Você está na página 1de 172

CIÊNCIAS DA NATUREZA

E SUAS TECNOLOGIAS

1 ensino médio
CIÊNCIAS DA NATUREZA
E SUAS TECNOLOGIAS

1 ensino médio
Direção Presidência:

DETLEV VAN RAVENSWAAY/ SCIENCE PHOTO LIBRARY/ FOTOARENA


Mário Ghio Junior
Direção Editorial:
Lidiane Vivaldini Olo
Gestão de Unidade de Negócios:
Claudia Regina Baleiro Rossini
Gestão de Projeto Editorial:
João Carlos Puglisi
Coordenação de Projeto Pedagógico:
Erika Czorny Buch

Produção Editorial:
Equipe SOMOS Educação e lab212
Imagem de capa:
Who is Danny/ Daniel M Ernst/
carlos castilla/ Shutterstock

Presidência CNI:
Robson Braga de Andrade
Diretor de Educação e Tecnologia CNI:
Rafael Lucchesi Ramacciotti
Gerente-Executivo de Educação:
Sergio Jamal Gotti
Gerência de Educação Básica:
Wisley João Pereira
Coordenação do Projeto:
Paulo Alves da Silva e Edilene Rodrigues Vieira Aguiar

Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.


Avenida das Nações Unidas, 7221, 3, andar, setor C
Pinheiros – São Paulo – SP
CEP: 05425-902
(0xx11) 4383-8000
© SOMOS Sistema de Ensino S.A.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ciências da natureza e suas tecnologias : ciências da


natureza : uma das formas de compreender o
mundo / obra coletiva : responsável Thiago
Brentano. - 1. ed. - São Paulo : Ática, 2019.

Bibliografia.
ISBN: 978-85-08-19192-5 (aluno)
ISBN: 978-85-08-19208-3 (professor)

1. Ciências naturais - Estudo e ensino I. Brentano,


Thiago.

2018-0270 CDD: 507

Julia do Nascimento – Bibliotecária – CRB-8/010142


2020
1ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
INTRODUÇÃO
A etapa final da Educação Básica vem apresentando grandes desafios para o Brasil.
Constata-se hoje que o Ensino Médio não corresponde aos anseios de quase dois
milhões de jovens que não ingressam ou, após iniciar, desistem – há evasão de 11%,
segundo o Censo Escolar 2014/2015 (Inep, 2017).
Na atualidade, o modelo curricular em vigência e as práticas desenvolvidas difi-
cilmente motivam as novas gerações de nativos digitais imersos em ambientes com
ampla oferta de tecnologias, possibilidades múltiplas de interação, articulação e pro-
dução de conhecimento.
A escola brasileira não tem acompanhado essas mudanças, que afetam não so-
mente comportamentos como também processos cognitivos, modos de aprender,
ser e conviver. O projeto Itinerários do Novo Ensino Médio pauta-se no artigo 81 da
Lei de Diretrizes e Bases (lei no 9 394/96) e atende às demandas da nova legislação
(lei no 13 415/2017).
A reforma do Ensino Médio preconiza a articulação de formação geral e forma-
ção técnica e se revela uma grande oportunidade de formular um itinerário educa-
tivo conectado ao mundo do trabalho. O objetivo é preparar adolescentes e jovens
para as profissões existentes, além de ocasionar reflexões sobre as transformações
das carreiras e o desenvolvimento de novos campos de atuação profissional, espe-
cialmente para a indústria nacional e internacional.
Uma escola que envolva crianças, adolescentes e jovens e os torne protagonistas
das práticas educativas se faz fundamental para oferecermos a Educação Básica de que
necessitam cada brasileiro e o país. Portanto, é essencial ter clareza de que os conheci-
mentos não se resumem à mera listagem de conteúdos fracionados e isolados a serem
ensinados pelos professores e aprendidos pelos estudantes. Importa à escola proporcio-
nar a construção de uma vida social, cultural, tecnológica que permita o ingresso dos
jovens no mundo do trabalho e possibilite a continuidade de estudos em nível superior.
O Ensino Médio fragmentado em disciplinas especializadas e que raramente esta-
belecem diálogo entre si e com a realidade cotidiana não é atrativo nem significativo
para nossos estudantes. É necessário mudar! Por esse motivo, o projeto Itinerários do
Novo Ensino Médio propõe uma experiência pedagógica com currículo organizado
por áreas de conhecimento e objetivos de aprendizagem que se relacionem à constru-
ção de competências e habilidades estreitamente relacionadas à vivência social e ao
itinerário de formação técnica e profissional.
APRESENTAÇÃO
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A área de Ciências da Natureza tem o papel de contribuir com a construção


do conhecimento dos fenômenos naturais de forma contextualizada. Está inserida
no processo de (re)conhecimento do meio, nos estudos de saúde, nas discussões
com implicações éticas, socioculturais, política e econômicas, além de propiciar o
desenvolvimento argumentativo e a tomada de decisões mais criteriosas. Pensando
uma educação voltada para o desenvolvimento humano e tecnológico, o ensino e
a aprendizagem de ciências devem abordar questões que possibilitem ao estudante
ultrapassar o senso comum e construir o pensamento científico.
É fundamental reconhecer e explicitar o caráter integrado dos conhecimentos
científicos relativos à Biologia, à Química e à Física, os quais devem permitir aos es-
tudantes interagir com o meio da observação, identificação, compreensão e análise
dos fenômenos sob uma perspectiva articulada, de área.
Nessa concepção, este material foi estruturado e construído: estruturado ao pen-
sar a práxis dos professores e as diferentes realidades dos estudantes, aliando o nível
de cada objeto de aprendizagem aos níveis cognitivos esperados para cada etapa, e
construído a partir de diálogos, vivências e inquietações, de acordo com a experiência
dos professores e técnicos da rede SESI-SENAI de escolas.
SUMÁRIO
Eixo: Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo

1 CONSTRUÇÃO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA E


MÉTODO CIENTÍFICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
Mitos explicam o mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Surgem as Ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Características do fazer científico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Comunicação Científica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Medidas para comprovar hipóteses . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Algarismos significativos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2 UNIVERSO EM MOVIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Origem do Universo e a teoria do Big Bang . . . . . . . . . . . . . . . 43
Estudo do movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

3 ÁTOMO: O COMPONENTE ESTRUTURAL


DA MATÉRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Uma breve história dos modelos atômicos . . . . . . . . . . . . . . . 86
A identificação dos átomos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
A tabela periódica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

4 VIDA NA TERRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115


Surgimento da vida na terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Células – unidades básicas da vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Sistema de classificação dos seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
EIXO
CIÊNCIAS DA NATUREZA: UMA DAS
FORMAS DE COMPREENDER O MUNDO
DETLEV VAN RAVENSWAAY/ SCIENCE PHOTO LIBRARY/ FOTOARENA
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
▶ COMPETÊNCIAS
C1 - Compreender as ciências da natureza e as tecnologias como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas visões
de mundo.
C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de fenômenos cotidianos,
bem como dominar processos e práticas de investigação científica.
C3 - Compreender os organismos vivos em geral e o ser humano em especial, em integração com o ambiente vivo e sociocultural.
C4 - Descrever características das tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes serviços ou contextos produtivos: indústria,
manufatura, agricultura, agroindústria, extrativismo.
C5 - Determinar as características das tecnologias associadas às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços ou contextos
produtivos: indústria, manufatura, agricultura, agroindústria, extrativismo.
▶ HABILIDADES
H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, tabelas,
relações matemáticas, diagramas e representação simbólica.
H2 - Comparar interpretações científicas e baseadas no senso comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
H3 - Inferir significado de termos técnico-científicos em textos de instrumentação ou de divulgação científica.
H4 - Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas, informações relevantes para compreender um fenômeno ou conceito
relacionado às Ciências da Natureza.
H5 - Reconhecer a presença de aspectos culturais, místicos e do senso comum nos discursos de interesse científico presentes em
diferentes meios de comunicação.
H6 - Compreender os conceitos relacionados à Física em seus diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica, Termologia,
Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e Física Moderna e Nuclear.
H7 - Compreender os conceitos relacionados à Química nos seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química inorgânica.
H8 - Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus diferentes ramos: Zoologia, Botânica, Ecologia e Genética.
H10 - Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma integrada na compreensão dos fenômenos naturais.
H11 - Empregar procedimentos e práticas de observação, levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e conclusões
para resolução de problemas relacionados às Ciências da Natureza.
H12 - Relacionar informações para construir modelos em ciência e tecnologia.
H17 - Conhecer a estrutura do planeta Terra na atualidade, bem como as hipóteses sobre sua formação, o surgimento e a evolução da vida.
H19 - Conhecer as estruturas que formam os diferentes sistemas que compõem os organismos vivos em geral, e o corpo humano,
em particular.
H24 - Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas dos materiais relacionando-os às finalidades as quais que se destinam.
H28 - Reconhecer e utilizar nomenclatura e códigos científicos e tecnológicos para caracterizar materiais, substâncias e processos.
1
CAPÍTULO

CONSTRUÇÃO DAS CIÊNCIAS DA


NATUREZA E MÉTODO CIENTÍFICO
Competência

▶ C1

Habilidades

▶ H1, H2, H4 e H5
K
OC
ST
TER
UT
/SH
TO
FO
UZ
ANDREA IZZOTTI/SHUTTERSTOCK
MITOS EXPLICAM O MUNDO
As primeiras descobertas em relação aos fenômenos na-
turais aconteceram na Pré-História, como tentativa de resolver
problemas práticos dos seres humanos, como a percepção de
que uma lança pontiaguda perfuraria a pele do animal e tornaria
a caça mais eficiente, ou que por meio de uma fogueira poderiam
ser gerados luz e calor, ou que o céu apresentava uma configura-
ção diferente ao longo do ano e que essa configuração poderia
ser utilizada para marcar as épocas de plantio e de colheita. De
modo geral, essas descobertas estavam sempre associadas a ma-
gia e seres míticos, como magos e sacerdotes, e os seres humanos
buscavam algum controle sobre os fenômenos naturais. Essas
descobertas e suas aplicações não podiam ainda ser consideradas
Ciência, mas, ao observar, compreender, analisar e produzir fer-
ramentas, os seres humanos pré-históricos já estavam aplicando A mumificação é um conjunto de
conhecimentos que, posteriormente, foram retomados e sistematizados pelas ciências. procedimentos químicos e físicos que
As explicações mitológicas para os fenômenos naturais dadas pelas diversas culturas, inclusive visava à preservação dos corpos. Além
disso, para mumificar um corpo, era
pelos povos indígenas brasileiros, recorriam a divindades cujas ações e humor geravam os fenômenos necessária a realização de cirurgias para a
naturais. Muitos desses mitos são conhecidos, como o do deus Thor, da mitologia nórdica, cuja ira retirada dos órgãos. Esses procedimentos
gera os trovões, ou ainda lendas, como a da criação do mundo segundo o povo Tupi, que teria sido já eram conhecidos pelos egípcios.
obra do deus Tupã e da deusa Jaci. A mitologia grega, absorvida e modificada pelos romanos, ainda
está presente, por exemplo, nos nomes dados aos planetas do Sistema Solar e às constelações.

MATTEO PROVENDOLA/SHUTTERSTOCK

POLII/SHUTTERSTOCK

Estátua representando o deus Thor, em Bergen, na Noruega. Representação da constelação de Órion. CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Segundo uma das narrativas da mitologia
Por volta do ano 600 a.C., os filósofos gregos conhecidos como naturalistas buscam romper grega, Órion, filho de Netuno
e de Euriale, filha de Minos, era um
com essa visão dos fenômenos naturais ligada a divindades, e formularam explicações mais racionais grande admirador da Astronomia.
sobre o mundo natural. Muitos dos conhecimentos desses filósofos foram utilizados posteriormente
como base para a construção da Ciência e seu método. Podemos dizer que Aristóteles foi o filósofo
grego com mais influência em relação aos conhecimentos sobre o mundo natural.
Suas ideias e concepções perduraram por cerca de 2 mil anos, e só foram confrontadas e,
posteriormente, substituídas com o nascimento da Ciência moderna no século XVI.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 9


O ALQUIMISTA", 1661. ÓLEO SOBRE PAINEL. ADRIAEN VAN
OSTADE (1610-1685) HOLANDÊS PINTOR DE GÉNERO
SURGEM AS CIÊNCIAS
A Ciência moderna, entendida como aquela que associa observação e experimentação com o
uso de diferentes instrumentos e utiliza a quantificação matemática como um de seus processos de
análise, começou a se desenvolver na Europa no século XVI durante o chamado Renascimento cultu-
ral. Essa forma de articular os conhecimentos e explicar os fenômenos naturais, sejam eles químicos,
físicos ou biológicos, é considerada uma revolução, uma vez que, no mundo antigo e no mundo
medieval, as investigações sobre fenômenos não se valiam do uso da técnica.
O Renascimento cultural ocorreu em várias regiões da Europa, entre os séculos XIV e XVI, modi-
ficou a visão do ser humano sobre seu papel no Universo e promoveu um grande desenvolvimento
nas artes e nas ciências.

KWIRRY/SHUTTERSTOCK

JANAKA DHARMASENA/SHUTTERSTOCK
Apesar de não ser considerada Ciência, a
alquimia contribuiu para o conhecimento
sobre compostos químicos e técnicas
de laboratório, como a destilação e a
sublimação, que são usadas até hoje
pelos químicos.

Esboços de Leonardo da Vinci (1452-1519),


um dos grandes nomes do Renascimento
italiano, que ficou conhecido como cientista,
engenheiro, anatomista, inventor, escultor,
pintor, botânico, poeta, arquiteto e músico.
ANGELO VIANELLO/SHUTTERSTOCK

A conjuntura social e filosófica na qual se deu esse movi-


mento permitiu o intercâmbio de conhecimento sobre os trata-
dos de Astronomia, Física e conhecimentos desenvolvidos pelos
alquimistas, junto com o aperfeiçoamento de instrumentos de
observação, como a luneta e a lupa. Foi nesse momento que
Galileu Galilei (1564-1642), tido como o pai da Ciência moderna,
por meio da experimentação coloca em xeque as ideias de Aris-
tóteles sobre o movimento dos corpos, observa o movimento
dos astros no céu e confirma a hipótese do astrônomo polonês
Nicolau Copérnico (1473-1543), que considerava o Sol o centro
do Universo. O mundo, segundo Galileu, poderia ser descrito e
interpretado por meio da Matemática e da Geometria. Essa con-
cepção foi mesclada com as concepções filosóficas do século XVII,
principalmente o racionalismo de René Descartes (1596-1650) e
o empirismo dos filósofos ingleses.
Essa nova forma de explicar os fenômenos naturais teve
início na Astronomia e em fenômenos ligados aos movimentos
dos corpos, que constituem saberes relacionados à Física e foram
Estátua de Galileu Galilei, adotadas posteriormente nas demais áreas que compõem as
em Florença, Itália. Ciências da Natureza, como a Biologia, a Química e a Geologia.

10 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


LAB212
CARACTERÍSTICAS DO FAZER CIENTÍFICO MÉTODO CIENTÍFICO
O conhecimento científico é construído com base em um conjunto de mé-
todos e procedimentos predefinidos, que podem variar nas diferentes ciências,
mas que atendem a uma sequência básica, que é comum a todas elas. De modo
geral, podemos descrever essas etapas da seguinte forma:
I. Elaboração de uma pergunta: o cientista identifica um tema e formula uma
pergunta que gostaria de ver respondida. Em geral, procura estudos sobre
? Faça uma
pergunta

esse tema e trabalhos de outros cientistas para verificar como eles trata-
ram o tema, e quais as questões a que já responderam. Essa base teórica é Faça uma
fundamental para que se possa avançar na pesquisa. revisão bibliográfica
II. Observação e experimentação: o cientista, depois de estudar o tema, elabo-
ra hipóteses, ou seja, possíveis soluções para a questão que vai pesquisar. A
partir desse momento, propõe experimentos, avalia os parâmetros e passa
Formule uma
a levantar dados para comprovar ou refutar a hipótese.
hipótese
III. Análise e interpretação de dados: os dados coletados nos experimentos
são analisados, com o uso de modelos matemáticos, cálculos estatísticos,
entre outras formas de análise, para obter uma conclusão sobre a validade
da hipótese ou a necessidade de sua modificação. Realize um
experimento
IV. Replicação do experimento: o cientista refaz os experimentos, confere os
procedimentos e dados obtidos, publica os resultados em revistas especia-
lizadas, apresenta a pesquisa em congressos, de modo que outros cientis-
tas possam avaliar as conclusões, além de compartilhar os conhecimentos Aceite a Rejeite a
obtidos. hipótese X hipótese
À medida que o ser humano busca maior compreensão dos fenômenos
à sua volta, as ciências avançam e ampliam o conhecimento sobre a natureza
e o desenvolvimento de novas tecnologias. Com isso, os experimentos mais sofisticados podem
fazer que as previsões e leis estabelecidas anteriormente se tornem incompatíveis com os novos
resultados experimentais. Desse modo, o conhecimento científico, apesar de ser construído em
bases sólidas e metodologia confiável, precisa ser constantemente revisto e as teorias, reformuladas.
Há vários exemplos na área das Ciências da Natureza:

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


▶ A mecânica newtoniana não

GORODENKOFF/SHUTTERSTOCK
explica as características dos
movimentos em velocidades
próximas à velocidade da luz.
Para essas situações, os con-
ceitos da mecânica relativística
devem ser utilizados.
▶ O lamarckismo foi substituído
pelo darwinismo na explicação
da evolução das espécies, pois o
primeiro não explicava as novas
descobertas sobre a evolução
dos organismos vivos.
▶ Os modelos atômicos foram
passando por modificações ao
longo do tempo, em razão de As pesquisas
resultados experimentais que científicas devem
só eram explicados por meio de ser realizadas
modelos atômicos mais com- seguindo uma
metodologia
plexos e com um maior núme- rigorosa para que
ro de partículas elementares do os resultados
que as propostas inicialmente. sejam válidos.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 11


PARA AMPLIAR

Por que ser cientista?


Essa é uma pergunta que escuto frequentemente, quando converso com jovens ainda inde-
cisos com relação a qual carreira seguir. Na verdade, o que vejo, e tenho certeza que meus
colegas confirmam isso, é que a maioria absoluta dos jovens não tem a menor ideia do que
significa ser um cientista ou como se constitui a carreira. Imagino que nem 5% da população
brasileira possa mencionar o nome de três (ou um?) cientista brasileiro da atualidade. A ques-
tão não é essa constatação, que é óbvia, mas o que podemos fazer para mudar isso.
O primeiro obstáculo é o da invisibilidade. Se ninguém conhece um cientista, fora o que se
vê na TV ou no cinema, fica difícil contemplar a possibilidade de uma carreira em ciências.
Contraste isso com médicos, dentistas, professores, policiais, profissões que fazem parte da
vida dos jovens. Quando um jovem imagina um cientista, provavelmente pensa no programa
de TV The Big Bang Theory, ou em uma foto do Einstein de língua de fora.
A solução é maior visibilidade: é ter cientistas visitando escolas públicas e particulares, in-
cluindo estudantes de pós-graduação que, na maioria absoluta, têm uma bolsa de estudos do
governo. Proponho que, como parte da bolsa, estudantes de mestrado e doutorado devam
fazer uma visita ao ano (ou mais se desejarem) a uma escola local para conversar com as crian-
ças sobre o seu trabalho de pesquisa e planos para suas carreiras. Sugiro que seus orientadores
façam o mesmo.
Sim, eu faço isso com muita frequência, tanto no Brasil quanto nos EUA. Pelo menos uma visita
ou palestra (às vezes via Skype) por mês. Não tira pedaço e é extremamente útil e gratificante.
O segundo obstáculo é o estigma de nerd. Cientista é o cara bobão, o que não tem nenhum
amigo e por isso vira CDF. Grande bobagem. Tem cientista de todo jeito, e alguns são nerds,
como são alguns médicos, dentistas e policiais, e outros são “supercool”, com suas motocicle-
tas, pranchas de surfe e sintetizadores. Tem nerd que é “cool”. Tem cientista ateu e religioso,
flamenguista e corintiano, conservador e comunista. A comunidade é tão variada quanto em
qualquer outra profissão.
O terceiro obstáculo é o da motivação. Por que fazer ciência? Esse é o mais importante deles,
e o que requer mais cuidado. A primeira razão para se fazer ciência é ter uma paixão decla-
rada pela natureza, um desejo insaciável de desbravar os mistérios do mundo natural. Essa
visão, sem dúvida romântica, é essencial para muita gente: fazemos ciência porque nenhuma
outra profissão nos permite dedicar a vida a entender como funciona o mundo e como nós
humanos nos encaixamos no grande esquema cósmico. Mesmo que o que cada um pode
contribuir seja, na maioria dos casos, pouco, é o fazer parte desse processo de busca que nos
leva em frente.
Existe também o lado útil da ciência, ligado diretamente a aplicações tecnológicas, em que no-
vos materiais e novas tecnologias são postos a serviço da criação de produtos e da melhoria da
qualidade de vida das pessoas. Mas dado que a preparação para a carreira é longa – depois da
graduação ainda tem a pós com bolsas bem baixas – sem a paixão fica difícil ver a utilidade da
ciência como a única motivação. No meu caso, digo que faço ciência porque não me consigo
imaginar fazendo outra coisa que me faça tão feliz. Mesmo com todas as barreiras da profissão,
considero um privilégio poder pensar sobre o mundo. E poder dividir com os outros o que
vou aprendendo no caminho.
GLEISER, Marcelo. Por que ser cientista? Fronteiras do Pensamento, 6 out. 2013.
Disponível em: <https://www.fronteiras.com/artigos/marcelo-gleiser-por-que-ser-cientista-por-marcelo-gleiser>.
Acesso em: 3 jan. 2020.

1. Que cientistas da ficção você conhece?


2. Você conhece alguém da vida real que faz ou fez pesquisa científica?

12 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
Cientistas costumam divulgar suas pesquisas principalmente de duas formas: artigos científicos
e congressos. Congressos, simpósios e encontros são, como os nomes sugerem, ocasiões de reunião
nas quais pesquisadores de várias localidades compartilham e discutem informações científicas.

AERO ARCHIVE / ALAMY STOCK PHOTO

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Uma das formas de comunicação entre os cientistas é o congresso. Nesta fotografia histórica, Albert Einstein, Marie Curie e muitos outros cientistas estão
reunidos na Conferência de Solvay, ocorrida em 1927.

Já os artigos são textos nos quais são descritas as metodologias utilizadas, os dados e os resulta-
dos obtidos em uma pesquisa. Esses textos são divulgados por periódicos específicos, as chamadas
revistas científicas, que não são como as revistas vendidas em bancas de jornais, embora existam
algumas revistas que tratam de Ciência dirigidas a um público mais amplo, as chamadas revistas de
divulgação científica.
Os textos científicos podem ser encontrados em bibliotecas de grandes universidades e insti-
tuições de pesquisa. Também é possível acessar muitos deles pela internet. Muitas vezes o conteúdo
apresenta uma linguagem bastante técnica. Vejamos uma amostra de como é um texto de artigo
científico com o exemplo de uma pesquisa sobre efeitos da cafeína.

É comum associar a ação ergogênica da cafeína como estimulador da secreção da


adrenalina, o que resultaria na mobilização de ácidos graxos livres.[...] Embora vários
estudos mostrem resultados muito promissores, ainda existem muitas controvérsias com
relação às dosagens de cafeína empregadas, tipo de exercício físico utilizado, horário de
ingestão, além do estado nutricional, nível de aptidão física e de tolerância à cafeína dos
indivíduos nesses experimentos. Todas essas situações são decisivas para confirmação
dessa hipótese.
MELLO, D.; KUNZLER, D. K. e FARAH, M. A cafeína e seu efeito ergogênico. Revista Brasileira de Nutrição
Esportiva, São Paulo v. 1, n. 2, p. 30-37, Mar/Abril, 2007.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 13


Note, no exemplo, que a linguagem, além de mais formal, é bem específica: em vez de dizer algo
como “o café faz bem”, os autores afirmam que a ação da cafeína pode ser associada com a secreção
da adrenalina. A conclusão não é definitiva, ao contrário do que costumamos ver em textos de di-
vulgação científica, noticiários ou comerciais, como “Foi comprovado que o café faz bem”.
O texto científico trata de possibilidades a ser discutidas, debatidas ou contestadas pela comuni-
dade científica. Isso fica evidente no último período, quando é dito que ainda existem muitas contro-
vérsias e questões que ainda precisam ser esclarecidas para poder confirmar uma hipótese levantada.
Há quem diga que a Ciência é o espaço para a dúvida e o questionamento, e não o lugar para
certezas inquestionáveis. Essa afirmação é bastante razoável, especialmente se lembrarmos que gran-
des cientistas contribuíram para o conhecimento humano justamente quando contestaram ideias
de suas épocas. O avanço do saber humano vem, muitas vezes, justamente por conta do questio-
namento das velhas formas de pensar, de maneira que o conhecimento científico não é estático,
mas está em permanente construção.
Já o público leigo em geral costuma se informar por outros meios, como os documentários,
sites e vídeos na internet. No entanto, como frequentemente os divulgadores no meio digital não
são cientistas, é muito comum haver informações equivocadas e distorcidas. É por isso que se diz
que é muito importante verificar a fonte de qualquer informação, levantando perguntas como: quem
escreveu ou disse isso é um cientista, especialista no assunto, ou é um leigo fazendo divulgação, por
mais bem-intencionado que seja?
Algumas sugestões para verificar uma informação:

1. Verifique se

Os autores estão identificados? A fonte é adequada?

Sim Não Sim Não

Verifique o autor:
Pesquise na plataforma Lattes
Confie no texto se a fonte for de
do CNPq, na qual a maioria dos
agência de informações ou orga- Não confie no texto se a fonte
pesquisadores do país mantém um
Não confie no texto nização confiável e envolvida na não for de agência de informação
currículo atualizado. Muitas notícias
área de pesquisa a que se refere ou organização confiável.
falsas citam nomes de pessoas
o texto.
que não existem ou não são
especialistas na área em questão.

2. Desconfie sempre de:

Uso de termos “científicos” por


Textos com erros gramaticais e
Textos, áudios ou vídeos com pessoas que não são especialistas.
Textos muito emotivos ortográficos, com muitas letras
mensagens catastróficas, com Exemplos: “reprogramação
e apelativos maiúsculas e pontos
solicitação para compartilhamento de DNA”, “coaching quântico”,
de exclamação
“colchão magnético”

3. Pesquise se:
Há textos, vídeos ou outras informações que desmentem a notícia.

Sim Não

Se o texto também atendeu a todos


O texto não é confiável!
os critérios acima, ele é confiável!

14 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA CONSTRUIR
1 Leia a tirinha e depois responda às questões.
H5

CALVIN & HOBBES, BILL WATTERSON © 1988


WATTERSON / DIST. BY ANDREWS MCMEEL
SYNDICATION. ATT VERA BARRIONUEVO /
ANDREWS MCMEEL SYNDICATION
a) Calvin elaborou uma explicação para o fato de as pedras que ele coletou em seu quintal estarem chamuscadas. Essa expli-
cação pode ser comprovada?
Resposta: não, pois a explicação de Calvin não seguiu o método científico.

b) A interpretação dada por Calvin para a origem da pedra chamuscada pode ser reconhecida como científica ou baseada no
senso comum? Por quê?
Resposta: os alunos devem reconhecer a explicação dada por Calvin como senso comum, já que ele não cumpriu as etapas da
construção do conhecimento científico para elaborá-la.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


c) Elabore uma explicação para comprovar a teoria de Susi de que a pedra apresentada por Calvin é um pedaço de carvão.
Resposta pessoal. Uma possibilidade é comparar a amostra coletada com outras amostras de carvão, verificar a composição química,
por exemplo, esse tipo de comparação pode ser realizado em laboratórios e por especialistas.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 15


2 Leia o texto e o gráfico. Em seguida, faça o que se pede.
H1
[...] A partir dos anos 1980, quando a vacina contra sarampo se tornou amplamente usada, o número de casos
H4 caiu significativamente no mundo – alguns países conseguiram até erradicá-lo. O Brasil ganhou o certificado em 2016,
para perdê-lo dois anos depois.
Antes da ampla utilização da vacina, grandes epidemias de sarampo aconteciam de tempos em tempos. No Brasil,
por exemplo, houve mais de 129 mil casos de sarampo notificados em 1986.
Nos anos 1970, havia cerca de 2,6 milhões de morte por sarampo no mundo a cada ano.
Nos últimos anos, a doença tem voltado a se espalhar pelo mundo, sem chegar, no entanto, aos níveis históricos.
Houve um aumento de 31% nos casos em 2017 na comparação com o ano anterior, levando a cerca de 110 mil mor-
tes no mundo todo.
De acordo com o Unicef (braço da ONU para a infância), 98 países registraram um aumento de casos de sarampo
em 2018, com quase três quartos disso ocorrendo em 10 países.
Os novos surtos de sarampo ocorrem em locais onde a cobertura da vacinação tem caído, ou seja, onde não hou-
ve o chamado efeito de “imunização de rebanho”, em que o alto número de vacinados impede que a doença alcance
os não vacinados. [...]
Os sintomas do sarampo, doença que pode matar e voltou a assustar no Brasil. BBC News.
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-48890410>. Acesso em: 3 jan. 2020.

Número de casos confirmados de sarampo por ano, 2008-2018

LAB212
12 000
Brasil

8 000

4 000

0
2008 2010 2012 2014 2016 2018

Fonte: OMS (Organização Mundial da Saúde).

a) O que aconteceu com o número de casos de sarampo nos últimos anos?


Resposta: o número de casos de sarampo, que já havia sido considerado erradicado, voltou a crescer.

b) Qual é a relação entre o número de casos de sarampo dos últimos anos e os movimentos contra a vacinação?
Resposta: os casos de sarampo voltaram a subir nos últimos anos também em razão do crescente movimento contra a vacinação, o que
diminuiu a imunização da população contra doença.

c) As informações que levaram as pessoas a não se vacinarem foram baseadas em informações científicas? Explique.
Resposta: não. As informações foram baseadas no senso comum.

d) Elabore uma proposta para informar as pessoas quanto à importância da vacinação e dos perigos da não vacinação.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apontem campanhas de vacinação que eduquem a população, divulgação de dados científicos
que embasem a importância da vacinação, e os perigos de informações falsas e alarmantes divulgadas por pessoas não especializadas
nos diferentes meios de comunicação.

16 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Leia o texto a seguir e depois responda às questões.
H2
Quem deve se ligar na Ciência?
H5 Há uma distância cada vez maior entre a ciência que as pessoas consomem e a ciência que conhecem
Ninguém espera que a população brasileira se ligue nas últimas descobertas da ciência como se liga em novelas
[...] Mas o que me preocupa é a distância cada vez maior entre a ciência que as pessoas consomem e a ciência que
conhecem. Cada vez mais, a tecnologia se torna uma “caixa preta” em que celulares e GPSs não são tão diferentes de
objetos mágicos, importados do mundo do Harry Potter. Isso sem incluir questões científicas mais fundamentais –
como a origem do Universo ou a da vida – e seu impacto cultural, por extensão, na nossa visão de mundo.
Podemos separar os modos de interação da ciência com o público em duas vertentes principais. A primeira lida
com os usos da ciência, suas aplicações tecnológicas na eletrônica, na medicina ou na exploração e no uso de diferen-
tes formas de energia. A segunda lida com questões mais metafísicas como “origens” ou o fim do Universo ou o que
existe dentro de um buraco negro.
Em ambos os casos, a educação tem um papel crucial: tanto formal, nas escolas em todos os níveis, quanto in-
formal por meio de livros, documentários, palestras e jornais.
Algo curioso ocorreu a partir do início do século 20: quanto mais a ciência progrediu, mais ela se afastou dos
fenômenos do dia a dia, tornando-se progressivamente mais abstrata e até mesmo bizarra.
Para uma pessoa do século 18, não há dúvida de que muitas descobertas foram estarrecedoras. Por exemplo, a
descoberta de Urano e de centenas de nebulosas por William Herschel expandiram dramaticamente as dimensões do
Cosmo. Mesmo assim, eram descobertas “palpáveis”, que necessitavam de um telescópio que podia ainda ser monta-
do num jardim – embora tivesse de ser bem poderoso.
No entanto, para se “ver” uma molécula de DNA ou um quasar a 5 bilhões de anos-luz são necessários instru-
mentos altamente especializados, fora do alcance de um cidadão comum. A distância entre os objetos e métodos da
ciência e a maioria das pessoas só tende a aumentar. Talvez seja por isso que um leitor outro dia me disse que, para
ele, acreditar em Deus ou no que os cientistas dizem sobre a teoria do Big Bang era a mesma coisa.
Algo similar acontece com o aquecimento global: sem evidências concretas e imediatas, as pessoas acham difícil
“acreditar” no assunto – mesmo que ninguém precise acreditar em asserções científicas, apenas examinar a evidência

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


disponível e chegar a uma conclusão.
Se mais cientistas se engajarem no ensino da ciência nas escolas e na sua popularização por meio da mídia, a
distância entre as descobertas da ciência e a sua compreensão pelo público não especializado diminuirá. Cada vez
mais, quem não se ligar na ciência ficará para trás.
GLEISER, Marcelo. Quem deve se ligar na Ciência? Folha de S. Paulo, 29 jan. 2012.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/22823-quem-deve-se-ligar-na-ciencia.shtml.> Acesso em: 3 jan. 2020.

a) Explique por que o autor afirma que a tecnologia se torna uma “caixa preta” assim como os objetos mágicos.
Resposta: a distância entre a Ciência produzida e a consumida é grande o suficiente para as pessoas não identificarem ou reconhecerem
o funcionamento dos aparelhos tecnológicos, da mesma forma como não se conhece o funcionamento de objetos mágicos de histórias
de ficção.

b) Por que algumas pessoas acham difícil “acreditar” no aquecimento global? Compare a crença na Ciência do século XVIII,
citada no texto, com a atual.
Resposta: algumas pessoas acham difícil acreditar no aquecimento global porque as evidências não são concretas e imediatas,
diferentemente das descobertas do século XVIII citadas no texto, que eram mais concretas e mais “palpáveis”, pois, à medida que a
Ciência avança, ela se distancia dos fenômenos do dia a dia.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 17


c) Proponha uma maneira de aproximar a Ciência produzida das pessoas que a consomem.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos citem a importância da divulgação científica, bem como o engajamento da Ciência nas
escolas e sua popularização por meio de diferentes mídias.

d) Pesquise, selecione e escreva no mínimo duas evidências científicas que possibilitam rebater ideias do senso comum refe-
H2 rentes ao aquecimento global.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam a diferença entre evidências passíveis de comprovação daquelas baseadas no
H5 senso comum. Algumas respostas possíveis são: elevação da temperatura média anual, derretimento do gelo do Ártico, aumento do nível
dos oceanos, branqueamento dos corais.

2 Leia a história em quadrinhos a seguir e faça o que se pede.


H2

UM SÁBADO QUALQUER
Fonte: Disponível em: <https://www.umsabadoqualquer.com/942-socrates-8/>. Acesso em: 3 jan. 2020.

Explique o motivo pelo qual Zeus está furioso com o filósofo com base no que você estudou neste capítulo. Lembre-se de levar
em conta a transição que houve nos modelos de explicação.
Resposta: as explicações para os fenômenos passaram a ser feitas de forma racional e não mais com base em crenças sem comprovações
empíricas (experimentais). As religiões passaram a se concentrar na espiritualidade e não em explicações sobre os fenômenos naturais.

3 Escolha uma informação com a qual você tenha tido contato esta semana. Pode ser um texto, uma imagem, um vídeo.
Realize os passos descritos no esquema da página 13 e verifique se o conteúdo é confiável. Você pode inferir que o texto é
H1 confiável? Justifique.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos verifiquem a informação e infiram se ela é ou não confiável, justificando sua conclusão a partir
das informações obtidas nos passos realizados.

18 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


MEDIDAS PARA COMPROVAR HIPÓTESES
Desde a Antiguidade, o ser humano se preocupa em entender o comportamento da natureza.
Com o surgimento das Ciências, o estudo dos fenômenos passou a incluir experimentos, levantamen-
to de dados e medição de diferentes grandezas como forma de comprovar ou refutar hipóteses sobre
os fenômenos estudados. As medidas, além de presentes em diversas situações do cotidiano, são
fundamentais nas áreas de conhecimento que compõem as Ciências da Natureza. Vamos conhecer
um pouco mais sobre aspectos importantes das unidades de medida, representações das grandezas
por meio de notação científica e ordem de grandeza, grandezas vetoriais e escalares, e relações de
proporcionalidades entre as grandezas envolvidas em diferentes situações.
Mas antes, propomos a realização de uma atividade experimental sobre número de amostras
e algumas unidades de medida.

EXPERIMENTANDO
Medindo grandezas simples
Preparando o material
Cada dupla ou grupo vai precisar de:
▶ cronômetro (o do celular, por exemplo);
▶ livro, caderno ou folhas de sulfite;
▶ régua.
EPITAVI/SHUTTERSTOCK

PAKHNYUSHCHY/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Primeiro desafio: Medir a espessura de uma folha de papel.
Considerando que a espessura de uma folha de papel é muito menor que a menor divisão de uma régua, 1 milímetro, não podemos usar
uma régua para medir diretamente a espessura de uma única folha. Então, uma possibilidade para obter essa medida seria juntar muitas
folhas e medir a espessura da pilha de papel. Outra alternativa é medir a espessura de um livro (mas sem considerar as capas) e dividir essa
medida pelo total de folhas (não de páginas!) para, então, obter a espessura de cada uma.
1. Escolha uma das alternativas apresentadas e meça a folha de papel. Descreva a forma que você escolheu para fazer a medida e escreva
os valores obtidos.
Professor, se julgar pertinente, deixe os alunos apresentarem outras propostas de medição da espessura de uma folha, além da apresentada.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 19


2. Em que unidade de medida você expressou a medida da folha de papel? Essa unidade é a mesma usada para expressar a medida de
distâncias entre cidades? Por quê?
Professor, espera-se que os alunos tenham expressado a espessura da folha em milímetros. Já a unidade de medida usada aqui no Brasil para
expressar distâncias entre cidades é o quilômetro, que é usado para expressar medidas maiores.

Segundo desafio: Medir a pulsação arterial de um dos membros do grupo, em diferentes intervalos de tempo.
Os batimentos cardíacos de uma pessoa podem variar conforme a hora do dia, as emoções e outros fatores. Portanto, durante o experimen-
to, é importante que a pessoa cujos batimentos cardíacos forem medidos não se mova muito nem passe por emoções antes da aferição. É
importante fazer 5 medidas na mesma pessoa. Se, por qualquer motivo, o experimento for interrompido, deve ser reiniciado do princípio
com outra pessoa.
O pulso pode ser sentido facilmente no local onde se coloca a pulseira do relógio, na parte mais próxima do polegar, nas têmporas ou no pescoço.

CHAMPION STUDIO/SHUTTERSTOCK
TEWAN BANDITRUKKANKA/SHUTTERSTOCK

Escolhido o local onde a pulsação será medida, um colega deve cronometrar 1 segundo, enquanto o aluno que terá o pulso medido contará
quantas pulsações ocorrem nesse período. Em seguida, um terceiro aluno deve anotar o resultado na tabela abaixo. As medições devem ser
feitas em intervalos de 10, 15, 30 e 60 segundos. A cada medida, o resultado deve ser anotado.
Após a coleta dos dados, devem ser feitos os cálculos indicados na terceira coluna, com registro dos resultados na quarta coluna.

Tempo (s) Número de pulsações no tempo cronometrado Cálculo Pulsações por minuto

1 multiplique por 60

5 multiplique por 12

10 multiplique por 6

20 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


15 multiplique por 4

30 multiplique por 2

60 –

Agora, compare os resultados das medidas coletadas e anotadas em cada linha da 4 a coluna e responda:
3. Os resultados apresentados nas colunas são idênticos? Caso a resposta seja afirmativa, explique a metodologia empregada para
obter esses dados.
Caso os dados medidos não sejam idênticos, considerando que a pulsação do(a) colega não variou durante o experimento, explique o
que pode ter causado as diferenças nas medidas.
Professor, é importante que os alunos entendam que eventuais variações nos valores não significam necessariamente que a grandeza variou
em si, mas apenas sua medida. Isso ocorre devido à incerteza. Recomenda-se que, caso os alunos não cheguem a essas conclusões por si
mesmos, seja retomado o conceito de incerteza tratado no capítulo.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


4. Agora reflita sobre as atividades experimentais realizadas. Há alguma relação entre as medidas coletadas? Descreva as conclusões a que
foi possível chegar sobre as medições realizadas.
Resposta: O grande número (de folhas de papel ou de pulsações) torna as medidas mais fáceis e/ou mais precisas. Assim como aconteceu
com a medida da espessura de várias folhas, a medida mais precisa da pulsação é a que ocorre quando há maior intervalo de tempo. Na
medida de 5 segundos, por exemplo, os reflexos dos estudantes atrapalham a sincronização da contagem com a cronometragem. Espera-se,
portanto, que as medidas de 30s e 60s sejam, em média, mais próximas entre si do que as medidas de 5s e 10s, uma vez que, nesses casos,
o erro devido ao reflexo fica “diluído” em maior tempo. Do mesmo modo, a acurácia da régua, da ordem de um milímetro, fica diluída em
vários centímetros quando estamos lidando com uma grande pilha de folhas.
Nesses experimentos foi possível constatar uma estratégia de medidas muito útil em Ciências, que basicamente consiste em aumentar a
amostra a fim de diminuir os erros de medida.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 21


Além das unidades base, temos as unidades derivadas, que são formadas pelo produto de
potências das unidades de base. Algumas dessas unidades são:

UNIDADES DERIVADAS DAS UNIDADES DE BASE DO SI


Grandeza derivada Unidade derivada Símbolo
área metro quadrado m2
volume metro cúbico m3
velocidade metro por segundo m/s
aceleração metro por segundo ao quadrado m/s2
número de ondas inverso do metro m−1
massa específica quilograma por metro cúbico kg/m3
densidade superficial quilograma por metro quadrado kg/m2
volume específico metro cúbico por quilograma m3/kg
densidade de corrente ampere por metro quadrado A/m2
campo magnético ampere por metro A/m
concentração mol por metro cúbico mol/m3
concentração de massa quilograma por metro cúbico kg/m3
luminância candela por metro quadrado cd/m2

Muitas vezes, é necessário utilizar unidades maiores ou menores do que as unidades de base
ou derivadas do SI. Para isso, podemos utilizar os prefixos, que representam algumas potências de 10,
para a formação de múltiplos e submúltiplos das unidades do SI.

PREFIXOS DO SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES


Nome Símbolo Potência Número
peta P 1015 1 000 000 000 000 000
tera T 1012 1 000 000 000 000
giga G 109 1 000 000 000
6
mega M 10 1 000 000
quilo K 103 1 000
hecto H 102 100
1
deca Da 10 10
deci d 10−1 0,1
centi c 10−2 0,01
mili m 10−3 0,001
micro µ 10−6 0,000 001
nano n 10−9 0,000 000 001
pico p 10−12 0,000 000 000 001
femto f 10−15 0,000 000 000 000 001

22 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Apesar da criação do SI, muitas unidades de medida presentes em nosso dia a dia não seguem
esses padrões. Por exemplo, os televisores têm as telas medidas em polegadas, assim como os diâ-
metros de tubulações utilizadas em construções. A polegada também é utilizada como medida de
aros de pneus e de bicicletas.
As unidades de medida de temperatura também variam. Diferentemente do Brasil, que adota a
escala Celsius, nos Estados Unidos, em Palau, na Micronésia, nas Ilhas Cayman, na Libéria, em Antígua
e Barbuda ainda se usa a escala Fahrenheit.

TOMAS RAGINA/SHUTTERSTOCK
ALEXANDRBOGNAT/SHUTTERSTOCK

QWASDER1987/SHUTTERSTOCK
40”

A medida da tela da TV feita em polegadas se refere à diagonal,


como mostra a imagem. Se medirmos o valor em centímetros e O diâmetro dos tubos utilizados para encanamento nas
o dividirmos por 2,54 cm, obtemos a medida da tela da TV em construções é medido em polegadas. Uma polegada (1’’) Termômetro ambiente
polegadas. corresponde a 2,54 cm. com escalas em °C e °F.

PARA AMPLIAR

FONTE: HTTPS://PHOTOJOURNAL.JPL.NASA.GOV/CATALOG/PIA17486
Erro da Nasa pode ter destruído sonda
Um erro elementar de conversão de pesos e medidas cometido pelos
controladores de voo pode ter sido o motivo pelo qual a sonda espacial Mars
Climate Orbiter (MCO) foi destruída ao tentar entrar na órbita de Marte [...].

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ao se aproximar do planeta, a sonda recebeu duas informações confli-
tantes dos controladores na Terra. Uma, no Sistema Métrico Decimal (que
usa metro e quilograma) e outra, em unidades britânicas (que usa pé e libra).
As informações eram consideradas críticas para que a sonda alcançasse a
órbita apropriada de Marte.
"As pessoas cometem erros às vezes", disse Edward Weiler, administra-
dor-associado para as Ciências Espaciais da Nasa, em um comunicado à
imprensa.
Para Weiler, no entanto, o problema principal não foi o erro cometido
pelos controladores de voo, mas sim a falha dos sistemas de engenharia da
Nasa, que não foram capazes de detectar as diferenças numéricas e corrigir
os dados a tempo.
O erro de navegação fez com que a MCO chegasse a apenas 60 km de
Marte – 100 km mais perto do que o planejado e 25 km abaixo do nível de
segurança do projeto.
O erro de rota teria sido suficiente para que ela fosse destruída pela Sonda Mars Global Surveyor
atmosfera do planeta, em 23 de setembro, segundo a Nasa.
A MCO, de US$ 125 milhões, foi lançada em dezembro de 98 e levou 286 dias para chegar a Marte. Sua principal
função era recolher dados atmosféricos de cada estação do ano do planeta e entender suas modificações climáticas.
[...]
FERRONI, Marcelo. Erro da Nasa pode ter destruído sonda. Folha de S. Paulo, 01 out. 1999.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0110199905.htm>. Acesso em: 3 jan. 2020.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 23


Potências de 10 – Notação científica e ordem de grandeza
Se nos disserem que o raio do átomo de hidrogênio é igual a 0,000000005 cm ou que uma
dada célula tem cerca de 2 000 000 000 000 de átomos, dificilmente seremos capazes de assimilar
essas ideias, pois nossos sentidos não estão acostumados a lidar com grandezas dessas dimensões
em nosso dia a dia.
Para facilitar a escrita, a realização de operações matemáticas e a comparação entre números
muito grandes ou muito pequenos como os citados anteriormente, emprega-se a notação científica.
Nessa forma de representação, escrevemos um número recorrendo à potência de 10. Consideremos
um número qualquer, por exemplo, 379. Podemos expressar esse número como o produto de 3,79
por uma potência de 10 (no caso, 102), ou seja:

3,79 ⋅ 102 = 379

Consideremos, agora, o número 0,0048. Podemos escrever:

4,8 ⋅ 10−3 = 0,0048

Um número escrito em notação científica segue a seguinte estrutura geral:

n ⋅ 10m
em que n deve ser maior ou igual a 1 e menor que 10,
multiplicado por 10 elevado ao expoente m

Operações com potências de 10


Você pode perceber que seria complicado e trabalhoso efetuar operações com números mui-
to grandes, ou muito pequenos, quando escritos na forma comum. Quando esses números são
escritos na notação de potências de 10, as operações que devem seguir as regras estabelecidas na
Matemática, para as operações com potências, se tornam bem mais simples.
Seguem alguns exemplos que podem ser úteis para relembrar as regras de operações com
potências:
a) 0,0021 ⋅ 30 000 000 = (2,1 ⋅ 10−3) ⋅ (3,0 ⋅ 107) = (2,1 ⋅ 3) ⋅ (10−3 ⋅ 107) = 6,3 ⋅ 104
b) 7,28 ⋅ 10
6
= 7,28 ⋅ 108 = 1,82 ⋅ 10−2
6

4 ⋅ 108
4 10
c) (5 ⋅ 10−3)3 = 53 ⋅ 10−9 = 125 ⋅ 10−9 = 1,25 ⋅ 102 ⋅ 10−9 = 1,25 ⋅ 10−7
d) 2,5 ⋅ 105 = 25 ⋅ 104 = 5 ⋅ 102

Adição e subtração
Para adicionar ou subtrair números escritos em notação científica, eles devem estar expressos
na mesma potência de 10. Caso haja diferença, deve-se realizar uma conversão de forma a igualar os
expoentes das potências. Veja os exemplos a seguir:
PARA AMPLIAR a) 4,23 ⋅ 107 + 1,3 ⋅ 106 = 42,3 ⋅ 106 + 1,3 ⋅ 106 = 43,6 ⋅ 106 = 4,36 ⋅ 107
b) 6,5 ⋅ 10−3 − 3,2 ⋅ 10−4 = 65 ⋅ 10−4 ⋅ 3,2 − 10−4 = 61,8 ⋅ 10−4 = 6,18 ⋅ 10−3
Não se esqueça de que uma
potência com expoente negati-
vo equivale a uma fração. Elevar
Multiplicação e divisão
qualquer número diferente de Outra maneira seria expressar a primeira parcela como potências de 106, no item a, e 10−4, no
zero a um expoente negativo item b, ficando da seguinte forma:
resulta no inverso desse número
elevado ao oposto do expoente, a) 4,23 . 10 7. 1,3 . 10 6 = (4,23.1,3) . 10 7+6 = 5,49 . 1013
ou seja:
1 6,4
a−n = b) 6,4 . 10 4 Ö 3,2 . 10 3 = . 10 4−3 = 2,0 . 10
an 3,2

24 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Ordem de grandeza
Muitas vezes, ao trabalharmos com grandezas físicas, não há necessidade ou interesse em co-
nhecer com precisão o valor da grandeza. Nesses casos, é suficiente conhecer a potência de 10 que
mais se aproxima de seu valor. Essa potência é denominada ordem de grandeza do número que
expressa sua medida, isto é:

Ordem de grandeza de um número é a potência de 10 mais próxima desse número.

Portanto, a ordem de grandeza de 92 é 102 porque 92 está compreendido entre 10 e 100, mas está
mais próximo de 100 (102). De modo análogo, a ordem de grandeza de 0,00022 = 2,2 × 10−4 é 10−4.

Ordens de grandeza

Distância (m) Tempo (s) Massa (kg)

1026 Limites do Universo conhecido 1018 Idade do Universo 1041 A Via Láctea

Distância até a galáxia de


1022 1017 Idade do Sistema Solar 1030 O Sol
Andrômeda

1016 Um ano-luz 1014 Idade da raça humana 1025 A Terra

1013 Tamanho do Sistema Solar 1011 Vida média do átomo de carbono-14 1023 A Lua

1011 Distância da Terra ao Sol 109 Vida média do homem 1015 Asteroide grande

108 Distância da Terra à Lua 107 1 ano 1012 Montanha pequena

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


104 Altura do Monte Everest 105 1 dia 108 Transatlântico

100 1 metro 100 1 segundo (tempo entre as duas batidas do coração) 104 Baleia

10−4 Espessura de um fio de cabelo 10−3 Tempo típico para a corda de violão efetuar vibração 102 Ser humano

Tamanho de um glóbulo vermelho Tempo para um elétron girar em torno do núcleo


10−5 10−8 100 1 quilograma
de sangue atômico

10−7 Comprimento de onda da luz 10−22 Período de vibrações nucleares 10−3 Uma uva

10−8 Tamanho de um vírus típico 10−24 Tempo para a luz atravessar um núcleo atômico 10−9 Partícula de poeira

10−10 Raio atômico 10−26 Átomo de urânio

10−15 Raio nuclear 10−27 Próton

10−30 Elétron
https://www.fisica.ufmg.br/ncarolina/files/rdA/ordens.pdf

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 25


IMAGENS SEM ESCALA. Conhecendo a ordem de grandeza de diversas medidas, podemos compará-las para saber qual
CORES FANTASIA. é a menor ou a maior entre elas e quais são aquelas que são aproximadamente iguais.

KATERYNA KON/SHUTTERSTOCK.
A ordem de grandeza de uma bactéria é de 100 μm, e de um vírus é de 10−3 μm. Podemos dizer que uma
bactéria é mil vezes maior que um vírus.

