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MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA ESTUDOS SOBRE 0 NOVO PROCESSO CIVIL 22 Edigio ete LISBOA 1997 Jntrodugao a reforma L INTRODUCAO A REFORMA PROCESSUAL CIVIL gi. Aspectos gerais 1. Alteragio legislativa 1, Ambito a. 0 Cédigo de Processo Civit agora reformulado pelos Decretos-Leis ss 329-A/95, de 12/12 (publicado no suplemento ao Disriv da Republica, Série-A, n* 285/95) ¢ 180/96, de 25/9 (publicado no Cidrio da Repablica ISérie-A, n° 223/96), foi aprovado pelo Decreto-Lei n® 24.637, de 28/5/1939, No emtanto, apesar da sua ja einquentendria vigéncia, o Cédigo de Processo Civil 56 tinha sido objecto, até 20 presente, de uma revisio global: @ que foi realizada pelo Decreto-Lei n* 44.129, de 28/12/1961 Para além desta revisio, © Cédigo de Processo Civil s6 tinha softide algumas alteragbes especifieas, devendo destacer-se, pela sua importincia, squelas que foram introduzidas, na sequéncia da entrads em vigor do nove Cédigo Civil, pelo Decreto-Lei n* 47.650, de 11/5/1967. as que eesaram do Decreto-Lei n? 242/85, de 9/7, e. mais recentemente, aguelas que foram realizadas pelo Decreto-Lei n° 39/95. de 15/2, quanto w eegisto da prova Entretanto eliminadas do Cédigo de Processo Civil tinhem sido as matérias telativas 2 arbiagem voiuntiria. que passaram a ser repuiadas peia Lei da Arbitragem Voluntaria (Lei n® 31/86, de 29/8), assim comw a aeglo de despejo. agora regulada nos art's 55° a 61° do Regime do Arrendamento Urbano (@provado pelo art? 1° DL. 312-B/90, de 15/10), e o proceso especial de liquidagio em beneficio de credores, substitu(do pelo Cédigo dos Processos Especiais de Recuperagdo da Empresa e de Faléncia (aprovado pelo art 1° DL 13293, de 23/4), 10 Introducto & reforma b. Os Decretos-Leis n*s 329-A/95, de 12/12, € 180/96, de 25/9, operaram a mais profunda revisio até agora realizada no Cédigo de Processo Civil. Esta reforma possiti antecedentes que convém conhecer. Em Fevereiro de 1995, 0 Ministério da Justiga colocou a discussdo pablica um Projecto de Revisio do Cédigo de Processo Civil”, Anteriormente, tinham sido publicitados dois ‘Anteprojectos - umn em 1988 e 0 outro em 1993 -, mas aquele Projecto no pode ser considerado o desenvolvimento, nem sequer o aperfeigoamento, de nenhum deles: na sua base encontram-se antes as chamadas Linhas Orientadoras da Nova Legislagao Processual Civil, que foram divulgadas em 1993 °). Depois da autorizagao legislativa concedida pela Lei n° 33/95, de 18/8. 0 Decreto-Lei 1° 329-A/95 aprovou, com ligeiras alteragdes em relacio uo referido Projecto, uma nova versio do Cédigo de Processo Civil. O ant” 16°. n° 1, DL 329-A/95 fixou o dia 1 de Margo de 1996 para a entrada em vigor da nova redaccao do Cédigo de Processo Civil. ‘A mudanga governativa entretanto verificada viria a reflectir-se, de modo significativo, na revisio de Cédigo de Processo Civil. Ao mesmo tempo que se preparavam novas alteragdes a esse diploma, 0 art? I° L. 6/96, de 29/2. deu nova redacgdo ao art® 16° DL 329-A/95, adiando a entrada em vigor da nova versio do Cédigo de Processo Civil para 15 de Setembro de 1996: o art? 5* L 28/96, de 2/8. adiou de novo esse inicio de vigéncia para o dia | de Janeiro de 1997, As novas alteragBes ao Cédigo de Processo Cisil constam do Decreto- Lei n® 180/96, de 25/9, elaborado com base na autorizagio concedida pela Lei 1° 28/96, de 2/8, e cujo ant® 4° voltou a dar uma nova reduccao an art® 16° DL 220-A/95, no qual se estabelece 0 dia 1 de Janeira de 1997 como a data da entrada em vigor da nova versio desse Cédigo. €. A reforma processual civil toi completada com a aprovayiio do novo Cédigo das Custas Tudiciais pelo Decreto-Lei n® 224-8/96, de 26/11. A data dda entrada em vigor daquele Codigo e deste diploma ¢ igualmente 1 de Janeiro de 1997 (art? 18° DL. 224-A/96), © novo Ostia das Castes Jodicni nsveia se dst em ave tues. Tul L “Casta tees” (ats IP a 73%, Tito Dy, "Casta sriminan” car's 28° 4 101, Toko ML “Mulas proveninis” ars 102» 104% Titulo IV, “Actos aaa” (as MOS" 110%: Tia W, fe mora (a's 113" 113%, Talo Vt, to coetivo day cutas€ uaa" are 11 1236, Malo VIL, "Servigos de texouraria” (ar 124" a 4S"), Titulo VII, “Cofres” (as 146" 148%; Titulo Bx, "Disposiges Bais” (ars 149" a 151%. Contendo algumas observagdes creas sobre o Projecto divulgado em Fevereiro de 1955 cf. M Teixeira de Sousa, Apreciag de alguns aspects da “Revisio do Processo Civil Projecto" ROA $5 (1995), 353 85 Lebve de Freitas, Revste do Pocesso Civil, ROA 5S (1995), 41738, BOA 283. SI ss Intradueo de reforma u 2, Sistematizagao a. © Decreto-Lei n° 329-A/95, na versio do art” 4° DL. 180/96, comporta inte € oito artigos, assim repartidos: 0 art” |* introduz maltiplas alteragBes 20 Cédigo de Processo Civil: o ar® 2 adita alguns artigos ao mesmo diploma legal: 0 an 3° revoga varios preceitos do Codigo de Processo Civil ®: 0 ant’ 4°, n® 1, concede uma nova redacgio ao art? 1696°, n° 1, CC ¢ 0 n® 2 do mesmo proceito revoga o ar 2° CC e, portunto, 0 valor dos assentos como fonte do direito; oar 5° revoga o ant” 26% al. b), LOTH: 0s art's 6° e 7. 9 a 16" ¢ 18° a 29° contém virias disposig0es finais e transt6ras; finalmente. 0 ant’ 17° contém regras especificas quanto & revoga¢io imediata do recurso para 6 tribunal pleno e as suas consequéncias quanto 4os recursos pendentes. E a seguinte a sistematizagdo do Decreto-Lei n* 180/96: 0 art” 1° altera Vérios artigos do Cédigo de Processo Civil, alguns deles na versio do art? I” DL 329-A/95; o art 2" adita alguns preceitos ao Cédigo de Processo Civil: 0 ant? 3° revoga varios artigos do Cédigo de Processo Civil: o ant? 4° dé nova redacgdo a alguns artigos do Decreto-Lei a” 329-A/95; 0 at” 5° revoga © art® 8° DL 329-A/95: 0 art® 6° adita varios preceitos ao Decreto-Lei 1° 329-A/95; finalmente. o art” 7® rectfiea algumas inexactidses tanto do prdprio Decreto-Lei n” 329-A/95, como da epublicagdo, anexa a esse diploma, {do Céidigo de Processo Civil b, A reforma procurou manter, sempre que tal se mostrou possivel, © tratamento das matérias nos mesmos artigos da anterior versio do Codigo de Provesso Civil. Assim, & possivel encontrar. na maior parte dos casos, as ‘mesmas matérias nos mesmos preceitos. ainda que, naturalmente. com as ‘inovag6es introduzidas pela reforma. Esta também procedeu » algumas alteragdes de ordem sistemética no Codigo de Provesso Civil. As mais importantes revogagdes operadas naquele Cédigo pelo ant” 3° DL 329-A/9S respeitam ao recurso para o tribunal pleno (ans 763° a 770° CPC/61). a0 provesso de venda © adjudicagin do penhor (art®s 1008" a 1012° CPCI61}. aos meios possesssrios (art's 1033 a 1043” CPCV61), posse ou entrega judicial vans Hsia" 4 1051° CPCASL) e as acgBes de demarcagao (art's 1058? a 1062” CPC/61). O art” 3° DL. 180/96 revogou © regime do incidente de falsificagdo (art®s 360° a 370° CPCI61). ‘5 crcutincta deo lerdo diploma ter ntrodvido muicagSes iladas em variadsitnos instatos processuais impresionow negaivamente Antunes Varela. que 0 chegou a qualificar como um “enstr legsitva" cl, Antunes Varela, Os tbunai judi. jursigto volurtia ‘8 consevatias do regiso civil, RLJ 128 (1995/1996). 