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Danielle Ramos de Miranda Pereira e Marcelo de Rezende Pinto RSP

A importância do entendimento
dos indicadores na tomada de
decisão de gestores públicos
Danielle Ramos de Miranda Pereira e Marcelo de Rezende Pinto

Introdução

A existência de uma profunda relação entre educação e desenvolvimento é um


pensamento compartilhado entre vários autores, independentemente da forma
como interpretam o desenvolvimento, cujo sentido pode variar entre aspectos
puramente econômicos e aqueles não somente voltados ao crescimento da produção,
mas também ao âmbito social e humano das condições de vida das populações
(SCHUWARTZMAN, 2003; BARROS, HENRIQUES E MENDONÇA, 2002; LAU et al, 1996).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento social tem sido medido por meio de
indicadores compostos, também denominados índices, amplamente utilizados
pelos gestores públicos como subsídios para a formulação e a avaliação de polí-
ticas públicas, e como forma de estreitar a comunicação de suas ações à sociedade,
especialmente num contexto em que é crescente a descentralização das ações
governamentais e a importância do nível local no planejamento estratégico e na
implementação dessas políticas.

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O Índice de Desenvolvimento Humano públicas? Não menos importante é a per-


(IDH) é um indicador criado mediante o gunta: como confiar em indicadores, como
esforço do Programa das Nações Unidas para os de educação, que parecem não conse-
o Desenvolvimento (PNUD) de medir os guir captar toda a complexidade dos fenô-
aspectos sociais e econômicos do desenvol- menos a que eles se propõem?
vimento, sintetizando em um único número Diante dessas inquietações e da com-
as dimensões renda, saúde e educação. plexidade por elas descortinada, surgiu o
Outros índices de desenvolvimento interesse de elaborar um artigo com os
têm surgido com o propósito de medir seguintes objetivos: em primeiro lugar,
também as variações de curto prazo, que examinar a diferença na relação entre
são extremamente importantes para a desenvolvimento econômico (expresso em
avaliação das políticas sociais. Entre esses termos de renda) e educação por meio das
índices, pode-se citar o Índice Mineiro de dimensões de renda e educação, que com-
Responsabilidade Social (IMRS), que pro- põem dois índices de desenvolvimento; em
cura captar tais variações, incluindo outras segundo lugar, discutir a importância do
dimensões e indicadores relevantes ao entendimento dos indicadores por parte
processo de desenvolvimento. dos gestores públicos; por fim, em terceiro
As dimensões “renda do IDH e do lugar, trazer à baila algumas reflexões
IMRS” correspondem ao desenvolvimento acerca da necessidade de se melhorar a
puramente econômico. Por sua vez, a qualidade dos indicadores, principalmente
dimensão “educação do IDH” inclui de educação, a fim de que possam refletir,
aspectos relacionados ao acesso educacional, de forma mais verdadeira, toda a comple-
enquanto essa mesma dimensão do IMRS xidade dessa dimensão.
considera outros fatores além do acesso, tais Para atingir os objetivos propostos, o
como qualidade do ensino e recursos trabalho foi estruturado em quatro seções,
disponíveis, frequentemente citados na além desta introdução. Na segunda seção,
literatura educacional como indispensáveis conduziu-se uma discussão teórica contem-
ao monitoramento das políticas educa- plando os temas dos indicadores e suas
cionais (PEREIRA, 2006; SCHUWARTZMAN, aplicações. A terceira seção foi acrescen-
2003; CUNHA, PEREZ E AIDAR, 2001; CASTRO, tada ao trabalho com o escopo de apresen-
1998; BARROS E MENDONÇA, 1997). tar os dados referentes à relação entre renda
Em face dessa discussão, relativa às e educação nas regiões administrativas de
diversas formas de se medir dimensões alta- Minas Gerais. Por fim, na quarta e última
mente complexas e multifacetadas como seção, as considerações finais do trabalho
renda e educação, algumas questões são apresentadas e discutidas.
atinentes ao papel do gestor público pare-
cem emergir: uma vez que existem Os indicadores e suas aplicações
inúmeras metodologias para mensuração
dessas dimensões, como o profissional de Um indicador social pode ser definido
gestão pública deve tomar suas decisões? como uma medida quantitativa, dotada de
Outra questão nos remete à seguinte inda- significado social substantivo, utilizada para
gação: até que ponto a escolha de um indi- substituir, quantificar ou operacionalizar
cador pode afetar o diagnóstico, a formu- um conceito social abstrato de interesse
lação e o monitoramento de políticas teórico para a pesquisa acadêmica ou de