Não devemos nos preocupar em estabelecer critérios rigorosos para determinar a potência
de 10 mais próxima do número, pois o conceito de ordem de grandeza, por sua própria nature-
za, é uma avaliação aproximada, na qual não cabe nenhuma preocupação com rigor matemático.
Por essa mesma razão, quando um número estiver aproximadamente no meio entre duas potências
de 10, será indiferente escolher uma ou outra para representar a ordem de grandeza desse número.
Por exemplo, para determinar a ordem de grandeza do número de gotas que cabem numa banheira,
precisamos, antes, determinar a grandeza de seu volume. Para isso, podemos supor que as dimensões
da banheira (largura, altura e profundidade) estão mais próximas de 1 m do que de 10 m. Ou seja, a
ordem de grandeza de cada uma é 100 = 1 m, e o volume da banheira é de 1 m × 1 m × 1 m = 1 m3.
Imaginando que a gota tenha formato cúbico, com arestas de 1 mm (10−3 m), a ordem de
grandeza do seu volume é de 10−3 m × 10−3 m × 10−3 m = 10−9 m3. Assim, a ordem de grandeza
do número de gotas que cabem numa banheira é de:
1 m3
=109 =1 000 000 000 gotas, ou seja, 1 bilhão de gotas.
1 . 10−9 m3

LAB212

26 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA CONSTRUIR
1 Desejando construir um modelo de Sistema Solar, um estudante representou o Sol por meio de uma bola de futebol cujo raio é
igual a 10 cm. Considerando que o raio do Sol mede aproximadamente 109 m e o raio da Terra é da ordem de 107 m, qual deve
H1
ser o raio da esfera que vai representá-la no modelo?
Resposta: 1 mm.

2 Supondo que cada pessoa beba 2 litros de água por dia, qual é a ordem de grandeza do número de litros de água ingerido pela
população brasileira, em um ano? Considere a população brasileira com 208 494 900 habitantes (dados IBGE, 2018).
H1
Resposta:1011.

3 Supondo que, no Brasil, cada família possui, em média, um televisor, qual é a ordem de grandeza do número de televisores
existentes nas residências brasileiras? Considere que em cada residência vivam, em média, 5 pessoas e a população do Brasil é
H1
de aproximadamente 2,1 ⋅ 108 habitantes.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Resposta: 107.

4 Um relógio de ponteiros funciona durante um mês. Qual é o valor mais próximo do número de voltas que o ponteiro de minu-
tos terá completado nesse período?
H1
Resposta: 7,2 × 102 voltas.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 27


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Mesmo com a evolução tecnológica e modernização dos b) Supondo que, no Brasil, cada família possui, em média,
aparelhos, parte da população não em acesso a televisões um televisor, qual é a ordem de grandeza do número
H1 de tela fina, como mostra no gráfico a seguir, com dados de televisores existentes nas residências brasileiras?
de 2017. Considere que em cada residência vivam, em média,
H4
5 pessoas e a população do Brasil é de aproximadamen-
Domicílios com televisão, por tipo de televisão (%) te 2,1 ⋅ 108 habitantes.
Resposta: 107.

LAB212
Norte Nordeste

59,6 58,4

40,4 45,0

72,0
Sudeste
32,4 76,5
Brasil Centro-Oeste c) Pesquise como a produção e a utilização de televisores
69,7 35,3
Sul mais modernos impactam a indústria.
Televisão de tela fina
73,9 Resposta pessoal. Espera-se que os alunos encontrem dados
38,9
41,0
Televisão de tubo que mostrem a produção de televisores mais modernos,
o aumento de modelos, a obsolescência dos produtos,
Domicílios com televisão (%)
Grandes
Somente televi- Somente televi- bem como a necessidade de mais tecnologia envolvida na
regiões
são de tela fina são de tubo produção de equipamentos mais modernos.
Brasil 57,8 27,0
Norte 52,5 33,2
Nordeste 50,6 37,2
Sudeste 62,5 21,3
Sul 56,6 23,7
Centro-Oeste 63,9 24,3

Uso de internet, televisão e celular no brasil. Educa IBGE. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/
materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.html>. Acesso em: 3 jan. 2020.

a) Que parcela da população total não tem acesso a televi-


sores de tela fina? Há grande diferença na porcentagem 2 A pegada hídrica é definida como o volume de água total usa-
do uso de televisores com tela fina entre as regiões do da durante a produção e consumo de bens e serviços, bem
país? H1 como o consumo direto e indireto no processo de produção.
Resposta: 27%. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste O uso de água ocorre, em sua maioria, na produção agrícola,
apresentam porcentagens maiores de uso de televisores com mas também na indústria de alimentos e bebidas. Veja na ta-
bela a seguir a pegada hídrica de alguns alimentos:
tela fina do que as regiões Norte e Nordeste.

Bebida (litro)/ Consumo de água


Alimento (kg) (litros)
Chá 108
Café 1 056
Frango 4 330
Carne bovina 15 400
Tofu 2 540
Lentilha 5 900
Fonte: Water Footprint Network.

28 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


a) Qual item tem maior consumo de água para sua produ- c) 28 850 vezes a luminosidade do Sol.
ção? E qual tem o menor?
d) 30 000 vezes a luminosidade do Sol.
Resposta: carne bovina. Chá.
e) 50 000 vezes a luminosidade do Sol.
Resposta: alternativa a.

4 Pesquise quais são os instrumentos de medidas utilizados


para:
H1
b) Qual é a ordem de grandeza de consumo de água des- ▶ medida de tempo.
ses produtos?
▶ medida de comprimento.
Resposta: chá: 102; Carne bovina: 104.
▶ medida de massa.
▶ medida de temperatura.
Escolha algum desses instrumentos, pesquise e descreva
seu uso em algum ramo da indústria.
c) Supondo que cada pessoa beba 2 litros de água por Resposta pessoal.
dia, qual é a ordem de grandeza do número de litros
de água ingerido pela população brasileira em um ano?
Considere a população brasileira com 208 494 900 habi-
tantes (dados IBGE, 2018).
Resposta: 1011.

3 (Enem) A cor de uma estrela tem relação com a temperatu-


ra em sua superfície. Estrelas não muito quentes, cerca de
H1
3 000 K (kelvin), nos parecem avermelhadas. Já as estrelas
amarelas, como o Sol, possuem temperatura em torno dos
6 000 K; as mais quentes são brancas ou azuis porque sua
temperatura fica acima de 10 000 K.
A tabela apresenta a classificação espectral e outros dados

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


para as estrelas dessas classes.
5 Na indústria de bebidas e alimentos, é necessário ga-
Estrelas da sequência principal rantir a integridade e a não contaminação. O óleo, por
H1
exemplo, é um contaminante da água, pois se espalha
Classe espectral Temperatura Luminosidade Massa Raio formando uma camada fina de difícil retirada. Se uma
gota de óleo cujo volume é V = 6 ⋅ 10−2 cm3 contami-
O5 40 000 5 × 105 40 18
nasse um tanque de água, formando uma camada muito
B0 28 000 2 × 104 18 7 fina cuja área é A = 2 ⋅ 10−4 cm2, qual seria a espessura
dessa camada de óleo?
A0 9 900 80 3 2,5
Resposta: 3 ⋅ 10−6 cm.
G2 5 770 1 1 1
M0 3 480 0,06 0,5 0,6
Temperatura em kelvin. Luminosidade, massa e raio, tomando o Sol como referência.

Se tomarmos uma estrela que tenha temperatura 5 vezes


maior do que a temperatura do Sol, qual será a ordem de
grandeza de sua luminosidade?
a) 20 000 vezes a luminosidade do Sol.
b) 28 000 vezes a luminosidade do Sol.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 29


ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS
Algarismos corretos e avaliados
Imagine que você necessite saber o comprimento de uma barra e, para descobri-lo, irá utilizar
uma régua cuja menor divisão seja igual a 1 mm.

ARQUIVO DA EDITORA
10 11 12 13 14 15

Régua com graduação cuja menor divisão é 1 mm.

Ao tentar expressar o resultado dessa medida, você percebe que ela está compreendida en-
tre 14,3 cm e 14,4 cm. Você terá de estimar a fração de milímetro que deverá ser acrescentada a
14,3 cm, pois a régua não apresenta divisões inferiores a 1 mm. Para fazer essa estimativa, imagine que
o intervalo entre 14,3 cm e 14,4 cm esteja subdividido em 10 partes iguais. Observando a posição da
seta na figura, podemos estimar que a fração mencionada tem 5 décimos de milímetro. O resultado
da medida poderá ser expresso como: 14,35 cm.
Observe que temos certeza de que os algarismos 1, 4 e 3 estão corretos, pois foram obtidos por
meio de divisões inteiras da régua. Entretanto, o algarismo 5 foi estimado, isto é, você não tem certeza
sobre seu valor, e outra pessoa poderia avaliá-lo como 4 ou 6, por exemplo. Por isso, esse algarismo
estimado é denominado algarismo duvidoso ou algarismo incerto.
Note que faria sentido estimar o algarismo que deveria ser escrito, na medida, após o algarismo
5. Para isso, seria necessário imaginar o intervalo de 1 mm subdividido mentalmente em 100 partes
iguais, o que é impossível. Portanto, se o resultado da medida fosse apresentado como 14,357 cm,
por exemplo, poderíamos afirmar que a estimativa do algarismo 7 (segundo algarismo avaliado) não
tem nenhum significado físico e, assim, estaria incorreto apresentá-lo como resultado da medição da
barra. Dessa maneira, ao efetuarmos uma medida, devemos apresentar o resultado apenas com os
algarismos significativos. O resultado da medida da figura 1 deve, então, ser expresso como 14,35 cm.

Expressando a incerteza
A incerteza é uma grandeza que permite avaliar quão confiável é o resultado de uma medição.
Quanto maior a incerteza, menos confiável é a medição realizada. O resultado de uma medição
deve ser sempre expresso com a mesma quantidade de casas decimais que sua incerteza, e as duas
grandezas devem ser expressas na mesma unidade. Por exemplo, o valor da aceleração da gravidade
é 9,975 ±0,003 m/s2 (lê-se 0,003 para mais ou para menos).

Algarismos significativos
Quando apresentamos o resultado de uma medição experimental, em qualquer uma das áreas
do saber que compõem as Ciências da Natureza, devem estar presentes na resposta final somente os
algarismos sobre os quais temos certeza, seguidos do primeiro algarismo duvidoso. Esses algarismos
(os corretos e o primeiro duvidoso) são denominados algarismos significativos.

GLOSSÁRIO
Algarismos significativos:
Algarismos significativos de uma medida são aqueles cujo valor temos certeza, seguidos do primeiro alga-
rismo duvidoso.

30 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Operações com algarismos significativos
Podemos compreender que duas medidas expressas, por exemplo, como 42 cm e 42,0 cm
representam exatamente a mesma coisa? E os resultados como 7,65 kg e 7,67 kg, por exemplo, são
fundamentalmente diferentes? Vejamos.
Em muitos momentos, temos de realizar operações que envolvem medidas representadas por
meio de algarismos significativos. Os resultados dessas operações devem, portanto, ser expressos
somente com algarismos significativos. Para isso, é necessário observar as regras que apresentaremos
a seguir.
▶ Se cada divisão de 1 mm da régua fosse subdividida em 10 partes iguais, ao efetuarmos a leitura
do comprimento da barra com um microscópio, por exemplo, o algarismo 5 passaria a ser um
algarismo correto, pois corresponderia a uma divisão inteira da régua. Nesse caso, o algarismo
seguinte seria o primeiro estimado e passaria a ser, portanto, um algarismo significativo.

ARQUIVO DA EDITORA
11 12 14
14,35 15

Régua com subdivisões


em milímetros.

Se, nessa avaliação, fosse encontrado o algarismo 7, por exemplo, o resultado da medida poderia
ser escrito como 14,357 cm, sendo todos esses algarismos significativos. Por outro lado, se a régua
não apresentasse as divisões de milímetros, apenas os algarismos 1 e 4 seriam corretos. O algarismo 3
seria o primeiro algarismo estimado e o resultado da medida seria expresso por 14,3 cm, com apenas
três algarismos significativos.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ARQUIVO DA EDITORA

1
13
3 14 15 16
6
Régua com
subdivisões em
centímetros.

Vemos, então, que o número de algarismos significativos obtido no resultado da medida de


uma dada grandeza dependerá do aparelho usado na medida.
▶ A utilização de algarismos significativos é adotada de maneira geral, não só na medida de compri-
mentos, mas também na medida de massas, temperaturas, forças etc. Essa convenção é também
usada ao se apresentar os resultados de cálculos que envolvem medidas das grandezas.
Quando uma pessoa lhe informar, por exemplo, que mediu (ou calculou) a temperatura de um
objeto e encontrou 37,82 °C, você deverá entender que a medida (ou o cálculo) foi feita de tal modo
que os algarismos 3, 7 e 8 são corretos e o último algarismo, nesse caso o 2, é duvidoso.
▶ A partir deste momento, você pode compreender que duas medidas expressas, por exemplo,
como 42 cm e 42,0 cm não representam exatamente a mesma coisa. Na primeira, o algarismo 2
foi avaliado e não se tem certeza de seu valor. Na segunda, o algarismo 2 é correto, sendo o zero
o algarismo duvidoso. Do mesmo modo, resultados como 7,65 kg e 7,67 kg, por exemplo, não
são fundamentalmente diferentes, pois diferem apenas no algarismo duvidoso.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 31


Adição e subtração com algarismos significativos
Suponha que você deseje adicionar as seguintes parcelas:

2 807,5 + 0 ,0648 + 83,645 + 525,35

Para que o resultado da adição contenha apenas algarismos significativos, você deverá observar
qual (ou quais) das parcelas tem o menor número de casas decimais. Em nosso exemplo, essa parcela
é 2 807,5, que tem apenas uma casa decimal. Essa parcela será mantida como está. As demais deverão
ser modificadas, de modo que fiquem com o mesmo número de casas decimais da parcela escolhida,
abandonando-se nelas tantos algarismos quantos forem necessários.
Assim, na parcela 0,0648, devemos abandonar os algarismos 6, 4 e 8. De acordo com a regra de
arredondamento, ao abandonarmos algarismos em um número, o último algarismo mantido deverá
ser acrescido de uma unidade se o primeiro algarismo abandonado for superior a 5; se for inferior a
5, permanecerá invariável. Então, a parcela citada (0,0648) deverá ser escrita como 0,1.
Na parcela 83,645, devemos abandonar os algarismos 4 e 5; logo, a parcela 83,645 fica reduzida a 83,6.
E, na parcela 525,35, devemos abandonar o algarismo 5. Quando o primeiro algarismo abando-
nado for exatamente igual a 5, será indiferente acrescentar ou não uma unidade ao último algarismo
mantido. De qualquer maneira, as respostas diferirão, em geral, apenas no último algarismo, e isso
não tem importância, pois é um algarismo duvidoso. Podemos, então, escrever a parcela 525,35
indiferentemente como 525,3 ou 525,4.
Vejamos, pois, como efetuaremos a adição:

2 807,5 permanece inalterada .......................................... 2 807,5


0,0648 passa a ser ................................................................................. 0,1
83,645 passa a ser ............................................................................. 83,6
525,35 passa a ser .......................................................................... 525,3
O resultado, com algarismos significativos, é 3 416,5.

Na subtração, deve-se seguir o mesmo procedimento.

Multiplicação e divisão

Suponha que desejemos, por exemplo, multiplicar 3,67 por 2,3. Realizando normalmente a
operação, encontramos:
3,67 × 2,3 = 8,441
Entretanto, procedendo dessa maneira, aparecem, no produto, algarismos que não são sig-
nificativos.
Para evitar isso, devemos observar a seguinte regra: verificar qual é o fator com o menor número
de algarismos significativos e, no resultado, manter o número de algarismos igual ao desse fator.
Assim, no exemplo anterior, como o fator com o menor número de algarismos significativos
é 2,3, devemos manter, no resultado, apenas dois algarismos, isto é, o resultado deve ser escrito da
seguinte maneira:
3,67 × 2,3 = 8,4
Na aplicação dessa regra, ao abandonarmos algarismos no produto, devemos seguir o critério
de arredondamento que analisamos ao estudar a adição.
Procedimento análogo deve ser seguido ao efetuarmos uma divisão.
Note que o arredondamento foi feito após a realização da multiplicação. Caso o arredonda-
mento fosse feito em cada etapa do cálculo, teríamos:

3,67 × 2,3 = 8,51  8,5


Isso demonstra que o resultado final depende de como a operação foi feita e da realização (ou
não) de arredondamento(s) a cada etapa do cálculo.

32 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Grandezas vetoriais e escalares
O estudo dos movimentos permite compreender vários fenômenos que se observam no coti-
diano e na natureza. Para falarmos sobre movimento, velocidade e outras grandezas envolvidas no
estudo dos movimentos, precisamos utilizar dois tipos de grandezas: as escalares e as vetoriais.

Grandezas vetoriais e escalares


Você está habituado a lidar com uma série de grandezas, como o volume de um corpo, a área
de um terreno, o tempo transcorrido e a temperatura de um objeto. Dizemos, por exemplo, que o
volume de uma caixa-d’água é de 1 000 litros, que a área coberta de uma casa é de 300 m2, que um
macarrão instantâneo demora três minutos para ficar pronto ou que a temperatura de uma criança
com febre é de 38 °C. Em todos os exemplos citados, as quantidades ficam plenamente determinadas
quando especificamos seu valor, isto é, o módulo e a unidade usada na medida.
Todas as grandezas, como as que mencionamos, que ficam completamente definidas quando
conhecemos apenas seu valor, são denominadas grandezas escalares.

Grandezas vetoriais
Entretanto, existem outras grandezas que não podem ser classificadas como escalares, pois não
ficam completamente determinadas quando fornecemos apenas seu módulo.

Direção e sentido
No estudo das grandezas vetoriais e escalares, a compreensão das ideias de direção e de sentido
tem um papel fundamental. Por isso, vamos discutir esses conceitos inicialmente.

Direção
Provavelmente, você já ouviu alguma referência aos termos direção e sentido, e tem noção do
que significam. O conceito de direção, por exemplo, originou-se na Geometria, por isso usamos as
figuras a seguir para ilustrar essa ideia.

r2

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


r1

r3

Representação das retas r1, r2, r3

A reta r1 determina uma direção. A reta r2, não paralela a r1, determina outra direção, diferente
da definida pela reta r1. Já a reta r3, paralela a r1, tem a mesma direção da reta r1.
Dizemos, então, que retas paralelas têm a mesma direção. Por exemplo: carros que se movimentam
em uma mesma rua reta, ou em ruas retas paralelas entre si, estão se deslocando na mesma direção.

Sentido
Consideremos, agora, uma dada direção, definida pela reta AB.

A B

Podemos imaginar uma pessoa se deslocando nessa reta de duas maneiras diferentes: de A para
B ou de B para A. Dizemos que existem dois sentidos possíveis na direção da reta AB: o sentido de
A para B e o contrário a ele, de B para A. Observe que só tem significado dizer que dois sentidos são
iguais ou contrários se estivermos fazendo essa comparação em uma mesma direção.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 33


Deslocamento
Consideremos um automóvel que partiu de Brasília, viajando para Recife, seguindo o caminho
indicado no mapa. Esse carro sofreu uma mudança de posição saindo de Brasília (A) e indo para
Recife (B). A mudança de posição é definida pelo segmento AB, denominado deslocamento do carro.
O deslocamento de um corpo pode ser representado como o segmento de reta que une o
ponto que representa a posição inicial ao ponto que representa a posição final.
Observe que o deslocamento não deve ser confundido com a trajetória

ARQUIVO DA EDITORA
seguida pelo corpo. Um avião, por exemplo, que fosse de Brasília para Recife,
provavelmente seguiria uma trajetória completamente diferente e, no entanto,
seu deslocamento seria o mesmo do automóvel, o segmento AB, que une
Brasília a Recife.
Suponha que você deseja informar a uma pessoa o deslocamento do
carro mencionado. Se você lhe dissesse que o carro se deslocou 1 600 km, isto
é, se você lhe fornecesse apenas o módulo do deslocamento, a pessoa não
B poderia fazer uma ideia da mudança de posição do carro. Essa mudança de
RECIFE posição, de 1 600 km, poderia ter ocorrido em uma direção qualquer, que
não fora especificada por você.
∆S&
Para compreender melhor a ideia, você deveria ter informado, no caso
OCEANO
ATLåNTICO
acima retratado, que o deslocamento se deu na direção da reta que passa
A entre Brasília e Recife. Mesmo assim, a pessoa teria de saber se o desloca-
BRASÍLIA N
mento ocorreu de Brasília para Recife ou de Recife para Brasília, isto é, teria
de conhecer o sentido dele. Nesse caso, você deveria informar que o sentido
0 365

km
foi de Brasília para Recife, ou seja, de A para B.
Em resumo, para especificarmos completamente um deslocamento
AB qualquer, é necessário fornecer:
▶ o módulo – valor do deslocamento, medido em unidades de comprimento. Esse valor é dado pela
GLOSSÁRIO
diferença entre a posição A, ocupada pelo corpo no início, e a posição B, no final do deslocamento.
Grandezas: ▶ a direção – direção da reta ao longo da qual ocorreu o deslocamento;
Grandezas que se comportam
▶ o sentido – se foi de A para B ou de B para A.
como o deslocamento são deno-
minadas grandezas vetoriais. Uma
grandeza vetorial só fica comple- Representação de uma grandeza vetorial
tamente determinada quando são
conhecidos o módulo, a direção e Além do deslocamento, há várias outras grandezas vetoriais, como a velocidade e a força,
o sentido. por exemplo.
Se uma pessoa lhe disser que um carro está se movendo a 50 km/h (módulo da velocidade),
você não terá a informação completa de como o carro está se movendo. Você precisaria saber tam-
bém a direção e o sentido da velocidade.
Consideremos, novamente, um automóvel que viaja de Brasília (Distrito Federal) para Recife.
Como já vimos, seu deslocamento só fica definido quando especificamos o módulo, a direção e o
sentido. Estas três características da grandeza podem ser fornecidas, de uma só vez, se representarmos
o deslocamento por meio da flecha AB como a mostrada na imagem:
▶ O comprimento da flecha, em uma escala apropriada, indica o módulo do deslocamento;
▶ Sua direção é representada pela direção do segmento AB;
▶ Seu sentido é indicado pela seta na ponta da flecha.
Na figura a seguir, a flecha representa a velocidade de 50 km/h (cada 1 cm representa 10 km/h)
na direção leste-oeste e no sentido de oeste para leste.
LAB212

Oeste Leste

A velocidade de um automóvel pode


ser representada em módulo, direção V = 50 km/h
e sentido por um vetor.
Escala = 1 cm: 1 km/h

34 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Qualquer grandeza vetorial pode ser representada, geometricamente, de maneira idêntica.
Ao nos referirmos a um vetor qualquer, traçado de um ponto a outro, de A para B, por exemplo,
escrevemos AB, que se lê: vetor AB. Podemos, também, nos referir ao vetor com uma única letra para
representá-lo. Por exemplo: V (lê-se: vetor V) representando a velocidade do carro.
Na imagem do mapa, o vetor deslocamento é representado por Δs , Δ é a letra grega delta,
que pode indicar variação de posição e S indica posição do corpo. Podemos dizer, então, que Δs
significa a variação de posição do corpo, e quando utilizamos a notação vetorial Δs dizemos que é
o vetor deslocamento.
Quando nos referimos apenas ao módulo de um vetor, deixamos de colocar a flecha sobre a
letra que o representa, escrevendo simplesmente: Δs e v, por exemplo. Portanto:

LAB212
módulo

direção

sentido Um vetor representa uma grandeza vetorial.

▶ Δs: representa o vetor (módulo, direção e sentido);


▶ Δs: representa apenas o módulo do vetor.
As grandezas escalares são adicionadas de acordo com as regras da Álgebra. Por exemplo, acres-
centando-se 5 m3 a um tanque que contém 2 m3 de água, ele ficará com 7 m3 de água, pois:

2 m3 + 5 m3 = 7 m3

Se uma pessoa possui um terreno, cuja área é de 1 000 m2, e vende um lote de 400 m2 de área,
o lote restante terá uma área de:

1 000 m2 − 400 m2 = 600 m2

A maneira de operar com as grandezas vetoriais, entretanto, é diferente, como veremos a seguir.

LAB212
Resultante de dois vetores

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Consideremos um automóvel que se desloca de A para B e, em seguida, de B para C. Esses b C
B
deslocamentos estão representados, na figura ao lado, pelos vetores a e b.
O efeito final desses dois deslocamentos combinados é levar o carro de A para C. O vetor c
representa um deslocamento equivalente ao efeito combinado de a e b.
a
Dizemos que o vetor c é a soma ou resultante dos vetores a e b; escrevemos:
c

c =a+b
A
Essa maneira de adicionar dois deslocamentos pode ser utilizada para qualquer grandeza ve-
torial. Observe que as grandezas vetoriais são adicionadas de maneira diferente das escalares, e as
palavras “soma” ou “adição” e o sinal “+” têm, aqui, um significado especial. Para evitar confusão,
usamos a expressão soma vetorial quando estamos adicionando vetores.
LAB212
Uma das formas que utilizamos para encontrar a resultante de dois vetores é traçarmos o vetor
de modo que a origem de um vetor coincida com a extremidade do outro vetor. Unindo a origem a
de um vetor com a extremidade do outro vetor, obtemos a resultante.
c =a +b
Regra do paralelogramo O

A figura ao lado representa outra forma de obter a resultante c de dois vetores, a e b . Esse
processo é conhecido como regra do paralelogramo.
Nele, os vetores são traçados de modo que suas origens coincidam (ponto O). Traçando-se um b

paralelogramo que tenha a e b como lados, a resultante será dada pela diagonal desse paralelogramo,
que parte da origem comum dos dois vetores.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 35


Subtração de vetores
Imagine que um carro, em determinado instante, apresente a velocidade representada pelo
vetor V1 e, alguns instantes depois, a velocidade seja representada pelo vetor V2 .
V2

V1
U

Se quiséssemos calcular a variação de velocidade, encontraríamos um vetor V resultado da


subtração vetorial entre V1 e V2 .
Logo:

V = V1 − V2

Mas a subtração de dois vetores pode ser compreendida como a soma do vetor V2 com o vetor
oposto de V1 , o que permite que utilizemos a regra do paralelogramo nesse caso também.
Assim:

V = V2 + (−V1 )

V2

V1
U

Observe que a resultante seria igual caso uníssemos os vetores V1 e V2 pela origem e traçásse-
mos a resultante partindo de V1 e apontando para V2 .

PARA CONSTRUIR
1 Um voltímetro é um instrumento de medida utilizado para Qual é a leitura do voltímetro representada em algaris-
medir a diferença de potencial entre dois pontos de um cir- mos significativos?
H1 cuito elétrico. A unidade de medida utilizada para a diferen- Resposta: 42 V.
ça de potencial é o volt (V).
Observe a imagem a seguir, que representa o visor de um
voltímetro analógico.
LAB212

2
20 30 40 A proveta representada na ima-

LAB212
25
20

10 50 H1
gem tem graduação em mL. Qual
é a leitura do volume do líquido
20

0 60 contido na proveta, representado 15


15

com algarismos significativos? 10

Resposta: 17,7.

Volts

36 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


3 Observe o termômetro graduado na escala Celsius mostra- 4 (UFC-CE) Analisando a disposição dos vetores , , ,
do na imagem e responda: e , conforme figura a seguir, assinale a alternativa que
H1 H1
contém a relação vetorial correta.

ARQUIVO DA EDITORA
H4

LAB212
B

A
E

a) Quantos algarismos significativos é possível obter na me-


dida da temperatura realizada com esse termômetro? D

Resposta: 3 algarismos.
a) + + = +
b) + + = +
b) Qual é a temperatura indicada pelo termômetro? c) − + = +
Resposta: 37,9 °C. d) − + = −
e) − − = +
Resposta: alternativa d.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 (Fuvest-SP)
H1
FUVEST 2011

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Um viajante saiu de Araripe, no Ceará, percorreu, inicialmente, 1 000 km para
H4
o sul, depois 1 000 km para o oeste e, por fim, mais 750 km para o sul. Com base
nesse trajeto e no mapa abaixo, pode-se afirmar que, durante seu percurso, o
viajante passou pelos estados do Ceará,
a) Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, tendo
visitado os ecossistemas da Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal. Encerrou
sua viagem a cerca de 250 km da cidade de São Paulo.
b) Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, tendo
visitado os ecossistemas da Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado. Encerrou
sua viagem a cerca de 750 km da cidade de São Paulo.
c) Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Goiás e São Paulo, tendo visitado os
ecossistemas da Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal. Encerrou sua viagem
a cerca de 250 km da cidade de São Paulo.
d) Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Goiás e São Paulo, tendo visitado os
ecossistemas da Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado. Encerrou sua viagem
a cerca de 750 km da cidade de São Paulo.
e) Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Goiás e São Paulo, tendo visitado os
ecossistemas da Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado. Encerrou sua viagem
a cerca de 250 km da cidade de São Paulo.
Resposta: alternativa e.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 37


2 (UNEB-BA) Um jogador de golfe necessita de quatro tacadas para colocar a bola no buraco. Os quatro deslocamentos estão
representados na figura abaixo.
H1

LAB212
H4 d2
d3

Buraco
d4
d1

Sendo d1 = 15 m, d2 = 6,0 m, d3 = 3,0 m e d4 = 1,0 m, a distância inicial da bola ao buraco era, em metros, igual a:
a) 5,0
b) 11
c) 13
d) 17
e) 25
Resposta: alternativa c.

Dependência entre as grandezas envolvidas em um fenômeno


PARA AMPLIAR
Quando estudamos um fenômeno, muitas vezes é necessária a elaboração de modelos ma-
Para aprender um pouco mais temáticos que possam descrevê-lo e por meio dos quais podemos explicar e prever ocorrências
sobre as operações com vetores, relacionadas a ele. Como parte desse modelo matemático, relacionamos grandezas envolvidas no
acesse a página: fenômeno a ser descrito.
<https://phet.colorado.edu/ Existem algumas dependências entre grandezas que são importantes no nosso estudo de Ciên-
sims/vector-addition/vector- cias da Natureza. Vamos falar um pouco delas a seguir.
addition_pt_BR.html>. Acesso
em: 3 jan. 2020. Nela, você Grandezas diretamente proporcionais
encontrará um simulador que
permitirá realizar operações com Imagine que uma indústria precise produzir 5 000 unidades de uma peça para aviões e, para
vetores de diferentes direções e isso, gasta R$ 200 000,00 em matéria-prima. Se essa indústria precisar produzir 15 000 peças, terá um
sentidos. gasto de R$ 600 000,00 em matéria-prima. Nesse caso, se o número de peças a serem produzidas
aumenta, o gasto com matéria-prima aumenta na mesma proporção. O valor da matéria-prima e
o número de peças produzidas são diretamente proporcionais: quando um aumenta, provoca o
aumento proporcional no outro.
Podemos elaborar uma tabela descrevendo essa situação:

Relação entre quantidade de peças e valor da matéria-prima

Número de peças 5 000 10 000 15 000 20 000 25 000 30 000

Valor da matéria-prima em R$ 200 000 400 000 600 000 800 000 1 000 000 1 200 000

Pela análise da tabela, podemos perceber que 5 000 peças custam R$ 200 000,00 ou que cada
peça custa R$ 40,00.
Podemos escrever de forma geral que:
Valor total da matéria-prima = número de peças × o valor de cada peça

38 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


O valor da peça é a constante de proporcionalidade. A equação a seguir nos permite saber o
valor que será gasto com a matéria-prima (V) para produzir um determinado número de peças (n).
Podemos, também, saber quantas peças poderemos fabricar a partir de um valor disponível para a
compra de matéria-prima.
V = n × 40,00
No estudo de Ciências da Natureza, existem muitas grandezas diretamente proporcionais, por
exemplo, a quantidade de calor fornecida a um corpo e o aumento de temperatura; para o desloca-
mento de um corpo, quanto maior a força aplicada sobre ele, na direção em que se move, maior será
a aceleração que adquire; para um mesmo volume, quanto maior a temperatura de um gás, maior
será a pressão que ele exerce nas paredes de um recipiente.

Grandezas inversamente proporcionais


Algumas vezes, o crescimento (ou decrescimento) de uma grandeza implica o decresci-
mento (ou crescimento) de outra. Como é o caso, por exemplo, da velocidade e do tempo.
Quanto maior a velocidade com a qual se percorre uma determinada distância, menor o tempo
necessário para percorrê-la. Dizemos que o tempo e a velocidade são grandezas inversamente
proporcionais.
Vamos supor que a tabela a seguir indique a velocidade e o tempo para um carro percorrer
uma distância de 200 km.
Observe que, quando a velocidade dobra, o tempo é dividido por 2.
Velocidade (km/h) 20 40 80
Podemos escrever que:
v Tempo (horas) 10 5 2,5
= 2 ou V = 2 × t
t
No estudo de Ciências da Natureza, encontraremos muitas grandezas inversamente propor-
cionais, como a força de atração gravitacional e a distância entre os corpos, aumento do número de
predadores e redução do número de animais dos quais eles se alimentam.

PARA CONSTRUIR
1 Uma substância, mantida a temperatura constante, tem sua c) Qual é o volume correspondente à massa de 3,2 kg?

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


massa e volume representados na tabela. Resposta: vx = 4 L.
H1
m (kg) 0,8 2,0 4,0 8,0
V (L) 1 3 5 10 2 (Enem) Uma indústria tem um reservatório de água com
capacidade para 900 m3. Quando há necessidade de lim-
a) Qual é o tipo de relação matemática existente entre a H1 peza do reservatório, toda a água precisa ser escoada.
massa e o volume? Explique.
O escoamento da água é feito por seis ralos, e dura 6 horas
m quando o reservatório está cheio. Esta indústria construirá
Resposta: como = k (constante), então massa e volume
v um novo reservatório, com capacidade de 500 m3, cujo es-
são grandezas diretamente proporcionais.
coamento da água deverá ser realizado em 4 horas, quan-
do o reservatório estiver cheio. Os ralos utilizados no novo
reservatório deverão ser idênticos aos do já existente. A
quantidade de ralos do novo reservatório deverá ser igual a
b) Qual é a massa de substância correspondente ao volu-
me de 2 L? a) 2.
Reposta: mx = 1,6 kg. b) 4.
c) 5.
d) 8.
e) 9.
Resposta: alternativa c.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 39


VOCÊ É O AUTOR
Notícias de TV, informações da internet, reportagens em revistas e outros veículos de comu-
nicação trazem notícias ditas científicas, sempre citando “cientistas descobriram que...”.
A crônica a seguir é sobre esse assunto e trata das diferentes notícias veiculadas sobre a in-
gestão de ovos. Leia o texto com atenção e depois responda às questões.

O ovo
Agora essa. Descobriram que ovo, afinal,

NAKORNTHAI/SHUTTERSTOCK.
não faz mal. Durante anos, nos aterroriza-
ram. Ovos eram bombas de colesterol. Não
eram apenas desaconselháveis, eram mortais.
Você podia calcular em dias o tempo de vida
perdido cada vez que comia uma gema.
Cardíacos deviam desviar o olhar se um
ovo fosse servido num prato vizinho: ver o
Fios de ovos são feitos com
ovo fazia mal. E agora estão dizendo que foi gemas de ovos e açúcar.
tudo engano, o ovo é inofensivo. O ovo é
incapaz de matar uma mosca. A próxima será que o bacon limpa as artérias. Sei não,
mas me devem algum tipo de indenização. Não se renuncia a pouca coisa quando se
renuncia a ovo frito. [...]
Não existe nada [...] comparável a uma gema deixada intacta deixada em cima do
arroz depois que a clara foi comida, esperando o momento do prazer supremo, quan-
do o garfo romperá a fina membrana que a separa do êntase e ela se desmanchará,
sim, se desmanchará, e o líquido quente e viscoso correrá e se espalhará pelo arroz
como as gazelas douradas entre lírios de Gilreade nos cantares de Salomão, sim, e você
levará o arroz à boca e o saboreará até que o último grão molhado, sim, e depois ain-
da limpará o prato com o pão. Ou existe, e eu é que tenho andado na turma errada.
O fato é que quero ser ressarcido de todos os ovos fritos que não comi nestes anos
de medo inútil. E os ovos mexidos, e os ovos quentes, e os omeletes babados, e os
toucinhos do céu, e, meu Deus, os fios de ovos. Os fios de ovos que não comi para
não morrer dariam várias voltas no globo.
ALEXANDRE CAMILO BONATO/SHUTTERSTOCK

ALEXANDER PROKOPENKO/SHUTTERSTOCK

Quindim é um doce feito à base de gemas de ovos. Ovos preparados de diferentes formas.

40 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Quem os trará de volta? E pensar que cheguei a experimentar ovo artificial, uma pálida paródia de ovo que, esta sim,
deve ter roubado algumas horas de vida, a cada garfada infeliz.
Ovo frito na manteiga! O rendado marrom das bordas tostadas na clara, o amarelo provençal da gema... Eu sei, eu sei.
Manteiga não foi liberada. Mas é só uma questão de tempo.
VERISSIMO, Luis Fernando. O ovo. A mesa voadora. São Paulo: Objetiva, 2012.

1 Qual é a crítica que o autor faz às notícias veiculadas na TV sobre o consumo de ovos?
Resposta: o autor brinca com as diversas notícias sobre a ingestão de ovos e com o fato de que cada notícia nova apresenta resultados que
contradizem as notícias anteriores.

2 O que o autor quer dizer com: “Eu sei, eu sei. Manteiga não foi liberada. Mas é só uma questão de tempo.”
Resposta: ele acredita que, como aconteceu com os ovos, logo dirão que a manteiga faz bem à saúde, pois as notícias sempre contradizem umas
às outras.

3 Na sua opinião, todas as notícias ditas científicas veiculadas nos meios de comunicação são baseadas em pesquisas que adotam uma
metodologia confiável?
Resposta pessoal.

4 Alguma vez você já ouviu alguma notícia sobre alimentos benéficos ou nocivos e isso modificou seus hábitos alimentares? Conte sua
experiência.
Resposta pessoal.

5 Considere as notícias veiculadas nos mais diversos meios de comunicação e divulgadas como resultados de pesquisas científicas:
▶ Elas devem ser veiculadas indiscriminadamente, sem regulamentação?
▶ Há influência da indústria de alimentos na divulgação desse tipo de pesquisa para impulsionar a venda de produtos?
▶ Onde devemos procurar notícias confiáveis sobre alimentos e sua relação com a saúde?
A partir de suas respostas às três questões acima, escreva um texto opinativo de forma fundamentada, com fatos e exemplos sobre o tema.
Resposta pessoal.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 41


2
CAPÍTULO

UNIVERSO EM MOVIMENTO

Competências

▶ C1 e C2

Habilidades

▶ H1, H2, H3, H4, H5, H6, H7, H10, H11 e H12
K
OC
ST
TER
UT
/SH
EL
PAV
IL YK
SM

Visão noturna de
observatório astronômico
contra o fundo do
céu estrelado com
a Via Láctea.
ORIGEM DO UNIVERSO E A TEORIA DO BIG BANG

NASA, ESA/HUBBLE E HUBBLE HERITAGE TEAM


A estrutura e a evolução do Universo são objetos de estudo da Cosmologia,
palavra cuja origem significa: cosmos – universo; logos – estudo. Os cosmólogos
têm como objetivo explicar a formação do Universo, sua composição, estrutura,
dimensões e forma. É também um dos focos da Cosmologia o desenvolvimento
de teorias que permitam realizar previsões sobre o comportamento do Universo
ao longo do tempo, seja no passado, presente ou futuro.
A origem do Universo sempre foi uma preocupação para os filósofos da
Antiguidade. Conhecidos como pré-socráticos, entendiam que a natureza pas-
sava por constantes mudanças, mas que o Universo como um todo encontra-se
sempre em equilíbrio. Assim, podemos considerar que a Cosmologia surgiu como
um ramo da Filosofia.
Com o passar dos séculos e o desenvolvimento de instrumentos de ob-
servação mais sofisticados, o uso da Matemática, da Geometria e da teoria da
relatividade geral proposta por Einstein possibilitou o desenvolvimento da Cos-
mologia como um ramo das Ciências da Natureza.
De modo geral, podemos dizer que duas grandes descobertas impulsio-
naram o desenvolvimento da Cosmologia. A primeira delas ocorreu em 1929,
quando o astrônomo estadunidense Edwin Hubble (1889-1953) observou que
as galáxias estão se afastando de nós, ou seja, que o Universo está em expansão.
Por meio dessa descoberta, foi possível inferir que se o Universo está se mo- Em abril de 2015, o telescópio Hubble, que recebeu esse nome
vendo ele deve ter, em algum momento, partido de um ponto inicial. Algumas em homenagem ao astrônomo que descobriu que o Universo
teorias foram propostas para explicar esse movimento, no entanto, a mais acei- está em expansão, completou 25 anos em órbita. Atualmente,
ta é a que atribui tal início a uma grande explosão, conhecida pela expressão o telescópio se encontra a 547 km da Terra. A fotografia exibe
uma imagem mais nítida dos “Pilares da Criação”, berço de
inglesa Big Bang. novas estrelas da Nebulosa Águia, feita em janeiro de 2015
Uma das consequências de considerarmos que o Universo parte de um pelo Telescópio Espacial Hubble, da Nasa.
ponto inicial é que, conhecendo-se a velocidade das galáxias e as distâncias delas
até nós, podemos estimar o tempo que elas levaram para que chegassem aonde estão hoje. Com
base na teoria da relatividade geral de Einstein, complementada com dados observacionais, foi pos-
sível chegar a uma boa estimativa da idade do Universo: cerca de 13 bilhões de anos.
A segunda descoberta ocorreu em 1965, quando dois cientistas estadunidenses, Robert Wilson

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


(1936-) e Arno Penzias (1933-), verificaram a existência de uma radiação cósmica, que parece circun-
dar o Universo desde a sua criação, provavelmente oriunda do Big Bang. O fato de essa radiação ser
considerada um “eco”, que vem sendo transmitido desde a origem do Universo, é aceito como uma
evidência de que o Big Bang realmente ocorreu.
Analisando a teoria do Big Bang, seus pesquisadores procuraram descrever o que teria ocorrido
logo após a grande explosão, por meio dos conhecimentos atuais da Física, utilizando-se, basicamen-
te, da relatividade geral. Até 10-43 s após a explosão inicial, a interpretação conjunta da temperatura
e da densidade de energia seria tão grande e o Universo estaria tão comprimido que a relatividade
geral não poderia ser aplicada sozinha, requerendo uma teoria quântica da gravitação. Entretanto, o
Universo se expandiu rapidamente e, após uma pequena fração de segundo, o que havia era um mar
de quarks (partículas elementares e um dos dois elementos básicos que constituem a matéria) em
estado livre. Um milionésimo de segundo depois, os quarks começaram a se agrupar para formar os PARA AMPLIAR
hádrons (partícula composta, formada por um estado ligado de quarks).
Quando o Universo atingiu a idade de três minutos, os núcleos atômicos mais simples come- Assista ao vídeo A Teoria
çaram a se formar. Centenas de milhares de anos depois, os elétrons iniciaram os movimentos em do Big Bang. Disponível em:
torno dos núcleos, originando os primeiros átomos. Depois, em determinadas regiões, a matéria <https://somos.twigworld.
foi condensada, de maneira não uniforme. Tal ação teria criado as estrelas e as galáxias. O Universo com.br/film/a-teoria-do-big-
tomava a forma como é conhecido hoje. -bang-6995/>, acesso em: 25
nov. 2018, para conhecer um
Há, ainda, muitos mistérios sobre esse imenso campo de estudo: como era o Universo antes do
pouco mais sobre o que acon-
Big Bang; as evidências para a aceitação dessa teoria; como ocorreu, de fato, a evolução do Cosmos teceu depois da formação do
e sua constituição atual; a origem da energia escura e a composição da matéria escura; a existência Universo, segundo essa teoria.
de vida em outros sistemas solares etc. Os cientistas do século XXI terão muito trabalho pela frente.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 43


Corpos celestes que formam o Universo
Estudos mais atuais de Cosmologia preveem que 95% do nosso Universo é feito de matéria
escura e energia escura, e os 5% restantes englobam tudo que os astrônomos conseguem observar
e detectar. O que conseguimos ver com o uso de telescópios e radiotelescópios é constituído de
galáxias. Um levantamento feito com dados recolhidos durante duas décadas pelo telescópio Hubble
revelou que o Universo abriga cerca de 2 trilhões de galáxias.
Uma galáxia é o conjunto de milhares de milhões de estrelas, poeira e gás, planetas, cometas,
meteoros, nebulosas, entre outros. Elas aparecem isoladas no espaço e seus constituintes se man-
têm unidos entre si devido à interação gravitacional mútua. O Sistema Solar, onde está localizado
o planeta Terra, encontra-se em uma galáxia espiral que contém cerca de 1011 estrelas chamada
Via Láctea. Ela recebeu esse nome em virtude do seu aspecto esbranquiçado, de aparência leitosa,
que pode ser visto em noites de inverno em locais sem nuvens ou poluição.

VECTORTATU/SHUTTERSTOCK
As galáxias são classificadas de acordo com o seu formato em: elípticas, irregulares, espirais e espirais-barradas.

LAB212
Portal SESI Educação
GALÁXIA VIZINHA (ANÃ)
www.sesieducacao.com.br
Sagitário
Para entender o ciclo de vida e os
principais tipos de estrelas, assis-
ta aos vídeos do Twig disponíveis
em no portal SESI educação:
Estrela. Disponível em: <https://
somos.twigworld.com.br/film/ Orion
de CENTRO DA
glossary/estrela-6160/>. Acesso o
Sirius VIA LÁCTEA
ç
Bra

em: 25 nov. 2018 Canis Major Sagitário


O que são estrelas? Disponível em: Betelgeuse
<https://somos.twigworld.com. Orion Sol
Bra

br/film/o-que-sao-estrelas-7038/>.
ço

Acesso em: 25 nov .2018. de


Sag
it á rio

Posição do Sol na Via Láctea.

44 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Evolução das estrelas
Em toda estrela, como o Sol, ocorrem sempre dois processos importantes, que determinam
seu tamanho. Um deles é a atração gravitacional entre as próprias partículas constituintes da estrela,
que tende a juntá-las em seu centro, o que leva à redução das suas dimensões. O outro consiste
nas reações nucleares de fusão, que ocorrem entre os núcleos dos átomos ali presentes. A energia
gerada por essas reações é tão grande que tende a provocar uma expansão da estrela. Na imagem a
seguir temos uma representação desse modelo, onde as setas que apontam para o centro da estrela
ilustram o processo gravitacional e as que apontam para fora representam a expansão provocada
pelas reações nucleares.
O tamanho da estrela se estabiliza quando há o equilíbrio entre ambos. Cálculos complexos dos
pesquisadores no campo da Astrofísica preveem que, no futuro, o Sol se expandirá, transformando-
se em um tipo de estrela conhecido como gigante vermelha. Ficará tão grande que suas dimensões
se estenderão além da órbita terrestre e, assim, nosso planeta será “engolido” por ele, em uma queda
espiral de menos de dois séculos, em direção ao seu centro.
Felizmente, isso só ocorrerá dentro de aproximadamente 5 bilhões de anos. Quando todo o
combustível nuclear do Sol tiver se esgotado, a gigante vermelha, apenas sob ação do processo gra-
vitacional, terá suas dimensões drasticamente reduzidas. Aos poucos, ela esfriará, transformando-se
em uma pequena estrela morta que não emitirá nem luz, nem calor, denominada anã negra.
Estrelas com até 1,4 da

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


massa solar possuem o mesmo
destino. Para massas maiores,
a atração gravitacional torna-
-se tão intensa que o destino
da estrela pode ser bem mais
drástico. A matéria constituída
de átomos, com a qual estamos
familiarizados, quando sujeita a
enorme compressão, pode se
transformar em uma esfera de
nêutrons. Isso acontece porque
uma grande compressão pode
juntar elétron com próton, trans-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


formando-os em nêutrons. Caso
a massa remanescente da estrela
estiver compreendida entre 1,4 e
3 massas solares, se transformará
na chamada estrela de nêutrons,
cuja densidade é altíssima, já que
toda sua massa está contida em
uma esfera cujo raio tem apenas
algumas dezenas de quilômetros.
A fase final da evolução de Representação esquemática das
estrelas com massas muito maiores que a do Sol é ainda mais estranha. Quando acaba o combustível tendências de expansão e de
nuclear no interior desse tipo de estrela e a gravidade passa a predominar, o seu diâmetro começa contração de uma estrela.
a diminuir.
Se a massa remanescente for superior a três massas solares, atinge um raio crítico para o qual
não existe força na natureza capaz de se opor à gravidade. A estrela sofre um colapso, no qual toda
sua massa é comprimida em direção ao centro. Nesse estágio, sua densidade é tão alta e a força gra-
vitacional tão grande que nem mesmo a luz consegue escapar. Uma estrela que sofre esse processo
é denominada buraco negro.
Qualquer corpo que se aproxime de um buraco negro a uma distância menor que aquela dada
pelo raio crítico, chamado raio de Schwarzschild, será, inevitavelmente, sugado em direção ao seu
centro. A superfície esférica com o raio de Schwarzschild é denominada horizonte de eventos e fun-
ciona como uma membrana de mão única envolvendo o buraco negro. Dela, nada sai.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 45


Se fosse possível comprimir o Sol até que ele ficasse com o raio de Schwarzschild, igual a
2,95 km, sua densidade e a consequente atração gravitacional em direção ao centro seriam tão
grandes que ele se transformaria em um buraco negro.

VECTORMINE/SHUTTERSTOCK
Super
gigante Gigante
vermelha vermelha
Estrela Estrela média
maciça

Supernova Nebulosa estelar

Nebulosa
planetária

Anã branca
Estrela de
Buraco negro neutrôns

Sistema Solar
O Sistema Solar é o nome dado ao sistema planetário constituído pelo Sol e um conjunto de
corpos celestes que orbitam em torno dele que se encontra em um dos braços da Via Láctea. Ele é
composto por oito planetas e seus 166 satélites naturais, chamados de luas, cinco planetas anões e
milhões de corpos menores: poeira interplanetária, cometas, asteroides, entre outros.
Os planetas do Sistema Solar, do mais próximo ao mais distante do Sol, são: Mercúrio, Vênus,
IMAGEM SEM ESCALA. Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
CORES FANTASIA.

SIBERIAN ART/SHUTTERSTOCK

Representação do Sistema Solar e os astros que o compõem.

46 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


IMAGENS SEM ESCALA.
O quadro a seguir apresenta algumas características dos planetas do Sistema Solar. CORES FANTASIA.

ALEXOKOKOK/SHUTTERSTOCK
Mercúrio Vênus Terra Marte Júpiter Saturno Urano Netuno
Distância média ao Sol (milhões de km) 57,9 108 149 228 778 1 427 2 870 4 497
Período de translação 88 d 224,7 d 365 d 687 d 11,8 a 29,4 a 84,0 a 164,8 a
Período de rotação 58,6 d » 243 d 23,9 h 24,5 h 9,5 h 10h »»16h 18h
Diâmetro equatorial (km) 4 878 12 000 12 756 6 787 142 800 120 600 51 800 49 100
Massa (unidade = 1) 0,055 0,81 1,0 0,1 317,8 95,1 14,5 17,2
Temperatura superfície °C −170 a 430 464 15 −40 −120 −180 −210 −220
Densidade média água = 1g/cm 3 5,4 5,2 5,5 3,9 1,3 0,6 1,1 1,7
N° de satélites naturais 0 0 1 2 63 47 27 13
a - anos terrestres; h - horas; d - dias terrestres, >> movimento retrógrado; >>>> movimento retrógrado aparente.

Os astros que compõem o Sistema Solar estão em constante movimento em torno do Sol.
O Sistema Solar, como um todo, se descola com uma velocidade de 16 km/s em direção à estrela Vega.

PARA CONSTRUIR
1 A Teoria do Big Bang ou grande explosão, ocorrida há, aproximadamente, 15 bilhões de anos, é uma das teorias que explica a
origem do Universo.
H6
Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir.
I. No momento da explosão, todas as partículas da matéria se encontravam em um estado de dissociação completa e perma-
nente, em função do calor extremo. Esse momento pode ser considerado o “caos primordial”.
II. Logo após a ocorrência do Big Bang, o Universo se expandiu e, como consequência, a temperatura começou a baixar.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


III. Cerca de 1 milhão de anos depois da grande explosão, formaram-se os primeiros átomos.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
b) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
Resposta: alternativa b.

2 De acordo com o ciclo de vida das estrelas, explique qual será o futuro do Sol, considerando sua massa.
H6 Resposta: o Sol se expandirá, transformando-se em um tipo de estrela conhecida como gigante vermelha. Quando todo o combustível
nuclear do Sol tiver se esgotado, a gigante vermelha, apenas sob ação do processo gravitacional, terá suas dimensões drasticamente
reduzidas. Aos poucos, ela esfriará, transformando-se em uma pequena estrela morta que não emitirá nem luz, nem calor, denominada anã
negra.

