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Mariana Sophia da Silva Martins

Bianka Suthanyete de Souza Martinez

Giulia de Castro Esteves

Maria Eduarda Lobo (Õkami)

Iris Pereira Bonfim

Linguagens 2023/Língua Portuguesa e Inglesa:

A preparação inicial para a escrita acadêmica/científica:

O objetivo do material é ajuda-las/los a escrever textos acadêmicos que são considerados bons, tanto pelos professores, quanto por um olhar acadêmico a
partir da utilização de diários de pesquisa, que tendem a nos fazer refletir sobre nossas habilidades de leitura:

01. Leia o texto abaixo para responder a questão 02:

Uma tese é uma tese

Sabe tese, de faculdade? Aquela que se defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa
que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam
de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que
não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí
ele publica, te dá uma cópia e é sempre – sempre – uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspeta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da
história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.
Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo para, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido
que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze,
logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em
tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser – tem de ser! – daquele jeito. É pra não entender, mesmo.
Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290.

Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para
nós, pobres ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou
tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não
é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de
nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza.

Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é
mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

– Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam – momentaneamente – de pensar nas teses.

– O quê? Pirou?
– Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente
não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar
mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má ideia!

Quando é que alguém vai ter a prática ideia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria uma tesão.

(https://marioprata.net/cronicas/uma-tese-e-uma-tese/ , último acesso em 28/08/2023)

02. Em grupo, discuta e depois registre as respostas-impressões do grupo:

a) Quais críticas negativas o autor faz sobre as teses e a quem escreve teses?

O autor critica o processo de escrita da tese, que de maneira cômica retrata a complexidade e dedicação necessária para o trabalho de pesquisa de uma
tese, e apesar de ser uma escrita e pesquisa exaustiva e prologada, o conhecimento transmitido nesse trabalho, não é acessível, e na etapa final não chega a
conhecimento geral da população.

b) Que comentários positivos o autor faz?

O autor faz alguns comentários positivos em relação ao interesse pelo tema, e de quão interessante é acompanhar a pesquisa e as descobertas do autor da
tese ao longo do tempo.

c) A que conclusão se chega depois de ler o texto?

Depois de ler o texto, podemos chegar a conclusão de que a tese é um processo construtivo pessoalmente, mas se mostra exaustivo e sem um final.

d) Vocês concordam ou discordam de Mario Prata em algum aspecto? Justifique.


Nosso grupo concorda com Mario Prata no aspecto de que a linguagem utilizada e os conhecimentos transmitidos em uma tese não são acessíveis para a
população.

03. Observe a lista de gêneros de textos acadêmicos abaixo e assinale com (X) os que você conhece ou já escreveu e com (XX) os que você não conhece,
caso já tenha escrito e/ou ouviu falar sobre outros gêneros acadêmicos que não estejam na lista, destaque-os.

( X ) artigo
( XX ) monografia
( X ) dissertação
( X ) tese
( X ) trabalho de conclusão de curso
( XX ) projeto de pesquisa

( ) outros ______________________________________________________________

_______________________________________________________________________

04. Discutam em grupo, sintetizem as ideias e registrem as respostas:

a) O que vocês sabem sobre os textos da atividade anterior? Que dificuldades/facilidades vocês têm para escrevê-los?

Sabemos que são textos acadêmicos que seguem normas padrão, e que são utilizadas como ferramenta de pesquisa e defesa de um tese

b) Caso já os tenham escrito, como foi o processo de escrevê-los? Quais foram as fases que vocês seguiram?

Primeiro seguimos a fase de pesquisa, a introdução, os objetivos, a metodologia e depois um desenvolvimento que apresente referencias e argumentos que
defendam e comprovem a tese proposta, e por fim uma conclusão que resuma as ideias defendidas

c) Vocês acham que é importante pesquisar? Por quê?


Sim, pois a pesquisa é uma ferramenta essencial para a formação de conhecimento

d) Vocês acham que é importante escrever para si mesmo (resumos de textos, notas para serem lidas depois etc.) durante o decorrer de uma
pesquisa?

Sim, pois você pode retomar todos os tópicos pesquisados anteriormente e conseguir visualizar o caminho de pesquisa do seu trabalho

e) Por que se deve escrever um texto na forma desejada pela academia?