130, 2 Introdugto d reforma Muitas matérias foram globalmente reformuladas. © que acontece com 6 regime da citagdo (arts 233° a 252°-A), a intervengio de terceiros (ans 320° 34%), 05 embargos de terceizo (ars 351° a 359°), as providéncias cautelares, (art's 381° a 427), a impugeagao da genuidade de documento ¢ a ilsdo da sua autenticidade ou forga probatcria (art's S44” a 5SI°-A. regime que substitu 0 incidente de falsidade que constava dos art’s 360" a 370° CPCI61), 0 proceso sumério (an*s 783° a 792"), a penhora (ars 821° a 832°) e alguns aspectos do sou regime (arts 833° a 840°, 848° a 851° e 856° a 863°-B), a convocagdo de credores € a verificagio de eréditos (art's 864° a 871°), a venda judicial (ar’s 882° a 888°) e alguns pontos do seu regime (arts 894° a 907°) 0s recursos na acgdo executiva (ars 922° e 923°) e o processo sumétio de execugto para pagamento de quantia certa (arts 924° a 9279). No ambito dos processos especiais, as principais alteragdes incidiram sobre 0 processo de interdico ¢ inabilitagio (arts 944° a 954"), a prestagio de caugio (deslocada dos ans 428° a 443° CPCI6| para os ar’s 981° a 990") 6 reforgo ou substituigdo de hipoteea. consignagio de rendimentos ou penhor (ars 991° a 997°), as acgdes de arbitramento (art's 1052° a 1057). a revisio de sentengas estrangeiras (arts 1098° a 1102). a liguidagio em beneficio dos scios (art 1123° a 130°) ¢ do Estado (ars 1132" a 113°). 6 processo de divorcio ltigiowo (ars 1407" e L408") ¢ ainda sobre vérios aspectos rela tivos ao exercicio de direitos soeiais (as 147" a 1501"), Novo & também 0 processo especial de determinagio do objecto do Tiigio a submeter & arbitrage Car's 1508® a 1510"). IL, Eficacia revogatoria 1. Vacatio legis: Os Decretos-Leis ns 329-A/95 e 180/96 revogaram, expressa ou tacitamente, intimeros preceitos da antiga versio do Cédigo de Processo Civil. Em regra, essa revogucio opera simultaneamente com a entrada em vigor da nova versdo do Cédigo de Processo Civil. a qual, nos termos do art? 16° DL 329-A/9S, se veritica em | de Janeiro de 1997 2. Bficdcia imediata 1a, Nos termos do ant” 17", n® 1, DL 329-A/95, a revogagiio dos art’s 763° a 770" CPC/61 (realizada pelo art? 3° DL 329-A/95) e do an” 2° CC (efectuada —— Insroducto @ reforma B pelo art° 4°, n° 2, DL 329-A/95) é imediatamente aplicével, o que significa que ssa revogagdo opera sem qualquer dependéncia da entrada em vigor do Decreto-Lei n° 329-A/95. Verificou-se, assim, a situagio algo estranha de os assentos se terem tornado processualmente inadmissiveis mesmo antes de ser cficaz a revogagdo do preceito (que € o art® 2° CC) que os legitimava como fonte do direito. ‘Sucedeu gue - como infelizmente acontece com alguna freguéncia - 0 suplemento do Ditrio da Repiblica em ue foi publicado o Decreto-Lei ni" 329-A!5 36 foi distibutdo nos fiat 3 e 4 de Janeto de 199, 0 gue pode colocar 0 problema da incidéncia da revogaeio ‘onsite do an 17" DL 329-A/95 sobre os recursos eventualmenteinterpostos entre a data dessa revopagio © a da dstibuigdo do jomal oficial, A devida tutela das expectativas das ports ante da possibildade Go conhecimento da Tet nova impoe a admssbilidade desses [Em substituigdo da uniformizacdo jurisprudencial através do recurso para o tribunal pleno e do proferimento dos assentos, & parte cabe apenas, na nova regulamentagao, a faculdade de requerer que o julgamento do recurso de revista ‘ou de agravo em 2 instdncia se faga com a interven¢o do plenério das secyées civeis do Supremo (art’s 732°-A. n° I, ¢ 7628. n° 3). Deve notar-se, no entanto. ‘que & eficécia imediata da revogucio dos ans 763° a 770° CPCI6L antes da tentrada em vigor do Decreto-Lei n" 329-A,95 retirou & parte a faculdade de interpor o recurso para o tribunal pleno, mas ndo Ihe ofereceu a faculdade de, em alternativa, solicitar o julgamento ampliade. Da eficdcia imediata da revogagao do recurso para o tribunal pleno e dos assentos so excluidos os recursos interpastos & data da revogagao dos art's 763° 2 770? CPCI6I (aet” 7°, n°} in fine, DL 329-A/95). Mas os acérdios {que vierem a ser proferidos nesses recursos passam a ter, segundo o disposto fo art? 17°, n® 3, DI, 329-4095, 0 mesmo valor dugueles que so proferidos na nova reviste ampliada, Desta solugdo resultou uma antecipacio (relativamente a data da entrada em vigor do Decreto-Lei n° 329-A/95) da revista ampliada como modo de uniformizacio de jurispradéncia. ‘aps enrads em vigor do sr 17°, #3, DL 329-A/9, deixon de ser possvel 0 recurso para o pleno requerido, ates dessa vinci, pelo Ministério Piblico 90s termos do ar? 770 {CPCIGI: STH - 304/1995, CUS 962, 5. A salut parece discativel b. Igualmente independente da entrada em vigor do Decreto-Lei n° 329-A/95 e, por isso, operante antes dessa vigéncia é a conversio do valor dos assentos estipulada no art® 17°, n° 2. DL 329-A/95: segundo este preceito, 4 ___Intodugdo &reforma ‘08 assentos jé proferides passam a ter © valor dos acdrdios de uniformizagio de jurisprudéncia. Menezes Cordeiro defenden inconsttucionaldade orginica do. art 17 2 DL 329-A/95, com 0 argumento de gue ele Zo se enconta coher por qualquer sutorizagi legislative: eft. Meneces Cordeiro, Venda com reserea de propriedade / Incorporagio de slevadores / Novo tepime dos assntos ! Acérdto do Pleno do Supremo Tribunal de Tustiga 46 31 de Janeiro de 1996, ROA 36 (1996). 307 3: Meneses Cordeiro, Da inconsiucions lide da revognglo dos assenos. in Jorge Miranda (Org, Prspecivas Consttueionas / Nos 20 Anos da Constiuigao de 1976 I (Coimbca 1996), 799 ss; em resposta a Menezes Cordeiro Hes M. Teixeira de Sousa, Sobre 2 consucionaldade ga coaversdo do valor dos asserts / ‘ Apontaments para uma discuss, ROA $6 (1996). 