3 Uma das possibilidades para o final da vida de uma estrela é que ela se torne uma estrela de nêutrons. Descreva o que é uma
estrela de nêutrons e como ela se forma.
H6
Resposta: caso a massa remanescente da estrela estiver compreendida entre 1,4 e 3 massas solares, se transformará na chamada estrela
de nêutrons. Nessas estrelas a atração gravitacional torna-se tão intensa que causa a fusão de prótons e elétrons, transformando-os em
nêutrons.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 47


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Leia com atenção o texto a seguir, pesquise o que julgar necessário e depois responda às questões.
H3
O Sistema Solar
H6 Nosso sistema solar está composto pela nossa estrela, o Sol, pelos oito planetas com suas luas e anéis, pelos planetas
anões, asteróides e pelos cometas. Os cinco planetas mais brilhantes, que são visíveis a olho nu, já eram conhecidos des-
de a antiguidade. A palavra planeta em grego quer dizer astro errante. Depois da invenção do telescópio, outros 2 plane-
tas do Sistema Solar foram descobertos: Urano em 1781 por William Herschel (1738-1822), estudando estrelas, Netuno
em 1846 por Johann Gottfried Galle (1812-1910), do Observatório de Berlim, e o assistente Heinrich Louis d’Arrest
(1822-1875), seguindo a previsão de Urbain Jean Joseph Le Verrier (1811-1877) e John Couch Adams (1819-1892).
Plutão foi descoberto em 1930 por Clyde William Tombaugh (1906-1997), e classificado até agosto de 2006 como
o nono planeta do sistema solar. Desde então a União Astronômica Internacional reclassificou Plutão como “planeta anão”,
constituindo uma nova categoria de corpos do sistema solar, na qual também foram encaixados Ceres, o maior objeto
do cinturão de asteróides entre as órbitas de Marte e Júpiter, e Éris (2003UB313) o maior asteróide do cinturão de Kuiper.
[...]
Os nomes dos planetas são associados a deuses romanos: Júpiter, deus dos deuses; Marte, deus da guerra; Mer-
cúrio, mensageiro dos deuses; Vênus, deusa do amor e da beleza; Saturno, pai de Júpiter, deus da agricultura; Urano,
deus do céu e das estrelas, Netuno, deus do Mar e Plutão, deus do inferno.
[...]
OLIVEIRA FILHO, Kepler de Souza; SARAIVA, Maria de Fátima Oliveira. O Sistema Solar: Astronomia e Astrofísica.
Disponível em: <astro.if.ufrgs.br/planetas/planetas.htm>. Acesso em: 3 jan. 2020.

a) Qual é a diferença entre um planeta e um planeta anão?


Resposta: a distinção entre os planetas anões e os outros planetas baseia-se na inaptidão dos primeiros para limpar a vizinhança das
suas órbitas, isto é, remover pequenos corpos cujas órbitas os levem a colidir, capturar ou sofrer perturbações gravitacionais.

b) Qual é a ordem dos planetas que formam o Sistema Solar, a partir do Sol?
Resposta: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno.

c) O que são cometas e quais são suas características?


Resposta: cometas são objetos do Sistema Solar que possuem órbitas muito elípticas, o que realça o seu aproximar-afastar do Sol.

2 A Terra é o único planeta do Sistema Solar que apresenta vida. Pesquise e faça uma lista das condições que diferem a Terra dos
outros planetas do Sistema Solar e permitem a existência de vida.
H10
Resposta: os alunos podem citar condições como: temperaturas ideais às diversas formas de vida – devido à atmosfera e à distância entre o
planeta e o Sol; atmosfera que apresenta gases essenciais à vida; água em estado líquido, presença de Lua – que estabiliza o eixo de rotação
da Terra; presença de campo magnético etc.

48 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


O movimento dos corpos celestes
As primeiras tentativas para explicar o movimento dos corpos celestes são
dos gregos, no século IV a.C. , propondo modelos. Em um deles, por exemplo,
a Terra se situaria no centro do Universo (teoria geocêntrica), e os planetas,

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


o Sol, a Lua e as estrelas estariam incrustados em esferas que girariam em
torno da Terra. Em outro, os planetas Vênus e Mercúrio orbitariam em
torno do Sol, e este em torno da Terra.
Quem conseguiu aperfeiçoar as teorias geocêntricas propostas an- Terra

teriormente pelos gregos foi o astrônomo Cláudio Ptolomeu, que viveu


Lua Júpiter
em Alexandria, no século II d.C. Ele supunha que os planetas se moviam
em círculos, cujos centros giravam em torno da Terra. Com seu modelo, Marte

foi possível descrever, com precisão considerável, os movimentos dos Mercúrio


corpos no céu. Sol
Vênus
Saturno
Em virtude das boas previsões feitas com o sistema de Ptolomeu, e
como sua teoria se adaptava muito bem à filosofia religiosa da Idade Média,
por supor a Terra como centro do Universo, essas ideias perduraram durante
quase treze séculos. Entretanto, as sucessivas modificações introduzidas nesse
modelo, para adaptá-lo às observações que foram se acumulando por esse longo
período, acabaram por tornar esse sistema também muito complicado.
O astrônomo polonês Nicolau Copérnico, no século XVI, apresentou um modelo mais Representação simplificada
simples para substituir o sistema de Ptolomeu. Sendo um homem de profunda fé religiosa, Copérnico do sistema geocêntrico
acreditava que “o Universo deveria ser mais simples, pois Deus não faria um mundo tão complicado proposto por Ptolomeu.
quanto o de Ptolomeu”.
No modelo de Copérnico, o Sol estaria em repouso e os planetas, até mesmo a Terra, girariam
em torno dele em órbitas circulares (teoria heliocêntrica). Essa ideia já havia sido proposta cerca de 2
mil anos antes por Aristarco de Samos (310-230 a.C.). Com a teoria heliocêntrica, Copérnico conse-
guia uma descrição dos movimentos dos corpos celestes tão satisfatória quanto aquela obtida pelo
sistema de Ptolomeu, com a vantagem de ser um modelo bem mais simples do que o geocêntrico.
Entretanto, um sistema em que o Sol era considerado imóvel e a Terra passava a ser um plane-
ta em movimento, como qualquer outro, era fundamentalmente contra a filosofia aristotélica e as
convicções religiosas da épo-

WIKIMIDIA COMMONS/JDONVIL
ca. Em virtude disso, Copérni-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


co relutou muito em publicar
suas ideias.
O livro no qual Copér-
nico apresentava sua teoria
causou grandes polêmicas
e foi inserido na lista dos
livros proibidos pela Igreja,
o Index.

As teorias de Nicolau
Copérnico só foram
apresentadas em 1530 em
um manuscrito chamado
“Revolutionibus Orbium
Coelestium – Sobre as revoluções
das esferas celestes”.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 49


LAB212
As Leis de Kepler e o movimento planetário
Alguns anos após a morte de Copérnico, o astrônomo dinamarquês
Júpiter Tycho Brahe (1546-1601) começou a desenvolver um importante traba-
Marte Saturno lho, a fim de obter medidas mais precisas das posições dos corpos celestes.
Vênus
Mercúrio
Em seu observatório, muito bem equipado para a época, Tycho Brahe
fez, durante 20 anos, rigorosas observações dos movimentos planetários,
Terra verificando que o sistema de Copérnico não se adaptava satisfatoriamen-
Lua
te a essas observações.
Os dados colhidos e cuidadosamente tabelados por ele constituí-
ram as bases do trabalho desenvolvido após a sua morte por seu discí-
Sistema Tychonico pulo, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630).
Esfera de Dyson
Entusiasmado pela simplicidade do sistema de Copérnico, Kepler
acreditava que seria possível fazer algumas correções nesse modelo
ajustando-o aos movimentos dos corpos celestes observados. Durante
Modelo de Universo proposto dezessete anos, analisou cuidadosamente os dados coletados por Tycho
por Tycho Brahe. Brahe conseguindo reestruturar e aprimorar o modelo de Copérnico, reafirmando, assim, a validade
do modelo heliocêntrico.
O trabalho de Kepler sobre o movimento planetário ficou conhecido como as Leis de Kepler e
são validas e utilizadas até hoje nos estudos de Astronomia.

Primeira lei de Kepler


Os estudos de Kepler o levaram a concluir que, realmente, os planetas se movem em torno
do Sol, mas suas órbitas são elípticas e não circulares, como supunha Copérnico. Além disso, Kepler
verificou que o Sol está em um dos focos da elipse.
Na realidade, as órbitas pouco diferem de uma circunferência, o que pode ser percebido na
tabela a seguir, quando se compara os valores do semieixo maior com o semieixo menor. Kepler
conseguiu descobrir que as órbitas são elipses por causa das cuidadosas observações astronômicas
realizadas por Tycho Brahe.
RUDIERNST/SHUTTERSTOCK

Comparação entre período de revolução dos planetas do Sistema Solar


Período de Raio médio da
Semieixo maior Semieixo
Planeta revolução (T) órbita (r) (em (ano)2/(UA)3
(em UA)* menor (em UA)*
(em anos) UA)*
Mercúrio 0,241 0,387 1,002 0,39 0,38

Vênus 0,615 0,72 1,000 0,72 0,72

Terra 1 1 1 1 1,00

Marte 1,881 1,52 0,999 1,52 1,51

Júpiter 11,86 5,20 0,99 5,20 5,19

Saturno 29,6 9,58 0,996 9,6 9,5

Urano 83,7 19,14 1,000 19,2 19,1

Netuno 165,4 30,2 0,998 30,2 30,1


As observações e sistematização Plutão** 248 39,4 1,004 39,6 38,3
de dados realizada pelo astrônomo
Tycho Brale foram fundamentais para (*) 1 UA = 1 unidade astronômica = raio da órbita da Terra (1,495 ⋅ 1013 cm).
o desenvolvimento dos estudos sobre (**) Em agosto de 2006, Plutão passou a ser considerado um planeta anão.
o movimento dos corpos celestes
Fonte: LUCAS, C. S.; SOARES, V. Uma abordagem alternativa para as leis de Kepler no Ensino Médio. XVII Simpósio Nacional de Ensino de Física.
realizados por Johanes Kepler. Disponível em: <www.cienciamao.usp.br/dados/snef/_umaabordagemalternativap_2.trabalho.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2020.

50 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Segunda lei de Kepler
Preocupando-se com a velocidade dos planetas, Kepler verificou que eles se movem mais
rapidamente quando mais próximos do Sol e mais lentamente quando mais afastado dele. A figura
a seguir representa essa situação: o planeta desenvolve maior velocidade entre A e B do que entre
C e D. Enquanto o planeta se desloca de A para B, a reta que une o planeta ao Sol “varre” a área A1.
Ao se deslocar de C para D, essa reta “varre” a área A2. Kepler verificou que se o tempo gasto pelo
planeta para ir de A até B for igual ao tempo necessário para ir de C até D, as áreas A1 e A2 serão iguais.
Com base nesse princípio, formulou sua segunda lei: a reta que une um planeta ao Sol “varre”
áreas iguais em tempos iguais.

Terceira lei de Kepler


Dando continuidade ao estudo das medidas realizadas por Tycho Brahe, Kepler procurou es-
tabelecer relações entre os períodos de revolução dos planetas e os raios de suas órbitas. Para sim-
plificar esse estudo, as órbitas dos planetas serão consideradas circulares. Após cerca de dez anos de
tentativas, Kepler descobriu uma relação que sintetiza sua terceira lei.

LAB212
Planeta
A

A1 A
A22

C
A velocidade do movimento
B de um planeta é maior quando ele
se encontra mais próximo ao Sol.

Para entender melhor essa lei, analisemos a tabela da página anterior. Na segunda coluna ve-
mos que os períodos de revolução dos planetas em torno do Sol são diferentes uns dos outros. O
mesmo acontece com os raios médios de suas órbitas (distâncias dos planetas ao Sol), apresentados

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


na terceira coluna da tabela. Entretanto, pela quarta coluna, percebemos que, se elevarmos à 2a po-
tência o período de revolução de cada planeta (T2) e dividirmos pelo cubo do raio de sua órbita (r3),
o quociente T2/r3 terá o mesmo valor para qualquer um deles. As pequenas diferenças observadas
na quarta coluna da tabela são plenamente justificadas por erros experimentais.
Esse resultado, que é o conteúdo da terceira lei de Kepler, pode ser expresso matematicamente por:

T2
=K
r3

em que K é uma constante para todos os planetas que orbitam em torno de um mesmo astro.
Dessa relação, tiramos:

T 2 =Kr 3

isto é, T2 é proporcional a r3. Podemos, assim, enunciar a terceira lei de Kepler: os quadrados dos
períodos de revolução dos planetas são proporcionais aos cubos dos raios de suas órbitas.
Com o trabalho de Kepler, as leis básicas do movimento dos planetas haviam sido descobertas
e as bases da Mecânica Celeste estavam lançadas. Entretanto, o que Kepler fez foi descrever esses
movimentos sem se preocupar com suas causas. Podemos dizer que as leis de Kepler constituem a
cinemática do movimento planetário.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 51


A lei da gravitação universal
Estudando o movimento dos planetas com base nas leis de Kepler, Isaac Newton (1643-1727)
observou que, como eles descrevem órbitas em torno do Sol, devem estar sujeitos a uma força cen-
trípeta, pois do contrário, suas trajetórias não seriam curvas.
Ao raciocinar dessa maneira, Newton estava admitindo que as leis do movimento elaboradas
por ele seriam válidas também para os corpos celestes. Esse ponto de vista era contrário à filosofia
de Aristóteles, que acreditava que o movimento dos corpos celestes era regido por leis especiais,
diferentes daquelas verificadas para os movimentos na superfície da Terra.
Na figura a seguir, representamos um planeta em órbita circular em torno do Sol.

LAB212
Planeta
v m

M
r
Sol

A força de atração do Sol é


proporcional à força centrípeta que
mantém o planeta em sua órbita.

F representa a força centrípeta que deve atuar no planeta para mantê-lo em sua órbita. Newton
atribuiu essa força à existência de uma atração do Sol sobre o planeta.
Em resumo, ele concluiu: a força centrípeta, que mantém um planeta em sua órbita,
deve-se à atração do Sol sobre esse planeta.

BILHA GOLAN/SHUTTERSTOCK

Há uma história de que Newton se deu


conta da atração gravitacional que a
Terra exerce sobre os corpos enquanto
lia sob uma macieira e foi atingido por
uma maçã. No entanto, não há nenhuma
comprovação de que isso seja verdade.

52 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Baseando-se em suas leis dos movimentos e nos estudos de Kepler, Newton conseguiu expressar
matematicamente a força de atração entre o Sol e um planeta. Designando o módulo dessa força
por F, ele chegou às seguintes conclusões:
1) F é proporcional à massa m do planeta;
2) F é proporcional à massa M do Sol;
3) F é inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre o Sol e o planeta.

1
F∝
r2
1 !
O fato de F ∝ 2
significa que, quando o valor de r aumenta, o módulo de F diminui, e essa
r
redução ocorre de maneira mais acentuada, pois a distância está ao quadrado.
De fato:
▶ se r é duplicada, F torna-se 4 vezes menor;
▶ se r é triplicada, F torna-se 9 vezes menor;
▶ se r é quadruplicada, F torna-se 16 vezes menor, e assim sucessivamente.
Essas três relações de proporcionalidade são apresentadas de maneira unificada pela se-
guinte relação:

mM
F∝
r2

Essa expressão pode ser escrita sob a forma de uma igualdade pela introdução de uma cons-
tante de proporcionalidade representada por G.

mM
F =G
r2

A constante G é denominada constante de gravitação universal e vale, no SI, 6,67 ⋅ 10−11 N ⋅ m2/kg2.
Com base nas conclusões acima, podemos dizer:

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


A força de atração do Sol sobre um planeta é proporcional ao produto de suas
massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles.

A força de atração gravitacional está presente sempre que dois ou mais corpos estão a uma
determinada distância entre si. No entanto, por causa do valor da constante gravitacional, essa força
só é significativa quando as massas envolvidas têm dimensões como as massas dos planetas. Assim,
apesar de estar presente, não podemos perceber a atração gravitacional entre um carro e um ônibus,
por exemplo.
m

F−
AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA

Trajetória da Lua
caso não houvesse
atração da Terra Lua
r
R
M

Newton demonstrou que podemos


calcular a atração da Terra sobre um
Terra corpo de massa m supondo a massa
da Terra concentrada em seu centro
e a distância do corpo igual ao
tamanho do raio da Terra.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 53


PARA AMPLIAR

Interações fundamentais da natureza


A interação entre as partículas que compõem o nosso mundo pode ocorrer ba-
sicamente de quatro formas, são elas: gravitacional, eletromagnética, interação fraca
e interação forte. Elas são consideradas fundamentais porque podem agir de forma
independente umas das outras e conseguem explicar as interações entre os compo-
nentes da natureza na menor escala possível.
Por apresentarem essas características, elas são também chamadas de interações
fundamentais da natureza. Vejamos agora do que se trata cada uma delas.
Interação eletromagnética
Quando a interação entre partículas ocorre em razão da existência de cargas
elétricas, dizemos que se trata da interação eletromagnética. Nesse caso, a interação
ocorre por meio da troca de fótons, que são emitidos por uma partícula e rapidamen-
te absorvidos por outra. Esse tipo de interação pode ser atrativo ou repulsivo, mani-
festando-se tanto em escalas microscópicas como macroscópicas.
Podemos encontrar os efeitos da interação eletromagnética em vários fenômenos
do nosso cotidiano, como é o caso da emissão de raios X e da transmissão de sinais
eletromagnéticos que ocorrem nas redes de telefonia e de internet.
A primeira formulação da teoria eletromagnética foi feita por James Clerck Maxwell,
ainda seguindo os preceitos da Física Clássica. Anos mais tarde ela foi unificada com a
Física Quântica, formando uma nova área de estudo, a Eletrodinâmica Quântica.
Interação gravitacional
A força de atração entre os corpos que ocorre em virtude da existência de massa
é denominada interação gravitacional. Ela explica, por exemplo, por que ficamos
presos à superfície da Terra e por que a Terra gira em torno do Sol. Todavia, ela é a
interação fundamental que apresenta menor intensidade.
O primeiro cientista a dar uma explicação consistente sobre a gravitação foi Isaac
Newton ao desenvolver sua teoria da gravitação universal. Séculos mais tarde ela foi
generalizada e incluída na Teoria da Relatividade Geral de Einstein. O grande desafio
agora é unificá-la com a Mecânica Quântica e criar a Teoria Quântica da Gravitação,
o que vem envolvendo esforços de físicos em todo o mundo.
Interação fraca
A interação fraca é a teoria que explica o decaimento radioativo das partículas,
tais como a alfa, beta e gama. Trata-se de uma teoria formulada apenas pela Física
Quântica, não havendo interpretações na Física Clássica.
Um ponto importante a ser destacado sobre essa interação é que ela pode ser
tratada de forma semelhante à interação eletromagnética. A diferença entre elas é que,
enquanto a partícula mensageira do eletromagnetismo é o fóton, na interação nuclear
fraca, são as partículas W e Z.
A semelhança entre as duas interações origina a teoria da interação eletrofraca,
que entende o eletromagnetismo e a interação fraca como uma única interação, apre-
sentando apenas aspectos diferentes.
Interação forte
A interação forte, também chamada de força nuclear, é a responsável por manter
os prótons unidos ao núcleo dos átomos. De acordo com a teoria da eletricidade,
quando duas partículas possuem cargas elétricas iguais, elas repelem-se. Se não hou-
vesse a interação forte, a repulsão entre os prótons causaria a destruição do átomo.
A interação nuclear entre os prótons prevalece sobre a interação elétrica, mantendo
os prótons unidos e dando estabilidade ao átomo.
O primeiro a descrever essa teoria foi Yukawa, em 1934, mas foi somente a par-
tir da década de 1970, com o surgimento da cromodinâmica, que uma teoria foi capaz
de explicar essa interação.
TEIXEIRA, Mariane Mendes. Interações fundamentais da natureza. Alunos Online. Disponível em:
<https://alunosonline.uol.com.br/fisica/interacoes-fundamentais-natureza.html>. Acesso em: 3 jan. 2020.

54 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA CONSTRUIR
1 (Udesc) Analise as proposições abaixo sobre as principais características dos modelos de sistemas astronômicos.
H6 I. Sistema dos gregos: a Terra, os planetas, o Sol e as estrelas estavam incrustados em esferas que giravam em torno da Lua.
II. Ptolomeu supunha que a Terra se encontrava no centro do Universo; e os planetas moviam-se em círculos, cujos centros
giravam em torno da Terra.
III. Copérnico defendia a ideia de que o Sol estava em repouso no centro do sistema e que os planetas (inclusive a Terra) gira-
vam em torno dele em órbitas circulares.
IV. Kepler defendia a ideia de que os planetas giravam em torno do Sol, descrevendo trajetórias elípticas, e o Sol estava situado
em um dos focos dessas elipses.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira. e) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
Resposta: alternativa c.

2 (Enem) Na linha de uma tradição antiga, o astrônomo grego Ptolomeu (100-170 d.C.) afirmou a tese do geocentrismo, se-
gundo a qual a Terra seria o centro do Universo, e o Sol, a Lua e os planetas girariam em seu redor em órbitas circulares.
H6
A teoria de Ptolomeu resolvia de modo razoável os problemas astronômicos da sua época. Vários séculos mais tarde, o clérigo
e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao encontrar inexatidões na teoria de Ptolomeu, formulou a teoria do
heliocentrismo, segundo a qual o Sol deveria ser considerado o centro do Universo, com a Terra, a Lua e os planetas girando
circularmente em torno dele. Por fim, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630), depois de estudar o pla-
neta Marte por cerca de trinta anos, verificou que a sua órbita é elíptica. Esse resultado generalizou-se para os demais planetas.
A respeito dos estudiosos citados no texto, é correto afirmar que:
a) Ptolomeu apresentou as ideias mais valiosas, por serem mais antigas e tradicionais.
b) Copérnico desenvolveu a teoria do heliocentrismo inspirado no contexto político do Rei Sol.
c) Copérnico viveu em uma época em que a pesquisa científica era livre e amplamente incentivada pelas autoridades.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


d) Kepler estudou o planeta Marte para atender às necessidades de expansão econômica e científica da Alemanha.
e) Kepler apresentou uma teoria científica que, graças aos métodos aplicados, pôde ser testada e generalizada.
Resposta: alternativa e.

3 (Enem) O texto foi extraído da peça Troilo e Créssida, de William Shakespeare, escrita, provavelmente, em 1601.
H6
Os próprios céus, os planetas, e este centro reconhecem graus, prioridade, classe, constância, marcha, distância,
estação, forma, função e regularidade, sempre iguais; eis porque o glorioso astro Sol está em nobre eminência entro-
nizado e centralizado no meio dos outros, e o seu olhar benfazejo corrige os maus aspectos dos planetas malfazejos,
e, qual rei que comanda, ordena sem entraves aos bons e aos maus. (personagem Ulysses, Ato I, cena III).
SHAKESPEARE, W. Troilo e Créssida. Porto: Lello & Irmão, 1948.

A descrição feita pelo dramaturgo renascentista inglês se aproxima da teoria:


a) geocêntrica do grego Claudius Ptolomeu.
b) da reflexão da luz do árabe Alhazen.
c) heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico.
d) da rotação terrestre do italiano Galileu Galilei.
e) da gravitação universal do inglês Isaac Newton.
Resposta: alternativa c.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 55


4 No século II d.C., Ptolomeu aperfeiçoou as teorias geocêntricas propostas pelos gregos. Nesse modelo, os planetas se mo-
viam em círculos ao redor da Terra. Esse modelo se adaptava muito bem às crenças da então Idade Média e perdurou por
H2
quase treze séculos.

a) Que interpretações baseadas em senso comum colaboravam para a crença no modelo geocêntrico?
Resposta: o movimento aparente do Sol e dos astros no céu dá a falsa impressão de que os astros giram em torno da Terra.

b) Compare os conhecimentos e as tecnologias disponíveis na época em que os modelos geocêntricos do Universo eram os
mais aceitos com os conhecimentos científicos atuais sobre o Universo.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos citem que o desenvolvimento de novas tecnologias, como telescópios de longo alcance e
sondas espaciais, permitiu melhores cálculos e observações do céu, de forma que hoje conseguimos visualizar corpos celestes e galáxias
que estão muito distantes da Terra.

5 (UEPB-PB) O astrônomo alemão J. Kepler (1571-1630), adepto do sistema heliocêntrico, desenvolveu um trabalho de grande
vulto, aperfeiçoando as ideias de Copérnico. Em consequência, ele conseguiu estabelecer três leis sobre o movimento dos
H6
planetas, que permitiram um grande avanço no estudo da astronomia. Um estudante ao ter tomado conhecimento das leis de
Kepler concluiu, segundo as proposições a seguir, que:
I. Para a primeira lei de Kepler (lei das órbitas), o verão ocorre quando a Terra está mais próxima do Sol, e o inverno, quando ela
está mais afastada.
II. Para a segunda lei de Kepler (lei das áreas), a velocidade de um planeta X, em sua órbita, diminui à medida que ele se afasta
do Sol.
III. Para a terceira lei de Kepler (lei dos períodos), o período de rotação de um planeta em torno de seu eixo, é tanto maior quan-
to maior for seu período de revolução.
Com base na análise feita, assinale a alternativa correta:
a) apenas as proposições II e III são verdadeiras
b) apenas as proposições I e II são verdadeiras
c) apenas a proposição II é verdadeira
d) apenas a proposição I é verdadeira
e) todas as proposições são verdadeiras
Resposta: alternativa c.

56 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


6 (Unicamp) As medidas astronômicas desempenharam papel vital para o avanço do conhecimento sobre o Universo. O astrônomo
grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) determinou a distância Terra-Sol e o diâmetro do Sol. Ele verificou que o diâmetro do Sol é
H1
maior que o da Terra e propôs que a Terra gira em torno do Sol.
a) Para determinar a distância Terra-Sol dS, Aristarco mediu o ângulo α formado entre o Sol e a Lua na situação mostrada na
figura a seguir. Sabendo-se que a luz leva 1,3 s, para percorrer a distância Terra-Lua dL, e que medidas atuais fornecem um
valor de α = 89,85º , calcule dS .

LAB212
Terra
Dados: velocidade da luz: c = 3,0 ⋅ 108 m/s
α
cos (89,85º) = sen (0,15º) = 2,6 ⋅ 10−3
dS
Resposta: a distância Terra-Lua é dada por: dL= (3,0 ⋅ 108) ⋅ 1,3 =
3,9 ⋅ 108 m dL
Dessa forma, a distância Terra-Sol pode ser assim calculada:
3,9 ⋅ 108
ds = = 1,5 ⋅ 1011 m . Sol
2,6 ⋅ 10−3
Lua

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Leia a tirinha e depois explique a sequência de acontecimentos e sua relação com a desculpa que Calvin deu à professora para
não ter lido seu livro.
H6

CALVIN & HOBBES, BILL WATTERSON © 1987 WAT-


TERSON / DIST. BY ANDREWS MCMEEL SYNDICATION
ATT VERA BARRIONUEVO / ANDREWS MCMEEL
SYNDICATION

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Resposta: Calvin inicia a leitura e imagina que está voando, em uma situação de “ausência de gravidade”. A força da gravidade faz com que os
corpos sejam atraídos para o centro da Terra e por isso, ao não pagar "a conta da gravidade", Calvin não seria atraído para a Terra e permaneceria
“voando” e não poderia ler o livro.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 57


2 Leia o trecho a seguir:
H7
Pesquisadores da Fundação Nacional de Ciência ([...] NSF), nos Estados Unidos, que atuam no projeto Telescópio
de Horizonte de Eventos (cuja sigla em inglês é EHT), revelaram [...] que, pela primeira vez, foram captadas imagens
de um buraco negro no espaço. Os buracos negros são objetos cósmicos com massas imensas e tamanhos compactos.
A presença desses objetos afeta o ambiente, podendo distorcer os conceitos de espaço-tempo e superaquecendo qual-
quer material ao redor.
[...]
IMAGENS de buraco negro no espaço são registradas pela 1a vez. Agência Brasil. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
noticia/2019-04/pela-primeira-vez-sao-registradas-imagens-do-buraco-negro-no-espaco>. Acesso em: 8 jan. 2020.

Partindo das informações do texto, realize uma pesquisa sobre os buracos negros que contemple os pontos a seguir. Organize os
dados em textos, gráficos e tabelas, se for o caso, e socialize com a turma.
▶ Origem
▶ Propriedades físicas e químicas
▶ Campo gravitacional ao redor
▶ Deformações no espaço-tempo
Resposta pessoal.

3 (Enem) A tabela abaixo resume alguns dados importantes sobre os satélites de Júpiter.
H1
Nome Diâmetro (km) Distâncias média ao centro de Júpiter (km) Período orbital (dias terrestres)
Io 3 642 421 800 1,8
Europa 3 138 670 900 3,6
Ganimedes 5 262 1 070 000 7,2
Calisto 4 800 1 880 000 16,7

Ao observar os satélites de Júpiter pela primeira vez, Galileu Galilei fez diversas anotações e tirou importantes conclusões sobre
a estrutura de nosso universo. A figura abaixo reproduz uma anotação de Galileu referente à Júpiter e seus satélites.

1 2 3 4

Indicados por 1, 2, 3 e 4 os satélites correspondem, respectivamente, a:


a) Io, Europa, Ganimedes e Calisto.
b) Ganimedes, Io, Europa e Calisto.
c) Europa, Calisto, Ganimedes e Io.
d) Calisto, Ganimedes, Io e Europa.
d) Calisto, Io, Europa e Ganimedes.
Resposta: alternativa b.

4 Muitas informações têm sido veiculadas sobre modelos de Universo; algumas delas tratam de senso comum e outras de infor-
mações científicas. Em duplas, realizem uma pesquisa sobre esses diversos modelos, entrevistem amigos e familiares sobre o
H5
que sabem sobre o tema, e produzam um podcast com as informações da sua pesquisa. Elaborem um roteiro de perguntas e
respostas para nortear a entrevista. Organizem as informações dos entrevistados baseadas no senso comum e em conhecimen-
tos científicos. Apresentem o podcast para a turma.
Resposta pessoal.

58 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


ESTUDO DO MOVIMENTO
O estudo do movimento permite compreender vários fenômenos observados no cotidiano
e na natureza. Neste tópico, estudaremos o movimento dos corpos sem nos preocuparmos com
as suas causas. As grandezas velocidade e aceleração serão abordadas, bem como os movimentos
em diferentes tipos de trajetórias.

Considerações iniciais
Para estudarmos o movimento devemos considerar o fato de ele ser avaliado com base em
um referencial, ou seja, o movimento é relativo. Para um observador em um carro, que toma como
referência o motorista ao seu lado, o poste está em movimento, pois sua posição muda em relação
a ele no decorrer do tempo. Para um observador na calçada, que toma o poste como referencial, o
carro é que se encontra em movimento, uma vez que este varia sua posição em relação ao poste com
o passar do tempo. Na maioria dos casos, consideraremos o referencial dos movimentos estudados
como a superfície da Terra.
LAB212

DARIUSH M/SHUTTERSTOCK
Na situação mostrada, consideramos o ônibus em movimento em relação à árvore e ao poste e em repouso em Em relação à ponte mostrada na imagem
relação ao rapaz que se encontra dentro dele. o caminhão é um corpo extenso.

Ao estudarmos o movimento dos corpos costumamos nos referir a eles como móveis, partículas
ou pontos materiais, quando as suas dimensões são desprezíveis em relação às demais dimensões
envolvidas no movimento. Por exemplo, quando consideramos um automóvel de 4 metros de com-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


primento, que viaja em uma estrada, percorrendo uma distância de 200 km, ele pode ser considerado
uma partícula. No caso do mesmo automóvel atravessando uma ponte de 15 metros, ele deve ser
considerado um corpo extenso, uma vez que suas dimensões são semelhantes às do espaço por

MILOS MULLER/SHUTTERSTOCK
ele percorrido.
A trajetória é o conjunto de posições sucessivas ocupadas por um móvel no decorrer do tem-
po. Imagine que um animal se movimente ocupando as posições P1, P2, P3 e assim sucessivamente.
Se ligarmos esses pontos, teremos o caminho percorrido pelo animal durante o seu movimento,
ou seja, a sua trajetória.
LAB212

P4
P3
P2

P1

Em relação à estrada, o ônibus pode ser


Representação dos pontos ocupados pelo corpo durante o seu movimento, descrevendo sua trajetória. considerado um ponto material.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 59


Na trajetória escolhemos arbitrariamente um marco zero, a partir do qual medimos comprimen-
tos que indicam a posição do móvel, mas não fornecem nem o sentido nem a distância percorrida.
Entretanto, um móvel pode estar de um lado ou de outro relativo ao marco zero, sendo então
conveniente orientar a trajetória, adotando um sentido positivo. Assim, a posição do móvel A fica
definida pela medida algébrica −10 km e a de B por +10 km.

a)

LAB212
Marco zero B
A 0
10 km
10 km

b) Marco zero B
Indicação do marco zero e das A 0
posições ocupadas do lado esquerdo +10 km
e direito da trajetória. −10 km

Por dependerem da posição do observador do referencial, as trajetórias podem ter diferentes


formatos. Os movimentos podem ser classificados de acordo com as trajetórias seguidas pelos cor-
pos, como movimento retilíneo, movimento circular, movimento elíptico, movimento helicoidal,
entre outros.

PAULO MANZI/ARQUIVO DA EDITORA


A

O observador A, dentro do avião, vê o pacote de


mantimentos caindo ao longo de uma reta. Para o
observador B, a trajetória do pacote é curvilínea.

Trajetória do atleta durante


o salto em distância.
FRED HO/SHUTTERTSOCK

60 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Posição de um móvel e sua trajetória
Nas estradas existem placas, denominadas “marcos quilométricos”, que indicam a localização
dos veículos que nelas trafegam. Suponhamos que um automóvel esteja, no instante t0 = 0, passando
perante a placa do “30 km”, como mostra a figura a seguir. Dizemos que a posição do carro em relação
ao começo da estrada é S0 = 30 km (representando a posição pela letra S). Isso não significa que o
carro se deslocou 30 km, pois ele pode não ter iniciado a sua viagem no quilômetro zero.
Supondo, ainda, que o carro prossiga em sua viagem no mesmo sentido e, no instante
t1 = 1 h, esteja perante a placa do “80 km”. Agora a posição do carro, em relação ao co-
meço da estrada, é S1 = 80 km. Você pode concluir que, no intervalo de tempo Δt = 1 h
(de t0 = 0 até t1 = 1 h), o carro percorreu o espaço ΔS = 50 km, indo da posição S0 = 30 km à
posição S1 = 80 km. Essa é a distância percorrida pelo automóvel e também sua variação no espaço.

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/


ARQUIVO DA EDITORA
t=0 t=1h

0 km

30 km
80 km

É importante perceber que, em alguns exemplos, a variação do espaço (ΔS = Sfinal − Sinicial) é
igual à distância percorrida, contudo, há exemplos em que podem ser diferentes. Se um automóvel,
por exemplo, se deslocar do espaço 30 km até o espaço 80 km e, em seguida, voltar até o espaço
50 km, temos que a variação do espaço ΔS = 50 km − 30 km = 20 km. Mas, se analisarmos a dis-
tância percorrida pelo automóvel, teremos um valor maior, pois o automóvel se deslocou 50 km para
alcançar o espaço 80 km e mais 30 km para retornar ao espaço 50 km, logo, a distância percorrida
foi 50 + 30 = 80 km.

Movimento retilíneo uniforme

Espaço, deslocamento, velocidade e tempo

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Quando um corpo se desloca com velocidade constante ao longo de uma trajetória retilínea,
dizemos que o seu movimento é uniforme. A palavra “uniforme” indica que o valor da velocidade
permanece constante (no cotidiano, o mais comum é o movimento variado, no qual a velocidade
varia, mas isso será explicado mais adiante).
Como exemplo, suponhamos um automóvel movendo-se em uma estrada plana e reta, com
seu velocímetro indicando sempre uma velocidade de 60 km/h. Isso significa que:
▶ em 1 h o carro percorrerá 60 km;
▶ em 2 h o carro percorrerá 120 km;
▶ em 3 h o carro percorrerá 180 km, e assim por diante.
Observe que, para obter os resultados mencionados, você intuitivamente foi acrescentando 60
km a cada acréscimo de 1 h no tempo de percurso. Você poderia, então, chegar aos mesmos valores
do espaço percorrido multiplicando a velocidade pelo intervalo de tempo gasto no percurso. PARA AMPLIAR
Podemos expressar a ideia da seguinte forma:
Δ é a quarta letra (maiúscula) do
alfabeto grego, utilizada para indicar
ΔS= v⋅Δt diferença de um valor nas expres-
sões. A notação ΔS (lê-se delta S) ou
Em que: Δt (delta t) apenas indica diferença
ou variação de S ou de t. Não é o
▶ ΔS é o espaço percorrido; produto de Δ por S ou Δ por t, da
▶ v é a velocidade (constante); mesma forma que senΘ não é o pro-
duto de sen por Θ
▶ Δt é o intervalo de tempo.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 61


Essa equação também se aplica no caso de a trajetória não ser retilínea, mas não se esqueça de
que ela é válida somente quando o valor da velocidade permanecer constante.
Na figura seguir, o carro irá se deslocar da posição A até B. Observe que usamos os termos
“espaço” e “posição” como sinônimos.

AVITS ESTÚDIO GRÁFICO/ARQUIVO DA EDITORA


Para o movimento uniforme,
temos v = ΔS / t mesmo
quando a trajetória é curva.

No instante inicial t1 o carro está em A, que corresponde à posição S1, no instante posterior t2, o
carro está em B, cuja posição é S2. No intervalo de tempo Δt = t2 − t1, a variação de posição do carro
será ΔS = S2 − S1. Assim, a velocidade (v) do carro no intervalo de tempo Δt é dada pela relação:

ΔS S 2 −S1
v= =
Δt t 2 −t1

Gráfico velocidade × tempo (v × t)


Considere que o automóvel representado na figura esteja se deslocando em movimento uni-
forme com velocidade v = 60 km/h e que ela seja mantida durante um tempo t = 5 h. Para cons-
truir o gráfico da velocidade desse carro em função do tempo (gráfico v × t, que se lê “v versus t”),
devemos traçar dois eixos perpendiculares para representar essas grandezas:
▶ no eixo horizontal representamos diversos valores do tempo t;
▶ no eixo vertical representamos os valores da velocidade v correspondentes a cada valor do tempo t.
ARQUIVO DA EDITORA

v (km/h)

ÁREA 5 60 ? 5 5 300

A B C D E F
60

0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 t (h)

62 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Quando começamos a contar o tempo (t = 0), o carro já possuía a velocidade v = 60 km.
O ponto A da figura mostra esse fato, pois nos eixos das velocidades (eixo vertical), a distância A até
a origem representa um valor de 60 km/h. Após decorrido um tempo t = 1 h, o carro continua com
uma velocidade v = 60 km/h, e isso é indicado pelo ponto B do gráfico, cuja altura acima do eixo
horizontal é a mesma do ponto A.
No instante t = 2 h, a velocidade do carro será representada pelo ponto C do gráfico, ainda na
mesma altura acima do eixo dos tempos. Evidentemente, nos instantes seguintes, os pontos D, E e
F, que representam a velocidade em cada instante considerado, estariam também situados sobre a
reta horizontal que passa pelos pontos A, B e C.
Suponhamos que esse carro tenha se movimentado durante 5 h, percorrendo, portanto, um
espaço ΔS = 300 km. Se calcularmos a área sob o gráfico, obteremos 60 x 5 = 300, isto é, o valor do
espaço percorrido. Dessa forma, podemos concluir que:
o movimento uniforme representado no gráfico velocidade x tempo (v × t) é uma reta
paralela ao eixo horizontal (dos tempos) e a área sob o gráfico fornece o valor do espaço percor-
rido (ΔS). Podemos confirmar, também, isolando o ΔS na expressão v = ΔS/ Δt , que resulta em:

ΔS= v⋅Δt

O que significa uma velocidade negativa


Quando um corpo se desloca em uma trajetória, costumamos convencionar que um dos senti-
dos do movimento é positivo e o outro negativo. Para um automóvel que se move ao longo de uma
estrada, podemos considerar como positivo o sentido no qual o carro se afasta do início, ou seja, o
sentido de crescimento da indicação dos marcos quilométricos.
Se o automóvel estiver se aproximando do começo da estrada, diremos que ele está se mo-
vendo no sentido negativo. No primeiro caso, a velocidade do carro seria considerada positiva e,
no segundo, negativa. Portanto, quando dizemos que a velocidade de um carro é de − 60 km/h,
devemos entender que ele está se movendo a 60 km/h no sentido convencionado como negativo.
Novamente, tudo depende do referencial adotado.

Gráfico espaço × tempo (S × t)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Consideremos um automóvel deslocando-se em uma estrada reta com uma velocidade cons-
tante v = 20 m/s. Usando a relação v = ΔS/Δt podemos calcular o espaço ΔS que ele percorre para
diversos valores do tempo t, decorrido a partir do instante t = 0 (início da contagem do tempo).
Obtemos a seguinte tabela:

Tempo (s) 0 1 2 3 4 5

Espaço (m) 0 20 40 60 80 100

Pela tabela, observe quando o valor do tempo t é duplicado, o valor do espaço percorrido
ΔS também duplica. Do mesmo modo, quando t é triplicado, ΔS também é multiplicado por 3, e
assim sucessivamente. Quando isso ocorre com duas grandezas quaisquer, isto é, ao multiplicarmos
uma delas por certo número, a outra também fica multiplicada por esse mesmo número, dizemos
que essas grandezas variam de modo diretamente proporcional. Portanto, no exemplo que estamos
analisando, o espaço percorrido ΔS é diretamente proporcional ao tempo t, e isto ocorre sempre
que o movimento é uniforme.
Logo:
Em qualquer movimento uniforme (v = constante), o espaço percorrido (ΔS) por
um objeto é diretamente proporcional ao tempo t decorrido nesse percurso. Esse fato é
representado matematicamente pela relação S t, na qual o símbolo significa “é pro-
porcional a”.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 63


Com os valores da tabela podemos traçar o gráfico S × t para esse movimento, obtendo o
resultado mostrado no gráfico a seguir.
Observe que:
▶ o primeiro ponto marcado no gráfico é a origem dos dois eixos; porque, quando t = 0, temos
também S = 0;
▶ o segundo ponto marcado (ponto A) indica que até o instante t1 = 1 s o carro havia percorrido
uma distância S1= 20 m;
▶ o terceiro ponto marcado (ponto B) indica que até o instante t2 = 2 s o carro havia percorrido
uma distância S2 = 40 m, e assim sucessivamente.
Unindo os pontos marcados, vemos que todos estão situados sobre uma reta. Pode-se mostrar
que isto ocorre sempre que a velocidade do movimento é constante. Destacamos então:
Em qualquer movimento uniforme, o gráfico espaço percorrido x tempo de percurso
(S × t) é uma reta que passa pela origem dos eixos.
Sempre que uma grandeza Y for diretamente proporcional a uma grandeza X, o gráfico Y × X
será uma reta passando pela origem.

Inclinação do gráfico
No gráfico S × t, tomemos dois pontos quaisquer, A e D, por exemplo. Eles correspondem
a dois pontos diferentes da trajetória do carro, separados pelo espaço percorrido em certo inter-
valo de tempo. Observando-se os eixos, define-se sobre os pontos A e D o intervalo de tempo
Δt = 4 − 1 = 3 s e o espaço percorrido neste intervalo ΔS = 80 − 20 = 60 m.
Observe os valores de Δt e ΔS indicados no gráfico a seguir. Uma grandeza muito importante
no estudo dos gráficos é a sua inclinação. Para o caso do gráfico S × t, temos por definição:

ΔS
Inclinação=
Δt

ARQUIVO DA EDITORA
S (m)

E
100

D
80

C
60

B
40

A
20

0 1 2 3 4 5 t (s)

A inclinação do gráfico é dada por:

ΔS 60 m
= =20 m/s
Δt 3s

64 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Esse valor coincide com a velocidade do automóvel (v = 20 m/s). Esse resultado poderia ser
previsto porque, quando calculamos a inclinação do gráfico, obtém-se o quociente entre o espaço
percorrido por um móvel e o tempo gasto para percorrê-lo, o qual representa o valor da velocidade
no movimento uniforme.
Assim, a inclinação do gráfico S × t para um movimento uniforme nos fornece o valor da
velocidade desse movimento, isto é:

ΔS
v=
Δt

Gráfico posição × tempo


Suponhamos que um automóvel tenha sido observado durante um tempo total igual a 4 h
(de t0 = 0 até t4 = 4 h) e que as posições por ele ocupadas em função do tempo seja dada pelo
gráfico a seguir:

ARQUIVO DA EDITORA
S (km)

80

30

Gráfico da posição x tempo (S × t) para um


0 1 2 3 4 t (h) automóvel em uma estrada.

Analisando o gráfico percebemos que:


▶ no instante t0 = 0, o carro estava na posição S0 = 30 km e a partir desse ponto, desenvolveu

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


um movimento uniforme (o gráfico S × t é um segmento de reta), afastando-se dessa posição
(o valor de S aumenta) até atingir a posição S1= 80 km, no instante t1 = 1 h. Observe que essa
descrição do movimento corresponde aos dados do gráfico que já havíamos analisado. A veloci-
dade do carro, nesse trecho, é dada pela inclinação do gráfico ΔS/Δt e seu valor é v = 50 km/h.
▶ de t1 = 1 h até t3 = 3 h, a posição do carro não se alterou, permanecendo constante no valor
S1 = 80 km. Isso indica que o carro permaneceu em repouso no “80 km” durante um intervalo
de tempo Δt = 2 h (3 h − 1 h). Portanto, nesse segundo intervalo, v = 0, que corresponde à
inclinação nula do gráfico S × t (segmento de reta horizontal).
▶ no terceiro intervalo, de t3 = 3 h até t4 = 4 h, o valor de S, que representa a posição do automóvel,
diminui com o decorrer do tempo. Isso significa que o carro está voltando sobre a sua trajetória,
dirigindo-se para a origem, chegando a ela (S4 = 0) em t4 = 4 h. O carro percorreu uma distância
ΔS = 80 km em um tempo Δt = 1 h, isto é o valor absoluto (ou módulo) de sua velocidade,
nesse movimento de retorno v = 80 km/h.

PARA AMPLIAR
No endereço a seguir, você encontrará um simulador que permite perceber as diferenças en-
tre os movimentos uniformes e variados, alterar a velocidade, posições e verificar os gráficos de
posição e velocidade em função do tempo. Disponível em: <https://phet.colorado.edu/pt_BR/
simulation/legacy/moving-man>. Acesso em: 3 jan. 2020.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 65


ELANA ERASMUS/SHUTTERSTOCK
Movimento uniformemente variado

Movimentos retilíneos variados


Os movimentos uniformes são raros na natureza e também no nosso dia a dia. Em geral, a
velocidade com a qual um corpo realiza um movimento varia ao longo do tempo.
Os carros de Fórmula 1 alcançam altas velocidades em pistas que exigem freadas e arrancadas
bruscas, curvas em altas e baixas velocidades, subidas e descidas. Para se ter uma ideia, na arrancada,
um carro de Fórmula 1 consegue ir de 0 a 100 km/h em apenas 2,6 segundos.

SPAZGENEV/SHUTTERSTOCK
O guepardo é uma espécie de felino
que vive na África e que desenvolve
altas velocidades para alcançar suas
presas. Ele consegue sair do repouso
e atingir a velocidade de 100 km/h em
poucos segundos.

Os carros de Fórmula 1 são


adequados para atingir altas
velocidades em pouco tempo.

Quando o valor da velocidade de um corpo não se mantém constante, dizemos que este cor-
po está em movimento variado. Isso ocorre, por exemplo, com um automóvel cujo ponteiro do
velocímetro indica valores diferentes a cada instante. O valor indicado no velocímetro, em um dado
instante, é a velocidade instantânea do automóvel naquele momento.

BILLION PHOTOS/SHUTTERSTOCK

O valor da velocidade indicado


no velocímetro dos carros é
a velocidade instantânea do
movimento executado por ele.

66 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Consideremos um automóvel, em movimento variado, que passa pelo ponto A, no instante t,
com uma velocidade instantânea v (leitura do velocímetro neste instante).
v

ARQUIVO DA EDITORA
A
B
ΔS
t
t + Δt

60 80 60 80
40 100 40 100
20 120 20 120
0 140 0 140

km/h 160 km/h 160


180 180

Representação de um veículo que se move do


vA vB ponto A até o ponto B, com movimento variado.
Depois de decorrido um intervalo de tempo Δt, o carro estará em B, tendo percorrido uma distân-
cia ΔS. Se o movimento fosse uniforme, ao calcular o quociente S/ t, obteríamos a velocidade do carro.
Entretanto, sendo o movimento variado, verificamos que o valor de ΔS/Δt geralmente não
coincide com a indicação do velocímetro no instante t. Notamos, porém, que se o ponto B estivesse
bem próximo de A, de maneira que o intervalo de tempo Δt se tornasse infinitamente pequeno, ou
seja, quando o intervalo de tempo tendesse a zero (Δt → 0), teríamos um quociente ΔS/Δt muito
próximo da indicação do velocímetro em A naquele exato momento (t), isto é, muito próximo do
valor v da velocidade instantânea.
O valor de ΔS/Δt estaria tanto mais próximo de vA quanto menor fosse o intervalo de tempo Δt.

Velocidade média
Se um automóvel, em uma viagem, percorre 560 km em 8 h, você e, provavelmente, muitas
outras pessoas diriam: “o automóvel desenvolveu, em média, 70 km/h”. Este resultado foi obtido divi-
dindo o espaço percorrido (560 km) pelo tempo de viagem (8 h). É o que denominamos velocidade
média e representamos por V.. Temos por definição:

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


espaço total percorrido
Vm =
tempo gasto no percurso

Observe que, durante o movimento, a velocidade do carro pode ter sofrido variações. No exem-
plo citado, seu valor pode ter sido, às vezes, maior e, outras vezes, menor do que 70 km/h. Entretanto,
se a velocidade fosse mantida, durante todo o percurso, igual a 70 km/h, o carro teria percorrido
aquele mesmo espaço naquele mesmo tempo (8 h), o que corresponde a um movimento uniforme
com velocidade constante de 70 km/h.
Exemplo:
Um automóvel percorre 150 km, desenvolvendo, nos primeiros 120 km, uma velocidade média
de 80 km/h e, nos 30 km restantes, uma velocidade média de 60 km/h.
a) Qual foi o tempo total de viagem?
Da relação Vm= , deduz-se que Δt = Δs/vm. Portanto, na primeira parte de percurso, o tempo
gasto foi Δt1 = 120/80 = 1,5 h.
Na segunda parte do percurso, temos: Δt2 = 30/60 = 0,5 h.
Assim, o tempo total foi: Δt1 + Δt2 = 1,5 + 0,5 = 2 h.
b) Qual foi a velocidade média do automóvel no percurso total?
Tendo sido percorrido 150 km com o tempo total de viagem de 2 h, a velocidade média, nesse
percurso, foi:
vm = 150 / 2 = 75 km/h

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 67


PARA CONSTRUIR
1 (PUC-SP) A distância da Terra ao Sol é de, aproximadamente 144 ⋅ 106 km, e a velocidade de propagação da luz no vácuo, 300 000 km/s.
Um astrônomo observa com o seu telescópio uma explosão solar. No momento em que a observação é feita, o fenômeno no Sol:
H6
a) está ocorrendo no mesmo instante. d) já ocorreu há 16 minutos.
b) já ocorreu há 16 segundos. e) já ocorreu há 8 minutos.
c) já ocorreu há 8 segundos.
Resposta: alternativa e.

2 Em uma indústria, os objetos após produzidos são embalados e transportados em uma esteira. Sabendo que os objetos embala-
dos se movimentam de acordo com o gráfico, em que as distâncias são dadas em metros e o tempo, em segundos, determine:
H1

LAB212
x (m)
a) A distância percorrida em 1 segundo entre o t1 = 0,5 s e t2 = 1,0 s
H6
Resposta: do gráfico, a distância percorrida é 2 m. 4

b) A velocidade dos objetos entre o t0 = 0,0 s e t2 = 2 s. 2


Δs 4 2m
Resposta: V= = =
t 2 t 1

0 0,5 1,0 1,5 2,0 t(s)

3 Os carros A, B, C e D, em um dado instante, estão se movimentando em uma estrada reta e plana, com velocidades e posições
indicadas na figura a seguir. Para o motorista do carro A (observador em A), determine:
H1

LAB212
B
a) A velocidade que o carro B está se aproximando.
H6 70 km/h
Resposta: 130 km/h.

b) A velocidade que o carro D está sem aproximando.


A C 80 km/h
Resposta: 20 km/h.
60 km/h
c) A velocidade que o carro C está se afastando. D 40 km/h

Resposta: 20 km/h.

4 Dois móveis A e B, ambos com movimento uniforme, percorrem uma trajetória retilínea, conforme mostra a figura. Em t0, estes se
encontram, respectivamente, nos pontos A e B na trajetória. As velocidades dos móveis são vA 50 m/s e vB 30 m/s no mesmo sentido.
H1
LAB212

150 m
H6
50 m

0 A B

a) Em qual ponto da trajetória ocorrerá o encontro dos móveis?


Resposta: 300 m.

b) Em que instante a distância entre os dois móveis será 50 m?


