bolso
quando me aproximo das portas dianteiras. Eu paro quando alcanço-as e
olho para o meu reflexo. Meu rosto está inchado e vermelho. Eu estou
horrível. Não me importa.
Eu empurro a porta e entro. Não existem pessoas a serem vistas, nem
mesmo uma mulher na recepção. Eu ando para frente, olhando para baixo
pelos corredores à minha esquerda. Ninguém.

BELLA JEWELL
Eu toco o sino na mesa. Um minuto depois, uma mulher
consideravelmente loura sai, seu cabelo fluindo ao redor de seus ombros,
seus olhos azuis brilhando, um sorriso no rosto.
―Olá, ― diz ela, com os olhos caindo para o meu nariz vermelho, sem
dúvida. ―Você está bem?
―Eu estou, ― eu digo, minha voz forte, embora eu saiba que pareço
uma fraca confusão, patética. ―Estou procurando por Heath.
Seu rosto contrai apenas ligeiramente. Qualquer um que não estava
olhando para ela teria perdido. ―Eu sinto muito; não temos ninguém aqui
com esse nome.
Ela está mentindo. Seus olhos correram para a esquerda por apenas
um segundo. ―Isso não é verdade. Eu sei que ele trabalha aqui, ele me
disse.
Ela muda um pouco para a direita e esfrega a mão sobre a blusa.
―Sinto muito, senhora, não temos um Heath aqui. Talvez você tem a
estação errada?
―Pare de mentir para mim, ― eu agarro, cruzando os braços. ―Por
que você está toda o protegendo?
Ela olha para o corredor. ―Deixe-me chamar o meu gerente da
estação.
Ela se afasta, e um momento depois retorna com um homem mais
velho. Ele é magro e alto, com os olhos verdes gritantes que se destacam
contra a sua pele cor de oliva.
―Olá. Como posso ajudá-la?
Eu olho para o seu crachá. ―Michael, não é?
Ele balança a cabeça.
―Eu sou Lucy. Eu estava no estádio de beisebol quando foi atacado
recentemente. Havia um homem lá. Ele me ajudou, seu nome era Heath.
Ele trabalha aqui. Eu estou procurando por ele.
Seu rosto não muda. Ele é melhor em mentir do que a sua
recepcionista. ―Eu sinto muito. Eu não tenho ninguém aqui com esse
nome.
―Deus, droga, ― eu grito. ―Por que você está mentindo?
BELLA JEWELL
―Senhora, talvez possamos sentar e nos acalmar...
―Você sabe o quê? ― Eu rosno. ―Vou encontrá-lo de outra maneira.
Viro-me e saio correndo do edifício, mas não antes de avistar os
oficiais que estavam lá na noite em que aconteceu, me olhando de dentro de
um escritório. Eles sabem. Todos eles sabem, então por que diabos alguém
não pode me ajudar? Onde diabos eu vou a partir daqui?

~*~*~*~

DEZ DIAS MAIS TARDE


Tem sido outra semana e meia drenada desde que eu fui para a
estação de polícia em uma pobre tentativa de encontrar informações sobre
Heath. No momento em que cheguei em casa, Gerard já tinha sido
informado de que eu tinha estado lá, porque eles tinham chamado, por
preocupação comigo. Mais uma vez, nós entramos em outra maldita briga
sobre um homem que não existe. Desde então, apenas falamos. Cada dia
que passamos, nós ficamos ainda mais e mais afastados.
Estou tentando, mas cada vez que eu acho que as coisas estão
melhorando, ele me pergunta se eu ainda acredito que meu misterioso
homem está lá fora e nós brigamos novamente.
Eu sei que deveria deixá-lo ir, mas o vazio no meu peito está
crescendo rapidamente, e cada dia ele apenas fica pior e pior. Às vezes, eu
reflito sozinha à noite, me perguntando se estou perdendo minha mente.
Talvez eles estejam certos. Talvez eu imaginasse tudo. Eu escrevi tudo, até
mesmo procurei as listas de mortos e desaparecidos, apenas para tentar
provar para mim e minha família que ele era real. Nada apareceu.
Hoje, nós estamos tendo um memorial para o nosso bebê. Não é nada
muito grande; nós apenas estamos caminhando até o parque pelo cemitério
e dizendo algumas palavras. Gerard diz que vai nos ajudar a deixar ir, mas
eu não sei se vou ser capaz de deixar ir, a pequena vida que eu perdi, não
importa quão cedo a minha gravidez fosse. Ainda lembrando-me dela e
dando-lhe o que ela merece, é a melhor coisa para todos.

BELLA JEWELL
―Você está pronta? ― Gerard pergunta, entrando pela porta da frente.
Ele voltou a trabalhar ontem, dizendo que não podia tomar qualquer tempo
fora mais.
Isso magoou mais do que eu gostaria de admitir.
Por que eu não soube mais cedo o quanto seu trabalho significa para
ele? Ele sempre vem em primeiro lugar.
―Sim, ― eu digo suavemente, envolvendo o meu casaco grande ao
redor de mim e seguindo-o até o carro.
Nós dirigimos em silêncio para o parque. Quando chegamos, nós dois
saímos caminhando para a espessura de algumas árvores frondosas e eu
me ajoelho, puxando para fora a pá que eu trouxe de casa e cavando um
pequeno buraco. Então eu coloco a pequena roseira que eu comprei ontem,
cobrindo-a até que ela fica lá sozinha, entre as grandes árvores. Uma
lágrima rola no meu rosto, e eu corro meus dedos sobre as folhas.
―Eu sinto muito. Eu te amo, ― eu sussurro. ―Descanse, baby.
Gerard me observa, e quando eu me viro para olhar para ele, ele está
olhando para a planta com ausência de expressão em seu rosto. Ele vem
fazendo isso muito ultimamente, e eu me sinto horrível. Ele está sendo
desligado, e eu não estou fazendo nada para pará-lo. Não é uma coisa
única. Eu deveria estar apoiando-o, ajudando-o através disto também, mas
agora eu mal consigo me segurar.
―Você não vai dizer nada? ― Pergunto.
―Não há realmente muito a dizer.
Quem é esse homem? ―Ok, ― eu digo suavemente, levantando.
―Talvez possamos almoçar antes de ir de volta ao trabalho?
Ele parece com dor, mas continua olhando para a roseira. ―Eu não
posso. Eu estive fora do trabalho por quase três semanas agora, e há muito
a ser feito. Mal tive tempo para vir aqui para isso.
―Isso? ― Eu digo, minha voz cheia de dor. ―Isso é o nosso filho.
―Eu não quis dizer isso, ― diz ele, com o rosto triturado. ―Eu só quis
dizer que as coisas estão agitadas. Me desculpe.
―As coisas estão sempre agitadas, ― murmuro.

BELLA JEWELL
Seu rosto endurece agora. ―Me desculpe, eu não estava lá naquele
dia, Lucy. Se for onde você está indo com isso, então não. Eu sofro de culpa
o suficiente.
―Como isso é sobre você? ― Eu grito. ― Sério, Gerard. Eu nem sequer
impliquei.
―Mas você está pensando isso. Em algum lugar no fundo, você está
pensando isso.
Meu Deus. ―Não, eu não estou. Não era sua culpa que você não
estava lá; não foi culpa de ninguém.
Ele balança a cabeça com um suspiro. ―Eu tenho que voltar ao
trabalho. Vou pegar um táxi de volta. Você leva o carro quando acabar.
―Você está seriamente saindo agora? ― Eu grito, tentando manter-me
firme. ―Isto é importante.
―Eu sei que é, ― diz ele, claramente tentando manter a calma. ―Mas
assim como manter um teto sobre nossas cabeças também é.
―Você não pode mesmo dizer duas palavras para um bebê que você
queria tanto?
Seus olhos piscam com a dor, mas principalmente, com a raiva. ―Eu
não vou fazer isso. Não aqui. Eu vou voltar para o trabalho, Lucy.
Com isso, ele vira as costas para mim e vai embora.
―Gerard! ― Eu chamo, mas ele não para.
Quem é este homem? Ele certamente não é meu marido. Mas eu acho
que eu não sou sua esposa também.
O que isso nos faz, então?
Estranhos?
Esse pensamento me aterroriza.

BELLA JEWELL
Sento-me perto da roseira para o que parecem ser horas, acariciando
as folhas, pensando sobre o meu bebê e minha vida, mas principalmente
sobre o nosso casamento. Eu nem sequer percebo que estou chorando, até
que uma lágrima cai ao longo da minha bochecha e cai sobre uma folha
verde, deslizando para baixo, até que ela cai no solo e desaparece. Eu bati
no meu rosto com a palma da minha mão e pensei sobre o que Gerard
disse. Posso culpá-lo por não estar lá? Por tornar o trabalho mais
importante do que eu? Eu não sei.
―É uma planta bonita.
Eu estremeço quando uma voz que sonhei por tanto tempo enche o
meu corpo com o calor. Eu não viro para trás, com medo de que tudo vai
ser apenas uma alucinação. Eu não posso suportar mais decepção. Mais
loucura.
―Ela merece muito, ― eu sussurro.
Provavelmente estou falando sozinha agora, mas eu simplesmente
não posso me importar.
―Ela merece.
―Você está me seguindo? ― Pergunto. Meus dedos tremem, mas eu
continuo acariciando a folha macia.
―Eu estou mantendo um olho em você.
―A mesma coisa.

BELLA JEWELL
Eu o ouvi agachar atrás de mim, sinto o calor do seu corpo irradiar
pelas minhas costas, mas eu ainda não posso virar ao redor, porque vê-lo
só vai piorar o meu estado. No entanto, eu quero tão desesperadamente. Eu
quero vê-lo com cada parte da minha alma.
―Você ainda está respirando, menina Lucy?
Eu ainda estou respirando? ―Você pode respirar quando está se
afogando?
Ele fica em silêncio.
―Por que você está aqui? ― Eu digo, minha voz trêmula. ―Por que
não posso vê-lo? Falar com você? Será que você é uma pessoa real? O seu
nome é Hunter ou Heath? Você é realmente minha imaginação?
Um dedo suave toca um fio de cabelo na parte de trás do meu
pescoço e o bate afastado. ―Meu nome é Heath e, não, você não está me
imaginando.
―Então por que não posso encontrá-lo? ― Eu sussurro, meu corpo
tremendo enquanto seu dedo desliza para baixo do meu ombro exposto,
arrastando em toda a minha pele.
―Porque eu não quero ser encontrado.
―Por quê? ― Eu defendo, desesperadamente.
Seu dedo desliza sobre o meu pescoço, debaixo do meu queixo, e
então até minha bochecha onde ele para e move para trás e para frente.
Minha respiração está presa na minha garganta e meu peito está tão
apertado que dói. Por um minuto, nada se move.
―É apenas a maneira que tem que ser.
―Todo mundo pensa que eu sou louca. Eu... eu me perguntava se eu
sou mesmo.
Sua grande mão no meu rosto e eu viro para ele, fechando os olhos.
Minhas lágrimas caem abaixo e sobre os seus dedos. ―Não deixe as pessoas
dizer-lhe como se sente. Você tem que parar de procurar por mim e parar de
falar sobre mim. Você não é louca, mas eles não vão entender isso.
―Eu não entendo isso, ― eu soluço.
Ele se move mais perto, até que o seu peito é pressionado contra
minhas costas. Sua outra mão vem ao redor, em copo na minha bochecha,
BELLA JEWELL
até que ambas as mãos grandes estão descansando contra o meu rosto, me
fechando, me mantendo quente, me puxando junto por apenas um
segundo.
―Você não tem que entender isso. Basta acreditar no que você sabe e
parar de tentar fazer as outras pessoas entenderem. Eles nunca vão
entender. Eu tenho que ir agora.
Eu tento virar. Ele me agarra pelos ombros e me para.
―Por favor, não vá de novo, ― eu sussurro.
―Tente manter a respiração, menina Lucy.
Ele se inclina e seus lábios pastam sobre o meu cabelo, mal lá, e
então suas mãos caem. Eu aperto meus olhos fechados e o sinto mesmo
que por alguns minutos. Quando eu me viro e olho, ele se foi.
Assim como sempre. Ele vem em momentos.
Aqueles fugazes.

~*~*~*~

Eu bato a porta da frente e me livro do meu casaco. Algo toca no


bolso e eu pego, puxando-o para fora. Há um chaveiro minúsculo, é um
dente de leão com alguns de seus minúsculos fios brancos voando. É
bonito. Eu também nunca vi isso antes. Eu o viro para ver na parte de trás
uma inicial. H. Meu coração bate, e eu empurro o chaveiro para o meu
peito.
Ele colocou isso no meu bolso no parque hoje.
Eu sorrio um pequeno sorriso. O primeiro em dias.
―Sobre o que é esse sorriso?
Eu giro ao redor para ver Gerard entrando pela porta da frente. Eu
fiquei fora o dia todo, por isso não me surpreende ao vê-lo chegando agora
também. São provavelmente cinco horas da tarde, ou próximo disso.
―Apenas tive um bom dia, ― eu digo, enfiando o pequeno chaveiro em
meu bolso.
―Ficou no parque?
BELLA JEWELL
Eu balancei minha cabeça, mesmo que isso seja uma mentira. ―Eu
fui à loja, ao shopping, coisas assim.
Ele sorri, mas mal está lá. ―É bom ver que você está ficando fora de
casa novamente. Você pensou em voltar a trabalhar?
Eu trabalho em um restaurante local, e eles têm sido mais do que
compreensivos com a minha necessidade de ter um tempo fora. Eu não
estou inteiramente certa de que estou pronta para voltar, mas eu suponho
que deveria falar com eles sobre isso. ―Eu vou dar-lhes uma chamada, mas
eu não acho que estou pronta ainda.
―Você não pode ficar aqui para sempre. A melhor coisa que você pode
fazer é seguir em frente, e a melhor maneira de fazer isso, é tornar a sua
vida tão normal como era antes.
Olho para o meu marido, ferido e um pouco chateado. ―Eu
testemunhei algo traumático, Gerard. Isso foi apenas algumas semanas
atrás.
―Eu sei, ― diz ele. ―Eu só estou tentando ajudar.
Ele tira o casaco e caminha pelo corredor em seu escritório. Assim, a
conversa acabou.
Meu peito aperta e eu levanto a minha mão do meu bolso, olhando
para o pequeno dente de leão. O que isso significa? O que qualquer coisa
disto significa?
Eu não sei, mas estou determinada a descobrir.

~*~*~*~

UMA SEMANA DEPOIS


Eu me empurro verticalmente na cama, o suor escorrendo pelo meu
rosto enquanto o pesadelo me acordou. Meu coração bate e eu aperto a mão
no meu peito, tentando respirar. Eu automaticamente chego para Gerard,
só para descobrir que ele não está lá. Mais uma vez. Desde que ele voltou ao
trabalho, ele está gastando mais e mais tempo no escritório e menos tempo
em casa. Ele mal vem para a cama. Eu o descobri mais de uma vez
dormindo em seu escritório.
BELLA JEWELL
É como se ele não pudesse estar perto de mim.
Isso machuca.
Eu saio da cama e agito a luz acesa preenchendo o corredor. Eu
chego ao seu escritório e abro a porta, espiando. Ele está olhando para seu
laptop, seu corpo despenca com cansaço. Se ele está tão cansado, por que
ele não vem para a cama? ―Ei, ― eu digo suavemente.
Ele gira ao redor, olhando para mim. ―Ei. O que está fazendo
acordada? Está tarde.
―É apenas dez e eu tive um pesadelo.
Seu rosto fica em branco. ―Sinto muito.
Deus, onde está meu marido? ―Gerard, podemos conversar?
Ele suspira e passa a mão pelo cabelo. ―Sobre o quê?
―Sobre isto. Sobre nós.
―Eu não sei o que há a dizer, Lucy. As coisas têm sido tensas desde
que tudo aconteceu, e eu não acho que tenha algo a ver com o que viu.
―Por favor, não inicie este argumento novamente, ― eu imploro.
Seus olhos encontram os meus. ―Você ainda acredita que ele é real.
Você acha que eu não posso ver isso em seu rosto? Eu vi as pesquisas no
Google.
Eu tomo um passo para trás. ―Você está me vigiando.
―Você ainda está procurando por ele e se recusa a querer ajuda. O
que você quer que eu faça?
―Acredite em mim! ― Eu estalo.
―Eu não, ― ele resmunga. ―Eu não acredito em você, e eu estou farto
da sua obsessão sobre esta inexistente pessoa, principalmente, eu estou
doente de você se recusar a ser ajudada.
―Eu não estou fazendo isso de novo, ― eu digo, cruzando os braços.
―Eu não estou falando com você sobre isso, você ainda está me fazendo
sentir culpada.
―Eu quero que você pare.
Eu recuo. ―Perdão?

BELLA JEWELL
―Eu quero que você pare de pensar nele, falar sobre ele, e procurar
por ele.
―Não, ― eu digo simplesmente. ―Ele salvou minha vida, mas mais
importante, ele me apoiou quando eu mais precisava.
Seus olhos estreitos. ―Sério?
A maneira como ele está falando comigo agora, do jeito que ele está, a
raiva borbulha e eu cuspo, ―Sim! Quando, por exemplo, eu plantei a rosa
para o bebê e você teve que sair por causa do trabalho, como sempre, era
mais importante.
Seu rosto cresce vermelho, e eu sei que minhas palavras são cruéis.
Eu não as levo de volta, principalmente porque eu não posso, mas também
porque o meu orgulho não me deixa. ―Agora você está imaginando que está
vendo ele.
Imaginando. Eu não aguento mais. ―Eu estou feita aqui.
Viro as costas para ele e ouço sua cadeira raspar de volta. ―Sério,
Lucy. Se você está imaginando ele, você precisa de mais ajuda do que eu
posso dar.
―Ele é real! ― Eu grito tão alto que me assusta. Minha mão sobe
sobre a minha boca, horrorizada.
―Amanhã eu vou chamar um médico. Eu não aguento mais. ―Sua
voz cresce fria.
―O quê? ― Eu sussurro.
―Você precisa de ajuda. Se você não vai procura-la, eu vou fazer você
consegui-la.
Dirijo-me com as pernas trêmulas e saio correndo. Ele me chama,
mas eu não paro. Eu não posso parar.
Eu preciso sair daqui.

BELLA JEWELL
Eu vou para o estádio de beisebol.
Eu não estive lá desde aquela terrível noite, mas hoje eu sei que é
hora de voltar e enfrentá-lo.
Talvez haja algo, qualquer coisa que vá me dar às respostas que eu
preciso, ou talvez, eu esteja apenas me agarrando em palhas porque não há
outra saída. A chuva cai quando eu estou perto, vindo em gotas pesadas
deslizando para baixo em meu para-brisa quando eu chego a uma parada
no estacionamento vazio. Não há ninguém em volta, mas ainda há fita da
polícia em todos os lugares.
Com as mãos trêmulas, eu empurro a porta do carro aberta, entrando
na chuva fria congelante sem dar um pensamento melhor. Meus olhos
circulam sobre o estádio escuro e eu ando em direção a ele, meus pés sem
vida no pavimento. Eu paro nas entradas frontais que estão totalmente
bloqueadas e apenas olho. Sons, memórias, dor e todos os flashes de volta
na minha mente como um pesadelo.
Gritos. Tiros. Pessoas chorando e implorando.
―Hunter? ― Eu coaxo.
―Sim, Lucy?
―O que eles querem?
―Eu não sei, querida.

BELLA JEWELL
Eu afundo de joelhos na porta, meus dedos encontram a grama
macia debaixo de mim, e eu soluço. Eu quebro; eu deixo tudo ir, incluindo a
garota que eu era. Agora eu sei que nunca vou ser ela de novo, e ela nunca
vai ser eu. Eu sou uma pessoa diferente, e eu não posso continuar fingindo
que não sou. Meu casamento se desintegrou; eu não posso mais fingir que
não.
A chuva continua vindo sem piedade, me encharcando até os meus
ossos. Eu não me importo. Eu permaneço no chão, chorando, tremendo,
ficando saturada, porque é a única maneira que eu posso lidar.
Braços fortes envolvem em torno de mim.
Por um segundo eu estou atordoada. Meu corpo é transportado fora
do chão.
Eu começo a me contorcer, chorando histericamente e tentando ver o
homem me segurando.
―Menina Lucy, silêncio.
Heath.
Sempre o herói.
Sempre o intruso.
Como pode alguém tão sucessivamente ser tanto?
Eu faço um som chiado de dor e me agarro a ele. Eu jogo meus
minúsculos braços em volta do seu pescoço e seguro, pressionando o meu
rosto em seu peito, segurando-o, como se ele fosse a única coisa que me
mantém respirando. Ele me leva para o meu carro, mas eu estou muito
histérica para fazer qualquer coisa e me seguro com tudo o que tenho.
―Acalme-se, querida.
Aperto-o mais forte, meus dedos se curvando em sua camisa.
―Lucy, olhe para mim.
Com grande esforço, eu puxo para trás e olho para ele. Ele olha para
mim, os olhos intensos. Uma rua no estacionamento ilumina seu rosto, e eu
percebo nesse momento o quanto eu precisava vê-lo. Esses olhos. Essa
boca. O cabelo caindo sobre a testa. Eu deveria ter me virado e olhado para
ele naquele dia no parque. Eu deveria ter o gravado em minha mente.

BELLA JEWELL
―Todo mundo pensa que eu sou l-l-l-louca, ― Eu soluço. ―Meu
marido vai me forçar a ver um médico.
―Acalme-se por mim.
―Eu não posso. Eu não posso. Estou tentando, mas eu não posso.
Ninguém acredita em mim. Eu estou tão sozinha. Estou com tanto medo.
Nossos olhos seguram e se enfrentam. Ele é tão bonito.
―Sua família está apenas tentando cuidar de você. Imagine como isso
parece para eles?
―Eles acham que eu sou louca! ― Eu grito.
―Você não está dando-lhes qualquer outra escolha.
―Não, você não está me dando qualquer outra escolha, ― eu choro,
empurrando seu peito. ―Por que você faz isso para mim? Por que você
apenas se mantém voltando? Se você não me quer em sua vida, então você
não deve continuar aparecendo e fazendo as coisas muito piores.
Seus olhos piscam com pesar. ―Eu já lhe disse que você não deve
procurar por mim.
Eu choro mais, meu corpo treme. ―Então pare de aparecer e fazer
isso ainda mais confuso.
―Eu tenho que manter um olho em você porque eu não quero que
você se machuque.
―Por que eu iria me machucar? ― Eu grito, puxando para trás e
olhando para ele.
Ele estuda meu rosto. ―Porque eu sei que você continua perguntando
sobre mim e continua falando de mim. Você tem que parar de fazer isso.
―Se você me deixasse entrar em contato com você, eu não teria.
―Eu não posso existir em seu mundo ou em qualquer mundo agora.
Você não entende isso? Não posso confirmar quem eu sou para a sua
família ou qualquer outra pessoa.
―Por quê? ― Eu grito, exasperada.
―Basta confiar que é assim que tem que ser. Pare de se referir a mim,
Lucy. Pare de procurar por mim. Eu sei sobre o e-mail para o estádio.
Eu recuei. ―Eu estava apenas tentando descobrir se você era real.
BELLA JEWELL
―Me dê sua mão.
Ele pega a minha mão e puxa-a contra seu coração. ―Você sente
isso? É um coração batendo. Você não é louca. Sou real. Estive aqui,
olhando-a, fazendo o meu melhor para entrar em sua vida quando posso,
mas você está fazendo isso difícil. Você precisa começar a tentar corrigir a si
mesma, e talvez, um dia, eu possa apresentar-me de verdade, mas esse
tempo não é agora.
―Eu não quero me corrigir. Eu não quero nada disso mais.
―Você tem que tentar, menina Lucy.
―Eu não posso, ― eu gaguejo e meu rosto cresce vermelho de
vergonha.
Ele olha para cima, quando seu olho pega algo á distância. ―Eu
tenho que ir.
―Não, ― eu grito, agarrando-o desesperadamente. ―Por favor, não vá
novamente. Eu não posso viver com isso. É confuso para mim.
―Eu tenho, ― diz ele, erguendo os dedos de sua camisa.
Eu choro mais forte. Tão forte que meu corpo treme.
―Jesus, me desculpe, querida, ― ele murmura, inclinando-se e
beijando minha testa. ―Mas eu não tenho escolha, eu odeio isso tanto
quanto você.
Algum golpe afiado no meu pescoço, e todo o meu corpo fica tonto.
―Por favor, confie em mim. Isto é o melhor.
Minha mente gira e eu não estou mais fria.
―Não me deixe de novo, momento.
―Momento? ― Ele sussurra, pelo menos, eu acho que ele faz.
―Um momento fugaz. Você vai tão rápido quanto você veio. Só um
momento em que eu não posso me segurar. Por favor, me deixe segurar.
Lábios quentes pastam minha testa e em seguida meu mundo fica
escuro.

~*~*~*~

BELLA JEWELL
Eu acordo sozinha no meu carro que ainda está estacionado no
estádio de beisebol.
É luz do dia.
Eu pisco e me sento, olhando para minhas roupas. Eu estou vestindo
uma camisa que eu não reconheço, mas minhas calças são as mesmas.
Aperto o tecido em meus dedos e trago-o para o meu nariz, inalando. Heath.
É dele. Isto não foi um sonho. Lágrimas marejam meus olhos e eu estico,
esfregando meu pescoço. Será que ele me drogou? Será que ele mudou a
minha roupa e me colocou em sua camisa? Não estou entendendo. Por que
ele faria isso?
Espio ao redor. O parque de estacionamento ainda está vazio. É como
se nada tivesse acontecido, mas a camisa é prova que algo aconteceu. Eu
esfrego meu rosto, tentando lembrar o que ele disse para mim, mas eu era
uma bagunça e é nebuloso. Tudo o que sei, é que ele estava aqui. Ele
continua me dizendo para parar de procurar por ele, mas ele se mantém
aparecendo. Como diabos eu deveria fazer sentido disso?
Eu viro a chave, dando partida no meu carro, então eu olho para o
meu telefone, ainda sentado no banco do passageiro. Eu o pego para acima
e vejo que está ligado. Eu estreito meus olhos e trago-o mais perto. Eu
desliguei, eu sei que fiz. Eu desbloqueio a tela e meu aplicativo de notas
está aberto. Palavras me enfrentam e meu coração bate quando eu as leio.
Eu sou tão bom quanto um momento, Menina Lucy.
Você precisa me deixar ir.
Um dia, poderemos nos encontrar novamente.
Esse tempo não é agora.
Eu engulo o caroço se formando em minha garganta e bato em salvar.
Eu já não tenho a força ou a vontade de me afastar dele.
Eu coloco o carro em movimento e vou para casa. Eu sei o que eu
tenho que fazer; eu sei o que é justo. Gerard merece melhor, e a pessoa que
sou agora não é a pessoa que ele se casou. Não é justo colocá-lo através
disto.

BELLA JEWELL
O próprio pensamento do que estou prestes a fazer, dói. Ele coloca
uma dor no meu coração que eu nunca quis sentir. Uma vez, eu pensei que
nunca poderia amar alguém do jeito que eu o amava. Eu realmente
acreditava que jamais o faria alterar.
Mas alterou.
Circunstâncias levaram meus sentimentos em suas mãos e os
esmagaram.
Isso me leva vinte minutos para chegar em casa, e quando eu chego,
as lágrimas já estão brotando debaixo das minhas pálpebras. Eu odeio o
que eu estou prestes a fazer, mas eu tenho que ser honesta com ele. Eu
tenho que deixá-lo ir. Talvez, quando tudo isto acabar, vai ser diferente,
mas por agora, Gerard já não tem todo o meu coração, e ele merece muito
mais, algo melhor.
Eu saio do carro e caminho para dentro. Gerard está no balcão da
cozinha, com as mãos descansando contra ele, de costas para mim.
―Eu vi o seu e-mail. ― A voz de Gerard me bate, fria, quebrada e
vazia. Ele está farto também. Eu não posso culpá-lo por isso.
―Gerard, ― eu sussurro, caminhando em direção à cozinha.
―Por que você o enviou? Por que você fez isso quando você sabe que
me deixa desconfortável?
―Porque eu precisava encontrá-lo. Enviei-o de volta quando eu saí do
hospital... ―Eu digo, olhando para as minhas mãos.
Ele gira ao redor, e seus olhos caem na minha camisa. ―De quem é
essa camisa?
―Eu fui para o estádio de beisebol na noite passada, e ele estava lá.
Seu rosto se contorce em irritação. ―Então você dormiu com ele?
―Não, ― eu choro, empurrando para trás. ―Não, claro que não.
Jesus, Gerard. Eu era uma bagunça, embebida em chuva. Ele me disse que
não pode me ver e ele me drogou. Eu acordei esta manhã no carro, sozinha.
Seu rosto se contorce. ―Ele a drogou?
―Sim.

BELLA JEWELL
Ele balança a cabeça tristemente. ―Onde você realmente obteve essa
camisa, Lucy?
Minha boca cai aberta. ―Acabei de te falar.
―Você não está me dizendo a verdade.
―Eu estou, ― eu estalo. ―Isso é exatamente o que aconteceu.
―Então, esse estranho misterioso a encontrou toda molhada, drogou
você, te trocou e desapareceu?
―Sim!
Ele balança a cabeça e franze as sobrancelhas, parecendo
horrorizado. ―Você está se ouvindo? Você precisa de ajuda. Você está
criando histórias que são completamente irrealistas.
Meu coração bate tão forte que eu mal posso ouvir. ―Eu não estou
mentindo, Gerard.
―Para chegar ao ponto em que você realmente tem a camisa de outro
homem, e me diz uma história como essa para me fazer acreditar em você...
honestamente...
―Eu estou dizendo a verdade. Ele estava lá!
―Ele não existe, ― ele grita tão alto, que recuo. Gerard muito
raramente grita comigo. ―Ele porra não existe, Lucy. Você precisa de ajuda.
Deus, porra, você precisa de ajuda.
Eu giro ao redor. ―Eu não preciso! ― Eu grito. ―Eu não preciso de
ajuda. Eu só preciso que você acredite em mim.
Ele se mexe, todo o seu corpo rígido. ―Então você quer perseguir
outro homem?
Eu balancei minha cabeça. ―Isto não é sobre você e seu ciúme.
―Ciúme? ― Ele ruge. ―Claro que eu estou com ciúme. Você está em
casa, mas você não está realmente aqui. Sua mente é sobre ele o tempo
todo, eu posso ver isso. Seu foco é sobre ele. É tudo o que você pensa. E
quanto a mim? E sobre o que estou sentindo?
―Eu me preocupo sobre como você está se sentindo, ― eu grito. ―Eu
me preocupo, Gerard. Eu gostaria de poder levar sua dor, mas é muito
difícil quando você se recusa a ter a minha de volta.

BELLA JEWELL
―Você me quer apoiando a sua necessidade de perseguir um homem
não existente?
Eu balancei minha cabeça. ―Eu não posso fazer isso. Eu não posso.
Seus olhos brilham. ―Nem eu, Lucy. Você é minha esposa, eu quero
ajudá-la, mas não posso fazer isso até você deixar isso ir. Você está disposta
a fazer isso para que possamos voltar para o jeito que éramos?
Eu o estudei.
Realmente o estudei.
Ele está me pedindo para deixá-lo ir, completamente. Ele está me
pedindo para concordar que Heath não existe e apenas seguir em frente.
Fingir.
Isso seria mentir para mim e para ele, o que não é justo.
Eu não posso dar ao meu marido o que ele está pedindo. ―Não,
Gerard. Eu não estou disposta a deixá-lo ir, e você merece coisa melhor do
que ter de colocar-se com isso.
Ele olha para mim infeliz, então balança a cabeça. ―Eu não posso
mais ficar aqui.
Meu coração bate, a realidade se eleva em cima de mim. ―Não, eu
não acho que você possa.
Seu rosto se contorce. ―Você não é a mesma pessoa que eu casei, e
até obter a ajuda que precisa, não posso fazer qualquer outra coisa.
―Tanto no melhor ou no pior, certo? ― Eu murmuro, tentando lutar
contra as lágrimas.
Ele passa a mão pelo cabelo. ―Você está me pedindo para ficar bem
com isso, e eu não estou. Eu empurrei você para obter ajuda, mas você se
recusa. Eu tentei estar lá para você, mas você não vai me deixar entrar. Eu
não posso ajudar, se você não quer ser ajudada, e eu também não posso
sentar e ver você perseguir outro homem.
Eu balancei minha cabeça, tão ferida que mal conseguia respirar. Sei
que isto é o melhor, mas nos ouvir, ambos dando tão facilmente, me
surpreende, me machuca, e me faz perceber que eu estou fazendo a coisa
certa. Nós tínhamos um casamento perfeito, mas era tudo na superfície.

BELLA JEWELL
Quando ele desceu para o material duro, nenhum de nós estava disposto a
colocar-se num bom combate.
Isto é o melhor.
―Isto é para o melhor, ― digo a ele. ―Para nós dois.
―Prometa que vai obter ajuda. Estou com medo de deixá-la sozinha e
acreditando que há um homem lá fora que não é real.
―Ele é real, ― Eu pateticamente discuto.
―Ele não é, ― ele ruge tão alto que recuo. ―Ele não é real. Você
precisa de ajuda.
―Gerard, não estamos fazendo isso. Claramente nenhum de nós está
disposto a colocar um esforço.
Ele me olha com tristeza. ―Eu pensei que você fosse a única. Eu
estava errado.
Isso machuca. Tão ruim.
Ele se vira, agarrando suas chaves e desaparecendo para fora da
porta, batendo-a com tanta força que as janelas tremeram.
Eu abaixo até o chão e soluço.
Lá se vai o último pedaço da minha vida, quebrando em mil pedaços
minúsculos.

BELLA JEWELL
Meu telefone toca e toca.
Eu ignoro.
É a irmã de Gerard. Seu lugar é para onde ele teria ido. Ela me odeia;
ela sempre me odiou.
Ela e Gerard são extremamente unidos e quando ele se casou comigo,
sentia-se como se ele fosse tirado dela. Ela automaticamente começou a se
ressentir de mim, como se fosse minha culpa que ele se apaixonou. Ela
nunca foi boa pra mim, e ela vai prosperar sobre este drama entre nós. Ela
estará alimentando-o, também.
Eu não tenho paciência para lidar com ela.
Eu desligo meu telefone e jogo-o contra a parede com um grito. Eu
não posso levar qualquer um mais. Eu empurro para os meus pés, as
pernas trêmulas, eu vou para o meu quarto puxando uma mala. Eu embalo
uma mala e encontro as minhas chaves do carro, então eu tranco nossa
casa e saio, encontro um hotel na cidade. Um lugar onde ninguém pode me
encontrar, onde ninguém pode me incomodar.
Deixo meu telefone no chão em casa.
Preciso de tempo. Eu preciso entender minha mente, e a única
maneira que eu posso fazer isso é estando longe de tudo.
Eu me instalo em meu quarto de hotel, em seguida, puxo o meu
laptop e verifico meus e-mails. Há um e-mail do estádio de beisebol, me
dizendo que eles não podem dar qualquer informação. Claro. Depois de vê-

BELLA JEWELL
lo ontem a noite, meu nível de frustração tem atingido o ponto mais alto de
todos os tempos.
Ele não entende que cada vez que ele sair eu vou procurar mais
fundo? Eu abro uma barra de pesquisa e procuro o grupo religioso que
causou toda esta confusão. Eu li artigos e eventualmente descobri onde eles
estão localizados. Heath sabia um pouco sobre eles; ele estaria lá?
Eu tomo uma decisão estimulada pelo momento e decido ir esta noite,
eu vou ver se eu posso encontrar este lugar. Provavelmente, não é a escolha
mais inteligente que eu já fiz, mas eu quero saber mais e não apenas sobre
o misterioso estranho que me salvou, mas sobre as pessoas que levaram
muitas vidas, mesmo sem piscar. Até então, eu preciso de algum descanso.
Eu me enrolo na cama e choro sozinha em um sono profundo. Gerard é a
última coisa em minha mente enquanto eu caio, e eu sinto muito por ele.
Eu realmente sinto. Eu falhei como uma esposa e parceira.
Eu acordo no início da noite, levo uns bons minutos para eu perceber
onde estou. Desorientada, sento-me e olho em volta. Lembro-me do dia e
meu peito afunda. É certo que meu marido e eu nos separamos e aqui
estou. Eu olho para o tempo. Está ficando escuro o suficiente para eu
dirigir, assim que eu saio da cama tomo banho e mudo em um par de jeans
e uma regata, então pego minhas chaves e saio do hotel.
Eu entro em meu carro, socando o endereço em meu GPS de
navegação, então começo a dirigir antes que eu tenha a chance de
reconsiderar meu plano. Vou de carro ao sul da cidade por cerca de uma
hora. Eu sigo as instruções numa estrada de terra que leva para o meio de
algumas madeiras grossas, até que finalmente chega a uma maciça cerca de
arame farpado. Há luzes ao longe, uma boa milha de distância.
Vai ser difícil ver qualquer coisa daqui.
Eu estaciono o meu carro para a esquerda da entrada principal, perto
de algumas árvores frondosas, e saio. Eu não tenho uma lanterna, então eu
apenas me movo para cima do muro e, lentamente, começo a andar em
torno dele. Enfio através das árvores e mantenho a linha da cerca, usando
os dedos para sentir isso. Quando eu estou perto das luzes, eu começo a
ouvir vozes fracas. Eu mudo para mais perto, tentando não fazer qualquer
som, quando a imagem na minha frente se torna mais clara.

BELLA JEWELL
Eu paro em algumas árvores e espio pela cerca, meus dedos
entrelaçados no fio quando eu trago o meu rosto perto o suficiente para
conseguir uma boa vista. Há um poço de fogo, e em torno dele estão um
bando de pessoas vestidas com longas batas brancas, cantando e dando as
mãos. Eu estreito meus olhos e tento ver sobre o que eles estão todos
dançando ao redor, mas é difícil obter uma boa vista por causa das chamas
rugindo e suas roupas fluindo. Eu não sei sobre o que estão cantando; Eu
não posso ouvir claramente.
Eu continuo olhando, hipnotizada. Eles se separam depois de alguns
minutos e vejo uma menina no meio do chão, perto do fogo, nua. Ela está
de joelhos, com a cabeça abaixada até o chão, seu corpo minúsculo em
exibição. Vômito sobe na minha garganta e eu assisto com horror quando
um homem, provavelmente em torno de sessenta anos, dá um passo à
frente e a traz para seus pés. Ela não pode ter mais que doze anos.
Ela é tão jovem. Longo cabelo preto flui em torno de seu corpo,
cobrindo a maior parte da sua nudez. O homem a agarra, puxando-a para o
seu lado, descansando a mão em seu corpo mal desenvolvido. Vômito pica
minha garganta. Ele queima como fogo, e as lágrimas enchem os meus
olhos, quando um homem vem para frente e conta à multidão que a jovem
agora pertence a ele, mas será dado a todos os homens do grupo como
parte da vontade de Deus. A vontade de Deus.
Meu Deus.
Essa menina precisa de ajuda. Alguém precisa tirá-la dali. Pânico
aperta meu peito, e eu início uma procura desastrada ao redor pelo meu
telefone, apenas para perceber que eu não o tenho. Preciso ligar para a
polícia, serviços da criança — alguma coisa. Ela é jovem demais para isso.
Ela é tão jovem. Talvez eu deva ir. Talvez eu deva exigir que eles a
entreguem a mim. Talvez...
Meus pensamentos vêm a uma parada abrupta quando sinto uma
mão ao redor da minha boca, e eu sou empurrada para trás.
Eu grito, mas é abafado.
―Não se mova. Não grite.
Aquela voz.
Heath.