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interesse programático para a formulação das metas e indicadores da efetividade


de políticas (JANNUZZI, 2002). Os indica- social dos programas.
dores estabelecem um padrão normativo, Outra tipologia de classificação de indi-
por meio do qual é possível construir um cadores, bastante utilizada na formulação
diagnóstico para subsidiar a formulação e e na avaliação das políticas públicas, divide
a avaliação de políticas públicas. os indicadores em: indicadores-insumo, in-
Não obstante a grande utilidade dos dicadores-processo, indicadores-produto e
indicadores, é essencial salientar que a sua indicadores-impacto (JANNUZZI, 2001). Os
interpretação deve ser acompanhada de indicadores-insumo quantificam os
uma análise detalhada do fenômeno estu- recursos disponibilizados para as políticas
dado, uma vez que o alcance dos indica- públicas, enquanto os indicadores-processo
dores é limitado, enquanto tentativa de
captar num simples número a complexa
realidade social. De acordo com a Organi-
zação Mundial de Saúde (WHO, 1996) e “Os
Jannuzzi (2001), um indicador deve indicadores
possuir, como propriedades desejáveis, a
validade para representar o fenômeno que
estabelecem um
pretende medir, a confiabilidade de padrão
fornecer os mesmos resultados quando normativo, por
calculado em circunstâncias similares, a meio do qual é
sensibilidade de refletir mudanças no fenô- possível
meno de interesse, a especificidade de
refletir mudanças em fenômenos especí- construir um
ficos, a relevância para a discussão da diagnóstico
agenda da política em questão, o grau de para subsidiar
cobertura populacional adequado, a simpli- a formulação e
cidade para o devido entendimento dos
a avaliação de
agentes das políticas e do público-alvo
dessas políticas, a atualização periódica, a políticas
desagregação em termos socioeconômicos públicas.”
e demográficos e, ainda, certa historicidade.
Existem várias tipologias de classifi-
cação de indicadores sociais, dependendo,
em especial, do fim a que se destinam, da
etapa do ciclo de formulação e avaliação medem os esforços de alocação desses
de políticas públicas, do seu grau de recursos para a obtenção de melhorias
complexidade e da época em que foram efetivas no bem-estar social. Por sua vez,
criados. Como instrumentos de avaliação os indicadores-produto retratam os resul-
de políticas ou programas sociais, Arretche tados efetivos dessas políticas e os indica-
(1998) e Andrade, Ussan e Klering (2001) dores-impacto referem-se aos efeitos
classificam os indicadores em: indicadores sociais alcançados no médio prazo.
de eficiência dos recursos empregados, Os indicadores também podem ser
indicadores de eficácia no cumprimento classificados em função da etapa do ciclo

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de formulação e avaliação de políticas social vigente. Para a terceira etapa do


públicas: indicadores para diagnóstico, indi- ciclo, de implementação e execução dos
cadores para formulação, indicadores para programas, foi ressaltado que são neces-
implementação e indicadores para avalia- sários indicadores de monitoramento com
ção. Cada etapa desse ciclo, ilustrado na as propriedades da sensibilidade,
Figura 1, enfatiza o uso de indicadores com especificidade e periodicidade, o que cons-
determinadas propriedades, dependendo titui um grande problema, especialmente
das necessidades intrínsecas das atividades quando se necessita de indicadores em
envolvidas. escala municipal.
Segundo Jannuzzi (2005), a primeira Por fim, o acompanhamento de pro-
etapa do ciclo – a elaboração do diagnós- gramas, que engloba os processos de
tico da realidade social – inclui retratar a implementação e avaliação, requer a
situação social vivenciada pela população, estruturação de um sistema de indicadores
para orientar posteriormente as questões que permita monitorar o dispêndio reali-
prioritárias a atender, os formatos dos pro- zado, o uso operacional dos recursos, a
gramas a implementar, as estratégias e geração de produtos e a percepção dos
ações a desenvolver. Para isso, são neces- efeitos sociais dos programas, conforme a
sários indicadores de boa confiabilidade, lógica insumo-processo-produto-impacto
validade e desagregabilidade, contem- (COHEN e FRANCO, 2000; JANNUZZI, 2005).
plando as diversas temáticas da realidade Dessa forma, no acompanhamento dos
social. O autor salienta que na segunda programas, a análise da eficiência necessita
etapa do ciclo, na formulação de políticas de indicadores dos esforços e dos recursos
ou programas sociais, os indicadores são alocados, enquanto a análise da efetividade
selecionados a partir dos objetivos pede indicadores que permitam a vincu-
norteadores dos programas definidos lação das ações do programa com as
como prioritários pela agenda político- mudanças percebidas (ou não) nas