Resposta: 2,5 s.

68 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


5 (PUC-SP- 2002) Leia com atenção a tira da Turma da Mônica mostrada a seguir e analise as afirmativas que se seguem, conside-
rando os princípios da Mecânica Clássica.
H6

I. Cascão encontra-se em movimento em relação ao skate e também em relação ao amigo Cebolinha.


II. Cascão encontra-se em repouso em relação ao skate, mas em movimento em relação ao amigo Cebolinha.
III. Em relação a um referencial fixo fora da Terra, Cascão jamais pode estar em repouso.
Estão corretas
a) apenas I.
b) I e II.
c) I e III.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


d) II e III.
e) I, II e III.
Resposta: alternativa d.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 (Unimep-SP) A Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.) está testando seu novo avião, o EMB-145. Na opinião dos enge-
H6 nheiros da empresa, esse avião é ideal para linhas aéreas ligando cidades de porte médio e para pequenas distâncias. Conforme
anunciado pelos técnicos, a velocidade média do avião vale aproximadamente 800 km/h (no ar). Assim sendo, o tempo gasto
num percurso de 1 480 km será:

a) 1 hora e 51 minutos
b) 1 hora e 45 minutos
c) 2 horas e 25 minutos
d) 185 minutos
e) 1 hora e 48 minutos
Resposta: alternativa a.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 69


2 Um ônibus interestadual percorreu 60 km em 80 min, após 10 min de parada, seguiu viagem por mais 90 km à velocidade mé-
dia de 60 km/h e, por fim, após 13 min de parada, percorreu mais 42 km em 30 min. Qual seria a velocidade média do veículo
H6
se ele não tivesse feito paradas?
Resposta: Δt = 223 − 23 ⇒ Δt = 200 min (≈ 3,33 h)
Assim, sua velocidade média seria:
Δs 192
vm = = = 57,6 km.
Δt 3,33

3 (Unesp) Mapas topográficos da Terra são de grande importância para as mais diferentes atividades, como navegação, desen-
volvimento de pesquisas ou uso adequado do solo. Recentemente, a preocupação com o aquecimento global fez dos mapas
H6
topográficos das geleiras o foco de atenção de ambientalistas e pesquisadores. O levantamento topográfico pode ser feito com
grande precisão utilizando os dados coletados por altímetros em satélites.
O princípio é simples e consiste em registrar o tempo decorrido entre o instante em que um pulso de laser é emitido em direção à
superfície da Terra e o instante em que ele retorna ao satélite, depois de refletido pela superfície na Terra. Considere que o tempo
decorrido entre a emissão e a recepção do pulso de laser, quando emitido sobre uma região ao nível do mar, seja de 18 ⋅ 10−4 s. Se
a velocidade do laser for igual a 3 ⋅ 108m/s, calcule a altura, em relação ao nível do mar, de uma montanha de gelo sobre a qual um
pulso de laser incide e retorna ao satélite após 17,8 ⋅ 10−4 segundos.
Resposta: h = 3 000 m.

EXPERIMENTANDO
Objetivo: determinar a velocidade média de corpos em movimento. Lembrando que: a ve-
locidade média de um móvel é igual à distância que o móvel percorre dividida pelo intervalo
de tempo.
V = ΔS/ Δt (m/ s)
Vmédia =S final -Sinicial /t final -tinicial

em que S = Espaço (metros) e t = tempo (segundos)


Material necessário:
▶ 1 trena;
▶ 1 carrinho de brinquedo a pilha;
▶ 1 celular com cronômetro ou apenas um cronômetro.
Montagem experimental
Escolher um trecho liso e livre de obstáculos da sala de aula para realizar o experimento. Marcar
o ponto inicial para começar o movimento. Colocar o carrinho sobre o marco zero escolhido.
Procedimento experimental:
1. Fixar o carrinho no ponto inicial do trajeto. Ligar o carrinho para iniciar o movimento retilíneo
e uniforme. No instante em que for ligado o carrinho, o cronômetro deverá ser acionado
simultaneamente.
2. Marcar uma distância de 3 metros com a trena e, no momento que o carrinho passar por
este ponto, o cronômetro deverá ser parado e registrado o tempo, anotando o tempo final
na tabela.
3. Com os dados obtidos no experimento calcular a velocidade média do carrinho.
4. Elaborar um relatório do experimento com:
▶ Introdução teórica;
▶ Materiais;
▶ Procedimento experimental;
▶ Dados;
▶ Conclusões.

70 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Determinação gráfica do espaço percorrido
Quando o movimento de um corpo é uniforme, o espaço que ele percorre é dado por
ΔS = v ⋅ Δt ou pela área sob o gráfico v × t. Entretanto, se o movimento for variado, a relação
ΔS = v ⋅ Δt não poderá mais ser aplicada, já que a velocidade não é mais constante; mas o espaço
percorrido poderá, ainda, ser obtido pela área sob o gráfico v × t; isto é:

ARQUIVO DA EDITORA
t1 t2
ΔS
v

Área = ΔS

A área sob o gráfico v x t nos fornece a distância


0 t1 t2 t percorrida em qualquer tipo de movimento.

O que é aceleração?

SKYCOLORS/SHUTTERSTOCK
Estamos bastante familiarizados com a aceleração em veículos como um automóvel ou ônibus,
por exemplo. Quando o motorista pisa no pedal denominado de acelerador, os passageiros sentem
essa aceleração sendo pressionados contra o encosto de seus assentos. Quando o motorista utiliza o
pedal do freio e reduz a velocidade do veículo, os passageiros tendem a se mover para frente. Em ambas
as situações, temos uma variação na velocidade, o que para o estudo dos movimentos relaciona-se ao
conceito de aceleração.
Consideremos um automóvel cujo velocímetro esteja indicando, em certo instante, uma velo-
cidade de 30 km/h. Se após 1 s a indicação do velocímetro passar para 35 km/h, podemos dizer que

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


a velocidade do carro variou de 5 km/h em 1 s. Em outras palavras, dizemos que, em média, esse
carro aumenta 5 km/h a cada segundo. O valor 5 (km/h)/s representa a aceleração média do veículo.
O conceito de aceleração está sempre relacionado à variação da velocidade em um intervalo
de tempo. Para definirmos matematicamente aceleração, suponhamos um corpo em movimento
retilíneo, como um ciclista se movendo numa trajetória retilínea, por exemplo.
Representemos por v1 o valor de sua velocidade no instante t1. Se o movimento do corpo for Antes da decolagem os aviões aceleram
variado, no instante t2 sua velocidade terá um valor v2 diferente de v1, isto é, durante o intervalo de para que possam atingir a velocidade
tempo Δt = t2 − t1, a velocidade sofreu uma variação Δv = v2 − v1. que permita levantar voo.
O valor da aceleração escalar média do corpo é dado por:

variação de velocidade v −v Δv
a= ⇒ a= 2 1 ⇒ a=
intervalo de tempo decorrido t 2 −t1 Δt

Ao analisarmos os conceitos vetoriais de velocidade e aceleração, veremos que o fato de um


movimento retilíneo ser acelerado ou retardado pode ser expresso de uma maneira geral, e mais
apropriada, do seguinte modo:
▶ Um movimento será acelerado quando a velocidade e a aceleração tiverem o mesmo sentido, e
será retardado quando elas tiverem sentidos opostos;
▶ No tratamento escalar dos movimentos, o sentido é representado pelo sinal, desse modo, quando
a velocidade e a aceleração apresentarem o mesmo sinal, o movimento é acelerado e, quando
apresentarem sinais opostos, ele é retardado.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 71


Exemplo:
Na figura a seguir, suponhamos que v1 = 10 m/s e que, após 12 s (Δt = 12 s), a velocidade seja
v2 = 70 m/s. Qual foi a aceleração média do corpo?

ARQUIVO DA EDITORA
Um corpo possui aceleração
quando sua velocidade varia
ao longo do tempo.

Usando a equação de definição:

Δv 70−10 60 m/s
a= = = ⇒a =5,0
Δt 12 12 s
Esse resultado significa que a velocidade do corpo aumentou de 5 m/s a cada 1 s. As unidades
são expressas por:
m/s m m
a = 5,0 = 5,0 ⇒ a = 5,0 2
s s ⋅s s
Portal SESI Educação Esse movimento, no qual a velocidade cresce com o tempo, será denominado movimento
www.sesieducacao.com.br acelerado.
Se a velocidade diminuir com o tempo, o movimento será retardado. Por exemplo: se v1 = 36 m/s
Para auxiliar na compreensão do
conceito de aceleração acesse
e, após 5 s, a velocidade passar para v2 = 6 m/s, a aceleração do movimento será:
no Portal Sesi Educação o simu-
lador Aceleração: elementos e Δv 6−36 −30
a= = = ⇒a =−6,0 m/s
funcionamento. Com ele você Δt 5 5
poderá testar varias possibilida-
des de aceleração em um veí- Isso significa que a velocidade está diminuindo de 6 m/s a cada 1 s.
culo e observar os seus efeitos Observe que, no movimento acelerado, o valor da aceleração é positivo e, no movimento
no espaço percorrido pelo cor- retardado, negativo. Lembre-se de que nesse caso a velocidade é positiva, ou seja, o corpo se move
po. Disponível em: <http://sesi.
em movimento progressivo.
ser.com.br/#/conteudos_deta
lhe/39887>. Acesso em: 3 jan.
2020. Movimento retilíneo uniformemente variado
Suponha que estejamos observando o velocímetro de um carro em movimento retilíneo, em
intervalos de tempo sucessivos de 1 s, e que obtivemos os seguintes resultados:
1a observação 30 km/h
2a observação 35 km/h
} Δv = 5 km/h

3a observação 50 km/h } Δv = 15 km/h


} Δv = 2 km/h
4a observação 52 km/h
Podemos notar que a variação da velocidade (Δv) a cada segundo não é constante e, portanto,
a aceleração do carro não é constante.
Entretanto, em outra observação do velocímetro, poderíamos obter os valores seguintes:
1a observação 30 km/h
2a observação 35 km/h
} Δv = 5 km/h

3a observação 40 km/h } Δv = 5 km/h


} Δv = 5 km/h
4a observação 45 km/h
Nesse caso, a variação da velocidade a cada segundo é constante, isto é, a aceleração do mo-
vimento é constante. Um movimento como esse, no qual a aceleração é constante, é denominado
movimento retilíneo uniformemente variado. Até o fim desta seção, estudaremos apenas movimen-
tos desse tipo.

72 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Velocidade
Consideremos um corpo em movimento uniformemente variado, com uma velocidade v0 no
instante em que vamos iniciar a contagem do tempo, ou seja, t = 0. A velocidade v0 é denominada
velocidade inicial.

ARQUIVO DA EDITORA
v
v0 a

t=0 t Representação dos fatores que compõem


a função da velocidade no estudo dos
ΔS movimentos uniformemente variados.

Tratando-se de um movimento uniformemente variado, o corpo possui uma aceleração a cons-


tante, ou seja, a variação de sua velocidade a cada segundo é numericamente igual ao valor de a.
Assim, a velocidade v do corpo variará do seguinte modo:
▶ em t = 0, a velocidade é v = v0
▶ em t = 1 s, a velocidade é v = v0 + a. 1
▶ em t = 2 s, a velocidade é v = v0 + a. 2
▶ em t = 3 s, a velocidade é v = v0 + a. 3
Depois de t segundos, a velocidade será V = V0+ at
Portanto, a velocidade v, depois de decorrido um tempo t qualquer, é dada por:

V = V0 + at

Observe que o valor da velocidade, no instante t, é a soma da velocidade inicial v0 com o pro-
duto a ⋅ t, que representa a variação da velocidade durante o tempo t.

Espaço percorrido
O espaço percorrido pelo corpo desde o instante inicial até o instante t é dado pela área sob o
gráfico v × t. O gráfico v × t, que corresponde à equação v = v0 + a.t, é uma reta, mas não passa
pela origem, pois, quando t = 0, v0 = 0. Observe que v não é diretamente proporcional a ⋅ t. Caso

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


v variasse linearmente, duplicando-se o valor de t, o valor de v também seria duplicado, e podemos
notar, pelo gráfico, que isso não ocorre. A figura a seguir mostra o gráfico v × t para o caso em que
a velocidade cresce com o tempo. Caso a aceleração fosse negativa, o gráfico v × t continuaria a ser
uma reta, mas decrescente.
A área sob o gráfico é a soma das áreas dos seguintes polígonos:
▶ um retângulo de lados V0 e t;

ARQUIVO DA EDITORA
Velocidade

área retângulo = v 0 t
v

▶ um triângulo de base t e altura.


at

t⋅at 1 2
at : área triângulo = = at v0 v
2 2
v0
Portanto, o espaço percorrido pelo corpo (ΔS), numericamente igual
à área total sob o gráfico, será dado por:

0 t Tempo
1
S = v 0t + at2
2 Gráfico da velocidade em função do tempo para um movimento
uniformemente acelerado no intervalo de tempo de 0 a t.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 73


Observe que esta relação entre as variáveis S e t é do tipo y = Ax2 + Bx + C (trinômio do
o
2 grau), no qual:
▶ y corresponde a S;
▶ x corresponde a t;
▶ e as constantes: A = 1/ 2 a; B = v0 ; C = 0.

Equação de Torricelli
Já vimos que, conhecendo a velocidade v0 e a aceleração a no movimento uniformemente
variado, as expressões:

v = v 0 +at

1
S = v 0t + at2
2

nos permitem calcular, respectivamente, a velocidade e o espaço percorrido, em função do tempo t.


Pode acontecer que tenhamos necessidade de calcular a velocidade do corpo após ter percorrido
um certo espaço, sem que seja conhecido o tempo do movimento. Para isso, podemos isolar t na
primeira equação:

v − v0
t=
a
e substituir esse valor na segunda equação:

v − v0 1 v − v02
S = v0 ⋅ + ⋅a ⋅
a 2 a

Com essa expressão, podemos calcular a velocidade v em função do espaço percorrido ΔS


ΔS (sem conhecer o tempo t).
ARQUIVO DA EDITORA

Observações:
1. A relação S = ½ a ⋅ t2 mostra que a distância ΔS varia proporcionalmente com o quadrado do
tempo t . Isso significa, por exemplo, que:
▶ duplicando t, o valor de ΔS é multiplicado por 4 (22);
▶ triplicando t, o valor de ΔS é multiplicado por 9 (32), e assim sucessivamente.
O gráfico ΔS ⋅ t, para esse caso, não é retilíneo e, sim, uma parábola, pois a função que o des-
creve é uma função de segundo grau.
0 t 2. Já vimos que o movimento uniformemente variado pode ser acelerado ou retardado.
Aspecto do gráfico s x t no movimento As equações:
uniformemente variado.
v = v 0 +at

1
S = v 0t + at2
2

v 2 = v 20 +2aΔS

são válidas para os dois casos. Entretanto, não se deve esquecer de que, no movimento retardado,
a aceleração é negativa e isso deve ser levado em conta quando as equações citadas forem usadas.
Essa observação só é válida se considerarmos as velocidades positivas.

74 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Queda livre

PARA AMPLIAR
Um experimento realizado em uma gigantesca câmara de vácuo disponibilizado pela BBC
permite verificar a influência da resistência do ar na queda dos corpos. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=qSeW0f51QzY>. Acesso em: 3 jan. 2020.

Entre os diversos movimentos que ocorrem na natureza, houve sempre interesse no estudo do
movimento de queda dos corpos próximos à superfície da Terra. Quando abandonamos um objeto
de certa altura, podemos verificar que, ao cair, sua velocidade cresce. Neste caso, o movimento do
objeto é acelerado. Por outro lado, se lançarmos o objeto para cima, sua velocidade diminui gradual-
mente até se anular no ponto mais alto. Neste caso, o movimento de subida do objeto é retardado.
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) acreditava que, se

NASKY/SHUTTERSTOCK
abandonássemos corpos leves e pesados de uma mes-
ma altura, os seus tempos de queda não seriam iguais.
Para ele, os corpos mais pesados alcançariam o solo
antes dos mais leves. A crença nessa afirmação per-
durou por quase 2 mil anos. Isso ocorreu em virtude
da grande influência do pensamento aristotélico em
várias áreas do conhecimento.
Somente no século XVII, o físico italiano Gali-
leu Galilei iria se opor à hipótese de Aristóteles. Para
Galileu, se um corpo leve e outro pesado fossem aban-
donados de uma mesma altura simultaneamente, am-
bos atingiriam o chão ao mesmo tempo. Com base Qual
dos dois cairá
nesse pensamento expresso por Galileu, surgiu a lenda
mais rapidamente?
da famosa experiência em que o físico subiu no alto da
Torre de Pisa e, para demonstrar experimentalmente
sua afirmativa, teria abandonado várias esferas de pe-
sos diferentes, que atingiram o chão simultaneamente.
Galileu sabia que a afirmação de que os corpos

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


caíam com uma velocidade igual valia apenas para o
caso da queda ser realizada sem a influência da resis-
tência do ar – no vácuo. Assim, se ele realmente tives-
se realizado a experiência, seriam os aristotélicos que
teriam razão, e não ele.
Ao deixarmos cair uma pedra e uma folha de
papel, a pedra cai mais depressa do que a folha de pa-
pel, como afirmava Aristóteles. Entretanto, podemos
mostrar que isso se dá porque o ar exerce um efeito
retardador na queda de qualquer objeto e que esse Representação do suposto
efeito exerce maior influência sobre o movimento da folha de papel do que sobre o movimento experimento de Galileu Galilei
da pedra. De fato, se deixarmos cair a pedra e a folha de papel dentro de um tubo do qual se re- na Torre de Pisa.
tirou o ar, ou seja, onde foi feito vácuo, verificaremos que os dois objetos caem simultaneamente,
como afirmava Galileu. Entretanto, na época de Galileu, não era possível realizar experimentos
com vácuo.
A afirmativa de Galileu só seria válida para os corpos em queda no vácuo. Observamos, entre-
tanto, que a resistência do ar só retarda sensivelmente certos corpos, como uma folha de papel, um
pedaço de algodão ou uma pena, sendo desprezível para outros mais pesados, como uma pedra, uma
esfera de metal ou um pedaço de madeira. Para estes últimos, a queda no ar ocorre, praticamente,
como se os corpos estivessem caindo no vácuo, isto é, abandonados de uma mesma altura. No ar,
esses corpos caem simultaneamente, como afirmava Galileu. O movimento de queda no vácuo ou
no ar, quando a resistência do ar é desprezível, é denominado queda livre.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 75


PARA AMPLIAR

Por que alguns animais são tão rápidos? Esta fórmula explica
O segredo está no tamanho – nem grandes demais, nem de menos

REINHARD DIRSCHERL/GETTY IMAGES

NICHOLAS LEE/SHUTTERSTOCK

JOHNWALGER/SHUTTERSTOCK
Correr, voar ou nadar mais rápido que os outros é uma vantagem evolutiva interessante. Ser ligeiro pode significar a
diferença entre arranjar uma refeição ou virar almoço de alguém, conseguir um parceiro ou ser expulso do bando, entre
outras dessas situações clássicas do reino animal.
De acordo com um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution, o que determina o quão rápido um animal pode
ser é a habilidade de se combinar explosão muscular e gasto de energia. Os animais de tamanho médio, dessa forma, levam
vantagem – por conseguirem juntar o melhor dos dois mundos.
Isso explica o fato de encontrarmos velocistas esguios em cada um dos três ambientes. O peixe-espada chega a nadar a
110 km/h, o guepardo pode atingir 120 km/h enquanto corre e o falcão-peregrino poderia facilmente vencer uma prova de
Fórmula 1, já que voa a 320 km/h. Todos os campeões têm a mesma característica: serem nem tão pesados nem tão peque-
nos, se comparados a seus companheiros aquáticos, terrestres ou voadores.
É verdade que criaturas maiores têm mais células musculares que podem conferir maior aceleração. Em teoria, toda
essa capacidade de gerar energia para o movimento colocaria os grandalhões em vantagem em qualquer corrida. Mas essa
não é uma relação que acontece na prática. Se tamanho fosse documento e a ligeireza fosse proporcional ao peso dos bichos,
“os elefantes alcançariam fácil os 600 km/h”, como explicou a pesquisadora-chefe do estudo, Myriam Hirt, à AFP. A versão
africana dos orelhudos, no entanto, corre a no máximo 40km/h.
A explicação está no desgaste que cada um sofre na tarefa de gerar movimento. No caso dos animais mais pesados, as
células musculares se esgotam mais rapidamente do que acontece com outro que está mais em forma.
[...]
Para chegar à relação matemática “k = cMd-1”, os cientistas analisaram 474 espécies – terrestres e aquáticas. Na lista,
há desde insetinhos que pesam 30 μg até grandes mamíferos, de 100 toneladas. Na fórmula, “k” é a aceleração, que varia de
espécie para espécie, e “M” representa a massa do bicho.
Sabendo apenas o peso e o meio pelo qual ele se desloca – seja água, ar ou terra – é possível testar matematicamente se
você perderia ou não uma prova de 100 metros rasos com qualquer animal. A precisão dos cálculos, segundo os pesquisa-
dores, chega a 90%.
O mais interessante é que a fórmula pode ser aplicada até mesmo a espécies que já não existem mais, como dinossauros.
Os cálculos conseguiram comprovar que o velociraptor honra seu nome de batismo, já que chega a 50 km/h. Ele é muito
mais rápido que um tiranossauro-rex, um dos maiores dinossauros que se têm notícia. Com estes últimos, aliás, daria até
para apostar uma corrida. Mas só se você pudesse manter uma média de 27 km/h durante todo o percurso – ou, pelo menos,
até o bichão se cansar de vez
ELER, Guilherme. Por que alguns animais são tão rápidos? Esta fórmula explica. Superinteressante. Disponível em: < https://super.abril.com.br/
ciencia/por-que-alguns-animais-sao-tao-rapidos-esta-formula-explica/>. Acesso em: 3 jan. 2020.

76 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


A. & J. VISAGE
A aceleração da gravidade
O movimento de queda livre é uniformemente acelerado, isto é, durante a queda, o corpo cai
com aceleração constante, a qual é denominada aceleração da gravidade, usualmente representada
pela letra g e cujo valor é o mesmo para todos os corpos em queda livre (desde que estejam no
mesmo planeta). A aceleração da gravidade depende da força gravitacional que age sobre os corpos
e, portanto, varia de acordo com a massa do planeta. Quanto maior sua massa, maior o valor de g.
A determinação do valor de g pode ser feita de várias maneiras. Por exemplo, usando técnicas
modernas, podemos obter uma fotografia estroboscópica.
As imagens a seguir mostram as posições sucessivas de duas bolas, de massas diferentes, em
queda livre.
Foto estroboscópica do salto de uma rã.

SASHKIN/SHUTTERSTOCK
Velocidade Tempo em s Com essa técnica é possível perceber
em m/s as posições sucessivas ocupadas pelo
objeto em movimento.

LIGHTSPRING/SHUTTERSTOCK
g
0 0s

9,8 m/s 1s

19,6 m/s 2s

Quando um corpo é abandonado de uma


determinada altura (no planeta Terra) e cai em
queda livre, sua velocidade aumenta de 9,8 m/s a
29,4 m/s 3s
cada segundo, independentemente de sua massa.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Vemos que essas bolas abandonadas no mesmo instante caem simultaneamente. Como as
posições sucessivas foram fotografadas em intervalos de tempo iguais, a aceleração é constante.
Em um experimento moderno, anotam-se os tempos de queda e o espaço percorrido por
ambas as bolas e, por meio de cálculos simples, obtém-se o valor aproximado da aceleração da
gravidade:

g = 9,8 m/s2

Assim, quando um corpo está em queda livre, sua velocidade aumenta 9,8 m/s a cada 1 s. Se o
corpo for lançado verticalmente para cima, sua velocidade diminui de 9,8 m/s a cada 1 s.
Como o movimento de queda livre é uniformemente acelerado, podemos aplicar a ele as equa-
ções estudadas na seção anterior. Supondo que um corpo seja lançado para baixo com uma veloci-
dade inicial v0, após cair durante um tempo t e ter percorrido um espaço ΔS, são válidas as equações:

1
v = v 0 +at S = v 0t + at2 v 2 = v 20 +2aΔS a=g
2

Elas também podem ser empregadas no movimento de subida, porém, neste caso, o movimen-
to é unifomemente retardado. Assim, aceleração será negativa, já que se convencionou considerar a
velocidade positiva quando houver o mesmo sentido do movimento.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 77


EXPERIMENTANDO
Determinando a aceleração e a distância percorrida 2a parte
1a parte Objetivo
Objetivo Medindo-se a distância percorrida por um móvel (carrinho) e o tem-
po gasto para percorrer esta distância, calcular a aceleração se o mó-
Determinar experimentalmente a aceleração de um corpo em mo- vel parte do repouso.
vimento. Medindo-se a distância percorrida por uma esfera de uma
altura (h) e o tempo gasto para percorrer esta distância, podemos Material necessário
calcular a aceleração se a esfera parte do repouso. ▶ 1 trilho liso;
Material necessário ▶ 1 carrinho;
▶ 5 esferas metálicas pequenas; ▶ 1 celular com cronômetro ou um cronômetro;
▶ 1 rolo de barbante; ▶ 1 régua;
▶ 1 pedra pequena; ▶ 4 livros;
▶ 1 trena; ▶ 1 caneta colorida (tipo retroprojetor).
▶ 1 celular com cronômetro ou um cronômetro. Montagem experimental
Procedimento experimental Apoiar o trilho de forma a se obter uma rampa. Anotar no
1. Serão necessários para este procedimento 2 alunos. Enquanto
trilho com a caneta colorida marcações em intervalos de 40 cm.
um aluno sobe ao terceiro andar de um prédio, o outro ficará em- Para marcar o ponto inicial zero, deixar uma distância para fixar o
baixo para a verificação do momento da queda do objeto ao solo. carrinho.
2. Inicialmente amarrar a pedra na extremidade do barbante e me-

ETB, 2016.
dir a altura (h) do 3o andar até o chão. Depois pegar o barbante e
com a trena verificar o valor da altura em metros.
CREDITO

ETB, 2016.

Procedimento experimental
Para medir o tempo deve-se soltar o carrinho com cuidado para não
realizar um impulso inicial. Simultaneamente deve ser acionado o
cronômetro para medir o tempo que o carrinho gasta para passar
pela marca pré-estabelecida.
1. Fixar o carrinho no marco inicial da rampa.
2. Empurrar o carrinho levemente para que seja iniciado o movi-
mento. Neste instante acionar o cronômetro para o início da con-
tagem.
3. O aluno que estiver no alto deixará cair verticalmente a esfera 3. Anotar o tempo a cada marcação de 40 cm quando o carinho
metálica cronometrando o início da queda e o seu final quando passar. Fazer as anotações do tempo medido na tabela. Fazer
a bolinha tocar o chão. Os dois alunos deverão trabalhar cuida- o cálculo da aceleração com os dados obtidos experimental-
dosamente para evitar erros nas medidas, e prevenir acidentes. mente. Se precisar, retornar à teoria para verificar as equações
4. Para obter maior precisão, medir o tempo de queda pelo menos necessárias.
5 vezes. Refazer o procedimento mais 4 vezes com as outras esfe- 4. Elaborar um relatório do experimento com:
ras, tomando o cuidado para deixar a esfera cair do mesmo ponto
▶ Introdução teórica;
da primeira.
▶ Materiais;
5. Com os dados obtidos experimentalmente, calcular o tempo mé-
dio da queda entre os 5 experimentos e, com a distância medida, ▶ Procedimento experimental;
calcular a aceleração. Recorrer à teoria para encontrar a expressão ▶ Dados;
do cálculo da aceleração. ▶ Conclusões.
Descrever em poucas palavras o que foi observado em relação à
aceleração.

78 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA CONSTRUIR
1 Na tabela estão registrados os instantes em que um automóvel passou pelos seis primeiros marcos de uma estrada.
H4
Marco Posição (km) Instante (min)
1 0 0
2 10 5

3 20 10

4 30 15
5 40 20

Qual é a velocidade em que o automóvel está se deslocando?

Resposta: analisando a tabela é possível perceber que o automóvel está se deslocando a uma velocidade constante de 2 km/min.

2 Um motorista, a 50 m de um semáforo, percebe a luz mudar de verde para amarelo. O gráfico mostra a variação da velocidade
do carro em função do tempo a partir desse instante.
H4

LAB212
V (m/s)

20

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


0 0,5 5,0 t(s)

Com base nos dados indicados no gráfico, em que posição o motorista para?

Resposta:
(5 + 0,5) ⋅ 20
Δs = = 55 m
2
Como ele andou 55 m, ele para 5 m depois do semáforo.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 79


3 (Enem)
H6
Conta-se que um curioso incidente aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial. Quando voava a uma altitude
de dois mil metros, um piloto francês viu o que acreditava ser uma mosca parada perto de sua face. Apanhando-a
rapidamente, ficou surpreso ao verificar que se tratava de um projétil alemão.
PERELMAN, J. Aprenda física brincando. São Paulo: Hemus, 1970.

O piloto consegue apanhar o projétil, pois:


a) o avião se movia no sentido oposto ao dele, com velocidade de mesmo valor.
b) ele foi disparado em direção ao avião francês, freado pelo ar e parou justamente na frente do piloto.
c) o avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade de mesmo valor.
d) o avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade visivelmente superior.
e) ele foi disparado para cima com velocidade constante, no instante em que o avião francês passou.
Resposta: alternativa c.

4 (Unicamp) A demanda por trens de alta velocidade tem crescido em todo o mundo. Uma preocupação importante no projeto
desses trens é o conforto dos passageiros durante a aceleração. Sendo assim, considere que, em uma viagem de trem de alta
H6
velocidade, a aceleração experimentada pelos passageiros foi limitada a amax = 0,09g, onde g = 10 m/s2 é a aceleração da gravi-
dade. Se o trem acelera a partir do repouso com aceleração constante igual a amax, a distância mínima percorrida pelo trem para
atingir uma velocidade de 1 080 km/h corresponde a:

a) 10 km. c) 50 km.
b) 20 km. d) 100 km.
Resposta: alternativa c.

5 (Enem) Para medir o tempo de reação de uma pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência:
H1 I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa verticalmente, segurando-a pela extremidade superior, de modo que
o zero da régua esteja situado na extremidade inferior.
H6
II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la.
III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar segurá-la o mais rapi-
damente possível e observar a posição onde conseguiu segurar a régua, isto é, a distância que ela percorre durante a queda.
O quadro seguinte mostra a posição em que três pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos tempos de reação.

Distância percorrida pela régua durante a queda (metro) Tempo de reação (segundo)
0,30 0,24
0,15 0,17

0,10 0,14
Disponível em: http://br.geocities.com. Acesso em: 1 fev. 2009.

A distância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a
a) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair mais rápido.
b) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com menor velocidade.
c) aceleração de queda da régua varia, o que provoca um movimento acelerado.
d) força peso da régua tem valor constante, o que gera um movimento acelerado.
e) velocidade da régua é constante, o que provoca uma passagem linear de tempo.
Resposta: alternativa d.

80 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Leia o texto a seguir e faça o que se pede.
H6
A aplicação dos transportadores por gravidade proporciona o manuseio de produtos de carga e descarga, utili-
zando a força gravitacional para realizar a movimentação dos produtos como galões de água, embalagens ou alimentos
de um ponto a outro, dentro do local.
TRANSPORTADORES por gravidade.
Disponível em: <http://logitecsistemas.com.br/informacoes/transportadores-gravidade>.
Acesso em: 3 jan. 2020.

Alguns equipamentos de construção serão transportados, por gravidade, a uma altura de 25 m de um edifício. Quanto tempo é
necessário para que os equipamentos cheguem até o local indicado considerando a aceleração da gravidade 10 m/g2?
Resposta: 2,23 segundos.

2 (UECE) De um corpo que cai livremente desde o repouso, em um planeta X, foram tomadas fotografias de múltipla exposição
à razão de 1 200 fotos por minuto. Assim, entre duas posições vizinhas, decorre um intervalo de tempo de 1/20 de segundo. A
H4
partir das informações constantes da figura, podemos concluir que a aceleração da gravidade no planeta X, expressa em metros
por segundo ao quadrado, é:
H6

LAB212
a) 20
b) 50
c) 30
d) 40
80 cm
e) 10
Resposta: alternativa d.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


3 Neste capítulo, estudamos o desenvolvimento dos modelos de Universo ao longo do tempo e com o desenvolvimento tec-
nológico. Escolha um dos modelos e faça uma pesquisa sobre ele. Em seguida, elabore um protótipo de forma digital: pode
H12
ser em 3D ou realizada aumentada e apresente para sua turma. Na apresentação, organize as informações pesquisadas
contextualizando a época em que o modelo foi criado e as tecnologias disponíveis naquele momento para a observação
do Universo.
Resposta pessoal.

4 Escolha um dos grandes temas abordados nesse capítulo:


H10 ▶ Concepções de Universo
▶ Leis de Kepler e gravitação universal
▶ Movimentos no Universo
Elabore um mapa conceitual organizando as principais ideias e conceitos envolvidos. O ideal é ampliar as informações trazidas
no capítulo. Não se esqueça de colocar as referências bibliográficas.
Os mapas conceituais podem ser feitos à mão ou você pode utilizar alguns programas específicos para isso. Qualquer que seja a
sua escolha, é importante deixar o registro no seu livro para o momento de retomar o que foi feito em sala e estudar os assuntos
já abordados.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 81


VOCÊ É O AUTOR
O estudo dos movimentos é aplicado em diversas situações do cotidiano, como o trânsito,
por exemplo. Leia o texto a seguir que apresenta um trecho do relatório Salvar VIDAS – Pacote de
medidas técnicas para a segurança no trânsito da Organização Pan-Americana da Saúde lançado
em 2018. Depois responda às questões.

O contexto da política de segurança no trânsito


Segundo estimativas, os acidentes de trânsito ocupam atualmente o nono lugar
entre as principais causas de morte em todas as faixas etárias no mundo.
A cada ano provocam a perda de mais de 1,2 milhão de vidas e causam lesões não
fatais em aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo inteiro.
Cerca de metade (49%) das pessoas que morrem nas vias pelo mundo afora são
pedestres, ciclistas e motociclistas. Os acidentes de trânsito são a principal causa de
morte de pessoas entre 15 e 29 anos de idade.
Além de causar luto e sofrimento, os acidentes de trânsito constituem um im-
portante problema para a saúde pública e o desenvolvimento, com significativos
custos socioeconômicos e para a saúde. Não apenas as vítimas e suas famílias, mas
também os países como um todo sofrem consideráveis prejuízos econômicos: os
acidentes de trânsito custam de 1% a 3% do produto nacional bruto para a maioria
dos países. Mais de 90% das mortes e lesões no trânsito ocorrem em países de baixa
e média renda, embora esses países respondam por apenas 54% dos veículos regis-
trados no mundo.
[...]

Gestão da velocidade
A velocidade excessiva é um importante fator de risco de lesões causadas pelo
trânsito, contribuindo tanto para o risco como as consequências de um acidente.
Quanto maior a velocidade média do trânsito, maior a probabilidade de um
acidente. Por exemplo, um aumento de 1 km/h na velocidade veicular média resulta
em um aumento 3% na incidência de colisões que resultam em lesões e em um au-
mento de 4% a 5% na incidência de acidentes fatais. Quanto maior a velocidade, mais
longa é a distância de frenagem e, em consequência, maior é o risco.

Soluções
As evidências disponíveis indicam que as principais soluções para a gestão da
velocidade são promulgar e fazer cumprir a legislação referente aos limites de velo-
cidade, construir vias para moderar o tráfego ou modificá-las de um acidente de
trânsito. Conforme mostrado na figura a seguir, com uma velocidade de 80 km/h em
pista seca, são necessários em torno de 22 metros (a distância percorrida durante um
tempo de reação de aproximadamente 1 segundo) para reagir e um total de 57 metros
para conseguir parar o veículo completamente.
É maior a probabilidade de os condutores jovens e os do sexo masculino dirigir em
velocidade excessiva. Outros fatores que podem influenciar a velocidade são o álcool,
o traçado da via, a densidade do trânsito e as condições meteorológicas.

82 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Medidas eficazes de gestão da velocidade, como a definição e aplicação de leis referentes aos limites de velocidade, o
desenho das vias e a tecnologia veicular, foram implementadas em diversos ambientes. Contudo, a implementação dessas
medidas continua a ser um desafio em muitos países. Por exemplo, enquanto 97 dos 180 países participantes do Relatório
global sobre a situação da segurança no trânsito 2015 têm legislação que fixam os limites de velocidade em 50 km/h ou
menos nas áreas urbanas, apenas 27 países (15%) classificaram a fiscalização da sua legislação referente à velocidade como
“bom” (8 ou mais em uma escala de 0 a 10).
Ao estabelecer os limites de velocidade, é preciso levar em consideração:
• o tipo e a combinação de usuários das vias;
• a qualidade da segurança da infraestrutura, sobretudo sua capacidade para relevar os erros humanos previsíveis e,
assim, criar condições de baixo risco para todos os usuários das vias;
• a capacidade de os veículos resistirem a impactos e evitar acidentes; e
• as diferentes funções das vias e a combinação do trânsito. As consequências dos desrespeitos dos limites de veloci-
dade devem ser estipuladas claramente na lei e/ou regulamentos. Podem abranger, por exemplo, penalidades financeiras,
o acréscimo de pontos à carteira e a suspensão da habilitação.
É importante fazer cumprir a legislação referente aos limites de velocidade e aplicar as penalidades apropriadas aos
condutores que a infringirem. A fiscalização assume diversas formas em diferentes contextos e abrange abordagens manuais
e automatizadas. As evidências demonstram que a aplicação automatizada é mais eficaz para a redução da velocidade.
Destacam-se as câmeras portáteis, as câmeras fixas e as câmeras móveis (câmeras em viaturas policiais discretas).
A legislação não deve conter cláusulas que limitem a capacidade da polícia para usar essas medidas de fiscalizações eficazes.
[...]
SALVAR vidas – Pacote de medidas técnicas para a segurança no trânsito. Organização Pan-Americana da Saúde 2018.
Disponível em: <http://iris.paho.org/xmlui/bitstream/handle/123456789/34980/9789275320013-por.pdf?sequence=1&isAllowed=y>.
Acesso em: 3 jan. 2020.

LAB212
Distância de frenagem em diferentes velocidades
(incluído o tempo de reação de cerca de 1 segundo)

Distância (metros)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

50 km/h REAÇÃO FRENAGEM Para a tempo

55 km/h Para a tempo

60 km/h Toca

65 km/h Colide a 30 km/h

70 km/h Colide a 43 km/h

75 km/h Colide a 53 km/h

80 km/h Colide a 62 km/h


Fonte: Reproduzido com permissão da referência (75).

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 83


1 O consumo de álcool, além de causar problemas relacionados a acidentes de trânsito, pode causar diversos prejuízos à saúde.
Realize uma pesquisa e escreva alguns dos malefícios do álcool para a saúde.
Resposta pessoal. As respostas podem incluir alterações motoras, neurológicas, falência de fígado.

2 Pesquise na página do departamento de trânsito do estado em que você reside quais são as estatísticas relacionadas aos aci-
dentes de trânsito: número de acidentes, número de mortes, tipo e causa de acidentes, valores gastos pelo estado com vítimas
de acidentes. Escreva as informações encontradas nas linhas a seguir.
Resposta pessoal.

3 Elabore uma carta endereçada à autoridade de trânsito da sua cidade argumentando sobre a importância de reduzir a veloci-
dade de circulação nas vias urbanas de modo a reduzir o número de acidentes. Utilize os dados do texto lido e de sua pesquisa
para fundamentar a sua argumentação.
Resposta pessoal.

84 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


3
CAPÍTULO

ÁTOMO: O COMPONENTE
ESTRUTURAL DA MATÉRIA
Competências

c C1, C2, C5

Habilidades

c H1, H2, H6, H7, H12, H24, H28

ER
ET
IKP
JUR
K/
OC
RST
TE
UT
SH
Portal SESI Educação
www.sesieducacao.com.br
UMA BREVE HISTÓRIA DOS MODELOS ATÔMICOS
O vídeo Fatos e informações: Como se constrói um modelo?
estrutura do átomo apresenta um
pequeno resumo da história das A constituição da matéria sempre foi alvo de investigação humana, tanto que essa discussão
descobertas sobre a estrutura da tem uma longa história em diferentes culturas e épocas. Mas como a humanidade sabe tantos de-
matéria. Disponível em: <https:// talhes sobre os átomos, não sendo possível observá-los isoladamente, uma vez que eles apresentam
somos.twigworld.com.br/film/
tamanho na ordem do picômetro (10-12 metros)?
fatos-e-informacoes-estrutura-
do-atomo-7366/>. Acesso em: Diante desse questionamento, vamos fazer uma atividade que ilustra como podemos chegar à
29 nov. 2018. conclusão sobre as propriedades de determinados objetos sem termos acesso direto a eles.

EXPERIMENTANDO
CONSTRUINDO MODELOS
Essa atividade tem como objetivo compreender como os cientistas constroem o conhecimento
científico, pelo levantamento de hipóteses e pela formulação de modelos explicativos das partí-
culas que constituem a matéria.
Material
4 caixas secretas, previamente preparadas pelo professor.
Procedimento
Durante um tempo estipulado pelo professor, explore cada uma das caixas apresentadas sugerin-
do o que há nelas, mas não abra as caixas.
Dados
Durante a exploração de cada uma das caixas secretas, descreva com o maior número de deta-
lhes as características do(s) objeto(s) que as constituem, que justifiquem as suas hipóteses. Para
tanto, sugerem-se alguns questionamentos:
▶ quais são os materiais que constituem os objetos?

▶ que características de cada um dos materiais estão sendo consideradas no levantamento das
hipóteses?
Em seguida, diante de todas as alternativas apresentadas pelos colegas da turma, tentem chegar a
um consenso sobre os objetos de cada uma das caixas, considerando os argumentos apresentados.
Conclusão
Discutam coletivamente sobre:
1. Qual foi o procedimento utilizado para levantar as hipóteses sobre cada uma das caixas?
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mencionem sobre balançarem a caixa para ouvir o barulho
emitido pelos objetos ou para ver se eles movimentavam; que eles tentaram cheirar; que seguraram
duas caixas ao mesmo tempo para comparar os pesos; que iluminaram as caixas com o uso da luz do
celular para tentar ver algo etc.
2. O que esta atividade pode ensinar sobre o processo da construção do conhecimento científico?
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mencionem a limitação da investigação, devido à falta
de instrumentos para explorar mais profundamente os objetos das caixas, mas que apesar disso,
considerando os conhecimentos prévios deles sobre as propriedades dos materiais, eles conseguiram
inferir com certa certeza sobre o que havia em cada uma das caixas. É importante que os alunos também
compreendam a importância da discussão coletiva para a construção do conhecimento científico, para
refinar os modelos propostos.

O modelo construído sobre a composição das caixas secretas se apresenta útil para entender
a própria noção de modelo, pois nos mostra que um modelo pode não ser uma concepção exata
de algo ou de um fenômeno, mas que serve para explicar corretamente o comportamento de algo
observado por uma experimentação. Outro ponto importante a se considerar é que cada modelo
se mostra adequado para a explicação de certas propriedades que um fato apresenta em um deter-
minado contexto e momento, podendo ser substituído ou modificado.
A partir dessa compreensão, vamos entender alguns dos principais modelos atômicos feitos ao
longo da história

86 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


SHUT
TER
Modelos atômicos ao longo da história STO
CK
/E
VE
RE
A primeira ideia sobre o átomo de que se tem registro veio dos antigos gregos. T

T
HI
Leucipo de Mileto e Demócrito de Abdera, que viveram na Grécia por volta de

ST
OR
IC
400 a.C. foram os primeiros a propor que toda matéria é feita de partículas in-

AL
divisíveis e de espaços vazios. A essas partículas eles deram o nome de átomo,
que, em grego, significa indivisível (a = não; tomo = divisão). Eles partiram da
observação da matéria na natureza e suas transformações para propor que a
matéria seria feita de partículas muito pequenas, que não só eram indivisíveis
como também indestrutíveis e eternas, os átomos. Esses átomos seriam,
segundo eles, de vários tipos, alguns lisos, outros arredondados, outros ainda
retorcidos ou irregulares. Os átomos se combinavam para formar os dife-
rentes tipos de matéria existentes e eram recombinados quando a matéria
sofria transformações.
Muitas das suposições feitas por Leucipo e Demócrito podem ser
consideradas corretas ainda hoje, embora na época em que viveram eles
não baseassem suas teorias em experimentação. Muito tempo se passou até
que se fizessem novas descobertas nessa área. No século XVIII, experimentos
apontavam para a existência de diversos tipos de átomos (hoje sabemos que
essa quantidade vai pouco além de 100 tipos). Perceberam também que a com-
binação desses diferentes tipos de átomos forma toda a matéria que conhecemos.

O modelo Dalton
Dalton, químico, meteorologista e físico
Em 1803, John Dalton (1766-1844) havia retomado essa antiga teoria do átomo e percebeu inglês, foi um dos primeiros cientistas a
que ela poderia ser utilizada para justificar e explicar experimentos com diferentes substâncias quí- defender que a mátria é feita de pequenas
partículas. Dedicou sua vida à pesquisa, e
micas. Assim, ele desenvolveu uma proposta sobre a estrutura da matéria, baseada, entre outros, nos ficou conhecido pela Lei de Dalton, Lei das
seguintes princípios: Pressões Parciais e daltonismo.
▶ a massa das substâncias se conserva em qualquer reação química;
▶ os elementos se combinam numa proporção em massa rigorosamente definida para formar
as substâncias compostas.
Dalton foi muito habilidoso na elaboração de modelos mentais e na construção de representa-
ções físicas desses modelos. Ele utilizou pequenos círculos para representar os átomos de elementos

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


IMAGEM SEM ESCALA.
e considerou os seguintes aspectos ao propor o seu modelo: CORES FANTASIA.
Modelo de Dalton
I. Todas as substâncias são constituídas de minúsculas

LAB212
partículas denominadas átomos. Os átomos não po- Átomos de Átomos de
Átomos de bromo
dem ser criados nem destruídos. hidrogênio oxigênio

II. Cada substância é constituída de um único tipo de áto-


mo. As substâncias simples, ou elementos, são formadas
de “átomos simples”, que são indivisíveis; as substâncias
compostas são constituídas de “átomos compostos”,
capazes de se decompor, durante as reações químicas,
em “átomos simples”.
III. Todos os átomos de uma mesma substância são idênti-
cos na forma, no tamanho, na massa e nas demais pro-
priedades; átomos de substâncias diferentes possuem
forma, tamanho, massa e propriedades diferentes. A
massa de um “átomo composto” é igual à massa total
de todos os “átomos simples” componentes.
IV. Os “átomos compostos” são constituídos de um peque-
no número de “átomos simples”.
A teoria de Dalton tornava possível, por meio de uma ideia
única, explicar todos os resultados de experimentos relacionados Representação de átomos de diferentes elementos químicos no modelo proposto
com as reações químicas. por Dalton.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 87


LAB212
O modelo de Thomson
ELÉTRONS CARGA
POSITIVA O modelo atômico de Joseph John Thomson (1856-1940) foi o primeiro a considerar a
natureza elétrica da matéria, pois, na época da proposição de seu modelo, algumas considera-
ções sobre a matéria como a presença de cargas elétricas em sua composição já haviam sido
observadas por meio de experimentos. Foram observados(as):
▶ os elétrons como parte integrante de toda a matéria.
▶ as cargas positivas conhecidas tinham uma massa muito grande em relação à massa
dos elétrons. Essa observação experimental levava à conclusão de que a maior parte da
massa do átomo era devida às partículas positivas.
▶ a matéria é eletricamente neutra e os elétrons possuem carga negativa; logo, o átomo
deve possuir o equivalente de elétrons em carga positiva para que a carga total seja nula.
▶ a matéria eventualmente adquire carga elétrica. Isso significa que os elétrons não estão
rigidamente presos no átomo e em certas condições podem ser transferidos de um
LAB212

átomo de uma substância para um átomo de outra substância.


os átomos não são maciços e indivisíveis, conforme mostra o fenômeno da radioatividade.

Para Thomson o átomo era uma esfera maciça dotada de carga elétrica positiva e nela
estavam imersas pequenas partículas negativas que eram chamadas de elétrons. A quantidade
de carga negativa presente no átomo era igual à quantidade de cargas positivas, assim a matéria
seria neutra.
O modelo de Thomson explicou muitas propriedades da matéria que o modelo de Dalton
não era capaz de explicar, como os fenômenos radioativos e os de natureza elétrica.
O processo pelo qual os fenômenos de natureza elétrica ocorrem pode ser considerado
uma propriedade dos elétrons que são capazes de se movimentarem para fora de certos átomos
ou para dentro de outros. Átomos que perdem elétrons deixam de ser eletricamente neutros e
Representação do modelo atômico proposto passam a ter carga elétrica positiva. Por sua vez, átomos que tiveram elétrons incluídos em sua
por Thomson. estrutura passam a ter carga elétrica negativa.
IMAGENS SEM ESCALA.
Independentemente da carga elétrica da matéria (positiva ou negativa), o processo de perda da
CORES FANTASIA. neutralidade era interpretado como uma transferência de elétrons entre átomos de uma substância
para outra.

Portal SESI Educação O modelo de Rutherford


www.sesieducacao.com.br
O cientista Ernest Rutherford (1871-1937) elaborou experimentos para provar que os átomos
Para conhecer um pouco mais não são maciços como previa a Teoria de Dalton. Para isso, bombardeou uma fina placa de ouro com
sobre o experimento realizado partículas α provenientes de uma amostra de polônio, que é radioativa. Por meio desses experimen-
por Rutherford para propor o seu tos, Rutherford reuniu observações em três pontos principais:
modelo atômico, assita ao vídeo
▶ A maioria das partículas α atravessou a placa de ouro sem sofrer desvio considerável em
disponível no Portal Sesi: <https://
somos.twigworld.com.br/film/a- sua trajetória.
-descoberta-do-atomo-7364/> ▶ Algumas partículas α foram rebatidas na direção contrária ao choque.
Acesso em: 29 nov. 2018. ▶ Certas partículas α sofreram um grande desvio em sua trajetória inicial.
Além disso, interpretando esses resultados, Rutherford e sua equipe chegaram à conclusão de
que o átomo não se parecia com uma esfera positiva com elétrons incrustados como proposto no
modelo de Thomson, aceito na época.
Os resultados das observações mostravam que:
▶ o átomo contém imensos espaços vazios;
▶ no centro do átomo existe um núcleo muito pequeno e denso;
▶ o núcleo do átomo tem carga positiva, uma vez que as partículas alfas (positivas) foram
repelidas ao passar perto do núcleo;
▶ para equilibrar essa carga positiva, existem elétrons ao redor do núcleo orbitando numa
região periférica denominada eletrosfera.

88 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


SHUTERSTOCK/ SERGEY MERKULOV
IMAGENS SEM ESCALA.
CORES FANTASIA.

Experimento de Rutherford.

Rutherford elaborou então um modelo de átomo semelhante a um minúsculo sistema plane-


tário, em que os elétrons se distribuíam ao redor do núcleo como planetas em torno do Sol. Esse
modelo explicou as novas observações experimentais feitas em 1911 e até hoje pode ser usado para
explicar determinados fenômenos físicos. Mas, mesmo na época em que foi criado, apresentava
contradições consideráveis, que impediam sua total aceitação:
▶ O Sistema Solar se mantém em equilíbrio devido a forças gravitacionais e o sistema atômico
a forças eletromagnéticas. As leis físicas que regem esses dois sistemas são diferentes.
▶ Como partículas de cargas opostas se atraem, os elétrons perderiam energia gradualmente
percorrendo uma espiral em direção ao núcleo e, à medida que isso ocorresse, emitiriam
energia na forma de luz.
Como os elétrons se mantêm em movimento ao redor do núcleo sem que os átomos entrem
em colapso, os cientistas se viram diante de um impasse que só foi solucionado a partir de desco-
bertas feitas com o estudo da natureza da luz. ALEX ARGOZINO/ARQUIVO DA EDITORA

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Núcleo

Elétron

Representação do modelo atômico proposto por Rutherford.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 89


WIKIMED
IA
CO
M O modelo de Rutherford-Bohr

M
O
NS
Experimentos que envolviam elementos químicos e a luz emitida por eles quando submetidos
a temperaturas elevadas forneceram uma pista importante para a compreensão da estrutura dos
átomos. Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), baseando-se no modelo de átomo
de Rutherford e nos conhecimentos da época sobre a natureza da luz e as emissões dos elementos
químicos, concluiu que os elétrons só se apresentam em certos estados de energia bem determinados
e que diferem uns dos outros por quantidades de energia múltiplas de um quantum (mudança do
nível energético de uma matéria ao emitir ou absorver radiação).
Esse raciocínio levou Bohr a propor os seguintes postulados:
▶ O elétron move-se em órbitas circulares em torno de um núcleo atômico central. Para cada
elétron de um átomo existe uma órbita específica, em que ele apresenta uma energia bem
Niels Bohr
definida - um nível de energia - que não varia enquanto o elétron estiver nessa órbita.
A ROEKDE
PR
AC
H AY ET
HA
W
▶ Os espectros dos elementos são descontínuos porque os níveis de energia são quantizados,
/
CK E
ou seja, só são permitidas certas quantidades de energia para o elétron cujos valores são
ES
O
ST

AB

múltiplos inteiros do fóton (quantum de energia).