707 5, UL. Aplicagio no tempo ex lege 1 Aplicagao futura ‘Quanto & aplicagio no tempo da lei processual civil, @ regra é a mesma gue vale na teoria geral do direito (cfr. art 12°, a? 1, CC): @ lei nova é de aplicagio imediata aos processos pendentes, mas no possui qualquer eticécia retroactiva ', Da submissdo a esta egra exceptua-se, evidentemente, © c380 de a lei nova ser acompanhada de normas de direitotransitério ou de para ela valer uma norma transitéria, como sucede. por exemplo, quanto & importante fegra que cauncia 0 principio tempus regit actum (art® 142°, n° 1) ou que determina a perperuatio iurisdietionis (ar? 18°, n" 2. LOTS) © ant 16° DL 329.4095 (na redacgo dada pelo an? 4” DL 180/96) contém, quanto 2 aplicagde no tempo da nova versio do Cédige de Processo Civil, a Soguinte regra: a nova verstio do Cédigo de Processo Civil s6 se aplica, em principio, os processos instaurados apés I de Janeiro de 1997, ou sea, ques process0s cuja peticto inicial ou equivalente seja recebida na sceretaria do tribunal apis essa data, Iso significa que. em regra, as nowas disposig6es legais no sio aplicdveis aos processos que se encontrem: pendentes em I de Janeiro de 1997 ‘5 Sobre os probleman da apicagho no tempo du leis processus civs, ff: Closet Marcha. LLupolication dans le temps des lis de deat juste eis (Breselie 1983), pine. 169 s, Capponi. L'applicacione tel tempo del dito process civile. RTDPC 48 (1994), 431 58 rmals amigo. mas ainda com mito intresse, ct. Sieg. Die Einwirkung von Andevungen ‘ivilprozessusler Normen wut schwehende Verfahren, ZZP 65 (1952). 245 55, Introdugto @ reforma 15 2. Aplicagio imediata 2 eralidsdes Nem todas as matérias se submetem ao regime transitério geral definido ro art? 16° DL 329-A/95. Hé que contar igualmente com as inimeras excepgoes que definem situagGes de aplicagio imediata dos regimes constantes da nova versio do Cédigo de Processo Civil. Refira-se que muitas destas excepgies sio consequéncia do principio tempus regit actum (an 142°, n° 1) 2.2, Acesso a justia a. A reforma >rocurou afastar, através de virias alteragbes, os obstéculos a0 acesso 2 justi¢a por motivos econémicos (cfr. art” 20°. n° 1. CRP), Compreende-se que as alterag6es motivadas por esse intuito sejam imedia tamente aplicéveis aos processos pendentes. Assim, é de aplicagSo imediata a cesses processos. per imposigdo dos art's 13° e 14° DL. 329-A/95, a revogagio das disposigSes referentes a custas que imponham a contagem do processo ou de quaisquer incidentes nele suscitados durante a sua pendéncia ou que estabelegam preclusbes de natureza processual como consequéncia do n20 pagamento alempado de quaisquer preparos ov custas. Trata-se de disposigdes que, sob a inspiragio da garantia constitucional do acesso ao direito e aos tuibunais art” 20 n? 1, CRP), visam eliminar os obstéculos de ordem econdmica no ucesso a justiga Com a mesmna finalidade de ni eriar obsticulos econémicos ao acesso Justiga, © ar” 21° DL. 329-A/95 contém uma importante regra: esse preceito estabelece que & aplicivel aos processos pendentes o disposto no art? 280° ‘quanto a0 incumprimento de obrigages fiscais. bem como & revogago dox an’s 281°, 282° e 351° CPCI61. possibilitando ainda que a parte interessada requeira o prosseguimento da instncia suspensa segundo o regime anterior ou a consideragao da prova documental ufectada, nesse mesmo regime, pelo incumprimemto das leis fiscais . Importa ainda acrescentar que, segundo o ant? 4°, n® 1. DL 224-A/96, de 26/11, © novo Cédigo das Custas Judiciais € aplicdvel aos processos pendentes em I de Janeiro de 1997, salvo no que respeita & determinagdo da taxa de justiga, custas e multas decorrentes de decisdes transitadas em julgado © aos prazos de pagamento de preparos, custas e multas que estejain em curso, 16 Introducho & reforma © ant? 4°, n® 2, DL 224-A/96 dispoe que, nesses mesmos processos, so isentos de custas os recursos com subida difetida que nio cheguem a subir (cfr. art? 735%, n® 2) ou que, tendo subido com o recurso dominante, fiquem desertos (cfr. art's 291°, n° 2, ¢ 690°, n° 3). Finalmente, 0 art® 4°, n° 3, DL 224-A/96 estipula que, nos processos pendentes em I de Janeiro de 1997, ‘ recorrente em processo civel que niio alegue no tribunal recorrido deve pagar 4 taxa de justiga inicial no prazo de 10 dias a contar da data da distribuigio no tribunal de recurso. 2.3. Prazos processuais a. O regime transitério sobre os prazos € distinto para aqueles que jd se encontram em curso ou fixados em 1 de Janeiro de 1997. para aqueles que apenas se iniciam depois dessa data e, finalmente, para aqueles que se referem 4 actos processuais que foram suprimidos na nova versio do Cédigo de Pracesso Civil. Importa considerar cada uma destas situagbes Segundo o disposto no ar” 18%, 0” 1, DL 329-AV/95, os prazos processuais 4que, em I de Janeiro de 1997. se encontrem em curso ou jé tenham sido fixados por decisto judicial, continua a reger-se pelas normas anteriores, incluinds 8 que respeitam uo modo da sua conlagem, © que significa que esses prazos se suspendem durante as férias. sdbados, domingos ¢ dias feriados (cir. an® 144, n° 3. CPCI61). Esta solugio afasta © regime geral que consta do art” 297°, ns 1 & 2, CC, pois que, como a esses prazos se continua a aplicar lei antiga, nio se Verifica. quanto a eles. qualquer sucessao de leis no tempo. ‘Apesar da sobrevigéncia da lei antiga relaivamente aos prazos que, em 1 de Janeiro de 1997, se encontrem em curso ou jé tenham sido fixados pelo tribunal, 0 an® 18°, n® 4, DL 329-A/95 determina que a esses prazos é aplicével © novo regime que consta dos ar’s 145° (nomeadamente, no que respeita & Dritica do acto Fora de pravo), 146%, n? 1 (n0gio de justo impedimento), © 150", n° 1 (entrega ou remessa a juizo de pegas processuais). Dado o disposto no are 18", n° 5, DL. 329-A/95, as partes podem prorrogar, mediante acordo, esses prazos por uma Gnica vez e por igual perfodo (art” 147°, n° 2) ¢ podem acordar na suspensio da instancia por prazo nko superior a seis meses (ar? 279%, n° 4). bb. Quanto wos prazos processuais que se iniciem, em processos pendentes, no dominio da lei nova, é aplicével o que nesta se estabelece quanto a0 modo de comtagem e & respectiva duragao (art 18°, n° 2, DL 329-A/95). Assim, apesar 4 “ Introduedo & reforma a de ao processo pendente no ser aplicével a nova versio do Cédigo de Processo Civil, os prazas processuais que nele se iniciem depois de 1 de Janeiro de 1997 seguem o estabelecido na nova versio do Cédigo de Processo Civil, que, assim, € de aplicagio imediata a esses prazos. Uma das novidades deste regime é a regra da continuidade do prazo, que se encontra estabelecida no art® 144°, a 1: 0 prazo processual é continuo, suspendendo-se apenas durante as férias judiciais, salvo se a sua durago for igual ou superior a seis meses ou se tratar de actos a praticar em processo que a lei considere urgentes. Por exemplo: se, ‘hum processo ordinério, o prazo de contestagio comecar a correr depois de 1 de Janeiro de 1997, esse prazo € de 30 dias (art* 486°, n° 1) e € contado nos termos do art? 144°, 9° 1 c. Relativamente aos prazos processuais respeitantes a actos processuais, que deixam de estar previstos na nova versio do Cédigo de Processo Civil, a sua duragio € adaptada segundo a tabela constante do ar” 6° DL 329-A/95 (ant 18°, n* 3, DL. 329-A/95). Iso &, aplica-se-thes 0 novo regime de contagem. ‘mas a sua duracto € determinada de acordo com a referida tabela. Por exemplo: © prazo para a dedugio do incidente de falsidade (que foi suprimido pelo ant? 3° DL 180/96) & de 8 dias (art? 360°, n° 1, CPC/61). mas € adaptado, quanto 2 sua duracio. nos termos do an? 6°, n° 1, al. b), DL 329-A/95, ou seja passa a ser de 10 dias continuos. 