Fonte: Jannuzzi (2005)

Figura 1: Ciclo de formulação e avaliação de políticas ou programas sociais

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condições de vida da população (ROCHE, aspecto unidimensional, não captando


2002; JANNUZZI, 2005). outras dimensões importantes para o
Quanto ao seu grau de complexidade, desenvolvimento, como a educação e a
os indicadores podem ser classificados em saúde.
simples ou compostos. Os indicadores Por sua vez, os de segunda geração são
compostos, também chamados de indica- indicadores compostos, criados na década
dores sintéticos ou índices sociais, são um de 1990, época em que a preocupação
tipo de média estabelecida entre um con- central se deslocou do aspecto puramente
junto de indicadores simples, na tentativa econômico do desenvolvimento para
de apresentar, de forma sintética, uma ou contemplar, também, o seu âmbito social.
mais dimensões da realidade social Nesse cenário, surgiu o Índice de Desenvol-
(JANNUZZI, 2001). Esses indicadores sinté- vimento Humano (IDH), que se propôs a
ticos são instrumentos bastante utilizados enfrentar esse desafio, sintetizando, em um
na avaliação da gestão pública, permitindo único indicador, dimensões de renda,
a realização de comparações globais da longevidade e escolaridade.
situação do município e do desempenho O IDH foi idealizado pelo Programa
da gestão. Em geral, são estabelecidos das Nações Unidas para o Desenvolvimento
“pesos” diferenciados para os indicadores (PNUD), para servir de base empírica aos
que compõem o índice, em função da Relatórios de Desenvolvimento Humano, respon-
importância deles na determinação do sáveis por monitorar o processo de desen-
resultado final. Esses índices podem ter volvimento mundial ao longo da década
maior aplicação à medida que oferecem ao de 1990 (PNUD, 2000; FJP, 2006). Esse
gestor uma medida-síntese, por exemplo, índice, que foi fruto de um longo processo
do desenvolvimento social de municípios de consenso entre pesquisadores, incorpora
onde os programas serão implementados o PIB per capita na dimensão renda, a espe-
(JANNUZZI, 2005). rança de vida ao nascer na dimensão da
Ainda quanto ao grau de complexidade longevidade, e os indicadores “taxa de
e, também, ao período de sua criação, os alfabetização da população com 15 ou mais
indicadores podem ser classificados em três anos de idade” e “taxa bruta de matrícula
gerações: indicadores de primeira geração, nos níveis de ensino primário, médio e
indicadores de segunda geração e indica- superior” na composição da dimensão de
dores de terceira geração (K AYANO e escolaridade (PNUD, Ipea e FJP, 2003).
CALDAS, 2002). Os indicadores de primeira Entre as principais limitações da uti-
geração surgiram no pós-guerra e são lização do IDH, pode-se destacar a falta
indicadores simples, como o Produto de sensibilidade para medidas de curto
Interno Bruto (PIB), criados num contexto prazo e para temas de ações puramente
em que se preocupava em medir a capaci- municipais (TORRES , F ERREIRA e D INI ,
dade de produção de um país, como proxy 2003; KAYANO e C ALDAS, 2002). Esses
do seu desenvolvimento (TORRES, FERREIRA mesmos autores ressaltam que a sensibi-
E DINI, 2003). A principal vantagem desse lidade de um indicador, para medir
tipo de indicador é a facilidade de entendi- variações de curto prazo, é importante à
mento por parte dos gestores públicos e medida que se pretende avaliar os resul-
da sociedade, enquanto que a desvantagem tados de políticas e valorizar as ações
em sua utilização está associada ao seu ligadas à forma de gestão.

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O Índice Paulista de Responsabilidade setores. Conforme destaca a fundação


