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MODELOS NEURÓTICOS DE LIDERANÇA 13/03/2021 21:04

MODELOS NEURÓTICOS DE LIDERANÇA


Por Rev. Samuel Vieira, 28/02/2004

Introdução:
No livro Overcoming the darkside of leadership[1], Gary MacIntoshi afirma
que podemos discernir cinco modelos clássicos de liderança neurótica. São
eles:
● Compulsivo
● Narcisista
● Paranóico
● Co-dependente
● Passivo-Agressivo.
Para melhor compreensão deste texto, dividi este artigo, que na verdade é uma
síntese de MacIntoshi, em três partes:

Na primeira, faço uma analise do comportamento dos cinco modelos. Você


poderá assim ter uma compreensão de como surgem as reações de cada um
destes grupos. Suas fraquezas e enfermidades, e como seus comportamentos
afetam a estrutura de uma corporação, instituição ou igreja na qual estão
inseridos. Este texto é desafiador, porque ele nos obriga a olhar para dentro de
nós mesmos e observarmos como podemos ter reações e comportamentos
análogos aos descritos. Alguém já afirmou que a auto-compreensão, ou o
diagnóstico, é meio caminho para a cura. Portanto, não tenha medo de se auto
avaliar, de entrar em contato com suas sombras, angústias e temores. O
desconhecimento do meu mal se transforma facilmente em um grande risco.
Na segunda parte, há um questionário, que foi elaborado também pelo autor do
livro. A diferença está no fato de que um aluno de liderança, resolveu fazer uma
grade que facilita a auto avaliação. Então, na medida em que você responder
honestamente às questões, você terá um verdadeiro diagnóstico de suas
falhas. Este auto-exame não é para dar resposta aos outros, mas para uma auto
compreensão. Então, seja honesto nas respostas e você poderá tirar grande
proveito deste material.
Na terceira parte, trago ainda uma reflexão sobre como lidar corajosamente
com tais sombras. A terceira parte tem o seguinte titulo: Vencendo o Lado
Negro. São algumas pistas que podem orientar você a não apenas entrar em
contato com sua angustiante realidade, mas observar, à luz do Evangelho,
como a confissão, o arrependimento e a graça podem ser efetivos na nossa
história.
Espero que você desfrute da riqueza deste texto, e que seu coração possa ser
empoderado pelas instrumentalidade do mesmo.

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I. O LÍDER COMPULSIVO
Introdução:
Evidentemente Moisés era do tipo compulsivo, queria controlar toda uma nação
de 2 milhões de pessoas tomando todo o encargo para si mesmo, trabalhando
de manha até a noite (Ex 18.22). O bem preparado rapaz que estudara no
sofisticado Egito, não fora capaz de perceber seu enorme equívoco quanto ao
seu trabalho. Seu sogro, Jetro, que era um homem do deserto, teve mais
sensibilidade que ele quanto a este assunto. Moisés apresentava algumas
erupções de ira que lhe custaram caro (Nm 20.1-13).
Compulsivo é aquele que deseja manter o controle a todo custo. Ele vê a
organização como uma extensão de sua vida que precisa ser controlada.
Desenvolve um sistema muito rígido, sistematizadas rotinas que deverão ser
seguidas meticulosamente: exercícios, devoções, agendas, rotinas familiares,
etc. Quer dar a impressão de diligência e eficiência, buscando sempre a
aprovação dos outros. É excessivamente devotado ao trabalho e algumas vezes
viciado nisto. Trabalha horas seguidas em detrimento de sua saúde e família e
estabelece um exemplo doentio para seus subordinados. Tem pouco espaço
para espontaneidade, e mesmo a recreação e o lazer precisam ser planejados.
Normalmente é moralista, consciencioso e com facilidade julga os outros.
Embora seja exemplo de absoluta ordem, o seu mundo interior é frágil,
podendo ter um coração pode rebelde e indiferente. Outra característica
marcante é que tem dificuldade em expressar sentimentos. Isto pode ser
resultado de uma educação rígida ou de expectativas irrealistas que puseram
sobre eles. Por reprimir sua ira e frustração, pode explodir em iras violentas, e
logo após readquirir o controle, pedir desculpas. Muitos vivem em tal negação
e não são conscientes deste comportamento.
Líderes compulsivos na igreja
Existem muitos pastores assim. Exercem controle pleno sobre suas igrejas em
cada detalhe, supervisionam o boletim, escolhem todos os cânticos (mesmo
com líder de louvor). Tornam-se críticos dos outros e de si mesmos, embora
tudo seja feita sobre uma camada espiritual. Muito disto é uma tentativa de
resolver a sua neurose interna.