2.4, Procedimentos cautelares Aos procedimentos cautelares requeridos na pendéncia da tei nova. ainda «que como incidente de acgies jd pendemtes em I de Janeiro de 1997. 6 aplicavel © regime novo (art? 22” DL. 329-A/95), Portanto, 0 que releva é data do requerimento da providéneia cautelar ¢ no 0 da instauragio da respectiva acea0 de que essa providéncia & dependente. 25. Citagio regime transit6rio da citago & distinto para 0 caso em que o acto ainda no foi ordenado e para aquele em que ela if foi ordenada, mas ainda no se encontra realizada. Nos processos pendentes em que ainda no haja sido ordenada a citagio, aplica-se 0 regime do acto de citagdo estabelecido na lei nova (ait? 19", n° 1, DL. 329-A/95). Portanto, sfo-Ihe aplicaveis, por exemplo, © regime de dispensa de prévio despacho judicial (art? 234°, n°s 1 ¢ 4) e de indeferimento liminar (art® 234°-A), a regra de que a citado se faz por via 8 Introduedo a reforma postal (at? 233°, n® 2, al. ))e a possibilidade da sua realizagdo por mandatério sudicial (ant 233°, n° 3) ‘Quanto aos processos em que jéhja sido ordenada a citagdo pessoal, rege o art" 19", n? 2, DL 329-A/95: 0 autor pode, se aqucla se no mostrar efectuada no prazo de 30 dias apés o despacho que a tenha determinado, requerer que se proceda & citagdo nos termos da nova versio do Cédigo de Processo Civil io que possibilta © uso da via postal. art? 233°, n® 2, al. a), aplicando-se ainda as disposigdes da lei nova que regulam @ prética e 0 valor do acto (cfr, respectivamente, art"s 234° a 251° ¢ 195" a 198"), bem como a dilagio concedida ao citando (cft. ar 252°-A). Esta regra tem um importante aleance. pois que permite que, em todos os processos pendentes em | de Janeiro de 1997 fem que ainda nfo foi conseguida a citagdo do réu, se volte a tentar a sua realizagio segundo 0 nove regime. 26. Notificagdes ‘As notificagdes em processos pendentes, cujo expediente seja reme- ido apos I de Janeiro de 1997. € aplcavel o disposto nos ans 253° a 260° (art 19°, n° 3. DL 329-A95), 2.7, Mateagio de diligeneias A marcacio de diligéncias que se realize ap6s | de Janeiro de 1997 € aplicavel o disposto no art® 155° (art? 20°, n° 1, DL 329-A/95). Isso significa nomeadamente que essa marcagio deve resultar, tanto quanto possivel, de prévio acordo entre o tribunal e os mandatérios judiciais (ant” 155°, n° 1) e que, se a mareago nfo tiver sido realizada mediante acordo, os mandutrios judiciais mpedidos em consequéncia de outro servigo judicial & mureado deve comunicar 0 facto ao tribunal, no prazo de $ dias, prapondo datas alter nativas, apds contacto com os restantes mandatérios interessados (art 15: 2p. 2.8, Adiamento de actos ou audigncias E aplicével aos adiamentos de actos ou audiéncias que hajam sido marcados mediante prévio acordo entre o tribunal eos mandtérios judicais © fisposto no ar? 651°, n° I, alc) (ar® 20%, 1 2, DL 329-A/95), Desta remissto results que, se faltar algum dos advogados, tal facto seré comunicado 20 Introdugéio a reforma 19 ‘mandante ¢ que se designaré logo data para a realizagio do acto ou audiéncia, com dispensa da obtencio do prévio assentimento do mandatério faltoso. 29, Insirugion Dispae o an 23°, n° 1, DL 329-A/9S, que. as provas propostas em prazo iniciado apés 1 de Janeiro de 1997, bem como a quaisquer diligéncias instrut6rias oficiosamente ordenadas aps essa data, é aplicfvel o regime de direito probatério constante da nova versio do Cédigo de Processo C nomeadamente 0 disposto nos ari%s 181°, n° 4 (comparéncia na audiéncia final, por determinagio oficiosa do tribunal, de quem devia prestar 0 depoi- mento através de carta que nio foi cumprida), 512°-A (alteragao do rol de testemunhas) ¢ 647° (antecipagio da audiéneia final nas acgbas de inderani- zagiio) © novo regime é igualmente aplicével & prova documental apresentada em Jjuizo apds 1 de Janeiro de 1997 (art? 23°, n° 2, DL 329-A/95). Desta regra resulta, por exemplo. a aplicag2o imediata da nova regulamentagZo sobre a impugnacZo da genuidade do documento « a ilisio da sua autenticidade ou forga probatéria (cfr. ars 544° a $51°.A), 2.10, Regiswo das audiéncias F aplicdvel aos processos de naturea civil, ue se encontrem pendentes ‘em qusisquer tibunais em 1 de Janeiro de 1997, 0 disposto no Decreto-Lei nt 39/95, de 15/2, sobre 0 registo das audigncias (an 24° DL. 329-A/95). Portanto. este preceito torna imedista ¢ plobalmente aplicavel aos processos pendentes em 1 de Janeiro de 1997 o repime de gravaglo das audiéncias, revogando, assim. « aplicagfo escalonada que s€ previa no art” 12°, n° 3, DL 39195 2.11, Impugnagio das decisses Segundo 0 estabelecido no art? 25°, n® 1, DL 329-A/95. 0 novo regime legal € aplicavel aos recursos interpostos de decisdes proferidas ap6s 1 de Janeiro de 1997, com excepeio do preceituado nos art's 669°, n°s 2.€ 3 (pedido de reforma da sentenca baseado em lapso manifesto). 670° (processamento da arguig2o de nulidade da sentenga ou do pedido de aclaragao ou reforma). 725° (recurso per saltum para 0 Supremo), 754°, n° 2 (exclusdo do agravo da decistio 2 Jntroduetio & reforma confirmat6ria da Rela¢do). A decisio recorrida apés 1 de Janeiro de 1997 pode provir de um tribunal de I* inst€ncia ou de uma das Relagies, pelo que, neste ‘timo caso, aplica-se-Ihe 0 novo Ambito da revista e do agravo em 2" instancia (eft, ar’s 721°, n° 1, ¢ 754, n? 1) Procurou-se salvaguardar as expectativas das partes quanto & admissi- bilidade do recurso segundo a lei vigente no momento da propositura da acgio, E isso que justifica que o art 25°, a? 1, DL 329-A/95 exceptue da aplicagio imediata da nova regulamentagio dos recursos 0 preceituado no art® 754°, ns 2 € 3, Nesta hipdtese, verifica-se uma sobrevigéncia da verso antiga do Cédigo de Processo Civil, pelo que, se 0 recurso era admissivel com base na Tei vigente no momento da propositura da acgdo. ele continua a sé-lo apés a entrada em vigor da nova versio. 