Social (IPRS) e o Índice Mineiro de Respon- responsável pela elaboração do índice, a
sabilidade Social (IMRS) são exemplos de dimensão renda do IMRS é bastante consis-
indicadores de terceira geração. O IPRS foi tente, apresentando elevada correlação com
elaborado pela fundação Seade, por solici- o índice de renda do IDH, em 2000.
tação da Assembleia Legislativa de São Passando à descrição da dimensão
Paulo, para subsidiar a formulação e a ava- “educação”, é oportuno destacar que, atual-
liação das políticas públicas dos municípios mente, a avaliação do sistema educacional
do Estado de São Paulo (DEMARCO, 2007). tem procurado contemplar, além do acesso,
O Índice Mineiro de Responsabilidade questões relacionadas à qualidade do
Social (IMRS) – que contempla as dimen- ensino e à eficiência no uso dos recursos
sões renda, saúde, educação, segurança disponíveis. A qualidade do ensino é
pública, gestão, habitação e meio ambiente, geralmente medida por meio de testes
cultura, desporto e lazer – foi desenvolvido padronizados de resultado ou desempenho,
para os municípios de Minas Gerais, na cujo modelo teórico está ilustrado na Figura
tentativa de criar um instrumento mais eficaz 2. De acordo com essa figura, o modelo
para avaliar a situação do desenvolvimento teórico “insumo-processo-produto” dos
municipal, a atuação da gestão pública e as possíveis determinantes do desempenho
iniciativas vinculadas à participação nas educacional divide os recursos (insumos) e
decisões do município (FJP, 2005). os processos de aprendizagem em nível de
aluno, classe, escola e comunidade.
As dimensões de renda e educação Os estudos em avaliação educacional
do IDHM e do IMRS têm conseguido demonstrar que a quanti-
Esta seção descreve a composição das dade de recursos financeiros, a infraes-
dimensões “renda e educação do IDHM e trutura das escolas (sala de aula adequada,
do IMRS”, enfatizando os fatores educa- existência de biblioteca, laboratório e
cionais associados ao monitoramento das quadra esportiva), a quantidade de profes-
políticas públicas educacionais. A dimensão sores e seu nível educacional são fatores
“renda do IDH” é composta pelo indicador escolares determinantes do desempenho
PIB per capita. Por sua vez, a dimensão educacional (W ILLMS e S OMERS , 1999;
“renda do IMRS” inclui indicadores de BARBOSA e FERNANDES, 2001; ALBERNAZ,
recursos familiares, de recursos do setor FERREIRA e FRANCO, 2002; SAEB, 2004).
produtivo e da gestão municipal. Os Com relação aos processos de apren-
recursos do setor produtivo foram dizagem, se, por um lado, é reconhecida a
incluídos na dimensão renda do IMRS, dificuldade de mensurá-los; por outro, não
porque a Fundação João Pinheiro (FJP, se pode negar a relevância de tais
2005) considera que tais recursos podem processos para o desempenho dos alunos
ser revertidos em benefício da população. e, consequentemente, para a qualidade do
No tema da gestão municipal, referente ensino (LEE e BRYK, 1989; WILLMS, 1992
à dimensão renda, o IMRS mede os gastos e 2000; W I L L M S e S O M E R S , 1999;
per capita com promoção das atividades HANUSHEK, 2002 e 2003). Nesse sentido,
agropecuárias e do desenvolvimento eco- o relatório Saeb (2004) enfatiza a implan-
nômico, além de considerar a existência e tação de conselhos escolares efetivamente
o funcionamento de conselhos nesses atuantes, como forma de alcançar um

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Nível comunitário Processo- Nível comunitário


Tamanho da comunidade Segregação entre escolas
Nível socioeconômico da Relação entre escola e
comunidade comunidade
Gastos por aluno

Nível da escola Processo- Nível escola


Tamanho da escola Liderança instrucional do diretor
Gastos por aluno Clima disciplinar
Composição da escola Tracking
Características do diretor Relacionamento entre pais e
Idade e aparência da construção escola
Acesso a recursos comunitários Resultados
Processo- Nível classe escolares
Nível da classe
Condições de trabalho
Tamanho da classe
Senso de eficácia do professor
Características dos professores
Moral do professor
Aparência da sala
Clima disciplinar
Recursos instrucionais
Agrupamento por habilidade
Composição da classe
(tracking)
Inputs de aluno Processo- Nível aluno
Sexo e raça Qualidade de vida na escola
Rendimento prévio Senso de eficácia do aluno
Educação dos pais Atitudes do aluno perante a
Ocupação dos pais escola

Fonte: Adaptado de Willms (1992)

Figura 2: Modelo insumo-processo-produto para os resultados educacionais

processo escolar que conduz a resultados de 15 ou mais anos de idade e a taxa bruta
mais bem sucedidos. de matrícula nos níveis de ensino primário,
Em consonância com os fatores médio e superior.
geralmente associados à avaliação do Para a avaliação do acesso, o IMRS consi-
sistema educacional e ao monitoramento dera as taxas de atendimento das crianças de
das políticas públicas educacionais, quatro a seis anos, das crianças de sete a 14,
conforme descrito acima, a dimensão dos adolescentes de 15 a 17 e das crianças e
“educação do IMRS” inclui indicadores adolescentes de sete a 17 anos. Partindo-se
de acesso à educação, de adequação desse do pressuposto de que acesso adequado signi-
acesso e da qualidade do ensino, além de fica que as pessoas de 15 anos tenham con-
indicadores relacionados à gestão muni- cluído o ensino fundamental e que as de 18
cipal; enquanto a dimensão “educação do tenham concluído o ensino médio; na dimen-
IDH” contempla apenas indicadores são de adequação do acesso – adequação
relacionados ao acesso educacional, tais série-idade –, foram incluídas as matrículas
como a taxa de alfabetização da população da população de 15 ou mais anos de idade