BELLA JEWELL
Meu corpo relaxa, e eu paro de lutar, deixando que ele me puxe para
trás, através das árvores. Somente quando estamos longe o suficiente, onde
não podemos ver ninguém que ele me deixa ir. Ele me gira ao redor, mas eu
não posso vê-lo no escuro.
―Que diabos você está fazendo aqui, Lucy?
―Heath? ― Eu coaxo.
―Responda-me, ― ele late, baixo e rouco.
―Eu... Eu estava procurando por você.
―Você precisa parar de procurar por mim. Você precisa parar de fazer
perguntas. Você só precisa ir. Compreende? Eu não quero que você volte
aqui novamente. Você pode me ouvir? ― Ele sibila com raiva.
Meu coração afunda. ―Eu só queria...
―Não, ― ele rosna. ―Não. Eu não vou falar de novo.
Minha garganta fica apertada. Ele não quer me ver.
―Eu perdi tudo, ― eu sussurro. ―Por favor, não me faça ir embora.
―Isto é inseguro e perigoso. Você precisa sair e nunca mais voltar.
―Não até que você me diga por que eu não posso falar com você, ― eu
protesto fracamente.
Ele agarra meu braço de novo e me puxa na direção de onde eu
estacionei meu carro. Quando chego a ele, ele chega no meu bolso,
empurrando minhas chaves e desbloqueia a porta do lado do motorista. Ele
a puxa aberta e torce, pondo-me no banco da frente. A luz interior está
ligada agora, e eu posso vê-lo. Minha respiração capota em minha garganta
quando ele olha para mim, ambas as mãos no teto do meu carro, a cabeça
inclinada para baixo, para que ele possa me fixar com aquele brilho de
prata.
―Como você encontrou este lugar? ― Ele exige.
Eu encontro seus olhos, e eu não posso falar. Eu só quero me jogar
em seus braços. Eu quero que ele leve tudo para longe.
―Lucy, — ele pede.
―Eu encontrei-o na internet.

BELLA JEWELL
―Internet do caralho, ― resmunga. ―Você precisa parar de procurar
por tudo o que você está procurando.
―Eu estava procurando por você.
―Pare, ― ele rosna. ―Eu não posso continuar dizendo isso.
―Não, ― eu sussurro, segurando seu olhar. ―Você me drogou na
noite passada, mas você não pode continuar fazendo isso. Você não pode
continuar fugindo de mim.
―Lucy, ― adverte. ―Eu estou te protegendo.
―As pessoas pensam que eu sou louca, ― Minha voz treme. ―Eles
acham que eu estou perdendo minha mente porque a polícia não vai me
dizer onde você está. Eles estão todos agindo como se você não existisse.
―Você acha que é assim que tem que ser? Você precisa parar de fazer
perguntas, parar de procurar. Apenas deixe isso ir.
―Você salvou minha vida, ― eu sussurro, ―então você desapareceu, e
agora você quer que eu simplesmente o esqueça?
Ele suspira, e seus olhos caem para a minha boca por alguns
segundos antes dele desviar o olhar. ―Eu não posso ser nada para você
agora. Estou trabalhando em algo sério e eu preciso que você entenda isso.
―O que eles estão fazendo lá... ―Eu digo, minha voz apertando
quando me lembro dá pobre menina.
―É uma merda, ― ele murmura. ―Mas também é extremamente
perigoso. Você precisa confiar em mim quando digo para deixar isso ir.
―Eu não posso.
Seus olhos piscam e depois endurecem. ―Lucy...
Eu me estico e os meus dedos pastam o queixo dele, movendo-os
sobre o músculo que salta e parando minha palma na bochecha. ―Você
salvou minha vida. Você entende. Eu perdi tudo, por favor...
Ele fecha os olhos por um segundo, em seguida chega e fecha sua
grande mão sobre a minha, virando a bochecha na palma da minha mão,
fechando os olhos e exalando alto. Meu lábio inferior treme. Ele abre os
olhos e me estuda antes de se afastar e deixar a minha mão cair. ―Eu tenho
que ir, Lucy.

BELLA JEWELL
―Não, ― eu choro, minha voz trêmula. ―Por favor, não vá
novamente...
―Isto é o melhor; confie em mim. Vá para casa, fique melhor, seja
feliz...
―Meu marido se foi. Eu perdi meu bebê. Não tenho mais nada para
ser feliz.
Seus olhos brilham e seu tique da mandíbula começa novamente.
―Eu tenho que ir.
―Não, ― eu choro saltando para fora do carro quando ele dá passos a
distância. ―Não, por favor.
Ele pega meu braço, e eu olho em seus olhos, impotente. ―Lucy,
entre em seu carro e vá embora.
―Não.
―Deus, caramba, ― ele rosna. ―Você tem que parar.
―Não importa para você?
―É claro que importa para mim. Não consigo tirar você dá merda da
minha mente. Eu tomo todo o meu poder para não vir para você, mas eu
não posso. Você não consegue ver isso? Eu não posso. Você precisa ir para
casa e esquecer sobre mim.
―Não.
Ele segura meu queixo em sua mão e inclina a cabeça para trás. ―Vá
para casa, menina Lucy.
Menina Lucy. Meu coração bate.
―Não, ― eu sussurro.
Ele rosna baixo em sua garganta e em seguida me puxa contra ele.
Meu corpo minúsculo pressiona profundamente, moldando em cada parte
dele, e o conforto que eu tenho procurado vem à tona como ele sempre vem
quando estamos juntos. Ele envolve um braço em volta da minha cintura e
me levanta, assim o meu rosto está no mesmo nível dele, então ele traz seus
lábios para baixo sobre os meus, suave no início, em seguida, áspero e
profundo. Eu deixei ele me beijar, mesmo embora eu não devesse. Eu o
deixei porque isso se sente tão malditamente bem.

BELLA JEWELL
Ele puxa de volta depois de apenas alguns batimentos cardíacos.
―Pare. De. Procurar. Por. Mim.
―Não, ― eu digo novamente, meus joelhos balançando, mas a minha
voz firme.
―Jesus, ― ele resmunga.
―Estou hospedada no Hotel Belair. Se você quer me ver de verdade,
para que possamos conversar sobre tudo isso, então venha e me encontre.
Se não, vou continuar vindo aqui. Eu não vou parar porque eu estou
investindo agora. Eu estava lá; eu vi o que esses monstros fizeram, e eu vi o
que eles estão fazendo com essa menina. Eu vou para a polícia, com ou sem
você. A escolha é sua.
Ele abre a boca para falar, mas eu entro no meu carro e bato a porta,
cortando-o efetivamente.
Então eu dirijo, sentindo-me mais forte do que já me senti em
semanas.

~*~*~*~

Ele não vem.


Eu fico no meu hotel por duas noites. Ele não vem. Cada hora que
passa, meu coração afunda porque só me faz perceber que cometi um erro.
Talvez ele realmente não queira me procurar, o que me assusta. O que ele
poderia estar que é tão perigoso que ele literalmente não pode entrar em
contato com as pessoas? Ou talvez ele só queira que eu e minha loucura
vão para bem longe.
Estou agindo exatamente como o que eles estão me acusando no
momento.
Fui para casa esta manhã para recolher o meu telefone. Ele estava
sentado no banco da cozinha e ao lado uma nota do meu pai. Liguei para
ele assim que eu saí e assegurei-lhe que estava a salvo, mas me hospedaria
em um hotel por um pouco de tempo, porque eu não estava pronta para
voltar para casa e enfrentar tudo isso. Ele me pediu para falar com Gerard,

BELLA JEWELL
e eu prometi que iria chamá-lo, mas eu não sei se estou pronta para isso
ainda, de qualquer maneira.
Acabei de chegar de volta para o quarto do hotel, depois de ir para
fora para um pouco de comida chinesa. Eu estive sentada em meu laptop
por horas, pesquisando tudo o que pudesse sobre cultos e como eles
funcionam. Quanto mais eu leio, mais apavorada me torno com o fato de
que eles são tão perturbados e torcidos. Pior ainda, que uma pessoa
consegue mudar as mentes de muitos. Será que as pessoas realmente
acreditam que Deus iria querer essas coisas?
Extremistas. Isso é o que eles são chamados. Sua missão é além do
extremo. É horrível.
Eu enfio um pedaço de frango cajum em minha boca quando meu
telefone toca ao meu lado. O nome de Gerard pisca na tela e eu alcanço-o
imediatamente, pego e respondo. ―Oi, ― eu digo suavemente.
Eu engulo minha comida.
―Lucy, ― diz ele, e sua voz é rápida. ―Só estou ligando para que você
saiba que vou precisar ter acesso em casa para pegar minhas coisas
amanhã.
A frieza em sua voz me dói. Ele nunca falou comigo assim.
―E dizer que ela precisa encontrar um advogado para lidar com os
papéis do divórcio e uma solução, ― sua irmã berra do fundo.
Isso explica por que ele está tão frio. A qualquer momento que
Heather está envolvida, a sua mente é instantaneamente deformada. Ela
deve estar amando isso.
―Você tem uma chave, Gerard, ― eu sussurro, minha voz muito
apertada para fazer uma aparição. ―Você pode ir quando quiser. Não
podemos falar sobre isso?
―Eu não quero entrar até que eu sei que você concedeu permissão.
Faz-me sentir melhor. ― Malditos advogados.
―Ouça, ― eu digo, tentando parar a dor de entrar em minha voz, ―Eu
sei que as coisas têm sido difíceis, mas não podemos falar sobre isso como
adultos e sem sua irmã interferir?
―Você ainda está procurando aquele homem?

BELLA JEWELL
―Gerard...
―Então estamos feitos, Lucy. Isto é o melhor. Eu não vou discutir;
isso não precisa ser um divórcio confuso. Tudo o que precisamos é resolver
o caso e, em seguida, seguir em frente civilmente.
―Você está realmente apenas disposto a abrir mãos de tudo, depois
de tudo?
―Eu não aguento mais, e você não está disposta a tentar , então sim.
―Nosso relacionamento mudou. E você está me pedindo para lhe
dizer que eu sou louca, o que não vai a acontecer, porque eu não sou.
Ele suspira. ―Eu não vou discutir isso novamente. Você fez a sua
escolha. Eu estarei em casa às dez horas amanhã.
―Você vai protestar se eu for e falar com você?
Ele fica em silêncio por alguns minutos. ―Se é isso que você precisa
fazer, mas a minha decisão está tomada.
Em seguida, ele desliga na minha cara.
Idiota.
Enfio mais frango em minha boca quando uma batida soa fora da
minha porta. Estreitando os olhos, levanto e ando para perto para abri-la.
Eu suspiro quando vejo Heath, seu rosto ensanguentado, de pé na minha
porta, seu corpo revestido com suor.
―Oh, meu Deus, ― eu engasgo. ―O que aconteceu?
―Posso entrar?
Eu aceno e passo para o lado e ele entra, suas longas pernas
musculosas caminhando pela sala, até que ele encontra a cama, onde ele
planta seu traseiro para baixo e olha para mim. Eu olho para ele. Eu não
sei exatamente o que ele quer que eu diga ou faça. Nunca pensei que ele
fosse aparecer, mas aqui está ele, sangrando e com raiva.
―Eu vou pegar um pouco de gelo, ― eu digo, olhando para as mãos
inchadas.
Corro para o pequeno frigorífico e o abro, alcanço o topo e retiro o
gelo no pequeno arrefecedor acima da secção da geladeira. Eu o envolvo em
uma toalha e caminho de volta, entregando a ele. Ele o leva e pressiona-o

BELLA JEWELL
contra os nós dos dedos, enquanto eu estudo seu olho. Está inchado e há
um pequeno corte abaixo dele, o que está causando o sangramento. ―Eu
vou pegar outra toalha para o seu olho.
Corro para o banheiro, absorvendo uma toalha, então eu a levo para
fora, ajoelhada na frente dele, pressiono-a no seu rosto. Ele assobia e meus
olhos encontram os dele, segurando-os, e de repente o ar no quarto
engrossa.
Ele está aqui. Ele está realmente aqui.
―Ah, ― eu sussurro. ―Você está bem?
Ele estuda meu rosto, seus olhos caindo para a minha boca, e então
sua mandíbula endurece. ―Você está bagunçando com minha cabeça.
―Então, você apanhou por causa disso?
Ele balança a cabeça. ―Eu entrei em uma briga com a porra do meu
irmão; não tinha nada a ver com você.
―Ok, então, ― eu digo suavemente.
―Você só está mexendo com a minha cabeça em geral.
Eu olho para longe. ―Eu sinto muito. Eu não estou tentando
dificultar sua vida.
―Eu estou te dando uma noite, Lucy. Vou ficar aqui; você pode me
perguntar o que você quiser e eu vou te dizer o que eu puder. Eu vou falar
com você, mas há uma condição...
―Pode falar, ― eu rosno.
―Você tem que parar de procurar por mim, e você tem que parar de
perguntar sobre mim.
―Então, quando você sair amanhã, eu nunca vou vê-lo novamente.
Seus olhos brilham. ―Por enquanto, é assim que tem que ser. Vá
consertar as coisas com o seu marido, encontrar a sua vida, tornar-se feliz.
Confie em mim quando eu digo que você não pode ter isso de mim.
Isso dói, mas eu tento não deixar transparecer. ―Meu marido quer o
divórcio, e assim, eu também.
Seus olhos piscam novamente. ―Ele não pode saber sobre mim.

BELLA JEWELL
―Você quer que eu continue deixando que eles pensem que eu seja
louca.
―Não, você pode dizer a eles que você estava errada e eu não era real,
e ninguém vai pensar que você está louca.
―Isso seria uma mentira.
―A vida é uma mentira, menina Lucy. Lide com isso.
Eu recuo e me inclino para trás. ―Eu não gosto das suas condições.
―Elas são as únicas que você vai conseguir.
Eu suspiro. Se ele vai me dar uma noite com ele, então que assim
seja, eu vou levá-la. Talvez uma noite vá me dar às respostas que eu
preciso. ―Só para deixar claro, eu não estou dormindo com você.
Ele sorri, e isso absolutamente transforma seu rosto. ―Claro, querida.
―Pare de sorrir para mim assim, ― murmuro de pé e tomando a
toalha de volta para o banheiro, onde eu a lavo.
Eu volto poucos minutos mais tarde e ele está de pé, olhando para o
meu laptop.
―Próxima condição, ― ele rosna apontando para a página na tela
detalhando a história dos cultos, ― pare de procurar essa merda. É
perigoso.
―Desculpe, você já fez suas condições. E é informação livre; Eu posso
olhar para isso se eu quiser.
Ele olha para mim. Eu levanto minhas sobrancelhas e mantenho seu
olhar.
Nenhum de nós quebra.
―Este lugar tem serviço de quarto? ― Ele finalmente resmunga. ―Eu
estou pensando que vai ser uma noite longa.
Eu sorrio.
Seus olhos caem na minha boca e ele murmura: ―Cristo, pensei que
você fosse bonita antes, então você vai em frente e sorri.
Meu coração palpita.
Pego o menu do serviço de quarto.

BELLA JEWELL
~*~*~*~

―Então, por que você estava lá naquela noite? ― Pergunto,


observando-o comer o seu bife. Eu só tinha chinesa, então eu vou deixá-lo
comer o seu coração. Mesmo comendo, ele é a perfeição. Ligeiramente
inclinado à perfeição, mas isso é o que o torna único. Ele não é o que você
esperaria — ele é muito mais.
―Eu não posso dizer muito sobre isso, ― diz ele, travando o seu olhar
com o meu. ―Tudo o que posso dizer, é que nós tínhamos uma ideia do que
ia acontecer.
―E você não pensou em cancelar o jogo? ― Eu suspiro, cruzando as
pernas e inclinando-me contra a minha cabeceira.
Ele me observa de cima da mesa, empurrando mais bife na boca e
mastigando antes de responder, ―Houve algumas ameaças feitas sobre o
lugar antes, e nós tivemos que responder a cada uma e nada aconteceu.
Elas eram ameaças mais do que qualquer coisa. Não podemos cancelar
todos os jogos, as pessoas iriam começar a questionar, e no segundo que
algo como isso se torna de conhecimento público, todo o inferno está solto.
―Então, por que você acha que eles escolheram aquela noite?
―Tivemos uma conferência de polícia. A maioria dos oficiais estava
em reuniões, e eles devem ter descobertos que eles tinham uma boa chance
de conseguir. Eles estavam certos.
―Então você é um policial.
Ele olha para mim, estreitando os olhos, ainda mastigando. ―Eu fui.
Eu não sou mais, mas eu... ajudo com isso.
―Por quê?
Flashs dolorosos aparecem em seu rosto. ―Não posso falar sobre isso.
Se ele já não é um policial, por que ele estaria ajudando com isso, a
não ser que de alguma forma o afetou? Será que ele tem uma esposa nesse
culto, ou uma criança, talvez? Por que ele iria arriscar tanto quando ele não
tem motivo?
―É por isso que todo mundo está fingindo que não sabe quem você é?
BELLA JEWELL
Seus olhos piscam a distância. ―Eu não posso entrar em muitos
detalhes, mas é para minha própria segurança. Isso não pode ser
conhecido, que estou em qualquer lugar perto deste caso.
―Por quê? ― Eu solicito.
―Eu não posso dizer o que você quer.
―Eles teriam visto você lá, então se você queria ficar tão secreto, por
que você estava lá naquela noite?
―Os homens participando não sabiam quem eu era, era seguro o
suficiente.
―Bem, então de quem você está se escondendo?
―Não é possível lhe dizer.
Eu xingo. ―O que você pode me dizer?
Ele se inclina para frente, colocando os cotovelos sobre os joelhos.
―Isso não é seguro.
Eu rolo meus olhos.
Seus lábios se contorcem. ―Você tem que confiar em mim com isso,
Lucy.
Eu olho para ele novamente. ―Eu não sei em quem confiar mais.
―Se você continuar cavando, as pessoas vão descobrir isso e você
está colocando não apenas a si mesma em risco, mas eu também.
Meu rosto cai. ―Você?
―Sim, eu.
Isso nunca foi minha intenção. Nunca. ―Eu não quero isso. Eu não
tinha percebido...
Ele suspira e se levanta, caminhando até a cama e se sentando. ―Eu
sei disso, querida. Você apenas tem que confiar em mim.
―Então você está dizendo que eu não posso vê-lo, afinal?
Seus olhos amolecem. ―Agora, isso não é uma boa ideia. Se você
prometer parar de perguntar ao redor sobre mim, então eu poderia ser
capaz de visitar.
Visitar. Como se eu estivesse doente em um hospital.
BELLA JEWELL
Eu olho para as minhas mãos. ―Você ainda pensa sobre isso? ― Eu
sussurro.
Ele situa-se no lado da cama. ―Cada merda de minuto, de cada dia,
porra.
―Como você apenas seguiu em frente?
Ele exala lentamente. ―Eu não tive muita chance de parar e pensar.
―Sou grata, ― eu digo, olhando para ele através dos meus cílios.
―Tão extremamente grata que eu estava sentada ao seu lado.
Ele me dá um sorriso torto. ―Eu também, menina Lucy.
Eu sorrio.
Seus olhos caem para meus lábios novamente. Seu corpo fica tenso, e
ele de repente está de pé. ―Vai me emprestar o chuveiro, sim?
―Sim, ― eu digo suavemente, meu coração batendo.
―Tudo bem, ― diz ele, igualmente suave.
Ele desaparece no chuveiro e eu assisto a porta por alguns longos
minutos, antes de encarar minhas mãos. Eu não me sinto culpada, mas eu
deveria. Meu marido foi embora, e não tenho vergonha pelo fato de que há
outro homem no meu quarto. Claro, eu não estou fazendo nada com ele,
mas o fato importante é que estou atraída por ele e não há como negar isso.
Eu posso fingir que não estou, mas eu estou. Mais do que eu gostaria de
admitir.
Isso me assusta pra caramba.
É minha atração simplesmente uma reação ao que aconteceu? Estou
arriscando tudo, apenas para acordar um dia e perceber que não tenho
mais nada? Nenhuma família. Nenhum lar. Nada. Meu coração parece tão
seguro de si mesmo agora, e as coisas entre Gerard e eu ter estado um
espiral para baixo desde o ataque, mas era tão bom antes disso.
Certamente, sentimentos não podem simplesmente mudar tão rapidamente.
Eu ainda amo Gerard.
Eu apenas não o amo do jeito que eu amava antes da violência que
mudou nossas vidas. É simplesmente porque algo dentro de mim mudou?
Provavelmente. Ele não merece a dor, enquanto eu tento me redescobrir
mais uma vez. Ainda assim, a ideia de acordar um dia e ver que tudo isso
BELLA JEWELL
foi apenas uma fase que passei, e me encontrar sem tudo o que eu queria
tanto há apenas um mês, me assusta.
Se eu deixar Gerard ir agora, eu vou deixá-lo ir. Para o bem. Não
importa se eu acordar um dia e perceber que isso foi um erro.
Eu tenho que manter a minha escolha.
A porta se abre, e meus olhos movimentam nessa direção. Heath sai,
uma toalha enrolada na cintura, seu corpo grande em exibição. Minha boca
cai aberta, e eu nem sequer tento fechá-la. Ele é bonito. Assustadoramente
lindo. Seu corpo é grande, o que eu já sabia, mas seus músculos são tão
bem definidos, que se movem quando ele anda, em perfeita sincronia, uma
bela dança. Seu peito grande se reduz a uma cintura magra, que
desaparece debaixo da toalha. Ele tem tatuagens por todo ele, designs
impressionantes que obviamente contam uma história. Quero perguntar-lhe
como ela termina.
―Eu só vou pegar minha mochila. ― Ele acena com a cabeça na
direção de uma pequena mala ao lado da porta. Eu não sabia que ele tinha
uma.
Eu aceno com a cabeça, olhando para as minhas mãos.
Ele caminha em direção à porta e eu espio para ele de novo, e eu
tenho que abafar o meu suspiro. Uma mão sobre minha boca e as lágrimas
queima sob minhas pálpebras, quando eu olho para as suas costas. Há
cicatrizes em sua pele, levantadas, cicatrizes que cruzam o seu corpo. Elas
não são novas já que são de uma cor prateada. Que diabos aconteceu para
lhe dar essas cicatrizes feias? Quem faria uma coisa dessas?
Pare de cismar com isso, Lucy. Ele esteve, provavelmente, em um
acidente.
―Não pergunte, ― ele rosna e os meus olhos encontram os dele,
enquanto ele se vira para mim. ―Nunca pergunte.
Eu aceno, engolindo o nó na minha garganta.
Ele tem os meus olhos por um longo momento, então desaparece de
volta para o banheiro.
Onde diabos eu fui me meter? Pior ainda, no que ele tem se metido?

BELLA JEWELL
―O que aconteceu com o seu marido? ― Heath pergunta, muito
tempo depois que ele terminou o banho e o estranho silêncio entre nós
desapareceu.
Eu saio da cama e me junto a ele no sofá, sentada a um braço de
distância dele. Isso parece como a coisa certa a fazer. ―Isso aconteceu,
parcialmente por causa de mim, parcialmente por causa de sua própria
culpa.
―Não foi culpa sua, ― ele murmura.
―Não, mas eu estava tão desesperada para encontrá-lo, e quanto
mais eles me disseram que você não existia, mais difícil foi para mim. Parei,
realmente sem saber se talvez eles estivessem certos, eu estava perdendo a
minha mente. Então, alguma coisa iria acontecer, e eu não podia acreditar
que eu era louca, então eu empurrava com mais força tentando levá-los a
entender. Ele me disse que eu estava me perdendo, me queria obtendo
ajuda. Ele me deu uma escolha, ou eu obtinha ajuda ou ele ia sair.
―E você o deixou sair.
Meu coração dói e eu aceno, engolindo as lágrimas. ―Eu o deixei sair,
mas eu já tinha feito a escolha para acabar com isso. E só acabou que
estávamos na mesma página. Não porque eu queria provar um ponto, mas
porque ele não estava se comportando como o marido que eu conhecia. Ele
só queria que tudo isso fosse embora; ele não sabia como lidar com isso, e
ele só queria que eu parasse de sentir dor. Ele sempre foi um pouco assim.
Quando as coisas são boas, ele está feliz, mas se as coisas vão mal, ele luta.
BELLA JEWELL
―Ele deveria ter estado a sua volta.
Eu olho para longe e uma lágrima sai escondida e rola para baixo em
minha bochecha. ―Sim, ele deveria. Mas ele escolheu não. Ele achou tudo
muito difícil. Eu não era exatamente fácil, tampouco.
―Não era para você ser, você foi a única ferida. Você acha que parte
do seu problema era porque ele não estava lá quando ele deveria ter estado?
Eu aceno, ainda olhando para longe. ―Seu trabalho tem sido a coisa
mais importante em sua vida por um longo tempo. Quando descobri que
estava grávida, eu pensei que iria mudar, mas isso não aconteceu. Seu
trabalho estava sempre em primeiro lugar, e acho que pela primeira vez em
sua vida, ele teve que sofrer as consequências disso.
―Lição difícil de aprender.
Eu engulo.
Mantenha-se firme, Lucy.
―Você perdeu seu bebê, ― diz ele em voz baixa. ―Você se ressente
com ele por isso?
Eu recuo.
Esse pensamento não passou pela minha cabeça, nem mesmo por
um segundo, mas ouvi-lo falar isso, acende um fogo no meu peito, um fogo
com raiva que eu nem sabia que estava lá, porque sim, eu me ressinto dele.
Ele deveria ter estado lá comigo. Se ele fosse, eu poderia não ter ficado tão
assustada.
No segundo que eu tenho esse pensamento, sinto culpa instantânea e
empurro-a para fora. Eu teria perdido o bebê de qualquer maneira, não
importa o quê. Não foi culpa dele.
Eu sou uma bagunça.
―Sim e não, ― eu sussurro.
―Você está bem?
Eu mantenho meus olhos voltados para a janela, toda a minha luta
corporal contra as lágrimas que tão desesperadamente querem estourar
adiante. ―Tudo bem, ― eu coaxo.
―Lucy, olhe para mim.

BELLA JEWELL
―Eu não posso, Heath.
―Querida, ― diz ele, com a voz mais suave agora, mais delicado.
―Olhe para mim.
Eu olho para ele, e no segundo em que meus olhos caem sobre ele, as
lágrimas explodem e correm pelo meu rosto. Ele se move rapidamente, me
puxando para o seu colo, colocando o meu pequeno corpo contra o dele,
envolvendo seus braços ao meu redor. Conforto explode em mim, e eu odeio
que estou confiando tão fortemente nele para dar isso para mim. Eu odeio
isso, porque quando ele sair de manhã, eu vou estar me sentindo vazia e eu
não acho que posso segurar isso novamente.
―Você não tem que continuar sendo forte, ― ele murmura contra o
meu cabelo.
―Eu perdi meu bebê, ― Eu soluço. ―Eu o queria tanto e eu perdi. Eu
perdi meu marido. Eu perdi tudo.
―Vai ficar melhor. Eu sei que não parece ser isso agora, mas o seu
marido, provavelmente, só precisa de tempo e...
―Eu não quero que ele volte.
O corpo de Heath fica tenso contra o meu. ―Você não quer dizer isso,
Lucy.
―Eu quero, ― eu choro, afastando-me e olhando em seus olhos. ―Isso
me assusta, porque tenho medo que o sentimento de não o querer seja
apenas uma reação temporária, mas aqui e agora, neste momento, eu não o
quero de volta. Eu só... não.
―Você está machucada. Você teve sua vida virada de cabeça para
baixo. Dê tempo a isso. Não tome nenhuma grave decisão até ter certeza do
que você quer de fato, confie em mim.
―Eu não o quero de volta, ― eu sussurro antes que possa me conter.
―Eu não o quero, porque eu não preciso dele. Eu preciso de você.
Ele fecha os olhos por um breve segundo. ―Você acha que precisa de
mim, mas, querida, você não precisa. Eu sou apenas um conforto que você
está relacionada a um momento de terror. Agora você está sofrendo e eu
sou como um analgésico. Eu dou-lhe conforto. Eu faço você se sentir bem.
Não é nada mais do que isso.

BELLA JEWELL
―É mais do que isso, ― eu coaxo. ―Não aja como se você não sentisse
isso.
―Lucy, ― diz ele, com a voz segurando um aviso silencioso. ―Você é
casada.
―Não mais, ― eu digo, desesperadamente, me odiando por precisar
muito dele.
―Querida, ― ele murmura.
―Apenas admita. Me diga que você sente o que quer que isso seja
entre nós, também.
Seus olhos se afastam por um segundo, e eu chego antes de pensar e
tomo o seu queixo na mão, virando seu rosto de volta para o meu. Então eu
me inclino mais perto e pressiono os meus lábios contra os dele. Ele faz um
som no fundo do seu peito e sua mão aperta na minha cintura, e por um
segundo, eu acho que ele vai me beijar de volta. Sua boca abre, minha
língua roça a sua e calor explode entre nós.
Mas ele puxa para trás.
―Eu não sinto isso, ― diz ele, colocando-me no sofá. ―Eu não posso
fazer isso. Você é casada, e eu não sou este homem. Eu nunca fui este
homem. Você acha que quer isso, Lucy. Mas você não quer. Eu tenho que
ir.
Sento-me no sofá, a vergonha enchendo meu peito, estendendo todas
as terminações nervosas. Não posso me mover. Eu estou horrorizada.
―Sinto muito, ― ele murmura. ―Realmente estou muito arrependido.
Então ele está pegando a sua bolsa e saindo.
Mais uma vez.

BELLA JEWELL
Meus pés arrastam quando eu ando até minha porta da frente,
ouvindo as vozes lá dentro, mesmo estando fora do interior. Gerard está
aqui, e assim como sua irmã, Heather. Eu não sei se posso lidar com eles.
Eu estou cansada, estou confusa, e após a última noite, eu não sei onde
minha cabeça está. Meu cabelo é uma bagunça, minhas roupas estão fora
de moda e eu me sinto como uma absoluta porcaria. Ainda assim, entro
naquela casa e enfrento o que eles estão indo empurrar para mim, porque é
isso que eu tenho que fazer.
Principalmente, eu tenho que fazer a coisa certa.
―Ele está lá em cima.
Eu estremeço ao ouvir o som áspero da voz de Heather, e viro para
vê-la de pé na cozinha, uma caixa em frente a ela, puxando canecas fora de
nossos armários. Estas são minhas, caramba. Seus olhos perfuram os
meus, do mesmo jeito que Gerard. Seu cabelo está para baixo, cortado em
um estilo curto em linha reta. Ele repousa sobre os ombros dela, mas faz
seu olhar como uma esnobe arrogante. Espere, ela é.
―Ótimo, ― murmuro, virando na direção da escada.
―Ele merece melhor, você sabe.
Meu corpo congela, e me viro para encará-la. ―Escuta, eu sei que
você não gosta de mim, Heather, e acredite, o sentimento é mútuo, mas isso
não é culpa minha. Eu não pedi para ver o que eu vi naquele dia ou ser
envolvida nisto. Eu não tive escolha.

BELLA JEWELL
―Não, você não teve escolha, e foi uma coisa horrível de acontecer,
mas você tinha escolha em como você se comportou após isto.
―Eu perdi meu bebê, vi algo terrível, e foi traumatizante. Como que
você queria que eu me comportasse?
Eu estalo.
Ela cruza os braços. ―Aceitamos tudo isso, mas a menção a este
homem que todos nós sabemos que não estava lá... você escolheu empurrar
isso e, ao fazê-lo, empurrou o seu marido embora.
―Isso não é da sua conta, ― eu rosno.
―Já é o suficiente.
Viro-me e vejo Gerard de pé na base da escada, olhando para mim.
―Heather, você pode, por favor, dar a Lucy e eu um momento?
Heather olha para mim, então concorda e informa ele, ―Estarei lá
fora se precisar de mim.
Ela desaparece pela porta da frente e eu foco de volta em Gerard. ―Ei,
― eu digo suavemente.
―Ei. Ouça, podemos sentar e discutir tudo isso? ― Ele está agindo
sem emoção.
Eu acho que é assim que tem que ser. Eu concordo.
Nós nos movemos para a área de estar e sentamos no sofá. Nenhum
de nós diz muito por um tempo, mas eventualmente, Gerard fala.
―Como você está?
―Assim como eu posso estar.
―Você não parece bem.
―Nosso casamento acabou. Eu dificilmente estou fazendo piruetas.
―Você acha que eu queria simplesmente ir embora? Jesus, Lucy.
Você é minha esposa, mas eu não podia aguentar mais. Não é justo para
qualquer um de nós.
―Eu respeito isso, mas eu estava sofrendo, ― eu digo, e os tremores
nos meus lábios começam. ―E em vez de ter você à minha volta, você
tentou me dizer que eu era louca.

BELLA JEWELL
―Você estava falando sobre uma pessoa que não existe. Eu não podia
simplesmente sentar e deixar isso ir em frente. Eu não sei o que você queria
que eu fizesse?
―Ele é real, Gerard. Eu não tenho que provar isso para você, porque
eu sei o que é e o que não é. Isso é o porquê estou aqui, eu tenho que lhe
dizer algo.
Ele olha para mim como se ele sentisse pena de mim.
―Ele me visitou ontem à noite no meu hotel.
Sua boca aperta.
―E... Eu o beijei. Não só, mas poucos dias antes, também. Eu sinto
muito. Achei que você tinha o direito de saber.
Ele está quieto por um longo tempo, e eu me sinto horrível. Eu sei
que estamos separados, mas ainda estamos casados e eu não deveria ter
feito isso, mesmo que eu quisesse.
―Gerard, ― eu digo depois de alguns minutos.
Ele está olhando para frente, seu rosto branco. Então, de repente, ele
se levanta.
―Gerard! ― Exclamo. ―Eu sinto muito. Eu só estou tentando ser
honesta.
Ele gira e me segura com um olhar. ―Você perdeu isso
completamente, Lucy. Eu não posso estar ao redor e vê-la mais. Eu não
posso sentar aqui e ver que você realmente age como se você estivesse
tendo um relacionamento com este homem.
Eu me sinto como se tivesse sido otária, um soco no estômago. Ele
não está zangado com a ideia de que beijei outro homem, ele está com raiva
porque ele acredita que eu ainda estou inventando.
―Ele está trabalhando em um projeto que é perigoso e é por isso que
ninguém vai me dizer onde ele está, mas ele é real, Gerard. Eu não estou
mentindo.
―Você está ouvindo a si mesma? ― Ele ri amargamente.
―Honestamente, Lucy.
―Pare com isso, ― eu imploro, a raiva borbulhando no meu peito.
―Pare de me tratar como se eu estivesse quebrada.
BELLA JEWELL
―Você está quebrada. Ele não é real, quantas vezes tem que ser dito
isto? Eu procurei por ele, eu falei com as pessoas; ele não existe. Lamento
que você esteja tendo um momento tão difícil, mas você precisa obter ajuda.
Eu fico olhando para ele e percebo que ele apenas nunca vai acreditar
em mim. A menos que eu empurre Heath em seu rosto, ele nunca vai saber
que ele é real e eu nunca poderei fazer isso porque Heath voltou a se
esconder. Estou fazendo somente eu me parecer mais louca, e estou
cansada de tentar convencê-lo. O fato da questão é que mesmo se eu fosse
louca e tivesse imaginado isso, ele deveria ter minhas costas. Ele deveria
estar me ajudando.
Mas estamos cada um escolhendo nos afastar.
―Pegue suas coisas e deixe a minha casa, ― eu digo, minha voz
gelada.
Ele pisca para mim.
―Eu vou ter um advogado elaborando os papéis do divórcio. Se temos
que vender o lugar, nós podemos. Leve o que é seu; o resto será feito
através de nossos conceituados advogados. Não entre em contato comigo.
Não me chame. Eu estou feita.
―Lucy...
―Não, ― eu o interrompi. ―Louca ou não, você é suposto ser o meu
marido e neste momento você tem apenas me provado que não está
disposto a apoiar-me. Eu mereço mais do que isso. Eu sou a única que
sofreu, não você. Não deveria importar se Heath é real ou se ele não é, você
deveria estar ao meu lado.
―Você está me deixando sem escolha, ― ele tenta.
―Pegue suas coisas e dê o fora de nossa casa, ― eu digo calmamente,
demasiado calma. ―Eu vou estar de volta esta tarde. Eu espero que tudo
seu, incluindo você, tenha ido embora.
Então eu caminho até a porta da frente e desapareço fora dela, antes
que ele tenha a chance de dizer outra palavra.
Com cada passo que dou para o meu carro, meu coração dói um
pouco mais. Meu casamento acabou.
Onde diabos eu vou a partir daqui?

BELLA JEWELL
~*~*~*~

Já se passaram três longas semanas desde que Heath deixou o meu quarto
de hotel e eu terminei meu casamento para o bem. Eu não falei com Gerard
uma vez sequer, exceto por meio de advogados. É uma divisão limpa,
porque não temos crianças. Ele disse que eu posso manter a casa, desde
que ele possa manter todo o seu dinheiro, poupança, e as coisas. Eu
concordei. Ele pode fazer o que ele quiser. Estamos apenas finalizando tudo
e certificando que tudo está como deveria estar. Em seguida, isso estará
acabado.
Voltei a trabalhar uma semana depois que ele saiu, e lenta, mas
seguramente, a minha vida parece estar voltando a rotina. Meus pais me
visitam muitas vezes, mamãe assa demais e minha geladeira e freezer estão
cheios de comida que um pequeno exército não poderia comer em um ano.
Eu a deixo fazer, no entanto, porque ela está preocupada comigo, e eu
entendo isso. Estou preocupada comigo também. Mas eu estou colocando
um pé na frente do outro e passando através de cada dia.
Ok, é mais como me arrastar, mas que seja.
Eu não tentei entrar em contato com Heath, em parte porque eu
preciso de distância para tentar me descobrir, e em parte porque eu ainda
estou dolorida sobre a forma como ele saiu. Será que eu me joguei em cima
dele? Será que ele me via como um pouco instável também? Todos esses
pensamentos se repetem mais e mais na minha cabeça, perguntas que eu
não consigo respostas. Talvez eu não queira nem essas respostas.
Hoje é o primeiro dia em que me aventuro para fora da casa por mim
mesma, além de ir trabalhar. Eu tinha decidido comprar algumas roupas
novas, esperando que isso me fizesse sentir melhor. Em vez disso, eu andei
ao redor do shopping por duas horas olhando vagamente para as vitrines.
Eu me mantive passando por pessoas, mesmo sem percebê-las. Eu apenas
não estou nisso. Pergunto-me se eu nunca vou estar novamente.
Igual como todos os outros momentos, que mudam em um instante.
Momentos são engraçados, como aquele que bate em você quando
você menos espera, quando você está no seu mais vulnerável e

BELLA JEWELL
despreparado. É como se eles soubessem que estão sendo enviados para
testá-lo.
Eu estou caminhando, então eu não estou. Porque alguns pés a
minha frente está a jovem que eu vi na noite em que eu encontrei onde o
culto estava escondido. Ela está no meio do shopping, olhando diretamente
à frente, com os olhos ocasionalmente, correndo ao redor. Ela parece
perdida, talvez um pouco confusa, mas ela está sozinha e eu ajo antes de
pensar. Eu apenas me mexo rapidamente, empurrando as pessoas para
fora do meu caminho.
Ela já se virou antes de alcançá-la, e seus olhos caem sobre mim. Ela
não me reconhece, obviamente, mas ela parece com medo. Eu estou indo
para ela a todo vapor. Eu me forço a abrandar e colocar um sorriso gentil
no meu rosto, cuidadosamente me aproximando dela. Ela é tão bonita, o
tipo de bonita que leva o seu fôlego. Ela, definitivamente, não tem mais de
doze, talvez treze anos, se ela tiver sorte, e este pensamento me faz mal ao
estômago.
―Olá, ― eu digo suavemente quando eu paro na frente dela.
Ela olha para mim com olhos azuis de cristal e com o cabelo escuro
que flui ao redor de seu corpo. Ela está vestindo uma blusa simples e uma
saia longa que toca o chão. Por baixo da blusa, ela tem uma camisa branca
longa. Basicamente, toda a sua pele, exceto suas mãos e face, está coberta.
Ela parece com medo, cansada, e definitivamente, confusa.
―Meu nome é Lucy. Eu sei que você não sabe quem eu sou, mas eu
sei quem você é.
Os lábios dela abrem um pouco.
―Eu só queria ver se você está bem.
Seus olhos brilham, e ela olha em volta, nervosa, novamente.
―Alguém está procurando por você? ― Eu peço com cuidado.
Seus olhos me fitam de volta, e ela parece tão com medo. ―Eu não
conheço você, ― ela diz suavemente. ―Por favor, vá embora.
―Eu sei que você não me conhece, mas eu a conheço. Eu já vi você
antes. Eu sei... Sei o que está acontecendo com você.

