1ª Questão (2 pontos): Relacione a origem do teatro grego
com o pensamento mítico e a raiz ritualística do ser humano.
Aula 5. Na Grécia primitiva, os homens realizavam festas em
homenagem ao deus da vegetação e do vinho, chamado Dionísio. Para homenagear o deus/mito Dionísio, as pessoas saíam de sua rotina cotidiana e voltavam-se para atividades ritualísticas que envolviam o canto e a dança em grandes procissões chamadas de dionisíacas, de cunho religioso. Essa situação só foi transformada quando Téspis, por volta de 534 a.C., abandonou a estrutura narrativa em que se fundamentavam estas festividades ritualísticas e assumiu o papel de Dionísio, iniciando a prática da representação e estabelecendo uma relação dialógica com o coro, inaugurando a função do ator.
Pensamento mítico é um pensamento fundamentado nos
mitos, que são histórias que explicam as origens da vida e de seus elementos, a partir da interferência de uma ordem superior na natureza. Essas histórias são construídas em uma linguagem repleta de imagens e símbolos. Dionísio além de ser um deus era também um mito grego, dos mais importantes.
As formas pré-teatrais da Grécia Antiga transformam a prática
ritualística em um acontecimento artístico mais autônomo, em relação à sua função religiosa originária, à medida que a tragédia e a comédia fortaleceram-se como gêneros e como expressão teatral, embora a raiz ritualística permanecesse.
Esse dado é importante, pois diferencia o teatro do ritual e
reconhece o nascimento de uma linguagem artística. Porém, a distinção entre o teatro em si e sua origem ritualística não pode implicar em uma desconsideração das bases do pensamento mítico que estavam presentes na necessidade de homenagear um deus que cuidava da colheita e da possibilidade de alimentação, das forças criadoras da vegetação, da fertilidade das mulheres, da capacidade de celebração da vida pela providência de mais recursos vivos, para sustentá-la. Cuidar e homenagear este deus tão importante para a sobrevivência da população primitiva da Grécia vinha a ser uma atitude de zelo com a vida humana. Portanto, o teatro grego tem origem religiosa a partir de manifestações populares e ritualísticas que homenageavam o deus/mito da natureza, do vinho e da agricultura – Dionísio – também considerado o deus do Teatro. 2ª Questão (2 pontos): A aula 6 apresenta v árias definições e conceitos de jogo que v ão se constituindo ao longo do pensa mento ocidental. Escolha duas destas definições e as desenvolva, dando exemplos de sala de aula, para cada uma delas.
AULA 6
HUIZINGA – O jogo é uma atividade voluntária, exercida dentro de
determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida cotidiana”.
ARISTÓTELES e SÃO TOMÁS DE AQUINO - jogo e trabalho são
indissociáveis pela necessidade recíproca. O jogo, portanto, não teria um fim em si mesmo, seria somente um meio, teria sentido apenas como repositor de forças, relaxamento necessário para que se pudesse voltar à atividade produtiva. Nesta concepção, o jogo aparece como atividade não séria porque não produtiva, apesar de possuir um valor positivo.
FROEBEL – coloca o jogo como o centro da educação infantil. Trata-se
da emergência de um novo paradigma do jogo que, em relação à criança, abandona a noção de frivolidade, de não seriedade e valoriza o jogo como elemento vital. E o jogo, sendo uma maneira da criança se expressar, deve ser estimulado pelo educador . 3ª Questão (2 pontos): O que Winnicott (1896-1971), médico e psicanalista inglês, propõe a respeito do brincar e do jogar para o desenvolvimento do indivíduo?
AULA 7 . Para Winnicott, a recuperação da saúde psíquica dá-se
pelo restabelecimento das condições que propiciam o jogar e que ficaram perdidas na infância, porque a brincadeira é própria da saúde.
O brincar facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos
grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação na psicoterapia; finalmente a psicanálise foi desenvolvida como forma altamente especializada de brincar, a serviço da comunicação consigo mesmo e com os outros.
Se condições desfavoráveis ocorrem na infância, vai haver
ausência do uso criativo dos objetos e o empobrecimento da capacidade de experiência na área cultural; portanto, é importante estabelecer uma confiança que promova condições favoráveis para o jogar.