II. O LÍDER NARCISITA


Narcisismo é uma palavra que procede da lenda grega de Narciso. Ele era um
jovem lindíssimo, usava a mais perfeita pérola nos seus cordões e por causa de
sua beleza, muitas mulheres eram atraídas a ele, mas não podiam se aproximar
porque ele não se interessava por nenhuma delas. Ele se apaixonou pela
própria imagem quando um dia olhou para o rio e viu seu rosto refletido nele.
Narciso não podia amar ninguém mais, ou responder a qualquer amor. Na
medida em que o tempo passava, narciso gastava mais e mais tempo se
contemplando, até que não conseguiu mais sair de perto do reflexo, foi

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absorvido pela terra e se tornou uma flor.

Salomão: Um homem obcecado pela sua imagem


Não é fácil seguir uma lenda. Salomão teve que calçar os sapatos de seu pai
que era um herói. Assumiu o trono em meio a tensões familiares e com muitas
disputas no reino. Sendo novo e inexperiente em questões políticas (1 Cr 29.1),
além do fato de nascer de que pesava sobre os seus ombros ter nascido de
uma relação adulterina provavelmente pesava sobre si, apesar de ter sido
chamado por Deus para construir o templo, o projeto já havia sido feito pelo
seu pai e ele desejava fazer bem mais que seu pai (Ec 2.4-8). Sua vida se
tornou uma tentativa de auto afirmação (Ec 2.9-10). Tornou-se maior na sua
mente que em sua vida. Taxou severamente seus súditos ao ponto de exaustão
por causa de seus caprichos e decidiu se casar com outras mulheres gentias
para ampliar seu reino, apesar da ordem do Senhor (Dt 17.16-17). Sua imagem
era mais importante que obediência. Na meia idade encontrou-se com seu lado
negro.

Quando a imagem é tudo


Para líderes narcisistas, o eixo do mundo gira em torno deles. A órbita do
universo está girando ao seu redor. Tornam-se auto-absorvidos, apresentam
intensa ambição, grandes fantasias, sentimentos de inferioridade e
dependência excessiva de admiração externa e aclamação pública. Por causa
de sua insegurança, colocam outros para promoverem sua auto-imagem.
Possuem um sentimento inflacionado de valor para suas organizações, e uma
necessidade exibicionista por constante admiração e atenção dos outros. A
despeito de serem conduzidos por este desejo de aclamação, raramente são
satisfeitos. Por esta razão, apesar dos impostos já estarem estratosféricos,
Salomão sobretaxou-os para financiar seus projetos de auto promoção.

Líderes narcisistas tendem a valorizar excessivamente suas próprias conquistas


e habilidades, e encontram dificuldade de reconhecer estas mesmas
características em outros, porque fazer isto os ameaça. Usam outros para
alcançar seus objetivos. Embora narcisismo seja uma característica oposta do
líder-servo é facilmente encontrado dentro das igrejas.

Líderes espirituais narcisistas


Como estes lideres surgem dentro da igreja? Muitos líderes usam sua liderança
para promoção de sua auto imagem e para melhorar o sentimento que eles tem
acerca de si mesmos. Muitos sermões são pregados num esforço para receber
aprovação e admiração sem nenhuma preocupação com a glória de Deus. A
vaidade pastoral é um grande problema em nossa comunidade. O triunfalismo
pastoral chega às raias da patologia. Pastores, em geral, não tem problemas.
Seus relatórios são os mais alvissareiros possíveis, e não passam pela crise de
outros mortais. Jesus era tão humano que era difícil vê-lo como Deus e muitos
são tão divinos que é difícil vê-los como humanos. Alguns pastores se olham

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no espelho, enamorados de si mesmo e dizem: "quão grande és tu".

Jim Bakker é um exemplo clássico da vítima de uma desordem narcisista de


Personalidade. Sua visão de grandeza surgia de seu profundo senso de
inferioridade e inadequação. Ele sempre fazia as coisas para mostrar que era
digno de ser aprovado. Por isto não conseguia interromper nada, por mais
pecaminoso que fosse, para receber aprovação. Muitas igrejas têm sido
destruídas pela vaidade de seus lideres. Muitos usam a igreja para plataforma
de exaltação do ego com pouca preocupação com o povo de Deus ou com
Deus. Quando pastores estão constantemente iniciando novos projetos mesmo
quando os atuais não estão funcionando bem, isto pode ser um sinal de
narcisismo e muitos seguem tais lideres pensando que tais atividades surgiram
no coração de Deus.

III. O LÍDER PARANÓICO


Poucos homens na história foram tão excepcionais como Richard Nixon. Cheio
de incrível inteligência, perseverança e determinação, mas sua liderança foi
destruída pelo seu lado negro. Ele era controlado por uma paranóia aguda,
mesmo em relação aos seus auxiliares mais próximos. Era obcecado em coletar
informações, tentar descobrir possíveis inimigos. Mesmo diante do óbvio, era
incapaz de reconhecer erros e aceitar a responsabilidade. Se ele tivesse
percebido este seu lado sombrio, não teria passado pela vergonha do
Watergate.