BELLA JEWELL
Seus olhos ficam grandes como discos e ela tropeça para trás alguns
passos.
―Eu não estou aqui para te machucar, ― eu digo com cuidado. ―Eu
só quero ajudar. Você não merece o que está acontecendo com você lá
dentro. Eu posso ajudar...
O seu lábio inferior treme.
―Qual é seu nome? ― Pergunto, estendendo minha mão.
―H-H-H-Hayley.
―É bom conhecer você, Hayley.
Ela esfrega os braços dela, remexendo nervosamente.
―Você está perdida?
―Não, ― ela sussurra. ―Eu fugi.
―Você precisa de mim para ajudá-la a chegar a algum lugar?
Ela balança a cabeça. ―Eles vão estar aqui a qualquer momento; Eu
não posso correr. Eu nunca posso conseguir o suficiente.
―Hayley, ― eu digo, dando um passo mais perto. ―Você pode. Posso
te ajudar. A polícia pode ajudá-la. O que eles estão fazendo é errado, e...
―Não, ― ela grita, os olhos correndo ao redor do shopping lotado.
―Não a polícia. Não. Ele diz que não há polícia.
―Quem disse isso? ― Eu sussurro, tentando não assustá-la mais do
que já está.
―Eu não posso falar mais nada,― diz ela com a voz tão suave que eu
mal ouço.
―Deixe-me levá-la para fora disto, Hayley. Por favor. Posso te ajudar.
―Ninguém pode me ajudar.
―Hayley!
A casca fresca de uma voz me tem virando e olhando para o homem
caminhando em nossa direção. Ele usa uma camisa branca de botão, com
um par de calças pretas. Seu cabelo é grisalho, e eu o reconheço como o
homem a quem Hayley foi entregue quando assisti todo o ritual doente que

BELLA JEWELL
tinha acontecido naquela noite. Ele é mais velho do que eu tinha pensado, e
meu sangue corre frio.
―É hora de ir, ― diz ele, dando um passo ao lado dela, mantendo os
olhos em mim.
Minha pele se arrepia. Ele me faz sentir doente com apenas um olhar.
―Eu estava apenas... eu-eu me perdi e fiz esta simpática senhora me
ajudar, ― sussurra Hayley, mantendo o rosto para o chão.
―Então, obrigado por ajudá-la, ― diz o homem, segurando meu olhar.
―Você não vai se livrar disso, ― eu cuspi.
Ele mantém o seu comportamento frio. ―Eu não tenho certeza do que
você está falando, mas obrigado por ajudar minha filha aqui.
―Ela não é sua filha, e nós dois sabemos disso. Você, bastardo
doente! ― Eu guincho.
―Vamos, Hayley, ― diz ele, dirigindo-a com uma mão no seu braço.
―Deixe-a ir! ― Eu grito, correndo atrás deles. ―Deixe-a ir, seu
bastardo sujo!
Segurança vem de fora, colocando a mão no meu braço. ―Senhorita,
por favor, acalme-se!
―Você não pode deixá-la ir com ele. Ele é um pervertido. Um
detestável sujo.
O homem olha para o oficial. ―Sinto muito, minha filha e eu estava
nas compras e está menina veio do nada. Acho que ela está confusa.
―Senhorita, este é o seu pai? ― O segurança pede a Hayley.
―Diga-lhes a verdade, Hayley, ― eu imploro. ―Eles podem ajudá-la.
―Ele é meu pai, ― diz ela, seus olhos indo a qualquer lugar, menos
perto do meu.
―Ela tem que dizer isso! ― Eu grito quando o oficial me afasta. ―Por
favor!
―Obrigado, Oficial! ― O homem indesejável diz, olhando para mim
antes de desaparecer com Hayley.
―Não os deixe ir! ― Eu grito.

BELLA JEWELL
O segurança me empurra em uma sala silenciosa. ―Acalme-se ou eu
vou ser forçado a chamar a polícia.
Não. Nenhuma polícia. Eu tive polícia suficiente. Eles não fazem
nada, mas mentir para mim.
Ele está olhando para mim, e eu sei que tenho que jogar deste fresco
ou eu não vou sair daqui. Pressiono a mão para o meu coração. ―Sinto
muito, eu devo ter confundido. Eu perdi recentemente a minha irmã a um
homem horrível. Eu pensei que era ele.
Seu rosto suaviza apenas ligeiramente. ―Sinto muito por ouvir isso,
mas você não pode correr em shoppings gritando com pessoas.
Concordo com a cabeça, olhando para ele através dos meus cílios.
―Eu sinto muito.
―Eu acho que você precisa ir para casa, antes que qualquer outro
drama seja causado.
Eu concordo. ―Desculpe, senhor.
Ele balança a cabeça, e eu desapareço de volta para o shopping. Eu
sigo na direção que o homem tomou Hayley, mas eu corro em círculo por
uma sólida hora. Eles se foram. Frustrada, irritada, e desesperada, eu vou
para o meu carro e para casa. Penso nela o tempo todo. Ela estava tão
assustada. Tão sozinha. Alguém tem que ajudá-la, ela está presa.
Eu não posso deixar isso continuar.
Eu tenho que fazer alguma coisa.

BELLA JEWELL
Eu sei que algo está errado no segundo que ando dentro de casa.
É um sentimento, mais do que qualquer coisa. Eu não posso ver nada
perturbador, mas sei que algo está diferente.
Eu olho em volta, os olhos correndo para trás e para frente através
dos móveis, para a cozinha, e nada. Eu viro devagar e olho para a base das
escadas e lá está ele, de pé, com os braços cruzados, olhando para mim.
Isto me pega de surpresa e eu pulo para trás, uma mão voando até minha
boca para abafar meu grito.
―Heath? ― Eu finalmente falo.
Ele dá um passo para baixo e mais para dentro da luz. Ele está
chateado. Tipo, extremamente chateado.
Ele sabe.
Eu engulo.
―Que. Porra. Está. Errado. Com. Você? ―As palavras saem como um
chicote, e eu dou mais um passo para trás.
―Ela estava sozinha, com medo... Eu só estava tentando ajudar.
―Porra, eu lhe disse para ficar de fora disso, ― ele ruge tão alto, que
eu recuo.
Ele é assustador quando está irritado. Realmente assustador.

BELLA JEWELL
No entanto, posso ser feroz igualmente. ―Sim? Bem, eu fiquei doente
de ouvi-lo, considerando que você nunca fica por tempo suficiente para
fazer o seu ponto válido, ― Eu grito de volta.
Sua mandíbula aperta. ―Você quer a porra de se machucar?
―Talvez, ― eu cuspo.
―Jesus, Lucy! O que diabos está errado com você? ― Ele grita tão
alto, seu grande corpo está se contraindo com toda palavra. ―Gritando
assim no meio de um shopping!
―Vai se foder.
Ele pisca. ―Perdão?
―Eu disse: ― Eu grito, atacando mais e cutucando o seu peito, ―Vai
se foder.
―Pare, ― adverte.
―Ou o quê? ― Eu desafio. ―Você vai fugir de novo? Vá direto para o
inferno, Heath. Eu não me importo. Aquela menina precisa de ajuda, e nada
que você possa dizer vai me impedir de ter certeza que ela a receba. Eu
estou nisso agora. Portanto, cai fora.
Seu grande corpo se move rapidamente, arrastando o meu e me
batendo contra a parede mais próxima. Eu suspiro enquanto ele pressiona
para perto de mim, efetivamente me prendendo. ―Teimosa, dor na bunda,
porra de mulher bonita.
Em seguida, os lábios desabam sobre os meus.
Eu lamento tão terrivelmente cansada de fingir. Eu o quero. Eu não
vou esperar mais. Eu o beijo de volta, e quando sua língua desliza em
minha boca, saúdo-o com um gemido. O beijo é apaixonado, e com raiva, e
um pouco desesperado, como todos os bons beijos devem ser. Eu agarro a
camisa dele, incapaz de me parar por um segundo a mais. Eu empurro-o e
ele puxa para trás apenas tempo suficiente para me deixar puxá-la por cima
da sua cabeça.
Seu corpo é tão duro. Sua pele tão quente.
Eu pressiono meus lábios em seu ombro, arrastando minha língua ao
longo de sua clavícula e até seu pescoço. Ele geme e toma conta da minha
camisa, puxando-a para fora tão rápido quanto eu removi a dele. Sua
BELLA JEWELL
grande mão, em seguida, encontra o meu peito, cobrindo-o completamente.
Eu gemo e arqueio para ele. Com a mão livre, ele abre meu sutiã, deixando-
o cair no chão, então ele abaixa a cabeça e chupa o meu mamilo em sua
boca, enquanto está arrastando para fora o meu jeans.
―Oh, Deus, ― Eu choramingo.
Ele me morde.
A dor atira através do meu corpo, mas eu me encontro arqueando
contra ele ainda mais, moendo a minha pélvis contra sua mão, enquanto ele
remove minha calça. Minha calcinha vai rapidamente atrás dele, e ele rosna
em satisfação quando sua mão encontra a umidade minando entre as
minhas pernas.
―Tão doce quanto eu tinha imaginado, porra.
Eu tremo em seus braços, alcançando seu jeans e desabotoando o
botão superior. Eles caem assim que são abertos, e eu encontro o comando
abaixo deles. Minha boca enche de água, e eu espreito para baixo. O pau
dele é bonito; também é extremamente aterrorizante para olhar. Eu não
estive com muitos homens, dois para ser exata, e nenhum deles era
equipado como este. Ele é enorme, não excessivamente longo, mas de
espessura. Eu engulo.
―Oh, cara.
―Sim, ― ele rosna, pegando a minha perna e conectando em torno de
seu quadril. ―Oh, cara.
Meus olhos se encontram com os dele e ele posiciona seu pau entre
nós, dando-me o olhar enérgico mais quente que já me foi dado, pouco
antes dele deslizar para dentro de mim. Ele faz isso em um movimento
suave, não muito rápido, não muito lento, mas em linha reta. Eu suspiro, e
a perna me segurando treme, quando dor e prazer misturados disparam
através do meu corpo. Ele agarra minha bunda e me levanta, libertando
minha pobre perna de tentar me segurar.
Então ele me fode.
Ele não faz isso lento, ele faz isso duro e ele faz isso rápido.
Meus dedos emaranham em seus cabelos e eu empurro sua boca
contra a minha, beijando e mordendo enquanto ele martela o meu corpo
contra a parede. Nós dois estamos gemendo, ambos xingando, ambos
BELLA JEWELL
amaldiçoando. Eu mordo o seu lábio inferior e ele rosna me puxando para
fora da parede apenas uma polegada e me batendo de volta contra ela.
―Tenha cuidado, querida, ― ele adverte, empurrando dentro e fora,
cada vez mais forte.
―Ou o quê? ― Eu suspiro, deixando minha cabeça cair para trás
contra a parede.
Ele se inclina para baixo, roçando meu pescoço, então ele me morde.
É forte, doloroso, e afiado. Eu grito e cavo minhas unhas em seu ombro,
fazendo-o assoviar.
―Foda-se, ― Eu choramingo. ―Idiota.
―Eu estou fodendo você, baby.
Nenhum homem jamais falou sujo para mim. Gerard certamente não
tem isso dentro dele.
Isso me excita.
Em grande forma.
Um orgasmo começa de baixo fogo líquido na minha barriga,
lentamente subindo, pouco a pouco, enquanto ele dirige em mim. Como
destino, encontramos nosso êxtase exatamente ao mesmo tempo, nós dois
gememos com o melhor, mais intenso e mais bonito orgasmo. Aperto ele, o
corpo tremendo, meu sexo moendo contra ele, deixo tudo para fora. Sinto
cada pulso que ele libera em mim. É incrível.
Demora alguns minutos para nós dois descermos do alto que nós
apenas montamos juntos, e quando fazemos, ele cuidadosamente me libera
e permite que os meus pés toquem o chão novamente. Por um minuto, eu
fico ali, minhas pernas fracas no chão, os olhos apontados para baixo. O
que acabei de fazer? Oh, Deus. O que eu acabei de fazer? Eu coloco minhas
mãos contra o seu peito e empurrei-o de volta, antes de fugir e correr para
as escadas.
―Lucy! ― Ele chama atrás de mim, mas eu não paro.
Corro para o meu quarto e bato a porta, deslizando contra ela
soltando minha cabeça em minhas mãos. Meu marido não foi sequer há um
mês, e eu já estou caindo na cama com outro homem.

BELLA JEWELL
O que diabos está errado comigo? Lágrimas escorrem para fora e
correm pelo meu rosto. Eu sou uma pessoa tão horrível.
―Lucy! ― Heath bate na porta. ―Abra.
Eu não respondo.
―Abra a porta ou eu vou subir na maldita janela.
Eu olho para a janela e noto que está aberta. É assim que ele entrou.
Idiota.
―Três segundos ou entro pela janela.
Eu me arrasto para frente, e ele deve ouvir, porque um segundo
depois, a porta se abre e ele entra em cena, sem camisa, calça jeans puxada
para cima, mas desabotoada. Seu cabelo é uma bagunça, seu corpo é
perfeito, e Deus, droga, ele parece lindo para caralho. Ele se ajoelha na
minha frente, levando o meu queixo na mão e inclinando minha cabeça
para trás. ―Não faça isso para si mesma.
―Meu marido foi a algumas semanas, e eu já estou dormindo com
outro homem.
―Em primeiro lugar e mais importante, o seu marido se foi, então
você não fez nada de errado. Em segundo lugar, eu não sou apenas outro
homem, e você sabe disso.
Droga, ele está certo.
Ainda.
Eu desvio o olhar.
―Não se culpe. Isso iria acontecer, agora, um mês, eventualmente, eu
ia ter você, e você sabe disso.
―Eu odeio você, idiota ― murmuro.
Eu espreito para ele e ele está sorrindo para mim. ―Você não me
odeia. Agora se levante. Estamos indo para o chuveiro.
―Não, não estamos.
Seus olhos brilham. ―Oh, nós estamos. Você quer vir comigo por
vontade própria ou eu vou jogá-la sobre o meu ombro e levá-la de qualquer
maneira.

BELLA JEWELL
Eu fico olhando desafiadoramente para ele.
―Tenha à sua maneira, então. ― Ele se inclina mais perto, lança o
meu corpo para cima e de pé, me coloca por cima do ombro. Eu não posso
evitar o sorriso que se arrasta no meu rosto. Este homem. Ele está mexendo
com a minha cabeça no melhor tipo de caminho, e eu amo isso.
―Pare de sorrir, ― ele murmura, entrando no meu banheiro.
―Não se iluda, ― Eu xingo.
Ele dá um tapa na minha bunda.
Eu não posso evitar. Eu rio.
E parece incrível porque parece que foi uma eternidade desde que
isso aconteceu.
Para sempre.

~*~*~*~

―Eu não posso acreditar que estamos fazendo isso, ― murmuro


contra a pele de Heath mais tarde naquela noite quando nós deitamos na
cama.
―Pare de pensar demais.
―Todo mundo na minha vida pensa que você é imaginário, você
desaparece mais do que você está por perto, mas aqui estou eu, na cama
com você. Algo está muito errado com esta imagem.
―Sim. Você pensa demais.
Eu reviro meus olhos, mesmo que ele não possa ver.
―Não revire os olhos.
Eu empurro para cima e olho para ele. ―Como você sabe que eu
revirei os olhos?
―Eu podia sentir isso.
Eu ronco. ―Tanto faz. Você é algum tipo de super espião ou algo
assim?
Ele sorri.
BELLA JEWELL
Eu coloquei minha cabeça contra seu peito. ―Sério, como é que você
sempre sabe onde eu estou?
―Eu tenho olhos em você.
Eu enrugo meu nariz. ―Você tem olhos em mim? Que tipo de olhos?
Seus olhos?
Ele resmunga. ―Não. Nem sempre. Na maior parte, de outras
pessoas.
―Outras pessoas? Quem? ―Eu choro, empurrando para cima
novamente.
Ele varre meu rosto, e seu sorriso se transforma em um grande
sorriso. ―Tenho pessoas que estão dispostas a me ajudar.
Eu xingo. ―Você não pode simplesmente me dizer o que é que você
está fazendo?
Ele perde o sorriso. ―Eu gostaria de poder, acredite em mim, mas não
posso agora. Estou fundo demais.
―Eu também estou.
Sua mão viaja pela minha espinha, parando entre as minhas
omoplatas. ―Não, você não está. Você vai ficar de fora dessa.
―Essa menina está com medo e sozinha, para não mencionar todos
os outros que estão provavelmente lá. Eu não posso apenas ficar de fora,
Heath. Eles precisam de ajuda.
―E isso é o que eu estou trabalhando. Se você interferir, você poderia
torná-lo pior.
―Então me deixe ajudar.
Seus olhos endurecem. ―De jeito nenhum.
―Por favor, deixe-me ajudar. Eu posso fazer alguma coisa. Posso
obter informações...
―Não, você não pode. Eles sabem quem você é agora, depois da sua
música e dança no shopping. Ah sim, nenhuma maneira que você pode ser
vista em qualquer lugar perto dela ou de mim novamente.

BELLA JEWELL
Eu engoli o nó apertado formando na minha garganta. ―E daí? Eu
sou apenas um booty call4 para você, então? Alguém que você vê quando
precisa foder?
Ele suspira e move a mão mais para cima, manobrando meu cabelo.
―Não faça isso. Você sabe que significa mais para mim, Lucy. Eu gostaria
de poder vê-la mais, também.
―Pelo menos me dê uma maneira de contatá-lo, ― eu imploro. ―Se
você quer que eu pare de procurar e pare de me envolver, então você precisa
me dar alguma coisa.
―Porra, você é um pé no saco. Você era doce uma vez, tenho certeza.
Eu sorrio.
Ele segura meu rosto. ―Bem. Vou dar-lhe um número de celular que
você pode me chamar, mas esteja ciente de que está desligado um monte e
eu não vou responder sempre.
Meu sorriso se torna maior.
Seu olhar cai para ele. ―Porra. Venha aqui e me dê esses lábios
novamente. Eu não terminei com eles.
Eu caio para baixo e dou-lhe os meus lábios novamente por um
longo, longo tempo.
Quando nos separamos, estamos muito ofegantes. ―É cedo demais
para mais? ― Eu suspiro.
Ele sorri. ―Eu fodi você duas vezes, querida. Dê um pouco mais de
tempo.
Meus olhos caem para o peito exposto. Deus, ele é bonito.
―Ok, ― murmuro.
Ele se move rapidamente, me virando e fixando as costas contra o
colchão.
―Eu pensei que você precisava de tempo, ― eu digo, minha voz suave
e baixa, sedutora, mesmo para os meus próprios ouvidos.
―Oh, eu preciso, mas isso não significa que eu não possa fazer você
gemer meu nome novamente.

4 Chamada de final de noite para encontros.


BELLA JEWELL
Eu engulo e olho para ele através dos meus cílios. ―Oh, sim?
Ele desliza para baixo do meu corpo, tomando conta dos meus
joelhos e gentilmente empurrando-os. ―Oh, sim, ― ele murmura, logo antes
de pressionar sua boca entre minhas pernas.
Oh. Meu.

BELLA JEWELL
―Lucy!
Algo batendo na minha porta me acorda do meu sono, e leva alguns
minutos para eu me orientar. Eu estou nos braços de Heath. Seu grande
corpo, quente e sólido, me segura, eu não pretendo me mover. Eu quero
ficar aqui o dia todo com ele. Mas quem está na porta não vai deixar isso
acontecer.
Eu saio da cama e empurro para os meus pés, correndo os dedos pelo
meu cabelo e ouço.
―Lucy!
Gerard.
Merda.
Meu coração bate quando eu viro, empurrando o ombro de Heath. Ele
acorda com um grunhido e olha para mim, a expressão em seu rosto
mostra que ele está menos do que impressionado. ―O quê?
―Gerard está aqui. Eu tenho que ir atender a porta.
Eu não lhe dou qualquer chance de responder. Eu só puxo um
roupão e corro para fora do quarto, batendo a porta atrás de mim. Eu corro
pelas escadas e para a porta da frente, balançando-a aberta para ver
Gerard e Heather ali de pé, parecendo irritados.
―Obrigada pela chamada de despertar, ― murmuro. ―O que está
errado?

BELLA JEWELL
―O que está errado, é que você pediu mais do que o acordado no
assentamento, ― diz Heather.
Eu olho para ela. ―Sinto muito, quando é que Gerard esqueceu a
forma de falar por si mesmo? Se você não se importa, vou discutir isso com
ele e não com você. A última vez que verifiquei, vocês nunca se casaram.
Ela fecha a cara para mim.
Viro-me para Gerard. ―Você não poderia ter me telefonado?
―Eu tentei, ― ele murmura, parecendo cansado. ―Você não
respondeu.
―Então você veio à minha casa e me acordou no início da manhã?
―São dez horas.
Oh.
―Bem, eu não posso discutir isso agora, ― eu digo, olhando atrás de
mim.
―Você tem alguém lá dentro? ― Ele exige.
Viro-me para ele. ―Eu tenho um visitante, sim.
―Quem? É o seu amigo imaginário? ― Zomba Heather.
Gerard bufa.
Isso me deixa com raiva. Tão irritada. Eu cruzo meus braços, e
apesar de que Heath me pediu para não dizer, eu digo num piscar de olhos:
―Sim, na verdade.
Os olhos de Gerard se incendeiam, e ele empurra para além de mim,
Heather no reboque. Eu os deixo. Espero eles irem até lá e encontrar o meu
homem nu na cama, parecendo tão lindo como ele é, então eles iam desejar
que nunca tivessem duvidado de mim. Eu os segui até as escadas, um
sorriso no meu rosto, e entro no quarto.
Gerard se vira para mim. ―Não há ninguém aqui?
Eu estreito meus olhos, e olho ao seu redor. A cama está feita. Não há
um vestígio de Heath. Porra. Idiota.
―Ele estava aqui a noite toda, ― eu digo, correndo para o banheiro e
empurrando a porta aberta. Não deixou vestígios.

BELLA JEWELL
―Vejo que ainda não tem obteve ajuda, ― se encaixa Heather. ―Eu
acho que nós precisamos mencionar isso para os advogados. Ela está
pedindo mais do que ela tem direito, mas até que ela receba ajuda eu acho
que devemos definitivamente lutar contra isto.
Gerard olha tristemente para mim. ―Eu concordo.
―Eu só estou pedindo para manter o meu carro! ― Eu choro.
―O carro que pertence a Gerard, ― assinala Heather. ―Está em seu
nome.
―Ele tem um carro de trabalho.
―Nós não estamos discutindo isso com você, ― ela furiosamente me
informa, cruzando os braços.
―Gerard, ― eu coaxo, olhando para ele. ―Certamente você não vai ser
tão cruel.
Ele parece miserável. ―Escute, eu preciso do carro está bem? Eu não
quero que isso fique confuso, Lucy. Eu me importo o suficiente para não
querer isso.
―Você deveria me amar.
―Sim, ― diz ele. ―E você deveria me amar, mas você apenas está feliz
em me dizer que estava dormindo com outra pessoa, real ou não.
Ele tem um ponto.
―Eu não quero isso ficando feio, por favor. Passamos tanto tempo
juntos; nos amávamos tão plenamente. Podemos terminar com isso...
cordialmente?
Ele abre a boca para falar, mas Heather o corta. ―Nós não estamos
discutindo isso ainda mais.
―Gerard, ― eu sussurro.
―Desculpe, Lucy, eu acho que ela está certa. Eu acho que você
precisa de ajuda. Estou muito preocupado com você.
Eu estudei-o. ―Por favor, deixe minha casa.
―Se você me der o carro, eu vou.
―Saia, Gerard. Vá em frente e faça o que você acha que tem que
fazer. Esse é o meu carro, e eu não tenho dinheiro para comprar outro.
BELLA JEWELL
―Mas...
―Saia ou eu vou chamar a polícia.
―Vamos, Gerard, ― Heather diz, agarrando seu braço no dela e
puxando-o para fora da sala.
Eu os vejo ir, meus olhos segurando os seus. Parece que ele quer
dizer algo mais, mas ele não diz. Mais uma vez, ele deixa sua irmã falar por
ele.
Quando eles se foram e eu ouço a porta da frente bater, eu viro e
estudo o quarto. Vou até a cama e empurro as cobertas. Uma pequena nota
tremula para fora. Eu a pego, olhando para a limpa caligrafia masculina.
Desculpe, menina Lucy, eu não podia ficar.
Eu apostaria cerca de cinquenta que você os trouxe para cima para
provar um ponto?
Sim. Você trouxe.
Eu escrevi o meu número na parte de trás.
Hx
Não posso deixar de revirar meus olhos, e talvez eu sorri um pouco.
―Você é um idiota, Heath, ― murmuro para o pedaço de papel.
Mas caramba.
Eu não me canso de você.

~*~*~*~

Eu considero me fazer um café, tenho uma ducha e troco de roupa


antes de me decidir enviar um texto para o número que Heath me deixou.
Eu sei que ele é um texter5 experiente quando seu telefone está realmente
ligado; Eu testemunhei isso no estádio de beisebol. Eu penso sobre o que eu
vou dizer a ele, e então sorrio maliciosamente quando eu descubro.
L - Idiota.

5 Uma pessoa que prefere enviar mensagens de texto, em vez de fazer ligação telefônica.
BELLA JEWELL
Eu envio a mensagem com um sorriso triunfante, e vou colocar meu
telefone para baixo, mas vibra na minha palma quase que
instantaneamente.
H - Eu não sinto muito.
Eu rio baixinho.
L - Essa é a pior parte. Eu parecia uma pessoa louca.
H - Pelo que me lembro, você é.
Eu enrubesço.
L - Obrigada por ontem à noite. Eu estou bloqueando minhas
janelas á partir de agora.
H - Existem muitas outras maneiras de entrar em sua casa.
Cretino.
L - Eu vou trancá-las todas. Quando vou vê-lo novamente?
H - Eu não sei. Eu te ligo quando puder.
L – Ok, bem, vá e combata o crime, GI Joe.
H – Até mais tarde, querida.
Eu coloco o meu telefone para baixo e me preparo para o trabalho. Eu
estou fazendo uma mudança de hora do almoço hoje, então eu me arrumo
um pouco mais rápido do que o habitual, considerando que eu dormi. Eu
pego minhas coisas, bloqueio a casa, e vou para fora tentando tirar a minha
mente de tudo. Principalmente, Gerard. Eu odeio brigar com ele. Eu odeio
que as coisas ficaram tão frias entre nós. Eu nunca quis isso. Nem mesmo
por um segundo. Sei que as coisas se deterioraram após o ataque, mas eu
não acho que nós jamais olhamos para o outro da forma como estamos
agora.
Depois, há a culpa por ter Heath na minha vida.
Tem sido um tempo tão curto desde que Gerard se foi, e enquanto eu
sei que é para o melhor e que do jeito que estávamos nunca íamos passar
por isso, eu não consigo entender o fato de que eu já tenho sentimentos por
outro homem. Eu não sei a profundidade dos meus sentimentos por Heath,
eu só sei que eles se parecem reais e que eu não consigo parar de pensar
sobre ele. Estar com ele na noite passada foi a melhor experiência da minha

BELLA JEWELL
vida e isso me assusta, porque foi tão intenso, tão incrível, que eu tenho
que me perguntar se essa situação está tornando a se parecer com algo que
não era.
Eu penso sobre isso através de todo o meu turno no trabalho, e
quando a noite cai, eu pego o jornal no caminho para fora da porta
acenando para todos. Vou visitar meus pais esta noite, então... bem...
então.
Eu não sei. Eu ando na estrada para um restaurante mexicano e
encomendo os meus tacos habituais, então eu sento fora e espero,
enquanto eles estão sendo feitos. Eu abro o jornal e meu coração salta uma
batida.
O estádio de beisebol abrirá sábado para seu primeiro jogo local
desde o incidente horrível onde muitas vidas foram perdidas.
Meu coração fica na minha garganta, e meus dedos tremem enquanto
eu leio e releio o artigo. Ele está abrindo amanhã pela primeira vez desde o
ataque. Eu sei que deveria ir, eu quero ir, eu preciso ir, mas a ideia de
caminhar de volta para lá me assusta em uma maneira que eu não quero
nem pensar. Eles vão voltar? Quer isto dizer que acabou e eles não vão
atacar de novo? Ou significa que eles vão tentar novamente, porque eles
não ganharam?
Pego meu telefone e mando um texto para Heath.
L - O estádio de beisebol está abrindo amanhã.
Ele responde muito rapidamente, o que facilita um pouco do medo
apresentado no meu peito.
H - Eu sei, querida.
L - Você não me disse.
H - Isso é porque eu sabia que você ia tentar ir, e eu não quero
você lá.
Eu saio das mensagens com um empurrão irritado do botão. Ele não
me disse por que, como sempre, sou mantida fora de tudo, e ele quer que
eu esteja escondida longe de tudo. Eu tinha o direito de saber. Eu tenho o
direito de ir. Ele não pode me impedir de fazer isso, ele não vai me impedir
de fazer isso. Enfrentar o medo é a única maneira de seguir em frente com
isso, mesmo eu sei disso.
BELLA JEWELL
Quero seguir em frente.
Meu telefone toca. Eu ignoro e empurro-o de volta na minha bolsa,
vou para dentro para recolher o meu jantar antes de entrar no carro e ir até
a casa dos meus pais. Eu comi todos os meus tacos, me lambuzando, até o
momento em que cheguei, e passei dez minutos em sua calçada me
limpando, antes de entrar. Se eu não tenho comido, minha mãe vai surtar e
tentar me fazer alguma coisa. Eu sei que eles tinham terminado o seu
jantar já, e eu não lhes disse que eu estava vindo, o que é certo em terminar
em uma frenética briga para me encher de comida.
―Lucy, querida, não estávamos esperando você! ― O papai diz no
segundo que eu passo pela porta da frente.
Ele está no sofá, assistindo o seu futebol habitual e minha mãe está
na cozinha, limpando os pratos.
―Só pensei em aparecer e dizer ‘olá’ depois do meu turno.
―Você já comeu? ― A mamãe pergunta, enxugando as mãos em uma
toalha antes de vir e me abraçar.
―Eu comi. ― Eu sorrio.
―Oi, bebê, ― papai diz, me tirando dos braços de minha mãe e me
puxando para o seu. ―Eu senti sua falta.
―Eu também, papai. Lamento não ter estado presente. As coisas têm
sido agitadas.
Ele praticamente me arrasta para o sofá e me puxa para baixo, ao
lado dele. ―O que está acontecendo?
Eu bato levemente sua mão. ―Nada para se preocupar.
―Você falou com Gerard? ― A mãe pergunta, sentando do meu outro
lado, dando-me os olhos tristes.
―Sim, mãe.
―E nada mudou?
―Não.
Ela abre a boca para dizer algo, mas meu pai lhe corta. ―Ele não fez o
certo com nossa Lucy. Ele deveria ter ficado com ela, e ele não quis.
―Ele estava confuso, ― Mãe tenta, mas é fraco.
BELLA JEWELL
―Ele era seu marido. Fim da história, ― Pai diz em seu tom firme,
então ele olha para trás para mim. ―Está tudo indo bem?
―Tão bem como pode ir, ― Eu admito. ―Sua irmã não está ajudando
a situação.
―Essa mulher é horrível, ― mamãe zomba. ―Eu nunca gostei dela.
―Não, eu também. ― Eu suspiro. ―Mas ela está na cauda de Gerard
onde quer que ele vá, então eu fui incapaz de falar a sós com ele. Acabar
com isso é a coisa certa, tenho certeza disso, mas nos amávamos, e eu não
quero que seja terrível entre nós.
―Já lhe disse isso, amor? ― Papai pergunta.
―Eu disse, mas as coisas são complicadas. Além disso, ele
simplesmente continua ficando com raiva e exigente que eu obtenha ajuda.
―Já pensou em falar com alguém? ― Mamãe diz com cuidado.
Dou-lhe um olhar. ―Sim, mãe. Eu finalmente marquei em ver alguém
na próxima semana, mas honestamente, eu estou bem.
―Os pesadelos? ― Pergunta o pai.
Eu dou de ombros. ―Algumas noites são boas, outras não.
―E o... homem.
Papai atira a Mamãe um olhar e meu coração se parte para as
expressões em seus rostos. O interesse. A preocupação.
―Eu deixei ir, ― eu digo, e custa-me fazê-lo porque eu tenho tanto
desejo que saibam que Heath era uma coisa real.
―Eu estou feliz em ouvir isso. Vamos pegar um pouco de chá! ― Mãe
salta e corre para a cozinha.
Meu pai aperta minha mão.
Eu aperto de volta e nós sentamos em silêncio. Meu telefone está
vibrando na minha bolsa e eu decido que é melhor respondê-lo, caso
contrário eu não vou ter uma noite agradável com minha família. ―Eu estou
indo ver quem continua chamando.
Eu estou desaparecendo no escritório na frente da casa e retiro o
telefone, assim quando a tela pisca com o nome de Heath novamente.
―Alô, ― murmuro.
BELLA JEWELL
―Eu não gosto bem de ser ignorado. ― Sua voz é rouca e sexy, e eu
não me arrependo.
―Não é uma sensação agradável, não é? ― Eu dou de volta,
levemente.
―Por que você não respondeu?
―Você já sabe a resposta para isso.
―Eu não quero você no estádio porque não estou cem por cento certo
de que é seguro. Eu não estou tentando controlá-la.
―Mas você está, ― eu estalo. ―Você está, Heath. Você se recusa a me
dizer o que está acontecendo aqui, você se recusa a fazer contato comigo, se
recusa a dar-me uma maldita coisa. Eu vivo cada dia me perguntando que
diabo de mentira que eu estou vivendo. Estou pendurada em fios. Eu
estou... Estou tão malditamente cansada disso. Sei que você está
trabalhando em algo perigoso e você não pode me dizer sobre isso, mas você
me deixou naquela casa como uma pessoa louca esta manhã. Eu odeio
sentir o que eu sinto. Como eu tenho que mentir. Como eu tenho que
alimentar a ideia de que eu perdi minha mente. Então, eu não me importo
se é perigoso, estou indo. Eu vou porque eu preciso ir, e não há uma única
coisa que você possa fazer sobre isso.
Ele fica em silêncio por um segundo, depois suspira. ―Cinco minutos.
―O quê?
―Cinco.
Ele desliga o telefone e eu olho para o meu telefone, confusa. Que
diabos isso significa?
―Lucy! ― Chama a mãe.
Eu suspiro.
―Indo.
Eu não sei o quanto mais disso aguento.

BELLA JEWELL
A batida na porta choca todos nós, mas principalmente eu.
Eu apenas me sentei, chá na mão, quando ele toca. Papai olha para
mim, e eu dou de ombros. Meu coração bate, mas eu não quero acreditar
que poderia ser quem eu gostaria que fosse do outro lado. Mamãe caminha,
limpando suas mãos de novo, então ela abre e suspira. ―Oh, meu.
―Olá, a senhora deve ser a mãe de Lucy. Eu sou Heath.
Minhas mãos tremem tanto que eu tenho que colocar meu copo em
cima da mesa ao meu lado. Ele está aqui. Ele está. Aqui.
Dirijo-me devagar, meu pai faz também, e eu vejo a mamãe afastar e
Heath entrar. Meu coração dói apenas de olhar para ele. Ele está usando
tudo preto, jeans, sua camiseta, as botas. Seu cabelo escuro está confuso,
caindo sobre a testa, e seus olhos prata me fitam e esperam. Eu não posso
respirar. Eu não posso... respirar.
―Heath? ― Papai diz, de pé. ―Como...
―O homem que estava com ela no estádio, sim.
Não posso me mover.
Papai olha para mim, mamãe olha para mim, mas os meus olhos
estão sobre ele. Eu me lanço da cadeira e corro para ele, batendo em um
dos vasos da minha mãe no meu caminho. Lanço-me em seus braços, e ele
me pega com um grunhido. Seus grandes braços apertam em torno de mim
e minhas lágrimas patéticas mergulham em sua camisa.

BELLA JEWELL
―Você está aqui, ― eu coaxo.
―Estou aqui.
Eu penduro em cima dele por um minuto muito longo, então
relutantemente, o deixo ir. Viro-me para os meus pais e sussurro, ―Este é o
homem que salvou minha vida.
Minha mãe faz um som de choro estrangulado e se joga nos braços de
Heath. ―Eu nunca estive tão feliz de ver uma pessoa em toda a minha vida.
E, obrigada por salvar minha filha.
―De nada, senhora, ― ele murmura.
Ela o deixa ir e segue até a cozinha para esconder as lágrimas
começando a se formar em seus olhos.
Meu pai passa à frente e estende a mão. ―Não tenho palavras para
oferecer, filho, mas vou agradecer até o dia da minha morte por tirar o meu
bebê de lá.
Minha garganta fica apertada.
―De nada, senhor.
―Me chame de Darren, por favor.
Heath acena.
―Por favor, sente-se. Temos muito que conversar, ― papai diz,
sorrindo para mim.
―Sim. ― Suspira Heath. ―Nós realmente temos.
Todos nós sentamos no salão e Heath chega mais, empurrando
minha mão na sua. Os olhos do meu pai caem em nossas mãos, mas ele
não diz nada. Ele irá, no entanto. Depois que Heath se for, eu vou chegar ao
sermão, mas tudo bem.
Agora nada pode me perturbar.
Pelo menos, é o que eu penso.
―Devo admitir, ― Mamãe diz, entregando à Heath uma cerveja, ― que
questionei se você era real.
―Então, eu ouvi, ― Heath disse, com a voz um pouco apertada para o
meu gosto, mas não digo nada. ―Olha, em conjunto com a polícia, eu estou
trabalhando em um caso em que a pessoa envolvida não tem ideia de que
BELLA JEWELL
eu estou mesmo envolvido. Na verdade, essa pessoa pensa que eu estou...
morto. O caso está em andamento, mas a situação é muito precária.
Eu suspiro. ―O quê? ― Eu respiro.
―Eu não posso dar muita informação, mas eu tenho isso de uma
fonte segura que é o que ele pensa, e portanto, eu tenho sido capaz de
investigá-lo sem qualquer suspeita. Fiz um acordo com os investigadores
sobre o caso, porque a pessoa envolvida... estava... perto de mim. Eu estou
descobrindo o que posso, mas eu estou fazendo-o discretamente. Ele não
sabe que eu estou aqui, e por causa disso eu tenho sido capaz de chegar
mais perto do que qualquer outra pessoa já chegou. Eu o conheço. Eu sei
como tudo funciona. É por isso que eu estive me mantendo baixo e fui
incapaz de confirmar que eu estava lá na noite do ataque. Isso é o básico, e
tudo o que eu posso dar.
―Esta é uma situação difícil, ― papai diz, os olhos arregalados.
―Sim, Darren, isso é.
Mamãe olha para mim. ―Eu sinto muito, Lucy.
Eu sorrio fracamente.
―Eu também, amor.
―Eu peço que vocês mantenham isso para si mesmo. Eu estou
tomando mais do que um grande risco dizendo essas informações, mas eu
queria ― Heath olha para mim, seus olhos encontram os meus ― provar à
Lucy que ela vale a pena correr o maior risco de todos.
Oh Meu Deus.
―Oh, meu, ― mamãe suspira. ―Nossa Lucy tem sorte de ter você ao
seu lado.
Papai balança a cabeça. ―Você tem a nossa palavra, filho. Tanto
quanto sabemos, você não existe.
Heath arrasta os olhos longe de mim. ―Eu aprecio muito isso. Eu
também gostaria de saber, se você me dá permissão para levar sua filha
comigo agora. Eu realmente gostaria de passar algum tempo com ela.
―Absolutamente! ― Grita mamãe.
Eu rio.