Um texto deve ser escrito na forma desejada pela academia para que atenda as características do gênero escolhido e haja uma padronização para a
compressão do texto

f) Como vocês acham que o leitor de um texto acadêmico deseja que esse texto seja?

Um leitor e um texto acadêmico deseja que o texto seja completo em materiais de referências e argumentações, mas não tenha uma linguagem complexa e
de difícil entendimento e que seja claro e objetivo em suas ideias

05. Você pode escolher vários suportes para escrever seu diário de pesquisa: caderno, fichas, arquivos no computador, redes sociais etc., dependendo
de seu objetivo de sua facilidade maior ou menor para usar um ou outro desses suportes. Reflita sobre a relação que pode haver entre o tipo de
suporte e o seu objetivo para escrevê-lo, colocando a letra correspondente ao suporte no objetivo correspondente:

a) Caderno
b) Fichas
c) Arquivos no computador
d) Redes sociais

( a cb ) fazer o diário como um instrumento para si mesmo.

( b c ) fazer o diário como um instrumento para si mesmo, mas também como instrumento de discussão com outras pessoas.
Atividade 02: O diário de leitura em comparação com outros gêneros:

1. Vocês já leram ou escreveram textos que pertencem aos gêneros citados abaixo? Marque L (lemos) ou E (escrevemos) nos parênteses. Ao lado,
quando acharem relevante, conte o que escreveu, quando, onde, para quê... e o que mais achar pertinente.

( l ) artigo de jornal

( l e e ) cartão postal

( e ) diário íntimo

( ) blog
( )_ e-mail

( ) biografia

(e ) carta de reclamação

( l e e ) autobiografia

( l ) editorial

( l e e ) chat
( l e e ) curriculum vitae

( l ) biodata

2. Na tabela abaixo, há três colunas que correspondem a gêneros de textos, de acordo com os temas que abordam e de acordo com os destinatários
possíveis. Escolha alguns gêneros dos que foram citados no exercício 1 e coloque-os na coluna correspondente:

Gêneros “de si” “para si”: Gêneros “de si” “para Gêneros em que o produtor
em que o produtor fala de si outros”: em que o produtor não fala de si mesmo e que
mesmo e que são fala de si mesmo e que são são destinados a outros.
destinados a ele mesmo. destinados a outros.

Monografia Artigo
Projeto de pesquisa Tese
Dissertação
3. Como vemos, os gêneros das duas primeiras colunas são gêneros do que podemos chamar de “escrita de si”, pois neles o produtor aborda questões
pessoais.
Leiam agora os seis textos que seguem e procurem identificar o gênero a que cada um deles pertence, colocando seus números nos parênteses
adequados. Justifiquem suas escolhas, buscando identificar as diferenças que percebem haver entre eles (em relação ao tema abordado, ao
destinatário, às características formais do texto ou a qualquer outro aspecto).

TEXTO I:

LUIZ ANTONIO MARCUSCHI – lamarcuschi@uol.com.br – é titular em Lingüística na Universidade Federal de Pernambuco, onde orienta teses de
mestrado e doutorado em diversas áreas da Lingüística. É pesquisador do Cnpq desde 1976, ano em que terminou seu doutorado em Filosofia da
linguagem pela Universidade Erlangen – Nürenberg – Alemanha. Entre os livros estão: Lingüística de texto: que é e como faz (1983); Análise da
conversação (1986). Publicou muitos ensaios e artigos científicos editados em revistas nacionais e internacionais, publicou Da Fala para a Escrita:
atividades de retextualização (2001).

TEXTO II:
(Guilherme Moro)

TEXTO III:
(Diva Frazão)