Saul: Um homem abalado pela suspeita


Saul teve uma profunda experiência com Deus (1 Sm 10.6), mas sua
insegurança e baixa auto-estima lhe causaram enormes problemas na
liderança. Samuel o repreende por esta idéia, mas isto não parece ter feito
sentido em seu coração (1 Sm 15.17). Obviamente muitos questionaram sua
capacidade de liderar o país e houve até mesmo rejeição à idéia de seu reinado,
mas no inicio de sua vida ele foi capaz de filtrar os comentários infelizes, se fez
de surdo e assumiu uma posição de maturidade diante dos opositores (1 Sm
10.27).
Posteriormente, porém, sua insegurança o leva a assumir uma função de
sacerdote que não era sua tarefa (1 Sm 13.11-13). Seu reinado vai se tornando
marcado pela suspeita e desconfiança. A indiscrição da comunidade (1 Sm
18.7), associada às intrigas como a de Doegue, culminaram no ápice de sua
paranóia que foi a execução dos sacerdotes de Nobe. Por causa deste
sentimento persecutório, Saul chegou a dar sua filha em casamento para
resolver sua crise. Seu medo irracional vai se tornando cada vez mais agudo.
Como Saul, outros líderes tem assumido posição de completa desconfiança
diante de seus liderados e por isto se tornam hostis, hipersensíveis, sempre
temerosos de rebeliões e buscando encontrar focos de resistências. Usam
sistemas clandestinos, fazem alianças secretas, reagem a qualquer crítica,
criam rígidos sistemas de controle e limitam a autonomia de seus auxiliares

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baseado na idéia de que não podem confiar em ninguém.

Lideres espirituais paranóicos


Ainda hoje vemos muitos pastores com medo de que seus auxiliares. O
conselho, que deveria se tornar seu auxiliar, torna-se a fonte de sua suspeita.
Obviamente traições acontecem, mas muitas vezes a suspeita é torna-se o
grande problema. O líder paranóico tem dificuldade de manter relacionamentos
íntimos, porque tais relacionamentos exigem abertura e transparência. No
coração do líder paranóico encontra-se grande insegurança e falta de
confiança.

IV. O LÍDER CO-DEPENDENTE


William Jefferson Blythe cresceu numa família cujo pai era alcoólatra. Sua
infância e ambiente foram caracterizados pela instabilidade e caos. Seu pai
faleceu antes de seu nascimento num acidente de transito. Sua mãe, Virginia
Blythe, foi cursar sua faculdade em New Orleans, e ele continuou vivendo com
seus avós. Quando ela retornou, casou-se com um homem conhecido por sua
truculência, jogatina, bebedeiras e abuso de mulheres cujo nome era Roger
Clinton. Antes mesmo de se casar com ele, sua mãe o surpreendeu com outra
mulher, mas a despeito disto decidiu continuar o relacionamento. Neste
contexto estava sendo moldado o caráter do futuro presidente dos Estados
Unidos. Numa noite, Virginia queria ir visitar sua mãe no hospital, e Roger
apanhou uma arma e atirou na sua direção, o tiro se cravou na parede da casa.
Naquela noite, Bill dormiu na casa de um vizinho. Passou muitas noites sem
dormir ouvindo a briga de seus pais. O alcoolismo e a violência cresceram de
tal forma que sua mãe o abandonou em 1962, quando Bill tinha 16 anos. Ele que
era o filho mais velho teve que depor contra seu padrasto na corte, e a partir
daí, o ônus da casa tornou-se dele.

Por causa disto tornou-se o herói da casa. Durante o tempo do Ensino Médio
tornou-se excelente filho e estudante, apesar de sua casa ser sempre
desequilibrada.

Como toda família disfuncional Bill tornou-se mestre da negação. Mantendo os


segredos da família. Para manter as aparências, criou uma regra de silêncio.
Numa entrevista posterior afirmou que “em geral tivera uma boa vida na
infância”.

Um terapeuta afirmou “Bill negava sua experiência da juventude, apesar dos


repetidos episódios de abandono, alcoolismo, divórcio, padrasto, violência
doméstica, disparo de arma, ele descreve sua vida em casa como normal,
apesar de que sua infância deveria ser descrita como caótica e altamente
anormal.

Bill tornou-se o que é conhecido como co-dependente. Por isto vivia num

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contexto processo de negação de relacionamentos extraconjugais, uso de


droga, num esforço constante de se defender das questões relacionadas a
estes assuntos. Sua constante necessidade de ser agradável o levou a
esconder a verdade. Mentia automaticamente sem nenhuma culpa e
rapidamente estava preparado para apresentar suas desculpas.
Como presidente dizia o que era agradável aos diferentes grupos que o ouviam,
pois temia desagradar as pessoas, foi envolvido num escândalo da morte de
uma licenciada dentro da Casa Branca, caso ainda não solucionado e
posteriormente no seu mais famoso caso com outra licenciada, Mônica
Lewinsky.