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no ensino fundamental e da população de lidade Social (FJP, 2005) e ao Índice de


18 ou mais anos de idade no ensino médio, Desenvolvimento Humano Municipal
como proporção do total das matrículas nes- (PNUD, IPEA e FJP, 2003); mais precisa-
ses dois níveis de ensino. mente, às suas dimensões de renda e edu-
Quanto à qualidade do ensino, foram cação para os municípios do Estado de
gerados indicadores a partir dos resultados Minas Gerais, em 2000, disponíveis em
dos exames de língua portuguesa e de ma- bases de dados. Os municípios foram agru-
temática do Sistema Mineiro de Avaliação pados levando-se em consideração as
da Educação Pública (Simave), aplicados aos 10 regiões administrativas do Estado de
alunos da 8a série do Ensino Fundamental Minas Gerais, conforme Figura 3.
e da 3a série do Ensino Médio das escolas A relação entre renda e educação dos
estaduais; além de outros, relacionados ao municípios agrupados nas 10 regiões admi-
acesso dos alunos a laboratórios de nistrativas de Minas Gerais (Norte de Minas,
informática e à Internet. No tema da gestão Nordeste de Minas, Jequitinhonha/Mucuri,
municipal em educação, são medidos ou Rio Doce, Mata, Central Sul de Minas, Cen-
mensurados os gastos per capita em educação tro-Oeste de Minas, Alto Paranaíba e Triân-
e a participação percentual desses gastos no gulo), ilustradas na Figura 3, foi verificada
orçamento municipal. Nesse tema, foi por meio desses dois índices, ajustando-se
incluído ainda o indicador relacionado à um modelo de regressão linear simples. A
existência de conselho atuante nas escolas. análise de regressão linear simples consiste
Cabe lembrar ainda que o IDH em em ajustar um modelo para estimar a asso-
nível municipal (IDHM) foi adaptado ciação linear entre duas variáveis (HAIR et
metodologicamente para melhor captar a al, 2005). Essa associação é mensurada pela
realidade, uma vez que os municípios, estatística r, que resume a intensidade e a
diferentemente dos países, não devem ser direção da associação entre as duas variáveis.
considerados razoavelmente fechados do Quanto mais próximo de 1, mais forte é a
ponto de vista demográfico. Assim, para relação. Caso r seja 0, não há relação entre
garantir melhor comparabilidade entre os as duas variáveis. Ou seja, foi verificada a
municípios e uma representação mais fiel relação entre as variáveis “renda e educação”
dos aspectos da vida humana, o IDHM foi para todos os municípios do estado,
adaptado, substituindo – na dimensão agrupados por região.
“renda” – o PIB per capita pela renda
familiar per capita e – na dimensão “educa- Análise dos resultados
ção” – a taxa de matrícula pela taxa de A Tabela 1 mostra as médias referen-
frequência à escola (FJP, 2006). tes às dimensões de renda e de educação
dos índices IMRS e IDHM, por região
Relação entre renda e educação administrativa do Estado de Minas Gerais,
nas regiões administrativas de Minas em 2000. As médias da dimensão renda
Gerais, a partir das dimensões cor- variaram entre 0,35 e 0,64 no IMRS, e en-
respondentes no IDHM e no IMRS tre 0,52 e 0,70 no IDHM; enquanto o in-
tervalo das médias da dimensão educação
Dados e metodologia foi de 0,66- 1,00 no IMRS e de 0,70-0,84
Os dados utilizados neste artigo se no IDHM. As regiões Norte de Minas e
referem ao Índice Mineiro de Responsabi- Jequitinhonha/Mucuri apresentaram as

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Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (2008)