ER
TT
S HU

Ou seja, só é permitido ao elétron ocupar níveis energéticos nos quais ele se apresenta com
valores de energia múltiplos inteiros de um fóton.
Com base nesses postulados, Bohr determinou as energias possíveis para o elétron do hidrogê-
nio, bem como o raio das órbitas circulares associadas a cada uma dessas energias.

ARQUIVO DA EDITORA
Earnest Rutherford

n51 n51
n52 n52
n53

n53 …


IMAGENS SEM ESCALA. Distância em relação ao núcleo diminui: energia diminui, Distância em relação ao núcleo aumenta: energia aumenta,
CORES FANTASIA. estabilidade aumenta. estabilidade diminui.
Ele concluiu que o conjunto núcleo/elétron será mais estável (mais coeso) quanto mais próxima
for a órbita permitida do elétron em relação ao núcleo. Assim, se atribuirmos a cada nível de energia
n valores inteiros que vão de 1 até infinito, a energia do elétron que se move no nível n = 1 é menor
que a energia do elétron que se move no nível n = 2, e assim por diante.
Seguindo esse raciocínio em relação ao átomo de hidrogênio, o estado de menor energia ou
estado fundamental para o seu único elétron é aquele em que n = 1. Todas as demais energias per-
mitidas (demais valores de n) representam estados menos estáveis, denominados estados ativados
ou excitados.
As conclusões mais importantes do trabalho de Bohr foram:
▶ O átomo está no seu estado fundamental (mais estável) quando todos os seus elétrons
estiverem se movimentando em seus respectivos níveis de menor energia.
▶ Se um elétron no estado fundamental absorve um fóton (quantum de energia), ele “salta”
para o nível de energia imediatamente superior e entra num estado ativado (logo, numa
situação de instabilidade).

90 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


▶ Quando um elétron passa de um estado de energia elevada para um estado de energia
menor, o elétron emite certa quantidade de energia radiante, sob forma de um fóton de
comprimento de onda específico, relacionado com uma das linhas do espectro desse
elemento.
▶ O modelo atômico de Bohr explicava satisfatoriamente o átomo de hidrogênio, que pos-
sui apenas 1 elétron ao redor do núcleo, mas falhava ao explicar os átomos dos demais
elementos.
A proposição de modelos atômicos e a descoberta de novas partículas que compõe o átomo
não pararam por aqui. Foram propostos novos modelos entre os quais está o modelo do físico
alemão Arnold Johannes Wilhelm Sommerfeld que tem como base a mecânica quântica. Nesse
modelo ele considerou que os elétrons descreviam órbitas circulares e elípticas ao redor do núcleo.
Considerou, ainda, que a energia liberada como fóton ocorria em razão das camadas eletrônicas
possuírem certas subdivisões, que ele chamou de subníveis energéticos.
Cada nível de energia n está dividido em n subníveis, correspondentes a uma órbita circular
e a (n − 1) órbitas elípticas de diferentes excentricidades. O núcleo do átomo ocupa um dos
focos da elipse.
▶ O primeiro nível (n = 1) possui apenas uma órbita circular (possui um subnível).
▶ O segundo nível (n = 2) possui uma órbita circular e uma órbita elíptica (possui dois sub-
níveis).
▶ O terceiro nível (n = 3) possui uma órbita circular e duas órbitas elípticas (possui três sub-
níveis), e assim por diante.
Retomaremos mais adiante a discussão sobre os subníveis de energia e a distribuição dos elé-
trons do átomo de um elemento químico.

ARQUIVO DA EDITORA

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

IMAGEM SEM ESCALA.


CORES FANTASIA.

Representação do modelo atômico de Sommerfeld para o nível 4: 1 órbita circular e 3 órbitas elípticas. O
núcleo do átomo ocupa um dos focos da elipse, cujo plano pode tomar uma orientação qualquer no espaço.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 91


PARA CONSTRUIR
1 Com base nas informações referentes ao modelo atômico 3 Na experiência de espalhamento de partículas alfa, conhe-
H7 de Bohr, explique o funcionamento das tintas que brilham H7 cida como “experiência de Rutherford”, um feixe de partícu-
no escuro. las alfa foi dirigido contra uma lâmina finíssima de ouro, e
os experimentadores (Geiger e Marsden) observaram que
Resposta: os elétrons contidos nas substâncias presentes na
um grande número dessas partículas atravessava a lâmina
tinta, ao receber energia, saltam para uma camada da eletrosfera
sem sofrer desvios, mas que um pequeno número sofria
mais distante do núcleo. Ao retornarem, liberam a energia desvios muito acentuados. Esse resultado levou Rutherford
acumulada, brilhando no escuro. Esse fenômeno é chamado a modificar o modelo atômico de Thomson, propondo a
quimiofluorescência. existência de um núcleo de carga positiva, de tamanho re-
duzido e com, praticamente, toda a massa do átomo.
a) Qual era o resultado previsto para o experimento de
acordo com o modelo de Thomson? Por quê?
Resposta: a totalidade das partículas atravessaria a lâmina
de ouro sem sofrer nenhum desvio, pois de acordo com
o modelo de Thomson os átomos eram esferas maciças
2 Fogos de artifício utilizam sais de diferentes íons metálicos
dotadas de carga elétrica positiva e nela estavam imersas
H7 misturados com um material explosivo. Quando incendia-
dos, emitem diferentes colorações. Por exemplo: sais de pequenas partículas negativas.
sódio emitem cor amarela, de bário, cor verde, e de cobre,
cor azul. b) Em que aspectos o modelo de Thomson se assemelha
a) Explique como ocorre o surgimento dessas cores. ao modelo de Dalton? E em que se diferencia?
Resposta: as cores são produzidas quando os elétrons Resposta: assim como Dalton, Thomson considerava o

excitados dos íons metálicos retornam para níveis de menor átomo uma esfera maciça, a diferença é que Thomson

energia. explicou fenômenos radioativos e de natureza elétrica que


Dalton não conseguiu explicar.

4 A evolução dos modelos atômicos contribuiu para o


conhecimento da estrutura da matéria.
H7
a) Por que motivo, ao logo da história, foram necessárias
mudanças nos modelos propostos?
b) Qual é o modelo atômico mais adequado para explicar Resposta: as mudanças foram necessárias para que os
esse fenômeno? Explique esse postulado. modelos pudessem responder às novas descobertas sobre
Resposta: Rutherford-Bohr. Segundo o postula de a matéria.
Rutherford-Bohr, o elétron se move em órbitas circulares
ao redor do núcleo e com uma quantidade de energia bem
definida. Quando os elétrons são excitados, eles saltam b) Cite uma dessas mudanças e explique por que ela foi
de órbita ; quando eles passam de um estado de energia necessária.
mais elevado para um estado de energia menor, liberam Resposta pessoal.

energia.

92 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Leia o texto e responda.
H1 A radiação pode ser gerada através de fontes naturais ou por fontes não naturais através de dispositivos construídos pelo
homem, por exemplo. A energia das radiações varia desde valores pequenos até valores elevados, dependendo do seu com-
H6 primento de onda (λ). As radiações podem ser eletromagnéticas ou de partículas.
As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: a luz, micro-ondas, ondas de rádio, laser, raios X e radiação gama. As
radiações de partículas mais comuns são: radiação alfa, radiação beta, feixe de prótons e feixe de elétrons.
Os raios alfa têm carga elétrica positiva, consistindo em dois prótons e dois nêutrons, e são idênticos aos núcleos dos átomos
de hélio (He). A sua emissão é altamente energética, mas perde rapidamente essa energia quando passa através da matéria.
Folhas de papel conseguem bloquear a passagem das partículas alfa.
As partículas beta se propagam com velocidade próxima à da luz; a velocidade da luz é 300 000 000 m/s (metros por segun-
do). Ao contrário das partículas alfa, as partículas beta são mais penetrantes e menos energéticas. Elas conseguem atravessar
uma folha de alumínio, mas penetram muito pouco em materiais como um pedaço de madeira.
A radiação gama é a menos energética, mas é extremamente penetrante, podendo atravessar inclusive o corpo humano; é
retida somente por uma parede grossa de concreto ou por algum tipo de metal, por exemplo, chumbo. Por tais caracterís-
ticas, essa radiação é extremamente perigosa à saúde humana. Essa radiação pode causar má-formação nas células, porém
quando utilizada de maneira responsável se torna útil, principalmente na medicina, sendo empregada no tratamento de
tumores cancerígenos.
A radioterapia utiliza radiação gama no tratamento de tumores, principalmente os malignos. Os tumores são destruídos
pela absorção da energia proveniente da radiação. Alguns cuidados, entretanto, devem ser tomados para que a radiação
destrua apenas o tumor e não os tecidos vizinhos normais. Quanto mais profundo o tumor, mais energética deve ser a
radiação utilizada.
A radiografia é uma imagem obtida, após um feixe de raios X ou raios gama atravessar a região de estudo, um osso quebrado,
por exemplo, e interagir com uma emulsão fotográfica. O cuidado que se deve ter é que, devido ao caráter acumulativo da
radiação, não é aconselhável tirar radiografia sem necessidade. O risco de dano é maior para o operador, pois a quantidade
de radiografias tiradas por ele em um dia é muito alta. Para evitar exposição desnecessária, o operador deve manter-se dis-
tante o máximo possível no momento do disparo do feixe, ou então protegido por um biombo com blindagem de chumbo.
a) Elabore em uma folha avulsa um mapa conceitual com as principais ideias apresentadas no texto.
b) Explique a imagem a seguir com base nos conhecimentos que você obteve no texto lido, identificando as partículas e os

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


materiais.
ALAMY / FOTOARENA

Resposta pessoal.

2 Utilizando um editor de texto e imagens, combine os assuntos estudados no capítulo para elaborar uma linha do tempo com a
evolução dos modelos atômicos, inserindo suas características, ilustrações representativas e imagens dos cientistas aos quais eles
H7
são atribuídos. Resposta pessoal.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 93


A IDENTIFICAÇÃO DOS ÁTOMOS
Em 1869, o químico russo Dmitri Ivanovitch Mendeleyev (1834-1907) havia organizado uma
tabela de elementos químicos (precursora da tabela periódica atual) na qual os elementos estavam
dispostos em ordem crescente de massa atômica. Ele afirmava (com razão) que as propriedades
dos elementos não eram aleatórias, ou seja, dependiam da estrutura do átomo, e sugeriu que essa
variação ocorria com a massa atômica de um modo regular e/ou periódico.
Apesar de o trabalho de Mendeleyev trazer uma luz sobre como variam as propriedades dos
elementos, havia várias exceções à regra, estabelecida por ele, que eram difíceis de explicar. Mende-
leyev percebeu que essas exceções desapareciam quando certos pares de elementos eram trocados
entre si, deixando assim de ficar dispostos por ordem crescente de suas massas atômicas.
Aos elementos assim dispostos na tabela foram atribuídos números de ordem, ou de posição,
GLOSSÁRIO de 1 até 92. Esses números foram chamados números atômicos e simbolizados por Z. Estudos
posteriores indicaram que Z representava o número de cargas positivas do núcleo de cada átomo e,
Raios canais: portanto, estava relacionado às suas propriedades.
são feixes de íons positivos produzi- Essa hipótese foi confirmada em 1920 pelo físico inglês James Chadwick (1891-1974), que fazia
dos pela ionização de um gás em bai-
parte da equipe de pesquisas de Rutherford, por meio de medidas das cargas nucleares de vários
xa pressão num tubo de descargas.
elementos químicos, através de experimentos com os raios canais.
O número atômico, Z, é o número de cargas positivas (prótons) existentes no núcleo dos
átomos. O que diferencia um elemento químico de outro é o número de prótons em seu núcleo.
Daí vem o atual conceito de elemento químico:

Elemento químico é um conjunto de átomos com o mesmo número atômico.

PARA AMPLIAR
Características das partículas fundamentais que compõem o átomo.

Partículas fundamentais

Partícula Próton (p) Nêutron (n) Elétron (e−)

massa/kg 1,673 ⋅ 10−27 1,675 ⋅ 10−27 9,110 ⋅ 10−31

massa/u (repouso) 1,00728 1,00866 5,8579 ⋅ 10−4

massa relativa 1 ≅1 ≅0

carga/C (coulomb) +1,602 ⋅ 10−19 0 −1,602 ⋅10−19

carga relativa (euc) +1 0 −1


Para estudar os fenômenos químicos é comum o trabalho com os valores relativos de massa e de
carga elétrica. Esses valores foram estabelecidos tomando-se o próton como padrão.

Isótopos e nêutrons
Em 1913, o químico inglês Frederick Soddy (1877-1956) e o químico norte-americano Theodore
William Richards (1868-1928) descobriram duas massas atômicas diferentes para o chumbo. Quase
ao mesmo tempo, Joseph John Thomson descobriu massas atômicas diferentes para o neônio.

94 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Apesar de terem massas atômicas diferentes, os átomos apresentavam as mesmas proprieda-
des químicas, comprovando serem de um mesmo elemento. Apenas as propriedades físicas que se
relacionavam com a massa eram diferentes.
Deu-se a esse fenômeno o nome isotopia, e aos átomos de um mesmo elemento químico
que apresentavam massas atômicas diferentes chamou-se isótopos (do grego iso, “mesmo”, e tópos,
“lugar”, em referência ao fato de ocuparem o mesmo lugar na tabela periódica).
Isótopos são átomos com o mesmo número de prótons (mesmo número atômico) e diferente
número de massa.
O fenômeno da isotopia ficou sem explicação até 1932, quando novamente Chadwick solucio-
nou a questão ao descobrir uma nova partícula nuclear, obtida como consequência do bombardea-
mento de berílio com partículas alfa.

berílio + partícula α → carbono + nêutron

A partícula descoberta por Chadwick tinha massa praticamente igual à massa do próton (na
realidade um pouco maior) e não tinha carga elétrica, sendo por essa razão denominada nêutron. A
existência dos nêutrons explica tanto a diferença de massas atômicas como a semelhança de com-
portamento químico entre os isótopos.
Praticamente todos os elementos químicos possuem isótopos, naturais e/ou artificiais, obtidos
pelo bombardeamento de núcleos atômicos com partículas aceleradas.

Átomos isótopos possuem o mesmo número de prótons e diferente número de nêutrons.

Os isótopos naturais de um elemento químico são encontrados em proporções praticamente


constantes em qualquer amostra desse elemento na natureza. Os isótopos do elemento químico
hidrogênio são os únicos que possuem nomes próprios, os demais são diferenciados pelo número
de nêutrons que apresentam no núcleo e, por tanto, pela massa:
▶ 11H: prótio ou hidrogênio comum;
▶ 12H: deutério ou hidrogênio pesado; e
▶ 13H: trítio ou hidrogênio superpesado.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ARQUIVO DA EDITORA
Próton

Elétron

Nêutron

1 2 3
1
H: prótio 1
H: deutério 1
H: trítio

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 95


PARA AMPLIAR

DATAÇÃO POR CARBONO-14


O carbono-14 (C14 ), ou radiocarbono, é um isótopo radioativo natural do elemento carbono. Justifica-se o estudo do
tema pelo fato do carbono-14 ser o grande responsável na determinação da idade de fósseis e artefatos de diversos tipos,
como, por exemplo, o sudário de Turim. É utilizado o carbono-14 por apresentar a meia-vida de aproximadamente 5730
anos. Ele é formado nas camadas superiores da atmosfera onde os átomos de nitrogênio-14 são bombardeados por nêutrons
contidos nos raios cósmicos, reagindo com o oxigênio do ar formando dióxido de carbono ( C14O2 ) que é absorvido por
vegetais e seres vivos (FARIAS, 2002).
Segundo (KOTZ, 1999) a quantidade de carbono-14 manteve-se constante nos últimos 20 000 anos. O teor de carbo-
no-14 também é constante nos vegetais e animais. Enquanto vivos, cerca de 15 desintegrações por minuto e por grama de
carbono total, no entanto, quando o vegetal ou animal morre, cessa a absorção de CO2 com carbono-14, e começa o de-
caimento beta do carbono-14. Nesse decaimento, após 5 730 anos, a radioatividade cairá para a metade. Desse modo,
medindo a radioatividade residual do fóssil, podemos calcular a sua idade.
Estudos comprovam que técnica de datação através do carbono-14 tem, contudo, suas limitações. Uma delas é a con-
sideração de que a quantidade total de carbono-14 na atmosfera permaneceu constante ao longo do tempo (acima de 20 000
anos), o que pode não ser totalmente verdadeiro. Além disso, um objeto com “apenas” cem anos de idade não poderia ser
convenientemente datado uma vez que, nesse período de tempo, a quantidade de radiação emitida terá diminuído muito
pouco para ser detectada alguma diferença. Assim a incerteza na medida efetuada será de 100 anos. Além disso, objetos
com mais de 40 000 anos (ou seja, aproximadamente sete “meias-vidas”), também não podem ser datados com grande
segurança, uma vez que após esse lapso de tempo, a radiação emitida terá sido reduzida a praticamente zero. Logo a téc-
nica aplica-se com boa margem de segurança para objetos que tenham entre 100 e 40 000 anos de idade (PEZZO, 2002).
A datação por carbono-14 foi descoberta, nos anos quarenta, por Willard Frank Libby, que recebeu o prêmio Nobel
de Química de 1960, pelo desenvolvimento dessa técnica. Ele percebeu que a quantidade de carbono-14 dos tecidos or-
gânicos mortos diminui a um ritmo constante com o passar do tempo. Esta técnica é aplicável à madeira, carbono, sedi-
mentos orgânicos, ossos, ou seja, todo material que conteve carbono-14 em alguma de suas formas.
Francisco, J.A.S.; Lima, A.A.; Arçari, D.P. Datação por carbono-14. Gestão em foco, mar. 2011. Disponível em: <http://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-
content/uploads/sites/10001/2018/06/1gestao_foco_Carbono14.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018.
FARIAS, ROBISON FERNANDES. A química do tempo: carbono-14. QNESC, v.16, 6-8, Novembro, 2002.
KOTZ, J.C. e TREICHEL Jr., P. Chemistry & chemical reactivity. Nova Iorque: Saunders College Publishing, 1999.
PEZZO, MARIANA. Univerciência. Dezembro, 2002

Radioatividade é um fenômeno natural que consiste na emissão espontânea de partículas ou radiação eletromagnética por determinados
elementos químicos, cujos núcleos se modificam espontaneamente, emitindo partículas alfa (2 prótons + 2 nêutrons), beta (1 elétron) e
outras (neutrinos, pósitron etc.). Quando um átomo emite alguma dessas radiações dizemos que o elemento químico sofreu um decaimento
radioativo, ou seja, o núcleo diminuiu seu número atômico. Esses decaimentos obedecem a uma regra: o tempo médio em que metade dos
átomos de uma certa amostra decaem, formando outro elemento químico, é constante para cada tipo de elemento. A esse tempo damos
o nome de meia-vida.
Assim, como o carbono-14, outros elementos químicos apresentam decaimento radioativo espontâneo. O quadro a seguir apresenta a
meia-vida de outros elementos químicos.

Radioisótopo Meia-vida
Oxigênio-13 8,7 ⋅ 10−3 s
Carbono-15 2,4 s
Tecnécio-99 6,0 h
Xenônio-135 9h
Fósforo-32 32 dias
Fósforo-32 32 dias
Césio-137 30,17 anos
Plutônio-239 2,44 ⋅ 104 anos
Urânio-235 4,5 . 109 anos

96 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Número de massa
Como praticamente toda a massa do átomo está no núcleo, o número de partículas nucleares
(soma dos prótons, p, e dos nêutrons, n) é denominado número de massa, cujo símbolo é a letra A.

A = p + n ou A = Z + n

O número de massa (A) é apenas um número que indica a quantidade de partículas do átomo
cuja massa é relevante. É um número inteiro que indica o total de partículas (prótons + nêutrons)
do núcleo de um átomo.
Por convenção, indicamos o número atômico (Z) do elemento subscrito à esquerda do símbolo
e o número de massa (A), sobrescrito à esquerda (ou eventualmente à direita) do símbolo. Dado um
elemento genérico de símbolo X:

A A
X X
Número de massa

ou
Z Z Número atômico

Os conceitos de número de massa e de massa do átomo são diferentes. A massa do átomo


deveria ser, em princípio, a soma das massas das partículas que constituem o átomo, mas isso não
é verdadeiro.
O que se verifica na prática é que a massa do átomo é sempre menor que a soma das massas
isoladas das partículas que ele possui. Isso acontece porque, quando prótons e nêutrons se reúnem
para formar um núcleo, ocorre uma perda de massa que é transformada em energia. Essa energia é
então utilizada para manter juntos os chamados núcleons (prótons e nêutrons).
Por exemplo, o núcleo de um átomo do elemento químico hélio contém 2 prótons e 2 nêu-
trons. Como a massa de um próton é 1,00728 u, e a de um nêutron é 1,00866 u, deveríamos esperar
que a massa do núcleo de hélio fosse 2 ⋅ (1,00728) + 2 ⋅ (1,00866) = 4,03188 u. Porém, a massa do
núcleo de hélio, observada experimentalmente, é igual a 4,002 u. A diferença de massa (0,02988 u) é
transformada em energia durante a formação de um núcleo de hélio e é utilizada para manter coesos
os 2 prótons e os 2 nêutrons.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Massa atômica
A massa atômica oficial de cada elemento químico (indicada na tabela periódica) é obtida pela
média ponderada das massas atômicas dos isótopos naturais do elemento.
O cálculo da média ponderada é feito pela soma das multiplicações da massa atômica pela
abundância isotópica dividido por 100%.
Por exemplo: o elemento químico magnésio (Mg) cujo número atômico (Z) é igual a 12, possui
três isótopos naturais, relacionados no quadro a seguir.

Isótopos Massa atômica (u) % em massa


24 24
Mg
12
23,9850423 12
Mg = (78,95+/-0,01)%

24 25
Mg
12
24,9858374 12
Mg = (10,02+/-0,01)%

24 26
Mg
12
25,98259370 12
Mg = (11,3+/-0,01)%

A rigor, a massa atômica de cada isótopo isoladamente não é um número inteiro por causa
da massa das partículas do núcleo que se transforma em energia para manter os núcleons coesos.
Entretanto, atribui-se comumente aos isótopos de um elemento químico um valor de massa
atômica (medida na unidade u) igual ao seu número de massa (A).

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 97


Para facilitar os cálculos, arredondam-se os valores, fornecidos pela União Internacional de
Química Pura e Aplicada (IUPAC), para os seguintes:

Isótopos Massa atômica (u) % em massa


24
Mg
12 24 79%
25
Mg
12 25 10%
26
Mg
12 25 11%

A massa atômica oficial do elemento químico magnésio será:

24 u ? 79% 1 25 u ? 10% 1 26 u ? 11%


5 24,32 u
100%

Íons
O próton e o elétron possuem cargas elétricas de mesma intensidade e sinais opostos, por isso
elas se anulam mutuamente.
Todo átomo possui o mesmo número de prótons e de elétrons, portanto, todo átomo é ele-
tricamente neutro.
As substâncias que se formam a partir de um grupo de átomos de elementos químicos iguais
ou diferentes também possuem equilíbrio de carga elétrica, isto é, são eletricamente neutras. Quan-
do um átomo, ou um grupo de átomos, perde a neutralidade elétrica, passa a ser denominado íon.
A neutralidade elétrica é perdida sempre que se perde ou se ganha elétrons. Sabemos que o
número de prótons não varia para átomos de mesmo elemento químico, tanto que o número dessas
partículas identifica o elemento (seu número atômico).
Para que um átomo, ou um grupo de átomos, se transforme em um íon, é preciso que o núme-
ro de elétrons varie. Os íons são classificados quanto ao número de átomos de que são formados e
quanto à carga elétrica, como veremos a seguir.

Íons simples
Cada íon simples é formado por um único átomo. A representação dos íons é feita pelo símbolo
do elemento químico que o originou e pelo valor de sua carga.

Ânions simples
Um átomo pode ganhar elétrons e ficar com excesso de carga negativa, tornando-se um íon
negativo, ou seja, um ânion simples. Por exemplo, um átomo de oxigênio possui 8 prótons (8 cargas
positivas) e 8 elétrons (8 cargas negativas), portanto, é neutro.
Se o átomo de oxigênio ganhar 2 elétrons, ficará com excesso de 2 cargas negativas e se tornará
um ânion bivalente.
+ + + + + + + +
8
O2-
- - - - - - - - - - [carga 2-]

Valência do ânio Exemplo(s) Elétron(s) ganho(s)


Por convenção, a carga elétrica é sobrescrita à direita do símbolo e o
Monovalente F1-, Cl1-, Br1- 1 elétron número que indica a quantidade de carga é escrito antes do sinal.
Veja no quadro ao lado outros exemplos de ânions simples.
Bivalente O2-, S2- 2 elétrons

Trivalente N3-, P3- 3 elétrons

Tetravalente N4- 4 elétrons

98 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Cátions simples
Um átomo pode perder elétrons e ficar com falta de carga negativa, tornando-se um íon simples
positivo, ou seja, um cátion simples.
Por exemplo, um átomo de magnésio possui 12 prótons (12 cargas positivas) e 12 elétrons (12
cargas negativas), portanto, é neutro. Se o átomo de magnésio perder 2 elétrons, ficará com falta de
2 cargas negativas e se tornará um cátion bivalente.
Veja no quadro a seguir outros exemplos de cátions simples:

Valência do ânion Exemplo(s) Elétron(s) perdido(s)

Monovalente Na1+, K1+, Ag1+ 1 elétron

Bivalente Ca2+, Sr2+, Zn2+ 2 elétrons

Trivalente Ca3+, Sr3+, Zn3+ 3 elétrons

Tetravalente Ca4+, Sr4+, Zn4+ 4 elétrons

O fato de determinados elementos químicos ganharem e outros perderem elétrons se deve a


propriedades características de cada elemento, que serão estudadas mais adiante.

Íons compostos
Os íons compostos são formados por um grupo de átomos que, juntos, ganharam ou perderam
elétrons.

Ânions compostos
Um grupo de átomos pode adquirir um ou mais elétrons formando um íon composto negativo,
ou um ânion composto.
Exemplos:
▶ Quando um grupo formado por um átomo de enxofre e quatro átomos de oxigênio apre-
senta dois elétrons em excesso, temos o ânion sulfato, SO42- (ânion composto bivalente).
▶ Quando um grupo formado por dois átomos de fósforo e sete átomos de oxigênio apresenta

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


quatro elétrons em excesso, temos o ânion pirofosfato, P2O74- (ânion composto tetravalente).

Cátions compostos
Um grupo de átomos pode perder um ou mais elétrons, formando um íon composto positivo,
ou um cátion composto.
Exemplos:
▶ Quando um grupo formado por um átomo de nitrogênio e quatro átomos de hidrogênio apre-
senta deficiência de um elétron, temos o cátion amônio, NH4 -1 (cátion composto monovalente).
▶ Quando um grupo formado por três átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio apresenta
deficiência de um elétron, temos o cátion hidrônio, H3O-1 (cátion composto monovalente).

Distribuição eletrônica
Vimos que o modelo proposto por Bohr considera a eletrosfera dividida em níveis de energia.
O nível de energia ocupado pelo elétron caracteriza sua energia potencial (tomando o núcleo como
nível de referência). Elétrons que ocupam níveis de energia mais afastados do núcleo possuem maior
energia potencial e menor estabilidade.
Teoricamente, a eletrosfera de um átomo está dividida em infinitos níveis de energia, mas é
improvável que os níveis muito afastados do núcleo sejam ocupados por elétrons, pois, quanto mais
afastado do núcleo, maior o risco de o elétron ser perdido pelo átomo. Um elétron ocupa determi-
nado nível energético podendo receber energia externa; então, ele absorve essa energia e salta para
um nível mais energético; dizemos, nesse caso, que o átomo se encontra no estado ativado.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 99


Quando não há fornecimento externo de energia, os elétrons se mantêm naturalmente no
estado de mínima energia possível denominado estado fundamental. Para os átomos dos elementos
químicos conhecidos no estado fundamental, há apenas 7 níveis de energia ocupados por elétrons.
Esses níveis de energia, ou camadas eletrônicas, são designados por um número quântico principal n
que assume valores inteiros de 1 a 7 – ou pelas letras maiúsculas K, L, M, N, O, P e Q, respectivamente.
Observe que o modelo de átomo representado anteriormente é esférico. A ilustração abaixo,
semelhante a uma “cebola”, foi feita em corte para mostrar as várias camadas que se sucedem.

ILUSTRAÇÕES: ALEX ARGOZINO/ARQUIVO DA EDITORA


Níveis de energia, 1 2 3 4 5 6 7
ou camadas Aumento de energia nos níveis
Representação das camadas eletrônicas. eletrônicas
K L M N O P Q

Cada nível de energia n pode abrigar um número máximo de elétrons. Esse número é calculado
pela equação de Rydberg, que recebe esse nome por ter sido deduzida pelo físico sueco Johannes
Robert Rydberg (1854-1919).

Número máximo de elétrons por nível = 2 ⋅ n2

A letra n na equação de Rydberg representa o número do nível. Calculando o número máximo


de elétrons para cada nível, temos:

Número do nível de energia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 ...


-
Número máximo de e 2 8 18 32 50 72 98 128 162 ...

Lembre-se de que o modelo atômico de Bohr explicava satisfatoriamente o átomo de hidrogê-


nio, que possui apenas 1 elétron ao redor do núcleo, mas falhava ao explicar os átomos dos demais
elementos, que possuem um número maior de elétrons.
Subníveis de energia
Sommerfeld, em seu modelo, propôs com base em experimento que cada nível de energia n
está dividido em n subníveis. Esses subníveis são designados por números inteiros que vão de zero até
(n − 1) para cada valor de n e são denominados números quânticos secundários ou azimutais, l.
O subnível de energia está relacionado ao movimento que o elétron descreve ao redor do núcleo e,
portanto, fornece sua energia cinética.
Nível de energia n51 n52 n53 n54
l50
l50 l50
l50

Subnível de energia
l51
l51 l52

l51 l52 l53

100 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Os átomos, com número atômico de 1 a 120, no estado fundamental, possuem apenas 4 tipos de
subníveis ocupados por elétrons. Esses subníveis estão relacionados às linhas do espectro dos elementos
(estrutura fina) e são representados pelas letras iniciais dos nomes que caracterizam essas linhas:
▶ A letra s vem do inglês sharp, que indica linhas nítidas, brilhantes.
▶ A letra p vem de principal, que significa linhas principais.
▶ A letra d vem de diffuse, que indica linhas difusas.
▶ A letra f vem de fine, que indica linhas finas.
Os demais subníveis, que teoricamente seriam ocupados por átomos com Z ≥121 ou por áto-
mos no estado ativado, são indicados pelas letras seguintes do alfabeto: g, h, i, j, e assim por diante.
O quadro a seguir fornece um resumo dos subníveis relacionados a cada nível de energia. Veja:

Quantidade Número quântico Letra que representa


Nível
de subníveis do subnível cada subnível
1 1 subnível 0 s
2 2 subníveis 0, 1 s, p
3 3 subníveis 0, 1, 2 s, p, d
4 4 subníveis 0, 1, 2, 3 s, p, d, f
5 5 subníveis 0, 1, 2, 3, 4 s, p, d, f, g
6 6 subníveis 0, 1, 2, 3, 4, 5 s, p, d, f, g, h
7 7 subníveis 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 s, p, d, f, g, h, i

A notação utilizada para indicar o número de elétrons em um nível e subnível é a seguinte:


escreve-se o número do nível e, ao lado, a letra do subnível; o número de elétrons é sobrescrito à
direita da letra do subnível.
Exemplos:
▶ 1s2 – indica que há 2 elétrons no subnível s do nível 1.
▶ 3p4 – indica que há 4 elétrons no subnível p do nível 3.
▶ 5d7 – indica que há 7 elétrons no subnível d do nível 5.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Podemos deduzir o número máximo de elétrons que pode ocupar cada subnível de energia por
meio de um raciocínio lógico. Acompanhe:
▶ o primeiro nível de energia (nível 1) pode ser ocupado por 2 elétrons e possui apenas 1
subnível, o s; então, o número máximo de elétrons no subnível s é 2;
▶ o segundo nível de energia (nível 2) pode ser ocupado por 8 elétrons no máximo e possui
2 subníveis, o s e o p. No subnível s, o número máximo de elétrons é 2, então no subnível p
o número máximo de elétrons é 6 (o que falta para 8).
Seguindo esse raciocínio, é possível deduzir o número máximo de elétrons para os demais
subníveis, conforme mostra o quadro a seguir.

Número máximo de elétrons Número máximo de elétrons


Nível
no nível em cada subnível
1 2 ⋅ 12 = 2 s2
2 2 ⋅ 22 = 8 s2, p6
3 2 ⋅ 32 = 18 s2, p6, d10
4 2 ⋅ 42 = 32 s2, p6, d10, f 14
5 2 ⋅ 52 = 50 s2, p6, d10, f 14, g18
6 2 ⋅ 62 = 72 s2, p6, d10, f 14, g18, h22
7 2 ⋅ 72 = 98 s2, p6, d10, f 14, g18, h22, i26

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 101


Ordem de energia dos subníveis
Com base em um estudo mais detalhado da energia dos elétrons de um átomo, o cientista
alemão Erwin Madelung (1881-1972) desenvolveu empiricamente um diagrama de energia no qual
o aumento de energia é dado pelas setas paralelas a partir da primeira diagonal.
A “distribuição de elétrons” no átomo deve ser feita necessariamente em ordem de energia,
que é indicada pelas setas no diagrama. Fazendo a distribuição dos elétrons nesse diagrama para o
elemento artificial copernício de Z = 112 (112Cn) respeitando o número máximo de elétrons que
apresentam mesma energia potencial e cinética, temos:

ARQUIVO DA EDITORA
K: 1s2
L: 2s2 2p6
M: 3s2 3p6 3d10
N: 4s2 4p6 4d10 4f 14
O: 5s2 5p6 5d10 5f 14
P: 6s2 6p6 6d10
Q: 7s2

O diagrama é corriqueiramente chamado diagrama de Linus Pauling, no entanto, como mos-


tramos, ele é consequência da regra de Madelung. Assim, embora toda a justificativa teórica da
elaboração do diagrama tenha sido feita por Madelung, como a regra ficou popular quando foi
apresentada por Pauling, que não citou ter usado o trabalho de Madelung como fonte, o diagrama
ficou conhecido como diagrama de Linus Pauling.

Elétrons mais energéticos e elétrons de valência


A distribuição eletrônica em ordem energética termina com os elétrons mais energéticos do
átomo no estado fundamental, aqueles que possuem a maior energia potencial e cinética que não
são necessariamente os mais externos do átomo.
Uma vez distribuídos, porém, esses elétrons ficam dispostos uns em relação aos outros em de-
terminada ordem geométrica, que é indicada apenas pela ordem de energia potencial, ou seja, pelo
valor de n, e termina com os elétrons mais externos do átomo.
O nível de energia mais externo de um átomo no estado fundamental é denominado cama-
da de valência, que é ocupada pelos elétrons de valência. Observe o exemplo a seguir com o ele-
mento ferro:

ARQUIVO DA EDITORA
1s2
Distribuição eletrônica do átomo de ferro
(Z = 26) no diagrama de energia: 2s2 2p6
3s2 3p6 3d6
26 Fe56 : Z = 26 ∴ e- = 26. 4s2
Escrevendo a distribuição eletrônica por extenso em
ordem crescente de energia (ordem das diagonais), temos:
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6.
Os elétrons mais energéticos do átomo de ferro no estado fundamental são os que possuem
o estado de energia: 3d6. Escrevendo a distribuição por extenso em ordem geométrica (ordem cres-
cente de n, como vemos a seguir), temos: 1s2 / 2s2 2p6 / 3s2 3p6 3d6 / 4s2.
A camada de valência (a última camada), observada após o preenchimento dos elétrons em
ordem geométrica, contém os elétrons mais externos: 4s2. Logo, o átomo de ferro possui 2 elétrons
de valência no nível 4, no estado fundamental.

102 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA CONSTRUIR
1 O Cálcio é um elemento químico que está presente em vá- 3 (UCS-RS)
rios produtos alimentícios, em diferentes concentrações. Lei-
H7 H7
te e ovos são fontes importantes desse elemento, disponibi- A toxicidade do mercúrio, Hg, já é conhecida de
lizando-o na forma de íons Ca2+. Sabendo-se que o número longa data, e não se tem notícia de que ele seja essen-
atômico (Z) do Ca é 20 e o seu número de massa (A) é 40, cial ao organismo humano. Devido ao elevado teor
responda: desse metal em lâmpadas fluorescentes, elas consti-
a) Qual é o número de elétrons do íon Ca2+? tuem um problema ambiental quando descartadas de
forma inadequada. Felizmente, a quantidade de mer-
Resposta: 18 elétrons.
cúrio nessas lâmpadas vem diminuindo com o decor-
rer dos anos. Segundo a Nema (National Electrical
Manufacturers Association), a quantidade de mercúrio
em lâmpadas fluorescentes, entre 1995 e 2000, foi re-
b) Qual é a configuração eletrônica do Cálcio no estado duzida em cerca de 40%.
fundamental? DURÃO JÚNIOR, W. A.; WINDMÖLLER, C. C.
A questão do mercúrio em lâmpadas fluorescentes.
Resposta: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2. Química Nova na Escola, n. 28, mai. 2008. p. 15-19 (Adapt.).

A distribuição eletrônica para o mercúrio elementar é:


2+
c) Qual é a diferença entre Ca e Ca? Dados: 18Ar; 36Kr; 54Xe; 86Rn
Resposta: o número de elétrons, o íon Ca2+ apresenta 2 a) [Kr] 4d10 5p6.
elétrons a menos que o Ca. b) [Ar] 3d10 4p4.
c) [Rn] 5f14 6d6.
d) [Xe] 6s2 4f14 5d10.
e) [Ne] 6d10 5f14 7p2. Resposta: alternativa d.
4 Leia o texto e faça o que se pede.
2 O elemento químico polônio (Po) foi isolado pela primeira
H7
vez em 1898, por Marie Curie. Ele recebeu esse nome, em re- Pesquisadores recuperaram DNA de ossos de mamute

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


H7
ferência ao país Polônia, a terra natal da cientista. O polônio H28 (Mammuthus primigenius) encontrados na Sibéria, que
H foi descoberto a partir do minério de urânio, chamado de
2 8 tiveram sua idade de cerca de 28 mil anos confirmada
pechblenda. É um elemento raro e extremamente radioati- pela técnica do CARBONO-14.
vo. O número atômico é 84 e a massa, 210. Sobre o Po, faça FAPESP. DNA do mamute é revelado. Disponível em: <http://
o que se pede. agencia.fapesp.br>. Acesso em: 13 ago. 2012(adaptado).

a) Qual é a sua distribuição eletrônica no estado funda-


mental? Realize uma pesquisa sobre a datação de carbono e res-
2 2 6 2 6 2 10 6
Resposta: 1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 2 10 6 2 14 ponda:
5d10 6p4. ▶ Como é possível fazer a técnica de datação apresentada
no texto?
Resposta: pela proporção conhecida entre carbono-14 e
carbono-12 na atmosfera ao longo dos anos.

b) Qual é seu subnível mais energético?


Resposta: 6p4.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 103


FAÇA VOCÊ MESMO
1 O Carbono-12 é o mais abundante de todos os isótopos c) Propriedades do oxigênio.
do elemento carbono, com uma ocorrência relativa na Respostas possíveis: gás incolor e inodoro, se liquefaz a
H7
natureza de 98,94%. O carbono-14, C14 ou radiocarbono −183 °C, pode ser encontrado nas formas de gás oxigênio
H28 é um isótopo radioativo natural do elemento carbono. (O2) e gás ozônio (O3) etc.
Além disso, há vários alótropos de carbono, que apresen-
tam características físicas bastante distintas.
Sobre o carbono, responda:
a) Quais as diferenças de composição entre os átomos de
carbono-12 e carbono-14?
Resposta: Carbono-12: 6 prótons, 6 nêutrons e 6 elétrons. 3 (Enem) Os núcleos dos átomos são constituídos de prótons
e nêutrons, sendo ambos os principais responsáveis pela sua
Carbono-14: 6 prótons, 8 nêutrons e 6 elétrons. H1
massa. Nota-se que, na maioria dos núcleos, essas partículas
b) O que é alotropia? Quais são os alótropos de carbono
não estão presentes na mesma proporção. O gráfico mostra
mais conhecidos?
a quantidade de nêutrons (N) em função da quantidade de
Resposta: propriedade de alguns elementos químicos prótons (Z) para os núcleos estáveis conhecidos.
de formar uma ou mais substâncias simples diferentes,
O antimônio é um elemento químico que possui 50 pró-
dependendo da forma como os átomos estão arranjados. Os
tons e possui vários isótopos – átomos que só se diferem
alótropos de carbono mais conhecidos são: grafite, diamante pelo número de nêutrons.
e carbono amorfo.
160

25
c) Pesquise sobre os usos industriais do carbono.

26
24

0
0
150

22

23
Respostas esperadas: uso de carbono presente em Núcleos estáveis

0
140

20

21
0

0
hidrocarbonetos, derivados do petróleo e gás natural; 130

19
18

0
0
indústria de nanotecnologia; siderurgia; indústria farmacêutica 120

17
0
(carvão ativado); produção de energia, etc. 110

16
15

0
0
100
Número de nêutrôns (N)

14
13

0
0
90
12
0

80
2
11
10

O oxigênio é uma das matérias primas mais importantes para


0
0

70
a indústria química, sendo utilizado em diversos processos
90

H2 8 60
de reação química, otimizando reações e interagindo com
80
70

50
outros compostos químicos. Além da indústria química, o Z = N para os núcleos sobre esta linha
60

40
oxigênio é importante para outros ramos industriais. Sobre o
50

30
elemento oxigênio, faça o que se pede.
40
30

20
a) Faça a distribuição eletrônica do oxigênio. Quantos elé-
20

10
10

trons apresenta na camada de valência?


0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Resposta: 1s2, 2s2, 2p4. Apresenta 6 elétrons na camada de Número de prótons (Z)

valência.
De acordo com o gráfico, os isótopos estáveis do antimô-
nio possuem:
b) Pesquise outras indústrias em que o oxigênio é utilizado.
a) entre 12 e 24 nêutrons a menos que o número de prótons.
Resposta pessoal. As respostas podem conter: indústria
b) exatamente o mesmo número de prótons e nêutrons.
farmacêutica: branqueamento, combustível para detecção
c) entre 0 e 12 nêutrons a mais que o número de prótons.
de chamas; papel e celulose: diversos processos como
deslignificação e outras etapas de produção; indústria naval:
d) entre 12 e 24 nêutrons a mais que o número de prótons.
corte de aço; entre outros.
e) entre 0 e 12 nêutrons a menos que o número de prótons.
Resposta: alternativa d

104 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


A TABELA PERIÓDICA
Todo o conhecimento acumulado no século XVIII sobre o comportamento dos elementos
químicos chamou a atenção de vários cientistas para a semelhança de propriedades de certos grupos
de elementos. Essa constatação gerou várias tentativas de classificar os elementos em função dessa
semelhança de propriedades.
A tabela periódica moderna apresenta os elementos químicos dispostos em ordem crescente
de números atômicos de modo a formar sete períodos (linhas) e dezoito grupos ou famílias (colunas).

Tabela Periódica atual


Elementos representativos: nome das famílias

1. Metais alcalinos (exceto o hidrogênio)


2. Metais alcalinoterrosos
13. Família do boro
14. Família do carbono
15. Família do nitrogênio

os
od
16. Calcogênios


Pe
1 18
17. Halogênios
₁H 18. Gases nobres ₂He 1o
2 13 14 15 16 17

₃Li ₄Be Famílias ou grupos (colunas) ₅B ₆C ₇N ₈O ₉F ₁₀Ne 2o

₁₁Na ₁₂Mg 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 ₁₃Al ₁₄Si ₁₅P ₁₆S ₁₇Cl ₁₈Ar 3o

₁₉K ₂₀Ca ₂₁Sc ₂₂Ti ₂₃V ₂₄Cr ₂₅Mn ₂₆Fe ₂₇Co ₂₈Ni ₂₉Cu ₃₀Zn ₃₁Ga ₃₂Ge ₃₃As ₃₄Se ₃₅Br ₃₆Kr 4o

₃₇Rb ₃₈Sr ₃₉Y ₄₀Zr ₄₁Nb ₄₂Mo ₄₃Tc ₄₄Ru ₄₅Rh ₄₆Pd ₄₇Ag ₄₈Cd ₄₉In ₅₀Sn ₅₁Sb ₅₂Te ₅₃I ₅₄Xe 5o

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


os

₅₅Cs ₅₆Ba ₇₂Hf ₇₃Ta ₇₄W ₇₅Re ₇₆Os ₇₇Ir ₇₈Pt ₇₉Au ₈₀Hg ₈₁Tl ₈₂Pb ₈₃Bi ₈₄Po ₈₅At ₈₆Rn 6o
íde
tan
Lan

₈₇Fr ₈₈Ra ₁₀₄Rf ₁₀₅Db ₁₀₆Sg ₁₀₇Bh ₁₀₈Hs ₁₀₉Mt ₁₁₀Ds ₁₁₁Rg ₁₁₂Cn Uut ₁₁₄Fl Uup ₁₁₆Lv Uus Uus 7o
os
íde

284 288 294 294


in
Act

6o período: lantanídeos ₅₇La ₅₈Ce ₅₉Pr ₆₀Nd ₆₁Pm ₆₂Sm ₆₃Eu ₆₄Gd ₆₅Tb ₆₆Dy ₆₇Ho ₆₈Er ₆₉Tm ₇₀Yb ₇₁Lu

7o período: actinídeos ₈₉Ac ₉₀Th ₉₁Pa ₉₂U ₉₃Np ₉₄Pu ₉₅Am ₉₆Cm ₉₇Bk ₉₈Cf ₉₉Es ₁₀₀Fm ₁₀₁Md ₁₀₂No ₁₀₃Lr

Elementos representativos. Elementos de transição interna.

Elementos de transição ou transição externa. Elementos considerados à parte. Não correspondem a


nenhuma classificação na Tabela Periódica.

Com base na União Internacional da Química Pura e Aplicada


(IUPAC), atualização em dezembro de 2018.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 105


A Tabela e o diagrama de energia
As propriedades químicas dependem diretamente do número de elétrons na camada de valên-
cia do átomo no estado fundamental. O número de elétrons na camada de valência determina não
só os tipos de ligação entre os átomos para formar substâncias como também as propriedades e os
tipos de reação que essas substâncias apresentam. Isso nos leva à conclusão de que as propriedades
químicas dos elementos podem ser previstas com base na distribuição eletrônica do átomo no
estado fundamental. Concluímos então que o diagrama de energia fornece indicações claras para a
distribuição eletrônica e, portanto, sobre as propriedades químicas dos elementos.
A primeira relação entre Tabela Periódica e eletrosfera é a seguinte:
▶ o número n de níveis de energia preenchidos com os elétrons do átomo no estado funda-
mental indica o período da tabela ocupado pelo elemento.
Observe os exemplos no quadro a seguir:

Distribuição eletrônica no estado fundamental Níveis de energia ocupados Período que ocupa na Tabela
Elemento
em ordem geométrica por elétrons Periódica
12
Carbono C: 1s2/2s2 2p2
6
2 níveis de energia 2o período
24
Magnésio Mg: 1s2/2s2 2p6/3s2
12
3 níveis de energia 3o período
48
Titânio 22
Ti: 1s2/2s2 2p6/3s2 3p6 3d2/4s2 4 níveis de energia 4o período
184
Tungstênio 74
W: 1s2/2s2 2p6/3s2 3p6 3d10/4s2 4p6 4d10 4f 14/ 5s2 5p6 5d4/6s2 6 níveis de energia 6o período

A segunda relação entre a Tabela e o diagrama de energia é:


▶ O elétron mais energético do átomo no estado fundamental indica a coluna vertical ou
família do elemento e classifica os elementos em um dos seguintes grupos: representativos,
de transição (externa) ou de transição interna.

Elementos representativos
Sendo n o nível mais externo do átomo no estado fundamental de cada elemento químico, temos:
▶ Família 1 ou metais alcalinos: possuem 1 elétron no último nível de energia e configura-
ção eletrônica terminando em ns1 (com n ≠ 1). As substâncias simples formadas por esses
elementos apresentam propriedades bastante semelhantes. Em condições ambientes são
todos sólidos de cor prateada. Em função dessa alta reatividade, nenhum metal alcalino
é encontrado livre na natureza; são encontrados normalmente na forma de compostos
dissolvidos na água e são obtidos como substâncias simples pela decomposição desses
compostos por eletrólise. Para se conservarem na forma metálica, precisam ser guardados
imersos em óleo mineral ou querosene (para impedir o contato com o ar e a umidade).
Formam cátions monovalentes: cátion1+.

SCIENCEPHOTOS/ ALAMY/ FOTOARENA


SHUTTERSTOCK / ILYA ANDRIYANOV

O sódio que compõe o cloreto de sódio é um


metal alcalino. Sódio metálico.

106 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


▶ Família 2 ou metais alcalinoterrosos: possuem 2 elétrons no último nível de energia
e configuração eletrônica terminando em ns2 (com n ≠ 1). Na forma de substâncias
simples, em condições ambientes, são sólidos prateados e de baixa dureza e também

24
ERSTOCK / BITT
podem ser cortados com uma faca. Os metais alcalinoterrosos não são encontrados
livres na natureza e sim na forma de compostos dissolvidos na água ou participando
da composição de rochas e minerais. São obtidos como substâncias simples pela

SHUTT
eletrólise de seus compostos. São guardados imersos em óleo mineral ou querosene
para se conservarem na forma metálica. Formam cátions bivalentes: cátion2+.
▶ Família 13 ou família do boro: possuem 3 elétrons no último nível de energia e con-
figuração terminando em ns2 np1. As substâncias simples formadas por esses elementos
são sólidas em condições ambientes. Não reagem com a água, mas reagem com o oxigênio
de forma branda formando compostos do tipo X2O3 (em que X é um elemento genérico
dessa família). Possuem tendência a formar cátions trivalentes: cátion3+. O magnésio, pertencente à família 2,
é um metal fundamental para o bom
funcionamento do organismo e está

SHUTTERSTOCK / MAKS NARODENKO

SHUTTERSTOCK / PHONLAMAI PHOTO


presente em diversos alimentos.

O abacate é um alimento rico em boro. Embora


seja pouco mencionado, ele é essencial para o
nosso organismo, e por isso é tão importante que O alumínio também faz parte da família 13 e tem
ele esteja presente na nossa alimentação diária. ampla utilização na indústria.

SHUTTERSTOCK / MARQUES
▶ Família 14 ou família do carbono: possuem 4
elétrons no último nível de energia e configuração
terminando em ns2 np2.Todos os elementos
dessa família são sólidos em condições

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ambientes de temperatura e pressão.
Possuem tendência a formar cátions
bivalentes, cátion2+, ou tetravalentes,
cátion4+ (principalmente o estanho e As fibras de carbono têm sido
utilizadas na fabricação de
o chumbo) embora o cátion tetrava- bicicletas devido a sua alta
lente seja mais raro. resistência e a sua leveza.
▶ Família 15 ou família do nitrogênio: possuem 5 elétrons no último nível de energia e
configuração terminando em ns2 np3. O nitrogênio é o único elemento da família que é
gás em condições ambientes, os demais são sólidos. O nitrogênio, o fósforo e o arsênio
possuem tendência a formar ânions (íons negativos) trivalentes: ânion3−.
SHUTTERSTOCK / KABAND

O nitrogênio é líquido à temperatura de -196°C e pressão de 1 atm.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 107


▶ Família 16 ou família dos calcogênios: possuem 6 elétrons no último nível de energia e
configuração terminando em ns2 np4. O oxigênio é o único elemento da família que se apre-
senta na fase gasosa em condições ambientes, os demais são sólidos. Possuem tendência a
formar ânions bivalentes: ânion2−.

SHUTTERSTOCK / EVAN LORNE


O selênio, da família 16, é um excelente antioxidante e está presente em diversos alimentos.