BELLA JEWELL
―Claro, ― papai diz, e todos nós rimos. ―Mas, por favor, cuide do seu
coração. Tenho certeza que você sabe que ela recentemente se separou do
marido.
―Você tem a minha palavra.
Eles apertam as mãos, e eu os abraço muito antes de seguir Heath
fora da porta. Ele caminha para uma enorme picape preta. ―Deixe o seu
carro aqui. Hoje à noite, você vem comigo.
―Eu vou? ― Eu sussurro.
Ele se vira e segura meu rosto. ―Você vai.
Oba!

~*~*~*~

Heath me leva a um armazém fora da cidade em uma estrada de


terra. É isolado, e com certeza ninguém seria capaz de encontrá-lo, a menos
que você estivesse procurando. Ele estaciona, e nós saímos. Há luzes acesas
dentro, e eu posso ouvir o barulho fraco de música arrastando para fora
através das janelas abertas.
―Você mora aqui? ― Eu pergunto, pegando sua mão.
―Mais ou menos. Ouça, eu disse a eles que você está vindo, então
você precisa entender que alguns deles não estão felizes comigo dizendo
isso a você, mas eles entendem por que eu fiz. Você precisa prometer
guardar segredo, Lucy.
Eu olho para ele. ―Onde diabos eu entrei?
―Tenho a sua palavra?
―Claro, ― eu sussurro. ―Claro que você tem.
Ele balança a cabeça, e caminhamos em direção ao armazém. Nós
entramos por uma porta e entramos em um espaço enorme que está tudo
em aberto. Há mesas de bilhar no meio, alguns carros estacionados fora à
esquerda, uma televisão enorme com cadeiras em frente a ela, uma cozinha,
e quatro homens de pé no meio, todos em silêncio enquanto eles nos veem
entrar. Eu engulo e deixo os meus olhos caírem sobre eles.

BELLA JEWELL
Oh. Meu. Deus.
Eu sei, mesmo antes de Heath abrir a boca que pelo menos dois
desses homens estão relacionados a ele de algum modo. Aperto a mão de
Heath mais forte quando ele me puxa para ele. Dois me estudam com
curiosidade; os outros dois simplesmente fazem cara feia para mim. Heath
me aproxima e para na frente deles.
―Pessoal, conheçam Lucy. Lucy, conheça os meus dois irmãos e
meus dois melhores amigos.
Seus irmãos. Seus melhores amigos. Doce Jesus.
Ele aponta para o primeiro cara à sua esquerda. Este homem tem
olhos verdes, e seu cabelo está fluindo ao redor de seus ombros em ondas
castanhas, espesso. Ele é mais alto do que Heath, mas mais magro. Suas
características parecem mais nítidas, também.
―Este é Blake, meu melhor amigo da policia. ― Seu dedo trilha para o
próximo, que é curto e muito musculoso. Ele também é incrivelmente
bonito. Seu cabelo é castanho, mas ainda mais escuro, e seus olhos são
azuis. ―Este é Sheldon, meu outro melhor amigo. ― Ele se move para o
terceiro, que é de longe o mais atrativo dos quatro homens de pé na minha
frente. Eu, provavelmente, penso isso porque ele é a mesma imagem de
Heath.
Igual.
Gêmeos.
―Este é meu irmão gêmeo, Johnny.
A única diferença entre os dois, é que Johnny tem o cabelo cortado
curto na cabeça. De outra forma, é como olhar para Heath.
―E este é meu irmão, Tank.
Tank? Sério?
Eu arrasto meus olhos longe de Johnny e olho para Tank. Ele é
assustador. Seriamente assustador. Ele é maior do que todos os homens de
longe, e isso é dizer algo porque Johnny e Heath são enormes. Seus
músculos empurram de sua camisa, e seu cabelo preto também é cortado
curto. Ele tem os mesmos olhos de prata como Heath e Johnny, mas o seu é
frio e assustador. Ele é assustador. Mas, absolutamente lindo.

BELLA JEWELL
―Ah, ― eu finalmente chio. ―Oi.
―A encrenqueira, ― Blake diz, com um sorriso malicioso rastejando
em seu rosto. ―Nós ouvimos muito sobre você.
Eu ri nervosamente.
―Pelo menos ela é bonita, ― aponta Sheldon. ―Prazer em conhecê-la,
Lucy.
―Você também.
―Ela não deveria estar aqui, porra, ― Johnny encaixa.
―Eu concordo, ― rosna Tank.
Oh, garotos. Os melhores amigos gostam de mim. Os irmãos, não.
―Bem, ela está aqui, porra, e ela sabe, e ela não vai dizer nada, então
você precisa se afastar, ― adverte Heath.
―Você está brincando com fogo, Heath, ― Johnny ferve. ―Se ele
descobrir o que estamos fazendo...
―Ele não vai, ― Heath sibila por entre os dentes.
―Melhor ela manter a boca fechada, ― murmura Tank, olhando para
mim.
Isso foi uma ameaça. Eu engulo.
―Eu não vou dizer nada, ― Eu falo.
―Engraçado, você foi correndo ao redor causando merda por semanas
agora. ― Johnny grunhiu, agarrando uma cerveja e caminhando para fora
antes de qualquer um de nós poder responder.
―Vamos, ― Heath disse, pegando a minha mão e me empurrando
para a parte traseira do armazém.
Ele empurra através de uma porta e entramos em um quarto
bastante grande. Ele tem uma cama king-size no meio, um banheiro
privado em anexo, e um enorme sofá, com uma televisão no sentido oposto.
―É este o seu quarto? ― Pergunto.
―Sim.
―Você vive com seus irmãos e amigos?
―Sim.
BELLA JEWELL
―Seus irmãos são policiais, também?
―Não, só Sheldon e Blake.
Eu mudo desconfortavelmente. ―Sinto muito, Heath. Eu não... Eu
não sabia que era assim tão mau.
―Eu sei disso, querida. ― Ele suspira, me agarrando pela cintura e
me puxando para baixo no sofá. Eu caio em seu colo e por alguns minutos,
eu o deixo apenas me abraçar.
―Eles não gostam de mim, ― eu sussurro contra sua camisa.
―Eles estão apenas preocupados. Eles virão por aí.
―Você é o mais velho de seus irmãos?
Ele resmunga. ―Não, mais jovem. Tank é o mais velho aqui. Então
somos Johnny e eu.
O mais velho aqui. Tem tantas perguntas surgindo em minha mente.
―Portanto, há três de vocês em sua família?
―Quatro.
Quatro? Viro-me e estudo-o. ―Quatro?
―Sim. Há mais um que é mais velho do que todos nós.
―Onde ele está?
Seu rosto endurece.
Oh.
―Você o perdeu? ― Eu digo suavemente.
―Não, ele ainda está muito vivo. ― Ele diz de uma forma que
basicamente me diz que não vai dar mais nenhuma informação, então eu
não empurro.
―Me desculpe, eu criei uma bagunça para você.
―Vale cada segundo, ― diz ele, acariciando meu cabelo.
―Heath?
―Mmmm?
―O que você está fazendo comigo aqui?
―Não sei, baby. Mas eu gosto.
BELLA JEWELL
Baby.
Deus.
Eu não posso conseguir o suficiente deste homem.

BELLA JEWELL
―Tem que parar, querida, ― murmura Heath quando meus lábios
trilham para baixo em sua garganta.
Eu puxo para trás, quente e incomodada, mas principalmente
confusa. Suas mãos estão sob minha camisa, mas ele lentamente as puxa
para fora.
―O que quer dizer com parar? ― Eu pergunto, estreitando os olhos.
―Fiz algo de errado?
―Não. Porra, não. ―Ele nos senta, mudando assim sua ereção não
está pressionada contra mim. ―Acredite mim, eu não quero parar, mas...
Eu olho para longe, vergonha subindo em minhas bochechas.
―Hey, ― ele pede, movendo-se para que me chame a atenção.
―Escute-me.
Sentindo-me insegura, eu viro minha cabeça para trás, mas só posso
trazer meus olhos para seu peito.
―Não é porque eu não quero você. Foda-se, Lucy, você não tem ideia
do quanto eu quero você. É porque respeito você.
Meus olhos movem-se ao dele. ―O quê? ― Eu sussurro.
―Eu respeito muito você, e eu não deveria ter fodido você na noite
passada. Não porque eu não queria, mas porque você mal saiu de um
casamento, você já viu uma merda terrível, e quase não sabe sobre si

BELLA JEWELL
mesma. Se você fosse qualquer outra mulher, eu provavelmente não me
importaria, mas é você e eu.
Ele está abrandando... por mim?
―Você não vai dormir comigo novamente por causa da situação?
Ele segurou minha mandíbula. ―Não, porque eu respeito você. Você
não é o tipo de mulher que simplesmente deve ser jogada nas costas.
Merda, Lucy, eu nunca conheci ninguém como você, e eu quero manter e
conhecer você. Até conhecermos um ao outro um pouco melhor e toda essa
merda grande, eu acho que a coisa certa a fazer é não dormir juntos mais
uma vez.
Meu coração explode, não com vergonha ou raiva, mas com
admiração absoluta pelo homem debaixo de mim.
Ninguém jamais, jamais, me respeitou como ele em minha vida. Meu
corpo inteiro se enche de felicidade, e uma lágrima rola no meu rosto.
Ele chega para cima, pegando-a com o polegar. ―Eu sei que você
esteve se sentindo culpada por isso, no topo de tudo o que você passou,
mas você não deve ter que se sentir culpada por isso.
―Eu não me arrependo, ― eu coaxo.
―Eu sei disso, mas vamos dar a isto algum tempo, sim?
―Isso significa que eu não vou vê-lo?
Ele resmunga. ―Você está nisso comigo agora, querida. Eu não estou
mantendo distância.
Eu sorrio e agarro seu rosto em minhas mãos. ―Eu posso te beijar?
―Tanto quanto você quiser.
Eu me inclino para frente e pressiono seus lábios contra os meus, um
toque macio, um beijo curto. Então eu puxo para trás e rolo para fora,
deitada ao lado dele. ―Isso significa que eu começo a fazer perguntas sobre
você?
Ele geme.
Eu rio.
―Se você quiser, mas eu só vou responder aquelas que não são
sérias.
BELLA JEWELL
Eu xingo. ―Não é justo.
―Eu não disse que eu jogo justo.
―Tudo bem. ― Eu sorrio. ―Qual sua comida favorita?
Sua boca se contorce, e ele nos muda, por isso estou enfiada no peito
dele e estamos aconchegados juntos em cima da cama.
―Isso vai soar estranho, ― ele começa. ―Mas é... Cheesecake.
Eu abafo uma risadinha. ―Muito masculino.
―E fica ainda pior. ― Ele resmunga. ―Cheesecake de morango.
O riso irrompe, e ele me belisca suavemente.
―Eu não posso evitar, eu tenho desejo por doces.
―Ok, garoto cheesecake, qual é a sua cor favorita?
―Vermelho.
Hmmm. Vermelho iria destacar seus belos olhos de prata.
―É a minha vez, ― diz ele. ―Justo é justo.
―Ok, ― eu sussurro.
―Qual sua comida favorita?
―Isso é fácil. Cachorro quente.
Ele bufa. ―A sério?
―Ei, a sua é cheesecake. Não julgue.
―Verdade. E cor favorita?
Eu aconchego mais perto. ―Roxo. Minha vez. Qual é a sua qualidade
favorita em uma pessoa?
―Honestidade, ― diz ele, a voz firme. ―Todo o caminho.
―E que mais odeia?
Ele pensa sobre isso. ―Mentirosos.
A maneira como ele diz isso faz o meu corpo mais do que ciente da
raiva latente em cima dele, mas deixo ir. ―Sua vez, ― eu digo suavemente.
―Mesmas perguntas, ― diz ele, com a voz um pouco menos tensa.

BELLA JEWELL
―Ok, minha qualidade favorita em uma pessoa é a lealdade, e que
mais odeio é pessoas obscuras, as que apenas dançam em torno da verdade
ao invés de dizer isso.
―Boa decisão. Essas pessoas são fodidas.
Eu sorrio, balançando a cabeça suavemente. ―Ok, você gosta de ler?
―Não.
―Qual seu filme favorito?
―Não assisto televisão.
Eu empurro para cima de seu peito e olho para ele. ―Sério?
Ele balança a cabeça. ―Sério.
―O que você faz para se divertir?
Ele sorri.
Eu rolo meus olhos. ―Deus, você é um animal. Ok, então você não
assiste TV, você não lê, deixe-me adivinhar, você ouve rádio?
Seu sorriso se torna maior.
―Quantos anos você tem? — Eu brinco.
―Trinta e cinco.
Ok, bem, isso não era realmente uma pergunta, mas eu vou levá-la.
Ele não é muito mais velho do que eu, graças a Deus.
―Você? ― Ele pede.
―Vinte e sete.
Ele acaricia meu queixo. ―Apenas um bebê.
Eu resmungo. ―Dificilmente.
―Chega de perguntas por noite, ― diz ele, tomando meu corpo e
colocando-o debaixo dele, enquanto ele rola em cima de mim.
―Eu pensei que não estávamos fazendo sexo? ― Eu respiro, olhando
para seus lábios.
―Nós não estamos, nós vamos nos beijar até que nossos lábios se
machuquem.
Eu coro.
BELLA JEWELL
Não há queixas de minha parte.

~*~*~*~

Sangue explode, caindo em mim enquanto eu rastejo pelo chão. É


pegajoso e cheira horrível. Lágrimas rolam pelo meu rosto, enquanto eu tento
escapar, mas isso simplesmente continua vindo, grandes fluxos, caindo em
cima de mim. Eu soluço e inalo, levando alguns em minha garganta. Eu não
posso respirar. As pessoas não vão parar de gritar. Eu engasgo e sufoco, o
sangue derramando dos meus lábios.
―Socorro, ― eu grito. ―Por favor, me ajude!
―Ninguém pode ajudá-la agora, ― diz ele, e eu olho em seus olhos
terríveis. Seu cabelo grisalho parece tão prata ao luar.
―Não! Vá embora. Você não pode me machucar. Vá embora.
Ele sorri. ―É hora de juntar-se a Hayley. Eu estou precisando
desesperadamente de alguém com um pouco de luta.
―Não, ― eu grito quando seus dedos enrolam meus braços.
Mais sangue flui em minha boca.
―Não, por favor.
―Lucy!
Alguém está me sacudindo. Eu ataco, arranho, desesperada para me
libertar. ―Não, deixe-me ir, por favor!
―Sou eu, Lucy. Sou eu. Acalme-se. Você está sonhando.
Eu sou sacudida novamente, e meus olhos fluem abertos. Demora
alguns minutos para perceber que estou nos braços de Heath, agarrando
sua camisa. Eu estou ofegante e coberta de suor. Eu pisco algumas vezes,
deixando o sonho deslizar da minha mente. A cada segundo que passa,
torna-se mais claro onde estou e com quem estou. Eu olho para Heath, que
me estuda com uma expressão preocupada, antes de eu virar minha cabeça
e ver os quatro homens à sua porta, dois deles seminus, os outros com o
cabelo despenteado pelo sono.
Acordei-os.
BELLA JEWELL
―Eu estou, ― eu coaxo. ―Eu estou...
Vergonha inunda meu rosto e lágrimas caem sob minhas pálpebras.
Eu apresso-me para fora dos braços de Heath e saio da cama, aterrissando
em meus pés e recuando com esforço. Eu estou vestindo apenas uma
calcinha e uma camiseta. Ótimo. Minhas bochechas queimam e eu corro
para a porta, precisando de ar fresco antes de me sufocar. Os homens se
afastam e eu corro por eles, meu cabelo fluindo enquanto eu fujo.
―Lucy! ― Chama Heath.
Eu corro para a porta e explodo, deixando o ar frio da noite bater no
meu rosto e me acordar. Histéricas lágrimas ameaçam explodir, e eu me
sinto como uma maldita idiota. Aqueles homens nem mesmo me conhecem,
e agora estou acordando todos com esses pesadelos que me atormentavam
desde o ataque. Corro para um pedaço de grama e vou para baixo, de
cócoras com os braços em torno de meus joelhos. Concentro-me em
respirar. Eu preciso respirar.
―Ei, ― Heath disse, agachando-se ao meu lado. ―Ei, vamos lá,
querida. Entre.
―Apenas me deixe, Heath, ― Eu estalo. ―Por favor.
―Eu não vou deixar você aqui sozinha.
―Saia! ― Eu grito tão alto que me assusta. Uma lágrima irritada rola
no meu rosto.
―Não, ― ele diz com firmeza. ―Então grite o quanto quiser.
―Droga. Eu não quero que você me veja assim, ― eu assobio, olhando
para o chão.
―Está tudo bem, menina Lucy. Ninguém se importa que você esteja
tendo sonhos. Eles não estão te julgando.
―Eu acordei todos eles. Como se eles não me odiassem o suficiente.
―Eles não odeiam você.
Eu atiro um olhar em sua direção. ―Eles me odeiam, porque eu estou
arruinando qualquer plano que está acontecendo aqui.
―Vamos lá, pare com isso.

BELLA JEWELL
―Merda, ― eu sussurro, apertando os olhos fechados. ―Nada está
dando certo para mim.
―Entre. Está frio aqui fora e você está meio nua.
Eu olho para as minhas pernas nuas e suspiro, levanto-me. Eu ando
de volta para o armazém e em linha reta passando os quatro homens, que
tem obviamente desistido de dormir e agora estão sentados nos sofás com
cervejas em suas mãos. Eu mantenho minha cabeça baixa quando eu volto
para o quarto de Heath.
―Eu tenho pesadelos, também.
Eu paro com a voz áspera, mas não me viro. Eu acho que é Blake
falando, mas eu poderia estar errada.
Não digo nada.
―Um dia, eles não estarão mais lá. Você apenas tem que dizer a si
mesma que, em breve, você vai acordar sem eles.
Meu lábio inferior treme, e eu digo um suave, ―Obrigada. ― Então
desapareço no quarto de Heath.
Um momento depois, ele surge, vestindo apenas um par de jeans. Eu
não tinha notado antes, no meu pânico pra sair. Meus olhos encontram os
dele, e ele vem e senta-se ao meu lado na cama. Por um tempo, nenhum de
nós diz nada, mas finalmente ele fala. ―Descanse um pouco, você precisa
disso. Vou deitar com você.
―Heath? ― Eu coaxo.
―Sim?
―Ele está certo? Existirá um dia que eu irei acordar sem eles?
Ele se estica e toma conta da minha mão, engolindo-a com as suas.
―Sim, querida. Você apenas tem que manter a fé.
―Eu não sei se acredito na fé mais.
―Nunca deixe outra pessoa ou ação tirar suas crenças, menina Lucy.
Nenhuma ação, homem ou a natureza, vale a pena a perda disso.
Eu olho para ele. ―Você pode ir e sentar-se com os caras.
―Não, ― diz ele, puxando-me em seus braços. ―Eu vou ficar com
você.
BELLA JEWELL
Deus, caramba, esse homem está ficando cada vez melhor e melhor.
Não há apenas nenhuma maneira que eu não esteja me apaixonando
por ele.
E isso me assusta pra caramba.

BELLA JEWELL
Eu me sento enrolada em uma cadeira velha, olhando para o sol
nascente. Eu escapei para fora do quarto de Heath esta manhã quando eu
não conseguia dormir. Ele estava lá, então eu não queria acordá-lo. Eu
consegui encontrar o café entre a confusão na cozinha, e tranquilamente sai
para a varanda para ver o sol nascer. Estou tranquila em meus próprios
pensamentos, pela primeira vez em semanas. É pacífico aqui fora, calmo e
sem agitação. É bom não pensar por alguns segundos.
— Bom dia.
Eu recuo e olho para ver Johnny saindo, uma caneca de café na mão.
Eu não sei se ele está aqui para me dar um momento difícil, mas se ele
estiver eu não acho que estou pronta para isso. — Olha, eu sei que você não
gosta de mim, mas por favor... — Eu não quero uma palestra esta manhã.
Ele me estuda. — Eu só ia dizer que você está na minha cadeira.
— Oh, — eu digo suavemente e me preparo para levantar.
— Não, fique, — ele murmura, desaparecendo dentro e saindo com
outra cadeira.
Ele colocou a alguns centímetros de distância da minha, e por alguns
minutos, nós nos sentamos em silêncio. Eu olho para ele algumas vezes,
porque se não fosse por seu corte de cabelo, eu juraria que Heath estava
sentado ao meu lado.

BELLA JEWELL
— Eu lamento a experiência pela qual você passou, — diz ele,
olhando para o nascer do sol. — Eu não fui justo com você. Isso não foi
culpa sua, considerando o que você passou.
Eu dou de ombros. —Está tudo bem.
Ele se vira para me estudar. —Não, não está. Heath me contou o que
aconteceu lá fora.
Eu engulo e olho para a minha caneca. — Bem, não é um grande
negócio que eu não possa resolver, mas terei que aprender a viver com isso.
Eu acho que a única coisa boa que veio dessa situação, foi que eu conheci
Heath.
— Ele diz que você estava casada na época.
— Eu estava, — Eu admito. — Eu ainda estou, mas estamos
separados.
— Eu sinto muito em ouvir isso.
— Eu não sinto, — eu digo em voz baixa. — Eu acho que a vida tem
um caminho para todos nós, e eu acho que Heath entrou no meu caminho
por alguma razão.
Johnny me estuda, seus olhos analisando todo o meu rosto. —Talvez.
Talvez.
Ele não parece convencido.
— Me desculpe se eu trouxe problemas para ele. Eu não sabia no que
ele estava tão profundamente envolvido.
— Não é inteiramente culpa sua, — diz ele, tomando seu café.
— Não, mas eu poderia ter conseguido machucá-lo, ou qualquer um
de vocês... Essa nunca foi minha intenção.
— Eu sei. Eu posso ver isso agora.
Eu aceno e me volto para olhar as cores vermelha e amarela que
listam o céu. — Quanto ele te disse?
—Não muito, — eu admito. —Embora eu entenda. — Eu vou manter
minha boca fechada.

BELLA JEWELL
— Só sei que isto é extremamente pessoal para ele. Tenha isso em
mente, não importa o que acontecer. Você só precisa saber que é a vida
dele.
A vida dele. O que poderia ter acontecido para tornar este um negócio
tão grande para ele, que se tornou a sua vida?
—Posso te perguntar uma coisa? — Pergunto, minha voz hesitante.
— Isso depende do que vai perguntar.
Eu mudei de posição, colocando minha perna debaixo de mim e de
frente para ele. — Ele está em alguma situação de perigo?
Os olhos dardejantes de Johnny se desviam para a esquerda por uma
fração de segundos, e ele leva alguns minutos antes de responder. Por um
momento, eu não acho que ele vai, e a ideia de porque não responder me
assusta mais do que saber a resposta, porque se ele não responder isso
significa que ele sabe em que tipo de perigo Heath está. Meu coração bate
mais forte e mais rápido conforme eu o vejo, pedindo-lhe para abrir a boca e
dizer uma palavra que eu quero ouvir — não.
Ele finalmente suspira e me olha nos olhos. Estou bastante certa que
vou parar de respirar. — Se ele descobrir, então é muito sério.
— Quem é ele?
Ele abre a boca para responder, mas Tank caminha em nossa
direção, sem camisa e aterrorizante. Seus olhos cortam em mim e, em
seguida, para Johnny, e ele rosna, —Heath está procurando por ela.
Ela.
Não Lucy. Ela.
Ele me odeia, e eu não entendo isso. Ele pode ter suas reservas sobre
mim, mas seu ódio é muito claro. Eu só não entendo. Que diabos eu fiz
para merecer isso?
— Certo, — Johnny diz, de pé.
Eu tento ficar em pé, mas meus joelhos se agitam um pouco
conforme eu caminho passando por Tank. Ele me apavora; ele é tão
incrivelmente escuro. Isto irradia de sua alma. Talvez ele só esteja
danificado e está saindo errado, mas o homem tem o poder de assustar
qualquer um com apenas um olhar. Eu só deixo escapar o fôlego quando
BELLA JEWELL
estou dentro do armazém. Entrando em um espaço cheio de testosterona.
Blake e Sheldon estão de pé no balcão da cozinha, cada um vestindo
apenas um par de boxers.
Minhas bochechas ficam rosa e os meus olhos encontram Heath, que
está do outro lado do balcão, me estudando com um olhar faminto em seus
olhos enquanto eles se arrastam para baixo no meu corpo. Eu envolvo meus
braços em volta de mim, encontrando seu olhar. Eu estou usando meus
jeans e camiseta, mas de repente eu me sinto muito exposta. Eu mudo,
nervosamente, e olho para os outros dois homens, que estão sorrindo.
Grandes, sorrisos de lobo.
— Droga, a tensão sexual nesta sala está fora deste mundo. —
Sheldon ri baixo.
—Diga-me sobre isso. — Blake sorri. — Heath, homem, pegue a
mulher e obtenha alguma tensão fora de seu sistema ou eu vou.
Minhas bochechas ficam mais quentes.
— Vá se foder! — Heath rosna para ele.
O sorriso de Blake fica tão grande, que covinhas saem em suas
bochechas. —Possessivo, também.
— Ah, — eu disse, virando-me e abaixando minha cabeça enquanto
me apresso para o quarto de Heath. — Eu vou tomar um banho.
Eu desapareço e fecho a porta quando chego ao seu quarto, exalando
alto. Eles estão certos, a tensão é enorme. Por que isso acontece quando
você sabe que não pode ter algo que você quer? Eu sei exatamente o por
que. Porque a tentação de querer o que você não pode ter se parece
malditamente boa.
Eu entro no chuveiro, fechando a porta atrás de mim e retirando
minhas roupas. Flashes do lindo rosto e corpo de Heath viajam por minha
cabeça, e eu me vejo ficando mais excitada do que eu gostaria. Eu ligo o
chuveiro em uma temperatura muito mais fria do que eu usaria
normalmente e deixo a água deslizar em cima de mim. Não ajuda. Nem um
pouco. Estou dolorida entre as minhas pernas, meu sexo latejante por mais
do que eu poderia obter. Eu quero me sentir culpada, mas eu não estou. Eu
não estou porque o quero tanto que eu já não me preocupo com as
consequências.

BELLA JEWELL
Minhas mãos se movem antes da minha mente registrar o que está
acontecendo, deslizando pelo meu corpo e deslizando entre minhas pernas.
Nunca fiquei tão excitada com o pensamento de um homem em toda a
minha vida, nem mesmo com Gerard. Heath faz algo para mim; ele acende
um fogo na minha alma que eu não consigo apagar. Ele só queima mais
brilhante e mais quente até que eventualmente, eu vou explodir de desejo.
Meus dedos pousam sobre o meu clitóris, e eu choramingo. Inchada e
dolorida, meu corpo já está a bordo para o que eu tenho a oferecer. Dirijo-
me, pressionando as costas para a parede do chuveiro e espalho minhas
pernas um pouco mais afastadas, massageando suavemente a princípio, e
depois aumentando a pressão, conforme as imagens de Heath comigo na
minha casa passam pela minha mente. Deus. Ele foi incrível na cama.
Incrível com sua boca. Incrível com as mãos.
Droga.
Eu o quero novamente. Porra, eu preciso dele.
—Droga! Que porra.
Eu empurro, e minha mão cai entre as minhas pernas conforme um
pequeno suspiro deixa meus lábios. Heath está de pé na porta, sua cueca
boxer pressionada com sua ereção quando ele olha para mim, o olhar
sensual que ocupou seu rosto mais cedo, agora preenchido com pura
necessidade crua. Minhas bochechas queimam e eu gaguejo, —Eu, ah...
—Eu sei exatamente o que você estava fazendo, — diz ele, com a voz
tão baixa e espessa que é difícil distinguir cada palavra. —Porra. Está
levando tudo de mim, para não entrar ai, jogar sua perna em volta da
minha cintura, e bater contra essa parede, até nós dois estarmos
totalmente satisfeitos.
Eu tremo.
—Você quer isso também. Não é, baby?
Eu pressiono meu lábio inferior. —Eu não estava me tocando para
nada.
Ele rosna. —Diga-me para sair. Diga-me que não posso ter você de
novo.

BELLA JEWELL
Meu clitóris palpita, o desespero viaja profundamente em minha
barriga. —Você não pode me ter de novo, — eu digo, mesmo que eu queira
me jogar para fora do chuveiro e em seus braços.
—Você é uma mentirosa.
— Eu sei, — eu digo, passando minhas mãos corajosamente pelo meu
corpo. —Sei quem eu sou.
—Estou indo embora agora, porque eu fiz uma promessa de fazer isso
direito, — ele dá uma rápida olhada, seus olhos baixando para minha
boceta, antes dele se virar e forçar-se claramente para fora do banheiro.
Meu estômago mergulha com decepção, mas meu coração explode
com a alegria de que ele é tão respeitoso. Um pequeno sorriso brinca em
meus lábios, quando uma ideia vem à mente. Se ele é tão inflexível em não
me ter, eu vou ter que fazê-lo sofrer.
Só um pouco.

~*~*~*~

É preciso mais do que um pouco de coragem para fazer o que tenho


que fazer a seguir.
Eu termino o meu banho, e puxo minha calcinha e uma camisa de
Heath, que cobre a minha bunda e vai até a metade de minhas coxas. Ainda
assim, eu sei que é sexy, e um risco enorme. Eu não posso evitar, algo
sobre ele me faz querer jogar sujo, ou até mesmo estar suja. Eu nunca fui
àquela garota. Eu sempre fui o tipo limpo, mulher de fazer amor docemente.
Mas com ele, eu estou disposta a fazer o que for preciso para fazê-lo doer
por mim.
Eu tomo uma respiração profunda, trêmula e caminho para fora do
quarto e para dentro da sala principal. Todos os homens estão sentados em
torno da mesa em uma conversa, então eu passeio em direção a cozinha.
Não escapou do meu conhecimento que a conversa para. Sufocando o meu
pequeno e manhoso sorriso, eu chego até um armário alto e pego uma pilha
de pratos. Eu sei que a parte inferior da minha bunda fica a mostra, e
quando eu me viro com os pratos na minha mão, eu sei que consegui a
reação que eu queria.
BELLA JEWELL
Eu só não esperava que fosse de todos eles.
Eles estão todos olhando para mim com uma mistura de mandíbulas
apertadas ou sorrisos manhosos.
Heath parece irritado. E com excitação. Principalmente chateado.
Eu sorrio docemente. — Eu vou fazer o café da manhã. É o mínimo
que posso fazer.
Eu me viro e abro a geladeira, deslizando mais e inclinando-me para
inspecionar o conteúdo. Um assobio pode ser ouvido no silêncio, e meu
sorriso fica maior, conforme eu reúno alguns presuntos, ovos, cogumelos e
queijo. Eu sinto sua presença atrás de mim muito antes de eu ouvir a sua
voz retumbante quando inclina seu corpo sobre o meu, deixando sua
respiração fazer cócegas na minha orelha.
—Você está dando a cada homem aqui um pau duro. A menos que
você queira que eu abaixe essa calcinha bonita e te foda aqui, neste
momento, eu sugiro que você vá e coloque um jeans.
Eu me endireito e giro, mas ele me tem presa com uma mão junto à
minha cabeça, descansando contra a geladeira para que eu não possa sair.
—Sim, senhor — eu respiro, olhando para seus lábios.
—Pare de merda olhando para mim assim. Você está me pedindo para
ter o controle, mas você está brincando com fogo.
—Eu não estou pedindo que você tenha controle, — eu digo me
esvaindo. —Mas eu aprecio que você tenha. Não significa que eu não queira
fazer com que seja difícil.
Ele me agarra pela cintura, me puxando para que minhas costas
batam contra seu peito. Sua boca encontra meu ouvido, e ele gentilmente
belisca, antes de dizer com uma voz rouca, —Cuidado.
—Considere uma vingança por todas as vezes que você me deixou
louca com um olhar, — eu digo, girando em seus braços e inclinando-me
para cima, pressionando um beijo em seu lábio inferior.
Ele rosna. Eu sorrio.
Hoje vai ser um bom dia.

BELLA JEWELL
Eu olho para o meu telefone e franzo a testa quando vejo o nome de
Heather piscando na tela. Deus, eu pensei que nós tínhamos acabado com
isso. Eu estou tão cansada de suas interferências em algo que francamente,
não é e nem nunca foi seu negócio. Eu notei algumas notificações na tela do
meu telefone, que me alertaram para o fato de que ele estava me chamando
por um tempo. Com um suspiro, eu me desculpo com os homens que eu
estava servido o café da manhã, me afasto alguns poucos passos de
distância, para atender ao telefone.
— Sim, Heather?
— Finalmente. Eu tenho tentado chamá-la por horas.
Meu coração acelera. —Está tudo bem com Gerard? — Os olhos de
Heath piscam para mim.
— Por enquanto está, mas não vai estar quando eu lhe contar sobre
você e seu amante!
Eu pisco. — Perdoe-me?
— Tem sido tudo uma história, não é? Todo esse negócio de “outro
homem”. Você fez parecer que estava louca para que pudesse esconder o
fato de que você estava tendo um caso.
A mulher perdeu sua fodida amada mente. —Eu imploro o seu
perdão?
— Não se faça de estúpida comigo, — ela grita. —Ele deu-lhe tudo e
você o traiu!
BELLA JEWELL
— Eu não o traí, — eu gritei. Eu tive o suficiente desta mulher. —Nem
uma única vez.
—Mentirosa! Eu vi você na noite passada saindo da casa de seus pais
com ele. Um homem. Em seguida, tudo se juntou fazendo sentido. Você
usou um homem imaginário que você sabia que não existia, para empurrar
Gerard para longe e fazer parecer que você estava louca, deixando-a livre
para perseguir seu amante secreto. O que de uma maneira foi inteligente,
inteligente para sair do seu casamento totalmente sem culpa.
Ela não pode estar falando sério. — Você perdeu sua mente.
— Então você está me dizendo que não está saindo com alguém? Que
eu imaginei que você, praticamente, pulou fora dessa casa com um homem
no seu braço?
Eu olho para Heath. Eu não posso dizer a ela sobre ele. Eu penso por
alguns segundos. —Não, eu estava com um homem. Ele é um amigo.
— Você é uma mentirosa!
— Eu não estou mentindo, Heather. Ele é um amigo que eu conheci
em, ah, grupo de apoio onde estive indo. Eu não estou tendo um caso; Eu
sempre fui fiel a Gerard.
— Esse bebê provavelmente não era mesmo dele. Eu sempre quis
saber como você magicamente ficou grávida de repente, depois de tanto
tempo tentando.
Meu sangue ferve. — Quem diabos você pensa que é? Você fecha sua
boca. Claro que o bebê era dele. Eu nunca, jamais fui infiel.
— Eu peço desculpa, mas não concordo. Eu vou provar isso, e
quando eu fizer você está indo para baixo. Ele conseguirá a casa, o carro,
tudo. Você me ouviu? Tudo.
Estou tremendo agora. — O que diabos eu fiz para fazer você me
odiar tanto?
—Você nunca foi boa o suficiente para ele.
—Vá se foder, Heather. Pesquise longamente; você não vai encontrar
nada contra mim porque eu não fiz uma coisa errada.
—Você vai pagar por isso, marque minhas palavras.
—Não me ameace, — Eu assobio.
BELLA JEWELL
—Não é uma ameaça; É uma promessa. Você vai perder tudo quando
tiver acabado. — Em seguida, ela desliga.
Sem pensar, eu lanço meu telefone através do quarto, deixando
escapar um grito frustrado. Ele cai contra a parede com um baque.
—Ei. — As mãos de Heath enrolam em torno de meus braços e,
lentamente, ele me gira ao redor. —O que está acontecendo?
—Ela nos viu saindo da casa dos meus pais e pensa que eu estava
tendo um caso, e vai tentar levar isso através da justiça.
—Quem é ela?
—Irmã dele. Ela me odeia. Ela acha que eu inventei a história sobre
você estar me ajudando, como uma forma sutil de sair do meu casamento
para ficar com meu amante. Meu Deus, ela é delirante. — Meu corpo inteiro
treme.
—Ei, olhe para mim, — Heath ordena.
Eu olho para ele.
— Ela não tem nada porque você não fez nada. A deixe agir como
uma pessoa louca se a faz se sentir melhor.
Olho para minhas mãos. — Eu não quero que ele se machuque. —
Independentemente de tudo, eu não quero vê-lo sofrer. —Eu preciso ir e
falar com ele, sem ela.
A mandíbula de Heath se contrai, mas ele concorda. — Se é isso que
você precisa fazer.
— Eu preciso, — eu digo, alcanço-o e toco sua mandíbula. —Eu te
ligo mais tarde.
Seus olhos se fecham por um segundo, e ele murmura: — Eu nunca
fui o tipo ciumento, mas porra, eu odeio que você tenha que vê-lo.
Meu coração palpita. —Você está com ciúmes?
— Não fique rindo de mim, — ele rosna.
Eu sorrio grande. Então eu chego à ponta dos pés e o beijo. — Oh, eu
preciso de uma carona.
Ele resmunga, mas me deixa ir e relutantemente pega as chaves.

BELLA JEWELL
— Até logo, pessoal. — Eu aceno à medida que saio correndo pela
porta da frente. Heath é ciumento.
Por que isso parece tão bom?