2.12. Valor da decisto 0 ant? 25°, n? 2, DL 329-A/95 estipula que as decisoes penais proferidas apés I de Janeiro de 1997 ¢ aplicdvel 0 disposto nos art’s 674°-A e 674°-B Porianto, essas decisdes possuem, numa posterior acgdo civil, a eficécia estipulada nos art’s 674°-A e 674°-B. 2B. Acgto exceutiva Ags procedimentos de nutureza declarativa enxertados em execugdes pendentes e que devam ser deduzidos na sequéncia de prazos iniciados apés 1 de Janeiro de 1997 sio inteiramente apliciveis as disposigdes da lei nova, incluindo us referentes ao novo processamento do processe declarativo ordinério, sumsrio ou sumarissimo (art® 26°, n° 1, DL. 329-A/95). Esta previsdo abrange. por exemplo, oy embargos de executado (arts 812° a 818°, 926%, n® 1, 929" e 933°, ns 2 © 3) e os embargos de terceito (unt*s 351° a 359%), © ant® 26%, n 2, DL 329-A/95 determina que as penhoras ordenadas apés | de Janeiro de 1997 & aplicdvel o disposto nos ar’s 821° a 832° (bens que podem ser penhorados) e 837°-A a 863°-B (relativos 8 averiguacho offcioss de bens penhordvels e ao dever de cooperagao do executado. bem como & penhors de imoveis, de méveis e de direitos) No art? 26°, n® 3, DL 329-A/95 dispde-se que. nas execugdes que, em 1 de Janeiro de 1997, se encontrem pendentes, sem que se hajam ordenado ou iniciado as diligéncias necessérias para a realizagio do pagamento, sto aplicdveis as disposigdes da lei nova (cfr. art’s 872° a 911°), incumbindo, Introducdo & reforma 21 porém, a0 juiz optar entre a venda judicial mediante propostas em carta fechada (cfr. art's 886", n° 2, ¢ 889° a 901°) ou a arrematagio em aasia pablica, situagao ‘em que so aplicaveis as disposigdes revogadas sobre tal modslidade de venda (cfr. art’s 889° a 905° CPCI61) 2.14, Morat forges Segundo o art? 27° DL 329-A/95, € aplicdvel s causas pendentes em | de Janeiro de 1997 a nova redacgao dada ao art? 1696 CC pelo art? 4°, n° 1, DL 329-A/95. Isto significa que a supressio da moratéria forgada (que existia ‘quando, numa execugdo por uma divida da exclusiva responsabilidade de um dos cSnjuges, fosse penhorada a meac3o nos bens comuns) é imediatamente aplicdvel as execusdes pendentes em | de Janeiro de 1997. ‘Assim, enquanto, segundo o regime anterior. se. numa execugio para pagamento de um divida da exclusiva responsabilidade do cOnjuge executado, fossem nomeados & penhora bens comuns, a execugdo destes ficava suspensa até 2 dissolucdo, declaragio de nulidade ou anulagio do casamento ou 20 decretamento da separagao judicial de pessoas e bens ou s6 de bens (art® 825°, AP 1, CPC/61). agora, segundo a nova regulamentagzo, 0 exequente pode nomear a penhora bens comuns do casal, desde que pega u eitagdo do cénjuge do executado para requerer a separaglo de bens (url? 825°. n? 1), ea execugao desses ben $0 fica suspensa até & panttha (art? ¥25* n° 3) IV. Aplicagdo imediata ex voluntate 1. Adequagsio do provedimento (Oar 28°, n° 1, DL 329-A,95 permite que. nos processos declarativos que sigan a forma ordinéria ou suméria (nfo, portanto, nos processox sumfssimos. ‘nem nos processos espeviais) & que, em I de Janeiro de 1997, nao estejam sind conclusos para elaboragio de despacho saneador, as partes possams, de comum coro, requerer que, Sindos as articulados, se realize uma audiencia preliminar, seguindo-se, conforme os casos, 0 disposto nos art’s 508° a 508°-B ou no ar® 787°, Essa aplicago convencional estende-se 2 tramitago posterior da causa e aos incidentes e procedimentos cautelares que nela venham a ser dedu- Zidos, sem prejuiz0, como se compreende. da validade € eficdicia dos actos praticados ao abrigo das disposigées legais anteriormente vigentes (art? 2°, 2 Introducdo & reforma n° 2, DL 329-A/96). Cumpre ao juiz, no entanto, adequar o processado segundo (0s termos previstos no art® 265°-A, de modo a obstar a que a imediata aplicac3o da lei nova possa implicar quebra de harmonia o1 de unidade entre os varios actos ou fases do processo (art® 28°, n° 4, DL 329-A/95). Na decisio dos incidentes da instancia inseridos em acgBes em que as partes optaram pelo novo procedimento, deveric considerar-se as alteragbes legais que impliquem convolagdo para incidente diverso do indicado pelo reque- rente, com aproveitamento do processado e respeito das garantias das partes (ant 28°, o° 3, DL 329-A/95). Assim, se, por exemplo, 0 autor, durante a vigén- cia da antiga redaccto do Cédigo de Processo Civil, tiver arguido a falsidade de um documento através do respectivo incidente (art*s 360° a 366° CPC/61). ’ apreciacao dessa falsidade aplica-se agora o disposto no art’s 544° a 551° 2. Renovagio da instancia [Nos processos declarativos ordindtios ¢ sumétios. pode a parte interessada, no prazo de 30 dias a contar do transto em julzado da decisio final. requerer a renovagio da instincia, desde que seja sandvel a falta de qualquer pres- suposto processual. que, nos termos da fei nova, pudesse ser sanada (ar 29° DL. 329-A/95), Assim. se. por exemplo, © réu foi absolvido da instincia com fundamento na falta de personalidade judicitria da sueursal demandante (ans 49%, 0 2, ¢ 493%, 0° 1. al. c), CPC/61). a respectiva administrago prin cipal pode requerer a renovayio da instincia © ratificar ou ropetic © processado pela sua sucursal (art 8%, V. Aplicagao imediata doutrinaria |. Problema Os art’s 13° a 29° DL 329-A/95 contém diversas regras de direite transitério quanto & aplicagto da nova versio de Cédigo de Processo Civil Pode discutir-se, no entanto, se a enumeracdo dessas regras significa que no existem quaisquer outras possibilidades de aplicagdo imediata da nova regulamentagdo legal ou se, para além delas, subsistem outras hipéteses de aplicagfio imediata da lei nova, Parece dever entender-se que esse enunciado das situagdes de aplicago imediata da nova lei processual nio esgota todas a8 hipéteses possiveis, Introducio & reforma 2 2. Solugio Particularmente questiondvel é a aplicagio das normas respeitantes & admissibilidade do processo, isto é, aos pressupostos processuais, sempre que lei nova venha considerar preenchido um pressuposto que faltava no dominio da lei antiga. As opgdes slo as seguintes: - se nao se considera a lei nova imediatamente aplicdvel, aceita-se 0 proferimento de uma absolvicao da instancia, mas nfo se pode evitar que o autor instaure de imediato uma nova ‘ago idéntica & anterior (cfr. ar” 289, n° 1); - se, pelo contrério. se aplica de imediato a lei nova, obsta-se quer a absolvigéo da instincia, quer & eventual propositura de uma nova acgao. Esta ditima € a soluyio claramente preferivel, uté pela perspectiva dos interesses do r€u, que 130 corre 0 risco de set demandado em duas acgies seguidas com 0 mesmo objecto. ‘Suponha-se. por exemplo. que, em | de Janeiro de 1997. esta pendente uma acco proposta por uma Sociedade irregular: essa sociedade no possti personalidade judiciéria activa segundo a antiga versio da lei processual civil (ant 8, n® 1, CPCI61), mas possui-a segundo a nova regulamentacdo (art 6°, al. d)): deve entender-se que. nesse processo pendente, cessou essa falta de personalidade judiciéria. Outro exemplo: admita-se que. em 1 de Janeiro de 1997, esté pendente uma execucdo bascada