▶ Família 17 ou família dos halogênios: possuem 7 elé-


trons no último nível de energia e configuração termi-
nando em ns2 np5. Em condições ambientes, o flúor e
o cloro são gases, o bromo é líquido e o iodo é sólido.
O astato é muito raro e provém da desintegração O cloro é
utilizado na
radioativa do urânio e do tório. Os halogênios não fabricação
são encontrados na natureza na forma de substân- de produtos

K / GT S
cias simples. São muito reativos, embora a reativida- de limpeza,

SHUTTERSTOC
de diminua um pouco com o aumento do número para tratamento
de água, e na
atômico. São obtidos como substâncias simples pela fabricação
decomposição de certos compostos por eletrólise. do ácido
Formam ânions monovalentes: ânion1-. clorídrico (HCl).
▶ Família 18 ou gases nobres: o hélio possui apenas o primeiro nível de energia com 2 elé-
trons e sua configuração é 1s2. Os demais elementos possuem 8 elétrons no último nível de
energia e configuração terminando em ns2 np6. A principal propriedade é a inércia química.
São os únicos elementos encontrados na natureza na forma de átomos isolados. Todos os
gases nobres são encontrados no ar atmosférico em quantidades que variam entre 0,93%
em volume (argônio) e 6 . 10-18 % em volume (radônio) e, com exceção do radônio, são
obtidos pela destilação fracionada do ar atmosférico líquido.

SHUTTERSTOCK / OLEKSIY MARK

O xenônio é um gás nobre que tem sido utilizado em lâmpadas de veículos.

108 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Elementos de transição externa
Os elementos de transição ocupam as famílias 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.
Por definição são aqueles que possuem o elétron mais energético do átomo no estado fun-
damental em um subnível d incompleto, ou seja, que tem configuração eletrônica terminando em:
ns2 (n - 1) d1 até 8.
Assim, os elementos possuem 2 elétrons de valência, ou seja, 2 elétrons no último nível de
energia preenchido e a diferença de um elemento de transição para outro é um elétron a mais no
penúltimo nível de energia.
Lembrando que os elementos que ocupam o mesmo período possuem o mesmo número de
níveis de energia. Podemos concluir que as propriedades dos elementos de transição que ocupam
um mesmo período são muito semelhantes, porque todos possuem o mesmo número de níveis de
energia e o mesmo número de elétrons de valência.
Em alguns casos, essa semelhança de propriedades entre elementos de um mesmo período
supera a observada entre elementos de uma mesma família. A presença de um número relativa-
mente baixo de elétrons de valência (elétrons mais externos) faz com que esses elementos tenham
características típicas de metais, embora, ao contrário dos metais alcalinos e alcalinoterrosos, sejam
sólidos duros e quebradiços, com algumas exceções como o mercúrio, por exemplo, que é líquido.
Observações:
1a) Nos elementos que possuem configuração ns2 (n − 1)d9, Cu, Ag e Au, um elétron do sub-
nível s sofre uma transição eletrônica para o subnível d, de modo a adquirir a configuração
ns1 (n − 1)d10.
2a) Os elementos que apresentam configuração ns2 (n − 1)d10, Zn, Cd e Hg, também possuem
o subnível d completo e, assim, devem ser considerados à parte (não são elementos de
transição externa).
Outra classificação dos elementos químicos que deve ser considerada é a que divide os elemen-
tos em metais, não - metais, semimetais e gases nobres, de acordo com suas propriedades. Uma
tabela periódica mostrando essa distribuição é apresentada a seguir.

LAB212
1 18

K 2 13 14 15 16 17 Metais

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


M 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Ametais

O Semimetais

Q Gases nobres

Lantanídeos

Actinídeos

PARA AMPLIAR
Propriedades periódicas
Caráter metálico Caráter não
crescente metálico crescente Reatividade Densidade IA IIA Volume atômico
P.F.
LAB212

x x x
x x x P.E.
x x x Os W

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 109


PARA AMPLIAR

A fórmula do corpo
Pegue 21 elementos da tabela periódica da Química. Carregue nas porções de oxigênio,
nitrogênio, hidrogênio e carbono e dê uma pitadinha dos 17 que faltam. Assim é preparado
o corpo humano, uma combinação metabólica feita na medida certa. Mas, cuidado: se faltar
algum item nesta receita, a mistura pode desandar...
Olhando, ninguém diz, mas 60% do nosso corpo é oxigênio. Se adicionarmos carbono,
hidrogênio e nitrogênio, temos 95% da massa total do ser humano, que inclui os 42 litros de
água que circulam em um organismo adulto. São os átomos desses quatro elementos combi-
nados que formam as moléculas de proteína, gordura e carboidrato, os tijolos que constróem
todos os nossos tecidos. Por isso, os quatro são chamados de elementos de constituição. Mas
tudo não passaria de um grande amontoado de moléculas sem os outros 5%.[...]
1 – Flúor dá boas mordidas
Os dentes, que também são ossos, são compostos por fosfato de cálcio. O flúor se com-
bina com essa substância formando uma outra, chamada fluoropatita, muito mais resistente.
Com isso as bactérias da boca não conseguem fazer seu trabalho sujo e os dentes ficam pro-
tegidos
2 – Potássio ajuda contração muscular
O potássio é um dos principais responsáveis na contração e no relaxamento dos múscu-
los. Ele fica do lado de dentro da célula e troca de lugar com o sódio, que está na parte de fora,
quando um impulso nervoso enviado pelo cérebro chega ao músculo. Isso permite que ele se
contraia. O processo ocorre não só nos movimentos voluntários, mas também nos batimentos
cardíacos. Se houver falta ou excesso de potássio, o coração pode parar.
3 – Sódio é o controlador das águas
Dos 42 litros de água existentes no corpo, dois terços estão dentro das células e o resto
no sangue e outros fluidos. O sódio é quem regula o balanceamento da água, tirando das
células, por osmose (quando o fluido passa de um meio menos concentrado para um mais
concentrado), e jogando na corrente sangüínea. Assim, se mantém o volume de sangue em
circulação. Junto com o potássio, regula também a contração muscular.
4 – Cobre não deixa você derreter
Se o organismo produzisse toda a energia que precisa de uma única vez, o calor gerado
seria tanto que o corpo “pegaria fogo”. O cobre localizado na membrana da mitocôndria
(estrutura da célula onde é produzida a energia) faz com nosso combustível seja liberado aos
poucos.
5 – Cálcio trabalha como porteiro
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano. Uma pessoa que pese 70 quilos
tem entre 1 e 1,5 quilo de cálcio no organismo, sendo que 99% dele participa da formação
dos ossos. O restante funciona como leão-de- chácara da célula: ele fica na membrana e decide
o que entra e o que sai.
6 – Selênio na cola dos radicais
O papel do selênio no organismo não está totalmente esclarecido, mas é certo que ele
faz parte das enzimas destruidoras de radicais livres, moléculas instáveis liberadas durante
a produção de energia que estão prontas para se ligarem com quem cruzar na sua frente.
Os radicais são acusados de causar o envelhecimento e várias doenças, como problemas
no coração.

7 – Manganês auxilia crescimento


O manganês faz parte das enzimas que disparam as reações químicas responsáveis pelo
amadurecimento celular. Sem ele, o feto não se desenvolve perfeitamente. Além disso, ele
ajuda o selênio a expulsar os radicais livres.

110 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


8 – Molibdênio cria a boa gordura
O molibdênio ajuda em várias reações químicas que acontecem dentro do organismo.
Uma delas é fazer com que a gordura ingerida com os alimentos seja transformada em outro
tipo, que possa ser aproveitado pelo organismo. Ajuda também na eliminação de radicais
livres.
9 – Ferro caça oxigênio
O ferro é um dos principais componentes da hemoglobina, o pigmento das células
vermelhas do sangue. É ele quem agarra o oxigênio captado pelos pulmões e o carrega para
o restante do corpo.
10 – Com zinco não tem bolha
Quando as células produzem energia, liberam gás carbônico, que segue pela corrente
sangüínea. Só que qualquer gás no sangue forma bolhas, e isso seria a morte. Só o zinco
pode evitar que o corpo se transforme em uma imensa garrafa de refrigerante. Ele faz com
que o gás carbônico fique em estado líquido, não oferecendo risco. Além disso, junto com
o cobalto, o zinco ajuda a transformar as proteínas dos alimentos em outras que possam ser
aproveitadas pelo organismo.
11 – Iodo é bom de ritmo
Os hormônios produzidos pela glândula tireóide regulam a velocidade de todo o meta-
bolismo do corpo e controlam o fluxo de energia. Para que eles possam exercer essa função
têm que estar ligados a três ou quatro átomos de iodo
12 – Fósforo, o guardião dos genes
O fósforo é indispensável para a formação do DNA, supermolécula que guarda as
informações genéticas. Ela é constituída por blocos chamados nucleotídeos que, para exis-
tirem, precisam se ligar a um açúcar e a um ácido fosfórico. Além disso, o fósforo é um
dos elementos que formam as moléculas de ATP (adenosina trifosfato), proteína que estoca
energia no corpo.
13 – Magnésio mantém energia
Para que o ATP (molécula que armazena energia) se forme é indispensável a presença
de magnésio, que está sempre ligado a um fosfato, sal ou ácido que contém fósforo. Sem o
magnésio é impossível guardar energia na célula

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


14 – Cobalto na vitamina
Este elemento químico é um dos componentes da vitamina B12, uma das formadoras
das células vermelhas do sangue. A falta de cobalto leva à anemia.
15 – Cromo ajuda a insulina
O papel do cromo no organismo não é totalmente conhecido, mas sabe-se que ele
participa, junto com a insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, na metabolização do
açúcar dentro do organismo.
16 – Enxofre elimina metais pesados
O corpo pode ser intoxicado por metais pesados como o mercúrio, usado no garimpo
do ouro, ou o chumbo da gasolina. O papel do enxofre é transformar uma parte desses
tóxicos em compostos solúveis em água, ajudando na sua eliminação.
17 – Cloro, o do contra
Para que as reações químicas dentro do organismo possam ocorrer, os fluidos devem
ser sempre neutros, ou seja, não ter carga negativa nem positiva. Sempre que aparece uma
carga positiva sobrando, o cloro, que é negativo, entra em ação para neutralizá-la e refazer
o equilíbrio.

ALDRIDGE, Susan; LUCÍRIO, Ivonete D. A fórmula do corpo. Superinteressante.


Disponível em:< https://super.abril.com.br/ciencia/a-formula-do-corpo/>. Acesso em: 2 jan. 2020.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 111


PARA CONSTRUIR
1 (Ufmg) O quadro a seguir apresenta alguns dos principais Família do carbono: possuem 4 elétrons no último nível de
elementos constituintes do corpo humano e a sua participa- energia. Todos os elementos dessa família são sólidos em
H1
ção na massa total. condições ambientes de temperatura e pressão.
H7 Calcogênios: possuem 6 elétrons no último nível de energia.
Elemento químico Fração da massa total (%)
O oxigênio e o único elemento da família que se apresenta na
O 64,6
fase gasosa em condições ambientes, os demais são sólidos.
C 18,0
3 (Cesgranrio) A gota ocorre quando há muito ácido úrico no
H 10,0 sangue, nos tecidos e na urina. O ácido úrico cristaliza-se nas
H7
N 3,1 articulações, agindo como abrasivo e causando sensibilidade
Ca 1,9 H2 e dor. O ácido úrico é um subproduto de determinados ali-
8
mentos, portanto, esse problema está intimamente relacio-
P 1,1 nado à alimentação. As purinas, por exemplo, são constituin-
Cl 0,40 tes das nucleoproteínas das quais é derivado o ácido úrico.
K 0,36 Com relação à gota, o texto abaixo faz outras recomenda-
ções sobre os suplementos nutricionais.
S 0,25
Suplemento: Complexo B mais ácido fólico.
Na 0,11
Comentários: Evite ingestão de niacina; ácido fólico é im-
Mg 0,03 portante no metabolismo de nucleoproteína.
Com relação aos dados apresentados no quadro, assinale a Suplemento: Vitamina C.
alternativa INCORRETA. Comentários: Reduz ácido úrico plasmático.
a) O metal com a maior fração da massa é alcalinoterroso. Suplemento: Germânio.
b) O hidrogênio, em números de átomos, é mais abundan- Comentários: Alivia a dor; reduz a sensibilidade.
te que o oxigênio. Suplemento: Vitamina E.
c) O quadro apresenta quatro metais. Comentários: Neutraliza radicais livres e melhora a circulação.
d) O quadro apresenta dois halogênios. Suplemento: Zinco.
Resposta: alternativa d.
Comentários: É importante no metabolismo de proteínas e
2 O silicato de magnésio é um talco mineral de constituição na regeneração de tecidos.
inorgânica, quimicamente inerte, extraído de jazidas. É uti- Suplemento: Cálcio e Magnésio(quelado).
H24
lizado na indústria como antiempedrante na produção de Comentários: Funcionam durante o sono.
fertilizantes, como aditivos em tintas, plásticos, borracha e
Suplemento: Vitamina A.
cerâmica. Sobre o silicato de magnésio, responda:
Comentários: É poderoso antioxidante.
a) O silicato de magnésio é formado por elementos quími-
A respeito dos elementos químicos indicados no texto de
cos pertencentes a quais famílias da tabela periódica?
suplementos nutricionais e que se localizam no grupo 2A
Resposta: alcalinoterrosos, família do carbono e da tabela periódica dos elementos, está correto afirmar que:
calcogênios. a) o número de oxidação deles, em qualquer composto, é
b) Descreva as propriedades das famílias as quais perten- sempre-2 (negativo 2).
cem esses elementos. b) os seus óxidos têm caráter ácido.
Resposta: alcalinoterrosos: possuem 2 elétrons no último c) os seus átomos se unem aos átomos de cloro (na for-
nível de energia. Na forma de substâncias simples, em mação de sais) por meio de ligações covalentes.
condições ambientes, são sólidos prateados e de baixa d) os seus átomos no estado fundamental possuem 2 elé-
dureza e também podem ser cortados com uma faca. trons na camada de valência.
Os metais alcalinoterrosos não são encontrados livres na e) possuem eletronegatividade maior do que todos os
natureza e sim na forma de compostos dissolvidos na água elementos situados no grupo 7A.
Resposta: alternativa d.
ou participando da composição de rochas e minerais.

112 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


FAÇA VOCÊ MESMO
1 O cloro está muito presente no dia a dia, além de sua utilização na desinfecção da água, sua principal aplicação industrial é na
fabricação de PVC (cloreto de polivinila); na indústria farmacêutica está presente em 85% dos medicamentos (na formulação ou
H24
como parte do processo de produção); o cloro está presente, ainda, em produtos químicos utilizados nas plantações agrícolas.
Sobre o cloro, faça o que se pede.
a) Qual é sua distribuição eletrônica e a qual família da tabela periódica pertence?
Resposta: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p5. Família dos halogênios.

b) Descreva as propriedades do cloro que o classificam nessa família.


Resposta: apresenta 7 elétrons na camada de valência, em condições ambientes se apresenta na forma gasosa, forma ânion
monovalente.

c) Pesquise e descreva brevemente a obtenção industrial do cloro.


Resposta: o cloro é produzido pela passagem de uma corrente elétrica através de uma solução de salmoura (sal comum dissolvido em
água). Este processo é chamado de eletrólise. Os subprodutos gerados são a soda cáustica (hidróxido de sódio ou NaOH) e o hidrogênio (H2).

2 Em uma publicação da internet sobre tingimento de cabelos, uma seguidora escreveu o seguinte comentário: “Cuidado, isso é
química! Procure um bom profissional”. Sobre as informações contidas nessa frase e, responda:
H2
a) Qual o erro conceitual baseado no senso comum a seguidora cometeu em seu comentário?
Resposta: a seguidora afirmou que a tinta é química, e por isso deve-se ter cuidado. De acordo com o senso comum os produtos tóxicos

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ou potencialmente tóxicos são taxadas como “química”. Química é uma ciência que estuda a matéria, suas propriedades e interações.

b) O que, na verdade, a seguidora gostaria de dizer?


Resposta: a seguidora gostaria de dizer que a tinta utilizada para o tingimento de cabelo é um produto químico que apresenta
características tóxicas.

c) Que substância é comumente encontrada nas tinturas utilizadas em cabelos que apresenta propriedades tóxicas? Qual é sua
fórmula química?
Resposta: Amônia. NH3.

3 Relacione o que você aprendeu sobre o átomo e elabore um modelo digital em 3D de átomo, baseando-se no modelo atômico
mais aceito na atualidade.
H12
Resposta pessoal.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo. 113


VOCÊ É O AUTOR
Depois de estudar os modelos atômicos, as características dos átomos e a sua organização
na tabela periódica, está na hora de conhecer um pouco mais sobre os elementos químicos e sua
aplicação na indústria.
Com a ajuda de seu professor, escolha um tipo de indústria. Pesquise os elementos químicos
utilizados na indústria escolhida. Em seguida, escolha um desses elementos e descreva suas caracte-
rísticas químicas, a forma que ele é utilizado, o processo pelo qual ele passa e o produto final obtido.

Selecione informações pesquisadas e produza uma apresentação de slides, inserindo imagens


atrativas, além de vídeos e reportagens e que ajudem a ilustrar as informações apresentadas.

114 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


4
CAPÍTULO

VIDA NA TERRA

Competências

c C1, C2, C3 e C4

Habilidades

c H1, H3, H4, H6, H7, H8, H10, H12, H17 e H19

CK
TO
ERS
U TT
/SH
OM
K.C
OC
ST
SA
IM
DI

Células de epiderme de
cebola observadas em
microscópio de luz.
SURGIMENTO DA VIDA NA TERRA
O surgimento da vida sempre intrigou a humanidade. Diversas culturas apresentam mitos que
explicam esse fenômeno.

PARA AMPLIAR
Site:
Conheça um mito de criação guarani e um xavante, disponíveis, respectivamente, em:
<https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/N6zg8E8yZJuf2Zzy5bDzKxAunFJHddk6PDZVW8kYampj5wj84RXX2afxyKDK/his6-08un
d02-mito-de-criacao-guarani-o-sopro-de-tupa.pdf>
<https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/UXqrCJxmQnDr4uzZhJ3VJc84q5fSre7vsMTn3pcpmP3UXQhrxe3JV3e5ubhA/his6-08un
d02-mito-de-criacao-xavante.pdf>. Acessos em: 5 nov. 2019.
Livro:
MINDLIN, BETTY. Terra grávida e narradores indígenas. Rosa dos ventos, 1999. O livro apresenta narrativas de povos indígenas que expli-
cam o aparecimento do mundo, do céu, da lua, dos seres humanos e de diversos elementos do cotidiano.

Como já abordado no Capítulo 1, o conhecimento científico é uma forma de explicar os fe-


nômenos naturais. Na primeira parte deste capítulo, abordaremos as explicações da Ciência para o
surgimento da vida e o percurso realizado pelos seres humanos ao longo do tempo no que se refere
à construção desse conhecimento científico.

Biogênese × abiogênese
Na cultura ocidental, até o início do século XIX, predominava a crença de que o planeta teria
surgido há aproximadamente 5 000 a 6 000 anos e que a vida teria sido criada por um ente superior.
A ideia que predominou desde o início da era cristã foi a do fixismo, que defendia que os seres vivos
permaneciam imutáveis desde a criação.
Durante esse mesmo período, discutia-se como a vida teria surgido e se novos seres vivos
podiam passar a existir a partir de matéria inanimada. Esta última ideia é chamada de geração
espontânea ou abiogênese, e defendia que uma força vital dotada de um princípio organizador
transformaria matéria inanimada em seres vivos.
Um exemplo disso é que se acreditava que pedaços de comida cobertos por panos ou trapos
deixados em um canto de um cômodo escuro dariam origem a ratos, pois depois de algum tempo
estes sempre surgiam aparentemente do "nada" nessas condições.
A partir do século XVII, a hipótese da abiogênese começou a ser contestada com experimentos
como o do italiano Francesco Redi (1626-1697) realizado em 1668. A abiogênese também era usada para
explicar os “vermes” que apareciam na carne em decomposição. Redi queria verificar a origem desses
“vermes”. Para isso, realizou um experimento que consistia em dois frascos com pedaços de carne, no qual
um deles deveria ser tapado com um pedaço de gaze, enquanto o outro permanceria aberto.
Redi observou que os “vermes” se desenvolveram apenas na carne do frasco que havia perma-
necido aberto. Ele observou também que as moscas tinham acesso à carne no frasco aberto, sobre
a qual podiam pousar; no outro frasco, apesar de as moscas serem atraídas, não conseguiam atingir
a carne devido à gaze.
Redi observou o desenvolvimento dos "vermes” que apareceram na carne do frasco mantido
aberto e constatou que, após um período se alimentando da carne, formavam uma espécie de casca
ao seu redor. Depois de alguns dias, essa casca se rompia e uma mosca, semelhante às que haviam
pousado na carne anteriormente, saía de dentro dela.
Redi concluiu que os “vermes” se originavam de ovos postos pelas moscas, ou seja, direta-
mente delas, e não da carne. Portanto, a carne não era uma fonte de vida dotada de um princípio
vital organizador, como se supunha, mas somente uma fonte de alimento para os “vermes” que se
transformavam. Atualmente, denominamos esses “vermes” de larvas e sabemos que são uma fase
de desenvolvimento desses insetos.

116 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Experimento de Redi

CORBAC40/SHUTTERSTOCK/LAB212
Larvas

Larvas

Frasco aberto Frasco coberto com gaze


Representação do
Carne em decomposição experimento de
Francesco Redi de 1668.

O experimento de Redi foi o primeiro a abalar a ideia da geração espontânea e a trazer à tona
a hipótese da biogênese, que afirma que todos os seres vivos só podem ser gerados por outro ser
vivo preexistente.
Alguns anos depois dos experimentos de Redi, Antoni van Leewenhoek (1632-1723) naturalista
holandês, que também desenvolveu seus próprios instrumentos, construiu um microscópio com

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


acurácia suficiente para observar e descrever um novo “universo”: o mundo dos microrganismos.
Nos anos seguintes, observou que seres vivos microscópicos proliferavam em grande número
muito rapidamente. Como não se sabia quase nada sobre a reprodução desses organismos, a hipótese
da abiogênese ganhou novamente força para explicar o fenômeno.
No entanto, já no século XVIII, o padre italiano Lazzaro Spallanzani (1729-1799) ferveu solu-
ções nutritivas e, em seguida, fechou e lacrou os frascos. Ele observou que nos frascos não houve
desenvolvimento e crescimento de seres vivos. Spallanzani deduziu que a fervura havia matado os
microrganismos, o que teria impossibilitado a reprodução deles. Concluiu que o caldo nutritivo não
poderia ter sido capaz de gerar os microrganismos por si só.
O experimento foi criticado de forma veemente por John Needham (1713-1781) um naturalista
inglês. Segundo ele, a fervura havia destruído também o princípio organizador, ou “força vital”, que
seria capaz de gerar vida e não apenas os microrganismos; e os lacres dos frascos haviam impedido
a entrada da “força vital”.
A polêmica entre biogênese e abiogênese se estendeu até meados do século XIX, quando o
francês Louis Pasteur (1822-1895) realizou um experimento que refutou a hipótese da geração es-
pontânea. Anos antes, Pasteur havia demonstrado que o ar atmosférico apresentava inúmeras formas
de microrganismos presentes nas partículas de poeira, sendo capaz de contaminar qualquer meio
nutritivo exposto a ele. A hipótese de Pasteur era a de que os microrganismos da poeira contamina-
vam o meio nutritivo e lá se reproduziam, gerando novas formas de vida. Pasteur pensou, então, em
uma maneira de evitar que a poeira e os microrganismos chegassem ao meio nutritivo sem tampar
o frasco, de forma a permitir a entrada do ar: desenvolveu frascos com pescoço longo e curvado, os
chamados frascos de “pescoço de cisne”.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 117


Veja na imagem a seguir a representação das etapas do experimento conduzido por Pasteur.

A biogênese de Luis Pasteur

CHRISTOLOPEZ/SHUTTERSTOCK
1 2 3

A solução nutritiva O gargalo do As soluções são


é colocada em frasco é afilado fervidas para
alguns frascos. e retorcido serem esterilizadas.
formando
curvas.

5 4 A solução dentro dos


frascos permanecem
descontaminadas,
Se o gargalo é quebrado, pois as partículas
microrganismos aparecem de poeira contaminadas com
na solução depois microrganismos ficam retidas
de um tempo. nas curvas do gargalo retorcido.
Representação esquemática do
experimento de Louis Pasteur
com os frascos "pescoço de cisne".

Com esse experimento, Pasteur demostrou que o ar por si só não era capaz de gerar vida, ou
seja, não tinha “força vital”, como propunha a hipótese da abiogênese. Os seres vivos que apareciam
no caldo nutritivo eram originados a partir de outros seres vivos presentes no ar, o que reforçava a
hipótese da biogênese.

Como surgiram os primeiros seres vivos


Após a queda da abiogênese e a consolidação da biogênese, a grande questão passou a ser: se
um ser vivo só pode ser originado por outro ser vivo, como surgiu o primeiro ser vivo do planeta?
Para pensar a respeito, é preciso estudar a história da formação da Terra e suas condições na época
em que se estima que a vida passou a existir.

O planeta Terra
De acordo com as hipóteses mais aceitas, o planeta Terra, bem como os outros do Sistema Solar,
provavelmente se formou a partir da aglomeração das partículas provenientes dos restos da nebu-
losa que originou o Sol. Essas partículas, ao se aglomerarem, foram atraindo outras partículas pela
gravidade, formando um corpo cada vez maior e mais denso, que gerou aos poucos a Terra primitiva.
Acredita-se que o planeta Terra se for-
RICHARD BIZLEY / SCIENCE PHOTO LIBRARY

mou há aproximadamente 4,6 bilhões de


anos. A princípio, devido à alta energia do
material que o formou, a temperatura do
planeta era extremamente elevada. Durante
as primeiras centenas de milhões de anos,
supõe-se que o planeta estava sendo cons-
Representação da Terra tantemente atingido por pedaços enormes
pré-histórica. A imagem de rocha oriundos do processo de forma-
mostra a possível
aparência da superfície da
ção do Sistema Solar. Não existiriam lagos
Terra há cerca de 4 bilhões e mares, apenas vapor de água. Já nesse
de anos. Os impactos período, considera-se que tenha se forma-
dos meteoritos gerariam do uma camada gasosa mais externa – a
grande calor, vulcões e
derramamentos de lava atmosfera – que apresentava composição
dominariam a paisagem. bem diferente da atual.

118 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Evidências apontam que os primeiros seres vivos teriam surgido no planeta há cerca de 3,5 bi-
lhões de anos. Não há consenso entre os estudiosos sobre a composição da atmosfera nesse período.
Há hipóteses que propõem que a atmosfera seria basicamente formada por substâncias como
metano, amônia, dióxido de carbono e vapor de água. Como, então, teria então surgido a primeira
forma de vida nesse ambiente da Terra primitiva?

PARA AMPLIAR
O que são substâncias ou moléculas? Como podem ser representadas?
A matéria é formada por átomos. Muitas vezes, os átomos se encontram organizados em substân-
cias ou moléculas, que são formadas por combinações de átomos.
As substâncias podem ser representadas por meio da notação química, que informa quais são os
átomos que a compõem e em que quantidade. A substância amônia, por exemplo, é representada
por NH3, o que significa que é composta por 1 átomo de nitrogênio (N) e por 3 átomos de hidrogê-
nio (H). Observe que não há nenhum número associado ao nitrogênio. Quando não há nenhum
índice na representação do átomo, subentende-se que esse índice é 1.
▶ Agora que você conhece a notação química, consulte a tabela periódica disponível no Ca-
pítulo 3 e verifique qual é a composição das outras substâncias que participariam da com-
posição da atmosfera: metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) e água (H2O).

Surgimento dos primeiros seres vivos: hipóteses

Evolução química
Os seres vivos são compostos por substâncias que se supõem que não existiam na Terra pri-
mitiva. Dentre elas, estão as proteínas, os carboidratos e os lipídios. Essas substâncias que formam a
matéria orgânica são chamadas de substâncias orgânicas, compostas principalmente de átomos
de carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio.
Para que os primeiros seres vivos surgissem, seria necessária a existência dessas substâncias
essenciais em sua estrutura e para seu funcionamento. Mas como elas teriam aparecido se não havia

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


seres vivos para sintetizá-las?
Na década de 1920, o cientista russo Alexander Oparin (1894-1980) e o naturalista John B. S.
Haldane (1892-1964), trabalhando de modo independente, propuseram hipóteses muito semelhan-
tes para a origem dessas substâncias e da vida. Para eles, as substâncias orgânicas teriam se formado
a partir da interação entre as moléculas que existiam na atmosfera da Terra primitiva, que resultaram
no rearranjo de seus átomos e no surgimento de novas moléculas. Esse processo de transformação
gerado pela interação entre as moléculas é chamado de reação química. As ideias de Oparin e Hal-
dane ficaram conhecidas como a hipótese de origem da vida por evolução química.
Essa hipótese considerava a ideia de que a atmosfera primitiva era composta principalmente
por amônia (NH3), metano (CH4), gás hidrogênio (H2) e vapor de água (H2O). Propôs-se que a Terra
estava se resfriando rapidamente, o que permitia a condesação de parte do vapor de água e conse-
quente acúmulo de água líquida em vales da crosta, que formaram os mares primitivos. Também,
devido à ausência de uma camada protetora, como a de ozônio, a radiação era intensa, bem como as
tempestades de raios. Essa combinação energética teria permitido que as substâncias que formavam
a atmosfera se combinassem e rearranjassem, formando outras cada vez mais complexas. As molécu-
las formadas se dissolviam na água da chuva, sendo levadas para os mares primitivos, onde podiam
então sofrer outras transformações dando origem às substâncias percursoras da matéria orgânica,
que seriam mais simples do que substâncias que constituem os seres vivos.
Ao longo de muitos anos, o processo foi se repetindo, e formou o chamado "caldo primordial",
constituído de soluções ricas em substâncias orgânicas presentes nos rasos mares primitivos. Esses
materiais teriam formado os compostos orgânicos mais complexos, como os conhecidos hoje como
carboidratos, lipídios e proteínas.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 119


Os coacervados
Oparin também observou em seus experimentos que algumas substânicas orgânicas, como
proteínas e carboidratos, quando colocadas em solução aquosa, aglomeram-se em pequenos gru-

CK
pos. Esse processo se deve ao fato de que as substâncias apresentam cargas elétricas e podem

STO
atrair ou repelir outras substâncias, inclusive a própria água. Os agrupamentos de substâncias

DOR/SHUTTER
orgânicas acaba sendo envolvido por água, que gera uma camada que a isola do restante da
solução, e o conjunto adquire uma individualidade. Esses conjuntos individualizados foram

BORA
denominados coacervados.

LA
Teorizou-se que os coacervados formados nos mares primitivos teriam interagido durante

CO
centenas ou até milhares de anos e, provavelmente, foram incorporando substâncias disponíveis

Z/
YU
SO
no meio, formando sistemas químicos mais complexos e organizados.
TO
FO
Possivelmente, esses sistemas organizados teriam, em algum momento, de uma maneira ainda
não explicada pela ciência, formado os nucleotídeos – moléculas que compõem o material genético.
Alexander Ivanovich Oparin (1894-1980), Com o surgimento do material genético, teria se formado um centro de controle para os coacervados.
bioquímico russo, é famoso por seu A partir daí, esses sistemas já teriam capacidade de replicação e reprodução, e podem ser conside-
trabalho sobre teorias da origem da
vida. Em 1922, apresentou suas ideias à
rados os primeiros seres vivos de nosso planeta.
Sociedade Botânica Russa e as publicou
em um folheto em 1924. Foi somente Experimento de Miller-Urey
na década de 1930 que suas ideias se
tornaram mais conhecidas.
Em 1951, Stanley Lloyd Miller (1930-2007), planejou e realizou um experimento que reproduzia
as condições da atmosfera primitiva para testar a hipótese de Oparin e Haldane sobre surgimento dos
primeiros seres vivos. Orientado por seu professor Harold Clayton Urey (1893-1981), ele construiu
SCIENCE PHOTO LIBRARY

um aparelho que consistia em um balão de vidro com água que simulava os mares primitivos. Esse
balão era aquecido e gerava vapor de água que circulava através de uma tubulação para um segun-
do balão, no qual havia eletrodos que liberavam descargas elétricas, preenchido pelos gases amônia
(NH3), metano (CH4), hidrogênio (H2), o que simularia a composição da atmosfera teorizada por
Oparin e Haldane. Este segundo balão se comunicava com um condensador, que terminava em um
tubo em U, ligado ao primeiro balão. Entre eles havia uma torneira que permitia a coleta de amostras
do que seria o caldo primordial.

Experimento de Miller-Urey

JOSE ANTONIO PENAS / SCIENCE PHOTO LIBRARY


Químico americano Stanley Miller,
nascido em 1930. Graduado na Califórnia
e em Chicago, Miller trabalhou na
Universidade da Califórnia desde 1960.

Representação do aparelho usado no


experimento de Miller-Urey na década
de 1950. Eles reproduziram as condições
supostas para a Terra primitiva para testar as
hipóteses de Oparin e Haldane.

120 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Nas amostras coletadas no experimento, foram encontrados diversos compostos orgânicos,
como glicídios, ácidos graxos e nove tipo de aminoácidos, alguns deles aminoácidos, que formam
proteínas. Isso forneceu evidências favoráveis às hipóteses de Oparin e Haldane de que compostos
orgânicos podiam surgir por meio de processos totalmente abióticos.
Como não há consenso para a composição da atmosfera na Terra primitiva, esse experimento
foi repetido por outros estudiosos com diferentes composições de substâncias para simular a atmos-
fera. Em diversas composições foram geradas substâncias orgânicas nos experimentos. Portanto, essa
hipótese pode ser válida inclusive para atmosferas com outras composições além das propostas por
Oparin e Haldane.

Origem extraterrestre (Panspermia)


Outra hipótese seria a de que a vida teria sido originada em algum local fora de nosso planeta
e que teria sido trazida por meio de um meteorito ou cometa, que poderiam carregar consigo seres
vivos encapsulados e resistentes às condições inóspitas do espaço. Ao cair em um outro planeta com
condições ideais, como a Terra, esses seres vivos sairiam de sua dormência e voltariam a apresentar
funções vitais. Essa hipótese ficou conhecida como panspermia.
Supõe-se que isso poderia ter acontecido na Terra há 3,5 bilhões de anos, daí essas formas de
vida teriam sofrido transformações até originar o que conhecemos como vida atualmente.
Essa teoria é sustentada pelo fato de que quando um asteroide ou cometa atinge um determi-
nado planeta, fragmentos deste planeta podem ser lançados no espaço devido à força do impacto, na
forma de asteroides. Porém, para isso acontecer, deveria existir algum planeta com condições muito
semelhantes às da Terra primitiva. Além disso, essa hipótese deixa em aberto como a vida poderia
ter surgido em outro planeta a partir de matéria não viva.

Fontes hidrotermais
Alguns estudiosos propõem que a origem da vida teria ocorrido em fontes hidrotermais, que
são fendas no fundo do oceano em que há água em alta temperatura e minerais vindos do interior
da Terra. Algumas dessas fendas apresentam água morna e um ambiente propício ao surgimento da
vida. Estudos relacionados a essa hipótese mostraram que a síntese abiótica de substâncias orgânicas
também é possível nessas condições.

Metabolismo dos primeiros seres vivos

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Até aqui discutimos como podem ter surgido os primeiros seres vivos. Mas como teriam sido
os primeiros seres vivos? De que forma eles obtinham alimento? A seguir, apresentamos hipóteses
distintas para essas questões.

Hipótese heterotrófica
A hipótese heterotrófica propõe que os primeiros organismos vivos seriam heterótrofos, e obti-
nham a matéria orgânica necessária para seu metabolismo do meio aquático em que viviam – que seria
rico em substâncias nutritivas. Os mares primitivos teriam sustentado esses seres por milhares de anos.
Entretanto, com o tempo, a quantidade desses organismos deve ter aumentado, até que o ali-
mento disponível no ambiente ficasse escasso. Esses seres primitivos estariam sujeitos à mutações ao
acaso. As mutações devem ter levado ao surgimento de organismos capazes de sintetizar o próprio
alimento – seres autótrofos. Nesse ambiente em que o alimento seria escasso, tal característica pode
ter sido muito favorável à sobrevivência e reprodução de seres autótrofos.
Essa hipótese tem sido contestada, pois acredita-se que não havia matéria orgânica suficiente
no mar primitivo para suprir a necessidade dos organismos heterótrofos que se supõe terem existido.
A hipótese mais aceita atualmente é a autotrófica.

Hipótese autotrófica
De acordo com a hipótese autotrófica, os primeiros seres vivos deveriam ser capazes obter
energia para a síntese de substâncias orgânicas por meio da transformação química de sais minerais

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 121


que existiriam nos mares primitivos. É por esse tipo processo que microrganismos que vivem atual-
mente em fontes hidrotermais obtêm energia.
Segundo essa hipótese, os processos heterotróficos de obtenção de energia, como a respiração,
teriam surgido posteriormente na história evolutiva da vida.

Não há hipóteses definitivas nem para o surgimento da vida na Terra nem para como
seriam os primeiros organismos. Esses tópicos continuam a gerar muitos debates no meio cien-
tífico. Trata-se de um exemplo bem representativo de como o conhecimento científico é cons-
truído, com base no surgimento de evidências e na superação de hipóteses e proposição de
novas ideias.

PARA AMPLIAR

Sobre a origem da vida

JASWE/SHUTTERSTOCK
Dos grandes mistérios que despertam enorme interesse tanto de especialistas quanto do público
em geral, poucos são tão fascinantes quanto a questão da origem da vida. Existem várias facetas
diferentes, cada uma com seu conjunto de questões em aberto. Uma das mais óbvias diz respeito
à possível existência de vida extraterrestre. Se existe vida na Terra, por que não supor que ela
exista também em outros planetas?
Essa pergunta em geral é respondida com outra pergunta. Do que a vida precisa para existir? Se
usarmos a Terra como base – e só conhecemos a vida aqui –, consideramos que são essenciais a
água líquida, certos compostos químicos e calor ou alguma outra fonte de energia. Água líquida
impõe que o planeta não esteja muito distante ou muito perto de sua estrela.
Caso contrário, teria apenas água congelada ou vapor. A água líquida cria o meio onde as reações
químicas que sustentam a vida podem ocorrer. Não é à toa que somos mais de 60% água.
Planetas que podem ter água líquida estão na chamada “zona habitável”, um cinturão cuja dis-
tância varia com o tipo de estrela. No caso do Sol, cobriria Vênus, Terra e Marte. Imediatamente,
vemos que estar na zona habitável não é suficiente. Vênus tem uma temperatura que vai além de
500 °C, por causa de um acentuado efeito estufa. Marte, como foi descoberto recentemente, teve
água líquida no passado, tem alguma hoje e também tem gelo, mas não foram encontrados rios, Representação artística da origem da
oceanos ou lagos. A possibilidade de vida lá hoje não é nula, mas é remota. vida.
Aprendemos que composição e densidade da atmosfera e a história do planeta são determinantes. A vida precisa de certos elementos
químicos. Carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio são essenciais. Fósforo, ferro, cálcio, potássio também são importantes. Esses ele-
mentos são sintetizados em estrelas durante seus últimos estágios de vida. Quando a estrela “morre”, explode com tremenda violência,
emitindo esses e todos os outros elementos da tabela periódica pelo espaço interestelar. Planetas capazes de desenvolver formas de vida
precisam estar numa região com os ingredientes certos. Fora isso, os ingredientes precisam ser combinados corretamente. Pelo que ve-
mos aqui, mesmo as formas mais primitivas de vida dependem de compostos orgânicos consistindo de cadeias muito longas de átomos
de carbono ligados a uma série de radicais.
Os átomos de carbono são os ossos da espinha dorsal, dando suporte ao resto. Como que esses átomos formaram cadeias tão complexas?
Essa questão permanece em aberto. Mas em 1953, Stanley Miller fez uma grande descoberta: combinando substâncias que acreditava
terem feito parte da atmosfera primitiva (metano, gás carbônico, água e outros), Miller isolou-as num frasco e passou faíscas elétricas
que simulavam raios.
Para sua surpresa, ao examinar os compostos acumulados no fundo do frasco, percebeu que tinha sintetizado alguns aminoácidos, com-
ponentes fundamentais das proteínas. Miller não produziu a vida no laboratório, mas demonstrou que processos naturais podem tornar
uma química simples numa química complexa.
Assim como o experimento de Miller, a vida precisa de uma fonte de energia. Aqui, estamos acostumados com o Sol. Mas a descoberta
de formas de vida que vivem na mais completa escuridão, em fossas submarinas profundas, demonstra que processos químicos indepen-
dentes da luz podem gerar a energia capaz de impulsionar os mecanismos da vida. Não basta afirmar que o vasto número de planetas no
cosmo torna a vida extraterrestre inevitável. O que aprendemos é que, mesmo se existir, será rara.
GLEISER, Marcelo. Sobre a origem da vida. Folha de S. Paulo, Ciência, 26 out. 2008. Disponível em: <https:// www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/
fe2610200803.htm>. Acesso em: 23 nov. 2018.

122 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA CONSTRUIR
1 Redi realizou um experimento para testar qual seria a origem de “vermes” que eram observados em de pedaços de carne em
decomposição.
H8
a) Com relação a esse experimento, descreva:
▶ o experimento.
Resposta: o experimento consistia em dois frascos com pedaços de carne, no qual um deles fora tapado com um pedaço de gaze,
enquanto o outro permancera aberto.

▶ o resultado obtido.
Resposta: as larvas surgiram apenas no pedaço de carne do frasco que permaneceu exposto.

▶ a conclusão.
Resposta: as larvas não surgiam espontaneamente, se originavam diretamente das moscas.

b) Se a hipótese da abiogênese fosse verdadeira, qual deveria ter sido o resultado obtido por Redi?
Resposta: as larvas deveriam ter surgido tanto no frasco tapado como no aberto.

2 (UPE) Leia as frases a seguir:


H4 I. No canto XIX do poema épico Ilíada (Homero VIII-IX a. C.), Aquiles pede a Tétis que proteja o corpo de Pátrocles contra os
insetos, que poderiam dar origem a vermes e assim comer a carne do cadáver.
H8 II. A geração espontânea foi aceita por muitos cientistas, dentre estes, pelo filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.).
III. “...colocam-se, num canto sossegado e pouco iluminado, camisas sujas. Sobre elas, espalham-se grãos de trigo, e o resultado
será que, em vinte e um dias, surgirão ratos...” (Jan Baptist van Helmont – 1577-1644).

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


IV. Pasteur (1861) demonstrou que os microrganismos surgem em caldos nutritivos, através da contaminação por germes, vin-
dos do ambiente externo.
Assinale a alternativa que correlaciona adequadamente os exemplos com as teorias relativas à origem dos seres vivos.
a) I-abiogênese, II-biogênese, III-abiogênese e IV-biogênese.
b) I-abiogênese, II-biogênese, III-biogênese e IV-abiogênese.
c) I-abiogênese, II-abiogênese, III-biogênese e IV-biogênese.
d) I-biogênese, II-abiogênese, III-biogênese e IV-abiogênese.
e) I-biogênese, II-abiogênese, III-abiogênese e IV-biogênese
Respostas: alternativa e.

3 Escreva brevemente como a hipótese da evolução química explica:

H17 a) o surgimento das substâncias orgânicas.


Resposta: segundo essa hipótese, as moléculas orgânicas teriam sido formadas por meio de reações químicas entre as substâncias
que formavam a atmosfera. A radiação intensa e as tempestades de raios teriam fornecido energia para que essas reações químicas
ocorressem. As moléculas formadas se dissolviam na água da chuva, sendo levadas para os mares primitivos. Essas moléculas teriam
sofrido transformações ao longo de muitos anos até originarem moléculas orgânicas mais complexas, que formam os seres vivos.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 123


b) o surgimento dos primeiros seres vivos a partir das substâncias orgânicas dos mares primitivos.
Resposta: as moléculas orgânicas dos mares primitivos teriam se aglomerado e formado pequenos grupos isolados, denominados
coacervados. Os coacervados teriam interagido e incorporado moléculas do meio durante milhares de anos. De alguma maneira ainda
não explicada, teriam surgido nucleotídeos e havido a formação de material genético nos coacervados. A partir daí, esses organismos
teriam a capacidade de replicação e reprodução e originaram os seres vivos.

4 (Enem) O gráfico abaixo representa a evolução da quantidade de oxigênio na atmosfera no curso dos tempos geológicos.
O número 100 sugere a quantidade atual de oxigênio na atmosfera, e os demais valores indicam diferentes porcentagens dessa
H1
quantidade.

LAB212
VERTEBRADOS
CONQUISTA
DA TERRA
PRIMEIROS
100
Oxigênio (% da quantidade atual)

10
Atmosfera Anteparo
Atmosfera semelhante à do de ozônio
primitiva planeta Marte
PNEUMATOSFERA PRIMITIVA

primeira célula
APARECIMENTO DA VIDA

eucarionte

Terciário e Quaternário
FOTOSSÍNTESE
COMEÇO DA

Pré-cambriano
0,1

Secundário
Primário
0
–4 –3,8 –3,1 –2,7 –2 –1,6 –1 –0,6 –0,2
–0,7 –0,4 –0,1
TEMPO (BILHÕES DE ANOS)

De acordo com o gráfico é correto afirmar que:


a) as primeiras formas de vida surgiram na ausência de O2.
b) a atmosfera primitiva apresentava 1% de teor de oxigênio.
c) após o início da fotossíntese, o teor de oxigênio na atmosfera mantém-se estável.
d) desde o Pré-cambriano, a atmosfera mantém os mesmos níveis de teor de oxigênio.
e) na escala evolutiva da vida, quando surgiram os anfíbios, o teor de oxigênio atmosférico já se havia estabilizado.
Resposta: alternativa a.

5 Leia as afirmativas e faça o que se pede.


H8 I. O experimento de Miller e Urey forneceu evidências para a hipótese da evolução química.
II. A hipótese da evolução química não pode ser superada, já que existem diversas evidências que a comprovam.
H17
III. A panspermia e a hipótese de surgimento da vida em fontes hidrotermais já foram superadas – há diversos estudos que
apresentam evidências contrárias às ideias apresentadas por essas hipóteses.
IV. Evidências para a hipótese das fontes hidrotermais são fornecidas por estudos que mostram a síntese abiótica de moléculas
orgânicas nessas condições ambientais.

a) Identifique e escreva as afirmativas corretas.


Resposta: as afirmativas I e IV estão corretas.
b) Explique por que as outras afirmativas estão incorretas.
Resposta: afirmativa II: está incorreta pois uma hipótese sempre pode ser superada caso surjam evidências contrárias a ela. Afirmativa
III: não há uma hipótese definitiva para o surgimento da vida na Terra e não há evidências o suficiente para que a panspermia e a hipótese
de surgimento da vida em fontes hidrotermais sejam superadas.

124 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


6 Stanley Miller, juntamente com seu professor Harold Urey, planejaram e realizaram um experimento para testar a hipótese de Opa-
rin e Haldane. Sobre a teoria da evolução química e o experimento de Miller e Urey, faça o que se pede.
H7
Leia os fatos e responda.
H 1 7 I. Para realizar o experimento, Miller e Urey consideraram que a composição da atmosfera primitiva era a mesma proposta por
Oparin e Haldane: formada predominantemente de vapor de água (H2O), amônia (NH3), metano (CH4), hidrogênio (H2).
II. Evidências mais recentes indicam que a atmosfera primitiva poderia ser composta de gás carbônico (CO2), metano (CH4),
monóxido de carbono (CO) e o gás nitrogênio (N2).
III. Foram realizados experimentos simulando atmosfera de composições diferentes das propostas por Oparin e Haldane e
também foram obtidas substâncias orgânicas.
a) As evidências que sugerem que a atmosfera primitiva apresentava composição diferente da considerada na hipótese de
Oparin e Haldane invalida totalmente a hipótese da evolução química? Por quê?
Resposta: não, pois a composição de atmosfera proposta na afirmativa II apresenta moléculas que também contêm os elementos básicos
das substâncias orgânicas: carbono (C), nitrogênio (N), oxigênio (O) e hidrogênio (H). A afirmativa III reforça que a hipótese da evolução
química pode ser válida mesmo que a atmosfera primitiva apresentasse composição diferente da proposta por Oparin e Haldane.

b) De que maneira o experimento de Miller-Urey simula as condições físicas da atmosfera primitiva?


Resposta: eles anexaram, em um dos balões de vidro do sistema, eletrodos que emitiam descargas elétricas que simulavam tempestades
de raios.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Imagine que você trabalha em uma Universidade e seu chefe enviou um e-mail com a seguinte solicitação:
H10
A Astrobiologia é uma área de conhecimento que busca compreender a origem, a evolução, o futuro e a distribui-
ção da vida na Terra e no Universo. Por favor, faça uma pesquisa sobre essa área de conhecimento e elabore um pe-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


queno texto para que possamos divulgar aos nossos colegas algumas informações sobre a Astrobiologia.

Elabore o texto solicitado como uma resposta ao pedido de seu chefe. O texto deve conter informações a respeito de como
essa área de conhecimento surgiu, quais são seus objetivos, que tipo de estudos costuma desenvolver e as perspectivas futuras
dessa ciência.
Resposta pessoal.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 125


2 (UFC-CE) Em 1860, Pasteur conseguiu uma vitória para a teoria da biogênese, enfraquecendo a confiança na abiogênese, com
uma experiência simples e completa. Analise o esquema dessa experiência, mostrado a seguir, e descreva sucintamente o ob-
H4
jetivo de cada etapa como também a conclusão da experiência.

LAB212
H8

1 2 3

Caldo nutritivo é O gargalo do frasco é O caldo nutritivo


despejado em um esticado e curvado é servido e
frasco de vidro ao fogo esterilizado

5 4
Se o gargalo do frasco é O caldo nutritivo do frasco com
quebrado surgem “pescoço de cisne”manteve-se
microrganismos no caldo livre de microrganismos

Etapa 1: a solução nutritiva é colocada no frasco.


Objetivo
Fornecer condições para que os microrganismos, presentes nas mãos, solo e ar pudessem se desenvolver.
Etapas 2 e 3: o gargalo do frasco é curvado em S ao calor da chama e a solução é fervida fortemente durante alguns minutos.
Objetivo
Resposta: dificultar a entrada de ar contaminado depois da fervura.

Etapa 4: a solução é resfriada lentamente e permanece estéril por muito tempo.


Objetivo
Resposta: verificar se, após o resfriamento, há desenvolvimento de microrganismos.

Etapa 5: o gargalo é quebrado.


Objetivo
Resposta: verificar se há desenvolvimento de microrganismos com a entrada de ar.

Conclusão
Resposta: o ar por si só não é capaz de gerar vida, ou seja, não tem “força vital”, como propunha a hipótese da abiogênese. Os seres vivos
que apareciam no caldo nutritivo eram originados a partir de outros seres vivos presentes no ar, o que reforçou a hipótese da biogênese.

3 Selecione uma das hipóteses que explicam a origem da vida e produza, em seu caderno ou em uma folha à parte, um texto argu-
mentativo defendendo-a. Certifique-se de que seu texto apresente os seguintes pontos:
H10
▶ evidências e argumentos favoráveis à hipótese;
▶ evidências e argumentos contrários à hipótese;
▶ conclusão que justifique por que a hipótese deve ser aceita apesar das evidências contrárias a ela.
Resposta pessoal.

126 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


CÉLULAS – UNIDADES BÁSICAS DA VIDA
Até aqui estudamos hipóteses de como a vida poderia ter se originado. No entanto, para po-
dermos entender como a vida se manifesta e até mesmo como se originou, precisamos entender a
estrutura e funcionamento de sua unidade básica, a célula, que constitui todos os seres vivos
A grande maioria das células são invisíveis a olho nu. Portanto, a descoberta e o estudo das
células foi possível graças ao desenvolvimento de tecnologias que possibilitaram a visualização am-
pliada de estruturas. Veremos a seguir como aconteceu a descoberta das células, quais são os tipos
de células e as estruturas que apresentam.

A descoberta das células


O conhecimento científico, muitas vezes, desenvolve-se a partir da criação de novas tecnologias.
A descoberta da célula é um bom exemplo disso: a grande maioria das células é microscópica (invi-
sível a olho nu), portanto só foi possível tomarmos conhecimento de sua existência e das estruturas
que a compõem com o desenvolvimento dos microscópios.
Cabe aqui definir quantitativamente o que é algo microscópico. O olho humano normalmen-
te tem uma acurácia de até 0,1 mm (milímetros), ou seja, se dois pontos estiverem separados por
menos de 0,1 mm, não conseguimos distinguir dois pontos, vemos apenas o que parece ser apenas
um ponto.

PARA AMPLIAR
A maior e a menor célula do organismo humano
A maior célula de nosso organismo é a célula reprodutora do sexo feminino, conhecida como óvulo
ou ovócito, com aproximadamente 200 μm (micrômetros) de diâmetro, que equivale a 0,2 mm
(1 mm = 1 000 μm), portanto visível a olho nu. Mesmo assim, é necessário o uso de um micros-
cópio para estudar suas estruturas.
ROST9/SHUTTERSTOCK

THE PRINT COLLECTOR / HERITAGE IMAGES / SCIENCE PHOTO LIBRARY

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ilustração de espermatozoides nadando em direção ao ovócito.