~*~*~*~

Eu chego até a casa de Heather uma hora mais tarde, depois de parar
em casa e obter algumas roupas frescas e recolher o meu carro da casa de
meu pai. Eu expiro em alívio quando vejo que o carro dela não está ali; Eu
só espero que onde quer que ela esteja, ele não esteja com ela. Eu preciso
falar com ele sozinha, e se eu tiver que exigir isso antes de prosseguir com a
solução, eu vou. Eu alcanço a porta da frente e bato, sugando de volta
qualquer aflição e colocando no rosto uma aparência confiante.
A porta se abre, poucos minutos depois, e Gerard aparece, seu cabelo
bagunçado, sem camisa, e por um momento meu coração dói. Dói porque
não chegamos onde pensamos em ir; dói, porque parte de mim não quer ele
mais; e dói porque ele é uma boa pessoa, e eu odeio que ele teve que passar
por isto. Nossos olhos se encontram, e eu posso ver que ele está cansado.
Isso me dói. Ele não merece estar lutando por isso. Heather não o está
ajudando, e espero que ele venha a perceber isso em breve.
— Você está saindo com alguém? — Ele diz, sua voz gelada ainda
cansada.
Ok, eu vejo que ele já falou com Heather.
— Podemos conversar? — Eu suspiro. —Por favor, Gerard. Isso está
ficando fora de controle e eu estou cansada disso. Precisamos ter uma
conversa sem a mulher ao redor.
— Essa mulher é minha irmã, e ela se preocupa comigo.
—Sim, — eu rosno. —Bem, acredite ou não, eu também. Nós
podemos fazer isso civilizadamente ou eu vou colocar um poder sobre o
processo até que possamos sentar e discutir isso. Você decide.
Ele me estuda por um momento, em seguida, com uma mandíbula
apertada, ele suspira. —Eu vou me trocar. Você tomou café da manhã?
— Não.
BELLA JEWELL
— Nós vamos sair. Heather está ocupada esta manhã.
Graças a Deus. — Vou esperar aqui fora.
Dez minutos depois, ele sai em um pulôver fresco e um par de jeans.
Uma vez, eu tinha pensado que sua aparência elegante casual era tudo que
eu queria, mas agora que eu vi o lado áspero de um homem, eu já não
tenho tanta certeza. Nós desajeitadamente entramos no meu carro, e eu
dirigi até um café a poucos quarteirões para baixo. Encontramos um banco
e por alguns momentos, nós dois apenas sentamos, olhando um para o
outro.
— Você está saindo com alguém?
Eu não quero mentir para ele, mas ao mesmo tempo, só há uma
informação que posso dar. — Eu passei um tempo com um homem, sim, —
eu digo, falando a verdade.
—Antes de nos separarmos?
Balanço a cabeça, um pouco triste. Ele deveria me conhecer melhor
do que isso. — Não, Gerard. Não antes de nos separarmos. O que quer que
Heather tenha lhe dito é uma mentira. Eu não faria isso, e você sabe disso.
Ele passa a mão pelo cabelo. —Eu não sei no que acredito mais.
— Bem, você pode acreditar nisso, porque é a verdade. Eu nunca fui
infiel.
—Isso parece difícil de acreditar quando você mudou tão
rapidamente.
Eu respiro para me acalmar, enquanto eu tento encontrar uma
maneira de explicar isso sem mentir... Demais. —Ele é um amigo.
—Então por que Heather a viu sair da casa de seus pais com ele na
noite passada, de mãos dadas?
—Nós somos apenas amigos; Eu não preciso dar-lhe mais de uma
explicação.
—Eu discordo, — ele se exalta.
Eu fecho meus olhos por um segundo. —Vamos lá, Gerard. Somos
melhores do que isto. Não podemos simplesmente... Conversar? Você me
amou uma vez. Eu te amei. Nós nos dávamos bem. Por que não podemos
apenas tentar fazer isso corretamente?
BELLA JEWELL
—Você me amava tanto que você mudou em questão de semanas.
Eu não digo nada, porque ele está com a razão, e eu tenho que
aceitar. —Eu não quero que isso seja confuso, — eu digo, mudando de
assunto.
—Eu também não, mas eu quero uma investigação completa antes de
qualquer coisa. Infidelidade vai mudar tudo.
Ele não pode estar falando sério. —Eu não fiz sacanagem com você,
— eu tento dizer isso com calma, mas minha voz sai cortada.
—Como é que você de repente ficou grávida?
Meu Deus. Não. Não isso. Tudo menos isso.
—Eu não sei como você espera que eu explique isso. Foi sorte, mas
era seu.
—Nós tentamos por tanto tempo, com nem sequer um vislumbre de
um bebê, e de repente você está grávida.
Fique calma.
Fique calma.
—Aquele bebê era seu, — eu mordo fora.
—E este homem misterioso que aconteceu de acabar com nosso
casamento?
Meu Deus. —Não, Gerard, nós acabamos o nosso casamento. Do meu
lado, por querer algo que não poderia ter — eu engoli, me odiando por ter de
dizer algo assim para ele. —E você, por que nunca acreditava em mim, e
você não me apoiava. — Não teve nada a ver com algum plano subjacente
para ficar longe de você, para fugir com meu amante!
—Então você está admitindo que tem um amante.
Santo Jesus. Ela o corrompeu.
— Você sabe o quê? — Eu assobio, levantando-me. —Esta é a última
vez que eu tento fazer isso da maneira certa. Se você deseja se sentar e
ouvir a sua irmã encher sua cabeça com mentiras, então vá em frente e me
investigue. Não fiz nada de errado, e eu não vou ser punida por estar presa
no lugar errado, na hora errada e vivendo um dos piores momentos da

BELLA JEWELL
minha vida, enquanto você trabalhava! — Eu estou gritando até o final do
mesmo.
Acalme-se.
Respire.
—Ei.
A voz vem por trás de mim, e eu a reconheço como sendo de Sheldon.
Eu empurro quando suas mãos se fecham em torno de meus braços.
—Hora de ir.
—É ele? — Gerard rosna, saltando para cima.
—Olha, cara, não sei quem você pensa que eu sou, mas eu só estou
aqui ajudando um amigo.
— Eu vou descobrir o que vocês dois têm feito nas minhas costas! —
Gerard ruge, conforme Sheldon me leva até a calçada, todos os olhos em
nós.
— Obrigada, — eu sussurro quando chegamos longe da vista das
pessoas.
—Heath me enviou.
—Então, você era o único a me seguir, — murmuro, atingindo meu
carro e o desbloqueando.
— Uma vida interessante essa que você leva, Senhorita Lucy.
Eu sorrio fracamente para ele.
Ele retorna.
Não me faz sentir melhor.

BELLA JEWELL
L - O seu guarda-costas me trouxe para casa sã e salva.
H - Eu sei, ele me disse. Você está bem?
L - O meu marido pensa que eu tinha um caso e por isso acabei
com o casamento, por isso não. Ele também está me investigando.
H - Ele está o quê?
L - Sim. Ele quer provar que fiz algo errado.
H - Merda. Vou ligar em dez minutos, ok?
L - Ok.
Eu me enrolo no sofá, meu telefone ao meu lado, e desejo naquele
momento que eu tivesse alguns amigos ao redor para conversar. Eu nunca
tinha percebido, mas em sua própria maneira pouco tranquila, Gerard fez
com que eu nunca os tivesse. Fomos sempre muito ocupados, e se eu
fizesse um amigo em potencial, cada vez que me pedia para sair, alguma
coisa iria convenientemente acontecer. É triste as coisas que enxergamos
somente depois de sair de um relacionamento. Coisas que eram tóxicas
para nós, nós simplesmente não percebemos.
Meu telefone toca dez minutos mais tarde, como foi prometido, e eu
respondo sem hesitação.
— Alô, — eu digo suavemente.
—Ei, querida, como vai?
Deus, a sua voz. Ele. Somente. Sim. — Estou chegando lá.
BELLA JEWELL
— Sheldon me disse que a conversa estava ficando um pouco
aquecida e foi por isso que ele entrou. Você está bem?
—Honestamente, eu estou feliz que ele entrou. Eu estava perdendo
minha cabeça com ele, e por boas razões. Eu não posso acreditar, nem por
um segundo, que ele pudesse pensar que eu iria fazer isso com ele. Eu
poderia ser um monte de coisas, mas eu sempre fui uma esposa boa e leal.
—Sem dúvida, baby, — ele diz, sua voz calma e suave.
—Você sabe muito sobre a lei. Será que eles têm alguma causa para
se sustentar?
—Não, porque você não fez nada. Eles não podem encontrar algo que
não está lá.
—Eles podem encontrar você...
—Eu conheço cada investigador particular nesta cidade. Já fiz a
chamada e descobri quem eles estão usando.
Eu pisco. —Você pode fazer isso?
—Eu tenho contatos em todos os lugares. Eu disse, especificamente,
que não há nada para encontrar, e ele vai relatar isso. Ele estava feliz. Ele
disse que não gostou da maneira que aquela mulher falou com ele de
qualquer maneira.
Minha garganta fica apertada, e por alguns minutos eu não posso
falar. —Você fez isso por mim?
—Faço qualquer coisa para você, baby. Qualquer porra de coisa.
—Eu acho que vou chorar.
Ele ri. —Não, querida.
—Eu vou te ver hoje à noite?
Ele suspira. — Não vai ser possível. Eu tenho que sair. Vou tentar vê-
la amanhã à noite, no entanto.
—Posso ir e sair com os caras, então?
Ele ri. — Não, baby.
Eu bufo. —Eu não tenho amigos. Isso faz de mim uma tragédia?

BELLA JEWELL
— Nem um pouco, mas você definitivamente precisa conseguir
alguns.
Eu cruzo as pernas. —Como você acha que eu faria isso?
—Eu não sei. Você gosta de exercício?
— Se você chama o ato de enfiar minha mão dentro e fora de um saco
de batatas fritas de exercícios, então sim.
Seu riso fica mais profundo, mais forte, e eu decido nesse momento
que é o meu som favorito no mundo.
—Tem que haver algo que você goste, algo que você poderia
encontrar em um grupo e se juntar.
— Eu gosto de ler...
— Não têm esses clubes do livro em bibliotecas?
— Tem.
— Tente um, alguma hora; é um ótimo lugar para começar a
conhecer pessoas.
Meu coração se enche de esperança e eu sorrio. — Vou falar com a
bibliotecária amanhã. Obrigada, Heath.
— A sua inteira disposição. Ouça, eu tenho que desligar. Me mande
uma mensagem se você precisar de mim, sim?
Eu sorrio. —Sim.
— Boa noite, baby.
— Boa noite, bonito.
Eu desligo, e meu coração se sente um pouco mais leve. Ele tem uma
maneira de fazer isso para mim. Ele faz com que tudo se sinta bem
novamente.

~*~*~*~

Uno-me a um clube de livro local na noite seguinte, e foi uma boa


sensação ligar para a biblioteca. Muito bom. A primeira reunião é amanhã à
noite e eu mal posso esperar. Estou tão desesperada para encontrar
BELLA JEWELL
pessoas que eu estou disposta a tentar qualquer coisa para começar o
caminho para mudar a minha vida. Eu ando pela calçada com se tivesse
uma mola em meu passo e leveza no meu coração, até a esquina e ver três
homens de pé ao lado do meu carro.
Eu congelo.
Há momentos na vida em que você é avisado do perigo e este
momento é um deles. Eu sinto um formigamento espinhoso de alerta que
algo está errado da minha cabeça até as pontas dos meus pés. Que esses
homens não são boas pessoas. Meu sistema de alerta interno está gritando
perigo. Eu paro, olhando-os. Eu reconheço o homem mais velho como
aquele que me impediu de falar com Hayley no shopping.
Meu coração sente como se ele estivesse ao ponto de parar.
— O que você quer? — Digo, pegando minha bolsa e tirando meu
telefone.
— Você não vai precisar disso, — um homem diz, dando um passo
para frente.
Eu o estudo, e alguma coisa sobre ele é muito, muito familiar. Ele
tem cabelos claros, mas parece quase como se ele fosse pintado. Está preso
em uma trança caindo em suas costas, o qual acentua seus olhos azuis e
suas feições. Ele parece... Bem... Piedoso. Ele também me aterroriza. Este
homem é o perigo; ele é assustador; ele não é bom, em tudo. Ele está
vestindo uma camisa de botão branca e um par de jeans. Para um
estranho, seria mais provável um olhar normal; para mim, ele representa o
medo.
Ele tem uma cruz pendurada no pescoço. Eu quero rasgá-la fora. —
Eu te conheço? — Eu pergunto, minha voz muito mais fraca do que eu
gostaria.
— Não, — ele diz, sua voz suave. — E você não vai se me disser o que
eu preciso saber.
— Eu não sei o que poderia dizer-lhe.
Ele sorri, e isso me faz querer virar e correr.
Ele dá um passo mais perto. Eu dou um passo para trás. Ele acena
de um lado, e os dois homens com ele fazem um círculo em volta de mim,

BELLA JEWELL
cortando minha rota de fuga. O medo bloqueia minha garganta, mas eu
tento não deixar transparecer.
— Você conhece Heath Walker?
Eu não vacilo, mas leva tudo dentro de mim para não fazer. Eu não
sabia o sobrenome de Heath até este momento. Eu escondo minha
surpresa. — Eu não tenho ideia de quem seja.
O homem me estuda. — Eu acho que você está mentindo.
— Eu não estou mentindo, — eu digo calmamente. — Eu não
conheço esse nome. Eu nunca o ouvi antes na minha vida.
Ele aperta os olhos, estudando-me muito de perto. — Você causou
uma cena no shopping. Por quê?
Eu mal posso respirar, meu coração está batendo tão forte. — Porque
eu estava naquele estádio. Eu vi o que você... você, seu monstro fez.
Sua mandíbula se aperta em um tique. — Os únicos monstros aqui
são pessoas que andam fora da vontade do Deus vivo.
Meu Deus. Ele é maluco. — Você matou pessoas!
— Eu não fiz nada. Agora, eu pergunto de novo, você conhece um
Heath Walker?
—Não, — eu agarro. — Eu já lhe disse isso. Eu só estava tentando
mostrar ao resto do mundo, que um bando de cretinos como você estava no
shopping. Quem quer que seja esse Heath, você precisa mantê-lo e a você
mesmo longe de mim. Eu não quero ter nada a ver com vocês.
Isso parece funcionar, porque o homem parece um pouco
decepcionado. Ele rapidamente esconde e dá uns passos para frente,
estendendo a mão e cobrindo meu rosto. Eu recuo e tento puxar para trás,
mas seus dois homens fecham-se sobre mim.
— Tanto fogo, tanta raiva. Eu poderia ajudá-la.
— Ao forçar-me em uma vida que eu nunca iria querer? Como o resto
daquelas meninas? — Eu rosno.
Seus olhos brilham. — Sua alma está perturbada.
— Tire as mãos de mim, — eu grito.

BELLA JEWELL
Ele não tira. — Eu sugiro que você pare de interferir com o meu
programa, com o meu povo, com a minha vida. Se não o fizer, você vai
encontrar-se mais uma vez em uma... situação problemática.
— Você está me ameaçando? — Eu estalo.
Seus dedos apertam com tanta força contra a minha bochecha que eu
estremeço, mas não puxo para trás. Eu não o quero arrastando-se atrás de
mim, colocando suas mãos em mim, também.
— Eu não faço ameaças. Talvez, você devesse mudar de tom, você
pode vir e me encontrar. Eu gosto de um desafio. Se não, eu recomendo que
você continue com sua vida ou eu vou ser forçado a tomar algumas
medidas drásticas. Você viu o que eu faço quando as pessoas ficam no meu
caminho e no caminho de Deus.
— Deus. — Eu ri amargamente. — Deus não mata pessoas.
Ele parece com nojo, como se eu fosse uma imbecil que ele tem que
explicar uma verdade tão simples. — Os sacrifícios em nome de Deus são
para um bem maior.
— Você ouve a si mesmo?
Ele deixa cair sua mão e seus olhos, aqueles olhos familiares,
encontram o meu, e ele sorri. — Tenha um dia bom, Lucy.
Ele sabe o meu nome.
Isso envia um calafrio pela minha espinha quando ele se vira, e ele e
os seus homens saem.
Quem era esse homem? E por que eu sinto que o conheço?

BELLA JEWELL
Eu não fui para o armazém, apenas no caso desses homens estarem
me seguindo. Em vez disso, fui para casa, tão calmamente quanto eu podia
sair e entrar em minha casa. Eu verifiquei cada quarto e tranquei todas as
portas, antes de puxar o meu telefone e ligar para Heath. Ele responde no
segundo toque, e eu começo a divagar antes que ele tenha a oportunidade
de falar.
— Heath. Três homens me pararam hoje. Daquele culto. Eu... eles
estavam perguntando sobre você. Eu não sei o que fazer. Eu não...
— Ei, mais devagar, — diz ele, com a voz tensa. —Comece desde o
início.
— Eles estavam esperando no meu carro depois que eu fui para a
biblioteca, o velho do shopping e dois outros. Um tinha cabelos loiros e era
todo assustador e me perguntou sobre você. Então ele me ameaçou e...
— Estou enviando uma mensagem para Tank passar ai agora.
Eu abri minha boca, em seguida, fechei-a novamente. —O quê?
— Ele é o mais próximo. Ele estará ai em breve.
—Mas...
— Lucy, você precisa vir aqui.
O medo aperta o meu peito e eu sussurro, — Heath...
— Baby, está tudo bem. Apenas confie em mim. Tank estará ai em
breve.
BELLA JEWELL
Ele desliga antes de eu ter a chance de argumentar que Tank me
assusta pra caramba e eu prefiro não passar vinte minutos em um carro
com ele. Não parece como se eu tivesse ficando com alguma escolha no
final, então eu pego um pequeno saco de itens essenciais e um casaco e
espero na porta. Dez minutos depois, o estrondo de uma caminhonete pode
ser ouvido fora da porta. Aqui vai.
Eu saio, fechando a porta atrás de mim, e faço o meu caminho para a
caminhonete. Tank não sai e quando eu abro a porta, ele está olhando para
frente. Isso não é estranho.
— Ei, — eu murmuro, subindo na caminhonete.
Ele dirige a caminhonete para a estrada e acelera sem me responder.
Durante dez minutos nós dirigimos em silêncio. Finalmente, tomo
coragem, e eu me volto para ele. —O que eu fiz para fazer você me odiar
tanto?
Ele não responde.
— Sério? Você poderia, pelo menos, ter a decência de me dizer.
Seus punhos se apertam em irritação. — Você não sabe nada sobre
mim ou meus irmãos.
— Eu nunca disse que sabia, — eu falo.
— Você não deveria estar aqui. Ele não deveria estar arriscando tudo
por você, — ele cospe.
— Eu não pedi isso para ele.
— Ele disse-lhe para deixá-lo sozinho. Nada poderia ser muito mais
claro do que isso.
Eu mantenho a boca fechada, furiosa e não quero explodir com ele.
Ele nem sequer me dá uma chance; ele não está nem tentando. Quando
chegamos ao armazém, eu pulo para fora da caminhonete antes mesmo de
chegar a parar completamente.
Heath está esperando na porta da frente, e no segundo que ele me vê,
ele vem correndo. Lanço-me em seus braços, pressionando meu rosto
contra o seu peito. — Ele machucou você?
—Não, — eu sussurro.

BELLA JEWELL
—Entre. Nós precisamos conversar.
Nós nos movemos para dentro do armazém e todos os rapazes se
sentam ao redor de uma mesa. Heath se vira para mim e olha para baixo,
estudando meu rosto, em seguida, aperta sua mandíbula. Ele chega mais
perto e acaricia minha bochecha com um dedo. — Você tem uma contusão.
—Eu tenho? — Eu digo, tocando minha bochecha.
—Ele fez isso?
—Eu... sim.
— Sente-se. Nós precisamos que você nos diga tudo o que ele disse e
não deixe nada de fora. Você pode fazer isto?
Eu aceno e mudo-me para a mesa, evitando todos os olhares
conforme eu me sento. Heath se senta ao meu lado e Tank está perto de
Johnny, ainda olhando em minha direção. Eu olho para as minhas mãos.
—Eu estava saindo da biblioteca quando eu os vi em meu carro. Três
deles, o homem mais velho que eu vi naquele dia no shopping e mais outros
dois. Eu não prestei muita atenção no segundo homem, mas o terceiro
homem era loiro, eu acho que um loiro falso, e ele tinha um cabelo longo,
trançado por cima do ombro. Ele foi horrível.
—Foda-se, — Johnny sibila.
—O que ele disse? — Sheldon Pergunta.
— Ele me perguntou se eu conhecia um Heath Walker. Eu lhe disse
que não tinha ideia de quem ele estava falando. Ele me perguntou por que
eu saí gritando no shopping, e eu posso ou não tê-lo instigado e atravessado
seu caminho. Eu disse que ele era um verme. Ele perguntou sobre você de
novo, e eu lhe disse que não tinha ideia de quem diabos você era, mas que
se você fosse qualquer coisa como ele, eu iria querer ficar longe. Ele pareceu
acreditar que eu estava falando a verdade. Então ele me agarrou e me disse
para ficar de fora, ou eu iria sofrer. Ele também tentou fazer com que eu
aceitasse sua ajuda. Ele foi horrível, mas poderia jurar que ele me pareceu
familiar.
Todos os homens olharam um para o outro.
—O que está acontecendo? — Pergunto, a preocupação apertando no
meu peito.

BELLA JEWELL
— Não é nada para você se preocupar, — Heath diz, com uma voz
entrecortada. — Eu só preciso de todas as informações que puder
conseguir.
— Quando é que você vai dizer a ela, cara? — murmura Blake. Heath
olha pra ele.
— Dizer-me o quê? — Eu pedi.
—Nada, baby, — murmura Heath, inclinando-se e envolvendo um
braço em volta do meu ombro.
—Heath...
—Lucy, confie em mim, ok?
—Esse homem me ameaçou, — eu estalei. —Eu estou cansada de ser
mantida no escuro. Eu não vou dizer uma maldita palavra, mas eu não vou
andar por aí me perguntando quando ele vai voltar, também.
—Não, — Tank adverte, os olhos fixos em Heath.
—Diga a ela, irmão, — diz Johnny. —Mesmo eu acho que ela precisa
saber.
— Se você disse essa porra a ela, eu estou fora, — rosna Tank.
—Foda-se, — late Heath. —Todos vocês parem.
Eu olho para ele, estreitando os olhos. —Heath?
Ele olha para os seus irmãos, em seguida, para seus amigos, então
para mim. —Não.
Isso dói.
Isso dói, porra.
Ele não confia em mim e eu odeio isso. Talvez eu mereça, mas eu
odeio isso. Balanço a cabeça e empurro para fora de seus braços. —Eu
estou indo para casa.
— Lucy, — ele rosna, agarrando o meu pulso.
—Deixe-me ir, — digo em voz baixa. —Eu sei que estraguei tudo no
começo, mas eu não sabia. Agora eu sei e você ainda não confia em mim.
— Não é uma questão de confiança.
—Sim, — eu grito, puxando meu braço de seu aperto. —Isto é.
BELLA JEWELL
—Luc...
—Mais tarde.
Eu ando para a porta e paro quando eu percebo que não tenho como
voltar para casa. Viro-me e olho para Blake e, em seguida, Sheldon. —
Algum de vocês pode me dar uma carona?
Eles olham para Heath. Ele faz uma careta, mas balança a cabeça
energicamente.
Sheldon se levanta e agarra suas chaves, em seguida, segue-me para
fora da porta.
Eu tento me manter, mas no segundo que entro em sua caminhonete,
lágrimas começam a rolar pelo meu rosto.
—Ei, — diz ele, ligando a caminhonete e puxando para fora. — Não
deixe que isso machuque você. Em sua própria maneira estranha, ele está
tentando protegê-la.
—Eu não preciso de mais proteção, — eu sussurro. —Eu só preciso
da verdade.
Ele sorri fracamente. —Ela vai vir. Basta dar-lhe tempo.
Nós dirigimos em silêncio durante o resto da viagem para casa.
Quando chegamos, Sheldon anda comigo até a porta e verifica se eu vou
estar bem. Resmungo um adeus e, em seguida, fecho a porta.
Eu ando na minha casa vazia.
E, pela primeira vez, eu me sinto tão condenadamente sozinha nela.

~*~*~*~

—Sim, ela me chamou, — eu digo à minha mãe no telefone naquela


noite, quando eu me encolho no meu sofá assistindo um filme, um romance
sentimental.
—Essa mulher é um incômodo, — minha mãe reclama. —
Honestamente, ela sempre foi um problema.
—Eu sei, mãe. Ela não tem nada, então deixe que tente seu mais
duro jogo.
BELLA JEWELL
— Não é certo, independentemente. Você e Gerard poderiam ter
passado por isso corretamente, mas em vez disso, ela empurrou o nariz e
causou problemas.
Eu suspiro. —Gerard é um menino grande. Ele está escolhendo
deixá-la fazer isso.
Ela cantarola. —Acho que você está certa.
—Escute, eu vou para a cama. Estou exausta.
—Como está o homem bonito?
Eu fico em silêncio.
—Lucy?
— Ele está, ah, bem.
—Você está mentindo. Sua mãe sabe quando você está mentindo.
Eu sorrio, mesmo através da minha tristeza. —Eu sei que você sabe.
Eu vou falar com você sobre isso outra hora, ok? —Eu não quero esta noite.
—Tudo bem, amor.
—Ei, mamãe?
—Mmmm?
—Se você soubesse que um jovem estava em perigo, e ele não fosse
capaz de ajudar a si mesmo, você iria ajudá-lo ou deixaria para outras
pessoas?
Ela considera por um longo momento. — Eu iria ajudar porque eu
estou preocupada, e eu não gosto da ideia de uma criança ou jovem estar
em uma situação que não pode escolher.
— Mesmo que seja perigoso e você está interferindo com algo que não
foi dito a você?
— Isso depende de quem me disse e que tipo de perigo. Você não está
recebendo em si mesma qualquer tipo de perigo, está Lucy?
—Não, não em tudo. É apenas... Uma pergunta.
—Bem, eu espero que você continue segura e não pise em nenhum
dos pés, amor. Deixe o homem fazer o seu trabalho.
— Eu vou.
BELLA JEWELL
—Eu conheço a minha filha...
Eu rio baixinho. —Vou deixar para ele, mãe.
—Ok. Boa noite, amor.
—Boa noite, mãe.
Eu desligo e inclino-me para trás na cadeira pensando em Hayley e
todas as outras garotas naquele lugar. Eu preciso deixar isso para Heath,
eu sei que tenho, mas a ideia delas estarem lá só me incomoda.
Eu odeio saber que elas não têm nenhuma maneira de sair, mas,
principalmente, eu odeio saber que eu tenho que sentar aqui e não fazer
nada, enquanto ele faz tudo o que está fazendo para acabar com esse grupo
terrível.
Ele não confia em mim. Eu odeio isso.
Uma batida soa do lado de fora da minha porta e eu suspiro, ficando
em pé e andando até lá.
Provavelmente é Heath. Eu não tenho certeza se estou pronta para
enfrentá-lo, mas decidi abrir e, provavelmente, não tenho muita escolha. Eu
abro a porta e vejo Gerard ali de pé, com o rosto vermelho, os olhos
vidrados. Ele está... chorando?
— Alguma vez você me amou?
Meu coração afunda. —Gerard, o que você está fazendo aqui?
— Me responda! — Ele grita. —Alguma vez você me amou?
— Claro que sim, — eu choro. — Deus, é claro que eu amei. Você foi a
melhor coisa que já aconteceu para mim.
— Então o que aconteceu?
— Um ataque que mudou a minha vida, e você não ficou ao meu lado.
—Eu tentei, — ele grasna, passando a mão pelo cabelo. —Eu tentei.
Meu coração dói por ele. —Eu sei que você tentou, mas você não me
deu sua opinião quando necessário. Você me deixou sozinha para lidar com
isso.
Ele balança a cabeça e olha para o céu antes de virar os olhos de
volta para mim. —Eu não sabia como lidar com isso. Tudo entre nós sempre
tinha sido tão fácil, tão livre, tão simples. Eu nunca fui capaz de lidar com
BELLA JEWELL
muita emoção e quando você começou a afundar, eu vi você de uma forma
diferente. Eu só... Não queria enfrentar.
Isso faz meu coração doer, mas eu estou feliz que descobri agora, em
vez de dez anos mais tarde que meu marido era um aleijado emocional.
—Eu merecia que você tentasse, — eu sussurro.
—Eu sei, Lucy, e eu sinto muito. Eu coloquei o meu trabalho em
primeiro lugar. Meus sentimentos. Meus desejos. Eu não fazia direito por
você, e agora você está vendo outra pessoa e eu odeio isso. Eu odeio isso.
Eu recuei.
—Eu não sei o que você quer que eu diga, Gerard.
—Diga que você vai voltar, podemos dar outra chance, podemos
tentar. Podemos fazer alguma coisa... qualquer coisa...
Eu odeio que eu tenha que desiludi-lo, mas eu nunca poderia voltar.
Agora não. Nunca mais seria um amor verdadeiro. — Isso não vai acontecer;
você sabe que não pode. Vai ser muito mais difícil, e se você não pode lidar
com isso...
— Eu vou pedir ajuda, trabalhar menos...
—Gerard, — eu digo suavemente. —Eu não estou apaixonada por
você.
— Não se passaram nem dois meses! — Ele grita. —Isso é uma
mentira.
—Não é.
Porque eu me apaixonei por outra pessoa.
— Lucy, por favor. — Ele dá um passo para frente, cobrindo meu
rosto. —Por favor.
Uma lágrima rola no meu rosto, porque dói vê-lo assim. —Sinto
muito, — eu sussurro.
—Não, — ele grasna, me puxando para mais perto e batendo seus
lábios contra os meus.
Deixei que ele me beijasse, por alguns segundos. Um pouco por ele.
Um pouco por mim. Eu sei que é hora de deixá-lo ir, mas isso não quer
dizer que não está causando dor. Ele foi uma grande parte da minha vida, e
BELLA JEWELL
eu realmente não tinha planos de desistir dele. Eu acho que é um beijo de
adeus. O final. Então eu deixei, apenas por um segundo, eu deixei ele me
beijar.
—Gerard, — eu sussurro, puxando para trás. —É hora de deixar ir.
Olho por ele e vejo Heath em pé no meu caminho da frente olhando
para mim. Meu coração cai em meu estômago. Eu me afasto de Gerard e
passo em torno dele. —Espere!
Heath já está caminhando para a escuridão.
—Heath!
—O quê? — Gerard diz, girando e olhando para o homem
desaparecendo.
—Pare, — eu choro descendo os degraus da frente.
Até o momento que eu chego à estrada, ele já se foi para as sombras,
como se ele nunca estivesse estado lá.
—Lucy, não há ninguém aqui fora.
Gerard não o viu.
—Eu tenho que ir, — eu grito, voltando e correndo para dentro da
casa e pegando minhas chaves. Eu não me importo que estou vestindo meu
pijama, eu só preciso encontrá-lo.
Eu entro em meu carro sem olhar para Gerard. Droga. Eu sou uma
idiota.

BELLA JEWELL
— Por favor, deixe-me entrar, — eu digo para Tank, que está à porta,
olhando para mim. Eu posso ouvir a música tocando atrás dele. Eles estão,
obviamente, tendo uma festa, mas eu sei que Heath está aqui porque eu vi
a caminhonete na frente. Olhei ao redor da cidade procurando por ele, um
pouco antes de vir para cá, imaginando que ele tivesse voltado para casa.
Eu tinha razão.
—Não.
—Deixe-me entrar, — eu imploro.
—Não.
Eu me perco. — Deixe-me falar com ele ou eu vou quebrar alguma
coisa.
Ele pisca, mas depois seu rosto fica duro novamente. —Vá para casa,
menina.
— Tudo bem, vou seguir o meu caminho. — Eu pego a maior pedra
que posso encontrar e corro para a janela mais próxima.
—Jesus, — rosna Tank. —Você está louca, porra.
Eu ergui. —Eu vou jogá-la se você não me deixar vê-lo.
—Ele não quer te ver.
—Eu não me importo.
Suspirando, ele fica de lado. — Tanto faz. Eu não poderia dar a
mínima para o que você dois fazem.
BELLA JEWELL
Eu largo a pedra e com um sorriso triunfante, corro por ele e para o
armazém. Existem algumas pessoas ao redor, algumas jogando na mesa de
jogos, outras sentadas no sofá, algumas de pé bebendo. Eu não sei quem
são; Eu não me importo. Eu andarei dentro e olharei ao redor, Heath está
no sofá com uma linda loira sentada ao lado dele, sua cabeça jogada para
trás com a risada.
Oh. Inferno. Não.
Eu corro e paro na frente dele. Ele recua quando me percebe, mas
mantém a calma suficiente para que seja quase imperceptível.
—Podemos conversar? — Eu digo, deixando meus olhos se
estenderem sobre o modo que a linda loira está muito perto dele.
—Estou ocupado, — ele murmura.
—Tudo bem, então eu vou dizer isso na frente de todos. Não era o que
parecia ser. — Todo o falatório na sala para rapidamente e a sala fica em
silêncio.
Seu rosto endurece. —Volte para o seu marido. Estou ocupado.
Eu empurro. —Vai se foder, — Eu assobio, e seus olhos aumentam
selvagens com raiva.
—Perdão?
—Você me ouviu. Eu disse vai se foder. Eu joguei isto em seu
caminho; Eu fiz o que você pediu. Eu perdi cada fodida coisa. Sim, ele me
beijou. Sim, eu deixei, mas se você parasse para descobrir o porquê, você
saberia que foi porque eu o estava deixando ir.
Ele não diz nada.
—Eu o estava deixando ir, porque eu finalmente aceitei que esse tipo
de vida não é mais a que eu quero.
—Leve suas desculpas para outro lugar, — ele resmunga.
—Não, — eu grito. — Não, eu não vou. Vou levá-las aqui, e você vai
me ouvir.
— Lucy, — ele rosna. — Saia.
— Faça-me sair, — eu assobio.

BELLA JEWELL
Heath está empurrando a loira para longe. Ele fica na minha cara e
eu mantenho minha posição, embora eu provavelmente pareça como uma
criança indo contra ele.
—Eu não quero você aqui. Vá para casa e siga em frente com sua
vida.
Eu levanto minhas mãos e empurro seu peito. —Vá se foder, Heath.
— Vá para casa.
— Oh, meu Deus, — eu guincho, empurrando-o mais forte. — Você é
um idiota. Eu estava dizendo adeus, eu estava deixando-o ir. Você quer
saber por que eu estava fazendo isso?
— Não, — ele late.
—Porque eu estou apaixonada por você. Seu cretino.
A sala inteira para em um mórbido silêncio. Incluindo ele.
—Sim, — Eu digo, minha voz mais calma agora. —É isso mesmo. Eu
estou apaixonada por você, e eu estava fechando uma porta esta noite. Eu
estava deixando-o ir gentilmente porque independentemente do seu insano
ciúme, eu o amei uma vez e ele merecia esse respeito. Agora, eu vou sair
porque eu quero dar um soco na sua cara tão forte que a palma da minha
mão está contraindo.
Alguém late uma risada.
Eu viro.
Heath dá um passo e antes que eu saiba o que está acontecendo, eu
estou sendo arrastada e jogada por cima do seu ombro. Eu grito quando ele
dá um tapa forte na minha bunda, a dor irradia através de mim. — Nunca
fale assim comigo de novo, — ele rosna, andando em direção ao seu quarto.
Então ele me dá um tapa novamente.
—Ai! — Eu estalo. —Pare com isso.
— Eu não terminei.
Ele entra em seu quarto e bate a porta fechada, trancando-a. Um
minuto depois, a música começa novamente. Heath dá dois grandes passos
em direção a sua cama e me joga para baixo. Eu caio com um salto de
costas, olhando para ele.

BELLA JEWELL
—Tire a roupa.
Eu pisco, em seguida, respondo, —Que se dane.
Ele dá um passo mais perto, o rosto cheio de ameaça e promessa
muito real. —Não me tente.
—Eu não estou tentando você. Nós não estamos fazendo sexo,
lembra?
—Isso está fora das cartas agora.
Abro a boca e aviso. —Não está.
— Baby, está. Você só disse que me amava.
—Sim, bem, — Eu zombo, colocando um pé em seu peito enquanto
ele se aproxima. —Eu menti.
Ele sorri.
Eu rolo meus olhos.
—Nós estamos fazendo isso, e vai ser forte e profundo, porque eu
estou muito puto.
—Eu também, — retruco. —Mais que você.
Seu sorriso se transforma no sorriso do lobo mau. Deus.
—Eu não sei como isso pode ser, — diz ele, agarrando o meu pijama e
empurrando-o para baixo. —Você estava beijando outro homem.
—Desculpe-me, o homem era o meu marido e eu estava fazendo uma
coisa boa, — retruco, chutando, mas sua mão se fecha em volta do meu
tornozelo e me segura firmemente no lugar.
—Então você aparece aqui gritando comigo, — ele murmura, jogando
minhas calças e alcançando minha calcinha.
—Você mereceu isso, — eu digo, me contorcendo.
—Então, — ele sibila, inclinando-se e empurrando minha calcinha. —
Você vem para o meu armazém em seu pijama bonito de merda.
— Bem, eu não tive tempo de me trocar.
Ele me expõe com um movimento da minha calcinha e eu estou nua
diante dele, nervosa pra caramba. Ele olha para o meu sexo e rosna baixo
em sua garganta antes de tomar minhas pernas e joga-las sobre os ombros.
BELLA JEWELL
— Eu vou fazer você gozar até me pedir para parar, como punição.
—Que seja, — eu digo, mas minha voz é entrecortada.
Ele sorri e cai de joelhos, então ele está entre as minhas pernas, sua
língua lambendo minha boceta sem hesitação. Eu mordo meu lábio inferior
para não gritar, porque é isso que ele quer. Mordo com tanta força, que
uma forte dor irradia através da minha boca, mas eu não faço nenhum
gemido. Ele lambe com ferocidade, sacudindo o meu clitóris e, em seguida,
movendo-se para baixo e mergulhando profundo dentro de mim.
Não se contorça.
Oh, Deus, isso é incrível.
— Brincando de teimosa, baby? — Ele murmura contra a minha
carne. —Eu acho que o meu jogo é melhor. — Ele encontra o meu clitóris
novamente e suga mais profundamente, ao mesmo tempo em que desliza o
dedo dentro do meu sexo, enrolando-o para cima e encontrando aquele
ponto. Um pequeno suspiro escapa dos meus lábios e eu rapidamente
prendo-os fechados, mas não antes de ouvir a sua pequena e triunfante
risada conforme ele devora minha boceta. Por que ele tem que ser tão bom
nisso?
Ele me fode com a mão e me come até que eu não posso prender por
mais tempo. Eu tento, eu realmente quero, mas o prazer é demais. Um
gemido escapa e eu gozo forte. Meu corpo inteiro treme quando ondas de
prazer irradia através do meu corpo. Heath se move rapidamente depois
disso, empurrando seu jeans para baixo e trazendo minha bunda para a
borda da cama.
Então, ele está dentro de mim, me fodendo com ferocidade. Seu pau é
tão grande, esticando meu corpo quando ele me enche. Ele sabe como
trabalhar isso, ele sabe em que ângulo colocar seus quadris, ele apenas
sabe como me fazer sentir tão danadamente incrível. Eu suspiro seu nome,
nem mesmo tento segurar mais. Ele está com raiva, porra, e é quente. Todo
o seu corpo está enrolado apertado, seus músculos salientes, as veias
estalando para fora de sua pele. Ele é tão sexy. Ele tira o meu fôlego.
— Mais forte, — Eu suspiro.
Ele fica mais lento.
—Foda-se, Heath, mais forte! — Eu grito, contorcendo-me.
BELLA JEWELL
— Isso seria muito fácil para você, — ele reage.
—Bundão.
Ele fica mais lento, arrastando seu pau dentro e fora em um ritmo
angustiante. Eu empurro para cima em meus cotovelos e tento tomar posse
de alguma coisa, qualquer coisa, para levá-lo a se mover mais rápido, mas
ele está de pé e não posso alcançá-lo. Olho para o pau deslizando para
dentro e para fora de mim, brilhando com a minha excitação. Deus,
caramba, isso é quente. Eu suspiro e caio de volta para baixo. Mesmo neste
ritmo lento meu orgasmo está construindo.
Pouco antes de ele me atingir, ele puxa para fora.
—Heath, — eu choro, meu corpo queimando como os meus altos
deslizamentos.
—Vire.
—Mas...
—Vou decidir quando você vai gozar. Agora vire, — ele ordena, seu
pau projetando-se contra a sua barriga.
Eu encontro seus olhos. —Não.
Ele sorri e estende a mão, levando-me e me virando, pressionando a
mão no meio das minhas costas para me segurar no lugar. — Eu acho que
você gosta de me desafiar, — ele rosna quando desliza seu pau em mim
novamente. —Porque eu acho que você gosta de como se sente quando eu
assumo o comando.
Ele tem razão. Eu gosto.
Eu enrolo meus dedos na colcha e arqueio enquanto ele me fode,
duro e profundo. Eu tento não deixar que ele saiba que estou quase pronta
para gozar, mas ele sabe, ele sabe mesmo antes do meu corpo começar a
dissolução apertada. Ele puxa para fora, ofegante.
—Deus, droga, — Eu suspiro. —Pare com isso.
—Diga-me que você está arrependida.
—Vai se foder, Heath.
—Faça isso, baby.
Maldito seja ele. —Sinto muito, agora continue.
BELLA JEWELL
—Sério. — Ele se inclina para baixo, retirando meu cabelo do meu
pescoço e respirando contra a minha orelha.
—Eu sinto muito, — eu digo, virando meu rosto para que eu possa
encontrar seus olhos. —Eu sinto muito.
Seus olhos brilham. Ele bate um rápido beijo nos meus lábios. Então
ele me fode até que eu goze.