Figura 3: Regiões administrativas do Estado de Minas Gerais

Tabela 1: Média para as dimensões renda e educação, de acordo com o IMRS e


IDHM, por região administrativa de Minas Gerais, 2000

Fonte: Elaborada pelos autores

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menores médias na dimensão renda, tanto ajustados para as 10 regiões administra-


no IMRS ( 0,35 e 0,37 respectivamente) tivas estudadas. De início, “fixada” a
quanto no IDHM (0,52 e 0,54). Por outro variável renda do IMRS como dependente,
lado, as regiões Triângulo e Alto Paranaíba foram conduzidos dois tipos de análise
possuem as maiores médias na dimensão de regressão: um com a variável
renda do IMRS (0,64 e 0,58) e do IDHM independente “educação do IDHM” e
(0,70 em ambas as regiões). Quanto à outro com a variável independente “edu-
dimensão educação, as regiões Norte de cação do IMRS”, conforme mostra a
Minas, Jequitinhonha/Mucuri e Mata são Tabela 4. Quando se considera a variável
responsáveis pelos menores índices de edu- educação do IDHM, as associações linea-
cação no estado, de acordo com o IMRS res entre renda e educação foram signi-
(0,66); enquanto os maiores índices para ficativas em todas as regiões adminis-
essa dimensão foram registrados nas trativas, variando em intensidade entre
regiões Central (1,00) e Triângulo (0,70). 0,40 (no Alto Paranaíba) e 0,81 (na região
Por sua vez, a dimensão educação do Central).
IDHM registra os menores valores nas Por outro lado, quando a variável inde-
regiões Jequitinhonha/Mucuri (0,70) e pendente é a educação do IMRS, a asso-
Norte (0,73), e o maior valor na região ciação entre renda e educação foi signi-
Triângulo (0,84). ficativa apenas nas regiões Mata (sig=0,00)
A Tabela 2 apresenta os resultados da e Central (sig=0,01). Vale destacar que essas
associação linear entre as dimensões renda associações apresentam intensidade inferior
do IMRS e do IDHM, para as 10 regiões a 40%, valor mínimo encontrado quando
administrativas do Estado de Minas a variável independente é a educação do
Gerais, em 2000. Esses resultados confir- IDHM.
mam a associação significativa (sig<0,05) Em seguida, fixando a variável renda
entre as dimensões de renda desses dois do IDHM como dependente, foram condu-
índices em todas as regiões administra- zidos outros dois tipos de análise de
tivas do Estado, conforme havia destacado regressão: um com a variável independente
a Fundação João Pinheiro na ocasião da educação do IDHM e outro com a variável
criação do IMRS. Vale ressaltar ainda que, independente educação do IMRS, de
somente no Triângulo Mineiro, a associa- acordo com as informações apresentadas
ção linear entre as dimensões de renda foi na Tabela 5.
inferior a 50%. Se a variável dependente for a educa-
De acordo com a Tabela 3, não se pode ção do IDHM, as associações lineares en-
afirmar o mesmo quando se verifica a tre renda e educação foram significativas e
associação linear entre as dimensões de relativamente altas em todas as regiões
educação do IMRS e do IDHM, uma vez administrativas, variando em intensidade
que somente nas regiões Mata e Sul de entre 0,51 (no Nordeste de Minas e no
Minas essa associação foi significativa Triângulo) e 0,81 (na região Central).
(sig<0,05). Contudo, o grau com que as Quando a variável independente é a edu-
dimensões de educação estão associadas cação do IMRS, a associação entre renda e
nessas duas regiões não ultrapassa 35%. educação foi significativa apenas na região
Diante dos resultados descritos acima, da Mata (sig=0,04), apresentando uma
quatro modelos de regressão foram intensidade de 17%.

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Tabela 2: Associação linear entre as dimensões de renda do IMRS e IDHM, por


região administrativa de Minas Gerais, 2000

Fonte: Elaborada pelos autores

Tabela 3: Associação linear entre as dimensões de educação do IMRS e IDHM,


por região administrativa de Minas Gerais, 2000

Fonte: Elaborada pelos autores

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Tabela 4: Associação linear entre renda do IMRS e educação, por região admi-
nistrativa de Minas Gerais, 2000

Fonte: Elaborada pelos autores

Tabela 5: Associação linear entre renda do IDHM e educação, por região admi-
nistrativa de Minas Gerais, 2000