A menor célula humana é o espermatozoide, que mede aproximadamente 70 μm de com- Hans Janssen e seu filho Zacharias.
primento. Alguns historiadores creditam a
Zacharias Janssen, fabricante de óculos
de Middelburg, a invenção do telescópio
e do microscópio (este último com a
O primeiro microscópio com acurácia e precisão para a observação microscópica foi desenvol- ajuda de seu pai) por volta da virada do
vido pelos holandeses Hans e Zacharias Janssen em 1591. século XVII.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 127


O cientista inglês Robert Hooke aperfeiçoou o microscópio óptico composto por duas lentes
e realizou diversas observações que, em 1665, foram publicadas no livro chamado Micrographia.
Dessa publicação, destacam-se 26 descrições de animais e partes de animais, como os piolhos ou
o olho composto da mosca, observações de neve e gelo, de carvão e fósseis vegetais. Porém, a mais
famosa foi a descrição e o desenho de um pedaço de cortiça (que é uma casca de vegetal). Hooke
observou numerosas cavidades microscópicas, as quais chamou “poros” ou “células”, e que lembram
a disposição de um favo de mel.

“[...] pude perceber claramente que toda a cortiça era perfurada e porosa, asseme-
lhando-se a um favo de mel [...] esses poros ou células não eram muito profundos e eram
semelhantes a um grande número de pequenas caixas [...]”
(Hooke, 1665)

POWER AND SYRED, LIBRERIA BARDON / SCIENCE PHOTO LIBRARY

ROYAL INSTITUTION OF GREAT BRITAIN / SCIENCE PHOTO LIBRARY


À esquerda, microscópio utilizado por
Hooke. Representação feita a partir de
descrição e desenho publicado em
Micrographia, 1665. Imagens geradas
por computador. À direita, células que
compõem a cortiça. Ilustração do século
XVII representa uma amostra de cortiça
vista ao microscópio pelo filósofo natural
inglês Robert Hooke (1635-1703).

Hooke foi o primeiro a usar o termo célula. Porém, ele não anteviu a natureza individual da cé-
lula nem de seu conteúdo, o que observou foram apenas as paredes esqueléticas de células vegetais
mortas.
Outro grande nome da microscopia biológica foi Antoni van Leeuwenhoek. O comerciante
se tornou um notável naturalista ao desenvolver o próprio microscópio com apenas uma lente
convergente bem pequena, que tinha poder de ampliação de 200 vezes. Observou e descreveu a
estrutura dos espermatozoides, dos glóbulos vermelhos do sangue dos protozoários e das células
vegetais, e chamou as células de "glóbulos".
BIOPHOTO ASSOCIATES / SCIENCE PHOTO LIBRARY

Y R
RA

B
LI
TO O
PH
NCE
Homem olhando através das minúsculas

TAGE IMAGES / SCIE


lentes de um microscópio feito pelo
naturalista holandês Antoni van
Leeuwenhoek (1632-1723). Os microscópios
de Leeuwenhoek têm uma única lente
montada em uma folha plana de metal, o
HE R I

que permite ampliações de até 200 vezes.


R/

Na década de 1670, Leeuwenhoek usou


TO
EC

um microscópio semelhante a esse. Ele foi


LL

o primeiro a observar e descrever animais


CO
T

IN
unicelulares (protozoários e bactérias), que E
PR
denominou 'animálculos'. TH

As observações e os trabalhos de Hooke e Leeuwenhoek deram início ao estudo dos microrga-


nismos e das células. A partir de então, outros naturalistas passaram a explorar o mundo microscópio,
mas o passo seguinte foi dado por uma dupla que será abordada no próximo tópico.

128 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


PARA AMPLIAR
O que são lentes convergentes? Como elas produzem imagens ampliadas?
Lentes convergentes são abordadas em caderno de Ciências da Natureza do
2o ano. Portanto, elucidaremos o assunto brevemente.
Ao incidirem em uma superfície, os raios de luz podem ser refletidos –
como ocorre em um espelho – ou podem atravessá-la – como ocorre
com o vidro da janela. Os raios de luz atravessam as lentes, corpos
transparentes feitos de vidro, cristal ou acrílico. Ao passar de um

K
meio para o outro – do ar para o material da lente –, os raios

C
STO
de luz sofrem alterações em suas propriedades. Esse fenômeno

TER
se chama refração, que gera uma mudança no ângulo com

ER HAVEN/SHUT
que os raios são refratados, ou seja, raios que incidem paralela-
mente ao eixo principal da lente são refratados com um ângu-
lo diferente. No caso de lentes convergentes, os raios incidem

VA N D
paralelamente e são refratados de forma a convergirem para
um único ponto, chamado de foco.

NNO
ME
A refração sofrida pela luz ao atravessar esse tipo de lente faz
com que seja formada uma imagem maior que o objeto a ser
observado, de acordo com o esquema a seguir.

B'
Raios de luz que

LAB212
incidem em uma lente
convergente convergem
para um único ponto.
B

A' F A F'

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Lente convergente

AB representa o objeto e A’B’ representa a imagem formada, F representa o foco. O esquema será
apresentado em maiores detalhes no 2o ano. Neste momento, é importante observar apenas que o
objeto está posicionado entre o foco e a lente e como a imagem A’B’ é maior que o objeto AB. O esquema
representa o que ocorre na observação de um objeto em um microscópio simples.

A teoria celular
Nos séculos XVIII e XIX, vários cientistas passaram a estudar a célula e sua relação com o fun-
cionamento dos diferentes organismos. Em meados do século XIX, com base nos conhecimentos
obtidos até o momento e em nos próprios estudos, o botânico Matthias Schleiden propôs que
todos os vegetais eram formados por células. Um ano mais tarde, o zoólogo Theodor Schwann
estendeu a proposição aos animais. Estava posta a teoria celular, que afirma em linhas gerais que
a célula é a unidade morfológica e funcional de todos os seres vivos. Morfológica, pois todos os
seres vivos são formados por células. Funcional, pois toda a atividade metabólica vital acontece
dentro das células.
Em 1855, alemão Rudolf Virchow acrescentou a essa teoria que toda célula é gerada a partir da
reprodução de uma célula preexistente (no latim: Omnis cellula e cellula).
Na década de 1950, com a descoberta do DNA (ácido desoxirribonucleico) e do RNA (ácido
ribonucleico), constatou-se que toda célula é portadora de material genético. Cada célula apresenta
as características hereditárias de todo o organismo.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 129


Teoria celular
▶ A célula é a unidade morfológica e funcional dos seres vivos.
▶ Toda célula é gerada a partir de outra preexistente.
▶ Cada célula contém as informações hereditárias de todo o organismo.

Um caso relevante e polêmico é o dos vírus, que são estruturas biológicas, pois apresentam RNA
ou DNA envolto por uma cápsula protéica, mas não estrutura celular. Portanto, são acelulares. Por
isso, dependem de uma célula para que possam expressar seus genes, sendo parasitas celulares obri-
gatórios. Devido a esse fato, muitos estudiosos não consideram os vírus como seres vivos.

CDC / SCIENCE PHOTO LIBRARY


Vírus influenza H3N2, micrografia eletrônica
de transmissão (MET). Os vírus não
apresentam células. São constituídos de
um nucleocapsídeo (revestimento de
proteína) que envolve o material genético
– RNA (ácido ribonucleico). Eles causaram a
pandemia da gripe de Hong Kong de 1968-
1969, que matou aproximadamente um
milhão em todo o mundo.

Microscópios: visualizando as células


Abordamos os primeiros microscópios, que permitiram o início do desenvolvimento da biologia
celular. Desde então, houve diversos avanços tecnológicos que permitiram o desenvolvimento de
diferentes tipos de microscópios. Vamos conhecer um pouco sobre alguns microscópios utilizados
atualmente e as diferenças entre eles.

Microscópio de luz ou microscópio óptico


Atualmente, existem muitos tipos de microscópio de luz. Vamos tratar especificamente do mi-
croscópio biológico, constituído por um sistema de lentes convergentes, que permite a visualização
da amostra com diferentes aumentos. Seu poder de resolução é de até 0,2 μm, lembrando que 1 μm
equivale à 10–4 cm. Os modelos mais modernos permitem ampliação de até 2 mil vezes.
Para ser visualizada por meio de microscópio de luz, a amostra deve ser suficientemente fina
para ser atravessada pela luz. Podem ser observados seres microscópicos delgados ou amostras de
tecidos de seres pluricelulares cortadas bem finas.
Como a maioria das células, principalmente as animais, é translúcida e incolor, devem ser co-
loridas para que sejam melhor visualizadas. Para isso, usam-se substâncias denominadas corantes.
Existem corantes específicos para diferentes estruturas celulares.
As fotografias obtidas por meio do microscopio de luz são chamadas de micrografias.

130 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Veja a seguir as partes de um microscópio biológico e a descrição de como usá-lo. IMAGENS SEM ESCALA.

BRIAN MAUDSLEY/SHUTTERSTOCK
1 - lentes oculares

2 - revólver
7 - braço

3 - lentes objetivas
8 - parafuso
macrométrico
4 - mesa

9 - parafuso
micrométrico 5 - fonte luminosa

6 - base

Microscópio óptico comum, suas


partes e modo de usá-lo.

Como usar o microscópio de luz:


A. A lâmina com a amostra a ser observada deve ser disposta na mesa (4).
B. Ao ligar o microscópio, a luz emitida atravessa a amostra e permite ao observador visua-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


lizá-la por meio das lentes oculares (1).
C. O observador deve movimentar os parafusos macrométrico (8) e micrométrico (9) para
ajustar o foco e visualizar a amostra nitidamente.
D. Para visualizar a amostra com maior ou menor aumento, o observador deve movimentar
o revólver (2) e escolher diferentes lentes objetivas. O aumento da imagem observada é
resultado da multiplicação do aumento da lente ocular pelo aumento da lente objetiva.
ANGVONG/SHUTTERSTOCK

GARRY DELONG/SCIENCE SOURCE

Planta aquática do gênero Hydrilla e micrografia de folhas desse gênero de plantas. Imagem obtida por microscópio
de luz, visualizada com aumento de 60 vezes.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 131


IMAGENS SEM ESCALA. Microscopia eletrônica
Os microscópios eletrônicos utilizam, em vez da luz, um feixe de elétrons para iluminar a
amostra. Sua capacidade de ampliação é superior à dos microscópios de luz, com resolução de
0,2 nanômetros, ou seja, cerca de mil vezes maior que o microscópio de luz.
Para que as amostras sejam observadas, devem ser coradas com sais de metais pesados, como
por exemplo o ouro e o chumbo.
Os tipos principais são:

Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET)


O MET permite examinar detalhes ínfimos, pois amplia o objeto em até um milhão de vezes.
Para a observação nesse tipo de microscópio é necessário que o material seja cortado em camadas
bem finas. Seu funcionamento consiste na emissão de um feixe de elétrons que interage com a
amostra enquanto a atravessa.

Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV)


Estes microscópios ampliam a amostra observada em até 100 mil vezes e são capazes de produ-
zir imagens em alta resolução. Nesse caso, os elétrons não atravessam o material, mas são refletidos
por sua superfície. O resultado é a visualização de imagens tridimensionais, sendo bastante utilizados
para a observação da estrutura da superfície da amostra.

DESTEFANO/AGÊNCIA/SHUTTERSTOCK

ANUCHA CHEECHANG/AGÊNCIA/SHUTTERSTOCK
Microscópio eletrônico de transmissão (MET). Microscópio eletrônico de varredura (MEV).

Para entender melhor como as estruturas podem ser visualizadas em cada um desses microscópios,
observe as imagens a seguir. São micrografias de bactérias que vivem no intestino humano – da espécie
Escherichia coli –, obtidas em cada um desses microscópios.
S

RY
E

Y
AG

A
AR

IBR
IM

R
LIB

OL
TTY

OT
ER / SCIENCE PHOT
/ COLABORADOR/GE

ER / SCIENCE PH
ISSN
O LL
DO

ME
SB
/GA

CH
AU
N

GS
KL
T IO

DR

E
EC

EV
LL

ST

CO
ITH
SM

Micrografia de bactérias E. coli obtida por Micrografia de bactéria E. coli obtida Micrografia de bactérias E. coli obtida por
meio de mircroscópio de luz. por meio de MET. meio de MEV. Aumento de 14 000 vezes.

132 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Observe na imagem a seguir qual é o tamanho das estruturas possíveis de serem visualizadas
em cada um dos tipos de microscópio.

Ampliações em diferentes microscópios

LAB212
visível ao microscópio de eletrônico

visível ao microscópio de luz

visível a olho nu

0,1 nm 1 nm 10 nm 100 nm 1 µm 10 µm 100 µm 1 mm 5 mm 1 cm

Ovo de Sapo
Vírus A maioria A maioria das Mosca de fruta
Átomos células animais
das bactérias
Molécula
pequena

PARA CONSTRUIR
1 Explique de que forma o desenvolvimento tecnológico possibilitou o desenvolvimento da biologia celular.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


H8 Resposta: a maioria das células e as estruturas celulares são microscópicas. O estudo da célula e de suas estruturas só foi possível com o
desenvolvimento de microscopios que permitiram a visualização de estruturas que não são visíveis a olho nu.

2 Leia o texto e faça o que se pede.


H8 Os biomateriais são dispositivos utilizados na área da saúde, como tubos de circulação sanguínea, sistemas de hemodiálise, ma-
teriais implantáveis (suturas, placas, substitutos ósseos, tendões, válvulas cardíacas, lentes, dentes), dispositivos para a liberação
de medicamentos (na forma de filmes, implantes subdérmicos), órgãos artificiais, dentre muitos outros.
Antes de serem fabricados industrialmente, esses biomateriais precisam passar por uma série de testes. Um deles é o teste de
toxicidade. Para isso, geralmente são feitos testes em culturas de células antes de se realizar testes em seres vivos.
As células são cultivadas em meios que apresentam todos os nutrientes que elas necessitam. Nesse meio, as células se desen-
volvem e se dividem, originando novas células.
a) Identifiquem e sublinhem no texto o parágrafo que contém informações que podem ser associadas à teoria celular.
Resposta: os alunos devem sublinhar o último parágrafo do texto.
b) Se o biomaterial for tóxico às células cultivadas, ele poderá ser usado em seres humanos? Explique.
Resposta: não, pois os seres humanos são formados de células e se o material for tóxico às células cultivadas, também será tóxico para
as células do corpo humano.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 133


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Vimos que os microscópios utilizam lentes para ampliar imagens. Pesquise outros equipamentos ópticos que também apre-
sentam este princípio de funcionamento. Escolha um deles e compare seu modo de funcionamento ao do microscópio óptico
H6
simples.
Resposta pessoal. Alguns equipamentos que podem ser citados pelos alunos são projetores de slide, retroprojetor, projetor cinematográfico.
Esses dispositivos também usam lentes para obter imagens ampliadas.

2 Construa seu próprio microscópio. Para isso, realize os passos a seguir.


H10 a) Pesquise na internet uma forma simples de construir um microscópio caseiro. Escolha uma delas e obtenha o material ne-
cessário.
b) Depois de construído o microscópio, escolha uma amostra para observar. Desenhe, em seu caderno ou em uma folha à
parte, o que você observou ao visualizar a amostra em seu microscópio.
c) Você observou microrganismos na amostra escolhida?

d) Identifique o item que foi usado no microscópio construído que permitiu ampliar a imagem das amostras observadas.
Resposta pessoal.

Células procarióticas e eucarióticas


Os tipos celulares e as estruturas
Com o desenvolvimento tecnológico e o melhoramento dos microscópios, foi possível conhe-
cer cada vez mais a complexidade morfo-funcional de diferentes tipos célulares.
Apesar da grande diversidade de células, todas elas apresentam características em comum. Mas
que características são necessárias para um sistema biológico ser considerado uma célula? Quais são
os elementos comuns a todas as células?
Para responder a essas perguntas, devemos ter em mente que para uma unidade existir é neces-
sário algo que a limite, mantenha sua integridade e, ao mesmo tempo, permita a comunicação e troca
de substâncias entre o meio interno e o externo. Algo que funcione como uma barreira mas que, ao
mesmo tempo, permita a entrada e saída de substâncias específicas. A estrutura que desempenha
este papel nas células é a membrana plasmática.
Também é preciso apresentar um meio interno concentrado de substâncias necessárias para as
atividades químicas vitais (metabolismo), como a produção de energia, a produção de substâncias
específicas que compõem e estruturam a célula; e também de substâncias que realizam o controle
e coordenação de todas essas atividades. Esse meio interno é chamado de hialoplasma ou citosol,
que é uma substância gelatinosa constituída principalmente de água.
Um dos compartimentos que pode existir ou não em uma célula é o núcleo celular, que
é delimitado por uma membrana chamada carioteca. O núcleo é o compartimento que abriga
o material genético (DNA). É justamente a presença ou não de núcleo delimitado por mem-
brana que levou os estudiosos a classificar as células em dois grandes grupos: as procarióticas,
que não apresentam núcleo, e as eucarióticas, que apresentam núcleo. Os termos procarióticas e
eucarióticas se originam do termo káryon, que significa núcleo em grego, e pro – primitivo –, e eu
– verdadeiro. Os seres vivos que apresentam cada um dos tipos são chamados, respectivamente, de
procariontes ou procariotos (como as bactérias) e de eucariontes ou eucariotos (como as plantas
e os animais).

134 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


As células também apresentam uma região denominada citoplasma. Nas células procarióticas, IMAGENS SEM ESCALA.
o citoplasma consiste em toda a região interna da célula que é é envolvida pela membrana plasmática. CORES FANTASIA.
No caso de células eucarióticas, o citoplasma é a região entre a membrana e o núcleo.
Todas as células também apresentam material genético, que é composto por DNA. Nas células
procarióticas, o DNA não se encontra em um compartimento específico, mas livre no citoplasma.

Título do
Célula esquema
procarionte

CAROL & MIKE WERNER / VISUALS UNLIMITED, INC / SCIENCE PHOTO LIBRARY
Representação de uma seção longitudinal de uma bactéria – organismo procarionte.

Título do
Célula esquema
eucarionte

CAROL & MIKE WERNER / SCIENCE PHOTO LIBRARY

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Representação de seção de célula animal com suas principais estruturas.

Nas imagens, podemos observar diversas diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas.
Fica evidente que o citoplasma de células eucarióticas é muito mais complexo do que o de células
procarióticas. Exploraremos essas diferenças em maiores detalhes ao abordarmos as estruturas celu-
lares, suas funções e em que tipo de célula elas estão presentes.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 135


IMAGEM SEM ESCALA. Componentes celulares
CORES FANTASIA.

Membrana plasmática
A membrana plasmática é o envoltório comum a todas as células. Ela mantém o meio intrace-
lular diferente do extracelular, pois apresenta permeabilidade seletiva, controlando a entrada e a
saída de substâncias.
Uma característica relevante da membrana plasmática é o fato ser fluída e ao mesmo tempo
íntegra, ou seja, tem alta flexibilidade e ao mesmo tempo grande resistência. O modelo que explica
a estrutura da membrana plasmática está relacionado com a afinidade das moléculas que a formam
com a água. Para compreender esse modelo, devemos entender o que é polaridade de uma molécula
e como isso se relaciona com a afinidade com a água.

Polaridade da água e seu poder de dissolver


A água tem o poder de dissolver grande número de substâncias. Isso está relacionado à
sua polaridade. Veremos polaridade em maiores detalhes ao longo do estudo de Ciências da
Natureza. No momento, é importante saber que as moléculas têm cargas elétricas. A água é
uma molécula que apresenta uma porção com carga elétrica positiva e uma porção com car-
ga elétrica negativa. Por isso é uma molécula polar. Essas cargas da molécula de água podem
atrair as cargas elétricas das outras substâncias (polares), envolvendo-as e dissolvendo-as. Veja
a seguir a representação de como a água dissolve o sal de cozinha.

INNA BIGUN/SHUTTERSTOCK
Na+

Cl– δ+

δ– δ–
δ– δ+ δ+
δ+
δ+ Na+
δ+

δ–
δ+ Cl– δ–
δ+
δ+ δ– δ+
δ+
δ–
δ+
δ+

δ+
δ+ Cl– δ–
δ– δ+
δ+

Cloreto de sódio δ+

δ–
δ+

δ–
δ+
Moléculas de água
δ+ Na+
(sal de cozinha) δ–
δ+
δ+

Sal se dissolvendo na água

δ+
δ–
δ– δ+

δ+
δ–

Na+
δ+ δ+

δ+
A água envolve o sódio e o
Cl–
δ–
δ+
δ+

δ– δ+
δ–
cloro que formam o sal,
δ+ δ+

dissolvendo-o

Representação de como a água dissolve o sal de cozinha. O sal de cozinha, ou cloreto de sódio,
formado por um átomo de cloro e um de sódio. A água envolve os átomos que formam o sal.

A membrana plasmática é constituída basicamente por fosfolipídios, moléculas que apresentam


uma porção polar e uma apolar. Portanto, são mistas quanto à afinidade com a água (anfipáticas). A
cauda dos fosfolipídios é formada por lipídios – parte apolar ou hidrofóbica –, que não tem afinidade
com substâncias polares e não se dissolve na água. A cabeça da molécula é composta de fosfato –
parte polar ou hidrofílica –, que tem afinidade com substâncias polares e se dissolve na água.
Os fosfolipídios apresentam uma camada dupla (bicamada). Na camada externa, os fosfolipídios
as cabeças de fosfato ficam voltadas para o meio externo à célula. Na camada interna, as cabeças
de fosfato ficam voltadas para o citoplasma. Isso ocorre porque tanto o meio intracelular quanto o
extracelular são ricos em água. Já as caudas lipídicas das duas camadas, que não apresentam afinidade
com a água, ficam voltadas umas para as outras.

136 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Além dos fosfolipídios, a membrana plasmática contém proteínas em sua estrutura. Essas pro-
teínas ficam “mergulhadas” nos fosfolipídios e podem se movimentar entre eles. As proteínas podem
estar voltadas para o lado de fora, para o lado de dentro, ou podem atravessar a camada bi-lipídica,
como representadas na imagem a seguir.
IMAGENS SEM ESCALA.
CORES FANTASIA.
Membrana plasmática

DESIGNUA/SHUTTERSTOCK / KALLAYANEE NALOKA/SHUTTERSTOCK


glicoproteína
carboidrato glicolipídio

proteína da membrana
Glicocálix

Bicamada fosfolipídica

proteína da
membrana

proteína da cabeça hidrofílica


membrana proteína da
membrana
proteína da membrana Fosfolipídio
cauda hidrofóbica

Representação esquemática da membrana plasmática e suas estruturas.

O modelo de como se estrutura a membrana é chamado de mosaico fluido. Esse nome se


deve à aparência das proteínas dispersas pela bicamada lipídica, que parece um mosaico, e ao fato

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


de as proteínas e os fosfolipidios fluírem pela membrana.
Além das proteínas e dos fosfolipídios, há também o chamado glicocálix ou glicocálice. São es-
truturas de natureza glicídica (carboidratos) que podem estar aderidas às proteínas ou aos lipídios da
membrana, formando glicoproteínas ou glicolipídios, respectivamente. O glicocálix reveste a célula
e tem papel importante no reconhecimento celular, que é
DR JEREMY BURGESS / SCIEN-
CE PHOTO LIBRARY

a capacidade de uma célula diferenciar quais substâncias


são estranhas ou não a um determinado organismo, e na
proteção da célula.

Parede celular Parede


celulósica
Trata-se de uma estrutura externa à membrana
plasmática, que a está presente na maioria dos organis-
mos procariontes, em alguns eucariontes unicelulares e
em todas as plantas e fungos. É uma estrutura resistente
que restringe o formato da célula e lhe confere susten-
tação e proteção.
A composição da parede celular difere de acordo
com o tipo de organismo. A parede celular de bactérias Micrografia de células de raiz de milho,
é composta principalmente de peptidoglicanos. Nos fun- espécie Zea mays. Na imagem, a parede
celular é observada como uma fina
gos, é constituída de quitina. Já nas plantas, o principal camada entre as células. Imagem obtida
componente é a celulose, por isso também é denominada por MET, visualizada com aumento de
parede celulósica. 1 765 vezes.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 137


PARA CONSTRUIR
1 Leia o texto e faça o que se pede.
H19 A meningite é uma inflamação das meninges, que são membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinal. Ela pode ser
causada por vírus, bactérias e fungos. Para identificar o microrganismo que causa a doença, pode se realizar um exame que
exige a retirada de líquido cerebrospinal do canal vertebral e cultura dos microrganismos para sua identificação.
a) Preencha a tabela, assinalando as estruturas que se espera encontrar no agente infeccioso caso a doença seja causada por
vírus, bactérias ou fungos.

Estrutura Vírus Bactéria Fungo


Material genético X X X

Membrana plasmática X X

Parede celular X X

Núcleo X

Estruturas membranosas no citoplasma X

b) Identifique esses microrganismos como acelular, procarioto ou eucarioto.


Resposta: os vírus são acelulares, as bactérias são procariotas e os fungos são eucariotos.

c) Seria possível identificar todos esses microrganismos com o uso de um microscópio de luz? Explique.
Resposta: não, os vírus não podem ser visualizados por meio de microscópio de luz, apenas as bactérias e os fungos.

2 A indústria farmacêutica deve conhecer muito bem o agente causador de dada doença para sintetizar um medicamento que
possa eliminá-lo do organismo. Leia os trechos de algumas bulas de medicamento e faça o que se pede.
H3

H8 “[...] Os antibióticos da classe das polimixinas são agentes de superfície e agem através da adesão à membrana
celular da bactéria, o que altera sua permeabilidade e provoca a morte bacteriana. [...]”
H19 Bula Colis-Tek. Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/BM/BM[26000-1-0].PDF>. Acesso em: 16 dez. 2019.

“O mecanismo de ação [do antibiótico] é a inibição da síntese da parede celular [...]. Isso resulta na interrupção
da biossíntese da parede celular (peptidoglicano), que leva à lise e morte da célula [...].”
Bula Fortaz® injetável. Disponível em: <https://br.gsk.com/media/555795/bl_fortaz_inj_gds25_ipi04_l0663.pdf> Acesso em: 16 dez. 2019.

a) Identifique e sublinhe as estruturas celulares atingidas pelos antibióticos.


Resposta: os alunos devem sublinhar “membrana plasmática” e “parede celular”.
b) Descreva qual é a função dessas estruturas.
Resposta: a membrana plasmática delimita o espaço celular e controla a entrada e saída de substâncias da célula. A parede celular
restringe o formato da célula e lhe confere sustentação e proteção.

c) O segundo antibiótico é destinado a que tipo de organismo? Explique.


Resposta: é destinado a bactérias, uma vez que sua parede celular é composta principalmente de peptidoglicanos.

138 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Uma das aplicações da biologia celular é na área de produção de defensivos agrícolas naturais. Leia o texto a seguir e faça o
que se pede.
H10
O uso de agrotóxicos pode aumentar a produtividade agrícola e auxiliar no controle de pragas. Entretanto, essa prática pode
trazer efeitos adversos tanto para os seres vivos como para o ambiente. Dentre eles, temos a poluição dos solos, das águas e do
ar, a perda da fertilidade do solo, a perda da biodiversidade, a intoxicação de seres humanos e outros animais. Uma alternativa
ao uso de agrotóxicos trata-se do uso de defensivos agrícolas naturais, que apresenta grande potencial de desenvolvimento
agrícola e industrial.
▶ Imagine que você trabalha em uma indústria que sintetiza um defensivo agrícola natural e produza um texto de divulgação
do produto para ser colocado no site da empresa. O texto deve abordar os tópicos indicados a seguir.
a) O que são defensivos agrícolas naturais e quais são as suas vantagens em relação aos defensivos agrícolas químicos.
b) Escolha um defensivo agrícola natural para ser o produto vendido pela empresa hipotética e identifique em seu texto:
• a espécie e algumas características do organismo (procarionte ou eucarionte; unicelular ou multicelular);
• característica que permite que ele seja usado como defensivo agrícola industrial;
• em que tipo de cultivos ele pode ser usado.
Resposta pessoal. Em seus textos, os alunos devem escrever que defensivos agrícolas naturais são os produtos originários de partes de, ou
compostos por plantas, microrganismos, animais e minerais que podem ser usados no controle de pragas agrícolas. Eles não geram resíduos
químicos e poluição da água, do solo e dos alimentos, não causa desequilíbrios ecológicos, não tem impactos negativos na saúde do ser
humano. O exemplo de defensivo agrícola natural a ser escolhido é variável.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 139


Citoplasma e suas estruturas
O citoplasma de células procarióticas é diferente do de células eucarióticas. Em células procarió-
ticas, o citoplasma é composto basicamente pelo citosol e por estruturas não membranosas dispersas
no meio gelatinoso, como os ribossomos e o material genético.
Em células eucarióticas, o citoplasma pode ser dividido em citosol e citoesqueleto, parte
fibrosa que abordaremos mais adiante. Ele também é repleto de outros compartimentos ainda mais
especializados, denominados organelas.
O citosol é o meio ideal para a ocorrência dos processos vitais. Apresenta grande quantidade
IMAGEM SEM ESCALA. de substâncias, como enzimas, coenzimas, lipídios, proteínas e carboidratos mergulhados em um
CORES FANTASIA.
meio aquoso, no qual as substâncias interagem e sofrem transformações essenciais ao organismo.
Também é o local em que substâncias com
Núcleo e retículo endoplasmático função de reserva energética são armazenadas,

TEFI / SHUTTERSTOCK
como os carboidratos amido (em vegetais) e glico-
gênio (em animais).
Núcleo

As organelas celulares
Organelas ou organoides são estruturas ce-
lulares envolvidas por membrana que separa seu
meio interno do citosol. Desempenham uma ou
Retículo mais funções específicas na célula. Há uma grande
endoplasmático diversidade de organelas nas células eucariontes,
granuloso
como retículo endoplasmático, complexo golgien-
se, lisossomos, vacúolos, peroxissomos, mitocôn-
Ribossomos drias, cloroplastos.

Retículo endoplasmático
O retículo endoplasmático é uma organela
membranosa formada por uma rede interligada
de bolsas e canais. Pode ser de dois tipos: retículo
endoplasmático granuloso, também chamado de
Retículo
endoplasmático
rugoso, e retículo endoplasmático não granulo-
não granuloso so, também chamado de liso. A principal diferença
entre eles é a presença de ribossomos aderidos à
face externa da membrana do retículo granuloso, o
Representação de retículo endoplasmático que lhe dá aspecto granular. Outra diferença estru-
granuloso e de retículo endoplasmático tural é que as bolsas no retículo granuloso são mais achatadas, enquanto no retículo não granuloso
não granuloso e o núcleo celular.
são mais tubulares.
Os dois tipos de retículo endoplasmático têm função de produzir, transportar, exportar e armaze-
nar substâncias na célula. O retículo granuloso, por ter ribossomos aderidos em sua estrutura, tem como
função específica a síntese de proteínas, em sua maioria para a exportação (para o meio extracelular).
O retículo não granuloso tem a função de síntese de lipídios, como o colesterol e os hormônios
esteroides (sexuais) testosterona, progesterona e estrógeno. Também é função do retículo não gra-
nuloso a desintoxicação, pois dentro dele as substâncias tóxicas são transformadas em substâncias
não nocivas. Um exemplo disso é degradação de medicamentos e do álcool contido em bebidas
alcoólicas. O fígado – órgão responsável pela degradação de substâncias tóxicas em nosso organismo
– apresenta certas células com grande quantidade dessas organelas.

Complexo golgiense
O complexo golgiense (antes chamado de aparelho de Golgi ou complexo de Golgi) é caracteri-
zado por um conjunto de estruturas membranosas que se assemelham a bolsas ou sacos empilhados.
Na maioria das células, o complexo golgiense costuma se localizar próximo ao núcleo.
A função principal dessa organela é o empacotamento, armazenamento, modificação e expor-
tação de substâncias, sendo responsáveis pela secreção celular.

140 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Um exemplo clássico é a secreção de enzimas digestivas pelas células do pâncreas dos seres
humanos. Essas células apresentam grande quantidade de complexo golgiense, que atua conjunta-
mente com o retículo endoplasmático granuloso para realizar uma função importante na digestão
dos nutrientes ingeridos. As enzimas, que são proteínas, são produzidas no retículo granuloso. São
transportadas em vesículas de transporte para o complexo golgiense, onde são modificadas. Em
seguida, são formadas vesículas secretórias que saem das organelas cheias de enzimas. Essas vesículas
se fundem à membrana plasmática e as enzimas são liberadas por exocitose para os ductos pancreá-
ticos. Os ductos levarão as enzimas para o duodeno, onde atuarão na digestão de substâncias como
gorduras e proteínas.
IMAGENS SEM ESCALA.
Complexo golgiense CORES FANTASIA.

TEFI/SHUTTERSTOCK
1. Substâncias, como proteínas
produzidas do retículo
endoplasmático granuloso,
são levadas ao complexo
golgiense por meio de
vesículas de transporte.

2. As substâncias são modificadas


no complexo golgiense.

3. As substâncias já modificadas
são transportadas até a
membrana plasmática por meio
de vesículas secretórias.

4. As vesículas secretam as
substâncias para o meio
extracelular em um processo
conhecido como exocitose, em
que a membrana da vesícula se
funde à membrana plasmática. Esquema
representando a
ação do complexo
golgiense.

Lisossomos Funções dos lisossomos


Os lisossomos são vesículas membranosas que carre-

GHOST DESIGN/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


gam enzimas digestivas em seu interior – mas essas enzi- Função Retículo Função
endoplasmático
mas não são para exportação e sim para a digestão intra- heterofágica
granuloso
autofágica
celular. Assim como as vesículas enzimáticas destinadas à
secreção, os lisossomos se originam do complexo golgiense.
A digestão realizada pelos lisossomos pode ter duas
funções distintas: a heterofágica e a autofágica. A heterofá-
gica consiste em digerir partículas que têm origem fora da
célula, como por exemplo aquelas internalizadas por meio
da fagocitose. Quando a célula fagocita algo, forma-se o
que chamamos de vacúolo alimentar, composto pelo ele- Vacúolo com estrutura
mento fagocitado envolvido pela membrana plasmática. O Partícula de celular a ser digerida
vacúolo alimentar se funde ao lisossomo. Nesse momento, Alimento Vacúolo
alimentar
se fundindo com o
lisossomo e formando
é formado o que chamamos de vacúolo digestivo, onde o vacúolo digestivo.
ocorre a digestão do material fagocitado a partir da inte-
ração com as enzimas provenientes do lisossomo. Após a Lisossomos

digestão, os resíduos que não foram absorvidos permane-


cem no que agora passa a chamar vacúolo residual, que
Vacúolo com partícula
será eliminado posteriormente por exocitose. alimentar se fundindo com
A função autofágica refere-se a digestão de material o lisossomo e formando
da própria célula, como por exemplo para a renovação de o vacúolo digestivo.
organelas ou de outras estruturas, ou ainda em processos
de desenvolvimento de organismos pluricelulares, como Esquema mostra as duas funções dos lisossomos: função heterofágica, representada à
por exemplo a regressão da cauda dos girinos. esquerda, e a função autofágica, representada à direita dos lisossomos.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 141


BIOPHOTO ASSOCIATES/SCIENCE SOURCE
Vacúolos
Existem diversos tipos de vacúolos, com funções distintas. Há
vacúolos relacionados a processos de digestão intracelular, como
os que decorrem do processo de fagocitose explicado acima.
Há também os vacúolos contráteis, presentes em organismos
unicelulares eucariontes, como protozoários e algas unicelulares
de água doce. Esses organismos são hipertônicos em relação ao
meio, o que ocasiona a entrada de água nas células por osmose.
O vacúolo contrátil absorve água de dentro da célula e se contrai,
expelindo o excesso de água para o meio externo. Dessa forma,
possibilita o equilíbrio osmótico desses organismos.
Os vegetais apresentam vacúolos muito desenvolvidos, que
podem ocupar até 90% do volume da célula. São chamados de
vacúolo vegetal, vacúolo central ou vacúolo de suco celular.
Podem apresentar diversos tipos de substâncias, como enzimas –
que participam do processo de digestão intracelular –, pigmentos
– que dão cor às pétalas das flores, ou substâncias tóxicas – que
proporcionam defesa contra animais herbívoros.
Micrografia eletrônica de transmissão
colorida (TEM) de uma célula vegetal. Peroxissomos
O vacúolo é a estrutura visualizada em
amarelo, que ocupa grande parte do Os peroxissomos são organelas membranosas arredondadas que apresentam uma grande diver-
volume da célula. Imagem visualizada com sidade de enzimas em seu interior. Têm diversas funções, sendo uma das principais a transformação
aumento de 1 850 vezes. de substâncias tóxicas em substâncias inofensivas para a célula.
Como subproduto de certas transformações químicas que ocorrem nessa organela, muitas
vezes são produzidas moléculas de peróxido de hidrogênio ou água oxigenada (H2O2). O peróxido
de hidrogênio é tóxico para a célula e, dentro dos próprios peroxissomos, é transformado em água e
gás oxigênio por enzimas chamadas de catalases.

Mitocôndrias
As mitocôndrias são as organelas em que ocorre o processo de respiração celular, que fornece
energia para que os organismos realizem suas atividades.
Estruturalmente, a mitocôndria apresenta uma membrana externa e uma membrana interna
de formato sinuoso, que formam as cristas mitocondriais. O meio interno às cristas é chamado de
matriz mitocondrial. O formato da mitocôndria é similar ao de um grão de feijão.
Uma característica interessante das mitocôndrias é que apresentam um DNA próprio, o DNA
mitocondrial. A presença deste DNA exclusivo aponta para a hipótese de que as mitocôndrias eram
organismos independentes que passaram a viver em simbiose com outras organismos, dentro das
Mitocôndria células, dando origem às células
DANIELA BARRETO/SHUTTERSTOCK

eucariontes que conhecemos


CNRI / SCIENCE PHOTO LIBRARY

Ribossomo atualmente. Simbiose é uma re-


Cristas
mitocondriais lação entre seres vivos de espé-
cies diferentes que vivem juntos
e em que ambos se beneficiam.
Matriz Esta teoria é conhecida como
teoria endossimbiótica.

Membrana
interna
IMAGEM SEM ESCALA.
Membrana
CORES FANTASIA.
externa
Micrografia eletrônica de transmissão
DNA (MET) de uma mitocôndria.
Imagem visualizada com
Representação esquemática de uma mitocôndria em corte transversal. aumento de 62 800 vezes.

142 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Cloroplastos
Os cloroplastos são organelas em que ocorre o processo de fotossíntese, que produz alimento
para seres autótrofos. Para isso, os cloroplastos contam com a clorofila, um pigmento verde capaz
de captar a energia luminosa do Sol. Essas organelas são encontradas apenas em seres eucariontes
fotossintetizantes, como plantas e algas.
O cloroplasto é formado de três estruturas principais: o envelope, o estroma e os tilacoides. O
envelope delimita a organela e é formado por duas membranas, uma externa e outra interna. Ele
envolve o estroma, espaço interno da organela, que é composto por solução com grande quantidade
de enzimas e íons, além de ribossomos e moléculas de DNA e RNA. No estroma, há estruturas em
forma de discos que ficam empilhadas umas sobre as outras, chamadas de tilacoides, que contêm
moléculas de clorofila.
IMAGENS SEM ESCALA.
CORES FANTASIA.
O cloroplasto

DESIGNUA/SHUTTERSTOCK
Membrana externa DNA

Membrana interna

Ribossomo

Tilacóide

Representação de um cloroplasto, organela em que ocorre a fotossíntese em organismos eucariontes.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Assim como a mitocôndria, o cloroplasto tem DNA próprio, diferente do DNA contido no
núcleo celular. Muitos estudiosos acreditam que a origem do cloroplasto pode ser explicada
da mesma forma que a da mitocôndria, ou seja, que eram seres vivos independentes que, em
algum momento, foram englobados por organismos unicelulares, passando a viver em relação de
simbiose – teoria endossimbiótica.

Estruturas não
Ribossomo
membranosas
ALDONA GRISKEVICIENE/SHUTTERSTOCK

Ribossomos
Subunidade
maior São estruturas compostas por proteí-
nas e RNA ribossômico. O RNA é um tipo
de ácido nucleico, assim como o DNA que
compõe o material genético, e será abor-
Subunidade
menor
dado em maiores detalhes em cadernos
posteriores. São essenciais na síntese de
proteínas.
Nas células procarióticas, encontram-
-se dispersos no citoplasma. Nas células eu-
carióticas, além de dispersos no citoplasma,
Representação do ribossomo.
Note que é composto de uma
também se encontram aderidos ao retículo
subunidade maior e uma menor. endoplasmático granuloso.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 143


Citoesqueleto
As células eucarióticas apresentam em seu citoplasma estruturas filamentosas e tubulares que
dão sustentação, movimento e resistência para as células. Estes filamentos são uma estrutura proteica
e podem ser de três tipos: microfilamentos, microtúbulos e filamentos intermediários.
Os microfilamentos mais conhecidos são os de actina, uma proteína contrátil, ou seja, capaz de
se contrair e distender, muito importante para o movimento do citoplasma.

A.B. DOWSETT / SCIENCE PHOTO LIBRARY


RY
RA
LIB
E P H OTO
ITTMAN
N / S CI E N C
EN W
RST
IMAGEM SEM ESCALA.

TO
DR
CORES FANTASIA.

Centríolo
DESIGNUA/SHUTTERSTOCK

Vista do centríolo
em corte transversal
Micrografia de duas células de fibroblasto, coloridas Micrografia eletrônica de transmissão de bactéria
artificialmente, que mostram o citoesqueleto – Salmonella enteritidis. Os filamentos alongados
composto de microtúbulos (amarelo) e filamentos de são flagelos, utilizados para locomoção. Imagem
actina (roxo). A estrutura em verde é o núcleo. Imagem colorizada por computação
visualizada com aumento de 980 vezes. e obtida com aumento de 13 100 vezes.

Os microtúbulos ajudam a transportar substâncias de uma parte da célula à outra. Também


formam os centríolos, que serão vistos a seguir, e estruturas locomotoras como cílios e flagelos.
Os filamentos intermediários são formados por vários tipos de proteínas fibrosas e conferem
Trio de microtúbulos resistência mecânica às células.
Já as células procarióticas apresentam poucos filamentos proteicos em seu citoplasma e, por-
tanto, considera-se que apresentam citoesqueleto pouco desenvolvido.

Centríolos
Os centríolos são organelas responsáveis pela produção e orientação das fibras do fuso, que
orientam o movimento do material genético durante a divisão celular. Essas estruturas estão ausentes
em diversos grupos de plantas, como nas plantas com flores (angiospermas) e em pinheiros.
Os centríolos são formados por um conjunto de nove trincas de microtúbulos ligadas umas as
outras através de fibras conectivas.

Material genético e núcleo


Todas as células apresentam material genético, que é composto por um tipo específico de
molécula, o ácido desoxirribonucleico ou DNA (do inglês: desoxiribonucleic acid). O DNA contém as
características genéticas da espécie e tem a capacidade de se replicar, por isso tem papel fundamental
na reprodução. O DNA ainda controla as atividades celulares e desempenha função fundamental
Microtúbulos Fibras conectivas na síntese de proteínas.
Nas células procarióticas, o material genético consiste em uma molécula circular de DNA que
Esquema da estrutura básica de um se encontra imersa no citoplasma, em uma região denominada nucleoide. Também pode haver
centríolo e a sua vista em corte transversal. pequenas moléculas circulares de DNA dispersas no citoplasma, denominadas plasmídeos.

144 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Nas células eucarióticas, o DNA en-
O núcleo
contra-se separado do citoplasma por uma
estrutura membranosa chamada núcleo. O Envelope nuclear
Ribossomo
núcleo é formado pelo envelope nuclear, (carioteca)
nucleoplasma, nucléolo e cromatina.
O envelope nuclear, ou carioteca, é uma
membrana que delimita o núcleo. Apresenta
diversos poros, que permitem a comunica-
ção entre o núcleo e o citoplasma. Cromatina

O nucleoplasma é o meio interno IMAGEM SEM ESCALA.


da organela, formado por solução aquosa CORES FANTASIA.
que contém diversos tipos de enzimas, mo-
Nas células eucarióticas,
léculas e íons. Nucléolo o material genético está
A cromatina consiste em longos filamen- organizado na forma
tos compostos por DNA e por proteínas. de cromatina, dentro
O nucléolo é uma estrutura altamente do núcleo celular. Na
imagem vemos as
condensada, formada por RNA. Ele sintetiza Poros
diferentes estruturas
as subunidades dos ribossomos. que compõem o
núcleo celular.

Diferenças entre as células: retomando


Vimos até aqui as diversas estruturas que as células podem apresentar. Cada grupo de seres vivos
apresenta especificidades em suas células, que serão vistas quando estudados isoladamente. Neste
momento, retomaremos algumas diferenças entre uma célula de bactéria – organismo procarionte
– e células animais e vegetais – seres eucariontes. Observe a tabela a seguir.

Eucariontes Procariontes
Estrutura celular Animais Plantas Bactérias
Parede celular Ausente Presente Presente
Membrana celular Presente Presente Presente

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Material genético Presente Presente Presente
Núcleo Presente Presente Ausente
Lisossomos Presente Presente Ausente
Retículo endoplasmático granuloso Presente Presente Ausente
Retículo endoplasmático não granuloso Presente Presente Ausente
Peroxissomo Presente Presente Ausente
Mitocôndria Presente Presente Ausente
Complexo golgiense Presente Presente Ausente
Vacúolo central Ausente Presente Ausente
Presente apenas em
Centríolos Presente Ausente
alguns grupos
Cloroplastos Ausente Presente Ausente
Ribossomos Presente Presente Presente
Ciitoesqueleto Presente Presente Pouco desenvolvido

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 145


Como já visto anteriormente, as células procarióticas não apresentam núcleo ou organelas
membranosas. Além disso, o citoesqueleto das células procariontes apresenta poucas fibras, sendo
pouco desenvolvido em comparação ao das células eucarióticas.
Podemos notar que células animais apresentam diversas diferenças em relação às vegetais. Algu-
mas estruturas estão presentes exclusivamente nas células vegetais, como a parede celulósica, os clo-
roplastos e o vacúolo central. A ausência de parede celulósica confere às células animais uma estrutura
menos rígida. Já o centríolo, presente em todas as células animais, é ausente em alguns grupos de plan-
tas. Veja a seguir a representação de uma célula animal e de uma célula vegetal com suas estruturas.

Célula animal × célula vegetal

UDAIX/SHUTTERSTOCK
Célula animal IMAGENS SEM ESCALA.
CORES FANTASIA.
Núcleo

Membrana
plasmática
Retículo endoplasmático
não granuloso
Ribossomos
Retículo endoplasmático
granuloso
Peroxissomo

Mitocôndria
Lisossomo
Citoplasma

Centríolo

Complexo golgiense

Célula vegetal
Núcleo

Retículo endoplasmático Retículo endoplasmático


não granuloso granuloso

Citoplasma
Ribossomos

Complexo
golgiense Membrana
plasmática
Mitocôndria Parede
celular

Vacúolo central
Esquema em corte de uma
Peroxissomo Cloroplastos
célula animal e de uma célula
vegetal, com suas estruturas.

146 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


EXPERIMENTANDO
Observação de células de elódea ao microscópio
Essa atividade tem como objetivo a observação de células e o manuseio de microscópios ópticos.
Material
▶ Microscópio óptico

▶ Lâminas e lamínulas para microscopia

▶ Ramos da planta elódea

▶ Água

▶ Pinça

▶ Conta-gotas

Procedimento experimental
1. Com uma pinça, retire uma folha da elódea.
2. Coloque a folha sobre uma lâmina limpa.
3. Pingue uma gota de água sobre a folha e cubra-a com a lamínula.
4. Observe a folha ao microscópio, e procure obter imagens nítidas com diferentes aumentos.
Observações
Represente o que você observou com um desenho. Não se esqueça de anotar os aumentos com
que as imagens representadas foram observadas. Procure utilizar cores diferentes para represen-
tar as estruturas observadas. Insira legendas com o nome das estruturas que você observou. Des-
creva também como são as estruturas observadas.
1. Se a célula observada fosse uma célula animal, que estruturas visíveis nas células da elódea
estariam ausentes?
Resposta: as células animais não apresentam parede celular nem cloroplasto, portanto essas
estruturas visualizadas nas células da elódea estariam ausentes.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


PARA CONSTRUIR
1 Construa uma tabela com três colunas em uma folha avulsa. Descreva na tabela as seguintes informações:
H8 ▶ 1a coluna: estruturas celulares;
▶ 2a coluna: principais funções de cada estrutura;
▶ 3a coluna: organismos em que está presente (procarionte, eucariontes: vegetal e animal).
Resposta no Manual do Professor.

2 Cortes em tecido glandular secretor de hormônios proteicos foram examinados ao microscópio eletrônico. Identifique e assina-
le que organelas são prováveis de se encontrarem bem desenvolvidas nessas células.
H19
a) Sistema golgiense e cílios.
b) Plastos e mitocôndrias.
c) Retículo endoplasmático rugoso e sistema golgiense.
d) Sistema golgiense e vacúolos.
e) Retículo endoplasmático liso e ribossomos.
Resposta: alternativa c.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 147


3 Todas as células apresentam material genético. A respeito desse assunto, responda.
H8 a) Por que o material genético é fundamental para os organismos?
Resposta: o material genético contém as características da espécie e é capaz de se replicar, e tem função fundamental na
H19
reprodução. Também controla as atividades celulares e tem papel fundamental na síntese de substâncias como proteínas.

b) Onde o material genético pode ser encontrado em células procarióticas? E nas eucarióticas?
Resposta: nas células procarióticas, o material genético é encontrado disperso no citosol. Nas células eucarióticas, é encontrado no
interior do núcleo e das organelas mitocôndria e cloroplasto.

4 Cite duas diferenças entre:


a) Células procarióticas e células eucarióticas.
Resposta: as células procarióticas não apresentam as organelas membranosas presentes no citoplasma das células procarióticas; as
células procarióticas apresentam material genético disperso no citosol, enquanto nas células eucarióticas ele se encontra no interior do
núcleo; as células procarióticas apresentam citoesqueleto pouco desenvolvido em comparação ao apresentado pelas células eucarióticas.

b) Células animais e células vegetais.


Resposta: as células vegetais apresentam as seguintes estruturas ausentes em células animais: vacúolo central, parede celulósica
e cloroplasto.

5 Observe a imagem e faça o que se pede.


H8
SPORT08/SHUTTERSTOCK

Durante a transição da fase de girinos para a de rãs ou sapos adultos, observamos o desapa-
recimento da cauda dos girinos.
H19
a) Identifique e escreva qual é a organela envolvida no desaparecimento da cauda dos girinos.
Resposta: os lisossomos.

b) Explique como isso ocorre.


Resposta: as estruturas que formam a cauda sofrem digestão autofágica, ou seja, fundem-se aos
lisossomos formando vacúolos digestivos e são digeridas pelas enzimas provenientes dos lisossomos.

6 O espermatozoide é a célula reprodutora masculina dos animais. Ele apresenta um flagelo, que permite a célula se movimentar.
Para que o espermatozoide possa se manter nadando pelo tempo e distância necessária para encontrar o ovócito (célula reprodu-
H8
tora feminina), precisa de grande quantidade de energia. Que organela deve existir em abundância nos espermatozoides?
H19 Resposta: devem conter uma grande quantidade de mitocôndrias, organelas em que ocorre o processo de respiração celular, que fornece
energia para a célula.

148 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


FAÇA VOCÊ MESMO
1 (Unicamp-SP) Imagine-se observando ao microscópio óptico comum dois cortes histológicos: um de fígado de rato e outro de
folha de tomateiro. Cite duas estruturas celulares que permitiriam identificar o corte da folha do tomateiro.
H19
Resposta: a presença de cloroplastos e parede celular na célula vegetal é um diferencial entre a célula vegetal e a célula animal.

2 Leia o texto e faça o que se pede.


H4
Em 2016, um grupo de pesquisadores japoneses, tendo à frente Shosuke Yoshida, identificou uma nova espécie
H19 de bactéria, Iodenella Sakaienses, capaz de utilizar o PET (polietileno tereftalato) como fonte de carbono e energia.
Eles descobriram que essas bactérias também liberam para o ambiente uma enzima que denominaram de PETase, que
digere o plástico.
A quantidade de plástico descartada é um grande problema ambiental. Só o Brasil produz mais de 11 milhões de
toneladas de lixo plástico por ano, segundo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, 2019)*. O plástico é muito re-
sistente e pode permanecer no ambiente por vários anos antes de se degradar. Uma garrafa PET, por exemplo, pode
permanecer no ambiente por mais de 800 anos. A enzima PETase é capaz de começar a desintegrar o material em
apenas alguns dias.
Desde então, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos para que a enzima possa ser produzida em escala indus-
trial, auxiliando o processo de reciclagem do plástico.
WWF Brasil. Brasil é o 4o país do mundo que gera mais lixo plástico. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-pais-do-
mundo-que-mais-gera-lixo-plastico>. Acesso em: 17 dez. 2019.

a) Sabendo que as enzimas são proteínas, escreva uma estrutura da célula que participa da produção da PETase nas bactérias.
Resposta: os ribossomos.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


b) Escreva duas estruturas celulares que participam da síntese de proteínas nas células procarióticas.
Resposta: os ribossomos e o retículo endoplasmático granuloso.

c) Explique qual é a importância da descoberta da PETase.