~*~*~*~

UMA SEMANA DEPOIS


Tem sido uma semana tranquila.
Heath esteve ocupado investigando, e tenho tido muito trabalho, bem
como lidar com os advogados. Fui assistir minhas reuniões do clube do livro
e conheci algumas pessoas adoráveis, o que ajudou a passar o tempo.
Gerard ainda está insistindo em ter alguém investigando o nosso casamento
para se certificar de que eu não estava tendo um caso, mas Heath sabia que
quem investigava era bom. Eu não falei com Gerard e recusei qualquer
contato fora dos nossos advogados.
— Você terminou para o dia. — Minha chefe, Amy, sorri conforme
meu turno termina no sábado à noite. —Obrigada. — Eu suspiro. — Estou
exausta; foi um dia ocupado.
—Isso foi. Vá para casa; desfrute do seu fim de semana. Você vai vir
novamente segunda-feira?
Eu aceno. —Eu com certeza venho.
—Vejo você, então.
Depois que eu termino o restante do meu trabalho, me troco e vou
para fora. Vou passar no armazém esta noite porque eu quero ver Heath.
Eu não tive mais do que alguns minutos com ele desde a semana passada,
e eu estou desesperada por mais. Eu amarro meu cabelo em um rabo de
cavalo quando ando em direção ao meu carro. Estou feliz, arejada e me
sentindo bem sobre tudo na minha vida agora.
E por causa disso, a vida decide me jogar um momento. Porque a vida
é uma imbecil.
BELLA JEWELL
Quatro homens saem de um beco, e eu reconheço o homem loiro da
última vez em primeiro lugar. Ele sorri para mim, mas é terrível. — Olá,
Lucy.
Viro-me para correr, mas um de seus homens da uma guinada para
frente e me agarra, jogando uma mão sobre minha boca, então não posso
gritar. Eu tento chutar, mas ele é forte. Os outros três homens o seguem
quando ele me arrasta para o beco e para baixo. Oh, Deus, eles vão me
estuprar? Eu me contorço mais duro, lutando e mordendo, fazendo tudo
que posso para me libertar de suas garras. Nada funciona. Ele é como uma
rocha.
Pânico sobe no meu peito enquanto eu considero todos os cenários
possíveis. Nenhum deles é bons.
Chegamos a uma van branca, e a porta se abre diante de nós para
entrarmos. Há mais dois homens dentro. Jogaram-me sem hesitação, e eu
bato no chão. Eu empurro para cima, correndo em direção ao espaço
aberto, mas corro em linha reta para o cano de uma arma. Eu grito e me
jogo para trás quando os homens entram. Eu estou cercada, sem ter para
onde ir. Eu não podia passar por eles nem se eu tentasse.
—Deixe-me ir, — eu grito quando a porta está totalmente fechada.
—Sente-se quieta e pare de gritar, — o homem que segurava a arma
rosna, — ou eu vou te matar.
—O que você quer de mim? — Eu choro com raiva para o homem
loiro.
—Eu quero meu irmão.
— Perdão, o quê?
Ele sorri. — Oh, ele não lhe disse?
—Quem me contou o quê?
Seu sorriso se transforma em um sorriso completamente cheio, e isso
me atinge como uma condenada marreta. Eu tropeço para trás e olho para
ele, realmente fixando-me em seu rosto. A forma de seus olhos, a curva de
sua mandíbula, as covinhas, mas principalmente... o sorriso. Eu não estou
familiarizada com ele, como eu pensava, mas agora é mais do que claro por
que eu pensei que o conhecia.

BELLA JEWELL
Este homem parece Johnny. E Tank.
E Heath.
— Prazer em conhecê-la, Lucy. Sou Josh.
Oh, Deus, ele é o quarto irmão.
Não.
Não.

BELLA JEWELL
Eu não disse outra palavra. Eu espio através de uma pequena fenda
nas janelas cobertas para ver que chegaram ao espaço que ocupam na
floresta. Eu acho que estou em estado de choque. Tudo começa a fazer
muito mais sentido agora. Por alguma razão, Josh pensou que Heath estava
morto, e agora ele obviamente sabe que não é o caso. O que eu quero saber
é, se é por isso que ele me levou e exatamente o que aconteceu entre os
quatro irmãos.
A van para, e três dos homens montam guarda junto à porta junto
com outros dois, levanto-me, segurando-me com tanta força que eu não
tenho nenhuma possibilidade de me mover, meu corpo está uma bagunça
dormente. Minha mente está girando. Eu não sei qual o caminho, se é para
a esquerda ou direita. Eu estou tão confusa.
A porta se abre, e eu sou empurrada para fora. Nós já estamos dentro
da cerca, e eu tenho uma chance melhor de olhar em volta. Existem
algumas cabanas mal iluminadas, formando um circulo com uma fogueira
no meio. À esquerda tem um grande edifício, é um pouco grande, parecido
com um galpão e parece que é para onde eu estou sendo conduzida.
Há pessoas em todos os lugares. Jovens, velhos, de todas as raças.
Eles estão todos usando batas brancas, os cabelos fluindo livremente, e
todos eles param para me olhar com expressões de desprezo, enquanto eu
estou sendo arrastada atrás de Josh para o galpão.

BELLA JEWELL
No segundo que damos um passo para dentro, eu suspiro. É enorme
e elegante e não é o que eu esperava. Piso de madeira polida, móveis
modernos, está decorado para um rei.
Nós nos movemos para uma sala onde eu sou finalmente lançada. As
janelas são fachadas. Eu posso dizer pelo painel da porta, que é trancada
por código. Estou sendo mantida prisioneira. Rodeada por um pequeno,
mas forte, grupo de homens, meu coração bate conforme eu olho para o
homem que tão obviamente vive neste lugar. O homem que está relacionado
com o homem que eu amo. Como eles podem ser tão diferentes? O que
aconteceu com esse homem para ele se tornar assim... aterrorizante? Foi a
mesma coisa que aconteceu com Tank? É por isso que ele está tão zangado?
— Eu não posso acreditar que você é irmão dele, — eu digo
suavemente, finalmente, falando as palavras que atormentam os meus
pensamentos.
Seus olhos encontram os meus, e ele sorri. —Ele não te diz muito em
tudo, não é?
Eu não respondo.
—Eu tinha uma suspeita de que ele estava vivo, mas não consegui
encontrar a prova. Então ele abaixou a guarda na outra noite, quando ele
invadiu sua casa com raiva.
Oh, Deus. A noite que eu beijei Gerard.
—Você estava me observando. — Não é uma pergunta.
— Claro que estava. Eu tinha uma suspeita de que algo estava
acontecendo, e eu vi você com Sheldon. Não demorou muito para descobrir
tudo.
Eu deixei-o abaixar a guarda. Eu deixei Heath desprotegido.
—O que você quer de mim? — Eu sussurro.
— Eu não quero nada de você, mas eu vi o olhar no rosto do meu
querido irmão. Ele está apaixonado por você. Ele virá por você.
—E o quê? — Eu estalo. —O que você acha que vai ganhar com isso?
—Desta vez, — diz ele, com os olhos mortalmente frios, —Vou me
certificar de que ele esteja realmente morto.
Meu sangue corre frio.
BELLA JEWELL
Não.
—Que tipo de monstro é você?
— Eu não sou um monstro; Estou apenas realizando a vontade de
Deus. Meu irmão é o monstro aqui. Ele escolheu tomar o caminho errado e,
por isso, ele vai ser punido.
—Por que Heath?
— Heath é a razão pela qual eles são todos corruptos. Sem ele por
perto, eu tenho toda a fé que os meus irmãos chegarão a ver a luz.
— Meu Deus, você ouve a si mesmo?
Ele ri. — Sim, eu ouço.
Doente. Ele está doente. — Heath vai acabar com isso. Ele vai acabar
com você.
Ele joga a cabeça para trás e ri. — Ele pode tentar. Eu tenho toda a fé
que eu vou ser protegido quando necessário.
— Você é louco.
— Não, minha querida. Ele é.
Eu fecho a minha boca. Ele está apenas curtindo cada segundo disso.
Ele está curtindo as provocações. Os combates.
— Eu vou deixar você se instalar. Sinta-se livre para ler meus
trabalhos ao lado de sua cama. Talvez você aprenda alguma coisa. Você
pode ser capaz de ser salva ainda.
—Eu prefiro queimar no inferno, a me juntar a você.
Ele recua.
Ah, então ele tem um ponto fraco.
—Como quiser.
Ele sai antes de todos os outros homens, e um segundo depois, a
porta emite um sinal sonoro quando ele bloqueia a partir do exterior.
Sou efetivamente sua prisioneira.

~*~*~*~

BELLA JEWELL
Eu não os vi ou ouvi novamente pelo restante da noite. Eu olhei por
todos os cantos da sala, mas não há uma única maneira de sair, nem nada
que pudesse ser usado como uma arma. A lâmpada ao lado da cama é
colada para baixo, pelo amor de Cristo. Há uma cama que é tão sólida que
eu não poderia movê-la se eu tentasse, algumas mesinhas ao lado são
acorrentadas ao chão, e um velho sofá. Era isso aí.
Bem, tem o seu livro ao lado da cama, mas Josh pode ir para o
inferno se ele acha que eu estou lendo essa porcaria.
Então eu sento-me no final do colchão até ver o dia amanhecer pelas
janelas gradeadas. Aproveito a oportunidade para olhar para fora, mas não
vejo nada, exceto árvores e um enorme muro a distância. Suspirando, eu
volto para o meu lugar na cama e me pergunto como diabos esse homem
pode pensar que matar seu próprio irmão é a vontade de Deus. Quem é que
cria alguém para ser assim? Quem em sua vida lhe ensinou a ser um
monstro?
A porta se abre quando o sol desaparece no céu, e Josh entra seguido
por três de seus homens. Ele carrega uma bandeja de frutas e água. Ele
coloca-a para baixo, e eu olho feio para ele.
— Você vai comer, então você vai tomar banho. Nós não toleramos
imundices aqui. Também não toleramos o desperdício.
— Eu não vou tomar banho na frente de vocês, — eu estalei.
—Então você vai ser pressionada e forçada a isso.
Meu coração bateu mais forte, minha pele eriçou como se tivesse
espinhos. — Você tenta me tocar, e eu vou fazer com que você desejasse
não ter feito.
Ele sorri. —Ameaças vazias.
— Deixe-me falar isso, — eu exijo. —Não vai acontecer.
Eu cruzo meus braços e olho para ele. Ele sorri e caminha para mim,
sentando na beira da cama. Onde eu estou. Ele é repulsivo, e eu não o
quero perto de mim.
— Eu já te contei a história de por que meu irmão estava virado para
os braços de Satanás?

BELLA JEWELL
— Saia daqui.
— Ele é mais jovem do que eu, mas ele sempre foi um perturbado. Ele
nunca obedeceu nossos pais e foi sempre levando Johnny e Tank a se
extraviar também. Íamos à igreja todos os domingos, mas ele se recusou a
cooperar. Eu conheci Mathew lá. — Ele olha para o homem na porta e eu
olho para ele, reconhecendo-o como o do shopping. —Ele me ensinou o
caminho. Ele soube imediatamente, que eu era o único a levar-nos todos
para as portas do Céu.
— Jesus, você realmente precisa conseguir alguma ajuda, —
murmuro, cruzando os braços.
—Meus pais faleceram, e ele nos levou para nos salvar de ir para o
sistema de adoção. Eu estava levando meus irmãos no caminho santo
quando Heath entrou. Ele estava tão irritado. Tão violento. Eu sabia que já
era tarde demais para ele. Tentei levá-lo, tentei ajudá-lo, mas ele
simplesmente não permitiria isso. Eu tinha que puni-lo.
As cicatrizes nas costas de Heath vêm em minha mente, e os vômitos
aumentam na minha garganta. — Você... Você o chicoteou. — Eu suspiro.
— Eu fiz o que tinha que fazer com a ajuda de Mathew para banir o
diabo de sua alma. Tank entrou em cena e interferiu; Johnny voltou-se
contra mim. Heath tinha entrado em suas mentes. Era tarde demais. Eles
desapareceram, e eu não os vi novamente até que Heath estava com quase
trinta anos de idade e eles se mudaram para a cidade. Eu tive um sonho
depois que o vi na rua; isso só aconteceu quando acabamos na mesma
cidade. Deus me disse que eu precisava salvar meus irmãos, que era o
momento de eliminar Heath do mundo.
Eu acho que vou vomitar.
— Então, eu contratei um profissional para acabar com ele. Acontece
que meus pobres irmãos corrompidos entraram para protegê-lo e o
profissional me disse que o trabalho foi feito. Nunca me senti bem. Eu
sempre me senti como se algo estivesse errado, como se eu não estivesse
totalmente satisfeito, pois meus irmãos nunca voltaram para mim como
tinha sido dito que seria. Eu estava sendo investigado, e as pessoas
estavam fazendo perguntas incomuns, e eu sabia, eu apenas sabia que ele
ainda estava vivo.
Que tipo de monstro doente ele é?
BELLA JEWELL
— Na época, eu estava ocupado preparando minha terra para o
retorno de nosso santo, até que ele interferiu e parou a minha missão.
Agora tenho de acabar com ele antes que seja tarde demais. Eu tenho
minhas ordens; Vou levá-los para fora.
— Você é doente! — Eu cuspi. —Você matou pessoas inocentes.
— Eu sacrifico suas almas. Todos eles vão ser salvos quando a minha
missão estiver completa.
— Você precisa de ajuda, sério! — Eu grito, fazendo apoio. —Saia
daqui.
Ele joga a cabeça para trás e ri. —Eu gosto de um desafio.
—Eu não sou um desafio. Eu não quero ter nada a ver com você, seu
verme. Seus irmãos, eles são mais fortes e eles estão mais determinados.
Eles vão derrubá-lo; você pode garantir isso.
Ele dá um passo para frente, e eu coloco minhas mãos na sua frente.
Como se isso fosse impedir alguma coisa.
—Eu não temo a morte, querida. Mas eles deveriam.
Com isso, ele se vira e sai da sala, seus homens seguindo atrás dele.
Ele bate e tranca a porta, e eu me ajoelho tremendo.
Isto é muito pior do que eu imaginei.

BELLA JEWELL
Eu não comi. Eu não confio em uma única coisa que esteja na
bandeja.
Eles estão propensos a me drogar para que eu faça o que eles
querem. Eu apostaria todo o meu dinheiro que eles drogam metade dessas
pessoas para manter suas mentes em um estado que seja fácil de ser
manipulado. Esse pensamento é aterrorizante. Eu me pergunto o que eles
fizeram para estas pessoas estarem neste lugar com suas cabeças
completamente limpas? Será que eles ainda acreditam nessa palhaçada, ou
eles realmente iriam ver o que está bem na frente deles?
A porta abre no final da tarde, e eu espero a pessoa entrar.
É Hayley.
Ela entra com uma bandeja nas mãos, os olhos correndo em volta,
nervosamente. Eu salto para cima, mas consigo me acalmar enquanto me
movo mais perto dela. Eu não quero assustá-la. —Hayley, — eu digo
suavemente. —É bom te ver de novo.
Ela olha para mim, e então se vira e olha atrás dela. Ela entra e
coloca a nova bandeja e pega o café da manhã, ainda cheio.
—Hayley, — eu pedi. —Por favor.
Seus olhos encontram os meus. —Estou com medo, — diz ela,
suavemente.
—Eu sei. Eu sei que você está. Por isso eu preciso da sua ajuda.

BELLA JEWELL
Ela balança a cabeça um pouco, olhando para trás novamente. —Eu
n-n-n-não posso ajudar.
—Você pode ajudar. Você pode deixar esta porta aberta por engano,
para mim. Eu preciso sair daqui. Preciso ajudar meus amigos. Eles não
merecem morrer, e é isso que ele vai fazer para eles. Você entende?
Seus olhos ficam grandes. —Se ele diz que é o que deve acontecer,
não posso desafiá-lo.
—Você realmente acredita nisso?
Ela balança a cabeça rapidamente e corre em direção à porta.
—Alguma vez você já teve uma infância normal, Hayley? — Eu digo a
ela de volta, meu coração batendo. —Alguma vez você já foi para a praia?
Ou comeu um sorvete em uma lanchonete bonitinha? Ou teve um
namorado que não é velho o suficiente para ser seu avô? É um mundo
maravilhoso lá fora. Ele mantém você aqui contra a sua vontade.
Ela está congelada no local, e por um momento, me pergunto se ela
vai gritar, seu corpo está tão apertado.
—Você já esteve em uma montanha-russa? — Ela sussurra tão
baixinho que eu mal posso ouvi-la.
—Eu já, Hayley, e você também pode. Se você me deixar sair daqui,
eu vou levá-la para fora, também.
—Eu n-n-n-não me lembro como é a vida lá fora.
—É incrível, e é divertido, e você pode apenas ser uma criança e se
preocupar com coisas como estar atrasada para a escola.
— Não me lembro de escola, — diz ela suavemente.
Dou um passo cansado mais perto. —Hayley, eu posso ajudá-la. Eu
prometo-lhe isso. Eu não vou deixar ninguém te machucar; Eu vou tirar
você daqui.
—Não, — ela diz rapidamente. —Não, eu não posso.
—Hayley, por favor.
Um homem aparece na porta e olha para ela. —Apresse-se.
Ela corre para fora, e eu levo uma mão para o espaço vazio. Droga.
Eu estava tão perto.
BELLA JEWELL
Eu tenho que sair daqui.

~*~*~*~

—Levante-se.
Eu deixo meus olhos se abrirem. Eu me levanto, percebendo que eu
adormeci contra a minha vontade. Josh está de volta e em pé ao lado da
cama. Minha pele se arrepia e eu apresso-me para o outro lado, o corpo
ainda fraco do sono.
—O que você quer? — Digo, minha voz grossa.
— De um passo à frente.
—Vá se foder. — Ele faz um som de raiva em sua garganta e levanta a
mão, acenando.
Dois homens se aproximam de mim com os punhos cerrados, e eu
lanço para trás sobre a cama e rolo para fora, no lado mais próximo a ele.
Ele ataca, enrolando a mão em volta do meu pulso. Eu grito e lanço um pé
em sua direção, chutando-o com tanta força que ele dá alguns passos
vacilantes para trás. Eu rolo para as minhas mãos e joelhos e corro em
direção à porta. Eu não vou muito longe. Uma mão pega meu rabo de
cavalo e me puxa. Eu grito quando a dor atira através do meu couro
cabeludo. Lágrimas queimam sob minhas pálpebras, mas eu engulo-as, me
recusando a deixar o meu medo transparecer.
—Deixe-me ir! — Eu grito.
— A algeme.
Um segundo depois, minhas mãos são puxadas pelas minhas costas
e eu estou sendo algemada.
—Você está indo assistir a uma de nossas cerimônias, talvez aprender
uma coisa ou duas.
Não.
—Não. — Eu me contorço, mas os homens atrás de mim são maiores
e mais fortes. Estou sendo empurrada para fora da sala e arrastada pela
vertente.

BELLA JEWELL
Quando chegamos lá fora, é noite e a fogueira está rugindo, cercada
por umas sólidas cinquenta pessoas em vestidos brancos. O vômito sobe na
minha garganta e eu tento cavar meus saltos em meus pés arrastando
através da sujeira. Mesmo que nada aconteça, eu só mantenho o
movimento de luta. A quantidade de pessoas que caminha pela minha
frente, curvando-se, e adorando-o. Doente. É doentio. À medida que
chegamos ao centro da clareira, ele coloca as mãos de cada lado dele e diz:
—Meus filhos, hoje eu tenho um novo membro.
—Eu não sou um membro desse caralho! — Eu cuspi, e alguns
suspiros podem ser ouvidos.
—Como vocês pode ouvir, ela é desafiadora. Nós tivemos alguns não
crentes aqui, e nós conseguimos mostrar-lhes o caminho. Estou confiante
de que ela logo vai acreditar também.
Ele pode continuar sonhando.
— Agora, vamos começar.
Ele fecha os olhos, os braços ainda ao lado dele, e ele começa a
cantar. Todo mundo começa balançando de um lado para o outro, fechando
os olhos e cantando com ele. Faz-me sentir doente e eu tento bloqueá-lo,
mas seu canto torna-se cada vez mais alto e eles parecem cair mais
profundos a cada segundo. Mesmo os homens me segurando murmuram as
palavras que eu não entendo.
Eu quero que isto pare.
—Traga-a para frente.
Meus olhos se movem para a esquerda onde a multidão está, e uma
jovem garota é trazida para dentro. Ela está nua, possivelmente tem cerca
de dezessete anos, e seu cabelo é loiro platinado, caindo em torno de seu
corpo em ondas longas. Eu me esforço para me soltar dos apertos dos meus
sequestradores, mas eles não se movem. Não. Ela é muito jovem para ser
apanhada nisto. —Deixe-a ir! — Eu grito. — Seu bastardo doente. Deixe-a
ir.
Os olhos da menina piscam para mim, e ela parece assustada. Ela
não quer estar aqui.
—Silêncio, — Josh late.

BELLA JEWELL
A menina ajoelha-se diante do fogo, cabelos caindo sobre seu corpo
frágil. Eu não posso ver isso. Eu não vou assistir a isto. Eu grito e puxo,
forçando meu corpo para fazer a maior cena que eu posso, movendo tanto
quanto possível. Eu faço isso até Josh vir à frente, enrolando a mão no meu
cabelo e me empurrando para baixo. Os homens me segurando ajoelham-
se, forçando-me para baixo com eles. Meus joelhos batem na terra e minha
cabeça está empurrada para baixo, por isso estou curvando-me.
—Você vai ficar em silêncio ou eu vou ter certeza de que você será
cuidada de uma maneira que não vai gostar, — ele sussurra em meu
ouvido.
Lágrimas finalmente libertam-se e rolam pelo meu rosto.
Ele se levanta e vai de volta para o que estava fazendo, começando
outro canto. Eu cerro os olhos fechados e não os abro novamente.
Nem mesmo quando os sons em torno de mim ameaçam assombrar
minha mente para sempre.

BELLA JEWELL
Eu estou enrolada na cama.
Eu não pretendo me mover. Sinto-me doente.
Eu quero ir para casa.
É facilmente mais de meia-noite. O lugar está estranhamente
silencioso. Eu não consigo dormir, eu não vou dormir. Pergunto-me
quantas outras garotas estão neste lugar contra a sua vontade? Aquelas
crianças estão aqui desde que nasceram? Seus pais são daqui? Eles foram
levados sem ninguém saber? Será que eles se juntam? Tenho tantas
perguntas e tão poucas respostas.
Ouço os cliques da porta e pressiono o travesseiro para o meu peito,
meu coração batendo acelerado. A porta se abre um segundo depois, Hayley
aparece com uma pequena lanterna nas mãos. Eu salto para fora da cama e
corro mais. —Hayley, o que você está fazendo aqui?
— Eu quero ir, — diz ela suavemente. —Eu quero ir.
Meu coração bate. —Ok. Ok, querida. Você tem que me mostrar como
sair daqui.
Ela balança a cabeça, e seu rosto está tão em pânico que eu quero
levá-la em meus braços e segurá-la com força, mas não posso. Eu vou
embora. Precisamos ser inteligentes sobre o tempo que temos juntas para
planejarmos nossa fuga. Quando sair daqui, eu vou ter certeza de que ela
tenha uma chance. Vou me certificar de que ela esteja bem.
— Vamos. Não temos muito tempo. — Ela sussurra.
BELLA JEWELL
Sigo-a para o galpão, e ela espia em torno do canto, antes de me
acenar para seguir adiante. Corremos através dos pisos de madeira e
saímos pela porta. Não há pessoas ao redor, mas o fogo ainda está
crepitante, criando luz.
Uma tenda iluminada com pequenas luzes presas em uma corda
pode ser vista à nossa esquerda, e vozes podem ser ouvidas, suavemente
conversando. Eles ainda estão acordados lá. Hayley faz uma pausa e olha
em direção ao portão.
—Eles podem nos ouvir, — diz ela, tão suavemente, que eu mal posso
ouvir.
—Desligue a luz.
Seus olhos piscam com medo.
—Vai ficar tudo bem. Confie em mim, — eu digo, estendendo a mão e
oferecendo minha mão. —Eu não vou deixá-los te machucar. — Ela hesita,
olhando para a minha mão, então ela vem para frente, com cautela, e
segura minha mão.
Eu enrolo meus dedos ao redor dela, gentilmente, e ela recua. Pobre,
pobre menina. Eu a puxo em direção ao portão, devagar, e nos movemos
para fora do acampamento e na escuridão. Bombas de adrenalina passam
em minhas veias e eu posso ver a saída. Eu sei que está perto.
Mas, em seguida, Hayley muda sua mente. Outro momento que
define os nossos caminhos.
Ela solta minha mão e grita: —Eu não posso fazer isso. Eu vou ser
punida. Eu não posso. Sinto muito.
— Hayley, — eu digo, tentando manter minha voz baixa. —Por favor,
eu sei que você está com medo, mas...
— Não, — ela grita. —SOCORRO!
Droga.
—Hayley, eu não vou te machucar, — eu digo, pegando a mão dela
novamente.
—Não me toque, — ela chora. — Não. Eu sinto muito. Eu cometi um
erro.
—Está tudo bem. Por favor, acredite que eu não vou te machucar.
BELLA JEWELL
— Quem está aí? — Chama uma voz.
Eu olho na direção da tenda iluminada com luzes e vejo cinco
homens pisando para fora da entrada. Então eu olho para o portão. Tenho
segundos. Hayley se afasta. Eu preciso sair daqui.
—Eu vou voltar para você, Hayley. Por favor, saiba que você é melhor
fora deste lugar, mas eu não vou forçá-la. Eu prometo ajudá-la, no entanto.
—Ela está fugindo, — ela grita.
Meu coração se parte por ela, porque eu sei que no fundo de sua
alma, ela quer vir comigo, mas tudo o que ela viu acontecer com aqueles
que desobedecem neste lugar a assusta muito mais do que correr o risco de
sair.
Viro-me e corro.
Corro em direção ao portão, meu coração batendo forte, meu corpo
em alerta máximo. Eu sei que o portão estará bloqueado. Eu o alcanço e o
balanço algumas vezes para ver se pode fazer alguma diferença, o suficiente
para me espremer através dele, mas eu não posso. Vozes gritam atrás de
mim e os sons de pés correndo podem ser ouvidos. Luzes piscam na minha
direção. Há apenas um caminho para fora.
Eu tenho que subir.
Lanço-me na cerca e começo a me mover para cima. A mão se
fechando em volta do meu tornozelo e por um segundo, eu perco o meu
equilíbrio, e eu tenho certeza que vou cair. Eu chuto, gritando de
frustração, conforme eu estou sendo puxada para baixo. Não. Eu tenho que
sair daqui. Eu chuto novamente, desta vez batendo em alguma coisa. Um
grunhido pode ser ouvido e, em seguida, uma pancada no chão.
Por favor, não deixe que tenha sido Hayley.
Subo mais rápido e as vozes atrás de mim se aproximam. Eu chego
ao topo da cerca e hesito por um segundo por causa da cerca de arame
farpado. Isso vai fazer algum dano. Eu olho para trás e vejo três homens se
aproximando da base da cerca.
— Consiga as chaves, depressa, depressa! — O mais alto dos homens
grita para os outros.
Sem chaves.

BELLA JEWELL
Há poucos minutos, se eu tiver sorte.
Eu respiro fundo, levanto, enrolo os meus dedos em torno do arame
farpado para beliscá-lo juntos, e então eu me jogo mais. A dor rasga através
do meu corpo, quando minhas roupas se prendem no arame, rasgando o
tecido e furando minha pele. Eu grito e cerro os dentes, empurrando acima
e além, sabendo que se eu falhar agora, as consequências para mim será
muito piores do que a dor que estou sentindo neste momento.
Eu torno a segurar no arame farpado e eu sinto o gosto de sangue
nos lábios que vem do meu rosto ou meu corpo, eu não sei. Eu não me
importo. Eu me lanço para baixo, mas escorrego e caio no meio do caminho,
machucando o meu pé. Eu bato na terra com um baque no chão, a dor
ricocheteia através do meu pulso. Um grito estrangulado fica preso na
minha garganta. Oh, Deus. Isso dói. Eu me forço para os meus pés e tento
não olhar para baixo, para o que já posso adivinhar que seja um pulso
quebrado.
Vômito sobe do meu estômago enquanto eu tropeço para frente, às
vozes atrás de mim estão perto, soa como se eles estivessem bem perto de
mim.
Eu preciso correr. Eu quero morrer.
Todo o meu corpo queima das feridas criadas pela cerca, mas meu
pulso está acenando uma dor que eu nunca tinha experimentado na minha
vida antes.
Eu dou dois passos e bato em uma forma dura.
Um grito rasga da minha garganta enquanto eu tento saltar para trás.
—Não corra.
Aquela voz. Tão familiar.
Eu tento me concentrar, mas não consigo ver nada no escuro.
Um ombro encontra o meu estômago e eu estou sendo lançada para o
ar.
—Não, por favor, — eu choro. É patético, mesmo para os meus
ouvidos.
—É Tank. Cale a boca.
Tank.
BELLA JEWELL
Tank?
Fecho minha boca. Principalmente porque se eu abri-la novamente,
os gritos e soluços agonizante que estou segurando, certamente irão sair. E
eu não posso permitir que isso aconteça.
Ainda não, de qualquer maneira.

~*~*~*~

Tank segue em frente.


Eu não sei como, considerando que lá fora está um breu, mas ele
parece saber onde está indo. As lanternas atrás de nós vão desaparecendo
lentamente para longe, enquanto nos movemos para a espessura do
arvoredo. Ele me carrega como se eu não pesasse mais do que um saco de
farinha. A dor é tão intensa agora que eu sei que não poderia ter corrido
muito antes de desmaiar. Está tomando tudo para me manter consciente.
Luzes de carro entram em vista a uns 50 centímetros à frente, e Tank
caminha diretamente em direção a elas. Quando ele chega a caminhonete, o
motor é ligado, a porta aberta e Sheldon se arremessa para fora. —Santa
Porra. Ouvi comoção, mas eu não sabia que você tinha conseguido.
—Eu não. — Ele resmunga, pondo-me no banco de trás. —Ela saiu
sozinha.
— Fodona, — Sheldon diz, mas seu rosto rapidamente se transforma
preocupado. —Ela está sangrando.
—Ela escalou uma cerca de arame farpado, caiu no meio do caminho
para o outro lado, e quebrou o pulso.
Eu choramingo assim que olho para baixo, na inchada contusão,
com raiva do meu pulso.
—Porra. Vou ligar para Heath.
—Precisamos dar o fora daqui, agora, — diz Tank. —Liga o carro.
Ambos entram na caminhonete e Tank acelera para fora. Eu deixo
meu corpo cair sobre o banco de trás, minha mente girando, dor engolindo
todo o meu corpo, até que eu mal posso respirar através dele.

BELLA JEWELL
—Nós a temos.
Eu acho que Sheldon diz isso. Não tenho certeza.
—Ela está uma bagunça. Estamos em nosso caminho de volta.
Heath?
—Sim, irmão, não é bom. Pulso quebrado, cortes, e porra, sabe-se lá
mais o quê. Estarei aí em breve.
Meus olhos se fecharam e eu grito de dor, claramente mais alto do
que eu pensava, porque Sheldon se vira em seu assento, o telefone
pressionado em sua orelha. —Ela está bem, Heath. Se acalme. Estamos
indo.
—Sheldon? — Eu choro.
Ele desliga o telefone e chega mais, tomando a minha mão boa. —
Sim?
—Dói.
—Eu sei. Não vai doer mais em breve. Espere.
Nós passamos por cima de um buraco e apenas o toque do meu pulso
contra a cadeira tem um grito rasgando da minha garganta.
— Devagar, cara. — Late Sheldon.
—Desculpe. — Murmura Tank.
—Será que Tank apenas pediu desculpas? — A pergunta desliza de
mim, conforme a minha mente começa a nublar de dor.
— Ele pediu. Não espere que volte a acontecer.
—Eu acho que ele gosta de mim, — murmuro, deixando meus olhos
se fecharem.
Tank bufa.
Sheldon se inclina e sussurra: —Eu também acho que ele gosta.
Eu olho para fora com um sorriso no meu rosto.
Pelo menos, eu acho que faço.

BELLA JEWELL
—Ei.
Meus olhos se abrem e por um segundo, não há nenhuma dor no
meu corpo. Então, quando eu mudo, ela vem rugindo de volta como uma
tempestade de raiva. Abro a boca e um grito quebrado sai.
—Merda, leve-a para fora da caminhonete.
Alguém toma conta de mim, puxando-me em seus braços e me
puxando para fora da caminhonete. Minha mão. Dói muito. Eu quero que a
dor vá embora.
—Eu vou fazê-la se sentir melhor, baby.
Heath.
Heath!
—Dói, — Eu soluço.
— Eu sei que dói.
Luzes explodem em meus olhos enquanto eu estou sendo carregada
para dentro e colocada no sofá. Eu tento me concentrar, mas só posso olhar
para fora, quatro figuras pairam em torno de mim, falando tão rápido que
não posso ouvir o que eles estão dizendo.
—É um trabalho para Jacob. Ligue para ele, — Heath ordena,
levantando uma tesoura.
Meus olhos ficam grandes e eu tento mover-me para trás no sofá o
quanto é possível. —O que você está fazendo? — Eu grito.
BELLA JEWELL
—Ei, — ele diz, sua voz suave. — Eu estou apenas começando a
retirar suas roupas sem ter que mexer com o seu pulso. Você está
sangrando. Eu preciso ver onde e parar com ele.
Sangramento.
Parar com ele.
—Ok, — eu sussurro.
—Ok, sente-se para mim. A dor vai desaparecer em breve, prometo.
Eu estremeço quando ele puxa a camisa do meu corpo. O sangue
começa a aparecer a cada peça de roupa que ele corta, fazendo as feridas
latejarem um pouco mais. Eventualmente, eu estou só de calcinha e sutiã.
— Tragam-me um pouco de água e panos, — ordena Heath. —Agora.
—Jesus, ela fez um bom trabalho, — Johnny resmunga. —Porra.
—Ela escalou o muro como um maldito guerreiro, — grunhiu Tank.
—Você deveria ter visto.
— Isso é porque ela é uma guerreira, — Heath disse, com a voz baixa
e grossa. Ele retira um pouco de cabelo da minha testa preso pelo suor. —
Você não é, menina Lucy? — Meu lábio inferior treme, e ele pega meu rosto
nas mãos. —Você está bem, está me ouvindo?
—Josh é o seu irmão. — A sala fica em silêncio.
—Sim, — diz ele, com a voz tensa.
—E ele te machucou. — Eu continuo.
Flashes de dor passaram pelos olhos de Heath. —Sim.
—Ele tentou matá-lo.
—Ele vai pagar por isso, — Johnny rosna. —Ele vai pagar por cada
segundo de dor que ele trouxe sobre nós.
Eu olho para ele. — Ele machucou você, também?
—Não diretamente, mas ferindo Heath, porra, ele mexeu comigo. —
Eu sorrio fracamente. Ele sorri de volta.
—Aqui, — Sheldon diz, colocando uma bacia para baixo. — Água
salgada.

BELLA JEWELL
—Pode doer, — Heath disse, levantando um pano branco macio e
torcendo-o para fora. —Desculpa.
Eu fecho meus olhos quando ele coloca-o para baixo em um corte na
minha perna. Um silvo escapa dos meus lábios, mas eu não grito. Essa dor
não é nada em comparação com a dor latejante em meu pulso.
— Sinto muito, querida, — ele murmura, fazendo novamente.
Eu mantenho meus olhos fechados e deixo-o limpar o sangue da
minha pele. Um pouco mais tarde, outra voz entra na equação. — O que
vocês fizeram desta vez, rapazes?
Abro os olhos para ver um homem extremamente atraente olhando
para mim. Ele parece muito alto, cabelo castanho e olhos cor de avelã. Ele
não parece suave, é quase tão assustador como o resto deles. Ele tem olhos
gentis, aqueles me fazem confiar nele, mesmo sem saber seu nome.
—Jacob, — Heath diz, ficando em pé e estendendo a mão. —Obrigado
por ter vindo.
—O que ela fez? Andou na cova dos leões? — Jacob diz, olhando
para mim.
—Escalou uma cerca de arame farpado.
Suas sobrancelhas atiram para cima. —Eu não vou nem perguntar.
—Boa ideia, — murmura Heath. —Esta é Lucy, minha namorada.
A namorada dele. Meu coração se enche de felicidade.
Jacob olha para ele. —Você tem namorada?
— Cale a boca, cara.
Jacob sorri, em seguida, se ajoelha em frente a mim. —Oi, Lucy, eu
sou Jacob. Eu sou um médico, só para você não pirar que esses filhos da
puta desonestos têm algum maluco trabalhando em você.
—É bom saber, — eu falo.
— Vamos dar uma olhada em seu pulso primeiro, sim?
Eu aceno embalando meu pulso.
Ele levanta-o cuidadosamente em suas mãos, e eu estremeço de dor.
Leva tudo ao meu alcance para não empurrar de volta porque eu só quero
que ele coloque-o para baixo.
BELLA JEWELL
—Desculpe dizer, Heath, mas este está, sem dúvida, quebrado. Sem
uma máquina de raio-X, eu não posso engessá-lo. Você vai precisar levá-la
a um hospital.
—Isso é um grande risco. — Grunhiu Heath, passando a mão pelo
cabelo. —Eles não sabem que estamos aqui. Pelo menos, eu acho que não,
mas essas estradas principais vão ser vigiadas. Eu já estou criando uma
situação perigosa agora que eles sabem que eu estou vivo.
— Vou levá-la, — Jacob oferece. —Ninguém conhece o meu carro.
—Eu não posso deixá-la sozinha, — rosna Heath.
—Ei, — eu sussurro, chegando mais perto e tomando o pulso de
Heath. —Eu sou uma menina grande; Eu vou ficar bem.
— Isso não vem ao caso, — ele resmunga, segurando meus olhos.
—Eu vou ficar bem.
Ele suspira. —Tudo bem, leve-a, mas me mantenha atualizado.
—Você sabe que ela está em boas mãos, homem, — diz Jacob. —
Vamos. Ajude-me a levá-la para o carro.
Heath se abaixa e me toma em seus braços. —Sinto muito, querida.
Eu me estico com a minha boa mão e seguro seu rosto. —Eu vou ficar
bem.
— Blake, dê a ela o telefone.
Blake não hesita. Ele me dá seu telefone. —Chame-me se você
precisar.
Eu aceno, e ele me coloca no carro de Jacob. Se inclina para baixo,
pressionando um beijo suave nos meus lábios. —Eu vou acabar com isso,
eu prometo.
Eu estico para frente quando ele vai puxar para trás e beijo seus
lábios novamente. —Não se machuque enquanto eu estiver fora.
—Eu odeio que você está indo, segundos depois que eu a consegui de
volta.
—Eu ficarei bem.
—Sinto muito que eles prenderam você.

BELLA JEWELL
— Ei, — eu sussurro. —Não faça isso. Falaremos quando eu voltar.
—Ok, baby.
—Tudo bem, bonito.
Ele dá um passo para trás e fecha a porta, batendo no teto do carro.
Eu fecho meus olhos e deixo a dor trazer escuridão novamente.