nim documento particular assinado pelo devedor, mas nfo reconhecido por notiio; este documento ndo cra titulo executivo segundo a versio do Cédigo de Proceso Civil vigente no momento da propositura dessa execusio (art® S1°. n° 1, CPCIG1), mas 6-0 segundo 0 novo regime dos titulos executivos (ast? 46%, a. ); deve considerar- se que esse documento passa a constituir titulo executivo suficiente nessa execugio pendente (cfr. Assento/STJ 9/93, de 18/12 = BMI 431, 19), Defendendo s apicagSo imediata lei nova sobre exequibilidade dos documentos paricolaes, ef tambéan STI - 18/2/1986, BM 384, 467; RC « 15/12/1987, BME 372, 483: STI 92/1988, BMI 374, 395; contra, ST) - 20/10/1988, BMI 378, 40, VI. Adaptacies noutra legistagao 1. Prazos processuais ‘Véria legislagio utiliza o direito processual civil como lei subsidiria. pelo que a introdugto de modificagdes naquele direito pode provocar a necessidade de proceder a adaptagdes naquela legisla¢io. Dado o regresso a regra da Py Insrodugtc& reforma continuidade dos prazos determinado pelo art? 144°, n° 1, 0 art? 6°, n° 1, DL 329-A/95 fornece wma tabela para a adaptaco dos prazos processuais cestabelecidos nessa legislago quando ainda vigorava a regra da contagem . A referéncia & igualdade substancial que consta do ant” 3°-A ndo pode postergar os varios regimes imperutivos definidos na lei, que originam desigualdades substanciais ou que se bastam com igualdades formais, Quer dizer: a igualdade substancial € algo que nao pode ser aleangudo através da supressio dos factores de igualdade formal, mas através de um auxilio suplementar a favor da parte carenciada do auxitio, Essa igualdade substancial nfo 6 obtida através do um rsinus imposto a uma das partes, mas de umn maius concedido parte necessitada. Nas palavras sugestivas de Vollkommer, “ipualdade formal perante 0 juiz” necessita de ser completada por uma “jgualdade substancial através do juiz” 0, Assim, o dever de assegurar a igualdade substancial das partes terd aplicago sempre que a lei imponha uma intervengao assistencial do tribunal. Por exemplo: 0 an? 508, n°s 1, al. b). 2 © 3, permite que 0 juiz convide as partes a aperfeigoarem os seus articulados se detectar uma insuficiéneia ou imprecisio num dos articulados de uma das Vollkonmer. Der Grundsatz der Waffengleichhet im Zivlpraeh- eine neue Prozedims: ime ? FS Karl Hein? Schwab (MBachen 1990), 520; cf. Wassermann, Der sozisle ZivilprozeB/ Zur Theorie und Praxis des Zivilrozestes im sozialen Rechsstaat (Newwied / "Darmstadt 1978), 6888. € A 9 Principios estruturantes 4s partes, infinge o dever de assegurar a igualdade substancial entre elas se @ nfo notificar para cortigir 0 vicio, Este contetido positive do principio da igualdade substancial das partes permite, aliés, colmatar uma lacuna patente na nova versio do Cédigo de Processo Civil 0 art® 266°, n° 2, prevé o dever de o juiz se esclarecer perante as partes, mas s6 parcialmente se encontra na lei uma previsio quanto ao dever de 0 juiz as esclarecer sobre assuntos que a elas digam respeito (0 chamado Hinweispflicht ou Fragepflicht consagrado no § 139 ZPO)'"?. Do contedido positivo do prinefpio da igualdade substancial das partes decorre que o tribunal deve elucidar qualquer das partes. se da informagio veiculada depender a efectiva igualdade processual delas em juizo. Fntendido desse modo. 0 principio da igualdade substancial nio choca com 0 principio da imparcialidade do tribunal. Esta imparcialidade traduz-se numa independéncia perante as partes, mas, no contexto do principio da igualdade, imparcialidade nio € sinénimo de neutralidade: a imparcialidade impée que o juiz auxilie do mesmo modo qualquer das partes necessitadas ou, dito de outra forma, implica, verificadas as mesmas condigdes, o mesmo aux‘lio, 4 qualquer delas: @ neutralidade determina a passividade do juiz perante a desigualdade substancial das partes. Portanto, o juiz. ndo tem de ser neutro perante 8s situagdes de desigualdade que existam ou que 8¢ possim criar entre as partes, mas deve ser imparcial perante elas, dado que, quando tal se justifique, deve ausiliar qualquer delas c. 0 conteiido negativo do prinefpio da igualdade substancial destina-se a impodir que o juiz erie situagdes de desigualdade substancial entre as partes, Assim, por exemplo, esse prinespio obsta a que o tribunal fixe, para cada uma das partes, praros diferentes para o exercicio da mesma Faculdade ou 0 ‘cumprimento do mesmo énus, 2.3, Critério de decisto a, Particularmente discutfvel é saber se a jgualdade substancial entre as partes também deve ser um critério de decisto do tribunal, ou seja, determinar se, para obter a igualdade substencial referida no art® 3°-A. 0 juiz pode proferir uma decisio cujo contedido seja definido pela situagao de desigualdade entre ‘00 Howe a oporanidle de chamar a tengo para ests fal, detectada no Project difuedido fm Fevereiro de 1995: cit. M. Tecra de Sousa. Apreciagto de alguns aspectos dt «Revisio {do Processo Civ ~Projecton, ROA 55 (1995). 162, eft injra, $313 Principios estruturantes 4s partes. Parece que tudo depende de uma expressa previsfio legal que permita {que a decisdo considere esses factores de desigualdade Quanto as decisées sobre o mérito da causa, elas so determinadas pelos critérios resultantes da lei ou que por ela sejam permitidos, como a equidade {art 4° CC) e a discricionariedade prépria dos processos de jurisdigao voluntéria (art® 1410"), Assim, o tribunal 6 pode intreduzir na sua decisao as, correcgdes que a lei permita ou que resultem de qualquer daqueles eritérios formais de decisdo. Por exemplo: o ar” 494° CC permite que, quando responsabilidade do lesante se funde em mera culpa, a indemnizacdo possa ser fixada, equitativamente. em montante inferior a0 que corresponde 40s danos causados, desde que o grau de culpabilidade do agente, a situagdo econdmica este ¢ do lesado e as demais circunstancias do caso 0 justifiquem, Quanto as decisdes de forma, a solugio € semelhante sempre que uma previséo legal permita a sua adaptagdo a situacdo conereta das partes. Encontra- -se um exemplo de uma tal previsio no art? 145°. n° 7:0 juiz pode determinar 2 redugdo ou dispensa da multa pela pratica de um acto fora do prazo nos casos de manifesta caréncia econémica da parte ou quando 0 respectivo montante se revele manifestamente desproporcionado, b. Mais duvidoso € determinar se 0 an® 3°-A também pode ser entendido como permitindo o proferimento de uma decisto eujo conteddo atende & situagdo de desigualdade substancial das partes. Suporha-se que o juiz aplica 2 uma das partes uma multa num determinado montante e que, depois disso, deve aplicar & outra parte, por um comportamente idéalice desta, wma ovtra multa: pode discutir-se se esta segunda multa deve possuir um quantitative idéntico a primeira ou se este montante deve ser corrigido (para mais ou para menos) de acordo com a situago econdmica da parte. A respasta & espe- ciakmente melindrosa, mas o art® 3°-A parece impor que, na aplicagéo dessa sangdo processual, o juiz atenda & desigualdade econémica das partes e, portanto, defina g montante da multa de acordo com as capacidades econdmicas dos Titigantes, 1V. Garantia do contradit6rio 1. Generalidades © direito a0 contradit6rio - que €, em si mesmo, uma decorréncia do Princfpio da igualdade das partes estabelecido no ar? 3°-A.