Sansão: Um homem que precisava agradar.


Um dos primeiros casos de Sansão foi comer mel de uma caveira de animal
morto, coisa que os nazireus não podiam fazer (Jz 13.5). Além disto, trouxe
este mel para seus pais, que também eram nazireus, negando-lhes a fonte por
razões obvias – um comportamento claro de co-dependência.

Durante toda sua vida Sansão esteve continuamente se envolvendo em


comportamentos auto-destrutivos, outra característica de co-dependência.
Aproximou-se de três mulheres da Filistia, cujo vinculo era proibido por causa
de seus votos (Jz 14.1-4; 16.1-20). A despeito de sua força não era forte o
bastante pra controlar seus impulsos, e mesmo quando se tornou claro que ele
estava sendo pego numa armadilha, ainda assim sucumbiu às tentações de
Dalila.

Sansão lutava com a co-dependência, que é caracterizada por uma profunda


necessidade de agradar outros. Sua tendência era apenas para reagir a
provocações, como no caso do fogo nos campos palestinos (Jz 15.1-8).

As forcas da co-dependência são fortíssimas. Uma definição possível para esta


atitude é "Um comportamento emocional e espiritual que impossibilita a pessoa
de expressar seus sentimentos de forma aberta, bem como de discutir seus
problemas pessoais e interpessoais".
Co-dependência é normalmente associada a pessoas que são
compulsivamente dependentes de outros ou dependentes de alguma coisa
(drogas, alimentação, pornografia, álcool). Um aspecto a ser considerado é que
a família do co-dependente também precisa se adaptar de diferentes formas
para equilibrar o comportamento embaraçoso de pessoas com tais
comportamentos dentro de casa. Na tentativa de proteger a família de
escândalos, cria-se um código não falado, mas compreendido, no qual a
pessoa não pode chorar, desabafar, confessar a dor para qualquer outra
pessoa fora do circulo restrito em que vive. Cria-se assim um código de regras
restritas, impedindo que a pessoa possa fale de forma aberta e honesta de
suas emoções, gerando repressão emocional que causa grande stress para
pessoas co-dependentes.

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Muitos grupos espirituais podem desenvolver tais atitudes. Por exemplo, não se
pode confessar e discutir tentações como luxúria, dúvida, medo dentro de
muitas comunidades porque tais coisas são próprias de gente carnal. Isto traz
como resultado um sentimento constante de fracasso e de vergonha oculta. As
pessoas passam pela crise, mas não podem tocar nestas áreas proibidas. O
conceito de tabu normalmente associa-se a atitudes como estas. Todos são
proibidos de falar do tema.

Co dependentes tendem a reagir mais que tomar iniciativa. Reagem a


comportamentos de pessoas dependentes, a dores, problemas e
comportamento de outros, num esforço para equilibrar o sistema familiar,
acobertar comportamentos familiares e manter paz nos seus relacionamentos.
Um exemplo claro disto pode ser encontrado na família de Jacó.

Co-dependentes assumem responsabilidade pela ação e emoção dos outros,


freqüentemente culpando a si mesmos pelo comportamento inapropriado dos
outros, e freqüentemente tendem a ter enorme tolerância pelo comportamento
bizarro dos outros desde que isto mantenha a aparência do grupo com o qual
encontra-se vinculado. Eles podem até se ferir no processo, desde que não
firam outros ou que os outros se firam. Encontram ainda grande dificuldade em
confrontação e freqüentemente querem ser pacificadores. Como resultado
tornam-se depositários de ira reprimida e frustração.

Por exemplo: Se uma pessoa pede ajuda, mesmo que ela não possa atender ela
irá dizer sim, e depois ficar irada pensando porque foi aceitar tal proposta.
Preocupam-se excessivamente com o sentimento dos outros até o ponto de se
tornarem enfermas, e quando encontram alguma pessoa que consegue
expressar ira, não conseguem entender como alguém pode ter o direito de ficar
irado.

Liderança co-dependente
Por que um co-dependente assume liderança? Essencialmente para cuidar dos
outros. Infelizmente tal pessoa sentirá grande frustração no ministério. Como
pastor é difícil manter sempre a paz, e algumas vezes nossas atitudes alienarão
pessoas. A confrontação se torna necessária quando existe um comportamento
pecaminoso. O medo de ferir e perder a aprovação dos outros pode ser
demoníaco em alguns casos.
Outro problema – Um pastor co-dependente sempre se julgará errado do mal
comportamento e atitudes errados dos outros. Quando um membro sai da
igreja, se muda para outra comunidade ou cai em pecado ele se sente
extremamente culpado.
Outro aspecto está relacionado à sua agenda que será sempre superlotada
porque ele é incapaz de dizer não. Assume a urgência de outros mesmo em
prejuízo próprio, ficando espiritualmente esgotado.