~*~*~*~

—Como está se sentindo esta manhã? — Heath me pergunta,


pegando-me cuidadosamente em seus braços.
—Já é de manhã? — Eu falo.
— Sim, mas você dormiu um dia inteiro e noite a fora.
—Eu dormi? — Eu suspiro, mudando para uma posição mais
relaxada.
—Bons analgésicos. — Ele sorri, pressionando um beijo no meu nariz.
Lembro-me vagamente da viagem para o hospital. Quando eu cheguei
lá, eles definiram o meu braço, o que doeu como o inferno, limparam
minhas feridas que, felizmente, não precisou de pontos, e deixaram-me sair
com uma boa medicação. Adormeci no caminho até aqui e esta é a primeira
vez que eu acordo, desde então. Eu não sabia que tinha dormido tanto
tempo. Eu me mexi desconfortavelmente, o meu braço está fora de uma dor
surda, mas são os cortes no meu corpo que tornam difícil encontrar uma
boa posição. Parece sempre haver uma ferida pressionando para baixo, não
importa o caminho que eu quero me virar.
—Você está com dor.
Eu olho para Heath após mudar algumas vezes. —Não muito, — eu
falo. —É muito difícil se sentir confortável quando há um corte em cada
parte do meu corpo.
Seus olhos piscam com pesar, e ele olha para longe. —Você precisa de
um chuveiro e um pouco de comida. Vamos lá, eu vou ajudá-la.
Ele desliza para fora da cama e eu quero obter o seu peito quente de
volta, mas eu não faço. Eu me empurro em uma posição sentada e olho
BELLA JEWELL
para o meu corpo dolorido. Há pequenas linhas vermelhas em todo lugar,
algumas mais profundas que outras e cobertas por ataduras, escoriações
apenas leves. Meu pulso está fortemente enfaixado e preso contra o meu
peito. Eu sou uma bagunça quente.
—Eu vou ter que ajudar você a tomar banho. Você não pode molhar o
braço.
Eu sorrio fracamente. — Você parece muito angustiado com isso.
Ele sorri. —Eu estou.
Ele me ajuda, e nós caminhamos para o banheiro, onde liga a
banheira. Eu vejo como ele preenche com sabonete líquido com cheiro.
Quando ela está cheia, ele lentamente remove minha calcinha e sutiã, seus
olhos aumentando com desejo a cada momento.
—Como você pode ficar excitado quando pareço como se tivesse
brigado com um leão?
Ele se inclina, passando a língua sobre o meu pescoço. —Porque você
é a mulher mais bonita do caralho que eu já vi, ferida ou não.
Ele me escava em seus braços e gentilmente me coloca na água
morna. Sinto picadas, e eu assobio entre os dentes, fechando os olhos por
alguns segundos, enquanto espero a dor diminuir.
Quando isso acontece, eu olho para ele novamente. Ele levanta uma
toalha e suavemente passa sobre o meu corpo. —Você é agradável assim
para todas as suas namoradas?
Ele faz uma pausa e seus olhos piscam para o meu. — Eu não tenho
namoradas.
Eu ronco.
Seu rosto continua sério.
Oh.
—Espera, você nunca teve uma namorada?
—No colégio, sim.
—Eu sinto que preciso sair desta banheira e questioná-lo agora.
Sua boca se abre em um sorriso. —Eu não sou um verme; Eu só não
tive tempo para relacionamentos.
BELLA JEWELL
—Mas... Eu quero dizer... Nem mesmo por algumas semanas?
Ele encolhe os ombros. — Eu fodi, talvez mais de uma vez. Se isso se
classifica como um relacionamento, então tudo bem.
—Você é um cão sujo, — eu brinco.
Ele coloca o pano entre as minhas pernas, e eu suspiro.
—Posso ser, mas eu o faço bem, — ele murmura, arrastando o pano
até o meu sexo.
—Você vai me fazer gozar com um pano? Porque isso seria muito
estranho — eu sussurro, girando meus quadris.
—Parece que você não quer que eu pare, considerando que você está
moendo contra a minha mão.
Eu olho para ele através dos meus cílios. Ele permite que o pano se
vá e o substitui pelos seus dedos, deslizando-os para cima e para baixo no
meu sexo, provocações e insultos.
—Você pode entrar, — Eu ofereço ofegante.
—Você está ferida.
—Você tem suas mãos entre as minhas pernas, — eu indico.
—Ela não está arriscando agravar seus ferimentos, — ele respira,
beliscando meu clitóris entre os dedos. O prazer se eleva rapidamente sobre
um pouco da dor, que se enraizou em meu corpo dolorido.
— É porque eu quero você aqui, e eu poderia tentar e lutar por isso.
—Você não vai ganhar. Agora deite quieta e deixe-me trabalhar.
Eu abro minha boca para argumentar mais, mas o dedo desliza em
meu sexo. Eu suspiro e minha cabeça cai para trás. Eu mantenho um
braço atirado para fora da banheira e seguro o lado com o outro,
empurrando meus quadris para cima para que ele possa deslizar mais
profundo. Ele desliza outro dedo, e eu gemo quando estico e puxo em torno
dele.
De alguma forma, ele usa o seu polegar para continuar estimulando o
meu clitóris, e parece incrível.
—Eu realmente nunca fui dedilhada, — Eu suspiro, sentindo as
sensações se construindo no meu núcleo.
BELLA JEWELL
—O quê? — Diz ele, os olhos arregalados.
— Meu ex-marido nunca gostava, então quando ele fez isso, eu nunca
gozei.
— Porra. Sabia que algo estava errado com ele. Não há nada mais
doce do que a boceta de uma mulher quando aperta em torno de seus
dedos. Você pode sentir tudo. É incrível.
Eu arqueio minhas costas enquanto ele dirige seus dedos mais
profundamente no meu corpo. — Oh, Deus, — Eu suspiro.
— É uma sensação boa, não é? — Ele rosna.
— Sim, — eu ofego. —Sim.
— Goze para mim, porra. Goze.
Eu gozo. Venho forte e rápido, apertando ao redor dos seus dedos,
meu corpo agita suavemente na água. Ele me fode com a mão, até que o
último tremor deixa meu corpo, então ele lentamente puxa a mão. — Você é
linda, — diz ele, com a voz rouca.
Abro os olhos e olho para ele. — Se não podemos estar juntos, eu
posso, pelo menos, provar você?
Seus olhos brilham. —Não.
—Por que não?
—Você teve um momento traumático.
— Não foi tão ruim, — eu digo, sentando-me. —Eu quero você. Se
essa é a única maneira que eu posso ter você, então, que assim seja.
— Lucy, — adverte.
—Heath, — eu digo, lambendo meu lábio inferior quando chego para
seu jeans.
—Amor, vamos lá...
—Não, você vai gozar. Desabotoe as calças; Eu não posso fazer isso.
—Luc...
—Agora, Heath — eu ordeno.

BELLA JEWELL
Ele se levanta e desabotoa a calça jeans, deixando-a cair no chão.
Seu pau está projetado e pronto, certo com a minha boca, enquanto eu me
sento na banheira. —Venha, — eu sussurro, entortando o dedo para ele.
Ele dá um passo mais perto.
Eu enrolo minha mão boa ao redor da base dele, em seguida, trago a
ponta para minha boca. Ele assobia quando eu separo meus lábios e levo-o
para dentro, provocando a cabeça um pouco, antes de abaixar minha boca
para baixo em seu eixo. Seu assobio se transforma em gemidos
esfarrapados quando eu o aperto com minhas bochechas e chupo,
acariciando ao mesmo tempo. Ele é grande. Meus lábios queimam enquanto
esticam em torno dele, mas é bom, condenadamente bom tê-lo na minha
boca.
—Foda-se, baby. Não pare, — ele pede, apertando a parte de trás da
minha cabeça.
Eu chupo mais, vou mais fundo. Eu libero o seu pau e agarro suas
bolas, e ele empurra para frente com um gemido. Ele incha em minha boca
depois de mais alguns minutos, e sei que ele vai gozar, antes mesmo que ele
rosne.
—Estou doendo para gozar, baby. Me solta.
Não, obrigada.
Eu chupo mais forte, e ele amaldiçoa em voz alta antes de explodir na
minha boca. Eu tomo tudo dele, cada gota, até que ele começa a puxar para
trás. Eu olho para ele quando ele olha para mim, e eu limpo meu lábio
inferior, sentindo-o inchado sob os meus dedos.
—Deus, caramba, — ele fala roucamente. —Você poderia ficar
melhor?
Espero, sinceramente, que ele sempre se sinta assim.
Porque eu não quero nunca que ele saia.

BELLA JEWELL
Eu olho para os rostos dos cinco homens interessados que estão me
observando, esperando por mim para dizer-lhes o que aconteceu lá. De
repente, me sinto nervosa e inquieta no meu lugar, enquanto eu tento
pensar por onde começar e qual a informação que eles estão procurando.
— Me levaram depois do trabalho, — eu digo com cuidado. — Eles me
levaram de volta para aquele lugar e me trancaram em um quarto. Eles
descobriram que Heath está vivo, porque o viu saindo da minha casa.
A mão de Tank dá um tapa na mesa. — Porra, eu disse que ela seria
a razão pela qual seriamos encontrados.
Heath atira-lhe um olhar tão mortal, que mesmo eu recuo. —Tenha
muito cuidado com a porra que você diz, Tank.
—Nós estávamos tão perto. Tínhamos todas as informações que
precisávamos, tínhamos tudo pronto e ela entrou. Agora aquele filho da
puta sabe que você está vivo, e nós nunca vamos chegar perto o suficiente
para conseguir as provas que necessitamos.
— Nós vamos conseguir, — Heath fala quando ele olha para mim. —
Continue Lucy.
Meu coração bate e a culpa corre por minhas veias, mas continuo,
conforme solicitado. — Ele descobriu que você se importa comigo. Ele disse
que viu em seu rosto, — eu digo suavemente. — Então ele decidiu que me
levar era o melhor plano para levá-lo a sair do seu esconderijo, para que ele
pudesse terminar o trabalho que começou anos atrás.

BELLA JEWELL
— Ele quer matá-lo, — Johnny rosna.
— Ele acha que essa é a única maneira que ele pode ser salvo e
também salvar seus outros irmãos. Ele disse que Deus falou com ele em um
sonho e disse a ele que é o que tinha que acontecer, — eu digo, minha voz
cheia de desgosto.
— Fodido doente, — murmura Blake.
—Então ele está tentando atraí-lo de volta. — Sheldon resmunga,
passando a mão pelo cabelo.
—Sim, — eu confirmo. —Ele realmente é delirante.
— Nós o tínhamos, — Tank rosna, olhando para mim.
—Você sabe o quê? — Eu estalo, furiosa com seu ódio por mim. —
Feche a sua boca, Tank. — A sala fica em silêncio.
—O que você disse? — Sibila Tank.
—Eu não queria fazer nenhum mal. Eu não tinha ideia no que ele
estava envolvido e se eu tivesse, eu nunca teria procurado por ele. Eu não
sou egoísta. Você olha para mim, e você não vê nada, só o que você quer.
Eu não sou uma má pessoa, e estou farta de você me maltratando por
causa de seus problemas.
Ele se levanta e se inclina sobre a mesa. Heath lança sua cadeira,
mas eu coloco a mão para cima.
—Cuidado, — rosna Tank, olhando através de mim.
—Não, — eu digo, de pé encarando seu rosto. —Eu o amo. Eu não me
importo se você gosta disso ou não. Eu não me importo se você acha que eu
deveria estar aqui ou não deveria. Eu estou aqui, e não há uma única coisa
que você possa fazer sobre isso. Se você quer me odiar para sempre, então
que assim seja, mas não vou tolerar ser abusada mais tempo por você.
—É isso aí, garota. — Sorri Sheldon. —Diga a ele.
— Sente-se, Tank — Heath rosna, tomando meu ombro e me
puxando de volta.
Tank empurra seus olhos longe de mim, depois olha para Heath. Em
seguida, ele se vira e sai feito uma tempestade da sala.

BELLA JEWELL
Meu coração está acelerado pelo tempo que eu viro o rosto para
Heath. —Sinto muito, — eu digo, minha voz tremendo. —Eu não queria
causar nenhum problema.
—Eu sei que não, — diz ele gentilmente, acariciando o polegar sobre
meu rosto. —Ele merecia isso.
— Agora que está fora do caminho, — Johnny diz, de pé, — o que
vamos fazer sobre Josh? Ele vai planejar outra maneira de chegar até nós,
mas para a polícia encerrar o que estão fazendo lá, eles precisam de provas
de um crime. Agora, é apenas a palavra de Lucy.
—Eles mataram pessoas em um estádio! —Eu choro.
—Sim, eles mataram. E eles prenderam os que estavam envolvidos
nisso, mas como para os outros, não há prova de que eles estavam
envolvidos, eles não podem prendê-los por estarem associados com pessoas
que realizaram o ataque.
Eu pisco. —Mas... Josh está por trás de tudo isso.
—Sim, e ele é inteligente. Ele alegou que não instrui seus seguidores,
que eles fazem o que eles acreditam que é certo de suas próprias crenças.
Ele apenas orienta-os. Ele afirma que não tinha ideia sobre o ataque.
—Mas isso foi amplamente conhecido, que o grupo queria a terra...
—Sim, foi, mas não há nenhuma ligação direta com ele e o confronto
com a cidade. Novamente, eles prenderam os homens que estavam lutando
pelo campo. Josh manteve-se limpo, alegando que, enquanto Deus lhe disse
que ele precisa da terra, ele não instruiu um ataque. A menos que a polícia
possa encontrar provas contra ele, eles não podem prendê-lo. As pessoas
presas assumiram total responsabilidade. Ele não é estúpido, ele tem os
transportado para fazer o trabalho sujo.
— Isso é tão errado! — Eu grito. —Tão errado. Ele deveria ser preso.
—A lei é fodida, baby, — diz Heath. —A única maneira de encerrar o
que ele está fazendo lá, é ter a prova de um crime que afeta a todos, caso
contrário, eles são apenas os crentes que não podemos tocar.
Lágrimas de raiva queimam sob minhas pálpebras. Este homem está
cometendo um crime após outro crime e fica impune. —Ele me sequestrou,
isso não conta?

BELLA JEWELL
—Ele sequestrou, mas se nós nos movemos para a polícia agora e
disser-lhes, poderia explodir tudo antes de estarmos prontos, e ele poderia
fazer uma fuga e começar em outro lugar. Precisamos ter cuidado com isso.
—Eles estão estuprando meninas lá, — eu sussurro, deslizando entre
as lágrimas.
— Eu sei que eles estão. Meninas menores de idade. Eu sei que eles
estão. Isso é o que estávamos esperando provar, mas precisamos ter o tipo
certo de provas para certificar-nos de que quando ele vier abaixo, ele não
possa voltar para cima. Se não for suficiente, ele só vai fugir com isso e
fazer de novo.
—Você falou com as meninas?
Ele balança a cabeça. —Eles não podem falar com essas meninas sem
a supervisão dos pais, mesmo se tiverem motivos sólidos para se sustentar.
Agora, eles estão apenas assumindo que estão sendo violadas. A polícia está
fazendo o que pode.
—Eu posso começar a prova, — eu digo. —Eu posso conseguir. —
Todos os olhos se voltam para mim.
—E como você espera fazer isso? — Diz Heath.
Eu esfrego meu braço. —Eu vou voltar.
—Não, — late Heath.
— Não é uma boa ideia, — murmura Blake.
—Eu digo para ouvi-la, — Sheldon acrescenta cuidadosamente.
— Eu estou com Sheldon, — Johnny diz, segurando os olhos de
Heath.
—Ele sabe que ela está comigo. Ele não vai deixá-la voltar, não sem
machucá-la, — Heath argumenta, os punhos cerrados. —Não.
—Ele vai, se ele acreditar que ela quer se juntar a ele, —Sheldon
acrescenta.
Heath olha pra ele. —De jeito nenhum.
—Ele está observando, ele está sempre olhando, — eu digo
suavemente. —Só vai levá-lo a testemunhar uma briga entre nós, e para eu

BELLA JEWELL
aparecer lá. Pode levar um pouco de tempo, mas acho que ele vai acreditar
em mim, depois de um tempo. Eu posso fazê-lo acreditar em mim.
—Mesmo se esse for o caso, — Blake diz —Como é que você pensa
que irá provar que as meninas menores de idade estão sendo estupradas?
— Vou levar uma câmera de vídeo ou um gravador de voz. Vou chegar
perto das meninas. Vou pegar confissões. Vou pegar o que eu preciso, e
então nós vamos ter a prova.
—De jeito nenhum. É muito perigoso, porra, — Repreende Heath. —
Não vai acontecer.
—Nós não temos outra opção agora, irmão, — diz Johnny. —Os
policiais não vão chegar perto, você não vai conseguir nada, nenhum de nós
tem qualquer porra de chance de se aproximar, exceto ela.
—Josh não é estúpido, — late Heath. —Ele vai saber que ela está
fingindo.
—Por um tempo, ele pode suspeitar, mas se ela jogar junto, ele vai
acreditar nela. Ele acha que pode mudar todo mundo.
—Ele está certo, — eu digo, estendendo a mão para Heath, mas ele
empurra de volta.
— Heath...
—Eu não vou arriscar você. Fim de história, porra. — Ele se vira e sai
da sala como uma tempestade.
Eu suspiro e olho para os caras. — Deixe-me falar com ele.
—Convença-o, — Johnny diz, de pé, pegando um maço de cigarros de
cima da mesa. —É a nossa única chance.
Eu mantenho seu olhar e aceno. Ele retorna.
Então eu viro e olho para o quarto. Aqui vai.

~*~*~*~

—Ei, — eu digo, entrando no quarto.

BELLA JEWELL
Heath esta perto da janela, olhando para fora, com os braços
cruzados sobre o peito, seu corpo apertado. Eu ando mais e coloco minha
mão em seu ombro, inclinando-me e pressionando minha bochecha contra
suas costas.
—Não vai acontecer, Lucy, — ele murmura.
—Você pode não gostar, mas você e eu sabemos que é a única
escolha que temos.
Ele se vira e olha para mim, seu rosto apertado. —Não, não é a única
opção.
—Você me dá outra opção, e eu recuo, — Eu desafio.
Sua mandíbula se aperta. —Vou acabar com o filho da puta.
—E ir para a cadeia?
Ele rosna.
—Ou morrer?
— Foda-se, Lucy. Você está me pedindo para arriscar sua vida.
—Ele não vai me matar, — eu digo, mas não estou inteiramente certa
se eu acredito nisso.
—Até o santo acima dizer-lhe que é o que ele tem que fazer.
Eu me estico e prendo a mandíbula de Heath nas mãos. —Ele não vai
me matar se ele acreditar que estou do lado dele.
—Ele não vai acreditar.
—Ele vai.
Ele balança a cabeça. —Porra, ele é inteligente. Ele não vai cair nisso.
—Se tornarmos isso incrível o suficiente, ele vai, Heath.
—Foda-se. — Ele suspira, passando a mão pelo cabelo. —Eu não
estou bem com isso.
— Eu vou ficar bem.
— Você tem uma porra de pulso quebrado. Você ficou presa lá dentro,
você não vai sair tão facilmente de novo.
— Só que desta vez, você vai estar lá, me observando.

BELLA JEWELL
—Eu não gosto, — ele encaixa.
—Heath, por favor, — eu digo suavemente. —Eu estava lá naquele
dia; Eu vi as vidas tiradas. Eu preciso fazer isso. Eu preciso fazer isso por
eles, para as meninas lá que não têm escolha. Eu preciso disso.
Ele olha para longe, seu rosto tão torcido pela emoção que me dói ver.
—Por favor, — eu sussurro.
—Droga, baby, — diz ele, com a voz fraca. —Eu não gosto disso.
—Eu não estou pedindo para você, — eu digo, chegando e cobrindo
seu rosto, virando-o de volta para mim. —Mas eu estou pedindo para você
me apoiar nisso.
Ele exala e vira seu rosto em minha palma. — Eu não estou
recebendo uma escolha, estou?
—Não.
Ele enrola a mão ao redor da parte de trás da minha cabeça e traz o
meu rosto em seu peito. Eu enrolo meu braço em volta da cintura dele e nós
estamos lá, pendurados um no outro por um longo, longo momento.
—Eu vou fazer isso, — diz ele no meu cabelo, — mas não estou bem
com isso.
—Eu sei disso, — eu sussurro.
—Não deixe que ele te machuque.
—Ele não vai.
Ele beija minha testa e puxa para trás. —Vamos levar este show na
estrada, então.
—Há algo que tenho que fazer primeiro, — eu digo, temendo.
—O que é?
—Eu tenho que ir para a mediação com Gerard amanhã.
Ele exala alto. —Porra.
—Sim.
—Você precisa de mim para fazer alguma coisa?
Eu olho para ele, estudando suas belas características. — Basta ser
você.
BELLA JEWELL
Ele sorri. —Sempre.
Sempre.
Espero que sim.

BELLA JEWELL
—Bem-vinda, senhora, — cumprimenta o mediador. Ele é um senhor
mais velho, talvez em seus sessenta anos mais ou menos, e ele tem olhos
castanhos realmente profundos. Ele rapidamente me coloca mais à vontade
com um aperto de mão suave e um doce sorriso. —Eu sou Clive.
Dou um passo em seu escritório e olho para Gerard e Heather. Meu
queixo fica apertado, mas eu mantenho a calma. Gerard dá uma olhada
para mim e salta. —Que diabos aconteceu com você?
—Gerard, — Heather diz, sua boca apertada. —Sente-se. — Ele se
senta, mas a preocupação está gravada em suas feições.
—Estou bem. Eu tive um acidente com uma cerca, — eu digo, e é a
verdade.
—Tem certeza? — Ele pergunta.
Eu sorrio fracamente.
—Gerard, — sibila Heather.
Ele olha para o lado e volta para Clive, que está estudando todos nós.
—Por favor, tome um assento, Lucy — diz ele em um tom paternal. —
Você tem alguém com você?
Heather bufa. — Você trouxe seu amigo imaginário?
Eu quero vencê-la. Eu realmente, realmente quero vencê-la.
—Não, — eu digo com os dentes cerrados. —Eu não tenho ninguém
aqui comigo.
BELLA JEWELL
—Então vamos começar?
Eu aceno e evito contato visual com Gerard, enquanto eu me sento
em frente a ele e ouço.
—Estamos aqui para tentar, basicamente, evitar um divórcio
bagunçado e tempo no tribunal. Meu trabalho é ajudar a falar com vocês
através de tudo isto, para que possamos chegar a um acordo limpo e ajudar
a ambos passar por isso o mais rapidamente possível. Vamos começar com
a casa, não é?
Eu concordo. Gerard acena.
—Lucy, quais são seus pensamentos sobre isso?
Olho para Clive e falo. Ele realmente parece gentil e justo.
—Eu pensei que gostaria de manter a casa, mas ultimamente, eu
considerei vendê-la.
É um pensamento que levei um tempo para decidir. Morando na casa
que dividi com Gerard por todos esses anos apenas parece... Errado.
— E você está disposta a dividir os proventos da venda com Gerard?
— Claro que ela está. Ela tem que estar, — diz Heather.
—Senhora, — diz Clive. —Por favor, abstenha-se de falar, a não ser
que lhe seja perguntado.
Ha. Engula cadela.
Ela fecha a boca e olha para mim.
—Claro que eu concordo com uma divisão, — eu digo. —É a casa
dele, também.
—A divisão, sem filhos, é geralmente cinquenta/cinquenta.
— Seus pais ajudaram a comprar a casa, — diz Gerard. — Eu acho
que ela deve ter sessenta por cento.
— Gerard! — Encaixa Heather.
—É justo, — ele murmura, sem olhar para ela.
— E você está bem com isso, Lucy? — Pergunta Clive.
—Sim, — eu digo, estudando minha mão.

BELLA JEWELL
—Muito bom. A próxima coisa vai ser, toda a mobília e posses,
veículos, coisas assim.
— Eu tomei todas as minhas posses, — diz Gerard.
— E você está bem com o que ele tomou? — Pergunta Clive.
—Sim, — eu digo, com uma voz monótona.
—E os veículos? — Ele continua.
—Tem havido um pouco de debate sobre os veículos, — eu digo,
finalmente fazendo contato visual com Gerard que está me estudando.
—Gostaria de explicar? — Clive pede.
—É o carro dele, — diz Heather.
Jesus. Ela só não pode calar a boca.
—Isso está correto? — Clive pede à Gerard.
—Sim, é o meu carro, mas eu tenho um carro de trabalho, de modo
que eu deixei o meu com Lucy.
—E, em seguida, tentou levá-lo de volta, — murmuro.
—Isso é porque o seu carro de trabalho pode não durar, e ele vai
precisar de algo mais, — Heather joga em mim.
—Meu Deus, — eu rosno. —Você vai apenas calar a boca?
—Por quê? Você está com medo sobre o que eu vou revelar? — Ela
dispara de volta.
—Não há nada para revelar!
Ela olha para Clive. —Ela estava tendo um caso antes da separação.
—Isso certamente muda as coisas, — diz ele, olhando para mim. —
Isso é verdade?
—Não! — Afirmo veementemente. —Eu não estava tendo um caso.
—Ela está mentindo. Ela também é mentalmente instável, alegando
que vê alguém que não está lá. Eu acho que deveria ser solicitado que ela
tenha uma avaliação psicológica completa antes de qualquer coisa ser
assinada.
— Obrigado por sua informação, Heather... — Clive começa, mas eu o
interrompo.
BELLA JEWELL
—Eu não sou louca. Eu não estava tendo um caso. E eu estou farta
de você interferir neste negócio, que não é seu.
—Você está louca! —Ela grita.
—Senhoras...
Uma batida soa na porta. Todos nós ficamos tranquilos.
—Sim? — Clive diz, com a voz cansada.
—Desculpe incomodá-lo,— a recepcionista diz, colocando a cabeça
entre a porta. — Há um homem aqui, ele está com a polícia. Ele disse que é
importante que entre nessa mediação.
—O quê? — Engasga Heather. — Por que tem um policial aqui?
Sim, porque tem um policial aqui? Meu coração bate.
—Deixe-o entrar.
Eu olho para a porta e todo o meu mundo gira quando Heath entra,
parecendo o céu e o inferno, e tudo que é belo neste mundo. Meu lábio
inferior treme enquanto seus olhos encontram os meus, então ele caminha
até a mesa e para, olhando para Heather e Gerard.
—Desculpe interromper, — ele começa, finalmente olhando para o
mediador. —Eu sinto que é necessário que eu esteja aqui, como um oficial
anterior da lei, e informá-lo da minha parte em tudo isso.
—Quem diabos é você? — Pergunta Heather.
Heath olha para ela. — Eu sou Heath, o homem imaginário que todos
vocês tão dolorosamente fizeram Lucy consciente nos últimos meses.
Você podia ouvir as mentes na sala se questionando.
—Você vai entender que eu preciso de identificação para me certificar
se você é quem realmente diz ser. — Clive diz.
Heath tira sua identificação e entrega a ele. — Eu estava com Lucy no
dia do ataque. Eu saí com ela. Depois disso, eu estava trabalhando em um
caso secreto e estava em um programa de proteção a testemunhas, por isso
não fui capaz de me apresentar. Essas pessoas torturaram e chamaram-lhe
de louca. O seu próprio marido se afastou dela. Ela não estava tendo um
caso, e se você perguntar, o investigador particular que eles contrataram,
vai lhe dizer o mesmo.

BELLA JEWELL
A boca de Heather abre e fecha. Gerard parece que vai desmaiar.
—Obrigado por tomar o tempo para vir aqui e esclarecer isso, Sr.
Walker. Existe uma maneira que eu possa entrar em contato com a sua
estação e confirmar isso?
Heath acena. — Sim, toda a informação esta aqui mesmo neste
cartão. — Heath lhe entrega um cartão do bolso, e depois olha para Gerard
e Heather.
—Você, — Ele aponta para Heather — Precisa aprender a fechar a
boca antes que fique em apuros, e você, — Ele aponta para Gerard —
deveria ter vergonha de si mesmo, deixando a sua mulher quando ela mais
precisava de você e arrastá-la por tudo isso. Mas, principalmente, por
deixar que a cadela perversa da sua irmã fale com ela do jeito que ela tem
falado. Essa mulher estava carregando o seu filho apenas alguns meses
atrás; ela era sua esposa, e você escolheu tratá-la do jeito que você anda
fazendo.
Gerard abre a boca.
Heath coloca uma mão para cima. — Você perdeu a sua chance. E
deixe-me dizer-lhe, você perdeu uma coisa muito boa ao fazê-lo. Ela é a
melhor coisa que já aconteceu com você em sua vida, e você deu-lhe
distância. Tome um longo e duro olhar para ela. Saiba o que você perdeu,
porque ela é minha agora, e eu posso te dizer... — Ele se inclina para frente,
colocando as mãos sobre a mesa, — Ninguém nunca vai levá-la de mim,
nem eu vou perdê-la porque tenho a minha cabeça empurrada na minha
própria bunda que não posso ver o que está bem na minha frente.
A boca de Gerard bate fechada e os olhos fixam em mim. —Lucy?
Eu não respondo. Eu só me lanço para fora da minha cadeira e viro,
me jogando nos braços de Heath enquanto as lágrimas rolam pelo meu
rosto.
—Eu deveria ter feito isso mais cedo, — ele murmura no meu cabelo.
—Eu sinto muito, baby.
—Eu te amo, — eu sussurro.
—Eu te amo, também.
—Isto é um ultraje! — Heather chora, saltando para cima.

BELLA JEWELL
—Sente-se! — Late Clive. —Esta sessão está acabada para o dia,
enquanto eu confirmo o que Heath disse-me aqui. Vou chamá-los com uma
nova data, e Gerard, eu sugiro que você deixe a sua irmã em casa da
próxima vez.
Gerard tem os olhos em Heath e eu. Ele parece magoado.
Principalmente, ele parece irritado. Em seguida, ele se vira para Heather. —
Não se preocupe. Eu farei.
—Gerard! — Ela grita, enquanto ele se levanta e caminha até nós,
estendendo a mão. Heath aperta. —Obrigado por dar a ela o que eu não
podia, — diz Gerard, seus olhos se deslocam de Heath à mim.
—Sinto muito, Lucy. Desejo-lhe toda a felicidade. — Então ele se vira
para Clive. —Dê a ela o que ela quiser; Vou assinar o que quer que seja. Eu
não preciso ir a tribunal.
Clive acena. Gerard sai da sala.
—Isso ainda não acabou! — Heather grita, olhando para mim antes
de sair correndo depois de Gerard.
—Essa mulher precisa de uma bala, — murmura Clive.
Olho para Heath e começo a rir.
Sim, é verdade que ela precisa.

~*~*~*~

—Você é incrível, — eu respiro, girando meus quadris e tomando o


pau de Heath dentro de mim.
—Porra, eu teria feito isso mais cedo se eu soubesse o quão grata
você seria, — ele geme, as mãos nos meus quadris, me circulando em seu
colo.
Nós estamos em sua caminhonete, estacionado em uma rua
tranquila, e eu estou no seu colo. Seu pau está profundo dentro de mim e
estamos fodendo lento e intenso.
—Eu quero gozar, — Eu choramingo, usando a minha mão boa para
agarrar seu ombro.

BELLA JEWELL
—Venha para mim, então, baby. Goze.
—Eu quero que dure mais tempo, — eu digo na próxima respiração,
jogando a cabeça para trás e ofegando seu nome.
—Se você não gozar, eu vou, — ele rosna, inclinando-se e mordendo
meu pescoço.
Eu choramingo e cravo minhas unhas em sua carne, arqueando as
costas até que finalmente, meu corpo explode com prazer. Um grito
estrangulado deixa minha garganta e parece incrível, assim, Deus, tão
malditamente incrível. Alguns segundos depois, Heath sussurra meu nome
contra o meu pescoço e os empurrões de seu pau dentro de mim se
intensificam.
Felicidade.
—Nós provavelmente devemos sair desta rua, — diz ele depois de
alguns minutos.
—Só mais um segundo, — eu digo, acariciando seu pescoço, correndo
minha língua para fora para provar o seu suor. Ele se vira e nossos lábios
se encontram. —Você é linda, — diz ele, seus olhos enevoados com prazer.
—Assim é você, — eu respiro contra ele.
—Temos que sair daqui agora. — Ele cuidadosamente me levanta e
me coloca de volta no meu lugar, fechando seu jeans antes de virar e olhar
para mim. —Você está bem?
—Nunca estive melhor. — Eu dou-lhe um sorriso genuíno.
—Fico feliz em ver que o sorriso toca seus olhos, menina Lucy.
—Ele não tocaria sem você.
—Fico feliz em saber disso, também.
Eu sorrio. Ele sorri.
—Você está pronto para ir e fazer planos? — Pergunto.
Ele bufa e liga a caminhonete enquanto eu endireito-me. —Nem um
pouco.
—Quanto mais cedo acabar com isso, melhor, — eu indico.
—Eu sei disso. Não significa que eu goste.

BELLA JEWELL
Eu falo suavemente. — Ei, Heath?
—Mmmm?
— O que exatamente vamos fazer quando isso acabar?
—Eu pensei que seria óbvio agora?
Eu estreito meus olhos e estudo-o. —Como assim?
—Nós ficamos juntos em uma série de momentos, por isso só parece
lógico o que vamos fazer quando estivermos livres de tudo isso.
—E o que é? — Eu pedi.
—É simples, menina Lucy, — diz ele, chegando mais perto e pegando
a minha mão. —Criamos mais momentos. Uma vida inteira deles.
Criamos mais momentos. Uma vida inteira deles.
Oh, sim.

BELLA JEWELL
—Você tem certeza sobre isso? — Heath pede, quando nós entramos
em sua caminhonete.
Eu engulo e olho para os caras, que estão olhando para mim. —Sim.
—Eu não gosto disso, Lucy.
—Eu sei.
—Ei, — Sheldon diz, chegando até a janela. —Certifique-se de cuidar
de si mesma e fazer tudo o que lhe dissemos para fazer.
Eu concordo. —Eu vou. Eu prometo.
—Não deixe nada ao destino, querida, — Blake diz, empurrando
Sheldon para fora do caminho. —Confie em sua intuição.
Concordo com a cabeça, forçando para trás o medo que bloqueia
minha garganta.
— E se você tiver que lutar, — Johnny diz, dando um passo ao lado
de Blake. — Lute duramente.
—Obrigada, pessoal.
—Boa sorte, — Sheldon diz, e todos eles voltam para trás.
Heath está prestes a se afastar, quando Tank se aproxima da janela.
Todo mundo fica em silêncio.
—Eu estava errado, — diz ele, com a voz rouca. —Obrigado. — Com
isso, ele se vira e desaparece dentro de casa.

BELLA JEWELL
Meu coração dói um pouco por ele.
—Pronta? — Pergunta Heath.
—Estou pronta.
Nós saímos e dirigimos até a cidade, chegando em minha casa. Nós
dois entramos e uma vez que estávamos dentro, nós não perdemos tempo.
Heath me dá uma pequena câmera que pode gravar vídeos e áudios. É
pequena o suficiente para que eu possa colocá-la em minha calcinha, e
ninguém ficará sabendo. É quase do tamanho de um drive de USB. Fora
isso, não tenho outros dispositivos em mim.
Tem sido uma semana desde que nós decidimos fazer essa coisa,
então à maioria dos arranhões no meu corpo já se curou, mas meu braço
ainda está em uma tipoia. Johnny me informou que pode vir a calhar, se eu
precisar bater em alguém na cabeça. Os caras passaram a última semana
vendo tudo sobre Josh e dando-me informações sobre o culto e o que eu
preciso saber.
Eu estou aterrorizada.
—Vamos passar por isso mais uma vez, — Heath disse, se jogando no
sofá.
—Heath, nós já passamos por tudo isso. Eu só quero cinco minutos
com você.
Ele me puxa para o seu colo, e eu me enrolo nele. —Se algo acontecer
com você... — Ele diz, com a voz tensa.
—Não vai acontecer nada.
—Eu não posso ter certeza disso.
—Eu vou ficar bem.
Eu encontro seus lábios com os meus e beijo-o, lentamente no início,
em seguida, mais profundo, até que somos todo línguas e bocas, os nossos
corpos esmagados juntos.
Nós ficamos assim, beijando e abraçando, durante a próxima hora.
Então, nós dois sabemos que é hora.
—Lucy, — Heath diz quando eu ando até a porta.
—Sim?

BELLA JEWELL
—Porra, eu te amo, baby.
—Eu também te amo.
Ele aperta minha mão, e eu não luto com minhas lágrimas, porque
sei que vou precisar delas. Eu as deixo rolar pelo meu rosto enquanto
Heath puxa seu telefone e liga para Sheldon.
—Ele está assistindo? — Com um aceno de cabeça acentuado, Heath
desliga. —Ele está assistindo. Vamos fazer isso.
Concordo com a cabeça, as lágrimas rolando e viro-me para fora de
casa, deixando toda a raiva e fúria pelas meninas presa naquele lugar
abastecendo meu ato. —Não me siga, Heath! — Eu grito.
—Você está louca. Tudo o que ele disse era uma mentira, — ele late,
poucos passos atrás.
—Se é uma mentira, então por que você se transformou tão terrível
contra mim, desde que cheguei aqui?
—Porque ele corrompeu você.
—Eu pensei assim, também, — eu grito. — Até que eu cheguei em
casa e você passou a agir como está agindo. Talvez ele estivesse certo; talvez
você seja uma pessoa má.
—Ele é uma porra de charlatão, Lucy. Ele está tentando torcer sua
mente.
—E quanto a você? E sobre o que você está tentando fazer?
—Ele precisa pagar.
—Ele estava tentando ajudá-lo, — eu grito tão alto que até mesmo ele
recua. —Ele estava tentando ajudá-lo, e você virou sua família contra ele.
Eu meio que entendo por que ele fez o que fez.
—Ele merece morrer, porra, — Heath grita.
—Quem diabos é você? — Eu suspiro, pressionando uma mão no
meu peito. —Você é um monstro.
—Ele é o monstro. Se você for embora daqui agora, estamos acabado.
Você me ouviu, porra?
Eu me preparo para o que vai vir a seguir, porque eu sei que está
vindo. Temos praticado, mas dói tudo do mesmo jeito. Heath da um passo à
BELLA JEWELL
frente e enrola a mão em volta do meu braço, me empurrando para frente
com tanta força que eu tropeço.
—Deixe-me ir, — eu grito.
—Você não está me ouvindo. Ele é um monstro. Ele está brincando
com a sua mente.
—Deixe-me ir, — eu abaixo, tentando puxar para trás.
—Eu sinto muito, — sussurra Heath, antes de deixar-me ir com tanta
força, que caio para trás na terra em minha bunda.
Viro-me e empurro para os meus pés, correndo para baixo do
caminho. Meu gesso bate contra minhas costelas e irradia dor através do
lado do meu corpo. Mas, isso tem que ser feito assim.
—Volte aqui! — Ele late.
Eu não paro. Lágrimas fluem facilmente pelo meu rosto, porque
apesar de eu saber que não era real, dói assim mesmo.
Eu corro e desbloqueio meu carro, me jogando dentro, então eu saio.
Eu vou a um parque nas proximidades.
E eu espero.
Porque eu sei que ele vai vir para mim.
Eu apenas sei.

~*~*~*~

Estou certa.
Dentro de cinco minutos, a van branca puxa para cima e Josh sai,
seguido por alguns de seus criados. Eu finjo que não os vejo e fico sentada,
a minha cabeça em meus braços, soluçando. Eu posso sentir o dispositivo
de gravação escondido na minha calcinha, o único local seguro para isso
agora.
Seus passos se aproximam, e eu não olho para cima.

BELLA JEWELL
—Eu disse-lhe que tipo de homem ele era. — A voz de Josh é suave,
calmante, e por um segundo eu posso ver por que as pessoas se apaixonam
por ele.
Eu olho para ele com o rosto coberto de lágrimas. —Vá para o inferno.
—Você realmente não quer isso. Eu vi o que ele fez com você.
Eu olho para longe, as aulas de teatro na escola funcionando.
—Ele é um monstro, Lucy. Eu já lhe disse isso. Eu sei que você sabe
disso.
—Ele está apenas com raiva, — eu digo, defendendo-o um pouco,
conforme as instruções.
—Ele pode estar perdendo o controle.
Eu olho para cima e encontro seus olhos. — Parece com alguém que
eu conheço, — eu agarro.
Ele se ajoelha ao meu lado. — Eu gosto de controle, mas eu não sou
um monstro como ele.
Sim, você é. — Ele está apenas ferido e...
—Ele vai te machucar. Eu sei que ele vai. Ele vai fazer você sofrer por
me defender.
—Eu não estava defendendo você, — eu cuspo, então deixo meu rosto
cair com realização, conforme ensaiado. —Eu não...
—Está tudo bem, — diz ele, suavemente. — Não há problema em
aceitar que talvez seus sentimentos em relação a mim sejam diferentes do
que você pensou em primeiro lugar.
—Eu odeio você, — eu tento novamente, desta vez um pouco mais
fraca.
—Você não odeia, porque sabe que o que eu disse sobre ele é verdade,
não é, Lucy?
As lágrimas caem novamente. —Eu o amo, — eu soluço,
entrecortada.
—Mas ele não te ama. Você é apenas um brinquedo em seu jogo.
—Mas talvez... —Eu protesto sem convicção.