- possui um contetdo Principios estraurantes a ‘multifacetado: ele atribui & parte ndo s6 0 direito ao conhecimento de que contra ela foi proposta uma acgéo ou requerida uma providéncia e, portanto, um direito a audigdo antes de ser tomada qualquer decisio, mas também um direito 2 conhecer todas as condutas assumidas pela contraparte e a tomar posigdo sobre elas, ou seja, um direito de resposta 2. Direito a audigao prévia 0 direito & audigdo prévia encontra-se consagrado no art® 3°, n° 1 in fine, embora possa sofrer as excepgdes genericamente previstas no art? 3°, n° 2: assim, num procedimento cautelar comum, o tribunal s6 ouviré o requerido se 4 audigncia ado puser em risco sério o fim ou a eficécia da providéncia (art? 385°, n° 1); a restituigdo proviséria da posse ¢ o arresto sio decretados sem a audiéncia da parte requerida (arts 394° ¢ 408°, n° 1), E ainda o direito ’ audigdo prévia que justifica todos os cuidados de que hé que revestr a citagio do r6u e a tipificagio dos casos em que se considera que ela falta (art® 195°) ou € nula (art 198°, n? 1) © que esta subjacente a possibilidade de interposigéo do recurso extraordinério de revisio contra uma sentenca proferida num processo em que tenha faltado a citagio ou esta seja nula (an 71°, al. ) e de opoxigio ¢ anulagio de execugtio com base nos mesmos vicios (arts 813° al. d), ¢ 921"), 3, Direito de resposta a. O contraditério nao pode ser exercido e o direito de resposta no pode ser efectivado se a parte ndo tiver conhecimento da conduta processual da contraparte. Quanto a este aspecto. vale a regra de que cumpre a secretari oti samente as partes quando, por virtude de disposigio legal, elas possam responder a requerimentos. oferever provas ou, de um modo geral, exercer algum direito processtal que ndo depends de prazo a fixar pelo juiz, nem de prévia citagdo (ant? 229, n® 2), Coneretizagdes desta regra constam dos ant®s 146°, n? 5. 174°, n® 1, 234%, n° 1, 542° @ 670°, a? 1 car olic b. 0 direito de resposta consiste na faculdade, concedida a qualquer das partes, de responder a um acto processual (articulado. requerimento, alegacao ou acto probat6rio) da contraparte. Este direito tem expressfo legal, por exemplo, no principio da audiéncia contraditéria das provas constante do an® 517° Prinetpias estraturantes ‘A reforma acentuow a relevancia concedida & garantia do contradit6rio na vertente de direito de resposta. O art? 3, n® 3 1* parte, impde ao juiz, de modo programiético, 0 dever de obscrvar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo, © prinefpio do contradit6rio. Significativa & também, quanto a este aspecto, & supressio dos processos sumérios e sumarissimos como processos cominat6rios plenos (art’s 784° e 794", n° I): neste caso, ndo é 0 contradit6rio que se garante, mas as consequéncias do seu no exercicio que se atenuem, Além disso, so varias as novas normas que contém expressamente uma garantia do contradit6rio: - a parte, que nil puder responder a uma excepeio deduzida no titimo articulado admissivel, pode responder a ela na audiéncia preliminar ou no inicio da audiéncia final (art 3°, n° 4); - o tribunal pode considerar na deciséo os factos que sejam complemento ou concretizagio de ‘outros que a parte haja oportunamente alegado e resultem da instrugdo ¢ discussio da causa, desde que, entre outros factores, tenha sido facultado 0 contraditério a parte contréria (art® 264°, n® 3): - 0 juiz, sempre que solicite esclarecimentos a uma das partes, deve dar conhecimento a outra dos resultados 4a diligéncia (an” 266°, n° 2); - os factos que sdo objecto de esclarecimento, aditamento ou correcgdo a convite do juiz ficam sujeitos & contraditoriedade dda contraparte (art” 508", n° 4; a mesma regra vale quanto ao aditamento ou esclarecimento das conclusdes na petigdo de recurso: at® 690°, n° 5): -o relator, antes de submeter & conferéncia a reclamacdo de uma das partes, deve ouvir & Parte contréria (urt? 700°, n° 3): - se uma das partes requerer o recurso per saftum para o Supremo, o juiz deverd ouvir @ outra parte (art? 725°. n° 2): no Provesso sumario. a audiéncia preliminar s6 se realiea se tal for determinado Pela especial compleridade da causa ov pela necessidade de assegurar 0 contradit6rio (srt? 787°, Sobre outris expressies do contraditério, especialmente no processo declarative, cfr a's 2077, 26°-A, nts 3 e 4, 324 0° 2, 326%, 2, 331", wt 2, 336% a 3, 376% a |, hah 480P, dNB® oP 1. SOD" 503%, $068, nF 4, S07", a 2, 518%, ns Te 2, 526%, Seah Sor. nt 1. 578 n° 1, 681% a 1 al b), 670, nF, 68 n? 4, 9B as 3 eS, 10D, 1 2, 774% a? 3, 789" « 794", Ua excepyo & rera do contraditéio encore se também mo a 486%, 5, €. A violas#o do contraditério inclui-se na cldusula geral sobre as nuli dades processuais constante do art? 201°. n° I: dada a importancia do contraditério, €indiscutivel que a sua inobservancia pelo wibunal € susceptivel de influir no exame ou decisio da causa. Uma concretizagio desta regra encontra-se no art® 277°, n° 3, Principion estraturantes 49 V. Duragio razosvel do proceso 1, Causas da morosidade © processo civil portugues comunga de um mal de que padecem os processos jurisdicionais em muitas outras ordens juridicas: é lento e moroso As queixas contra a morosidade da justica no so uma originalidade portuguesa ‘'), mas tal ndo pode fazer esquecer que toda a demora no julga- ‘mento da causa constitu um factor de injustiga para a parte vencedora, Uma justiga tardia é methor do que a denegagio dela, mas nunca serd a justiga devida, A lentidio processual encontra causas endgenas ¢ exégenas. Como causas end6genas podem ser referidas, tomando como parimetro o processo civil portugués no seu estado anterior a reforma, as seguintes: a excessiva passi- vidade - se nio legal, pelo menos real - do juiz da acgio: a orientagdo da actividade das partes, ndo pelos fins da tutela processual, mas por razses frequentemente dilatérias 1; alguns obstéculos técnicos, como os crénicos atrasos na citagio do réu e a demora no proferimento do despacho saneador devida as dificuldades inerentes 2 elaboragio da especificagtio e do questionso. Outras causas