Para melhor compreensão sobre a co-dependência, sugiro a leitura do seguinte

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artigo: Co-dependência, sentindo-se culpado pelos outros.


https://www.blogger.com/blog/post/edit/
219182034479740404/2640428910804820412

V. O LÍDER PASSIVO AGRESSIVO


Jonas é um bom exemplo deste modelo. Freqüentemente o encontramos irado.
Arrepende-se de sua conduta quando encontra-se dentro do peixe (Jn 2), mas
logo se esquece e volta a manifestar sua atitude. A despeito de seu
endurecimento, cumpre a missão e apesar de Jonas, Deus trouxe avivamento
para a cidade. Mas Jonas nunca está feliz (Jn 4.1). Sua ira o fez revoltar-se
contra Deus e ele deseja a morte (Jn 4.3). Depois volta a irar-se com o
incidente da planta (Jn 4.6).

Na vida de Jonas vemos:


q Sua resistência à ordem de Deus, que se torna mais perceptível na
procrastinação, na obstinação e na ineficiência intencional. Talvez Jonas não
queira fazer a obra por medo de possíveis fracassos.
q Manifestações violentas e súbitas de ira e tristeza. Altamente propenso a
intensas emoções.
q Pequenos períodos de contrição e tristeza.
q Comportamento impulsivo – freqüentemente deixa as pessoas ficarem
desconfortáveis e confusas porque ninguém sabe quando virá o próximo
"rompante".
q Uma constante atitude de negativismo - exibe irritabilidade, impaciência, e
está sempre irritado pela forma como as coisas caminham ou facilmente se
torna aborrecida com o processo e andamento dos fatos.
q Reclamações constantes – faz as coisas com pequeno ou nenhum
entusiasmo e ficam amargurados porque "se sentiram "forçadas" a fazer.

Líderes espirituais passivo-agressivos


Encontram dificuldade para estabelecer alvos porque tem medo de fracassar.
Sua visão é quase sempre negativista. Não acreditam que alguma mudança
possa ocorrer. Sistemas de avaliação para medir a eficiência de um
determinado projeto encontram resistência de sua parte. Freqüentemente
reclamam de não ter suporte da liderança e da igreja e encontram nesta falta
de apoio a justificativa pelos seus fracassos. Ironicamente quando outros
querem ajudá-lo ele afirma que as pessoas não estão deixando que ele
conduza o projeto da forma como ele havia planejado.

Nas reuniões de liderança, tal líder pode se tornar impaciente e irritadiço


quando as coisas não caminham da forma como ele gostaria. Sua frustração
pode surgir num outro encontro que não tem nenhuma relação com este no
qual ele estava frustrado.

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Lideres assim podem ficar na igreja sem demonstrar seu comportamento, até
que alguma coisa nova surja. Certo pastor não tinha nenhuma agenda e plano
para o futuro, no dia em que os lideres resolveram planejar seu mau humor
começou a aflorar. Em alguns encontros, de forma irracional e imprevisível,
ficava irritado, não oferecia argumentos lúcidos para suas idéias e apenas
falava de generalidades, sentindo-se perturbado com o que estava
acontecendo, enquanto a liderança, na verdade, estava apenas querendo levar
o ministério para um campo de maior efetividade.

QUESTIONÁRIO: DESCOBRINDO MEU PERFIL


DE LIDERANÇA
Instruções:

1- Leia com atenção cada declaração e marque a resposta mais apropriada


ao seu perfil.
2- Após completar as sessenta (60) declarações, transfira o valor numérico
de sua resposta para a tabela de avaliações. Depois, some os pontos
horizontais em cada linha e escreva o total à direita.
Escala de valores:
5- Concordo Totalmente
4- Concordo
3- Não estou certo
2- Discordo
1- Discordo totalmente

01- Eu frequentemente penso que meus superiores não aprovam a qualidade


de meu trabalho.
( )5 ( )4 ( ) 3( ) 2 ( )1

02- Meus líderes e colegas estão frequentemente perguntando se os projetos


por mim elaborados são realistas ou fantasiosos.
( )5 ( )4 ( ) 3( ) 2 ( )1

03- Quando eu vejo dois líderes chaves falando na entrada da igreja, eu fico
preocupado de que estejam falando de mim.
( )5 ( )4( )3( ) 2 ( )1

04- Eu cresci em uma família com um ou mais dependentes químicos?


( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

05- Eu sempre resisto a quaisquer procedimentos que estejam sendo usados


para avaliar minha performance.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

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06- Eu sou ritualístico nas minhas rotinas pessoais como agendas e vida com
Deus.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

07- Estou sempre obcecado em saber o que os outros acharam do meu


trabalho, idéias e atuação.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

08- Realmente fico aborrecido quando sei que meus líderes tem uma reunião
na qual eu não me encontro presente.
( )5 ( )4( )3( ) 2 ( )1

09- Eu cresci num ambiente religioso altamente legalista, cheio de restrições,


que exigia de seus membros um padrão irreal de conduta e que desencorajava
pessoas a confessarem suas lutas e problemas pessoais.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

10- Normalmente eu adio (procrastino) os projetos mais desafiadores


( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( )1

11- Quando as circunstâncias me obrigam a interromper minha rotina diária, eu


sinto culpado como se tivesse perdido o meu dia ou meu tempo.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

12- Encontro dificuldade para receber críticas de qualquer forma, reagindo com
ira, ansiedade ou mesmo depressão quando isto acontece.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

13- Quando um colega de trabalho recebe elogios por algo que fez ou por uma
boa idéia, eu experimento sentimentos de ciúmes ao invés de me alegrar com
seu sucesso e reconhecimento pelo que esta recebendo.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

14- Normalmente estou tentando proteger e esconder comportamentos


bizarros dos outros.
( )5( )4 ( )3( ) 2 ( )1

15- Regularmente resisto a idéias que podem implicar num aumento de minha
performance ou em responsabilidades para mim.
( )5( )4 ( )3( ) 2 ( )1

16- É difícil tirar um dia não planejado das responsabilidades do trabalho


apenas para não fazer nada ou gastá-lo com amigos ou família.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

17- Muitas vezes me pego dizendo: “eu vou lhes mostrar, eles nunca vão

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conseguir fazer sem mim”. Quando eu experimento situações de conflitos aos


planos que propus.
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18- Eu exijo que subordinados e associados estejam sempre me dando


relatórios pormenorizados de suas atividades.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

19- Frequentemente tenho dificuldade de dar minha opinião num grupo até que
ouça a opinião de outras pessoas.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

20- Sinto-me constantemente abaixo de minha capacidade de realização.


( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

21- Quando estou fora do trabalho, continuo pensando acerca de assuntos


relacionados ao mesmo, muitas vezes sentando e escrevendo minhas idéias
mesmo que isto seja um problema no relacionamento com minha família.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

22- A despeito de minhas realizações, eu ainda me vejo insatisfeito e estou


sempre orientado para alcançar coisas maiores num esforço de me sentir bem
acerca de mim mesmo.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

23- Eu travo uma luta interna quando um irmão pede para outra pessoa realizar
um trabalho que eu mesmo posso fazer.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

24- Em geral tenho medo de ferir outros porque compartilho meus sentimentos
verdadeiros.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

25- Experimento periodicamente manifestações de iras súbitas e frustrações


que estão fora dos padrões consideráveis aceitáveis.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

26- Gosto de planejar os detalhes de minha viagem para não perder tempo.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

27- Estou aberto para flexibilizar valores e regras e negociar princípios e


atitudes para alcançar meus objetivos.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

28- Tenho poucos relacionamentos íntimos e significativos com minha igreja e


encontro-me sempre me esquivando de tais relacionamentos.

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( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

29- Em geral, sinto-me responsável por problemas que não criei.


( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

30- Ocasionalmente ou intencionalmente esqueço de projetos que foram


sugeridos.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

31- Frequentemente “explodo” em ira quando sou ultrapassado de forma


abrupta no trânsito ou me irrito com pequenas coisas.
( )5( )4 ( )3( ) 2 ( )1

32- Eu me encontro sentindo ciúmes do sucesso e realizações de meus


colegas, outros departamentos ou ministérios na minha área.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

33- Eu insisto em absoluta lealdade daqueles com quem trabalho e proíbo


meus colegas de me criticarem d qualquer forma.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

34- Tenho dificuldade de dormir por que fico preocupado com problemas ou
comportamento dos outros.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

35- Algumas vezes eu dou a outros um tratamento silencioso como expressão


de minha ira.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

36- Frequentemente me pego avaliando meus relacionamentos com os outros.


( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

37- Normalmente não tenho consciência d quanta pressão financeira meus


alvos e projetos trazem sobre aqueles que eu lidero ou para a organização que
sirvo.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

38- Normalmente tenho a impressão de que um grupo de minha igreja gostaria


de me ver partindo. ( ) 5 ( ) 4 ( ) 3 ( ) 2 ( ) 1

39- Encontro-me constantemente com compromissos excessivos e sinto que


minha agenda está fora de controle.
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40- Normalmente digo aos outros que nada está me aborrecendo quando na
verdade existem fatos que estão me consumindo.

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( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

41- Sou meticuloso na minha aparência pessoal, mantenho meus sapatos


brilhando, roupa engomada, cabelo cortado cuidadosamente e unhas bem
aparadas.
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42- Sucesso ou fracasso num projeto está diretamente relacionado com a


minha auto-imagem e meu senso de valor.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

43- Eu tenho sempre procurado informações especiais que possam estar


relacionadas a certos líderes de nossa igreja.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

44- Tenho a enorme dificuldade para dizer não a pessoas mesmo quando sei
que dizer sim resultará em problemas para minha família ou para mim mesmo.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

45- Eu tenho a tendência de ser pessimista e ter idéias negativas acerca de


meu futuro.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

46- Frequentemente comento acerca das longas horas que eu gasto fazendo
minhas tarefas pesadas.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

47- Estou sempre muito atento ao quanto meus colegas valorizam minhas
realizações.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

48- As pessoas com as quais trabalho normalmente reclamam da minha


ausência de senso de humor.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

49- Constantemente tenho um senso de culpa e tenho dificuldade de


encontrar sua origem.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

50- Pessoas já me disseram que eventualmente os faço sentir desconfortáveis.


( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

51- Quando os outros cometem pequenos erros ou prestam pouca atenção a


detalhes, eu me torno chato e julgo tais pessoas.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

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52- Preciso sempre ser reconhecido no topo quando me encontro com um


grupo de irmãos, oficiais da igreja ou visitantes.
( )5 ( )4( )3( ) 2 ( )1

53- Rotineiramente me refiro aos meus liderados como “meu povo”, “meu
ministério” e “minha igreja”, mas não gosto quando a mesma expressão é usada
por um dos que estão próximos a mim.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

54- Tenho a impressão de que nunca alcanço a expectativa das pessoas e


tenho sentimentos de auto-depreciação.
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55- Planos estratégicos e alvos são duros para mim.


( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

56- Sou obsessivo acerca dos erros menores, preocupado com a possibilidade
deles projetarem uma imagem de deficiência sobre meu trabalho.
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57- Eu me vejo como uma figura nacionalmente conhecida ou tenho planos


para conquistar tal posição.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1

58- Tenho tendência de levar a sério qualquer comentário ou piada que seja
feita em relação a minha pessoa.
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59- Quando recebo elogio de outros, tenho dificuldade de aceitá-los sem dar
uma explicação.
( )5 ( )4 ( )3( ) 2 ( )1
60- Algumas vezes eu me pego tentando manipular o grupo com a minha ira ou
irritabilidade quando tenho que lidar com um idéia ou iniciativa que eu não
apoio.
( )5 ( )4 ( ) 3( ) 2 ( )1

TABELA DE AVALIAÇÃO
Tenha certeza de que as perguntas foram respondidas, então transfira seus
pontos para a tabela. No quadro abaixo, entre o valor numérico de sua resposta
e cada pergunta (Concordo Totalmente – 5, Concordo – 4, Não estou certo – 3,
Discordo – 2, Discordo Totalmente – 1). Depois some, os doze números
horizontais e registre o resultado na coluna de totais à direita. Se ele for menos
de 20, você não se encaixa dentro deste perfil. Se está entre
21-40, provavelmente você se identifica com o padrão, se é 41 ou mais,

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você certamente identifica-se com este modelo.

TOTAL
1. 6. 11. 16. 21. 26. 31. 36. 41. 46. 51. 56. CO
MP
UL
SIV
O
2. 7. 12. 17. 22. 27. 32. 37. 42. 47. 52. 57. NA
RC
ISI
ST
A
3. 8. 13. 18. 23. 28. 33. 38. 43. 48. 53. 58. PA
RA

IC
O
4. 9. 14. 19. 24. 29. 34. 39. 44. 49. 54. 59. CO
-D
EP
EN
DE
NT
E
5. 10. 15. 20. 25. 30. 35. 40. 45. 50. 55. 60. PA
SSI
VO
-A
GR
ES
SIV
O

VENCENDO O LADO NEGRO

Introdução
Embora não seja fácil vencer esta batalha, espera-se que o líder seja capaz de
vencer suas sombras e mitigar sua influência negativa em potencial.

Abraão Lincoln é um bom exemplo disto. Sua mãe morreu quando ele tinha 9

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anos de idade. Tão logo sua mãe morreu, seu pai se casou com outra mulher
que tinha três outros filhos, obrigando-os a dividir uma casa diminuta. Sua
irmã, Sarah, que passou a cuidar dele morreu aos 19. Seu pai não possuía
educação formal e a intimidade dos dois se tornou extremamente difícil.
Quando seu pai adoeceu, ele não quis visitá-lo, e também não foi ao seu
funeral. Por não ser uma criança atraente e estranha, sofria com a crítica dos
colegas.

Quando assumiu a presidência, o país estava passando pelo seu pior momento.
Grupos rivais estavam competindo e a guerra civil já se manifestava. A forma
que ele encontrou para encobrir seu lado obscuro foi contar estórias
engraçadas e participar de teatro. Seu desejo de obter vitórias e alcançar
sucesso desembocou em várias tentativas para conquistar uma posição
pública. Sua baixa auto estima aliada aos sentimentos de inferioridade
tornaram-se os fatores que o impulsionaram a se tornar influente e a ser bem
sucedido. Lincoln percebia isto e lutava contra suas sombras. Ele implementou
uma estratégia de administração pessoal que o levou a obter vitórias onde
outros costumeiramente fracassam.