Para Winnicott, o bebê vive a ilusão de que a mãe faz parte
dele. Não há distinção entre a mãe e a criança. Um faz parte do outro. Aos poucos, essa ilusão vai sendo rompida, a situação mágica se desfaz. É um momento cheio de sensação de frustração que marca o processo de separação-individuação necessário ao crescimento emocional do indivíduo. A criança substitui com objetos o seio materno neste momento de separação da mãe. Estes são os objetos transicionais (o ursinho, a ponta do cobertor etc.), que serão os substitutos da mãe.
A criança, ao criar o objeto transicional, simbolizando o seio
materno, faz uso da imaginação e torna -se capaz de desenvolver a formação de símbolos. A criança vai integrar a capacidade de simbolizar com a de pensar, vai começar a distinguir a realidade da fantasia, mundo interno de mundo externo.
Esta área intermediária, entre o mundo interno e o mundo
externo, é denominada por Winnicott de espaço potencial. É o lugar da função simbólica e transforma-se na área de brincar, sendo muito importante para o desenvolvimento infantil. No adulto, a área intermediária, este espaço potencial, é uma continuidade da área de brincar da criança e expressa-se na arte, na religião etc. 4ª Questão (2 pontos): Segundo Vygotsky (Rússia, 1896- 1934) como se dá a relação do brinquedo e do jogo infantil com o desenvolvimento da função simbólica na criança?
AULA 7. Vygotsky, em seus estudos sobre o desenvolvimento
das funções psíquicas superiores, destaca a importância do brinquedo e do jogo pela sua capacidade de preencher necessidades essenciais da criança. Demonstra como o pensamento constrói-se a partir das relações de jogo que ela estabelece com as coisas do mundo, considerando o jogo a principal atividade da criança pequena.
Para Vygotsky, o jogo da criança está orientado para a
atividade futura de caráter social e, por isso imita as atividades do adulto, transformando-as em jogo e adquirindo, desta forma, os fundamentos das relações sociais.
No brinquedo, para Vygotsky, os objetos perdem a força
determinadora. A criança pode ver um objeto, mas pode agir de forma diferente da relação que tem com ele. Ela começa a agir independente daquilo que vê. Vygotsky explica que no brinquedo, o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias e não das coisas: um pedaço de madeira torna -se um boneco e um cabo de vassoura torna-se um cavalo.
O brinquedo, para Vygotsky, cria a zona de desenvolvimento
proximal porque a criança, ao brincar, entra em contato com comportamentos que vão além do seu comportamento diário, experimenta ações que aumentam suas possibilidades, sendo fator importante de desenvolvimento da criança na fase pré -escolar.
Para ele, os jogos da criança são processos criadores que, além
de ajudar a desenvolver a imaginação, antecedem a atividade artística. Sendo que as crianças em seus jogos não se limitam a recordar e imitar as experiências vividas, mas reelaboram essas experiências, combinando-as de formas diversas e criando, a partir de suas necessidades, novas realidades. 5ª Questão (2 pontos): Nomeie e explique três técnicas que constituem o chamado “Teatro do Oprimido” de Augusto Boal.
AULA 8
a) Teatro-Imagem: a encenação baseia-se na criação de
imagens com os corpos dos participantes sobre situações, questões, problemas e sentimentos que experimentam em suas vidas. As imagens concretas construídas conduzem a uma maior compreensão e consciência dos processos pessoais, sociais e políticos vividos.
b) Teatro-Fórum: é realizada uma encenação, baseada em
situações reais de opressão, em que os personagens entram em conflito e o público é estimulado pelo curinga – o facilitador do Teatro do Oprimido – a substituir os atores em cena, buscando alternativas novas para transformar as situações de opressão. Neste processo, rompe-se a barreira entre palco e plateia e estabelece-se uma relação dialógica.
c) Teatro-Invisível: é a realização de uma cena do cotidiano,
encenada e apresentada no local onde poderia ter acontecido, sem que seja identificada pelo público como evento teatral. Os espectadores participam de forma espontânea, reagem e opinam às questões suscitadas pela encenação.
d) Teatro-Jornal: foi criada em 1971 e era utilizada para revelar
informações distorcidas pelos jornais da época, que eram censurados pela ditadura militar. “Nesta técnica, encena -se o que se perdeu nas entrelinhas das notícias censuradas, criando imagens que revelam silêncios”.