Resposta: o PET é um material muito resistente que demora um longo tempo para se degradar. A produção industrial da PETase pode
possibilitar que ela seja usada para facilitar a reciclagem do plástico.

3 Pesquise e escolha uma micrografia que mostre uma ou mais células e faça o que se pede, em seu caderno ou em uma folha avulsa.
H19 a) Imprima a imagem escolhida e cole-a em uma folha avulsa.
b) Explique por que tipo de microscópio a imagem foi obtida e o aumento com que foi visualizada, caso informações sobre o
aumento estejam disponíveis.
c) A que organismo pertece e se a(s) célula(s) é (são) procarióticas ou eucarióticas.
d) Identifique e localize as estruturas celulares visíveis na imagem.
e) Que estruturas celulares o tipo de célula escolhido costuma apresentar e que não estão visíveis na micrografia.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 149


4 Observe a imagem e faça o que se pede.
H4

VSHIVKOVA/SHUTTERSTOCK
H8

H19

O núcleo é visualizado
em azul, os filamentos
de actina em rosa e a
tubulina em amarelo.

a) A micrografia mostra células procarióticas ou eucarióticas? Explique sua resposta.


Resposta: células eucarióticas, já que apresentam núcleo. Além disso, os estudantes podem notar que as fibras do citoesqueleto se
apresentam em grande quantidade, característica de células eucarióticas.

b) Os filamentos corados na imagem fazem parte de que estrutura celular? Escreva três funções desta estrutura.
Resposta: os filamentos fazem parte do citoesqueleto, que fornece sustentação, resistência mecânica e movimento para a célula.

c) Identifique e assinale as alternativas corretas a respeito das células mostradas.


A. As células mostradas na imagem apresentam em seu citoplasma apenas o núcleo e filamentos proteicos.
B. O preparo realizado nas células permite visualizar apenas o núcleo e os filamentos proteicos.
C. As células apresentam outras estruturas além das visíveis na micrografia; para que fossem visíveis ao microscópio, precisa-
riam de preparos específicos.
D. As células podem fazer parte de um organismo vegetal, uma vez que a parede celulósica e os cloroplastos são claramente
visualizados.
E. As células podem fazer parte do organismo de um animal.
Resposta: as afirmativas B, C e E são corretas.

5 Construa um modelo tridimensional de célula utilizando material reciclável. Para isso, siga os seguintes passos.
H12 ▶ Escolha um tipo de célula para representar, pode ser uma célula de bactéria, uma célula animal ou uma célula vegetal.
▶ Em uma folha avulsa, faça o planejamento de como você deseja construir seu modelo. Desenhe como ele deve ser e
faça uma lista dos materiais necessários. Tente deixar o modelo o mais completo possível, com todas as estruturas celu-
lares estudadas.
▶ Construa o modelo.
▶ Escreva legendas para identificar as estruturas representadas.
▶ Apresente o modelo para a turma e fale sobre as dificuldades encontradas no processo de elaboração.

150 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
Ao observar e tentar entender a natureza, o ser humano compara os elementos e muitas vezes
os agrupa, de acordo com diferenças e semelhanças. Vimos, por exemplo, que as células podem ser
classificadas em procarióticas e eucarióticas e quais características as diferem.
Com os seres vivos, não é diferente. Estima-se que haja cerca de 8,7 milhões de espécies de seres
vivos no planeta. Para facilitar o estudo da biodiversidade e investigar a origem da vida, os estudiosos
buscam organizá-los em grupos e estabelecer relações de parentesco entre os seres vivos.
Desde a Antiguidade, diversos naturalistas e filósofos propuseram diferentes classificações para
os seres vivos. Uma das mais conhecidas e que perdurou durante muito tempo foi a proposta por
Aristóteles (século IV a.C.), que dividiu os seres vivos entre os dotados de movimento, os animais, e os
não dotados de movimento, os vegetais. Também propôs a divisão dos animais em dois grupos: um
composto por aqueles “com sangue”, que atualmente representa o grupo dos vertebrados, e outro
pelos “sem sangue”, que atualmente compõe o grupo dos invertebrados.
Porém, quem revolucionou e criou a base do sistema de classificação utilizado até hoje foi o
naturalista sueco Karl von Linée (em português, Lineu). Em 1735, ele publicou o livro Systema Natu-
rae (“Sistema da natureza”). Nessa obra, foi proposta uma classificação dos seres vivos que levou em
conta semelhanças morfológicas. Lineu propôs as categorias taxonômicas e a nomenclatura binomial
que veremos mais adiante.
Com o desenvolvimento tecnológico e as novas descobertas que levaram à reformulação de
hipóteses e teorias científicas, em especial a teoria da evolução darwiniana e a descoberta do DNA,
alguns critérios de classificação tiveram de ser acrescentados e outros modificados. Por exemplo, as
relações genético-evolutivas entre os seres vivos e as semelhanças na composição química também
começaram a ser levadas em consideração.
GEORGIOS KOLLIDAS/SHUTTERSTOCK

NATURAL HISTORY MUSEUM, LONDON / SCIENCE PHOTO LIBRARY

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


PARA AMPLIAR
Sistemática filogenética
Atualmente, o método de clas-
sificação dos seres vivos mais
aceito é o proposto por uma
sub-área da Sistemática, deno-
minada Sistemática Filogené-
tica, que considera um grande
número de características dos
seres vivos para separá-los em
grupos, dentre elas: anatômicas,
O naturalista sueco Karl von Linée (Lineu) e seu livro Systema Naturae, na edição de 1758. fisiológicas, comportamentais,
moleculares. A análise de to-
dos esses dados é realizada por
Categorias taxonômicas meio de programas de compu-
tadores desenvolvidos especi-
O ramo da ciência que identifica, nomeia e classifica os seres vivos é a Taxonomia. Os agru- ficamente para estabelecer as
pamentos usados na classificação biológica são denominados categorias taxonômicas ou táxons. relações evolutivas mais prová-
Para a divisão dos seres vivos em grupos, também são consideradas as relações evolutivas. A área da veis entre os grupos analisados.
ciência que estuda essas relações é denominada Sistemática.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 151


A categoria que serve de base para a classificação dos seres vivos é a espécie. Ao criar essa cate-
goria, Lineu a definiu como grupo de organismos semelhantes a um tipo ideal e imutável. Ele, assim
como muitos naturalistas da época, acreditava no fixismo, ou seja, que as espécies eram imutáveis
desde o surgimento. Com a aceitação das ideias evolutivas, esse conceito de espécie foi superado.
Este material adotará o conceito biológico de espécie:

Espécie: organismos semelhantes que, em condições naturais, são capazes de cruzar entre
si e produzir descendentes férteis.

O conceito biológico de espécie apresenta limitações, por exemplo: não pode ser aplicado à
fósseis ou a organismos que se reproduzem assexuadamente. Nesses casos, são usados outros critérios
para definir espécie, como características anatômicas, morfológicas, fisiológicas e comparação do
material genético. Devido a essas e outras limitações, existem outros conceitos de espécie. O assunto
ainda gera muitas discussões no meio científico.
Além da espécie, que é a categoria taxonômica básica, podemos
Hierarquia dos diferentes táxons agrupar os seres vivos em outras categorias, que são definidas a seguir.

ALINABEL/SHUTTERSTOCK
Espécie ▶ Gênero: grupo que reúne diferentes espécies que apresentam
muitas semelhanças entre si.
Gênero ▶ Família: conjunto de diferentes gêneros com organismos que
apresentam características em comum.
Família ▶ Ordem: compreende o agrupamento de diferentes famílias
que apresentam algumas características em comum.
Ordem
▶ Classe: reúne diferentes ordens com características em comum.
▶ Filo: agrupamento de diferentes classes que apresentam carac-
Classe
terísticas em comum.
Filo ▶ Reino: compreende diferentes filos com características seme-
lhantes.
Reino As categorias taxonômicas seguem uma hierarquia, distribuin-
do-se em grupos de menor para maior abrangência. De acordo com
as definições apresentadas, a categoria menos abrangente é a espécie
e a mais abrangente é o reino.
Esquema com as relações hierárquicas
entre os diferentes táxons. Sistema binomial
O sistema binomial criado por Lineu para nomear as espécies é usado até os dias de hoje. Nesse
sistema, o nome da espécie é formado por duas palavras: a primeira indica o gênero (epíteto genérico)
e a segunda é o termo específico (epíteto específico).
Lineu propôs o latim para os nomes científicos, que além de ser uma língua bem difundida no
meio acadêmico, era uma língua morta, que, portanto, não sofreria mudanças significativas ao lon-
go do tempo. Outra regra é que os nomes devem ser escritos em itálico ou sublinhado; e o epíteto
genérico deve ter a primeira letra maiúscula e o específico, minúscula.
Veja alguns exemplos de nomes espécies na tabela a seguir e, em seguida, a classificação em
categorias taxonômicas do corvo.

Nome popular Gênero Espécie

Cavalo Equus Equus cabalus

Milho Zea Zea mays


Exemplo
de nomes
Lobo Canis Canis lupus científicos de
seres vivos.

152 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Para as outras categorias taxonômicas, também são usados termos em latim, que devem ser
escritos com letra inicial maiúscula. Veja o exemplo

Categorias taxonômicas

MIKKEL JUUL JENSEN / SCIENCE PHOTO LIBRARY


Reino Animal

Filo Chordata

Classe Aves

Ordem Passeiformes

Família Corvidae

Gênero Corvus

Espécie Corvus corax

Classificação em categorias taxonômicas do corvo (Corvus corax).

Os cinco reinos
Classificação em cinco reinos

LAB212
animalia
O biólogo estadunidense Robert H.
Whittaker (1920-1980) sugeriu, em 1969, um eukarya
sistema de classificação que se tornou mui-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


to conhecido, em que os seres vivos foram
divididos em cinco grandes reinos: Monera,
Protista, Fungi, Plantae, Animalia.
Para a caracterização desses reinos, fo-
ram utilizados critérios como: plantae fungi
1. tipo de organização celular: proca-
riontes ou eucariontes;
2. número de células: unicelulares (or-
ganismos formados por única célu-
la) ou multicelulares/ pluricelulares
(formados por inúmeras células);
protista protista
3. tipo de nutrição: autótrofos (capa-
zes de sintetizar o próprio alimen-
prokarya
to) ou heterótrofos (alimentam-
-se de outros seres vivos); além da
maneira pela qual os heterótrofos
obtêm alimento – se por absorção bactéria (monera)
ou por ingestão do material orgâ-
nico disponível. Relações filogenéticas (evolutivas) entre os diferentes reinos de seres vivos segundo, Whittaker, 1969.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 153


IMAGENS SEM ESCALA. Reino Monera
Compreende os organismos unicelulares e procariontes: bactérias, cianobactérias e arqueobac-
térias (ou arqueas). Esses organismos podem ser encontrados em todos os ecossistemas da biosfera,
apresentando vida livre ou associados a outros seres vivos. A maioria das bactérias vive, principal-
mente, como seres heterótrofos decompositores.

EYE OF SCIENCE /
SCIENCE PHOTO LIBRARY
O organismo Haloferax
mediteranei é uma arquea
– que faz parte do reino
Monera. Essa espécie vive
em ambientes aquáticos de
alta salinidade. Micrografia
STEVE GSCHMEISSNER / SCIENCE PHOTO LIBRARY eletrônica de transmissão
colorizada por computação
e visualizada com
aumento de 12 500 vezes..

Reino Protista
O Reino Protista (ou Proctista) é formado pelos organismos unicelulares e eucariontes, como os
protozoários (heterotróficos), e as algas (autotróficos) unicelulares e pluricelulares. Os protistas têm
representantes que vivem livremente e outros que vivem associados a seres vivos de outros grupos.

A alga marinha unicelular Triceratium sp. Reino Fungi


é uma representante do reino Protista.
Micrografia eletrônica de transmissão É composto pelos fungos (cogumelos e leveduras). Podem ser organismos unicelulares ou mul-
colorizada por computação e visualizada ticelulares. São eucariontes e heterótrofos por absorção, ou seja, lançam substâncias digestivas no
com aumento de 2 000 vezes. alimento e então absorvem os nutrientes já digeridos. Os organismos desse reino são encontrados
sobretudo em lugares úmidos e ricos em matéria orgânica.

SCUBAZOO / SCIENCE PHOTO LIBRARY


Fungos bioluminescentes da
espécie Mycena illuminans.
Existem diversos tipos de
fungos, sendo algumas
espécies microscópicas e
outras macroscópicas.
RY

Reino Plantae ou Metaphyta


SCIENCE PHOTO LIBRA

Compreende os seres multicelulares, eucariontes, autótrofos e que apresentam tecidos


verdadeiros. Incluem-se neste reino todas plantas, desde musgos (briófitas), samabaias (pteridó-
fitas), pinheiros e araucárias (gimnospermas), e plantas com frutos em geral, como bananeiras,
coqueiros, grama e figueiras (angiospermas).
/
HAW
NS

CYRIL RUOSO/NATURE PICTURE LIBRARY

Reino Animal ou Animalia


N CA
DU

O Reino Animal ou Animalia é composto por organismos eu-


cariontes, pluricelulares, heterótrofos, formados por tecidos bastante
diferenciados e órgãos com funções específicas. Para a maioria deles, a
Os musgos, que crescem em locais
úmidos, também fazem parte do reino
necessidade de nutrição implica deslocamentos constantes na busca
Plantae. Na imagem, os organismos de cor de alimento.
laranja na rocha são briófitas do gênero Os animais apresentam características que lhes permitiram ex-
Sphagnum. plorar o ambiente de diversas formas, além de adaptações necessárias
à proteção. Dessa forma, o organismo de muitos animais se tornou
Insetos, como o bicho-pau
(gênero Phasmatodea), fazem bastante complexo ao longo da evolução, embora existam inúmeras
parte do reino Animalia. espécies, igualmente bem-sucedidas, de organização bastante simples.

154 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


Classificação em três domínios
Em 1990, Carl Woese e seus colaboradores propuseram uma classificação distinta dos seres vi-
vos, com base na análise das moléculas de RNA ribossômico. Essa proposta apresenta o agrupamento
dos seres vivos em três domínios: Archaea, Bacteria e Eukarya. Os domínios são níveis hierárquicos
mais abrangentes que os reinos.
Segundo essa classificação, os procariontes seriam muito distintos e formariam 2 domínios. Os
eucariontes seriam mais semelhantes e formariam um único domínio, conforme descrito a seguir.
O domínio Archae é composto pelas arqueas, procariontes semelhantes às bactérias, mas que
apresentam diferenças na composição da parede celular em relação a esses organismos. A maioria é
anaeróbica, não utiliza oxigênio em seus processos metabólicos, e algumas não sobrevivem em pre-
sença de oxigênio. Algumas habitam ambientes extremos, como fontes termais com temperaturas
superiores à da ebulição da água, ambientes com grandes profundidades, com grandes concentrações
de sal ou com pH muito baixo (ambiente ácido).
O domínio Bacteria é composto pela a maioria dos seres procarióticos unicelulares conhecidos.
Inclui bactérias e cianobactérias. Apresentam características que lhes conferem grande capacidade
adaptativa para viver em condições adversas, como a produção de esporos.
O domínio Eukarya inclui todos os seres vivos eucariontes, como plantas, animais, fungos,
algas e protozoários.
Essa hipótese gerou muito debate na comunidade científica. Posteriormente, dados de diversos
estudos corroboraram a proposta que, atualmente, é a mais aceita.

PARA AMPLIAR

Os estranhos animais híbridos criados pelas mudanças climáticas


Casos de espécies diferentes cruzando entre si, e gerando estranhos animais híbridos, vêm se tornando cada vez mais comuns em meio às mudanças
climáticas.
Pesquisadores da Universidade de Tuscia, na Itália, flagraram uma cena incomum no parque de Partenio, no sul do país. A cópula de
uma fêmea de sapo-europeu (Bufo bufo), uma espécie encontrada em quase todo o continente, e de um macho de sapo-balear (Bufotes
balearicus), característico do sul da Itália, Córsega e Ilhas Baleares (Espanha).

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


As duas espécies voltaram a se misturar na reprodução por causa do aquecimento global, o que pode se tornar uma tendência cada vez
mais frequente [...].
Há vários casos naturais de hibridização, especialmente quando as espécies têm genomas semelhantes. O que espantou cientistas no
flagra dos sapos foi que as duas espécies estão geneticamente separadas por 30 milhões de anos no processo de evolução.
"A hibridização é muito mais comum entre espécies de plantas e animais que estão estreitamente relacionadas. Para se ter uma ideia,
cerca de 25% das plantas e 10% dos animais sofrem um processo de hibridização", explicou à BBC Mundo Daniele Canestrelli, autora
principal da pesquisa.
O estudo sugere que as mudanças climáticas acabaram atrasando o ciclo reprodutivo do Bufo bufo, que coincidiu com a do Bufotes balea-
ricus. Enquanto isso, essa última espécie tem se expandido para outras áreas geográficas.
Outros casos
Urso Grolar: um híbrido gerado pelo cruzamento do urso pardo com o urso polar.
Coywolf: nome em inglês que surge do cruzamento de coiotes e lobos.
Hibridização entre a foca-anelada e a foca-manchada.
Narluga: híbrido entre o narval (também conhecido unicórnio do mar) e a beluga (cetáceo que habita o Ártico).
Esquilo-voador-do-sul e esquilo-voador-do-norte.
Lebre-europeia e lebre-da-montanha.
Vantagens e desvantagens
De acordo com Canestrelli, há consequências diferentes para a hibridização natural e aquela influenciada pelo homem.
"As espécies mais relacionadas entre si compartilham parte de seu genoma como consequência da hibridização. Ou seja, os híbridos são

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 155


em parte viáveis e férteis, enquanto que as espécies mais distantes costumam não ter trocas genéticas".
No caso do casal de sapos, os girinos apresentaram malformações, e nenhum chegou a completar o ciclo completo de metamorfose até
se tornar um anfíbio adulto.
Apesar do papel importante das mudanças climáticas no caso de hibridização de sapos – e no de ursos, influenciada pelo derretimento
de gelo no Ártico – há outros fatores que pesaram, "como por exemplo as alterações de habitats provocadas pelo homem ou a introdução
de espécies em outros ambientes", dizem os pesquisadores.
Entre os riscos da hibridização provocada pela ação humana, estão a fusão de espécies (como o caso de alguns peixes africanos) ou a
substituição de uma espécie por outra (como se vê em muitos casos de espécies invasoras), segundo Canestrelli.
No entanto, quando o processo ocorre naturalmente, ele pode trazer benefícios evolutivos. No caso do homem moderno, por exemplo,
fomos capazes de colonizar latitudes mais elevadas por conta da hibridização com neandertais, nossos parentes mais próximos e já extintos.
OS ESTRANHOS animais híbridos criados pelas mudanças climáticas. BBC.
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-39552217>. Acesso em: 27 nov. 2019.

PARA CONSTRUIR
1 Explique qual é o conceito de espécie proposto por Lineu. Esse conceito é compatível com as ideias evolutivas aceitas atual-
mente pela comunidade científica? Por quê?
H8
Resposta: Lineu definiu espécie como grupo de organismos semelhantes a um tipo ideal e imutável. Esse conceito não é compatível com as
ideias evolutivas, pois presume que os seres vivos são imutáveis. Já as ideias evolutivas propõem que os organismos sofrem mudanças ao
longo do tempo.

2 (PUC-Campinas-SP)
H8
A receita mais antiga da história ensina a fazer cerveja e foi escrita na Mesopotâmia, há cerca de 4 mil anos. Des-
de aquela época, a matéria-prima básica da bebida era a cevada, primeiro cultivo da humanidade. O grão desse cereal
é tão duro que, colocado na água, ele não amolece. É por isso que os cervejeiros precisam fazer o malte − um grão de
cevada germinado e seco. O embrião da semente produz enzimas que quebram as pedrinhas de amido guardadas ali.
Macio, o grão solta na água esse ingrediente energético para formar o mosto. As enzimas também partem o amido em
moléculas de maltose, açúcar que vai alimentar as leveduras, a seguir, na fermentação.
(Revista Galileu, outubro de 2012. p. 77)

Identifique, dentre as espécies a seguir, aquela que é filogeneticamente a mais próxima da cevada, Hordeum vulgare.
a) Hordeum californica.
b) Triticum vulgare.
c) Bambusa vulgaris.
d) milho.
e) centeio.
Resposta: alternativa a.

3 Sobre as espécies Panthera leo (leão), Panthera onca (onça) e Panthera tigris (tigre), responda.
H8 a) Os três animais têm o primeiro nome em comum. Explique o que isto significa.
Resposta: o primeiro nome científico de um animal é o seu epíteto genérico e, portanto, indica seu gênero. Portanto, os três
animais são do mesmo gênero.
b) Pelo conceito biológico de espécie, seria possível o cruzamento entre um indivíduo da espécie Panthera leo (leão) e um da
espécie Panthera onca (onça)?
Resposta: como os indivíduos são de espécies diferentes, eles provavelmente não cruzariam entre si e, caso isso ocorresse, não
produziriam descendentes férteis.

156 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


4 (UFC-CE) O reino Protista inclui as algas e os protozoários. Esses organismos, nas classificações mais antigas, eram considerados
como pertencentes aos reinos vegetal e animal, respectivamente. Assinale a alternativa que apresenta a justificativa correta para
H8
a inclusão desses diferentes protistas no mesmo reino.
a) Ambos são simples, unicelulares, apresentam células eucarióticas e nutrição heterotrófica.
b) Ambos são simples na organização morfológica em comparação com plantas e animais, sendo as algas autotróficas e os
protozoários heterotróficos.
c) Ambos apresentam parede celular, nutrição heterotrófica e compõem-se de células eucarióticas.
d) Ambos apresentam parede celular, nutrição heterotrófica e compõem-se de células procarióticas.
e) Ambos são pluricelulares, sendo as algas autotróficas e os protozoários heterotróficos.
Resposta: alternativa b.

5 Interprete a tabela que mostra a classificação de quatro organismos e responda ao que se pede.
H1
Táxon Rã-verde Leão-da-montanha Cachorro Humano
H8 Reino Animalia Animalia Animalia Animalia
Filo Chordata Chordata Chordata Chordata
Classe Anphibia Mammalia Mammalia Mammalia
Ordem Anura Carnivora Carnivora Primata
Família Ranidae Felidae Canidae Hominidae
Gênero Rana Felis Canis Homo
Espécie Rana clamitans Felis concolor Canis familiaris Homo sapiens

a) Quais são os dois organismos apresentados no quadro que são mais próximos filogeneticamente? Explique.
Resposta: leão-da-montanha e cachorro, que fazem parte da mesma ordem.

b) A qual categoria taxonômica todos os quatro organismos pertencem?

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Resposta: Reino Animalia e Filo Chordata.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Escolha um ser vivo pertencente a cada reino e elabore, em seu caderno ou em uma folha avulsa, uma pequena descrição sobre
ele. Considere os aspectos a seguir.
▶ Se é uni ou pluricelular.
▶ Nome científico.
▶ Categorias taxonômicas a que pertence.
▶ Local onde vive.
▶ Tamanho quando adulto.
▶ Tipo de nutrição: autótrofo ou heterótrofo.
Resposta pessoal.

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 157


2 Leia o texto e responda.
H3
“ [...]
H8 Em seu doutorado, concluído em 2016 [...], Jordana Neri examinou a morfologia, a genética e a biologia reprodu-
tiva de duas espécies de bromélias, Vriesea simplex e V. scalaris. Uma das conclusões é que, quando as duas espécies
vivem no mesmo ambiente, as serras do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, podem formar híbridos férteis. Hoje o
termo híbrido não define somente seres estéreis como a mula, resultado do cruzamento de jumento com égua, mas
também férteis, que podem originar novas espécies. [...]”
FIORAVANTI, Carlos. Semelhanças enganosas entre as espécies. Revista Fapesp. Novembro 2018. Disponível online em:
<https://revistapesquisa.fapesp.br/2018/11/19/semelhanca-enganosa-entre-as-especies/>. Acesso em: 27 nov. 2018.

▶ O resultado obtido pela pesquisadora está de acordo com o conceito biológico de espécie? Explique.
Resposta: não, pois duas espécies diferentes de plantas – V. simplex e V. scalaris – podem cruzar entre si e produzir descendentes férteis
quando vivem em um mesmo ambiente. O conceito biológico de espécie define que apenas seres da mesma espécie são capazes de
cruzar entre si e produzir descendentes férteis.

▶ Assinale a alternativa correta sobre o conceito biológico de espécie.


a) Considera apenas a semelhança morfológica entre os indivíduos.
b) Vale para todos os seres vivos e em todas as situações.
c) Uma das limitações para o conceito biológico de espécie são os organismos que se reproduzem sexuadamente.
d) O conceito biológico pode ser aplicado no estudo de fósseis.
e) Existem outros conceitos de espécie, que podem ser empregados em situações em que o conceito biológico não se aplica.
Resposta: alternativa e.
3 Realize uma pesquisa sobre cladogramas e faça o que se pede.
H1 a) Sintetize o que são cladogramas e o que os seus ramos e bifurcações representam.
Resposta: cladogramas são diagramas que representam as relações filogenéticas entre grupos de seres vivos. As bifurcações, ou nós,
indicam o processo em que uma espécie ancestral hipotética origina novas espécies – que ficam no ápice dos ramos. Os ramos representam
as relações entre os organismos.

b) Interprete o cladograma a seguir. Depois, identifique e assinale as informações verdadeiras.

chimpanzé ser humano gorila

a) O chimpanzé e o ser humano descendem do gorila.


b) O chimpanzé e o ser humano apresentam um mesmo ancestral.
c) O chimpanzé é mais próximo filogeneticamente do ser humano do que do gorila.
d) O gorila é mais próximo filogeneticamente do chimpanzé do que do ser humano.
e) O ser humano é mais próximo filogeneticamente do gorila do que do chimpanzé.
Resposta: b e c são verdadeiras.

158 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


VOCÊ É O AUTOR

ANYAIVANOVA/SHUTTERSTOCK
A Biologia Celular tem diversas apli-
cações no ramo industrial, como na in-
dústria alimentícia, na farmacêutica, na
agronômica. Nesta atividade, você reali-
zará uma pesquisa sobre isso e elaborará
um folheto de divulgação.

1 Pesquise pelo menos duas aplica-


ções que a Biologia Celular apresenta
na indústria. Escreva qual é o ramo
industrial e descreva brevemente a
aplicação dessa área da Ciência.
Os alunos podem pesquisar
sobre o uso da biologia celular
para o desenvolvimento e teste
de medicamentos e vacinas na
indústria farmacêutica; na produção
de cosméticos; o uso e manipulação de leveduras na produção de álcool em indústrias de bebidas
destiladas e fermentadas, álcool industrial e álcool combustível (etanol); no desenvolvimento de
métodos de conservação de alimentos; na produção de substâncias usadas na indústria alimentícia
como vitaminas, aditivos, conservantes; uso de células em biorreatores utilizados em diversos ramos
industriais; entre tantos outros exemplos.

2 Agora, imagine que você trabalha no departamento de Marketing de uma indústria que per-
tence a um dos ramos pesquisados. Elabore um folheto digital de divulgação do trabalho reali-
zado pela indústria com o objetivo de oferecer os produtos da indústria a possíveis clientes. Ele
deve apresentar textos breves e imagens chamativas que expliquem qual ou quais produtos
vocês oferecem e como são produzidos. Lembre-se, o folheto deve atrair o público-alvo a lê-lo!

Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo 159


ANOTAÇÕES

160 Ciências da Natureza: uma das formas de compreender o mundo


CIÊNCIAS DA NATUREZA E
SUAS TECNOLOGIAS

1
MANUAL DO PROFESSOR

ensino médio
H8 - Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus
EIXO diferentes ramos: Zoologia, Botânica, Ecologia e Genética.
H10 - Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma
integrada na compreensão dos fenômenos naturais.
CIÊNCIAS DA NATUREZA: H11 - Empregar procedimentos e práticas de observação,
UMA DAS FORMAS DE levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados
e conclusões para resolução de problemas relacionados às
COMPREENDER O MUNDO Ciências da Natureza.
H12 - Relacionar informações para construir modelos em ciência e
tecnologia.
H17 - Conhecer a estrutura do planeta Terra na atualidade, bem
Este eixo tem como objetivo trabalhar as habilidades e as com- como as hipóteses sobre sua formação, o surgimento e a
petências por meio de objetos de conhecimento ligados aos fazeres evolução da vida.
das ciências naturais: Física, Química e Biologia. Aborda aspectos H19 - Conhecer as estruturas que formam os diferentes sistemas
que compõem os organismos vivos em geral, e o corpo
fundamentais que fornecerão aos alunos a base para que possam
humano, em particular.
tratar os demais temas do curso em situação de uniformidade de H24 - Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
conhecimentos básicos. São assuntos deste eixo: uma breve história dos materiais relacionando-os às finalidades as quais que se
das Ciências da Natureza, as características do fazer científico (mé- destinam.
todo científico), a localização do aluno no Universo, os movimentos H28 - Reconhecer e utilizar nomenclatura e códigos científicos
dos corpos celestes e da matéria, as unidades básicas da vida – as e tecnológicos para caracterizar materiais, substâncias e
processos.
células – e da matéria em geral – os átomos.

Competências 12
1 CONSTRUÇÃO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA E
C1 - Compreender as ciências da natureza e as tecnologias como
construções humanas associadas à cultura dos povos e suas visões
MÉTODO CIENTÍFICO
de mundo.
C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas procedimentais
das Ciências da Natureza na explicação de fenômenos cotidianos, Competências
bem como dominar processos e práticas de investigação científica.
C3 - Compreender os organismos vivos em geral e o ser humano em C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias
especial, em integração com o ambiente vivo e sociocultural. como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
C4 - Descrever características das tecnologias associadas às visões de mundo.
ciências naturais em diferentes serviços ou contextos produtivos: Habilidades
indústria, manufatura, agricultura, agroindústria, extrativismo.
C5 - Determinar as características das tecnologias associadas H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens
às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, tabelas,
ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura, relações matemáticas, diagramas e representação simbólica.
agroindústria, extrativismo. H2 - Comparar interpretações científicas e baseadas no senso
comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
Habilidades H4 - Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens informações relevantes para compreender um fenômeno ou
usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, tabelas, conceito relacionado às Ciências da Natureza.
relações matemáticas, diagramas e representação simbólica. H5 - Reconhecer a presença de aspectos culturais, místicos e do
H2 - Comparar interpretações científicas e baseadas no senso senso comum nos discursos de interesse científico presentes em
comum ao longo do tempo e em diferentes culturas. diferentes meios de comunicação.
H4 - Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
informações relevantes para compreender um fenômeno ou Objetos de conhecimento
conceito relacionado às Ciências da Natureza.
H5 - Reconhecer a presença de aspectos culturais, místicos e do ▶ História das Ciências da Natureza.
senso comum nos discursos de interesse científico presentes em
diferentes meios de comunicação. ▶ Papel das características do fazer científico (método científico).
H6 - Compreender os conceitos relacionados à Física em seus ▶ Medidas, algarismos significativos, notação científica e ordem de
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica, grandeza.
Termologia, Calorimetria, Ondulatória Eletricidade, Magnetismo e
Física Moderna e Nuclear. Objetivos específicos do capítulo
H7 - Compreender os conceitos relacionados à Química nos
seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química ▶ Diferenciar explicações mitológicas de explicações cientificas so-
inorgânica. bre os fenômenos naturais.

2 Manual do Professor
▶ Conhecer como ocorreu o desenvolvimento da ciência moderna. 108 ⋅103 =1011
▶ Identificar as características do fazer cientifico.
Resposta: 1 mm.
▶ Reconhecer que a ciências da natureza estão em constante de-
senvolvimento. 3 Considerando que em cada residência vivam em média 5
pessoas e que a população do Brasil é de aproximadamente
▶ Ler textos de diferentes gêneros que abordem temas relacionados
2,1⋅108 habitantes, podemos estimar que existem 4⋅107 resi-
às Ciências da Natureza.
dências. Como cada uma possui uma TV, a ordem de grandeza
▶ Conhecer as diferentes unidades de medida e sua importância é de 107.
para a realização de atividades experimentais.
4 O ponteiro de minutos dá uma volta por hora. Logo, o nú-
▶ Conhecer a aplicar as unidades de medida do Sistema Internacio-
mero de voltas é igual ao número de horas em um mês.
nal de Unidades (SI).
30 dias ⋅ 24 horas = 720 ou 7,2⋅102 voltas.
▶ Utilizar a notação científica e os prefixos para apresentar grandezas.
▶ Compreender o que são algarismos significativos e sua utilização ▶ Faça você mesmo – página 28
em medidas de grandezas. 3 Se a temperatura da estrela é 5 vezes a temperatura do Sol, en-
▶ Diferenciar grandezas escalares e grandezas vetoriais. tão a temperatura é cerca de 6 000k ⋅ 5 = 30 000k. Pela tabela,
▶ Realizar operações com vetores. para a temperatura de 28 000 K, a luminosidade é 2⋅10 4 = 20 000
e para a temperatura de 5 770 K, a luminosidade é 1. Portanto, a
ordem de grandeza da sua luminosidade é 20 000 vezes a lumi-
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES nosidade do Sol.

▶ Para ampliar – página 12 ▶ Deslocamento – página 34


Proponha aos alunos que tragam para a sala de aula as diferen- Trabalhe com os alunos a diferença entre os conceitos de des-
tes representações que encontram na mídia sobre cientistas. Pode locamento e distância percorrida. Eles poderão questionar o fato
ser exemplos de seriados, como o citado no texto, HQs, fotos, de- de que, no Ensino Fundamental, quando estudaram a introdução
senhos animados, entre outros. Discuta os estereótipos envolvidos à cinemática, esses conceitos foram tratados como semelhantes.
nessas representações. É importante também discutir a presença Utilize exemplos práticos e reforce que somente quando o movi-
de mulheres no mundo das ciências e a sua participação nas des- mento acontece em um único sentido o módulo do vetor deslo-
cobertas e no desenvolvimento de sua área de atuação. camento é igual à distância percorrida. Reforçar esses conceitos
auxiliará os alunos na compreensão de aspectos da cinemática

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


▶ Para construir – página 27 vetorial e também na percepção de que muitas vezes as nossas
Esta seção apresenta atividades mais diretas nas quais o aluno noções de senso comum para explicar os fenômenos diferem da-
deverá utilizar e sistematizar os conceitos abordados nos assuntos quelas utilizadas pelas Ciências.
trabalhados. Essa consolidação é necessária para que ele possa
posteriormente aplicar os conceitos aprendidos em situações mais ▶ Atividade extra – Página 36
complexas. Sugerimos que essas atividades sejam realizadas em 1 São dados os vetores:
sala de aula, a fim de propiciar ao aluno a oportunidade de con-
sultar colegas e o professor para responder às suas dúvidas.
LAB212
1m

1 O aluno poderá responder a essa questão de diversas maneiras. 1m


Sugerimos o uso da regra de três:
"
b
10 cm ------ 109 m
x cm ------- 107m
108 = x⋅109
x=10 -1 cm ou 1 mm

2 Para responder a essa questão, o aluno deve ter uma noção


"
da ordem de grandeza da população brasileira. Segundo da- a
dos do IBGE, essa população é de 208 494 900 habitantes, em
2018. Assim, sua ordem de grandeza é de 108 . Temos, então:
2⋅365= 720 , cuja ordem de grandeza é 103 .

Ciências da natureza: uma das formas de compreender o mundo 3


a)
12
2 UNIVERSO EM MOVIMENTO

LAB212
1m

1m

"
b
Competências

C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias


como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
visões de mundo.
C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas
procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
" fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas
a
da investigação científica.

Habilidades
b) Em qual situação poderíamos ter grandezas vetoriais re-
presentadas dessa forma? Duas forças perpendiculares H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes
linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos,
aplicadas em um corpo, como a velocidade da correnteza
tabelas, relações matemáticas, diagramas e representação
de um rio e a velocidade do deslocamento de um barco, simbólica.
por exemplo. H2 - Comparar interpretações científicas e baseadas no senso
comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
▶ Para ampliar – página 38 H3 - Inferir significado de termos técnico-científicos em textos de
Se for possível, realize uma atividade utilizando esses simuladores instrumentação ou de divulgação científica.
para que os alunos se apropriem dos conceitos relacionados às ope- H4 - Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
rações com vetores. informações relevantes para compreender um fenômeno ou
conceito relacionado às Ciências da Natureza.
▶ Você é o autor – página 40 H5 - Reconhecer a presença de aspectos culturais, místicos e do
senso comum nos discursos de interesse científico presentes em
3 Só podemos ter certeza sobre a metodologia utilizada quando
diferentes meios de comunicação.
lemos artigos científicos veiculados em revistas e outras formas
H6 - Compreender os conceitos relacionados à Física em seus
de divulgação relacionadas ao universo das ciências. O nome
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
dos autores, a descrição da metodologia utilizada, os dados le- Termologia, Calorimetria, Ondulatória Eletricidade, Magnetismo e
vantados e as análises sobre eles é que permitem avaliar a vali- Física Moderna e Nuclear.
dade de uma pesquisa. H7 - Compreender os conceitos relacionados à Química nos
seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química
4 Permita que os alunos comentem suas experiências sobre o inorgânica.
tema. Pergunte se eles ou seus familiares costumam modificar H10 - Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma
seus hábitos de acordo com notícias veiculadas na TV. Se julgar integrada na compreensão dos fenômenos naturais.
oportuno, comente também sobre as propagandas de remé- H11 - Empregar procedimentos e práticas de observação,
dios e de produtos vendidos por telefone que prometem resul- levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e
conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências
tados para as mais diferentes situações. da Natureza.
5 Discuta com os alunos as questões relacionadas ao método H12 - Relacionar informações para construir modelos em ciência e
tecnologia.
científico, utilizando como base a crônica apresentada. Pro-
cure questioná-los em relação ao tipo de pesquisa que deve
ser desenvolvida para que possam comprovar os benefícios
Objetos de conhecimento
ou malefícios da ingestão de determinados alimentos à saúde
humana. Discuta se existe a possibilidade de pesquisas serem ▶ Teorias de formação do Universo – Big Bang.
encomendadas por empresas que manipulam os resultados de ▶ Galáxias.
modo a comprovar um resultado benéfico a ela e as questões
▶ Estrelas.
éticas envolvidas nesse tipo de situação. Permita que os alunos
manifestem suas experiências pessoais em relação ao tema, ▶ Sistema solar.
orientando sempre para que as opiniões emitidas sejam funda- ▶ Leis de Kepler.
mentadas em fatos concretos. A habilidade de argumentação é
fundamental no desenvolvimento dos alunos para que se tor- ▶ Gravitação universal.
nem cidadãos críticos e atuantes na sociedade. ▶ Corpos em movimento: MU, MUV, queda livre.

4 Manual do Professor
Objetivos específicos do capítulo que os alunos, na sala de aula ou em casa, assistam ao vídeo, anotem
suas dúvidas, realizem pesquisas ou façam perguntas sobre o tema. A
▶ Conhecer o que é cosmologia, seu desenvolvimento e seus
discussão sobre o que os alunos trouxerem serão o meio pelo qual pode
objetos de estudo.
se realizar a discussão teórica a respeito do ciclo de vida das estrelas.
▶ Conhecer a teoria de Big-Bang.
▶ Definir galáxias. ▶ Para ampliar – página 54
▶ Descrever o ciclo de vida das estrelas. Leia com os alunos esse texto que aborda as forças fundamentais
na natureza. Após a leitura, proponha que se reúnam em trios.
▶ Reconhecer a relação entre massa de uma estrela e o seu ciclo
Cada trio deverá formular uma questão sobre o texto. As questões
de vida.
formuladas devem ser trocadas entre os grupos. Depois de
▶ Apontar as principais características dos planetas que compõe respondidas, o trio que criou a questão deverá comentar a resposta
o Sistema Solar. dada, corrigindo, ampliando ou ratificando o que foi respondido.
▶ Conhecer as leis que regem o movimento planetário: Leis de Kepler.
▶ Estudo do movimento – página 59
▶ Aplicar as leis de Kepler do movimento planetário em diferentes
situações problema. Certamente, os alunos já estudaram esses conceitos nos anos
finais do Ensino Fundamental. Procure retomá-los de modo que
▶ Compreender a Lei da Gravitação Universal.
possam compreender os termos utilizados no estudo da Cinemática.
▶ Aplicar os conhecimentos sobre gravidade para analisar diferentes Proponha questões sobre os conceitos de referencial e trajetória,
situações do cotidiano. reforçando a ideia de que o significado do sinal negativo ou positivo
▶ Classificar os movimentos dos corpos em Uniforme ou Variado antes da indicação da posição de um corpo está relacionado ao
em função da sua velocidade. sentido em que a trajetória está sendo percorrida. Essa compreensão
▶ Compreender os conceitos de referência e movimento. é fundamental para classificação dos movimentos em progressivos e
▶ Aplicar os conceitos de posição, velocidade e aceleração em retrógrados, acelerados ou retardados.
situações problema. ▶ Para ampliar – página 65
▶ Utilizar as equações que regem os movimentos para resolver Acesse o site indicado e proponha diferentes desafios para os
problemas. alunos, de modo que variem os parâmetros do movimento no
▶ Representar graficamente os movimentos. simulador. Aproveite também para propor atividades de análise
▶ Realizar experimentos simples para verificar e aplicar os de gráficos de velocidade e de posição em função do tempo. No
conhecimentos sobre os diferentes tipos de movimento. site, existem orientações sobre a utilização do simulador, além de
▶ Aplicar os conhecimentos sobre os tipos de movimento para propostas de atividades.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


analisar situações relacionadas ao trânsito das cidades. ▶ Para construir – página 68
2 Calculando quanto tempo demora para a luz do Sol chegar à
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES Terra temos:
v =△s /△t
▶ Orientações – página 41
300 000=144⋅10 6 /△t
Para ampliar os seus conhecimentos sobre o tema, sugerimos a
leitura do texto disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol6/ △t =144⋅10 6 / 300 000
Num1/cosmologia.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018. △t=480 s ou △t=8 min

▶ Para ampliar – página 43 ▶ Experimentando – página 70


Apresente aos alunos o vídeo disponível no portal do SESI Edu- Essa atividade poderá ser executada na aula de robótica com
cação, no endereço apresentado. Permita que os alunos comentem carrinhos construídos pelos alunos.
o que conhecem sobre o tema, o que já ouviram falar e se conhe-
cem outras teorias sobre a formação do Universo. Esse é um tema ▶ Para ampliar – página 75
interessante, mas deve ser tratado com cuidado, pois pode esbarrar Apresente o vídeo para os alunos antes de iniciar a discussão
em concepções religiosas dos alunos. Proponha um debate sobre as sobre a queda dos corpos, pois ele pode motivar uma discussão
diferentes possibilidades apresentadas pelos alunos e reforce a impor- interessante, além de auxiliar os alunos na compreensão dos
tância do respeito em relação às crenças religiosas. fenômenos relacionados à queda dos corpos.

▶ Portal SESI Educação – página 44 ▶ Experimentando – página 78


Assim como as demais propostas de vídeos do Twig, eles podem ser Essa atividade poderá ser executada na aula de robótica com
apresentados antes da apresentação teórica em sala de aula. Proponha carrinhos construídos pelos alunos.

Ciências da natureza: uma das formas de compreender o mundo 5


▶ Para construir – página 79 H6 - Compreender os conceitos relacionados à Física em seus
4 diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
Termologia, Calorimetria, Ondulatória Eletricidade, Magnetismo e
Aceleração: amáx = 0,09 g = 0,9 m/s 2 Física Moderna e Nuclear.
H7 - Compreender os conceitos relacionados à Química nos
Velocidade final: v = 1080 km/h = 300 m/s seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química
Velocidade inicial: v 0 = 0 ( parte do repouso ) .
inorgânica.
H12 - Relacionar informações para construir modelos em ciência e
A distância mínima percorrida ( ΔS ) pelo trem pode ser obtida por: tecnologia.
H24 - Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
dos materiais relacionando-os às finalidades as quais que se destinam.
V 2 = v 20 + 2⋅a⋅ΔS H28 - Reconhecer e utilizar nomenclatura e códigos científicos e
tecnológicos para caracterizar materiais, substâncias e processos.
(300)2 =(0)2 +2(0,9).ΔS
90 000 Objetos de conhecimento
ΔS= =50 000 m
1,8 ▶ Modelos atômicos: revisão histórica – Dalton, Thompson,
△S=50 km Rutherford, Bohr, Somerfeld.
▶ Estrutura atômica básica: Número atômico, número de massa.
▶ Faça você mesmo – página 81 ▶ Distribuição eletrônica dos elementos químicos.
▶ Tabela periódica.
4 Os mapas conceituais são excelentes recursos para organizar
▶ Fórmulas químicas.
os principais conceitos abordados em um tema de estudo, seja
de um texto, seja de um capítulo. Use esse recurso sempre que ▶ Formação do planeta Terra e surgimento da vida.
possível, pois ele é um excelente instrumento para o desenvol- Objetivos específicos do capítulo
vimento de autonomia do aluno em seus estudos.
▶ Conhecer a história dos modelos atômicos.
▶ Você é o autor – página 82 ▶ Reconhecer o fazer científico e as descobertas que levaram a
modificação dos modelos atômicos.
O texto proposto apresenta um tema de extrema importância na
▶ Compreender o que é modelo e a sua utilização nas Ciências da
formação de um indivíduo inserido em sociedade. Leia o texto em
natureza.
sala e debata com os alunos os aspectos abordados, relacionando-os
▶ Conhecer as características do Modelo atômico de Dalton.
com os conceitos estudados no estudo sobre os movimentos. Depois,
▶ Conhecer as características do Modelo atômico de Thomson.
solicite a eles que realizem as atividades propostas.
▶ Comparar os modelos atômicos de Dalton e de Thomson.
▶ Conhecer as características do Modelo atômico de Rutherford.
12
3 ÁTOMO: COMPONENTE ESTRUTURAL DA MATÉRIA ▶ Conhecer as características do Modelo atômico de Bohr.
▶ Compreender quais são os diferentes tipos de radiação emitidas
pela matéria e as diferenças entre elas.
Competências ▶ Compreender as características dos diferentes átomos.
▶ Compreender e aplicar os conceitos de Número Atômico,
C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias Número de massa, Massa atômica, Isótopos.
como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
▶ Realizar a distribuição eletrônica de diferentes átomos.
visões de mundo.
C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas ▶ Compreender o que são os níveis e os subníveis de energia dos
procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de átomos.
fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas ▶ Conhecer as características da tabela periódica.
da investigação científica. ▶ Utilizar a tabela periódica.
C5 - Determinar as características das tecnologias associadas
às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços
▶ Comparar as características físicas e químicas dos elementos que
ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura,
formam os grupos na tabela periódica.
agroindústria, extrativismo. ▶ Aplicar os conhecimentos na resolução de problemas.
Habilidades
H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, tabelas,
relações matemáticas, diagramas e representação simbólica. ▶ Porta SESI educação – página 88
H2 - Comparar interpretações científicas e baseadas no senso Apresente esse vídeo antes de iniciar a discussão sobre os
comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
modelos atômicos. Depois do vídeo faça um levantamento sobre os

6 Manual do Professor
conhecimentos dos alunos sobre o tema. Muitos deles já devem ter H3 – Inferir significado de termos técnico-científicos em textos de
estudado sobre esse assunto nos anos finais do Ensino Fundamental. instrumentação ou de divulgação científica.
Esse levantamento permite avaliar o tipo de trabalho que deve ser H4 – Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
realizado e contribui para que os alunos possam reconhecer quais informações relevantes para compreender um fenômeno ou
são os conhecimentos que já construíram. conceito relacionado às Ciências da Natureza.
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus
▶ Para construir – página 92 diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
Termologia, Calorimetria, Ondulatória Eletricidade, Magnetismo e
1 Física Moderna e Nuclear.
H7 – Compreender os conceitos relacionados à Química nos
b) Os alunos poderão citar a descoberta do elétron, que levou
seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química
à percepção de que os átomos eram divisíveis e por isso o
inorgânica.
modelo de Dalton teve que ser reformulado. Poderão citar H8 – Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus
também a descoberta da radioatividade e sua utilização no diferentes ramos: Zoologia, Botânica, Ecologia e Genética.
experimento de Rutherford que levou à percepção de que
H10 – Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma
havia espaços vazios no átomo, o que estava em desacor-
integrada na compreensão dos fenômenos naturais.
do com o modelo de Thomson. Partilhe as respostas dadas
H12 – Relacionar informações para construir modelos em ciência
entre os alunos de modo que eles possam perceber que e tecnologia.
muitas são as situações em que a ciência deve agregar no- H17 – Conhecer a estrutura do planeta Terra na atualidade, bem
vos conhecimentos para responder às novas descobertas. como as hipóteses sobre sua formação, o surgimento e a evolução
Dessa forma a ciência não é fixa, e sim dinâmica. da vida.
H18 – Identificar situações de risco ambiental na cidade onde
▶ Faça você mesmo – página 93 reside.
H19 – Conhecer as estruturas que formam os diferentes sistemas
2 Caso julgue oportuno, solicite que cada aluno apresente sua que compõem os organismos vivos em geral, e o corpo humano,
linha do tempo e a explique para os demais colegas. em particular.

▶ Você é o autor – página 114 Objetos de conhecimento


Auxilie os alunos na seleção dos elementos químicos de modo ▶ Formação do planeta Terra e surgimento da vida.
que na turma seja possível ter pesquisas sobre diferentes elementos. ▶ Células.
Se julgar oportuno sugira aos alunos que elaborem cartazes e realize
▶ Níveis de organização dos seres vivos.
uma exposição para que todos possam conhecer as aplicações dos
diferentes elementos químicos. ▶ Reinos.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Objetivos específicos do capítulo

12
4 VIDA NA TERRA ▶ Compreender o processo de formação da Terra e surgimento da
vida.
▶ Reconhecer as características celulares.
Competências ▶ Compreender os níveis de organização dos seres vivos.
C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias ▶ Classificar os seres vivos em cinco reinos.
como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
visões de mundo.
C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas ▶ Para ampliar– página 122
da investigação científica Professor, é interessante que esta atividade seja dada de maneira
C3 – Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes,
extra, ou como curiosidade, para os alunos assistirem livremente. É
identificando suas causas e propondo soluções para a sua redução.
C4 – Compreender o funcionamento dos organismos vivos em possível, se houver tempo, organizar a turma em grupos e solicitar
geral e o ser humano em especial, considerando suas relações que cada grupo assista a um documentário e, em seguida, apresente
com o ambiente em que vivem, abordando aspectos físicos e um resumo para a sala.
socioculturais Solicite que os alunos leiam o texto e façam uma pequena
resenha em seu caderno, com as partes mais importantes.
Habilidades
H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes ▶ Sugestão didática – página 127
linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, Professor, pergunte aos alunos se eles já ouviram falar na célula
tabelas, relações matemáticas, diagramas e representação simbólica. e se sim, o que sabem sobre a mesma. Discuta as respostas com

Ciências da natureza: uma das formas de compreender o mundo 7


a classe para uma breve revisão do assunto com eles. Neste início realizar o procedimento com mais segurança. É interessante que os
de capítulo, é importante situar os alunos historicamente na linha alunos tentem desenhar o que observaram e depois apontem às
do tempo dos acontecimentos ocorridos. Pode ser interessante estruturas observadas no desenho.
ressaltar que o desenvolvimento do microscópio ocorreu na época
do Renascimento. Uma sugestão é realizar atividade interdisciplinar ▶ Sugestão didática – página 151
com História. Professor, antes de iniciar, sonde os alunos perguntando o
que é classificar para eles. Peça exemplos da vida cotidiana como
▶ Experimentando – página 147 a organização de um supermercado em seções especializadas, às
Professor, esta atividade é interessante que seja realizada em um gavetas de um quarto, entre outros. Depois pergunte a eles que
laboratório de ciências. É importante que antes desta aula os alunos grupos de seres vivos eles conhecem, e que divisões dentro destes
saibam a estrutura básica do microscópio e como manuseá-lo. Faça grupos eles conhecem. É possível que respondam vertebrados
uma vez o procedimento de montagem da lâmina para os alunos e invertebrados, ou usem o conhecimento prévio e cheguem a
observarem, ou faça juntamente com eles, para que eles possam mamíferos, répteis ou outros.

8 Manual do Professor
PROFESSOR 693078

Você também pode gostar