Quando se sentia ameaçado, especialmente naquelas áreas relacionadas à sua


história infantil, ele não respondia impulsivamente aos seus críticos. Também
nunca demonstrava sua ira publicamente. Era conhecido pelos seus
comentários agudos e anedotas inteligentes. Isto ganhou o coração de seus
liderados.

Lincoln fazia todo esforço para evitar conflitos. Isto não era resultante de co-
dependência, nem uma atitude de negação. Evitava responder àqueles
problemas que não eram cruciais.

Será que realmente precisamos controlar nosso lado negro?


Na verdade, nunca poderemos fazer desaparecer totalmente estas áreas
obscuras, assim como a nuvem pode encobrir o sol por momentos e retornar a
seguir. Muitos líderes só resolvem lidar com tais áreas, quando não existe outra
alternativa a não ser enfrentá-las de forma direta. “eventos em nosso passado,
não apenas nos governam, mas nos inibem e nos faz tolos”. O lado negro tem
destruído muitas pessoas, lares e líderes.

Uma vez que vemos exemplos de muitas pessoas famosas, é provável que
pensemos que como não controlamos aquele volume de dinheiro, nem
lideramos tantas pessoas, não temos que nos preocupar tanto com estas
coisas. Mas isto é falso. Na verdade este é um sinal de que o nosso lado
obscuro está vivo e ativo. Como vimos anteriormente, cada sombra tem sua
particularidade e seus efeitos distintos.

Os perigos do lado obscuro

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Líderes compulsivos
Podem se tornar-se rígidos e transformar sua organização numa estrutura
inflexível, perdendo a criatividade necessária para enfrentar novos obstáculos e
desafios.
Podem se tornar pessoas com forte necessidade de auto justificação,
criando um ambiente legalista que aliena as pessoas sob sua liderança.
Podem se transformar em pessoas viciadas em trabalho. Tendem ao
esgotamento que pode demorar anos para ser curado.
A luta por controlar outros pode levar os liderados a rebelião ou alienação.

Líderes narcisistas
Podem explorar outros para satisfazer sua própria vaidade.
Podem levar as pessoas a exaustão para satisfazer seus projetos
megalomaníacos.
Constroem projetos que a igreja não precisa, nem pode pagar.
Podem levar as pessoas a atitudes eticamente pecaminosas e a busca de
resultados que podem ser destrutivos para sua alma.

Líderes paranóicos.
Vivem em constante estado de negação
Geram desconfiança e perda da credibilidade com seus liderados
Têm dificuldade para lidar com o verdadeiro evangelho, que demonstra
vulnerabilidade, confissão e permite arrependimento.

Líderes co-dependentes
Destroem a si mesmos e a igreja quando tentam em vão manter todos bem e
felizes ignorando suas necessidades pessoais e da sua família.
Não raramente sofrem de esgotamento espiritual, crises familiares, divórcio,
adultérios e doenças.
Co-dependência é de longe o modelo mais presente nas igrejas.

Líderes passivo-agressivos
São vítimas de si mesmos, tendo que conviver com a vergonha de sua ira
descontrolada e a falta de domínio próprio.
São incapazes de manter ministérios longos por causa de sua atitude
explosiva.
Não conseguem entender porque as pessoas não o ama ou não o quer mais
por perto.

Lidando com o lado obscuro


O lado negro, nem sempre é negativo. Por isto é importante resgatar nossa
natureza para colocá-la não a serviço de nós mesmos, mas de Deus. Deus
deseja que descubramos o que nos motiva, e quais os medos e ansiedades que
nos tem acompanhado. Precisamos entender que não interessa quanto de
conquista venhamos a ter, não conseguiremos cobrir o buraco de nossa alma

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insatisfeita. O líder narcisista precisa aprender que não interessa quanto


reconhecimento venha a ter, sempre verá que não é possível encontrar
contentamento à parte de Deus. O paranóico precisa aprender que a vitória do
outro, poderá ser compartilhar em sua vida. Os co-dependentes precisam
entender que não são responsáveis pela atitude e resposta dos outros e que
nunca conseguirá consertar todos. O passivo agressivo que um plano gerado
no coração de Deus e feito com temor tem mais efeito que a manipulação
emocional das pessoas.

Passos que nos resgatam das trevas


Naturalmente não existe caminho fácil, o preço será a disciplina e a vigilância
constante. É um aprendizado por toda vida, depende de todo
um processo, palavra chave aqui, porque indica que não existe um método ou
procedimento que deve ser seguido. Não são fórmulas simplistas, antes
estruturas básicas nas quais poderemos continuar construindo na medida em
que percebemos que estes lados afetam nossa vida ou liderança. Quando
entendemos que tal lado obscuro está presente, poderemos, com desejo
honesto de nos examinarmos, aplicar as verdades espirituais e minimizar
drasticamente seus efeitos negativos em nossa vida e liderança.

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