Fonte: Elaborada pelos autores

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Considerações finais formulação quanto no acompanhamento


e na avaliação das políticas públicas. A
De acordo com os resultados discordância nos resultados e/ou a pouca
obtidos nos modelos de regressão ajus- habilidade para “ler” quais aspectos com-
tados, a associação entre renda e educação, põem o indicador podem levar o gestor
quando se considera a dimensão educação público a tomar decisões equivocadas ou
do IMRS, pode não ser significativa ou não coerentes com a sua realidade.
possuir intensidade bem menor. É possível Com relação ao terceiro objetivo
perceber uma diferença nos resultados da estabelecido, cabe ressaltar uma noção que
associação entre renda e educação quando
se utilizam indicadores diferentes. Essa
constatação parece sinalizar, pelo menos,
duas questões relevantes: primeiro, a
composição dos indicadores tem influência
direta em seus resultados; segundo, isso
indica que a dimensão educação deve
“ Seria
incluir outros aspectos além do acesso, recomendável a
como procurou fazer o IMRS, ao consi- investigação de
derar também os fatores educacionais como outros
relacionados à adequação desse acesso, à países mais
qualidade do ensino e aos recursos
aplicados no sistema educacional. No en- desenvolvidos
tanto, os índices de educação ainda não vêm tentando
contemplam, de forma significativa, os construir seus
fatores associados ao processo ou ao capital indicadores para
social que, embora difíceis de serem
auxiliar os
quantificados, são extremamente impor-
tantes para o monitoramento das políticas gestores
públicas educacionais. públicos.”
A partir do exposto nas seções ante-
riores, é possível fazer considerações finais
para este estudo, enfatizando o alcance dos
objetivos propostos. Com relação ao
primeiro e segundo objetivos, foram verifi- deve nortear qualquer discussão envolvendo
cados resultados não coincidentes para a o tema dos indicadores: o limite do seu al-
relação entre renda e educação, a partir do cance ao captar a complexidade da vida
IDHM e do IMRS; pois enquanto essa social. Isso significa que a tentativa de
relação no IDHM era significativa e forte, mensurar, padronizar, equalizar situações e
no IMRS ela se mostrou não significativa contextos que são extremamente diferentes,
ou bem menos intensa. Essa constatação é multifacetados e, principalmente, construí-
de importância para o administrador dos histórica e socialmente não é tarefa das
público, pois lhe atribui uma grande res- mais simples. Em se tratando de indica-
ponsabilidade ao selecionar os indicadores dores de educação, essa noção torna-se
que balizarão suas ações, tanto na ainda mais correta, pois é amplamente

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sabido que eles parecem não conseguir cap- tuições e órgãos de pesquisa estaduais e
tar toda a complexidade dos fenômenos, federais devem investir na construção de
apesar de todo um esforço canalizado no indicadores cada vez mais elaborados, o
sentido de se incluir questões mais amplas que incentivaria os gestores públicos a
na composição desses indicadores. Assim, utilizarem esses indicadores como impor-
a discussão levantada por este trabalho con- tante ferramenta de gestão.
duz a uma certeza inexorável: os indicado- Nesse ponto, cumpre salientar algumas
res sociais de educação devem caminhar limitações do trabalho. O artigo se limitou
no sentido de incorporar variáveis referen- à análise de apenas um dos estados da Fede-
tes ao que vários autores denominam pro- ração – estado esse que tem características
cesso ou capital social, contemplando ques- próprias e diferentes em relação ao restante
tões associadas ao clima disciplinar, à do Brasil. Ainda se pode considerar como
liderança e ao relacionamento entre os ato- limitação do trabalho o fato de se concen-
res desse processo. Questões atinentes ao trar somente na relação entre os indicadores
clima organizacional na escola e à partici- de renda e de educação, extraídos de dois
pação dessa na vida da comunidade à qual índices de desenvolvimento.
está inserida são relevantes também. Em Por fim, a partir dessas limitações,
toda essa discussão, não se poderia deixar podem ser propostas algumas sugestões para
de registrar a dificuldade adjacente à futuros trabalhos. Outros estudos poderiam
mensuração dessas relações. Embora os ser conduzidos buscando-se estabelecer
indicadores de terceira geração, como o novas relações entre outros indicadores li-
IMRS, já tenham tentado incluir essas re- gados às condições de saúde, habitação, etc.
lações, também é coerente afirmar que Novas pesquisas poderiam investigar esta-
muito ainda precisa ser feito para se ter dos brasileiros com diferentes realidades
indicadores de educação que retratem com sociais por meio de outros índices, a fim de
maior validade a situação dos municípios se aprofundar nas questões abordadas nes-
nessa questão. te artigo. Também seria interessante a con-
Dessa forma, esta parte do trabalho dução de estudos comparativos ao longo do
busca refletir sobre o papel dos gestores tempo para melhor verificar mudanças no
públicos no tocante a todas as questões perfil dos indicadores. Porém, a grande su-
colocadas anteriormente. Isso reforça a gestão para futuras pesquisas é a de propor
necessidade de os administradores públi- novas metodologias para a construção de
cos procurarem conhecer com detalhes a indicadores que possam retratar mais fiel-
forma como os indicadores foram mente os fenômenos. Assim, seria recomen-
construídos, seu alcance e, principalmen- dável a investigação de como outros países
te, suas limitações. No mesmo sentido, mais desenvolvidos vêm tentando construir
devem comparar os resultados de vários seus indicadores para auxiliar os gestores
desses indicadores, a fim de verificar qual públicos.
ou quais deles refletem mais adequada- (Artigo recebido em maio de 2012. Versão
mente sua realidade. Para tanto, as insti- final em agosto de 2012).