da morosidade processual sio exteriores ao préprio processo: falta de resposta dos tribunais ao crescimento exponencial da ltigiosidade, dada a exiguidade dos meios dispontveis: maior complexidade do diteito material ¢ crescente uso nele de conceitos indeterminados e de cliusulas gerais, cuja cconcretizagao é implicitamente diferida para a esfera jurisdicional "Final ‘mente. deficiéncias na preparagdo técnica dos profissionais forenses, Uma consequéncia da morosidade da justiga € © recurso cada ver mais frequente as providéne as cautelares como forma de solucionar os Titigios, especialmente quando eiay podem antecipar a tutela definitiva ou mesmo vir a (© Sobre a marosiave da ligginsidadse a uae causa, cf, B, Sousa Santos Marte M, Leta Marques / Jodo Peiroso /P. Lopes Ferreira, Os wibanait nat sociedades cotemporineas / 10 caso portugués (Porto 1986), 387 ss. (1 Cf, por exempo, Henke, ludicisperptus oder: Warum Prozesse so lange dave (0970), 125 ss. que apesents eveiploshstrics muita curlosos sobre 9 combate ‘4 morosidade processal: sobre uma ali econGmica da morsidade processus, ct. Adams, ‘Okonomische Analyee Jet Zesiprazeses (Konigatein/Ts, 1981). 57 a 08 Henke, Judicia perpetaa 146: Fasching, Recttsbehelfe zur Veriahrensbeschleunigung. FS Wolfram Henckel (Beclin New York 1995), 162. “ Voltkommer. Die lange Dauer der Zivlprezesse und Hive Ursachen, ZZP 81 (1968), 118; Fasching, Verfahrensbeschleungune, 182 Lap x8 Principio estruturantes dispensé-la. Por exemplo: 0 possuidor que quer obter a restituigao da coisa, colocado perante a situacao de s6 a vir a conseguir no termo de um longo demorado processo. tenderé a requerer de imediato a sua entrega através da providencia cautelar de restituig2o provisdria da posse (art® 393") 2. Solugdes contra a lentidao ‘8, So varias as vias habitualmente seguidas (ou tentadas) para obviar & morosidade processual. Salientam-se, entre elas, as seguintes solugdes: 0 estabelecimento entre as fases do processo, ou mesmo no seu interior, de regras de precluséo, que obstam a que um acto omitido possa vir a ser realizado fora do seu momento legalmente fixado: o reforgo do controle do juiz sobre 0 processo; a concentragio do processo numa audincia na qual a causa possa ser discutida e, eventualmente, decidida. Ha que recordar que, a par destas solugSes, alguns instrumentos processuais visam deliberadamente acelerar 1 realizagio do direito: pense-se. por exemplo, na admissibilidade de provi- encias cautelares de cardcter antecipatsrio (como, por exemplo. os alimentos provisérios, art® 399, n° 1), no efeito devolutivo do recurso € na consequente exequibilidade proviséria da decisio recorrida (art® 47°, n® 1) e ainda na qualificagao de certos documentos extrajudiciais como titulo exeemtivo (ar 46°, alts b) a d)). b. Certas reformas reslizadas nalgumus ordens jurfdieas esirangeiras tm acentuado 0 fimbito da preclusdo dos actos processuuis: recorde-se a Verein« Fachungsnovelle alem’ de 19769 © & mais recente revisio italiana iniciada em 1990 ¢ completada em 1995", A revemte reforma portuguesa, pelo contririo, nfo acentuov a importancia desse efeito preclusivo. Escolheu-se. ‘quanto a esta matéria, a orientagio acertada. © processo civil portugués nao carecia de qualquer reforgo do efeito preclusivo. antes necessitava de alguma fexibilizagdo nomeadamente quanto a0 momento da uleagao pelas partes dos factos relevantes, de molde a assegurar que essa apresentagdo se possa adaptar 09) Sobre u Verenfachungsnovelle © @ ere! 1 Scheab / Gottwald, Zivlonestech*(Manchen 1993), 26¢ 380s, "Cle. Colesanti Nt peocesso di cognizione tells riferma del 1990. RDP 47 (1993), $7 ‘Bigvtt. Iniaitiva delle pani e processo a preclusion. RTDPC 50 (1996). 477 ss: Tarsia / ‘7 Ciprianl Prowvesimens urgent peri proceso civil (Padova 1993), 70 ss: Tasia. Limearoent del nuove provesso di cognizione (Milano 1996). 78 s+ Bucci / Crewensi/ Mapa. Manvale Pratico delle Riforma del Processo Civile > (Padova 1995): Consolo / Laiso / Sastas Comentario alla Riforme del Proceso Cite (Milann 1996), 135 6 Principios esiraturantes 3 2 evolugdo do processo e &s contingéncias nele surgidas. Foi certamente com esta intenedo que o art* 264°, n°s 2 e 3, passou a permitir que o cribunal considere os facto instrumentais e complementares surgides durante a instrugdo ¢ discussio da causa. Refira-se ainda que, na nova definigzo do justo impedimento como o evento nao imputavel& parte nem 20s seus representantes ou mandatérios (ar? 146°, n° 1), parece terse ensaiado algum apelo a diligéncia devida como critério de aferigio do efeito preclusivo. ‘A reforma também acentuon os poderes de condugo do proceso stribuidos ao juz, 0s quas. entre outras finalidades. devem ser utlizados para prosseguir a celeridade processual. O art® 265%, n® 1, estabelece que eumpre 40 juz, sem prejuizo do énus de impulso imposto as partes, providenciar pelo andamento regular € célere do processe. promovendo oficiosamente as diligencias necessaries ao normal prosseguimento da acglo e recusando 0 que for impertinente ou merameate dilatGrio Finalmente, a reforma promoveu a concentragao da fase da condensagio numa audigneia preliminar. que ¢ preparad nos termos definidos no ar” 308° «que se realiza com as finalidades previstas no art” S08°-A, nfs | e 2. Da introdugao desta audiéncia preliminar muito se pode esperar quanto a celeridade processual. Ela permite realizar todas as fungtes que Frits Baur. numa contribuigio que se viria a mostrar precursora de importantes mudangas legislativas, considerou indispenséveis a uma tal auditncia: o debate e decisao sobre os pressupostos processuais (art SO8*-A, n° I, als b) ed), a organizagio e selecgao dos factos anticulados (ar 5U8".A, n° I, als ©) ¢e)), a tentativa de conciliagdo Jas partes (an 5O8®-A. n° 1. al, a}) € 2 decisio sobre os factos earecidos de prova (ar 508°-A, n° 1, al. €)) . Paralelumente a estas solugdes de Ambito geral sao varias as alteragves introduzidas com o nitido intuito de Facilitar a tamitagio da causa ou de, pelo menos. nio a dificultar. Recordem-se as novas regras quanto & rentineia do ‘mandato judicial (art® 39°, n° 3), & ulilizago da via postal na citago pessoal (art 233%, n° 2, al. a)) € & admissibifidade da citago por mandatério judicial (ar 233%, n® 3), 2 exelusao da citagio edital no incidente de intervensa0 acesséria (art's 332°, n® 2) e a0 prosseguimento da acgio passados tes meses sobre a data da deducio desse incidente, mesmo que nio se mostrem realizadas todas as citagoes (art® 333°), & ndo utlizacdo da citagdo edital nes providéncias "OR Cie. Bar, Wege 2u einer Konzeatration der mundlichen Verhandlong im Proce (Bertin divers BIBLIOTECA

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