BELLA JEWELL
—Você sabe que eu estou certo. Venha comigo; fique por alguns dias.
Eu posso responder a quaisquer perguntas que você tiver sobre ele.
Eu olho para ele. Não se entregue com muita facilidade. Ele saberá
que você está mentindo.
—Eu não confio em você, — eu digo, minha voz dura.
—Isso virá com o tempo. Venha, fique à noite. Eu vou alimentá-la e
nós podemos conversar. Se você quiser ir embora na parte da manhã, você
pode.
—Eu não acredito em você. Você me sequestrou, — eu afirmo,
deslocando para trás.
—E para o seu próprio bem, o que você vai ver se vier comigo.
Meu olhar passa por ele, esperando que minhas feições mostrem
confusão e preocupação. —Eu não... Eu não sei.
—Confie em mim, Lucy. Eu não vou te machucar.
Porco nojento. Eu olho para ele. —Eu...
—Venha, você está com frio e chateada.
— Mas...
—Venha.
Ele pega a minha mão, e eu o deixo me ajudar a sair do carro para os
meus pés. Ele rapidamente fecha a porta atrás de mim. Hesito um pouco
mais, caminhando lentamente, fazendo-o puxar-me junto a van. Quando
chegamos à porta, eu paro e cansada digo, —Eu não sei...
—Eu não vou te machucar, — diz ele, e se eu não soubesse,
acreditaria nele. Ele é bom.
—Ok, — eu sussurro, subindo para a van, mas não antes de eu pegar
o olhar triunfante que ele atira ao homem ao lado dele.
Eu o peguei em anzol, linha e isca. Ele acredita em mim.
E que comece a diversão.

BELLA JEWELL
Ninguém fala em todo o percurso.
Eu me certifico de olhar pela janela com uma expressão tensa,
assegurando que eu estou aparentando estar um pouco confusa e um
pouco perdida. Eu não quero ceder muito facilmente. Os irmãos têm razão;
Josh não é estúpido e vai me descobrir se eu fizer algum movimento errado.
Chegamos e os três homens saem antes de mim, abrindo a porta e
olhando ansiosamente em minha direção. Hesitante, saio, envolvendo um
braço em volta de mim mesma e olhando para o grupo de homens que
pararam para me estudar. Eles estão mostrando uma mistura de choque,
raiva e surpreendentemente, compaixão.
—Eu tenho que perguntar, você tem um telefone com você? — Josh
pergunta, andando ao meu lado enquanto nós nos movemos em direção ao
barracão.
—Não, eu não o peguei quando corri para fora. Eu só peguei minhas
chaves.
—Tudo bem. Eu só queria que você soubesse que este é um lugar
sem telefone, e nós todos valorizamos muito isso.
Eu não digo nada, apenas aceno rigidamente.
—Você não precisa ter medo, — continua ele. —Eu não vou trancar a
porta. É apenas uma noite, lembra? Ninguém vai te segurar aqui contra a
sua vontade.

BELLA JEWELL
Ele é um mentiroso sujo, mas se isso é o que é preciso para eu estar
onde preciso, eu vou jogar junto. Concordo com a cabeça rigidamente.
—Vem, refresque-se e, em seguida, se junte a nós para o jantar, — diz
ele, levando-me para o quarto, aonde ele me manteve antes.
Olho para minhas mãos quando ele explica, —Há roupas limpas no
armário e o chuveiro é ao fundo do corredor.
Uma recepção muito melhor do que eu recebi da última vez. Eu não
disse nada; Eu apenas sento no final da cama, esperando por ele sair.
—Eu sei que parece estranho agora, mas posso assegurar-lhe que
uma vez que você pensar direito o tipo de homem que é meu irmão, não vai
doer mais. Se você confiar em nós para cuidar de você, você vai ver isso.
Cuidar de mim.
—Obrigada, — murmuro olhando para as minhas mãos.
—Eu vou voltar em uma hora para buscá-la para o jantar. Não o
deixe em seus pensamentos; a primeira parte de superar o que ele fez para
você é parar o processo de pensamento em seu rastro.
Eu não disse nada. Ele finalmente sai.
Agora é hora de colocar o plano em ação.

~*~*~*~

A primeira coisa que faço é verificar se no quarto tem câmeras


escondidas. Sheldon é treinado na arte de esconder isso e disse-me todos os
locais onde possam estar. Sutilmente ando pelo quarto como se eu estivesse
apenas olhando, pegando o livro e fazendo a leitura, coisas assim. Acho
duas câmeras. Eu não olho diretamente para elas, mas eu asseguro-me de
agir confusa e ligeiramente aborrecida quando estou na frente delas.
Quando eu vou para os chuveiros, vejo uma câmera bem antes de eu
entrar, mas não parece haver qualquer outra dentro do chuveiro. Ainda
assim, eu não confio que não exista. Eles não podem saber que eu tenho
uma câmera escondida entre as minhas pernas, então ao invés de tomar
banho, eu fico agindo nervosamente e até consigo derramar uma lágrima,

BELLA JEWELL
antes de correr de volta para o quarto. É um pouco de teste, porque eu sei
que ele está me observando, ele virá para ver o que está errado.
Ele vem.
O que me diz que há câmeras em mais lugares do que eu possa ver.
Quando eu remover o que estou escondendo, terei que ter muito
cuidado com ele.
— Nós estamos indo para o jantar. Eu apenas pensei em checar você
e ver como está se adaptando, — Josh diz, entrando no meu quarto. —Vejo
que você não tomou banho.
Ele não podia saber isso, porque eu mudei para o vestido que ele me
deu. Eu poderia ter tomado banho. Ele realmente não saberia, a menos que
ele estivesse me observando.
—Eu só... Estou muito chateada e confusa. Eu não sei se eu deveria
estar aqui.
—Que tal você vir e comer, então podemos falar mais sobre isso?
Eu olho para ele. —Você me sequestrou. Eu não confio em você.
Seu sorriso se torna quente, mas assustador. —Eu entendi isso. Eu
não estou pedindo que você confie em mim; Só estou lhe pedindo para
comer. Você deve estar com fome.
Dou-lhe uma expressão cética, então suspiro. —Eu estou.
—Venha, então. — Ele me leva para a área onde a fogueira foi acessa,
e eu enfrento os olhares escaldantes jogados em minha direção por algumas
das pessoas que me observam.
—Eu pensei que todas essas pessoas fossem adeptas do perdão? —
Murmuro.
—Somos, — diz ele, lançando um olhar franzido para as pessoas, que
tem seus rostos caindo imediatamente. Eles instantaneamente substituem
suas carrancas com sorrisos.
Meu Deus. O poder que ele tem sobre eles é aterrorizante.
— Por favor, sente-se perto do fogo e se aqueça. Vou pegar um pouco
de comida.

BELLA JEWELL
Sento-me em um descanso perto do fogo e o vejo ir em direção as
longas mesas de comida a ser servidas por um grupo de senhoras. Para
quem não conhece, diria que esta era apenas uma família normal,
desfrutando de viver sem dispositivos modernos. Que eles simplesmente
amavam o mundo e a natureza.
Isso seria tão incorreto.
—Aqui.
O prato é empurrado para mim, e eu olho para baixo para ver o
conteúdo. Nenhuma carne, todos os alimentos são legumes e vegetais, mas
parecia bom. Murmuro um agradecimento e pego, colocando-o no meu colo.
Josh senta ao meu lado, e me atrevo a fazer a pergunta que estava
querendo saber desde que cheguei aqui. — Onde está Hayley? Eu queria
pedir desculpas por colocá-la em apuros.
O rosto de Josh não muda, mas o ar em torno de nós, sim. Ele fica
espesso e perigoso. — Hayley foi embora por um tempo. Suas ações foram
inaceitáveis.
Meu coração bate, mas eu sei que tenho que me controlar. Demora
alguns momentos antes que eu possa manter a minha voz tremendo
suficiente, para dizer — Suas ações?
—Ela ajudou você a escapar.
—Não, eu a fiz pensar que seria melhor. Não foi culpa dela.
—Mas foi, — ele diz simplesmente. —Ela sabe as regras e conhece as
crenças.
—Ela foi ficar com a família, então?
Ele não responde e algo gelado atravessa sobre o meu corpo.
—Diga-me sobre você, Lucy. Estou desesperado para saber o que
chamou a atenção de meu irmão depois de tanto tempo?
Eu estremeço, mas não por causa de Heath, mas como ele pode
mudar tão casualmente a conversa para um assunto que me aterrorizava,
minha garganta está se fechando com medo por Hayley.
Ele toma o meu vacilar como uma reação a Heath. —Sinto muito, é
claro que você não quer falar sobre isso.
—Eu não, — murmuro.
BELLA JEWELL
—Talvez você gostasse de me fazer uma pergunta?
—Eu tenho uma, — eu admito.
—Por favor. — Ele gesticula com a mão. — Qualquer coisa.
—Você vê Heath me empurrando ou me manipulando mais ou menos
como um abuso, mas eu sei que você é capaz de fazer o mesmo, e que está
tudo bem quando você faz isso. Como você resolve isso?
Ele fica quieto por um segundo e eu me preocupo de ter estragado
tudo, mas ele responde, e sua voz é calma e serena.
—Homens como Heath usam sua força para o poder. Eu não sou o
mesmo. Eu faço apenas como Deus instrui e, às vezes, isso pode parecer
desagradável, mas as atitudes só são realizadas, porque essas pessoas
estão indo contra a sua vontade. Todas as más ações têm um castigo; elas
têm por tanto tempo quanto o mundo está girando. Eu apenas estou
realizando o que me pedem.
—Como Deus fala com você?
Ele sorri para mim. —Se eu te dissesse, eu teria que matá-la.
Eu tremo.
—Deus fala com todos, Lucy. Vocês simplesmente não estão ouvindo.
Ele não nos diz para matar pessoas. —Eu ainda não entendo por que
ele iria pedir-lhe para tirar uma vida.
—Nossos corpos são apenas vasos. Eu não posso levar a alma a partir
deles; Não posso matá-lo. Eu só estou tirando o mal que tem sido colocado
nele. Ao fazer isso, essas almas voltam para onde elas pertencem, nas mãos
de Deus.
Eu acho que vou vomitar.
Eu olho para frente. —A comida está adorável.
Ele sorri. —Nós fazemos o nosso melhor para viver da terra.
—Isso levaria muito esforço, — eu digo, tentando me acalmar, porque
o meu interior se sente como se fosse explodir e me mandar embora.
—Viver não é nenhum esforço. — Sr. Perfeito tem uma resposta para
tudo. —Ah olha, a dança começou.

BELLA JEWELL
Eu olho para cima para ver um grupo de mulheres jovens, talvez em
seus vinte e poucos anos, dançando ao redor do fogo. Um grupo de homens
velhos dançam com elas, e leva tudo o que tenho para não correr até lá e
bater os seus dentes para fora de suas bocas sujas. Eu me forço a apenas
assistir, agir interessada, quando na verdade, tudo que eu quero fazer é
correr para fora daqui e colocar todo o local em chamas.
—Você vê o quão feliz aquelas senhoras são? Como são livres? Como
nada além de gozo enche seus corpos? — Josh pergunta.
—Sim, — eu digo, e não é uma mentira.
Eu vejo que elas acreditam que é como se sentem, e elas acreditam,
elas realmente acreditam. Elas simplesmente não percebem que suas
mentes foram distorcidas para acreditar nisso.
—Você deve juntar-se com algumas delas. Elas podem ser capazes de
ajudar. A maioria delas vem de um lugar difícil, assim como você.
Eu vou negar instantaneamente, mas percebo que falar com essas
mulheres é exatamente o que eu vim fazer aqui, então eu balanço a cabeça
e fico de pé, sentindo-me nervosa.
Eu caminho para o grupo de mulheres da dança, e elas rodam
alegremente ao meu redor, seus cabelos voando. Eu esfrego meu mau braço
e uma delas se aproxima, parando na minha frente, sorrindo. Ela é como a
luz. Honestamente, ela é uma das mulheres mais bonitas que eu já vi, o
cabelo loiro e olhos azuis claros, pele pálida e um vestido branco
esvoaçante. Ela parece um anjo.
—Bem-vinda. — Ela sorri. —Eu sou Faith. Qual é o seu nome?
—Lucy, — murmuro.
—Vamos, Lucy. Não tenha medo. Abrace a dança.
—Ah, tudo bem.
Ela pega a minha mão boa e me puxa para a multidão, me girando ao
redor. Eu faço o meu melhor para parecer como se estivesse me
encaixando, mas eu nunca me senti tão desconfortável na minha vida.
Após cerca de dez minutos, eu me desculpo e me sento de novo, longe
de Josh neste momento. Eu olho para os homens que as mulheres jovens

BELLA JEWELL
estão sentadas ao lado, algumas meninas não devem ter mais de treze anos.
Meu coração dói, mas eu mantenho meu rosto inexpressivo.
—Olá.
Eu olho para a minha esquerda para ver uma jovem, talvez dezessete
anos, sentada ao meu lado. Ela tem cabelos negros e olhos azuis. Ela é
maravilhosa.
— Oi. — Eu sorrio.
— Meu nome é Serafina. Qual é o seu?
— Lucy.
— Bem-vinda, Lucy. Eu sei que você é nova.
Eu aceno.
—Não se assuste. Pode parecer assustador, mas você vai se instalar e
aprender a amá-lo, também.
— Você realmente ama isso aqui? — Pergunto, genuinamente curiosa,
por isso a minha pergunta não soa suspeita.
—Eu realmente amo. Josh me salvou de um casamento abusivo. Esta
vida me traz a paz.
Como ela poderia ter encontrado a paz? —Então você não, ah, não é
casada com alguém aqui?
Ela joga a cabeça para trás e da um sorriso bonito. — Ninguém está
casado com alguém aqui. Nós somos todos livres para amar quem nós
quisermos. O amor não é crime; não é pecado.
—Certo, — murmuro.
—Você é casada, Lucy?
—Não, meu marido, ah... me deixou.
Seu rosto suaviza. — Então você está no lugar certo. Deus a guiará.
Mestre Josh vai colocar a sua mão na dele e levá-la certo através dos
portões dourados.
A sério?

BELLA JEWELL
Eu mantenho a minha inocência no rosto quando eu processo suas
palavras. —Eu estava querendo saber onde Hayley está hoje à noite? Eu a
conheci antes e gostaria de dizer olá.
Seu rosto cai. — Hayley está sendo punida por seus pecados.
Eu pisco. —Pecados?
—Sim.
— Ela está... bem?
Ela olha para o lado. —Nós não questionamos a punição.
Eu observo a partir do canto do meu olho dois homens ficar de pé e
tomarem duas meninas com eles, desaparecendo nas tendas no outro
extremo do terreno. Eu sorrio para Serafina. —Eu vou usar o banheiro.
Onde posso encontrar um?
Ela acena uma mão ao redor. —O mundo é seu banheiro.
—Claro que é.
Quanto mais cedo eu sair daqui, melhor.

BELLA JEWELL
Eu gasto mais algumas horas me distraindo com Josh. Ele deve estar
suspeitando, ou pelo menos um pouco preocupado, porque ele me manteve
ao seu lado, golpeando-me com conversa. Eu tive que jogar junto, porque
eu não quero alarmá-lo. Finalmente, ele é levado por um grupo de homens e
eu consigo escapar. Eu não sei se os homens mais velhos ainda estão com
as meninas, mas estou determinada a descobrir.
Eu deslizo atrás das tendas, no escuro, e pego o gravador de dentro
da minha calcinha onde foi firmemente dobrado. Eu o ligo e coloco-o na
palma da minha mão, pronta para bater o botão de gravação, então eu me
movo para a parte de trás das tendas. Durante muito tempo, eu não ouvi
nada, e meu coração afunda. E se todo mundo está longe da base, e se não
há nada terrível acontecendo aqui?
Alguém sai de uma tenda, e eu me escondo atrás de uma árvore para
ser vista.
—Olá?
Prendo a respiração e pressione-me o mais próxima que posso do
tronco, ficando o mais imóvel possível. A lanterna brilha e vai para a minha
direita, então eu ouço os sons de passos desaparecendo. Eu expirei e me
mantive em movimento em direção às tendas que parecem estranhamente
colocadas longe do acampamento principal. Isso poderia significar
exatamente o que eu acho que significa. Ainda assim, eu não posso ter
certeza até eu chegar mais perto.

BELLA JEWELL
A única coisa que eu tenho trabalhando em meu favor agora, é que é
silencioso e escuro aqui, a única luz vem de dentro das tendas. Eu venho
para o primeiro conjunto e ouço de perto, não ouvi nada. Eu passo para o
segundo conjunto, e ainda não consigo ouvir nada. É só quando eu vou
para o terceiro conjunto um pouco mais longe que ouço um leve gemido. Eu
paro e inclino minha cabeça escutando na direção geral. O gemido é tão
fraco que mal posso ouvi-lo, mas ele está lá.
Viro e me movo em silêncio para a tenda de onde está vindo. Eu
pressiono o botão do gravador para registrar e sigo tranquilamente para a
tenda. Os sons se embaralham, podendo ser ouvidos, e os gemidos são mais
altos, mais distintos. Eu respiro fundo, rezando para que essa coisa esteja
tomando um filme, bem como uma gravação de voz, e espreito uma lacuna
na tenda. Por um momento, não vejo nada, então meus olhos caem sobre a
visão mais horrível que eu já vi.
Eu estava certa. Heath estava certo.
Eles estavam realmente violentando as meninas.
O vômito aumenta em minha garganta e lágrimas queimam minhas
pálpebras e correm pelo meu rosto enquanto eu levanto a câmera, e gravo o
que é a coisa mais angustiante que já vi. Estupro na sua forma mais
terrível. Eu gravo por apenas alguns minutos, antes de não suportar por
mais tempo a visão disso. Enfio o gravador no bolso e coloco uma mão
sobre minha boca para parar o soluço quebrado deixando minha garganta.
Corro de volta para as árvores, caindo de joelhos na escuridão e
chorando. Essas pobres meninas. Aquelas pobres, inocentes, meninas
bonitas.
Eu me recomponho e me empurro para os meus pés, necessitando
sair deste lugar e orando que eu tenha provas suficientes. Quando eu estou
movendo para trás após o primeiro conjunto de tendas, eu ouço um soluço.
É tão quieto que por um segundo pergunto se é meu, ou se talvez eu estou
imaginando isso, mas quando soa de novo no ar da noite silenciosa, eu sei
que não é meu. Eu me movo em direção às tendas, seguindo o som.
A tenda à direita na parte de trás é de onde está vindo e eu
lentamente passo para a porta da tenda da frente, empurrando levemente
para o lado. Estas tendas são enormes, grandes espaços em forma de
triângulo, branco, que facilmente prendem camas king size e sofás, assim
BELLA JEWELL
como o que eu tenho visto até agora. Tanto para a vida fora da terra. Eu
mal consigo ver na escuridão, porque esta tenda não tem nenhuma luz, e
sussurro, —Olá?
O soluço vem novamente.
Caminho, até que eu encontro uma pequena lâmpada, e a acendo
cuidadosamente. Eu suspiro com o que vejo.
Deitada na cama em seu estômago está Hayley. Há sangue em sua
volta, e suas costas está exposta, revelando marcações muito semelhantes a
que Heath tem na dele, só que as dela estão abertas e sangrando muito.
Minhas lágrimas fluem novamente quando eu corro mais, movendo
delicadamente o cabelo do seu rosto.
— Hayley, ei, é Lucy. Você está bem.
Ela olha para mim, os olhos vermelhos e inchados. —Lucy? — Ela
chora.
— Eu sinto muito. Isto é tudo culpa minha. Deixe-me ajudá-la.
—Me ajude, — ela soluça. —Por favor, me ajude. Eu sinto muito.
Eu acaricio o seu cabelo úmido de suor. —Não se desculpe. Você
pode andar?
—Não, — ela soluça. —Dói demais.
Droga. Eu não posso simplesmente levá-la para fora daqui, mas eu
tenho pavor de deixá-la novamente. Posso não ter uma escolha. —Hayley,
você confia em mim?
Seus olhos encontram os meus, estão quebrados. —Eu não... Eu não
sei.
—Eu preciso que você confie, ok? Eu vou tirar você daqui, eu
prometo-lhe isso. Eu só preciso que você fique aqui e finja que nunca me
viu, e eu te juro que vou estar de volta em questão de horas. Você acredita
em mim?
Seus olhos são tão quebrados, tão assustados, mas ela balança a
cabeça.
Eu inclino-me e beijo sua testa. —Eu virei para você. Seja forte,
querida.

BELLA JEWELL
Viro-me e saio correndo, correndo de volta para as árvores. Josh diz
que vai me deixar sair daqui, mas eu não acredito que ele vai fazê-lo
facilmente. Eu queimo meu cérebro enquanto eu corro para tentar descobrir
uma maneira de sair daqui, sem levantar alarme. Eu olho para o escuro
entre as árvores eu não posso escalar o muro de novo, não com um pulso
quebrado. Posso chegar perto o suficiente para chamar a quem está
esperando do lado de fora por mim, ou eu tento pedir a Josh para sair?
Eu não sei.
Deus.
Eu não sei.
Eu volto para o acampamento e calmamente me junto ao grupo que
se reuniu ao redor da fogueira. Josh não pareceu notar-me voltar, e eu sou
grata por isso. Seu olhar encontra o meu cerca de cinco minutos mais
tarde, e ele sorri. Eu quero rasgar seus olhos para fora e esfaqueá-lo no
rosto, mas em vez disso eu forço um sorriso em um pequeno aceno, e
depois ele desaparece de volta para as pessoas. Se eu simplesmente
caminhar até os portões da frente, eu vou ser capaz de sair?
Não. Eles vão ser bloqueados.
Heath disse que ia ter alguém fora do complexo em todos os
momentos. Eu acho que é a minha única chance. Eu volto para as árvores e
vou tão fundo quanto eu posso, até que esbarro a cerca do perímetro, então
eu uso uma mão para me guiar pela frente, seguindo-a, até que eu estou
longe o suficiente da música e dança que eu sei que estou chegando na
parte de trás. Eu continuo me movimentando, meus dedos tocando o fio. Eu
vejo uma pequena luz a uns 20 centímetros á frente, e eu rezo para ser
deles.
—Olá? — Eu chamo o mais alto que posso, mas não é muito alto.
Eles estão muito longe e não podem me ouvir.
Droga.
—O que você está fazendo?
Eu recuo e giro ao redor para ver Josh atrás de mim. Eu não ouvi sua
abordagem. Ele tem uma lanterna, mas é tão fraca que mal posso vê-lo.
Droga. Merda.
—Eu estava procurando por uma saída...
BELLA JEWELL
—Para quê? — Ele pergunta, se aproximando.
Meu coração bate. Isto não é bom. —Eu... Quero ir para casa.
—Estamos no meio da noite.
—Eu só... Estou cansada e...
Seus olhos se movem para além de mim e ele aperta os olhos para a
distância. —Eles estão lá fora? Isso é algum tipo de armadilha?
— O quê? — Eu grito. —Não.
— O que é aquela luz ao longe, então? — Ele rosna.
Ah não.
Não.
Estendo a mão para a câmera no bolso e enrolo os dedos em torno
dela. Eu só não posso deixá-lo saber que tenho. Eu tenho que pensar
rapidamente. Eu estou usando uma pulseira grossa ao redor do meu pulso,
que é feita de couro e algodão e algumas correntes entrelaçadas. Eu
cuidadosamente embaralho movendo minha mão nas minhas costas e
rolando-a para baixo sobre mim até que rola fora e está na minha mão.
—Bem? — Josh late.
—Por favor, eu não sei. Eu só queria sair.
—Você é uma mentirosa! — Ele rosna, agarrando o meu braço. —
Você está mentindo. Isso é algum tipo de armadilha.
—Não, — eu imploro, puxando meu braço de sua mão e pressionando
minhas costas contra o muro. Eu envolvo o USB na pulseira e o coloco
através do fio. Equilibro, e apenas espero que ele vá segurar quando eu fizer
o que estou prestes a fazer, ele vai chamar a atenção para este ponto e eles
vão encontrá-lo.
Então eu tomo uma respiração profunda e arrisco tudo.
—Socorro! — Eu grito na voz mais alta que posso reunir. A luz brilha
em nosso caminho.
Josh levanta a mão e coloca um soco em minha bochecha direita tão
forte que meu mundo fica preto.

BELLA JEWELL
~*~*~*~

Eu acordo de barriga para baixo em uma cama, os braços amarrados


atrás das minhas costas. Eu sei imediatamente onde estou, e eu sei o perigo
em que estou. Eu sei até a minha própria alma. Eu tento mudar, mas eu
não posso, eu só não posso. Lágrimas vêm e eu viro a cabeça para o lado e
vejo Josh sentado ao lado da cama olhando para mim. Um dos meus olhos
parece como se estivesse inchado e fechado, e há um pulsar monótono na
minha cabeça que me faz lembrar o seu soco selvagem.
—Você cometeu um grande erro.
Eu engulo a minhas lágrimas e falo, — Eu não sei o que você está
falando.
—Por que eles enviaram você aqui? — Ele exige.
—Eles não enviaram, — eu protesto.
—Eles enviaram! — Ele ruge. —Por quê?
—Eles só querem saber o que você está fazendo.
—Eu procurei você. Onde está o dispositivo de gravação?
Meu coração bate, mas não recuo.
—Dispositivo?
—Eles não teriam enviado você sem um.
Eu estreito meus olhos. —Eles fizeram.
—Besteira.
—Bem, se você procurar em mim, você vai ver claramente que eu não
tenho um.
—Você é uma mentirosa muito pobre.
—Eu não estou mentindo.
Ele se levanta e bate a mão na mesa de cabeceira ao lado de mim. —
Onde está? — Ele ruge.
—Eu não tenho um.

BELLA JEWELL
Ele chega para baixo, enrolando o punho no meu cabelo e
empurrando minha cabeça para trás. Eu grito em agonia, enquanto o meu
corpo está arrancado em uma posição dolorosa. —Cadê?
—Eu não sei, — eu grito. —Eu não tenho nada.
—Você vai pagar por isso, — ele rosna, inclinando-se perto. —Você
vai sofrer por este erro.
—Eu não fiz nada, — eu tento novamente, mas mesmo eu não
acredito em mim.
Ele levanta a mão e clica em seus dedos. —Mathew, chame uns oito
homens. Esta menina precisa ser purificada.
Purificada? Que diabos isso significa?
—Deixe-me ir, — Eu grito, tentando fazer com que meus joelhos se
movam embaixo de mim.
Alguém toma minhas pernas e as empurra para baixo, amarrando-as
na cama. Josh obriga o meu rosto no travesseiro tão forte que eu mal posso
respirar, então ele empurra meu vestido por cima da minha cintura. Santo
Deus. Não.
—Não, — eu grito no travesseiro. —Não, por favor.
Sua mão desce sobre minha bunda tão forte que o barulho do tapa
irradia através da tenda. Eu mordo o travesseiro para parar o meu grito de
dor. Eu continuo tentando lutar, batendo meu corpo o melhor que posso,
mas não tenho nada, eu não posso lutar quando estou presa assim. A mão
de Josh volta para o meu cabelo, e ele sacode a minha cabeça para trás
novamente. — Você vai desejar que não tivesse feito isso. Mathew, você
pode ir em primeiro lugar.
Em primeiro.
Não.
— Por favor, — eu imploro. —Por favor, não.
Medo diferente de tudo que eu já senti fica preso na minha garganta,
eu não consigo respirar. Eu não posso pensar. Não posso me mover. Eu
estou impotente e ele tem todo o controle. Eu gostaria de nunca ter vindo
aqui. Heath tinha razão, esta era uma ideia mortal e estúpida. O que eu
achei que iria conseguir? Quem eu pensava que estava enganando?
BELLA JEWELL
Lágrimas correm pelo meu rosto e mergulham na cama, e eu imploro mais e
mais para eles pararem.
Eles não escutam.
Alguém toca minha espinha, passando a mão calejada para baixo até
que elas atingem a minha bunda. Eu peço e imploro, minha voz rouca, mas
não há nenhum ponto, é como se eles não pudessem me ouvir. O som de
uma fivela de cinto pode ser ouvido, então eu sinto suas calças escovar
minhas pernas quando elas tocam o chão. Vômito sobe na minha garganta
e o medo pica minha pele quando eu imploro internamente por um milagre,
algo para vir e parar este momento, este momento que alteraria a minha
vida horrivelmente.
Minhas orações são respondidas.
Gritos podem ser ouvidos à distância e a presença do homem vil atrás
de mim desaparece. Minha pele fica fria e exposta quando vozes frenéticas
podem ser ouvidas em torno de mim, Josh principalmente. Eu ouço a
palavra "polícia" e depois "Heath", antes de todos eles desaparecem para
fora da tenda, deixando-me amarrada e sozinha.
—Você precisa de um mandato! — Eu ouvi alguém gritar. —Esta terra
é privada.
Sirenes preenchem o espaço, e minhas lágrimas se voltam para
quebrar em soluços.
As abas da tenda se abrem, e ouço uma voz grosa e familiar, — Jesus
Cristo.
—Tank? — Eu chamo.
— Eu estou vou puxar o seu vestido para baixo e cobri-la, — ele diz,
sua voz dura e gelada. — Eu sinto muito.
Ele rapidamente me cobre com o meu vestido e, em seguida, fez um
leve trabalho em me desamarrar. No segundo que estou livre, eu me jogo em
seus braços. Ele me pega. Eu não acho que ele quer, mas ele não tem
escolha na maneira que me jogo em direção a ele. Seu braço vai ao redor da
minha cintura, e eu enfio meu rosto em seu peito.
—Você veio.

BELLA JEWELL
—Uma pergunta antes de fazer qualquer outra coisa, — diz ele, sua
voz tão assustadora que eu recuo. —Eles te machucaram?
— Não, — eu sussurro. — Não como você pensa, você veio na hora
certa. — Eu me inclino para trás e olho para ele.
Ele silva quando olha na minha cara. —Quem fez isso?
—Josh.
—Eu vou matá-lo. Eu vou matá-lo.
Ele me leva em seus braços e dá passos para fora da tenda.
E certo no caos.

BELLA JEWELL
Momentos são estranhos, no sentido de que eles acontecem
rapidamente.
Um segundo eu estava prestes a ter minha vida alterada para sempre,
e então eu estava sendo levada para fora da tenda por um homem que eu
nem tenho certeza se gosta de mim.
A polícia está em todos os lugares, jogando algemas em qualquer
homem que ficar em seu caminho. Mulheres são reunidas por dois oficiais,
e elas parecem aterrorizadas. Eu sinto por elas, porque infelizmente, elas
acreditam que seus mundos inteiros estão sendo virados de cabeça para
baixo no momento. Elas realmente não entendem o que está acontecendo, e
que suas vidas estão sendo salvas, porque amam este mundo e iriam dizer
honestamente que elas não querem que isso mude.
Josh está longe de ser visto. Nem Heath, e é isso que me assusta. —
Ponha-me para baixo, — eu digo para Tank.
Ele me abaixa, colocando os meus pés firmemente no chão.
—Vá para a polícia; eles vão mantê-la segura. Eu preciso ver se há
alguma coisa que eu possa fazer para ajudar, — ele ordena, e depois sai
correndo.
Eu paro atrás de uma tenda e corrijo o meu vestido, então eu começo
a procurar de tenda em tenda, à procura de Josh. Será que ele conseguiu
fugir? Será que eles já o prenderam?

BELLA JEWELL
Espio para trás para fora e vejo Tank olhando em volta,
desesperadamente. Só posso supor que Josh ainda está lá fora. Viro-me e
olho para as árvores grossas, quando ouço uns sons de grunhidos vindo da
minha esquerda. Eu giro ao redor e vejo que eles estão vindo do bosque ao
meu lado.
Eu corro e paro morta de medo quando vejo Heath e Josh em um luta
no chão. Punhos estão voando, o sangue está em toda parte, e eles estão,
sem dúvida, em um jogo de morte. Meu coração dispara e meus olhos vão
para frente e para trás quando eu tento encontrar algo para impedir isso,
qualquer coisa. Com exceção de um pequeno número de grandes toras, não
há nada. Josh está por cima de Heath agora e como se estivesse em câmera
lenta, eu o vejo chegar em sua camisa e puxar uma faca.
—Não, — eu grito, correndo para frente.
Ele a levanta, assim que eu bato nele de lado, tomando a força de seu
golpe no meu estômago. Uma dor diferente de tudo o que eu já senti na
minha vida rasga através do meu corpo e eu caio para trás, a boca aberta,
em um grito silencioso em meus lábios. Heath ruge e, em seguida, os
policiais estão por toda parte, três deles prendendo Josh no chão. Não
posso me mover. Eu não posso respirar. Eu não consigo nem sentir meu
corpo mais.
—Lucy, não, — Heath suspira, rastejando para o meu lado e
levantando a cabeça em suas mãos. —Baby, diga alguma coisa. Por favor,
diga alguma coisa.
—Nós o pegamos. — Eu suspiro, e isso sai borbulhando. —Nós o
pegamos.
Então eu deixo a escuridão me levar.

~*~*~*~

—Por que ela não acorda?


— Ela vai acordar quando estiver pronta.
— O médico disse que ela deveria estar acordada por agora.
— Ela vai acordar em breve. Pare de estresse.
BELLA JEWELL
—Vocês dois parem de estresse. Deixe-a descansar.
Os sons fracos das vozes da minha mãe, meu pai e Heath, filtram em
minha mente quando meu corpo lentamente começou a se tornar ciente do
que está acontecendo ao meu redor. Eu ouvi os sinais sonoros, e eu posso
sentir o cheiro de algo que se assemelha a uma substância química de
algum tipo. É preciso mais alguns momentos antes de sentir meu corpo e
enrolar meus dedos, certificando-me que não é um sonho.
—Lucy?
Não é.
Concentro-me em meus olhos, pedindo-lhes para abrir. Eles se
abrem.
—Ela está acordada. Consiga o médico.
—Menina Lucy.
Heath.
Meus olhos se movem na direção de sua voz e lentamente ele entra
em vista, olhos de prata presos nos meus.
—Ei, — eu falo.
Seu rosto parece aflito, mas ele sorri. — Ei você, querida.
—O que... o que aconteceu?
Ele aperta os olhos. —Você não se lembra?
Fecho os olhos um segundo e pequenos trechos de memórias vêm
cheias de volta. Elas aparecem transparentes, e eu olho para ele. —Josh...
ele está... ele está...?
—Ele está trancado e enfrentando algumas acusações que vai
garantir que ele continue assim.
—E todos os outros?
—Esperamos receber a ajuda de que necessitam, embora não possa
ser forçado nada sobre eles. Pelo menos eles estão livres de sua lavagem
cerebral agora.
—Hayley? — Eu pergunto.

BELLA JEWELL
Seus olhos ficam tristes. —Ela está bem. De uma forma ruim, mas
tudo bem. Ela está aqui, junto com algumas das outras meninas.
—Posso vê-la?
—Eu vou descobrir.
—Será que ela vai ficar bem? — Eu pergunto, meus olhos implorando
com ele para dizer que vai.
—Eu honestamente não sei, mas ela vai ficar sob o cuidado de um
maravilhoso casal de idosos que têm anos de experiência com crianças
traumatizadas. Eu acho que tudo vai dar certo.
—E todas as outras crianças?
—Os serviços para crianças entraram em cena. É tudo o que sabemos
até agora. — Eu aceno, engolindo o nó que se forma na minha garganta.
—O que eu sei é que, se não fosse por você, nenhuma delas estariam
onde elas estão agora e elas ainda estariam sendo submetidas a esse
horror. Você salvou suas vidas, menina bonita.
Lágrimas rolam pelo meu rosto.
—Porra, eu estava com tanto medo quando vi aquela faca entrar em
você. Eu pensei...
— Ei, — eu sussurro, seguro suas bochechas. —Estou bem.
Ele coloca as mãos de cada lado do meu rosto e pressiona a testa na
minha. —Eu amo você, Lucy. Eu queria que você soubesse o quanto. Eu
estou tão orgulhoso de você e eu estou tão malditamente grato que você
está na minha vida.
Ele pega uma lágrima com o polegar e ficamos olhando um para o
outro por um tempo até o soluço da minha mãe poder ser ouvido por trás
dele. — Eles são tão bonitos juntos.
Heath sorri e murmura, —Eu acho que ela está esperando por sua
vez.
Eu sorrio fracamente para ele. —Ela pode esperar um pouco mais.
Então eu o puxo e pressiono seus lábios contra os meus. Porque eu
nunca vou deixar esse homem ir.

BELLA JEWELL
— Olá, — eu sussurro, entrando no quarto de Hayley. —Lembra-se de
mim?
Ela olha para mim, seu cabelo escuro caindo sobre a testa e
derramando por suas bochechas. Seus olhos não são tão escuros como eu
me lembro e sua face tem alguma cor nela. Há um casal de idosos sentados
ao lado da cama, e eles sorriem para mim enquanto eu entro. Eu estive no
hospital por uma semana, e estou partindo hoje. É a primeira vez que fui
capaz de vir e ver Hayley. Não era permitida nenhuma visita, a não ser sua
família adotiva, até agora.
—Lucy, — ela diz, sua voz suave. — Claro que eu me lembro de você.
—Eu posso entrar?
Ela balança a cabeça, e eu entro para o quarto e paro ao lado da
cama olhando para ela. — Como está se sentindo? — Pergunto.
Ela encolhe os ombros fracamente. —Não tenho certeza.
Eu sorrio com compreensão. —Vai levar um tempo. Ouvi dizer que
você está indo para casa com um lindo casal.
Ela vira e dá um meio-sorriso olhando para o casal mais velho. —
Estes são Margret e John.
—É um prazer conhecê-los, — eu digo para os dois.

BELLA JEWELL
— Da mesma forma, querida, — Margret diz, com os olhos castanhos
fixos nos meus. —Ouvimos dizer que você fez uma coisa muito corajosa
retirando essas meninas.
Eu dou de ombros levemente. —Eu fiz o que era certo.
— Você salvou sua vida, — diz John. —Nem todo mundo teria tomado
esse risco.
Eu olho para trás para Hayley. —Eu faria isso de novo.
Pego sua mão. Ela recua um pouco, mas me deixa levá-la.
—Obrigada, — ela falou roucamente, —Por me ajudar. Não apenas a
sair de lá, mas perceber que os sentimentos que eu tinha dentro estavam
certos e o que estava acontecendo era ruim.
—Você deve sempre confiar em seus instintos, Hayley, não importa o
que você esteja fazendo na vida, porque eles sempre a levarão certo.
—Obrigada.
—Eu vou deixar o meu número com Margret. Quando estiver melhor,
você pode chamar se quiser.
Ela sorri, o que a faz ainda mais bonita. —Gostaria disso.
—Talvez possamos sair e tomar um sorvete juntas.
Seus olhos se iluminam. —Isso seria ótimo.
—Eu também penso assim. — Margret sorri enquanto eu entrego o
número de Heath para que ela possa entrar em contato comigo. Ela pega a
minha mão e aperta, e eu entendo a gratidão que ela está expressando.
—Eu tenho que ir, — eu digo, sorrindo para Hayley. —Cuide de si
mesma.
—Eu vou, — diz ela suavemente.
—Dê noticias logo, Hayley.
Eu saio do quarto e pressiono as costas contra a parede, olhando
para o teto e sorrindo, quando eu expiro uma respiração profundamente me
sinto como se tivesse estado presa desde que isto começou. Depois de
alguns minutos, eu me afasto da parede e me movo pelos corredores, até
que passo a recepção.
Então eu o vejo.
BELLA JEWELL
Heath. Estava lá, esperando por mim, parecendo lindo e perfeito, tudo
o que um homem deve ser. Ele sorri quando me vê, e eu foco em sua
covinha, e seus olhos de prata, e da forma como todo o seu rosto se
ilumina, e eu envio uma oração silenciosa de agradecimento a quem o
colocou no meu caminho. Vê-lo ali, me faz perceber que alguns momentos
são bons, e outros são ruins, mas todos eles são importantes de uma forma
ou de outra.
Mesmo quando não percebemos, mesmo quando pensamos que as
coisas não poderiam ficar piores, a vida nos lançará em um momento que
de repente o ajuda a fazer sentido. Pedaços todos juntos, colocando tudo de
volta em perspectiva, e você começa a se perguntar como você já desejou
um caminho diferente.
Quando eu olho para Heath, eu sei que ele é o meu momento. Ele foi
colocado em minha vida, no momento exato em que eu mais precisava dele.
Não apenas para o amor, mas para me ajudar a descobrir quem eu sou, e
ele fez isso a cada segundo desde que ele esteve em minha vida. Ele ajudou
a me recriar. Ele me fez melhor. Ele me consertou, e eu nem sabia que
precisava de conserto.
Meu homem.
Meu amor.
Meu momento.

FIM

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BELLA JEWELL

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