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Danielle Ramos de Miranda Pereira e Marcelo de Rezende Pinto RSP

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Danielle Ramos de Miranda Pereira e Marcelo de Rezende Pinto RSP

Resumo – Resumen – Abstract

A importância do entendimento dos indicadores na tomada de decisão de gestores


públicos
Danielle Ramos de Miranda Pereira e Marcelo de Rezende Pinto
Na literatura, existe concordância sobre a relação entre educação e desenvolvimento nos
seus diversos sentidos. A partir dessa premissa, o artigo pretende examinar a diferença na rela-
ção entre desenvolvimento econômico (expresso em termos de renda) e educação, por meio das
dimensões “renda e educação” de dois índices de desenvolvimento: o IDHM e o IMRS. Essa
diferença foi estudada em relação às 10 regiões administrativas de Minas Gerais, exemplificando
como a decisão dos gestores públicos pode ser influenciada pela seleção de diferentes indicadores,
utilizados na formulação ou na avaliação das políticas públicas. Os resultados apontam que, no
IMRS, a relação entre renda e educação pode não ter sido significativa ou ter sido menos intensa
que a encontrada, quando se toma como referência o IDHM. Isso pode significar que a dimensão
“educação”, nos indicadores, precisa incorporar, além das questões de acesso, aquelas relacionadas
à qualidade da educação e aos recursos disponíveis.
Palavras-chave: Indicadores sociais; IDHM; IMRS

La importancia de los indicadores en la comprensión de la toma de decisiones de


los gerentes públicos
Danielle Ramos de Miranda Pereira y Marcelo de Rezende Pinto
En la literatura se coincide en la relación entre educación y desarrollo en sus diversos
sentidos. A partir de esta premisa, el artículo busca examinar las diferencias en la relación entre
el desarrollo económico (expresado en términos de ingresos) y la educación, a través de las
dimensiones de ingresos y educación de los dos índices de desarrollo: el IMRS e IDHM. Esta
diferencia se ha estudiado en las diez regiones administrativas de Minas Gerais (Brasil), que
ejemplifica cómo la decisión de los funcionarios públicos puede ser influenciada por la selección
de los diferentes indicadores utilizados en el desarrollo o evaluación de políticas públicas. Los
resultados muestran que en el IMRS, la relación entre la renta y la educación puede que no haya
sido significativa o haya sido menos intensa que la que normalmente se encuentra cuando se
toma como referencia el IDHM. Esto puede significar que los indicadores de tamaño en la
educación deben incorporar, además de problemas de acceso, los relacionados con la calidad de
la educación y los recursos.
Palabras clave: Indicadores sociales; IDHM; IMRS

The importance of understanding indicators in decision making in public


management
Danielle Ramos de Miranda Pereira and Marcelo de Rezende Pinto
In the literature there is agreement with the relationship between education and development
in its various senses. From that premise, the paper aims to examine the difference in the relationship
between economic development (in terms of income) and education by means of education
and income dimensions of two indices of development, the MHDI and MSRI. This difference
has been studied for the ten administrative regions of Minas Gerais, exemplifying how the
decision of public managers may be influenced by the selection of different indicators used in
the formulation or evaluation of public policies. The results indicate that the MSRI the relationship
between income and education was not significant or less intensive than the generally found

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when taking as reference the MHDI. This may mean that the size indicators in education need
to incorporate, in addition to issues of access, those related to the quality of education and
resources.
Keywords: Social indicators; MHDI; MSRI

Danielle Ramos de Miranda Pereira


Doutora em demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas
Gerais (CEDEPLAR/UFMG). É pesquisadora em Ciência e Tecnologia da Fundação João Pinheiro (FJP). Contato:
danielle.pereira@fjp.mg.gov.br
Marcelo de Rezende Pinto
Doutor em Administração pelo Centro de pós-graduação em Administração (CEPEAD/UFMG). Atua como professor
do programa de pós-graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG). Con-
tato: marcrez@hotmail.com

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