TEXTO IV:
Embora eu não seja a única pessoa no Sussex que lê Milton, pretendo anotar minhas impressões do Paradise Lost enquanto estou envolvida com
ele. Impressões definem muito bem o tipo de coisa que me ficou na cabeça. Restaram muitos enigmas por compreender. Deslizei por ele com
demasiado descuido para poder saborear o sabor pleno. Contudo, entendo, e até certo ponto concordo com isso, que esse sabor pleno é a
recompensa da mais elevada erudição. Impressiona-me a extrema diferença entre esse poema e qualquer outro. Ela reside, penso eu, no sublime
alheamento e na impressionalidade das emoções. Nunca li o Sofá, de Cowper, mas posso imaginar que o Sofá é um degradado sucedâneo do
Paradise Lost. A substância de Milton é toda feita de maravilhosas, belas e magistrais descrições de corpos, batalhas, voos, fugas e moradas de
anjos. Ele se ocupa do horror e da imensidão & do mundo & do sublime, mas jamais das paixões do coração humano. Alguma vez algum grande
poema terá deixado tão pouca luz incidir sobre nossas alegrias & nossas tristezas? Não me ajuda a avaliar a vida; (...) Mas quão suave, forte e
primoroso é tudo isso! Que poesia! Creio mesmo que Shakespeare, depois disso, pareceria um tanto problemático, licencioso & imperfeito.
V. WOOLF (1989). Os diários de Virginia Woolf. Trad. e sel. de J. A. Arantes. São Paulo: Cia das Letras, p. 38-39.

TEXTO V:

[Num pedaço de papel, provavelmente de 1964]

Eu ficarei bem hoje de manhã às 7 horas.


[...] M. [Mildred Jacobsen, mãe de Sotang] não respondia quando eu era criança. O pior castigo – e a frustração máxima. Ela estava sempre “desligada” –
mesmo quando eu não estava brava. (A bebida é sintoma disso.) Mas eu continuava tentando. Agora, a mesma coisa com I. [Maria Irene Fornés, dramaturga
de origem cubana]. Até mais desesperador, porque durante quatro anos ela respondeu. Por isso sei que ela pode.
[...]
Meus defeitos:
- censurar os outros por meus próprios defeitos
- transformar minhas amizades em casos de amor
- querer que o amor inclua (e exclua) tudo.
S. Sontag (2006) The Estate of Susan Sontag. Reproduzido com permissão de Wylie Agency (UK) Ltd. Trad.: Luiz Roberto Mendes Gonçalves. Folha de S. Paulo, 22 de outubro de 2006.

TEXTO VI
O texto 1 é um biodata, porque mostra as informações biográficas de alguma produção

O texto 2 é um blog, porque é um site que contém informações e conteúdos recentes

O texto 3 é uma biografia, porque apresenta relatos e informações da vida de uma pessoa

O texto 4 é um diário de leitura, porque registra e planeja as experiencias de leituras de alguém

O texto 5 é um diário íntimo, porque relata os acontecimentos cotidianos na vida de alguém escrito em primeira pessoa

O texto 6 é um diário de pesquisa, porque reúne ideias, observações e comentários obre a pesquisa

4. Como já estudamos durante o Ensino Médio Técnico em Administração, cada texto é produzido em determinada situação de produção, e essa
situação influencia a forma que o texto vai tomar.
Cada situação envolve pelo menos os seguintes elementos: papel social que desempenhamos e o papel de nosso destinatário, a imagem que
queremos passar de nós mesmos, a imagem que temos de nosso destinatário, o suporte em que o texto vai circular, o(s) efeito(s) que queremos
produzir sobre o destinatário com o nosso texto etc.
Levando em conta essas considerações e o que vocês observaram em relação aos diferentes textos da atividade anterior, completem a tabela
abaixo. Especifiquem alguns dos elementos da situação de produção de alguns desses textos, de acordo com o modelo fornecido na segunda coluna
da tabela.

> a tabela está na próxima página.

Situação de Blog Diário Íntimo Biodata Biografia Diário de Leitura Diário de Pesquisa
Produção
Produtor Susan Sontag

Papel Social do Crítica literária Compartilhar o


produtor relato da vida de
uma importante
pessoa

Imagem que o Na prática não há Seria destinado a


produtor tem de um destinatário estudantes e
seu(s) concreto. pesquisadores
destinatário(s) Idealmente, é que procuram e
alguém que tenha estudam sobre o
condições de assunto do tema
compreender do diário de
totalmente a pesquisa.
diarista*, diante
do qual ela pode
se mostrar de
modo total

Suporte para o Circula na web Cadernos, Em sites, livros, Cadernos, bloco


qual o texto é computador, bloco apostilas, de notas,
produzido e em de notas, em documentos
que circula suma, suportes online, suportes
variados, mas variados podendo
sempre os que não ser de circulação
são de circulação pública ou não
pública.

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